expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (sandra maki kuchiki)

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UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRÓ-REITORIA ACADÊMICA CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/ INGLÊS Sandra Maki Kuchiki Sorocaba/SP 2012 Sandra Maki Kuchiki

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Este trabalho visa a analisar o personagem Rick Du Boiol do programa Chuhu Beleza, da rádio Jovem Pan, no aspecto linguístico humorístico. Rick Du Boiol é uma caricatura da sociedade de uma forma fashion. Rick é entrevistado por Godofredo, um apresentador de “talk show”. O assunto tratado na entrevista é a questão do que está na moda no momento. Rick é um especialista em tendências que, quando passa as dicas de moda, engloba os assuntos atuais utilizando palavras e expressões em inglês, gírias do mundo da moda e, às vezes, até alguns neologismos, e a pesquisa foca-se principalmente no seu uso do estrangeirismo. Para compreender melhor o personagem, foi necessário um conhecimento mais profundo sobre o rádio, a sua história, técnica; os principais personagens de sucesso do humor na rádio e suas características; o estudo e funções do humor.A análise neste trabalho foi realizada por meio de transcrições retiradas dos arquivos postados no próprio site do Chuchu Beleza, com o intuito de descobrir quais as palavras e expressões em inglês são as mais utilizadas pelo personagem, o seu significado e que sentido elas têm na fala do personagem, e dessa forma analisar de que maneira elas contribuem na formação da personalidade e características do personagem.Com o resultado das análises, pude concluir que as expressões utilizadas, contribuem muito na formação do personagem. As expressões em inglês na fala do personagem Rick Du Boiol atuam como um indicador de sua posição social e do seu homossexualismo. Além disso, torna o personagem em uma caricatura humorística. Palavras-chave: Rick Du Boiol. Humor. Rádio. Personagem. Estrangeirismo.

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Page 1: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

UNIVERSIDADE DE SOROCABA

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

CURSO DE LETRAS PORTUGUÊS/ INGLÊS

Sandra Maki Kuchiki

Sorocaba/SP

2012

Sandra Maki Kuchiki

Page 2: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

EXPRESSÕES EM INGLÊS NO HUMOR DO RÁDIO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como exigência parcial para

obtenção do Diploma de Graduação em

Letras – Português/Inglês, da Universidade

de Sorocaba.

Sorocaba/SP

2012

Sandra Maki Kuchiki

Page 3: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

EXPRESSÕES EM INGLÊS NO HUMOR DO RÁDIO BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado

como requisito parcial para obtenção do

Diploma de Graduação em Letras –

Português/Inglês, da Universidade de

Sorocaba.

Aprovado em: BANCA EXAMINADORA: Ass.: _______________________________ Pres.: Ass.: _______________________________ 1º Exam.: Ass.: _______________________________ 2º Exam.:

Page 4: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

Dedico este trabalho à minha família e amigos

que sempre me apoiaram, e também ao Felipe Xavier criador do personagem que tanto me inspirou e tornou possível a realização do meu Trabalho de Conclusão de Curso.

AGRADECIMENTOS

Page 5: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

Como na frase de Mahatma Gandhi, “A satisfação está no esforço e não

apenas na realização final”, foram-se três anos de muito esforço e dedicação e, hoje,

sinto a alegria de chegar a esta etapa final. Mas só foi possível continuar com os

esforços graças ao apoio da família, amigos e professores.

Agradeço à minha família por sempre estar presente nesta minha jornada.

Pelo incentivo e motivação que me deram nos momentos difíceis, e pelo amor e

atenção que me fizeram sentir que estava em busca de algo especial.

Aos meus amigos e colegas de sala, que compartilharam suas bagagens de

experiências e muitos momentos de alegria e descontração, tornando esta

caminhada mais prazerosa.

Ao corpo docente, pelos ensinamentos, pela paciência e dedicação, em

especial ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes, que me guiou para que

eu encontrasse, como ele mesmo disse, uma paixão, na qual eu me dedicasse

simplesmente por gostar, o meu tema, Fazendo deste trabalho um lazer, um hobby.

Page 6: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

Because of humor we are less

overwhelmed by the vicissitudes of life. It

activates our sense of proportion and reveals

to us that in an overstatement lurks the

absurd.

O humorismo alivia-nos das vicissitudes

da vida, ativando o nosso senso de proporção

e revelando-nos que a seriedade exagerada

tende ao absurdo.

(Charles Chaplin)

Page 7: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

RESUMO

Este trabalho visa a analisar o personagem Rick Du Boiol do programa Chuhu

Beleza, da rádio Jovem Pan, no aspecto linguístico humorístico. Rick Du Boiol é uma

caricatura da sociedade de uma forma fashion. Rick é entrevistado por Godofredo,

um apresentador de “talk show”. O assunto tratado na entrevista é a questão do que

está na moda no momento. Rick é um especialista em tendências que, quando

passa as dicas de moda, engloba os assuntos atuais utilizando palavras e

expressões em inglês, gírias do mundo da moda e, às vezes, até alguns

neologismos, e a pesquisa foca-se principalmente no seu uso do estrangeirismo.

Para compreender melhor o personagem, foi necessário um conhecimento mais

profundo sobre o rádio, a sua história, técnica; os principais personagens de

sucesso do humor na rádio e suas características; o estudo e funções do humor.

A análise neste trabalho foi realizada por meio de transcrições retiradas dos

arquivos postados no próprio site do Chuchu Beleza, com o intuito de descobrir

quais as palavras e expressões em inglês são as mais utilizadas pelo personagem, o

seu significado e que sentido elas têm na fala do personagem, e dessa forma

analisar de que maneira elas contribuem na formação da personalidade e

características do personagem.

Com o resultado das análises, pude concluir que as expressões utilizadas,

contribuem muito na formação do personagem. As expressões em inglês na fala do

personagem Rick Du Boiol atuam como um indicador de sua posição social e do seu

homossexualismo. Além disso, torna o personagem em uma caricatura humorística.

Palavras chaves: Rick Du Boiol. Humor. Rádio. Personagem. Estrangeirismo.

Page 8: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9

1.1 Projeto .................................................................................................................. 9

1.2 Justificativa .......................................................................................................... 9

1.3 Objetivo .............................................................................................................. 10

1.4 Questões ............................................................................................................ 10

2. REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................. 11

2.1 Rick Du Boiol ..................................................................................................... 11

2.2 Humor ................................................................................................................. 13

2.3 Rádio .................................................................................................................. 15

2.4 Personagem ....................................................................................................... 19

2.5 Estrangeirismo .................................................................................................. 22

3. METODOLOGIA DE PESQUISA .......................................................................... 26

3.1 Contexto da pesquisa ....................................................................................... 26

3.2 Instrumentos e procedimento de coleta de dados ......................................... 26

4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS ................................................................. 28

4.1 Análise e resultado dos dados ......................................................................... 28

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 31

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32

ANEXO A .................................................................................................................. 34

Page 9: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Projeto

O rádio é uma grande invenção que se desenvolveu a partir dos estudos de

James Clerck Maxwell em 1863 e que, até hoje, está presente em nosso cotidiano.

Uma mídia muito utilizada como meio de comunicação e entretenimento. No Brasil o

rádio ganha força no início do século XX, conhecido como a era do rádio. Época em

que o humor também começou a se expandir, fazendo surgir programas como PRK

30, Edifício Balança Mas Não Cai, Tancredo e Trancado e Piadas do Manduca.

O ator no rádio faz de sua voz o seu corpo inteiro. Seus gestos, ações e

intenções são transmitidas através do seu dizer ou calar, é ver-se, ouvindo-se. O

humorismo foi difundido dando origem a muitos personagens como Alvarenga e

Ranchincho, Zé da Ilha, Manduca, Megatério Nababo D’Alicerce, Otelo Trigueiro

entre muitos outros. Atualmente programas de humor como Café com Bobagem,

Chuchu Beleza fazem sucesso entre os adolescentes ao tratar de temas atuais com

paródias, sátiras e linguagem jovem.

A linguagem que será analisada neste trabalho é a do personagem Rick Du

Boiol, do programa Chuchu Beleza, criado por Felipe Xavier. Rick é um especialista

em tendências que é entrevistado por Godofredo, um apresentador de um talk show.

Rick faz uso de gírias do mundo fashion, e de palavras e expressões em inglês, o

foco do estudo deste trabalho.

1.2 Justificativa

Considerando que o inglês é uma das línguas mais utilizadas no mundo, e

também uma das quais estudamos durante o nosso curso, decidi escolher um tema

em que a língua inglesa é inserida em um meio de comunicação no Brasil. Foi então

que ao voltar de van da faculdade para a minha cidade, ouvi num programa de rádio,

Rick Du Boiol, que uma ideia me ocorreu: analisar as falas desse personagem.

Interessei-me ainda mais por se tratar de um programa humorístico, unindo

dessa forma duas coisas que me atraem muito, o inglês e o humor. Além disso, as

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características do personagem e a maneira em que os acontecimentos atuais são

colocados nas suas falas me fascinaram.

1.3 Objetivo

Este trabalho tem como objetivo analisar as falas do personagem radiofônico,

Rick Du Boiol, do programa Chuchu Beleza, criado por Felipe Xavier, que utiliza

muitas palavras e expressões em inglês, ao verificar quais as palavras e expressões

na língua inglesa são as mais utilizadas, seus significados, que efeito elas causam

no personagem, no texto e no ouvinte.

1.4 Questões

As questões que pretendo responder por intermédio deste trabalho são:

Quais as palavras e expressões em inglês são as mais utilizadas pelo

personagem?

Quais os significados dessas palavras e expressões?

Que efeito elas causam no personagem? E no ouvinte?

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2. REVISÃO TEÓRICA

2.1 Rick Du Boiol

Rick Du Boiol é uma personagem do programa “Chuchu Beleza” da rádio

Jovem Pan, criada por Felipe Xavier. Rick é um especialista em tendências, é

entrevistado no talk-show apresentado por Godofredo. Mesmo falando de forma

sofisticada, utilizando gírias do mundo fashion e muitas vezes falando palavras em

inglês, Rick Du Boiol faz sucesso nacionalmente, sendo querido tanto no Sudeste,

quanto no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, comprovando que o público

jovem de hoje é “antenado”, conectado com o mundo e acompanha todas as

tendências.

Seu criador, Felipe Xavier, humorista, redator e locutor iniciou sua carreira no

rádio em 1991, quando ainda cursava arquitetura na Universidade de São Paulo.

Felipe, juntamente com seu ex-colega de escola Marco Bianchi, ambos, na época,

estudantes da Universidade de São Paulo (USP), criaram e apresentaram o

programa de humor “Rádio Alegre”, veiculado pela Rádio USP FM.

Mais tarde, Felipe e Marco convidaram o também ex-colega de escola, Paulo

Bonfá, compondo o trio que, em 1995, foi contratado pela rádio 89FM, quando

criaram e apresentaram o programa de humor “Sobrinhos do Ataíde”.

Os personagens fortes e muito carismáticos criados pelos “Sobrinhos do

Ataíde”, marcaram uma geração: “Peterson Foca”, “Marquinho”, “Tuca Zazaueira”,

“Valeska Cristina” e “O Pequeno Wilber”. Nessa época o trio criou e apresentou o

programa MTV Rock & Gol na MTV, e “Bola Fora” na Rede Bandeirantes.

Em 1999, o programa “Sobrinhos do Ataíde” terminou, e a convite da rádio

Jovem Pan FM, Felipe criou e apresentou os programas “Espaço de Inutilidade

Pública”, onde criou e deu voz ao personagem “Homem Cueca”, e os programas

diários de notícias comentadas com humor o “Boca Cheia”, das 6 às 8 horas da

manhã, e o “Selig”, uma parceria da rádio JP com o portal IG, das 18 às 20 horas.

Paralelamente à criação, direção e apresentação dos programas

proprietários, Felipe começou a atuar na direção de programas de rádio e televisão

apresentados por terceiros. Dirigiu o programa “Zíper”, apresentado pelo Doutor

Jairo Bouer, e o programa “As Mais Pedidas”, apresentado pela ex-VJ Sabrina

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Parlatore, ambos na rádio Jovem Pan FM. E em 2000, Felipe criou, produziu,

comercializou e deu voz aos personagens da série de animação “Vida de Plástico”,

com 16 episódios, veiculada na MTV.

Em 2000, Felipe foi contratado pela Mix FM, uma rádio nova, com um projeto

desafiador de alcançar a liderança do segmento jovem. Felipe criou e apresentou o

programa “Chuchu Beleza”, com os personagens “Doutor Pimpolho”, “Homem

Cueca”, “Super Shana”, “Incrível Rosca”, “Odemar”, “Jonelson”, entre outros.

Com, então, 10 anos de história no rádio, Felipe começou a ser procurado por

emissoras de diversas cidades brasileiras, que queriam ter o programa Chuchu

Beleza, em suas rádios.

Nesse período, Felipe montou sua própria produtora de som (Fxavier e depois

72 Entretenimento), que distribuiu o Chuchu Beleza de maneira independente para

mais de 60 emissoras de rádio em todo Brasil, incluindo a rede Mix FM; produziu

spots de rádio para diversos anunciantes (patrocinadores ou não do programa); e

criou e produziu programas de rádio de maneira independente, tais como o “Trip

Eldorado” apresentado pelo editor da revista Trip, Paulo Lima, os programas “Fala

Aí” com o doutor Jairo Bouer, o programa “A Bela e a Bola” com a apresentadora

Renata Fan, e o programa “Cinema” com Rubens Ewald Filho.

Em 2005, apresentou o programa “Blog 21″ na Rede 21, do Grupo

Bandeirantes de Televisão, juntamente com Paola Orleans e Bragança e o rapper

Xis, onde, além de apresentar videoclipes e realizar entrevistas, teve a oportunidade

de desenvolver esquetes de humor, interpretando seus personagens de rádio na

televisão.

Em 2008, Felipe pediu licença da rádio Mix FM, para aperfeiçoar sua carreira

de direção, indo estudar cinema na University of Souther California em Los Angeles,

nos Estados Unidos. A rádio Mix FM manteve a transmissão do “Chuchu Beleza”

com reprises.

Na volta de sua viagem, Felipe dirigiu a campanha de filmes “One Show Não

Erra”, criada pela agência DM9DDB, para a Escola Panamericana de Artes, que foi

premiada no festival da Associação Brasileira de Publicidade, com o prêmio

“Lâmpada de Prata”.

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Em 2009, Felipe montou a Galáxia Áudio e Filmes, sua nova produtora que

solidifica seus objetivos de criação e direção de conteúdo e publicidade para áudio e

também filmes.

Felipe, em 2009, encerrou seu contrato com a rádio Mix FM, depois de oito

anos e meio na rádio, e voltou para a rádio Jovem Pan FM. O “Chuchu Beleza”

continua a ser transmitido, com o “Dr. Pimpolho”, a “Sileide” e outros personagens

novos: “Naldinho”, “Rick du Boiol”, “Robobo”, entre outros. Veiculado em oitenta e

uma emissoras de rádio no Brasil — cinquenta e duas da rede Jovem Pan, e mais

vinte e nove de outras emissoras, comercializadas de forma independente — o

Chuchu Beleza consolidou-se como o programa de FM com a maior distribuição do

rádio brasileiro.

2.2 Humor

A palavra latina humóre significa líquido. Os antigos cientistas acreditavam

que quatro líquidos faziam parte da constituição do nosso corpo e que o nosso

temperamento (do latim temperamentum, mistura) era determinado pelas proporções

destes humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra. De maneira simples

o humor é um estado de ânimo cuja intensidade representa o grau de disposição e

de bem-estar psicológico e emocional de um indivíduo. Mas em um estudo de

Travaglia (1990), é possível perceber a grande importância do humor, que “é uma

atividade ou faculdade humana cuja importância se deduz de sua enorme presença

e disseminação em todas as áreas da vida humana, com funções que ultrapassam o

simples fazer rir”. O que o autor quer nos dizer é que o humor não é somente um

estado psicológico e emocional, Travaglia (1990) adiciona “é uma espécie de arma

de denúncia, de instrumento de manutenção do equilíbrio social e psicológico; uma

forma de revelar e de flagrar outras possibilidades de visão do mundo e das

realidades naturais que nos cercam e, assim, de demonstrar falsos equilíbrios”.

Porém, infelizmente é possível notar em seu trabalho que o humor não recebe tanto

reconhecimento apesar de sua importância. “Entrou demais pela nossa vida, mas

muito pouca gente se preocupou em entendê-lo ou explicá-lo razoavelmente”.

(ZIRALDO, 1970). Dados levantados mostram que somente após 1976, quando

ocorreu a “Primeira Conferência Internacional sobre o Humor”, é que começaram

esforços interdisciplinares. Sendo o humor um fenômeno multifacetado, sua

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pesquisa se estabeleceu como um campo de estudos necessariamente multi-

interdisciplinar. Porém “o problema básico da pesquisa sobre humor é ver o que é

engraçado?” (RASKIN, 1987).

Historicamente podemos dizer que “o humor existe desde que o animal risível

tem memória” (JERKOVIC, 1970), pois na pré-história já havia caricaturas “em que

cabeças de gazelas apareciam sobre o corpo de inimigos para simbolizar a sua

covardia”. (PINO, 1970).

Segundo Travaglia (1990), do ponto de vista sociológico alguns pontos são

básicos. Sabe-se que o humor desempenha na sociedade um papel social e político

através de certas funções, uma das quais é básica: o ataque ao estabelecido, à

censura, ao controle social, fazendo do humor o lugar de escapar à cultura (o que é

social, mas também antropológico), de mostrar outros possíveis padrões

escondidos. A abordagem social também inclui: a) a questão dos estereótipos; b) o

fato de que o conteúdo do humor difere de sociedade para sociedade e de um

período para outro.

No trabalho de Travaglia (1990), também é apresentada a abordagem

psicológica — segundo alguns autores, a primeira a se desenvolver e praticamente a

única por um longo tempo (RASKIN, 1987). Havia três assunções básicas:

a) todas as piadas são um ataque a alguma espécie de censura ou

repressão, controle físico ou mental imposto ao indivíduo pela sociedade fora dele;

b) a forma e o significado da piada são criados pelo modo de entrega — a

piada é um processo de comunicação que ocorre entre um emissor e um receptor,

envolvendo a codificação de uma mensagem compartilhada;

c) a formulação de qualquer enunciado de humor pelo humorista e sua

audiência é grandemente depende do contexto social.

No texto de Travaglia (1990), é citado também que, para que possamos

analisar o que é engraçado, deve se ver o humor verbal como um texto e buscar

descobrir um conjunto de propriedades linguísticas tais que qualquer texto que as

apresente será engraçado e se algum texto for percebido como engraçado terá tais

propriedades. Porém tais propriedades não seriam suficientes, porque há, além do

texto, toda uma situação que toma como humorística e que cria também condições

necessárias à existência do humor, para que se veja algo como objeto de riso e não,

por exemplo, como objeto de pena ou revolta. Travaglia (1990) cita também a

proposta de Raskin (1987) de uma teoria semântica baseada em roteiros, cujos

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princípios básicos ele considera a principal contribuição da linguística do humor,

uma proposta semelhante que pretendemos realizar com este trabalho.

O humorismo foi muito difundido na era de ouro do rádio, nas décadas de

1940 e 1950. Cornélio Pires, nos anos 1920, já usava a política para fazer humor.

Mas, com a queda de Vargas em 1945, foi quando o humor do rádio brasileiro

ganhou força. O tema principal do humor no rádio era a política, porém na década

de 1930 surgem os programas de humor característicos. E por muitos anos o humor

no rádio fez muito sucesso, que deu origem de muitas duplas humorísticas,

programas humorísticos entre outros. Houve um declínio do rádio na década de

1960, devido às novas tecnologias. Mas, após o Regime Militar, o humor voltava às

cenas do rádio. O humor do rádio contemporâneo tem como objetivo criticar, divertir

e inverter a lógica, principalmente de cenas do cotidiano. Este é o humor que vamos

analisar neste trabalho, em especial o humor do personagem Rick Du Boiol, do

programa Chuchu Beleza da Jovem Pan.

2.3 Rádio

A palavra rádio /rá.dio/ vem do latim radius que significa raio de luz e que deu

origem ao verbo radiare (brilhar, lançar luz). Rádio é a forma reduzida de radiofonia,

aparelho que recebe as ondas hertzianas, pelas quais se transmitem os sons às

maiores distâncias, ou a atividade artística, educativa e informativa da radiofonia.

Tudo começou em 1863 quando, em Cambridge, na Inglaterra, James Clerck

Maxwell demonstrou teoricamente a provável existência das ondas

eletromagnéticas. James era professor de física experimental e a partir desta

revelação outros pesquisadores se interessaram pelo assunto. O alemão Henrich

Rudolph Hertz (1857-1894) foi um deles.

O princípio da propagação radiofônica veio mesmo em 1887, por meio de

Hertz. Ele fez saltar faíscas através do ar que separavam duas bolas de cobre. Por

causa disso, os antigos "quilociclos" passaram a ser chamados de "ondas

hertzianas" ou "quilohertz".

A industrialização de equipamentos se deu com a criação da primeira

companhia de rádio, fundada em Londres, na Inglaterra, pelo cientista italiano

Guglielmo Marconi. Em 1896, Marconi já havia demonstrado o funcionamento de

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seus aparelhos de emissão e recepção de sinais na própria Inglaterra, quando

percebeu a importância comercial da telegrafia.

Até então, o rádio era exclusivamente "telegrafia sem fio", algo já bastante útil

e inovador para a época, tanto que outros cientistas e professores se dedicaram a

melhorar seu funcionamento como tal. Oliver Lodge (Inglaterra) e Ernest Branly

(França), por exemplo, inventaram o "coesor", um dispositivo que melhorava a

detecção. Não se imaginava, até então, a possibilidade do rádio transmitir

mensagens faladas, através do espaço.

E as inovações continuavam a surgir; o rádio evoluía rapidamente.

Em 1897, Oliver Lodge inventou o circuito elétrico sintonizado, que

possibilitava a mudança de sintonia selecionando a frequência desejada. Lee Forest

desenvolveu a válvula triodo. Von Lieben, da Alemanha, e o americano Armstrong

empregaram o triodo para amplificar e produzir ondas eletromagnéticas de forma

contínua.

Também no Brasil, o rádio crescia: um padre-cientista gaúcho, chamado

Roberto Landell de Moura, nascido em 21 de janeiro de 1861, construiu diversos

aparelhos importantes para a história do rádio e que foram expostos ao público de

São Paulo em 1893.

Já em 1890 o padre-cientista Landell de Moura previa, em suas teses, a

"telegrafia sem fio", a "radiotelefonia", a "radiodifusão", os "satélites de

comunicações" e os "raios laser". Dez anos mais tarde, em 1900, o padre Landell de

Moura obteve do governo brasileiro a carta patente n.º 3279, que lhe reconhece os

méritos de pioneirismo científico, universal, na área das telecomunicações. No ano

seguinte, ele embarcou para os Estados Unidos e, em 1904, o "The Patent Office at

Washington" lhe concedeu três cartas patentes: para o telégrafo sem fio, para o

telefone sem fio e para o transmissor de ondas sonoras. Padre Landell de Moura foi

precursor nas transmissões de vozes e ruídos.

Nos Estados Unidos, foram anos de pesquisas, tentativas e aprimoramentos

até Lee Forest instalar a primeira "estação-estúdio" de radiodifusão, em Nova Iorque,

no ano de 1916. Aconteceu, então, o primeiro programa de rádio, de que se tem

notícia. Ele tinha conferências, música de câmara e gravações. Surgiu também o

primeiro registro de radio jornalismo, com a transmissão das apurações eleitorais

para a presidência dos Estados Unidos.

Page 17: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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A partir de 1919, começa a chamada "Era do rádio". O microfone surge com

a ampliação dos recursos do bocal do telefone, conseguidos em 1920, nos Estados

Unidos, por um engenheiro da Westinghouse. Foi a própria Westinghouse que fez

nascer, meio por acaso, a radiodifusão. Ela fabricava aparelhos de rádio para as

tropas da Primeira Guerra Mundial e, com o término do conflito, ficou com um grande

estoque de aparelhos encalhados. A solução para evitar o prejuízo foi instalar uma

grande antena no pátio da fábrica e transmitir música para os habitantes do bairro.

Os aparelhos encalhados foram então comercializados.

A primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil, foi o discurso do

Presidente Epitácio Pessoa, no Rio de Janeiro, em plena comemoração do

centenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro de 1922. O discurso

aconteceu numa exposição, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro e o transmissor foi

instalado no alto do Corcovado, pela Westinghouse Electric Co.

Para se ter uma ideia de por que a época ficou conhecida como a "Era do

Rádio", nos EUA o rádio crescia surpreendentemente. Em 1921 eram quatro

emissoras, mas no final de 1922, os americanos contavam com trezentas e oitenta e

duas emissoras.

O "pai do rádio brasileiro" foi Edgard Roquete Pinto. Ele e Henry Morize

fundaram, em 20 de abril de 1923, a primeira estação de rádio brasileira: Rádio

Sociedade do Rio de Janeiro. Foi aí que surgiu o conceito de "rádio sociedade" ou

"rádio clube", no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades

para a manutenção da emissora.

O humor nos programas radiofônicos ganha força graças ao governo Getúlio

Vargas, que, para ajudar as rádios brasileiras, assinou a lei 21/111 em 1.º de março

de 1932, que permitia que as rádios fossem patrocinadas por alguns comércios da

época, mas somente autorizando que os patrocínios ocupassem 10% das

programações das emissoras. Getúlio Vargas usou também astúcia ao criar um

rádio estatal, criando assim a primeira emissora estatal “A Rádio Nacional”, que foi a

pioneira em programas humorísticos devido ao grande investimento que o estado

depositava nela, tornando possível a contratação de grandes comediantes para a

emissora. Os programas humorísticos tinham muita audiência na Rádio Nacional.

Surge em 1931, na conhecida “época de ouro” do rádio brasileiro, na Rádio

Sociedade do Rio de Janeiro, com um esquete de cinco minutos com o nome de

“Manezinho e Quintanilha”. Os atores eram Arthur de Oliveira e Salu de Carvalho,

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que interpretavam os personagens em um diálogo que remetia sempre para uma

comicidade de anedota. Ao longo de 1930 anos, surgiram duplas humorísticas como

Alvarenga e Ranchinho ou Jararaca e Ratinho. Assim, se popularizando fortemente

na década de 1940.

Teve como os principais programas do gênero: PRK 30, Edifício Balança Mas

Não Cai, Tancredo e Trancado e Piadas do Manduca. PRK 30 era uma sátira a tudo

que se fazia no rádio da época. Começou no Clube do Brasil com o nome de PRK

20, depois passou pela Mayrink Veiga, Nacional e Tupi. Os dois atores faziam todas

as vozes, quase sempre em textos entremeados de palavras inexistentes, absurdas

até.

Já Balança Mas Não Cai foi idealizado para substituir o PRK 30, quando

Castro Barbosa e Lauro Borges transferiram-se com o programa para a Tupi. Foi

criado por Max Nunes, as situações cômicas ocorriam em um edifício. Um dos

quadros mais famosos envolvia Paulo Gracindo, o Primo Rico, e Brandão Filho, o

Primo Pobre.

Também para a Nacional, Giuseppe Ghiaroni cria Trancredo e Trancado, uma

atração dos domingos à noite. Brandão Filho vive Tancredo e Apolo Correia faz o

Trancado. Os personagens eram chamados para solucionar impasses, mas

acabavam criando mais confusão. O programa era uma sátira ao trabalho. Nem

Tancredo, Brandão nem Trancado interpretado por Apolo Corrêa se davam muito

bem com o ingrato trabalho de ter que trabalhar. Oswaldo Molles com a colaboração

de Adoniran Barbosa produziu programas que criticavam o modo de vida dos

paulistanos. Adoniran deu vida ao Charutinho, personagem do programa mais

famoso de Oswaldo Molles, História das Malocas. O gênero humorístico

praticamente desapareceu do rádio brasileiro na década de 1960. Foi só após o

Regime Militar que o humor voltou à cena nas rádios de todo o país. O humorismo

do rádio contemporâneo é marcado pela presença da programação jovem das FMs.

A base humorísticas atual está na paródia, principalmente de programas

famosos da televisão. Um dos maiores sucessos da atualidade é o programa Café

com bobagem. Apesar de todas as dificuldades de apoio cultural, patrocínio e

espaço, o trabalho do programa Café com bobagem se tornou referência no humor

de rádio em todo o país. O humor do rádio contemporâneo tem como objetivo

criticar, divertir e inverter a lógica, principalmente de cenas do cotidiano. Outro

sucesso atual é o programa Pânico, que já tem até versão para a televisão. O

Page 19: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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programa começou com a proposta de ser sério, de debater assuntos do cotidiano

do jovem. Com o tempo, virou um programa de humor, com grande participação do

público. O programa é um sucesso por sua linguagem jovem, e a veiculação de

atrações para adolescentes. A fórmula de sucesso do humor ainda é tratar de temas

atuais, usar recursos sonoros e surpreender os ouvintes.

2.4 Personagem

A origem da palavra “personagem” vem do latim per+sona e significa dizer

"pelo som". Na Roma antiga, no teatro não havia atrizes, os homens faziam o papel

feminino. Usavam máscaras, e a plateia os identificava "pelo som" que saía das

mascaras, sem, no entanto, ver realmente a cara do ator. Personagem é cada um

dos elementos, humanos ou não, capazes de interferir ativamente no curso histórico

de um fato real ou ficcional. Existem vários tipos de personagens, sendo eles:

protagonista, coprotagonista, antagonista, secundário, oponente e figurante. O

protagonista é o personagem mais importante da obra, no qual a história gira em

torno dele. Geralmente é o herói e alguns casos pode existir mais de um. O

coprotagonista é o personagem de segunda maior importância da obra. Geralmente

é a pessoa que ajuda o herói e alguns casos pode existir mais de um. O antagonista

é o personagem que rivaliza o protagonista. Geralmente é o vilão e em alguns casos

pode existir mais de um. O coadjuvante é o personagem que exerce outra função na

história, podendo ser ou não relacionado com a história principal. A importância dele

pode variar dependente da obra. O oponente é o personagem que ajuda o

antagonista. Da mesma forma que o coadjuvante em relação ao protagonista, é

geralmente amigo ou parente do antagonista principal. O figurante é um personagem

que não é fundamental para a trama principal, que tem como único objetivo ilustrar o

ambiente e o espaço social que são representados durante o desenrolar de uma

ação da trama.

Quanto à existência do personagem, ele pode ser: real ou histórico, aquele

que realmente existe ou existiu; fictício ou ficcional, aquele que não existe e que é

criado pela imaginação do autor embora que em alguns casos eles sejam inspirados

em pessoas reais; real-ficcional, aquele que é real mas com personalidade fictícia;

ficcional-ficcional, é o personagem ficcional dentro de obras ficcionais e o

personagem ficcional-real, aquele que inicialmente é ficcional, e que passa a existir

Page 20: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

20

no mundo real. Personagem colocado em prática por encenação no convívio com

pessoas reais, as quais não sabem que se trata de um personagem, conceito muito

utilizado em pegadinhas na televisão.

O ator no rádio precisa encontrar em seus recursos a forma de transformar

sua voz no seu corpo inteiro. Imaginar-se todo na voz. Gesto, ação e intenção

colocados no dizer e calar. Não se trata de excluir o corpo, mas de percebê-lo na

voz. Isto representa um novo raciocínio expressivo a ser apropriado.

“O rádio não deve ser considerado como um simples aparato transmissor,

senão como um meio para criar segundo suas próprias leis um mundo acústico da

realidade” (ARNHEIM, 1980, p. 88).

“O corpo disponível é aquele que permite; que não se isola do fluxo dos

acontecimentos ao redor de si, que se envolve com o meio ambiente e com os

estímulos vindos, não só da personagem, mas da relação com o grupo de criação”.

(AZEVEDO, 2002, p.192).

Compor um personagem é uma das tarefas mais instigantes da arte do teatro.

Implica autoconhecimento, observação do mundo, reconhecimento do outro e

domínio da linguagem para ultrapassar o que poderia ser apenas uma ação

mimética. É suplantar a fase da imitação para chegar ao patamar de dar um

testemunho único daquela vida. Utilizar recursos pessoais e artísticos para criar em

si um outro acervo de recordações, pensamentos, sentimentos, opiniões, mágoas,

alegrias e ações.

Compor um personagem radiofônico é transportar para a voz e para a escuta,

o mundo visível do personagem. É ver-se, ouvindo-se.

Na experiência radiofônica, texto e subtexto coexistem sem o recurso do

corpo visível. Portanto, muitas vezes ao dizer uma fala, para “novas combinações de

discurso exterior e interior, e as combinações correlatas entre dimensões da

realidade e de pensamento, tornam-se possíveis [...]” (KLIPPERT, 1980, p. 95).

O subtexto oferece a linha do personagem e as falas, desenhos das imagens

criadas pelo ator. “As palavras são parte da corporificação externa da essência

interior de um papel”. (STANISLAVSKI,1989, p. 143).

No caso do radioator, as palavras, através da voz, constituem a

corporificação. Na experiência radiofônica a criação do subtexto é mais valorizada

na emissão das falas, pois é no recurso da vida interior do personagem que

Page 21: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

21

encontramos a possibilidade de sua corporeidade. E também o ouvinte se envolverá

na verdade do radiodrama a partir de sua vida interior.

o subtexto é uma teia de incontáveis, variados padrões interiores, dentro de uma peça e de um papel, tecida com “se mágicos”, com circunstâncias dadas, com toda a sorte de imaginações, movimentos interiores, objetos de atenção, verdades maiores e menores, a crença nelas, adaptações, ajustes e outros elementos semelhantes. É o subtexto que nos faz dizer as palavras que dizemos numa peça. (STANISLAVSKI, 1989, p. 137).

O subtexto radiofônico estrutura o personagem, dando uma linha consistente

para sua trajetória que precisa existir sonoramente. Da mesma forma, texto e

subtexto convivem na concordância ou no confronto sempre harmoniosamente. Ou

seja, ainda que contraditórios ambos surgem na voz-corpo esclarecendo o momento

em que se encontra o personagem.

O humorismo foi muito difundido na era de ouro do rádio, nas décadas de

1940 e 1950. A sátira política sempre foi o tema preferido dos humoristas. Durante o

estado novo, a censura não permitia que os humoristas satirizassem os momentos

políticos. Mas com a queda de Getúlio em 1945, os humoristas brasileiros vieram

com tudo. E assim surgiam os primeiros personagens humorísticos do rádio.

Alvarenga e Ranchinho era uma dupla caipira famosa por sátiras políticas. Ninguém

escapava das críticas da dupla. Em 1950, com a volta das eleições diretas, Silvino

Neto criou um novo partido para concorrer ao governo carioca. Seu candidato era o

Zé da ilha, um marginal da época, e o partido era o PMM (Partido da Mula Manca).

Na década de 30, surgem os programas de humor característicos. Renato Murce

criou o polêmico Cenas escolares. Em cenas escolares, o personagem Manduca,

era um garoto bagunceiro que aprontava muitas confusões na sala de aula. O

programa recebeu críticas dos professores cariocas, e foi vetado pelo DIP. Para

poder continuar com o programa de sucesso Muce alterou detalhes do roteiro. As

aulas não seriam mais em um colégio, e o programa passou a se chamar Piadas do

Manduca. Murce interpretava o Dr. Leão, um professor sabe tudo, Brandão Filho era

o Coronel Fagundes, Castro Barbosa fazia o Sr. Ferramenta, e Lauro Borges fazia

dois papeis Sr. Alcebíades o gago, e o personagem central, o Manduca. Lauro

Borges e Castro Barbosa participariam de uma outra produção de Renato Murce, a

PRK 20. Um tempo depois a PRK 20 mudou da Rádio Clube do Brasil para a Rádio

Mayrink. Por isso foi renomeado para PRK 30. O programa passou também pela

Page 22: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

22

Rádio Nacional. A PRK 30 tornou-se o maior momento do rádio humorístico

brasileiro. O programa simulava uma emissora clandestina. Tudo que acontecia no

rádio na época era motivo de sátira. Castro Barbosa vivia o locutor português

Megatério Nababo D’Alicerce, que apresentava todas as atrações da rádio; e Lauro

Borges era o locutor da voz lantejoulada Otelo Trigueiro. Em 1950 a Rádio Nacional

lançou o programa Balança mas não cai, com os personagens Primo Rico, Primo

pobre, Fernandinho e Ofélia. Nos anos 50 estreou o sucesso Tancredo e Trancado,

também na Rádio Nacional. Em História das Malocas de Oswaldo Molles, Adorian

Barbosa viveu o personagem Charutinho. Com o declínio do rádio, o humorismo

voltou somente após o Regime Militar. Em 1989, surge no programa Café com

Bobagem personagens como Purella, Demerval, Joanel, Juju Santos entre outros.

Mais tarde, em 1995, no programa Os Sobrinhos de Ataíde foi lançada na rádio

89FM, os personagens que mais fizeram sucesso foram Peterson Foca, o Pequeno

Wilber, Pinóculos (o boneco de pau de óculos), Tuca Zazauera e Valeska Cristina.

Após a saída do programa, um dos integrantes, Felipe Xavier, passou atuar na

emissora Jovem Pan, onde criou o personagem Homem cueca. Em 2000, Felipe foi

contratado pela Mix FM, em que criou e apresentou o programa Chuchu Beleza com

personagens como Homem Cueca, Dr. Pimpolho, Super Shana, Odemar, Jonelson

entre outros. Em 2009, Xavier encerrou seu contrato com a rádio Mix FM, e voltou

para a Jovem Pan, transmitindo seu programa Chuchu Beleza com os personagens

já criados e com os outros novos como Naldinho, Rick Du Boiol, Robobo entre

outros.

2.5 Estrangeirismo

A palavra “estrangeirismo” vem de estrangeiro + ismo. O termo “estrangeiro”

[étranger em francês] provém do latim extraneus; que representa o “exterior”, o “de

fora”; ou o que “não é da família”. E o sufixo -ismo, de origem grega, indica origem,

crença, escola, sistema, conformação. Portanto estrangeirismo significa todo e

qualquer emprego de palavras, expressões e construções estrangeiras em nosso

idioma. Não são consideradas estrangeirismos as palavras de origem latina, bem

como as palavras brasileiras de origem tupi.

As palavras portuguesas derivam, na sua maioria, do latim vulgar, que era a

língua falada nos últimos séculos do Império Romano. Encontramos também

Page 23: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

23

palavras provenientes de outras línguas, como a dos povos gregos, fenícios, celtas,

iberos, árabes ou dos germânicos. Há, ainda, a importação de palavras estrangeiras

(estrangeirismos) ou a criação de outros termos (neologismos) por necessidades das

evoluções do mundo.

O contato com outros povos, as evoluções tecnológicas e as constantes

descobertas do homem levaram-no a recorrer a certos termos estrangeiros que não

receberam uma tradução correspondente na língua nacional. Assim, um

estrangeirismo é um vício de linguagem que consiste no uso de palavras,

expressões ou construções próprias de línguas estrangeiras. Na TLEBS

(Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário), este termo designa-

se empréstimo externo.

O vocabulário, o léxico se tornam a parte mais sensível ao estrangeirismo. A

palavra sutiã, em Portugal seria soutien, ainda na forma francesa, mas os derivados,

nascidos das oscilações da moda e dos avanços do mercado internacional,

passaram a designar aquela peça por body ou top. Nas atuais senhoras de meia-

idade, o carmim foi substituído pelo rouge, e o rouge, na juventude de algum tempo,

converteu-se em blush. A língua então, acompanha a história da sociedade.

Alguns exemplos destes empréstimos: best-seller, blazer, check-up, chip,

delivery, e-mail, fashion, flash, heavy metal, hobby, home-page, leasing, on-line, off-

line, overdose, piercing, punk, funk, self-service, etc.

E as aportuguesadas: bandeide, beisebol, bife, buldogue, caubói, drible,

estresse, futebol, entre outros.

Em nossa época, os estrangeirismos existentes na língua portuguesa do

Brasil advêm principalmente da língua inglesa, devido à forte presença norte-

americana em nossas vidas. Esses anglicismos não fazem parte de nosso fundo

lexical comum, pois são empréstimos lingüísticos conseqüentes de determinada

situação sócio-econômica vivida pelo Brasil, em determinada situação histórica. Foi

assim no século XIX, quando a França era o centro cultural do mundo ocidental: a

língua portuguesa, nessa época, viu-se invadida por expressões francesas, quase

todas de origem léxica, como dominó, paletó, champagne, bouquet, chance, comitê,

troupe, etc. Algumas dessas palavras, ainda hoje, sobrevivem na língua portuguesa

do Brasil, tendo sido absorvidas pelo nosso léxico.

Essa influência à distância não é nova. No caso brasileiro, fez-se, ao longo de

quase dois séculos, pelo peso e prestígio da cultura francesa, e, com mais

Page 24: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

24

intensidade, a partir dos anos 1940 do século XX, pelo peso e prestígio da cultura,

da economia e do poderio militar anglo-americano. Como comenta Sérgio Rodrigues

(2005),

o estrangeirismo de ontem é o vernáculo de hoje, basta lembrar que na virada do século XIX para o XX sofremos do francês um bombardeio semelhante ao que agora nos chega do idioma de Bill Gates. Graças a ele nossas casas se encheram de abajures, oura veja, viva o progresso. (RODRIGUES, 2005).

A difusão e a presença crescente dos meios de comunicação e da chamada

“indústria do entretenimento” proporcionam ferramentas de disseminação de

matrizes comportamentais (inclusive de comportamentos lingüísticos), irradiando da

cultura dominante para as culturas periféricas.

A república que se iniciava com promessas de transformação social, gerava

dúvidas quanto aos rumos do país e por isso era alvo fácil das sátiras e chacotas.

Esses questionamentos eram atrelados à ânsia de desenvolvimento tecnológico ao

cosmopolitismo que caracterizava as atitudes inspiradas nos modelos sociais

europeus, desde o período imperial. Era a busca por “máquinas, invenções,

ingresias, francesias, ianquices que acelerassem entre eles (os brasileiros) o ritmo

do progresso: industrial, técnico, mecânico, político e social”. (SALIBA, 2002, p. 69).

Os humoristas da época eram ao mesmo tempo literatos, caricaturistas,

cronistas da imprensa, publicitários, revistógrafos e até músicos e atores. Exerciam

as diversas práticas culturais atuando, portanto, desde o jornal impresso a anúncios

publicitários, passando pelo teatro de revista, os discos de anedotas e na década de

1920 o rádio. Outras características da representação humorística brasileira era o

uso da paródia, dos poemas-piadas e dos estrangeirismos trazidos pelo

cosmopolitismo da época, que resultou em um processo paródico pela junção de

línguas que criariam assim uma nova língua anárquica.

Os elementos estrangeiros que surgem do contato linguístico muitas vezes

têm vida curta, como as gírias, ou são incorporados de modo tão íntimo à língua que

os acolhe, pelos processos normais de mudanças linguística, que em duas gerações

nem sequer são percebidos como estrangeirismos. (FARACO, 2002, p.19).

Em geral, o estrangeirismo é usado por duas razões: ou por necessidade de

designação de novos inventos, novas realidades, novos conceitos; ou para efeito

estilístico (função expressiva), provocando estranhamento, ironia ou cor local.

(ANDRADE; MEDEIROS, 2001, p. 264).

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Segundo Sérgio Rodrigues (2005), o humor é “a melhor forma de lidar com

essas caipirices (estrangeirismo) é a sátira, a paródia, a caricatura”. Perdigão (2003)

descreve o humor de PRK 30 como

apurada tecnicidade que se oculta por trás da aparente folia caótica: o léxico do programa chega a constituir um dialeto próprio, um discurso oral saturado de maneirismos vocais, e traços fonológicos surpreendentes pelo mais desrespeito às enunciações lingüísticas (...) Lauro Borges emprega a retórica dessas articulações com piruetas singulares de locuções e pronúncias para robustecer a quase absoluta carência de nexo de raciocínio: (...) babel de estrangeirismos bisonhos, acidentais neologismos, gírias e pleonasmos. (PERDIGÃO, 2003).

Page 26: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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3. METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo, explicarei e descreverei os procedimentos e os instrumentos

usados para a coleta e para a análise de dados. Com base na fundamentação

teórica apresentada e também de acordo com as questões que norteiam este

trabalho, justificarei a utilização dos instrumentos escolhidos, bem como os

procedimentos adotados.

3.1 Contexto da pesquisa

O pressente trabalho foi desenvolvido com o intuito de estudar as expressões

e palavras de língua inglesa utilizadas pelo personagem de rádio Rick Du Boiol, do

programa Chuchu Beleza da rádio Jovem Pan.

O personagem de rádio tem sua personalidade e características traçadas

pelas várias ferramentas que emprega, como as palavras, o tom de voz, a

entonação, o silêncio. Assim como descreve Mirna Spritzer, “compor um

personagem radiofônico é transportar para a voz e para a escuta, o mundo visível do

personagem. É ver-se, ouvindo-se”.

O personagem estudado neste trabalho é um especialista em tendências,

homossexual e um grande ícone da moda, sendo assim tentarei responder com este

trabalho de que forma as palavras e expressões em inglês utilizadas pelo

personagem podem influenciar na formação de sua personalidade e características.

3.2 Instrumentos e procedimento de coleta de dados

Para dar início às análises, pesquisei no site do programa Chuchu Beleza

(http://chuchubeleza.virgula.uol.com.br/), e lá encontrei arquivo das passagens de

Rick Du Boiol que já foram ao ar. Dentre elas escolhi doze para fazer a transcrição,

sendo elas intituladas como: Incêndio na avenida; Modelo plus size; Barbies

diferenciadas; Couro; GPS da moda; Moda folclore; Barba; Visita do Noel; Raspar a

sobrancelha; iPad sexual; Banho ecológico e Agente UPP. Finalizada a transcrição,

comecei a analisar as palavras e expressões em inglês que nelas estavam

presentes. Destaquei-as para melhor visualização, e listei-as em uma tabela e nas

que se repetiam aumentei o número na coluna indicada quantidade. Assim, ao

Page 27: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

27

terminar esta etapa tive todos os vocábulos que apareciam na língua inglesa e qual

foi a mais utilizada pelo personagem naquelas doze passagens. Seguindo com as

análises, traduzi as palavras e expressões listadas na tabela e depois em uma outra

coluna, descrevi em que conotação o personagem as utilizava, dessa maneira pude

comparar se o personagem estava utilizando as palavras e expressões com sentido

literário ou se estava aplicando outro sentido a elas.

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4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DE DADOS

Com este capítulo, pretendo expor a análise realizada por meio de uma tabela

comparativa por meio dos dados coletados. Explicando as conclusões em que

cheguei, tomando por base a fundamentação teórica e o resultado da análise.

4.1 Análise e resultado dos dados

Após realizar as transcrições das passagens do personagem Rick Du Boiol,

coloquei em evidência as palavras e expressões utilizadas na língua inglesa e listei-

as em uma tabela. A cada momento que uma palavra ou expressão se repetia

aumentava o número da coluna quantidade, como segue abaixo:

Após essa etapa traduzi os termos listados e descrevi a conotação que elas

tinham na fala do personagem, finalizando a coleta de dados.

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Page 30: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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Analisando os dados coletados, foi possível perceber que as palavras e

expressões mais utilizadas pelo personagem têm relação com a sua posição de

especialista em tendências e também com o seu homossexualismo. Como podemos

notar, por exemplo, nos termos novo must (nova sensação); must have it, must have

it, must absolutely have it! (precisa ter, precisa ter, precisa absolutamente ter); look

(aparência, visual); who’s the trensetter here? (quem é o especialista em tendências

aqui?) que se relacionam com o mundo da moda. Outros termos como exactly honey

(exatamente, querido); baby (meu bem); hello (olá, no sentido de chamar a atenção

scandal (escândalo, escândalo); wake up (acorda, no sentido irônico para dizer

preste atenção) estão relacionados com a caricatura do homossexualismo do

personagem.

Page 31: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho foi realizado durante três semestres, nos quais eu aprendi não

somente sobre o conteúdo da pesquisa, mas também como trabalhar para atingir

uma meta á longo prazo, concluindo etapa por etapa, até enfim chegar à finalização.

Também aprendi que o fim do trabalho não significa o fim da pesquisa; é sempre

possível se aprofundar mais e mais no assunto tratado.

Com a pesquisa elaborada neste trabalho, posso concluir que as palavras e

as expressões em inglês também podem contribuir na criação de um personagem.

Agradeço à faculdade e ao curso por proporcionar esta oportunidade de

adquirir esta experiência que contribui muito no crescimento de nossos

conhecimentos e habilidades que levaremos para a vida toda.

Page 32: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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REFERÊNCIAS

AMADEU, Isabel; ROSSINI, Mayra; NEVES, Silvana das; BARACAT, Annie. Palavra, língua, fala, níveis de fala. Portal Com Todas as Letras. Disponível em:<http://comtodasasletras.br.tripod.com/lingua_portuguesa_no_mundo.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG [ESTERO]TIPO. Disponível em: <http://estereotipo.wordpress.com/2007/10/28/ismo/>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG ESTRELAS CADENTES. Cultura Geral XLVII - origem da palavra ‘humor’. Disponível em: <http://estrelasdecadentes.blogspot.com.br/2006/10/cultura-geral-xlvii-origem-da-palavra.html>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG HISTÓRIA DO RÁDIO NO BRASIL. Origem do humor no rádio brasileiro. Disponível em: <http://gruporadiopp.wordpress.com/2010/06/11/origem-do-humor-no-radio-brasileiro/>. Acesso em: 30 nov. 2012. BLOG HISTÓRIA RADIOFÔNICA. Programas humorísticos no rádio. Disponível em: <http://historiaradiofonica.blogspot.com.br/2011/04/programas-humoristicos-no-radio.html>. Acesso em: 30 nov. 2012. CHUCHU BELEZA. Disponível em: <http://chuchubeleza.virgula.uol.com.br/sobre/>. Acesso em: 30 nov. 2012. DICIONÁRIO MICHAELIS. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2012. DICIONÁRIO INFORMAL. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/ >. Acesso em: 30 nov. 2012. GONTIÉS, Juliana. A utilização dos estrangeirismos no jornalismo das revistas de informação. Revista eletrônica Temática. Disponível em: <http://www.insite.pro.br/2007/39.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2012. INFOPÉDIA. Estrangeirismo. Disponível: <http://www.infopedia.pt/$estrangeirismo>. Acesso em: 30 nov. 2012. LAGARDE. Pierre-Stanislas. Abertura do seminário sobre “O que é estrangeiro?”. Disponível em: <http://www.psf-port.com/spip.php?article17>. Acesso em: 30 nov. 2012. MARTINS, Ticiana Lorena Acosta; SILVA, Erotilde Honório. O riso no Brasil: o caminho para a gargalhada radiofônica. Encontro Nacional de História na Mídia. Disponível em: <http://paginas.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/7o-encontro-2009-1/O%20RISO%20NO%20BRASIL.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2012.

Page 33: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

33

MICROFONE: O SITE DO RADIALISTA. História do rádio. Disponível em: <http://www.microfone.jor.br/historia.htm>. Acesso em: 30 nov. 2012. ORIGEM DA PALAVRA. Disponível em: <http://origemdapalavra.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2012. PORTAL SÃO FRANCISCO. Estrangeirismo. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/redacao/estrangeirismo.php> Acesso em: 30 nov. 2012. RADIO PONTO UFSC. Humor no rádio. Disponível em: <http://www.radioponto.ufsc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=273:humor-no-radio&catid=6:radiojornalismo&Itemid=31>. Acesso em: 30 nov. 2012. SPRITZER. Ator, voz, texto e subtexto. Portal Abrace. Disponível em: <http://www.portalabrace.org/vcongresso/textos/dramaturgia/Mirna%20Spritzer%20%20O%20personagem%20radiofonico%20um%20exercicio%20sobre%20texto%20e%20subtexto.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2012. TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Uma introdução ao estudo do humor pela linguística.

DELTA ‐ Revista de Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 55‐82, 1990. ISSN/ISBN: 01024450. WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/ >. Acesso em: 30 nov. 2012.

Page 34: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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ANEXO A

Arquivos Rick du Boiol

INCÊNDIO NA AVENIDA 120220

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho

Fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Ôh, Rick... qual é a nova moda de hoje?

Rick: Botar fogo em carro alegórico.

Godofredo: Como assim, Rick? Botar fogo em carro alegórico?

Rick: Honey, tô falando de carnaval! To falando de escola de samba!

Apuração catarse, notas sendo rasgadas, vandalismo e incêndio... carro

alegórico: scandal, scaaaandal... burn, burn, burn... incendiar carro

alegórico e rasgar nota de escola de samba são o novo must.

Godofredo: Não acredito, Rick!

Rick: Hellooo?! Bunda de fora, boo. Peito de fora,boo. Tapa sexo, boo, boo,

boo... o que dá audiência mesmo é avacalhar a votação das escolas de

samba e incendiar carros alegóricos. No carnaval do ano que vem, a

comissão de frente vai ser a ala dos bombeiros, pronta para apagar o

incêndio no fim da avenida. Ta dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuuui...

Godofredo: Senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco, não

sai daí!

MODELOS PLUS SIZE 120211

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho

Fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Page 35: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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Godofredo: Ow, Rick... qual é a nova moda do momento?

Rick: Fartura!

Godofredo: De luxo?

Rick: Não, baby... de carne. Fartura de carne e banha é o novo must!

Godofredo: Err...como assim, Rick? Você tá falando de pessoas gordas?

Rick: Exactly, honey! A moda agora são modelos plus size. Tamanho 48, yes!

50 yes! 52, griiito da moda... must have it! Must have it! Must totally have

it! Save the whales, é só o que eu posso dizer…

Godofredo: Ahh, então é o fim das modelos anorexicas?

Rick: O fim! The end! Period! Rasga, amassa e joga no lixo! Put it in the toilet

and flush it! Flush it, baby! Crrrrgg…down the toilet.

Godofredo: Ha, aiai…

Rick: Tá tão na moda que eu, Rick du Boiol, fui convidado para ser júri no

concurso Miss Baleia 2012-03-05

Godofredo: Miss Baleia?

Rick: Miss Baleia...várias categorias! Categoria orca, a baleia porca; categoria

jubarte a baleia com arte

Godofredo: He... a baleia com arte?

Rick: É, estilo Preta Gil, Claudia Gimenez...whatever

Godofredo: Ha...aiai, e o que mais, Rick?

Rick: E o que mais? Que no final era tanta gordura, que eu achei que fosse

subir meu colesterol só de ficar olhando

Godofredo: Hohohoho...

Rick: Ninguém merece! Ta dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui

Godofredo: Senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco, não

sai daí!

BARBIES DIFERENCIADAS 120204

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho

fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Page 36: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Ow, Rick... qual é a novidade do momento?

Rick: Barbie careca

Godofredo: Barbie careca?

Rick: Exactly, honey... Barbie careca é o novo must! Em solidariedade as

pessoas que passam por quimioterapia. Pessoas que perdem o cabelo

no tratamento. Eu já, trouxe uma na bolsa para mostra pra você.

Godofredo: Oh, deixa eu ver, Rick. Oh, que bacana isso, hein.

Rick: Hellooo! E tem também essas aqui ó, a Barbie cega, a Barbie surda e a

Barbie muda.

Godofredo: Oh, Rick...mas essas aqui são iguais a uma Barbie normal.

Rick: Ai, Go... iguais pra você que não tem coração! No heart and no

imagination!

Godofredo: É, bom…quer dizer...

Rick: Tudo bem! Eu já esperava isso de você.

Godofredo: E essa outra Barbie, aqui? É uma Barbie comum?

Rick: Wroong, essa aqui é uma Barbie transex... quer ver? Levanta o vestido...

Godofredo: Oh louco, Rick! Oh, mas pera aí pô. Essa não é a Barbie...é o Ken

Rick: Chérie, essa é a Barbie ultra-exclusive! Feita em homenagem a modelo

Lea Tea. A única que vem com cerejas embaixo da saia. Um verdadeiro,

must have pros colecionadores. Tá dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuui.

Godofredo: Aiai...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,

não sai daí!

COURO 120128

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho

fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Rick, você que é um cara viajado, conta pra gente, qual é a nova

tendência nas passarelas internacionais?

Page 37: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

37

Rick: Tendência, hoje...passarela, everywhere: Paris, Nova York, Tóquio,

Milão...new trend: couro!

Godofredo: Couro?

Rick: Couro baby! Must have it! Must have it! Must absolutely have it!

Godofredo: Couro é, ha…você sabe que eu tenho um jaquetão estilo motoqueiro,

né?

Rick: Ai, Go... me poupe... não faz assim, que você só se queima!

Godofredo: Eh, er.. Tudo bem vai, mas conta pra gente, Rick... que tipo de couro

que tá na moda? Couro de vaca? De porco? De avestruz?

Rick: Wrooong... a moda agora é couro de pênis!

Godofredo: Couro de pênis?

Rick: Pênis, bingolin, bilau...couro de bilau é o novo must!

Godofredo: (risos)... mas pera aí, Rick...como assim? Couro de bilau?

Rick: Couro de pênis, chérie... eslástico, yes! Enrrugado, yes! Macio, for suure!

Godofredo: Hum...mas oh, Rick...onde é que as pessoas encontram isso?

Rick: Hospitais, honey! Nunca ouviu falar em operação de fimose? Agora

quando a pessoa faz fimose ela guarda o couro do pênis, e vende pras

grandes grifes...Chenel. Gucci, Louis Vuitton... em Israel não se fala em

outra coisa.

Godofredo: Nossa, Rick! E como é que fica, por exemplo, um sapato feito de couro

de pênis?

Rick: Liindo! Duro, macio e com a ponta lustrada! Ideal pra dar um pé na

bunda do parceiro...Mas atenção! Attention! Dependendo do parceiro, é

capaz dele ficar atrás de você pro resto da vida...Tá dada a dica. Beijo,

beijo, beijo. Fuuui.

Godofredo: Aiai...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,

não sai daí!

GPS DA MODA 120107

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com ele, o enfant terrible

da moda, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras e

senhores uma salva de palmas.

Page 38: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

38

Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Rick, o que que você faz nas suas horas vagas?

Rick: Excuse me? Horas vagas? Não sei o que é isso... Horas vagas,

esquece, chérie...moi, Rick du Boiol, não tenho horas vagas! Eu tenho

uma responsabilidade com a moda, o tempo inteiro pensando e

repensando moda. Non-stop fashion

Godofredo: Oh, Rick...mas você não tem nenhum hobbie?

Rick: Tenho... passer de mercê, chiquééérrimo de Paris...only for especial

ocasions, só pra ocasiões especiais.

Godofredo: Ah, tudo bem vai. Então falando de moda, qual é a nova tendência do

momento?

Rick: FPS! (éf, pi, és)

Godofredo: FPS?

Rick: Exactly, honey FPS...depois do GPS vem o FPS, Fhashion Positioning

System. Igual ao GPS, mas serve pra quem está perdido na hora de se

vestir.

Godofredo: Ahh, que legal, Rick! E como é que isoo funciona?

Rick: Simple, very simple...você abre o armário, e na hora de escolher a

roupa, o FPS impede que você faça alguma bobagem. Por exemplo, se

você tentar usar uma blusa que não combina com a calça, ele vai te

dizer: “blusa errada, pegue a chemise da esquerda.”, “essa não, bitch! A

branca com detalhes em pedraria.” E se você tentar botar um casaco de

moletom, ele avisa: “Moletom, não! Rasga, amassa e joga no lixo!”

Godofredo: Haha, essa é boa. Oh, Rick...assim que lançar eu quero um de presente,

hein.

Rick: Chérie, se você pretende usar no seu guarda-roupa, forget it! O FPS

com certeza vai falar: “Área sem cobertura.”, “feche o armário e dirija-se

ao próximo shopping.”

Godofredo: hohoho

Rick: Tá dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui.

Godofredo: Aiai...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,

não sai daí!

Page 39: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

39

MODA FOLCLORE 120105

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions.

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com ele, o queridinho

fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Rick, hoje em dia os vampiros estão em toda as parte. É livro de

vampiro, filme de vampiro, série de TV de vampiro. Até quando vai durar

essa moda?

Rick: Excuse me? Moda? Hellooo... em que planeta você vive, chérie? Moda

de vampiro já acabou! Já era, it’s gone! Enfiaram uma estaca no

coração dela e crrrgg...down the toilet!

Godofredo: Ahh, que é isso, Rick? Os vampiros continuam por aí em todo canto.

Rick: Sorry, baby...mas se onde você freqüenta está cheia de vampiros, então

come uma cabeça de alho e não me cansa a beleza. Porque nos

lugares onde eu ando, a moda agora é folclore brasileiro.

Godofredo: Folclore brasileiro?

Rick: Exactly, honey. Brazilian folclore. Depois do chinelo de dedo e das top

models, agora é a vez do folclore brasileiro. Boi Tatá, yes! Mula sem

cabeça, yes! Negrinho do pastoriro, totally yes! Griiito da moda!

Godofredo: Poxa, Rick...dessa eu não sabia.

Rick: E o saci pererê, ham...scandal, baby...scaaandal! Febre entre os

estilistas. Calça de uma perna só é o novo must! As pessoas agora vão

andar com as duas pernas dentro da mesma perna da calça. Ab-Cap,

Absolutely capenga!

Godofredo: Mas, Rick...assim não é difícil de se locomover?

Rick: Difícil? Difícil vai ser a calça saci junto com o sapato curupira. Tudo

virado ao contrário. Tá achando que ficar na moda é fácil? Tá dado a

dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui

Godofredo: Ha...senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco,

não sai daí!

Page 40: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

40

BARBA 111131

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho

fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Go. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Rick, qual é a novidade no mundo da moda?

Rick: Novidade... barba!

Godofredo: Barba?

Rick: Exactly, honey... barba e bigode. Barba cumprida, peluda imensa,

praticamente o homem das cavernas.

Godofredo: Nossa, Rick...mas quão cumprida tem que ser a barba?

Rick: A mais cumprida possível! Eu tô falando de barba. Eu estou falando de

barba cumprida. Barba cumprida estilo papai Noel, estilo profeta, estilo

Marcelo Camelo dos Los Hermanos. Barba que dá pra esconder uma

Malu Magalhães dentro. Barba neandertal, barba Ab-Cav, absolutely

cavernoso! Barba longa, yes! Barba cuta, boo, boo, boo! Rasga, amassa

e joga no lixo!

Godofredo: Mas, Rick...como é que se usa uma barba assim? Tão longa...

Rick: Adereços, honey. Miçangas, yes! Trancinhas, yes! Fitinhas do nosso

senhor do Bonfim, nem pensar! Tererê, maybe...minha preferida, barba

rastafari...Buffalo soldier, dradlock barba.

Godofredo: Hehe...Rick, e para as mulheres, alguma dica?

Rick: Bigode, óbvio!

Godofredo: Bigode?

Rick: Bigode, honey...Frida Kahlo style. Mulheres com buço são o novo must.

Por isso que Portugal se tornou o novo centro da moda mundial. Tá

dada a dica. Beijo, beijo, beijo. Fuuui.

Godofredo: Senhoras e senhores... Rick du Boiol. A gente volta daqui a pouco, não

sai daí!

Page 41: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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VISITA DO NOEL 111223

Enquanto isso na noite de Natal...

Papai Noel: Ai, como eu sou desastrado...acho que eu tô ficando velho...Arh, de

tanto agachar pra deixar presentes debaixo das árvores, minha lombar

está me matando...Ahh, meu Deus e ainda tem seis bilhões de entregas

para fazer só essa noite...

Rick: Hellooo...

Papai Noel: Iii, meu Deus.

Rick: Hou, Ho...achou que ia passar despercebido, honey? Wrooong! Há

tempos que eu quero falar com você.

Papai Noel: Ii, comigo?

Rick: Exactly, honey! Você, Papai Noel...Santa Claus, totally out of fashion!

Papai Noel: Fora de moda, eu?

Rick: Wake up, honey! Quem é que usa a mesma roupa e faz o mesmo look

há séculos, todo Natal? You? Me? You? Me? Você? Eu? Você? Acho

que é você, né baby?

Papai Noel: Eh, mas é que eu sou o Papai Noel:

Rick: Eu sei, chérie. Mas isso não é desculpa pra cafonisse. O quê que é essa

barriga? Essa barba? E essa roupa vermelha com bota preta? Ai,

totalmente fora de moda!

Papai Noel: Ow, Rick mas então eu...

Rick: Primeira coisa: cirurgia do estômago. Faz que nem o Faustão e joga fora

essa barriga! Put it in the toilet and flush it, baby! Flush it…crrrhh, it’s

gone.

Papai Noel: Eh... bom

Rick: E depois tira essa barba! Barba cumprida, já era...passado. Só se você

fosse dos Los Hermanos, mas agora nem isso. Tira a barba, perde a

barriga e dá uma repaginada no look! Vermelho, nem pensar! So less

Christmas... A moda agora é pink! Pink é o

novo vermelho. Abandona o gorrinho e bota uma boina. De lado, yes!

Casual, yes! Totally chic, absolutely! Boina xadrez, roupa pink. E nos pés,

chinelinho de dedo básico.

Papai Noel: Ora, Rick...como chinelinho de dedo? Eu sou o Papai Noel, eu moro no

Page 42: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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Pólo Norte! Você sabe como faz frio no Pólo Norte.

Rick: Hellooo...moda é sacrifício, baby! As pessoas, passam frio, passam fome

pra estar na moda! Não vai ser você que vai querer ser diferente.

Papai Noel: Eh...bom...ano que vem eu venho com essas sugestões aí.

Rick: Stop! Shut up! Eu tô falando pra esse ano! Ano que vem já era. Vai ser

tudo diferente, honey! Em um ano as coleções mudam! Tudo muda!

Change, change, change, totally change! Papi, passa aqui no setembro

do ano que vem e a gente monta seu visual Natal 2012. Got it? Ta dada

a dica. Beijo, beijo, beijo e Merry Christmas!

Papai Noel: Oh, oh, oh... Feliz Natal pra você também, Rick...Aaaai, cada um que

eu tenho que aguentar, viu...

RASPAR A SOBRANCELHA 120330

Senhoras e senhores... Rick Du Boiol! O queridinho dos fashions

Godofredo: Olá estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho fashion

do Brasil, o especialista em tendências, Rick Du Boil. Senhoras e

senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite Gô! Boa noite Brasil!

Godofredo: Ôh Rick, qual é a moda do momento?

Rick: Raspar a sobrancelha.

Godofredo: Raspar a sobrancelha?

Rick: Exactly, honey. Em Paris, Nova Iorque, Tókio, Milão, não se fala em

outra coisa! Raspar a sobrancelha é o novo must!

Godofredo: Mas ôh Rick, aí as pessoas vão ficar sem expressão.

Rick: Hello! Exatamente o oposto. A moda agora é raspar a sobrancelha e

sair com uma canetinha na mão.

Godofredo: Canetinha? Mas pra quê?

Rick: Pra desenhar sua própria sobrancelha! Aconteceu alguma coisa que te

deixo bravo, você desenha uma sobrancelha pra baixo; aconteceu

alguma coisa que te deixou triste, desenha uma sobrancelha pra cima;

cara de paisagem, sobrancelha horizontal; real emoticon live face!

Raspa a sobrancelha, e transforma o próprio rosto num emoticon

Page 43: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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tamanho real!

Godofredo: Nossa, Rick! Tem certeza que isso tá na moda?

Rick: Excuse me? Who’s the trendsetter here? Quem é o formador de

opinião? Eu, você? You, me? You, me? Me, you? Acho que sou eu né,

chéri?

Godofredo: Tudo bem, vai

Rick: Atenção, você ouvinte. Vai pro banheiro, raspa a sobrancelha, e sai pra

vida! Sobrancelha raspada e desenhada com canetinha é o novo must!

Rostão emoticon tamanho natural. Tá dada a dica, beijo, beijo, beijo...fui!

Godofredo: Aiai, senhoras e senhores, Rick Du Boiol... a gente volta daqui a pouco.

Não sai daí!

IPAD SEXUAL 120412

Senhoras e senhores, Rick Du Boiol, o queridinho dos fashions!

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista, com o queridinho

fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick Du Boiol.

Senhoras e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Gô! Boa noite, Brasil!

Godofredo: Oh Rick, conta pra gente, o que é que tá na moda hoje?

Rick: iPad sexual!

Godofredo: iPad sexual??? Explica melhor.

Rick: iPad sexual, baby! É o iPad que vende em sexy shop. O sujeito compra

o iPad, baixa o aplicativo e fica encoxando a tela.

Godofredo: (risos) Nossa, Rick. Eu nunca ouvi falar disso.

Rick: Hello! Who is the trendsetter here, baby? Quem é especialista em

tendência? You, me? Eu, você? Eu, você? Você, eu? Acho que sou eu

né, chéri!

Godofredo: É, tudo bem, Rick, eu sei.

Rick: Encoxar a tela do iPad é o novo must! Tela touch screen, já era, it´s

gone! Put it in the toilet and flush it, baby! Flush it! Crrgg… it´s gone!

Depois do touch screen, a moda agora é tela fuck screen!

Godofredo: Ah, era só o que faltava

Page 44: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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Rick: iPad sexual com tela fuck screen. Must have it! Must have it! Must

absolutely have it! Tá dada a dica, beijo, beijo, beijo…fui!

Godofredo: Aiai…senhoras e senhores, Rick du Boiol... a gente volta daqui a pouco,

não sai daí!

BANHO ECOLÓGICO 120421

Senhoras e senhores, Rick Du Boiol, o queridinho dos fashions!

Godofredo: Olá, estamos de volta com o queridinho fashion do Brasil, o especialista

em tendências, o em feu terrible da moda, Rick Du Boiol. Senhoras e

senhores, uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Gô! Boa noite, Brasil!

Godofredo: Oh, Rick...conta pra gente, qual é a nova tendência do momento?

Rick: Nova tendência, banho ecológico.

Godofredo: Banho ecológico?

Rick: Yes, baby. Banho ecológico é o novo must. Segunda, yes; terça, no;

quarta, yes... e assim por diante.

Godofredo: Hum, banho dia sim dia não?

Rick: Exactly, honey. Economia de 50% da água do planeta. Na França as

pessoas tomam até menos banho que isso!

Godofredo: Ôh, Rick, mas na França não faz o calor que faz aqui no Brasil, né.

Rick: Não interessa, chéri. Fedem do mesmo jeito. Sabe porque os franceses

fazem os melhores perfumes do mundo? Pra disfarçar o fedor.

Godofredo: Oh, Rick... mas então você quer que os brasileiros fedam como fedem

os franceses?

Rick: Chéri, se ficar fedido deixam os brasileiros tre´ chique como le france, e

ainda por cima economizar água do planeta... oh por mim esse país vira

um queijo roquefort à céu aberto, hohohoho... tá dada a dica, beijo,

beijo, beijo...fui!

Godofredo: Aiai, senhoras e senhores, Rick DuBoiol ...

Page 45: Expressões em inglês no humor do rádio brasileiro (Sandra Maki Kuchiki)

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AGENTE UPP 111203

Senhoras e senhores... Rick du Boiol, o queridinho dos fashions

Godofredo: Olá, estamos de volta com mais uma entrevista com o queridinho

fashion do Brasil, o especialista em tendências, Rick du Boiol. Senhoras

e senhores uma salva de palmas.

Rick: Boa noite, Gô. Boa noite, Brasil.

Godofredo: Oh, Rick...conta pra gente, qual é a nova moda hoje?

Rick: UPP.

Godofredo: UPP? Unidade de Polícia Pacificadora? Igual aquelas que instalam nas

favelas do Rio de Janeiro?

Rick: Wrooong! Eu disse UPP, Unidade Pacificadoras de Peruas.

Godofredo: Hum, pera aí Rick, dessa eu nunca ouvi falar.

Rick: UPP no shopping de luxo, grito, griiito da moda. Antigamente quando

duas peruas entravam em uma loja, e começavam a disputar pela

mesma bolsa, era barraco na certa. Uma jogava o talão de cheques na

cara da outra, puxava o cartão de crédito, um horror!

Godofredo: Nossa!

Rick: Agora com as UPPs, Unidades Pacificadoras de Peruas, a coisa ficou

super tranquila. VIPs já podem andar sossegadas pelos shoppings com

a certeza de não ser atingida por nenhuma Montblanc voadora.

Godofredo: Montblanc voadora?

Rick: Montblanc, chéri, a caneta. Você sabe quanto pesa uma caneta de ouro

maciço? É a arma predileta da perua. Uma Montblan de ouro na testa,

traumatismo craniano na certa.

Godofredo: Ah, não. Traumatismo craniano?

Rick: Wake up, honey. Se uma caneta de ouro maciço Montblanc cair da bolsa

de uma perua, e ela estiver usando sandália, a unha do dedão fica preta

na hora. Black, it’s gone, period, forget it! Unidades Pacificadoras de

Peruas em shoppings de luxo, são o novo must. Tá dada a dica, beijo,

beijo, beijo, fuuui.

Godofredo: Hum, Senhoras e senhores, Rick Du Boil, a gente volta daqui a pouco,

não sai daí...