expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

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FLÁVIA CERIZE VALLERINI EXPRESSÃO DO RECEPTOR ANDROGÊNICO EM CÉLULAS DO FOLÍCULO PILOSO DE PACIENTES COM PUBARCA PRECOCE IDIOPÁTICA Dissertação apresentada ao Curso de Pós- Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção de título de Mestra em Medicina São Paulo 2015

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Page 1: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

FLÁVIA CERIZE VALLERINI

EXPRESSÃO DO RECEPTOR ANDROGÊNICO EM

CÉLULAS DO FOLÍCULO PILOSO DE PACIENTES

COM PUBARCA PRECOCE IDIOPÁTICA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo para obtenção de título de

Mestra em Medicina

São Paulo

2015

Page 2: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

FLÁVIA CERIZE VALLERINI

EXPRESSÃO DO RECEPTOR ANDROGÊNICO EM

CÉLULAS DO FOLÍCULO PILOSO DE PACIENTES

COM PUBARCA PRECOCE IDIOPÁTICA

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da

Santa Casa de São Paulo para obtenção de título de

Mestra em Medicina

Área de Concentração: Ciências da Saúde

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Longui

São Paulo

2015

Page 3: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Vallerini, Flávia Cerize Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de pacientes com pubarca precoce idiopática./ Flávia Cerize Vallerini. São Paulo, 2015.

Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Carlos Alberto Longui 1. Receptores androgênicos 2. Folículo piloso 3. Adrenarca 4.

Puberdade precoce

BC-FCMSCSP/01-15

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Page 5: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Dedicatória

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu amado marido, Guilherme, e aos meus filhos,

Guilherme e Laura,

que são a minha família, que são o meu mundo.

Aos meus pais, Pedro e Helenita,

que me ensinaram a crescer e a viver, agradecendo por todos os esforços que

fizeram por mim.

Aos meus irmãos e irmãs, tias e tios, sobrinhos e primos,

que fazem parte da minha história.

E à minha avó Iolanda, “in memoriam”,

minha amiga eterna.

Page 6: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Prof. Dr. Carlos Alberto Longui, meu orientador, por todo o apoio

e pelo grande aprendizado e crescimento pessoal a mim proporcionados.

Ao Dr. Flávio Richeti, que me ajudou e me ensinou com a dedicação e

paciência com que só um amigo faria.

À Dra. Tatiane Sousa e Silva, pela grande ajuda operacional no laboratório,

minha sincera gratidão.

Aos alunos da graduação e aos residentes de endocrinologia pediátrica da

FCMSCSP, fundamentais para a realização do meu trabalho.

À minha tia e também professora, Dra. Eliane Arantes Braga, pela ajuda nos

momentos de necessidade.

À Eliane Roseli Barreira e Miguel Ângelo de Góes Junior, pelos conselhos,

suporte e ajuda direta.

À Érika Tiemi Fukunaga e ao Serviço de Estatística da Pós-Graduação, pela

competência e pela precisão na realização do seu trabalho.

Aos Professores da Banca de Exame de Qualificação e Defesa, pelas

sugestões e críticas essenciais ao aperfeiçoamento deste estudo.

À Mirtes Dias Souza, Sônia Regina Alves e toda equipe da Pós Graduação,

pelo auxílio e atenção.

À CAPES, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal De Nível Superior,

pelo incentivo financeiro para a realização da minha pesquisa, possibilitando o

desenvolvimento da mesma.

À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, à Irmandade

da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e à Fundação Arnaldo Vieira de

Carvalho, pela oportunidade de realizar este trabalho.

A todos os pacientes que, voluntariamente, cederam suas esperanças em

busca de algo melhor para todos.

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que, de forma direta ou

indireta, colaboraram para a idealização deste trabalho.

Page 7: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Abreviaturas e Símbolos

ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 17OHP: 17-hidroxiprogesterona

ACTH: Hormônio Adrenocorticotrópico

AMPc: Adenosina Monofosfato Cíclico (AMPc)

ANDRO: ∆4-androstenediona

BCR: Gene Normalizador (Breakpoint Cluster Region)

C: Controle

CRH: Hormônio Liberador de Corticotropina

Ct: Ciclo limite (Cycle threshold)

DHT: Dihidrotestosterona

E2: Estradiol

EST: Estatura

HAC: Hiperplasia Adrenal Congênita

ID: Idade

IDPBC: Idade Pubarca

IDTLC: Idade Telarca

M: Medula

MM: Idade da Menarca Materna

SDHEA: Sulfato de Deidroepiandrosterona

OMIM: Herança Mendeliana Humana disponível online (Online Mendelian Inheritance in Man) P: Peso

PCR: Reação em Cadeia da Polimerase (Polymerase Chain Reaction)

PPI: Pubarca Precoce Idiopática

Q: Quencher (fluorocromo inibidor)

qRT-PCR: PCR quantitativa em Tempo Real

R: Reporter (fluorocromo emissor)

RA: Receptor de Andrógenos

RIE: Radioimunoensaio

SOP: Síndrome do Ovário Policístico

StAR: Proteína Reguladora Aguda da Esteroidogênese

TESTOT: Testosterona Total

TESTO: Testosterona

Xq11-12: Braço longo do cromossomo X, região 11-12

ZF: Zona Fasciculada

ZG: Zona Glomerular

ZR: Zona Reticular

Page 8: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Sumário

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………... 1

1.1. Revisão de literatura................................................................................. 3

1.1.1. Pubarca precoce idiopática............................................................. 3

1.1.2. Desenvolvimento puberal normal em meninas............................... 4

1.1.3. Esteroidogênese adrenal................................................................ 5

1.1.4. Hormônios andrógenos................................................................... 9

1.1.5. A pele como órgão endócrino......................................................... 10

1.1.6. Receptor de andrógeno (RA) ......................................................... 12

1.2. O gene do receptor de andrógeno (OMIM: 313700) ............................... 13

1.3. Justificativa deste estudo.......................................................................... 14

2. OBJETIVOS ………………………………………………………………………... 15

3. CASUÍSTICA E MÉTODO.………………..…………………………………….... 17

3.1. Casuística.................................................................................................. 18

3.2. Coleta das amostras de bulbo capilar....................................................... 19

3.3. Análise bioquímica.................................................................................... 19

3.4. Análise molecular...................................................................................... 20

3.5. Extração do RNA....................................................................................... 20

3.5.1. Folículo piloso (amostras).................................................................... 20

3.5.2. Curva padrão (próstata)....................................................................... 21

3.6. Reação enzimática de transcrição reversa............................................... 21

3.7. PCR em tempo real quantitativa (qRT-PCR)............................................ 22

3.8. Iniciadores e sondas direcionados ao gene AR....................................... 25

3.8.1. Iniciadores e sondas direcionados ao gene utilizado como

normalizador da reação (BCR- Breakpoint Cluster Region).............

25

3.8.2. A Reação de PCR em tempo real (RT-PCR).................................... 26

3.9. Construção da curva padrão.................................................................... 27

3.10. Cálculo da expressão de RNAm do RA em amostras de pelo pubiano. 28

3.11. Análise estatística.................................................................................. 29

4. RESULTADOS.…………………………………………………………………….. 30

4.1. Resultados descritivos das variáveis........................................................ 33

4.2. Resultados analíticos das variáveis clínicas............................................. 34

4.3. Resultados analíticos das variáveis hormonais........................................ 35

Page 9: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Sumário

4.4. Análise da expressão do Gene RA........................................................... 35

4.4.1. Expressão do gene RA em pacientes e controles no grupo PII-III.. 36

4.4.2. Expressão do gene RA em pacientes e controles no grupo PIV-V 37

4.4.3. Expressão do gene RA na evolução da puberdade.........................

4.5 Correlação entre SDHEA e expressão do gene RA................................... 39

38

39

5. DISCUSSÃO.……………………………………………………………………….. 41

6. CONCLUSÃO.…………………………………………………………………….... 45

7. ANEXOS.…………………………………………………………………………..... 47

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.…………………………………………….. 56

RESUMO.………………………………………………………………………….... 63

ABSTRACT.……………………………………………………………………….... 65

Page 10: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

1. INTRODUÇÃO

Page 11: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

2

Pubarca precoce idiopática (PPI) no sexo feminino é definida como o

aparecimento de pelos pubianos antes dos oito anos de idade, sem outros sinais de

desenvolvimento puberal ou virilização(1,2). Na maioria das vezes, é uma situação

benigna e autolimitada, seguida por puberdade em idade normal(3,4). O mecanismo

subjacente parece ser o amadurecimento precoce da zona reticular (ZR) do córtex

adrenal, independente ou parcialmente dependente de hormônio

adrenocorticotrópico ACTH, que origina aumento na produção de andrógenos

adrenais, em particular o aumento de dehidroepiandrosterona (DHEA) e sulfato de

deidroepiandrosterona (SDHEA)(3).

Os andrógenos agem através da ligação a receptores nucleares, o que é

facilitado por serem hormônios lipofílicos derivados do colesterol e capazes de

atravessar a membrana celular. A ligação do esteroide ao seu receptor determina a

migração do complexo hormônio-receptor para o núcleo, onde reconhece o sítio

específico de ligação ao DNA (elemento responsivo) modulando a transcrição dos

genes-alvo(5). Esses hormônios são reconhecidos como os principais moduladores

do desenvolvimento e da manutenção do fenótipo masculino, bem como sua função

reprodutiva, mas também afetam a função de diversos tecidos não reprodutivos,

como, por exemplo, o ósseo e o musculoesquelético. A maioria dessas funções

envolve a expressão do receptor de andrógenos (RA)(6,7).

A hiperexpressão do RA no complexo pilo-sebáceo pubiano pode ser um dos

fatores responsáveis pela hipersensibilidade desse tecido aos andrógenos,

causando o aparecimento precoce dos pelos. A quantificação dos receptores de

andrógenos pode reconhecer a influência da expressão dos receptores na idade de

início da pubarca, bem como oferecer subsídios para o planejamento terapêutico

nos casos que apresentem hiperexpressão do receptor androgênico.

O objetivo deste projeto foi comparar a expressão tecido-específica do gene

de receptor androgênico entre meninas com pubarca precoce idiopática e um grupo

controle, e também correlacionar tal expressão às concentrações séricas dos

hormônios andrógenos.

Page 12: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

3

1.1. Revisão de literatura

1.1.1. Pubarca precoce idiopática

A adrenarca é denominada por alguns como sendo a “puberdade” da glândula

adrenal(8), caracterizada pela ativação da produção de andrógenos adrenais e por

aumento progressivo da dehidroepiandrosterona (DHEA) e SDHEA, ambos

produtos da ZR da adrenal (Fig. 1)(9). A adrenarca relaciona-se ao desenvolvimento

da ZR do córtex adrenal, mas os mecanismos que regulam a secreção dos

andrógenos adrenais DHEA e androstenediona (ANDRO) não estão completamente

esclarecidos(10).

Por volta dos seis anos de idade, ou menos, ocorre aumento gradual na

secreção de andrógenos adrenais. Esse fato foi reconhecido pela primeira vez há 60

anos atrás, por Talbot et al(11), que identificaram o aumento da excreção de 17-

cetoesteroides urinários em crianças normais. Observando a presença de pelos

pubianos em pacientes com disgenesia gonadal, Albright et al(12) postularam que,

durante a maturação sexual humana, a adrenal secreta quantidades crescentes de

esteroides com atividade androgênica. Albright et al(12,13) atribuíram a esse processo

de desenvolvimento a denominação de adrenarca.

Pubarca é o termo que descreve o aparecimento dos pelos pubianos, que

pode ser acompanhado do surgimento de pelos axilares ou não, sendo a

representação clínica da adrenarca. Esse processo é considerado precoce quando

acontece em meninas antes dos oito anos de idade(14,15,16).

Page 13: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

4

Figura 1: Coloração de hematoxilina e eosina de corte histolológico da adrenal, mostrando a zona glomerular (ZG), a zona fasciculada (ZF), a zona reticular (ZR) e a medula (M), nas idades de 3 anos (A) e 12 anos (B) [Modificado de Nakamura et al, 2009(9)].

1.1.2. Desenvolvimento puberal normal em meninas

As características físicas dos estágios de desenvolvimento e de pelos

pubianos estão resumidos no Quadro 1 e ilustrados pelo Anexo 1.

Page 14: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

5

Quadro 1: Estágios de desenvolvimento de pelos pubianos.

Caracteres Sexuais Secundários (meninas)

Desenvolvimento de

Pelos Pubianos

Estágio I Pelos sobre o púbis não estão mais desenvolvidos do

que os da parede abdominal. Pelos pubianos ausentes.

Estágio II

Crescimento esparso de pelos longos, finos, lisos ou

discretamente encaracolados, principalmente ao longo

dos grandes lábios.

Estágio III Pelos tornam-se mais escuros, espessos e

encaracolados, distribuindo-se na região pubiana.

Estágio IV

Pelos são do tipo adulto, mas com área de distribuição

menor do que em adultos, não se estendendo para a

superfície interna das coxas.

Estágio V Pelos adultos em tipo e quantidade, estendendo-se até

a superfície interna das coxas.

Marshall, Tanner, 1969(2); Monte et al, 2006(5).

Caracterizar separadamente o surgimento dos pelos pubianos (pubarca) e

das mamas (telarca) é importante, pois ambos os desenvolvimentos constituem

eventos distintos(17). O desenvolvimento da mama é controlado primariamente pela

secreção de estrógeno ovariano, enquanto o desenvolvimento de pelos pubianos é

estimulado pela secreção de andrógenos adrenais(5) .

1.1.3. Esteroidogênese adrenal

A descrição anatômica da adrenal foi feita há mais de 450 anos pelo

anatomista italiano Bartholomeo Eustachio, tendo sido ignorada até 1855, quando

Thomas Addison descreveu com detalhes a doença que leva seu nome(18). Brown-

Séquard demonstrou, em 1856, que as adrenais eram indispensáveis para a vida,

após realizar adrenalectomia em animais(19). Experiências posteriores demonstraram

ser a zona cortical, e não a medular da adrenal, a indispensável para a vida(20). O

conceito de hiperfunção e suas manifestações clínicas, por sua vez, surgiu depois,

com Cushing(21), Albright(22) e Conn(23). Entre 1935 e 1937, o isolamento dos

Page 15: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

6

hormônios adrenais, com a definição de sua estrutura e síntese(24), e, mais

recentemente, associado aos avanços nas técnicas de quantificação hormonal, bem

como nas técnicas moleculares, ampliaram nossa compreensão a respeito da

fisiologia, da bioquímica e da fisiopatologia do córtex adrenal.

O córtex adrenal produz três hormônios principais: os glicocorticoides

(corticosterona e cortisol), os mineralocorticoides (aldosterona e deoxicorticosterona)

e os andrógenos (DHEA e SDHEA). O precursor de todos os hormônios

provenientes da esteroidogênese adrenal é o colesterol, sendo sua principal fonte a

lipoproteína de baixa densidade (LDL-colesterol) oriunda da circulação, mas sabe-se

que essa não é a única fonte de colesterol para a glândula adrenal, que pode ser

gerado de novo no córtex adrenal, a partir da acetil-coenzima A, e há evidências da

utilização da lipoproteína de alta densidade (HDL-colesterol), através da captação

dessa molécula pelo receptor scavenger tipo I-SR-BI, o receptor de HDL(25).

A esteroidogênese adrenal envolve as vias bioquímicas apresentadas na

Figura 2.

Figura 2: Esteroidogênese na adrenal humana [Modificado de Arlt, Stewart, 2005(25)].

A primeira etapa limitante da esteroidogênese adrenal é a ligação hormonal a

um sistema de transporte intracelular do colesterol, a partir do citoplasma até a

Page 16: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

7

membrana mitocondrial interna, para a conversão em pregnenolona pelo citocromo

P450 scc, a enzima de clivagem da cadeia lateral. Essa etapa é mediada pela

atividade enzimática da proteína reguladora aguda da esteroidogênese (StAR),

induzida pelo aumento da concentração intracelular de adenosina monofosfato

cíclico (AMPc), proporcionado pela ligação do ACTH ao seu receptor de

membrana(26).

A esteroidogênese envolve a ação combinada de várias enzimas do

citocromo P450. As enzimas CYP11B e a P450scc estão localizadas na mitocôndria

e utilizam um sistema de transporte de elétrons proveniente da adrenodoxina-

redutase para oxidar e hidrolisar os esteroides. Já as enzimas 17α-hidroxilase e 21-

hidroxilase, que estão localizadas no retículo endoplasmático, têm seu transporte

facilitado por flavoproteínas, a POR e o citocromo b5(5).

Na zona reticular, a enzima 17-hidroxilase (CYP17) possui uma atividade

extra, ela cliva a ligação carbono-carbono 17-20 (atividade 17,20-liase), originando

compostos com 19 carbonos. Essa mesma enzima converte 17-hidroxipregnenolona

em DHEA que, por sua vez, é convertida pela 3β-HSD em ANDRO que poderá,

posteriormente, ser convertida em testosterona e estrógenos quando atingir outros

tecidos(25). A 17α- hidroxilase é necessária na ZF da adrenal para a produção de

glicocorticoide, sendo que ambas as atividades 17α-hidroxilase e 17,20-liase são

necessárias para a produção de andrógenos adrenais na ZR da adrenal. Portanto, a

CYP17 é reconhecida como uma das principais reguladoras qualitativas da

esteroidogênese, sendo essencial para a adrenarca(27).

O citocromo b5 (CYB5) é considerado um importante regulador da função da

CYP17 e, particularmente, de sua atividade 17,20-liase. Essa proteína é mais

evidente na ZR da adrenal e resultados sugerem que desempenha um importante

papel no desenvolvimento do córtex adrenal, por meio do seu sistema de

transferência de elétrons, aumentando a atividade da 17,20-liase(28).

A enzima sulfotransferase (SULT2A1) realiza a sulfatação da DHEA, sendo

obrigatória na síntese de SDHEA, sendo este o principal esteroide em massa

produzido pela adrenal adulta, além de ser o mais abundante na circulação do ser

humano adulto. O SULT2A1 é predominantemente expresso no citoplasma das

células adrenocorticais da ZR da adrenal e inclui outros substratos, como

pregnenolona e 17α-hidroxipregnenolona, metabolizando-os aos seus respectivos

produtos sulfatados. Estudos demonstraram que o aumento da produção de SDHEA

Page 17: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

8

que ocorre na adrenarca está associado com a aceleração da expressão dessa

enzima. Mas ainda há muito a ser esclarecido no que se refere ao papel da

transcrição desse gene na regulação da ZR da adrenal e na adrenarca(9).

A 3β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 (HSD3B2) catalisa a conversão de

pregnenolona, 17α-hidroxipregnenolona e DHEA a progesterona, 17α-

hidroxiprogesterona e androstenodiona, respectivamente (Fig. 2). Essa enzima

normalmente atua de maneira competitiva com a CYP17, diminuindo a produção de

SDHEA. Alterações que diminuam sua atividade podem representar um papel

importante na adrenarca(29).

A 21-hidroxilase do citocromo P450 (CYP21) converte a progesterona e a 17-

OHP em 11-desoxicorticoesterona, na ZG adrenal, e 11-desoxicortisol, na ZF,

respectivamente. Apesar de não estar diretamente envolvida na produção de DHEA,

assim como a HSD3B2, sua presença desvia a metabolização de produtos

esteroides em mineralocorticoides e glicocorticoides (Fig. 2). Sua deficiência leva ao

aumento da produção de esteróides C19, com consequentes manifestações clínicas

de hiperandrogenismo(30). Evidências sugerem que a adrenarca não depende de

alterações na expressão de CYP21 na zona reticular da adrenal(31).

Apesar de algumas enzimas e cofatores proteicos serem comuns a todas as

zonas adrenais, as classes específicas de esteroides produzidos dentro de cada

uma delas são predominantemente determinadas pela expressão zona-específica

característica de cada enzima esteroidogênica. A Fig. 3 ilustra as principais

diferenças na expressão das enzimas que facilitam a produção de andrógenos

adrenais.

Page 18: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

9

Figura 3: Vias para a produção de esteroides adrenocorticais. A produção envolve a ação combinada da StAR, P450scc (CYP11A1), citocromo P450c17; 17α-hidroxilase/17, 20-liase (CYP17), e sulfotransferase DHEA (SULT2A1). Um facilitador da biossíntese de SDHEA é o citocromo b5 (CYB5), que pode aumentar a atividade da 17,20-liase de CYP17. Ao contrário, a 3β-hidroxiesteroide desidrogenase tipo 2 (HSD3B2) e a 21-hidroxilase do citocromo P450 (CYP21) impactam negativamente na produção do SDHEA [Modificado de Nakamura et al, 2009(9)].

1.1.4. Hormônios andrógenos

As gônadas e o córtex adrenal têm o mesmo potencial de esteroidogênese,

por sua origem embrionária mesodérmica comum, mas se especializaram na

formação particular de esteroides na dependência do sexo genético e da expressão

de vários fatores de transcrição, tais como o WT1, NR5A1, NR0B1, SRY, SOX9,

AMH, e WNT4(5).

O hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) regula a secreção das células da

zona reticular, a camada mais profunda do córtex adrenal que secreta a DHEA e a

ANDRO. Outros fatores parecem estar envolvidos nessa regulação, mas o

mecanismo de controle da produção de andrógenos adrenais não está totalmente

elucidado(25,32) .

Page 19: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

10

A secreção do ACTH pela hipófise anterior é controlada pelo hormônio

liberador de corticotropina do hipotálamo (CRH). O CRH é secretado no plexo

capilar primário do sistema porta hipofisário, chegando à eminência média do

hipotálamo, sendo então transportada para a hipófise anterior, onde induz a

secreção de ACTH(15).

Os andrógenos adrenais (DHEA, SDHEA e ANDRO) são os esteroides mais

abundantes secretados a partir da glândula adrenal adulta (20 mg/d)(25). O aumento

progressivo da síntese de DHEA e de SDHEA, principais andrógenos adrenais,

ocorre entre 5-25 anos, atingindo seu ápice no início da idade adulta e declinando a

seguir (33).

A ação desses hormônios é exercida principalmente pela conversão, em

outros tecidos, em andrógenos ou estrógenos mais ativos(34). Enquanto nas

mulheres cerca de 50% dos andrógenos são de origem adrenal(35), em homens

adultos esse valor é de cerca de 2%, devido à grande produção de andrógenos

testiculares(36).

1.1.5. A pele como órgão endócrino

A pele e seus apêndices, incluindo folículos pilosos, glândulas sebáceas e

glândulas écrinas e apócrinas, à semelhança dos órgãos esteroidogênicos clássicos,

como gônadas e adrenais, estão munidos de todas as enzimas necessárias para a

síntese e metabolização de andrógenos. Além disso, pele e fâneros também se

constituem em tecido-alvo para a ação dos próprios andrógenos(37,38).

O efeito dos andrógenos é mediado pela ligação a receptores nucleares

específicos. Mutações no gene do RA, como, por exemplo, na Síndrome da

Insensibilidade Completa aos Andrógenos, impede a ação dos andrógenos em todos

os tecidos, incluindo a pele(39).

Os hormônios androgênicos circulantes com ação em todos os tecidos,

incluindo a pele, são o SDHEA e a ANDRO (produzidos nas adrenais), a

testosterona (TESTO) e a dihidrotestosterona (DHT), principalmente sintetizadas nas

gônadas, mas também sintetizadas ou metabolizadas pela pele.

O SDHEA adrenal, que chega à pele pela circulação, apesar de ser um

andrógeno fraco, pode ser convertido a DHEA pela atividade sulfatase de monócitos

Page 20: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

11

e, posteriormente, sebócitos e queratinócitos podem converter DHEA em ANDRO,

um andrógeno mais potente, bem como sebócitos podem metabolizar andrógenos

até TESTO. A ativação da TESTO, por sua conversão em DHT, é catalisada por 5α-

redutase tipo 1, expressa em quase todas as células da pele, mas especialmente em

sebócitos, ao passo que a 5α-redutase tipo 2 é expressa por fibroblastos e papilas

dérmicas(40).

Assim, a pele pode ser considerada um órgão endócrino, com capacidade de

sintetizar significativa quantidade de andrógenos com ação parácrina e intrácrina

(Fig. 4).

Figura 4: Esquema do metabolismo dos precursores de andrógenos até seus metabólitos mais ativos com ações androgênicas, tanto endócrinas como parácrinas. ∆4A: androstenediona; DHT: di-hidrotestosterona; DHEAS: Sulfato de Deidroepiandrosterona; DHEA: Deidroepiandrosterona; AR: Receptor de Andrógenos; T: Testosterona; S: sulfatase; 3βOHD: 3βOHD hidroxiesteroide desidrogenase; 5αR:5α-redutase. (Modificado de Pombo, 2000) (3).

Page 21: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

12

1.1.6. Receptor de andrógeno (RA)

Os andrógenos são hormônios lipofílicos, que de maneira passiva ou

facilitada, atravessam a membrana celular e atingem seus receptores

citoplasmáticos, promovendo sua translocação nuclear.

O RA tem a capacidade de se ligar tanto à TESTO como à DHT, porém com

afinidade maior para DHT e, consequentemente, maior atividade.

A estrutura tridimensional do domínio de ligação ao hormônio é semelhante

ao de outros receptores esteroides. A ligação ao hormônio altera a conformação do

receptor, permitindo sua dimerização, translocação ao núcleo, ligação ao elemento

responsivo do gene-alvo e, finalmente, a ligação de moléculas coativadoras, que

estabilizam e amplificam a transdução do sinal hormonal e a transcrição do gene-

alvo(5).

Numerosos tecidos expressam o RA e essa expressão depende da resposta

aos andrógenos, da concentração de receptores, bem como da concentração de

DHT ou TESTO e, segundo se pesquisa, também de coativadores existentes em

cada tecido. Por excelência, os tecidos com resposta androgênica são: o testículo, a

próstata, os genitais, a cartilagem cricoide, o músculo estriado, a pele e,

principalmente, o folículo piloso. Também podemos encontrá-la, entre outros

exemplos, na cartilagem de crescimento e no osso. Em grande parte de tais tecidos

é essencial a ação da enzima 5α-redutase na transformação de TESTO em DHT,

que se expressa nas mesmas células que expressam os receptores. Em outros

tecidos, porém, o andrógeno TESTO não pode atuar diretamente, senão através de

sua transformação em estradiol (E2) mediante a enzima aromatase (por exemplo, na

hipófise). Existem, consequentemente, duas vias para se intensificar ou variar a

ação dos andrógenos: a transformação de TESTO em DHT, intermediada pela 5α-

redutase, e a transformação de TESTO em E2, que a modifica. Ainda que somente

uma pequena quantidade de TESTO se transforme em E2 (0,2%), como o E2 atua

em concentrações inferiores, essa via adquire importância biológica(3).

Page 22: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

13

1.2. O gene do receptor de andrógeno (OMIM: 313700)

A localização cromossômica do RA é o braço longo do cromossomo X (Xq11-

12), cópia única(41,42,43), que se estende por 75 a 90 kilobases (kb) de DNA

genômico. A região codificadora compreende 2757 pares de bases, dividida em oito

exons(44).

Os genes da superfamília dos receptores nucleares apresentam domínios

comuns, denominados domínio de ligação ao ligante hormonal, domínio de ligação

ao DNA e domínio de ativação de função (transativação). Existe também uma

pequena porção do exon 4 que conecta esses dois domínios, conhecida como

dobradiça hinge(45).

O domínio N-terminal é codificado pelo éxon1, correspondente à zona

promotora reguladora da transcrição, sendo constituído por 1613 pares de bases e

possui função moduladora, sendo responsável pela velocidade de transcrição do

gene(46), conforme a Figura 5.

Figura 5: Receptor androgênico com os três principais domínios: Domínio N-terminal codificado pelo éxon 1, domínio de ligação ao DNA codificado pelos éxons 2 e 3 e domínio de ligação ao andrógeno, codificado pelos exons 4 a 8 [Richeti, 2011(47)].

O domínio de ligação ao DNA é codificado pelos exons 2 e 3 e constituído por

65 aminoácidos. São seus dois dedos de zinco que o tornam capaz de se ligar aos

elementos responsivos do gene-alvo da ação androgênica.

Os éxon de 4 a 8 codificam o domínio de ligação ao andrógeno, a região da

proteína que se une especificamente aos andrógenos.

Antes do advento da PCR quantitativa em Tempo Real (qRT-PCR), a

expressão do gene do RA só podia ser avaliada em ensaios qualitativos ou

Page 23: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

Introdução

14

semiquantitativos, mas, com a sua introdução, tornou-se possível a avaliação

quantitativa da expressão gênica.

O grupo que desenvolve pesquisas relacionadas a esse tema, do qual esta

autora faz parte, descreveu inicialmente a padronização de um ensaio utilizando

qRT-PCR na quantificação da expressão do gene do receptor glicocorticoide(48,49),

seguida da padronização da expressão do RA em pele prepucial e em folículos

pilosos(50).

1.3. Justificativa deste estudo

Considerando que a pele produz, metaboliza e, simultaneamente, está sob o

efeito de andrógenos(51), levantou-se a hipótese de que o aumento da expressão dos

receptores androgênicos ao nível do folículo piloso possa conferir maior

sensibilidade da pele aos andrógenos e, finalmente, determinar o aparecimento

precoce dos pelos pubianos.

Embora a PPI seja uma situação benigna, cerca de 25% dos casos pode

evoluir em longo prazo para hirsutismo, acne, irregularidade menstrual e síndrome

dos ovários policísticos, situações nas quais o excesso de produção dos andrógenos

ou maior sensibilidade a estes estão presentes (6,52,53,54). Entre as pacientes com

PPI, a detecção precoce daquelas que potencialmente possuem hipersensibilidade

aos andrógenos pode contribuir para o reconhecimento de pacientes com risco

evolutivo de virilização, permitindo melhor planejamento terapêutico.

Page 24: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

15

2. OBJETIVOS

Page 25: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

16

Objetivos

1– Quantificar e comparar a expressão tecido-específica do RNA mensageiro

do receptor de andrógenos em folículos pilosos pubianos provenientes de meninas

com pubarca precoce idiopática e meninas controles.

2– Correlacionar a quantidade do RNA mensageiro do receptor de

andrógenos com a idade de início da pubarca e com a concentração do SDHEA.

Page 26: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

17

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

Page 27: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

18

Casuística e Método

3.1. Casuística

O protocolo do estudo (Processo nº 163/10) foi aprovado no Comitê de Ética e

Pesquisa em Seres Humanos da Irmandade Santa Casa de São Paulo. Todos os

pacientes ou seus responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido antes de serem incluídos no estudo (Anexos 2 e 3).

Foram obtidas amostras de pelo da região dos grandes lábios para

quantificação do RNAm do RA de 110 meninas, sendo que 52 delas apresentavam

pubarca precoce idiopática (PPI) e 58 controles pareadas pelo estágio de

desenvolvimento de pelos pubianos de acordo com os critérios de Marshall,

Tanner(2). No momento da coleta dos pelos era realizado o exame físico detalhado

das pacientes e eram colhidas informações sobre as variáveis a serem analisadas

no estudo, tais como peso, IMC, presença de acne, acantose, hirsutismo, idade de

menarca, idade de telarca, e as características físicas dos pelos pubianos (Anexo 4).

As pacientes foram divididas em dois grupos, PII-III e PIV-V, de acordo com o

fato de a pilificação pubiana estar em estágios iniciais (PII-III) ou finais (PIV-V) .

Foram excluídas pacientes com hiperplasia adrenal congênita (HAC),

segundo os critérios diagnósticos utilizados no ambulatório de endocrinologia

pediátrica da ISCMSP, que se baseiam na obtenção da concentração da 17OHP por

radioimunoensaio (RIE). O diagnóstico de HAC é descartado para concentrações de

17OHP menores do que 2 ng/mL, sujeitas a teste de estímulo com ACTH para

valores entre 2 e 10 ng/mL (ou se possível, estudo molecular para detecção de

mutações) e provável diagnóstico, se os valores resultarem acima de 10 ng/mL, visto

a impossibilidade de realização do teste de estímulo com ACTH para todas as

pacientes com essa suspeita. Foram também excluídas pacientes com puberdade

precoce. Nos critérios de exclusão iniciais constava tumor gonadal ou adrenal, ou

uso exógeno de andrógenos, ou terapia antiandrogênica há menos de seis meses,

mas nenhuma paciente submetida ao diagnóstico diferencial de pubarca apresentou

estes critérios.

Page 28: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

19

Casuística e Método

3.2. Coleta das amostras de bulbo capilar

Foram obtidas amostras de 4 a 6 pelos da região dos grandes lábios (2 a 3

pelos de cada grande lábio), extraídos suavemente por tração manual simples com

luva. Os pelos com os folículos presentes foram armazenados em tubo específico

com solução de armazenamento apropriado e, em seguida, agitados vigorosamente,

a fim de expor esse substrato à solução de armazenamento para minimizar a

degradação do RNA. Em seguida, as amostras foram armazenadas em Freezer a

-80ºC, idealmente mantidas por um período máximo de 15 dias, devido à constante,

porém lenta, degradação do RNA das amostras.

3.3. Análise bioquímica

Com intervalo inferior a três meses da obtenção dos pelos genitais, foram

obtidas amostras de sangue periférico para quantificação por quimioluminescência

de SDHEA (Siemens Healthcare, Llanberis, United Kingdom) e TESTOT (Siemens

Healthcare, Llanberis, United Kingdom). Por RIE foram determinadas a ANDRO

(IMMUNOTECH a.s., Prague, Czech Republic) e 17OHP (DIAsource Immunoassays

S.A., Louvain-la-Neuve, Belgium).

Há um grande problema metodológico, que se apresenta para qualquer grupo

que queira utilizar em seu estudo medidas hormonais na faixa pediátrica, devido à

escassez de valores de referência para a referida faixa etária da população. Abaixo,

seguem os valores de referências indicados pelos kits utilizados:

• SDHEA (ng/mL)

Meninas Tanner I: 132 - 650

Meninas Tanner II e III: 220 - 1750

Meninas Tanner IV: 570 - 2300

Meninas Tanner V: 760 - 3780

• TESTOT (ng/mL)

Meninas Tanner I: 2 - 10

Meninas Tanner II, III, IV e V: 5 – 40

Page 29: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

20

Casuística e Método

• ANDRO (ng/mL)

Crianças de 1 a 6 meses: 0,10 a 0,33

Crianças de 7 a 12 meses: 0,10 a 0,28

Crianças de 1 a 6 anos: 0,10 a 0,23

Crianças de 7 a 9 anos: 0,10 a 0,34

Mulheres: 0,10 a 3,00

• 17OHP (ng/mL)

Crianças de 1 mês a 1 ano: 1 a 40

Crianças de 1 a 13 anos: 0,1 a 1,5

Mulheres fase folicular: 0,11 a 1,08

Mulheres fase lútea: 0,95 a 5

Inicialmente pretendíamos coletar o sangue no mesmo momento da amostra

de pelo, mas encontramos grande resistência por parte das pacientes,

principalmente as do grupo controle. Assim, optamos por coletar os exames

juntamente aos exames de rotina das pacientes, desde que não ultrapassasse o

período máximo de três meses, para que não houvesse interferência maior nas

concentrações séricas hormonais, visto que a paciente poderia mudar de estádio

puberal.

3.4. Análise molecular

As amostras de bulbo piloso foram submetidas à extração de RNA e à

transcrição reversa para a obtenção de DNA complementar (cDNA), posteriormente

quantificado por PCR em tempo real para a determinação da quantidade de RNA

mensageiro específico do receptor androgênico.

3.5. Extração do RNA

3.5.1. Folículo piloso (amostras)

As amostras foram descongeladas e, após pipetagem vigorosa, o conteúdo foi

transferido para um tubo de 2 mL e os folículos pilosos descartados. Foram

adicionados 200 µL de clorofórmio para cada 1 mL de Trizol (Trizol Reagent

Page 30: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

21

Casuística e Método

Invitrogen). As amostras foram agitadas novamente, incubadas em temperatura

ambiente por 2 minutos e, em seguida, centrifugadas a 12500 rpm, por 15 minutos, a

4°C.

Após a centrifugação, a fase aquosa de cada amostra foi transferida para um

tubo de 1,7 mL e foram acrescentados 500 mcL de isopropanolol para cada 1 mL de

Trizol, agitada em vórtex e, após repouso de 10 minutos, em temperatura ambiente,

a solução foi novamente centrifugada a 12500 rpm, por 10 minutos, a 4°C.

O sobrenadante foi descartado com pipeta, e o precipitado lavado com 1000

µL de etanol 85% gelado, agitado no vórtex e, em seguida, centrifugado a 9500 rpm,

por 8 minutos, a 4°C. Foi realizada a remoção cuidadosa do etanol e, no gelo, o

precipitado foi ressuspenso em 40 µL de água livre de DNase e RNase, e sua

concentração medida por meio de espectrofotometria. A essa solução acrescentou-

se 1 µL de enzima inibidora de RNase (Applied N8080234) com armazenamento a

-80°C, por um período de no máximo duas semanas, até a realização da transcrição

reversa.

3.5.2. Curva padrão (próstata)

A próstata é um órgão que expressa grandes quantidades do RA. Um tecido

que expresse grande quantidade do gene em questão é necessário, pois a solução

utilizada como curva padrão deve ser diluída seriadamente e suas concentrações

conhecidas(55). Em estudo anterior de nosso grupo, a padronização da curva padrão

foi realizada utilizando-se a próstata de doador-cadáver para quantificação dos

ensaios de expressão do RA. Neste estudo, a mesma curva padrão foi empregada.

Em resumo, a partir do cDNA extraído do fragmento prostático, com o rompimento

das células por homogeneização (Tissue Disruptor Qiagen), foi realizada a extração

do RNA, utilizando-se o kit (rNeasy Mini Kit - Cat. No. 74104, Qiagen), seguida de

transcrição reversa a cDNA. Esse cDNA serviu como subsídio para o

desenvolvimento da curva padrão.

3.6. Reação enzimática de transcrição reversa

Tanto o RNA procedente do bulbo capilar quanto o de próstata foram diluídos

em 50µl de água ultra pura (GIBCO) e submetidos a uma reação enzimática

Page 31: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

22

Casuística e Método

modulada pela ação da transcriptase reversa, possibilitando a síntese do cDNA. A

reação contém o RNA da amostra a ser transcrita, tampão, dNTPs, iniciadores

aleatórios (Random primers), transcriptase reversa (Multiscribe reverse

transcriptase) e a enzima inibidora de RNase (RNase Inhibitor) (Tab. 1).

Tabela 1: Componente para realização da Reação de Transcriptase Reversa (Kit Taq Man ReverseTranscriptase Reagents N8080234).

Componentes Volume/Tubo µl

Buffer TaqMan RT 5,0

25nM MgCl2 11,0

DeoxyNTP 10,0

Randon Primers 2,5

Inibidor de RNase 1,0

Tanscriptase Reversa MultiScribe 1,25

Total Mix 30,75

RNA 19,25

Total 50,0

3.7. PCR em tempo real quantitativa (qRT-PCR)

A reação de cadeia da polimerase (Polymerase Chain reaction) é uma técnica

de amplificação in vitro do DNA. O PCR em tempo real, uma variante da reação de

PCR convencional, representa grande avanço nos métodos moleculares de

quantificação da expressão gênica em determinado tecido ou amostra biológica.

Esse método utiliza um sistema fluorescente baseado na atividade 5´ 3´exonuclease

da Taq DNA polimerase, capaz de clivar uma sonda de hibridização não-extensível

Page 32: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

23

Casuística e Método

(Sonda TaqMan) durante a fase de extensão da PCR. Tal sonda de hibridização é

marcada com dois fluorocromos. Neste estudo, o fluorocromo utilizado foi o FAM (6-

carboxi-fluoresceína), este servindo como emissor de fluorescência (R: reporter).

Seu espectro de onda é absorvido pelo fluorocromo inibidor (Q: quencher), que

neste estudo foi o TAMRA (6-carboxitetrametilrodamina) (Fig. 6).

Figura 6: Ilustração da Sonda TaqMan (Universal PCR Master Mix, Part Number: 4304437 Applied Biosystems, Branchburg, New Jersey, USA)(56).

Enquanto a sonda está intacta, ocorre transferência da energia fluorescente

do emissor, que é absorvida pelo fluorocromo inibidor pela proximidade física entre

eles. Durante a fase de extensão da PCR, a sonda de hibridização é clivada pela

ação nucleolítica 5´ 3´ da Taq polimerase. Como consequência, essa sonda será

degradada e a emissão fluorescente de FAM já não é mais transferida eficazmente

para o fluorocromo inibidor, resultando em incremento da emissão fluorescente, que

passa a ser detectada a cada ciclo da PCR.

A intensidade da fluorescência produzida durante as amplificações de PCR,

em cada um dos 96 poços do bloco do aparelho, é possível devido a uma câmara

CCD (charged coupled device) presente no equipamento, que capta o sinal durante

25 milissegundos, a cada 8,5 segundos, durante a PCR. Um algoritmo do

computador compara a quantidade de fluorescência emitida pelo fluorocromo

emissor (reporter) com a absorção pelo fluorocromo inibidor (quencher), gerando um

valor de ∆RN (R/Q). O valor ∆RN reflete a quantidade da sonda de hibridação que

foi degradada. O algoritmo calcula a média dos valores ∆RN coletados nos três

últimos ciclos de extensão, produzindo uma representação gráfica (amplification

Page 33: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

24

Casuística e Método

plot), na qual, na abscissa, estão representados os números de ciclos e, na

ordenada, está representado o sinal de fluorescência(57,58,59) (Fig. 7).

Figura 7: Representação gráfica (amplification plot) demonstrando a quantificação de RNA da amostra (∆RN), representada no eixo-Y, e do tempo, representada pelo número de ciclos, plotada no eixo X. Esse gráfico é a representação dos resultados da amplificação da curva-padrão do GRα. O ponto 1:100.000.000 não amplificou. A figura mostra ainda um paciente exemplo (A), que amplificou com um Ct 29,16. [Modificada por Silva, 2014(60)]

Durante os primeiros 10 a 15 ciclos da amplificação por PCR, os valores de

∆RN se mantêm em linha basal (baseline). Dessa maneira, o sinal vai sendo

acumulado, mas permanecendo abaixo dos limites de detecção do aparelho. Haverá

um aumento de sinal fluorescente, correspondente às sondas que serão clivadas a

cada ciclo da reação de PCR, durante o qual a Taq DNA polimerase sintetiza novas

cadeias. Os sinais medidos durante os ciclos da PCR são utilizados para demarcar

uma linha de corte (threshold). A linha de corte é calculada pelo programa como

uma função da quantidade de fluorescência da linha basal e é traçada num ponto

em que o sinal gerado a partir de uma amostra é significativamente maior do que a

fluorescência basal. Geralmente essa linha de corte corresponde a dez desvios-

padrão acima da média da emissão dos ciclos iniciais. Adicionada à linha de corte,

forma-se uma intersecção com a curva de amplificação detectada acima da linha de

corte, que corresponde à fase exponencial da reação de PCR. Esse ponto é utilizado

Page 34: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

25

Casuística e Método

para definir o ciclo limite (Cycle threshold ou Ct) de uma amostra. Portanto, o

número de ciclos da PCR, requeridos para gerar um sinal fluorescente

significativamente maior do que a fluorescência de base, é definido como o ciclo

limite, ou Ct(57,58,59).

A quantificação real depende ainda do cálculo de expressão ajustado em

relação a um gene normalizador, neste estudo representado pelo BCR, que possua

expressão constitutiva estável, ao longo do tempo, e que sirva para corrigir a

expressão do gene em estudo, para a quantidade total de RNA extraído. A

construção de uma curva com quantidades conhecidas de RNA permite criar um

padrão que possa ser repetidamente utilizado para corrigir diferenças entre

sucessivos ensaios de expressão.

3.8. Iniciadores e sondas direcionados ao gene AR

Neste estudo, utilizamos iniciadores sense e antisense desenhados na

transição dos exons 4-5 do gene AR e sonda marcada com o fluorocromo 6-FAM.

Tanto o desenho dos iniciadores da reação como o da sonda para AR foram

baseados em sequência depositada no NCBI, disponível na página

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/nuccore/21322251, acessada pelo OMIM (Online

Mendelian Inheritance in Man): Assay ID (Hs00171172_m1); localização (3293);

sonda (FAM5NFQ); sequência (AGGCCTTGCCTGGCTTCCGCAACTT); que faz

pareamento nos exons (4-5). A PCR gera um Amplicon com 72pb.

3.8.1. Iniciadores e sondas direcionados ao gene utilizado como normalizador da reação (BCR- Breakpoint Cluster Region)

Uma das etapas essenciais para a análise da expressão gênica por meio de

PCR em tempo real inclui a escolha de um gene controle ou normalizador, cuja

expressão não encontre variação desprezível entre as amostras analisadas. Muitos

genes podem ser utilizados para isso, como o GAPDH, o G6PD e o ABL. Neste

estudo, o gene BCR (22q11.21) foi escolhido como normalizador, devido à sua

expressão estável e constante ao longo do tempo, bem como à eficiência de

Page 35: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

26

Casuística e Método

amplificação similar ao gene de estudo (RA). A sonda e os iniciadores para o gene

normalizador BCR foram:

• Iniciador BCR Sense: C C T T CGACGT CAATAACAAGGAT;

• Iniciador BCR Anti-sense: C C TGCGATGGCGT T CAC;

• Sonda BCR: 6- FAM TCCATCTCGCTCATCATCACCGACA- TAMRA;

• Tamanho do Produto: 67 pb.

3.8.2. A Reação de PCR em tempo real (RT-PCR)

As reações de PCR foram realizadas em tubos de alta claridade óptica (PCR

optical tubes, Applied Biosystems), específicos para PCR em tempo real. Foi

utilizada uma solução-mãe ou mix para cada gene no preparo das reações (Tab. 2).

Tabela 2: Componentes da reação de PCR em tempo real somados a 5 µl de cDNA.

Componente Vol/RX

Master Mix 12,5

Mix 1 BCR Sense (30µM) 0,2 BCR AS (30µM) 0,2 BCR PROBE VIC (25µM) 0,27 H2O 6,83 Volume final 20

Componente Vol/RX

Master Mix 2x 12,5 Mix 2

Assay AR 20x (FAM) 1,25 H2O 6,25 Volume final 20

Os tubos foram colocados no termociclador de tempo real (7500, Applied

Biosystems).

A programação de temperatura compreendeu uma ativação inicial da Taq

Polimerase, que ocorre a 95ºC, por dez minutos, seguida da amplificação da

sequência em 40 ciclos de dois estágios: 15 segundos, a 95ºC, para desnaturação

das fitas de cDNA, seguidos de 90 segundos, a 60ºC, para anelamento e extensão

dos iniciadores. Na fase de extensão, a Taq Polimerase, por meio de sua atividade

5' exonuclease, desloca e fragmenta a sonda, que emite fluorescência quando o

fluorocromo inibidor (TAMRA) se afasta do emissor (6-FAM).

Page 36: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

27

Casuística e Método

3.9. Construção da curva padrão

Para obtermos um número absoluto de moléculas das amostras amplificadas

é necessária a construção de uma curva padrão de amplificação. Uma amostra

padrão de cDNA da próstata é diluída de forma seriada 1:10, para a obtenção de

diferentes concentrações. Para cada ensaio, são utilizadas amostras de cDNA da

próstata e dos indivíduos do estudo, nos quais são amplificados os genes BCR e o

RA. A Figura 8A exemplifica a curva de amplificação de 4 pontos da curva padrão

do RA, utilizando cDNA proveniente de próstata.

Figura 8A: Exemplo de curva padrão: curvas de amplificação com amostras em duplicata em quatro concentrações, obtidas por diluição sucessiva 1:10 de cDNA proveniente de próstata humana de doador-cadáver.

O coeficiente de regressão linear (r2) deve ser maior do que 0,99 para

verificar a eficiência da reação, ou seja, para sua validação, a curva necessita de um

valor próximo a 1, significando estreita relação entre os pontos da curva, e o valor

ideal da inclinação da curva (slope) é de 3,33, mostrando que ocorreu duplicação

total em cada ciclo e eficiência de 100% da reação (Fig. 8B).

Page 37: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

28

Casuística e Método

Figura 8B: Gráfico de regressão linear em função dos dados oriundos da Figura 8A 7A, utilizando-se a quantidade de moléculas por tubo (abscissa) e o CT de cada ponto da curva (ordenada). 3.10. Cálculo da expressão de RNAm do RA em amostras de pelo pubiano

A média dos Cts (Cycle threshold) das duplicatas das amostras dos pelos

pubianos é corrigida pela média dos Cts da curva padrão (Fig. 8A). Foi realizada a

divisão das concentrações obtidas de ambos os genes, para que possam ser

estabelecidos os valores que representam o número de unidades de expressão de

RA/BCR de cada amostra (Fig. 9).

Page 38: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

29

Casuística e Método

Figura 9: Representação de amplificação das duplicatas do gene BCR (A), apresentando um Ct aproximado de 27 e do gene RA(B), apresentando um CT aproximado de 32.

Considerando-se o Ct RA=32 e o Ct BCR=27 (Fig. 9), cada um desses Cts

gerou um número quantitativo de unidades de expressão determinados pela curva

padrão (Mean Qty). Foi realizada a razão simples, entre as médias das duplicatas

dos valores obtidos do RA sobre a média das duplicatas dos valores obtidos do BCR

atribuídos pela curva padrão, obtendo-se um valor quantitativo absoluta da

expressão do RA .

3.11. Análise estatística

As análises estatísticas foram realizadas empregando-se o software SPSS

(Statistical Package for Social Sciences) 13.0 for windows, Chicago, Il; USA.

A comparação da mesma variável entre pacientes e controles foi feita através

do Test-t Student ou do teste Mann-Whitney, de acordo com a distribuição

paramétrica ou não paramétrica dos resultados. Os valores foram descritos como

médias e desvios-padrão. Valores de p<0.05 foram considerados significantes.

A correlação entre duas variáveis quantitativas de um mesmo indivíduo foi

realizada por teste de correlação de Pearson, e a visualização da correlação pelo

diagrama de dispersão dos resultados.

Page 39: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

30

4. RESULTADOS

Page 40: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

31

Resultados

Em 19/52 (35%) das pacientes com PPI e 18/58 (31%) dos controles não foi

possível obter quantidades adequadas de RNA para análise por qRT-PCR. Em

alguns casos, principalmente nas meninas em fases muito iniciais do

desenvolvimento sexual, os pelos eram finos e com folículos pequenos, dificultando

a extração de RNA dessas amostras.

Desse modo, a quantificação do RNAm foi possível em 33 pacientes com PPI

e em 40 controles. Do grupo controle foi excluída uma menina e do grupo das

pacientes com PPI foram excluídas sete que, na evolução, se enquadraram nos

critérios de exclusão. Também consideramos necessária a exclusão de duas

pacientes, uma entre os casos e uma entre os controles, que apresentaram uma

hiperexpressão do RA, e, pela impossibilidade de realizarmos uma recoleta para

confirmação desses resultados, optou-se por excluí-las do estudo, resultando em um

total de 25 pacientes com PPI e 38 controles, conforme demonstrado na Tabela 3.

Tabela 3: Divisão das pacientes conforme estágios de pilificação.

Estágios de pilificação PPI (n) C (n)

Total de coletas

Sem RNAm viável

Excluídas pelos critérios

Excluídas por hiperexpressão

Total

PII-III

52

19

7

1

25

16

58

18

1

1

38

11

PIV-PV 9 27

PPI: pubarca precoce idiopática; C: controle.

No projeto inicial foi programada a avaliação de 100 pacientes. Como não

havia estudos anteriores que nos fornecessem o tamanho da amostra necessário, foi

realizada uma análise a partir dos resultados iniciais obtidos. Se as diferenças entre

os grupos fossem mantidas em uma casuística maior, o número de casos

necessários para se atingir um poder do teste estatístico de 0,8 seria superior a mil

participantes em cada grupo. Assim, mantivemos o número de casos inicialmente

programado.

Ao completar a inclusão de casos deste estudo, o cálculo de tamanho

amostral foi refeito, empregando-se o Teste t de Student. A comparação entre casos

Page 41: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

32

Resultados

e controles no grupo PII-III com nível de significância de 0,05, poder de 0,8,

utilizando-se a diferença entre as médias de 0,007 e desvio padrão de 0,020. Desta

forma, encontrando-se um tamanho amostral necessário de 130 indivíduos por

grupo, para adequada análise da expressão do RA.Quando se utilizou a diferença

de 0,05 na média e desvio-padrão de 0,018, proveniente da média dos desvios-

padrão dos casos e controles do grupo PIV-V, encontramos um tamanho amostral

de 205 por grupo, para análise da expressão do RA.

Os valores finais sugerem que futuros estudos envolvendo expressão do RA

em folículo piloso pubiano são viáveis como grupos de estudo locais, não exigindo

escala populacional.

Page 42: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

33

Resultados

4.1. Resultados descritivos das variáveis

Os resultados descritivos das variáveis clínicas e hormonais das pacientes

com PPI e de controles nos grupos PII-III e PIV-V são descritos na Tabela 4 e 5.

Tabela 4: Resultados descritivos de média e desvio padrão das variáveis clínicas e

laboratoriais de pacientes PPI e controles nos estágios de pilificação PII-III.

Variável Grupo N Média Mediana Desvio Minimo Máximo p

Idade

Caso 16 8,1 8,1 1,4 5,6 10,3

< 0,001 * Controle 11 11,4 11,8 1,6 9,1 14,6

Peso

Caso 16 36,29 33,95 8,78 24,80 55,00

0,895 ** Controle 10 36,44 34,35 11,56 24,10 65,40

Estatura

Caso 16 1,35 1,36 0,11 1,16 1,49

0,142 * Controle 10 1,41 1,39 0,08 1,26 1,52

IMC

Caso 16 20,1 18,5 4,7 14,6 32,0

0,225** Controle 10 18,2 17,6 4,1 13,3 28,5

ID TLC

Caso 11 6,9 7,0 1,8 4,0 9,0

< 0,001 * Controle 8 10,8 10,5 1,7 9,0 14,0

ID Pub

Caso 15 6,1 6,3 1,0 4,0 7,5

< 0,001 * Controle 8 10,2 10,0 1,7 8,5 13,0

170HP

Caso 11 0,9 0,5 1,3 0,2 4,6

0,507** Controle 8 0,8 0,8 0,6 0,2 2,1

SDHEA

Caso 10 866 788 594 75 2210

0,558** Controle 7 624 636 456 39 1210

TESTO

Caso 11 11,5 10,0 5,1 10,0 27,0

0,106** Controle 7 15,9 10,0 10,1 10,0 34,0

ANDRO

Caso 10 0,76 0,60 0,60 0,10 2,00

0,285** Controle 8 1,11 0,90 0,71 0,10 2,00

AR/BCR

Caso 16 0,0176 0,0153 0,0187 0,0004 0,0750

0,114** Controle 11 0,0276 0,0232 0,0217 0,0024 0,0640

mnc_mat

Caso 15 11,8 12,0 1,6 9,0 15,0

0,101** Controle 11 13,1 12,0 2,0 11,0 17,0 IDTLC= Idade da Telarca; IDPub= Idade da Pubarca; 17OHP= 17-hidroxiprogesterona; SDHEA= Sulfato de Deidroepiandrosterona; TESTOT= Testosterona Total; ANDRO= ∆4-androstenediona; Mnc mat=idade da menarca materna. * Teste t-Student / ** Mann-Whitney

Page 43: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

34

Resultados

Tabela 5: Resultados descritivos de média e desvio padrão das variáveis clínicas e laboratoriais de pacientes PPI e controles nos estágios de pilificação PIV-V.

Variável Grupo N Média Mediana Desvio Minimo Máximo p

Idade

Caso 9 13,7 13,9 3,1 8,0 18,9

0,678** Controle 26 14,3 13,8 2,0 11,0 18,9

Peso

Caso 9 51,21 50,10 16,34 24,10 76,50

0,610** Controle 26 53,64 50,35 13,18 32,33 91,20

Estatura

Caso 9 1,55 1,61 0,12 1,30 1,69

0,664** Controle 26 1,56 1,56 0,07 1,43 1,72

IMC

Caso 9 20,6 20,4 4,2 14,3 27,8

0,497** Controle 26 21,9 21,3 4,5 14,6 34,3

ID TLC

Caso 6 8,4 8,1 1,7 7,0 11,4

0,017** Controle 23 10,6 11,0 1,4 8,0 14,0

ID Pub

Caso 8 6,8 7,0 0,7 5,6 8,0

<0,001** Controle 23 10,1 10,0 1,1 8,4 12,0

170HP

Caso 5 1,3 1,2 0,7 0,3 2,1

0,610** Controle 17 1,2 1,0 1,0 0,3 4,4

SDHEA

Caso 4 1220 868 889 615 2530

0,788** Controle 17 1029 1100 582 118 2270

TESTO

Caso 5 30,6 38,0 19,2 10,0 49,0

0,180** Controle 17 18,3 10,0 12,7 6,6 48,0

ANDRO

Caso 5 3,14 3,20 2,40 0,80 6,80

0,294** Controle 15 1,98 1,50 1,89 0,70 8,50

AR/BCR

Caso 9 0,0150 0,0100 0,0136 0,0025 0,0450

0,784** Controle 27 0,0185 0,0080 0,0223 0,0006 0,0850

mnc_mat

Caso 7 14,3 14,0 2,1 12,0 18,0

0,060** Controle 25 12,7 13,0 1,7 9,0 17,0

mnc_idade

Caso 8 10,7 11,5 1,6 8,0 12,0

0,042** Controle 22 12,0 12,0 1,1 10,0 14,0 IDTLC= Idade da Telarca; IDPub= Idade da Pubarca; 17OHP= 17-hidroxiprogesterona; SDHEA= Sulfato de Deidroepiandrosterona; TESTOT= Testosterona Total; ANDRO= ∆4-androstenediona; Mnc mat= Idade da Menarca Materna; Mnc idade=idade da menarca ** Mann-Whitney 4.2. Resultados analíticos das variáveis clínicas

A idade cronológica é significativamente menor nas pacientes com PPI em

estágios iniciais de pelos pubianos (PII-III), quando comparadas aos seus controles.

No momento da avaliação, as pacientes em estágios finais de pelos pubianos (PIV-

V) apresentaram idade cronológica similar.

Conforme o esperado (1,2), tanto no grupo PII-III quanto no grupo PIV-V, a

idade da pubarca foi diferente, sendo significativamente menor nas pacientes com

PPI em relação aos controles.

Page 44: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

35

Resultados

A idade da telarca também foi diferente, sendo tal diferença significativamente

menor nas pacientes com PPI, quando comparada aos controles em ambos os

grupos.

A comparação de pacientes com PPI e controles em ambos os grupos

mostrou uma proporção de casos com e sem menarca semelhante. Apenas 1/16

pacientes apresentou a menarca, entre as pacientes com PPI no grupo PII-III (aos

11 anos), não havendo nenhum caso entre as 11 meninas do grupo controle. No

grupo PIV-V, a menarca já estava presente em 8/9 pacientes com PPI e em 22/27

controles. No grupo PIV-V, a mediana da menarca foi menor no grupo PPI, em

relação aos controles (11,5 x 12 anos), e essa diferença é significativa pelo Teste de

Mann-Whitney (p:0,042).

Não houve diferença significativa entre pacientes PPI e controles quando

analisamos o peso, bem como estatura e IMC.

A idade da menarca materna foi igual quando comparamos PPI e controles

tanto no grupo PII-III, quanto no grupo PIV-V.

4.3. Resultados analíticos das variáveis hormonais

Não foi encontrada diferença significativa nas medidas de 17OHP basal, tanto

em PPI quanto nos seus controles.

Não houve diferença significativa quando foram comparados os valores

SDHEA entre PPI e controles de um mesmo grupo.

Não houve diferença significativa entre pacientes PPI e controles quando

analisamos a dosagem da TESTOT

.Mesmo na comparação das medidas de ANDRO, não encontramos diferença

significativa entre PPI e controles.

4.4. Análise da expressão do Gene RA

A expressão do RA nos dois grupos apresenta dispersão ampla e não

paramétrica, tanto em pacientes com PPI como em controles. Não houve diferença

de expressão do RA quando pacientes com PPI e controles foram comparadas,

tanto no grupo PII-III, quanto no grupo PIV-V.

Page 45: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

36

Resultados

4.4.1. Expressão do gene RA em pacientes e controles no grupo PII-III

Não houve diferença significativa quanto à expressão do gene RA entre

pacientes com PPI e controles do grupo PII- III (Tab. 6, Fig. 10).

Tabela 6: Expressão do RA em pacientes e controles no grupo PII-III.

Variável Grupo N Média Mediana Desvio Mínimo Máximo p

AR/BCR

Caso 16 0,0176 0,0153 0,0187 0,0004 0,0750

0,114 ** Controle 11 0,0276 0,0232 0,0217 0,0024 0,0640

* * Mann-Whitney

Figura 10: Gráfico da comparação da expressão do gene RA entre pacientes com PPI e controles do grupo PII-III. PPI=pubarca precoce idiopática e C=controles.

Page 46: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

37

Resultados

4.4.2. Expressão do gene RA em pacientes e controles no grupo PIV-V Não houve diferença significativa quanto à expressão do gene RA entre

pacientes com PPI e controles no grupo PIV-V (Tab. 7, Fig. 11).

Tabela 7: Expressão do RA em pacientes e controles no grupo PIV-V.

Variável Grupo N Média Mediana Desvio Mínimo Máximo p

AR/BCR

Caso 9 0,0150 0,0100 0,0136 0,0025 0,0450

0,784 ** Controle 27 0,0185 0,0080 0,0223 0,0006 0,0850

** Mann-Whitney

Figura 11: Gráfico da comparação da expressão do gene RA entre pacientes com PPI e controles em estágios finais de pelos pubianos (PIV-V), PPI=pubarca precoce idiopática e C=controles.

Page 47: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

38

Resultados

4.4.3. Expressão do gene RA na evolução da puberdade Quando agrupamos as meninas PII-III, independente de serem casos ou

controles e comparamos a expressão do RA destas com as meninas PIV-V, também

agrupadas pelo Tanner, não encontramos diferença significativa. (Tab.8)

Tabela 8: Expressão do RA em pacientes e controles no grupo PIV-V.

Variável Grupo N Média Mediana Desvio Mínimo Máximo p

AR/BCR

PII-III 27 0,0216 0,0170 0,0202 0,0004 0,0750

0,311 ** PIV-V 36 0,0176 0,0086 0,0203 0,0006 0,0850

** Mann-Whitney

Page 48: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

39

Resultados

4.5. Correlação entre SDHEA e expressão do gene RA

Não se observou correlação significante entre a expressão do RA e os valores

de SDHEA entre pacientes com PPI e controles, tanto do grupo PII-III, quanto do

grupo PIV-V.

Figura 12: Diagrama de dispersão de resultados da expressão do RA e os valores de SDHEA em pacientes com PPI e controles do grupo PII-III. PPI=pubarca precoce idiopática.

Page 49: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

40

Resultados

Figura 13: Diagrama de dispersão de resultados da expressão do RA e os valores de SDHEA em pacientes com PPI e controles do grupo PIV-V. PPI=pubarca precoce idiopática.

Page 50: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

41

5. DISCUSSÃO

Page 51: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

42

Discussão

Um estudo transversal realizado nos Estados Unidos com 17.077 meninas

apontou sinais de desenvolvimento puberal em idades cada vez mais jovens(61),

sugerindo mudanças nos critérios atuais para diagnóstico de pubarca precoce. Tais

resultados devem ser interpretados com cautela, pois existem falhas metodológicas

no estudo(6,62). Alguns aspectos relevantes apresentados naquele estudo, que

também merecem reflexão, incluem causas possíveis da PPI, como predomínio da

precocidade sexual no sexo feminino, revisão de critérios diagnósticos(63) e riscos a

que as pacientes estariam sujeitas durante sua evolução, na maturidade.

Em pacientes com PPI existe a associação em longo prazo com o

aparecimento de sinais de hiperandrogenismo, tais como hirsutismo, acne,

irregularidade menstrual e alterações metabólicas compatíveis com a síndrome dos

ovários policísticos (SOP) ou a síndrome metabólica(6,52,53,54,64,65,66). Reconhecer

precocemente, durante a infância, os casos com maior risco evolutivo para tais

distúrbios na vida adulta seria importante para a prática clínica.

A hipótese de trabalho desta pesquisa sugeriu que um potencial mecanismo

envolvido no aparecimento da PPI seria a hipersensibilidade do folículo piloso à

ação androgênica, mediada pelo receptor androgênico. Portanto, procuramos

identificar se o excesso de expressão tecido-específico do RA seria determinante do

aparecimento da PPI. Quando comparamos pacientes com PPI e controles com

pubarca em idade cronológica normal, não identificamos anormalidades de

expressão do RA, tanto no grupo com estágios iniciais de pilificação pubiana (PII-III),

quanto nos estágios finais de pilificação (PIV-V). Analisando a expressão do RA em

sua evolução durante a puberdade através da comparação de meninas em estágios

iniciais de pilificação(PII-III) com meninas em estágios finais de pilificação (PIV-V),

observamos que esta se mantém similar durante todo este processo.

Relatos anteriores identificaram associação entre a obesidade e maior

frequência de adrenarca precoce(67,68). Mudanças no estado nutricional, causando

elevação do IMC, foram consideradas importantes reguladores fisiológicos de

adrenarca, independentemente da concentração de andrógenos adrenais, idade ou

estágio de desenvolvimento puberal(69). Na amostra presente neste trabalho, o

excesso de peso não figurou como um interferente significante, visto que peso,

estatura e IMC foram similares entre PPI e controles, o que também coincide com

estudos que mostram PPI gerando aceleração apenas transitória de crescimento,

Page 52: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

43

Discussão

com efeitos insignificantes sobre o aparecimento e a progressão da puberdade ou

altura final(70,71).

A comparação entre pacientes com PPI e controles em ambos os grupos

mostrou uma proporção de casos com e sem menarca semelhante, sugerindo que,

embora possa haver antecipação do início puberal, não se espera a antecipação da

menarca em pacientes com PPI. Embora a idade da menarca seja menor do que a

mediana da população geral em pacientes com PPI, quando se compara com os

controles no grupo PIV-V, esse achado deve ser interpretado com limitações, devido

ao pequeno tamanho da amostra, visto que as pacientes apresentaram menarca

ainda dentro de um intervalo de normalidade.

Estudos prévios sugerem que a PPI seja secundária à maturação precoce e

independente da adrenal(72,73,74,75). Os resultados deste trabalho identificam valores

similares de SDHEA em pacientes com PPI e controles, quando os mesmos são

pareados para o mesmo estágio de Tanner, sugerindo que a antecipação da

adrenarca, e não o excesso de produção androgênica adrenal, seja o principal fator

determinante dessa condição. Nas pacientes com PPI, valores similares de SDHEA,

em relação às controles, foram atingidos em média 3,5 anos antes. Tais achados

estão em concordância com estudos anteriores, que demonstram que androgênios

adrenais são considerados aumentados para a idade cronológica, mas similares

para os estágios puberais(74,75,76).

Alguns trabalhos levantam a hipótese de que o aumento do DHEA possa

oferecer maior quantidade de substrato para conversão em estradiol nas mamas,

representando uma fonte significativa de estrogênio na criança pré-púbere(77).

Apesar de relatos demonstrarem que apenas uma pequena porcentagem da

conversão de DHEA ao estradiol ocorre na periferia(78), essa quantidade poderia ser

significativa para o tecido-alvo, quando a concentração de DHEA estiver aumentada.

Tal fenômeno poderia explicar o fato de algumas das pacientes com PPI, que

participaram deste estudo, apresentarem telarca mais cedo, em comparação às

controles.

Neste trabalho foi feita uma opção por dosar o SDHEA, em vez do DHEA,

pois o primeiro apresenta uma origem quase exclusivamente adrenal e suas

concentrações séricas não apresentam flutuações circadianas como a DHEA, que

ainda apresenta, também, variações em função da fase do ciclo menstrual.

Igualmente não foi dosado o DHT, por tratar-se do metabólito mais ativo da TESTOT

Page 53: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

44

Discussão

que foi dosada juntamente a outros precursores, como a ANDRO, a 17OHP e o

SDHEA.

Quando se buscou correlacionar as concentrações de SDHEA e a expressão

de RA, acreditava-se encontrar qualquer uma das seguintes três possibilidades:

1. A hiperprodução de SDHEA causando um “down regulation” com menor

expressão do RA;

2. A principal hipótese deste estudo: concentrações baixas de SDHEA para o

estádio de pilificação pubiana, com hiperexpressão do RA justificando a PPI;

3. E, o que realmente foi encontrado: concentrações de SDHEA normais para o

estádio de pilificação pubiana, com expressão normal do RA.

Em conjunto, os achados desta pesquisa apontam para uma expressão

normal do RA em células do folículo piloso dos grandes lábios de pacientes com

PPI. As concentrações de SDHEA são adequadas para o estágio de pilificação

pubiana, porém se elevam de forma antecipada no tempo em relação aos controles,

evidenciando a ativação precoce da zona reticular do córtex adrenal.

Um limitante deste estudo é o reduzido número de casos com PPI,

especialmente no grupo PII-III. Se as diferenças entre os grupos fossem mantidas

em uma casuística maior, como calculado, permitiria a identificação de uma pequena

diferença na comparação dos resultados. O questionamento a ser feito é se uma

diferença dessa magnitude possa ter qualquer significância clínica.

A grande relevância deste estudo foi testar uma hipótese inédita e, oferecer a

informação de que não existem diferenças grosseiras na expressão do RA entre

pacientes PPI e controles. Ademais, o estudo viabilizou um cálculo amostral para se

prosseguir futuramente com essa investigação.

Page 54: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

45

6. CONCLUSÃO

Page 55: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

46

Conclusão

1. A quantidade de RNAm do RA foi similar entre pacientes com PPI e controles,

tanto nos estágios iniciais quanto nos finais de desenvolvimento dos pelos

pubianos, sugerindo expressão normal do RA em pacientes com PPI.

2. A quantidade de RNAm do RA foi semelhante entre meninas com estágios

iniciais de pilificação quando comparadas a meninas com estágios finais de

pilificação, sugerindo expressão constante do RA durante toda a evolução

puberal.

3. Não se observou correlação significante entre a expressão do RA e os

valores de SDHEA.

4. As concentrações de SDHEA nas pacientes com PPI são adequadas para o

estágio da pilificação pubiana, porém antecipadas em relação aos controles,

indicando ativação precoce da zona reticular do córtex adrenal.

5. Em conjunto, pode-se concluir que pacientes com PPI apresentam

concentração normal de SDHEA circulante, bem como expressão normal dos

receptores androgênicos ao nível do folículo piloso pubiano, porém em idade

cronológica antecipada em relação aos controles. Portanto, os dados que

constam neste trabalho sugerem que a pubarca precoce devido à adrenarca

prematura seja um fenômeno de antecipação de maturação, sem elevação

das concentrações hormonais ou aumento dos receptores androgênicos que

pudessem determinar a hipersensibilidade local aos andrógenos.

Page 56: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

47

7. ANEXOS

Page 57: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

48

Anexos

ANEXO 1

Desenvolvimento dos pelos pubianos

Carel, Leger, 2008(79).

Page 58: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

49

Anexos

ANEXO 2

Aprovação do Comitê de Ética

Page 59: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

50

Anexos

ANEXO 3

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado a participar de um estudo de pesquisa cujo título é:

"Determinação da quantidade de RNA-mensageiro do receptor de andrógenos em

indivíduos com pubarca precoce idiopática.”

Eu, _____________________________________________, responsável pela menor

________________________________________________, fui informado(a) que minha

filha participará de um estudo sobre meninas com pelos pubianos para comparar a idade

que o pelo começou e os exames laboratoriais de sangue e do próprio pelo. Na consulta

médica, serão colhidos de 4-6 pelos da região dos grandes lábios, puxados com a mão

suavemente pelo médico. Também será colhida amostra de sangue (3ml). Este estudo será

feito para entendermos melhor os motivos que determinam o aparecimento dos pelos

pubianos. Compreendo que a participação de minha filha não é obrigatória e pode não

trazer qualquer benefício direto a ela, mas proporcionará um melhor conhecimento à

respeito deste problema, que poderá beneficiar outras crianças. Em alguns casos, o

resultado dos exames pode ainda orientar o melhor tratamento a ser realizado. Fui

informado(a) quanto ao desconforto no momento da coleta do pelo, que será puxado com os

dedos. Fui ainda informado (a) que a coleta de sangue pode também trazer o desconforto

da picada e o aparecimento de inchaço ou uma mancha roxa no local da picada. Estou

ciente que poderei recusar participar deste estudo, assim como retirar minha filha durante a

avaliação, sem que isto traga prejuízos ao seu acompanhamento neste serviço. Fica

garantido o sigilo quanto aos dados oferecidos e resultados de exames, mantendo a

privacidade dos pacientes quanto aos dados confidenciais da pesquisa. Você não deve

assinar este formulário de consentimento a menos que você tenha tido a oportunidade de

fazer todas as perguntas e ter esclarecido todas as suas dúvidas. Quaisquer dúvidas que

eventualmente possam ocorrer você poderá entrar em contato com a pesquisadora Dra.

Flávia Cerize Vallerini no telefone (0xx11) 2176-7000 (ramal: 5862/5863).

Assim sendo, autorizo a participação da minha filha neste estudo.

Nome e Assinatura do Responsável pelo menor Nome e Assinatura do Responsável pela pesquisa

São Paulo ___/___/________

Page 60: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

51

Anexos

ANEXO 4

EXAME FÍSICO

NOME:____________________________________________________________________

P:______________ DATA NASCIMENTO:___/___/______

E:______________

IMC:___________ ACNE: NÃO SIM LOCAIS:_____________________

CA:____________ ACANTOSE: NÃO SIM LOCAIS:_________________

ESTÁGIO PUBERAL DE TANNER:

PII PIII PIV PV

MI MII MIII MIV MV

MENARCA:__________________

IRREGULARIDADE:___________

CARACTERÍSTICAS:

PELO FINO □ PELO GROSSO □

NÃO PIGMENTADO □ PIGMENTADO/ESCURO □

LISO □ ENCARACOLADO □

MENARCA MÃE:__________________

PUBARCA MÃE:__________________

TELARCA MÃE:__________________

COLETADA AMOSTRA

COLETADO SANGUE

Page 61: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

52

Anexos

ANEXO 5

Dad

os in

divi

duai

s da

s pa

cien

tes

com

PPI

do

grup

o PI

I-III

IDAD

EPE

SOES

TATU

RA

IMC

ID T

LCID

PUB

PM

MM

IC/I

O17

OHP

SD

HEA

TEST

OT

ANDR

ORA

/BCR

19,

6229

1,38

15,3

48,

636,

25III

III13

9a2m

/11a

0,01

107

210

,24

331,

3717

,71

8,75

6,5

IIIIII

104,

611

20<2

01,

50,

0204

6

37,

1324

,81,

1817

,84

N5

IIIII

127a

/5e9

-6a1

0m0,

2<1

50<2

00,

10,

0143

0

47,

8252

,61,

3628

,44

<7II

II9

07/0

8/20

110,

858

7<2

00,

50,

0200

2

55,

7628

,11,

1919

,71

45

IIII

125a

8m/6

a10m

0,2

<20

0,2

0,01

631

68,

8829

,71,

4314

,56

N7

IIII

147a

6m/8

a10m

0,3

1030

<20

0,7

0,00

075

710

,30

35,7

1,49

16,1

59

7,5

IIIIII

13,5

7a/1

0a0,

725

6<2

00,

40,

0004

3

88,

4338

,51,

4618

,19

57

IIIII

11,8

38a

/11a

1,6

734

<20

0,4

0,00

201

98,

2736

,91,

3420

,67

7,9

6III

I7a

9m/1

0a0,

460

5<2

01

0,00

117

105,

5832

,11,

1623

,86

N5,

08III

I10

5a6m

/6a

0,01

859

118,

1434

,61,

4217

,11

N7

III

150,

0136

8

129,

5049

1,48

22,3

18,

57

IIIIII

110,

622

1027

20,

0082

6

136,

9033

,31,

2620

,98

54

IIIIII

120,

0170

0

147,

9230

,41,

3017

,99

77,

08III

III11

0,07

500

158,

0037

,91,

4218

,80

66

IIIIII

120,

584

2<2

00,

80,

0190

0

167,

6455

1,31

32,0

56

5,5

IIII

110,

512

00<2

00,

0440

0

PPI=

Pub

arca

Pre

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pátic

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(Bre

akpo

int C

lust

er R

egio

n)

Page 62: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

53

Anexos

ANEXO 6

Dado

s ind

ividu

ais da

s pac

ientes

com

PPI d

o gru

po P

IV-V

IDAD

EPE

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MM

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,679

7IV

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3,20,0

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1,56

20,96

7,16

6,5V

V9a

4m/1

3-14

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0644

316

,4550

,11,6

219

,215,5

8V

V13

14a6

m/1

3a6m

2,125

3049

3,70,0

2078

47,9

824

,11,3

014

,26<8

IVI

167a

6m/8

a10m

1,210

10<2

00,8

0,003

27

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,4043

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117

,0011

,48

VIV

1814

a4m

/15a

0,372

546

1,20,0

0253

611

,4142

1,44

20,40

77

IVIV

1211

a4m

/13a

0,013

46

714

,7176

,51,6

627

,767

7V

V13

1,738

6,80,0

2512

818

,9573

,71,6

925

,746

VIV

0,008

37

913

,9057

,31,6

221

,839

7V

V14

0,045

00

PPI=

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rca Pr

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dor (

Brea

kpoi

nt C

lust

er R

egio

n)

Page 63: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

54

Anexos

ANEXO 7

Dado

s ind

ividu

ais d

os co

ntro

les d

o gr

upo

PII-II

IID

ADE

PESO

ESTA

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IM

CID

TLC

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IIIIII

112,

112

10<2

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5

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58II

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0,5

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833

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10a

IIIII

160,

0023

7

410

,17

31,7

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98-

9aIII

III17

0,17

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,64

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0,00

833

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,12

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11,5

8III

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1m/1

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922

6<2

01,

10,

0134

9

610

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1,50

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410

9III

II12

0,00

293

710

,56

24,1

1,26

15,1

89

9III

II14

133

6<2

00,

10,

0510

0

89,

4138

1,40

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99

8,5

IIIII

120,

30,

70,

0310

0

911

,77

43,3

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18,7

411

11II

II12

174

027

1,9

0,06

400

1014

,63

34,1

1,38

17,9

114

13II

III13

0,7

1180

342

0,02

100

1112

,35

261,

4013

,27

1211

IIII

120,

0280

0

PPI=

Pub

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Pre

coce

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pátic

a; ID

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RA= R

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Norm

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Brea

kpoi

nt C

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egio

n)

Page 64: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

55

Anexos

ANEXO 8

Da

do

s in

div

idu

ais

do

s c

on

tro

les

do

gru

po

PIV

-VID

AD

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13

13

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,08

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IVIV

13

14

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,00

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V1

11

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12

VV

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01

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IVII

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11

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VII

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50,

41

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<2

01

,90

,00

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31

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01

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V1

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V1

30,

61

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0,0

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17

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71

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69,

66

VV

13

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,70

,00

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31

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VV

12

0,0

00

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21

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11

10

VV

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51

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06

65

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51

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18

,15

10

,59

VV

15

0,0

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21

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11

IVIV

13

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0,0

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28

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91

,72

21

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9,5

9,5

VV

12

12a

/14

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12

VV

10

0,0

18

34

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68,

21

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,67

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VV

13

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22

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11

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,510

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,00

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31

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,56

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VIV

14

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VIV

17

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31

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IV1

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61

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,03

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11

VV

12

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,00

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31

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0V

V1

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43

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0,0

04

00

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,38

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41

,56

18

,24

11

11,4

IVIV

13

0,0

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00

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,42

501

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23

,78

13

12

IVIV

15

1,3

15

20<

20

1,4

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11

,56

24

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V1

11,

42

270

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,03

100

2712

,58

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,57

17

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IVI

13

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(Bre

ak

po

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Clu

ste

r R

eg

ion

)

Page 65: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

56

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 66: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

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Page 68: Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

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RESUMO

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Resumo

Vallerini FC. Expressão do receptor androgênico em células do folículo piloso de

pacientes com pubarca precoce idiopática. Dissertação (Mestrado); 2015.

A patogênese da pubarca precoce idiopática (PPI) ainda é incerta. Um potencial

mecanismo seria a hipersensibilidade do folículo piloso à ação androgênica. A

detecção precoce de hipersensibilidade aos andrógenos poderá permitir melhores

estratégias de tratamento caso ocorra evolução para uma síndrome

hiperandrogênica. A hipótese deste estudo é que um excesso de expressão tecido-

específico do receptor androgênico (RA) esteja relacionado ao aparecimento da PPI.

O RNAm RA foi medido por PCR em tempo real nos folículos pilosos de grandes

lábios de meninas (PPI:25; controles:38). As pacientes foram divididas em dois

grupos, PII-III e PIV-V, de acordo com sua classificação nos estágios de Tanner.

Androstenediona, testosterona total, 17-hidroxiprogesterona e sulfato de

deidroepiandrosterona (SDHEA) também foram dosados. Como esperado, a idade

cronológica e da pubarca foram reduzidas em PPI comparadas às controles. A idade

da telarca foi reduzida em ambos os grupos PPI iniciais e finais. A proporção de

pacientes com menarca foi semelhante em PPI e controles, mas a idade da menarca

foi reduzida em PPI. As concentrações hormonais foram semelhantes nos dois

grupos, quando são pareados para o mesmo estágio de pelos pubianos de Tanner.

A mesma concentração de DHEAS foi atingida em média 3,5 anos antes em PPI

quando comparadas às controles. Não houve diferença na expressão de RNAm do

RA entre as pacientes com PPI e controles em fases iniciais, quando comparadas

com fases finais de Tanner. Nenhuma correlação significativa foi detectada entre

SDHEA e expressão de RA. Concluiu-se que as pacientes com PPI têm secreção de

SDHEA normal, mas mais precoce, além de expressão normal de RNAm do RA.

Palavras- chave: pubarca precoce, receptor androgênico, adrenarca.

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ABSTRACT

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Abstract

Vallerini FC. Expression of androgen receptor in hair follicle cells of patients with

idiopathic premature pubarche. Master Dissertation, 2015.

The pathogenesis of idiopathic Precocious Pubarche (iPP) is still unclear. A potential

mechanism is the androgen hypersensitivity of pubic hair follicles. Progression to

virilization and polycistic ovary syndrome can occur. Early detection of androgen

hypersensitivity may allow better treatment strategies. We hypothesized that

excessive androgen receptor (AR) expression of pubic hair is related to iPP

development. AR mRNA was measured by real time PCR in hair follicles from major

labia of 68 girls (iPP:25; controls:38). ). The patients were divided in two groups, PII-

III and PIV-V, based on their Tanner stage classification. Androstenedione, total

testosterone, 17OH progesterone and dehydroepyandrosterone sulfate were also

measured. As expected, chronologic and pubarche ages were reduced in iPP

compared with controls. Telarche age was reduced in both initial and late iPP groups.

Proportion of patients with menarche were similar in iPP and controls, but menarche

age was reduced in iPP patients. Hormone concentrations were similar in both

groups when adjusted for Tanner pubic hair stage. The same level of DHEAS was

reached 3.5 years earlier in iPP compared with controls with the same Tanner stage.

There was no difference in androgen receptor mRNA expression between iPP

patients and controls or when initial were compared with later Tanner stages. No

significant correlation was detected between DHEAS and AR expression. We

conclude that iPP patients have normal but earlier DHEAS secretion in the presence

of normal androgen receptor mRNA expression.

Key words: androgen receptor, adrenarche, pubarche.