exportação: da teoria a prática

86
CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE PAOLA BENEDETTO EXPORTAÇÃO: DA TEORIA A PRÁTICA NOVO HAMBURGO, 2009

Upload: paola-benedetto

Post on 30-Jun-2015

5.161 views

Category:

Documents


38 download

DESCRIPTION

Estudar uma organização ligada as operações de exportação nos aspectos negociais, legais, cambiais e documentais ligados. Observar e analisar o funcionamento da área de exportação de uma organização, bem como sua prática administrativa estabelecendo comparação com o que está sendo proposto no referencial bibliográfico perante o tema

TRANSCRIPT

Page 1: Exportação: Da Teoria a Prática

CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALE

PAOLA BENEDETTO

EXPORTAÇÃO: DA TEORIA A PRÁTICA

NOVO HAMBURGO, 2009

Page 2: Exportação: Da Teoria a Prática

1

PAOLA BENEDETTO

EXPORTAÇÃO: DA TEORIA A PRÁTICA

Centro Universitário Feevale

Instituto de Ciências Sociais Aplicadas

Curso Superior de Tecnologia em Comércio Exterior

Relatório de Pesquisa

Prof.: Luciana Coletti

Prof.:André Viana

Novo Hamburgo, 19 de Junho de 2009.

Page 3: Exportação: Da Teoria a Prática

2

SUMÁRIO

OBJETIVOS.............................................................................................................................4

RESUMO.................................................................................................................................5

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................6

1 DESCRIÇÃO DO CONTEXTO

1.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA....................................................................8

1.2 MERCADO........................................................................................................11

1.3 DIA–A –DIA NA EMPRESA............................................................................13

1.4 ASPECTOS NEGOCIAIS.................................................................................16

1.5 ASPECTOS DOCUMENTAIS.........................................................................21

1.6 ASPECTOS LEGAIS........................................................................................25

1.7 ASPECTOS CAMBIAIS...................................................................................27

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EXPORTAÇÃO................................................................................................28

2.2 ORGANISMOS INTERVENIENTES DO COMÉRCIO EXTERIOR............34

2.3 SISCOMEX.......................................................................................................36

2.4 ASPECTOS NEGOCIAIS.................................................................................38

2.5 ASPECTOS DOCUMENTAIS.........................................................................49

2.6 ASPECTOS LEGAIS........................................................................................54

2.6.1 DRAWBACK..................................................................................................63

2.7 ASPECTOS CAMBIAIS...................................................................................68

3 ANÁLISE CRÍTICA: TEORIA x PRÁTICA

3.1 EXPORTAÇÃO................................................................................................73

Page 4: Exportação: Da Teoria a Prática

3

3.2 ASPECTOS NEGOCIAIS.................................................................................75

3.3 ASPECTOS DOCUMENTAIS......................................................................77

3.4 ASPECTOS LEGAIS.....................................................................................79

3.5 ASPECTOS CAMBIAIS................................................................................81

CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................84

OBJETIVOS

Page 5: Exportação: Da Teoria a Prática

4

Estudar uma organização ligada as operações de exportação nos aspectos negociais,

legais, cambiais e documentais ligados. Observar e analisar o funcionamento da área de

exportação de uma organização, bem como sua prática administrativa estabelecendo

comparação com o que está sendo proposto no referencial bibliográfico perante o tema. Ou

seja, realizar pesquisa bibliográfica sobre o tema exportação, com foco nos aspectos

negociais, documentais, legais e cambiais, a fim de fazer a observação prática no setor de

exportação de uma empresa, e com base nos dados adquiridos na pesquisa poder realizar

questionamentos a respeito das operações que são realizadas na empresa, e após ambas as

partes concluídas, estar apto a relacionar a vivencia prática com a parte teórica, fazendo

observações pertinentes e dados dicas de melhorias quando necessário.

RESUMO

Page 6: Exportação: Da Teoria a Prática

5

O comercio internacional existe, pois nenhum país é capaz de produzir tudo o que a sua

população necessita. Assim os países abriram seus mercados para produtos estrangeiros.

Mas além dos produtos necessários para abastecer a população, passou a vir do exterior

produtos desnecessários, que aumentaram a concorrência com os produtos nacionais e

enfraqueceram o mercado interno dos países, por isso muitas vezes são usadas barreiras

comercias, para diminuir as importações e fortalecer o mercado interno. Para auxiliar as

empresas com desejo de exportar, o governo criou órgãos responsáveis por buscar e

transmitir tendências e oportunidades, esses órgãos são muito importantes na hora de se

identificar as necessidades e diferenças negociais de cada país, influenciadas por diferentes

culturas, políticas, religiões, etc. Outro mecanismo criado para facilitar as negociações,

foram os INCOTERMS, que são termos internacionais do Comércio que permite que os

contratos sejam firmados de maneira correta e padronizada. Um fator muito importante, é a

escolha correta do tipo de frete, que será influenciado por características da carga como

peso, volume, dimensões, etc. Para efetuar uma exportação, é necessário o registro no REI

(registro de exportadores e importadores), além de uma série de documentos, que são o meio

pela qual as exportações se formalizam, alguns deles são a Fatura Pro Forma, Commercial

Invoice, Nota Fiscal, Packing List, Bill of Landing, Contrato de Câmbio, entre outros. Todo

esse comercio internacional, cria um mercado cambial formado por vendedores e

compradores de moeda estrangeira. Como essas moedas tem valor diferente é necessário a

cotação das mesmas para que se feche e contrate o câmbio da operação, é nessa hora que

acontece a venda para o banco por parte do exportador de moeda estrangeira e se concretiza

a exportação.

Palavras- chave: Exportação; negociações, documentação, leis, cambio

INTRODUÇÃO

Page 7: Exportação: Da Teoria a Prática

6

A Gaucho Leather do Brasil Ltda. Está localizada em Estância Velha – RS, é uma

empresa cuja matriz se encontra nos Estados Unidos e tem o nome de Gaucho Sheep e

Leather Products, Inc. A empresa produz produtos como tapetes, almofadas, jogos de

xadrez, conjunto para banheiro, etc., a partir do couro com pelo, e exporta toda a sua

produção para a Gaucho nos Estados Unidos, que revende o produto para os clientes dos

Estados Unidos, México entre outros.

Durante um período de observação dentro da empresa, foram observados as rotinas

do setor de exportação durante um embarque aéreo e outro marítimo, além da vinda do

pedido de exportação dos Estados Unidos, o processo de escolha dos materiais usados em

cada produto, o processo produtivo, o produto pronto, o processo de embalo das

mercadorias, a confecção dos documentos de exportação, e saída da mercadoria da empresa.

Todos os processos observados na prática dentro da Gaucho Leather, foram então

comparados com dados obtidos através de pesquisa em obra de autores como Castro, Maia,

Hartung, etc. e sites como o Aprendendo a exportar, Ministério da Fazenda, Ministério do

Desenvolvimento Indústria e Comércio Internacional, entre outros, que falam sobre a

necessidade de se exportar, porque é essa prática é importante e como ela afeta a economia

dos países.

A pesquisa fala também dos diferentes aspectos que estão ligados ao comércio

internacional; Negociais, documentais, Legais e cambiais. Chamando a atenção para pontos

como as diferentes culturas e hábitos e a influencia que elas têm sobre as negociações. Os

INCOTERMS e sua função para a padronização e maior segurança na hora de negociar. Os

fatores importantes de serem analisados na hora de escolher o meio de transporte a ser

utilizados, e as principais vantagens e desvantagens dos principais tipos de fretes, bem

como as diversas formas de pagamento, como fazer a opção correta e meios de se proteger

de possíveis não pagamentos por meio do importador.

No ponto de vista documental, são apresentados todos os documentos da operação

de exportação e sua finalidade, além de quem deve fazer ou solicitar determinado

documento.

No âmbito, legal, falarei sobre as barreiras comerciais, tarifárias e não tarifárias,

por que elas são adotadas e quando podem ou não ser usadas sem prejudicar o mercado e o

consumidor.

Page 8: Exportação: Da Teoria a Prática

7

No item referente ao mercado cambial, será falado a respeito de taxas de câmbio,

cotação, mercado cambial, operação de cambio, etc.

Além disso, também serão apresentados os órgãos intervenientes do comércio

exterior e suas funções, o sistema SISCOMEX e o regime de Drawback.

1 DESCRIÇÃO DO CONTEXTO

Page 9: Exportação: Da Teoria a Prática

8

1.1 APRESENTAÇAO DA EMPRESA

A Gaucho Leather do Brasil Ltda., está localizada em Estância Velha e produz

para a sua empresa mãe Gaucho Sheep e Leather Products, Inc., localizada em Huntington

Beach na Califórnia – EUA. Foi fundada pelos brasileiros Ernani Dorr e sua esposa Maria

Virginia Dorr que residem nos Estados Unidos.

Em Março de 1988, em Long Beach na Califórnia, EUA, o casal Ernani e Virginia

Dorr criou a partir da mesa da sua cozinha uma pequena empresa, a Gaucho Sheep e Leather

Products. A garagem da residência era usada como depósito para cerca de 200 pares de

capas de assentos para automóveis feitos de pele ovina.

Em Abril de 1995, esse nome fantasia passou a ser uma “corporation,”, nessa

época a empresa se mudou do depósito de 150 metros onde estava localizada por seis anos,

para o seu prédio de 450 metros quadrados. O crescimento continuou e em Maio de 1999 a

empresa adquiriu um depósito de 1200 metros quadrados.

Com o objetivo de proporcionar aos clientes mercadorias de qualidade com o preço

justo, em Janeiro de 2003, a Gaucho iniciou as suas operações de produção e confecção dos

produtos em couro com pêlo a partir dó Brasil, assim é possível buscar produtos de melhor

qualidade, e oferecer novos modelos aos clientes brasileiros, americanos e europeus. Outro

motivo pelo qual a empresa passou a produzir com sede própria no Brasil, foi a dificuldade

encontrada em transmitir as necessidades e desejos do cliente americano para os

fornecedores brasileiros, e conseguir produtos no Brasil com terceiros que agradecem o

consumidor dos seus produtos no exterior, e como eles moravam nos Estados Unidos e

sabiam o que o cliente queria, puderam produzir algo que realmente ia de encontro ao desejo

do consumidor.

Como a empresa é pequena, e dentro dela ocorre todo o processo desde a fase da

curtição do couro ate a tapeçaria e exportação, os funcionários devem ser polivalentes,

mesmo o funcionário do escritório ajuda a embalar a mercadoria e fazer a contagem para a

exportação. Também é essa pessoa que fiscaliza a produção.

Assim, a empresa do Brasil possui desde a parte de curtume até a parte de tapeçaria

onde o couro é transformado em tapetes de diversos modelos, porta copos, jogo americano,

almofadas, necessers, porta latas, jogo de banheiro, descansa pés, trilhos de mesa, jogo de

xadrez, etc. ( Catálogo de Produtos, Anexo A). A como é curtume, a empresa possui uma

Page 10: Exportação: Da Teoria a Prática

9

estação de tratamento da água, que é reutilizada nos processos com o couro e tratada

novamente, assim a Gaucho tem 100% da sua água tratada e não poluem o solo ou as águas.

Uma vez por mês o produto pronto é exportado para os EUA, e a empresa de lá é

que vende o produto para os clientes fixos dos Estados Unidos, México, Europa e eventuais

clientes de outros locais.

O horário de trabalho da Gaucho Brasil é o seguinte; produção: de segunda a

quinta das 06h55min às 11h45min, pausa para almoço e das 12h45min às 17h45min. Nas

sextas feiras das 06h55min às 11h45min, não há expediente à tarde; Escritório: trabalha de

segunda a sexta das 07h30min às 11h45min, pausa para almoço e das 12h45min às

17h45min. Quando existe algum assunto urgente a ser resolvido com a empresa dos EUA, o

escritório trabalha até mais tarde devido a diferença de fuso horário. Isso ocorre

principalmente a Maria Virginia está nos EUA, pois quando ela está no Brasil, geralmente é

ela quem fica na empresa para resolver esses assuntos.

Por ser uma empresa exportadora, a Gaucho conta com benefícios fiscais dados

pelo governo brasileiro, porém para isso é preciso que ela efetue pelo menos uma

exportação por mês,. A modalidade escolhida geralmente é marítima, assim, com essa

exportação, a Gaucho Leather do Brasil recebe a restituição do ICMS e reembolso do PIS,

PASEP e COFINS. São realizadas mais de uma exportação por mês apenas em situações de

urgência na entrega da mercadoria, nesse caso se usa o embarque aéreo. Em 2008 foram

realizadas 10 exportações marítimas e apenas 2 aéreas. Esse ano os números vão ser

diferentes, pois até o dia 31/ 03 já haviam sido realizados os embarques de Janeiro e

Fevereiro, ambos marítimos e no período em que estive na empresa ocorreram mais dois

embarques, um marítimo de rotina pelo mês de março, e um de urgência na modalidade de

embarque aéreo.

Tirando a reconstituição dos impostos citados a cima, a Gaucho não busca apoio

perante nenhum órgão governamental, e todo capital da empresa é próprio.

Page 11: Exportação: Da Teoria a Prática

10

Figura 1: Parte do curtume e o fulão. Figura 2: Tapeçaria

Fonte: Da Pesquisadora Fonte: Da Pesquisadora

Figura 3. Produtos prontos. Figura 4: Tratamento de água

Fonte: Da Pesquisadora Fonte: Da Pesquisadora

Page 12: Exportação: Da Teoria a Prática

11

1.2 MERCADO

O principal mercado consumidor é o Texas, pois o produto com couro é um

ornamento típico da região. Também é vendido o couro em formato natural (inteiro) com ou

sem a aplicação de fotolito. Os compradores desse couro se encontram principalmente no

México, e o usam para confeccionar botas, bolsas e produtos com maior valor agregado,

sendo vendidos por valores em torno de R$ 500 a R$ 1000.

Todos os produtos da Gaucho visam agradar principalmente o Texas são feitos

variedades dos produtos específicas para esse mercado, como as franjas em almofadas,

colchas e tapetes, além disso, vários produtos recebem a aplicação do mapa do Texas.

Dentro dos EUA não existem empresas que disputam o nicho de mercado no qual

atua a empresa Gaucho. Como citado acima, nos Estados Unidos as empresas apenas

compram o couro inteiro como ou sem aplicação de serigrafia, e o transformam em produtos

menores como bolsas e botas, ou o utilizam na condição de sofás, ambas as atividades

geram produtos mais requintados e com maior valor agregado. Assim a principal

concorrência na fatia de mercado da Gaucho, vem do Brasil (Santa Cruz do Sul e Lindolfo

Color), Argentina e Índia.

Quanto à questão da tecnologia, o produto é feito artesanal, e na opinião dos Donos

da empresa, é exatamente isso que dá um diferencial e charme especial para o produto, pois

cada peça é única, não existem duas peças iguais e essa sensação de exclusividade é passada

ao cliente. As únicas máquinas usadas são o balancim para o corte, e o fulão para bater o

couro, e as máquinas de costura para alguns produtos, outros são costurados a mão com

camurça. E mesmo com a quantidade restrita de máquinas, a Gaucho ainda conta com mais

tecnologia do que a concorrência.

Em relação ao preço dos produtos, a Gaucho consegue vender por um preço

inferior ao da concorrência, isso se deve a dois fatores: a redução de custos na matéria

prima, pois a empresa busca utilizar todos os pedaços do couro possíveis, fazendo vários

produtos com retalhos, o que gera maior aproveitamento do couro, menor necessidade da

compra do produto, e menos lixo gerado pela empresa. Segundo Maria Virginia, as

empresas maiores e com mais recursos usam somente o couro inteiro, e colocam muito

couro bom no lixo, pois não sabem aproveitar bem o produto, já a Gaucho criou produtos

como tapetes, porta copos, jogos americanos, jogos de xadrez entre outros, feitos

Page 13: Exportação: Da Teoria a Prática

12

exclusivamente de retalhos, as combinações ficam lindas e os clientes adoram, pois o

produto é completamente diferente dos demais encontrados no mercado, e a qualidade da

mercadoria não é afetada.

O outro diferencial que possibilita ofertar o produto por preços mais baixos, e a

inexistência quase total de intermediários na empresa. Nos Estados Unidos, são os próprios

donos que divulgam, vendem e entregam a mercadoria (nos locais próximos a LA), a

empresa é vertical, ou seja todos o processos desde o trabalho com a matéria prima até a

venda do produto são feitos pela própria empresa. Os únicos serviços de terceiros que a

empresa utiliza são os escritórios de despachantes para exportação, empresa de transporte, e

os fornecedores de matéria prima.

Assim mesmo tento o custo de produção no mesmo nível do da concorrência, a

Gaucho consegue ter o preço final dos seus produtos bem mais baixos devido a criatividade

no aproveitamento do couro e verticalização da empresa.

Page 14: Exportação: Da Teoria a Prática

13

1.3 DIA A DIA NA EMPRESA.

A observação das operações da empresa, foi feita no período de Março e Abril,

quando ocorreram um embarque marítimo e um aéreo no qual houve uma exportação

indireta. Nesse trabalho serão apresentadas as rotinas do setor de exportação da empresa,

desde a vinda do pedido, o embalo do produto, a confecção da documentação, até a saída do

produto da empresa. Os fatos apresentados a seguir ocorreram entre os dias 31/03/ 09 e 22/

04/09, é importante salientar, que todos os processos citados não foram somente observados,

mas também desenvolvidos por mim com a supervisão de Maria Virginia Dorr, e que os

principais processos serão detalhados ao longo do trabalho, seguindo a divisão de aspectos

negociais, documentais, legais e cambiais.

Embarque marítimo.

Dia 31/03/09

- Conheci a empresa, funcionários, produtos e método de trabalho

- Verificamos o câmbio do dia, pois é com base nele que vai ser feita toda a exportação.

- Fizemos um resumo dos produtos que seriam exportados, de acordo com que havia em

cada fardo.

- É feito um novo resumo, dessa vez separado por tipo de mercadoria, e não mais pelo que

existe em cada fardo.

- Foi feita a Fatura pro forma

- Fizemos a Commercial Invoice em Inglês

- Preenchemos Nota fiscal (a mão) em português

- Verificamos os navios que iriam sair do Porto de Rio Grande para LA, assim como data

para a entrega de documentos e da mercadoria

Dia 01/04/09

- Fizemos o Romaneio

- Conferimos o dólar

- Confirmamos o navio

Page 15: Exportação: Da Teoria a Prática

14

- Fomos a uma empresa de Novo Hamburgo para aprovar o fotolito de um produto que vai

no embarque aéreo. (Não foi aprovado)

- Separamos os produtos do embarque marítimo e do embarque aéreo para serem embalados

- Fomos novamente à empresa para aprovar o produto. (Não aprovado)

- Voltamos a empresa para ver o fotolito (Aprovado)

Dia 02/04/09

- Tirei dúvidas sobre os processos vistos, e sobre a empresa com base no trabalho teórico

- Entrevista com candidatos às vagas oferecidas pela empresa.

Dia 06/04/09

- Embalamos os produtos do embarque marítimo e aéreo, de acordo com o tipo de produto.

- Finalizamos a documentação e a passamos para a Euro - América

Dia 07/04/09

- Solicitamos o recolhimento da mercadoria pela Onicron

- Recolhimento da mercadoria

- Término da exportação marítima. Foram embarcados 2,200 Kg de mercadorias.

Obs.: Mesmo o embarque tendo sido realizado no mês de Abril, ele foi considerado como

sendo do mês Março, e usado a cotação do dólar do dia 31/03/2009 em todo o processo.

Embarque Aéreo.

Dia 21/04/09

- Embalamos os produtos para o embarque

- Fizemos o resumo por fardos

- Fizemos o resumo por produto

- Fizemos a quantidade do produto com o preço em dólar e a media do produto para poder

fazer a nota fiscal e reduzir o produto exportado do estoque.

- Fizemos o romaneio

- Fizemos a Packing List

- Fizemos a nota fiscal

Page 16: Exportação: Da Teoria a Prática

15

Dia 22/04/09

- Acabamos de fechar os fardos

- A Onicron recolheu a mercadoria

- Término da Exportação Aérea, foi embarcado 500 kg e foi realizada uma exportação

indireta.

Page 17: Exportação: Da Teoria a Prática

16

1.4 ASPECTOS NEGOCIAIS

As vendas e negociações envolvendo as mercadorias da Gaucho são feitas de

forma direta, através de feiras, por isso, na hora de vender e negociar um produto, é muito

importante observar a cultura e costumes de cada local.

As principais feiras das quais a Gaucho participa ocorrem em Dallas, Denver, Los

Angeles, Nova York e Las Vegas. Nessas feiras é sempre importante se adaptar ao estilo do

mercado. Por exemplo, em Dallas é da cultura local usar roupas bem coloridas, as mulheres

sempre com muitas jóias e bem arrumadas, assim é importante adotar esse mesmo tipo de

vestuário nas feiras de Dallas, para se aproximar mais do cliente.

Já nas feiras de Denver os homens sempre se vestem com Jeans e camisas de

manga comprida, seja inverno ou verão e as mulheres usam Jeans e blusas com muito brilho.

Em Los Angeles tanto homens quanto mulheres estão sempre muito bem

arrumados, seguindo tendências da moda com o predomínio do preto e do branco.

Quando as feiras são em Nova York, por ser uma “cidade de negócios” predomina

terno e gravata para os homens e trajes sociais de trabalho para as mulheres, a maioria em

tons escuros e muito preto.

E em Las Vegas ocorre uma mistura de todos os estilos, porém as pessoas estão

sempre muito bem arrumadas.

Também ligados a cultura estão alguma exigências em torno do produto, no

principal mercado consumidor, o Texas, as estrelas que estão nos produtos precisam ter

cinco pontas, pois essa é a estrela do cowboy, e a ponta deve ser para cima.

Um fato curioso é que um dos produtos da Gaucho que é um tapete com o desenho

em formato de chifre, não é aceito por um dos clientes, ele alega que o formato da cabeça e

dos chifres da impressão de que os olhos do animal estão saltados.

Outro fato interresante é que a Gaucho produz vários produtos trazendo como

ornamento a cruz, esses produtos têm grande saída no Texas, porém essa cruz não tem

nenhum significado religioso, é apenas um elemento de adorno como qualquer outro.

O mercado texano prefere os produtos com franjas. Por isso são produzidos

colchas, tapetes e almofadas, especialmente para atender as exigências desse mercado,

porém o produto com franja como demanda mais material e mão – de – obra, tem o custo

bem mais elevado.

Page 18: Exportação: Da Teoria a Prática

17

As cores dos produtos também são afetadas pela cultura do mercado. No mercado

texano a combinação preta e branca não vende, pois eles têm a cultura de cowboy e cowboy

é ligado à natureza, ou seja, tons de marrom. As corres preto e branco só são bem aceitas em

áreas mais urbanas e de litoral, onde não são bem aceitos os tons de marrom.

Nas negociações de preços de matérias primas com os fornecedores, não existe

muita flexibilidade, pois a empresa é pequena e compra em pequenas quantidades, e como o

aproveitamento total do material é muito incentivado na empresa, a compra de matéria

prima não acontece de maneira tão freqüente quanto em curtumes de maior porte.

Já a negociação do preço dos produtos na hora da venda se da através de listas de

preços. Existem preços distintos para decoradores de interiores e para compradores de

atacados.

O preço dos produtos para decoradores de interiores é em geral 20% mais caro do

que para os compradores de atacado, pois os decoradores pedem pequenas quantidades, e

produtos com cores e tamanhos e ornamentação específicos. Nesse caso se o comprador

encontrar o produto com as características que ele procura, ele já pode levá-lo na hora, caso

contrário, gera a necessidade de produzir por encomenda para atender as necessidades e

especificações do cliente, e isso eleva ainda mais o preço do produto.

Já os preços para os clientes de atacado são mais baratos, pois eles compram

produtos em grande quantidade e por não precisarem de produtos com padronagem

específica, compram o produto que já esta pronto e é fabricação padrão da empresa, não

exigindo a confecção de um modelo diferenciado.

É mais comum a venda para compradores de atacado, eles encaminham o pedido

nas feiras, por telefone ou e-mail, para a Gaucho Leather dos Estados Unidos, que verifica o

que já existe de mercadoria no estoque e que é possível fornecer para o cliente, e solicita

para a Gaucho do Brasil a confecção dos produtos que não tem em estoque.

O meio de transporte mais comumente usado pela Gaucho é o marítimo, pois

mesmo levando mais tempo é muito mais barato e pela diferença de preço é possível enviar

bem mais quantidades de produtos, que ficam em estoque na Gaucho dos EUA, e consegue

tranquilamente abastecer os clientes até a chegada do próximo embarque. A modalidade

aérea é pouco utilizada pela empresa, pois tem um custo bem mais elevado, assim é usada

apenas quando a entrega da mercadoria é urgente.

Porém o embarque marítimo nem sempre foi o mais usado pela Gaucho. Quando a

empresa iniciou suas atividades, a maioria dos embarques era via aéreo, pois a quantidade de

Page 19: Exportação: Da Teoria a Prática

18

produtos era muito pequena, a empresa ainda não estava bem estruturada e tinha pouca

experiência na área de comércio exterior.

Com o tempo, o amadurecimento da empresa e o investimento em treinamento dos

funcionários possibilitaram o aumento da produção com o mesmo número de pessoas,

assim, os embarques aéreos passaram a diminuir, pois a Gaucho mesmo continuando a fazer

apenas um embarque por mês, conseguiu produzir e exportar mais quantidade de

mercadoria, assim mesmo levando mais tempo para o produto chegar aos Estados Unidos,

os estoques existentes ainda são suficientes para abastecer os clientes da empresa. Dessa

forma, o número de embarques aéreos foi diminuindo cada vez mais, até ser usado apenas

como recurso em casos de grande urgência em ter uma determinada mercadoria nos Estados

Unidos, pois a mercadoria leva no máximo 15 dias para chegar ao destino, contra 45 dias do

embarque marítimo.

No embarque aéreo realizado durante o período de observação a urgência era

devido ao fato de tanto o cliente como o tipo de serigrafia do produto eram novos, o pedido

foi feito em uma feira, onde o cliente já havia tido o pedido (peles bem pequenas de bezerro

com serigrafia de leopardo nas cores marrom e preto) negado por diversas empresas do

ramo, devido a dificuldade de conseguir esse tipo de pele para confecção de tapetes, assim a

Gaucho aceitou o desafio, na busca de um novo cliente e de mais um diferencial para a

empresa. Porém, conseguir as peles, foi mais dificil e demorado do que a empresa esperava,

e o cliente tinha muita pressa na entrega da mercadoria, assim, logo que o produto ficou

pronto, a mercadoria foi mandada vai aérea para que fosse possível cumprir os prazos

estabelecidos com o cliente. A mercadoria e a documentação foram enviados dentro dos

prazos. Foram embarcados 500 Kg de mercadoria, quantidade com a qual a empresa

consegue descontos no valor do frete, e o prazo para que o produto esteja no depósito da

Gaucho EUA é de no máximo 15 dias.

A documentação feita pela Gaucho nesse embarque foi a de costume: Commercial

Invoice (Anexo E), Packing List (Anexo D) e Nota fiscal, todos os documentos foram

enviados para a Euro América, que efetuou todos os procedimentos legais para o embarque

da mercadoria no aeroporto Salgado Filho, com os tramites legais para liberação da mesma

feitos Canoas. No dia 29 de Abril chegou para a Gaucho a AWB confirmando o embarque

correto da mercadoria ( Anexo F).

Page 20: Exportação: Da Teoria a Prática

19

Já no embarque marítimo observado entre os dias 31/03/2009 e 07/04/2009. Os

documentos feitos pela Gaucho foram o Packing List (Anexo G), Commercial Invoice

(Anexo H) e Nota Fiscal.

Primeiramente, foi verificado os navios que saem do Porto de Rio Grande para LA,

os prazos de entrega para os documentos e mercadoria (Anexos B e C). Essas informações

são mandadas para a Gaucho pela Euro América.

De Estância Velha até o Porto de Rio Grande a mercadoria vai de caminhão. A

empresa contratada pela Gaucho é a Onicron, quando ela vem fazer o recolhimento da

mercadoria, a Gaucho fornece a Commercial Invoice e a Nota Fiscal, que vão com a

mercadoria até o porto.

Os navios vão até o porto de Nova York, mas como a carga da Gaucho é para Los

Angeles, o contêiner é posto em um trem que vai até La. Quando a mercadoria chega a LA,

ela é levada para um depósito, a mercadoria é encaminhada para o despachante de cada

empresa, e após segue de caminhão até Huntington Beach no depósito da Gaucho, de onde

ela vai ser encaminhada até os clientes da empresa.

No caso do embarque marítimo realizado no período em que eu estava fazendo a

observação na empresa, o navio escolhido foi o Capitão Mondego, a documentação

precisava ser entregue até as 18h00min do dia 06/04/09, e a mercadoria até as 12h00min do

dia 08/04/09.

A mercadoria e a documentação foram enviados dentro dos prazos, e no dia

15/04/09 chegou para a Gaucho a cópia da Bill of Landing (Anexo I). O prazo para que a

mercadoria chegue no depósito da Gaucho nos Estados Unidos é de 45 a 50 dias. Nesse

embarque marítimo foram enviados 2249 Kg de mercadoria.

O pagamento acontece da seguinte forma: Os custos gerados pela saída da

mercadoria da Gaucho do Brasil até o porto de Rio Grande, ou pelo aeroporto Salgado

Filho, são pagos pela própria empresa Gaucho.

O cliente paga as despesas geradas a partir do momento que o navio sai de Rio

Grande, ou do aeroporto de Porto Alegre até o momento em que a carga chega ao porto de

Nova York ou Aeroporto de Los Angeles.

Quando a modalidade é transporte marítimo, os custos do trajeto percorrido de

trem de Nova York a Los Angeles já estão inclusos no frete marítimo, pois o navio não vai

para Los Angeles, apenas para Nova York. No caso do transporte aéreo, o próprio Ernani

Dorr, dono da empresa, é quem retira a mercadoria e a leva até o depósito da empresa, pois

Page 21: Exportação: Da Teoria a Prática

20

o trajeto é curto e a mercadoria é em menor quantidade, assim não vale a pena o custo de

pagar uma empresa transportadora.

Quando a mercadoria chega a LA, quando o embarque é marítimo, ela é retirada

pela pessoa ou empresa autorizada, essa mercadoria vai de carreta até o depósito da Gaucho,

com as despesas pagas pelo cliente. No depósito a mercadoria vai ser verificada, e se houver

algum dano na mercadoria ela será arrumada e então encaminhada para o cliente, com o

custo pago pela Gaucho Estados Unidos.

A empresa do Brasil efetua o pagamento das despesas com transporte em torno de

15 a 20 dias após efetuado o serviço.

Page 22: Exportação: Da Teoria a Prática

21

1.5 ASPECTOS DOCUMENTAIS

A empresa Gaucho Leather realiza exportações diretas, que consiste na venda com

Commercial Invoice detalhando quantidade, descrição do produto, preço em dólar e nota

fiscal em português contendo o preço em reais. E indiretas, que se da através da compra de

mercadoria de outro lugar do Brasil e revenda para os Estados Unidos. Na modalidade de

exportação indireta, não se paga ICMS, porém existe prazo para a exportação, mesmo

podendo exportar a mercadoria por partes, é necessário que ela seja vendida pelo preço de

compra, por exemplo, se o couro foi comprado a R$ 23,00 ele deve ser vendido por esse

valor convertido ao dólar do dia. Outro ponto importante é que o produto deve ser exportado

na mesma categoria que foi comprado, ou seja, não se pode comprar o couro transformá-lo

em almofada e vende-lo em forma de exportação indireta.

A exportação começa pelo pedido feito geralmente feito em feiras (por clientes

novos) ou por e-mail no caso de clientes antigos, para a Gaucho dos EUA. Depois que o

pedido foi feito, Ernani Dorr faz um levantamento dos produtos que já existem em estoque

na empresa americana, então, é mandado um e-mail para a Gaucho do Brasil com o pedido

para repor as peças no estoque da Gaucho EUA, e também se eventualmente a empresa não

tiver o produto estocado na quantidade necessária, o pedido para produção. Após ter todo o

produto pronto, esse é embalado e é feita a documentação e procedimentos para a

exportação.

Os documentos feitos pela Gaucho Leather, são:, Packing List, Nota Fiscal e

Commercial Invoice. Os demais documentos e tramites para exportação são feitos pela

empresa Euro América. E a parte de logística para levar a mercadoria ao porto ou aeroporto,

é feita pela Onicron.

No Packing List, deve constar uma descrição detalhada dos produtos a serem

embarcados, com volumes e conteúdos dos fardos, assim, anota-se a quantidade e o tipo de

produto que está em cada um cada fardo, e após cada fardo é fechado, medido e pesado.

Porém, por questão de aproveitamento de espaço no fardo, muitas vezes ocorre que no

processo de embalagem produtos diferentes ficarem no mesmo fardo, assim primeiramente a

Gaucho faz um packing list por fardo, e após um novo packing list por produto, claro que as

quantidades devem ser as mesmas nos dois packing list mesmo que eles sejam somente um

Page 23: Exportação: Da Teoria a Prática

22

rascunho. E no final temos um packing list com a descrição do que está em cada fardo, o

tamanho do fardo e o peso do mesmo, em inglês.

Ex:

1ª Packing List por fardo.

Fardo 1: Tapetes Estrela (10); Porta Copos (70); Almofadas (8); Tapete Natural (15); Jogo

Americano (10); Tapetes Mapa (10); Porta Copos Nonatos (5); Almofada Lisa (4)

Fardo 2: Tapetes Estrela (5); Porta Copos (50); Almofadas (2); Tapete Natural (5)

Jogo Americano (20); Tapetes Mapa (5); Porta Copos Nonatos (8); Almofada Lisa (4)

Fardo 3: Tapetes Estrela (5); Porta Copos (20); Almofadas (2) Tapete Natural (10)

Jogo Americano (6); Tapetes Mapa (4); Porta Copos Nonatos (10); Almofada Lisa (8)

2ª Os fardos são fechados, pesados e medidos.

3ª Etapa: Packing List por produto.

Tapetes Estrela (20)

Jogo Americano (36)

Porta Copos (140)

Tapetes Mapa (19)

Almofadas (12)

Tapete Natural (30)

Porta Copos Nonatos (23)

Almofada Lisa (16)

4ª Packing List final com a descrição da mercadoria, tamanho e peso de cada fardo, em

inglês.

Depois do Packing List pronto, é feita a Nota Fiscal, que é indispensável para o

importador liberar a mercadoria no país de destino. Na Nota Fiscal, todos os produtos devem

estar detalhados, e para detalhar o produto é paga uma taxa por item, porém nos Estados

Unidos o detalhamento dos dois primeiros produtos é de graça, depois é cobrado um

adicional a cada item excedente.

Assim a empresa tenta utilizar no máximo quatro itens para serem detalhados,

juntando na mesma descrição todos os itens da mesma categoria. Então a empresa pega o

Page 24: Exportação: Da Teoria a Prática

23

Packing List por produto, e junta os produtos da mesma categoria, como se fossem o

mesmo.

Ex:

Packing List por produto: Nota Fiscal

Tapetes Estrela (20) Tapetes (69)

Jogo Americano (36) Almofadas (28)

Porta Copos (140) Jogo americano (199)

Tapetes Mapa (19)

Almofadas (12)

Tapete Natural (30)

Porta Copos Nonatos (23)

Almofada Lisa (16)

Assim a empresa consegue aproveitar o benefício concedido pelo governo

americano e ter menos gastos com a descrição do produto.

Já na Commercial Invoice encontram-se as condições gerais do negócio, como

preço da unidade de cada produto e total do embarque ambos em UU$, local de entrega da

mercadoria, prazo estimado, condições da embalagem, peso total FOB, além da descrição da

mercadoria de forma compactada com a quantidade, igual a nota fiscal. Nesse documento,

os produtos da exportação direta e indireta podem constar juntos, porém na nota fiscal eles

devem estar separados.

Além dos dados anteriores, na Commercial Invoice, consta ainda o Applicant

(cliente), o Consignee, que é a pessoa ou empresa autorizada a retirar a mercadoria,

geralmente a autorização é dada em nome de um banco, pois assim pode-se certificar que a

mercadoria foi paga antes de ser retirada, mas no Caso da Gaucho, a empresa autorizada é a

própria Gaucho dos EUA, o Banco não é envolvido. Além disso, consta o ítem Notify, que é

quem vai ser avisado que a mercadoria está disponível e receber toda a documentação do

consignee para fazer os tramites de liberação da mercadoria nos EUA.

Na Invoice e na Nota Fiscal. é colocado o preço em dólar do produto, a quantidade

em peças e a medida em m². Pois as autoridades brasileiras levam em conta o m² de

mercadoria declarada no documento, já as autoridades americanas, se prendem ao numero

de peças que consta na Invoice. Além disso, o controle do estoque da Gaucho é feito por m²

de couro.

Page 25: Exportação: Da Teoria a Prática

24

Por fim a documentação é enviada para a empresa Euro – América de Novo

Hamburgo via fax, onde é feito o restante dos tramites para a exportação.

Após a documentação enviada, a Gaucho contrata o frete para levar a mercadoria

ao Porto de Rio Grande, ou para o Aeroporto Salgado Filho (dependendo da modalidade de

transporte escolhido). Esse frete é solicitado por telefone à empresa Onicron de Novo

Hamburgo. Quando o produto é recolhido pela Onicron, a nota fiscal é levada junto com a

mercadoria.

Certificados de Origem só são pedidos quando a Gaucho exporta para o México,

nesse caso o pedido é feito pela Euro América, que manda o certificado para a Gaucho, que

por sua vez manda o certificado para o México juntamente com a mercadoria.

Page 26: Exportação: Da Teoria a Prática

25

1.6 ASPECTOS LEGAIS

Os produtos da Gaucho, não enfrentam nenhum tipo de barreiras comerciais, por

um motivo muito simples, as barreiras são usadas para defender o mercado e a economia

nacional da concorrência vinda do exterior, porém os Estados Unidos não possuem

nenhuma empresa que fabrique esse tipo de mercadoria, essa industria simplesmente não

existe, assim todos os produtos desse tipo precisam vir do exterior, por isso o governo

americano não impõem nenhum tipo de dificuldades para as empresas desse ramo.

A inexistência de empresas que produzem essa mercadoria dentro dos Estados

Unidos, também faz com que a Gaucho seja isenta de impostos de importação.

Na parte das embalagens, para ser exportado, a mercadoria é embalada em tecidos

de ráfia circular com 60 cm de comprimento (Anexo J). Esse material vem em rolos de

300m², e na empresa é cortado em pedaços de 1,10m a 1,20m e a costureira faz a bainha no

material para que o fundo não abra. Após o fardo estar costurado, ele recebe a mercadoria e

é costurado a mão com uma corda bem grossa.

Depois que os produtos são embalados, na parte externa de cada fardo são

colocados o endereço de quem deve receber o produto, quem produziu uma especificação

bem grande de Made in Brazil (tudo isso é feito a mão, com pincel atômico).

Um fato interessante é que todos os fardos são re-utilizados. Quando a Maria

Virginia vem dos Estados Unidos para o Brasil, ela traz em uma mala os fardos vazios para

serem re-utilizados, o mesmo acontece com as cordas com quais costuram os fardos. Esse

processo se da em torno de quatro vezes. O motivo desse reaproveitamento é pela questão de

economia, e também por cuidado e respeito com a natureza. Em cada fardo vai também o

adesivo de identificação da Euro-América.

Portanto, em cada fardo consta:

From: Número do fardo:

To: Peso:

MADE IN BRAZIL Adesivo de Identificação Euro América

Para o transporte, a carga vai em um contêiner de 20 pés consolidado, ou seja,

junto com a mercadoria de outras industrias, pois nenhuma delas tem mercadoria suficiente

sendo exportada para encher um contêiner, assim várias empresas dividem um único

Page 27: Exportação: Da Teoria a Prática

26

contêiner. Esse método é mais seguro do que mandar como carga geral, onde a mercadoria

vai solta dentro do navio.

Além disso o transporte em contêiner, propicia maior segurança para o produto e

maior rapidez, pois permite fácil carregamento e descarregamento adequado à

movimentação mecânica e ao transporte por diferentes equipamentos.

Um cuidado especial no embalo tomado pela Gaucho se dá com a mercadoria que

possui serigrafia, nesse caso entre cada peça de couro vai uma folha de jornal, e no caso de

necessers e almofadas, o produto é primeiramente enrolado em folhas de jornal antes de ser

porto dentro do fardo. Tudo isso para garantir que a serigrafia não manche os outros

produtos.

Para transportar o produto do depósito da Gaucho EUA, até o cliente final, os

produtos são embalados apenas em sacos plásticos.

Figura 4: Produtos Embalados

Fonte: Da pesquisadora

Page 28: Exportação: Da Teoria a Prática

27

1.7 ASPECTOS CAMBIAIS

Em relação as taxas de câmbio, as exportações da Gaucho são feitas sempre com

base no câmbio do dia em que se começa o processo de embarque.

E em relação ao pagamento da exportação pela Gaucho dos Estados Unidos, como

a empresa é da família, de pequeno porte, e a Gaucho do Brasil seria como uma filial da

Gaucho dos Estados Unidos, o pagamento pode ser feito antes ou depois da exportação,

dependendo da necessidade da empresa do Brasil e da cotação do dólar, por isso eles sempre

estão verificando a cotação do dólar e a previsão de queda ou aumento, para escolher o

momento mais oportuno para efetuar o pagamento.

Durante o período de observação, essa previsão do dólar ocorreu de maneira

acertada e o pagamento foi feito anteriormente ao embarque, pois dólar estava alto, porém

com previsão de queda, assim no mesmo dia o dinheiro foi mandado para o Brasil e a

Gaucho conseguiu aproveitar o preço.

Já na segunda vez que observei o pagamento do embarque, o dólar estava baixo

com previsão de alta, e assim decidiram que o pagamento iria ocorrer após o embarque,

porém o dólar acabou caindo mais ainda, e a gaucho Brasil perdeu dinheiro nessa operação.

Nas operações de câmbio, as operações são fechadas na base da palavra entre a

Gaucho Brasil e a Gaucho Estados Unidos, sem ser utilizado um contrato de câmbio para

especificar os termos da operação. Apenas como garantia de pagamente para os

intermediários.

Page 29: Exportação: Da Teoria a Prática

28

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 EXPORTAÇÃO

O que determina o sucesso na exportação é mais o talento, a formação, a

capacidade exportadora, a qualidade da gestão e menos a situação econômica e conjuntural.

(MINERVINI, 1991).

O comércio exterior tem recebido uma atenção cada vez maior por parte dos

governos e empresas, sendo um mecanismo importante para muitas nações

para gerar recursos com o objetivo de honrar seus compromissos

internacionais. A participação no comércio internacional tem sido a chave para

o sucesso e a prosperidade de empresas e países. Essa atuação não tem sido

importante apenas para as nações ricas, mas também para nações em

desenvolvimento. Naturalmente, o governo brasileiro tem dado cada vez mais

atenção ao comércio de produtos brasileiros com outros países. (HARTUNG,

2004, p. 12).

O comércio internacional que existe hoje é o resultado de séculos de evolução,

modificações, adaptações às necessidades, etc. Desde os primórdios da história, sempre

houve a necessidade da troca de mercadorias por vários motivos. Seja para satisfazer as

necessidades vitais, ou para satisfazer o desejo de consumo e possuir algo que agrada ao

gosto do consumidor. A necessidade das trocas está relacionada à inexistência da auto-

suficiência, ou seja, nenhuma nação é capaz de satisfazer suas próprias necessidades.

O comércio internacional se desenvolveu a partir da necessidade das nações de

suprirem suas carências. O desenvolvimento industrial internacional criou países de

diferentes estágios de evolução. As características internas das nações como disponibilidade

de recursos naturais, divergências culturais, nível de escolaridade de seus habitantes fizeram

com que os diferentes estágios de evolução se acentuassem. A desigualdade da produção e

as diferenças entre as disponibilidades de recursos naturais têm forçado as nações a

buscarem em outros países os produtos e serviços que não podem ser produzidos em seu

território. A partir desse quadro começou a surgir o fenômeno da globalização, e o comércio

internacional passou a se desenvolver de maneira intensa e dinâmica.

Exportar é o ato de vender os produtos de uma empresa em um mercado fora do

território nacional. Esta operação de venda, por incluir a saída de mercadorias do país,

Page 30: Exportação: Da Teoria a Prática

29

transporte internacional e a entrada em outro território com leis, procedimentos e hábitos

diferentes dos nossos, exige o cumprimento de certas exigências em nosso país, no

transporte internacional da mercadoria, e no país de destino. Estes trâmites, além dos hábitos

e costumes diferentes, é que caracterizam o processo de exportação. Com a característica de

globalização da economia moderna, esta alternativa está sendo cada vez mais utilizada.

A exportação é a mola mestra da abertura do país ao mundo, é uma forma de se

confrontar com os demais parceiros e, principalmente, é a melhor escola de

gerenciamento, pois, ao lidar com um diversificado número de países, o país

exportador vai assimilando técnicas e conceitos aos quais não teria acesso se o

seu mercado fosse fechado. (MINERVI, 1991, p. 23)

Os avanços da tecnologia permitem a comunicação imediata com as mais diversas

regiões do planeta, possibilitando que os mais diversos negócios sejam efetuados

diariamente com empresas dos mais variados e distantes países.

Além disso, no passado a indústria nacional era protegida por barreiras que hoje já

não existem devido à abertura dos mercados e da interdependência gerada por essas

medidas. Isso faz com que empresas estrangeiras possam vir concorrer com as empresas

brasileiras dentro de nosso próprio país, e que as brasileiras possam sair do mercado interno

e buscar concorrer com empresas de outros países.

A internacionalização e globalização levam ao desenvolvimento da empresa, pois a

obriga a modernizar-se, seja para conquistar novos mercados, seja para preservar as suas

posições no mercado interno. Assim sendo, o comércio exterior acumula cada vez mais

importância para o empreendedor que quer realmente crescer, assim como para a economia

brasileira, devido ao ingresso de divisas e geração de emprego e renda.

Quando uma empresa começa a exportar, sua produção aumenta numérica e

qualitativamente, pois exportar implica no aumento da escala de produção, que pode ser

obtida pela utilização da capacidade ociosa da empresa e/ou pelo aperfeiçoamento dos seus

processos produtivos, que acabam sendo revistos. Com o aumento da produção, aumenta

também a capacidade de negociação para a compra de matéria-prima. Com isso, o custo da

fabricação das mercadorias tende a diminuir, e a empresa pode diminuir o custo de seus

produtos, tornando-as mais competitivas e aumentando a margem de lucro. Segundo Castro

(2001, p. 20) “A ampliação de mercado e a Economia de Escala proporciona a redução dos

custos indiretos de fabricação, pois diminuí o custo unitário de matéria prima, em

decorrência da maior quantidade consumida e adquirida.”

Page 31: Exportação: Da Teoria a Prática

30

Com a exportação também ocorre à diminuição da carga tributária. As empresas

que exportam podem utilizar mecanismos que contribuem para uma diminuição dos tributos

que normalmente são devidos nas operações no mercado interno, são chamados de

Incentivos Fiscais. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E

COMERCIO EXTERIOR, 2009).

Os Incentivos Fiscais são benefícios que visam eliminar os tributos incidentes

sobre os produtos nas operações do mercado interno.

Quando se trata de uma exportação, é importante que o produto possa alcançar o

mercado internacional em condições de competir em preço e, por isso, ela pode compensar o

recolhimento dos impostos internos ficando isentas de cobranças como: Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI), O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços

(ICMS) não incide sobre operações de exportação de produtos industrializados, semi-

elaborados, primários ou prestação de serviço (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009), Na

determinação da base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

(COFINS), são excluídas as receitas decorrentes da exportação, As receitas decorrentes da

exportação são também isentas da contribuição para o Programa de Integração Social (PIS)

e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), Os Impostos

sobre Operações Financeiras (IOF) aplicado às operações de câmbio vinculadas à

exportação de bens e serviços são iguais a zero.

A estratégia de destinar uma parcela de sua produção para o mercado interno e

outra para o mercado externo permite que a empresa amplie sua base de clientes, o que

permite à empresa correr menos riscos, pois, quanto maior o número de mercados que ela

atingi, menos dependente ela será. A diversificação de mercado permite também que a

sazonalidade do produto seja eliminada, ou seja, uma empresa que fabrica produtos voltados

para o clima frio poderá produzi-los o ano inteiro, porque terá diferentes mercados onde

vendê-los, e não dependerá somente das estações nacionais. Dentro da empresa também

ocorre o aumento da capacidade inovadora, pois as empresas exportadoras tendem a ser

mais inovadoras que as não-exportadoras, elas costumam utilizar número maior de novos

processos de fabricação, adotam programas de qualidade e desenvolvem novos produtos

com maior freqüência.

A concentração de atividades comerciais apenas no mercado interno expõe a empresa a

riscos de instabilidade decorrentes de eventuais alterações na política econômica. Essa

situação dificulta a elaboração de planejamentos de longo prazo, a realização de

Page 32: Exportação: Da Teoria a Prática

31

investimentos em novos segmentos a aquisição de novas tecnologias e a expansão ou

modernização industrial, em decorrência da insegurança representada pela concentração

de atividades comerciais num único mercado. Por essa razão a destinação de parte da

produção também ao mercado externo dilui os riscos comerciais e econômicos entre

mais de um mercado, permitindo maior segurança na tomada de decisões,

especialmente as de longo prazo. (CASTRO, 2001, p. 21).

O aperfeiçoamento de recursos humanos é outra característica das empresas que

exportam já que costumam oferecer melhores salários e oportunidades de treinamento a seus

funcionários, assim como o aperfeiçoamento dos processos industriais: melhoria na

qualidade e apresentação do produto, por exemplo, e comerciais: elaboração de contratos

mais precisos, novos processos gerenciais, etc.

São várias as vantagens que a atividade exportadora oferece às empresas, tanto

âmbito no externo, como a melhoria da imagem frente a clientes, fornecedores e

concorrentes, quanto no âmbito interno, novos padrões gerenciais, novas tecnologias, novas

formas de gestão, qualificação da mão de obra, agregação de valor à marca. Isso gera uma

melhoria da qualidade do produto, pois a empresa tem que adaptá-lo às exigências do

mercado ao qual se destina, o que a obriga a aperfeiçoá-lo. Ao ingressarem no mercado

internacional, as empresas adquirem novas tecnologias, ficam atentas as novas tendências,

passam a adotar programas de qualidade e a desenvolver testes em seus produtos, passando

a implantar mecanismos que garantam sua qualidade, para evitar problemas com os

importadores, e até uma possível devolução da mercadoria, pois os países desenvolvidos

exigem dos seus fornecedores normas e procedimentos que com o tempo são internalizadas

e passam a ser rotineiras e, assim, todos os seus negócios posteriores com o exterior, ou com

o mercado interno serão feitos dentro dessas normas. Sobre esses aspectos Castro (2001) diz

que como os mercados externos requerem técnicas de produção mais desenvolvidas e

controle de qualidade mais rigoroso, a aplicação desses instrumentos também será adotada

para melhorar a operacionalidade e qualidade dos produtos destinados ao mercado interno.

Essa situação aos olhos dos consumidores brasileiros significa prestigio e status para a

empresa e seus produtos, sendo uma eficiente campanha de marketing indireto, gerando

aumento da sua competitividade, produtividade e lucratividade.

Os compradores no exterior são bastante exigentes, e tanto os clientes quanto os

fornecedores sabem que a empresa que está exportando consegue colocar seus produtos no

exterior graças ao seu esforço em se tornar mais competitiva. Ao tornar-se uma empresa

exportadora, a sua imagem muda. O seu nome e a sua marca passam a ser uma referência

em relação à concorrência, e ela passa a ser vista como uma empresa de produtos de

Page 33: Exportação: Da Teoria a Prática

32

qualidade. A empresa passa a gerar novos empregos, devido o aumento da produção, e os

funcionários passam a sentir orgulho de trabalhar em uma empresa que exporta seus

produtos. “O mercado internacional é a melhor escola para você permanecer no mercado

nacional’(MINERVINI, 1991, p. 66)

O primeiro passo para a empresa que deseja exportar é definir o que irá vender no

mercado externo. A empresa deve identificar dentro de sua linha de produtos, aqueles que

atendam às necessidades e preferências dos consumidores dos mercados estrangeiros a

serem explorados. Para isso é preciso que a empresa reúna a maior quantidade possível de

informações sobre o país ou países para os quais deseja exportar, Na busca por essas

informações as empresas brasileiras podem contar com o apoio do Departamento de

Promoção Comercial (DPR) do Ministério das Relações Exteriores (MRE), que efetua

pesquisas de mercado, identifica oportunidades, prepara informações sobre produtos

brasileiros com potencial para exportação e orienta os exportadores sobre como exportar

para determinado mercado. Além disso, o empresário pode realizar viagens ao exterior, com

o objetivo de explorar mercados potenciais, e estar em contato direto com importadores e

consumidores, bem como participar de feiras e exposições comerciais tanto no exterior

como no Brasil, pois essas feiras são visitadas por empresários de diversos países, onde

podem ocorrer importantes contatos comerciais.

Depois de analisar o caso de várias empresas que buscavam a internacionalização.

Minervini (1991) orienta que na hora de escolher o produto para a exportação, a empresa

deve estar atenta a sua capacidade exportadora, levando em conta a capacidade de identificar

oportunidades de negócios utilizando versatilidade, capacidade de projeto, recursos

humanos e disponibilidade de matéria prima. Além disso, a tecnologia ou serviço exportado

deve estar de acordo com as exigências do país importador. Assim a melhor pergunta não é

o que exportar, mas, o que o importador quer que eu exporte. Já quando a decisão for para

onde exportar, é melhor começar pelos mercados onde poderá adquirir experiências com

menor custo, antes de iniciar vôos mais altos. Há inúmeras maneiras de desenvolver

contatos visando a localização de um comprador para o produto, através de entidades

oficiais e empresas de promoção a exportações, empresas de consultoria e acessória de

comercio exterior,, sindicatos, ou viajando ao exterior participando de feiras e exposições.

Uma vez identificados os mercados de destino e o tipo de produto que atende ao

consumidor estrangeiro, a empresa deve contatá-los diretamente, para informar o seu

interesse em exportar e para fornecer dados adicionais sobre o seu perfil e os seus produtos,

Page 34: Exportação: Da Teoria a Prática

33

adaptando parte de sua linha de produção para gerar, de forma sistemática, os bens

destinados ao mercado externo, assim, o mercado internacional passa a estar incorporado ao

dia-a-dia da empresa.

Page 35: Exportação: Da Teoria a Prática

34

2.2 ORGANISMOS INTERVENIENTES DO COMÉRCIO EXTERIOR

No Brasil existem diversos órgãos intervenientes de comércio exterior,

responsáveis por buscar e transmitir informações sobre tendências, mercados,

oportunidades, etc. com o objetivo de auxiliar os exportadores e importadores,

principalmente aqueles que estão entrando no comercio internacional (SEBRAE, 2009):

ABECEX: Associação Brasileira dos Executivos de Comércio Exterior .

Disponibiliza informações sobre eventos em diversos países, como EUA, Federação Russa,

Itália, Tailândia e Emirados Árabes.

Brazil TradeNet: Propicia diversas oportunidades de exportação e investimentos no

Brasil. Oferece gratuitamente as empresas brasileiras e estrangeiras um amplo conjunto de

serviços e informações para as atividades exportadoras e importadoras e para a atração de

investimentos estrangeiros.

Catálogo de Exportadores Brasileiros. Produzido pela CNI, esse documento traz

informações sobre mais de 5.500 empresas que respondem por mais de 90% das exportações

brasileiras.

CIN - Centro Internacional de Negócios. Busca a prestação de serviços na área de

negócios internacionais, através da oferta de um conjunto de produtos e serviços de

informações, capacitação gerencial, assistência técnica, articulação e promoção comercial.

MDIC - Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Possui o

cadastro de Empresas Exportadoras e Importadoras por Unidade da Federação.

MRE - Ministério das Relações Exteriores. Disponibilizam informações e serviços

sobre o ministério, política externa, eventos, serviço consular brasileiro no exterior e

estrangeiro no Brasil, leis, decretos, além de dar acesso a outros sites na área.

SOSA - Aduana e Comércio Exterior. Dispõem dos mais completos serviços de

informações atualizadas em aduana e comércio exterior.

TIPI - Tabela de Incidência Imposta sobre Produtos Industrializados . Com base na

Nomenclatura comum do MERCOSUL, oferece busca por código e produto.

PTI - Publicações técnicas internacionais É uma empresa especializada na pesquisa

e distribuição de publicações internacionais (revistas, livros, normas técnicas, anuários,

patentes), bases de dados e prestação de serviços.

Page 36: Exportação: Da Teoria a Prática

35

Sendo assim, cabe aos Ministérios da Economia, Fazenda e Planejamento, a

competência legal em matéria de comércio exterior. Esses ministérios é que centralizam as

principais decisões na secretária Nacional de Economia e no Departamento do Comércio

Exterior que funciona na esplanada dos Ministérios.

A Secretaria Nacional de Economia coordena três departamentos: o Departamento

de Comércio Exterior, o Departamento de Abastecimento e Preços, e o Departamento de

Indústria e Comércio.

Já o Decex coordena duas áreas; a Coordenadoria Técnica de Intercambio

Comercial, antiga Cacex, e a Coordenadoria Técnica de Tarifas, ex-Comissão de Política

Aduaneira.

Além do Decex existe uma série de outros órgãos que intervém no comércio

exterior, como o Ministério da Aeronáutica, Ministério da Agricultura, Secretaria da Ciência

e Tecnologia, Receita Federal, Banco Central, etc.

Quando falamos de promoção externa citamos o Itamaraty, através do

Departamento Econômico e Departamento de Promoção Comercial. Através de sua extensa

rede de embaixadas e consulados, o Itamaraty atua na promoção do Brasil e na identificação

de oportunidades de negócios.

Segundo Minervini (1991, p. 61) O Exportador que inicia sua caminhada rumo a

exportação deve conhecer “quem é que esta atrás do balcão”, isto é, quem dita as normas e

coordena os processos de exportação. Para facilitar essa percepção foi criado o Siscomex,

que propicia o acesso a informações mais seguras e maior controle sobre os negócios

internacionais.

2.3 SISCOMEX

Conforme dados do SEBRAE (2009), o SISCOMEX é o Sistema Integrado de

Comércio Exterior, foi criado pelo Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992. É um

sistema informatizado que integra as atividades de registro, acompanhamento e controle de

comércio exterior, realizadas pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), pela Secretaria da Receita

Federal (SRF) e pelo Banco Central do Brasil (BACEN), que são os órgãos gestores do

sistema. Participam ainda do SISCOMEX, o COMEXE - Comando do Exército, o MAPA -

Ministério da Agricultura e do Abastecimento, a ANVISA - Agência Nacional de Vigilância

Page 37: Exportação: Da Teoria a Prática

36

Sanitária, o Departamento da Polícia Federal, o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis entre etc. como órgãos anuentes, ou seja,

órgãos que necessitam efetuar uma análise complementar, dentro de sua área de

competência, para que determinada operações de exportação possa ser efetivada. Para as

empresas, o Sistema representa simplificação, agilidade, redução de custos,

desburocratização, etc.

O SISCOMEX, segundo Hartung (2004), foi desenvolvido a partir das

necessidades de se possuir controles maus seguros, informações mais precisas e fidedignas

do comércio exterior brasileiro. Além de desburocratizar o sistema.

Desde 1993, com a implantação do SISCOMEX – Sistema Integrado de

Comércio Exterior, o processamento e o controle administrativo das operações

de exportação que eram efetuados com papel e de forma burocratizada,

passaram a ser realizadas por 11 órgãos governamentais, denominados

anuentes, através de sistema altamente informatizado, permitindo as empresas

exportadoras e aos demais usuários, realizar o acompanhamento de suas

operações. (CASTRO, 2001, p. 32)

Por intermédio do SISCOMEX, as operações de exportação são registradas e,

analisadas on-line pelos órgãos “gestores” do sistema (SECEX, SRF e BACEN). Para

processar suas operações, as empresas exportadoras podem ter acesso ao SISCOMEX do

seu próprio estabelecimento, para efetuar este acesso, é necessário registro no sistema

RADAR (Sistema Ambiente de Registro e Rastreamento da Atuação dos Intervenientes

Aduaneiros) junto à SRF, o cadastro poderá ser ordinário ou simplificado de acordo com

cada caso, sendo o Cadastro Ordinário para pessoas jurídicas que atuem habitualmente no

comércio exterior, e o Cadastro Simplificado para pessoas jurídicas que atuem

eventualmente no comércio exterior. (até três despachos aduaneiros, no período de um ano,

não ultrapassando o limite de US$ 25, 000.00 FOB ou o equivalente em outra moeda.

(APRENDENDO A EXPORTAR, 2009).

O SISCOMEX foi criado para suprir essas fragilidades administrativas. Os

controles passaram a ser efetuados de maneira eletrônica, e o sistema passou a

figurar como uma base única de dados fornecendo com maior segurança

informações sobre o comércio exterior brasileiro. (HARTUNG, 2004, p.42).

Page 38: Exportação: Da Teoria a Prática

37

O SISCOMEX permitiu ainda que os órgãos de governo intervenientes no

comércio exterior pudessem acompanhar controlar e também interferir no processo de saída

e entrada de produtos no País.

De acordo com Castro (2001), para realizar o cadastro no SISCOMEX, é

necessário encaminhas ã Unidade da Receita Federal, o contrato social ou estatuto da

empresa, cartão do CNPJ, CPF e identidade das pessoas a serem credenciadas, as quais

receberão uma senha de uso pessoal e intransferível, sendo que cada empresa pode ter tantos

representantes cadastrados, quanto forem suas necessidades. E caso a empresa não tenha

condições ou interesse em registrar suas operações de exportação/importações no

SISCOMEX, poderá recorrer aos bancos autorizados a operar em cambio, às sociedades

corretoras de cambio, aos despachantes aduaneiros e aos órgãos da administração direta e

indireta que atuam no comercio exterior, os quais estão autorizados a efetuar esses registros

no SISCOMEX, por conta e ordem de exportadores/ importadores desde que sejam

expressamente e devidamente credenciados por essas empresas as que representam junto a

uma Unidade Federal.

Porém deve ser esclarecido que a dispensa de formalidades para a inscrição no REI

não desobriga os exportadores e importadores de solicitar o credenciamento para processar

suas operações no SISCOMEX.

Page 39: Exportação: Da Teoria a Prática

38

2.4 ASPECTOS NEGOCIAIS

Quando é realizado um negócio envolvendo empresas de diferentes países, com

diferentes costumes e legislação, alguns aspectos devem ser previamente analisados e

acertados. Para ajustar os negócios de acordo com as vontades de ambas as partes e com a

legislação local dos diferentes países, assim foram criadas e desenvolvidas várias regras

aceitas e reconhecidas universalmente. Elas possuem com o objetivo identificar os direitos e

obrigações de cada participante do negócio, sendo definidas previamente à concretização da

operação, por consenso e comum acordo. Todos esses pontos, assim como todo o processo

de exportação, são diretamente afetados pelos aspectos culturais dos países envolvidos.

Os aspectos culturais são de grande importância na escolha do território para qual

vai se exportar, na escolha do produto, nas melhorias que ele deve conter para entrar nesse

novo mercado, na maneira com que ele deve ser embalado, transportado, distribuído, etc. e

claro na espécie de negociação que vai se adotar. Enfim, é uma parte muito importante em

todo o processo decisório de compra e venda internacional.

Levando em conta diferenças como tempo, espaço, etiqueta, sexo, religião,

educação, política, linguagem corporal, valores leis, atitudes, etc. Minervini (2001) aponta

como variam as maneiras como ocorrem às negociações nos principais pontos do mundo, e

lembra que é importante conhecer a tecnologia gerencial, as diferenças culturais costumes

do povo com o qual se está negociando e destaca ainda que uma simples gafe pode arruinar

o trabalho de meses.

Na Europa Ocidental as propostas iniciais para se chegar ao acordo final têm

exigências moderadas, as questões a serem discutidas são apresentadas uma de cada vez de

maneira formal, o tratamento das divergências é feito de maneira cortês, porém direto e as

concessões são bastante lentas.

Já na Europa Oriental as propostas iniciais para se chegar ao acordo final têm

exigências elevadas, as questões a serem debatidas são apresentadas de forma agrupada e de

maneira bastante formal, existe bastante argumentação quanto às divergências e as

concessões são lentas.

Quando o mercado escolhido é a América Latina as propostas iniciais têm

exigências moderadas, as questões são apresentadas uma a uma de maneira informal, as

divergências são resolvidas com bastante argumentação e as concessões são lentas.

Page 40: Exportação: Da Teoria a Prática

39

Tendo em foco a América do Norte o grau de exigências das propostas iniciais

para de chegar ao acordo final tem grau elevado, a apresentação das questões a serem

discutidas se da uma a uma e de maneira formal, tratando as divergências de maneira

bastante franca. O grau de concessões é lento.

O Oriente Médio e a África do Norte têm alto grau de exigências nas propostas

iniciais. As questões são apresentadas uma de cada vez de maneira informal com o

tratamento das divergências bastante verbalizado, as concessões também são lentas.

A Ásia a Orla do Pacífico tem grau de exigências das propostas iniciais de

moderadas a altas, as questões a serem negociadas são apresentadas em grupo de maneira

formal, o tratamento de divergências é cortês e de silêncio quando se admite um erro. As

concessões são lentas.

E na África Sub-Saariana possui um alto grau de exigências iniciais, as questões

são expostas de forma isolada e informais, as divergências são tratadas de forma direta e as

concessões também são lentas.

Devido a toda essa diferença, em 1936 a Câmara Internacional do Comércio criou

os incoterms com base nas formas contratuais que vinham sendo mais utilizadas. Formados

por siglas 13 de 3 letras, eles servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de

compra e venda, os direitos e obrigações recíprocos do exportador e do importador,

estabelecendo um conjunto-padrão de definições e determinando regras e práticas neutras,

como por exemplo: embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de

importação, movimentação em terminais onde o exportador deve entregar a mercadoria,

quem paga o frete, quem é o responsável pela contratação do seguro, etc. (APRENDENDO

A EXPORTAR, 2009)

Visando uniformizar e universalizar conceitos operacionais, dar precisão aos

termos utilizados em transações internacionais de mercadorias e evitar

interpretação errônea quanto às responsabilidades de exportadores e

importadores, a CCI organizou os INCOTERMS – International Commercial

Terms. (CASTRO, 2001, p. 111).

Referem-se a uma serie de regras internacionais padronizadas que fornecem a

interpretação mais precisa possível dos termos e condições utilizadas em

contratos de venda com o exterior. Foram criados para definir os direitos e

obrigações das partes em caso de eventual disputa judicial. São considerados

clausulas e obrigam as partes a cumprirem as condições pré-estabelecidas. São

regulamentadas pela Câmara de Comércio Internacional. (HARTUNG, 2004,

p. 31).

Page 41: Exportação: Da Teoria a Prática

40

Ter um bom domínio dos Incoterms significa para o negociador ter a capacidade e

a habilidade de ter todos os seus gastos nas transações em Comércio Exterior. Porém, as

regras definidas pelos Incoterms valem apenas entre os exportadores e importadores, não

produzindo efeitos em relação às demais partes envolvidas, tais como: despachantes,

seguradoras e transportadores.

E de Ex (Partida-

Mínima obrigação para o

exportador)

EXW - Ex

Works

Mercadoria entregue ao

comprador no estabelecimento do

vendedor.

F de Free (Transporte

Principal não Pago Pelo

Exportador)

FCA -

Free Carrier

FAS -

Free Alongside Ship

FOB -

Free on Board

Mercadoria entregue a um

transportador internacional

indicado pelo comprador.

C de Cost ou

Carriage (Transporte Principal

Pago Pelo Exportador)

CFR -

Cost and Freight

CIF -

Cost, Insurance

and Freight

CPT -

Carriage Paid To

PCI - Paid

to Carriage and

Insurance

O vendedor contrata o

transporte, sem assumir riscos por

perdas ou danos às mercadorias ou

custos adicionais decorrentes de

eventos ocorridos após o embarque

e despacho.

Page 42: Exportação: Da Teoria a Prática

41

D de Delivery

(Chegada - Máxima obrigação

para o exportador)

DAF -

Delivered At

Frontier

DES -

Delivered Ex-Ship

DEQ -

Delivered Ex-Quay

DDU -

Delivered Duty

Unpaid

DDP -

Delivered Duty Paid

O vendedor se

responsabiliza por todos os custos e

riscos para colocar a mercadoria no

local de destino.

Quadro 1: Categorias de Incoterms

Fonte: (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009)

De acordo com Castro (2001) ao adotar os INCOTERMS, exportadores e

importadores tem a certeza de que estão definindo suas respectivas responsabilidades nas

transações comerciais, com simplicidade e segurança, reduzindo a possibilidade de mal –

entendidos, desavenças e disputas judiciais que representam desgastes para as partes

envolvidas, alem gerar perda de tempo e dinheiro.

Quando o assunto da negociação é o transporte, a preocupação passa a ser com os

serviços portuários, alugueis de containeres, fornecimento de combustível, reparos e

afretamentos e com o frete, que é a remuneração paga pela contratação do transporte da

mercadoria. O frete pode ser pré – pago, ou seja, pago no local do embarque, ou então a

pagar, o pagamento é feito no local do desembarque.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

exterior (2009) o valor dos fretes pode sofrer mudanças devido a diversas características

como o tipo da carga, peso, volume, fragilidade, embalagem, valor, distância e localização

dos pontos de embarque e desembarque.

No comércio exterior do Brasil, esse item é deficitário, seu saldo devedor chega a

ultrapassar o valor de exportações de produtos importantes. (MAIA, 2007)

Page 43: Exportação: Da Teoria a Prática

42

A tarifa do frete depende do meio de transporte utilizado, marítimo, aéreo,

rodoviário ou ferroviário. Abaixo são apresentados os fatores que geram o preço dos fretes

em cada tipo de transporte Segundo dados do site Aprendendo a Exportar (2009):

No Frete Marítimo a tarifa é composta pelos itens: frete básico: valor cobrado

segundo o peso ou o volume da mercadoria (cubagem), prevalecendo sempre o que propiciar

maior receita ao armador. Ad-Valorem que é o percentual que incide sobre o valor FOB da

mercadoria. Aplicado normalmente quando esse valor corresponder a mais de US$ 1000 por

tonelada. Pode substituir o frete básico ou complementar seu valor. A Sobretaxa de

combustível é aplicado sobre o frete básico para cobrir os custos com combustível. A taxa

para produtos pesados é atribuído às cargas cujos volumes individuais acima de 1500 kg,

exijam condições especiais para embarque/desembarque ou acomodação no navio. Já as

Taxas para volumes de grandes dimensões é usada para mercadorias com comprimento

superior a 12 metros. A sobretaxa de congestionamento é aplicada sobre o frete básico em

portos onde existe demora para atracação dos navios. O Fator de ajuste cambial é usado para

moedas que se desvalorizam sistematicamente em relação ao dólar norte-americano. E o

Adicional de Porto é uma taxa cobrada quando a mercadoria tem como origem ou destino

algum porto secundário ou fora da rota. Aprendendo a exportar (2009).

O sistema hidroviário brasileiro tem 43 mil km, sendo que 27 mil km são de vias

navegáveis em condição natural. Entretanto comercialmente o Brasil aproveita somente oito

mil km (GARCIA, 2004).

Quando analisamos o transporte aéreo, vemos que ele possui vantagens sobre o

marítimo: é mais rápido e seguro e são menores os custos com seguro, estocagem e

embalagem, além de ser mais viável para remessa de amostras, brindes, bagagem

desacompanhada, partes e peças de reposição, mercadoria perecível, animais, etc. Para

calcular o valor do frete aéreo é observado o peso e o volume da mercadoria, sendo

considerado aquele que proporcionar o maior valor. Para isso usamos a relação IATA

(International Air Transport Association): 1 kg = 6000 cm³ ou 1 ton 6 m³. Já as tarifas,

baseadas em rotas, tráfegos e custos, são estabelecidas no âmbito da IATA pelas empresas

aéreas, para serem cobradas de maneira uniforme conforme a seguinte classificação: Normal

aplicada aos transportes de até 45 kg; Tarifa de Quantidade para pesos superiores a 45 kg;

Tarifa Classificada que consiste em um percentual adicionado ou deduzido da tarifa geral

em caso de produtos perigosos, restos mortais e urnas, animais vivos, jornais, periódicos e

cargas acima de US$ 1000/kg; Tarifas Específicas de Carga que são tarifas reduzidas

Page 44: Exportação: Da Teoria a Prática

43

aplicadas a determinas mercadorias; Tarifas ULD aplicáveis quando o carregamento e o

descarregamento das unidades ficam por conta do remetente e destinatário; e a Tarifa

Mínima que representa o valor mínimo a ser pago pelo embarcador, essa não é classificada

pela IATA ( MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2009)

Até poucos anos o transporte de carga era feito somente por via marítima,

entretanto, ultimamente, a carga aérea tem crescido muito, o que é importante porque tem

compensado a queda a queda da lucratividade no transporte de passageiros. (MONTEIRO,

apud MAIA, 2001, p. 40)

O transporte rodoviário internacional é conhecido pela sua simplicidade de

funcionamento. Possui a vantagem de que a mercadoria sofre apenas uma operação de carga

(ponto de origem) e outra de descarga (local de destino); possui maior freqüência e

disponibilidade de vias de acesso; maior agilidade e flexibilidade na manipulação das

cargas; facilidade na substituição de veículos; e é ideal para viagens de curta e média

distância. As tarifas de frete são organizadas individualmente por cada empresa de

transporte e o frete pode ser calculado por peso, volume ou por lotação do veículo. A

composição do frete é a seguinte: Frete básico: tarifa x peso ou volume da mercadoria; Taxa

ad-valorem, percentual cobrado sobre o valor da mercadoria; Seguro rodoviário obrigatório

cujos percentuais são aplicados sobre o preço FOB da mercadoria. O usuário deve verificar

com a transportadora quais cláusulas da apólice de seguro dão cobertura e quais ele deve

complementar com sua seguradora. De acordo com Renée Pereira para O Estado de São

Paulo em 2004, certa de 80% das rodovias brasileiras são classificadas como deficientes,

ruins ou péssimas. Isso encarece custo dos transportes, o que prejudica nossas exportações.

Já o transporte ferroviário não é tão ágil e não possui tantas vias de acesso quanto o

rodoviário, porém é o mais barato, propiciando menor frete, transporta quantidades maiores

e não está sujeito a riscos de congestionamentos. O Frete Ferroviário é baseado em dois

fatores: A quilometragem percorrida, distância entre as estações de embarque e

desembarque; e o peso da mercadoria. O frete ferroviário é calculado através da

multiplicação da tarifa ferroviária pelo peso ou volume da mercadoria, utilizando-se aquele

que proporcionar maior valor. Não incidem taxas de armazenagem, manuseio ou qualquer

outra. Podem ser cobradas taxa de estadia do vagão e taxa administrativa pelo transbordo.

A participação das Ferrovias no transporte brasileiro é de 24%. A dos

caminhões, 63%. Isso também encarece o custo dos transportes. Portanto há

necessidade de investimentos em nossas estradas de ferro para que haja

Page 45: Exportação: Da Teoria a Prática

44

expansão e modernização das vias já existentes, o que tornaria nossos produtos

mais competitivos. (PEREIRA, apud. MAIA, 2007, p. 28).

Existem vário Fatores que influenciam na escolha da modalidade de transporte

segundo a SEBRAE (2009) são eles as dimensões e peso da carga, a distância entre o país

exportador e o país de destino da carga, o valor agregado da mercadoria, a existência de

linha férrea para o transporte de mercadoria, a existência de serviços de transporte marítimo

para o país de destino, existência de serviços de transporte rodoviário para o país de

destinos, a relação custo beneficio em cada modalidade possível, a modalidade mais

adequada para as características da mercadoria a ser transportada e o tempo gasto no

deslocamento da mercadoria entre o país exportador e o país importador.

A análise desses fatores permite a escolha correta do tipo de transporte que ira

trazer melhor retorno na relação custo/beneficio, além da consideração do item segurança no

transporte internacional.

Depois de escolhido o meio de transporte, e a mercadoria estar pronta para o

embarque, é necessário a contratação de um seguro, para dar cobertura durante o transporte

interno ate o local do embarque e outro para a cobertura do transporte internacional. A

responsabilidade pela contratação desse seguro nem sempre é do exportador. O que

determina essa responsabilidade é a modalidade de venda especificada no contrato de

compra e venda.

Os aspectos que vão determinar o custo desse seguro são as características da

carga, se é um produto frágil, perecível, valor agregado, condições de meios de transporte,

local de armazenagem, condições de segurança do serviço de transporte, condições de

acondicionamento e manuseio da carga (SEBRAE, 2009)

Quanto às modalidades de pagamento, a maior preocupação dos empresários que

ainda não atuam no mercado externo é a possibilidade de enviar uma mercadoria e não

receber o valor correspondente. Essa desconfiança recebe grande atenção devido a distancia

entre o vendedor e o comprador.

Esta preocupação pode ser eliminada quando forem utilizados os instrumentos

disponíveis para garantir uma forma segura de pagamento, que permite desfrutar deste

mercado em constante expansão. Para isso é necessária a definição da modalidade de

pagamento que deve ser estabelecida na contratação do negócio. Nas operações

internacionais todos os detalhes devem ser considerados, pois se um problema acontece, sua

Page 46: Exportação: Da Teoria a Prática

45

solução é bem mais difícil, devido às diferenças culturais, de legislação, de lingüística e da

distância.

Dentre as modalidades de pagamento estão: A remessa antecipada; essa

modalidade tem pouca utilização no comércio internacional, uma vez que significa o

recebimento por parte do exportador antes do embarque da mercadoria, o que pressupõe

uma grande confiança entre as partes. Geralmente é usada entre empresas coligadas ou com

um relacionamento comercial muito bem estruturada. Quando utilizada a remessa

antecipadas serve como financiamento da produção reduzindo a necessidade de capital de

giro por parte do exportador.

Segundo Maia (2007) nessa modalidade o importador remete previamente o valor

da transação. Somente depois de ter recebido o dinheiro, o exportador providencia o

embarque da mercadoria e envia ao importador a respectiva documentação. Portanto, o

importador primeiro paga, depois recebe a mercadoria.

Consiste no pagamento previamente ao embarque da mercadoria, traduz-se

também como um financiamento do importador ao exportador nesse caso e

nesse caso o risco do exportador é zero, pois recebe antecipadamente o valor

de sua venda. O prazo de embarque da mercadoria é de 180 dias. Findo esse

prazo, não ocorrendo embarque da mercadoria, o pagamento antecipado de

exportação, pode ser convertido em investimento ou empréstimo, e as normas

cambiais admitem a remessa de juros sobre o capital, desde que o

financiamento tenha sido concedido pelo importador estrangeiro ao exportador

brasileiro. (HARTUNG, 2004, p. 25)

A cobrança é uma situação oposta à remessa antecipada, sendo uma operação de

risco para o exportador, já que o embarque da mercadoria e seu recebimento pelo

importador ocorrem antes do pagamento. Existem três tipos de cobrança: Remessa sem

saque é quando o exportador remete a mercadoria para o exterior e, posteriormente recebe o

valor correspondente. A cobrança à vista se dá quando o exportador remete a mercadoria

para o exterior e na entrega dos documentos, encaminha um saque ou cambial para um

banco, que se encarrega de entregá-lo ao importador em seu país, mediante o pagamento.

Caso o importador não pague o valor correspondente não poderá efetuar o desembaraço da

mercadoria, e ainda coloca o exportador diante da situação de ter que recolocar a mercadoria

ou trazê-la de volta para o Brasil, arcando com as despesas desses processos. Na cobrança a

prazo o exportador remete a mercadoria para o exterior e, após o embarque, providencia os

documentos acompanhados do titulo de credito, denominado saque ou cambial, e entrega-os

a um banco, que por sua vez procede a entrega desses documentos ao importador, para que

Page 47: Exportação: Da Teoria a Prática

46

este providencie o desembaraço da mercadoria. O importador deverá providenciar o

pagamento quando ocorrer o vencimento do saque.

A cobrança documentária pode ser a vista ou a prazo. No caso de ser a vista, os

documentos pertinentes à mercadoria somente poderão ser entregues ao

importador após o pagamento da exportação. No caso de cobrança a prazo o

procedimento é o mesmo da cobrança à vista, diferindo apenas pelo fato de os

documentos serem entregues mediante aceite da letra de cambio. (HARTUNG,

2004, p. 27).

Castro (2001) diz que quando as empresas exportadoras e importadoras pertencem

ao mesmo grupo ou a exportadora tem total e irrestrita confiança no importador e no seu

país, os documentos originais de exportador entregando posteriormente ao banco negociador

do câmbio no Brasil cópia desses documentos.

Na opção da carta de crédito a grande vantagem está no fato de que o pagador não

é o importador e sim um banco nomeado pelo próprio instrumento. Nesta modalidade alguns

pontos são fundamentais para o êxito das operações de comercio exterior através de carta de

credito, como certificar-se de que o banco eminente e confirmador esta caracterizado como

banco de primeira linha. Também é necessário observar se o beneficiário esta identificado

corretamente (razão social), e identificar se o valor, moeda, praça de pagamento e prazo

estão em conformidade com o que foi negociado, verificar se estão expressas a modalidade

de venda e a modalidade de transporte eleita, etc.

A carta de crédito é um documento que impõe condições para sua perfeita

validade e utilização. A carta de crédito possui várias particularidades, sendo

as principais: Prazo de validade do credito, prazo de negociação, data de

desembolso, discrepâncias, convenio de créditos recíprocos, cobrança

documentaria, remessa sem saque ou remessa direta de documentos.

(HARTUNG, 2004, p.26).

O último tipo de modalidade de pagamento segundo o site SEBRAE (2009), é o

cartão de crédito, dessa forma o importador efetua o pagamento da mercadoria exportadora

pelo empresário brasileiro, com a utilização de cartão de crédito, sendo que existe limitação

de valores para este tipo de operação. Esta nova modalidade é um estimulo, pois facilita a

negociação de exportações, cujas operações são de baixo valor, mas que no seu somatório

representam um valor significativo para a balança comercial brasileira.

Page 48: Exportação: Da Teoria a Prática

47

Um conjunto de fatores devem ser analisados com bastante critério pelo exportador

devem ser analisados com bastante critério pelo exportador, pois terão influencia direta na

escolha da condição de pagamento a ser formalizada na proposta de exportação, entre os

quais listam-se os seguintes (CASTRO, 2001): Situação e aspectos econômicos, políticos e

sociais do importador, natureza, características, qualidade, concorrência, nível de oferta,

peculiaridades do produto, conceito, tradição e histórico do importador, posição da balança

comercial, do balanço de pagamento e das reservas cambiais do país importador.

Após a análise desses itens, o exportador estará em condições de calcular o risco e

definir o prazo e a modalidade de pagamentos serem propostas ao importador, objetivando

proporcionar segurança e proteção às suas atividades comerciais internacionais. (CASTRO,

2001, p.80).

Porém, convém salientar que em cada modalidade é preciso avaliar na melhor

opção e escolher aquela que atenda as exigências da empresas e que não apresente riscos na

inserção internacional.

Segundo Hartung (2004) para agregar segurança aos negócios a comunidade

financeira internacional em conjunto com várias organizações entre elas a Câmara de

Comércio Internacional e a Organização Mundial do Comércio, criou uma serie de

mecanismos para trazer mais segurança as partes, além de garantir indenização ou

cumprimento da obrigação. Entre elas estão as cartas de crédito e as garantias bancárias

Internacionais, que são documentos emitidos por bancos, por conta e ordem de seus clientes

em favor de terceiros. Através desses documentos os bancos assumem o compromisso de,

ocorrendo reclamação ou solicitação do beneficiário, promover o pagamento, seja integral

ou parcial conforme estabelecido na carta de garantia.

Nas transações internacionais temos ainda os seguros. Eles visam agregar garantias

não apenas as negociações, mas também ao funcionamento do produto adquirido. A

responsabilidade pela contratação do seguro é previamente acertada entre os envolvidos.

Existem três formas de seguros. Segundo Hartung (2004), são elas:

Seguro de Transporte Internacional: É a principal modalidade presente nas

transações. Cobre desde o embarque da mercadoria até sua entrega ao importador. Seu

objetivo é cobrir eventuais avarias, danos, furto, extravios, etc.

Seguro da Mercadoria: É utilizado principalmente em operações de longo prazo.

Tem como objetivo garantir a integridade do equipamento ou produto contra sinistros,

incêndios, catástrofes, etc. Normalmente o beneficiário é o financiador do equipamento.

Page 49: Exportação: Da Teoria a Prática

48

Seguro de Crédito: É utilizado para garantir o pagamento da operação em caso de

eventual inadimplência. É muito comum em casos de financiamentos de longo prazo. Entre

os principais itens que compõe o custo do seguro de credito podemos citar: risco de credito,

risco país.

Page 50: Exportação: Da Teoria a Prática

49

2.5 ASPECTOS DOCUMENTAIS

No comércio internacional, os documentos desempenham importante função, já que

é por meio de um contrato que uma negociação internacional se formaliza. Esse contrato não

precisa ter uma forma preestabelecida, podendo ser uma carta ou um fax, onde se define as

condições da operação. Para facilitar o intercâmbio comercial, alguns documentos são

padronizados, embora ocorram diferenciações de modelos conforme o país importador, o

importante é que haja clareza nas condições da negociação.

Para uma negociação com o potencial importador é necessário um Fatura Proforma

ou Pro Forma Invoice, é esse documento que dará início ao negócio. “O exportador deverá

elaborar a fatura pró-forma documento semelhante ao pedido utilizado para vendas dentro

do país. Esse documento deve conter detalhes sobre os pontos acertados na negociação.

(SEBRAE 1999, p.31)”. Logo após os primeiros contatos e manifestada a intenção de

realizar uma operação comercial, o exportador emite para o importador uma fatura Proforma

para que este providencie a Licença de Importação entre outras providências. Este

documento é o modelo de contrato mais freqüente, já que formaliza e confirma a

negociação, desde que devolvido ao exportador, contendo o aceite do importador para as

especificações contidas.

É o documento que da inicio a operação, nele encontramos as condições gerais

do negocio, como preço, local de entrega da mercadoria, prazo estimado,

condições de embalagem, etc. Equivale a uma espécie de orçamento. Ainda

não há um compromisso formal entre vendedor e comprador. (HARTUNG,

2004, p.35).

Ele é similar à fatura definitiva, porém com características de um orçamento, ou

seja, não gera a obrigação do pagamento por parte do comprador. Além disso, deve ser

emitido no idioma do país importador ou em inglês.

De acordo com dados do SEBRAE (1999), para o controle governamental, deve

ser emitido o Registro de Exportação, que é emitido e preenchido no Siscomex pelo próprio

exportador ou representante legal. A sua finalidade é registrar a operação para fins dos

controles governamentais nas áreas comercial, fiscal, cambial e aduaneira. As informações

prestadas em tempo de registro só poderão ser alteradas pelo exportador até o momento de

inicio de despacho aduaneiro ou da vinculação de contrato de câmbio.

Page 51: Exportação: Da Teoria a Prática

50

A commercial Invoice é o documento emitido em substituição à fatura pro forma.

Contem praticamente as mesmas informações, porém acrescidas das condições definitivas

da transação, tais como prazo de pagamento, data do pagamento, local de embarque e

desembarque da mercadoria, etc.

O documento exigido para fins fiscais e contábeis é o contrato de câmbio, que é

emitido pelo banco negociador de câmbio e que formaliza a troca de moeda estrangeira por

moeda nacional. No cenário externo ele equivale a Nota Fiscal, sua validade se da a partir da

data de saída da mercadoria do território nacional. Este documento é indispensável para o

importador liberar a mercadoria no país de destino. De acordo com o SEBRAE (1999) os

bancos e corretoras editam o contrato de câmbio no sistema e o imprimem em qualquer

ambiente interligado ao Siscomex, para a coleta de assinaturas. Os controles cambiais

exercidos pelo Banco Central e demais bancos autorizados a operar com cambio passaram a

ser informatizados a partir da implantação do SISCOMEX.

Segundo Hartung (2004) o contrato de câmbio é o documento firmado entre

comprador e vendedor da moeda estrangeira mediante entrega ou recibo de moeda nacional.

É obrigatório em todas as operações de conversão de moedas no país. Sua oficialização se

dá com o registro no SISBACEN.

Além desses documentos é exigido ainda o comprovante de exportação, emitido

pela SRF que comprova o efetivo embarque da mercadoria. O CE comprova a operação de

exportação e tem força legal para fins administrativos, cambiais e fiscais. No caso especial

de envio para o exterior de bagagens, encomendas, donativos e amostra sem valor

comercial, até o limite de US$ 5 mil (MINISTÉRIO DA FAZENDA), o RE é dispensado e

substituído pelo Despacho Sumário, registrado pelo servidor da SRF.

Depois de aprovado o Registro de Exportação, deve- se providenciar a emissão da

Nota Fiscal, que deve acompanhar a mercadoria desde a saída do estabelecimento até a

efetiva liberação junto à Secretaria da Receita Federal. Ela precisa acompanhar o produto

somente no trânsito interno.

Conhecimento de Embarque (Bill Of Lading = B/L) é um documento emitido pela

companhia transportadora que reconhece o recebimento da carga, as condições de transporte

e a obrigação de entrega das mercadorias ao destinatário legal, no ponto de destino pré-

estabelecido, conferindo a posse das mercadorias. É, ao mesmo tempo, um recibo de

mercadorias, um contrato de entrega e um documento de propriedade, constituindo assim

um título de crédito. O conhecimento de embarque recebe denominações diferentes de

Page 52: Exportação: Da Teoria a Prática

51

acordo com o meio de transporte utilizados: Conhecimento de Embarque Marítimo (Bill of

Lading - B/L); Conhecimento de Embarque Aéreo (Airway Bill - AWB) Conhecimento de

Transporte Rodoviário (CRT); Conhecimento de Transporte Ferroviário (TIF/DTA). “Esse

documento é a comprovação de que a mercadoria foi entregue ao transportador e confere ao

consignatário a posse da mercadoria. A emissão do conhecimento é efetuada pelo

transportador e emitida em três vias originais negociáveis. (SEBRAE, 2009)”

Segundo Hartung (2004) Os documentos listados a cima devem conter uma

descrição sucinta da mercadoria ou do container, indicar o nome do vendedor, comprador,

data e numero do vôo, valor do frete, condição do frete (pré-pago ou não) e eventuais dados

que o vendedor ou comprador exige.

Para a exportação, também são necessários documentos como o Romaneio de

Embarque (Packing List) que é emitido pelo exportador para o embarque de mercadorias

que se encontram armazenadas. É necessário para o desembaraço da mercadoria e para a

orientação do importador para saber quando essa chega ao país de destino. O Romaneio

consiste em uma lista relacionando uma descrição detalhada dos produtos a serem

embarcados (volumes e conteúdos). De acordo com o SEBRAE RS (1999) este documento

facilita a fiscalização e, acima de tudo, permite ao importador a localização da mercadoria

de forma facilitada. A carta de crédito é de grande importância para que o exportador possa

concretizar a negociação da operação junto ao banco. Ela deve ser providenciada pelo

importador e emitida por um Banco. O exportador deve então, procurar maiores informações

sobre o Banco escolhido pelo importador para saber se o Banco escolhido pelo importador

tem credibilidade no mercado interno, caso não tiver, o exportador pode exigir o Borderô ou

Certificado ou Apólice de Seguro:

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2009),

o Borderô é um protocolo fornecido pelo Banco negociador de câmbio, no qual são

relacionados todos os outros documentos a ele entregues. E o Certificado ou Apólice de

Seguro é o documento exigido quando a condição de venda envolve a contratação de seguro

da mercadoria. Deve ser providenciado antes do embarque, junto a uma empresa seguradora.

Outro documento necessário para a exportação é o Certificado de Origem, esse

documento é providenciado pelo exportador e utilizado pelo importador para comprovar a

origem da mercadoria, possibilitando à isenção ou redução do imposto de importação.

Page 53: Exportação: Da Teoria a Prática

52

O certificado de origem é o documento que atesta a origem da mercadoria.

Pode ser exigido pelo país importador, de acordo com o tipo de produto, ou

pelo próprio exportador, para a obtenção de redução ou isenção de impostos no

destino por determinação de algum tipo de acordo, geralmente firmado entre os

países do exportador e do importador. Os modelos de certificado de origem são

variados, em função do destino da mercadoria. (SEBRAE, 2009).

Dependendo do país de destino, existem diferentes Certificados de Origem, como o

Certificado de Origem MERCOSUL que é emitido por federações, confederações ou centros

da indústria, do comércio ou da agricultura. De acordo com dados do site Aprendendo a

Exportar, ele é emitido pela Fiergs e Federasul. Serve para declarar a origem das

mercadorias a serem exportadas para os países signatários do MERCOSUL. O Certificado

de Origem ALADI é emitido por federações estaduais de indústria e federações estaduais de

comércio. Esse certificado também é emitido pela Fiergs e Federasul, segundo o site

Aprendendo a Exportar, serve para declarar a origem das mercadorias a serem exportadas

para países membros da Aladi. O Certificado de Origem Sistema Geral de Preferências

emitido pelas agências do Banco do Brasil que operam com comércio exterior. O documento

é denominado Form A e constitui requisito para a concessão de reduções tarifárias de países

industrializados para países em desenvolvimento.

Habilitam exportadores ao tratamento preferencial, para os produtos que

correspondem a determinada descrição, satisfazem as regras do país

importador e que se enquadram nas condições de transporte até o seu destino.

Os países que aceitam o Form A são Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica,

Bulgária, Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França,

Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Noruega, Nova Zelândia,

Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, Suécia e Suíça. Informações

detalhadas sobre as condições para internação das mercadorias nos países

acima, com as vantagens previstas, podem ser obtidas junto as autoridades dos

países beneficiários, credenciadas para este fim, ou junto as autoridades

aduaneiras dos países outorgantes de preferências. (MINISTÉRIO DO

DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2009).

Já o Certificado de Origem Sistema Global de Preferências Comerciais é emitido

por federações estaduais de indústria (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009), a legalização

consular não é exigida por todos os países importadores, portanto o exportador deve

confirmar a necessidade desta providência (que consiste no reconhecimento de firma por

parte da autoridade consular).

O Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (2009) lembra ainda que

para determinados produtos, o importador poderá solicitar ainda certificados fitossanitários

ou específicos, certificados de transporte seguro, certificados de inspeção prévia, etc. Há

Page 54: Exportação: Da Teoria a Prática

53

ainda duas modalidades de exportação que exigem regulamentação específica. Na

exportação temporária, a empresa envia ao exterior mercadoria para exibição em exposições

ou feiras, devendo comprovar o retorno da mesma no prazo máximo de 180 dias a partir do

embarque, e no de venda, através do ingresso da moeda estrangeira. Já na exportação em

consignação, a empresa pode realizar vendas com prazo máximo de 180 dias, a partir do

embarque. Até o vencimento, a empresa deve providenciar a liquidação cambial. Caso não

ocorra a venda, a empresa deve comprovar o retorno da mercadoria dentro do prazo

estipulado.

A emissão do Certificado de Origem é necessária em cada operação de exportação

efetuada. Cada certificado está estritamente vinculado a uma Fatura Comercial. Sendo

assim, se um exportador emitir três faturas, deverá providenciar a emissão de três

certificados, mesmo que todas as faturas sejam destinadas ao mesmo importador.

Page 55: Exportação: Da Teoria a Prática

54

2.6 ASPECTOS LEGAIS

Conforme já citado anteriormente, o SISCOMEX é um sistema informatizado que

integra as atividades de registro, acompanhamento e controle de comércio exterior.

Segundo Castro (2001), por intermédio do SISCOMEX, as operações de

exportação são registradas e, analisadas on-line pelos órgãos “gestores” do sistema (SECEX,

SRF e BACEN), além disso, permite que os órgãos intervenientes no comércio exterior

possam acompanhar controlar e interferir no processo de saída e entrada de produtos no

País. O SISCOMEX, também permite que as empresas tenham acesso a esse sistema

através do seu próprio estabelecimento, ou que credenciem junto a uma Unidade Federal

bancos autorizados a operar em câmbio, sociedades corretoras de câmbio, despachantes

aduaneiros e órgãos da administração direta e indireta que atuam no comercio exterior, os

quais estão autorizados a efetuar esses registros no SISCOMEX, para que atuem em seu

nome.

Porém, deve ser lembrado que a dispensa de formalidades para a inscrição no REI

não desobriga os de solicitar o credenciamento para processar suas operações no

SISCOMEX.

Para se começar a exportar é necessária a inscrição no Registro de Exportadores e

Importadores. Com esse registro as operações de exportação e importação poderão ser

realizadas por pessoas físicas ou jurídicas.

De acordo com a Portaria SECEX nº 15, de 17.11.2004 (acrescida das lterações

efetuadas por Portarias SECEX posteriores), os exportadores e importadores

são inscritos automaticamente no REI, ao realizarem a primeira operação, sem

o encaminhamento de quaisquer documentos, os quais poderão ser solicitados,

eventualmente, pelo Departamento de Comércio Exterior da SECEX, para

verificação de rotina. (MINISTERIO DA FAZENDA, 2009)

Porém a inscrição no REI poderá ser negada, suspensa ou cancelada nos casos de

punição em decisão administrativa final, pelos seguintes motivos: infração de natureza

fiscal, cambial, de comércio exterior ou abuso de poder econômico.

Conforme preceitua o § 6º do art. 148 da portaria nº 36 de 22.11.2007, alterado

pela Portaria Secex Nº 8, de 16.05.2008, ficam dispensadas da obrigatoriedade

de inscrição do exportador no REI as exportações via remessa postal, com ou

sem cobertura cambial, exceto donativos, realizadas por pessoa física ou

Page 56: Exportação: Da Teoria a Prática

55

jurídica até o limite de US$ 50.000,00 (cinqüenta mil dólares dos Estados

Unidos) ou o equivalente em outra moeda, exceto quando se tratar de: produto

como exportação proibida ou suspensa; produto sujeito a Registro de Venda -

RV; exportação com margem não sacada de câmbio; exportação vinculada a

regimes aduaneiros especiais e atípicos; exportação vinculada ao Programa

Especial de Exportação - BEFIEX; exportação sujeita ao Registro de

Operações de Crédito - RC. (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009).

O comércio Internacional é necessário porque nenhum país dispõe de todos os

recursos naturais para seu sustento. Apesar disso, essa atividade defronta com uma serie de

barreiras

As barreiras comerciais são usadas, pois a diferença no custo de produção entre os

países no mundo é muito grande. Além das diferenças de remuneração da mão-de-obra, há

diferenças no custo de obtenção da matéria-prima, dos encargos, da aquisição de máquinas e

equipamentos, entre outros. Estas diferenças de preço acarretariam em perda de

competitividade entre os produtos nacional e internacional, causando enfraquecimento das

empresas e da economia nacional.

Normas estabelecidas pelos governos para controlar a entrada de mercadorias

estrangeiras nos seus países (Seus principais instrumentos são tarifas,

depósitos, cotas e licenças de importação, com o objetivo de proteger a

produção nacional ou mesmo de outros países, com os quais não existam

acordos comerciais restritos. (LAROUSSE, 1999, p. 658)

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009),

sendo usada como forma de protecionismo, a barreira tarifária é menos combatida porque as

regras estão bem definidas, em função das alíquotas. Os problemas mais sérios são no

campo das barreiras não-tarifárias devido às práticas controladas direta ou indiretamente

pelos governos que discriminam o produto estrangeiro e que tendem a restringir ou alterar o

volume, a composição dos produtos e o destino do comércio internacional. Dentro das

barreiras não tarifarias estão às quotas de importação, barreiras técnicas, barreiras

ecológicas, etc.

As quotas de exportação são restrições quantitativas sobre as exportações de um

determinado país. Elas são utilizadas, principalmente, a fim de promover a implementação

dos processos de restrição voluntária à exportação. (INSTITUTO DE ESTUDOS DO

COMÉRCIO E NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS, 2009).

Page 57: Exportação: Da Teoria a Prática

56

O sistema de quotas obriga o país importador a criar um controlar. Geralmente, ele

é feito por meio de emissão de licença de importação. A quota não encarece o custo da

mercadoria importada, o que não ocorre com as barreiras alfandegárias.

“O sistema de quotas serve para suprir o mercado da quantidade de mercadoria que

a produção interna esta impossibilitada de atender o consumo nacional. Com isso o povo se

beneficia duplamente.” (MAIA, 2007, p. 217)

As barreiras técnicas considerando o estipulado pela OMC, são barreiras

comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos técnicos não-transparentes ou

não-embasados em normas internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção de

procedimentos de avaliação da conformidade não-transparentes e/ou demasiadamente

dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas.

No caso das barreiras ecológicas, (SEIXAS, apud, MAIA, 1993) aponta que sob a

alegação de agressão a natureza exigências ecológicas que na verdade estão camuflando

barreiras que podem ser ate mesmo políticas. A medida que certas barreiras estão sendo

eliminada, outras vão surgindo, pois o nacionalismo e o protecionismo sempre existiram no

comércio internacional.

Já as barreiras tarifárias são práticas protecionistas pela incidência de alíquotas de

impostos de importação que majoram os preços dos produtos. Geralmente, o governo

intervém com o objetivo de favorecer o produtor nacional frente aos concorrentes

estrangeiros, isso pode se dar por meio da imposição de tarifas aduaneiras sobre os produtos

importados; a conseqüência evidente é o aumento do preço dos produtos importados,

incentivando o consumo dos produtos nacionais (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009).

De acordo com Maia (2007) existem barreiras necessárias e também barreiras

inaceitáveis. As necessárias são usadas quando a produção nacional esta sendo agredidas por

empresas do exterior com a finalidade de destruir a produção nacional e os empregos. Ate os

defensores do imposto único admitem a necessidade de ser mantido o imposto aduaneiro,

com o fim exclusivo de proteger a produção nacional.

Dentre os fatos que são entraves ao livre comércio exterior estão o monopólio, o

dumping, o oligopólio, trust e o cartel (MAIA, 2007):

Os monopólios; Quando existem concorrentes no mercado, é impossível fixar um

preço arbitrário para os produtos. Numa situação de concorrência perfeita, o preço se

estabelece de acordo com as condições do mercado e tende a permanecer em patamares

próximos ao custo de produção das mercadorias. Já no caso de um produtor monopolista,

Page 58: Exportação: Da Teoria a Prática

57

pode-se aumentar seu lucro total mediante a simples elevação do preço, pois domina a oferta

e não é ameaçado pela concorrência. Portanto, o monopólio é uma condição do mercado que

se caracteriza por um só vendedor e pelo controle dos preços e das quantidades de bens ou

serviços oferecidos aos usuários e consumidores. Porém como lembra Maia (2007) quando

um país ou um grupo econômico tem o monopólio de um produto, fica dono do mercado r

pode impor o preço que quiser, podendo até reduzir a produção para elevar os preços, porém

essa prática em curto prazo é prejudicial ao consumidor, e em longo prazo ao produtor.

A política de dumping consiste em vender no exterior por preço abaixo do custo de

produção. O objetivo é destruir o concorrente e ficar dono do mercado. Desta forma quem

faz o dumping terá futuramente meios de impor preços e condições criando um monopólio.

“Dumping é a introdução de um bem no mercado domestico, inclusive sob as modalidades

de drawback, a preço de exportação inferior ao valor normal. (MINISTÉRIO DO

DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR, 2009)

Maia (2007) afirma que o oligopólio se da quando o mercado está nas mãos de

alguns poucos concorrentes. Normalmente o oligopólio é formado por empresas de grande

porte, pois como são grupos poderosos, destroem as empresas menores e como

conseqüência eliminam a concorrência. Ficando assim donos do mercado. Maia diz ainda

que ate 1997 no Brasil à indústria automobilística era um oligopólio, pois para um dos

maiores segmentos da nossa economia tínhamos apenas a General Motors, Fiat, Ford e

Volkswagen. O oligopólio pode manter uma política de preços nociva ao consumidor.

Já quando falamos do Trust, Maia diz que se trará da fusão de varias empresas de

forma a atender para o monopólio. Assim o mercado passaria a ser manipulado pelo trust,

impondo preços e condições. Os países combatem o trust por meio de políticas adequadas.

No caso do Cartel, ele é um acordo explícito ou implícito entre concorrentes para a

fixação de preços ou quotas de produção, divisão de clientes e de mercados de atuação. O

Cartel normalmente ocorre em mercados de oligopólio envolvendo produtos homogêneos.

“Assim, suprimem a livre concorrecia. Uma das caracteristica importantes é que cada

empresa conserva sua autonomia interna. ( MAIA, 2007, p. 210)”.

Os modelos citados acima detem o progresso, pois, sem a concorrencia, nao ha

necessidade de buscar melhorias para o produto e tambem de tanter reduzir custos e preços.

Outra forma encontrada pelos países para desencorajar as importações e encorajar

as exportações é o uso do subsídio, que consiste em pagamentos, diretos ou indiretos, feitos

pelo governo que equivalem a um imposto negativo e representa uma redução de custo para

Page 59: Exportação: Da Teoria a Prática

58

o produtor. No geral, a concessão de subsídios acontece por meio de pagamentos em

dinheiro, redução de impostos ou financiamentos a taxas de juros inferiores às de mercado.

Há casos em que o governo compra do fornecedor a um determinado preço e revende por

um preço inferior aos consumidores.

O subsidio a exportação provoca perdas para a parcela da sociedade que o adota.

Os ganhos dos produtores são menores que as perdas dos consumidores. Porém quando o

país que subsidia a exportação tem grande participação no mercado mundial, as perdas

extrapolam as fronteiras nacionais. A maior oferta do produto subsidiado reduz sua cotação

internacional, resultando em menor nível de bem-estar para os outros concorrentes.

É comum os governos subsidiarem a produção de algumas mercadorias com a

finalidade de elas se tornarem competitivas, em preços, com as produzidas no

exterior. Quando o subsidio é destinado à exportação, ele poderá constituir-se

num dumping. Outras vezes, o subsidio é para a produção de mercadorias

destinadas ao consumo interno, porque, sem esse auxilio a produção nacional

não poderia competir com a produção estrangeira. Isso onera o bolso do

consumidor nacional que paga os subsídios por meio de impostos. (MAIA,

2007, p. 212).

Existem também barreiras alfandegárias, que foram criadas devido o crescimento

demográfico e a necessidade de criar novos empregos. Para sanar essas necessidades, os

governos estimulam a implantação de indústrias, muitas vezes sem condições de competir

com as já existentes, então para mantê-las usam-se essas barreiras. Maia (2007) diz que se

essas barreiras forem temporárias e criadas mediante um cronograma com tarifas

decrescentes, as indústrias locais são obrigadas a modernizar-se e poderão assim enfrentar a

concorrência externa. Se essas barreiras forem permanentes, as indústrias locais se

acomodaram e continuaram a produzir artigos caros e ruins.

Existem também as taxas múltiplas de cambio, segundo Maia (2007) é comum em

determinados momentos o governo intervir no mercado de cambio, fixando uma paridade

para a moeda nacional fora da realidade, o que gera um crescimento da inflação, pois como

a moeda nacional está muito valorizada, tudo o que vem do exterior é muito barato. Em face

disso, o governo cria duas ou mais taxas de cambio para controlar a importação. As

mercadorias consideradas essenciais são beneficiadas são beneficiadas com taxas

favorecidas e as não essenciais com taxas elevadas.

Geralmente, a diminuição das barreiras tarifárias corresponde um aumento das

barreiras não-tarifárias, como uma forma de manter o “equilíbrio” interno. As negociações

Page 60: Exportação: Da Teoria a Prática

59

tanto para a implantação quanto para a retirada de barreiras comerciais, se da nos fóruns

comerciais internacionais, através de acordos e tratados.

Em um mundo com tal grau de interdependência como o atual, nenhum país pode

pretender exportar seus produtos livremente e, ao mesmo tempo, construir barreiras para o

restante das nações. (MAIA, apud, GOITIA, 1998).

Outro aspecto legal ao qual se deve prestar atenção é no controle da qualidade das

embalagens utilizadas, seja a embalagem para transporte ou aquela que será apresentada ao

consumidor final.

Para isso devem-se observar itens como as exigências do mercado externo, tanto

sob o aspecto de cumprimento da legislação dos países importadores, quanto da adaptação

da aparência externa de seu produto ao gosto do consumidor, e a imagem do país no

exterior, pois a mercadoria exportada será vista como uma espécie de "cartão de visitas" do

país exportador. Portanto as mercadorias devem ser embaladas tendo em vista a proteção

durante transporte, movimentação, armazenagem, comercialização e consumo.

A embalagem de prateleira integra o preço e tem como finalidade a estética do

produto, possuindo baixo poder de proteção. Já a embalagem de transporte ou

acondicionamento proporciona maior proteção e facilita o manuseio e deslocamento.

(APRENDENDO A EXPORTAR, 2009)

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2007), a

unitizaçao é a alocação de um conjunto de mercadorias em uma única unidade com

dimensões padronizadas, isso facilita as operações de armazenamento e movimentação da

carga de forma mecanizada. A unitizaçao não é propriamente uma embalagem, é apenas um

acessório para o deslocamento ou transporte de carga, e não faz parte do produto

armazenado.

As formas mais comuns de unitizaçao são a pré-lingagem (amarração ou

acintamento), que consiste no envolvimento da carga por redes especiais ou cintas com alças

adequadas ao transporte por içamento.

Figura 1 Amarração

Page 61: Exportação: Da Teoria a Prática

60

Fonte: (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009)

A palatização é o uso de uma plataforma de madeira destinada a suportar o peso da

carga, que é fixada através de cintas que permitem a sua movimentação mecânica com o uso

de empilhadeiras.

Figura 2 Palatização

Fonte: (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009)

Já conteinerização é a colocação da carga em um contêiner, destinado a propiciar o

transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, permitindo fácil

carregamento e descarregamento e adequado à movimentação mecânica e ao transporte por

diferentes equipamentos. É utilizado para cargas a granel, frigorificada, perigosa, neo-

granel e demais cargas em geral.

Figura 3 Conteinerização

Fonte: (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009)

Outro procedimento importante para o embarque das mercadorias é a rotulagem e

marcação da mercadoria.

A rotulagem deve transmitir a imagem da empresa, observando as regras de

identificação do produto de acordo com a legislação do país importador. Assim sendo, a

empresa exportadora deve antes de criar rótulos para o produto, se informar sobre a

legislação do país importador.

A marcação dos volumes é feita pelo exportador, e consiste na identificação das

mercadorias e do lote a ser embarcado. Esse procedimento tem a função de individualizar as

mercadorias, facilitando sua identificação por parte do importador e das autoridades

alfandegárias e fiscais, tanto no embarque quanto no desembarque.

Alguns símbolos utilizados internacionalmente para identificar as mercadorias com

características especiais são:

Page 62: Exportação: Da Teoria a Prática

61

Figura 4 Frágil

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009)

Figura 5 Sensível ao calor

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009)

Figura 5 Sensível a umidade

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009)

Figura 6 Não pode ser tombada

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009)

Figura 7 Não admite uso de guincho

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009)

Page 63: Exportação: Da Teoria a Prática

62

Também é necessário classificar a natureza da carga transportada. A natureza pode

ser: geral, a granel, frigorificada, perigosa e neo - granel. Segundo o site Aprendendo a

Exportar ( 2009) segue a definição e as mercadorias que se enquadram em cada tipo de

carga.

Geral: É embarcada e transportada com acondicionamento (embalagem de

transporte ou unitizaçao), com marca de identificação e contagem de unidades, ela pode ser

Solta; inclui sacarias, fardos, caixas de papelão e madeira, engradados, tambores, etc. Há

perda significativa de tempo na manipulação, carregamento e descarregamento devido a

grande quantidade de pequenos volumes, sujeitos a perdas e avarias, e a variedade de

mercadorias. Ou Unitizada; agrupamento de vários itens, distintos ou não, em unidades de

transporte.

Carga a granel, que é carga líquida ou seca embarcada e transportada sem

acondicionamento, sem marca de identificação e sem contagem de unidades, como petróleo,

trigo, etc.

Carga frigorificada necessita ser refrigerada ou congelada para conservar as

qualidades essenciais do produto durante o transporte, tais como frutas frescas, carnes, etc.

Carga Perigosa É a aquela que, em virtude de sua natureza, pode provocar

acidentes, danificando outras cargas ou os meios de transporte e colocando em risco as

pessoas que a manipulam. Com base no tipo de risco que apresentam, dividem - se em:

explosivos, gases, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis e semelhantes, substâncias

oxidantes e peróxidos orgânicos, substâncias tóxicas (venenosas) e substâncias infectantes,

materiais radioativos, corrosivos e variedades de substâncias perigosas diversas. Tendo

identificações especiais de acordo com a sua categoria de risco.

Neo - Granel corresponde ao carregamento formado por conglomerados

homogêneos de mercadorias, de carga geral, sem acondicionamento específico, cujo volume

ou quantidade possibilita o transporte em lotes, em um único embarque (exemplo: veículos).

É muito importante identificar a carga corretamente para evitar avarias a

mercadoria e ao meio de transporte, prejuízos aos exportadores e importadores e

principalmente para não haver acidentes com as pessoas que manuseiam as mercadorias.

Page 64: Exportação: Da Teoria a Prática

63

2.6.1 Drawback

Segundo o site do Ministério da Fazenda (2009), o regime aduaneiro especial de

drawback foi instituído em 1966 pelo Decreto Lei nº 37, de 21/11/66, consiste na suspensão

ou eliminação de tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto

exportado. O mecanismo funciona como um incentivo às exportações, pois reduz os custos

de produção de produtos exportáveis, tornando-os mais competitivos no mercado

internacional.

É uma palavra inglesa muito utilizada no Comércio Internacional, consiste no

seguinte: um exportador importa matéria-prima para confeccionar mercadorias

que serão exportadas. Essa mercadoria não paga os impostos aduaneiros

devidos. É, portanto uma isenção de impostos com a finalidade de promover a

exportação. Sem essa isenção, a mercadoria nacional no exterior ficaria mais

cara, e consecutivamente perderia a competitividade. (MAIA, 2007, p.22)

Já de acordo com Castro (2001), o drawback é um incentivo fiscal à exportação

que permite á empresa industrial ou comercial importar, livre do pagamento de impostos e

taxas, mercadoria para ser utilizado na fabricação de novo produto a ser gerado por

transformação, beneficente ou integração com a condição básica de este povo produto ser

integralmente exportado.

Hartung (2004) diz que o Drawback é uma modalidade de incentivo fiscal à

exportação. Através desse mecanismo pode-se importar mercadorias, para que sejam

destinadas à produção, composição, transformação, beneficiamento e acondicionamento de

produtos brasileiros, sem a incidência de determinados impostos, com posterior exportação.

Existem três modalidades de drawback: isenção, suspensão e restituição de

tributos. A primeira modalidade consiste na isenção dos tributos incidentes na importação de

mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes, destinada à reposição de outra

importada anteriormente, com pagamento de tributos, e utilizada na industrialização de

produto exportado. Segundo Maia o (2007) a suspensão ocorre quando o exportador

apresenta previamente um plano de uma importação conjugada com uma exportação. Nesse

caso importa a matéria- prima sem pagamento do imposto aduaneiro. O exportador terá um

prazo para comprovar o cumprimento do plano apresentado.

Page 65: Exportação: Da Teoria a Prática

64

Nessa modalidade é concedido o Drawback para Reposição de Matéria-Prima

Nacional, que consiste na importação de mercadoria para reposição de matéria-prima

nacional utilizada em processo de industrialização de produto exportado, com vistas a

beneficiar a indústria exportadora ou o fornecedor nacional, e para atender a conjunturas de

mercado. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E COMÉRCIO

EXTERIOR, 2009).

Ocorre quando o exportador embarca mercadoria brasileira, cujo processo

produtivo tenha utilizado de mercadoria importada e os impostos relativos ao

produto importado tenham sido devidamente recolhidos. É uma espécie de

compensação ao exportador, que terá direito de importar, inseto de impostos

para repor seu estoque. Essa modalidade é concedida para a reposição de

mercadorias em quantidade e qualidade equivalentes, com a mesma finalidade

das inicialmente importadas. Trata-se de um beneficio para reposição de

estoque. (HARTUNG, 2004, p. 305).

Na segunda, ocorre a suspensão dos tributos incidentes na importação de

mercadoria a ser utilizada na industrialização de produto que deve ser exportado. A

modalidade de suspensão é aplicada às seguintes operações: Drawback Genérico:

caracterizado pela discriminação genérica da mercadoria a importar e o seu respectivo valor;

Drawback Sem Cobertura Cambial: quando não há cobertura cambial, parcial ou total, na

importação; Drawback Solidário: quando existe participação solidária de duas ou mais

empresas industriais na importação; e Drawback para Fornecimento no Mercado Interno:

que trata de importação de matéria-prima, produto intermediário e componente destinados à

industrialização de máquinas e equipamentos no País, para serem fornecidos no mercado

interno, em decorrência de licitação internacional. De acordo com Maia (2007) o exportador

usou matéria- prima tributada de seu estoque. Posteriormente solicita, com isenção do

imposto aduaneiro, a importação da mesma quantidade da matéria-prima usada na

exportação já efetuada, para repor seu estoque. Essa matéria-prima apesar de isenta poderá

ser usada em mercadorias destinadas ao mercado interno; isso porque o imposto pago

anteriormente ficou transferido para a importação.

Através dessa modalidade os tributos ficam suspensos, não se aplicam sobre a

importação. Trata-se de um compromisso de exporta;cão futura. Mas podem

vir a ser aplicados se o exportador não embarcar a mercadoria total ou

parcialmente. Nesse caso ele pagara os tributos apenas sobre o que não for

embarcado. (HARTUNG, 2004, p. 305)

Page 66: Exportação: Da Teoria a Prática

65

A terceira trata da restituição de tributos pagos na importação de insumo

importado utilizado em produto exportado. O drawback de restituição praticamente não é

mais utilizado. O instrumento de incentivo à exportação em exame compreende,

basicamente, as modalidades de isenção e suspensão. (APRENDENDO A EXPORTAR,

2009).

O exportador solicita a restituição de impostos recolhidos, cujas mercadorias

tenham sido importadas, com a devida carga tributaria, e utilizadas em

processos produtivos de exportação. Nessa hipótese, se o exportador por algum

motivo não tiver interesse em uma nova exportação das mercadorias, pode

solicitar a restituição dos impostos pagos. É uma modalidade importante não

apenas como incentivo fiscal, mas também para evitar que o país exporte

impostos. A restituição é um processo de competência exclusiva da Secretaria

da Receita Federal. (HARTUNG, 2004, p. 305)

O regime especial de drawback é concedido a empresas industriais ou comerciais,

tendo a SECEX desenvolvido com o SERPRO sistema de controle para tais operações

denominado Sistema Drawback Eletrônico, implantado desde novembro de 2001 em

módulo específico do SISCOMEX. As principais funções do sistema são: o registro de todas

as etapas do processo de concessão do drawback em documento eletrônico (solicitação,

autorização, consultas, alterações, baixa); tratamento administrativo automático nas

operações parametrizadas; e acompanhamento das importações e exportações vinculadas ao

sistema. Nesse caso o exportador usou matéria-prima já tributada. Não deseja, no momento,

importá-la (seria isenção); nesse caso, solicita a restituição do imposto aduaneiro. (MAIA,

2007, p.23).

O Ato Concessório é emitido em nome da empresa industrial ou comercial, que,

após realizar a importação, envia a mercadoria a um estabelecimento para industrialização,

devendo a exportação do produto deve ser realizada pela própria detentora do drawback.

As exportações vinculadas ao Regime de Drawback estão sujeitas às normas gerais

em vigor para o produto. Um mesmo Registro de Exportação - RE não pode ser utilizado

para comprovação de Atos Concessórios de Drawback distintos de uma mesma beneficiária,

obrigatória a vinculação do Registro de Exportação, ao Ato Concessório de Drawback. A

concessão do Regime Especial de Drawback não assegura a obtenção de cota de importação

para mercadoria ou de exportação para produto sujeito a contingenciamento, nem exime a

importação e a exportação da anuência prévia de outros órgãos, quando for o caso.

(APRENDENDO A EXPORTAR 2009).

Page 67: Exportação: Da Teoria a Prática

66

Não pode ser concedido o regime de drawback para importação de mercadoria

utilizada na industrialização de produto destinado ao consumo na Zona Franca de Manaus e

em áreas de livre comércio, para importação ou exportação de mercadoria suspensa ou

proibida, para exportações contra pagamento em moeda nacional e em moeda-convênio ou

outras não-conversíveis, para importação de petróleo e seus derivados, conforme o disposto

no Decreto nº 1.495, de 18 de maio de 1995, e para exportações vinculadas à comprovação

de outros Regimes Aduaneiros ou incentivos à exportação. (MINISTERIO DA FAZENDA,

2009).

O regime de drawback concede isenção ou suspensão do Imposto de Importação -

II, do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, do Imposto sobre Operações relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação - ICMS, do Adicional ao Frete para Renovação da

Marinha Mercante – AFRMM, além da dispensa do recolhimento de taxas que não

correspondam à efetiva contraprestação de serviços, nos termos da legislação em vigor.

(RECEITA FEDERAL, 2009).

A prática do Drawback precisa ser muito bem fiscalizada para evitar fraudes; para

isso é preciso ter certeza de que a matéria- prima importada com o benefício do drawback,

após a industrialização, não foi exportada, mas vendida no mercado doméstico.

No Drawback interno, segundo Maia (2007), o exportador adquire matéria-prima

nacional para confeccionar mercadorias para a exportação. Esta matéria-prima esta sujeita

ao IPI. Como ele comprova que se destina a exportação, a matéria-prima fica isenta do IPI.

Essa modalidade, existente no Brasil, é também conhecida como drawback verde e amarelo.

No final da década de 80, com o termino dos subsídios fiscais às exportações

brasileiras, os empresários nacionais tiveram que buscar alternativas para manter a

competitividade externa de seus produtos, garantir os mercados conquistados a abrir novos

mercados internacionais. Além disso, a atual realidade mundial, aliada à globalização das

economias, provocou a liberalização do comércio exterior brasileiro e a redução do nível

tarifário das importações, obrigando, ainda, as empresas locais a se preocuparem também

com suas posições no mercado interno frente ais novos concorrentes vindos do exterior.

Esse mecanismo oferece, concomitantemente, estímulos fiscais e de créditos. A importação

com suspensão ou isenção do pagamento de impostos e taxas, influirá diretamente na

redução do custo final do produto exportado, visto que custos como I.I e AFRMM não

permitem sua recuperação pelo sistema de credito na escrita fiscal, sendo diretamente

Page 68: Exportação: Da Teoria a Prática

67

agregados ao custo do produto, refletindo num efetivo incentivo fiscal a exportação. Todos

esses incentivos significam real incentivo creditício a exportação, pois a empresa

importadora poderá alocar esses recursos em outras atividades, evitando desembolso

antecipado que se constituirá em custo financeiro adicional. Assim, o drawback apresenta-se

como um dos mais importantes incentivos às exportações brasileiras de produtos

manufaturados. (CASTRO, 2001).

Page 69: Exportação: Da Teoria a Prática

68

2.7 ASPECTOS CAMBIAIS

O mercado cambial, composto por exportadores, importadores, bolsas de valores

bancos, corretores e todos aqueles que efetuam transações com o exterior. “Um mercado

cambial ou de divisas é um mercado onde são compradas e vendidas as moedas dos

diferentes países, pois não são aceitas moedas estrangeiras em pagamento das exportações,

nem moeda nacional em pagamento das importações.” (CASTRO, 1999).

Dentro do mercado cambial, existem dois grupos; o dos vendedores, composto por

exportadores, turistas, tomadores de empréstimos, vendedores de serviços e especuladores.

E o grupo dos compradores, do qual fazem parte os importadores, turistas, compradores de

serviços, compradores de títulos e especuladores.

Podemos definir o Mercado de Câmbio como macroambiente, abstrato, onde

ocorrem as operações de câmbio entre agentes autorizados. São tidos como

agentes autorizados todos os agentes devidamente credenciados pelo Banco

Central para operar em câmbio, e entre eles podemos citar: bancos, corretoras,

distribuidoras, agencias de turismo e, logicamente, seus clientes. (HARTUNG,

2004, p. 73).

O contrato de câmbio é um instrumento usado pelo vendedor e o comprador de

moedas estrangeiras para mencionar as características completas das operações de cambio e

as condições sob as quais se realizam, e tem como objetivo a troca de divisas, assim sempre

teremos o valor em moeda estrangeira especificado no contrato de cambio, e o valor

correspondente em moeda nacional, obtido através da conversão efetuada a partir da taxa de

câmbio.

Os contratos de câmbio foram criados para dar forma à vontade das partes. Assim,

são instrumentos de manifestação das vontades das mesmas. Hartung (2004) diz que muitas

vezes as operações de câmbio são fechadas com base na palavra, e os contratos surgem

como uma ferramenta para garantir os direitos dos intervenientes e como forma de fazer

com que as obrigações também sejam cumpridas.

A taxa de câmbio é o preço, em moeda nacional, de uma unidade de moeda

estrangeira. Por exemplo: se 1 dólar = 2,30 reais, isso significa que estamos quantificando

em real o valor da moeda americana. Por outro lado, do ponto de vista do estrangeiro,

significa que 1 real vale 0,4347 dólar. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2009).

Page 70: Exportação: Da Teoria a Prática

69

Sendo a moeda uma unidade de valor, ou representativa de valor, o câmbio é

troca de uma moeda por outra, processado através de um valor atribuído a cada

moeda esse valor é denominado de taxa de câmbio. A taxa de câmbio nada

mais é do que a precificação da moeda... Assim podemos concluir que uma

moeda pode ser medida em unidades ou frações que correspondam a centavos

com relação a outras moedas. E a taxa de cambio é o preço atribuído a moeda

estrangeira. Existe a taxa de câmbio de venda e de compra. Esse raciocínio é

feito sempre do ponto de vista dos bancos, ou agentes autorizados pelo Banco

Central a lidar com câmbio. Taxa de venda é a taxa que o banco cobra para

vender a moeda estrangeira ao interessado. Semelhantemente a taxa de compra

é a taxa que o banco concorda ou aceita pagar pela moeda estrangeira. Ao

intervalo existente entre as pontas de compra e venda chamamos de spread,

esse é o ganho do banco na negociação da moeda. (HARTUNG, 2004, p. 86)

As operações de câmbio passam previamente pela etapa chamada de cotação, que

nada mais é do que a precificação da operação. É o momento no qual o cliente submete seu

banco a operação com suas características. O cliente, o prazo, o valor e o risco envolvido

serão os fatores que determinarão o preço da moeda estrangeira a ser utilizada na operação.

As cotações podem ser feitas via telefone ou internet.

Os corretores de câmbio atuam como intermediários entre os bancos e as partes

interessadas. São eles os encarregados de procurar as melhores taxas e condições para seus

clientes. O Banco Central do Brasil é o órgão executor da política cambial brasileira, é ele

quem autoriza os bancos comerciais a operarem no mercado cambial.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior (2009) cita duas

situações, as que não têm cobertura cambial, quando não existe remessa de divisas do

exterior para pagamento de mercadorias, isso ocorre no caso de feiras e exposições no

exterior até o limite de U$ 5.000 mediante a comprovação da participação no certame;

remessas de mercadorias para complementação ou correção de embarque, como quebra,

avaria ou indenização por defeito de fábricas; animais reprodutores e material destinados a

testes, exames ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica. A outra situação, é

quando existe a cobertura cambial, nesse caso ocorre o pagamento proveniente do exterior

referente a remessa da mercadoria. Nos casos em que as exportações têm cobertura cambial,

elas deverão estar vinculadas no SISCOMEX a um contrato de câmbio,

Segundo o site do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, a

fase de contratação ou fechamento do cambio é muito importante no processo de

exportação, pois é nesse momento que ocorre a venda para o banco, por parte do exportador,

Page 71: Exportação: Da Teoria a Prática

70

da moeda estrangeira, o que caracteriza a operação de exportação. As operações de cambio

referentes ã exportação podem ser fechadas antes ou depois do embarque.

Quando as operações de cambio são fechadas antes do embarque, na modalidade

de Pagamento Antecipado da exportação, as moedas transacionadas deverão ser entregues

em até dois dias úteis. Essa modalidade é empregada nos casos em que o importador

financia o exportador. As antecipações podem ser efetuadas pelo importador ou por

qualquer pessoa jurídica no exterior, inclusive instituições financeiras. ( APRENDENDO A

EXPORTAR, 2009).

Segundo Hartung (2004), o pagamento antecipado na exportação ocorre com a

aplicação de moeda estrangeira em contrato de cambio, quando há disponibilidade da

referida moeda no exterior, o que se processa mediante crédito na conta do banqueiro.

Quando as operações de cambio são fechadas após o embarque, através de remessa

sem saque, cobrança documentária e carta de crédito, o prazo para o ingresso da moeda

estrangeira é superior a 02 dias úteis. No caso de exportação financiada, os pagamentos

serão efetuados conforme o acordado no Registro de Crédito. O fechamento do câmbio antes

ou após o embarque envolve a análise de fatores econômicos como a taxa de juros nacional

e internacional e políticas cambiais vigentes.

Com a finalidade de eliminar a burocracia e facilitar os registros no SISBACEN, o

Banco central criou o Câmbio Simplificado. A grande vantagem do cambio simplificado é a

dispensa de apresentação de documentos que comprovem a exportação, dispensa da

formalização do contrato de exportação e dispensa da vinculação do RE.

Os bancos autorizados a operar em câmbio podem efetuar operações de

Câmbio Simplificado decorrentes de vendas de bens ao exterior, por pessoa

física ou jurídica, até o limite, por operação, de US$ 50 mil ou o equivalente

em outra moeda. Tal limite refere-se ao valor da venda ao exterior registrada

no SISCOMEX com RES – Registro de Exportação Simplificado.

(APRENDENDO A EXPORTAR, 2009).

A formalização das operações é efetuada mediante a assinatura do boleto, por parte

do exportador. O registro no SISBACEN pelos bancos é feito no mesmo dia da liquidação

do contrato de câmbio, gerando automaticamente um contrato de câmbio de exportação,

para cada boleto registrado. O pagamento das operações simplificadas pode ser efetuado,

inclusive, com cartão de crédito internacional emitido no exterior, onde a administradora do

cartão assume a responsabilidade pelo câmbio.

Page 72: Exportação: Da Teoria a Prática

71

CÂMBIO TRADICIONAL CÂMBIO SIMPLIFICADO

Sem limite de valor Com limite de valor (até US$

50.000,00)

Preenchimento do Contrato de

Câmbio exige 26 informações

Preenchimento do Boleto de

Compra e Venda requer apenas 5

informações

Exportador assina Contrato de

Câmbio

Exportador assina apenas Boleto

de Compra e Venda, comprovando a

negociação da moeda estrangeira

Deve existir um Contrato de

Câmbio para todos os RE - Registro de

Exportação

Um único Boleto de Compra e

Venda pode englobar diversos RES -

Registro de Exportação Simplificado

Contrato de Câmbio deve ser

vinculado ao respectivo RE

Boleto de Compra e Venda está

dispensado de ser vinculado ao RES

Contrato de Câmbio pode ser

negociado para liquidação pronta ou

futura, com concessão de ACC/ACE

Boleto de Compra e Venda

negociada somente para liquidação pronta,

proibida a concessão de ACC/ACE

Exportador é obrigado a entregar

ao banco os documentos representativos

da exportação

Exportador está dispensado de

entregar ao banco os documentos

representativos da exportação

Banco é o responsável por

guardar os documentos de exportação, por

5 anos, para eventual apresentação futura

ao Banco Central

Exportador é o responsável pela

guarda dos documentos de exportação, por

5 anos, para eventual apresentação futura

ao Banco Central

Não é permitido o pagamento de

exportação com cartão de crédito

Exportações até US$ 50.000,00

podem ser pagas com cartão de crédito

Valores decorrentes de Contratos

de Câmbio de exportação não precisam

ser creditados em conta corrente, sendo

obrigatório apenas quando se tratar de

débitos

Valores dos Boletos de Compra

e Venda acima de US$ 50.000,00,

obrigatoriamente, devem ser creditados na

conta corrente do exportador

Page 73: Exportação: Da Teoria a Prática

72

Contrato de Câmbio pode ser

negociado até 360 dias antes ou após o

embarque

Boleto de Compra e Venda pode

ser negociado até 90 dias antes ou após o

embarque

Quadro 2: Diferenças entre o Câmbio Tradicional e o câmbio Simplificado

Fonte: (INSTITUTO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO E NEGOCIAÇÕES

INTERNACIONAIS, 2009).

Podemos notar que essa modalidade de Exportação Simplificada é uma ferramenta

de grande utilidade para as Pequenas e Médias Empresas com vocação exportadora, pois é

mais simples, ágil e econômica.

A participação no mercado internacional requer que as empresas exportadoras a

concessão de prazos e condições de pagamento adequadas ao produto, representando

elementos fundamentais para a conquista do cliente.

Sendo o pagamento da operação a contrapartida final a entrega do produto, a

forma de sua efetivação torna-se indispensável para a concretização da

transação comercial. Compete ao exportador oferecer ao importador

mecanismos atraentes para viabilizar a venda, mas ele deve estar consciente de

que a concessão de credito é inversamente proporcional ao nível de risco.

(CASTRO, 2001, p.78).

Sendo assim, embora o exportador esteja dispensado de apresentar os documentos

que o amparam, o mesmo tem a responsabilidade pela legitimidade dos dados e documentos.

De acordo com Hartung (2004), o exportador deveram manter os documentos que respaldam

as operações de câmbio, tais como boletos, faturas comerciais, contrato mercantil, etc. pelo

prazo de 5 anos, contados a partir do termino do exercício em que tenha ocorrido a

contratação de câmbio, para eventual apresentação ao Banco Centra, se solicitado.

Os contratos de câmbio como todos os outros contratos, possuem seus encargos,

tarifas, despesas e comissões. Os termos usados para sua definição podem variar de banco

para banco, mas normalmente a base de calculo é a mesma

Page 74: Exportação: Da Teoria a Prática

73

3 ANÁLISE CRÍTICA: TEORIA x PRÁTICA

3.1 EXPORTAÇÃO

A empresa Gaucho Leather faz jus a citação de Minervini (1991) que diz que o que

determina o sucesso na atividade exportadora, é muito mais o talento, a qualidade da gestão

e a capacidade exportadora, do que a situação econômica, conjuntural ou tamanho da

empresa. Pois é uma empresa de pequeno porte, com poucos funcionários e tecnologia, e

mesmo assim conseguiu se instalar de maneira sólida no mercado externo e se diferenciar da

concorrência. Com a crise financeira, a Gaucho contou com a criatividade dos donos e dos

funcionários, para criar uma linha com sobras de couro de grandes tapetes e colchas que

antes iam para o lixo, o resultado foi um produto ainda mais individualizado, com custo

mais baixo e que é sucesso entre os clientes. E é assim, que a empresa busca superar as

adversidades e se manter no mercado.

A Gaucho se diferencia de todas outras empresas, pois não é uma empresa que

surgiu no Brasil, começou a exportar e depois abriu filhais em outras partes do mundo, o

processo foi ao contrário, a empresa começou no EUA abriu uma filial no Brasil por não

encontrar outras empresas que fornecessem a mercadoria solicitada pelo mercado norte –

americano, assim de certa forma a empresa atendeu aos pensamentos de Minervini (1991):

ele orienta que para a empresa que deseja exportar o primeiro passo é definir o que irá

vender no mercado externo, isso a Gaucho já sabia, pois conhecia bem o seu mercado. Após

a empresa deve identificar dentro de sua linha de produtos, aqueles que atendam às

necessidades e preferências dos consumidores, a Gaucho apenas revendia produtos de

empresas brasileiras, e sabia que nenhum deles era o que o consumidor realmente queria,

diante dos fatos e possuindo conhecimento do produto e do mercado, os donos da empresa

decidiram abrir uma filial aqui no Brasil para atender as reais necessidades do cliente.

Pelos motivos citados acima, a Gaucho não fez e não faz uso de nenhum órgão de

apoio as exportações como DPR, MRE, ou qualquer outra entidade oficiai ou empresas de

promoção a exportações, empresas de consultoria e acessória de comercio exterior, etc.

Porém acredito que poderia ser feito algum trabalho junto a essas entidades, pois mesmo

Page 75: Exportação: Da Teoria a Prática

74

morando nos EUA e que é o país para o qual eles exportam, e estarem constantemente

participando de feiras nessa área, com certeza eles poderiam ter acesso a informações e até

dicas que poderiam gerar novas idéias na confecção, divulgação, venda etc., ou até receber

informações sobre novos mercados em potencial e não depender somente dos EUA e

México.

Na exportação, é importante que o produto possa alcançar o mercado externo em

condições de competir em preço (APRENDENDO A EXPORTAR, 2009). Como a Gaucho

é uma empresa exportadora, ela conta com alguns benefícios fiscais concedidos pelo

governo Brasileiro, assim se a empresa realizar pelo menos uma exportação por mês recebe

a restituição do ICMS e reembolso do PIS, PASEP e COFINS. A reconstituição desses

impostos é prevista pelo governo de acordo com dados do site do Ministério do

Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009), onde consta que as empresas que

exportam podem se utilizar de mecanismos que contribuem para uma diminuição dos

tributos que são cobrados nas operações no mercado interno, e que a elas chamamos de

Incentivos Fiscais. Como a empresa é obrigada a realizar uma exportação mensal e no

período em que estive com eles foram realizados dois embarques, final de março e inicio de

abril, poderia ter sido mandado mais mercadorias no embarque de março e ter contado o

embarque aéreo extra como a exportação de abril, e assim ter economizado o custo de um

embarque desnecessário.

Page 76: Exportação: Da Teoria a Prática

75

3.2 ASPECTOS NEGOCIAIS

Os aspectos culturais de cada mercado, são muito importantes desde a hora de

escolher para onde se vai exportar, até a hora de negociar a venda do produto. Ou seja, é

uma parte muito importante em todo o processo decisório de compra e venda internacional.

Minervini (2001) aponta algumas características da maneira de negociação do mercado

norte americano, alvo da Gaucho, segundo ele esse mercado possui o grau de exigências das

propostas iniciais para de chegar ao acordo final elevado, a apresentação das questões a

serem discutidas se da uma a uma e de maneira formal, tratando as divergências de maneira

bastante franca. O grau de concessões é lento.

Para facilitar esse processo de negociação, a Gaucho procura sempre se adaptar e

“mesclar” a cultura do local onde ela está vendendo o produto. As principais feiras em que a

Gaucho vende os seus produtos são em Dallas, Denver, Los Angeles, Nova York e Las

Vegas. Em cada um desses lugares quem está representando a empresa, procura se vestir de

acordo com as pessoas do lugar procuram também adotar o estilo de negociação de cada um

isso tudo para se aproximar mais do cliente.

Essa preocupação é válida, pois dá resultados, o norte americano é muito direto diz

o que tem que ser dito sem rodeios, principalmente quando o assunto é sobre negócios,

exatamente como citado por Minervini. Além disso, preferem negociar com pessoas mais

próximas a eles, com mesma cultura, visão, costumes etc., pois passam maior segurança e

confiança.

Já quando o assunto é o meio de transporte, o mais utilizado pela gaucho é o

marítimo, que mesmo levando mais tempo, é bem mais barato que o aéreo, esse fato vai

contra informações do Ministério da Fazenda (2009) que diz que o transporte aéreo, vemos

que ele possui vantagens sobre o marítimo: é mais rápido e seguro e são menores os custos

com seguro, estocagem e embalagem.

Essa diferença se dá devido a fatores citados pelo Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior (2009), pois segundo eles diversas características podem gerar

mudanças no valor dos fretes como o tipo da carga, peso, volume, fragilidade, embalagem,

valor, distância e localização dos pontos de embarque e desembarque.

Em geral o tipo de produto que a Gaucho produz, é pesado, na hora de ser

embalado, acaba ficando volumoso também, acredito que sejam essas características que

Page 77: Exportação: Da Teoria a Prática

76

aliadas a pouca quantidade exportada que torne o frete aéreo inviável para a empresa, pois

são custos muito altos para pouca quantidade de mercadoria, assim no marítimo a carga da

Gaucho pode ir em contêineres junto com a carga de outras empresas, com as quais são

divididos esses custos de armazenagem, e quanto danos, o produto não é frágil e vai bem

embalado nos fardos, então o item segurança não é fundamental para se optar pelo

transporte aéreo, assim analisando a relação custo/beneficio de cada meio de transporte

também julgo o marítimo mais viável.

Quanto às modalidades de pagamento, a maior preocupação dos empresários

sempre é a possibilidade de enviar uma mercadoria e não receber o valor correspondente.

Essa preocupação não é compartilhada pela Gaucho, pois a empresa para a qual ela exporta

é a empresa matriz, assim o risco de não receber o pagamento é nulo.

Desse modo o pagamento geralmente é efetuado após o embarque da mercadoria

através da cobrança, o embarque da mercadoria e seu recebimento pelo importador ocorrem

antes do pagamento, na modalidade de remessa sem saque, o exportador remete a

mercadoria para o exterior e, posteriormente recebe o valor correspondente.

Castro (2001) defende essa modalidade quando as empresas exportadora e

importadora pertencem ao mesmo grupo ou a exportadora tem total e irrestrita confiança no

importador e no seu país. Exatamente o caso da Gaucho.

Porém algumas vezes dependendo da cotação do dólar e da previsão do

comportamento da moeda americana, o pagamento pode se dar de maneira antecipada, em

que o recebimento por parte do exportador acontece antes do embarque da mercadoria. Essa

prática não é muito usada, sendo empregada geralmente em empresas coligadas Castro

(2001)

De qualquer modo, são dispensadas medidas de segurança, como as cartas de

crédito, as garantias bancárias internacionais e seguros sugeridos por Hartung (2004).

Page 78: Exportação: Da Teoria a Prática

77

3.3 ASPECTOS DOCUMENTAIS

Geralmente a operação de Exportação inicia através de um Fatura Proforma,

segundo Hartung (2004) este é o documento que em que encontramos as condições gerais do

negocio, como preço, local de entrega da mercadoria, prazo estimado, condições de

embalagem, etc. Ele equivale a uma espécie de orçamento, e não expressa um compromisso

formal entre vendedor e comprador.

Porém como a Gaucho do Brasil e a Gaucho dos Estados Unidos são matriz e filial,

e os preços da mercadoria, frete, tipo de transporte, local de entrega etc., já são de

conhecimento e acerto de ambas as empresas, esse passo é dispensado. Para eles a operação

de exportação já inicia com o pedido, mandado por e-mail para o Brasil.

Para a exportação, a Gaucho produz três documentos, o Packing List, Nota Fiscal e

Commercial Invoice, o restante da documentação é feita pela Euro América.

O Packing List, segundo o SEBRAE RS (1999) tem como finalidade facilitar a

fiscalização, pois é ele que permite identificar a mercadoria rapidamente. Na Gaucho

Leather esse documento é confeccionado duas vezes como um “rascunho” antes de ser feito

o que vai ter validade, o que gera uma grande perda de tempo, pois além do documento ser

feito três vezes, muitas vezes acabam sendo quantidades erradas de produto de um packing

para o outro, sendo necessário revisar tudo o que já foi feito para identificar o erro e poder

seguir o processo. Como todo esse processo é manual, a empresa poderia anotar o que está

em cada fardo e a quantidade de cada produto no mesmo momento, ao invés de fazer em

momentos separados, montando o packing por produto só depois que todo packing por fardo

estiver pronto e todos os fardos fechados, assim poupariam tempo, e diminuiria as chances

de erro quando fossem passar as informações de um packing para o outro.

Segundo dados do SEBRAE (1999), a Nota Fiscal é usada para fins fiscais e

contábeis, e é indispensável para a liberação da mercadoria no país de destino. Para isso

todos os produtos da exportação devem estar detalhados, o governo do país importador tem

direito de cobrar taxas por cada item detalhado, porém nos EUA o detalhamento dos dois

primeiros itens é de graça. Mas a a Gaucho possui uma variedade muito grande de produtos

que são exportados, e esse detalhamento de mercadorias teriam um custo muito alto para a

empresa. A solução encontrada, pois ver os produtos que se encaixam na mesma NCM, e

declará-los como se fossem um item só, mesmo tendo finalidades diferentes. Desde que a

Page 79: Exportação: Da Teoria a Prática

78

Gaucho passou a adotar esse processo vem conseguindo detalhar no máximo 4 itens

diferentes, e como os dois primeiros são de graça paga taxas por somente dois itens, o que

diminuí muito os gastos da empresa nesse aspecto.

Já na Commercial Invoice encontram-se as condições gerais do negócio, com as

características definitivas da transação. Tudo conforme o previsto por Hartung (2004).

Quanto aos Certificados de Origem, O SEBRAE (2009) diz que eles podem ser

exigido pelo país importador, de acordo com o tipo de produto, ou por normas do próprio

país, para cumprir algum tipo de acordo ou para redução ou isenção de impostos. Os

modelos de certificado de origem são variados, em função do destino da mercadoria. No

caso da empresa observada, eles só são pedidos quando a exportação é para o México, nesse

caso o pedido é feito pela Euro América, que manda o certificado para a Gaucho, que por

sua vez manda o certificado para o México juntamente com a mercadoria. A razão do pedido

é atestar que o produto é realmente produzido no RS para que fiquem atestadas as condições

em que foi feito o produto, e se foram respeitadas as normas mexicanas, exatamente como

descrito no pelo Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (2009), que

prevê a exigência desse tipo de certificados para se certificar de que o produto corresponde a

determinada descrição, satisfazem as regras do país importador e que se enquadram nas

condições de transporte até o seu destino.

Page 80: Exportação: Da Teoria a Prática

79

3.4 ASPECTOS LEGAIS

As exportações surgiram porque nenhum país dispõe de todos os recursos naturais

para seu sustento, sendo de bens essenciais ou supérfluos. Isso se aplica perfeitamente ao

caso da Gaucho, que entrou no mercado para suprir a necessidade de um produto inexistente

no mercado Norte Americano, e com alto potencial.

Esse quadro faz com que a Gaucho, não enfrente nenhum tipo de barreira

comerciai. Pois segundo o Larousse (1999) as barreiras são usadas pelos governos para

controlar a entrada de mercadorias estrangeiras nos seus países (Seus principais

instrumentos são tarifas, depósitos, cotas e licenças de importação, com o objetivo de

proteger a produção nacional ou mesmo de outros países, com os quais não existam acordos

comerciais restritos. Sendo assim essa necessidade de proteção a indústria nacional é

desnecessária, pois esse ramo é inexistente nos EUA, e todo produto desse tipo é importado.

Outro aspecto importante são as embalagens para transporte e para o consumidor

final. Para as embalagens, deve-se observar as exigências do mercado externo, tanto sob o

aspecto de cumprimento da legislação dos países importadores, quanto da adaptação da

aparência externa de seu produto ao gosto do consumidor. Nesse aspecto a empresa não tem

nenhum problema, pois cumpre todos os aspectos da legislação, e o produto é feito pensando

exclusivamente no mercado Norte – Americano, principalmente Texas, que é o principal

consumidor.

Quanto a uma embalagem estética para o produto, a Gaucho não possui nenhuma,

pois eles apenas fabricam o produto e mandam para a Gaucho dos EUA, que faz com que o

produto chegue até o cliente final (as únicas embalagens utilizadas nesse processo são os

fardos para a exportação, e sacos plásticos nos quais o produto é embalado até ir do depósito

da Gaucho USA até a loja onde será vendido). Sobre esse tema o site Aprendendo a

Exportar (2009) destaca que a embalagem de prateleira integra o preço e tem como

finalidade a estética do produto, possuindo baixo poder de proteção. Já a embalagem de

transporte propicia maior proteção e facilita o manuseio e deslocamento.

Para acondicionar o produto dentro do navio, e facilitar o deslocamento da carga, a

Gaucho Leather utiliza a conteinerização. Segundo o Ministério do Desenvolvimento

Indústria e Comércio Exterior (2007), esse processo consiste na colocação da carga em um

contêiner, que propicia um transporte da mercadoria com segurança, inviolabilidade e

Page 81: Exportação: Da Teoria a Prática

80

rapidez, permitindo fácil carregamento e descarregamento e adequado à movimentação

mecânica e ao transporte por diferentes equipamentos.

No meu ver esse é o processo ideal, pois a carga vai segura, é fácil de transportar o

material, a empresa pode dividir o contêiner com outra empresa menor e as despesas são

divididas entre elas.

Outro procedimento para garantir que a carga chegue ao destino correto e possa ser

identificada e transportada corretamente, é a rotulagem da mercadoria.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento da Indústria a Comércio Exterior

(2009), na rotulagem, deve constar a identificação da mercadoria e do lote a ser embarcado,

pode ser usados também símbolos internacionais para identificar as mercadorias com

características especiais. Nesse caso a Gaucho não utiliza nenhum símbolo, pois o tipo de

mercadoria não tem essa necessidade, então nos fardos constam apenas os dados para

auxiliar na identificação da mercadoria como: From; Número do fardo; To; Peso; MADE IN

BRAZIL; Adesivo de Identificação Euro América.

Em casos de embarque aéreo a mercadoria é transportada apenas dentro dos fardos,

pois a viagem é mais curta e existem menos mercadorias sendo transportadas tanto da

Gaucho como de demais empresas.

Outra identificação necessária é a natureza da carga transportada. O tipo de

mercadoria da Gaucho é Geral, e se enquadra na classificação encontrada no site

Aprendendo a Exportar ( 2009) que cita sacarias, fardos, caixas de papelão e madeira,

engradados, tambores, etc. E diz que para o transporte essas cargas devem estar unitizadas.

Page 82: Exportação: Da Teoria a Prática

81

3.5 ASPECTOS CAMBIAIS

Segundo Castro (1999), o mercado cambial é composto por exportadores,

importadores, bolsas de valores bancos, corretores e todos aqueles que efetuam transações

com o exterior, ou seja, um mercado cambial ou de divisas é um mercado onde são

compradas e vendidas as moedas dos diferentes países. Sendo assim, a Gaucho participa do

mercado cambial, trocando moeda norte americana (dólar) por moeda brasileira (real).

Ainda segundo castro, isso ocorre pois não são aceitas moedas estrangeiras em pagamento

de exportações, nem moeda nacional em pagamento das importações

Para especificar as características completas das operações de câmbio e dar forma

à vontade das partes , foi criado o contrato de câmbio. Como a Gaucho do Brasil é filial da

Gaucho dos Estados Unidos, e as empresas possuem alto grau de confiança uma na outra,

não é usado o contrato de cambio, e as operações são fechadas na base da palavra,

exatamente como previsto por Hartung (2004) que diz que muitas vezes as operações de

câmbio são fechadas com base na palavra, e os contratos surgem como uma ferramenta para

garantir os direitos dos intervenientes e como forma de fazer com que as obrigações também

sejam cumpridas.

Em relação às taxas de câmbio, as exportações da Gaucho são feitas sempre com

base no câmbio do dia em que se começa o processo de embarque. é nesse momento que o

câmbio é fechado. De acordo com o site do Ministério do Desenvolvimento Indústria e

Comércio Exterior (2009), essa fase é muito importante, pois é nela que ocorre a venda para

o banco, por parte do exportador, da moeda estrangeira, o que caracteriza a operação de

exportação. As operações de câmbio podem ser fechadas antes ou depois do embarque.

Geralmente ela ocorre antes do embarque quando o importador financia o exportador. Que é

o caso da Gaucho Brasil, pois todo o seu capital vem da Gaucho Estados Unidos.

Porém, em relação ao pagamento da exportação pela Gaucho dos Estados Unidos,

como a empresa é da família, de pequeno porte, e a Gaucho do Brasil seria como uma filial

da Gaucho dos Estados Unidos, o pagamento pode ser feito antes ou depois da exportação,

dependendo da necessidade da empresa do Brasil e da cotação do dólar, por isso eles sempre

estão verificando a cotação do dólar e a previsão de queda ou aumento, para escolher o

momento mais oportuno para efetuar o pagamento, conforme previsto por Hartung (2004)

quando dito que o fechamento do câmbio antes ou após o embarque envolve a análise de

Page 83: Exportação: Da Teoria a Prática

82

fatores econômicos como a taxa de juros nacional e internacional e políticas cambiais

vigentes.

Como pude observar durante o período que estive na empresa, todo esse

procedimento de fechar câmbio antes ou depois do embarque e cartas de cambio, não

influenciam muito a empresa, como a Gaucho Brasil e Estados Unidos são ligadas, e os

donos são os mesmos e administram a empresa em conjunto, eles sempre esperam o

momento mais oportuno para mandar o dinheiro, mesmo que o acordado foi antes do

embarque, o pagamento pode vir depois se constataram que teriam mais lucros assim, ou

vice versa. Claro que às vezes eles erram as previsões, pois o valor das moedas muda muito

rápido.

Page 84: Exportação: Da Teoria a Prática

83

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pude perceber que o desenvolvimento das nações e a globalização são

fundamentais para a existência das nações, pois se não fosse por isso, os países não teriam

aberto seus mercados para os produtos externos e não haveria o comércio internacional.

Esse meio é muito fascinante, pois permite o contato com diversas pessoas de

culturas e maneiras de negociar diferentes, porém, isso torna o processo de compra e venda

muito mais perigoso do que no mercado interno, pois as pessoas têm costumes e modos de

ver as coisas diferentes, além disso, é muito mais fácil ter problemas em relação a

pagamento e mercadorias com defeitos ou que não correspondem ao pedido, além de serem

muito mais difíceis de resolver.

Existem várias especificações em cada país, tanto para o produto, forma que ele

será fabricado, embalagem, etc., se não prestarmos bem atenção nesses pontos, podemos

colocar a perder todo um produto com potencial no mercado, e até mesmo o nome da

empresa ou do país.

Todos os aspectos, do âmbito negocial, documental, legal e cambial, são

importantes e se completam. Ambos devem ser feitos de maneira correta observando as

especificações acordadas com o cliente, para que o processo se dê de maneira correta e

tranqüila, o que certamente irá gerar novos negócios entre a empresa exportadora e

importadora.

Com esse trabalho pude ter a visão teórica dos processos de exportação, aliados a

parte prática da vivencia dentro do setor de exportação da empresa Gaucho.

O fato de a dona da empresa ser minha tia ajudou muito no desenvolvimento do

trabalho, pois ela me forneceu todos os dados que pedi, e me permitiu participar de todos os

processos, desde a produção, até a saída do produto acabado da empresa.

Como nunca havia trabalhado no setor de exportação, esse trabalho me

proporcionou vivenciar na prática e entender muito melhor todos os processos e documentos

explanados pelos professores. Foi com certeza um trabalho muito proveitoso que me

proporcionou um ótimo aprendizado e uma visão muito mais clara das operações e realidade

da exportação.

Page 85: Exportação: Da Teoria a Prática

84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ADMINISTRAÇAO DOS PORTOS DE PARANAGUÁ E ANTONINA. Infoporto.

Disponível em:

<http://www.portosdoparana.pr.gov.br/modules/infoporto/conteudo.php?conteudo=7>

Acesso em: 10 mar. 2009.

APRENDENDO A EXPORTAR. Portal do Exportador. Disponível em:

<http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comExportar/quePodExportar.html>.

Acesso em: 10 mar. 2009

BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Economia e Finanças. Disponível em:

<www.bcb.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2009

BRAZIL TRADE. Oportunidades de Negócios. Disponível em:

<http://www.braziltradenet.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2009.

CASTRO, José Augusto de. Exportação: Aspectos práticos e Operacionais. 4. Ed. São

Paulo: Aduaneiras, 2001.

CIVITA, Victor. Grande Enciclopédia Larousse Cultural. Nova Cultural, 1999

FORNER, Cláudio. Exportação – Procedimentos. Porto Alegre: SEBRAE, 1999.

HARTUNG, Douglas S. Negócios Internacionais. Ed. 2002. Rio de Janeiro: Qualitymark,

2004.

INSTITUTO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR E NEGOCIAÇÕES

INTERNACIONAIS. Sobre Comércio e Negociações. Disponível em:

<http://www.iconebrasil.org.br/pt/?actA=16&areaID=14&secaoID=29&letraVC=Q>.

Acesso em: 26 mar. 2009

Page 86: Exportação: Da Teoria a Prática

85

MAIA, Jaime de Mariz. Economia Internacional e Comércio Exterior. 11. Ed. São Paulo:

Atlas 2007.

MINERVINI, Nicola. O Exportador. São Paulo: Makron, McGraw – Hill, 1991.

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Comércio Exterior. Disponível em:

<http://www.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 11 mar. 2009.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR.

Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 10

mar.2009.

DESENVOLVIMENTO DE HIDROVIAS TEM POUCO AVANÇO. O Estado de São

Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br>. Acesso em: 16 mar. 2009

RECEITA FEDERAL. Aduana e Comércio Exterior. Disponível em:

<www.receita.fazenda.gov.br>. Acesso em: 13 mar. 2009.

SALA VIRTUAL DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS DO BANCO DO BRASIL.

Negócios Internacionais. Disponível em:

<http://www.bb.com.br/portalbb/home/geral/index.bb>. Acesso em: 13 mar. 2009.

SEBRAE. Comércio Exterior Disponível em: <http://www.sebrae.com.br>. Acesso em: 24

mar. 2009.

SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR (SECEX). Comércio Exterior. Disponível

em: <www.desenvolvimento.gov.br>. Acesso em: 12 mar. 2009.