exploração ilegal da madeira - jornal notícias

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Quarta-feira, 6 de Julho de 2016 VALDIMIRO SAQUENE Ciência e Ambiente 30 Curiosidades z Camada de Ozono é uma região localizada na estratosfera e que concentra altas quanti- dades de ozono (O3). Tem como função filtrar os raios solares ultravioleta (UV), prejudiciais à saúde, e que estão na origem de casos de cancros de pele e outras doenças. A partir da década de 1980 começou a se verificar a sua destruição devido à libertação de gases constituídos por cloro, como por exemplo os cloroflurorcarbonetos (CFC) e bromo que, ao ligar-se com oxigénio (O2), destroem as molé- culas de O3. (ambiente.maiadigital.pt) z Tsunami ou maremoto o nome que se dá a ondas gigantes provocadas por fenómenos geológicos como terramotos, vulcões, ou até mesmo o deslizamento de grandes placas de gelo e rochas, ou ainda, eventos meteorológicos extremos e meteoritos. O que diferencia uma onda normal de um tsunami é a sua frequência e nível de estragos que ela pode causar. En- quanto uma onda normal dura apenas alguns segundos, os tsunamis podem ter intervalos que variam de horas a até dias. (http://www. infoescola.com) z Chuvas ácidas é a designação a qualquer forma de precipitação atmosférica contami- nada por produtos químicos, sobretudo pelo dióxido de enxofre que, por sua vez produz ácido sulfúrico diluído. Elas formam-se atra- vés de gases provenientes das emissões das fábricas e dos automóveis, para a atmosfera. A sua combinação com o oxigénio e o vapor de água contido nas nuvens dá origem ao ácido sulfúrico e ao ácido nítrico, que vai alterar o valor de potencial hidrogeniônico (pH) da água da chuva. A sua ocorrência é prejudicial ao meio ambiente, pois condiciona o desenvolvimento das espécies vegetais e animais, alterando o equilíbrio dos ecossistemas. (www.quercus.pt) z Mudanças climáticas são alterações que ocorrem no meio ambiente. Estas variações são verificadas através de registos científicos apurados durante o passar dos anos. Elas são produzidas em diferentes escalas de tempo e baseada em vários factores meteorológicos como, por exemplo, temperaturas máximas e mínimas, índices pluviométricos (chuvas), temperatura dos oceanos, nebulosidade e humidade relativa do ar. Este fenómeno co- meçou a se manifestar a partir da Revolução Industrial, no século XVIII, momento em que aumentou significativamente a poluição do ar, devido ao aumento de número de fábricas. (www.suapesquisa.com) O MUNICÍPIO da Ilha de Moçambique, em Nampula, vai processar e co- mercializar fertilizantes orgânicos a partir de resíduos sólidos, que serão usados na agricultura e entre outras actividades. Para viabilizar a iniciativa, está prevista a assinatura de acordos de fornecimento com algumas associa- ções e produtores singulares daquela parcela da província. O facto foi revelado pelo edil da Ilha de Moçambique, Saide Gimba, para quem a iniciativa surgiu no se- guimento da abertura, recentemente, de uma nova lixeira municipal na zona de Tocolo, que será usada para os próximos 30 anos, segundo garantias de uma equipa de ambientalistas da União das Cidades de Língua Portu- guesa (UCLLA) que comparticipou nos custos da operação. A urbe produz,em média,cerca de 160 toneladas de lixo por dia, quantidades que a lixeira, recen- temente encerrada e localizada na zona de Sanculo, não oferecia para o depósito. O edil da Ilha de Moçambique ex- plicou que a equipe da UCLLA colocou à disposição da edilidade equipa- mentos para reciclagem de resíduos sólidos e aproveitamento de uma parte para a produção de fertilizantes orgânicos, que podem ser usados para a agricultura, jardinagem entre outras necessidades. O processo de produção de ferti- lizantes orgânicos é conduzido por jovens voluntários formados pelos técnicos da UCLLA no manuseio de equipamentos. Saide Gimba disse que nos próxi- mos dias serão rubricados acordos de fornecimento de fertilizantes orgâni- cos aos interessados, nomeadamente associações e produtores individuais, sendo que as receitas serão aplicadas para pagamento de subsídios aos jovens e para custear a manutenção dos equipamentos de processamento de resíduos sólidos. “Até Outubro próximo a edilidade, através dos serviços de salubridade, vai recolher e processar resíduos sólidos com o propósito de obter fertilizantes orgânicos. Simultanea- mente, vai desenvolver um estudo de avaliação do mercado para colocação dos fertilizantes orgânicos, e se os resultados forem positivos, como esperamos, vamos expandir o comér- cio dos fertilizantes tendo em conta a necessidade de aliviar a pobreza no seio da comunidade e criar auto- -emprego”, concluiu Saíde Gimba. ATENDENDO À EXPLORAÇÃO E PROCURA País deve reclassificar espécies florestais A NECESSIDADE de reclassificação das espécies florestais, em função dos níveis de exploração e demanda no mercado internacional, é uma das principais recomendações de uma avaliação feita aos operadores do sector, de modo a garantir-se uma melhor gestão deste recurso no país. O estudo, divulgado pelo Fundo Mundial da Na- tureza (WWF), foi rea- lizado entre Novembro de 2015 e Janeiro deste ano, abrangendo 950 madeirei- ros, entre os quais 784 em regime de Licenças Simples (LS) e 157 de Concessões Florestais (CF). A avaliação obedeceu, entre outros critérios, à tramitação processual, ao cumprimento das normas de exploração, a consul- tas comunitárias, à canalização dos 20 por cento estabelecidos por lei e ao reflorestamento. No relatório, as províncias de Tete, Zambézia e Manica são apontadas como as que apre- sentam um maior número de operadores em regime de licen- ças simples, totalizando 65 por cento. Estes fazem parte também dos que menos cumprem com a lei e que mais contribuem para o desmatamento. Por sua vez, as províncias da Zambézia, Cabo Delgado e Sofala constituem o grupo de madei- reiros em regime de concessão florestal, concentrando 75 por cento destes ao nível do país. O relatório defende que Tete, Zambézia, Manica, Cabo Delgado e Sofala devem merecer uma atenção especial do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvol- vimento Rural (MITADER) e da Direcção Nacional de Florestas (DINAF), pelo número de ope- radores que albergam e o seu impacto na conservação e uso sustentável das florestas. É também recomendada a redução dos operadores, nos dois regi- mes, através do cumprimento rigoroso da lei de licenciamento florestal, reorganização e moni- toria do trabalho dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB). O estudo aconselha também a modernização da administração do sector, promovendo o uso frequente das Tecnologias de Informação Comunicação (TICs) no controlo do volume de árvores abatidas. O trabalho, que envolveu orga- nizações da sociedade civil, comu- nicação social, pesquisadores da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e técnicos dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB), enquadra-se na reforma que o Governo está a levar a cabo para reduzir os im- pactos ambientais, sociais e eco- nómicos que a exploração ilegal de madeira está a causar no país. Pressão sobre pau-ferro no Gilé FAZ parte das estratégias do Governo transformar as flores- tas numa fonte de renda para a economia e para as comunida- des, contribuindo, deste modo, para o cumprimento dos com- promissos globais em matérias de ambiente. Com efeito, o país decidiu adoptar medidas para mudar a forma como os operadores lidam com os recursos madei- reiros. Trata-se, entre outras, da suspensão de exploração de pau-ferro, da emissão de novas licenças e da proibição da ex- portação de madeira em toros, promovendo produtos semi- -acabados e acabados. Entretanto, em vários pontos do país, com destaque para a Reserva Nacional do Gilé (RNG), na província da Zambézia, enfrentam-se dificuldades para se travar a exploração ilegal da madeira, em particular do pau-ferro, que é exportada para Ásia. Segundo Daniel Maula, di- rector executivo da Rede de Organizações para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Zambézia (RADEZA), o nú- mero de licenças emitidas nos anos passados nos distritos de Gilé e Pebane acelerou a explo- ração ilegal da madeira. Acrescentou que a RNG está sob ameaça permanente e são vistos, quase que diariamente, camiões transportando gran- des quantidades de umbila e pau-ferro, espécies protegidas por lei. Fala-se igualmente da co- nivência de fiscais dos SPFFB, Polícia de Protecção de Re- cursos Naturais (PPRN) e das autoridades comunitárias. A Reserva Nacional do Gilé, localizada entre os distritos de Gilé e Pebane, ocupando 4.396Km², foi definida em 1960 como reserva de caça do rino- ceronte preto e elefante. Em 2011 foi declarada re- serva nacional, com o objectivo de proteger e conservar os re- cursos florestais e faunísticos. Aplicação deficitária da lei EMBORA a lei (que estabelece os princípios e as normas a seguir na protecção, conservação e uso sus- tentável dos recursos florestais e faunísticos) seja clara e ajustada à realidade moçambicana, as organizações da sociedade civil consideram que a sua aplicação torna-se deficitária devido a conflitos de interesses entre os legisladores e operadores. Este facto tem contribuído para elevar o número de madei- reiros que não cumprem a lei, comprometendo, assim, a con- servação e o uso sustentável dos recursos florestais e as reformas que se pretendem no sector. A opinião é do director execu- tivo do Fórum de Organizações Não-governamentais (FONG), na província de Gaza, Anastácio Matavel, segundo o qual, isso tem dificultado a implementação do que está plasmado na lei do acesso à informação. Aquele dirigente considera que o conhecimento do quadro legal e das boas práticas florestais é crucial para uma participação construtiva e efectiva dos dife- rentes actores na gestão e gover- nação participativa dos recursos florestais. Para sanar a situação, a so- ciedade civil lançou um plano de acção a ser implementado nos próximos meses que visa, entre outros objectivos, criar uma cul- tura de inclusão, prestação de contas e transparência na explo- ração da madeira. Inventariação em tempos difíceis O GOVERNO lançou recente- mente o IV Inventário Flores- tal Nacional, que vai aferir a qualidade, quantidade e a importância do recurso para a população. Para o director de progra- mas de florestas do Fundo da WWF, Rito Mabunda, advinha- -se uma missão difícil consi- derando que há zonas críticas devido à tensão político- -militar que se vive no país. Em alguns pontos da re- gião centro, há relatos de que os confrontos armados têm impedido os operadores florestais de fazerem o corte, processamento e escoamento da madeira. Segundo informação divul- gada na apresentação desta iniciativa, o inventário vai abranger oito províncias e está orçado em 940 mil dó- lares norte-americanos, ga- rantidos pelo Banco Mundial. As províncias de Gaza e Cabo Delgado não serão cobertas por este financiamento por terem já iniciado o processo com o apoio do Japão, através da sua Agência de Coopera- ção Internacional (JICA). Numa primeira fase, a acção irá contemplar as pro- víncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Nampula, Cabo delgado e Niassa e na se- gunda e última as províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia. Moçambique pode estar a perder 219 mil hectares de floresta por ano Ilha de Moçambique processa adubo orgânico

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Page 1: Exploração Ilegal da Madeira  - Jornal Notícias

Quarta-feira, 6 de Julho de 2016

Valdimiro Saquene

Ciência e Ambiente30

Curiosidades z Camada de Ozono é uma região localizada

na estratosfera e que concentra altas quanti-dades de ozono (O3). Tem como função filtrar os raios solares ultravioleta (UV), prejudiciais à saúde, e que estão na origem de casos de cancros de pele e outras doenças. A partir da década de 1980 começou a se verificar a sua destruição devido à libertação de gases constituídos por cloro, como por exemplo os cloroflurorcarbonetos (CFC) e bromo que, ao ligar-se com oxigénio (O2), destroem as molé-culas de O3. (ambiente.maiadigital.pt)

z Tsunami ou maremoto o nome que se dá a ondas gigantes provocadas por fenómenos geológicos como terramotos, vulcões, ou até mesmo o deslizamento de grandes placas de gelo e rochas, ou ainda, eventos meteorológicos extremos e meteoritos. O que diferencia uma onda normal de um tsunami é a sua frequência e nível de estragos que ela pode causar. En-quanto uma onda normal dura apenas alguns segundos, os tsunamis podem ter intervalos que variam de horas a até dias. (http://www.infoescola.com)

z Chuvas ácidas é a designação a qualquer forma de precipitação atmosférica contami-nada por produtos químicos, sobretudo pelo

dióxido de enxofre que, por sua vez produz ácido sulfúrico diluído. Elas formam-se atra-vés de gases provenientes das emissões das fábricas e dos automóveis, para a atmosfera. A sua combinação com o oxigénio e o vapor de água contido nas nuvens dá origem ao ácido sulfúrico e ao ácido nítrico, que vai alterar o valor de potencial hidrogeniônico (pH) da água da chuva. A sua ocorrência é prejudicial ao meio ambiente, pois condiciona o desenvolvimento das espécies vegetais e animais, alterando o equilíbrio dos ecossistemas. (www.quercus.pt)

z Mudanças climáticas são alterações que ocorrem no meio ambiente. Estas variações são verificadas através de registos científicos apurados durante o passar dos anos. Elas são produzidas em diferentes escalas de tempo e baseada em vários factores meteorológicos como, por exemplo, temperaturas máximas e mínimas, índices pluviométricos (chuvas), temperatura dos oceanos, nebulosidade e humidade relativa do ar. Este fenómeno co-meçou a se manifestar a partir da Revolução Industrial, no século XVIII, momento em que aumentou significativamente a poluição do ar, devido ao aumento de número de fábricas. (www.suapesquisa.com)

O MUNICÍPIO da Ilha de Moçambique, em Nampula, vai processar e co-mercializar fertilizantes orgânicos a partir de resíduos sólidos, que serão usados na agricultura e entre outras actividades.

Para viabilizar a iniciativa, está prevista a assinatura de acordos de fornecimento com algumas associa-ções e produtores singulares daquela parcela da província.

O facto foi revelado pelo edil da Ilha de Moçambique, Saide Gimba, para quem a iniciativa surgiu no se-guimento da abertura, recentemente, de uma nova lixeira municipal na zona de Tocolo, que será usada para os próximos 30 anos, segundo garantias de uma equipa de ambientalistas da União das Cidades de Língua Portu-guesa (UCLLA) que comparticipou nos custos da operação.

A urbe produz,em média,cerca de 160 toneladas de lixo por dia, quantidades que a lixeira, recen-temente encerrada e localizada na zona de Sanculo, não oferecia para o depósito.

O edil da Ilha de Moçambique ex-plicou que a equipe da UCLLA colocou à disposição da edilidade equipa-mentos para reciclagem de resíduos sólidos e aproveitamento de uma parte para a produção de fertilizantes orgânicos, que podem ser usados para a agricultura, jardinagem entre outras necessidades.

O processo de produção de ferti-lizantes orgânicos é conduzido por jovens voluntários formados pelos técnicos da UCLLA no manuseio de equipamentos.

Saide Gimba disse que nos próxi-mos dias serão rubricados acordos de

fornecimento de fertilizantes orgâni-cos aos interessados, nomeadamente associações e produtores individuais, sendo que as receitas serão aplicadas para pagamento de subsídios aos jovens e para custear a manutenção dos equipamentos de processamento de resíduos sólidos.

“Até Outubro próximo a edilidade, através dos serviços de salubridade, vai recolher e processar resíduos sólidos com o propósito de obter fertilizantes orgânicos. Simultanea-mente, vai desenvolver um estudo de avaliação do mercado para colocação dos fertilizantes orgânicos, e se os resultados forem positivos, como esperamos, vamos expandir o comér-cio dos fertilizantes tendo em conta a necessidade de aliviar a pobreza no seio da comunidade e criar auto--emprego”, concluiu Saíde Gimba.

Atendendo à explorAção e procurA

país deve reclassificarespécies florestais

A neceSSIdAde de reclassificação

das espécies florestais, em

função dos níveis de exploração

e demanda no mercado

internacional, é uma das principais recomendações de

uma avaliação feita aos operadores do sector, de modo a

garantir-se uma melhor gestão

deste recurso no país.

O estudo, divulgado pelo Fundo Mundial da Na-tureza (WWF), foi rea-lizado entre Novembro de 2015 e Janeiro deste

ano, abrangendo 950 madeirei-ros, entre os quais 784 em regime de Licenças Simples (LS) e 157 de Concessões Florestais (CF).

A avaliação obedeceu, entre outros critérios, à tramitação processual, ao cumprimento das normas de exploração, a consul-tas comunitárias, à canalização

dos 20 por cento estabelecidos por lei e ao reflorestamento.

No relatório, as províncias de Tete, Zambézia e Manica são apontadas como as que apre-sentam um maior número de operadores em regime de licen-ças simples, totalizando 65 por cento. Estes fazem parte também dos que menos cumprem com a lei e que mais contribuem para o desmatamento.

Por sua vez, as províncias da Zambézia, Cabo Delgado e Sofala

constituem o grupo de madei-reiros em regime de concessão florestal, concentrando 75 por cento destes ao nível do país.

O relatório defende que Tete, Zambézia, Manica, Cabo Delgado e Sofala devem merecer uma atenção especial do Ministério da Terra, Ambiente e Desenvol-vimento Rural (MITADER) e da Direcção Nacional de Florestas (DINAF), pelo número de ope-radores que albergam e o seu impacto na conservação e uso

sustentável das florestas. É também recomendada a redução dos operadores, nos dois regi-mes, através do cumprimento rigoroso da lei de licenciamento florestal, reorganização e moni-toria do trabalho dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB).

O estudo aconselha também a modernização da administração do sector, promovendo o uso frequente das Tecnologias de Informação Comunicação (TICs)

no controlo do volume de árvores abatidas.

O trabalho, que envolveu orga-nizações da sociedade civil, comu-nicação social, pesquisadores da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e técnicos dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia (SPFFB), enquadra-se na reforma que o Governo está a levar a cabo para reduzir os im-pactos ambientais, sociais e eco-nómicos que a exploração ilegal de madeira está a causar no país.

pressão sobre pau-ferro no GiléFAZ parte das estratégias do Governo transformar as flores-tas numa fonte de renda para a economia e para as comunida-des, contribuindo, deste modo, para o cumprimento dos com-promissos globais em matérias de ambiente.

Com efeito, o país decidiu adoptar medidas para mudar a forma como os operadores lidam com os recursos madei-reiros.

Trata-se, entre outras, da suspensão de exploração de pau-ferro, da emissão de novas licenças e da proibição da ex-portação de madeira em toros, promovendo produtos semi--acabados e acabados.

Entretanto, em vários pontos do país, com destaque para a Reserva Nacional do Gilé (RNG), na província da Zambézia, enfrentam-se dificuldades para se travar a exploração ilegal da madeira, em particular do pau-ferro, que é exportada para Ásia.

Segundo Daniel Maula, di-rector executivo da Rede de Organizações para o Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Zambézia (RADEZA), o nú-mero de licenças emitidas nos anos passados nos distritos de Gilé e Pebane acelerou a explo-ração ilegal da madeira.

Acrescentou que a RNG está sob ameaça permanente e são

vistos, quase que diariamente, camiões transportando gran-des quantidades de umbila e pau-ferro, espécies protegidas por lei.

Fala-se igualmente da co-nivência de fiscais dos SPFFB, Polícia de Protecção de Re-cursos Naturais (PPRN) e das autoridades comunitárias.

A Reserva Nacional do Gilé, localizada entre os distritos de Gilé e Pebane, ocupando 4.396Km², foi definida em 1960 como reserva de caça do rino-ceronte preto e elefante.

Em 2011 foi declarada re-serva nacional, com o objectivo de proteger e conservar os re-cursos florestais e faunísticos.

Aplicação deficitária da lei EMBORA a lei (que estabelece os princípios e as normas a seguir na protecção, conservação e uso sus-tentável dos recursos florestais e faunísticos) seja clara e ajustada à realidade moçambicana, as organizações da sociedade civil consideram que a sua aplicação torna-se deficitária devido a conflitos de interesses entre os legisladores e operadores.

Este facto tem contribuído para elevar o número de madei-reiros que não cumprem a lei, comprometendo, assim, a con-servação e o uso sustentável dos recursos florestais e as reformas que se pretendem no sector.

A opinião é do director execu-tivo do Fórum de Organizações Não-governamentais (FONG),

na província de Gaza, Anastácio Matavel, segundo o qual, isso tem dificultado a implementação do que está plasmado na lei do acesso à informação.

Aquele dirigente considera que o conhecimento do quadro legal e das boas práticas florestais é crucial para uma participação construtiva e efectiva dos dife-rentes actores na gestão e gover-nação participativa dos recursos florestais.

Para sanar a situação, a so-ciedade civil lançou um plano de acção a ser implementado nos próximos meses que visa, entre outros objectivos, criar uma cul-tura de inclusão, prestação de contas e transparência na explo-ração da madeira.

Inventariação em tempos difíceis

O GOVERNO lançou recente-mente o IV Inventário Flores-tal Nacional, que vai aferir a qualidade, quantidade e a

importância do recurso para a população.

Para o director de progra-mas de florestas do Fundo da

WWF, Rito Mabunda, advinha--se uma missão difícil consi-derando que há zonas críticas devido à tensão polít ico-

-militar que se vive no país. Em alguns pontos da re-

gião centro, há relatos de que os confrontos armados têm impedido os operadores florestais de fazerem o corte, processamento e escoamento da madeira.

Segundo informação divul-gada na apresentação desta iniciativa, o inventário vai abranger oito províncias e está orçado em 940 mil dó-lares norte-americanos, ga-rantidos pelo Banco Mundial. As províncias de Gaza e Cabo Delgado não serão cobertas por este financiamento por terem já iniciado o processo com o apoio do Japão, através da sua Agência de Coopera-ção Internacional (JICA).

Numa primeira fase, a acção irá contemplar as pro-víncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Nampula, Cabo delgado e Niassa e na se-gunda e última as províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia.

Moçambique pode estar a perder 219 mil hectares de floresta por ano

Ilha de Moçambique processa adubo orgânico