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1 EXPERIÊNCIA 1 – PARTE I SISTEMAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS, SÉRIE DE FOURIER, TRANSFORMADA DE FOURIER INTRODUÇÃO A Experiência 1 está dividida em Parte I e Parte II Na Parte I realizaremos o primeiro contato prático com os sistemas de aquisição de dados e com os conceitos de Série e Transformada de Fourier. A Parte II tem por objetivo a observação prática dos efeitos da amostragem digital de sinais contínuos.

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EXPERIÊNCIA 1 – PARTE I

SISTEMAS DE AQUISIÇÃO DE DADOS, SÉRIE DE FOURIER, TRANSFORMADA DE FOURIER

INTRODUÇÃO

A Experiência 1 está dividida em Parte I e Parte II

Na Parte I realizaremos o primeiro contato prático com os sistemas de aquisição de

dados e com os conceitos de Série e Transformada de Fourier.

A Parte II tem por objetivo a observação prática dos efeitos da amostragem digital de

sinais contínuos.

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1. FERRAMENTAS

1.1 Introdução aos sistemas de aquisição de dados

Com a crescente utilização de computadores nas bancadas de laboratórios de pesquisa,

medição e testes e na área de automação industrial, há atualmente várias formas para a

realização de aquisição de dados através de computadores pessoais (PC). A aquisição de

dados é realizada através de sistemas com placas ou módulos de aquisição. Estas placas

podem ser cartões ou dispositivos compostos de barramentos, como por exemplo: PCI,

Compact PCI /PXI, PCMCIA, USB, IEEE1394 (Firewire), ISA e portas de comunicação do

tipo paralela ou serial.

Dentre os sistemas de aquisição, aqueles que são compostos de placas (cartões

internos) permitem a aquisição dos dados e sua transferência direta à memória do

computador. Os sistemas de módulos externos que utilizam equipamentos remotos ao PC são

conectados via porta serial ou paralela.

Um sistema de aquisição de dados genérico é composto de elementos conforme mostra

a Figura 1.1. Para obter os resultados adequados, um sistema de aquisição de dados depende

dos seguintes elementos:

• computador pessoal;

• equipamento de aquisição de dados (hardware);

• condicionamento do sinal;

• transdutor: sensor de entrada;

• programa de aquisição (software).

Figura 1.1: Sistema de aquisição baseado em PC.

Detalhes dos dois primeiros elementos (computador e equipamento de aquisição de

dados) encontram-se a seguir.

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O computador pessoal

O computador utilizado no sistema de aquisição de dados pode afetar drasticamente a

velocidade máxima com que você pode adquirir os dados de maneira contínua, da placa para

o computador. As tecnologias atuais ostentam processadores rápidos, como os das categorias

Intel Pentium e Motorola PowerPC aliados à tecnologia de barramentos, como a arquitetura

PCI, ISA/EISA ou Macintosh NuBus..

Em aplicações remotas de aquisição de dados, que utilizam a comunicação serial como

RS-232 ou RS-485, a transferência de dados é normalmente limitada pelas taxas da

comunicação serial.

Todos os computadores do tipo PC são capazes de realizar operações programáveis de

entrada e saída (E/S) e operações de transferência utilizando interrupção. Transferências por

DMA (Direct Memory Access) – que não são disponíveis em alguns computadores –

aumentam a taxa de transferência do sistema através do uso de um circuito dedicado no

controle da transferência de dados diretamente na memória do sistema.Utilizando este

procedimento o processador não é incomodado com os dados em movimento e portanto é

livre para envolver-se no processamento de tarefas mais complexas. Para obter os benefícios

de transferências de DMA ou com interrupções, a placa de aquisição que você escolher deve

ser capaz de executar estes tipos de transferências.

Um outro fator limitante para aquisição de grande quantidade de dados é o disco

rígido. O tempo de acesso ao disco e a fragmentação do disco rígido podem reduzir

significantemente a taxa máxima de transferência de e para o disco. Para sistemas que

necessitem adquirir sinais de alta freqüência, deve-se selecionar um disco rígido de alta

velocidade e ter a certeza que exista espaço disponível não fragmentado para armazenar os

dados.

Muitas vezes, aplicações requerem o processamento em tempo real de sinais de alta

freqüência. Tais aplicações precisam de um processador de 32/64 bits acompanhado de um

co-processador, ou um processador dedicado como por exemplo um processador digital de

sinais (DSP). Por outro lado, se a aplicação somente faz a aquisição e ajuste do sinal uma vez

ou duas por segundo, um PC de baixo custo é satisfatório.

Portanto, a capacidade do computador que você utiliza pode afetar significativamente

o desempenho do seu sistema de aquisição de dados.

A placa de aquisição de dados

A placa de aquisição de dados PCI-6024E, da National Instruments (NI), utilizada no

laboratório possui os seguintes recursos:

• 16 canais de entradas analógicas;

• 2 canais de saídas analógicas;

• 8 pinos de E/S digital;

• conector externo de 68 pinos.

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Esta placa conta com um sistema de controle de tempo para o sistema

(temporizadores), consistindo de três grupos de contadores que controlam a entrada analógica

e a saída analógica, além de um outro, para propósito geral. Estes grupos incluem um total de

sete contadores de 24-bits e três contadores de 16-bits de resolução, com uma resolução

máxima de 50 ns.

A Figura 1.2 apresenta a placa PCI-6024E que esta instalada internamente, no

microcomputador da bancada do laboratório de automação. Trata-se de um cartão com

conector para barramento PCI.

Figura 1.2: Placa PCI-6024E.

Através do conector de 68 pinos (Figura 1.3A) da placa PCI-6024E é possível ligar os

recursos da placa de aquisição ao bloco de conectores externo denominado SCB-68 (Figura

1.3B), que possui uma área para a inclusão de filtros e circuitos atenuadores além de bornes

de fixação. O módulo SCB-68 pode ser visto na Figura 1.4.

Figura 1.3A Figura 1.3B

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Figura 1.4

Entradas analógicas. As especificações das entradas analógicas em uma placa de

aquisição devem fornecer tanto suas características como também sua precisão. As

especificações básicas que estão disponíveis na maioria dos produtos deste tipo informam o

número de canais, a taxa de amostragem, a resolução e a faixa de entrada.

• Número de Canais: o número de canais de entradas analógicas é especificado

tanto para as entradas isoladas como para as entradas diferenciais, nas placas que

possuem os dois tipos de entradas. Nas entradas isoladas, os pinos de entrada são

referenciados em relação ao ponto de terra comum. Estas entradas são tipicamente

usadas quando os sinais possuem tensão com valores relativamente altos (maiores

do que 1V), as conexões a partir da fonte do sinal até a entrada analógica do

equipamento são curtas (menores que 5 metros) e todos os sinais de entrada

compartilham uma referência de terra comum. Quando os sinais não seguem este

critério, deve-se utilizar entradas diferenciais. Na configuração diferencial, cada

entrada tem o seu terra de referência. Erros de ruído são reduzidos uma vez que o

ruído do modo comum visto pelos terminais é cancelado no par diferencial.

• Taxa de Amostragem: este é o parâmetro que determina o quão rapidamente são

realizadas as conversões. Uma taxa de amostragem mais rápida permite adquirir

mais amostras para um dado tempo de amostragem, podendo desta maneira formar

uma melhor representação do sinal original. Por exemplo, é comum que sinais de

áudio convertidos para sinais elétricos por um microfone possuem componentes de

freqüência de até 20 kHz. Para digitalizar adequadamente este sinal e analisá-lo, o

Teorema de Amostragem de Nyquist informa que devemos amostrar com uma taxa

no mínimo duas vezes maior que a taxa do componente de máxima freqüência no

qual queremos detectar. Portanto, uma placa com uma taxa de amostragem maior

que 40 kS/s é necessária para adquirir corretamente este sinal. (S/s =

Samples/second = número de amostras por segundo).

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• Resolução: é o número de bits que o Conversor Analógico Digital (ADC) utiliza

para representar o sinal analógico. Quanto maior a resolução, maior é o número de

divisões que a faixa medida é divida e desta maneira, menor é a variação de tensão

que pode ser detectada. A Figura 1.5 apresenta uma onda senoidal e sua digital

correspondente obtida por um conversor analógico-digital de 3 bits ideal. Um

conversor de 3-bits divide a faixa analógica em 23, ou 8 divisões. Cada divisão é

representada pelo código binário entre 000 e 111. Claramente, a representação

digital não é a melhor representação do sinal analógico original,pois parte da

informação é perdida durante a conversão. Aumentando-se a resolução para 16

bits, faz com que o número de códigos gerados a partir do conversor AD aumente

de 8 para 65.536 e desta maneira é possível obter uma representação digital do

sinal analógico de uma maneira mais precisa.

Figura 1.5: Onda senoidal digitalizada com uma resolução de 3 bits.

• Intervalo de Quantização (Range): o intervalo de quantização se refere à faixa que varia entre os níveis de tensão mínimo e máximo que o conversor AD pode

quantizar. Placas de aquisição multifuncional oferecem intervalos selecionáveis de

maneira que a placa seja configurada para manusear uma variedade de diferentes

níveis de tensão. Com esta flexibilidade, pode-se adequar a faixa de sinal à faixa

do ADC para obter a melhor vantagem da resolução disponível, medindo com

precisão o sinal desejado. O alcance, resolução e ganho disponíveis numa placa de

aquisição determinam qual a menor variação de tensão que pode ser detectada.

Esta variação representa um bit menos significativo (LSB) do valor digital do

sinal e é normalmente chamado de largura do código. A largura do código ideal é

encontrada tomando-se a faixa de tensão multiplicada pelo ganho e dividindo-a por

pelo número dois elevado à potência do número de bits da resolução do conversor

AD. Por exemplo, a placa modelo AT-MIO-16X da National Instruments utiliza

16 bits e possui intervalos de quantização selecionáveis entre 0 a 10V e –10V a

+10V, além de ganhos selecionáveis de 1, 2, 5, 10, 20, 50 a 100. Com uma tensão

no intervalo de 0 a 10V e um ganho de 100, a largura ideal é dada por:

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µV5.12100

1016=

×

.

Portanto, a resolução teórica para 1 bit é dada pelo valor 1.5µV.

Embora as especificações básicas descritas previamente possam apresentar que

uma placa de aquisição possui um conversor AD com 16-bits de resolução e uma

taxa de amostragem de 100 kS/s, isto não significa que pode-se amostrar na

velocidade máxima todos os 16 canais e ainda obter precisão total de 16-bits.

Produtos existentes no mercado atualmente com conversor AD de 16-bits podem

oferecer algumas vezes menos de 12-bits de dados úteis.

No caso ideal, na medida em que o nível de tensão, aplicada na placa de aquisição

aumenta, os códigos digitais a partir do conversor AD devem também aumentar linearmente.

Um gráfico ideal para descrever a relação entre a tensão aplicada e o código de saída de um

conversor AD, deve ser uma linha reta. Desvios a partir da linha reta ideal são especificados

como não linearidades. DNL (do termo em inglês Digital Non Linearity) é uma medida em

bits significativos para o pior caso de desvio da largura do código a partir do valor ideal de 1

LSB. Uma placa de aquisição ideal possui um DNL de 0 LSB. Na prática, uma boa placa de

aquisição possui um DNL de ±0.5LSB.

Precisão Relativa. Essa é uma medida em LSBs do pior caso de desvio a partir da

função de transferência de uma placa de aquisição ideal: uma linha reta. A precisão relativa é

determinada numa placa de aquisição conectando uma tensão negativa de fundo de escala.

Digitaliza-se a tensão para toda a faixa de entrada da placa. Quando os pontos são colocados

em um gráfico, o resultado será, aparentemente, uma linha reta (Veja a Figura 1.6a).

Entretanto, pode-se subtrair os valores da linha reta dos valores digitalizados e estabelecer um

gráfico com os pontos deste resultado, como mostra a Figura 1.6b. O desvio máximo a partir

do zero é a precisão relativa de uma placa de aquisição.

Fig. 1.6a Fig. 1.6b

Figura 1.6: Determinando a precisão relativa de uma placa de aquisição. Figura 1.6a

apresenta a linha reta aparente gerada através do aumento da tensão de entrada. A

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Figura 1.6b apresenta o resultado da subtração entre os valores medidos e uma linha

reta. Ruído. Ruído é qualquer sinal indesejado que aparece quando o sinal é digitalizado

pela placa de aquisição. Uma vez que o PC é um ambiente com ruído digital, adquirir dados

numa placa de aquisição exige um projeto cuidadoso do circuito numa configuração

multicamadas. A simples colocação de um conversor analógico digital, um amplificador de

instrumentação e um circuito de interface com o barramento numa placa de uma ou duas

camadas resultará geralmente numa placa de aquisição com alto nível de ruído. Projetistas

podem utilizar blindagem metálica para ajudar a reduzir o ruído numa placa de aquisição.

Uma blindagem adequada não deve apenas ser incluída ao redor das seções contendo circuitos

analógicos mais sensíveis, mas também deve ser feita junto às camadas da placa de aquisição,

utilizando planos de terra.

Saídas analógicas. Diversas considerações sobre um conversor digital-analógico

(DAC) determinam a qualidade do sinal de saída produzido: tempo de acomodação, taxa de

subida e resolução. Juntos, o tempo de acomodação e a taxa de subida determinam o quão

rápido o DAC pode mudar o nível do sinal de saída. O tempo de acomodação é o tempo

necessário para que a saída estabilize com a precisão especificada. Este tempo é normalmente

especificado para uma mudança de fundo de escala da tensão. A taxa de subida é a máxima

taxa de mudança que um DAC pode produzir no sinal de saída. Entretanto, um DAC com um

pequeno tempo de acomodação e uma alta taxa de subida pode gerar sinais de alta freqüência

devido ao pequeno tempo necessário para mudar com precisão a saída para um novo nível de

tensão.

Um exemplo de uma aplicação que requer um alto desempenho nesses parâmetros é a

geração de sinais de áudio. O DAC necessita uma alta taxa de subida e um pequeno tempo de

acomodação para gerar as altas freqüências necessárias para cobrir toda a faixa de áudio. De

maneira inversa, uma aplicação que não requer conversão D/A rápida é uma fonte de corrente

que controla um aquecedor. Como o aquecedor não responde rapidamente para uma variação

de tensão, não é necessário ter uma conversão D/A rápida. A aplicação é quem determina as

especificações do DAC.

A resolução de saída é similar a resolução de entrada, ou seja, o número de bits na

palavra digital é o gerador da saída analógica. Um maior número de bits reduz a magnitude de

cada incremento da tensão de saída, desta maneira permitindo gerar sinais com mudanças

suaves. Aplicações que requerem uma faixa dinâmica larga com incrementos de tensão

menores na saída analógica talvez necessitem de saídas de tensões de alta resolução.

Triggers. Várias aplicações de aquisição de sinais precisam iniciar ou terminar uma

operação de aquisição em relação a um evento externo à placa. Gatilhos (triggers) digitais

sincronizam a geração de tensão e a aquisição para um pulso digital externo. Triggers

analógicos, usados originalmente em operações de entrada analógica, iniciam e terminam a

operação de aquisição quando um sinal de entrada alcança um nível específico de tensão

analógica e inverte a polaridade.

Temporizador/Contador. O circuito temporizador/contador é útil em muitas

aplicações, que incluem a contagem de ocorrências de um evento digital, temporização de um

pulso digital e a geração de pulsos e ondas quadradas. Pode-se implementar todas estas

aplicações usando sinais de três contadores/temporizadores: habilita (gate), entrada (source) e

saída (output). A entrada gate é utilizada para habilitar ou desabilitar a função do contador. A

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entrada é quem causa o incremento do contador cada vez que seu valor é modificado e desta

maneira fornece a base de tempo para a operação do contador. Finalmente, a saída gera os

pulsos e a onda quadrada na linha de saída.

As especificações mais importantes para a operação de um contador/temporizador são

sua resolução e a freqüência do seu relógio (clock). A resolução é o número de bits que o

contador utiliza. Uma maior resolução significa simplesmente que o contador pode contar

mais. A freqüência do clock determina quão rápido pode-se alterar o sinal de entrada digital.

Com uma freqüência alta, o contador realiza incrementos mais rápidos e desta maneira pode

detectar sinais de freqüência mais alta na entrada, gerando pulsos de alta frequência e ondas

quadradas na saída.

O contador/temporizador DAQ-STC usado nas placas da série E (mesma série da

utilizada no laboratório) possuem contadores de 16 e 24 bits e uma freqüência de clock de 20

MHz. Este recurso é um circuito integrado dedicado (ASIC) projetado especificamente para

aplicações de aquisição. O DAQ-STC é um contador/temporizador crescente/descendente, o

que significa que pode ser utilizado com sinais digitais externos adicionais para contar,

dependendo se o nível do sinal é alto ou baixo. Este tipo de contador/temporizador pode

medir posições a partir de encoders lineares ou rotacionais. Outras funções especiais incluem

geração de trem de pulsos amplificados, temporização equivalente ao tempo de amostragem,

identificação do tempo relativo (relative time stamping) e mudança instantânea da taxa de

amostragem.

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2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 Série de Fourier

Qualquer função periódica no tempo, por exemplo, a função f(t) com período T0, tal

que f(t) = f(t+T0), como a apresentada na Figura 2.1, pode ser decomposta em uma série de

senos e cossenos da seguinte forma:

[ ]∑∞

=

++=

1

000)sin()()(

n

nntnwbtnwcosaatf , ....(1)

onde w0 = 2π/T0 é a chamada freqüência fundamental. Os coeficientes a0, an e bn da Série de

Fourier são calculados através das propriedades das funções ortogonais, como se segue:

∫−

=

2

20

0

0

0

1/T

/T

dt)t(fT

a ; ....(2)

∫−

=

2/

2/

0

0

0

0

)()(1

T

T

ndttnwcostf

Ta ; ....(3)

∫−

=

2/

2/

0

0

0

0

)()(1

T

T

ndttnwsintf

Tb . (4)

0

0

2

Tw

π

=

Figura 2.1: Exemplo de uma função periódica no tempo.

A prova matemática da representação em Série de Fourier pode ser vista em qualquer

livro de processamento de sinais, tal qual Oppenheim (1997).

Uma alternativa para a equação (1) é a seguinte:

f(t)

t

T0

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∑∞

=

++=

1

00)(

2

1)(

n

nntnwcosAatf φ , (5)

onde 22

nnnbaA += é a magnitude da componente de freqüência nw0 e φn é a fase

correspondente. Observa-se que esta série apresenta a mesma informação que a série da

equação (1), pois as funções seno e cosseno são idênticas, a menos de uma diferença de fase.

Neste caso o coeficiente An e a fase φn representam o espectro de freqüência da função f(t).

Portanto, a função temporal f(t) é unicamente definida por sua amplitude e fase.

A Série de Fourier pode ser ainda descrita usando-se uma representação complexa dos

componentes da equação (1). As funções seno e cosseno podem ser representadas por funções

exponenciais complexas da seguinte forma:

2)(

θθ

θ

jjee

cos

+= (6)

e

j

eesin

jj

2)(

θθ

θ

= . (7)

Substituindo estas expressões na equação (1) e rearranjando, resulta na Série de

Fourier descrita em termos de exponenciais complexas, da seguinte forma:

∑∞

−∞=

=

n

tjnw

neCtf 0)( , (8)

onde os coeficientes Cn são complexos e

nnnCCa−

+= ; (9)

)(nnn

CCjb−

−= . (10)

Os coeficientes Cn podem ser calculados através dos coeficientes an e bn, da expansão

em série da equação (1), bastando para isso rearranjar as equações (9) e (10). Contudo, estes

coeficientes também podem ser calculados através das propriedades de ortogonalidade das

funções exponenciais complexas, da seguinte forma:

∫−

=

2/

2/0

0

0

0)(1

T

T

tjnw

n dtetfT

C . (11)

Observa-se que neste caso a série é para n variando de −∞ a +∞. Note que nas

expressões (1) e (5) tem-se n variando de 0 a +∞, ou seja, existem somente freqüências

positivas. No caso da representação da equação (8) tem-se um conjunto de coeficientes que

correspondem a freqüências positivas e negativas. O conceito de freqüência negativa

geralmente causa confusão, contudo basta simplesmente lembrar que isto resulta diretamente

das equações (6) e (7), e do uso de exponenciais complexas para representar componentes de

freqüência real, ou seja, é somente um artifício matemático.

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♦ Exemplo 1: A expansão em série de Fourier de uma função quadrada com

freqüência w0, apresentada na Figura 2.2, pode ser calculada segundo as expressões (1) e (8).

Figura 2.2: Função quadrada com freqüência w0.

A Série de Fourier desta função quadrada segundo a expressão (1) é dada por:

K+++= )5sin(5

4)3sin(

3

4)sin(

4)(

000twtwtwtf

p

πππ

.

A série de Fourier desta função quadrada em termos de exponenciais complexas, de

acordo com a expressão (8), é dada por:

KK +−−−++=−−− twjtwjtjwtjwtwjtwj

pe

je

je

je

je

je

jtf 000000

5335

5

2

3

222

3

2

5

2)(

ππππππ

.

2.2 Transformada de Fourier - representação no domínio da freqüência de uma função temporal não periódica

Obviamente que o mundo real não é feito de somente funções periódicas, portanto são

necessários métodos para descrever no domínio da freqüência funções não periódicas. O

propósito de se ter introduzido anteriormente a Série de Fourier é somente fornecer um ponto

de partida para descrever o método mais geral da Transformada de Fourier.

Considere a função de duração finita no tempo mostrada na Figura 2.3. Claramente

que esta função não é periódica e observe que, a função f(t) = 0 para |t| > T1/2. Contudo, pode

ser usado um truque para tornar a função f(t) periódica, este truque consiste em imaginar que

se observa somente um período de uma função periódica com período T0 > T1, como mostra a

Figura 2.4.

f(t)

t

T0

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Figura 2.3: Exemplo de função temporal não periódica limitada no tempo.

Figura 2.4: Tornando uma função temporal não periódica limitada no tempo em

periódica com período T0.

A nova função fp(t), que é periódica com período T0, pode ser representada por uma

Série de Fourier, como a da expressão (8), repetida a seguir:

∑∞

−∞=

=

n

tjnw

np eCtf 0)( ,

onde w0 = 2π/T0, como anteriormente. Substituindo na equação anterior a expressão para os

coeficientes Cn, dada pela equação (11), tem-se:

∑ ∫∞

−∞= −

=n

tjnw

T

T

tjnw

p edtetfT

tf 0

0

0

0

2/

2/0

)(1

)( . (12)

Fazendo com que T0, o período assumido da função periódica, se torne arbitrariamente

grande, de forma que w0 se torne pequeno, escrevendo w0 = ∆w e nw0 = wn, tem-se que:

f(t)

t T1 T1

t

fp(t)

T1 T1

... ...

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∑ ∫∞

−∞= −

− ∆

=n

tjw

T

T

tjw

pnn wedtetftf

2/

2/

0

0

)(2

1)(

π

. (13)

Finalmente, tomando o limite de T0 → ∞ e notando que no limite a função periódica

tende à função original, ou seja,

)()( lim

0

0

tftf p

wouT

→∆

∞→

= . (14)

Então, se for definida a seguinte função,

∫∞

∞−

= dtetfjwF jwt)()( , (15)

a equação (13), no limite de T0 → ∞ fica,

{ }∑∞

−∞=

∆=

n

tjw

npnwejwFtf )(

2

1)(

π

. (16)

Note que para funções periódicas o conteúdo de freqüências é discreto. Pode-se

imaginar que funções não periódicas possuem infinitas freqüências em um dado intervalo de

freqüências. Assim, as componentes de freqüências de uma função não periódica vão se

juntando até não mais existir uma separação entre elas. Matematicamente, esta transformação

pode ser feita tomando-se o limite da equação (16) para o intervalo de freqüência, ∆w,

tendendo a zero. Quando ∆w tende a zero, tem-se infinitas componentes de freqüência e a

somatória da equação (16) se transforma em uma integral da seguinte forma:

∫∞

∞−

= dtejwFtf jwt

p)(

2

1)(

π

. (17)

A equação (15) define a Transformada de Fourier e a equação (17) define a

Transformada de Fourier Inversa. Compactamente estas transformações são normalmente

descritas como,

{ })()( tfjwF ℑ= (18)

e

{ })()( 1 jwFtf −

ℑ= . (19)

Note que a equação (15) é por definição a Transformada de Fourier, F(jw), da função

f(t) e a equação (17) é por definição a Transformada de Fourier Inversa da função f(t).

Se uma função do tempo, f(t), existir somente para t ≥ 0, ou seja, obedece as condições

de existência da Transformada de Laplace, então a Transformada de Fourier dessa função,

F(jw), pode ser calculada através da sua Transformada de Laplace, F(s), da seguinte forma:

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15

jwssFjwF=

= )()( , (20)

ou seja, basta substituir a variável s da Transformada de Laplace por jw, que se obtém a

Transformada de Fourier da função f(t). Esta expressão significa que a Transformada de

Fourier é a Transformada de Laplace calculada no eixo imaginário do plano complexo da

variável s. Existem tabelas que apresentam as Transformadas da Laplace e de Fourier para

diversas funções.

A Transformada de Fourier tem as seguintes características:

(1) A função F(jw) não tem nenhuma informação nova sobre a função f(t), é somente

um modo diferente de se ver a função;

(2) A função F(jw) fornece a densidade de amplitude. Por exemplo, se f(t) é uma

força, então F(jw) será força/freqüência (N/Hz ou N/rad.s−1);

(3) A função F(jw) tem freqüências negativas. Uma freqüência negativa significa

somente uma diferença de fase de 180o em relação à mesma freqüência positiva.

Isto pode ser visto através da função seno, onde sin(w) e sin(−w) estão defasados

de 180º;

(4) A função F(jw) é simétrica em relação ao eixo w = 0 se a função f(t) for real.

2.3 Espectro de freqüência

Para o engenheiro de controle a expansão em série de Fourier ou mesmo a

Transformada de Fourier não são tão importantes como o conceito de representação espectral,

ou espectro de freqüências, de uma função ou de um sinal temporal.

O espectro de freqüência de uma função periódica é a representação gráfica dos

harmônicos (componentes) da série de Fourier, dada na forma de exponencial complexa, que

representa esta função. Ou seja, é uma representação gráfica dos coeficientes Cn da expansão

da função segundo a equação (7). Na medida que estes coeficientes são números complexos, o

espectro de freqüência é constituído de dois gráficos: um que apresenta o módulo dos

coeficientes em função da freqüência e outro que apresenta a fase destes coeficientes também

em função da freqüência. Observa-se que a freqüência varia de −∞ a +∞, ou seja, para n

variando de −∞ a +∞.

Para uma função não periódica o espectro de freqüência é a representação gráfica da

sua Transformada de Fourier dividida por 2π.

♦ Exemplo 2: O espectro de freqüências da função quadrada com freqüência w0, do

exemplo 1, é dado pelos coeficientes Cn da sua expansão em série de Fourier. Do exemplo 1

estes coeficientes são dados, genericamente em função de n, por –j/nπ. A fase e o módulo

destes coeficientes são respectivamente iguais à:

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16

<+

≥−

=∠

0 para ,2

0 para ,2

n

n

Cn

π

π

;

πnC

n

2= .

Assim, o espectro de freqüência da onda quadrada do exemplo 1 é dado pelos gráficos

abaixo.

Figura 2.5: Espectro de freqüências da função quadrada com freqüência wo.

Nota-se que este espectro de freqüência não é contínuo. Isto decorre do fato de que a

função quadrada é periódica e, portanto, somente tem componentes de freqüência múltiplas

do seu período.

♦ Exemplo 3: Dada a seguinte função:

|Cn|

w w0 3w0 5w0 7w0

.

..

−w0 −3w0 −5w0 −7w0

...

∠Cn

w

w0 3w0 5w0 7w0

...

...

−w0 −3w0 −5w0 −7w0

π/2

−π/2

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17

>

≤=

;|| para ,0

;|| para ,1)(

1

1

Tt

Tttf

cujo gráfico se encontra na Figura 2.6, calcule a sua Transformada de Fourier e mostre o seu

espectro de freqüências.

A sua transformada de Fourier, calculada aplicado-se a equação (15), é dada por:

w

wTjwF

)sin(2)( 1=

Figura 2.6: Função unitária no intervalo de tempo [–T1, T1].

O espectro de freqüências desta função é dado pelo módulo e fase de F(jw) dividido

por 2π. Observa-se contudo que a fase de F(jw) é igual a zero, pois a esta é uma função real.

O gráfico da Figura 2.7 apresenta o espectro de freqüências da função f(t).

Figura 2.7: Espectro de freqüência da função unitária no intervalo de tempo

[–T1, T1].

f(t)

t T1 T1

1

w

1T

π

1

2

T

π

1

3

T

π

1

4

T

π

π2

|)(| jwF

T

π

1T

π

1

2

T

π

1

3

T

π

1

4

T

π

.

...

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18

3: Atividades a serem desenvolvidas pelos alunos

Inicialmente copie todos os scripts do diretório C:\PMR2400\Exp1 para o seu

diretório de trabalho que voce deve criar em C:\Alunos\

3.1 Amostrando sinais através da placa de aquisição

Nesta parte, vamos utilizar a placa de aquisição de dados para observar a conversão

analógica-digital e conversão digital-analógica. Usualmente, realiza-se a amostragem de uma

função em intervalores regulares correspondente ao tempo de amostragem Ta.

A conversão digital-analógica realiza a operação inversa. Ou seja, pega os valores

binários e converte para a tensão analógica equivalente.

Inicialmente você deve fazer a montagem como ilustrado na Figura 3.1. Em seguida

você deve utilizar o script de Matlab adda.m.

Selecione no Gerador de Funções uma Onda Senoidal de freqüência a sua escolha, por

exemplo, entre 20 e 100 Hz. Escolha no VI uma freqüência de amostragem, por exemplo

400Hz. Varie a amplitude e freqüência da Onda Senoidal. Observe e coloque no seu

relatório um esboço das formas de onda mostradas no osciloscópio.

Figura 3.1: Diagrama esquemático das ligações.

1

Canal de Saída 0 Canal De Entrada 0

GERADOR DE

FUNÇÕES

PLACA DE AQUISIÇÃO + COMPUTADOR

BORNEIRA

1

OSCILOSCÓPIO

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19

3.2 Introdução ao MATLAB

Nesta parte, pretende-se introduzir o software MATLAB que será utilizado durante o

curso para se executar o projeto de sistemas de controle. Para isso aconselha-se acompanhar o

tutorial “Introdução ao MATLAB”, dando atenção especial as partes correspondentes a

construção de gráficos, e processamento de sinais e controle.

Obviamente muitos alunos devem estar familiarizados com o MATLAB, portanto essa

parte da experiência é opcional e não deve ser incluída no relatório.

3.3 Espectro de freqüências

Nesta parte da experiência você irá amostrar três sinais distintos: um sinal senoidal,

uma onda quadrada e uma onda triangular. Como sugestão utilize sinais com freqüências da

ordem de 10Hz a 50Hz e freqüências de amostragem entre 1000 a 2000Hz.

Amostrando os sinais

No gerador de funções selecione a opção para a geração da onda no formato e

freqüência desejados. A amplitude do sinal deve ficar dentro do intervalo ±5 volts, que são os

limites definidos de operação do DAC.

Para a aquisição de dados, será utilizado o script de Matlab aquisicao.m. A Figura 3.3

ilustra o código fonte.

%

%

% fa -> Frequencia de Amostragem em Samples/seg

% Duration -> Duracao da aquisicao em segundos

% data -> vetor de dados

%

SampleRate = 1000;

duration = 1;

% Cria o objeto AI como sendo o device 1 da interface nidaq (National

Instruments - Data Acquisition)

AI = analoginput('nidaq','Dev1');

% acrescenta o canal 0 - A/D

chan = addchannel(AI,0);

% seta o SampleRate ou frquencia de amostragem

set(AI,'SampleRate',fa);

% ActualRate - > verdadeira frequencia de amostragem utilizada

ActualRate = get(AI,'SampleRate');

set(AI,'SamplesPerTrigger',duration*ActualRate)

set(AI,'TriggerType','Manual')

blocksize = get(AI,'SamplesPerTrigger');

start(AI);

trigger(AI);

wait(AI,duration + 1);

% obtem o vetor de dados e coloca em auxdata

auxdata = getdata(AI);

delete(AI);

clear AI;

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20

%

% imprimindo o grafico

%

% geracao do vetor de tempo

% t = tempo inicial : intervalo de amostragem : tempo final

%

t=0:1/fa:(size(auxdata)-1)*1/fa;

plot(t,auxdata);

grid on

xlabel('tempo(s)');

ylabel('tensao (volts)');

%

% nome da variavel aonde o usuario deseja armazenar os dados capturados

data = auxdata;

%

Figura 3.3: Código fonte do script aquisicao.m.

Você deve escolher a frequencia de amostragem fa e o tempo de duração da aquisição

de dados duration. Ao final o script constroi o gráfico em função do tempo e salva o vetor

de dados na variável data. Você pode mudar o nome desta variável a cada aquisição se

assim o desejar.

Trechos específicos do gráfico podem ser selecionados através do comando de ZOOM

que pode ser selecionada na janela do gráfico.

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21

Cálculo do espectro de freqüência dos sinais amostrados

Para cada sinal amostrado (onda senoidal, onda quadrada e onda triangular) calcule o

seu espectro de freqüências utilizando o MATLAB. Para isso, você deve seguir os passos a

seguir.

• Primeiramente faça os gráficos das curvas amostradas em função do tempo.

Utilizar nesse gráfico poucos períodos da curva. Para criar o vetor tempo você deve

utilizar os seguintes comandos:

N = length(data(:,1));

t = (0:N-1)/fa;

onde fa é a freqüência de amostragem em Hz e 1 é a coluna onde estão os seus

dados na matriz data.

Para fazer o gráfico do sinal em função do tempo utilize:

plot(t(n1:n2),data(n1:n2,1));grid,

onde n1:n2 consiste no intervalo de pontos do sinal que deseja fazer o gráfico. sso

é necessário porque certamente o número de pontos que você coletou do sinal é

muito grande e o gráfico de todos eles torna a visualização da onda impossível.

Inclua no seu relatório um esboço dos gráficos dos três sinais.

• Com o arquivo contendo os dados amostrados dentro do MATLAB, você deve

processar a Transformada Discreta de Fourier (DFT) desses dados com o comando

fft do MATLAB. Com a Transformada Fourier dos dados você pode obter o

espectro de freqüências do sinal. O espectro de freqüências de um sinal pode ser

obtido pela multiplicação da Transformada de Fourier com o seu conjugado e

posterior raiz quadrada. Para isso você no MATLAB deve fazer a seguinte

operação:

f = fft(data(:,1));

s = f.*conj(f);

s = sqrt(s)/(N-1);

onde s é o espectro de freqüências do sinal e f é o vetor que contém a DFT. A

operação “.*” multiplica dois vetores, porém componente por componente, ou

seja, realiza o produto escalar de dois vetores.

• Para visualizar o espectro de freqüência do sinal você deve antes obter a escala de

freqüências. Para isso você deve gerar um vetor de N números que seguem a

fórmula n*fa/N, onde n = 1,…,N. No MATLAB tem-se:

w = (0:N-1)*fa/(N-1);

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Para fazer o gráfico da amplitude do espectro de freqüências utilize os seguintes

comandos: m = round(N/2);

plot(w(1:m),s(1:m));grid

Como deve ter notado, você deve fazer o gráfico de somente metade dos pontos do

espectro de freqüências calculado. A razão disso você ficará sabendo em aulas

futuras.

Inclua no seu relatório os esboços dos gráficos dos espectros de freqüências

dos três sinais.

Nota: A DFT é o equivalente da Transformada de Fourier, mas serve para sinais

amostrados. Não se preocupe muito em saber como o MATLAB calcula essa transformada,

pois você irá aprender isso em aulas futuras.

Cálculo dos espectros de freqüências teóricos

Nesta parte da experiência você deve calcular através da teoria o espectro de

freqüências dos sinais amostrados, ou seja:

• Onda senoidal;

• Onda quadrada;

• Onda triangular.

Calcule os espectros de freqüências teóricos para uma freqüência fundamental

genérica, w0, e depois calcule numericamente para as freqüências que você utilizou nos sinais

amostrados. Isso deve ser trazido pronto para a aula de laboratório. Portanto, a

freqüência dos sinais que você vai amostrar deve ser decidida em casa e não durante a

realização da experiência.

Apresente no seu relatório o cálculo das Séries de Fourier e dos espectros de

freqüências teóricos, além dos gráficos dos espectros de freqüências teóricos dos três

sinais.

Analise os resultados, ou seja, compare os espectros de freqüências obtidos a

partir dos sinais reais com os calculados através da teoria.

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PMR2400 – CONTROLE E AUTOMAÇÃO II

EXPERIÊNCIA 1 – PARTE II

TEOREMA DE AMOSTRAGEM

1. INTRODUÇÃO

A Parte II tem por objetivo a observação prática dos efeitos da amostragem digital de

sinais contínuos.

A Seção 2 desta apresenta a teoria de Séries e Transformada de Fourier e a teoria de

amostragem. O conhecimento desta teoria é fundamental para entender os resultados da

experiência. A Seção 3 contêm as instruções para a realização da parte experimental.

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 2 -

2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1. Teoria de Amostragem

A amostragem de um sinal contínuo consiste em simplesmente trocar os valores do

sinal por um conjunto discreto de pontos. Estes pontos são iguais aos valores do sinal nos

chamados instantes de amostragem. O resultado da amostragem é então uma seqüência de

números.

A amostragem quando é realizada com períodos de amostragem fixos, é chamada

amostragem uniforme. Nesta experiência somente serão tratadas amostragens uniformes. O

período de amostragem, que é o tempo decorrido entre duas amostragens consecutivas, será

denominado por Ta. A freqüência de amostragem é o inverso do período de amostragem,

sendo calculada por:

a

a

Tw

π2= , em rad/s, ou, (1)

a

a

Tf

1= , em Hz. (2)

Muita pouca informação é perdida pela amostragem de um sinal contínuo se os

instantes de amostragem estão suficientemente “próximos”, mas muito da informação pode

ser perdida se os instantes de amostragem estiverem “longe”. Isto pode ser visto pela Figura 1

abaixo, na qual a função seno com freqüência de 10Hz (período de 0,1 segundos) é

amostrada.

Observa-se pela Figura 1 que a partir das amostras obtidas com fa = 90Hz (fa >> fs,

onde fs é a freqüência do sinal original de 10Hz) é fácil conhecer (reconstruir) o sinal original

perfeitamente, sem perda de informação. Com fa = 22Hz (fa = 2,2fs) ainda é possível

reconstruir o sinal, sabendo-se a sua freqüência verdadeira. Com fa = 20Hz (fa = 2fs), o sinal

reconstruído pode ser uma reta ou uma curva senoidal, contudo mesmo conhecendo-se a

freqüência do sinal é impossível obter a sua amplitude correta, dessa forma, perdeu-se alguma

informação do sinal original. Com fa = 13,33Hz (fa = 4fs/3) o sinal reconstruído tem

freqüência de 0,33Hz (período de 0,3s), o que é completamente diferente de 10Hz. Com fa =

7,5Hz (fa = 3fs/4) o sinal reconstruído tem freqüência de 2,5Hz (período de 0,4s), que também

é diferente de 10Hz, que é a freqüência do sinal original.

Portanto, as seguintes conclusões podem ser feitas a partir da Figura 1:

(1) Algumas freqüências de amostragem distorcem o sinal, isto é, o sinal original é perdido;

(2) A freqüência de amostragem a ser utilizada para que não ocorra distorção do sinal, depende da freqüência do sinal;

(3) A freqüência de amostragem para que não distorção do sinal deve ser maior do 2 vezes a freqüência do sinal.

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 3 -

Figura 1: Amostragem da função seno de 10Hz com diversas freqüências de amostragem

A Figura 2 apresenta três sinais sendo amostrados com o mesmo período de

amostragem.

0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4 0.45 0.5 -1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

Tempo (segundos)

Amplitude

Sinal de 10Hz Amsotras com fa=90Hz Amostras com fa=22Hz Amostras com fa=20Hz Amsotras com fa=13,33Hz Amostras com Fa=7,5Hz

0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1 -1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

Tempo (segundos)

Amplitude

Sinal de 10Hz Sinal de 30Hz Sinal de 50Hz Amostras com f

a=40Hz

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 4 -

Figura 2: Amostragem de três sinais de freqüências diferentes com a mesma freqüência de

amostragem (fa = 40Hz, ou Ta = 0,025s).

As seguintes conclusões podem ser feitas a partir da Figura 2:

(1) Não existe uma função única que gera um determinado conjunto de amostras;

(2) Existem infinitas funções que geram o mesmo conjunto de amostras;

(3) Sem a adoção de algumas hipóteses não é possível saber que sinal gerou as amostras obtidas, ou seja, conhecer o sinal original;

(4) De todas as curvas senoidais possíveis existe somente uma com freqüência abaixo de 20Hz ou fa/2, que gera este conjunto de amostras.

A freqüência fa/2 ou π/Ta é chamada freqüência de Nyquist e tem um papel importante

da teoria de amostragem, como será visto adiante.

Matemática da amostragem

Um amostrador pode ser modelado como um trem de pulsos uniformemente espaçados

no tempo, com período igual a Ta (período de amostragem), como mostra a Figura 3.

Figura 3: Amostrador modelado por um trem de pulsos.

A amostragem pode ser vista como um fenômeno de modulação (multiplicação), como

representado pela equação abaixo:

)()()(* tstftf = ; (3)

onde f(t) é a função original, s(t) é o amostrador e f*(t) é a função amostrada. A Figura 4

mostra uma função qualquer modulada pelo amostrador.

Um amostrador ideal é aquele em que os pulsos ocorrem em um instante de tempo

infinitesimal e tem área unitária, ou seja, são impulsos formados pela função Delta de Dirac.

Assim, um amostrador ideal pode ser representado pela seguinte equação:

s(t)

t

Ta

1

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 5 -

∑+∞=

−∞=

−=

n

n

anTtts )()( δ . (4)

Na expressão (4) n é um número inteiro que varia de −∞ a +∞ e nTa é a escala de

tempo discreto, ou seja, os instantes onde ocorrem as amostragens, ou ainda, os instantes de

amostragem. A Figura 5 apresenta um gráfico do amostrador ideal.

Figura 4: Função qualquer modulada pelo amostrador.

Figura 5: Amostrador ideal.

Somente para fins de recordação, a definição e as principais propriedades da função

Delta de Dirac (função impulso) são as seguintes:

Definição:

=∞

≠=−

; para ,

; para ,0)(

1

1

1

tt

tt

ttδ (5)

t

f(t)

f*(t)

s(t)

t Ta

1

4Ta 5Ta 3Ta 2Ta

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 6 -

∫+∞

∞−

=− 1)(1dtttδ . (6)

Propriedade do deslocamento:

∫+∞

∞−

=− )()()(11tfdttttf δ . (7)

Na medida em o amostrador ideal é uma função periódica, pode ser representada por

uma série de Fourier, assim, tem-se:

∑+∞=

−∞=

=

n

n

tjnw

naeCts )( , (8)

onde os coeficientes Cn são iguais a:

∫−

===

2/

2/

0 11)(

1 a

a

a

T

T aa

tjnw

a

nT

eT

dtetT

C δ . (9)

Observa-se que a primeira passagem da expressão acima é realizada em conseqüência

da propriedade de deslocamento da função Delta de Dirac.

Substituindo a equação (8) na equação (3), tem-se que o sinal amostrado é dado por:

∑+∞=

−∞=

=

n

n

tjnw

naeCtftf )()(

* . (10)

Calculando a Transformada de Fourier do sinal amostrado, tem-se:

{ } { }∑+∞=

−∞=

ℑ=ℑ=

n

n

tjnw

naetfCtfjwF )()()(

** . (11)

Uma das propriedades da Transformada de Fourier é a propriedade da multiplicação

por uma exponencial complexa no tempo, como se segue:

{ } )}({)(* awjFetf jat−=ℑ . (12)

Utilizando esta propriedade na equação (11), obtém-se a seguinte expressão:

∑+∞=

−∞=

−=

n

n

annwwjFCjwF )}({)(

* . (13)

Para o caso do amostrador ideal Cn = 1/Ta, assim tem-se que:

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 7 -

∑+∞=

−∞=

−=

n

n

a

a

nwwjFT

jwF )}({1

)(* . (14)

Da expressão acima observa-se que a Transformada de Fourier do sinal amostrado, ou

o seu espectro de freqüências, é dada pela Transformada de Fourier, ou pelo espectro de

freqüências, do sinal original multiplicado pelo inverso do período de amostragem e replicado

infinitas vezes em torno de múltiplos da freqüência de amostragem. Dessa forma a

amostragem introduz novas componentes de freqüência que consistem em translações do

espectro do sinal original. A Figura 6 ilustra este fenômeno.

Caso (a):

Caso (b):

w

F(jw)

ws ws −wN wN

w

F*(jw)

ws ws −wa wa

… …

−wN wN

w

F(jw)

ws ws −wN wN

w

F*(jw)

ws ws −wN wN −wa wa

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 8 -

Figura 6: Espectro de freqüências de um sinal amostrado. Caso (a): freqüência de amostragem

maior do que 2 vezes a freqüência máxima do sinal. Caso (b): freqüência de amostragem

menor do que 2 vezes a freqüência máxima do sinal.

Observa-se que todos os picos do espectro de freqüências do sinal amostrado tem a

mesma amplitude.

Assim, dada uma freqüência de amostragem wa, quaisquer componentes senoidais com

freqüências, w, iguais a:

0wnww

a±= , (15)

irão gerar as mesmas amostras. Observa-se que w0 representa a menor freqüência que pode

gerar o dado conjunto de amostras e n é qualquer número inteiro de 0 até ∞. A Figura 2 já

ilustrou este fenômeno com três sinais de freqüências 10Hz, 30Hz (wa − 10Hz) e 50Hz

(wa + 10Hz), gerando as mesmas amostras.

A partir destes resultados pode-se concluir que se o sinal original, f(t), pode ser obtido

através de sua Transformada de Fourier, F(jw), e se F(jw) pode ser obtida da Transformada

Fourier do sinal amostrado, F*(jw), então usando a Transformada Inversa de Fourier, o sinal

f(t) pode ser determinado a partir do sinal amostrado f*(t).

No caso (b) da Figura 6, observa-se claramente que a Transformada de Fourier do

sinal amostrado, F*(jw), é distorcida, portanto, a partir de F

*(jw) não é possível obter F(jw).

Teorema de Amostragem

Seja um sinal f(t) cuja Transformada de Fourier é dada por F(jw). A amostragem deste

sinal com um período de amostragem igual a Ta, gera o sinal amostrado, f*(t), cuja

Transformada de Fourier é F*(jw). Assim, se F(jw) = 0, para toda frequência, w ≥ π/Ta = wN =

wa/2, então

≤≤

=intervalo. deste fora para ,0

; para ),()(

*

w

ww-wjwFTjwF NNa (16)

Desta forma o sinal f(t) pode ser reconstruído a partir de suas amostras.

A conclusão mais importante do Teorema de Amostragem é que um sinal para ser

reconstruído sem erro, ou para se observado sem distorções, deve ser amostrado com uma

freqüência de amostragem, wa, maior do que 2 vezes a freqüência máxima do sinal, ws,máximo,

ou seja:

máxinosaww

,

2> . (17)

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PMR2400: Experiência 1 – Parte II – Teorema da Amostragem e Reconstrução de Sinais

- 9 -

Na prática o que se faz é amostrar um sinal com freqüência 5 a 20 vezes maior do que

a máxima freqüência do sinal.

Quando não for possível amostrar mais rápido do que duas vezes a freqüência máxima

do sinal, deve-se utilizar um filtro analógico passa baixo com freqüência de corte igual a wN.

Este filtro deve implementado antes da amostragem do sinal, de forma a eliminar as

freqüências maiores do que wN e assim evitar distorção do sinal. Este filtro é conhecido como

filtro "anti-aliasing".

2.2. Aliasing ou Distorção do Espectro de Freqüências

O fenômeno de superposição dos espectros de freqüência do sinal amostrado, ou de

distorção do sinal amostrado, é chamado de aliasing. Nas amostragens onde ocorre aliasing

não é possível obter o sinal a partir das amostras, ou seja, não é possível reconstruir o sinal.

A Figura 7 apresenta o espectro de freqüência de um sinal senoidal, com freqüência

ws, amostrado com freqüência wa.

Figura 7: Espectro de freqüências de um sinal senoidal amostrado.

Admitindo-se que ws aumenta e que wa é mantida fixa, com a Figura 8 pode-se

observar o que ocorre com o espectro de freqüência do sinal no intervalo de freqüência de 0 a

wa. Assim, a partir da Figura 8 conclui-se que o fenômeno de aliasing transforma

componentes de alta freqüência em componentes de baixa freqüência e vice versa.

Observa-se que um sinal reconstruído a partir de amostras sempre será o sinal de

menor freqüência, dentro do intervalo de 0 a wa/2. Este fenômeno será visto na seção 2.4

w

F(jw)

ws −ws −wa wa

w

F*(jw)

ws −ws

−wa+ws wa+ws wa−ws

wa 2wa+ws 2wa−ws

2wa −wa−ws

−2wa −2wa+ws −2wa−ws

−wa

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Reconstrução de sinais. Assim, se ocorrer aliasing o sinal original será inevitavelmente

perdido.

Figura 8: Variação do espectro de freqüências de um sinal senoidal amostrado no intervalo de

freqüência de 0 a wa a medida que ws aumenta.

2.3. Transformada Discreta de Fourier

A Transformada Fourier Discreta de um sinal, f(t), é a transformada de Fourier do

sinal amostrado, f*(t). A importância da Transformada Fourier Discreta reside no fato de que

através dela pode-se calcular a Transformada Fourier de um sinal amostrado. Por sinal esta é a

única forma de se calcular a Transformada Fourier de um sinal amostrado.

Utilizando a definição da Transformada de Fourier, tem-se que:

∫∞

∞−

= dtetfjwF jwt)()( ** . (18)

Substituindo f*(t) pela expressão (10), tem-se:

∫ ∑∞

∞−

+∞=

−∞=

−= dtenTttfjwF jwtn

n

a )()()(* δ . (19)

w

F*(jw)

ws wa−ws wa

w

F*(jw)

ws wa−ws wa

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Como as variáveis t e n são independentes pode-se rearranjar a equação acima da seguinte

forma:

∑ ∫+∞=

−∞=

∞−

−=

n

n

jwt

a dtenTttfjwF )()()(* δ . (20)

Pela propriedade do deslocamento da função Delta de Dirac, o valor da integral na expressão

acima é igual ao valor da função no instante nTa, assim,

∑+∞=

−∞=

=

n

n

jwnT

aaenTfjwF )()(

* . (21)

A expressão acima é conhecida como a Transformada Fourier Discreta do sinal f(t)

amostrado. Observa-se que, esta transformada é calculada somente a partir das amostras do

sinal, obtidas nos instantes de amostragem.

3. PARTE EXPERIMENTAL

Para a comprovação do Teorema de Amostragem serão realizados experimentos com

aquisição de sinais e posterior cálculo do espectro de frequências através do programa

MATLAB.

3.1. Verficação do Teorema de Amostragem

Para você fazer:

(a) No gerador de funções selecione a opção para a geração de uma onda senoidal com uma freqüência fs, por exemplo, entre 10 e 50Hz, coloque o nível de ruído e de offset nulos. A

amplitude do sinal pode ser qualquer (desde que até 5V).

Utilizando o script aquisição.m no programa MATALB, realize experimentos utilizando

sete freqüências de amostragens distintas fa (sample rate), sendo duas delas abaixo de 2

vezes a freqüência do sinal, fs, uma equivalente à 2 vezes a freqüência do sinal, fs, e quatro

superiores a 2fs. Assim, por exemplo, se você escolheu uma freqüência de sinal fs = 20Hz

os seguintes valores podem ser utilizados para fa: 10Hz, 30Hz, 40Hz, 60Hz, 80Hz e

100Hz.

A partir dos resultados do espectro de potência, você deve fazer uma tabela como a do

exemplo abaixo e colocá-la no seu relatório.

Freqüência de Amostragem Freqüência Observada do Sinal

10Hz

20Hz

Não esqueça de identificar no seu relatório qual a freqüência de sinal fs que você utilizou.

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Analise os resultados obtidos, com base na parte teórica.

(b) No gerador de funções selecione a opção para a geração de uma onda quadrada e calcule o seu espectro de potência utilizando o programa MATLAB. Coloque um esboço desse

espectro no seu relatório. Faça uma tabela mostrando as freqüências observadas e a

freqüência fundamental da onda quadrada.

Observe a relação entre a freqüência fundamental da onda quadrada e as componentes de

freqüência observadas no espectro. Estes valores de freqüência são condizentes com a

teoria?

Analise os resultados obtidos, com base na parte teórica.

Como calcular o espectro de frequências utilizando o MATLAB:

O espectro de freqüências do sinal pode ser calculado utilizando o MATLAB. Para

isso você deve calcular a Transformada Discreta de Fourier destes dados com o comando fft

do MATLAB. Note que os dados amostrados devem estar em um vetor. Com a Transformada

Fourier dos dados você pode obter o espectro de freqüências do sinal.

O módulo do espectro de freqüências de um sinal pode ser obtido pela multiplicação

da Transformada de Fourier com o seu conjugado e posterior raiz quadrada. Para isso você no

MATLAB deve fazer a seguinte operação:

s = f.*conj(f);

s = sqrt(s);

onde s é o espectro de freqüências do sinal e f é o vetor que contém a Transformada de

Fourier. A operação .* multiplica dois vetores, porém componente por componente, ou seja,

realiza o produto escalar de dois vetores.

A fase do espectro de freqüências de um sinal pode ser obtida pelo cálculo do arco de

tangente de cada elemento da sua Transformada Fourier. Para isso você no MATLAB deve

fazer a seguinte operação:

teta = atan2(imag(f), real(f));

onde teta é a fase, imag(f) é a parte imaginária de f e real(f) é aparte real de f.

Para visualizar o espectro de freqüência do sinal você deve usar o comando plot do

MATLAB para fazer um gráfico da curva em função da freqüência. Para obter a escala da

freqüência você deve gerar um vetor de N números que seguem a fórmula: n*fa/N, onde n =

1,…,N e N é o número total de pontos da curva amostrada. A unidade desta escala de

freqüência será a unidade utilizada em fa. A partir do gráfico do espectro de freqüências você

pode obter o conteúdo de freqüências do sinal amostrado. Coloque um esboço do espectro

de freqüências (módulo e fase) no seu relatório. Tome cuidado com as amplitudes das

curvas dos gráficos.

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Além de fazer o gráfico do espectro de freqüências da curva amostrada, você deve

também fazer o gráfico das amostras em função do tempo. Utilizar neste gráfico poucos

períodos da curva (coloque um esboço desse gráfico no seu relatório). Não se esqueça de

definir o vetor de tempo e de plotar somente as amostras, ou seja, não deve unir os pontos

com retas.

O comando para fazer um gráfico no MATLAB sem unir os pontos com retas é o

seguinte:

t=(0:n-1)/fa; % vetor de tempo

plot(t,data,´o´);grid;

onde n é o número de amostras, fa é a freqüência de amostragem em Hz e data é o vetor

onde se encontra as amostras.

Nesse exemplo as amostras serão plotadas com o símbolo “o”. Outros símbolos

podem ser utilizados, para verificar quais, utilize o comando help plot.