expediente eeditorialditorial - msc · 12 - pedro tramontina 11-42325962 12 - joão batista m...

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DIRETORIA EXECUTIVAPresidente:João Baptista Gomes ........ (l1)4604-3787 Vice-Pres: Waldemar Checchinato .... (11)4591-1192Secretário:Walter Figueiredo de Sousa..(31)3641-1172 Tesoureiro: Paulo Barbosa Mendonça..(l9)3542-3286Dir. Espir: Pe. Manoel F. dos Santos Jr .(11)3228-9988

CONSELHO FISCAL - TITULARJosé Carlos Ferreira ...........(l9)3541-0744José Barbosa Ribeiro........(35)3465-4761

CONSELHO FISCAL - SUPLENTECarlos Savieto ...................(l9)3671-2417Afonso Celso Meireles ......(l1)3384-7582

REGIONAIS Ibicaré André Mardula ..................(49)3522-0840São PauloMarcos de Souza...............(11)3228-5967CampinasJercy Maccari .......................(19)3871-4906CuritibaMarco Rossoni Filho ........ (41)3253-7135Pirassununga Renato Pavão .....................(19)356l-605lBauru Gino Crês..........................(14)3203-3577Itapetininga Sílvio Munhoz Pires .........(15)3272-2145S. José dos CamposNatanael Ribeiro de Campos..(l2)3931-4589Itajubá José Benedito Filho...........(35)3623-4878

COORDENADORIASBol.Inf. Inter ExJoão Baptista Gomes...........(11)4604-3787 (Cel)9976-1145

DIAGRAMAÇÃOMarcelo Silva Calixto.......(11)3476-9601

CARAVANAMoacyr Peinado Martin.....(11)6421-4460

ATOS RELIGIOSOS Daniel R Billerbeck Nery....(11)6976-5240Edgard Parada......................(16)3242-2406Lásaro A P dos Santos.........(11)3228-9988

REDATORES DESTA EDIÇÃOO Sombra, Antonio Valmor Junkes, Carlindo Maziviero, Pe. Reuberson Ferreira

Rodrigues, Raimundo José Santana, Hélio Ampolini, Pe. Alex Sandro Sudré, Cláudio Carlos de Oliveira, Genésio Fernandes, Geraldo Luiz Sigrist, Lupo da Gubio,

Gino Crês, Alberto José Antonelli, João Costa Pinto. DESIGNER GRÁFICO Marcelo Silva Calixto (11)3476-9601

ExpedienteASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOS MSCEstr. Armando Barbosa de Almeida 1500

Residencial Rancho GrandeCx Postal 116 - Cep: 07600-000

Mairiporã-SPTel: 0xx11-4604-3787

Diretoria e Inter-Ex: [email protected]

EditorialEditorialcom alegria e esperança que chego até você, nosso ex--aluno, para compartilhar um pouco de nossa Congrega-

ção e de nossa Província. Como você já sabe, somos uma con-gregação missionária e temos por missão fazer amado por toda parte o Sagrado Coração de Jesus! Pe. Chevalier, nosso fundador, insistia que a missão deve ser “ubique terrarum”. Neste sentido, “por toda parte” signifi ca todos os lugares e países e todas as pessoas e situações. Podemos olhar “por toda parte”, no sentido de quantidade, todos os lugares ou no sentido de qualidade e profundidade. Onde houver um coração que não se sente amado e amante do coração de Jesus, deve estar um Missionário do Sagrado Coração em missão.

Quando dizemos que devemos amar o coração de Jesus e fazê-lo amado por toda parte, devemos ter a consciência de que fomos e somos amados por Ele, por primeiro. Neste sentido, evangelizar seria ajudar as pessoas a reconhecerem que são amadas por um Deus que se fez homem e que nos amou com um coração humano. Como diz São Paulo, “amou-nos quando ainda éramos pecadores”. No amor está o centro de toda vocação. Eu creio fi rmemente que o mesmo carisma que nós MSC recebemos na formação, você ex aluno, também recebeu. Por isso, eu conto com você para continuar ajudando a Congregação em sua missão. Você pode viver o carisma onde trabalha e vive, sendo evangelizador; pode viver o carisma se engajando numa Fraternidade Leiga MSC ou na Família Chevalier; pode viver o carisma contribuindo economicamente com a Congregação e com a formação de novos MSC.. Gostaria de partilhar com você algumas coisas que estão acontecendo em nossa Província:

Fraternidades Leigas: Um grupo que cresce cada vez mais. Na Província de São Paulo há, atualmente, 9 grupos de FLMSC, somando por volta de 130 membros. Os grupos são: Pirassununga, Itapetininga, Bauru, Marmelópolis, Itajubá, Fortaleza, Campinas e duas em São Paulo. No Brasil, o número de FLMSC já chega à casa dos 600 membros. Quem sabe você pode fazer parte deste grupo? Os membros se reúnem para refl etir o carisma e para atuar em missão nas comunidades onde estão.

Ano Vocacional MSC: Diante da necessidade de novos Missionários do Sagrado Coração e procurando reavivar a vocação de todos os MSC do Brasil, é que iniciamos um ano vocacional em nossas províncias. Este ano vocacional MSC acontecerá da festa do Sagrado Coração de 2012, até a festa do Sagrado Coração em 2013.

Revista de Nossa Senhora do S. Coração: Estamos procurando evangelizar de muitas maneiras. Entre elas através dos Meios de Comunicação Social (Portal www.msc.com.br, TV Século XXI, e através de nossa revista). Por isso, convido a você que seja um assinante de nossa boa revista, para que possa estar sempre em contato conosco e ajudar na evangelização. Você pode mandar o seu pedido através do endereço que deixarei no fi nal.

“Escola Missionária”: Nos dias 01-03 de junho, em Guararema, iniciamos o pri-meiro encontro da chamada “Escola Missionária”. Este foi um tema aprovado em nos-sa Assembleia Provincial. Assumimos, como província, a missão de formar um grupo composto de MSCs, leigos, seminaristas e Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Co-ração, para uma ação missionária, a partir do nosso carisma e da necessidade das comunidades em que iremos à missão. Ao todo, em Guararema, estiveram reunidos 27 pessoas, entre padres, seminaristas, leigos de nossas comunidades e paróquias e as irmãs Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração. Foram dias de estudo e refl exão sobre o nosso carisma e missão. Depois de preparados, irão em missão para Bauru em Julho de 2012, procurando fazer amado por toda parte o Sagrado Coração de Jesus. Que nossa Senhora do Sagrado Coração abençoe a nossa iniciante “Escola Missionária”. Convido todos, a que, com muito entusiasmo, construamos um ano de alegria e paz em nossas comunidades MSC. “Servite Domino cum Laetitia!”

Revista de Nossa Senhora do Sagrado CoraçãoMissionários do Sagrado Coração de Jesus – Rua Angá, 994

Vila Formosa – CEP 03360-000 – São Paulo – SP ouCaixa Postal: 24550 – CEP 03365-970 – São Paulo – SP

Telefax: (11) 2211-7873 ou 2116-6453

Pe. Manoel Ferreira dos Santos Jr, msc – Superior Provincial“ Fraternidades leigas, Ano vocacional MSC

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É

02 - Mário Walter Decarli 11-4654135102 - Orlando Os 35-3622459603 - Daniel Canale 49-3256º15710 - Osvaldo Muller 19-3869147411 - Gino Crês 14-3203357716 - Rogério Alberico Garbossa 41-3049272820 - Adeval Romano 17-3464442522 - Gerar J. Gustave Banwart 15-3646949926 - Alberto Maria da Silva 13-3227509626 - Luiz Gonzaga Rolim 11-6197613 27 - Leonel José Gomes de Souza 15-552689027 - José Maria Aguiar Santana28 - Marcos Lelis Pinto 35-621471030 - Paulo Figueiredo 31-35770225

03 - José Gaspar da Silva 35-622259107 - Afonso Peres da A Nogueira 12-3152584807 - Valentim Hoinatz de Andrade 41-3349734009 - Antonio Henriques 11-5184016010 - Luiz Carlos Barbosa 35-3645115112 - Alberto J Antonelli 13-3227859713 - Benedito Coldibelli 19-3223090815 - Benedito Ângelo Ribeiro 11-226962015 - José Raimundo Soares 12-281180318 - Vanderlei de Marque 11-4127422019 - Luiz Gonzaga de Almeida 31-3571164326 - Walter Figueiredo de Souza 31-3641117226 - Manoel Evaristo da Costa 35-6211310

03 - Marcos Mendes Ribeiro 12-281332104 - Douglas Dias Ferreira 19-571111807 - Ângelo Garbossa Neto 41-3206804507 - Antonio Valmor Junkes 41-30157787

07 - Edo Galdino Kirten 41-3015788507 - Marco Rossoni Filho 41-3253713507 - Edson Niheuis 41-3032245009 - Manoel Pereira da Costa 09 - Vitor Fernandes Lima 21-9693594313 - Geraldo Augusto Alkmim 35-622327415 - Carlos Magno Antunes Pereira 15-232158515 - Bernardo Levandowski 41-3222213318 - José Manoel Lopes Filho 14-3223339918 - José Fábio Correa 35-3623481918 - Odalécio G Scopel 41-3292981418 - Rui Pelissani Jr 41-32054965 20 - Rosalimbo Augusto Paese 19-3255662223 - Marcio Antonio Nunes 35-281147723 - José Camilo da Silva 19-3828122128 - Marcos de Souza 11-3313455130 - Geraldo José de Paiva 11-373530l4 02 - Licínio Poersch 45-2101646203 - Laércio Griz 91-30794591 04 - Luiz Carneloz 11-6940375805 - Benedito Antunes Pereira 11-4655421506 - José Benedito Ribeiro 19-8281816809 - Cônego Carlos Menegazzi 19-3256365109 - Edsom Marques de Oliveira 15-271271102212 - Pedro Tramontina 11-4232596212 - João Batista M Cirineu 15-271234713 - Afonso Bertazi 19-524049414 - Alderico José Rosim 19-582192116 - Sérgio Luiz Dall’Acqua 47-3435570817 - Geraldo Luiz Sigrist 19-3255173220 - Benedito Ignácio 11-5531003120 - Nilo Jorge F da Cruz 21-27-1724228 - Waldemar Chechinatto 11-4591119229 - Agostinho Rafael Rodrigues 21-3468556730 - José Tadeu Correa 35-36234767

Julho

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

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Palavra do LeitorPalavra do LeitorOlá, amigosNa última reunião em Ita-

jubá, foi comentado por um dos participantes (o Pagé) que seria muito bom que fos-se criado um canal de comu-nicação entre os ex-alunos, utilizando-se a tecnologia atual, onde, além de se comunicarem, poderiam colocar as fotos dos tempos de seminário à disposição de todos, para a comunidade recordar, copiar, comentar sobre elas e, futuramente, tudo isso se transformar num banco de dados e ser colocado num site à disposição de todos os membros. O Ademilson, nosso colega das turmas mais novas, sugeriu que, a princípio, fosse criado um grupo no Face-book e nele fossem colocados os ex-alunos que se interessassem. Isso foi feito por ele de imedia-to e já estamos com 61 membros participantes, conversando e publicando fotos. Aqueles que já são cadastrados no Facebook basta que mandem uma mensagem para um dos membros do gru-po, informando como é encontrado no Facebook e este o incluirá imediatamente. Quem ainda não está cadastrado, terá que se cadastrar e depois pedir para ser incluído no grupo. É muito fácil se cadastrar. Basta seguir os passos abaixo:1 – Acessar o site www.facebook.com2 – Colocar seu endereço de e-mail na caixinha “E-mail ou Telefone”. Sugerimos que seja o e--mail e não o telefone.3 - Escolher e entrar com uma senha (pessoal) na caixinha “Senha” e dar Enter. Depois, é só seguir as instruções, entrando com os dados so-

licitados. Pode-se entrar somente com os dados obrigatórios, mas se quiser, pode entrar com outros. A partir disso, você já estará cadastrado no Facebook, lembrando que na sua próxima entrada vai ser pedido o seu Login (e-mail) e senha. A senha é possível pedir outra, mas o e-mail é necessário. Contamos com a participa-ção der todos.

(a)Pagé ([email protected]) Há dois anos o meu ma-

rido recebeu uma correspon-dência sua, não sei se você chegou a receber alguma resposta dele. Encontrei sua correspondência em meio às coisas dele. Mas, sei do cari-nho dele para com os MSC. Recebia e lia (inclusive guardava tudo pra ele) todos os Boletins da Ass dos ex-alunos. Hoje, dolorida pela saudade, comunico a você a pas-sagem do meu amado Cleuton Pereira Gonçal-ves, meu marido e amor por mais de 22 anos. Ele ansiava um dia podermos ir ao encontro em Pirassununga, mas Deus o quis antes disso. Meu marido escreveu e publicou 3 livros e estava es-crevendo o 4º, sendo o 1º de contos, o 2º in-fantil, o 3º sobre cidades com nomes de origem tupi (ampla pesquisa) e o 4º, um romance pas-sado na época de Jesus sobre a passagem do leproso que voltou para agradecer. Uma pena que foram escritas apenas 70 páginas das 180 objetivadas. Fazíamos parte da equipe de Litur-gia de nossa paróquia. Era um educador nato,

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empreendedor da Educação, fundou colégios e cursos superiores, além de ocupar cargos polí-ticos. Uma pessoa iluminada que Machado se enlutece por perder e eu amargo a dor da sau-dade, mas celebrando seu encontro com Jesus Ressuscitado.

(a) Rosane Brigadão Siqueira Boracha, corente, mare-

ta ...........Era loiro, dono de um par de olhos bem azuis da cor do céu, alto, forte e muito nervoso quando ir-ritado. Tinha duas camisas de fl anela que pareciam co-ladas ao corpo, uma de xa-drez vermelha e outra de xadrez verde ou azul, cuja fi delidade da memória me coloca em dú-vida, ambas de mangas compridas, abotoadas nos punhos. Seu sotaque sulista era inconfun-dível quando se deparava com palavras que se escreviam com dois “erres”. Logo um deles era rapidamente devorado. Coitadas da borracha, corrente e marreta... Era le plus agé de nos-sa classe e não levava desaforo consigo, a não ser no futebol, cujo esporte não fazia parte de seu mundo e, quando enfurecido, parecia um pimentão vermelho. Não largava daquela mal-dita serra elétrica que nas horas de recreio e durante os feriados importunava toda a vizi-nhança da Raia e molestava nossos preciosos tímpanos com aquele barulho infernal. Apesar de não participar comigo das delícias do futebol, éramos grandes amigos. Com a pele exagera-damente branca, seu inimigo era apenas o sol. Não gostava de ser chamado de “monge”, como apelidávamos os sulistas que, pelo seu compor-tamento mais requintado, não gostavam de de-gustar mamões e jacas em horários impróprios. Meu amigo “alemão”, com todo respeito, se você gostasse de futebol, não teria tempo para manusear aquela maldita serra que até hoje zumbe em meus ouvidos, seria mais amigo do padre Gusmão, viveria em paz e participaria co-nosco na degustação de jacas e mamões. Meu amigo Ernesto Schaffrath, eu não fui expulso do

seminário como você disse; só saí porque, como escreveu o Nelson Altran, em seu livro “Memó-rias de um seminarista”, já ruíra o meu futuro voto de castidade. Ainda não espalhei aos ami-gos aquele caso havido quando nos encontra-mos em São Paulo e você quase ia decapitando o vendedor de automóveis que queria passar--lhe a perna. Agora, meu grande amigo Ernesto, jogue fora aquela bereta, aquela winchester e deixe em paz os preás, coelhos e picapaus. Foi muito bom falar de você, meu grande amigo. Muita saudade e um grande abraço.

(a)Benedito Coldibelli ([email protected]) No 9º Encontro em Ita-

jubá, eu, particularmente, fi quei muito contente por reencontrar muitos antigos colegas e poder rever o ami-go professor Laerte que este-ve presente em nossa cami-nhada no seminário durante os anos de 83 e 84. Não podemos deixar de agradecer a acolhida e recepção que recebemos por parte dos mineiros e, em especial, o carinho e a simpatia dos casais José Benedito Filho x Maria do Carmo e Jair Ribeiro x Bena, que não mediram esforços para oferecer o melhor. Deixo aqui meu caloroso abraço ao pessoal de Cam-pos de Jordão, quase todos da década de 80 e ao “caçula”, de 2006, esperando reencontrá-los no próximo de Pirassununga. Seguem algumas fotos desse Encontro.(a) Luiz Carlos Costa ([email protected]

A turma do Sul, data vênia, merece uma re-

primenda. Em Itajubá, só eu, minha paixão, e o Maccari, comparecemos. E os mineiros reclama-ram, com justa razão, pois muitos deles, para ir a Ibicaré, enfrentam problemas mil. Aproveito para agradecer a sempre calorosa acolhida mineira. Ah, ia me esquecendo daquele delicioso café, no sábado de tarde, no sítio do Pádua, em Pirangu-çu. Pena que um telefonema nos obrigou a vol-tar para Curitiba na hora da missa do domingo e não pudemos saborear os quitutes do almoço.

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Pedimos desculpas, por isso, ao Quero (Pe. Ge-raldo), com quem minha mulher e eu tínhamos combinado pôr as conversas em dia. Aguardo nova visita dele em minha casa (já mandei afi -nar o piano da sala, tá?). O Jerci Maccari, com aquele jeito de representante legítimo da nobre-za luso-teuto-franco-italiana, passou a ser reco-nhecido, também, pela alcunha de Conde Mac-cari (ou Conde Von Maccarius). Falando nisso, aquele rapagão que o acompanha sempre, seria seu acólito, valete ou sequaz? Vi o Nelson Amil-car Turim em Francisco Beltrão-PR, pelos idos de 1970. Tem muita gente querendo revê-lo, saber da história dele e abraça-lo em Pirassununga, com certeza. Se ele faltar, vai ser uma decep-ção. Eu, particularmente, gostaria de entender por que ele esqueceu o “Nelson”.

Tu, Sombra, toma tento! Estou reunindo pro-vas cabais, irretorquíveis e irrefutáveis para ajui-zar uma Ação de Indenização Moral. É só eu sa-ber quem és e descobrir o endereço do teu mocó, pois que te escondes, covarde e matreiramente, atrás de um pseudônimo, quando, então, haverás de receber a sempre desagradável visita de um ofi cial de justiça. Hah! Se te pego... E, se não bastasse a atrevida insolência do Sombra, vem, agora, o Vilmar Daleffe (aquele que, em Ibicaré, andava de alvíssima vestimenta, e que eu jurava ser o Sombra) perturbar o sossego dos barbudos, barbados e barbichas, expondo-nos ridiculamente no Inter-Ex, qualifi cando-nos de relaxados, ora de feios, ora de “frescos” e até, vade retro, de fi liados ao PT. No Encontro de Itajubá, tive a oportunidade de conhecer o Dr Vadalá. Que fi gura! Fala mais do que eu! Contou-me, por absoluta verdade, deveras circunspecto, que, quando daquela famosa disputa bíblica daquele recém-nascido, foi ele o assessor do rei Salomão e, vejam só, “partiu” dele a idéia de “partir” a criança ao meio. Idade ele tem para tan-to, presumo, e talvez por isso eu tenha crido nessa singular patranha. Espero que ele compareça em Pirassununga, primeiro, para me contar (valha-me Deus!) mais alguma e, segundo, para devolver, sob

as penas e o rigor da lei, aquele encantado Livro de Atas da nossa Associação, que desapareceu quan-do ele era Presidente da Diretoria, lá pela década de 60 ou 70, de cujo sumiço ele foi frontalmente acusado. Contudo, apesar desse labéu a ele impu-tado, reúne predicados sufi cientes e preenche os necessários requisitos para merecer e receber uma ovação geral extraordinária como o próximo presi-dente da nossa Associação. Eu irei colaborar com, ao menos, meia dúzia de arremessos certeiros.(a) Antonio Valmor Junkes ([email protected])

Neste último Inter-Ex veio a reclamação do Sombra. É costume seu. Desconfi ado como mineiro, lá vem ele todo ressabiado, achando que o Lupo e o Monello estão muito quietos. Certamente estão aprontando alguma. E não é que ele acer-tou desta vez? Meu aparelho de telefone trepida e se agita como Mike Jackson. Do outro lado a voz gritante do Lupo:

- Monello, acertamos desta vez? Xeque–mate naquele peçonhento. Depressa. Abra aquele li-vro que lhe dei, aquele especial.

- Qual?- O CHEFE, do Ivo Patarra. Abra na página 32E lá está escancarada “a coisa”. Textualmen-

te, se pode ler:“ ....Chamada a depor na mesma CPI dos Bin-

gos ...... (etc, etc) ..... Na ocasião, contara ao presidente que Sérgio Gomes da Silva, o Som-bra, estava envolvido no esquema de corrup-ção. Sombra também era acusado de mandar matar o Celso Daniel, prefeito de Sto André.....”

Nossa! Eu achava que o Sérgio Gomes da Sil-va já estivesse longe! É assim que a coisa anda, pensei. Retomando a mensagem ao Lupo:

- Pior, ainda, Lupo! Ele deve ser até paren-te do presidente de nossa Associação. É Gomes também!

(a) Monello Biondo

Itajubá/2012Itajubá/2012INTER EX Julho/2012

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O SombraEx de Ibicaré

Achei a edição nº 119 bem mais enxuta de textos. Vamos colaborar se não o Sombra não tem o que comentar. O Juves Giachim apareceu pela primeira vez e agradou de cara. Continue assim e compareça mais em Ibicaré.

Estou organizando uma equipe de voluntários fortes para ver se a gente consegue tirar o Al-berto Antonelli de dentro daquele bendito cemitério. Que horror! A história não acaba nunca e ele parece tão feliz em fi car lendo placas de túmulos. Pare com isso, cara! Mude de assunto, por favor.Claudio. Aquela história do sonâmbulo que se atirou da janela está muito mal contada. A ver-

dade é que ele também havia participado da guerra de peras no dormitório e todas que caiam na sua cama ele comia. Depois de quarenta, não tem barriga que aguente! Bem que tentou, mas não conseguiu chegar ao banheiro; a torneira abriu e a vertigem o derrubou. Sonâmbulo, coisa nenhuma!

O Rossoni está se dando bem com a regional de Curitiba. Em breve aquela bela capital para-naense será mais uma opção para encontros de ex-alunos.

Há um avô que já está babando pela chegada de gêmeas. Justa alegria do Valdir Pagnoncelli. Parabéns ao avô e à norinha.

Que horror, Raimundo Santana, quanta tragédia! No último Inter-Ex, você narrou a morte de três seminaristas e mais quatro pessoas, tudo num conto só. O choque foi muito grande e todo mundo fi cou horrorizado com tanta tragédia junta. Da próxima vez, por favor, conte um caso de cada vez. Assim, economiza papel e não assusta tanto os leitores. Já pensou em fazer um fi lme de terror? Você leva jeito.

Atendendo ao pedido do Vilmar Daleffe, examinei as várias fotos dos velhos barbudos. Em ma-téria de feiura, o Junkes ganha disparado o primeiro lugar. Simpático mesmo, só o sorridente Papai Noel (Alberto Maria) com aquela criança no colo. Todos os demais devem se convencer que barbicha não disfarça os estragos dos anos. Então navalha nela! As esposas vão agradecer. Infelizmente, não pude ir ao encontro de Itajubá, mas mandei um olheiro. Ele disse que a

gastronomia foi o ponto alto da festa. Assaram tantas leitoas à pururuca, que sobrou uma inteira que teve de ser levada para leilão. Mineiro come quieto e não brinca em serviço.

No Encontro de Itajubá foi constatada a presença de três Provinciais de uma vez só. Lá esta-vam padre Manoel Ferreira dos Santos Jr, atual provincial, padre Benedito Ângelo Cortez (ex) e padre José Roberto Bertasi (ex). Foram prestigiar os mineiros. Pelo jeito, Pirassununga e Ibicaré não estão com essa bola toda, não!

Quando comecei a ler “O Homem de Roterdã”, fui imaginando que se tratasse de um presiden-te, um escritor ou um santo, e você, Raimundo, só no fi m, revelou que o personagem era o padre Henrique Alofs. Brilhante a sua descrição, apesar de longa.

Os sócios Ferrom & Paese do vinho “Sans Souci” devem estar com os porões abarrotados de tonéis. Sovinas como são, nem um golinho para nós. No entanto, Junkes, Frigo, Maccari e Waldemar, vivem bebericando. É muito privilégio, não acham?

O Monello Biondo, quando quer, até que consegue escrever alguma coisa boa. Veja-se “O fi lho do carpinteiro” na página 8. Acho que ele está se convertendo, pois até deixou de implicar com o Sombra.

Giacomelli, gostei muito de “Uma história puxa a outra” porque também sou descendente de bergamascos e me identifi quei com ela. Sua fórmula inédita para acabar com a praga de gafanhotos na lavoura é sensacional. Será que daria certo se aplicada no senado federal e na câmara dos depu-tados? Tente, Giacomelli! Você se tornará herói nacional!

Dizer que o Sombra “só pega no pesado”, não é regra geral Quando alguém merece ser elo-giado, ele elogia, como o faz com você, Gino Crês, quando mostra essas fotos históricas.

Por que será que esses cronistas já idosos gostam tanto de fazer citações em Latim? É só para mostrar que têm cultura clássica? Ignoram que nós, jovens leitores, passamos pelo seminário em tempos modernos e não estudamos línguas mortas. Então, senhores letrados, façam o favor de dar a tradução!

Por hoje, fi co por aqui, porque preciso ver o que o Lupo anda aprontando.

40 anos depois VIIIAntonio Valmor Junkes (58-64)

1º CLÁSSICO - 1964 - CÉLIO, VALMOR, BOSCO, DJALMA, DOUGLAS, 1º CLÁSSICO - 1964 - CÉLIO, VALMOR, BOSCO, DJALMA, DOUGLAS, RUZENE, CLODOALDO, EDSON, LAERT, ÂNGELO SACCO, GARBOZZA, RUZENE, CLODOALDO, EDSON, LAERT, ÂNGELO SACCO, GARBOZZA, ZÉ MARIA, VITOR, AUGUSTO, MARCOS, RUI, CARLINDO, BEBÉ E LAÉRCIOZÉ MARIA, VITOR, AUGUSTO, MARCOS, RUI, CARLINDO, BEBÉ E LAÉRCIO

irei um tempo para escrever para o Inter--ex. Queria iniciar, mas nada, absolutamen-

te nada mesmo, me ocorria. Malvadas lembran-ças daqueles tempos ditosos que não voltarão jamais me confundiam a mente, corroíam-me os sentidos, me açoitavam a alma, me assalta-vam o espírito, transportavam-me, leve e solto, ora para a ‘pedra do Rio São Bento’ da montana Ibicaré, ora para a ‘represa’ do Barrocão da pla-niça Pirassununga...Tempos idos, tão distantes quanto pertos de mim, presentes em cada la-tejo do meu coração, latentes nos termos re-buscados de requintes de meus escritos. Enfi m, sou assim! Deixo as lembranças se arvorarem no direito de me fazerem reviver esse passado agradável, enquanto batalho a realidade acerba do presente e deixo nas mãos do destino o ine-vitável porvir.

Entanto, enquanto nenhuma inspiração me acorria, em frente de meus olhos cansados surgiam e sumiam rápidos os radiantes rostos afogueados de colegas que nunca mais vi, mas que me faziam sentir, em doce enleio, a alegria de ter sido criança naqueles lugares e naque-

le tempo... e na penumbra dolorida da sauda-de comecei a rabiscar idéias, e estas foram se transformando em versos medíocres, e estes, num soneto vazado e imperfeito que, por ser limitado e adstrito a regras pétreas, não oferece azo assaz condigno para esvazar a inspiração que, fl uente, afl ora queimante, aos borbotões. Com a venia de tantos poetas em grau superla-tivo entre nós existentes, atrevo-me, trêmulo, a publicá-los aqui. Embora mal feitos, eu ten-tei amoldá-los àqueles que, ao lê-los, percebem que ainda carregam o estigma docemente do-loroso de uma infanto-adole scência cheia dos sinais indeléveis de uma educação, física e mo-ralmente truculenta, de cabedal impagável, en-tanto, e de desmensurável valor, com certeza.

Eu os compus, aos pulos, que de muito tem-po não disponho, também, àqueles que, ao lê--los, achá-los-ão estranhos, sem propósito, um premeditado acinte com indolentes rimas de mau gosto... Enfi m, eu os dediquei a vocês que me deixam feliz a cada reencontro e que re-partem comigo o patrimônio da inexpugnável união que nos reúne, a vocês que me alegram

T

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com um simples caloroso abraço... como tam-bém os compus àqueles que nos entristece-ram com uma natural trágica despedida para todo o sempre... Confesso-lhes, ademais, e por fi nal, que essa melancolia, amalgamada com profunda saudade, prostrou-me acabru-nhado, com a alma empapuçada de uma tris-teza dolentemente gostosa, e que me obrigou a escrever assim:

Ontem, crianças, no frescor da idade,em ambiente de estudos e oração,hoje, reunidos para mear saudade,mantemos viva fraternal união.À cata de fugaz felicidade,fugimos da possível vocaçãode sermos missionários de verdade...e seguimos a voz do coração.Assim, vaticinou-nos o destino:“sermos velhos com alma de menino,termos saudades sem dever chorar”.Lembro-me bem de todos nós, pequenos...se a cada encontro eu encontro um a menos,é que já foi, pr’a nunca mais voltar!Emenda:Eu guardo de vocês tantas lembranças

de petizes felizes, sempre crianças,enquanto espero a minha vez chegar!

Post scriptum. A primeira estrofe reverte à nossa infância e à união perene lá gerada; a segunda, remete à decisão da absoluta maioria em procurar outros caminhos; a terceira, alude diretamente à nossa senil condição atual, en-quanto na quarta estrofe a inexorabilidade do tempo aparece real e crua, pois que, em al-gum encontro futuro nosso nome será de vez lembrado e, daí, naturalmente, confundido nas escumas do tempo. E a emenda me pareceu necessária para completar a idéia “memento homo quia pulvis es et in pulverem reverteris!” Àqueles que, com certeza, não gostaram desses imprecisos, improvisados e, até, malfadados versos, minhas desculpas por eu fazer perde-rem seu precioso te mpo. Àquele que, porventu-ra, por único que seja, os tenha de algum modo apreciado, se não o soneto, ao menos a emen-da, fi co eternamente grato por condoer-se com minha sincera boa vontade de expressar o que em minha alma vai. Ab imo pectore!

Até Pirassununga!

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Dieta é bom!Carlindo Maziviero (60-71)

nossa experiência se acumula com o passar do tempo e percebo que despendemos es-

forço enorme para gravar um sem número de conhecimentos inúteis, que, mesmo sem eles, a nossa vida não seria diferente. Não sei se come-ço a fi car seletivo ou é minha memória que co-meça a perder a capacidade de armazenamen-to. Mas, às vezes me assusto com a amnésia.

Nessa semana, me deparei com uma noti-cia na internet que chamava a atenção. Re-comendava-se comer pouco para manter a longevidade e preservar a memória. Segundo os cientistas responsáveis pela pesquisa, uma dieta com restrição de calorias ativa alguns genes ligados à longevidade e ao bom funcio-namento do cérebro. Ora, se verdadeira essa afi rmativa, resolveríamos o problema da fome no mundo e a Somália se tornaria um celeiro de cientistas. Não tenho autoridade para dis-cordar dos pesquisadores, entretanto, penso que a memória que mais se desenvolve com essa dieta é a memória do estomago. Con-

fesso que não assimilo bem qualquer idéia de regime alimentar ou dietas. Continuo lutando contra a amnésia.

Porém, num esforço de memória, recuperei alguns arquivos e lembrei-me da demolição da igreja do Rosário. Era a igreja principal do bairro da Raia. Ficava nos fundos do seminá-rio, de frente para a rua onde moravam a rai-nha da Raia (preta velha que ocupava sem-pre o primeiro lugar do primeiro banco) e o vereador Chiquinho Berruga, que tanto lutou na câmara municipal para “apedrejar” a Raia, cujas ruas careciam de calçamento. Por sor-te, nunca conseguiu. A igreja do Rosário, cuja construção devia ser contemporânea à cons-trução do seminário, parecia-me imponente. Aos olhos de meus onze anos, era enorme e sólida, mas não sei por que cargas d’água os padres resolveram demoli-la e construir outra na rua da frente, anexa ao prédio do seminá-rio Na verdade, era um tanto escura, como outras igrejas da época. Talvez para facilitar o

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recolhimento dos fi éis ou induzir ao sono al-guns devotos. Seus bancos estavam gastos e ensebados. Os genufl exórios arqueados pelo peso de tantas penitencias e suplicas. Digo isso porque colaborei com o arqueamento, pois confessava semanalmente nessa igreja. Meu confessor era o padre Adriano, já octoge-nário e com a audição defi ciente; embora os pecados fossem sempre os mesmos, fruto da explosão de hormônios da adolescência.

Nas paredes, havia quadros fi xos representa-tivos das estações da via-sacra, cujas celebra-ções, à noite, me sacrifi cavam pelo sono. Havia belos vitrais e no teto pintura de anjinhos gor-dos e rosados.

O nosso acesso a igreja era por uma alameda ladeada de ciprestes artisticamente podados for-mando um corredor. Por essa alameda, os padres caminhavam rezando o breviário e onde tam-bém, em fi la, rezávamos o terço. O cheiro carac-terístico dos cedrinhos e ciprestes lembrava-me cemitério. Com a demolição da igreja destrui-se também aquela “maravilha aromática”. Aos do-mingos participávamos das missas na Igreja do Rosário. Os cantores subiam ao coro no fundo da igreja, de onde apresentavam as músicas, inten-sa e exaustivamente ensaiadas pelo padre Gus-mão. Eu não pertencia ao coral e permanecia nos bancos, ao lado de outros desafi nados. Entretan-to, tentava acompanhar algum canto, sobretu-do quando era gregoriano, soletrando uuuuuu e ooooo. Senti falta da igreja do Rosário.

Como em qualquer demolição, procurou-se

preservar alguns materiais para posterior uti-lização ou guardá-los ad eternum. Para essa tarefa, os padres contrataram alguns mora-dores de rua, que perambulavam pelo bairro, em troca da alimentação e algum soldo, além de uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho, numa linguagem moderna. A ex-pectativa deles, porém, além da alimentação era o soldo.

Durante esse período da demolição, o as-sunto mais importante, que polarizava as nos-sas conversas era a presença dos sem tetos. Nos intervalos das aulas nos aglomerávamos em torno deles e fazíamos verdadeiros in-terrogatórios para descobrir a causa de suas mazelas e talvez oferecer-lhes a solução. No entanto, havia entre esses trabalhadores, um senhor de cabelos grisalhos, barba grande, feições fi nas e tinha certa habilidade com as palavras. Lembrava-nos o Sócrates em sua úl-tima foto, apresentado nos livros de fi losofi a. Para nosso espanto, descobrimos durante os interrogatórios, que o tal conhecia literatura grega. Sabia que deus era pai de quem, que maldade sabia fazer e lutava contra o que. Quando lúcido e sóbrio, tinha discurso lógico e coerente. Apesar da alimentação defi ciente, ele mantinha boa memória e bom raciocínio. Nós estudantes, bem nutridos e aparentando boa saúde, tínhamos difi culdade em guardar os nomes e os papéis dos personagens gre-gos. Seria o mendigo a confi rmação do que dizem os cientistas?

Itajubá/2012Itajubá/2012

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O Juiz de Mastro, o Mordomo, O Juiz de Mastro, o Mordomo, o Promesseiro, o Promesseiro,

o Rezador e o Festeiroo Rezador e o FesteiroPe. Reuberson Ferreira Rodrigues, msc

pós a infortuna estada na Comunidade Nos-sa senhora Auxiliadora, por causa da falta de

Cristão-católicos e da frustação em São Filipe, pela inexistência de pessoas, chegamos à Ilha do Açaí. Como o próprio nome já denuncia, trata--se de uma pequena ilha onde pés de açaí estão fortemente fi ncados por todos os lados. Não tem mais do que quinze pessoas, divididas em duas famílias. Surpreendentemente, ao chegarmos, somos ovacionados por uma multidão. O que te-ria acontecido? A comunidade está em festa! Es-tão celebrando o Santo padroeiro, por isso pesso-as de todos os cantos e de todos os sítios estão aí.

Os povos indígenas – nessa comunidade Ba-rés – são assíduos aos sacramentos e gostam de celebrar a festividade dos santos. São uma pluralidade de simbolismos, essas festas. Há um esquema estrito para celebrá-la, uma he-rança cultural que remonta aos Carmelitas, aos Franciscanos e aos Salesianos que, em tempos diferentes, estiveram a seu modo nesta região do Alto Rio Negro.

São geralmente três dias de festa. No primeiro dia ergue-se o mastro. Nos dois dias que antece-dem a celebração, é rezada, piedosamente, em “latim indígena” a ladainha do santo padroeiro e acesas quantidades enormes de velas. Após a oração, em fi la indiana, beijam-se as fi tas que estão atadas ao Santo e segue-se para o salão onde haverá muito Caximauará, dança típica da região. Durante o dia, muita festa, muita bebida e comida distribuídas com fartura e gratuitamen-te para todos. A Bebida é o caminho negro des-sa história. Não poucas vezes, eles exageram e terminam embriagados, acentuando assim o alto nível de alcoolismo na região.

Alguns personagens dessas festas são dignos de nota. O Juiz de Mastro, o Mordomo, o Pro-messeiro, o Rezador e o Festeiro. O primeiro é aquele que levanta o Mastro e, no início da

festa, auxiliado pelo Mordomo, é responsável por angariar esmolas nas casas e servir comi-da a todos durante o dia. O Promesseiro tem a obrigação de oferecer, para “pagar” ao santo a graça alcançada, comida e bebida durante todo o dia a quem chegar à comunidade, isso inclui o Padre. Ao Rezador cabe a missão de, sem desafi nar, enganar-se ou trocar alguma palavra, rezar a ladainha e as orações festivas. O Fes-teiro é aquele que responde pelo último dia da festa, o mais importante. Por isso deve haver muita fartura desde comida, passando por bebi-da, até balas para as crianças. A ele cabe, tam-bém, pouco antes do fi m da festa, lançar ao rio, com uma ritualidade singular, uma espécie de castelo feito de bambu e papel de seda cheio de velas como oferenda a Deus que se manifesta através da Natureza.

Nesse universo do primeiro para o segundo dia fi quei na comunidade. Cheguei ao entarde-cer, passei a noite e no dia seguinte celebramos a missa. Todos passaram a noite dançando e di-vertindo-se ao embalo do Caximauará. Imaginei que a missa fosse ser vazia, contudo, ao dobrar dos sinos, uma multidão dirigiu-se à capela. Mui-tos com marcas de sono, outros com difi culdade para fi carem em pé, mas todos estavam lá si-lenciosos, beneditinos. Tentava imaginar, nesse universo misterioso do povo indígena, a relação inextricável que eles têm com a religiosidade. Mesmo imersos numa festa com traços pouco cristãos, dão-se conta da grandeza da Eucaristia, da altivez da fé, da magnitude de Deus. Prova disso era a intensidade com que participavam da oração eucarística, com que cantavam e com que faziam preces a Deus. Bendito seja o Senhor.

NR Pe. Reuberson Ferreira Rodrigues, msc, ordenou-se em 13 de março de 2010 e traba-lha atualmente em São Gabriel da Cchoeira, no Amazonas.

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Férias de janeiro de 1959Raimundo José Santana (54-61)

elfi m Moreira(MG), na década de 1950, vivia a melhor época da produção de marmelo. O

auge da safra talvez tenha sido o ano de 1959. O trenzinho da RMV (Rede Mineira de Viação) descia de Delfi m para Itajubá, serpenteando entre aquelas montanhas, abarrotado de latas e latas das muitas fábricas de doces, como a Cica, Matarazzo, Peixe, Colombo, Mantiqueira, Fruti-cultores. A cidade, como que adocicada, recen-dendo a frutas, regurgitava de gente naqueles meses de safra marmeleira: era uma verdadei-ra Meca para onde convergiam caminhoneiros, tropeiros, fazendeiros e pequenos sitiantes que chegavam de todos os cantos para negociar ou entregar sua produção. A cidadezinha, com seus oito mil habitantes, se fosse hoje, teria, certa-mente, sua festa do marmelo, como Caxias do Sul tem a festa da uva e Valinhos, a festa do fi go. Infelizmente, por razões inexplicáveis de mercado (Seria infl ação alta? Seria aumento de importações? Seriam alterações de hábitos ali-mentares do consumidor?) foi-se a época das vacas gordas. Acabou-se o que era doce; houve uma mudança radical na lavoura: onde havia marmelo, surgiu tomate, batata, milho, feijão e pasto para a criação de gado. Um ou outro fa-zendeiro saudosista ainda tem, hoje, algum pé de marmelo para mostrar aos netos. Até a cida-dezinha próxima, “Queimada”, que, na ocasião da fartura, trocara de nome para “Marmelópo-

lis”, tamanha a sua produção, hoje só tem mar-melo no nome. Os fazendeiros se endividaram, as fábricas fecharam, o trenzinho da RMV parou de funcionar: tudo, certamente, conseqüência da derrocada da monocultura do marmelo, e também (por que não dizer?) culpa do Governo Juscelino Kubitschek, a meu ver, pressionado pelas multinacionais do automóvel e do petróleo a fechar ferrovias e a abrir auto-estradas. Esse ramal da RMV – Itajubá/Delfi m Moreira durou apenas trinta e quatro anos (de 1927 a 1961). Uma pena, pois, conquanto poucas e pequenas, as estaçõezinhas entre os dois municípios for-mavam polos geradores de empregos, o que era sumamente benéfi co para a zona rural.

Mas nós, do IPN, ainda pudemos assistir àquele grande movimento das fábricas de do-ces antes da derrocada fi nal. Para isso conta-mos com a generosidade do casal Sr. Benedito Ferreira e Dona Rosa Ferreira, nossos grandes benfeitores, pais do saudoso Diretor Pe. Antô-nio Ferreira Cortez, os quais nos proporciona-ram comida e cama o mês inteiro: além de café, almoço e janta em sua residência, ainda nos cederam um espaço para dormir em sua fábrica de doces, situada bem no fi m da avenida prin-cipal da cidade. Há que se registrar aqui nossa gratidão “in aeternum” a essa grande família Ferreira Cortez por nos ter proporcionado essas férias inesquecíveis.

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O espaço cedido era um galpão enorme, ci-mentado, contíguo a uma área descoberta, onde se descarregavam os jacás de marmelos, peras, pêssegos, maçãs, goiabas e ameixas. Ali nes-se galpão, esticávamos os colchões ... e estava montado nosso dormitório de campanha para o mês todo. Dali, curiosos, víamos chegar, vinda de vários grotões (às vezes de perto, mas, mui-tas vezes, de lugares bem longínquos, lá dos cornimboques do Judas) verdadeira legião de tropeiros cabresteando suas mulas madrinhas ajaezadas com peitorais repletos de chocalhos tilintantes como uma festiva charanga, a que, dócil e servilmente, seguiam, em fi la indiana, os demais muares. As estradinhas de terra, na estação das águas, eram péssimas e caminhão que se aventurasse a enfrentá-las, naqueles dias chuvosos, acabava encravado nas muitas re-lheiras enlameadas. Quando isso acontecia, era mister chamar algum bom carreiro com duas ou três juntas de bois encangados para, com ajuda de mais uma meia dúzia de voluntários, num “tour-de-force”, retirarem daqueles atoleiros o veículo e sua carga de frutas...

De manhã, se o dia amanhecesse ensolara-do, programávamos caminhadas para alguma fazenda ali nas imediações, onde nos esbaldá-vamos comendo, à tripa forra, o tempo todo, tudo que se oferecesse: começava-se pelo ar-roz, feijão, macarrão e carne e, de sobremesa,

os doces de época típicos da região. E lá vinham goiabada, pamonha, curau, marmelada, pesse-gada, doce-de-leite, pé-de-moleque... Os que, por motivo de alguma febre ou um resfriado mais forte eram obrigados a fi car na cama, aca-bavam se mordendo de inveja daqueles que se aventuravam por esses passeios, cortando ma-tas, atravessando taludes e ravinas profundas ou seguindo trilhas e estradinhas mal conser-vadas. Estes, apenas para provocar os acama-dos, regressavam lampaneiros, no fi m do dia, contando mil lorotas: “que se embrenharam... que se perderam nas matas e, sem ter onde se esconder de chuva e não tendo o que comer, foram obrigados a se saciar matando cobras, la-gartos e urubus .” E não é que os mais crédulos acabavam acreditando? Nós, os mais novos e mais “trouxas” botávamos fi úza nessas fanfarri-ces! E os que estavam de resguardo se inquie-tavam nos leitos, procurando sarar rápido para também participar das próximas aventuras.

À noite, depois de um dia estafante desse, os aventureiros caíam esbodegados na cama, qua-se mortos, alguns até calçados e com a roupa encharcada no corpo, esperando um amanhã mais ensolarado para novas aventuras. O ronco era imediato. Que Jesus os perdoasse: não ha-via tempo nem para um sinal da cruz. Outros, porém, como o Rubens Orozimbo (Rubão), ain-da achavam força para provocar o riso nos inso-

Itajubá/2012Itajubá/2012Da esq. para direita: Luiz Carlos da Costa, Pe. Ângelo Cortez, Pe. José Roberto Bertasi, José Gilberto

Lemes, Pe. Manoel F dos Santos Jr, José Roberto Lemes e Caio Antonio dos Santos. Atrás: Marcos Donizetti Faria, Mauricio Sinoti e Renato Leite

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nes: com as mãos fechadas à frente da boca, si-mulavam o som de um pistom ou proferiam uma “perlengada” em Inglês, imitando a voz rouque-nha da personifi cação do jazz de Nova Orleans, o velho “Satchmo”, Louis Armstrong. Um ou outro ainda mais espevitado roçagava, com uma pena de galinha, as narinas e os ouvidos dos dormi-nhocos que, estremunhando, surpresos, solta-vam uma meia dúzia de palavrões. O “arteiro” fi ngindo nada saber, voltava, às arrecuas, sor-rateiramente, no bico dos pés, por sobre os col-chões e indigitava como culpado algum inocente “desligado” que passasse ali por perto, o que, via de regra, acabava redundando, naturalmente, numa desvairada guerra de travesseiros.

Mas muitos tinham difi culdades para dormir por outros motivos: não estavam acostumados àquela comilança pantagruélica; comiam o dia todo, como num concurso de gastronomia, aque-las saborosas frutas despejadas dos cargueiros, a granel, ali na fábrica, à nossa frente. Isso depois de um dia já farto de um verdadeiro sarapatel de quitutes ganhos dos sítios visitados.

Deus meu! Se aquela meninada tinha abati-do algum urubu para comer, não sei, mas não duvido de que tinham estômagos de urubus. O efeito deletério, porém, dessa gororoba toda acontecia à noite. O silêncio da madrugada era, muitas vezes, entrecortado ora por borborigmos gementes, como cuícas num ensaio de Escola de Samba, ora por estrondeantes arrotos e ven-tosidades acompanhadas de risinhos maliciosos dos mais bagunceiros (que, driblando a vigilân-cia do Irmão Francisco, volta e meia ainda en-contravam disposição para simular um tiroteio de ventosidades), ora por corridas malucas (por sobre os colchões) daqueles que, arrepanhando as calças, procuravam o banheiro mais próximo para se livrar das dolorosas e fétidas diarréias. Além do mais, como as chuvas não davam tré-guas, o ambiente daquele galpão ainda por cima recendia a bafi os de mofo por causa dos col-chões molhados e das roupas úmidas empilha-das, a torto e a direito, em todos os cantos. Mas ninguém se importava com aquilo. Era o “carpe diem” levado às últimas conseqüências! Estáva-mos longe dos livros e das aperreações das re-gras e dos horários: isso nos bastava. Gozáva-mos plenamente daquela liberdade já cantada pelo poeta:

“Livre fi lho das montanhas, eu ia bem satis-feito, da camisa aberta o peito, pés descalços, braços nus”...

Para nós isso é que eram aventuras! Isso é que eram férias!

E o Pe. Cortez, como apreciava uma reinação, portava-se como um de nós, voltava à adoles-cência de novo, ria a bandeiras despregadas, fe-liz da vida por ver a meninada feliz. Imaginem se alguém ali estaria preocupado com o governo do Juscelino ou com o lançamento do “Sputnik” ou com a vitória de Fidel Castro sobre Fulgêncio Ba-tista em Sierra Maestra! Que nada! Era a inten-sa vivência do “carpe diem”, do hoje! Ou, como dizia a marchinha: “Simbora nós dois! O que se

pode fazer agora não se deixa pra depois!”Talvez, as melhores férias de nossa vida de IPN.Minto, não foram as melhores, creio, unica-

mente por uns pequenos senões: nós, no fu-tebol, nunca conseguimos ganhar do time de Delfi m Moreira, mesmo com as lambanças do Pe.Cortez, como juiz, roubando descaradamen-te, no apito, a nosso favor. A cada derrota nossa, ele pedia revanche. De nada adiantavam aque-les chutões de roça do beque direito (e futuro padre provincial), Hélio Pontes.

“Ô timinho encardido, siô, é esse time de Del-fi m Moreira! É marcar jogo e esperar por nova derrota!” – protestávamos inconformados.

Outro senão: nós, os cem alunos do IPN, ain-da vivendo, em termos de seleção brasileira, a euforia da conquista da copa de 1958, estáva-mos, no entanto, na torcida clubística, pratica-mente divididos em dois grandes grupos -- fl a-menguistas e vascaínos – e, naquele mês de janeiro de 1959, os fl amenguistas roxos, como os irmãos Barbosa de Borda da Mata (Dito e Zé Barbosa), andavam numa tristeza de dar dó. Passaram as férias todas jururus, aborrecidos, pois o seu querido Flamengo, ao empatar em 1 X 1 com o Vasco da Gama num emocionante e inédito Hiper – Supercampeonato carioca de 1958, perdera o título (justo para o seu arqui--rival). Os vascaínos, ao contrário, deliravam de alegria e não perdiam a oportunidade de troçar, dia e noite, dos rivais. Como sofreram os fl a-menguistas!

Para não dizerem que estou inventando coi-sas malucas, termino este relato citando de cor a escalação do time campeão, em homenagem aos vascaínos fanáticos, liderados pelos outros irmãos Barbosa de São José do Alegre (Zé Car-los, Pe. Geraldo e Paulo Barbosa). Corrijam-me se eu não estiver certo:

“Miguel, Paulinho, Belini, Écio, Orlando e Coro-nel; Sabará, Almir, Roberto, Waldemar e Pinga”.

Amigos, impossível não repetir, hoje (passa-dos cinqüenta e três anos), o bondoso velho, Pe. Adriano Van Iersel: “Fugit irreparabile tempus!” ou o humorista Lilico: “Tempo bom... não volta mais...saudade...”!

niciava-se o ano de 1965. Exatamente, às 17:00 horas do dia 10 de Fevereiro, chegava

ao Seminário de Ibicaré um garoto assusta-do diante de tanta coisa bonita a sua frente, imaginando-se feliz por ir morar numa casa de material....(só conhecia aqueles velhas casas feitas de madeira e a de meus pais não fugia à regra). Pois bem, algumas horas depois, chega um caminhão (carroceria aberta, naturalmente, hoje fi cariam todos presos) repleto de meninos, alguns como eu, de Ibicaré, outros do oeste de Santa Catarina, grande número do Paraná. Os antigos, felizes por reencontrarem os colegas do ano anterior, enquanto a turma dos novos mal aparecia, pois alguns como eu eram tão tímidos e envergonhados a ponto de pedirem perdão a Deus por terem nascido.

Alguns dia depois, conheci aquele que duran-te muitos anos foi meu confessor, meu mestre

Hélio Ampolini

e meu amigo, o Padre Sebastião Xavier Peres, chamado de Tião pelos padres. Era mineiro de Delfi m Moreira e torcedor do Cruzeiro por quem me tornei torcedor por causa dele.

Desde os primeiros dias passei a admirá-lo pela maneira como nos tratava e pela serieda-de como vivia seu sacerdócio. Tive a graça de conviver próximo a esse homem de Deus que foi meu confessor e confi dente. A abertura dos seminários e dos claustros proposta pelo Con-cílio Vaticano II demorou um pouco para ele assimilar, uma vez que confrontava com o que havia vivido desde sua entrada para o semi-nário até sua ordenação. Assim, já em 1965, passamos a estudar, até o fi nal do curso gina-sial, em um colégio da cidade, fora dos muros do seminário. A partir do segundo ano ginasial, eu, porque já era, em idade, um dos mais ve-lhos do grupo, fui incumbido de certas tarefas que exigiam maior responsabilidade. Houve, então, uma maior aproximação entre nós, já que o amigo Pe. Tião (se vivo, permitiria que assim o chamasse) sempre me chamava para ajuda-lo na manutenção física do seminário. E muita vezes conversávamos sobre como os se-minaristas estavam absorvendo as mudanças em andamento.

Lembro-me de um passeio que fi zemos a Campina da Alegria (Celulose Irani), quando me pediu que o acompanhasse num passeio a pé por entre uma imensa fl oresta de pinus. Na ocasião, falou-me das difi culdades que estava enfrentando com relação a uma aluna que não

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Pe. Sebastião (in memoriam)

“Pe. Sebastião Xavier Peres”

entendia os limites da abertura dada aos religio-sos nos novos tempos que estávamos vivendo, fazendo-a entender que o tratamento dispensa-do por ele, nada tinha de diferente com o que dispensava a todos os demais alunos (ele lecio-nava no mesmo colégio em que estudávamos). Vi um homem com atribulações, onde sua von-tade e sua decisão de continuar ao serviço de Deus estavam sendo testadas. Dizia que faria entender a outra parte que havia decidido ser padre e o seria até o fi m de sua vida. Nesta caminhada dentre muitas que tivemos juntos passou-me como é o coração dum servo de Deus, que havia jurado ser fi el aos princípios da Igreja e dos votos que havia feito quando de sua ordenação. Mostrou-me como deveria ser meu coração e minha postura quando fosse or-denado. Via naquele momento um verdadeiro sacerdote ao meu lado, quando dizia que sua vida havia sido dedicada a Deus e ao seu sacer-dócio, e assim o fez.

Em 1969, os que haviam terminado o giná-sio em Ibicaré, não tinham lugar defi nido para onde ir. Segundo o padre Irineu Benneman, es-tavam resolvendo e, até fi ns de 1970, não ha-viam decidido onde faríamos o colegial. Então, cada um teve de procurar seu destino. Eu fui para o quartel. Todos os demais se desgarra-ram e cada um teve que procurar seu destino. Em 1973, a convite do padre Irineu, voltei para montar a casa de formação de Lages, junto ao grande mestre padre José Maria de Beer, onde fi que até 1974. Em 1975, fui para Valinhos,

onde fi z um ano de fi losofi a, mas já não tinha mais aquele fervor dos anos anteriores, e, en-tão, abandonei defi nitivamente o caminho do sacerdócio.

Estes breves relatos têm o objetivo de deixar registrado que tive a felicidade de conviver di-retamente com um verdadeiro sacerdote, que hoje, tenho certeza, está recebendo seu prê-mio por tanta santidade e boas coisas que nos deixou.

(a) Hélio Ampolini ([email protected])

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esde alguns recentes anos, a Igreja Católica no Equador protagoniza uma queda de braço

com o governo. Até agora o saldo tem sido ne-gativo para a Igreja. Pouco tempo atrás, a nova constituição elaborada pela Assembleia Consti-tuinte foi a referendo popular para ser aprovada. De um lado o governo fazendo campanha pela aprovação. De outro, a oposição e a Igreja cató-lica em campanha para reprovação. Com exce-ção de umas poucas dioceses que se mantiveram neutras, e outras a favor, a maioria se posicionou contra, conforme a orientação da Conferência Episcopal. Passeatas, panfl etagem, discussões e tudo mais que se podia fazer se fez por parte da Igreja para que a constituição não fosse apro-vada. Motivo: alguns parágrafos, que segundo a interpretação eclesiástica atentavam contra valo-res lapidares da moral católica, abririam brechas inaceitáveis. Resultado: a nova constituição foi aprovada por uma esmagadora maioria da popu-lação e a Igreja saiu desmoralizada.

De lá para cá a relação entre Igreja e Estado vem estremecendo paulatinamente. O governo, ainda que com sua populariadade diminuída, tem

A hora de testemunhar o amor

Pe. Alex Sandro Sudré, msc

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força e vem dando rasteiras na Igreja, que aqui sempre se mostrou muito reacionária, noves fora, Leonidas Pro-año, entre outros. Agora chegamos ao segundo round. Un projeto de lei que tramita no Congre-so, propõe seculari-zar de maneira mais veemente o Estado. Em outras palavras, quer explicitar não somente no papel mas na prática, uma radical separação entre religião e Estado. No fundo, o projeto (de mais de 40 páginas) propõe que re-ligião (e aqui religião equivale a Igreja Católica) seja praticada somente no âmbito privado.

Esse tipo de lei já é mais que conhecida, pois vários Estados modernos, que outrora faziam parte da cristandade católica com toda sua pu-

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MISSÃO DO EQUADORMISSÃO DO EQUADOR

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jança, já adotaram como parte de suas Constitui-ções. Na América Latina o caso mais emblemá-tico é o do México, que “laicizou” radicalmente o Estado, embora o povo mexicano continuasse sendo altamente religioso. Agora chegou a vez do Equador passar por esse processo que nor-malmente é muito desgastante. O debate ainda não ganhou as ruas. Está nas altas esferas legis-lativas, no executivo e na hierarquia católica, que como era de se esperar, se encontra de orelha em pé. De um lado um projeto de lei quer regu-lamentar a prática religiosa do povo. Do outro a Igreja quer manter seu direito de praticar publi-camente a sua fé através das manifestações típi-cas do catolicismo, sobretudo as de cunho devo-cional. O debate promete ser forte e acalorado.

Na minha humilde opinião, penso que o mo-mento não deve descambar para a beligerância. Ambas as partes, Governo e Igreja podem e de-vem dialogar. A Igreja, no entando, é a que deve dar exemplo, ou seja, aproveitar esse momen-to para mostrar seu rosto. Nesse ponto nos en-contramos fragilizados, pois o rosto da Igreja no Equador tem sua face historicamente deformada pelo autoritarismo, pelo clericalismo, pela coni-vência com o poder. O recentíssimo , doloroso e escandaloso episódio do Vicariato Apostólico de Sucumbios, e a humilhação pública imposta ao seu bispo por parte da própia Igreja, mostra que

Recordação

ENCONTRO EM PIRA – 2002 – SÍTIO-AGACHADOS: ALBERTO ANTONEL-LI, DOUGLAS, FERRON, DITÃO, JAIR, LARIZATTI, ALBERTO MARIA E JERCI MACCARI.DE PÉ: LEONEL, AUGUSTO, BEDIM, JOSÉ JORGE, DOMINGOS, VITOR, BEBÉ, BONIFÁCIO E CACHOEIRA.

MISSÃO DO EQUADORMISSÃO DO EQUADOR

ainda temos um longo caminho a percorrer.Ao invés do confronto, inclusive público como

ocorreu antes, o momento seria oportuno para dar testemunho de Jesus Cristo. Para isso so-mos Igreja: para amar e dar testemunho do amor. Evidentemente que como cidadãos e cris-tãos, todos temos direito de praticar nossa fé em âmbito público e não somente encerrados dentro das Igrejas e das casas, ou pelo menos lutar por isso. Mas essa prática tem que ser pre-conizada pela coerência e não pela intolerância. Surtiria muito mais efeito se pudéssemos ser praticantes de uma fé, como foi Francisco de Assis, Teresa de Calcutá, Charles de Foucauld, Vicente de Paulo, Narcisa de Jesus, João XXIII, Hélder Câmara, Oscar Romero, Leonidas Pro-año, só para citar alguns. Não há legislatura que não reconheça tamanhos exemplos de amor e dedicação ao próximo como algo positivo a ser praticado tanto público como privadamente.

O debate já está na nossa porta. A Igreja no Equador tem mais uma oportunidade de mos-trar-se em consonância com o seu Mestre sendo profética e fraterna como Ele. Esperemos para ver, em oração e na caridade mútua.“NR - Pe. Alex Sandro Sudré , msc, é missioná-

rio no Equador desde abril de 2006. Ordenou-se em 25.11.1995 e, além de Filosofi a

e Teologia, é formado em Missiologia.”

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o Inter-Ex de março de 2012, soube que o Pe. João Crisóstomo, em 20 de dezembro

de 2011, comemorou 60 anos de vida religiosa como MSC e 85 anos de idade. Foi muito grati-fi cante para mim saber das comemorações em sua homenagem.

Tive a alegria e o privilégio de conhecer e con-viver com o Pe. João Crisóstomo durante os anos de 1959 e 1960, no Seminário de Pirassununga. Recém - chegado ao Seminário, ainda com toda a timidez e acanhamento característicos de um menino criado na roça, graças a sua atenção e amizade fui logo me adaptando à nova vida tão diferente. Com ele fui pela primeira vez ao campo de futebol, na chácara, onde após o jogo, repartiu com todos nós uma jaca, apa-nhada na hora por um colega. Foi a primeira vez que provei dessa fruta. Naturalmente, bem mais jovem do que hoje, no campo, ele corria sem parar e, quando jogava na defesa, poucos con-seguiam chegar ao gol. Tinha físico atlético, es-pírito aventureiro e postura de religioso assumi-da com coerência e altivez. Acompanhava-nos nos passeios às fazendas das famílias Rosim, Batistella, Bertazzi e outras. Inúmeras vezes, nos levou à Cachoeira das Emas, onde o rio farto em peixes nos bridava com pescaria fácil, dispensando-nos até das mentiras de pescador, quando voltávamos.

Nas férias no sítio, sua presença era cons-tante. Com chapéu e calçado com chuteiras, acompanhava-nos desde a saída da cidade, geralmente, com o último grupo a iniciar a longa caminhada. Já no sítio, defi nia quem iria assumir as tarefas necessárias para a boa convivência durante as férias no local. Nome-ava logo quem seria o “capitão” ( encarrega-do de limpar os banheiros), quem iria limpar os cômodos da casa, quem ajudaria o irmão Henrique na cozinha, quem seria o sacristão e quem iria ajudar na construção da represa no rio, que serviria de piscina para todos nós durante as férias. Graças ao seu espírito aven-tureiro e cuidado quase paternal com todos nós, as férias no Barrocão se convertiam em momentos muito agradáveis e inesquecíveis. Permitia-nos passear para qualquer lugar nos arredores do sítio, desde que fôssemos acom-panhados por, no mínimo, mais dois colegas e

Pe. João CrisóstomoRecordar para homenagear

Cláudio Carlos de Oliveira (1959 - 1965)

retornássemos no horário previamente acor-dado. Quando essas condições não eram cum-pridas, repreendia-nos com severidade. Du-rante as tardes, enquanto tínhamos uma hora de leitura obrigatória à sombra das manguei-ras ou no alpendre do casarão, ele costumava descansar, mantendo a tradição da sesta.

De volta à rigorosa rotina de estudos no Se-minário, ele continuava conosco durante as ho-ras na sala de estudo, vigiando-nos para que não perdêssemos tempo nem nos distraísse-mos com conversinha baixa atrás das tampas das carteiras. Sempre presente também nos recreios, fi cava atento para que não avançásse-mos para o pátio dos maiores, para que todos participassem do vôlei e para que tudo termi-nasse, quando chamava “sineiro” para tocar o sino, sinalizando o fi m das atividades.

Durante o último recreio do dia, geralmente, após o chá da noite, ele me chamava ( de Dinho ou Dinheiro) com voz forte e decidida para en-graxar seus sapatos. Obediente e com cuidado,

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Pe. João Crisóstomo

eu logo atendia, deixando seus sapatos lustro-sos e macios. Era uma tarefa simples e humil-de, porém engrandecia muito o menino tímido vindo da roça, que ainda trago dentro de mim.

Minha amizade e admiração pelo Pe. João Cri-sóstomo tornaram-se muito mais signifi cativas ainda, quando no início da década de sessenta, estudando em Itajubá, soube de sua partida, como missionário MSC, para a Indonésia. De lá me escreveu algumas cartas, contando sobre seu trabalho missionário em colégios e paró-quias nas cidades de Purwokerto e Purworedjo, na ilha de Java.

Certamente, seus 60 anos de vida religiosa estão repletos dessas e de tantas outras experi-ências vividas com o mesmo espírito aventureiro e com a mesma postura de missionário autênti-co que conheci, quando cheguei no Seminário em Pirassununga.

Mesmo atrasado e distante, deixo registrado meus afetuosos cumprimentos pelos 85 anos de vida e 60 anos de vida religiosa do Pe, João Cri-sóstomo, sem me esquecer de revelar aos leito-res desta crônica que até hoje sinto saudades do meus tempos de engraxate. Parabéns, caro amigo Pe. João Crisóstomo!

Pe. João Crisóstomo cortando o bolo

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e fechados intramuros, mesmo que seja para o bem e purifi cação da alma, os ho-

mens reproduzem o mundo externo com suas misérias, graça e riso. Assim era no seminário e assim deve ser em todo calabouço, em todo es-paço cercado de arame farpado ou de límpidas normas e regras. Pelo vão dos dedos de toda imposição também se vive, se cria, se trama, se inventa.

Reclusos no espaço do seminário, a meninada pintava e bordava, construindo aventuras, joga-das arriscadas, ousadias e perigos. Isso satisfa-zia o desejo de plena liberdade, repunha a falta dos pais e da família.

O padre Antônio Cortez se dava muito bem com essa macacada cheia de energia e sabia conviver com ela, botando todo mundo em ca-minhadas longas, morro acima e morro abaixo, para gastar as energias sobrantes. Diante de minhas peraltices, ele dizia: “você é um gato”. Mas, na verdade, havia outros gatos mais ou-sados. De quatro deles, pelo menos, eu sabia: Nilo, Valter e os irmãos portugueses da Ilha da Madeira, Antônio e Augustinho.

Um dia, aconteceu de aparecer ladrão na lavanderia. Aquilo animou o seminário. Eram precisos guardas noite adentro. A notícia se es-palhou e não faltou gente querendo compor a ronda noturna, certamente com um sabor da-quelas temidas Rondas Noturnas holandesas, retratadas magistralmente por Rembrant. As-sim, os quatro gatos se candidataram e ganha-ram a tarefa de guardar a lavanderia.

Naquele tempo não tinha latrocínio farto como hoje. Desconfi o mesmo que não havia ladrão algum interessado na lavanderia. Dessa forma, depois de algum tempo, a ronda tornou--se enjoativa e sem muito gosto de aventura.

Quatro gatos eum jipe furtado

Genésio Fernandes (1961/1969)

Foi quando inventaram uma: um criativo, santo e silenciosa furto.

O Nilo era um molequinho, mas tinha apren-dido alguma coisa de carro com o pai taxista e sabia dirigir um pouco. Assim, fez uma chave para ligar o jipe do padre Cortez e foi ajeitando--a até que serviu para dar a partida. Para não fazer barulho, empurraram o jipe até sair do seminário e ganhar estrada. Ali perto da ponti-nha, ligaram a coisa, o motor gemeu e lá foram os quatro sorridentes larápios para a Piedade, virando madrugada em noite de estrelas, sem lenço e sem documento.

A ordem era que todos deveriam dirigir um pouco, mesmo aqueles que nunca tinham pe-gado num volante. Na volta, foi a vez do Au-gustinho – e o jipe só não foi para o fundo de um buracão, porque, naquele tempo existia um convênio absoluto e certo de todos os anjos da guarda com os seminaristas. Não fosse assim, teríamos, hoje, de nos lembrar de mais de uma dúzia de amigos mortos. Todos sabem que fo-ram muitos os perigos passados sem um só ar-ranhão.

Seguindo o esquema, repuseram o jipe em seu lugar e, acho, ninguém fi cou sabendo da traquinagem. Digo “acho”, porque desconfi o do padre Cortez. É bem possível que ele tenha sa-bido ou mesmo assistido, de camarote, ao furto. Ele admirava as artes bem boladas!

Mas que foi feito desses meninos? Nilo, de-pois de sofridos dias, fi cou viúvo, mas logo en-controu alma gêmea e vive trinando como um canário, trepado nas ondas de Búzios. Valter arranjou uma noiva bela, mas, às vésperas do casamento, com 23 anos, morreu. Augustinho mora no Rio e nos deu a alegria da sua pre-sença, com a simpática e bela fi lha, no encon-tro 2012. Antônio vive no Rio, promete vir aos encontros, mas nunca vem... Dizem que é por medo de mim, em quem dava coque com mão seca e dura como martelo. Que a vida esteja com todos e por muitos anos de encontro. E que aquele ou aquilo que há, que é e rege a nós e ao mundo, dê ao Valter a luz mais luz infi nita, amem.

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pesar de meus onze anos, o “Confi teor”, de Paulo Setúbal, lido em classe pelo pa-

dre Adão Bombach, marcou-me profundamente pelo resto da vida. O que mais me tocou foi a sinceridade comovente, espontânea e graciosa-mente enfática com que o autor fez o ato público de contrição. Passados tantos anos, ainda guar-do vivas na memória recordações tão gratas. Por isso, resolvi manifestar-me sobre assunto que, volta e meia, de um modo ou de outro, tem vindo à baila.

Tempos atrás, contou-me um contemporâ-neo de seminário haver perdido completamen-te a fé. Aparentava estar acometido de grave depressão. Nem era para menos. Tentei inutil-mente confortá-lo. Já outro, pertencente à mi-nha classe, relatou-me a revolta que sentiu ao

CONFITEORGeraldo Luiz Sigrist (49-55)

ver-se excluído do Noviciado, dizendo que pas-sara a noite fumando cigarro após cigarro. Vez ou outra aparecem referências a abalos na fé, inconformismo com práticas que deixaram se-quelas ou traumas mal resolvidos. Difi culdades e crises existenciais fazem parte do quotidiano. Bem possível que em nossa formação tenha ha-vido mais respostas que perguntas.

Casos mencionados em “Triste expulsão”, “A profecia do padre Leo”, “Meu amigo João Cardo-so”, “Resgate”, além de outros, chocam e indu-zem à comprovação de desacertos em muitas decisões. Ressalte-se que em tais fatos, sem-pre e coincidentemente, imputam-se tais equí-vocos aos três mesmos padres, com absoluta exclusão dos demais.

. Diante de situações semelhantes, cada qual reage a seu moído. Como os únicos seres con-dicionalmente incondicionados, se uns, isentos de censura, sucumbem às provações, outros, superando-as, sabem sublimá-las. Encontra-mos exemplos edifi cantes de sublimação em nosso próprio meio.

Rememorando a mensagem colhida em tenra idade, faço ato público de contrição, meu pró-prio confi teor. Se eu nutria o maior apreço pe-los padres professores, o mesmo não se deu com dois ou três frequentemente mencionados. Claro que tiveram seus méritos e se houveram com retidão de consciência. Pelo modo como agiam nunca me sentia à vontade diante deles. Não conseguia descontrair-me, tornei-me tími-do, medroso, desconfi ado, arredio. Sofri muito. Apavorava-me a ideia de ver-me excluído, so-bretudo expulso por indicação de um deles ou de ambos. Pequei por inércia. Fracassei por não saber chegar à sublimação como outros. Con-tudo, conforta-me a certeza de que, na vida de todos nós há sempre um Deus Pai misericordio-so à espreita.

Itajubá/2012Itajubá/2012

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Sermão do monteLupo da Gubio

onge, muito longe no Tempo quase tocando os umbrais da eternidade e dentro das né-

voas...- Chega de cozinhar farofa, caro – disse o

mestre, o Sombra, logo de supetão.- Poesia só domingo depois do almoço prá pe-

gar no sono.- Vá logo ao que interessa.Colhemos o que plantamos e plantamos o que

vamos colher, me ensinaram os homens e a vida o confi rmou. As aulas de História Sagrada, narrada e recontada pelo Irmão Adriano, as muitas leituras espirituais, as conferências diárias na Sala de Es-tudos, antes das missas, os sermões empolgados nas missas das 10,00 na Capela do Rosário, tudo, tudo isso nos impregnou de alto a baixo, de leste a oeste. O dia a dia está aí para o confi rmar.

Foi em um daqueles passeios ao Sítio do Berta-zzi, lá em Laranja Azeda, ao lado da linha férrea que seguia para Vassununga, Santa Cruz das Pal-meiras e Estação da Lage. Esse Sítio era um lugar famoso, desejado e sonhado por todos nós. Lugar de pescaria, mandy-chorão com sua repentina ferroada no dedo do pescador noviço. E, melhor ainda, garapa, muita garapa. Para o Irmão Chi-co “aquela” de sempre. Fabricação caseira,feita em alambique de cobre com produção limitada para uso da família e dos amigos especiais (Ir-mão Stracks), uso moderado e abuso controla-do. Por isso, no fi nal do passeio, quando de volta para a Raia, a tropa tinha que disparar na raia. O Irmão Chico, lenço branco em torno do pescoço à

la escoteiro. Rubicundo, calado e sem o pito, seu principal adendo (exceção das exceções), ele já saía em terceira. Não admitia brincadeira e nem conversa. Resfolegava ao lado da locomotiva que vinha em direção oposta, e acelerava a marcha queimando sabugo, chutando pela lateral, réplica da Retirada de Laguna.

A hospitalidade da família Bertazzi era e é ain-da hoje proverbial. Gente boa essa italianada. Biscoito fi no, Bacio di Peruggia. Engrandeceram a Congregação com três sacerdotes, dos quais um, que foi meu aluno exemplar, tornou-se um Superior Provincial exemplar. E eu nem passei de soldado raso.

O Sítio do Bertazzi nos era aberto de par em par bem como o coração daqueles oriundi. Por isso nós até abusávamos de tanta generosida-de, repetindo os passeios com uma freqüência exagerada. Além de nos franquear o terreno e

Vista do famoso buraco do Bertasi - 1957/1961

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as margens do rio, o pomar estava a nossa dis-posição. Mas o melhor, o melhor de tudo era o lanche que eles nos serviam. Farto, saboroso, cobiçado e... repetido.

Mas, como no Éden geográfi co entre os quatro rios bíblicos, havia lá um lugar “proibido” pou-co acima do lugar da pesca. Algumas árvores frutíferas ainda em formação e incipiente pro-dução. Um trecho reservado do pomar. Carinho de agricultor. De resto, total liberdade. Frutas várias, especialmente laranja Lima (“Meu Pé de Laranja Lima” com José Mauro de Vasconcelos) desmentindo o mal fadado nome do bairro. Ne-nhum limite imposto, exceção feita àquelas ár-vores frutíferas. A recomendação fora sempre clara já desde algum tempo atrás, e ninguém podia alegar desconhecimento das regras do jogo. Mesmo assim, o respeitoso anfi trião não deixava de a todos lembrar, acanhadamente, daquilo que todos já sabiam. E o Irmão Chico, verdadeiro arauto do rei, apontando com o ca-nudo do pito a região demarcada, lembrava as todos do acordo de cavalheiros.

No entanto, tudo tem a sua primeira vez. Naquele dia distante, no entanto e na saudade, o bando de gafanhotos veio numa rasante só. Homenagem antecipada e simbólica à futura Academia da Força Aérea? Nem todos os mem-bros da colméia, claro, podem ser responsabi-lizados pelo estrago. Entre eles, este humilde escriba de reputação ilibada.

O Sr. Bertazzi foi avisado da ocorrência. In-

Itajubá/2012Itajubá/2012

dignado, e justamente indignado, e plenamente dentro de seus direitos, chegou ao local do cri-me. Aproveitando de uma elevação do terreno, do alto de seu posto vituperou contra todos. Or-gulhoso de contar com dois de seus fi lhos que foram seminaristas do mesmo seminário, e que nunca lhe causaram aborrecimento algum nes-se sentido em virtude de uma sólida educação familiar, o digno anfi trião falou o que todos pre-cisavam ouvir. Como costumava dizer o Pe. Se-elen em suas conferências sobre a disciplina, “com desordeiros não se argumenta, apenas se impõe”. O Sr. Bertazzi, sempre respeitador e correto, usou de sua legítima autoridade.

Italiano, quando na sua razão não fala pou-co, pois do contrário fala muito. Sobreveio uma saraivada de granizo e brasas incandescentes no terreno certo. Cabisbaixo o bandinho do can-gaço foi azulando. Alguns com o rabo entre as pernas e as orelhas murchas. Outros, mais ou-sados, saíram como gatos, indiferentes e com passos de veludo, o rabo na vertical exibindo o mostrador com a hora certa. Quem semeia ven-tos colhe tempestades!

O local onde o Cristo fora crucifi cado recebeu o nome de Calvário, ou Gólgota.

Talvez, em virtude das muitas aulas de His-tória Sagrada que nos foram ministradas, bati-zou-se de “Sermão do Monte” aquele logradou-ro inesquecível. Eu por mim o chamaria de “O Morro dos Ventos Uivantes”.

Deveras, estudante não presta mesmo!

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Sonhos de uma criança

Gino Crês (1948/1953)

uando eu era criança, terminadas as tare-fas escolares, a rua Gérson França, quadra

sete, era uma constante sedução: ali se acha-va o espaço dos jogos e brincadeiras. Na rua empoeirada, não havia paralelepípedos, muito menos asfalto, sem a ameaça de automóveis e assaltantes, brincávamos de pique, de bandido e mocinho, jogávamos bola de meia, taco, boli-nha de gude.

Eram tempos bons! Nós corríamos ao ar livre, pisávamos na areia macia, respirávamos ar puro.

Mas havia no ar uma tensão permanente. Nosso paraíso era provisório. A qualquer mo-mento - em geral no melhor do jogo - ouvia-se a voz aguda da mãe: “Sai da rua, menino!”

Não adiantava chorar nem gemer. As mães, naquele tempo, eram infl exíveis. E sempre ti-nham os melhores motivos para recolher suas crianças sujas, de joelhos ralados, era hora do banho, aproximava-se o jantar, “seu Pai” tinha chegado, era hora de dormir... E as mães sa-biam impor limites e prevaleciam sempre. Bons tempos. Foi neste ambiente de muita paz e res-

peito que, como criança, cresci e tive os meus sonhos, Adultos vegetam e perdem o presen-te, achando que sonhar é coisa de criança e é mesmo... Desde criança sempre gostei do mar e essa paixão se revelou forte, quando brincava de barquinho nas enxurradas. Ficava triste por não saber onde iam parar. Chegavam ao fi m? Que fi m? Ver que os que eu fazia, conseguiam vencer a força das águas, sem afundar, para mim era a glória. Nas férias, ia à praia e fi cava perscrutando o horizonte em busca da imagem serena e misteriosa dos navios. Via-me como um navegador. Dono do mundo, aquele mundo fl utuante. Um dos meus sonhos nascia ali, cons-truído pelas minhas mãos, pelos meus olhos e, certamente, por um dado exterior que não de-pendia de mim, a água da chuva violenta e boni-ta, a força do mar amedrontadora e majestosa.

Outra alegria minha, quando criança, era construir canudinhos de papel, colocá-los em um canudo extraído do mamoeiro e soprá-los contra as casas de abelhas e marimbondos. Eram meus foguetes, lançava-os contra ima-

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1948 – turma do Ézio – com Sérgio Cabral, Gino Crês, Benjamin Brito, Nelson Altran, Alfredo Máximo e outros.

Gino pedindo silêncio??? ao fundo a capela do sítio. Atrás dele, o Albino

o ideal de ser um dia sacerdote também.Aos dez anos, fui para o “colégio dos padres

Missionários do Sagrado Coração de Jesus (MSC)”, em Pirassununga, onde permaneci cinco anos de-dicados à oração, ao trabalho, estudo e lazer. A saudade foi o meu terrível e implacável algoz, não conseguia mais viver longe da minha família. A minha vocação balançou. O meu sonho se desfez.

Enquanto criança, via o futuro com os olhos de sonhador: Navegador, Astronauta, Evangeli-zador. Hoje, como professor aposentado, reali-zei e vivi esses sonhos nesta profi ssão que pro-curei sempre dignifi car: como Navegador, tenho ensinado os meus alunos a singrar os mares tempestuosos da vida; como Astronauta orien-tei-os como chegar até os astros por caminhos ásperos e. como Evangelizador, transformei-os em cidadãos honestos, cumpridores de seus de-veres e defensores de seus direitos.

Vale a pena ter sonhos... é fundamental ali-mentar sonhos... maravilhoso, sim, é realizar e viver os sonhos.

ginários inimigos, que, talvez, um dia viessem atacar-me ou que gostaria de despertar, mos-trando-lhes que aquele mundo era meu. E os aviõezinhos de papel, que beleza vê-los voar e aterrissar suavemente a metros de distância. Voar era o meu sonho. Nada melhor do que eu estar por cima de tudo e de todos.

Infl uenciado pelos meus pais profundamente religiosos e morando a poucas quadras da igreja Santa Teresinha, tornei-me coroinha. Vejo-me, com saudade, vestido com aquela capinha ver-melha e sobrepeliz de longas mangas, sapatos bem engraxados, rodeando o altar como turife-rário e acólito, respondendo ao celebrante na-quele impecável (nem tanto!) latim da época. Foi a intimidade com o altar, o ambiente sagra-do, o clima das celebrações, as profundas im-pressões gravadas entre incenso e campainhas, tudo somado à fi gura do padre, pároco da igre-ja Santa Teresinha, na época Dom Pedro Paulo Koop, que presidia à comunidade, que foi des-pertando em mim, criança, o desejo de abraçar

Padre Adriano Seelen com Ézio Monari, Benjamin Brito,

Gino Crês, Nelson Altran

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A repreensão do SuperiorAlberto José Antonelli (1944 - 1950)

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stávamos passeando, o Salvador Andreeta, da classe da Quarta, mais um colega e eu,

ambos da Sexta, no cemitério de Pirassununga. O Superior, Pe Antonio van Ess, mandara aos alunos que aguardassem, enquanto benzia uns túmulos, na manhã do dia de Finados, 1944. Atendia com isto ao pedido que algumas senho-ras lhe fi zeram, após a missa na capela local. Nós, alunos da turma dos menores devíamos fi car por ali, ao passo que os Maiores já tinham retornado ao colégio.

A mim tudo era novidade. Agradava-me ver a movimentação do povo, e ouvir o falatório, com explicações e gracejos, daquele colega de classe dois anos anteriores à minha. Nascido em Piras-sununga, comunicativo, parecia-me muito sabi-do. Chamaram a nossa atenção alguns jazigos em mármore e granito multicores, encimados por imagens de santo ou outras. Eram túmulos construídos por famílias de gente importante da sociedade local. Suas placas de bronze, polidas, faiscando ao sol, diziam: Del Nero, Levy, Grisi, Pozzi, Caruso, Zerbetto. E havia também nomes familiares aos seminaristas: Rosim, Bertazzi, Tramontina, Pavão, Fontanari. Sem esquecer o túmulo simples do Pe. Agostinho Martell – com

sua fotografi a, aparência jovem, de sotaina pre-ta, magro, simpático. Um professor nos contara a história. Este sacerdote veio de Minas, onde foi vigário de Cambuí até 1908. Sendo transferido para Pirassununga, aqui viveu uns poucos anos, e faleceu jovem, em 1911, com 45 anos. - Ca-minhando em frente, chegamos perto do ossu-ário: não podíamos olhar para dentro, mas meu colega comentou que ali deve haver toneladas de ossos, inclusive os restos dos primeiros habi-tantes desta cidade. Com certeza! Retornamos lentamente à capela.

Avistamos no meio do povo a batina negra do Superior que gesticulava para nós. Mau pres-ságio. Apressamo-nos. Conforme era do feitio daquele padre holandês, a reprimenda veio di-reta, clara e forte. “Porque vocês três demora-ram tanto? Não ouviram a minha ordem? São surdos? Todo mundo já foi embora! Eu precisei fi car parado aqui só para esperar vocês... Agora vão direto até o largo da matriz velha, e me es-perem junto com os outros. Se comportem!” E voltou-se a um casal que o esperava logo atrás. Sérios, fi ngindo compunção, nos afastamos em direção ao portão de saída. Procuramos, mas não se via mais nenhum aluno. Tendo passado horas no sol forte, neste momento uma sede irresistível nos atormentava. Descobrimos per-to da saída um tanque com duas torneiras jor-rando água. Foi como um ímã. Corremos para lá. Dez ou mais pessoas com vasos esperavam para recolher o líquido, ordeiramente aguardan-do na fi la. A contragosto nos enfi leiramos atrás. Saciados fi nalmente, caminhamos para o por-Marchesini na serraria com Pe. Antonio Van Es

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tão principal, e atravessamos a praça, notan-do como a capela de São Benedito, ali ao lado, também estava cheia de gente. Procuramos no-vamente por toda parte, mas nem sombra de alunos. Seguimos em frente. Na esquina de bai-xo, quase ao lado da sede da Corporação Mu-sical Seis de Agosto, havia um armazém, com sua única porta aberta. O aluno da minha classe falou: “Que fome! Vamos comprar alguma coi-sa?” O regulamento proibia que guardássemos dinheiro: um antegosto para o futuro voto de pobreza que supostamente todos, um dia, iriam fazer. Quando recebíamos dinheiro de nossos parentes, devíamos entregá-lo ao Superior. E vinha a explicação sibilina “é para o seu bem...” - Como seria de esperar, diversos meninos guar-davam moedas ou notas, escondendo para evi-tar um fragrante. Naquele momento, somente eu carregava no bolso umas notas que recebera na visita do domingo anterior. Meus pais, am-bos trabalhadores e com minguados proventos, eram generosos, e todo mês, quando me visi-tavam, viajando gratuitamente nos trens onde meu pai trabalhava, deixavam algum dinheiro. Entramos na venda. Arroz, feijão, diversos pro-dutos nas prateleiras de madeira, mas nem um salgadinho, nada para comer na hora. O Salva-dor, desinibido, sugeriu ao homem do balcão: “o Sr. tem mortadela? Que bom! queremos dois cruzeiros!” E eu entreguei as notas de um cruzeiro que guardava. O dono começou a cortar com faca, e não pa-rava mais: creio que chegou a um quilo de mortadela fatiada. Uns anos antes, em 1942, o Presidente Getúlio Vargas, por decreto, substituíra o velho dinhei-ro brasileiro, chamado: “mil réis”, que estava em circulação desde o tempo do império. Anulou diversos zeros, e tudo

passou a ser calcula-do em “cruzeiro”. Foi um alívio para o povo. Um cruzeiro tinha agora o valor nominal de milhares de réis antigos. Sen-do a infl ação baixa, o seu poder de compra perdurou por muitos anos. Recordo-me bem que uma gela-deira pequena que antes custava um conto de réis (um milhão de réis), ago-ra nas lojas da cida-de estava anunciada por “apenas mil cru-zeiros”. O efeito psi-cológico foi imenso. A população fi cou eufórica e começou a gastar o valioso dinheiro brasileiro, comparando-o ao valor dos dólares americanos. Para a indústria, e para todo o país, foi um be-nefício. As notas eram de papel colorido, bonito, todo mundo sentia prazer em segurá-lo. Três décadas mais tarde, o valor do novo dinheiro evaporou-se. E... vieram os planos econômicos,

do Bresser, do Color, do Sarney. Nem é agradável relembrar! – Naquela ma-nhã quente, festiva, nós três saímos da venda mastigando mortadela. É difícil julgar, mas talvez os produtos de então fossem melhores, mais puros que os de hoje. Ou, com certeza, nosso ape-tite era maior. O fato é que em todo o trajeto não paramos de comer, até che-garmos à praça logo abaixo. Aqui preci-samos parar. Adiós, amigos.

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Notícias da Província de São Paulo

I N T R O D U Ç Ã OO Provincial fala da fi delidade ao Cristo,

em cujo projeto é preciso perseverar. Deus está presente na vida e na história de cada um e isso é o bastante para seguir em frente e con-fi ar, pois “se Deus nos chamou, Ele confi rma em nós a missão.” Lembra que 2012 é um ano vocacional e mencionou as prioridades para esse ano: a Revista de N. Senhora do S. Co-ração, os Planos de Saúde, o cemitério MSC de Pirassununga e a Escola Missionária para leigos. Entre os assuntos comentados, o Pe. Manoel registra um fato signifi cativo na vida interna dos religiosos: “Tenho passado pelas comunidades e sentido que estamos progre-dindo na convivência e no amor fraterno.”

(Comunicações-jan/fev e mar/abril-2012)

Onze jovens cheios de expectativas para 2012 foram os protagonistas da abertura do Noviciado 2012, em 13 de janeiro. São eles: Jairo e Willian, da Colômbia; José Luiz e Leopoldo, do Equador; Lucas, de Curitiba; José Marcos, de Minas Gerais; Carlos e Adilson, do Matogrosso; Sandro, de Pernambuco; Eduardo, do Rio Grande do Norte, e Alex, do Ceará. Durante a santa missa, celebrada pelo Provincial e concelebrada pelo Mestre e outros Missionários, marcada pela espiritu-alidade MSC, cada noviço recebeu um exemplar da Sagrada Escritura, as Constituições MSC, o manual de orações MSC, a liturgia das horas e o catecismo da

UM MÊS NO NOVICIADOIgreja, edição especial para jovens. São instrumentos a serem estudados, meditados e utilizados durante o Noviciado e no decorrer da vida consagrada. No dia 16 houve a primeira reunião com o Mestre, Pe. Cortez, que lhes traçou um esboço do ano de noviciado, con-teúdo e datas e sublinhou o que seria o Noviciado, um tempo de “kairós” e de experiência de Deus, tempo de deserto e de busca de identidade.

Para os noviços nada mal um pouco de pastoral. Por isso, no dia 22 de janeiro, seguiram para a cida-de de Delfi m Moreira, campo de trabalho dos MSC. Acompanhados do pároco Pe Geraldo A. Cassiano, foram conhecer as comunidades, onde poderão aju-dar no trabalho missionário. Na semana seguinte foi a vez de Piranguçu, onde também foram visitar as co-munidades, sendo apresentados pelo diácono Jackson D. Soares), que vem colaborando com o pároco, Pe. Nelson R. de Andrade. Dia 12 de fevereiro, organi-zados em equipes pelo Mestre, os noviços partiram para sua experiência missionária. O primeiro Retiro aconteceu no silêncio e em contato com a natureza, no sítio Sagrado Coração, em Guararema-SP.

João Costa Pinto (1953 - 1966)

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CENTRO DE APOIO N. SENHORA DO S. CORAÇÃO

Esta é a nova denominação da antiga Granja Wen-ceslau Neto, fundada em 1948, mantida pela Congre-gação MSC. Foi repensada e reformulada, sendo hoje dirigida pelas Filhas de N. Senhora do Sagrado Co-ração. Em 2012 vem atendendo 100 crianças e ado-lescentes, de 6 a 13 anos e 11 meses de idade, meni-nos e meninas, dos bairros adjacentes, no contraturno escolar, devidamente matriculadas e com frequência assídua. São provenientes de parcela da população de baixa renda. A maioria das famílias é constituída de mãe e fi lhos, ausente a fi gura do pai. A mãe precisa trabalhar para o sustento da família e não pode contar com serviços públicos sócio-educativos para cuidar dos seus fi lhos, enquanto está fora. Diz a Irmã Maria José: “nosso principal objetivo não é apenas oferecer um local para que as crianças e adolescentes passem

parte do seu tempo, mas também contribuir com as famílias na formação moral e religiosa dos fi lhos, como o respeito ao próximo, o amor, a solidariedade, justiça, possibilitando melhor qualidade de vida no convívio coletivo.”

Por meio de projetos e ofi cinas pedagógicas, sob a luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Lei Orgânica de Assistência Social e Leis de Dire-trizes e Bases, o Centro de Apoio procura garantir acolhimento, educação, alimentação, orientação fa-miliar, proteção básica e desenvolvimento de habi-lidades e competências. É preciso formar cidadãos construtores de suas vidas e da sociedade. (N.R. - No Inter-Ex no. 111, julho/2009, p. 29, foi noticiada a 1ª. reformulação da Granja, sob o título “Nova Granja - Unidade Padre Donato”)

COMUNIDADE DO PROPEDÊUTICO S. CORAÇÃO DE JESUSO Propedêutico iniciou atividades no dia 29 de ja-

neiro, em Pirassununga, recebendo os seminaristas Adailson Jr. (Delfi m Moreira), Ezequiel e Leonardo Lúcio (Itajubá), Emanuel (Pacatuba-CE), Jefferson (Pirassununga), José Marcos (Picos-PI), Leonardo Henrique (Piranguçu-MG), Rafael (Santa Helena--MA), Renato (Tanque-PI), e Thiago Leandro (São Paulo). O Formador é o Pe. Lucemir, que contará com a presença e a experiência do Pe. Humberto Ca-pobianco, e com a ajuda do Pe. Júlio César, que fará acompanhamento espiritual, dois dias por mês. Os se-minaristas terão ainda assistência de uma psicóloga, que fará trabalhos de convivência e autoconhecimen-to entre o grupo, a cada 15 dias. As aulas serão dadas no período da manhã, compreendendo catequese bá-sica e História da Congregação, Português e redação, Inglês, História, Atualidades, Introdução à Filosofi a (N.R. - Interessante ter Introdução à Filosofi a nessa fase incial). Na medida do possível, os seminaristas irão ajudar nas paróquias assistidas pelos MSC.

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VISITA A BAURU E PRESIDENTE PRUDENTE

O Provincial e o Lasinho foram a Bauru buscando solução para os impasses existentes nos terrenos deixados pelo saudoso Pe. Antonio Rodrigues Ferreira Cortez. Depois seguiram para Presidente Pruden-te onde foram visitar Dona. Carolina e conhecer uma fazenda que será doada, na proporção de 50%, para a Congregação e 50% para a diocese. D. Carolina tem grande devoção e amor por Nossa Senhora. Tem em seu quarto uma imagem de N. Sra. do Sagrado Coração, quase tamanho natural.

Em 2012, prosseguem as Convivências Vocacio-nais nas casas de formação, assim programadas no 1º. semestre: 25-26 de fevereiro, em Itajubá; 14-15 de abril em Campinas; 12-13 de maio em Itajubá; 26-27 de maio, em São Paulo; 2-3 de junho, em Campinas e 23-24 de junho, em Marmelópolis. Vêm também sendo dinamizados os encontros chamados Despertar

PASTORAL VOCACIONAL - SETOR SUDESTEVocacional, nas paróquias: 10-11 de março em Pi-ranguçu; 21-22 de abril em Monte Belo-MG; 05-06 de maio em Itapetininga; 10-20 de maio em Delfi m Moreira; 9-10 de junho em Pirassununga e 23-24 de junho em Marmelópolis. (N.R. - Não se pode deixar de reconhecer a contribuição e o dinamismo da Pas-toral Vocacional.)

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Para orientar a escola, a Província de São Paulo conta com sua Pastoral da Educação, que preparou uma Semana de Planejamento Pedagógico. Funcio-nários e professores foram acolhidos pela direção das escolas, com a presença também o Pe. Provincial. “Educar para a justiça e a paz” foi o tema. Além de momentos de refl exão e oração, houve debates sobre a estruturação pedagógica e o plano de desenvolvi-mento da instituição. A escola deve ser um ambiente de respeito, alegria e fraternidade. Educar é missão de grande importância. O aluno deve estar pronto para deixar-se guiar no conhecimento da realidade e

SEMANA PEDAGÓGICA NAS ESCOLAS MSC

o educador, além de dedicar-se ao ensino dos valores cristãos, deve testemunhar a vivência autêntica dos valores que professa. O bom exemplo tem infl uência positiva sobre a vida do aluno.

Na esteira do tópico anterior, a mesma Pastoral promoveu no dia 26 de abril, em Campinas, novo Encontro, presentes o Provincial, religiosos res-ponsáveis pela Escola em Pastoral, membros das equipes, a Direção e funcionários. O objetivo foi avaliar o que foi feito em 2011, as atividades já realizadas em 2012, assim como traçar metas e prioridades comuns às Escolas MSC. Principais propostas: (i) intensifi car os momentos celebrati-vos no âmbito da escola; (ii) evangelização junto

ESCOLAS MSC EM PASTORAL

aos funcionários; (iii) romaria ao Santuário de Vila Formosa. (iv) preparação de materiais de evangeli-zação e divulgação do Carisma MSC. (v) abertura do Ano vocacional MSC nas Escolas. (vi) retiro se-mestral com os membros das Pastorais da Educa-ção das escolas, em nível provincial; (vii) aprimo-rar a Semana Chevalier, mostrando sempre o rosto da Missão da Congregação nas escolas; (viii) pre-paração para a JMJ de 2013. (Relato do Fr. Michel dos Santos, MSC, resumido)

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A Assembléia foi realizada em Vinhedo sob o tema “Missão e Comunicação”, com a assessoria do Prof. Fernando Altemeyer (*) que partilhou seu exemplo de vida e ilustrou a exposição com documentos da Igre-ja. Foram levantados pontos importantes do Capítulo Geral que tratou da Obediência e da Missão. Foi tam-bém ressaltado o trabalho desenvolvido pela Pastoral Vocacional e comentado com alegria o número ex-pressivo de vocacionados. A Província está acompa-nhando cerca de setenta jovens, somando Nordeste e Sudeste. Da agenda de trabalhos o ponto alto foi o re-lato do Pe. Cortez sobre sua visita a Angola, na cidade de Luena, o que viu e viveu com o povo, as doenças,

ASSEMBLEIA PROVINCIAL

as chagas deixadas pela guerra, o peso de um regime comunista, a corrupção, a angústia de um pastor sem colaboradores. (Ver NR 2). Falou também da esperan-ça do povo e das comunidades que, em meio a tudo isso, são sinal de esperança. A apresentação, além do impacto causado, reavivou nos confrades e nos semi-naristas o espírito missionário. Mesmo sem recursos humanos e condições para o empreendimento, não se pode perder a identidade vocacional de missionários do Sagrado Coração. (*) Fernando Altemeyer Junior é teólogo e mestre em ciências da religião pela Uni-versidade Católica de Louvain e doutor em ciências sociais pela PUC-SP

Em 7 de março, estiveram reunidos, em Florianó-polis, o Pe. Manoel Ferreira dos Santos Jr., (Província de São Paulo), o Pe. Getúlio Saggin (Missão no Equa-dor), Pe. Antônio Carlos Cruz Santos (Maristelo), (Pró-Província do Rio). Assuntos tratados: (1) coleta em benefício dos noviços do Equador e envio de dois missionários pela Pró-Provincia do Rio de Janeiro até o início de 2013. (2) O Noviciado está caminhando muito bem. O mestre-de-noviços recebe dois salários que vão para a manutenção da casa e são rateados en-tre as Províncias. O custo relativo a cada noviço é de 2 salários, mais esse rateio. (3) Envio, à Comissão responsável, das sugestões, já apresentadas em As-sembleia, com vistas à unifi cação e à reestruturação das Américas. (4) África. Comentada a viagem do Pe. Cortez a Luena, Angola, a pedido do bispo local, para avaliar eventual trabalho missionário MSC naquele país. Lá se fala português, além de outros diversos idiomas nativos. A Província de São Paulo estendeu o convite às demais Províncias para assumirem, jun-tas, a missão. (5) Devido ao Ano Vocacional Nacio-nal MSC, haverá um grande Encontro de todos os se-

REUNIÃO DOS SUPERIORES MSC NO BRASIL

minaristas MSC em Pirassununga, nos dias 12, 13 e 14 de outubro próximo. Todos os formandos das três Províncias estão convidados. (6) Cautelas, exigidas pela Casa Geral, no trato com menores e pessoas con-sideradas “vulneráveis”. (7) Possibilidades a serem estudadas: encontros nacionais MSC, sendo um o dos seminaristas antes da profi ssão perpétua e, o outro, dos que já chegaram aos 65 anos.

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Teve lugar nos dias 21 e 22 de abril último o 9º Encontro dos ex-Alunos MSC, no IPN, em Itajubá. Sábado de manhã houve recepção, identifi cação e café. Às 18hs realizou-se a tradicional Reunião, com apresentação dos novos e a palavra do presidente. O Pe. Manoel, Provincial, expôs a situação dos MSCs no Brasil e no exterior, com fotos, gráfi cos e prestou homenagem aos religiosos falecidos em 2012. O pon-to alto do encontro foi a celebração eucarística, com o Provincial, no domingo às 11 horas. Em seguida, hora do almoço mineiro e, ao fi nal, os abraços de despedi-da. (Relato do Natanael Campos, resumido)

9o ENCONTRO DE EX-ALUNOS, MSCEM ITAJUBÁ

ENCONTRO DOS “EX-PADRES CASADOS” MSC

Uma reunião igual e di-ferente! Igual a todas as de-mais que vimos realizando há mais de 40 anos: encontro de amigos, irmãos, confraterni-zação, partilha, mesa em co-mum, notícias, alegrias e tris-tezas, muito mais alegrias que tristezas. Diferente, no entan-to, pela simpática presença do Pe. Manoel, Superior Pro-vincial, que nos brindou com uma bela apresentação do que vai pela Congregação no Bra-sil, em especial na Província de São Paulo. Falou-nos dos trabalhos dos padres, tanto dos mais antigos, nossos co-legas ou conhecidos, como dos mais novos. Houve um momento de saudade e de

refl exão com a homenagem aos MSC que partiram em 2011: Padres Arlindo Giaccomelli, Francisco Janssen, José Maria Pinto, Irmão Antônio Luiz e Pe. Romeu Bortolotto. Estiveram presentes: Afonso Ber-tasi, o organizador do evento, e Luiza, Xavier e Cida, Edmundo e Maria, Dilmo e Olivete, Geraldo Paiva e Cristina, Meire com Lígia e Adriano, A. L. Antonelli, João Costa (*), Vanderlei com João Luiz e Vilma, e o casal Oswaldo e Marianne, da Europa. Ausência de Antonio Brogliatto e Lenita, que continuam sua brava luta pela vida com toda a coragem e a fé que Deus lhes dá. O Pe. Manoel revelou ter sido batizado pelo Oswaldo, quando este trabalhava em Itapetininga. O Afonso fez uma bela homenagem a sua esposa Lucia-na (“Mulierem fortem quis inveniet”), falecida em 2011. (Relato do Vanderlei dos Reis Ribeiro, resumido) (*) Esclarecimento - Retirou-se do Escolasticado em 1965, sem ter sido ordenado.

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FESTA DE SÃO JOSÉ - 2012

Foi grandiosa a festa de São José, na Vila Industrial, Campinas, com grande participação dos devotos do primeiro dia da novena até o dia 19 de março. Cada evento foi preparado com zelo pelas equipes de traba-lho. Sacerdotes MSC e diocesanos estiveram presentes na novena junto com o povo, louvando e orando ao padroeiro. O costumeiro bolo tinha quase 20 metros de comprimento, com 4000 mil pedaços previamente vendidos. No dia da festa houve 5 celebrações eucarísticas com intensa participação dos fi éis. Uma procis-são pelas ruas do bairro antecedeu a santa missa presidida pelo Provincial, Pe. Manoel. As barracas festivas fi caram cheias o dia todo, com simpático atendimento da comunidade paroquial. Como sempre, fi cou a alegria de uma bela festa. (Relato do Pe. Alex Sandro Sudré, resumido) (N.R. - Não me canso de admirar José, escolhido para desposar Maria e ser o guardião do Filho do Altíssimo. Homem justo (Mt 1,19), foi provado por Deus e cumpriu com fi delidade o encargo de proteger o Menino e Sua Mãe.)

PRESENÇA MSC JUNTO AO POVO GUARANI EM SP

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Em parceria com o Centro Gaspar Garcia de Direi-tos Humanos (N.R. - Ver Inter-Ex 107, março-2008 e NR 2/pg. 26, iniciamos um acompanhamento junto ao povo Guarani, em aldeia próxima ao Pico do Jaraguá, em São Paulo, às margens da Rod. dos Bandeirantes. Às quintas-feiras, à tarde, fazemos-nos presentes, jun-to a esse povo, no intuito de simplesmente estarmos lá, com ele. Logo percebemos que há divisão na al-deia, pois há um grupo mais empobrecido, exatamen-te o que insiste em manter as tradições e a cultura, em especial o idioma Tupi-Guarani. Habitações de extrema simplicidade, feitas de madeira e sobras de materiais de construção. Notamos, ainda, um grande número de jovens mães lactantes. No entanto, nada disso consegue inibir o universo de sorrisos, gritos de alegria e de esperança daquela gente.

O Centro Gaspar Garcia iniciou um trabalho com essa comunidade, montando uma pequena cooperati-va de artesanato indígena. Parece que o trabalho vai lentamente ganhando consistência. Hoje, os próprios indígenas já confeccionam camisas, miçangas e outros

artigos. “A abertura pastoral das obras e a opção pre-ferencial pelos pobres é a tendência mais notável da vida religiosa latino-americana. De fato, os religiosos são encontrados cada vez mais em zonas marginais e difíceis, nas missões entre indígenas, num trabalho humilde e silencioso. Esta opção não supõe exclusão de ninguém, mas, pelo contrário, uma preferência e aproximação ao pobre.” (Puebla, 733) (Relato do Fr. Otacílio Barreto Fernandes Jr., MSC, resumido)

SEMANA SANTA EM FLORIANO - PI

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Convidados pelo Pe. João Schmid, o Provincial e o Diác. Saraiva Júnior partiram para Floriano-PI. Fo-ram participar da Semana Santa. Os que moram em área rural enfrentam a dura realidade da vida, quando a fome e a seca começam a assolar a região, mas têm a esperança de um novo amanhecer, uma ressurreição expressa nas águas que jorram de poços, algo visível no verde e no sorriso das pessoas. Convivemos esses

dias com o Pe. João e o Pe.Aristides, diocesano que, embora taciturno, possui um coração gene-roso, capaz de deixar escapar algumas lágrimas em nossa despedida, o que não vamos esque-cer facilmente. Além da participação nas cele-brações, tivemos a oportunidade de conhecer trabalhos desenvolvidos pelo Pe. João, como as hortas comunitárias, os poços artesianos, o Projeto Abelha, a creche e também a constru-ção da nova Matriz da Paróquia de Sant'Ana, o que para ele é questão de honra. Embora com a saúde debilitada, o Pe. João não desiste, busca forças nos frutos de seu trabalho, como verda-deiro missionário, exemplo de MSC buscando construir um mundo novo, um coração novo,

mesmo diante do que parece impossível. Disse o Pe. João: "Para mim a presença de vocês é um impulso moral". Podemos, entretanto, dizer, que nesses dias, nós é que nos reabastecemos diante de tanta dedi-cação e amor aos pobres, diante de tanto empenho daquele que o povo chama carinhosamente de “bom velhinho”. (Relato do Diác. José Saraiva Jr., MSC, resumido)

VOLUNTÁRIOS DA SAÚDE EM MISSÃO NO AMAZONAS

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Na tarde do domingo, dia 18 de março, pousava no aeroporto da Academia da Força Aérea, em Pirassunun-ga-SP, a aeronave Embraer C-99, trazendo de volta os voluntários que, pela segunda vez, chegavam de São Gabriel da Cachoeira e das Terras Indígenas do Alto Rio Negro, no Estado do Amazonas. Com o Pe. Mauro Sérgio, os 21 voluntários desembarcaram felizes com a missão cumprida. Foram 10 dias de intensas atividades, cruzando as águas do alto Rio Negro e seus afl uentes, rumo às aldeias indígenas. Foram realizados 3.100 aten-dimentos na área da saúde, abrangendo exames clínicos, exames de ultrassonografi a, procedimentos cirúrgicos, saúde oral, dentística e preventivos, intervenções sobre hipertensão arterial, diabetes, acuidade visual, sexuali-dade, DST, higiene básica, meio ambiente, além de en-contros de cultura e formação dos jovens.

Logo após o desembarque, em Pirassununga, chegava ao mesmo local o Ministro da Saúde, Dr. Alexandre Padilha, infectologista que já trabalhara naquela região do Amazonas. Parabenizou os parti-cipantes, colocando a serviço do Projeto Amazonas e do Projeto Jequitinhonha (este desenvolvido há 12 anos pelos MSC), os préstimos do seu Ministério. O Pe. Humberto Capobianco, Diretor do Colégio John Kennedy, de Pirassununga, e um dos mentores do projeto, assim falou: “Primeiro, devemos agradecer a Deus que, uma vez mais, abençoou nossos trabalhos e iluminou nossos caminhos. Um louvor especial a todos os participantes. Nosso Projeto não teria sido possível, não fossem as parcerias do Gabinete do Comando da Aeronáutica GABAER GC-2, em Bra-sília, da 2ª Brigada de Infantaria da Selva e do 5º

Batalhão de Infantaria da Selva, a mão amiga do Exército, na pessoa do Ge-neral Sérgio Luiz Goulart Duarte, da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, na pessoa de Dom Edson Damiani, dos MSC da região, do Departamento de Saúde Indígena de São Gabriel da Ca-choeira, e a colaboração de outros par-ceiros anônimos. Ressalte-se que nossa iniciativa obedece ao mandato evangé-lico de anunciar o evangelho, daí sua dimensão missionária. Nosso trabalho junta-se a tantos outros gestos, à luz da Campanha da Fraternidade deste ano de 2012.” (Relato do Pe. Humberto Ca-pobianco, Pe. Mauro Sérgio de Souza e Prof. Fernando Lubrecht, resumido)

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NotasDA REDAÇÃO

NR. 1 - A fonte principal desta coluna foram as Comu-nicações 616 e 617, Província de São Paulo, períodos de janeiro-fev e março/2012, com relatos do Provincial e outros religiosos. O objetivo da veiculação das maté-rias é informar os Ex-Alunos sobre o que acontece na Província. Inevitáveis eventuais reproduções parciais de texto. Com espaço gráfi co reduzido, as notícias seguem resumidas.

NR. 2 - História de AngolaNo reinado de D. João II, Os portugueses, sob o co-

mando de Diogo Cão, chegam ao Zaire em 1484. A par-tir daí, tem início a conquista dessa região da África. O primeiro passo foi fazer aliança com o Reino do Congo, que dominava toda a região. Ao sul desse reino existiam dois outros, Ndongo e Matamba, os quais não tardaram a fundir-se, dando origem, por volta de 1559, ao Reino de Angola, que passou ao domínio de Portugal. Alguns sécu-los adiante, com a queda da ditadura portuguesa, em abril de 1974, abriram-se perspectivas à independência de An-gola. O novo governo português iniciou negociações com os três principais movimentos de libertação (MPLA- Mo-vimento Popular de Libertação de Angola, FNLA - Frente Nacional de Libertação de Angola e UNITA - União Nacio-nal para a Independência Total de Angola) para a implan-tação de um regime democrático no país.

A independência não foi o início de tempos de paz, mas o começo de uma guerra longa e destruidora. Bem antes do dia da independência, em 11.11.75, os três gru-pos nacionalistas citados, que tinham combatido o co-lonialismo, já lutavam entre si pelo controle do país e principalmente da capital, Luanda. Cada um deles era à

época apoiado por potências estrangeiras (União Sovié-tica, Cuba, África do Sul, Zaire, China e até os EUA), o que deu ao confl ito uma dimensão internacional.

Angola passou infelizmente por grandes turbulências políticas e econômicas e guerras internas, golpes de es-tado, elevadas perdas de vidas humanas, violências e arbitrariedades. Mesmo com vários acordos de cessar--fogo e protocolos de paz entre as partes beligerantes, não havia segurança. O desmoronamento da antiga União Soviética foi um fato favorável ao país e contribuiu para o fi m da guerra. Mas, só em 2002 começou a reinar a paz, após a morte de Jonas Savimbi, líder da Unita.

Angola, que abrange o território de Cabinda, exporta pe-tróleo, diamantes e minério de ferro, mas a economia está deteriorada. Segundo estimativas disponíveis de 2010, não de todo confi áveis, a população angolana está próxima dos 19 milhões, com maioria de cristãos, destes 50% católicos. A capital do país é Luanda. Mesmo com a predominância quase total de etnias locais, a língua ofi cial é o português. (In Internet e Grande Encicl. Larousse Cultural - 1998)

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