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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DA SEÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL NO ESTADO DO PARÁ. Inquérito Civil Público n° 1.23.000.002063/2011-10 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais vem, perante Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 127, caput, e 129, inciso III, ambos da Constituição Federal e nas Leis 7.347/85 e 8.078/90, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA com PEDIDO LIMINAR em face de 1) TELEMAR NORTE LESTE S/A, sociedade anônima, CNPJ/MF 33.000.118/0009-26, com endereço na Tv. Dr. Moraes, 121, Nazaré, Belém (PA), CEP 66.035-080, podendo ser citada na pessoa de seu representante legal. 2) ANATEL- Agência Nacional de Telecomunicações – , autarquia federal sob regime especial, vinculada ao Ministério das Comunicações, representada por sua procuradoria jurídica, nos termos do art. 32, parágrafo único, da Lei 9.472/97, com sede no SAS Qd. 6 - Bl. "H" - 6º andar, CEP: 70070-940 – Brasília/DF; 91 3299 0100 - www.prpa.mpf.gov.br Rua Domingos Marreiros, 690, Umarizal - CEP 66055-210 - Belém/PA

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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DA SEÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL NO

ESTADO DO PARÁ.

Inquérito Civil Público n° 1.23.000.002063/2011-10

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo Procurador da República

que esta subscreve, no uso de suas atribuições constitucionais e legais vem,

perante Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 127, caput, e 129, inciso III,

ambos da Constituição Federal e nas Leis 7.347/85 e 8.078/90, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA com PEDIDO LIMINAR

em face de

1) TELEMAR NORTE LESTE S/A, sociedade anônima,

CNPJ/MF 33.000.118/0009-26, com endereço na Tv. Dr. Moraes,

121, Nazaré, Belém (PA), CEP 66.035-080, podendo ser citada

na pessoa de seu representante legal.

2) ANATEL- Agência Nacional de Telecomunicações – ,

autarquia federal sob regime especial, vinculada ao Ministério

das Comunicações, representada por sua procuradoria jurídica,

nos termos do art. 32, parágrafo único, da Lei 9.472/97, com

sede no SAS Qd. 6 - Bl. "H" - 6º andar, CEP: 70070-940 –

Brasília/DF;

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a fim de que sejam acolhidos os pedidos ao final formulados, em razão dos fatos e

fundamentos jurídicos a seguir aduzidos:

1 – DOS FATOS

Tramitou na Procuradoria da República no Estado do Pará o

Inquérito Civil Público nº 1.23.000.002063/2011-10, instaurado por meio de

representação formulada pelo Sr. Eduardo Augusto Favila Milde (fls. 03/06).

Aduziu o representante que, de forma reiterada, a empresa Oi

TELEMAR viria praticando venda casada do serviço de telefonia fixa (Oi Fixo), com

o serviço de Internet Banda Larga Residencial (Oi Velox), uma vez que, no ano de

2007, chegando em Belém, para conseguir solicitar o serviço de internet Banda

Larga da referida operadora de telefonia, foi obrigado a contratar os serviços de

telefonia fixa, sem o qual o primeiro serviço não seria disponibilizado, resultando

no pagamento dos valores de assinatura mensal da telefonia fixa, sem que fizesse

uso do referido serviço.

A empresa TELEMAR, atendendo requisição do Ministério

Público Federal, afirmou que, de acordo com informação disponível no site

www.oi.com.br, link oivelox, para a contratação do serviço de banda larga são

necessários os seguintes requisitos (fls.17):

Sistema operacional: Windows 9x/ME, NT, 2000 ou XP

Processador de 133 Mhz;

Memória RAM de 32 MB;

Espaço livre em disco de pelo menos 32MB;

CD ou Disquete do Sistema Operacional Windows;

Unidade de CD-Rom;

Placa de rede Ethernet 10/100 Mbps-RJ45 ou porta Usb (conforme modem adquirido)

Aduziu a operadora de tefefonia, ainda, que não se fazia a

exigência de aquisição de uma linha telefônica, portanto, para ter o serviço de

internet banda larga.

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A ANATEL , em resposta a ofício expedido para instrução deste

Inquérito Civil (fls. 20/21), informou que, no que tange ao acesso fixo, vários são os

serviços de telecomunicações que suportam o acesso à internet, e que o Serviço de

Comunicação Multimídia (SCM) é o principal utilizado para o serviço banda larga,

cuja regulação ocorreu pela Resolução Anatel nº 272/2001.

Os conceitos dos Serviços de Comunicação Multimídia (banda

larga) e o Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em geral

(telefone fixo), são descritos na referida Resolução como serviços absolutamente

distintos, consoante se extrai do art. 3º e parágrafo:

Art. 3º O Serviço de Comunicação Multimídia é um serviço fixo de telecomunicações de interesse coletivo, prestado em âmbito nacional e internacional, no regime privado, que possibilita a oferta de capacidade de transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, utilizando quaisquer meios, a assinantes dentro de uma área de prestação de serviço.

Parágrafo único. Distinguem-se do Serviço de Comunicação Multimídia, o Serviço Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em geral (STFC) e os serviços de comunicação eletrônica de massa, tais como o Serviço de Radiodifusão, o Serviço de TV a Cabo, o Serviço de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS) e o Serviço de Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura via Satélite (DTH). Grifos nossos

Ademais, na Resolução mencionada consta expressa vedação

da venda casada de serviços, consoante art. 50:

“Art. 50: é vedado à prestadora condicionar a oferta do

SCM à aquisição de qualquer outro serviço ou facilidade,

oferecido por seu intermédio ou de suas coligadas,

controladas ou controladoras, ou condicionar vantagens ao

assinante à compra ou de outras aplicações ou de serviços

adicionais ao SCM, ainda que prestados por terceiros.”

Parágrafo único. A prestadora poderá, a seu critério, conceder descontos, realizar promoções, reduções sazonais e reduções em períodos de baixa demanda, entre outras, desde que o faça de forma não discriminatória e segundo critérios objetivos.

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Informou ainda a Agência de Telecomunicações que em maio

de 2010, ao verificar que certas empresas prestadores do SCM (internet banda

larga) que também possuíam a outorga para prestar o Serviço Telefônico Fixo

Comutado destinado ao uso do público em geral - STFC, entre elas, a demandada

TELEMAR Norte Leste S/A, estavam praticando venda casada entre esses serviços,

foi adotada medida cautelar para cessar imediatamente a prática, conforme consta

do processo nº 53500.009443/2010, com multa fixada no valor de R$ 15.000.000,00

(quinze milhões de reais) por descumprimento.

Instado a se manifestar acerca das respostas apresentadas

pela empresa de telefonia, o representante manteve a representação pela venda

casada dos serviços, pois informou que no contato mantido pela prestadora do

serviço de telefonia, em atendimento à sua reclamação, lhe foi ofertada a

possibilidade contratação do serviço de internet banda larga sem a aquisição de

linha fixa, viável através do serviço chamado “Acesso BL”. Ocorre que os valores

informados são muito diferentes, dependendo se o serviço é adquirido com ou sem

a linha fixa.

Ora, o valor informado do serviço de internet no “Acesso BL”,

com capacidade de 5 megas custaria R$ 120,43 (cento e vinte reais) a mensalidade,

mais taxa de habilitação de R$ 130,00, (cento e trinta reais) enquanto que o valor

cobrado caso o cliente optasse pela aquisição do serviço de internet agregado à

linha telefônica (Oi fixo) o valor do serviço seria de R$ 79,90 (setenta e nove reais

e noventa centavos), sem a cobrança da taxa de habilitação, acrescido do valor

referente à linha telefônica, no valor R$ 44,90 (quarenta e quatro reais e noventa

centavos), mesmo que não necessite utilizar o serviço da telefonia fixa, pois o

cliente não possui vantagens ao adquirir somente o serviço que necessita, qual

seja, o serviço de internet banda larga, havendo uma indução por parte da empresa

à aquisição de sua linha de telefone fixo, serviço esse em visível decréscimo de

aquisição, frente aos telefone móveis.

Vejamos a demonstração dos valores, que apontam a

disparidade na cobrança, culminando com a indução à aquisição do serviço de

internet banda larga agregado à aquisição da linha telefônica:

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Serviço Capacidade Assinatura mensal

Taxa Habilitação

Valor Total da Contratação

Serviço de Internet no

“Acesso BL”

5 megas R$ 120,43 R$ 130,00 R$ 250,43

Serviço de Internet banda

com linha telefônica

5 megas R$ 79,90 (internet) + 44,90 (linha telefônica

0,00 R$ 124,80

Percentual de acréscimo de diferença na assinatura mensal para o valor cobrado sem aquisição de linha telefônica

50,73 %

Ainda no intuito de ratificar a prática da conduta apontada

inicialmente, foi efetuada ligação para o serviço de atendimento ao cliente no

número 0800 031 0001 (fls.30), sendo confirmado pelo atendente da prestadora a

diferença dos valores na aquisição do serviço de internet banda larga, quando

acrescido do linha de telefonia fixa (Oi fixo), o que demonstra a reiterada prática

abusiva, perpetrada pela demanda, contra inúmeros consumidores que têm

interesse no serviço de internet banda larga.

Verifica-se, portanto, um benefício desproporcional para o

cliente que optar pelo serviço de internet conjugado com a linha telefônica, em

total detrimento do usuário que quiser utilizar somente o serviço de internet,

diante da disparidade dos preços praticados, se levado em consideração o serviço

de internet em si mesmo, pois os valores apontados são diferentes para a mesma

capacidade, ou seja, 5 megas, tomados como referência.

2. DO DIREITO

2.1. DA LEGITIMIDADE ATIVA

A demanda ora levada a Juízo versa sobre interesses individuais

homogêneos, direitos para cuja defesa está o Órgão Ministerial legitimado na forma

do art. 81 c/c art. 82, I, ambos da Lei nº8.078/90.

“Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.(...)

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Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:(...)III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente:I - o Ministério Público; (...)” - Destacou-se.

Ante a limitação imposta a esse órgão para a defesa de direitos

individuais disponíveis, a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça vem

entendendo que a legitimidade do Ministério Público está condicionada à

relevância social da demanda que se pretende levar a Juízo.

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE ATIVA (CF, ART. 129, III, E LEI 8.078/90, ARTS, 81 E 82, I). CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. RODOVIA. EXIGÊNCIA DE TARIFA (PEDÁGIO) PELA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONCEDIDO QUE PRESCINDE, SALVO EXPRESSA DETERMINAÇÃO LEGAL, DA EXISTÊNCIA DE IGUAL SERVIÇO PRESTADO GRATUITAMENTE PELO PODER PÚBLICO.1. O Ministério Público está legitimado a promover ação civil pública ou coletiva, não apenas em defesa de direitos difusos ou coletivos de consumidores, mas também de seus direitos individuais homogêneos, nomeadamente de serviços públicos, quando a lesão deles, visualizada em sua dimensão coletiva, pode comprometer interesses sociais relevantes. Aplicação dos arts. 127 e 129, III, da Constituição Federal, e 81 e 82, I, do Código de Defesa do Consumidor.2. A Constituição Federal autorizou a cobrança de pedágio em rodovias conservadas pelo Poder Público, inobstante a limitação de tráfego que tal cobrança acarreta. Nos termos do seu art. 150: "... é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público". Assim, a contrapartida de oferecimento de via alternativa gratuita como condição para a cobrança daquela tarifa não pode ser considerada exigência constitucional.3. A exigência, ademais, não está prevista em lei ordinária, nomeadamente na Lei 8.987/95, que regulamenta a concessão e permissão de serviços públicos. Pelo contrário, nos termos do seu art. 9º, parágrafo primeiro, introduzido pela Lei 9.648/98, “a tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e gratuito para o usuário.”4. Recurso especial do Estado do Paraná conhecido em parte e improvido; recurso especial de VIAPAR S/A conhecido em parte e, nessa parte, parcialmente provido; recursos especiais do DNER e da União conhecidos em parte e, nessa parte, providos; e recurso especial do DER conhecido e provido.”(STJ; Recurso Especial n° 417804; Processo: 200200180470/PR; Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA; Data da decisão: 19/04/2005; Documento: STJ000610016; Fonte DJ DATA 16/05/2005, página 230 RSTJ vol..:00191, página 93)

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A apresentação dos fatos demonstrou a relevância social desta

demanda, cabendo destacar que se tratam de direitos de consumidores (que são

considerados valores de interesse social, conforme o art.1º da Lei nº 8.078/90), os

quais foram lesados em número razoável1, porque lhes foi oferecido serviços iguais

com valores visivelmente diferentes, que só deixam como escolha ao cliente a

aquisição do serviço que melhor interessa à empresa demandada, qual seja,

comercializar junto a um produto interessante ao cliente, que é o serviço de

internet banda larga, conjugado com a venda de um produto em vertente queda na

utilização, que é a telefonia fixa, com valores tais que induzem o cliente à

aquisição desse pacote de produtos, em afronta à legislação consumerista.

2.2. DA CONFIGURAÇÃO DA RELAÇÃO DE CONSUMO

No presente caso, a TELEMAR apresenta-se como fornecedora, na

medida em que a atividade desta pessoa jurídica de direito privado de oferecer

acesso à Internet banda larga no mercado de consumo, mediante remuneração, é

ato que configura a prestação de serviço, conforme previsto no art. 3º do Código de

Defesa do Consumidor (Lei nº8.078/90).

“Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que

desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,

transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização

de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,

mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de

crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter

trabalhista.” - Destacou-se.

Ademais, tendo em vista a vulnerabilidade do adquirente do serviço

de Internet banda larga (denominado Oi Velox), em relação à TELEMAR, quanto à

possibilidade de negociação, e que o objetivo da aquisição desse serviço é o de

1 Fato notório é o grande número de usuários do serviço de internet e a propaganda de tal serviço.

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proporcionar comunicação, educação, entretenimento, etc. àqueles que utilizam a

rede mundial de computadores (destinação final), não resta dúvidas sobre a

existência de relação de consumo, uma vez verificada com nitidez a figura do

consumidor, nos termos do art. 2° do Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”

2.3. DA VENDA CASADA, DA LIMITAÇÃO DA CONCORRÊNCIA E DA VIOLAÇÃO DO

DIREITO À INFORMAÇÃO

A TELEMAR viola os princípios da livre concorrência e da defesa do

consumidor, constantes dos incisos IV e V do art. 170 da Constituição Federal.

Vejamos.

Quando a TELEMAR realiza a venda do serviço de internet banda

larga necessariamente agregada a uma linha de telefonia fixa, como noticiado na

representação que acompanha estes autos, sendo que quando comercializada de

forma isolada como ocorre pelo “Acesso BL”, esse valor é superestimado, com um

acréscimo de 50,73% (cinquenta virgula setenta e três por cento) em relação ao

valor cobrado quando o mesmo serviço é adquirido junto a uma linha telefônica

fixa, o produto OI fixo.

Ora, o cliente diante da possibilidade de ter o mesmo serviço por

valores diferentes, ou ainda, pagar somente pelo serviço de internet banda larga

quando pode ter pelo mesmo valor também uma linha telefônica, logicamente vai

optar pelo serviço agregado, além de que a informação de que é possível utilizar o

serviço de internet sem o uso da linha telefônica não é repassada de imediato para

o cliente, tão pouco trata-se de informação facilmente identificável, sendo

encontrado no site da operadora como uma das últimas informações disponíveis, na

modalidades dos planos. A falta de informação clara ao usuário, bem como a

prática de valores bem superiores àqueles cobrados quando vendidos isoladamente

configura venda casada, vedada pelo Código de Defesa do Consumidor, conforme a

inteligência do art.39, inciso I, bem como a prática de cobrança abusiva, inserta no

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inciso V do mesmo artigo:

“Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;(...)

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; ” -Destacou-

se.

Ademais, é interessante lembrar que a realização da venda

casada também é uma prática repudiada na seara do Direito Econômico, haja vista

a tipificação dessa conduta como infração à ordem econômica, nos termos do

art.21, inciso XXIII, da Lei nº8.884/94.

“Art. 20. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados:I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa;II - dominar mercado relevante de bens ou serviços;III - aumentar arbitrariamente os lucros;IV - exercer de forma abusiva posição dominante

Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica;(...)XXIII - subordinar a venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço à utilização de outro ou à aquisição de um bem;” - Destacou-se.

A imposição da utilização dos serviços de uma linha telefônica como

condição para o uso do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) “ internet banda

larga” pela TELEMAR é situação que caracteriza uma infração à ordem econômica,

na medida em que limita a concorrência, através da venda casada, para prestação

dos serviços de internet, impedindo o consumidor de escolher se quer, ou não os

serviços de uma linha fixa de telefone, e não querendo essa última, pagar um

preço razoável apenas pelo serviço que deseja contratar.

Em outras palavras, apesar de eventualmente alguns consumidores

poderem estar satisfeitos com a prestação dos serviços de internet banda larga

juntamente com a disponibilidade da linha telefônica, foi imposta àqueles certa

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limitação na escolha desse serviço (violação do direito de escolha do consumidor),

visto que não pôde escolher de imediato pela prestação apenas do serviço de

internet, cuja opção somente lhe foi dada quando questionou a cobrança por um

serviço do qual não fazia uso, mas que necessariamente teve que mante-lo para

poder continuar pagando um valor equivalente, uma vez que a retirada da linha

telefônica, com o uso apenas do serviço de internet banda larga implicaria no

pagamento do mesmo valor, o que não lhe traria qualquer benefício, na verdade,

implicaria em um prejuízo direto. O cliente não pôde escolher em usar somente a

internet banda larga, tendo a correspondente redução da cobrança.

Resta claramente configurada também a ofensa à liberdade de

escolha e ao direito à informação pelo consumidor, como previsto no art. 6º,

incisos II e III, do Código de Defesa do Consumidor, verbis:

“Art. 6º São direitos básicos do consumidor:II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem:” Destacou-se.

Note-se que a lesão aos consumidores está relacionada diretamente

com a diminuição dos custos de acesso à Internet banda larga. Como todos sabem,

o acesso à Internet pode muito contribuir para a formação dos indivíduos. Nosso

país abriga inúmeras pessoas que, por dificuldades financeiras, não dispõem desse

tão importante instrumento às suas mãos. Nesse diapasão, a postura ilegal da

TELEMAR ainda agrava essa situação, não devendo tal ser permitido, justificando a

imediata intervenção do Poder Judiciário para cessar a ilegalidade e, por

conseguinte efetivar, pelo menos no presente caso, os objetivos da Política

Nacional das Relações de Consumo, dispostos no art. 4° do Código de Defesa do

Consumidor:

“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o

atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua

dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos,

a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e

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harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios:” -

Destacou-se.

2.4. DA INAPLICABILIDADE DO ART. 16 DA LEI 7.347/85 À PRESENTE AÇÃO

De acordo com a melhor doutrina, à eventual sentença de

procedência desta ação não pode ser aplicado o disposto no artigo 16 da Lei nº

7.347/85, com redação dada pela Lei nº 9.494/97, que limita o alcance da coisa

julgada aos “(...) limites da competência territorial do órgão prolator,”.

Isso porque o Código de Defesa do Consumidor, cujas disposições

relativas ao processo civil coletivo se aplicam a qualquer espécie de direitos

coletivos lato sensu, não prevê tal limitação, conforme Nelsón Nery Junior e Rosa

Maria de Andrade Nery2:

“1. Incidência da norma. O CDC 103 aplica-se a todas as ações coletivas

que versem sobre direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos,

ainda que ajuizadas com base na LACP. Essa incidência se dá por força da

LACP 21. O regime da coisa julgada da LACP 16, com a redação dada pela L

9494/97, não mais se aplica a nenhuma ação coletiva. Não se aplica por

que tem abrangência restrita, sendo que o sistema do CDC 103 é mais

completo e atende às necessidades das sentenças proferidas nas ações

coletivas. A LACP 16 também não pode ser aplicada a nenhuma ação

coletiva por ser inconstitucional, já que ofende os princípios de direito

constitucional do direito de ação (CF 5º XXXV), da razoabilidade e da

proporcionalidade. Qualquer modificação na LACP 16 ou no CDC 103 para

restringir os limites subjetivos da coisa julgada a território, o que per se é

um absurdo jurídico ímpar, abstraindo-se de sua constitucionalidade, para

que pudesse ter eficácia, deveria ter sido feita não apenas na LACP 16,

mas também no CDC 103. Como isso não ocorreu a L 9494/97 não produziu

nenhum efeito. O juiz não poderá restringir os limites subjetivos da coisa

julgada como preconizado pela LACP 16: deve aplicar-se o CDC 103,

ignorando aquela norma constitucional.

2. Regime da coisa julgada nos processos coletivos. Com o advento do

2 Novo Código Civil anotado e legislação extravagante anotados – 2. ed. rev. e ampl. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2004, p. 986 e p. 987.

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CDC 103, em 1990, que regulou completamente o instituto da coisa

julgada no processo coletivo (direitos difusos, coletivos e individuais

Homogêneos), o sistema legal que rege o instituto da coisa julgada no

processo coletivo passou a ser o do CDC 103. Pela superveniência do CDC,

houve revogação tácita da LACP 16 (de 1985) pela Lei posterior (CDC, de

1990), conforme dispõe a LICC 2º §1º . Assim quando editada a L9494/97,

não mais vigorava a LACP 16, de modo que ele não queria ter alterado o

que já não existia. Para que a "nova redação" da LACP 16 pudesse ter

operatividade (existência, validade e eficácia formal e, por conseqüente,

material), deveria a L 9494/97 Ter incluído na LACP o art. 16, já que não

se admite no direito brasileiro, a repristinação de lei (LICC 2ª § 3).

Portanto, também, por esse argumento não mais existe o revogado

sistema da coisa julgada que vinha previsto na LACP 16. O único

dispositivo legal que se encontra em vigor sobre o assunto é, hoje, o CDC

103.”

No mesmo sentido, Hugo Nigro Mazzilli3:

“Como o sistema do CDC sobre coisa julgada é muito mais complexo do

que o da LACP, não foi alterado pela Lei n. 9494/97 e ainda alcança

inteiramente toda e qualquer defesa de interesse difuso, coletivo e

individuais homogêneos, passa a reger a coisa julgada em todos os

processos coletivos, não só aqueles atinentes à defesa do consumidor,

como, de maneira integrada, aqueles atinentes à defesa de quaisquer

outros interesses transindividuais.

Registra-se, enfim, que a alteração trazida pelo art. 2º da Lei n. 9494/97

causou ainda uma grave incoerência técnica, pois, não raro, a mesma

matéria pode ser objeto de ação popular e ação civil pública, e, na ação

popular não existe a mesma canhestra restrição que quis impor no tocante

à eficácia da sentença proferida em ação civil pública (produção de feitos

apenas nos limites da competência territorial do juiz prolator)... Assim,

se a alteração trazida ao art.16 da LACP não fosse inócua, por que

despicienda, ainda levaria a um paradoxo. Suponhamos que, numa ação

civil pública, destinada a defender o meio ambiente, se chegasse a obter

uma sentença de procedência que seria imutável somente "nos limites da

competência territorial do juiz prolator", enquanto numa ação popular,

com a mesma causa de pedir e pedido, se poderia chegar a uma sentença

3 Mazzilli, Hugo Nigro – A defesa dos interesses difusos em juízo : meio ambiente, consumidor, patrimônio cultural, patrimônio público e outros interesses – 17 ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2004, p. 477 e 478.

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condenatória imutável em todo o país.”

2.5. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL

A competência da Justiça Federal é indiscutível em razão do

interesse discutido na presente ação, a teor do disposto no inciso I, do art. 109, da

Constituição Federal:

“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e

julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou

empresa pública federal forem interessadas na

condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,

exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as

sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho”.

Esta demanda tem por objeto adequar, reparar e inibir danos a

consumidores, relacionados, direta ou indiretamente, à prestação de serviço de

internet banda larga, e que o Serviço de Comunicação Multimídia é um serviço fixo

de telecomunicações de interesse coletivo, cuja competência para exploração

pertence à União, nos termos do artigo 21 da Constituição Federal. Aliás, é

competência privativa da União legislar sobre o tema (artigo 22):

“Art. 21. Compete à União: (...)

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,

concessão ou permissão, os serviços de

telecomunicações, nos termos da lei, que disporá

sobre a organização dos serviços, a criação de um

órgão regulador e outros aspectos institucionais;

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de

15/08/95:)

Art. 22. Compete privativamente à União legislar

sobre: (...)

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IV - águas, energia, informática, telecomunicações e

radiodifusão;”

Além disso, incumbe ao Poder Público, na forma da lei,

diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, a prestação de serviços

públicos (artigo 175 da Constituição Federal de 1988). Ora, sendo o serviço de

telecomunicações, no qual se insere o serviço de internet banda larga, de

exploração privativa da União, resta clara a competência da Justiça Federal para

apuração dos fatos.

Ressalta-se, ainda, que a função de regulação e fiscalização do

serviço de telecomunicações, seja de forma direta ou indireta, impõe

responsabilidade à União quanto à qualidade do serviço oferecido.

Outrossim, criada pela Lei n. 9.472, de 16 de julho de 1997,

sob a condição de autarquia em regime especial, a ANATEL tem a função de órgão

regulador das telecomunicações, cabendo-lhe a fiscalização da prestação do

serviço no regime público, aplicando sanções e realizando intervenções. Assim, a

circunstância de ser também a autarquia uma das interessadas na prestação

adequada do serviço de internet banda larga, impõe-se a competência da Justiça

Federal.

Dessa forma, considerando a natureza do serviço público a ser

apreciado na ação em tela, ex vi do artigo 109, inciso I, da Constituição da

República de 1988, resta evidente a competência da Justiça Federal para

julgamento do feito.

Além disso, o Ministério Público Federal, independentemente

da conformação orgânica que a Constituição da República lhe dê, é pertencente à

estrutura da pessoa jurídica União, da mesma forma, p. ex., que a Câmara dos

Deputados e o Tribunal de Contas da União, levando à conclusão de que a mera

circunstância de ser parte no feito atrai, de per si, a competência da Justiça

Federal para o julgamento da demanda, nos termos do artigo 109, inciso I, da CF.

O STJ tem entendimento pacífico no sentido de que, em se

tratando de ação civil pública, sendo o Ministério Público Federal autor da

demanda, é competente a Justiça Federal para julgamento do pedido:

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CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL E

JUSTIÇA ESTADUAL. AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. EXPLORAÇÃO DE

BINGO. CONTINÊNCIA. COMPETÊNCIA JURISDICIONAL DA

JUSTIÇA FEDERAL.

[...]

4. Em ação proposta pelo Ministério Público Federal, órgão

da União, somente a Justiça Federal está

constitucionalmente habilitada a proferir sentença que

vincule tal órgão, ainda que seja sentença negando a sua

legitimação ativa. [...]

5. Conflito conhecido e declarada a competência do Juízo

Federal.(CC 40534/RJ, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, 1ª

Turma, DJ de 17.5.2004, p. 100)

RECURSO ESPECIAL. ANTV. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.

INTERVENÇÃO DO CADE COMO AMICUS CURIAE.

INTERVENÇÃO DA UNIÃO COMO ASSISTENTE DO MINISTÉRIO

PÚBLICO FEDERAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

[...]

5. Por derradeiro, atuando o Ministério Público Federal no

pólo ativo da Ação Civil Pública, inequívoca é a competência

da Justiça Federal, consoante o entendimento deste Eg. STJ

[...]

(REsp n. 737073/RS, Relator Ministro LUIZ FUX, 1ª Turma,

DJ de 13.2.2006, p. 700)

CONFLITO DE COMPETÊNCIA – AÇÃO CIVIL PÚBLICA POR ATO

DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AJUIZADA PELO

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL – CONVÊNIO ENTRE

MUNICÍPIO E ENTE FEDERAL – UTILIZAÇÃO IRREGULAR DE

RECURSOS PÚBLICOS – AJUIZAMENTO DE AÇÃO CIVIL

PÚBLICA IDÊNTICA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL –

CONVÊNIO RELATIVO AO PROGRAMA "SAMU-192" –

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ATRIBUIÇÃO DO TCU DE FISCALIZAR CORRETA APLICAÇÃO DO

REPASSE – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.

1. Nos termos do inciso I, do art. 109, da CF/88, a

competência cível da Justiça Federal define-se pela

natureza das pessoas envolvidas no processo – rationae

personae –, sendo desnecessário perquirir a natureza da

causa (análise do pedido ou causa de pedir),

excepcionando-se apenas as causas de falência, de acidente

do trabalho e as sujeitas às Justiças Eleitoral e do Trabalho.

2. O mero ajuizamento da ação pelo Ministério Público

Federal, por entender estar configurado ato de improbidade

administrativa, fixa a competência na Justiça Federal, nos

termos da norma constitucional citada.

3. Ainda que não se entenda como exclusivo o critério

subjetivo, a Súmula 208/STJ afirma que a natureza federal

do órgão fiscalizador fixa a competência para o feito na

Justiça Federal.

4. Manutenção da decisão que conheceu do conflito de

competência para declarar competente o Juízo Federal da

5ª Vara de Ribeirão Preto - SJ/SP, suscitado. Agravo

regimental improvido. (AgRg no AgRg no CC 104375/SP, Rel.

Min. HUMBERTO MARTINS, 1ª Seção, DJe de 4.9.2009)

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RESSARCIMENTO DE

CONSUMIDORES. EXCLUSÃO DA ANATEL DA LIDE. AUSÊNCIA

DE INTERESSE FEDERAL. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.

ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM.

1. Hipótese em que o Ministério Público Federal propôs Ação

Civil Pública com o fito de assegurar indenização aos

assinantes do serviço de telefonia do Estado do Acre em

razão de irregular cobrança do custo de entrega de listas

telefônicas relativas a 1989/1990.

2. O Tribunal de origem excluiu a Anatel da lide, porém

manteve a competência da Justiça Federal.

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3. No Recurso Especial, a recorrente sustenta a

ilegitimidade do Parquet Federal, ante a exclusão da Anatel

do pólo passivo.

4. Por se tratar de órgão da União, o ajuizamento da

ação pelo Ministério Público Federal é suficiente para

determinar a competência da Justiça Federal (art. 109, I, da

Constituição), o que não afasta a necessidade de

verificação, pelo juiz, da legitimidade ad causam.

Precedentes do STJ. […] (REsp 1060759/AC, Relator

Ministro HERMAN BENJAMIN, 2ª Turma, DJe de 31.8.2009)

Nessa senda, sendo o tema tratado na presente ação de

interesse direto da União e da ANATEL, além de ser autor o Ministério Público

Federal, resta luzidia a competência da Justiça Federal para a apreciação desta

ação civil pública.

2.6. DA LIMINAR ANTECIPATÓRIA DE TUTELA

O art. 12, caput, da Lei 7.347/85, bem como o art. 273 do CPC e o

art. 84 da Lei 8.078/90 autorizam a concessão de mandado liminar em ação civil

pública.

A universalização da tutela antecipada, com a introdução das

normas advindas da Lei 8.852/94 fez com que, segundo Zavascki, “as medidas

antecipatórias, até então previstas apenas para determinados procedimentos

especiais, passaram a constituir providências alcançáveis, generalizadamente, em

qualquer processo” (In “Antecipação de Tutela”, Saraiva, p. 70). Daí sua total

pertinência na ação civil pública.

A verossimilhança das alegações do MPF encontra guarida na

Constituição Federal, na Lei Geral de Telecomunicações e no Código de Defesa do

Consumidor, cabalmente violados, conforme se deduziu na petição inicial, a cujas

razões o Ministério Público se reporta.

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Os argumentos expostos como causas de pedir demonstram,

suficientemente, a ofensa aos direitos dos consumidores em face da conduta da

TELEMAR, especialmente, no que tange à venda casada do serviço de internet

banda larga (art. 39, I, do CDC), conjugada com a violação dos princípios da

transparência, harmonia, liberdade de escolha e direito de informação nas relações

de consumo (art. 4º, caput e art. 6°, II e III, do CDC). Tal conduta, embora tenha

sido eventualmente reprimida pela Anatel, continua em plena atividade. A prática

descrita nesta petição é claramente abusiva e, portanto, incompatível com a

eqüidade e boa-fé.

O fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, por

sua vez é bastante evidente.

Verifica-se o relevante fundamento da demanda, na medida em que

se busca a tutela jurisdicional para que a TELEMAR possibilite a contratação do

serviço de internet banda larga (OI Velox) de forma separada do telefone fixo (Oi

fixo) com valores proporcionais à efetiva prestação do serviço, com valores

compatíveis àqueles prestados com o serviço agregado por aqueles consumidores

que desejarem tão somente o acesso à Internet banda larga; bem como, seja

obrigada a informar tal possibilidade àqueles interessados em contratar o serviço

de internet banda larga.

Ademais, a ANATEL deve ser compelida a exigir que a TELEMAR

possibilite ao usuário à contratação apenas do serviço de internet banda larga, caso

deseje, com valores proporcionais àqueles adquiridos junto ao serviço de telefonia

fixa, se for do interesse do consumidor.

Para que este provimento jurisdicional tenha utilidade e

efetividade, presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, necessária a

concessão de liminar para que a TELEMAR seja compelida a cessar a abusividade

explanada e, para que, o consumidor não fique onerado abusivamente com os

encargos conjuntos de assinatura mensal de internet banda larga (OI Velox) e de

assinatura de linha de telefônica.

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A situação de ilicitude apontada nesta petição inicial deve ser

contida de imediato, para que não se ampliem ou se tornem irreversíveis os danos

causados à coletividade dos consumidores do serviço de internet banda larga (Oi

Velox) e àqueles que pretendem contratar esse serviço, tudo para possibilitar que o

acesso à Internet se realize de maneira a não prejudicar o consumidor, de forma

lícita, clara, sem cobrança abusivas de valores que induzam o cliente a adquirir um

produto que não utiliza somente para obter a redução do seu valor de assinatura

mensal.

3. – DA RESPONSABILIDADE DA ANATEL

A Lei nº 9.472/97 dispõe sobre o órgão regulador dos serviços

relacionados à telecomunicações nos termos a seguir expostos:

“Art. 8° Fica criada a Agência Nacional de

Telecomunicações, entidade integrante da

Administração Pública Federal indireta, submetida a

regime autárquico especial e vinculada ao Ministério

das Comunicações, com a função de órgão regulador

das telecomunicações, com sede no Distrito Federal,

podendo estabelecer unidades regionais.”

Dentre as atribuições conferidas pela Lei 9472/97 à ANATEL, cabe destacar as seguintes:

“ Art. 19. À Agência compete adotar as medidas

necessárias para o atendimento do interesse

público e para o desenvolvimento das

telecomunicações brasileiras, atuando com

independência, imparcialidade, legalidade,

impessoalidade e publicidade, e especialmente:

VI - celebrar e gerenciar contratos de concessão e

fiscalizar a prestação do serviço no regime

público, aplicando sanções e realizando

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intervenções;

X - expedir normas sobre prestação de serviços de

telecomunicações no regime privado;

XI - expedir e extinguir autorização para

prestação de serviço no regime privado,

fiscalizando e aplicando sanções;

XII - expedir normas e padrões a serem cumpridos

pelas prestadoras de serviços de

telecomunicações quanto aos equipamentos que

utilizarem;

XIV - expedir normas e padrões que assegurem a

compatibilidade, a operação integrada e a

interconexão entre as redes, abrangendo

inclusive os equipamentos terminais;

XVIII - reprimir infrações dos direitos dos

usuários;” Grifos nossos

Por sua vez, a Lei 8.987/95, que regulamenta o regime de

concessões e permissões de serviços público, dispõe que:

“Art. 29. Incumbe ao poder concedente:

II - aplicar as penalidades regulamentares e

contratuais;

VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber,

apurar e solucionar queixas e reclamações dos

usuários, que serão cientificados, em até trinta dias,

das providências tomadas”.

Ora, a concessão de serviço público é um instituto oriundo da

premente necessidade de satisfazer da melhor maneira possível o interesse

público, disponibilizando ao concedente todos os mecanismos necessários para

adequá-la a esse propósito.

As empresas prestadoras do Serviço de Comunicação Multimídia

-SCM, “internet banda larga” não vêm atendendo satisfatoriamente às obrigações

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assumidas, dando ensejo à aplicação das penalidades cabíveis pela ANATEL, que

deve buscar medidas concretas para alterar a situação atual de má qualidade na

prestação dos serviços de telecomunicações.

Entretanto, no caso em exame, a ANATEL não vem realizando

ainda de maneira eficaz e satisfatória as suas funções de fiscalizar e autuar as

prestadoras pelas irregularidades então narradas, uma vez que, não obstante a

abertura de procedimento administrativo, com possibilidade de aplicação de multa

no âmbito da própria Agência Reguladora, continua sendo prática da demandada a

comercialização do serviço de internet banda larga agregada à aquisição da linha

de telefone fixo, pois os valores praticados para o serviço, isoladamente, com

acréscimo da ordem de 50,73%, inviabilizam a comercialização somente do serviço

de internet, no denominado “Acesso BL”.

Verifica-se uma atuação tímida por parte da ANATEL, não sendo

capaz de coibir as irregularidades apontadas na representação, constatada pela

própria Agência reguladora, e confirmada por esta Procuradoria, consoante

declaração acostada aos autos.

A referida agência reguladora deve exercer não só sua

atribuição para sancionar as prestadoras do serviço internet banda larga pela venda

casada de serviços, como também atuar no sentido de obrigá-las a implementar

valores compatíveis com os serviços praticados, uma vez que determinações, como

a efetuada à TELEMAR NORTE LESTE, parecem inócuas diante da lucratividade da

empresa, na comercialização de um serviço que em regra, não chega a ser utilizado

pelo consumidor.

Justifica-se, assim, a inclusão da ANATEL no polo passivo da

presente demanda, para obrigar a agência reguladora a exercer com plenitude seu

poder de polícia dentro do Estado, intensificando a fiscalização na comercialização

do serviços de internet banda larga no Estado do Pará.

4 – DOS PEDIDOS:

Ante todo o exposto, com base na Lei nº 7.347/85 e Lei nº

8.078/90, bem como nos demais dispositivos constitucionais e legais aplicáveis,

requer o Ministério Público Federal a total procedência dos seguintes pedidos:

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a) a concessão de MEDIDA LIMINAR (art. 12, § 2º da Lei 7.347/85) –

sob cominação de multa diária no valor de R$ 50.000,00 (mil reais)

em caso se descumprimento – para determinar:

a.1) à TELEMAR, a obrigação de:

a.1.1) não exigir, condicionar ou impor a contratação do

Serviço de Comunicação Multimídia -SCM (internet banda

larga) a aquisição do serviço de telefonia fixa (Oi fixo);

a.1.2) abster-se de comercializar o Serviço de

Comunicação Multimídia -SCM, “internet banda larga”

com valores distintos ou superiores àqueles praticados

quando da contratação em conjunto ao Serviço

Telefônico Fixo Comutado destinado ao uso do público em

geral (telefone fixo);

a.2) à ANATEL, a obrigação de intensificando a fiscalização na

comercialização do serviços de internet banda larga no Estado

do Pará, em especial quanto à vedação da venda casada de

produtos e serviços

a.3) a publicação em edital no órgão oficial, a fim de que os

interessados possam intervir no processo como litisconsortes,

na forma do art. 94 da Lei 8.078/90, e para fins do art. 103,

§2° da Lei 8.078/90.

b) a citação das requeridas, no respectivo endereço indicado na

inicial;

c) ao final do processo, que o pedido seja julgado totalmente

procedente, para condenar as demandas:

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c.1) às obrigações já descritas em sede de antecipação de

tutela;

c.2) em relação à TELEMAR, ao ressarcimento em dobro, dos

valores cobrados nas assinaturas de telefonia fixa agregados

ao Serviço de Comunicação Multimídia -SCM, “internet banda

larga”, nos últimos cinco anos;

d) a condenação da TELEMAR ao pagamento das custas processuais

e demais despesas processuais;

e) a condenação da TELEMAR ao patrocínio da publicação do inteiro

teor da sentença em jornais de grande circulação nas regiões em

que opera.

f) que seja conferida abrangência erga omnes às decisões exaradas

no presente processo, abrangendo os consumidores do serviço Oi

Velox em todo o território nacional;

Pelo Princípio da Eventualidade, protesta pela produção de todas as

provas admitidas em Direito, principalmente prova documental, depoimentos dos

representantes legais das requeridas, sob pena de confissão, oitiva de

testemunhas, realizações de perícias e inspeções judiciais. À derradeira, pugna-se

pelo benefício previsto no art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor,

no que tange à inversão do ônus da prova, em favor da coletividade de

consumidores substituída pelo Requerente.

Atribui-se à causa, para efeitos meramente fiscais, o valor

estimado de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Belém (PA), 24 de agosto de 2012.

BRUNO ARAÚJO SOARES VALENTEProcurador da República

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