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Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da __ Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro WELLINGTON BORGES DA SILVA LÚCIO, cidadão brasileiro, casado, motorista, residente e domiciliado na Rua Bráulio Muniz, n° 155, apto. 202, Abolição, CEP.: 20.755-240, Rio de Janeiro/RJ, portador do título de eleitor nº. 0973 9062 0337, Zona 0007, Seção 0261 (doc. 1), por intermédio de seus advogados que ora peticionam, IVO DE LEMOS TAVARES, inscrito na OAB/RJ sob o nº 134.948 e JULIANA DOLABELLA, inscrita na OAB/RJ sob o n° 147.662 (procuração em anexo, doc. 1), com escritório profissional situado à Praça Olavo Bilac, nº 28, Sala 612, Edifício Patrimônio, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.041-010, onde receberão as comunicações de ofício, comparece à presença de Vossa Excelência, na forma do artigo 5º, LXXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil, para propor AÇÃO POPULAR Objetivando a declaração de nulidade de ato lesivo ao patrimônio público e à moralidade administrativa, em desfavor de: UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, a ser citada na pessoa do Procurador Regional da União, na Av. Paulista, n° 1.842, 20º andar, Ed. Cetenco Plaza, Torre Norte, bairro Cerqueira Cesar, CEP.: 01.310- 200 – São Paulo/SP; LEANDRO DAIELLO COIMBRA, Superintendente da Polícia Federal no Estado de São Paulo, com endereço funcional à Rua Hugo D’Antola, n° 95, Lapa de Baixo, CEP.: 05.038-090 – São Paulo/SP. DOS FATOS Noticiou-se no dia 15 de julho de 2008, no JORNAL NACIONAL da REDE GLOBO e nos diversos sites de informação, que três Delegados da Polícia Federal, que atuavam no Inquérito Policial (IP) que resultou na OPERAÇÃO SATIAGRAHA, foram obrigados a deixar a apuração do caso - PROTÓGENES QUEIROZ, que presidia o IP, Karina Murakami Souza

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Page 1: Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da Vara da Justiça Federal do ... · operação, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, avalia que a investigação teve mais méritos que defeitos

Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da __ Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro

WELLINGTON BORGES DA SILVA LÚCIO,

cidadão brasileiro, casado, motorista, residente e domiciliado na Rua Bráulio Muniz, n° 155, apto. 202, Abolição, CEP.: 20.755-240, Rio de Janeiro/RJ, portador do título de eleitor nº. 0973 9062 0337, Zona 0007, Seção 0261 (doc. 1), por intermédio de seus advogados que ora peticionam, IVO DE LEMOS TAVARES, inscrito na OAB/RJ sob o nº 134.948 e JULIANA DOLABELLA, inscrita na OAB/RJ sob o n° 147.662 (procuração em anexo, doc. 1), com escritório profissional situado à Praça Olavo Bilac, nº 28, Sala 612, Edifício Patrimônio, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP 20.041-010, onde receberão as comunicações de ofício, comparece à presença de Vossa Excelência, na forma do artigo 5º, LXXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil, para propor

AÇÃO POPULAR Objetivando a declaração de nulidade de ato lesivo ao patrimônio público e à moralidade administrativa, em desfavor de:

• UNIÃO, pessoa jurídica de direito público interno, a ser citada na pessoa do Procurador Regional da União, na Av. Paulista, n° 1.842, 20º andar, Ed. Cetenco Plaza, Torre Norte, bairro Cerqueira Cesar, CEP.: 01.310-200 – São Paulo/SP;

• LEANDRO DAIELLO COIMBRA, Superintendente da Polícia Federal no

Estado de São Paulo, com endereço funcional à Rua Hugo D’Antola, n° 95, Lapa de Baixo, CEP.: 05.038-090 – São Paulo/SP.

DOS FATOS

Noticiou-se no dia 15 de julho de 2008, no JORNAL NACIONAL da REDE GLOBO e nos diversos sites de informação, que três Delegados da Polícia Federal, que atuavam no Inquérito Policial (IP) que resultou na OPERAÇÃO SATIAGRAHA, foram obrigados a deixar a apuração do caso - PROTÓGENES QUEIROZ, que presidia o IP, Karina Murakami Souza

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e Carlos Eduardo Pelegrini Magro, delegados auxiliares. É o que consta na página da UOL1:

Delegados da Operação Satiagraha foram obrigados a deixar o caso, diz TV da Folha Online

Os três delegados que atuaram na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, --Protógenes Queiroz, Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro-- foram obrigados a deixar as investigações sobre a suposta prática de crimes financeiros, informou nesta terça-feira o "Jornal Nacional", da TV Globo.

Segundo o telejornal, os delegados informaram ao juiz federal Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, e ao procurador da República em São Paulo, Rodrigo De Grandis, que foram obrigados pela direção da PF a deixar as investigações.

A saída dos delegados foi notícia nos principais portais de informação e jornais nacionais e regionais do País, sendo fato notório. O afastamento dos Delegados pela cúpula da Polícia Federal teria sido comunicado pelo Dr. PROTÓGENES QUEIROZ ao Juiz Federal e ao membro do Ministério Público Federal que atuam no Inquérito Policial.

O Ministro da Justiça TARSO GENRO, por sua vez, assim se manifestou, conforme consta na mesma página2:

O ministro Tarso Genro (Justiça) disse na noite desta terça-feira que é uma "coincidência" o afastamento de Queiroz das investigações e o fato de o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, tirar férias neste mesmo período.

Tarso deu a entender ainda que Protógenes havia concluído seu trabalho na Operação Satiagraha e que o afastamento do delegado não causará prejuízos às investigações. "O inquérito está praticamente, 99,9%, terminado", afirmou o ministro, após reunião no Palácio do Planalto.

E prossegue a reportagem, em que o Ministro da Justiça teria dito que a cúpula da Polícia Federal queria afastar o digno Delegado PROTÓGENES QUEIROZ:

1 http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u422765.shtml

2 O que disse a imprensa escrita foi confirmado pela televisiva, em entrevista por ele fornecida em

horário nobre.

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Em entrevista publicada no domingo na Folha, o ministro da Justiça defendeu o trabalho de Queiroz. "Protógenes fez um trabalho brilhante de natureza técnica, independentemente de ter cometido equívoco ou não", disse Tarso na entrevista.

Em outra reportagem da Folha, também publicada no domingo, informa que a cúpula da Polícia Federal gostaria de afastar o delegado. Segundo o texto, apesar dos possíveis excessos da operação, o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, avalia que a investigação teve mais méritos que defeitos.

Deflagrada no último dia 8, a Operação Satiagraha resultou na prisão de Daniel Dantas, do investidor Naji Nahas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e de mais 14 pessoas suspeitas de integrarem a quadrilha.

No domingo, o único investigado que estava foragido, Humberto Braz, assessor de Dantas, se entregou à polícia. Continuam presos apenas Braz e o consultor Hugo Chicaroni.

Posteriormente a cúpula do Governo e/ou da Polícia Federal fez chegar à imprensa outra explicação. O Delegado estaria sendo afastado para realizar um “cursinho de reciclagem”.

Pressionado pela opinião pública e por jornalistas diante da inacreditável explicação, o presidente LULA afirmou que o Delegado PROTÓGENES deveria permanecer no inquérito até concluir seu relatório, para não causar constrangimento ao Governo e não prejudicar o trabalho em andamento, e que sua saída para realizar um suposto curso deveria ser evitada.

O Governo e a Polícia Federal, com intuito de se livrarem das suspeitas que sobre eles pendia, divulgou na imprensa, amplamente, trechos da reunião em que o Delegado PROTÓGENES foi afastado do Inquérito Policial3, querendo dar a entender que seria sua vontade:

Lula autorizou PF a divulgar trechos da reunião sobre afastamento de delegado; ouça

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a Polícia Federal a divulgar trechos da reunião da cúpula da instituição, realizada na última segunda-feira, em São Paulo, apurou a Folha Online. Na reunião, delegados da PF discutiram o afastamento dos delegados da Operação Satiagraha Protógenes Queiroz, Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro.

A Folha Online apurou que a idéia de divulgar a gravação foi apresentada a Lula na reunião de hoje com o ministro Tarso Genro (Justiça) e o diretor-geral em exercício da PF, Romero Menezes. A idéia era usar a gravação para mostrar que

3 http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2008/07/17/ult4728u13626.jhtm

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Protógenes saiu da investigação por decisão própria e acabar com as insinuações de que houve pressão para ele se afastar.

Apesar da decisão ter sido tomada de manhã, a divulgação só aconteceu à tarde. Nesse intervalo de tempo, técnicos da PF selecionaram trechos da gravação que seriam divulgados. Das quase três horas de reunião, cerca de quatro minutos --editados-- foram divulgados pela PF. Num dos trechos, Protógenes diz que não pretende reassumir o inquérito nem mesmo depois de concluir um curso --motivo dado pela PF para sua saída do caso.

Em outra parte, Protógenes elogia o diretor-geral da PF Luiz Fernando Corrêa e outros colegas da instituição. Ele também admite que causou "problemas" para seus colegas de corporação.

A PF não divulgou o trecho em que ele se ofereceu para conduzir o caso aos sábados e domingos. Em nota, a PF informou ontem que a "sugestão não foi acatada pelos diretores já que traria prejuízo às pessoas convidadas a prestar esclarecimentos junto à investigação, comprometendo também a celeridade da apuração". "A autorização quebraria ainda a regra de dedicação exclusiva exigida de todos os participantes na fase presencial."

Em entrevista o Delegado afirmou que houve montagem prejudicial ao contexto da reunião, indicando que na verdade ele foi afastado. O MPF se antecipou e requereu cópia integral da gravação.

Posteriormente, PROTÓGENES protocolou no Ministério Público Federal representação contra seus superiores, indicando dificuldades impostas ao trabalho com o intuito de prejudicar o seu andamento, bem como vazamento de informações à imprensa para beneficiar os investigados pela própria Polícia Federal, eis que antes da Operação realizada jornalista teria divulgado que ela ocorreria4:

MPF já tem cópia de áudio da reunião sobre Protógenes 22/07/2008 | 18:58 | Agência Estado O procurador da República Roberto Dassié Diana já deu abertura ao procedimento investigatório criminal e de controle externo para apurar se houve vazamento de informação e obstrução à Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF). O procurador enviou nesta terça-feira (22) à Superintendência da PF, em São Paulo, um questionário no qual pretende averiguar como foram solicitadas as informações à direção da instituição, para averiguar se as reclamações do delegado Protógenes Queiroz são procedentes. Além disso, ele já tem em mãos a cópia integral do áudio da reunião ocorrida entre o delegado e dirigentes da PF na capital paulista na qual foi oficializado o afastamento de Protógenes da direção da operação.

4 http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2008/07/18/ult1913u92258.jhtm

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Os procedimentos que estão sendo adotados pelo procurador Roberto Dassié são resultado da reclamação formal formulada ao Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP), na semana passada, pelo delegado Protógenes Queiroz. Na reclamação, o delegado disse que houve obstrução material e física para apurar o caso que culminou no indiciamento de dez executivos do Grupo Opportunity, entre eles, o sócio-fundador da instituição, Daniel Dantas. A direção da PF, com autorização do Ministério da Justiça, divulgou um trecho de alguns minutos da gravação. Porém, o delegado Queiroz queixou-se que o que foi divulgado não condizia com o que foi tratado na reunião, pois estaria indicando que foi ele quem pediu para deixar o caso. "Recebi a cópia do CD e acredito que até o fim dessa semana terei condições de ouvi-la na íntegra", afirmou o procurador Já com relação à abertura do procedimento investigatório criminal sobre suspeita de vazamento de informações, o procurador disse que está relacionado a detalhes da Operação Satiagraha que teriam sido publicado pela imprensa, antes da operação ser deflagrada pela PF, há duas semanas. De acordo com informações divulgadas pelo delegado Protógenes Queiroz, a jornalista Andréia Michael, do jornal Folha de S.Paulo, teve acesso às informações que levaram à publicação da reportagem no dia 26 de abril, na qual ela relata que Dantas estava sendo investigado pela PF. Prejuízos Segundo o procurador, o delegado Queiroz, em sua representação de 16 páginas, formalizada junto ao Ministério Público na semana passada, disse que esse vazamento prejudicou o andamento das apurações. "Tanto sobre o vazamento de informações como em relação à suspeita de obstrução material e física para os trabalhos dessa operação, o delegado Protógenes Queiroz não cita nominalmente a participação de algum servidor da PF", disse o procurador. Ele acredita que a direção-geral da PF deve responder com rapidez os questionamentos que enviou à cúpula da instituição.

Diante de tanta confusão fez-se chegar a imprensa um suposto pedido de Lula para que PROTÓGENES permanecesse no caso, pedido que teria sido “rejeitado” pela Polícia Federal5:

Operação Satiagraha

5 http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=787838&tit=Lula-pede-a-

volta-de-Protogenes-ao-caso-mas-a-PF-nao-atende-

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Lula pede a volta de Protógenes ao caso, mas a PF não atende Declaração do presidente é vista como tentativa de apagar a impressão de que o delegado foi afastado porque as investigações bateram às portas do Palácio do Planalto Publicado em 17/07/2008 | Brasília e São Paulo - Das agências Preocupado com a repercussão negativa provocada pelo afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha, o presidente Lula cobrou ontem a volta dele à investigação da suposta rede de tráfico de influência, corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas ligada ao banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity, e ao investidor Naji Nahas. Lula tentou desfazer a impressão de que houve interferência política do governo na Polícia Federal porque as investigações teriam “batido à porta” do Palácio do Planalto, com o envolvimento do secretário da Presidência, Gilberto Carvalho. Apesar da declaração de Lula, a direção-geral da PF manteve a decisão de afastar Protógenes e nomear dois novos delegados para o caso: Ricardo Saad, chefe da Delegacia de Combate aos Crimes Financeiros de São Paulo, e Erika Mialik Marena. “Moralmente, esse cidadão tem de ficar no caso até terminar esse relatório e entregá-lo ao Ministério Público, a não ser que ele não queira”, afirmou Lula. O presidente disse que havia falado com o ministro da Justiça, Tarso Genro, a quem pedira a volta de Protógenes. Lula demonstrou irritação ao ser indagado sobre um eventual afastamento político do delegado: “Espero que quem contou essa mentira (...) depois desminta.” Também criticou Protógenes, que teria insinuado ter sido afastado do caso pela direção da PF. O ministro da Justiça, Tarso Genro, fez coro com Lula e negou que o delegado tenha sido forçado a deixar as investigações. Também disse que o delegado saiu por sua própria iniciativa e disse ser favorável à sua permanência no comando das investigações. Segundo a versão do governo, Protógenes se afastou para fazer um curso obrigatório para delegados da PF. Fontes internas da Polícia Federal, porém, informaram que ele resistiu a deixar o comando da operação.

A frase de Lula pedindo a volta de PROTÓGENES, e a suposta rejeição pela Polícia Federal, soa uma estratégia para enganar bobo, tolo, tentando passar a idéia que a culpa agora seria da cúpula da Polícia Federal, e não do Governo (antes, fez-se chegar à imprensa que era o próprio Delegado que não queria voltar, só que este desmentiu):

Planalto avalia que errou ao entrar em choque com Protógenes Queiroz

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O Palácio do Planalto avalia que errou ao "comprar uma briga" com o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz.

Ontem, um ministro próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à Folha que "foi um erro brigar com o delegado, que é o herói da história".

Agora, o governo discute estratégia para conter danos. Com Lula e o ministro Tarso Genro (Justiça) em viagem ao exterior, não se sabia até ontem se o Planalto recuaria publicamente ou se daria o assunto por encerrado, considerando-o exclusivo da PF.

O chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, se reuniu com Tarso antes de sua viagem e ambos constataram que repercutiu mal a fita com trechos da conversa entre Queiroz e os superiores. O objetivo da divulgação da fita, editada, era provar que o delegado havia pedido para sair da investigação --reforçando a versão da cúpula da PF, que foi endossada por Lula.

O presidente criticou o delegado, exigiu a sua volta e chegou a dizer que a versão de que Queiroz fora pressionado a deixar o posto era mentirosa. Em entrevista no Palácio do Planalto, negou que o afastamento de Queiroz do caso se tratava de uma operação-abafa --já que a investigação chegou à sua ante-sala, com grampos de conversas entre o petista Luiz Eduardo Greenhalgh e Carvalho. Mas a gravação contradiz a versão da PF.

E diante desse quadro que pressiona qualquer ser humano, por mais idealista que seja, PROTÓGENES QUEIROZ, que ficou 4 (quatro) anos investigando o caso, por demais complexo, que se mostrou incorruptível, após conseguir que a Justiça decretasse a prisão provisória e preventiva de réus, bem como busca e apreensão em vários locais e Estados, quando então poderia terminar seu brilhante trabalho, foi afastado para realizar um “cursinho”.

A desfaçatez do caso é tamanha que nos trechos da reunião a cúpula da Polícia Federal teria exigido que PROTÓGENES terminasse seu relatório (do IP) “até a sexta-feira”, algo totalmente impensável, diante de tamanha documentação apreendida (inclusive mídias), cuja análise sequer deve ter sido iniciada.

Esta semana PROTÓGENES iniciou o “cursinho” em Brasília/DF, e quem o sucedeu, se estiver lá de fato para apurar, vai demorar alguns meses para se inteirar do caso 6:

Delegado Protógenes inicia curso em Brasília

6 http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3022410-EI12081,00-

Delegado+Protogenes+inicia+curso+em+Brasilia.html

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O delegado Protógenes Queiroz, afastado do comando das investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, deu início, nessa segunda-feira, ao curso superior da instituição na Academia Nacional de Polícia, em Brasília. Oficialmente, a PF afirma que Protógenes deixou as investigações para participar do curso, que exige a presença dos agentes policiais.

O delegado, no entanto, sustenta que foi afastado das investigações por determinação da cúpula da PF. Protógenes protocolou na última sexta-feira representação no Ministério Público Federal para denunciar que foi forçado a deixar o caso. Ele reclama, na representação, que foi prejudicado pela falta de recursos humanos e materiais para a condução das investigações.

Como o Ministério Público Federal não tem condição de analisar o material apreendido, que é atribuição da Polícia Federal inclusive, a depender do controle do Governo sobre os novos condutores, somente serão investigados quem for do desejo da cúpula estatal, e não quem estiver envolvido no suposto esquema.

Diante de tanta estranheza em virtude da prisão de um banqueiro, de um ex-prefeito e de um doleiro, e da suposta participação de um ex-deputado petista, dentre outros, a população já antevê que há os “imexíveis”, conforme matéria com MIRIAM LEITÃO7, que merece ser lida:

Teatro de absurdos

Por Míriam Leitão

O Brasil não vive uma crise institucional. Vive um surto de nonsense desde o começo do caso do banqueiro Daniel Dantas. A entrevista conjunta do presidente do Supremo e do ministro da Justiça, depois de ambos levarem uma chamada do presidente Lula, foi um despropósito institucional. O presidente do STF não é um dos ministros de Lula; não é subordinado ao chefe do Executivo.

Para falar uma expressão tão em voga: nada disso é republicano. Já que a República, como se sabe, assenta-se na independência dos poderes. A queda-de-braço entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e um juiz de primeira instância; a fratura exposta da Polícia Federal; o bate-boca entre Gilmar Mendes e o ministro Tarso Genro; a nota de Gilberto Carvalho negando o que sua própria voz dizia na gravação; e a justificativa para o afastamento do delegado que dirigia a investigação são flagrantes de um teatro de absurdos.

7 http://tocadasanta1.blogspot.com/

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Alguém acreditou na explicação de Tarso Genro para a saída do delegado Protógenes Queiroz? Nem o chefe dele, o presidente Lula, que ontem disse que o delegado tem de voltar à função. A justificativa havia sido a seguinte: ele saiu porque todo delegado, após dez anos, tem que fazer um curso de reciclagem, e ele até entrou na Justiça pelo direito de fazer o tal curso. Ora, ou bem é uma rotina profissional, ou ele brigou na Justiça para fazer o curso. É um desrespeito à inteligência alheia uma explicação assim tão pedestre. Se o chefe da PF acha que ele é “descontrolado”, como diria o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, tinha que ter sido transparente e explicado que erros o delegado supostamente cometeu. Agora está na constrangedora situação de voltar atrás.

O risco na atrapalhada maneira com que o governo lida com esta crise é esquecer-se do principal, que é sustentar com provas sólidas as acusações feitas aos envolvidos: lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas. A tentativa de suborno de um policial é crime; cometido para acobertar os outros pelos quais eles estavam sendo investigados. A gestão fraudulenta de instituição financeira tem que ser avaliada e investigada pelo Banco Central também, como alertou, em artigo no GLOBO, o empresário Roberto Teixeira da Costa. A resposta dada pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, ao senador Aloizio Mercadante é outro despropósito. Mercadante disse que ou a PF está exagerando quando fala em “gestão fraudulenta” ou houve omissão do Banco Central. Meirelles, ao responder, comparou o caso do Opportunity a um “funcionário de banco que comete crime nas horas vagas”. Uma resposta espantosa: o BC tem que ter algo a dizer e a fazer neste caso.

O presidente Lula tem feito contorcionismos para defender Gilberto Carvalho. A uma repórter que perguntou ontem sobre a estranha conversa entre Carvalho e o advogado de Daniel Dantas, Lula respondeu: “Se você me telefonar, quem vai atender é o Gilberto Carvalho. Peço a Deus que seu telefonema não esteja sendo gravado, pois pode aparecer a sua conversa com Gilberto Carvalho.” O fato de o secretário ser o filtro para telefonemas para o presidente é rotina em qualquer Presidência, o que não é normal é o teor da conversa. Um advogado não pode pedir ao secretário da Presidência que apure, junto a órgãos do governo, se um cliente seu está sendo investigado; o secretário não pode estar disponível para esse tipo de serviço encomendado. Da resposta do presidente se depreende que só Deus — e não os limites institucionais — protege as pessoas de gravação de telefonemas.

Na conversa gravada pela Polícia Federal, Carvalho diz, com todas as letras, que o tal sujeito que teria abordado o cliente de Greenhalgh só pode ter identidade falsa: “O general me deu retorno agora... Aqui não tem nada. O cara tava armando com documento falso, o que é muito comum no Rio de Janeiro.” Na nota de explicação para a conversa em que ambos transportam para a esfera pública uma camaradagem que tem de estar restrita

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às questões privadas, Gilberto Carvalho garante ter dito que, sim, o tenente em questão estava credenciado na Presidência. Foi um momento pitoresco ouvir a voz do secretário dizendo uma coisa e ele, em nota, garantindo não ter dito o que todos o ouviram dizer. Mas tudo vai ficar por isso mesmo. A moribunda CPI do Grampo tenta ressuscitar com este episódio, mas não vai convocar exatamente os dois envolvidos neste espantoso diálogo.

Pelo visto, o surto de nonsense vai ter agora outro capítulo com o ex-banqueiro Salvatore Cacciola. O habeas corpus concedido pelo presidente do STJ, Humberto Gomes de Barros, para que não fosse algemado ao chegar ao Brasil foi com o argumento de que ele “é idoso”. Cacciola é um condenado que fugiu do país aproveitando-se de um habeas corpus e não foi preso num asilo de velhos, e, sim, em animada viagem a Mônaco.

Este caso mal começou. O risco é que a trapalhada continue e sirva para minar a confiança dos cidadãos nas instituições do país. O risco é, mais uma vez, o país ter que engolir o inaceitável, o comportamento desviante de autoridades. O risco é o caso ser esquecido antes de ser esclarecido, como aconteceu com o compadre do presidente Lula, Roberto Teixeira, que também usava os privilegiados canais que tem para beneficiar os clientes da sua banca de advocacia.

Em outra matéria, assinada por um Juiz aposentado que criou uma ONG para combater o crime organizado, diz-se que com o afastamento do Delegado PROTÓGENES a bandidagem comemora a sua força:

Com o afastamento do delegado Protógenes: "Crime organizado ganha de novo"

Política

Walter Fanganiello Maierovitch

Qui, 17 de julho de 2008 13:09

O crime organizado ganhou de novo.

Quanto está a partida? Já perdi a conta.

Por baixo, 500 a 2. Não adianta reclamar,

pois gol com auxílio de juiz entra na

contagem.

Por mera coincidência, e depois de uma

reunião da qual participaram Lula, o

presidente do Supremo Tribunal Federal

Gilmar Mendes, o ministro da Defesa

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Nelson Jobim e o da Justiça Tarso Genro, veio a notícia do afastamento do presidente do inquérito,

Protógenes Queiroz, e dos dois outros delegados auxiliares da Operação Satiagraha.

Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, o inquérito está praticamente concluído; 99,9% segundo ele.

Daí, o afastamento não causará prejuízos.

Consultadas as almas-penadas que não entram no céu, elas disseram que Daniel Dantas, depois do

afastamento do delegado Protógenes Queiroz, teve o ego massageado pelo Planalto e não vai

detonar ninguém.

A Praça dos Três Poderes está em festa. Gilmar e Tarso se reconciliaram. Jobim, sempre atento,

continua na função de servir ao presidente. O presidente do Senado Garibaldi Alves, já disse que

impeachment de Mendes é difícil.

Tarso Genro já deixou claro ter faltado muitas aulas durante o curso de Direito.

Ele já chegou a afirmar que Dantas dificilmente provará sua inocência. Numa das ausências, perdeu,

seguramente, a aula sobre o ônus da prova (encargo de provar) no processo penal.

Assim, não sabe - e nem desconfia pela falta de militância -, que, no processo penal, o ônus (encargo)

da prova é de quem acusa (Ministério Público). O réu é presumidamente não culpável (presunção de

não culpabilidade, mal chamada, no Brasil, de presunção de inocência).

Agora, ao afirmar que o inquérito policial está praticamente concluído, erra de novo. A Procuradoria da

República, destinatária do inquérito policial para formar a sua "opinio delicti", pode solicitar novas

diligências. Como se percebe, Tarso também não assistiu às aulas sobre inquérito policial. Pior, não

leu, depois, os manuais sobre as primeiras linhas do processo penal.

Enquanto o delegado Protógenes Queiroz, segundo informa a imprensa, afirma que não pediu para

ser afastado, circula a versão de que prefere sair para concluir um curso na Academia de Polícia: teria

até postulado uma tutela jurisdicional para ser autorizado a terminar o curso.

Tecnicamente, o delegado, ao contrário dos juízes e promotores, não tem a garantia constitucional

que assegura a inamovibilidade. Dessa maneira, pode ser substituído pelo superior hierárquico.

Meu lápis-falante, - em fase terminal pois está quase consumido por um apontador depois de tanto

escrever sobre o Caso Daniel Dantas -, quer saber, antes do fim do seu grafite: Mas o tal delegado

Protógenes não era messiânico, a acreditar, empenhado, "na luta do bem contra o mal"?

Wálter Fanganiello Maierovitch é colunista da revista CartaCapital e presidente do Instituto Giovanni

Falcone.

Enfim, é contra o afastamento do Delegado PROTÓGENES QUEIROZ e de sua pequena equipe que este cidadão move esta Ação Popular.

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Roga-se ao julgador desta Ação Popular compreensão de que os fatos são públicos e notórios, amplamente divulgados pela imprensa, inclusive televisiva, em entrevistas com os personagens citados, não podendo o autor fornecer maiores provas para demonstrar a ilicitude do afastamento.

Esta ação possibilita que o Poder Judiciário aponte que o Poder Executivo, mesmo que seus servidores não tenham as garantias dos Magistrados e dos Membros do Ministério Público, tem que ser republicano, não podendo, numa discricionariedade viciada, impedir a boa atuação dos seus servidores.

DO CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR

A ação popular é instrumento assegurado na Constituição Federal no art. 5º, para utilização por qualquer cidadão, com os seguintes objetivos:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

O afastamento do Delegado de Polícia especializado no assunto (crimes financeiros) e conhecedor do robusto e complexo Inquérito Policial que presidiu por 4 (quatro) anos, que tem cerca de 2.000 páginas (tanto que o Juiz Federal que deferiu a prisão temporária ficou 30 dias com sua equipe, trabalhando 20 horas por dia, para poder decidir, conforme informou à imprensa), logo após a deflagração da Operação Satiagraha, prejudica a apuração de desvios de dinheiro público em vários setores do governo, lesando o patrimônio público, que poderá não receber de volta o que dele foi desviado. O afastamento dos delegados só atende e beneficia os investigados e acusados de crimes graves contra a sociedade.

Ademais, tal conduta, infelizmente já esperada, diga-se de passagem, fere a moralidade administrativa. Por isso, seria de suma importância para a Justiça e a Democracia neste País que o Judiciário, que possui as garantias a ele asseguradas, firmasse jurisprudência, com base nos princípios constitucionais do art. 37, que tal prática pelo Poder Executivo, diante de seus servidores, é ilícita.

Importante consignar que, para demonstrar o cabimento da presente ação popular, independe de qual seja a REAL motivação para o ato de afastamento.

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É que, se o motivo do afastamento do Delegado PROTÓGENES QUEIROZ for para realizar um curso, como disse o Ministro da Justiça e o próprio presidente da República, este curso deve ser postergado a bem do serviço público, pois diante da Operação vários documentos foram apreendidos e agora devem ser analisados.

Assim, cai por terra a absurda frase do Sr. Ministro da Justiça TARSO GENRO, de que 99,9% do Inquérito Policial estaria concluído. Será que a análise do material apreendido e os depoimentos prestados na prisão temporária corresponderiam a míseros 0,1%????

Presente, na hipótese, Excelência, os pressupostos da ação popular: ato ilegal/imoral; lesão ao patrimônio público/moralidade administrativa e legitimação ativa.

DO DIREITO

Para evitar ingerências políticas a Constituição Federal procurou blindar a atividade judicante e do Ministério Público:

Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;

Art. 128, § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I - as seguintes garantias: a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, por voto de dois terços de seus membros, assegurada ampla defesa; b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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No entanto, dentro do Poder Executivo, diante da impossibilidade de fiscalizarem todos os seus atos, da impunidade existente e da omissão de servidores subalternos que poderiam levar o fato a conhecimento público, ou do Ministério Público, administradores, fingindo discricionariedade, tomam medidas que afrontam os princípios consagrados no art. 37 da Constituição Federal, notadamente os que prezam pela impessoalidade, moralidade e eficiência.

É comum o afastamento de Auditores Fiscais de empresas que são protegidas por algum político para que não constituam o crédito tributário. Tal medida somente é adotada em caso de urgência, pois se a empresa é protegida sequer recebe visita fiscal. Assim, o Fisco não pode fiscalizar quem quer.

Quando o débito é constituído, por vezes não pode ser cobrado em juízo, pois, se o Procurador da Fazenda iniciar a execução e não deixar prescrever a cobrança pode ser afastado de suas funções8:

Funcionário cobra dívida de ministro e perde cargo

JOSIAS DE SOUZA

FOLHA DE S. PAULO 7/11/2004

Eunício Oliveira (PMDB-CE) é um tipo peculiar de político. Possui o dom da invisibilidade. Nomeado ministro das Comunicações em janeiro, ainda não teve a ausência notada. É discreto também nos negócios. Controla, em sociedade com a mulher, Mônica Paes de Andrade, a Confederal. É uma das maiores firmas de vigilância e transporte de valores do Centro-Oeste.

Um processo de execução fiscal põe em risco a aparência diáfana de Eunício. Aberta há seis meses, a pedido do INSS, a ação atribui à Confederal uma dívida previdenciária de R$ 7 milhões. O funcionário que ajuizou a ação foi exonerado. Chama-se José Cândido de Carvalho Júnior. Era procurador-chefe do INSS no DF. Demitiu-o Carlos Bezerra, presidente do INSS. É peemedebista como Eunício. E subordinado ao ministro Amir Lando (Previdência), também ao PMDB.

Na Polícia Federal não é diferente, principalmente porque é praticamente inexistente a atividade fiscalizatória do Ministério Público sobre suas atividades, conforme é sua atribuição, nos termos do art. 129, VII, da Constituição Federal.

Possivelmente protegidos não são investigados. Mas quando isso ocorre o Poder Executivo afasta o Delegado (Delegado incontrolável), dando as desculpas mais esfarrapadas possíveis, para dar um quê de rotina.

8 http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=161765

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Em seu lugar, por vezes, é colocado alguém que pode ser CONTROLADO, UM NÃO AFETO AO TRABALHO, um ACOMODADO, ou um SOBRECARREGADO.

Conforme demonstram os fatos, o afastamento de Delegado de Polícia Federal quando tem como alvo gente do Poder não é novidade9:

17/10/2006 - 16h23 Associação demonstra preocupação com delegado afastado do caso dossiê

ANDREZA MATAIS

da Folha Online, em Brasília

O presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal), Sandro Torres, manifestou nesta terça-feira preocupação com o tratamento que o delegado Edmilson Bruno tem recebido da instituição, por ter revelado as fotos do dinheiro apreendido com petistas que seria usado para a compra de um dossiê antitucano. Em reunião com os presidentes do PFL e do PSDB, Torres disse que a associação está acompanhando o caso.

Edmilson foi afastado da investigação logo no início. Foi ele quem prendeu num hotel de São Paulo Gedimar Passos, advogado e ex-policial federal, e Valdebran Padilha, filiado ao PT do Mato Grosso, que estavam com R$ 1,7 milhão, valor que seria usado para a compra do dossiê.

"Temos preocupação com ele. É um homem correto, sério. Mas não podemos afirmar que esteja havendo perseguição [política]", afirmou Torres.

Por vezes os agentes da Polícia Federal são removidos DE OFÍCIO, com nítido abuso de poder. Foi o que aconteceu com agentes que prenderam DUDA MENDONÇA numa rinha de galo10:

O galo de Duda

Dia 18, terça, às 15h, ONGs que atuam na defesa de animais farão uma manifestação em frente à Polícia Federal, no Rio.

Vão protestar contra a remoção dos agentes que prenderam Duda Mendonça numa rinha de galo.

9 http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85325.shtml

10 http://clipping.planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=171886

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Um dos policiais foi perseguido administrativamente, ingressando com o mandado de segurança n° 2005.51.01.026684 na Justiça Federal do Rio de Janeiro, onde a segurança foi concedida, paralisando-se procedimento administrativo que foi contra ele instaurado.

Citam-se apenas mais dois exemplos, para não cansar o Julgador, que, se espera, já tenha firmado convicção, mesmo antes desta Ação Popular, do cerceamento de trabalhos de servidores públicos pela cúpula do Poder Executivo, em nítido desrespeito a princípios da Administração Pública consagrados no art. 37 da Constituição Federal.

Outro trabalho investigativo que Delegado da Polícia Federal não conseguiu terminar foi o que envolvia ROSEANA SARNEY e seus familiares 11:

27/04/2002 - 09h36 Delegado do caso Sudam é afastado pela PF

RANIER BRAGON

da Agência Folha, em São Luís

A Polícia Federal afastou ontem das funções que vinha desempenhando o delegado Deuselino Valadares, que presidia 52 inquéritos sobre desvios de verbas na extinta Sudam e que iria indiciar nos próximos dias, por formação de quadrilha e peculato, os ex-governadores Dante de Oliveira (PSDB-MT) e Roseana Sarney (PFL-MA).

Valadares não obteve autorização da direção geral da PF para ficar mais 30 dias em São Luís, onde fazia as investigações, e recebeu a determinação de volta ao Tocantins, seu Estado de origem.

O mesmo ocorreu com a investigação de corrupção na privatização das empresas de telefonia12:

PRIVATIZAÇÃO DAS TELES

Afastado do caso Telemar, Deuler da Rocha Júnior afirma que faltava só "confirmar alguns documentos"

Delegado diz que poderia ter indiciado Ricardo Sérgio WLADIMIR GRAMACHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA O delegado da Polícia Federal Deuler da Rocha Júnior, que até

11

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u31860.shtml 12

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc2405200223.htm

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março apurava irregularidades no leilão de privatização da Telemar, disse ontem que "havia a possibilidade de indiciar" Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil e ex-arrecadador de fundos para campanhas do presidenciável tucano, o senador José Serra (SP). Segundo o delegado, "ainda era preciso confirmar alguns documentos". O principal deles é um relatório de 2001 do Banco Central que responsabilizava o ex-diretor por irregularidades em operação que garantiu a presença do banco Opportunity no leilão. Apesar da necessidade de uma checagem de dados, "os indícios de autoria de crime estavam presentes", afirmou o delegado, durante audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Os advogados de Ricardo Sérgio não comentaram o depoimento. (...) Transferência Rocha Júnior foi transferido da delegacia de inquéritos especiais, que apurava o caso, em março deste ano, por decisão do superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado Marcelo Itagiba. Itagiba foi assessor do ex-ministro da Saúde José Serra e funcionário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Se o tucano for eleito, é o mais cotado para assumir a direção geral da PF. A mudança foi interpretada pela oposição como uma interferência na condução do inquérito sobre o caso, que está, agora, com a delegada Patrícia de Freitas. O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Francisco Carlos Garisto, disse que a transferência de delegados durante investigações importantes não é coisa comum. "Existe uma desconfiança de uso político, total." Para ele, "a Polícia Federal precisa de independência, porque ela é polícia de Estado, não de governo". Para o deputado Welington Dias (PT-PI), autor do requerimento de audiência, tem havido ingerência na PF para preservar pessoas ligadas ao governo. "Quando [os delegados] começam a indiciar, acabam sendo afastados."

Polícia Federal do Rio nomeia nova encarregada para caso Telemar 13 DA SUCURSAL DO RIO A delegada federal Patrícia de Freitas será a nova encarregada do inquérito em que a Superintendência da Polícia Federal no Rio apura suspeitas de irregularidades no processo de privatização da Tele Norte Leste (atual Telemar), uma das empresas nas quais foi dividida a antiga Telebras durante a desestatização. Ela substitui o delegado Deuler da Rocha Gonçalves, afastado anteontem de seu posto na Delecoe (Delegacia de Combate ao Crime Organizado e de Inquéritos Especiais). O superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, trocou toda a equipe da Delecoe, a

13

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1503200219.htm

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divisão responsável pela investigação do chamado "caso Telemar". Segundo a assessoria de imprensa da PF no Rio, a mudança foi "um ato de rotina" administrativa. O delegado Itagiba trabalhou no Ministério da Saúde na gestão do atual pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra. Sua indicação para comandar a PF no Rio é atribuída a Serra. A delegada que vai assumir o "caso Telemar", assim como em todos os demais inquéritos que eram conduzidos pelo delegado Rocha Gonçalves, trabalhava na Corregedoria da PF no Rio, mesma área onde atuava o novo titular da Delecoe, delegado Marcos David Salene. O inquérito da Telemar é considerado um dos mais delicados atualmente em tramitação na PF, por envolver o nome do ex-diretor da Área Internacional do Banco do Brasil Ricardo Sérgio Oliveira, outro ex-colaborador de Serra. Ele participou das duas campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso e da campanha de Serra ao Senado. Oliveira foi acusado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães de ter cobrado propina de R$ 90 milhões para intermediar a participação da Previ (fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil) no consórcio que comprou a atual Telemar. Oliveira tem negado a acusação.

Em suma, auditores fiscais, Procuradores Fazendários, Policiais Federais, dentre outros, que não possuem as garantias constitucionais conferidas aos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público Federal, são afastados de suas funções, sob um falso manto discricionário, para impedir a prática de suas atividades legais, ferindo princípios constitucionais: moralidade, eficiência e impessoalidade.

Nesse contexto, o caso PROTÓGENES QUEIROZ é apenas mais um para beneficiar pessoas que teriam se desviado.

Não pode o Poder Judiciário ficar inerte diante de tal conduta de outro Poder, que gera um sentimento de impunidade que contamina toda a coletividade.

As palavras do Min. TARSO GENRO não servem para fundamentar o afastamento do Delegado (que o IP já estaria praticamente concluído, etc.).

Permitir isso é tornar a sociedade mais descrente dos seus valores, fazendo surgir mais corruptos, que irão buscar guarida na cúpula dos Poderes, em busca de impunidade penal, tributária, administrativa, etc.

Cabe lembrar que o presidente Lula conseguiu vislumbrar que o afastamento do Delegado PROTÓGENES, é prejudicial à investigação por ele desencadeada, o que parece extremamente óbvio.

Este também é o sentimento do procurador da República da República que participa do Inquérito Policial.

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Também entende dessa forma o presidente da CPI do grampo, que salvo engano já atuou como Delegado/Secretário de Segurança Pública14:

Presidente de CPI lamenta afastamento de delegado Marina Mello Direto de Brasília

O presidente da CPI das Escutas Clandestinas, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), lamentou o afastamento do delegado Protógenes Queiroz das investigações da Operação Satiagraha da Polícia Federal. O nome do delegado está entre os requerimentos de convocação que podem ser aprovados hoje pela comissão, já que o caso deve se tornar foco de investigação da CPI.

(...)

Itagiba afirmou que a saída de Queiroz da linha de frente do caso prejudica as investigações do inquérito. "É um grave prejuízo para as investigações a saída do delegado Protógenes", analisou.

Diante desse quadro, onde aparentemente houve um tumulto gerado pela cúpula da Polícia Federal e do Governo diante dos investigados no caso, o certo é que afastar o Delegado PROTÓGENES QUEIROZ e sua equipe, nesse momento da OPERAÇÃO SATIAGRAHA, SEJA POR QUE MOTIVO FOR, viola os seguintes princípios constitucionais: EFICIÊNCIA; IMPESSOALIDADE; MORALIDADE.

Ferindo o da moralidade já cabe ação popular por si só.

Ferindo o da impessoalidade e a eficiência, por gerar prejuízos à apuração e a busca pelo dinheiro público desviado, também cabe ação popular.

DO PEDIDO DE LIMINAR

Urge que seja deferida liminar para impedir o afastamento do Delegados PROTÓGENES QUEIROZ e de sua equipe e dos delegados auxliares Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro do Inquérito Policial que resultou na OPERAÇÃO SATIAGRAHA, ou determinar a recondução.

O perigo da demora é evidente.

14

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI3011824-EI12081,00-

Presidente+de+CPI+lamenta+afastamento+de+delegado.html

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Afastando-se o Delegado até que outro servidor se inteire do caso (se ele for honesto, como demonstrou ser PROTÓGENES, e tiver ânimo para investigar) demorará meses, correndo-se o risco, ainda, de o Poder Executivo colocar, o que é lamentável, um servidor “controlado” para tal função. Em escuta telefônica um dos investigados, em contato com Chefe do Gabinete do Presidente da República, já teria declarado dificuldade em impedir o prosseguimento do Inquérito Policial, por não ser o Delegado PROTÓGENES controlável15:

GREENHALGH ACIONA O PALÁCIO

No dia 29 de maio, Luiz Eduardo Greenhalgh conversa com o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, sobre a investigação da Polícia Federal. Carvalho se compromete a "levantar isso daí" com o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. Gilberto: Luiz?

Greenhalgh: Oi...

Gilberto: O general me deu o retorno agora... é o seguinte não há nenhuma pessoa designada na Presidência...na Abin...com esse nome, a placa do carro não existe. É fria, tá? Eles aqui acham que a única alternativa é que tenha sido caso de falsificarem documento...eles não consideram possível que seja da Abin, eu não falei com o Luiz Fernando ainda, mas não tem jeito... a Polícia Federal não usa a PM, eles não se misturam de jeito nenhum, tá... então eu acho que o mais provável é que o cara tava armando mesmo alguma coisa... mas com documento falso que também no Rio é muito comum, porque daqui não tem, eu pedi, insisti, fiz com o máximo cuidado tal.

Greenhalgh: ... deixa eu te falar, seria bom dar um toque no Luiz Fernando também, hein?

Gilberto: Eu vou dá, eu vou dá, amanhã cedo eu tenho que falar com ele vou levantar isso dai também.

Greenhalgh: Tem um delegado chamado Protógenes Queiroz que parece que é um cara meio descontrolado.

Gilberto: Ele tá onde o Protógenes agora?

Greenhalgh: Aí, tá aí em Brasília.

Gilberto: Ah aqui em Brasília.

A fumaça do bom direito também está presente com base nos relatos aqui firmados, que indicam que, nas grandes operações que ocorreram, agentes e Delegados da Polícia Federal foram afastados, removidos

15

http://congressoemfoco.ig.com.br/NoticiaPrint.aspx?id=23246

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e processados, o que inibe qualquer atuação dos servidores contra pessoas do Poder.

O afastamento do digno Dr. PROTÓGENES QUEIROZ para participar de um curso, aparentemente, é apenas um péssimo argumento.

Mas se fosse verídico o motivo, o afastamento, nesse momento em que toda a documentação está apreendida, fere o interesse público que deve prevalecer sobre algum interesse privado do Delegado, diante da GRAVIDADE DOS FATOS INVESTIGADOS, não se tratando de um “mero inquérito” que pode ser passado para um colega.

Sucessivamente, requer-se liminar que determine o retorno do Delegado PROTÓGENES QUEIROZ, à presidência do IP da Operação Satiagraha, após o encerramento do “curso”.

Se a cúpula do Governo ou da Polícia Federal estiver de má-fé, o que se espera não seja o caso, facilmente será destruir alguma prova apreendida na operação, livrando-se algum alvo da futura ação do Ministério Público Federal, que como dito, não tem como analisar o material apreendido.

DO PEDIDO FINAL

Ante o exposto, requer, ao final, seja julgada procedente a demanda, no sentido de:

a) Confirmando-se a liminar deferida, determinar à Superintendência da Polícia Federal em São Paulo que mantenha na condução e presidência do Inquérito Policial, que resultou na Operação Satiagraha, o Delegado PROTÓGENES QUEIROZ, suspendendo a realização do curso de capacitação noticiado, bem como mantenha os delegados auxiliares Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro e toda a equipe que já vinham trabalhando no caso até a conclusão do Inquérito Policial, ouvindo-se, antes da liberação dos servidores para outras tarefas, o Ministério Público Federal;

b) Condenar os réus nas custas do processo e em honorários advocatícios.

Requer ainda:

c) Sejam citados os sujeitos passivos acima designados, nos endereços mencionados, para os termos da presente ação;

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d) Seja intimado o Ministério Público Federal para participar do feito, de acordo com o art. 6º, §§ 4º e 7º, inciso I, da Lei n° 4.717/65.

Provará o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito, inclusive testemunhas e depoimento dos Delegados afastados.

Dá-se a causa o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Brasília, 23 de julho de 2008

IVO DE LEMOS TAVARES

OAB/RJ n° 134.948

JULIANA DOLABELLA

OAB/RJ n° 147.662

Documento anexado: Doc. 1 – procuração ad judicia e certidão de quitação eleitoral.