existência de soluçõe periódicas pars a uma equação de ......existência de soluçõe...

60
Existência de soluções periódicas para uma equação de segunda ordem com retardamento Fábio Silva de Souza Orientador: Profa. Dra. Sandra Maria Semensato de Godoy Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Matemática. "VERSÃO REVISADA APÓS A DEFESA" Data da Defesa: 20/04/2005 Visto do Orientador: jcvw(lfa Í ^^ USP - São Carlos Junho/2005

Upload: others

Post on 24-Jan-2021

26 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Existência de soluções periódicas para uma equação de segunda ordem com

    retardamento

    Fábio Silva de Souza

    Orientador: Profa. Dra. Sandra Maria Semensato de Godoy

    Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Matemática.

    "VERSÃO REVISADA APÓS A DEFESA"

    Data da Defesa: 20/04/2005

    Visto do Orientador: jcvw(lfa Í ^ ^

    USP - São Carlos Junho/2005

  • Ao meu pai o a Luiz.

  • Agradecimentos

    A Deus. polo dom da vida e por me permitir concluir este trabalho apesar de todas as

    dificuldades.

    A meu pai. a pessoa que mais acreditou em mim e contribuiu de maneira decisiva para esta

    conquista.

    A Universidade de São Paulo.

    A CAPES, pelo apoio financeiro.

    A minha orientadora Profa. Sandra Ma,ria Semensato de Godoy, pelo auxílio e pela amizade

    constante em todas as horas em que sua presença se fez necessária.

    A todos os funcionários do ICMC-USP, que tornaram esta tarefa mais agradável.

    Aos amigos de sempre, Everaldo de Mello Bonotto, Angela Leite Moreno e Profa Márcia

    Pederson, pelo apoio nos piores momentos desta caminhada.

    A Luiz Benedito Cézar que está sempre comigo e sempre me apoiou, mesmo nas horas

    turbulentas, com seu mais sincero amor, carinho e afeto.

    Mais que agradecer eu dedico este trabalho à meu pai: Altino, pelo incentivo, encorajamento

    e principalmente por permitir esta oportunidade única de me desenvolver. Se cheguei tão longe

    devo isso a você.

  • Abst rac t

    In tliis work wc are interested iu deteriuiniiig coiiditions for tlie existcncc of nontrivial

    pcriodic solutions of tlie rctardcd funetional difíerential (xiuat.ion:

    m + f(4t)):m + í](*(i-r)) = o (i)

    using tlie delay as parameter. The equatiou (1) is known as Lienard equation and nnuiy studics

    about this equation have been made. The nrost general hypothesis used to a large extent of

    these studies is xg{x) > 0 for ali x £ R \ {0}. Here we will use a weaker hypothesis to reach

    onr results and later these will be applied in physical and biologieal models as tlie sunllower

    ecination.

  • Resumo

    Neste trabalho estamos interessados em determinar condições para a existência de soluções

    periódicas não - triviais da equação diferencial funcional retardada de segunda ordem:

    a-(t) + f(x(t))x(t) + g(x(t ~ r)) = 0 (2)

    utilizando o retardo como parâmetro. A equação (2) 6 conhecida com equação de Lienard e

    uma série de estudos a respeito desta equação foram feitos. A hipótese mais geral utilizada em

    grande parte dos trabalhos a respeito desta equação é x 0. para todo x fc R \ {0}. Aqui

    utilizaremos unia hipótese mais fraca para alcançar nosso resultados o posteriormente ast.es serão

    aplicados em modelos físicos e biológicos como a equação do girassol.

  • vi

    Sumário

    Introdução 1

    1 Pre l iminares 6

    2 Exis tênc ia Local de Soluções Periódicas para a Equação de Liénard 11

    3 Exis tênc ia Global de Soluções Periódicas 23

    4 Apl icações a mode los Fís icos e Bio lógicos 47

  • 1

    In t rodução

    Um dos fenómenos biológicos bom definidos c estudados em inúmeros trabalhos consiste

    110 movimento do caule de algumas plantas durante o seu desenvolvimento. Este fenómeno foi

    estudado em [7] e [8], Nestes trabalhos um fato observado é que estes movimentos variam de

    planta para planta. Por exemplo, os caules de pés-de-íeijão fazem um movimento de torção

    enquanto crescem. Já os caules da planta, do género Helianthus desenvolvem movimentos

    oscilatórios durante o seu crescimento, sendo por isso chamadas de plantas da luz e da escuridão.

    Este nome deve-se ao fato de que tais plantas sempre parecem estar voltadas para os locais de

    maior luminosidade. Um exemplo deste género de planta é o girassol.

    Eni relação às plantas do género Helianthus podemos ver em [16] um estudo interessante feito

    sobre os movimentos que os caules desta planta desenvolvem durante seu crescimento. Neste

    estudo, os biólogos D. Israelsson e A. Jolmsson observam que esto movimento é oscilatório e

    depende da quantidade de auxilia existente no caule da planta. A auxilia é um hormônio de

    crescimento responsável pelo desenvolvimento do caule.

    Quanto à auxilia, durante os estudos feitos cm [16], foi concluído que a quantidade de auxilia

    110 caule de tais plantas depende do tempo durante o qual ocorre a ação da gravidade e da

    temperatura ambiente sobre o caule. O mecanismo para o desenvolvimento do caule, segundo

    os autores de [16] se dá através do acúmulo de auxilia em um dos lados do caule, o qual se

    desenvolve de maneira mais rápida que o outro. Por sua vez, o lado do caule que está com

    menor quantidade de auxina tende a produzir este hormônio afim de equilibrar o crescimento do

    caule. Porém, este lado quantidade tende a produzir auxilia em excesso e cresce mais fazendo

    com que o caule da planta, se incline para o outro lado. Deste lado, o processo acima descrito

    repot.o-se e a planta se desenvolve desta, maneira fazendo um movimento oscilatório.

    Também em seu trabalho, Israelsson e Jolmsson elaboraram um modelo matemático para

    controlar este crescimento através do ângulo de curvatura do caule. Este modelo foi novamente

  • trabalhado pelo matemático Alfredo Somolinos em [22]. Passamos agora a desenvolver este

    modelo.

    A figura acima mostra a parte superior do caule de uma planta lleliantlms. Os lados

    denotados por 1 e 2 tem comprimento l \ e h respectivamente. Podemos perceber que:

    2 a r = l\ —1.2

    Como tanto o ângulo de curvatura o e o comprimento dos lados do caule dependem da

    quantidade de auxina concentrada e esta, por sua vez, depende do tempo de exposição t do

    caule da planta à ação da gravidade e da temperatura, faz sentido dizermos que

    d d d. 2r — a = -r i - -r 9 dt dl dt

    Ou seja

    d d t a = 27

    d d JlU Jt2 (3)

    onde d = 2r é o diâmetro do caule. Quando o caule da planta está inclinado, ocorre o

    transporte tranversal de auxina do lado maior para o lado menor do caule. Experiências descritas

    em [1GJ justificam a hipótese da existência de uma relação linear entre o crescimento dos lados

    do caule por unidade de tempo o a concentração de auxina neste lado, isto é

    —/,• = KIC, + K. I = 1. 2. K constante (4) dl •

    onde C\ e C-> são as concentrações de auxina nos lados 1 \ e lo respectivamente e K\ é uma

    constante positiva.

  • 3

    Além disso foi constatado experimentalmente que o aumento 110 comprimento dos lados do

    caule por unidade de tempo é logaritmicamente dependente da concentração de auxina neste

    lado.

    A equação (4) significa, portanto, que em unia concentração pequena de auxina, a curva

    logarítmica está sendo aproximada por unia reta.

    De (3) e (-1) obtemos:

    Para enfatizar que a equação acima depende do tempo t. escreveremos a par t i r de agora

    jt»(t) = ( - ^ y e m - a m (5)

    A diferença da concentração de auxina nos lados do caule é chamada de gradiente de

    concentração. Ainda podemos supor que o gradiente de concentração da auxina, no instante

    t, cansando uma reação no mesmo instante t, é proporcional ao seno do ângulo formado pelo

    caule com a linha vert ical. Entretanto, existe um intervalo de tempo entre o acúmulo de auxina

    num dos lados do caule e a reação do caule (a sua inclinação). Seja t,Q o instante em que o

    estímulo ocorre e t o instante da reação do caule. Então, pode - se verificai1 experimentalmente

    que as posições da planta entro os instantes /.() e I, possuem alguma importância, para o gradiente

    da concentração do auxina. Também é claro que o gradiente de concentração de auxina, depende

    mais do instante t - l.0 do que do instante /.. De fato. para expressar uma relação verdadeira entre

    a posição da planta e o gradiente de concentração, devemos introduzir uma função " 'peso"/, a

    qual é zero para instantes infinitamente depois de t. Podemos expressar todos estes argumentos

    na fórmula

    r + oo CW) - Cl (I.) = K> I ./'(• s) sen n (t - st^ds (6)

    onde K'2 o uma constante positiva, /( .s)b é unia, função "peso"tal que lim /(.s) = 0 e •S —' + oo

    / ( ! ) = 1 e .s é uma variável adimensional. Pa ra .s £ [0,1), /(.

  • 4

    A função "poso"'descrita acima pode ser qualquer uma que satisfaça as condições exigidas.

    Porém uma função que mais se aproxima do modelo fisiológico descrito é a função / ( s ) =

    g -a l s - i ^ o u t j c a Q uma constante positiva. Observe que / ( l ) = 1 e lim f(s) = 0. Além disso

    esta função descreve o fato que a planta "lembra"de sua posição não apenas no instante t — íq,

    mas também nos instantes posteriores, embora em um grau menor. Com isso posto, a equação

    acima torna-se

    r + oc

    à(t) = —b exp(—a(s — f )) s ena ( i — st,o)ds (7)

    Fazendo a mudança de variáveis w = st o — t obtemos o seguinte u; +1

    s /()

    -w = t- sta

    I - ,s/.() - II!

    dw = t()ds

    Para s = 1 temos w = to — t

    Para s —> -|-oc temos w —> +oo

    Logo a equação (7) se torna

    ' O . / / , , - / ' ' ' V " V Í0

    Então note que de (8) e lembrando agora que podemos escrever t = /(«') temos

    á(t) = -•— I^ exp ) ] sen rv( — w)dw (8)

    Resolvendo a integral acima por partes obtemos

    b -rv(í) = - —

    < o

    W + t — to" exp | - a | j j senn(- ' iv

    + oo

    ~ I (.x]) ^ - a ^ 1 ^ t() ) ) sen a( — w)dw

    Agora observe que

    = -f C ' c x p t 0 (^T^)) —

    ((j)

  • Substituindo 11a equação acima temos

    íi(/) = — lim t() «—>-t-oc

    E, portanto.

    ri(í) = sen n(t — í()) - ^ n ( í ) k k

    E,logo,

    ct(í) + + - sen a(t - r) = 0 (10) r v

    A equação (10) c conhecida como equação do girassol, em virtude do girassol ser o principal

    representante do género Helianthus. O matemático Sornolinos em [22] estudou a estabilidade e

    a periodicidade das soluções de (10) utilizando o valor a como parâmetro.

    A cqnação (10) é uma generalização da equação de Lienard, sendo conhecida como equação

    diferencial funcional com retardamento de Lienard. Esta, equação foi estudada em diversos

    trabalhos como [3], [4], [5], [G[. [10], [11]: [12], [13], [20], [21], [22], [24] e [27].

    A forma mais geral da EDFR de Lienard é:

    m + f w - ) ) - m - \ - < Á x { t - r ) ) = 0

    Neste trabalho estudaremos em particular [24]. Faremos algumas modificações nas idéias

    utilizadas pelos autores trazendo todos os detalhes dos resultados enunciados 110 referido

    trabalho. Além disso para esta equação utilizaremos o retardo como parâmetro. Por fim,

    modificaremos uma das hipóteses mais utilizadas no estudo desta equação. Em geral, a hipótese

    mais comum na procura de soluções para esta equação é que xg(x) > 0 para todo x £ R \ {()}.

    Entretanto, para esta hipótese, utilizaremos uma condição mais fraca a respeito da função g.

    No capítulo 1 daremos alguns conceitos e resultados básicos da Teoria de Equações

    Diferencias Funcionais com Retardamento e da Teoria das Equações Exponenciais que serão

    utilizados posteriormente.

    No capítulos 2 e 3 estudaremos a equação de Lienard quanto â sua estabilidade, dando

    condições de existência de soluções periódicas para determinados valores de retardo. Por lim,

    110 capítulo 4, aplicaremos os resulatados desenvolvidos em alguns modelos biológicos e físicos,

    como o modelo acima proposto.

    exp -a -1 - k k)

    - n) — sen n (í — /, 0) - f " (O k)

  • 6

    Capítulo 1

    Prel iminares

    Neste capítulo, laremos algumas definições e enunciaremos alguns resultados básicos e outros

    mais gerais da. teoria das equações diferenciais funcionais com retardamento, bem como da teoria

    das equações exponenciais, as quais serão ut ilizadas 110 decorrer do nosso trabalho.

    Seja r > 0 um número real dado, K = (—00, +oc), Rn o espaço vetorial linear n-dimensional

    sobre o conjunto dos números reais com norma | • |, C([a, 6],RW) é o espaço de Banacli de funções

    contínuas cujo domínio 6 o intervalo fechado [a,í>] com valores em R" c com a topologia da

    convergência uniforme. Se [a, b] = [ - r, 0] então denotemos C = C( [--/•,()]. R") o designemos a

    norma de um elemento 0 de (.' por

    \ 0 tais que x e C{[a - r, a + A),R"), (í, xt) £ D e x(t) satisfaz a equação 1.1 para

    t e [a, a I- A).

  • Def in ição 1.2. Para cr € R e £ C. dizemos que a Junção x(a: ;r° uniformcniente sobre [a0 - r.b\, entendemos que. para qualquer e > 0,

    existe um k\ (c) tal que xk(t), k > k\(f). é definida sobre [ uniformemente

    sobre [a° — r + e. b\.

    Teorema 1.3. (Unicidade) Suponha que íí seja um eonjanto aberto em R x C. / : R x C IR"'

    é contínua e f ( t , ) é Lipschitziana em em cada subconjunto comjmcto dc í í . Se }{o.(j>) £ Çl,

    então existe uma única solução da equação (1.1) através de (

  • 8

    A seguir enunciaremos alguns resultados os quais serão utilizados no decorrer dest.e trabalho.

    Teorema 1.4. Considere a. função matricial

    ni Ett(s) = si - ^ Ajexp(—cxshj

    o

    onde a> 0, 0 < h\ < ... < hm e Aj c uma matriz n x ri complexa para j = 1. 2...., m.

    Seja ainda a{Q) = sup{Re(s)\det(Q(s)) = 0} se, det(Q) 0 para, um conjunto finito de valores

    de s e a{Q(S)) — — oe se det(Q(s)) ^ 0 para todo s.

    Então, paru cada a > 0. a{Fa) é finito e define uma função continua em a, desde que a seja

    um autovalor simples.

    Este teorema encontra-se demonstrado em [9](Teorema 2.1).

    Teorema 1.5. Seja / ( A . R ) = X2 + « A + b\e~XT + c + de~Xr, onde a. b, c. der são números reais

    c r > 0. Então, à medida que r varia, a soma das multiplicidades dos zeros dc f no semi plano

    aberto direilo pode mvdar somente se um zero de f ajHirece ou se existir um A neste semiplano

    tal que / ( A , r ) = ÍUJQ, U>O 6 R .

    O resultado acima pode ser encontrado em [G] (Lema 1).

    Teorema 1.6. (Ascol i - Arzelá) Sejam K um espaço métrico compacto e E c C(K.W").

    Suponhamos que exista N > d tal que |/(:r) | < N, para quaLstiutu- x ç- h\ f € /v e (jue JC seja

    equicontínuo. Então E é relativamente comiísw.to.

    Este resultado encontra-se demonstrado em [1],

    Teorema 1.7. Sejam K c um suconjunlo fecha d, o. limitado, convexo e de dimensão infinita em

    um espaço dc BanacJi X. A : K \ {:í'o} —> K uma aplicação completamente c.onthiu.a

  • 9

    T(h) = í J a

    ,-b V{6)h{0)d0, h e £!([tt,b],WL)

    As considerações al)aixo referem -se à uma classe especial de equações diferenciais funcionais

    lineares com retardamento:

    onde L : C —-> R" é uma função linear contínua. Esta hipótese implica que existe uma função

    matricial n x n. da forma »/(0), com —r R". cv € R} é de

    uma raiz ca.rnctcristica A(rv) da EDFR(L(a)) de classe C1 para |rv| < evo 0.

    2. Existem um subconjxmto K Ç C fechado c convexo com 0 £ K c S > 0, tal que:

    8. Existe uma função completamente continua D : K \ {()} —> [cv. +oo), 0 < n tal que a

    aplicação definida por:

    Mt) = E(xt)

    classe C]. Sc. Ao é uma raiz ciiracteristicti, simples da EDFR(L({))). então existe. um o 0 > 0 e

    v = v(6)= rnf{\7rxeK. = 6} > 0

    A(/) = xl)^{(P), 0tK\{0}

    levando K \ {0} sobre K é completa,mente contínua.

    Então 0 é um ponto ejetivo de A.

  • 10

    As considerações abaixo refercra-se ao Teorema da Bifurcação de Hopf.

    Consideremos uma família a um parâmetro de equações diferenciais funcionais re tardadas

    da forma:

    x(t)= F(a,xt), (1.2)

    onde F(a, (/>) tem primeira e segunda derivadas contínuas em relação a a e 0, para a € IR, G C

    e F(n, 0) = 0 para todo a.

    Definimos L : R x C ^ R " por:

    L(cv)\I/ = FlJ{a,0)^.

    onde Fa{«, (J) 6 a derivada de F(a. ô) com respeito a em 0 = 0.

    Consideremos as seguintes hipóteses:

    1. A EDFR(L(0) ) linear tem uma raiz característica imaginária pura simples Ao = ivo ^ 0 c

    todas as raízes características A j Ao, Ao satisfazem A j ^ tííAq para qualquer inteiro m.

    Como L(a) c continuamente diferenciável em relação a a. de acordo com (12](Lenia 2.2,

    seção 7.2), existe no > 0 e uma raiz característica simples A(«) da equação EDFR(L(a ) )

    linear, que possui derivada contínua A(n) em o, para | a | < no.

    2. /?r(Á(0)) ± 0

    T e o r e m a 1.11. (B i furcação de H o p f ) :

    Suponhamos que F((\. ò) seja. continuarneiite diferenciável com respeito a a e | < 5q.

  • 11

    Capítulo 2

    Existência Local de Soluções

    Periódicas para a Equação de

    Liénard

    Consideremos a equação de Liénard com retardo finito

    x(t) f(x(t))x(t) + ç,(x(t. - r)) = 0 (2.1)

    onde r é uma constante positiva, / e g são funções de classe C2 c

  • 12

    Observe que x(t) 6 solução cia equação (2.1) se, e somente se X(T) for solução da equação

    (2.2). Sendo assim, se desejarmos obter resultados a respeito da estabilidade da solução nula

    para a equação (2.1) basta analisarmos o comportamento da solução nula para a equação (2.2).

    Deste modo. determinemos a equação característica associada à equação (2.2). Notemos que

    a parto linear daquela equação, desenvolvida através da série1 do Taylor ('tu torno do zero, é

    X(R) + rf(i))X (r) + r2g(0) + r 2 r / (0)X(r - 1)

    Donde, tendo em vista a igualdade (2.2) obtemos

    X(t) r / ( 0 ) X ( r ) + + R2g(Q)X(T - 1) = 0

    Ao considerarmos como solução da equação (2.2) a função X"(r) = CCXt, onde c é uma

    constante não nula, então obtemos

    X2CCXT + R / ( 0 ) C A C A R -I- r2n(0) + r2Á(0)eeA(r-b = 0

    Como E 0. //(O) = 0. //(()) = II e /(()) = IH, segue que a equação característica da equação

    (2.2) é

    A2 + nirX + nr2e""x = 0

    Para estudarmos a estabilidade da solução nula daremos alguns resultados a respeito da

    equação característica (2.3).

    L e m a 2.1. Existem ro G R+ e LJQ G R ta,IS que para r G (0, /'o), todas as raízes da equação

    (2.3) têm partes reais estritamente negativas. Se r = >'o então a equação (2.3) tem um único

    par de raízes imaginárias puras, a saber z\ = ÍLOo e z2 = -iu>o enquanto todas as outins raízes

    têm parte real estritamente negativa e 0 < /• o < ,t((OK--

    e 0 < ujo < f.

    Dcmonsl raçao:

    Suponha inicialmente que exista w ê R tal que z\ = ito e "-2 = —/o; sejam raízes da equação

    (2.3). Então, observe que:

    z2 + rrnzi + nr2e~~' = 0

    Donde

  • 13

    -tu2 + rnriuj + nr2e = O

    Isto é

    —LO2 irniuo -| NR2 c:os(LO) — NR2isun(ui) = 0

    Ou seja

    -J2 -I- rir2 eos(w) ) I /I »/ru> - nr~ scn(^) ) = 0

    Assim, obtemos o siste:

    LO'2 = nr2 cos(w)

    rwru; = / / / •2 sen (a;)

    Da mesma forma, observe que se Z2 = —iu>, então zo também é raiz da equação (2.3).

    Por outro lado. suponha que exista w é R tal que w satisfaça o sistema acima.

    Deste modo, observe que se z\ = iw temos

    z2 + wrz\ + nr2e~s> = —LO'2 + VIVÍLO + nr2 cos(w) — rnr2 sen (o;) = 0

    Analogamente se c2 ~ "'huJ então z-2 satisfaz a, equação acima.

    Desta maneira, a condição necessária e suficiente para que z\ ~ iu) e z-> — - iw sejam raízes

    da equação característica (2.3) é que u> seja solução do sistema..

    Do sistema (2.4) obtemos, elevando a segunda equação ao quadrado,

    o o 2 1>"l" •>

    LO = —íj- se i r LO m-

    Substi tuindo a igualdade acima na primeira equação do sistema (2.4) obtemos

    Isto é

    = n 2 r 2 cos c

    vi2 1 — COS2 LÚ = — COS LO (2.-r>)

    II

    0 2

    E. logo. cos u,- cosu; - 1 = 0

    Fazendo y = cos LO obtemos:

  • 14

    nr y + — fjf — 1 = O

    71

    E daí, obtemos os seguintes valores de y

    . / m4 + árfi _ m2 _ y J = e y 2 =

    Da primeira equaçao do sistema (2.4) temos que

    a;2 r, = COSUJ

    nr

    Como ur > 0, n > 0 e r 2 > 0 segue que 0 < cosa; < 1.

    Agora,, observe que para quaisquer coust.aut.es positivas vi e n temos

    n r = Vm'1 < \ /n i 4 4 4n2 (2.G)

    /7n1 +4Íi2 Donde < II

    E, portanto. 1/2 < 0.

    Por outro lado, observe que 0 < 4nni.

    Donde w 1 + 4 / r < m* -I- Amir 4n2 = (m2 + 2n2)'2.

    Portanto.

    -m2 + \ / m r - f 4 n2

    2ri < !

    Isto ê y\ < 1.

    Ainda, de (2.(i) segue que

    -nr -I \/vr1 +- 4 ;;1

    2n

    E : portanto 0 < ,Í/I < 1.

    Desta forma segue que

    -rir + vímr+4n~ COSî ' =

    27)

    Definimos então / —rir + y/m'1 + 4n2 \

    OJo = arccos I — I (2.7)

  • 15

    n> = ( 2 . 8 ) yjn cos lJo

    Obsc]'veinos agora que

    2 1 2 2 4/1 2 \

    •n r0 scnwo = n r 0 ( l - cos u>o)

    Substituindo (2.5) na equação aciuia obtemos

    n2rq sen u>o = nr^m 2 cos u/o

    Da primeira equação do sistema (2.4) segue que

    n2?o seu2 ú-'o = m2o — mrou>u (2.9)

    E, ainda.

    ujf) = rir2 cosido ( 2 . 1 0 )

    Desta maneira, de (2.9) e (2.10). vemos que o par ordenado (wo. n>) satisíaz as equaçòe,s do

    sistema (2.4). Desta forma. z\ = IUo e z

  • 1(5

    Assim, concluímos que

    uJQ 2Á'7T 2Á'7T ri = — H = ?'o H . para algum inteiro k.

    ^/n cosuj{) sjv cosnj() y/v/coscvi)'

    Observe agora que se k = 0, então r\ = r 0 , o que é absurdo. Por outro lado, se /,: é um . . . . . 2KN inteiro positivo então r\ > rq. visto que - > 0.

    ^ í COS Ul>[)

    Por outro lado observe que 0 < cos^o < 1

    Donde, segue que 0 < u>o < f •

    Daí.

    0 < — < ^ eos í j n coswo

    E, ])ortanto,

    2kir (2k -f- l)ir 0 < 7*0 + < v

    y/n cos U)Q Y

  • 17

    Então do Teorema 1.1 do Capítulo 1 sabemos que

    a(Fr(A)) = sup{Rc(A) : dct(Fr(A)) = 0}

    é finito e é uma função contínua de r. Em outras palavras, estamos afirmando que o supremo

    da parte real das raízes da equação (2.3) varia continuamente com o parâmetro r. Observe que

    para r = 0 temos a seguinte equação:

    A 2 = 0

    cuja raiz dupla e A = 0. Assim a (Fq(A)) = 0.

    Consideremos agora a função

    X\r) = o(7') i^(r) (2.12)

    representando as raízes da equação (2.3) satisfazendo o(0) = o(•/•()) = u.'(0) = U e ^(/'o) = iJq.

    Então ol)serve que

    A2(t) + rmX(r) + nr2e~X(r) = 0

    Daí, derivando a equação acima obtemos

    H X ( r ) , , J M r ) \ , .Vo._-A(r) _ „2 2 A ( r ) — + /77 A(r) + + n 2re~Á(r} - r 2 e dr V dr j \ dr

    Donde

    dX(r) dr

    2A(7'„) ' " ' ' o A(r„) r = r{]

    Como A(/'o) = i.uJo obtemos

    A('/'o) - 2n/•()(' Air,,)

    dr [2ioJo + mro ~ nrQCo.swo + inrf -MIUJQ — 2nr'ncosu;o + 2INRQSENU>O

    Tendo em vista as equações do sistema (2.4) obtemos

    dX('r] dr |i(2a.'o + íuroiJo) T mro - Wq] = i(—mwo + 2mwo) -

    ,2

    íílíl •''O

  • 18

    Donde

    rZA(r) dr (?/)//o - u,'5) I Í(2U,'O -f mroun))]

    Ou seja

    d X (r dr' r=r0

    I 2ro/ít.'o-ro)[(mro - - *(2u.'o -(•• mrw0)l •'•o[("wo - + (2u>0 + mr

    Fazendo A = ro[(mro — w(2)2 + (2^o + mrujo)2] obtemos

    dX(r) dr

    - vii\)|- cjj' + 2/cjq + imro^j] + 2i^,o?,(2'"2 •• 'Zmiu^ro + iníu/pro + 2ni Ã

    ií ,2,,.2

    E. logo.

    (ÍX(r) dr

    SmujQVQ +o>,'J + 2 ,2U;q — twqWQ

    '"'•o A + 7 -

    A

    Deste modo, como dr

    da(r dr + /

    riw(r) d/r

    segue que

    dr ('òmu>{\r{) bn^2r2)

    A

    Desta forma, existo 6 > 0 tal que para r d (m S, ro à), a função n( r ) é crescente.

    Consequentemente a função a(Fr(X)) é crescente neste mesmo intervalo.

    Como a(Fru(X)) — 0, segue que existe r\ < r 0 lai que a(Fr, (A)) < 0. Além disso. a(Fr(X)) /

    0 para r 6 (0,ro). Desta maneira, pela continuidade de cr{Fr{A)) segue que a(Fr(A)) < 0 para

    •/• £ (0, n))-

  • 19

    Portanto, para r £ (0,ro) todas as raízes da equação (2.3) tem partes reais estritamente

    negativas, enquanto que para r = ro existem apenas duas raízes imaginárias puras e as demais

    raízes também possuem partes reais estritamente negativas.

    Por fim, observe que já mostramos que 0 < wo < — e além disso observe que rg = 0 2 y/v cos ujo

    Donde segue que 0 < r0 < j ^ H T ^ r

    E, portanto, o lema está provado. •

    Definimos agora as seguintes constantes

    2/7r RJ = 'o + , J J = 0, f, 2, ...

    y/n cos u>o

    onde a»o e ro são definidos por (2.7) e (2.8). Para r = r j está provado 110 lema acima que

    z\ = Í.UJQ e zo — —WO é o único par de raízes imaginárias puras da equação (2.3).

    Definimos aluda

    A j ( r ) = (\j(r) + í^jj(r), j = 0, 1, 2,...

    como sendo as raízes da equação (2.3) satisfazendo o ; ( r / ) = 0 e a»j(ry) = a>o-

    Com isto, obtemos o seguinte resultado

    L e m a 2.2. Sejam A,-(r) = j(r) como definido acima. Então:

    d , > 0 R = RI

    Demonstração:

    dendo em vista que Xj(r) 6 raiz da equação (2.3), então para cada j = 0, 1. 2,... temos que

    X2(r) + mr\j(r) +nr2c.x'{r) = 0

    Deste modo, toniando-se a derivada em ambos os membros da equação acima obtemos

    Isto é

    2 A ( r ) ^ - + m U r ) + r ^ ) + n í2re~^ - ) = 0

    2Xj (;•) I vir - vr2cX'(r^ = ~mXÁv) "" 2™-{r)

    Donde

  • 20

    d w N -rn.X-Ar) - 2nre x>{r — A Ar) = -dr 2A j ( r ) + mr - nr2(Mr

    Por hipótese, sabemos que A,- (r,-) = cvy (ry) + iujj (ry) = íw».

    Desta forma, obtemos

    Do lema anterior, segue que:

    ~rniuj{) — 2nro cosu;()2mro sen^o 2wo + " ' ''o — m-jj cosmo + '" ' 'o senwo

    d Ih-

    Xj(r) -

    Portanto, segue: que

    '3muj{jr() + w0 + 2í/ru.,Qí,õ . 2u,'{, — mrou>'Q I- 2muar A

    onde A = ?'o[(mr0 - ujf})2 + (2w() + m r ^ o ) 2 } .

    d , Tendo em vista que — XAr

    dr

    A

    segue ([ue

    T r ^ ' 'òmuQ-ro + wjj + 2m~u/0r0

    Ã >

    Agora, daremos um resultado importante a respeito das raízes da equação caraterístiea (2.3).

    L e m a 2.3. Para r = r-)t j = 0, 1, 2 , . . . , a equação característica (2.8) tem um único par de

    raízes imaginárias ptiras e 2j raízes com parte real positiva enquanto todas as outras raízes tem

    parte real estritamente negativa.

    Demonstração:

    Para esta demonstração utilizaremos o primeiro princípio de indução finita sobre j .

    Com efeito, note que para j = 0, ou seja, quando r = ro, a equação caraterístiea (2.3) têm

    um único par de raízes imaginárias puras que são z\ = iu>O e z^ = —ÍCOQ, enquanto as demais

    raízes desta equação possuem parte real negativa, como provado 110 Lenia 2.1.

    Suponha agora que o lema seja válido para k 6 Z_ . ou seja. que para r = /'A- a equação (2.3)

    tem um único par de raízes imaginárias punis. 2k raízes com parte real positiva enquanto todas

  • 21

    as outras raízes tem parte real estritamente negativa: e provemos que esta afirmaçao continua

    válida para k + 1

    De fato. observe que para r = r^ - j temos apenas um par de raízes imaginárias puras, como

    foi mostrado na demonstração do Lema. 2.1. a saber: = /u.'o e z-j = - k d

    > 0. Logo. teremos a Além disso, para r = ?>.| i temos, pelo Lenia 2.2 que — n j ( r dr partir de r = uma raiz com parte real positiva, ou seja uma raiz 110 semi - plano:

    A = {(x,y) e K2 : > 0 e y G M}

    Desta forma, a soma das multiplicidades das raízes da equação (2.3) 110 semi plano A se

    alterou. Pelo Teorema 1.5. temos a existência de mais unia raiz da equação (2.3) com parte real

    positiva,. Como as raízes desta equação vêm sempre aos pares, temos a, existência, dc: mais duas

    raízes a partir de r = •/•*•+1 com respectivas partes reais positivas.

    Como da hipótese de indução já tínhamos 2k raízes com parte real positiva, passamos agora

    a ter 2 (k + 1) raízes com parte real positiva, duas raízes imaginárias puras e as demais raízes

    com parte real estritamente negativa, isto completa a prova do lema. •

    Por fim, apresentaremos uni resultado a respeito da estabilidade da solução nula da equação

    ( 2 . 2 ) .

    Teorema 2.1. Para r 6 (0,ro). a solução nula da equação (2.2) é assinloticamente estável.

    Para r > ro, a solução mda da equação (2.2) é instável e para r sufictciilt-uiente próximo a

    r.j (J = 0. 1. .2 ....), a equação (2.1) apresenta bifurcações de Hopf.

    Demonstração

    Pelo Lema 2.1. todas as raízes da equação característica (2.3) têm respectivas partes reais

    estritamente negativas para r £ [0,ro). Desta maneira se r e (O.ro), a solução nula da equação

    (2.2) é assintoticamente estável.

    Por outro lado. para. r > ro algumas raízes da, equação característica (2.3) passam a ter parte

    real estritamente positiva. Assim a, solução nula, da equação (2.2) é instável para r e (''o, H-oc).

    Por fim, para valores próximos de Tj{j = 0, 1, ,2 ,...) temos do Lema 2.3 a existência, de

    um único par de raízes imaginárias puras da, equação característica (2.3) não nulas. Ainda, do

    Uo. Lema 2.2 temos que RE ( —A;-(r) d í/7 Portanto, pelo Teorema de Bifurcação de Hopf, a equação (2.2) apresenta bifurcações de

    Hopf para r suficientemente próximo de r j para j = 0, 1, 2

  • 22

    O teorema acima mostra que quando o retardo r está próximo de ry para j = 0. 1, 2. ....

    a equação (2.1) apresenta bifurcações de Hopf e. portanto, apresenta soluções periódicas de

    amplitude pequena.

  • Capítulo 3

    Existência Global de Soluções

    Periódicas

    Para estudarmos a existência global de soluções periódicas para a equação (2.2), retomemos o

    sistema associado a esta equação, isto 6:

    X(r) = Y ( j ) (3.1)

    Y(T) = -rf(X(r))Y(r)-r2g(X(T- 1))

    Até agora assumimos que / e g são funções de classe C2, /(O) = in. g(0) = n e g{0) = 0.

    Além disso assumiremos que:

    1. m > n > 0:

    71 11 2. Existe uma constante A tal que A > — | 7 c para todo x £ [-A, A] \ {0} temos as 2 711-

    seguintes condições:

    • /(-.r) = f(.v)

    • /(.'•') > 771

    • xg(x) > 0

    • í ; Í » = -

  • Para o sistema (3.1) o espaço de fases definido é o espaço de fases usual, isto é

    C = C ( [ -1 . 0] , l t2) = {92 : 9 : [-• 1, 0] > R2 contínua}

    A norma de cada y j g C 6 definida por:

    M = sup |^(0)| -1

  • 25

    Notemos então que G é o polígono fechado PQR.P\Q]R\P. Para demonstrarmos este lema.

    basta provarmos que todas as trajetórias da solução z(r) que passam em algum ponto da fronteira

    de G entram e permanecem 110 interior de G. Para isto, analisemos o comportamento da solução

    em cada um dos segmentos que const ituem a fronteira, de G.

    1. Segmento RP\

    Se 7o é tal que está neste segmento então y(ro) > 0. De acordo com o sistema (3.1)

    sabemos que A'(to) = l ' ( ro) . Portanto X(T) é não-decrescenfe em alguma vizinhança de

    ro e, desta forma, a trajetória da solução deve entrar no interior de G.

    2. Segmento RQ

    Se ro c tal (jue Z{TQ) está neste segmento, então í/(to) = — . Pela. condição 2. sabemos que 111

    f(X;) > IH e \ = 0 rii

    Portanto Y(TO) < 0. Desta maneira a trajetória da solução deve entrar no interior de G-

    3. Segmento QP

    Note que as coordenadas do ponto Q são ' — j . Este ponto é o i)onto de int.erseção

    das retas y = — e x + —y — A. Deste modo. observe que: rn rn'

    •> vn x{) + —5- = A rrr

    Donde segue que XQ = A —

    Pela condição 1. n > 0. Assim, segue que 0 < xq < a. Consideremos agora a trajetória da

    solução z(t) = (X(T),Y(T)) 11a região I. Nesta região segue do Teorema do Valor Médio

    que:

    \X(R) - X(T - 1)| - |A'(01 onde r 1 < £ <

    Do sistema (3.1) e da condição 3 segue que;:

    , / N, rn ( . r2n\ rn ri , r2n | AR - 1 - X T = 7 0 < - < ( A - — ) = >!- — = ,:„

    111 V 111- ) N 111 711-

  • 26

    Se existe T\ e K tal que a tra.jetória z(T) = (X(T),Y(T)) intercepta o segmento PQ cm

    algum ponto z ( n ) = (A'(ti), Y(TI)) então X(r 1 ) > XQ e então

    E daí,

    E, portanto,

    |A'(n - i ) - A ' ( n ) | 0 para todo x e [-A. A] \ {0}. Desta forma, obtemos

    que (j{x[t\ f)) > 0, pois 0 < x(ti — 1) < a.

    Além disso, seja /j a inclinação do segmento PQ. Então:

    u = rn < ^ ^

    -rm A — zq m

    Por outro lado. se a inclinação da trajetória z(T) = (X(T).Y(T)) em r = r j for H, então:

    /•> = lim Y^-Y^ - h) Y(T,)- V(N - H)

    = lim — h ,0 X(t\ ) - X(t| - h) /,- .() xí i lUX] h -/o

    Y(r,)

    Pelo sistema (3.1) obtemos

    h = x w = ~rnx{Ti)) ~1 < - r i ( A ( r j ) )

    Pela condição 2, f(X(Ti)) > m. Logo, l2 < —rm, isto é, 1-2 < l\. Portanto a trajetória

    Z(T) entra no interior de G.

    4. Segmento P R i

    Se existe mu m tal que Z{TQ) = (À'(ro). Y(RO)) esteja neste segmento, então Y(TQ) < 0.

    Do sistema (3.1) sabemos que A'(r(l) = l"(r()). e. então, segue que A'(r) é decrescente neste

    segmento e, portanto, a trajetória da solução Z(T) entra no interior de (,'.

  • 27

    5. Segmento fí\Q\

    Seja ro tal que ~(Vq) esteja neste segmento. Então Y(TQ) = - — . Da condição 2 sal)emos m

    que f ( x ) > m e |t/U')| < n para todo x e [-A. A] \ {0}. Desta forma, pelo sistema (3.1)

    obtemos:

    Y(T) = -rf(X(T))Y(T)-,-2y{X(T-l))

    = r f ( X ( r ) ) (-Y(T)) - r"tj(X(T - 1)) > rm j r2-» > 0

    Desta maneira, segue que a função Y é não-decresccnte, e segue que a trajetória da solução

    z(r) entra no interior de G.

    6. Segmento Q\P\

    Observe que Q i = (xo- ) c o ponto de iuterseçào das retas y = e x 4 ij = —A. V 777 / m 77? '

    Portanto. :?:0 + - ( - - ) = - A " m V tu I

    Donde

    r2n •''o = — j -- A m-

    Da condição 1 sabemos que n > 0. Assim, segue que XQ > —A.

    Consideremos agora a trajetória da solução z(r) na região III. Pelo Teorema do Valor

    Médio temos:

    \X(r) - X ( r - l ) | = |y(0|. t--l

  • 28

    Pela condição 2 sabemos que xg(x) > 0 para todo x e [-A,A] \ {0}.

    Como -A < X ( t i - 1) < 0, segue que fy(X(r, - 1)) < 0.

    Seja então l\ a inclinaçao do segmento P\Q\. Então

    /1 r-n

    Porém, se a inclinação da trajetória da solução z(r) em r = t\ for l2 temos, do sistema

    (3.1):

    / V TL FÍ Y( W r 2 g A T, - 1 H = -777—R = - ' ' . / W N ) ) 777-T < -R}{X[TI)) < —RM

    A r , x(Ti)

    Ou seja,

    h

  • • é a solução corri dado inicial

  • 30

    Desta forma X ( r ) c estritamente crescente e F ( r ) é estritamente decrescente nesta região.

    Portanto, existe um ponto TJ 6 R tal que Z(N) = (A(ri) .O) e a trajetória da solução Z(T)

    entra na região ff para r > ri .

    Por outro lado, observe que X(Ti) > 0 e A"(rj - 1) > 0. Desta forma, pelo sistema (3.1)

    segue que

    X ( r i ) = 0

    e

    F ( r , ) - - r / ( X ( r , ) ) y ' ( r l ) • R2G(X(T] - 1)) < -V2 0 tal que Y(T) < 0 para r G (ri , T\ + TF].

    Quando a trajetória da solução Z(T) está na região 11 temos Y(T) < 0. Desta fornia, pelo

    sistema (3.1) sabemos que X(R) < 0. Portanto X(T) é estritamente decrescente nesta

    região.

    Agora observemos que a trajetória da solução Z(T) não pode retornar à região I. Com

    efeito, se isto acontecesse então existiria um r ' > ri tal que Y(T') = 0, Y(T') > 0 e

    X ( r ' - 1) > 0.

    P o r é m Y{T') = -RF(X(T'))Y(T') - V2 > T\ tal que s(r>) = (0,.i/(ro)), IJ(R>)) < 0

    e para todo r > to, T em uma vizinhança, suficientemente próxima de TO temos a

    trajetória da solução Z(T) na região III.

    b) Existe T' tal que Y{T') > 0 e z(r) está na região II.

  • 31

    Sabemos que a t ra je tór ia da solução Z(T) não retorna à região II. Deste modo, para

    assegurarmos que a t rajetór ia da solução Z(T) passa para a região III, devemos nos

    considerar somente com a possibilidade de existir T2 > T\ tal que Z(T2) = (0,0) e a

    solução Z(T) estai' na região II para r G {T\,T>). isto dev

    caso pode haver a possibilidade de a t ra je tór ia da solução ir direto para a região IV.

    Com efeito, se existir tal to então do sistema (3.1) sabemos que X(T->) = 0

    e Y(T2) = -rf(X(r2))Y(T2) - r2g(X(r2 - f ) ) = -r2g(X(r2 - 1)) < 0.

    Desta forma, observe que a tangente à t ra je tór ia da solução z(r) em R = T2 é

    perpendicular ao eixo x.

    Pela continuidade de Y existe 5 > 0 tal que Y ( t ) < 0 para r G (r2 — õ , r 2 ) . Desta

    maneira, segue que X(T) < 0 para, r G (r2 - r2) .

    Por outro lado Y{T2) < 0. Logo, pela continuidade dc Y existem ò' e r:< tal que

    R-I G ( r 2 , r 2 + 5') e Y(T>,) < 0. Desta maneira, X( t3) < 0 e a t ra je tór ia da solução

    Z(T) entra na região III a partir de ry.

    Por out.ro lado. como X(T) = Y(R) e Y(T) < 0 para todo r tal que Z{T) esteja na

    região 111. segue que x 6 decrescente nesta, região e. portanto, a trajet ória, da solução

    Z(T) não retorna â região II nem sai do conjunto CL.

    Alem disso, para r > T-,\ + 1 temos cine X(T — 1) < 0. Desta forma, pelo sistema (3.1)

    temos que

    Y(F) = -V}(X{T))Y{T) - R2g{X(R - 1)) > -R2g{X{R - 1)) > 0, p a r a r > r 3 + 1

    Portanto, para t > v; + 1 a função Y 6 estri tamente crescente. Deste modo existe

    7~4 > TI tal cjue 2( r j ) = (A'(r,i,0) e Z{T) está na região 111 para r G ^3,74).

    Por iim, existe r5 G ( r y , r . 1] tal que A ( r 5 - 1) = 0 e Y(T5) < 0.

    Definimos ent ão Tj () = 75. Como 75 - 1 > 0 segue que T\[ip) > 1- Pelo teorema da

    dependência contínua segue ainda que Ti(

  • ii) Observe que:

    Ou, equivalentemente:

    rv — < Y{TS) < 0

    M

    0 < -Y(Tr,)) < — m

    iii) A'(r;-, - 1) = 0

    rn

    ou, equivalentemente,

    rn J

    v) A função X(T-, + 9) é não - crescente para 9 G [—1.0]

    P o r t a n t o ZTÍI^{ÍP) G - K .

    2. Seja Z(T) a solução da equação (2.2) com dado inicial onde

  • 33

    Pelo teorema, da unicidade segue ainda que z{—y) = -z{y>).

    Desta maneira, pelo item anterior segue que existe uma função

    'I\{ip) : A" \ {0} ^ fe+oo)

    tal que :

    zTl^( (1,+oc)

    tal que:

    e -K

    Porém:

    z^-^H-ip') =

    Observe ainda que —zT2^~v também é solução da equação (2.2) o z T 2 ^ v 6 K .

    Por fim, como ç ' depende; continuamente de segue que T-> é urna função contínua de

  • Observe ainda que Ti(tp) < T2 ( K da seguinte maneira,:

    B{p) =

    onde z(p) é a solução da equação (2.2) satisfazendo 20 = yP o T\{

  • < A + —. 9 £ [-1.01 rn

    Desta forma BKi é uniformemente limitado.

    Sejam agora z ' ^ 1 ' e z 1 ^ ) elementos de BK{. Então para quaisquer t \ e T2 no intervalo

    1,0], com n < rã c £ > 0 existe S > 0 tal que se | n — T2| ,) + - I- T2).y(T((pi)) - V(7 ' (^ 2 ) ) ) |

    Ou seja

    - zT'^(T2)\ < \X(T{^) + n ) - X(T(tp2) + r 2 ) | + \Y(T(^)) Y{T{^2))\

    Pelo Teorema do Valor Médio segue que existem ^ e f;2 no intervalo [i~i, T2] tais que

    \X(T(^) + ri)-X(T{^2)+T2)\ < | Á ' ( Í I ) [ | T 1 - T2\

    |V(7Vi)) Y(T(^))\ < t2\

    Logo

    | A ' ( r ( ^ ) + r 1 ) - X ( T ( ^ ) + r 2 ) | + | F ( T ( ^ 1 ) ) - F ( r ( ^ ) ) [ < | Ã ' ( 6 ) | h - r 2 | + | y ( 6 ) | h - r 2 |

    Por lim, observe que

    VI

    \Y(T)\ = \ - rf(X(r))y(t) - r2g(X(T - 1))| < \rf(X(r)Y(r)\ + \r2g(X(T - 1)[

    Segue então q \ i e |F ( r ) | < r2 maxx e |_, i . . , i f(.r.) + ri).

    Portanto.

    z ^ ^ i r y ) - z t ^ ( t 2 ) \ < |X(Çi) | | r , - r 2 | + j F ( 6 ) l h - r 2

  • 36

    Ou seja,

    RN

    m + R m

    N viuxx€[_AA]f(x) + n) ] | n - r 2 | < £ ))i

    Deste modo, segue que BK\ c equieontímio. Assim, pelo Teorema dc; Arzelá-Áscoli (Teorema

    1.6) sabemos que BK\ é relativamente compacto. Isto prova que o operador D é completamente

    contínuo. •

    L e m a 3.4. Seja r > ?•(). Então:

    onde A é autovalor da, equação (2.,'i). Re{A) > 0, /'o é definido por (2.8), é a 'projeção

    obtida relativamente à, decomposição de C citada no Teorema 1.9 (página 9) e ro c. o primeiro

    valor onde encontramos bifurcação de Hopf paru a equação (2.2).

    Demonstração:

    Retomemos o sistema (3.1). isto é

    u n f \ \ T T ç Ç- I\, ^ 1} > 0

    A » = Y(T)

    Y(T) = - r f ( X ( T ) ) - r 2 y ( X ( T - í ) )

    Então, a parte linear das equações deste sistema é dada por

    X(t) = Y(T)

    Y(T) = -rmY{T) - V~VX(T - 1)

    Escrevendo este sistema na forma matricial temos

    í X(r) \ Denotemos V(T) =

    V /

    Deste modo temos a equação matricial

  • 37

    , O 1 \ / O O , V(r) = | V(T) + | V(r 1) (3.3)

    O -tui J \ - r2n O Podemos reescrever a equação acima da. seguinte forma

    , 0 1 \ / 0 0 , v » = I K(0 ) + ) VVC—D

    (J —viu J y -r2n 0

    Observe que neste caso temos uma equação diferencial funcional autónoma da forma,:

    V(T) = L(VT)

    onde:

    , 0 1 \ / 0 0 , m = | U ( o ) + 1 0 ( - i )

    0 —rm / \ -r2n 0

    0(r)= |

  • 38

    , O 1 \ / O O H(T) = - H ( T ) | — H(T + 1) Í

    O -mi J y -r2n O

    Reescrevendo esta equação cm forma de sistema, obtemos

    Ú (T) = V2NW (T + F)

    \V{T) = -U{T) + rmW[r)

    Sejam agora ç = (p.«) e ^ = (b, F). com

  • Consideremos agora uma sequência (

  • 40

    Isto é.

    Donde.

    ( t f .^s) = nv , (0 ) + ?7Vs(0) - r-

    4 rru j sen(rr((? | L))0w(0)r/0

    II r •7(0 + 1 ) , . , eos(rr(fi» + I ))o6,s((9)f/(9

    a ^ , ( 0 ) - r2n j e-~i[U+í} cos(a{9 +

    /•O + i / V , ( 0 ) + r 2 n c

    10+i)

    Af>+]hcii{a(0 + Í))(!>.s(0)d0

    E, portanto,

    /•O = oí^,(0) - r2n j v ~>{0''1) cos(ct(0 + l))c/>,(0)

  • 41

    Por outro lado. lira = 0. Logo. lim,s._+oc

  • Donde

    lim (A I - A 2 ) 0 S ( O ) + r 2 n e - A J ) _ e-Ai(^-l) = o

    Observe que <

    Portanto.

    lim r~n e - A 2 ( 0 + l ) _ g — A i ( 0 + 1 ) ÓS{6)

  • 43

    (A I + rni)e~XiT - AJ [ (A I + rm)r + h]e~XíT = r2n(r + 1 + U ; ) E " A | ( R ^

    CRX'T - A I ( R + U;)E~X[T = - [(AI + R M ) R + li.\E~X'T + VIII{T + U ' ) E " A , R

    E, logo. para r = 0 temos

    A] -+ rm - A = r " n ( l f u.>)r.~A|

    1 — Ai w = —h + rnrw

    Ou seja,

    -A|/j — r2iiwe~x> = r2ne~Xl — A| — rm

    -h + rnrw = 1 — A \w

    Da secunda equação do sistema (3.6) obtemos

    h = - 1 -I- (A, + rrn)w

    Substituindo o valor de h na primeira equação do sistema (3.G) temos

    —A|[—1 + (A, + rm)w] - r2nwc~M = r 2 w T A | - Ai - rm

    Tendo em vista que Ai ó a.ut,ovalor da equação (2.3) segue que

    r2ne A | = - A? - rm A.

    Donde,

    Ài f — 1 4- (Ai + rm)w] Ai (Ai + rm)u: = -X2 - mr\\ - Aj - rrn

    Ou seja, Af + 2A| 4- rmXi 4- rm. = 0

    Resolvendo a equação aeima obtemos:

    ^ -(rrn + 2)tVr2m2 + 4

    (3.6)

    Porém, note que —4rm < 0.

  • E, portanto, r'2rn2 + Arrn + 4 — 4 r m < r2rn2 + 4rrn + 4.

    Isto é,

    r 2 rn 2 + 4 < (rm + 2) '

    E. logo, \j(r'2rii2 + 4) < (rrn + 2).

    Deste modo A] < 0. o que contraria nossa hipótese.

    Isto completa a prova do lenia. •

    T e o r e m a 3.1 . Se as hipóteses 1, 2 e 3 são válidas, então o sistema (3.1) tem soluções

    •periódicas não-triviais de período maior que 2; para r > ro, onde ro é definido por (2.8) e é o

    primeiro valor de existência de bifurcação de Hopf da equação (2.2).

    Demonstração :

    Inicialmente observemos que:

    i) I\ é fechado

    Com efeito, sabemos que K G K. Consideremos então p — (ç>.p) C T\. Desta forma

    existe uma sequencia = (

  • f{s) = (1 - s)ip 1 + S?2 = ( ( 1 - s ) 0 1 + S02. (1 - + sp2); S G [O, l j

    M o s t r e m o s q u e f ( s ) e K p a r a s e [0,1] . D e fat.o, t e n d o e m v i s t a q u e 2 e s t ã o e m K

    t e m o s :

    rn rn 0 < Pi < — e 0 < p2 < — rn rn

    Como s G [0.1] segue que (1 — .s) > 0. Logo,

    Portanto.

    Ou seja,

    ,rn rn rn 0 < (1 - s)pi sp2 < (1 - -s')— + -s— = — rn ni rn

    (1 - s)çí>i(-l) + s 0 2 ( - l ) = 0 . para s e (0.1)

    (0) + — < A e d>2(0) + — < A m rn

    (1 - s ) 0 i ( O ) + (1 - s)— + s(p 2(0) + s — < (1 - s ) ^ + a A m rn

    ,s)(.ò,((.)) -I ,s)(0)J -!- — < A 111

    — Sejam x e y elementos de [—1,0], com x < y. Então

    (1 --*), (:;;) + scl>2(x) < (1 - s)0i (y) + sè2(y), se [0,1]

    Portanto, f(s) € K, para s € [0, 1]. Desta forma, K é convexo,

    iii) K é limitado.

    Observe por fim que pelo Lema 2.2 a equação característica (2.3) possui autovalores com parte

    real positiva para r > r(). Além disso, pelo Lema 3.3, o operador B é completamente contínuo.

    Ainda, pelo Lema 3.4 segue que se A e autovalor da equação (2.3) com Re( A) > 0, então

    mj{|tta(V?)|. ? G A". M = 1} > 0.

    Logo. pelo Teorema, 1.10. segue que (•'',.//) = (0.0) é um ponto ejetivo de B.

  • 46

    Além disso, pelo Lema 1.7 segue que D possui um ponto fixo que não é ejetivo. Seja

    ip íz K \ {()} este ponto. Então temos que

    Ou seja Zf(ip) o periódica com período maior que 2T](ip). Como Ti( 1 segue que

    27}((P) > 2. Isto prova o teorema. •

    Por lim, note que a solução X*(r) da equação (2.2) tem período pj maior que 2. Seja então p2 o

    período da solução ./:(/,) da equação (2.1). Como X(T) = x(t), onde /, = r r segue que

    x(t+p2) =x(t)

    Ou seja. x (r (r &)) = x(rr).

    Donde. X (r -R >F) = X (r).

    Logo, pi =

    Ou, p2 = rp\.

    Como pi > 2 então p2 > 2r. Deste modo, concluímos que para r > ro a equação (2.1) possui

    soluções periódicas não - triviais de período maior que 2r se as condições do Teorema (3.1)

    estiverem satisfeit.as.

  • 47

    Capítulo 4

    Aplicações a modelos Físicos e

    Biológicos

    Neste capít ulo aplicaremos os resultados dos capítulos anteriores a alguns modelos físicos e

    biológicos.

    E x e m p l o 4.1. Já vimos no capítulo 1 a equação do girassol estudada por Somolinos em [22].

    A equação referida é a seguinte:

    x(t) + --x(/,) + l^sen{x{t - •/•)) = 0 (4.1)

    onde a, b e r são constantes positivas.

    Se fizermos a mudança de variável t = TT obtemos a seguinte equação:

    X(T) + ARX(T) + r2bsev{x(l - r)) = 0

    A equação característica então é:

    A2 + arX + br2c~x = 0 (4.2)

    Ainda, podemos observar que neste caso ternos:

    A B B j(x) =

  • Pelo Lema 2.1. existem valores u>o e ro tais que a solução nula e assintoticamente estável para

    r e [0, ro) e para r = ro a equação característica (4.2) possui somente duas raízes imaginárias

    puras. Ai = iu>o c = —ÍWQ, enquanto todas as demais raízes possuem partes reais negativas.

    Neste caso temos:

    { s/a4 + 4b2r2 - a2

    «* = — 2òr

    i V 2 ( / « ' -f 4l>2r2 - a2 r0 = r arccos —

    / a ' - I - A l > 2 r 2 - ,

    Deste modo. pelo Teorema 2.1 segue (jue a solução nula da equação (4.1) é instável para r > ro

    e para valores próximos de r ; onde

    "\/2 í \/a4+4b2r2 - a2\ 2jTrr\/2 , arccos — ) H : r . j = 1, 2,

    2 br a1 + 4b2r2 -a2)- \ / y/a1 + 4b2r2 - a2

    a equação possui soluções de amplitude pequena uma vez que para estes valores de r ocorrem

    bifurcações de Hopf.

    Por lim observe que temos o seguinte resultado:

    Teorema 4.2. Sc < r. r > r0 c r'1 + ar — an < 0 então a equação (4.1) possui soluções 7Tí7' com períodos maiores que 2r.

    Demonstração:

    Observe1 que:

    i) a > b donde - > - . Logo m > n > 0; R R

    ii) ry(0) = ^sen(O) = 0:

    iii) Para todo x G [ - tt. tt] \ {0} temos que:

    - /(-'•') = - = /(-x); r

    í(x) = -> m; r b

    - De acordo com o gráfico abaixo podemos perceber que xg(x) = x- sen(.r) > 0;

  • 49

    1.8-

    1.6

    1.4

    1.2 -

    1

    \ 0.8

    \ 0.6

    \0.4 - l

    Q,2

    - 3 - 2 - 1 1 x 2 3

    x) = — son (.;;) = -scn(-.-r) = //(-:?:); r R

    b < - = n. R

    -sen :r

    2b iii) Note que. —^ < r.

    NO „ . 7T b (Ju seja. — > —2 r.

    7T Ò E. portanto, tt > — r̂

    2 a.

    Logo, 7T > 2 u~ >

    7T Vi

    > 2 m~2' E. portanto.

    Por hipótese r > vq

    Corno r 3 + ar — «7r < 0 segue que ar + R"I < a TT.

    í r2n\ rn Segue que, r < tt T ~ • V ni- / n

    Assim, pelo Teorema 3.1 a equação (4.1) possui soluções periódicas nâo-triviais para r > ro

    com período maior cju 2r.

    E x e m p l o 4.3. Considere a equação do posição angular do leme de um navio de guerra com

    dispositivo de direção automática de Minorsky, estudada em [3]:

    .i:(t) + MX(L) + ip{x{t - r)) = 0

  • 50

    T e o r e m a 4.4. Para a equação acima, suponha que ip £ C2, e:

    1. Aí > 0(0) > 0.

    2. P(0) = 0

    •>'. Existe uma constante positiva H tal que II > ^ + e para todo x £ {- H, II) \ {0}

    tenhamos:

    • xy(x) > 0;

    • booi < m-r 2

    4• r o < r e — + r — H < 0. onde:

    ''o sjn cos ujq

    -M2-\ / i l / - ' - ) - 4 ^ ( 0 ) UJQ = arccos

    Então, a equação acima possui soluções periódicas com período menor que 2r.

    Demonstração:

    Observemos o seguinte:

    Fazendo uma comparação com a forma geral da equação estudada 110 capítulo anterior

    podemos perceber que f ( x ) = M. g(x) = n > 0 por hipótese;

    • Para todo x £ [--II. H] \ {0} temos:

    i) f ( x ) = C = f(-x):

    n) /;(()) - ^(0) = 0

    iii) f U ) = C > vr,

    iv) xg{x) = x 0 por hipótese;

    v) g(x) = ip(x) = -

  • 51

    vi) | — - r j r = T d P o r hipótese.

    2 Al- 2 nr

    • /'o < r. por hipótese.

    r2 • Por hipótese — + •/• - H < 0. Daí:

    7 r < H

    M

    Ou seja:

    H AP

    AI

    E. portanto:

    r < H nr2\ rn rn / n

    Agora, tendo em vista o valor de ro e LJo segue do Teorema 2.1 que para r e (0, ro) a solução

    nula é assintoticamente estável. Para r > ro segue do Teorema 3.1 que esta equação possui

    soluções periódicas com valor de período maior que 2r. •

  • Referências Bibliográficas

    [1] Brézis, H., Análisis Funcional: Teoria y Aplicacioucs, Alianza Editorial S.A.. Madrid

    (1984).

    [2] Browdcr, E.E., A Eurther Gcneralization of the Schauder Eixed Point Thoorein in Duke

    Mathematics Journal 32, .575 - 578 (1965)

    [3] Burton. T.A.. Stahility and Pcriodic Solution of Ordinary and Functional Diifereutial

    Equations Orlando Academic Press (1975).

    [4j Cliow, S.N., Existence of Pcriodic Solutions of Autonomous Eunctional Differential

    Equations in Journal of Differcntial Equations 15, 350 - 378 (1974).

    [5] Cliow, S.N., Hale. J. K., Pcriodic Solutions of Autonomous Equations in Journal of

    Mathematical Analysis and Applications 66, 495 - 506 (4978).

    [6] Cooke. K.L., Gossman. Z. Discreto Delay. Distributed Delay and Stahility Switches in

    Journal of Mathernatical Analysis and Applications 86, 592 - 627 (1982).

    [7] Darwin. C., On the Movements and Ha.bits of Clinibing Plants in Journal of the Linnenn

    Society of Botlianics 9, 1 - 118 (1865).

    [8| Darwin. F.. Pert./.. D.. On the Artificial Production of Rhythiu in Plants in Anuais of

    Botany 6. 245 - 264 (1892).

    [9] Datko. R. A Procedure for Determinafion of the Exponenfial Stahility of Certain

    Differential - Difference Equations in Quaterly of Applied Mathematics 36, 279 - 292

    (1978).

    [10! Grafton. R..B. A Periodicity Tbeorem for Autonomous Functional Differential Equations

    in Journal of Differential Equations 6, 87 - 109 (1969).

  • 53

    fll] Grafton, R.B., Periodic Solutions of Certain Liénard Equations with Delay in Journal of

    Differential Equations 11: 519 - 572 (1972).

    [12] Hale, J.K.. Theory of Functional Differential Equations Springer - Verlag, New York

    Heidelbcrg Berlin (1977).

    [13] Hale, J.K.. Lunel.S. \ I . V. Introductiou to Functional Differential Equations

    Springer-Verlag, New York Heildelberg Berlin (1993).

    [14] Hadeler, K.P., Delay Equations in Biology in Lecture Notes in Mathematiues,Springer -

    Verlag, Berlin 730, 130 - 156 (1979).

    [15] Heinden, U.an der, Peridic Solutions of a Nonlincar Second Differential Equation with

    Delav in Journal of Mathematical Aualysis and Applications 70, 599 - 609 (1979).

    [16] Israelsson, D., Johnsson, A., A Theory of Circuinnutations in Helianthus annuus in

    Physiologia Plantariun 20, 957 - 976 (1967).

    [17] Kolmanovskii. V., Myshkis, A. Applied Theory of Functional Differential Equa tions

    Kluwer Aeadeniic Publishers, Dordreeht/Boston/London (1992).

    [18| Lima. E.L.. Elementos de Topologia Geral. Impa: Livros Técnicos e Cientílicos, Rio de

    Janeiro (1969).

    [19] Pesin, J.B., On tlie Behaviour of a Strongly Nonlinear Differential Equatiou with a

    Retarded Argunient, in DifferentiaTnye Ura.vncnija 10, 1025 - 1036 (1974).

    [20] Nussbaum, R.D. Periodic Solutions of Some Nonlinear Autonomous Functional

    Differential Equations in Anualí di Matcniatica Pura cd Applicata 10, 263 - 306 (1974).

    [21] Norkin, S.B. Differential Equations of Second Orcler with Retarded Argument,American

    Mathematical Society (1972).

    [22] Somolinos, A.S., Periodic Solutions of tlie Sunllower Equation

    :)":(/) | - . r ( / ) | ~sin(x(t - r)) = 0 in Quatcrlv of Applied Matlieinaties 4. 465 - 478 (1974). r ' r

    [23j Tomiuk. 1.. lladeler. K.P.. Periodic Solutious of DiHerenee-Diflerential Equations in

    Archive for Ralional Mechanics and Aualysis 65, 87 - 95 (1977).

    [24] Wei, J., Huang, Q., Periodic Solutions of Liénard Equations in Dynamics oí'Continuous,

    Discreto and Impulsivo Systems 6, 603 - 614 (1999).

  • [25] Weissman. M.R., Existência clc Soluçocs Periódicas para uma Classe ele: Equações

    Diferenciais Funcionais Retardadas e Apiicaçõcs,Dissertação de Mestrado. ICMC - USP,

    São Carlos (1997).

    [26] Yorke, A.J.. Kaplan. J.L.. Ou the Nonlinear Differential Delay Equation

    x(t) = - / (x(í) . ; / : ( / . - 1)) rn Journal of Differential Eejuatious 23, 293 - 314 (1977).

    [27] Zhang, B., Ou the Retarded Liénard Equation in American Mathematicul Society 115,

    779 - 785 (1992).