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1
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA-UnB
FACULDADE DE CEILÂNDIA-FCE
CURSO DE FISIOTERAPIA
DIEGO IGOR DE OLIVEIRA AZEVEDO
EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE
ALTERAÇÃO DE SENSIBILIDADE E SUPORTE
DE PESO NO INDIVÍDUO COM DIABETES?
BRASÍLIA
2015
2
DIEGO IGOR DE OLIVEIRA AZEVEDO
EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE
ALTERAÇÃO DE SENSIBILIDADE E SUPORTE
DE PESO NO INDIVÍDUO COM DIABETES?
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade de Brasília – Faculdade de Ceilândia como requisito parcial para obtenção de grau de bacharel em Fisioterapia.
Orientador (a): Profª. Drª. Clarissa Cardoso dos Santos Couto Paz
BRASÍLIA
2015
3
DIEGO IGOR DE OLIVEIRA AZEVEDO
EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE
ALTERAÇÃO DE SENSIBILIDADE E SUPORTE DE
PESO NO INDIVÍDUO COM DIABETES?
Brasília,___/___/_____
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Drª. Clarissa Cardoso dos Santos Couto Paz
Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília-UnB
Orientadora
_____________________________________________
Prof.° Dr. Felipe Augusto dos Santos Mendes
Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília-UnB
_____________________________________________
Prof. Me. Franassis Barbosa de Oliveira
Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília-UnB
_____________________________________________
Profª. Drª. Luisiane de Ávila Santana
Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília-UnB
4
Este trabalho é dedicado a minha mãe, Vailde Maria de Oliveira, em recompensa ao seu amor e presteza.
5
AGRADECIMENTOS
Agradecer a Deus primeiramente por me permitir nascer e ser criado neste
país maravilhoso e cheio de oportunidades.
Agradecer a minha família, em especial a minha mãe e irmã pelo esforço
desempenhado dia a dia durante todos esses anos de graduação, sempre me
apoiando e compreendendo minhas impaciências e desesperos. A minha namorada
e futura esposa, Páblia Alencar, por me incentivar a estudar cada vez mais em
busca dos meus sonhos.
Agradecer aos meus amigos de infância que nunca se negaram a me ajudar
nas horas que precisei de auxílio.
Agradecer aos amigos: André Paz, meu artista preferido, a Érika Botelho, por
seus conselhos e regras de etiqueta e a Tatiana Tabita, por andar sempre em paz
com a vida e nos transmitir essa energia nesses 3 semestres de estágio. Aos
demais amigos, muito obrigado por me aturar nesses 5 anos, sou feliz em ter
conhecido vocês, obrigado por se unirem em busca de um Campus mais digno,
fechando pistas, enfrentando repressão e ocupando a reitoria desta Universidade
em busca de um campus melhor.
Agradecer ao professor Emerson Martins por ter me acolhido desde o meu
primeiro semestre nesta instituição. A Professora Liana por usar toda sua
inteligência e competência para transformar o HUB em uma referência em
fisioterapia no DF. A professora Clarissa Cardoso, que mesmo sabendo das minhas
limitações, se dispôs a me orientar nessa fase mais complicada do curso, que é a
escrita do TCC, e principalmente, por me aceitar no seu projeto de extensão, onde
aprendi o real significado da palavra fisioterapia.
Aos preceptores de todas as seis áreas de estágio por onde passei, nunca
faltaram cobranças, correções e ensinamentos, especialmente para o Roberto
Gevason por sua didática e facilidade em transmitir seus conhecimentos, e a
queridíssima Luísa Figueiredo por demonstrar que mesmo triste é importante sorrir.
Aos funcionários da conservação e segurança que limpam e protegem o
nosso campus, muito obrigado, seus serviços são indispensáveis para um bom
aprendizado.
6
“ Fé em Deus que ele é justo.
Ei irmão nunca se esqueça, na guarda, guerreiro
Levanta a cabeça truta, onde estiver seja lá como for
Tenha fé porque até no lixão nasce flor... (Racionais Mc’s).”
7
RESUMO
Azevedo DIO. Existe associação entre alteração de sensibilidade e suporte de peso
no indivíduo com diabetes?- Universidade de Brasília, Graduação em Fisioterapia,
Faculdade de Ceilândia. Brasília, 2015.
A Diabete mellitus (DM) é uma condição de saúde de etiologias variadas, que pode
ser causada por deficiência de insulina ou pela incapacidade de esta exercer seus
efeitos metabólicos de forma adequada. Essa condição pode levar a complicações
degenerativas que têm repercussões socioeconômicas, tornando-se um grande
problema de saúde pública. O objetivo desse estudo foi verificar se existe correlação
entre o comprometimento somatossensorial nos membros inferiores e as variáveis
baropodométricas, especificamente o suporte de peso. Foram selecionados na
comunidade, clínicas, ambulatórios e projetos de extensão da Universidade de
Brasília, um total de 84 indivíduos. Destes 42 apresentaram história de DM, e a outra
metade dos sujeitos não apresentava histórico de Diabetes mellitus. Foi utilizado a
estesiometria para avaliação sensorial periférica e o baropodômetro para avaliar o
suporte de peso durante a manutenção da postura ortostática. Dos 84 sujeitos
estudados, 67 não apresentam associação entre o aumento do suporte de peso e o
déficit sensorial, sendo este déficit calculado a partir da pontuação dos
monofilamentos, onde a nota 6 caracterizava o monofilamento com a menor calibre
e 0 para o monofilamento com maior espessura. Os resultados mostram que não
existe associação entre as variáveis, alteração do suporte de peso e déficit
somatossensorial em membros inferiores, desses 67 participantes que não
apresentam associação 34 compunham o grupo DM.
Palavras- chave: polineuropatia, úlcera plantar, pé diabético, monofilamento.
8
ABSTRACT
Azevedo DIO. Existe associação entre alteração de sensibilidade e suporte de peso
no indivíduo com diabetes?- Universidade de Brasília, Graduação em Fisioterapia,
Faculdade de Ceilândia. Brasília, 2015.
Diabetes mellitus (DM) is a health condition of varied etiologies which can be caused
by either low insulin or the inability of insulin itself exercising its metabolic effects
properly. This condition may lead to degenerative complications that have socio-
economic repercussions, becoming, thus, a serious health problem. The purpose of
this study was verifying if there is any relation between sensory impairment and
baropodometric variables, specifically the weight-bearing. Among community, health
clinics, and extension projects at the University of Brasilia, 84 individuals have been
selected. Out of them, 42 had history of diabetes mellitus, and the other half out of
the total number had no history of diabetes mellitus.Specific tools were used for the
evaluation of sensory function and weight-bearing while maintaining the standing
posture. 53 individuals, out of total 84, have showed no association between weight-
bearing increase and sensory deficit. It made clear that there is no correlation
between these variables, once individuals with higher pressure value at some
specific point in their foots, in turn, showed more preserved sensitivity than at points
with less pressure. 26 volunteers, out of these 53, make up the DM group.
Key-words: polyneuropathy, plantar ulcers, diabetic foot.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ___________________________________________________ 12
2 MATERIAIS E MÉTODOS __________________________________________ 14
2.1 Tipos de Estudo _______________________________________________ 14
2.2 Sujeitos _____________________________________________________ 14
2.3 Instrumentos _________________________________________________ 15
2.3.1 Reconhecimento Sensorial __________________________________ 15
2.3.2 Distribuição do Suporte de Peso _____________________________ 15
2.4 Procedimentos para Coleta de Dados ______________________________ 16
2.5 Análise Estatística _____________________________________________ 17
3 RESULTADOS ___________________________________________________ 17
4 DISCUSSÃO ____________________________________________________ 22
5 CONCLUSÃO____________________________________________________ 23
6 REFERÊNCIAS __________________________________________________ 24
7 ANEXOS______________________________________________________ 27
10
1-LISTA DE ABREVIATURAS
DCNT- Doenças Crônicas Não Transmissíveis
DM- Diabete mellitus
PND- polineuropatia diabética
MMSS- Membros Superiores
MMII- Membros Inferiores
PI3K- 3 fosfatidilinositol quinase
AVC- Acidente Vascular Cerebral
MPU- Membro Predominantemente Usado
MNPU - Membro Não Predominantemente Usado
PTI- Pressão em Tempo Integral
PMPP- Pico Máximo de Pressão Plantar
PPP- Pico de Pressão Plantar
MEEM- Mini Exame do Estado Mental
HNPU- Hemicorpo Não Predominantemente Usado
HPU- Hemicorpo Predominantemente Usado
DP- Desvio Padrão
SDP-superfície de descarga de peso
DAP- Doença Arterial Periférica
11
2- LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Figura 1 Instrumentos para avaliar sensibilidade e suporte de peso 15
Figura 2 Escala de cores e valores para pontuar a estesiometria 16
Tabela 1 Caracterização da população estudada 17
Tabela 2 Estesiometria do grupo controle e do grupo diabete mellitus 18
Tabela 3 Dados da razão de simetria 18
Tabela 4 Dados das variáveis baropodométricas 19
Tabela 5 Altura do arco index 19
Tabela 6 Correlação entre suporte de peso e baropodometria 20
Figura 3 Correlação entre estesiometria e baropodometria 22
12
1-INTRODUÇÃO
No ano de 2007, 72% das causas de morte no Brasil foram atribuídas as
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), com destaque para doenças do
aparelho circulatório (31,3%), neoplasias (16,3%) e diabetes (5,2%) [1]. A Diabetes
mellitus (DM) é uma condição de saúde de etiologias variadas, que pode ser
causada por deficiência de insulina ou pela incapacidade desta em exercer seus
efeitos metabólicos de forma adequada, podendo levar a complicações
degenerativas que têm repercussões socioeconômicas, tornando-se um grande
problema de saúde pública [2,3]. Esta doença tem aumentado em grupos de
pessoas com idade maior de 45 anos chegando a um aumento de 20% em
pessoas com idade acima de 65 anos [4] e estima-se que, em 2030, será de 4,6
milhões [5].
Cerca de 50% das pessoas com DM desenvolvem polineuropatia diabética
(PND). As PNDs formam um grupo heterogêneo de síndromes com diferentes
disfunções do sistema nervoso periférico, afetando primeiramente as fibras
sensoriais [6]. A perda sensorial nos dedos dos pés é o primeiro sintoma sentido
pelos indivíduos com DM, esse sintoma pode progredir para os pés e pernas,
conhecido na literatura como polineuropatia diabética (PND) em meias. Quando a
doença se encontra avançada, é possível que se desenvolva perda sensorial nos
membros superiores (MMSS), sendo o desenvolvimento similar ao dos membros
inferiores (MMII), ou seja, começa a partir dos dedos com uma progressão
proximal, sendo denominado na literatura como PND em luvas [7].
Fatores metabólicos e vasculares estão envolvidos em todas as fases da
PND, sendo que as alterações das fibras nervosas é a causa da sintomatologia
desenvolvida na PND [8]. O indivíduo com PND pode apresentar alterações do
sistema nervoso autônomo, das fibras nervosas periféricas sensoriais e motoras
[2]. Devido ao comprometimento vascular, a PND pode acometer o sistema
sensorial, que é caracterizado pela perda da sensação protetora, térmica e
proprioceptiva, este comprometimento vascular pode levar a alterações no fluxo
sanguíneo e na permeabilidade vascular das fibras nervosas periféricas,
aumentando a oclusão de pequenos vasos, gerando anormalidades na perfusão e,
por conseguinte, levando ao desenvolvimento das polineuropatias [9]. O
acometimento sensorial é iniciado pela agressão as fibras nervosas do tipo C que
13
são responsáveis por transmitir informações de dor, de toque leve e de temperatura
[10].
Com o desenvolvimento da doença, as fibras motoras poderão ser afetadas,
acometendo principalmente a musculatura do joelho e tornozelo podendo levar a
hipotrofia muscular dos pés e das pernas, aumentando o risco de queda desses
indivíduos [6]. O acometimento dos músculos tibial anterior, tríceps sural,
inversores, eversores, dorsoflexores e flexores plantares podem gerar alterações
posturais e biomecânicas da marcha, que por sua vez podem aumentar o risco de
queda desse grupo [11]. Os acometimentos posturais aumentam a pressão sobre
todo o ante pé, mesmo nos estágios iniciais da neuropatia sendo este aumento
mais notável com a progressão da doença [12], já as alterações biomecânicas da
marcha são: velocidade dos passos diminuída e redução da força dos músculos
dorso flexores [11]. Entre outros acometimentos metabólicos, a supressão da
enzima 3 fosfatidilinositol quinase (PI3K), proporciona a redução do crescimento
muscular sugerindo ter participação importante na perda acelerada da função
muscular em pessoas com DM [13]. As alterações motoras geradas pela hipotrofia
muscular podem desenvolver deformidades em martelo, dedos em garra e pés de
Chacort, tornando-se facilitadores para o desenvolvimento de úlceras enquanto que
pé cavo e pé plano parecem não te correlação com o surgimento destas [14].
Cordeiro et al (2014) buscaram correlacionar as variáveis baropodométricas
de Pressão em Tempo Integral (PTI) e Pico Máximo de Pressão Plantar (PMPP)
com a sensibilidade preservada nos MMII por meio da estesiometria, a perda
sensorial desses indivíduos foi advinda do acometimento por hanseníase
multibacilar, este estudo mostrou que a perda da sensibilidade mostrou preditivo
para úlceras plantares, demonstrando que a baropodometria associada com a
estesiometria é importante para entender o processo de formação de úlceras
plantares em pés neuropatas [15]. A baropodometria também foi usada para
avaliar o suporte de peso em indivíduos com AVC (Acidente Vascular Cerebral)
durante a postura ortostática (posição vertical) [16].
14
Grassi et al (2011) utilizaram a baropodometria para avaliar a variável Pico
de Pressão (PP) durante o suporte de peso após a manipulação da articulação
sacrilíaca em indivíduos saudáveis [17].
O objetivo desse estudo, portanto, é verificar se existe associação entre o
comprometimento somatossensorial nos MMII dos indivíduos com diabetes tipo 2 e
as variáveis baropodométricas, especificamente o suporte de peso, visto que um
maior suporte de peso em certas áreas dos pés são determinantes para o
surgimento de úlceras.
2-MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Faculdade de Ceilândia - Universidade de Brasília-UnB
Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, sendo todas as
medidas realizadas em um único momento para verificação de associações entre
elas [18].
2.2 Sujeitos
Foram selecionados na comunidade, clínicas, ambulatórios e projetos de
extensão da Universidade de Brasília, um total de 84 indivíduos destes 42
apresentaram história de DM, e a outra metade dos sujeitos não apresentavam
histórico de DM. Todos os participantes tinham idade igual ou superior a 60 anos.
Esses indivíduos foram recrutados no Hospital Regional de Ceilândia, Centro de
Saúde N° 06 de Ceilândia e frequentadores da escola de avós, sendo que as
avaliações foram realizadas no Laboratório de Análise do Movimento da
Universidade de Brasília, Campus Ceilândia. Todos apresentaram cognitivo
preservado, avaliado por meio do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), e não
apresentavam diagnóstico de doenças neurológicas, úlceras, amputações,
incapacidade de manter a postura ortostática e inabilidade de caminhar sem
auxílio. Todos participantes da pesquisa assinaram o termo de consentimento.
15
2.3 Instrumentos:
Foram utilizados instrumentos específicos para a avaliação da função
sensorial e o suporte de peso durante a manutenção da postura ortostática.
2.3.1 Reconhecimento Sensorial
Para analisar a sensibilidade da face plantar foi feito a estesiometria,
utilizando monofilamentos conforme utilizado na literatura, figura 1A [19]. Esta
técnica foi utilizada para avaliar a sensibilidade tátil em 6 pontos da face plantar,
quando avaliado a sensibilidade com monofilamentos 3 e 4 pontos é quase
semelhante se for feito em 8 e 10 pontos [20]. Os pontos avaliados nesse estudo
foram: cabeça das articulações metatarsofalangeanas do hálux, 3º e 5º artelhos;
bordas medial e lateral da face plantar, bem como a superfície cutânea do
calcanhar , figura 1B.
.
2.3.2 Distribuição do Suporte de Peso
Para avaliar as variáveis relacionadas ao suporte de peso foi utilizado o
baropodômetro (Arkipelago). Tal sistema é formado por sensores eletrônicos que
são capazes de captar informações do apoio plantar natural de cada indivíduo [15].
Os participantes foram orientados a ficar em posição de ortostatismo durante 30
segundos, olhando em um ponto fixo distante 3 metros, tempo suficiente para o
computador coletar os dados estabilométricos, figura 1C. Os pontos de suporte de
peso, de acordo com a baropodometria, são definidos como M1, M2, M3, M4 e M5,
localizados no antepé; MF no médio pé e LH e MH no retropé, conforme figura 1C.
16
Figura 1: A. Kit para teste de sensibilidade Semmes-Weinstein. B. Pontos de investigação de
sensibilidade. C. Imagem Baropodometria durante o teste estático.
Fonte: Acervo pessoal
Foi estabelecida uma nota de 0 a 6 para cada monofilamento conforme sua
cor e em ordem decrescente em relação a sua espessura para obter uma
pontuação numérica. Quanto mais fino fosse o monofilamento percebido ao toque,
maior seria a pontuação e, logo, maior também a sensibilidade, sendo seis a
preservação total da sensibilidade em cada ponto conforme indicado na figura 2. A
pontuação total dos 6 pontos avaliados foi utilizada para calcular a média dos
valores referentes a estesiometria nas regiões do ante- pé, médio- pé e retro- pé.
Filamentos Códigos Notas
Verde (0,05g) 6
Azul (0,2g) 5
Lilás (2,0g) 4
Vermelho escuro (4,0g) 3
Laranja (10,0g) 2
Vermelho Magenta (300,0g) 1
Ausência de sensibilidade 0
Figura 2. Escala de cores e valores definidos para cálculo da pontuação total da estesiometria obtida com monofilamentos em cada hemicorpo.
Os participantes foram posicionados em decúbito dorsal, com os pés fora da
maca e orientados a não olhar enquanto o examinador fazia a avaliação, iniciou-se
17
o teste pelo pé direito e depois o esquerdo, sendo o voluntário orientado a informar
ao avaliador sempre que percebesse o toque do monofilamento.
2.4 Procedimentos para Coleta de Dados
As medidas foram realizadas em sessão única seguindo a seguinte ordem: 1)
Aplicação do Mini Exame do Estado Mental; 2) Entrevista para obter informações
sócio – demográficas e relativas ao diabete mellitus; 3) Aplicação teste de Waterloo
Footedness Questionnaire (WFQ) [21] para definir a dominância do individuo em,
Hemicorpo Não Predominantemente Usado (HNPU) e o Hemicorpo
Predominantemente Usado (HPU); 4) Aplicação da técnica de estesiometria
conforme descrita anteriormente para obtenção de pontuação de reconhecimento
sensorial; (5) Avaliação baropodométrica para registro da distribuição do suporte de
peso. Foi um estudo observacional do tipo transversal, sendo as medidas coletadas
uma única vez no Laboratório de Movimento da Universidade de Brasília.
2.5 Análise Estatística
Foi feito Estatística descritiva das variáveis clinico – demográficas, além de
associação entre o suporte de peso e alteração de sensibilidade.
3- RESULTADOS
Participaram dessa pesquisa pessoas com idades entre 60 e 85 anos, sendo a
média de idade de 65,66 ± 5,75 anos para o grupo controle e 68,52 ± 6,96 anos
para o grupo DM (Média ± Desvio Padrão). A amostra foi representada por 95,3%
de indivíduos do gênero feminino, sendo que esta amostra majoritariamente do
sexo feminino se justifica pelo o fato dos participantes serem recrutados em
ambientes de educação contínua em saúde do idoso e/ou do diabético, sendo a
grande maioria dos seus frequentadores indivíduos do sexo feminino, tabela 1.
18
Tabela 1: Caracterização da população estudada.
Características Controle Diabetes Mellitus
Média
DP Média
DP
Idade (anos) 65,66 ± 5,75 68,52 ± 6,96
IMC (Kg/m) 25,84 ± 4,63 27,03 ± 5,72
n (%)
n (%)
Etnias
Faiodermo 30 72,42
21 50
Melanodermo 6 14,28
11 26,19
Leucodermo 6 14,28
10 23,8
Dominância Destro 38 90,47
40 95,23
(Waterloo) Sinistro 3 7,14
1 2,38
Ambidestro 1 2,28
1 2,38
Gênero Masculino 1 2,38
2 4,76
Feminino 41 97,61 40 95,23
Tabela 1: Idade, sexo, etnias, dominância e IMC (Índice de massa corporal). Os valores da tabela são dados em (Média ± Desvio Padrão) e n o número de indivíduos e porcentagem (%).
A tabela 02 descreve a média dos valores de estesiometria para o grupo
controle e grupo DM. Pode se observar que menores valores da estesiometria tanto
HPU quanto HNPU foram encontrados no grupo DM, tabela 2.
ESTESIOMETRIA Controle Diabetes Mellitus
Média
DP Média
DP
Média HPU 25,69 ± 25,85 22,19 ± 3,94
Média HNPU 25,28 ± 25,77 22,57 ± 3,85
Pontuação
Pontuação
Maior valor HNPU 30
30
Menor valor HNPU
21
12
Maior valor HPU 30
30
Menor valor HPU 17 10
Tabela 2: Estesiometria podálica dos indivíduos do grupo Controle e do grupo Diabete Mellitus dos seguintes pontos da face plantar: cabeça das articulações metatarso falangeanas do hálux, 3º e 5º artelhos; bordas medial e lateral da face plantar, bem como a superfície cutânea do calcanhar. NPU (Hemicorpo Não predominantemente Usado), PU (Hemicorpo Predominantemente Usado), os valores da tabela são dados em (Média ± Desvio Padrão).
19
A tabela 03 sugere que ambos os grupos utiliza HNPU para maior suporte de peso, tabela 03.
Tabela 3: Razão de simetria entre HNPU/HPU.
Razão de Simetria (HNPU/HPU)
Controle Diabetes Mellitus
Média
DP
Média
DP
Média 1,16 ± 0,21
1,25 ± 0,19
Maior 1,53
1,67
Menor 0,62 0,51
Tabela 3: HNPU (Hemicorpo Não predominantemente Usado), HPU (Hemicorpo predominantemente Usado), os valores da tabela são dados em (Média ± Desvio Padrão).
A tabela 04 mostra similaridade entre os grupos em relação às variáveis
(distribuição de suporte de peso, pressão máxima e média de pressão), entretanto,
observa-se a menor superfície de suporte de peso para o grupo DM, tabela 04.
Tabela 4: Tabela com as variáveis baropodométricas.
Tabela 4: HNPU (Hemicorpo Não predominantemente Usado), HPU (Hemicorpo predominantemente
Usado), os valores da tabela são dados em (Média ± Desvio Padrão).
Baropodometria computadorizada
Controle Diabete Mellitus
HPU HNPU
HPU HNPU
Média
DP Média
DP
Média
DP Médi
a DP
Distribuição do suporte de peso
46,55 ± 4,97 53,44 ± 4,97
44,74 ± 4,47 55,26 ± 4,47
Pressão máxima (Kgf/ cm2)
1,18 ± 0,2 1,45 ± 0,22
1,09 ± 0,09 1,44 ± 0,22
Média de Pressão (Kgf/ cm2)
0,62 ± 0,08 0,7 ± 0,08
0,61 ± 0,07 0,75 ± 0,09
Superfície de suporte de peso (cm2)
105,56
± 28,8
3 108,3
8 ±
28,73
96,74 ± 18,0
6 97,95 ±
19,49
20
O índice de arco (AI) é calculado como a razão entre a área de médio pé em relação à área total da face plantar com exclusão dos dedos [22]. A tabela 05 mostra que 19 indivíduos (HNPU) do grupo controle apresentam AI normais sendo 18 o número de indivíduos (HNPU) do grupo DM, tabela 05.
Tabela 5: Caracterização do AI
Arco index
Controle
Diabete Mellitus
HNPU
HPU
HNPU
HPU
n % n %
n % n %
Alto 12 28,57 7 16,66
8 19,04 7 16,66
Normal 19 45,22 22 52,38
18 42,85 17 40,47
Baixo 11 26,19 13 30,95 16 30,08 18 42,85
Tabela 5: Os valores da tabela são dados em, n o número de indivíduos e porcentagem (%) e HNPU
(Hemicorpo Não predominantemente Usado), HPU (Hemicorpo predominantemente Usado).
Para fazer a associação entre o suporte de peso e a estesiometria foi
observado apenas o pé com maior suporte de peso. Dos 84 sujeitos estudados 67
não apresentam associação entre o maior suporte de peso e o maior
comprometimento sensorial que foi avaliado pela técnica de estesiometria,
mostrando que não existe associação entre essas variáveis. Sujeitos com maior
valor de pressão em uma das áreas (antepé, médio pé e retropé) do pé, por vez
tem menos comprometimento sensorial do que em áreas (antepé, médio pé e
retropé) com menor pressão, tabela 6 e Imagem 3.
Controle (n) Diabete Mellitus (n)
Apresenta associação 9 8
Baropodometria
(maior valor) HNPU HPU HNPU HPU
n
n
n
n
Antepé 7 Antepé 0 Antepé 6 Antepé 0
Médio-pé 0 Médio-pé 0 Médio-pé 0 Médio-pé 0
Retropé 2 Retropé 0 Retropé 1 Retropé 1
Estesiometria
(menor valor) n
n
n
n
Maior déficit sensorial Antepé 1 Antepé 0 Antepé 0 Antepé 0
Médio-pé 0 Médio-pé 0 Médio-pé 0 Médio-pé 0
Retropé 2 Retropé 0 Retropé 1 Retropé 0
Mais de uma Área
6 Mais de uma
Área 0
Mais de uma Área
6 Mais de uma
Área 1
Não apresenta associação
33 34
HNPU HPU HNPU HPU
Baropodometria
(maior valor) n
n
n
n
Antepé 25 Antepé 5 Antepé 26 Antepé 4
Médio-pé 1 Médio-pé 0 Médio-pé 3 Médio-pé 0
Retropé 2 Retropé 0 Retropé 1 Retropé 0
n
n
n
n
Estesiometria
(menor valor) Antepé 1 Antepé 0 Antepé 0 Antepé 0
Maior déficit sensorial Médio-pé 1 Médio-pé 0 Médio-pé 0 Médio-pé 0
Retropé 9 Retropé 5 Retropé 15 Retropé 1
Mais de uma Área
17 Mais de uma
Área 0
Mais de uma Área
15 Mais de uma
Área 3
Tabela 6: Os valores da tabela são dados em, n o número de indivíduos e porcentagem (%).
Não há relação
Controle DM
baropodometria estesiometria baropodometria estesiometria
B) Há relação
Controle DM
baropodometria estesiometria baropodometria estesiometria
Figura 3: Caracterização dos modelos de associação entre estesiometria e baropometria.
4-DISCUSSÃO
Em 2013, uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostrou que 6,5% dos
homens brasileiros possuíam DM, em contraste com 7,2% no sexo feminino [1]. O
aumento do número de indivíduos com DM vem aumentando em virtude do
crescimento populacional associado com o envelhecimento, com o sedentarismo e
a maior sobrevida desses indivíduos [23].
Neste estudo os indivíduos apresentaram comprometimento sensorial mesmo
sem o diagnóstico de PNP, essas alterações estão associadas independentes do
gênero, com o aumento da idade e com doença arterial periférica (DAP), sendo que
homens acometidos por DAP tem 3 vezes mais chances de desenvolver PNP do
que as mulheres [24].
A literatura sugere que sensibilidade preservada na estesiometria é a cor verde
para as mãos e a cor azul para os pés, sendo avaliados todos os pontos [25].
Entretanto, apenas 19 dos 84 indivíduos apresentaram 30 pontos, ou seja, com
todos os seis pontos da face plantar sensíveis ao monofilamento azul, destes 19
sujeitos apenas 5 apresentaram 30 pontos em ambos os pés. Esses resultados são
explicados pelo aumento da idade dos indivíduos, no estudo de Visser et al. a idade
aumentada foi determinante para o aumento da incidência de neuropatia,
manifestando-se em 1 a cada 3 indivíduos com idade igual ou superior a 80 anos
e com o processo de envelhecimento, ocorre o aumento da prevalência de
polineuropatia criptogênica em maior proporção que a PND [26].
Na maioria dos indivíduos, não houve associação entre comprometimento
sensorial e maior suporte de peso porque, não somente a sensibilidade influência o
suporte de peso. Há outros fatores, incluindo a hipotrofia muscular que vai se
desenvolvendo gradualmente levando alterações principalmente nos músculos
intrínsecos dos pés e das pernas que contribuem para o desenvolvimento de
úlceras plantares [27]. As alterações originadas pela perda proprioceptiva causada
pela neuropatia desenvolvem mecanismos compensatórios alterando a mobilidade
da articulação do tornozelo [28] comprometendo o rolamento do pé durante a
marcha [29].
Em seu estudo Ramos et al demonstraram que os valores da referências do IA
da população brasileira foi de 0,21<0,25 e é similar ao da população americana.
Cavanagh et al (1987), classificaram o Arco Index (AI) em alto (≤ 0,21), normal
(0,21<IA<0,26) ou baixo (IA ≥ 0,26) [30]. Neste estudo, dos 168 pés avaliados
59,10% se apresentavam dentro dos valores da normalidade, encontrando uma
maior prevalência de pés planos no grupo DM. Esse achado está relacionado com
o IMC elevado, variáveis estruturais e biomecânicas e limitação da doença [31].
5-CONCLUSÃO
Este estudo demonstrou que não existe associação entre o déficit sensorial
com o maior suporte de peso em pessoas com diabetes mellitus.
6-REFERÊNCIAS
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31. García-Álvarez, Y et al. Morphofunctional characteristics of the foot in
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Metabolic Syndrome: Clinical Research and Reviews 2013. Vol 7. 78-82
APÊNDICE A
UnB – Universidade de
Brasília
Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias em
Saúde
FICHA DE DADOS SÓCIO-
DEMOGRÁFICOS
Nome:
Data de nascimento: _/
/ Idade: anos
Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino
Etnia: ( ) Leucodermo ( ) Melanodermo ( ) Faiodermo
Estado Civil: ( ) Casado/Amasiado ( ) Solteiro ( ) Separado/Desquitado ( )
Viúvo
Dominância: ( ) Destro ( ) Sinistro
Endereço:
Telefone: ( ) -_ ( ) -
Profissão:
Complicações
Tempo de exercício
profissional: EXAME
FÍSICO
Peso:
Kg Estatura:
m IMC:
K/m² Tipo
Diabetes:
Tempo de
diagnóstico:
Medicamentos:
Prática atividade física:
Complicações diagnosticadas:
ANEXO A
Data de
avaliação:
Mini-Exame do Estado Mental
Orientação Temporal:
Hora; Dia; Dia da semana; Mês; Ano.
(5)
Orientação Espacial
Em que tipo de lugar; Em que andar; Em que rua; Em que cidade; Em que estado.
(5)
Registro:
Repetir as três palavras: gelo; leão; planta.
(5)
Atenção e Cálculo
100-7; 93-7; 86-7; 79-7; 72-7 = 65
(5)
Memória recente:
Você se lembra das três palavras que lhe pedi para repetir a pouco tempo atrás?
(3)
Linguagem:
Nomear dois objetos: caneta, relógio.
Repetir: Paralelepípedo
(3)
Compreensão: comando em três estágios.
“Apanhe uma folha de papel com a mão direita, dobre-a ao meio e coloque-a no chão”.
(3)
Leitura: Ler e executar a frase abaixo:
“Feche os olhos”.
(1)
Escrita:
Escreva uma frase completa.
(1)
Visuoespacial:
Copiar o diagrama
(1)
ESCORE TOTAL (30)
AN
EX
O
B
TESTE DE WATERLOO PARA DOMINÂNCIA DE MEMBRO
INFERIOR
Por favor, responda cada questão do inventário de Waterloo, a seguir, da melhor forma
para você. Se você SEMPRE usa um pé para a atividade descrita, circule “Direita
Sempre” ou “Esquerda Sempre”. Se você frequentemente (mas não sempre) usa o pé
direito ou esquerdo, circule “Direita Ás vezes” ou “Esquerda Ás vezes”,
respectivamente de acordo com sua resposta. Se você usa ambos os pés com a mesma
frequência para a atividade descrita, assinale “As duas”.
Por favor, não simplesmente circule uma resposta, mas imagine a realização da atividade
e então marque a resposta. Se precisar, pare e realize o movimento.
1. Qual pé você usa para chutar
uma bola que está parada na
sua frente e alinhada com um
alvo também a sua frente?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
Ás vezes
Esquerda
Ás vezes
2. Se fosse ou tiver que ficar em
um pé só, em qual pé ficaria?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
Ás vezes
Esquerda
Ás vezes 3. Com qual pé você costuma
mexer na areia da praia
(desenhar ou aplanar a
areia)?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
Ás vezes
Esquerda
Ás vezes
4. Se você tem que subir uma
cadeira, qual pé você coloca
primeiro em cima dela?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
Ás vezes
Esquerda
Ás vezes
5. Com qual pé você tenta
matar um inseto rápido no
chão, como uma barata ou
um grilo?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
Ás vezes
Esquerda
Ás vezes
6. Se tiver que ficar em pé
sobre um trilho de trem, em
um pé só, qual seria?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
Ás vezes
Esquerda
Ás vezes
7. Se você tiver que pegar uma
bola de gude com os pés,
qual pé escolheria?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
ás vezes
Esquerda
ás vezes
8. Se você tem que saltar em
um pé só, qual seria?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
ás vezes
Esquerda
ás vezes 9. Com qual pé você ajudaria a
enterrar uma pá no solo?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
ás vezes
Esquerda
ás vezes 10. Quando estamos em pé,
parados, geralmente
largamos nosso peso mais
sobre uma das pernas. No seu
caso, em qual das pernas
você apoia mais o peso?
Direita
Sempre
Esquerda
Sempre
As duas Direita
ás vezes
Esquerda
ás vezes
11. Alguma vez houve alguma
razão (uma lesão, por
exemplo) que fez você mudar
sua preferência para alguma
das atividades citadas acima?
( )Sim ( )Não
12. Alguma vez você treinou uma das pernas em especial para alguma dessas atividades descritas?
( )Sim ( ) Não
Se você respondeu “sim” para as questões 11 e 12