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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DIRETOR PRESIDENTE DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, BRASÍLIA, DF. C/C EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DIRETOR PRESIDENTE DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, BRASÍLIA, DF. DENÚNCIA URGENTE (1) SINDICATO NACIONAL PRÓ-BELEZA – SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DO SETOR DE BELEZA, COSMÉTICOS, TERAPIAS COMPLEMENTARES E SIMILARES, fundado em 02/01/1919, inscrito no CNPJ 62.811.096/0001-25, Carta Sindical L001, F077, A1941, juntamente com o (2) CONSELHO NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DA BELEZA - PRÓ-BELEZA BRASIL ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PROFISSIONAIS EMPREENDEDORES EM MODA, BELEZA E ESTÉTICA, inscrita no CNPJ 02.303.586/0001-99, e (3) ABSB – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SALÕES DE BELEZA, ambas entidades com domicílio na Rua Domingos de Morais, 1457, Sala 3, Vila Mariana, CEP 04009-003, São Paulo, Capital, e-mail jurídico.probeleza@gmail; por suas procuradoras e advogadas subscritas, vêm a presença de Vossa Excelência apresentar, com fulcro nos tratados internacionais, sobretudo na convenção 111 desta OIT, DENÚNCIA CONTRA DISCRIMINAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO CONTRA TRABALHADORES E ATOS QUE COLOCAM EM RISCO A SAÚDE DOS TRABALHADORES em face de:

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Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DIRETOR ......Palácio da Redenção Praça João Pessoa, S/n - Centro, João Pessoa/PB - CEP: 58013-140 Governador do Paraná Curitiba Palácio Iguaçu

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DIRETOR PRESIDENTE DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, BRASÍLIA, DF.

C/C

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DIRETOR PRESIDENTE DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, BRASÍLIA, DF.

DENÚNCIA URGENTE

(1) SINDICATO NACIONAL PRÓ-BELEZA – SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DO SETOR DE BELEZA, COSMÉTICOS, TERAPIAS COMPLEMENTARES E SIMILARES, fundado em

02/01/1919, inscrito no CNPJ 62.811.096/0001-25, Carta Sindical L001, F077, A1941, juntamente com o (2) CONSELHO NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DA BELEZA - PRÓ-BELEZA BRASIL – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PROFISSIONAIS EMPREENDEDORES EM MODA, BELEZA E ESTÉTICA, inscrita no CNPJ 02.303.586/0001-99, e (3) ABSB – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SALÕES DE BELEZA, ambas entidades com domicílio na Rua Domingos de Morais, 1457, Sala 3, Vila Mariana,

CEP 04009-003, São Paulo, Capital, e-mail jurídico.probeleza@gmail; por suas procuradoras e advogadas subscritas, vêm a presença de Vossa Excelência apresentar, com fulcro nos tratados internacionais, sobretudo na convenção 111 desta OIT, DENÚNCIA CONTRA DISCRIMINAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO CONTRA TRABALHADORES E ATOS QUE COLOCAM EM RISCO A SAÚDE DOS TRABALHADORES em face de:

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1). PRESIDENTE DA REPÚBLICA DO BRASIL, chefe de estado da UNIÃO, representado pela AGU, com endereço no Setor Palácio Presidencial, Zona Cívico-Administrativa, Brasília, DF 70150-903;

2). GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO, em face de ato do i. Governador do Estado de São Paulo, com gabinete na Avenida Morumbi, 4.500, São Paulo – SP, vinculado ao Estado de São Paulo, inscrito no CNPJ/MF sob o n. 46.379.400/0001-50, representando pela PGE do ESTADO DE SÃO PAULO, representado pela PGE, situada na R. Pamplona, 227 - Jardim Paulista, São Paulo - SP, 01405-100; 3). PREFEITO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, representado pela PGM, com endereço no Edifício Matarazzo, Viaduto do Chá, 15 – Anhangabaú – Centro, São Paulo, Capital, CEP 01002900; 4). Os demais Governadores de Estado, representados por suas PGE estaduais, quais sejam:

Autoridade Impetrada

Sede de governo Nome Endereço

Governador do Acre

Rio Branco Palácio Rio Branco

Av. Getúlio Vargas, s/n, Centro - Rio Branco/AC - CEP: 69900-060

Governados de Alagoas

Maceió

Palácio República dos Palmares

Rua Cincinato Pinto, s/n - Centro - Maceió/AL - CEP 57020-050

Governador do Amapá

Macapá Palácio do Setentrião

Rua Gen. Rondon, 259 - Julião Ramos, Macapá/Ap - CEP: 68908-908

Governador do Amazonas

Manaus Palácio Rio Negro

Av. Sete de Setembro, 1546 - Centro - Manaus/AM - CEP: 69005-141

Governador da Bahia

Salvador Palácio de Ondina

Ladeira do Jardim Zoológico - Ondina, Salvador/BA - CEP: 40170-720

Governador do Ceará

Fortaleza Palácio da Abolição

Av. Barão de Studart, 401 - Meireles, Fortaleza/CE - CEP: 60125-100

Governador do Distrito Federal

Brasília Palácio do Buriti

Praça do Buriti, Zona Cívico-Administrativa, Brasília/DF - CEP: 70075-900

Governador dos Espírito Santo

Vitória Palácio Anchieta

Praça João Clímaco, 142 - Centro, Vitória/ES - CEP: 29015-110 Pal

Governador de Goiás

Goiânia

Palácio das Esmeraldas

Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira - St. Central, Goiânia/GO - CEP: 74083-010

Governador do Maranhão

São Luís Palácio dos Leões

R. Dom Pedro II, S/N - Centro, São Luís/MA CEP: 65010-070

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Governador de Mato Grosso

Cuiabá Palácio Paiaguás

R. C, S/N - Centro Político Administrativo, Cuiabá/ MT - CEP: 78050-970

Governador de Mato Grosso do Sul

Campo Grande

Governadoria, Parque dos Poderes

Avenida do Poeta - Parque dos Poderes- CEP: 79031-350

Governador de Minas Gerais

Belo Horizonte

Palácio da Liberdade, Cidade Administrativa

Praça da Liberdade, s/nº - Funcionários, Belo Horizonte/MG - CEP:30140-010

Governado do Pará

Belém Palácio Lauro Sodré

Praça Dom Pedro II, s/n - Cidade Velha, Belém/PA - CEP: 66020-240

Governador da Paraíba

João Pessoa Palácio da Redenção

Praça João Pessoa, S/n - Centro, João Pessoa/PB - CEP: 58013-140

Governador do Paraná

Curitiba Palácio Iguaçu

Praça Nossa Senhora de Salette s/n - Centro Cívico, Curitiba/ PR - CEP:80530-909

Governador de Pernambuco

Recife

Palácio do Campo das Princesas

Praça da República, S/N - Santo Antônio, Recife/PE - CEP: 50010-928

Governador do Piauí

Teresina Palácio Karnak

Av. Antonino Freire, 1450 - Centro (Sul), Teresina/PI - CEP: 64001-040

Governador do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro Palácio Guanabara

R. Pinheiro Machado, s/nº - Laranjeiras, Rio de Janeiro/RJ - CEP: 22231-090

Governador do Rio Grande do Norte

Natal

Palácio de Despachos de Lagoa Nova

Centro Administrativo do Estado - Av. Sen. Salgado Filho, 1 - Lagoa Nova, Nata/ RN - CEP: 59064-901

Governador do Rio Grande do Sul

Porto Alegre Palácio Piratini

Praça Mal. Deodoro, s/n - Centro Histórico, Porto Alegre/RS - CEP:90010-905

Governador de Rondônia

Porto Velho Palácio Rio Madeira

Av. Farquar, 2986 - Pedrinhas, Porto Velho/RO - CEP: 76801-470

Governador de Roraima

Boa Vista

Palácio Senador Hélio Campos

Praça do Centro Cívico, 350 - Centro, Boa Vista/RR - CEP:69301-380

Governador de Santa Catarina

Florianópolis

Centro Administrativo do Estado

Saco Grande, Florianópolis /SC - CEP: 88032-088

Governador de São Paulo

São Paulo

Palácio dos Bandeirantes

Av. Morumbi, 4500 - Morumbi, São Paulo/SP - CEP:05650-905

Governador de Sergipe

Aracaju

Palácio Governador Augusto Franco

Av. Adélia Franco, 3305 - Inácio Barbosa, Aracaju/SE - CEP: 49040-020

Governador de Tocantins

Palmas Palácio Araguaia

Praça dos Girassóis, 971 - Plano Diretor Sul, Palmas/TO - CEP: 77015-007

Todas as DD Autoridades Denunciadas, devendo ser intimadas para o fim de responder às matérias fáticas e de direito a seguir fundamentadas.

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“AD CAUTELAM”

Para fim de contextualização e alinhamentos iniciais, esta denúncia se refere à categoria dos trabalhadores do setor de beleza, terapias complementares, estética e afins são substituídos e representados pelos denunciantes na forma do arts. 5º, XXI e 8º, III, CF/88.

Conforme se demonstra a seguir, estes profissionais desenvolvem ofício, atividades de saúde, assistência à saúde e higiene, mas, infelizmente, por omissões dos reclamados, estão sendo aprisionados em conceitos limitados e ultrapassados de atividades não-essenciais, o que deve ser afastado, porque eles estão sofrendo prejuízos em larga escala, o que necessita de deferimento de tutela emergencial para fins de preservação da vida, sobrevivência, sustento de si e suas famílias, segurança jurídica e pacificação social e de conflitos.

As atividades dos respectivos trabalhadores substituídos fomentam cuidado e preservação da saúde e, também, da dignidade humana, bastando rápidas consultas na rede internacional de computadores para que se encontre facilmente trabalhos de grandes especialistas do nosso mercado nacional e internacional.

Como exemplo disso, primeiramente, citamos alguns dos trabalhos desenvolvidos pela associada Lu Rodrigues, conhecida como Lu Makeup, senão, vejamos:

https://www.instagram.com/p/CHBibl0H4Qn/

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https://www.instagram.com/p/B1U2zGHHuUO/

Prosseguindo, encontramos outros tratamentos estética de igual importância à saúde e à dignidade humana que ocorrem aos milhares, a exemplo de terapias capilares. Neste sentido, basta verificar o trabalho desenvolvido pela Professora e Esteticista Dra. Poliana Milreu: https://www.instagram.com/p/CJYXg8wAcIa/

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https://www.instagram.com/p/CHfJm5kAqnA/

Igualmente, é a importância dos trabalhos do Esteticista Ricco Porto: https://www.instagram.com/p/CIbc_fkrt0Y/

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Ato contínuo, temos ainda os trabalhos de profissionais como a Terapeuta Capilar, tricologista Valéria Nascimento: https://www.instagram.com/p/CFdTi5ks85c/

Todos estes tipos de trabalhos, realizados em negócios do setor, são referendados também por grandes pesquisadores e especialistas da matéria debatida sub judice, bastando citar um das preleções do médico Dr. Juan Carlos León Viña, que além de lecionar para profissionais das categorias das autoras, também foi um dos técnicos responsáveis pela construção dos protocolos de prevenção contra contaminação pelo COVID-19, boas práticas consolidadas em cartilha do Sebrae Nacional. Segundo o médico especialista, que integra o Conselho Técnico das entidades impetrantes, ”hoje se vive cada vez mais o fenômeno social de integração de equipes e profissionais, sendo o trabalho da esteticista e terapeuta capilar, massagista mais que essencial na mantença da saúde global das pessoas.” (sic). Neste sentido, incontáveis negócios do setor demonstram como estas equipes integradas são disponibilizadas no dia a dia, bastando citar alguns exemplos de marcas como clinica DUO+, Hélio Diff, Casa Conceito by Papilla Ribeiro, Instituto Pró-Beleza, Soho Hair, Laces and Hair, Werner, Studio W, Walter´s, Jacques Janine, dentre outros que têm o foco em atividades de saúde como terapia capilar, ozonioterapia

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e vários outros tratamentos de patologias de pele facial e/ou corporal, práticas previstas nas famílias dos Códigos Brasileiros de Ocupação, famílias de números 3121 e 5161. Feitos estes alinhamentos iniciais, pedimos que, data máxima vênia, confiando no supremo acendrado e centro espírito de justiça desta corte, se analise os fatos a seguir narrados, com o olhar e raciocínio filtrado pelos argumentos inicialmente expostos.

I. DOS FATOS DENUNCIADOS 1). O setor de beleza, terapias complementares, estética e afins, conforme código brasileiro de ocupações e outras normas correlatas, pertence ao segmento dos serviços de assistência à saúde, saúde e higiene, sendo composto por profissionais especializados e preparados mediante protocolos de atendimento, protocolos esses homologados por normas e pactos normativos (art. 7º, XXVI, CF/88 e OIT nº 98) homologados, por exemplo, pelo TRT-SP e TRT-RS. 2). Além disso, no caso específico dos profissionais do setor da beleza e terapias complementares, existem leis federais específicas que reconhece relação de trabalho diferenciada (art. 511, §3º, CLT), a

exemplo das Leis Federais nº 12.592/2012, 13.643/2018 e, sem olvidar, a Lei nº 3968/1961. 3). A esmagadora maioria dos trabalhadores da categoria denunciante, por usos e costumes (art. 4º, LINDB), doutrina, jurisprudência majoritária, pactos coletivos e demais leis vigentes, atuam, no desenvolvimento de suas atividades, como profissionais autônomos, profissionais liberais, profissionais-parceiros, arrendatários, cooperados, sócios de serviços, empreendedores individuais, dentre outros. Bastando citar um caso esparso encontrado no acervo jurisprudencial brasileiro:

4). Ocorre que, pela nefasta crise pandêmica que temos vivenciado, os profissionais deste setor (maioria formada por profissionais autônomos que não se enquadraram nos requisitos dos benefícios do auxílio

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emergencial) não obtiveram nenhum apoio governamental, de forma que a própria entidade autora entrou com a ADPF 674 (ainda sem resposta), em prol do daqueles atuantes como profissionais-parceiros, esperando obter esta classe algum tipo de assistência, ao instante que, como debatido na aludida ADF, até mesmo trabalhadores informais tiveram auxílio emergencial do Governo Federal, frise-se, enquanto os membros da classe das autoras, mesmo formalizados e pagando impostos, não conseguiram nenhum tipo de apoio financeiro e tampouco conseguiram ser abarcados por empréstimos amplamente difundidos em bancos do povo, apoio de pronampe, etc., diante do rigor cadastral. 5). Resultado disso é que o setor enfrenta, como amplamente noticiado pela mídia, o mais alto grau de fechamentos (falências) de empresas e consequente desemprego de trabalhadores celetistas integrantes de equipes operacionais de apoio (recepcionistas, assistentes, faxineiras, manobristas e outros). 6). Em que pese ser dever de todos lutar pela mantença da vida, não se pode negar que o conceito de “vida”, nos mundos do ser e do dever-se, não se restringe apenas ao conceito de vida biológica, pois o ser humano, sem o conjunto de fenômenos físicos, emocionais, culturais e espirituais, não subsiste. 7). Ou seja, ainda que uma determinada pessoa fique trancada ou vivendo numa bolha para fugir da contaminação pelo COVID-19 e suas variantes, ela não sobreviverá se lhe faltar comida ou elementos à imunidade, diga-se, se lhe faltar as mais básicas do mundo do ser. 8). Sem sombra de dúvidas que os constituintes, para garantir tal mister, fixaram em nossa Carta Magna de 1988 garantias e direitos sociais como o primado do trabalho, pois é incontestável que, no mundo do dever-ser, é a força e a inteligência laboral humana, seja do trabalhador, seja do empreendedor, seja do empresário à pró-labore, que mantém o ciclo econômico para mantença da vida, dos bens de vida e de subsistência de si e sua família através da cadeia econômica e produtiva. 9). Neste contexto, apesar de todas as formalizações diretas e indiretas existentes do setor, os trabalhadores e empreendedores da categoria das entidades autoras estão sendo empurrados aos mais diversos riscos de vida, de insegurança e de clandestinidade, tudo isso, por graves atos comissivos e omissivos das autoridades impetradas.

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10). A União Brasileira, há mais de meio século, reconheceu as atividades das categorias autoras na família de serviços essenciais, neste sentido, vide que as descrições e relatório do CBO/MTE, no que se refere as atividades debatidas sub judice, consignam:

“5161 -Trabalhadores nos serviços de embelezamento e higiene

Descrição Sumária. Tratam da estética e saúde e aplicam

produtos químicos para ondular, alisar ou coloriros cabelos; cuidam da beleza

das mãos e pés; realizam depilação e tratamento de pele; fazem maquiagens

sociais e para caracterizações (maquiagem artística); realizam massagens

estéticas utilizando produtos e aparelhagem; selecionam, preparam e cuidam

do local e dos materiais de trabalho. podem administrar os negócios.

Fonte < https://www.ocupacoes.com.br/cbo-mte/516110-cabeleireiro>. Acesso

em 21/03/2021.

“322 -TÉCNICOS DA CIÊNCIA DA SAÚDE HUMANA. 3221 -Tecnólogos e técnicos em terapias complementares e estéticas

Descrição Sumária. Aplicam procedimentos terapêuticos

manipulativos, energéticos e vibracionais para tratamentos de moléstias psico-neuro-funcionais, músculo- esqueléticas e energéticas.

tratam patologias e deformidades podais através do

uso de instrumental pérfuro-cortante, medicamentos de uso tópico e órteses. para tanto, avaliam disfunções fisiológicas, sistêmicas, energéticas e vibracionais através de métodos das

medicinas oriental econvencional. recomendam a seus pacientes/clientes a prática de exercícios, o uso deessências florais e fitoterápicos com o objetivo de reconduzir ao equilíbrio energético,fisiológico e psico-orgânico.

Fonte <https://www.ocupacoes.com.br/cbo-mte/3221-tecnologos-e-tecnicos-em- terapias-complementares-e-esteticas>. Acesso em 21/03/2021.

11). Este reconhecimento é, tão somente, reflexo dos fenômenos de organização social registrada na história, verbis:

“Origem Histórica dos Profissionais da Beleza.

É considerado "PROFISSIONAL DA BELEZA " aquele trabalhador que tem por arte ou ofício a prática de técnicas com a finalidade do embelezamento do ser humano.

Não é possível datar precisamente o seu surgimento, visto que o desenvolvimento histórico desse trabalhador é peculiar quanto a sua própria evolução profissional na história da sociedade. Conforme os mais diversos registros históricos, esse ofício esteve presente desde os primórdios da humanidade, em especial, a partir da estruturação do homem quanto a sua civilidade, higiene e estética pessoal.

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A exemplo podemos encontrar, dentre os mais antigos manuscritos, citações e referências de tais práticas na China, na Índia, no Egito, na Babilônia (5.000 a.C.).

No Brasil, por exemplo, logo no início do descobrimento (1.500 d.C.) já encontrávamos o barbeiro, o cirurgião - barbeiro, que além de aparar os cabelos e barbas, eram indivíduos responsáveis por aplicar ventosas, fazer curativos, tratar picada de cobras, extrair dentes, dar infusões, dentre outras operações cirúrgicas que eram realizadas de forma bastante rudimentar. Paralelamente e muitas vezes em complemento ao trabalho dos físicos da época (atualmente médicos), os barbeiros eram pessoas que executavam as tarefas mais difíceis, principalmente, devido aos riscos de morte por hemorragia ou por outras serias infecções.

No entanto independentemente desse tipo de trabalho "mais" pesado, é importante citar que trabalhavam, sem tais dificuldades, outro grupo de barbeiros e de frisadores da côrte que se dedicavam à arte estética a serviço dos nobres, tais como: perfumaria, fazer a barba, perucas, frisamento de cabelos, maquiagem, dentre outras atividades. Os cabelos também indicavam a classe social das pessoas, os nobres tinham cabelos compridos, visual também adotado pelos filósofos. Outras culturas também viam o cabelo como símbolo de status.

O barbeiro (hoje, profissional da BELEZA pessoal, cabeleireiro), de forma bastante

atuante, foi o profissional que mais contribuiu com os experimentos das mais importantes técnicas cirúrgicas da atualidade.”

Sakaryan, Onig M.R. Informativo Pró-Beleza. Editora Swaramadra, ISSN 1808-0634.

Outra delas disponibilizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, verbis:

“Histórica da Cirúrgia Cardíaca Brasileira [...]”

1-Introdução

Para delinear a história da cirurgia cardíaca brasileira, desde seus dias mais remotos, procuramos situá-la no contexto mais amplo da prática medica e cirúrgica no país.

O exercício da arte de curar, no Brasil, somente começou a melhorar seu ordenamento com a chegada da família real portuguesa, em 1808. Até àquela época, na colonia e mesmo na metrópole, a organização era precária e muito reduzido o número de praticantes licenciados.

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Os órgãos controladores eram a Real Junta do Protomedicato de Lisboa, e seus delegados coloniais. Estes delegados do Físico-Mor, em conjunto com as Câmaras Municipais, expediam as licenças, provisões e cartas, zelavam pela fiscalização do exercício profissional e procediam os exames de habilitação.

Na realidade, a Medicina não era uma profissão unificada. Os Médicos, cirurgiões e barbeiros constituíam corporações distintas.

Como não havia universidades ou escolas médicas, exceto em Coimbra, profissionais de formação superior, os médicos ou físicos, eram raríssimos. Concentravam-se nas principais cidades e detinham os postos oficiais.

Ao lado dos físicos ou médicos, havia os cirurgiões, cirurgiões-aprovados ou cirurgiões-barbeiros, que eram licenciados após prestarem exames na metrópole ou no Brasil e comprovarem a freqüência, por quatro anos em um hospital.

Aos cirurgiões era concedida licença para o exercício da cirurgia, oficio manual que, considerado subalterno ao dos médicos, era reservado a pessoas de baixa situação social, muitas vezes cristãos-novos. Como os físicos eram poucos, os cirurgiões concorriam com eles, exercendo toda a medicina, constituindo a maioria dos praticantes.

Em fins do século XVII começou a diferenciação entre cirurgiões-barbeiros, e barbeiros. A estes, eram relegadas operações mais simples, como sangrias, sarjas, aplicações de bichas ou ventosas, extrações dentárias, além de barbear e cortar o cabelo. Também submetiam-se a exame e, muitas vezes, arvoravam-se em médicos.

Ainda assim, o número reduzido de praticantes dava oportunidade a ação dos boticários e seus aprendizes, além de anatômicos e entendidos.

Com a vinda da família real portuguesa, em 1808, esta situação começa a modificar-se. Inicia-se, então, o ensino formal da medicina e da cirurgia, com a fundação das Academias Médico-Cirúrgicas da Bahia e Rio de Janeiro.

Em 1832, depois da Independência, as Academias foram transformadas em Faculdades de Medicina, por decisão da Regência Trina.

Os cirurgiões continuavam, porém, em situação de inferioridade em relação aos médicos. Finalmente em 1848, um decreto legislativo considerou habilitados para exercitarem livremente em todo o Brasil qualquer dos ramos da ciência médica os antigos cirurgiões-aprovados e os formados nas Academias Médico-Cirúrgicas.

Era o fim da discriminação entre médicos e cirurgiões, passando estes a gozar das mesmas regalias e status social. Até esta época, a cirurgia limitava-se às amputações, redução de fraturas e luxações, ligaduras de artérias periféricas, suturas de feridas de órgãos internos, drenagem de abscessos, avivamento de fistulas e cauterização de ferimentos e era, muitas vezes, praticada no domicílio dos doentes.

Somente com o aperfeiçoamento da anestesia e da antissepsia, na segunda metade do século XIX, criou-se o que se pode considerar a Clínica Cirúrgica, passando a ser realizadas nos hospitais intervenções mais complexas.

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As publicações médicas na Bahia e Rio de Janeiro, geralmente dos professores das Faculdades de Medicina, começam registrar operações mais elaboradas, sendo que muitas das teses de doutoramento da época referem-se a processos cirúrgicos.

Um marco histórico desta fase foi a ligadura da aorta abdominal realizado em 1842, no Rio de Janeiro pelo professor Candido Borges Monteiro, Visconde de Itauna, para tratar um volumoso aneurisma da artéria ilíaca externa. A operação, que havia sido realizada apenas três vezes no inundo, terminou com hemorragia fatal, consequente a infecção, doze dias depois.

0 Rio de Janeiro, sede da Corte Imperial, tornou-se logo o centro mais importante dos progressos culturais, científicos e médicos.

Oliveira Fausto, nas suas "Chroniques médicales du Brésil", de 1902, informa que Antonio José Peixoto havia praticado no Rio de Janeiro, em meados do século XIX, oito paracenteses do pericárdio.

Esta é, aparentemente, a primeira notícia em nosso país sobre procedimentos cirúrgicos relacionados ao coração.

A punção pericárdica era ainda uma novidade controversa. Fora praticada pela primeira vez por Larrey em 1810, mas não era aceita por todos os mestres da medicina.

Em 1882, Theodor Billroth escreveria "A paracentese do pericárdio hidrópico é uma operação que me parece chegar bem perto do que alguns cirurgiões consideram a prostituição da arte e outros chamam de frivolidade cirúrgica".

Fonte<http://publicacoes.cardiol.br/caminhos/019/default.asp#:~:text=Em%20fins%20do%20s%C3%A9culo%20XVII,%2C%20arvoravam%2Dse%20em%20m%C3%A9dicos.> Acesso em 21/03/2021.

12). Destarte, os profissionais representados pelas denunciantes, que estão na gênese da categoria representada pela CNSaude, realizam técnicas complementares, pós-operatórias (drenagem linfática, massagens profiláticas, etc.), de terapia capilar (dermatites, psoríases, etc.), bem como vários outros tratamentos estéticos até mesmo indicados por orientação médica. 13). Nesse mesmo sentido, o §1º, do artigo 1º da Lei Federal nº 12592/2012 dispõe que os trabalhadores da beleza e terapias em estética exercem atividades de higiene, não apenas embelezamento.

14). Aliás, no que tange aos serviços de estética (família CBO 3221), outra lei federal de nº 13.643/2018, também regula:

“Art. 7º O Esteticista, no exercício das suas atividades e atribuições, deve zelar:

I - pela observância a princípios éticos;

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II - pela relação de transparência com o cliente, prestando-lhe o atendimento adequado e informando-o sobre técnicas, produtos utilizados e orçamento dos serviços;

III - pela segurança dos clientes e das demais pessoas envolvidas no atendimento, evitando exposição a riscos e potenciais danos.

Art. 8º O Esteticista deve cumprir e fazer cumprir as normas relativas à biossegurança e à legislação sanitária.”

15). Igualmente, outras delas, Lei nº 3968/1961, sobre o trabalho dos massoterapeutas (família CBO 3221) também dispõe:

“Art. 1º O exercício da profissão de Massagista só é permitido a quem possua certificado de habilitação expedido e registrado pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina após aprovação, em exame, perante o mesmo órgão.

Art. 2º O massagista devidamente habilitado, poderá manter gabinete em seu próprio nome, obedecidas as seguintes normas:

1 - a aplicação da massagem dependerá de prescrição médica, registrada a receita em livro competente e arquivada no gabinete;

2 - somente em casos de urgência, em que não seja encontrado o médico para a prescrição de que trata o item anterior, poderá ser esta dispensada;”

16). Por fim, o Decreto Federal nº 10.344/2020 dispõe, no seu 1º, garante que estes serviços são essenciais:

“LVI - salões de beleza e barbearias, obedecidas as determinações do

Ministério da Saúde; e LVII - academias de esporte de todas as modalidades, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde.”

17). Ou seja, inclusive conforme ratificado pela jurisprudência mansa e pacífica, a exemplo do acordão proferido nos autos do processo nº TST-RR-1315-96.2014.5.03.0185 já citado alhures, as empresas e profissionais das categorias representadas pelas denunciantes, por meio de parceria, oferecem serviços essencias de massagens, de higiene e de terapias à assistência da saúde humana, dentre outros.

Pois bem.

DISCRIMINAÇÃO. DESIGUALDADE (OIT Nº 111) 18). Todavia está ocorrendo uma grave injustiça com os membros da categoria representada pelas entidades impetrantes! 19). O primeiro deles, ferindo o princípio da isonomia, é que os profissionais da categoria estão sendo alijados dos mesmos

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benefícios dos decretos de exceção concedidos aos setores de higiene e saúde, não obstante os dispositivos legais já mencionados deixarem claro o enquadramento destes como atividades essenciais. 20). Outro ponto, mais periclitante, é que embora os salões de beleza e barberia estejam inseridos em fases restritivas nos estados denunciados, as autoridades denunciadas, direta ou indiretamente, estimulam a prática destes serviços em domicílio, delivery, “at home”, conforme exemplo amplamente notíciado: a) “Repórter Nacional

... Prestadores de serviço, como cabeleireiros e manicures, podem atender nas casas dos clientes, desde que usem equipamentos de proteção, determinou o governador João Doria. A orientação foi dada durante coletiva de imprensa, nessa terça-feira (31), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado e pegou de surpresa Anna Gadelha, sócia de um salão de beleza no centro de São Paulo.”

https://radios.ebc.com.br/reporter-nacional/2020/04/governado-de-sao-paulo-decidi-flexibilizar-quarentena-no-estado”

b) “Bolsonaro veta R$ 600 para cabeleireiros, manicure, babás, garçons, diarista e outros [...]

No dia 13 de maio, Bolsonaro falou que a população tem que correr risco de contaminação e que não tem recursos para ficar em casa, deve trabalhar. “O povo tem que voltar a trabalhar. E quem não quiser trabalhar que fique em casa, porra. Ponto final. Agora, para ser politicamente correto, muita gente não fala nada ou fica adotando essas medidas de isolamento total”, disse na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Fonte <https://cartacampinas.com.br/2020/05/bolsonaro-veta-r-600-para-cabeleireiros-manicure-babas-garcons-diarista-e-outros/>. Acesso em 21/03/2021.

Na mais recente das notícias, o Presidente Denunciado afirma que parlamentares e outros chefes recebem barbeiros e manicures em domícilio, mas tais trabalhadores se escondem como se fossem bandidos, data vênia, acessem: Fonte<https://www.facebook.com/UOLNoticias/videos/4274618289224857>. Acesso em 21/01/2021.

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21). O grande questionamento posto sub judice perante esta Suprema Corte é: onde o vetor de transmissão é mais acelerado ou grave, nos poucos estabelecimentos funcionando com redução e protocolos sanitários ou milhares de profissionais que vão, muitos até clandestinamente, atender em domílicios? 22). A questão é polêmica e gera muitas opiniões técnicas diver-gentes, senão, vejamos: A primeira delas: “Nas cidades em que o serviço está liberado, muitos profissionais têm retomado as atividades redobrando os cuidados e tomando precauções para evitar a contaminação. Mesmo assim, infelizmente, não é possível dizer que é seguro, neste momento, sair para fazer as unhas, depilar ou cortar o cabelo, por exemplo. De acordo com o infectologista João Prats, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, os principais problemas são o fluxo de pessoas e o compartilhamento de objetos —o que aumentam as chances de disseminação do vírus.” Fonte <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/05/22/da-para-receber-cabeleireiro-e-manicure-em-casa-durante-a-pandemia-entenda.htm>. Acesso em 21/03/2021.

A segunda delas: “Para Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas, é necessário manter o bom senso acima de qualquer necessidade. “Precisamos ter uma responsabilidade bilateral, isto é, caso o profissional ou o cliente tiver qualquer sintoma de gripe, não deve, em hipótese alguma, frequentar o salão". Segundo ela, é importante que os salões façam um questionário de pré-tiragem na hora de marcar os atendimentos.”

Fonte<https://revistaglamour.globo.com/Beleza/Beauty-news/noticia/2020/07/profissionais-de-beleza-reabrem-portas-em-sp-saiba-o-que-mudara-nos-atendimentos.html>. Acesso em 21/03/2021. 23). Não há consenso entre técnicos! Na verdade, uma das maiores irresignações dos membros da categoria são as seguintes: não se pode atender num lugar sanitariamente mais seguro (salão ou clínica), mas colocar milhares de profissionais nas residências é permitido? Qual é o critério técnico utilizado? 24) Nossa reflexão, superficialmente comparativa, também é: - Aos milhares, pessoas se movimentam e se encontram todos os dias em supermercados, padarias, etc., tocando as mesmas superfícies, tocando os mesmos alimentos das pratileiras, dos hortifrutis (sem falar do transporte público), o que não acontece no setor da beleza.

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Nesse sentido, pedimos vênia comprovar pelos vídeos do trabalho de redes tradicionais (a exemplo do Jacques Janine de mais de 68 anos), disponibilizado no TV Pró-Beleza, transmitido pelo Canal 26 da Net (Osasco e Região, RJ, Fortaleza), TVC 21/Rede Brasil e também pelo youtube e redepremiumtv.com.br, que pedimos vênia acessar:

a) Maison Jacques Janine https://www.youtube.com/watch?v=95hTtBIfGgI

b) Rede Soho Hair Internation https://www.youtube.com/watch?v=95hTtBIfGgI

- Os clientes do setor (incluso idosos), que estão nas ruas ou no trabalho, frequentam os salões, poucos dias (não se vai diariamente), ainda, apenas com hora marcada e limitado a um público de 40% a 60%; tudo isso, com rígidos protocolos de segurança e sanitização, utilizando aparelhos, móveis e utensílios esterilizados e sanitários em cada atendimento. Onde o vetor de transmissão é maior? 25). Os membros da categoria, com todas estas controvérsias, orientações dialmentralmente opostas dadas pelos impetrados, ficam desolados e confusos com todas estas informações, bastando ver exemplo de requerimento anexo firmado por sindicalizados. 26). Ainda que tenha sido debatido perante esta Suprema Corte que estados e municípios possam estabelecer suas politícas de saúde diferentes da União, O CASO ORA DEBATIDO É DIFERENTE POIS QUESTIONA-SE SOBRE A ISONOMIA E IGUALDADE DE

100 mil autonomos visitando

residências e famílias

10 mil salões com limite de

40%

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DIREITOS, INCLUSIVE, DA SEGURANÇA DA COLETIVIDADE DE CONSUMIDORES E TRABALHADORES, porque não está havendo vedação à realização das atividades profissionais, com afirmado pelo Presidente Impetrado ou pelo Governador Paulista, mas, sim, um impulsionamento ao atendimento de forma domiciliar, em detrimento aos presenciais, diga-se, nos locais sanitizados e esterilizados e com controle de fluxo. 27). Mais adiante. Além das controversas hipóteses de maior ou menor risco saúde neste ou noutro tipo de atendimento, certo é que além dos profissionais-parceiros, outros milhares de trabalhadores de apoio (empregados como recepcionistas, auxiliares, faxineiros, etc.), com o fechamento/falência de estabelecimentos, também ficam à mercê do desemprego, pois sem clientes não há faturamento e, por conseguinte, não há salários ou repasses. Sem falar que este tipo de estabelecimento de serviços não detem ativos fixos ou estoque negociáveis ou transionáveis como uma indústria ou comércio de não-perecíveis. 28). Data máxima vênia, vários membros dos conselhos das entidades impetrantes entendem que também é mais arriscado, para a coletividade, a realização destes serviços em domícilio, sobretudo SE NÃO OCORREM SOB GESTÃO e SUPERVISÃO TÉCNICA. 29). Fato é que o sindicato denunciante, juntamente com a associação denunciante e seus parceiros e/ou associados, tais como as entidades Intercoiffure Brasil, HCF Brasil, Projeto Tesourinha, Comissão de Cabeleireiros, Acasvap, Sempribel – RJ, dentre outros, foi o primeiro setor, por meio de comitê de específico formado por médicos e outros profissionais da saúde, a entregar cartilhas e protocolos de segurança, link:

Fonte<https://respostas.sebrae.com.br/pergunta/coronavir/us-quais-as-orientacoes-para-a-reabertura-dos-servicos-de-beleza/#comment-9707>. Acesso em 21/03/2021.

30). Neste sentido, tais normas e boas práticas restam homologadas pelo E. TRT-SP, documento anexo, extraído dos autos do processo nº 1000715-48.2020.5.02.0000, verbis:

3) A cláusula 24ª, “Das Relações de Trabalho”, passa a vigorar acrescida da

seguinte redação:

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Parágrafo décimo-primeiro: os salões e profissionais parceiros, por acordo

mútuo, informado ao sindicato autor, poderão adotar atendimento em

domicílio, com revisão de custos administrativos e operacionais a serem

descontados das cotas-partes previstas nos contratos de parcerias vigentes

(§3º, art. 1º-A, Lei 13.352/2016), desde que observadas as orientações gerais

de vigilância sanitária, inclusive aquelas boas práticas e demais orientações

do Sebrae Nacional.

Parágrafo décimo-segundo: é responsabilidade do salão-parceiro a

centralização do agendamento de atendimentos em domicílio e/ou sistema

de delivery (próprios ou de terceiros) realizados pelo profissional-parceiro,

bem como é responsável por analisar requisitos de segurança sanitária e

pessoal do profissional-parceiro nestes atendimentos.”

31). E não foi apenas no E. São Paulo, no mesmo sentido foram as normas similares homologadas noutros Egrégios Pretórios, a exemplo:

“Em uma mediação por videoconferência realizada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-RS), profissionais que atuam em barbearias e salões de beleza chegaram um acordo com empresas do ramo sobre a adoção de medidas de prevenção ao novo coronavírus. Na ocasião, foi apresentada uma convenção coletiva entre os sindicatos que representam os empregadores e os trabalhadores no Rio Grande do Sul, com vigência de 17 de março a 31 de maio de 2020.

Esta é a primeira norma coletiva de abrangência estadual relacionada ao setor. O documento estabelece providências excepcionais relacionadas à pandemia da Covid-19 e também fixa o dia 1º de junho como a data-base da categoria. Após seu período de vigência, deverá ser elaborada uma norma coletiva mais completa. Os dispositivos da convenção firmada abordam temas como a possibilidade de atendimentos em domicílio, abonos de faltas, férias coletivas e suspensão de contratos de trabalho, entre outros tópicos. Além disso, os sindicatos dos trabalhadores e dos empregadores informaram que, como instituições que seguem as orientações da Organização Mundial da Saúde, não apoiam nem orientam a abertura de salões de beleza para atendimento ao público. A mediação foi conduzida pelo vice-presidente do TRT-RS, desembargador Francisco Rossal de Araújo, e contou com a participação de representantes do Sindicato dos Profissionais do Setor de Beleza, Cosméticos, Terapias Complementares, Arte-Educação e Similares e o Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares no RS. O Ministério Público do Trabalho foi representado pela procuradora Beatriz de Holleben Junqueira Fialho.”

Fonte <https://www.trt4.jus.br/portais/trt4/modulos/noticias/304246>. Acesso em 21/03/2021.

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32). Não há dúvidas acerca dos enquadramentos legais das atividades da categoria no setor de higiene e assistência à saúde, cujo labor, sobretudo nesta crise sem precedente, é exercido de acordo cartilha de boas práticas do SEBRAE, seguindo rígidas normas da ANVISA, na sua concepção, de forma atender ao art. 4º, Lei 12.592/2012 e demais normas federais já citadas. 33). Por corolário lógico, como garantir a esterilização ou sanitização de materiais e utensílios em residências, se tal processo é realizado em pesadas autoclaves, bem como são necessários também outros equipamentos que não se devem ser transportados? 34). Em um estabelecimento físico de beleza, por exemplo, a responsabilidade é dividida, compartilhada na forma do inciso VI, §10º, art. 1º-A, Lei 12.592/2012. “VI - responsabilidades de ambas as partes com a manutenção e higiene de materiais e equipamentos, das condições de funcionamento do negócio e do bom atendimento dos clientes;” 35). A grande questão posta sub judice é sobre quais critérios técnicos são utilizados para se afirmar que os serviços de em domicílio são mais seguros que os dos estabelecimentos de beleza e assim vice-versa. Aliás este é um dos maiores questionamento da liderança de beleza, consolidados na voz do professor e gestor Richard Klevenhusen, que implementou o Instituto de educação L´Oreal no Brasil, membro do gabinete de crise criado à centralização de demandas do setor, comite tripartite, composto por membros representantes do setor laboral, patronal e do terceiro setor (ABSB - Associação Brasileira de Salãoes de Beleza, Sebrae Nacional e entidades impetrantes), cujos temas também são disponibilizados à categoria, a exemplo do link:

https://www.youtube.com/watch?v=YykYawn3mx8&t=199s 36). Por conseguinte, segundo outras fontes autônomas de pesquisa, encaminhadas ao sindicato denunciante, a exemplo da coordenada por Itamar Cechetto, CEO Laces and Hair e Grupo de Gestores – Canal BBN, foram coletos, por amostragem, dados em canal privado, analisando que dos 217 mil atendimentos no período, feito por 1.782 colaboradores, apenas 0,06 foi o índice de infectados em salões de beleza, conforme quadro abaixo:

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37). Inevitável concluir, Excelência, que as categorias das entidades autoras, conforme amplamente noticiado pela mídia nacional, tem dado vários exemplos de organização, liderança, inclusive, fizerem as primeiras e únicas manifestações conscientes do país, bastando conferir rapidamente alguns registros feitos pela mídia, cujas imagens pedimos vênia sejam considerados como prova da conduta dos membros do setor:

Globo, Rede Premium TV (Net/Claro) e outros.

http://g1.globo.com/sao-paulo/videos/v/profissionais-do-setor-de-beleza-protestam-na-av-paulista-pedindo-reabertura-dos-saloes/8636322/

https://www.youtube.com/watch?v=YykYawn3mx8

https://economia.ig.com.br/2020-06-18/profissionais-de-beleza-pedem-reabertura-de-saloes-em-sao-paulo.html

https://canalbbn.com.br/2020/profissionais-da-area-da-beleza-protestaram-solicitando-a-reabertura-consciente/canal-bbn/canalbbn/

Assinatura de Termos de Reabertura:

https://www.youtube.com/watch?v=oS6zNB_qtUw Protocolos à Reabertura pós Quarentena: https://www.youtube.com/watch?v=GmzSw7yXEO4 https://www.youtube.com/watch?v=95hTtBIfGgI

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38). As entidades denunciantes não se negam à cooperação com os poderes públicos; aliás, o ajuizamento da presente medida é necessária porque está havendo, de forma gritante, omissão, antinomia jurídica, confronto entre normas municipais, estaduais e federais acarretando em contrariedade aos princípios magnos da isonomia, igualdade, liberdade de ofício, segurança jurídica, primado do trabalho, livre iniciativa, dentre outras garantias. 39). Apesar das denunciantes terem sido feitos vários requerimentos, a exemplo de alguns ofícios anexos, inclusive disponibilizando-se gestores financeiros e outros especializados para formação de comitê, até o momento nenhuma resposta se obteve: “Diretoria Da ABSB E Pró-Beleza Se Reúne Com Patrícia Ellen Do

Governo De São Paulo [...]

Da reunião com a Secretária foram relatadas as problemáticas e expectivas dos empresários e

profissionais, como seguem.

Abrindo a fala e agradecendo o espaço aberto pela Secretária, Márcio Michelasi, diretor do

Sindicato Nacional Pró-Beleza, reiterou a necessidade do correto enquadramento das

categorias profissionais e econômicas, nos departamentos de posturas municipais e políticas

sanitárias sociais, como essenciais. Michelasi frisou, também, que ainda que todos estejam

cientes do número assustador de mortes pelo novo corona vírus, é premente a necessidade da

correta alocação nos quadros de atividades de interesse da assistência à saúde e higiene, tendo

em vista os rigores sanitários diários a que estão submetidos os profissionais, bem como para

que eles não sejam alijados para o fim de fila de reabertura no elenco de fases vindouras.

Em seguida, segundo José Augusto Nascimento dos Santos, presidente da ABSB –

Associação Brasileira dos Salões de Beleza, outro ponto crítico se refere aos salões

estabelecidos em Shoppings Centers, cuja a inflexibilização de administradoras de Malls

colocam negócios existentes há décadas numa derrocada sem precedentes. Nessa toada, os

salões em Shoppings são os que mais sofrem por sofrerem dois tipos de restrição. A primeira

do segmento de beleza e a segunda, dos shoppings, que pelo enquadramento comercial do

ambiente impedem que sejam realizadas as atividades dos salões de beleza, tudo por este

desconhecimento quando aos respectivos enquadramentos legais e demais questões

incidentes.

Os representantes das entidades afirmaram, durante reunião da comitiva, ser premente a

necessidade de edição de decretos e outras normas que regulamentem os contratos de locação

e as verbas locatícias oriundas destes contratos de locação comercial, considerados

“Operações Não Essenciais”, afim de resguardar e preservar a saúde econômica do

estabelecimento e do empresário “salão-parceiro”, a fim de que se evite quebras contratuais,

despejos e outros prejuízos.

Por sua vez, Papilla Ribeiro, Diretora Jurídica da associação Pró-Beleza Brasil e Ceo do Pró-

Bank, que assumiu a concessão do Pró-Beleza Bank, junto a iniciativa privada, que é

correspondente oficial financeiro à interlocução e busca de apoio institucional e

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governamental através de convênios e outros programas para suprir as demandas do setor de

beleza que possui, atualmente, segundo fontes do Sebrae Nacional, mais de um 1,2 milhões

de CNPJs.

Na reunião, Richard Klevenhusen, Diretor da ABSB & Grupo Paradiso, lembrou que este

segmento de beleza é comprovadamente um dos setores mais preparados para enfrentar a

prevenção do novo corona vírus, tanto que foi o primeiro segmento, por intermédio do Sebrae

Nacional, na coordenação de Andrezza Cintra Torres, a reunir as entidades representantes e

editar memorando e cartilha de boas práticas sanitárias para o atendimento presencial no setor

da beleza.

Após a fala dos representantes dos setores da beleza, a Secretária Patrícia Ellen informou-lhes

que os pleitos de competência do Estado já seriam encaminhados para análise e deferimento,

inclusive colocou-se à disposição para as intermediações e interlocuções necessárias com os

demais setores empresarias e comerciais envolvidos.”

Fonte <https://assessorianacional.com.br/diretoria-da-absb-e-pro-beleza-se-reune-com-patricia-

ellen-do-governo-de-sao-paulo/>. Acesso em 21/03/2021.

40). Não apenas isso, as autoridades denunciadas, pela falta de alinhamento e outras questões claras de disputa de poderes políticos numa hora que todos precisam dar as mãos para salvar vidas, estão impulsionando os profissionais e os empreendedores representados e substituídos pelas impetrantes à clandestinidade, sobretudo porque a luta pela sobrevivência é premente, ao instante que a categoria não possui quaisquer subsídios, sobretudo dos profissionais-parceiros reconhecidos pela Lei 13.352/2016, qualquer amparo governamental, nos termos narrados na ADPF 674. 41). Outrossim, afirmamos, prolixamente, que não se pode tirar do radar

que os serviços das categorias denunciantes estão inseridos nas atividades de assistência à saúde, de saúde, de higiene e de terapias, conforme dispõe o Código Brasileiro de Ocupação e outras normas já citadas. 42). É com muito pesar que toda a sociedade está passando pelos efeitos da crise da pandemia do COVID-19 e as entidades denunciantes têm observado todos os esforços à preservação da vida de todos. 43). É claro que a crise do COVID-19 e suas variantes vem trazendo efeitos devastadores com registro crescente de mortes, sendo dever geral primar pela sacralidade da vida. 44). No entanto, é claro também que esta crise também traz outros riscos de mortes aos setores profissionais e econômicos, a exemplo

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da morte financeira que vem se efetivando num crescendo sem precedentes por falta de amparo governamental; sem falar que crises desta natureza impulsionam os trabalhadores, seres humanos, em grau de desespero para mantença de seus lares e famílias, à agressividade, ao trabalho clandestino e informal, colocando em risco a si mesmo e a coletividade de consumidores. Nesse sentido, tem ocorrido casos como este:

DECISÃO

Processo Digital nº: 1500681-23.2021.8.26.0530 Classe – Assunto Auto de Prisão em Flagrante - Infração de Medida Sanitária Preventiva

Documento de Origem: Comunicação de Prisão em Flagrante, Comunicação de Prisão em Flagrante, Boletim de Ocorrência - 2073748/2021 - CENTRAL

POL.JUDRIB. PRETO, 16806157 - CENTRAL POL.JUD-RIB.

PRETO, 1391/21/919 - CENTRAL POL.JUD-RIB. PRETO

Autor: Justiça Pública Indiciado: EDUARDO JOSE CORNELIO DE OLIVEIRA

Réu Preso Juiz(a) de Direito: Dr(a). Giovani Augusto Serra Azul Guimarães

Vistos.

Trata-se de comunicação de prisão em flagrante de EDUARDO

JOSÉ CORNÉLIO DE OLIVEIRA, pela suposta prática dos delitos previstos nos artigos

268, 286 e 330 do Código Penal. Dispensada a realização de audiência de custódia, nos termos do

Provimento CSM 2.548/2020 e do Comunicado CG 232/2020, ambos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e da Recomendação 62/2020 do Conselho Nacional da Justiça.

A Defensoria Pública pleiteou a concessão de liberdade provisória ao preso, sustentando a ausência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva, enquanto o Ministério Público pugnou pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, em suma, por ter o indiciado reiterado o descumprimento de determinações sanitárias e incitado outros comerciantes a fazerem o mesmo, em desrespeito aos decretos de calamidade pública.

A prisão em flagrante comunicada é manifestamente ilegal e deve

ser relaxada, nos termos do art. 5º, inciso LXV, da Constituição da República, e do art. 310, inciso I, do Código de Processo Penal.

De acordo com a capitulação jurídica atribuída pela autoridade

policial, a conduta do preso, consistente em manter seu estabelecimento comercial aberto, em desobediência à “determinação do Governo Estadual”, que ordenou o fechamento do comércio na chamada “Fase Emergencial” da pandemia de Covid-19, e

ter incitado outros comerciantes a fazerem o mesmo, teria caracterizado os crimes definidos nos artigos 268, 286 e 330 do Código Penal.

A Constituição da República, em seu art. 5º, reconhece, entre

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outros, os direitos fundamentais, inerentes à dignidade humana, à propriedade (caput), ao livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (inciso XIII), à intimidade, à vida privada e à

honra das pessoas (inciso X) e à livre locomoção no território nacional em tempo de paz (inciso

XV). Conforme ressabido, de acordo com os artigos 136 e 137 da

Magna Carta brasileira, as únicas hipóteses em que se podem restringir alguns dos

direitos e garantias fundamentais são os chamados Estado de Defesa e o Estado de Sítio, cuja decretação compete ao Presidente da República, com aprovação do Congresso Nacional, nos termos dos mesmos dispositivos constitucionais citados.

Atualmente, não vigora nenhum desses regimes de exceção no

Brasil, de modo que o direito ao trabalho, ao uso da propriedade privada (no caso, o estabelecimento comercial) e à livre circulação jamais poderiam ser restringidos, sem que isso configurasse patente violação às normas constitucionais mencionadas.

Veja-se que nem a lei poderia fazê-lo, porque, não havendo

decreto presidencial, aprovado pelo Congresso Nacional, reconhecendo Estado de Defesa ou Estado de Sítio e estabelecendo os limites das restrições aplicáveis, tal lei seria inconstitucional.

No presente caso, o que ocorre é mais grave: tal proibição foi

estabelecida por decreto do Poder Executivo.

O decreto governamental é instrumento destinado

exclusivamente a conferir fiel cumprimento à lei; presta-se unicamente a regulamentá-la. Não lhe é permitido criar obrigações não previstas em lei (o chamado “decreto autônomo”).

É o que decorre do art. 5º, inciso II, da Constituição da República, segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de lei.

Portanto, o decreto em que se fundou a prisão do indiciado, pelas razões até aqui expostas, é manifestamente inconstitucional, e, portanto, nulo de pleno direito, de modo que os elementos imprescindíveis à caracterização dos tipos penais imputados pela autoridade policial ao indiciado - “determinação do poder público” (art. 268 do CP), “prática de crime” (art. 286 do CP) e “ordem legal” (art. 330 do CP) evidentemente não se concretizaram no caso em análise.

De fato, como admitir: (1) que um decreto do Poder Executivo,

cujo teor viola francamente o texto constitucional, possa ser considerado validamente uma “determinação do poder público”; (2) que seu descumprimento possa ser considerado “prática de crime”; e (3) que a ordem emanada de funcionário público para seu cumprimento seja uma “ordem legal”?

Admiti-lo equivaleria à total subversão do ordenamento jurídico. O fato praticado pelo indiciado, portanto, é notoriamente atípico. Não bastasse, o Supremo Tribunal Federal já decidiu com

bastante clareza, na ADI 6341 (Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin), que as medidas adotadas pelas autoridades governamentais no combate à pandemia de Covid-19 devem ser devidamente justificadas, obedecer aos critérios da

Organização Mundial da Saúde e gozar de respaldo científico.

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Eis a ementa do mencionado precedente, com destaques nossos:

EMENTA: REFERENDO EM MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DIRETA DA INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO À SAÚDE. EMERGÊNCIA SANITÁRIA INTERNACIONAL. LEI 13.979 DE 2020. COMPETÊNCIA DOS ENTES FEDERADOS PARA LEGISLAR E ADOTAR MEDIDAS SANITÁRIAS DE COMBATE À EPIDEMIA INTERNACIONAL. HIERARQUIA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. COMPETÊNCIA COMUM. MEDIDA CAUTELAR PARCIALMENTE DEFERIDA. 1. A emergência internacional, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, não implica nem muito menos autoriza a outorga de discricionariedade

sem controle ou sem contrapesos típicos do Estado Democrático de Direito. As regras constitucionais não servem apenas para proteger a liberdade individual, mas também o exercício da racionalidade coletiva, isto é, da capacidade de coordenar as ações de forma eficiente. O Estado Democrático

de Direito implica o direito de examinar as razões governamentais e o direito de

criticá-las. Os agentes públicos agem melhor, mesmo durante emergências,

quando são obrigados a justificar suas ações. 2. O exercício da competência constitucional para as ações na área da saúde deve seguir parâmetros materiais específicos, a serem observados, por primeiro, pelas autoridades políticas. Como esses agentes públicos devem

sempre justificar suas ações, é à luz delas que o controle a ser exercido pelos

demais poderes tem lugar. 3. O pior erro na formulação das políticas públicas é a omissão, sobretudo para as ações essenciais exigidas pelo art. 23 da Constituição Federal. É grave que, sob o manto da competência exclusiva ou privativa, premiem-se as inações do governo federal, impedindo que Estados e Municípios, no âmbito de suas respectivas competências, implementem as políticas públicas essenciais. O Estado garantidor dos direitos fundamentais não é apenas a União, mas também os Estados e os Municípios. 4. A diretriz constitucional da hierarquização, constante do caput do art. 198 não significou hierarquização entre os entes federados, mas comando único, dentro de cada um deles. 5. É preciso ler as normas que integram a Lei 13.979, de 2020, como decorrendo da competência própria da União para legislar sobre vigilância epidemiológica, nos termos da Lei Geral do SUS, Lei 8.080, de 1990. O exercício da competência da União em nenhum momento diminuiu a competência própria dos demais entes da federação na realização de serviços da saúde, nem poderia, afinal, a diretriz constitucional é a de municipalizar esses serviços. 6. O direito à saúde é garantido por meio da obrigação dos Estados Partes de adotar medidas necessárias para prevenir e tratar as doenças epidêmicas e os entes públicos devem aderir às diretrizes da Organização Mundial da

Saúde, não apenas por serem elas obrigatórias nos termos do Artigo 22 da

Constituição da Organização Mundial da Saúde (Decreto 26.042, de 17 de

dezembro de 1948), mas sobretudo porque contam com a expertise necessária

para dar plena eficácia ao direito à saúde.

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7. Como a finalidade da atuação dos entes federativos é comum, a solução

de conflitos sobre o exercício da competência deve pautar-se pela melhor

realização do direito à saúde, amparada em evidências científicas e nas

recomendações da Organização Mundial da Saúde. 8. Medida cautelar parcialmente concedida para dar interpretação conforme à Constituição ao §9º do art. 3º da Lei 13.979, a fim de explicitar que, preservada a atribuição de cada esfera de governo, nos termos do inciso I do artigo 198 da Constituição, o Presidente da República poderá dispor, mediante decreto, sobre os serviços públicos e atividades essenciais.

Ora, estudos científicos, nacionais e estrangeiros, a exemplo daqueles desenvolvidos por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco1, pela Universidade de Stanford2 e pela revista científica britânica Nature3, têm

demonstrando a ineficácia de medidas como as estabelecidas nos decretos governamentais em questão, ou do chamado lockdown, na contenção da pandemia.

E a Organização Mundial da Saúde já apelou aos governantes para que deixem de usar o lockdown, medida que “tem apenas uma consequência que

você nunca deve menosprezar: torna os pobres muito mais pobres”.4

Qual, então, o respaldo do decreto governamental, no qual se fundou a prisão do indiciado, diante da Constituição da República, da decisão do Supremo Tribunal Federal pertinente ao tema, das orientações da Organização Mundial da Saúde e da ciência?

Absolutamente nenhum.

Ante o exposto, dada a manifesta ilegalidade da prisão em flagrante do indiciado, determino seu imediato RELAXAMENTO, com fulcro no art. 5º, inciso LXV, da Constituição da República, e no art. 310, inciso I, do Código de Processo Penal.

Expeça-se alvará de soltura.

Reconhecida a ilegalidade da prisão em flagrante, por consequência, deve ser reconhecida também a ilegalidade da apreensão dos bens pertencentes ao indiciado, descritos no auto de exibição e apreensão de fls. 14/15.

Determino, pois, a imediata restituição dos referidos bens apreendidos indevidamente. Expeça-se o necessário. Cumpra-se. Intimem-se.

Ribeirão Preto, 17 de março de 2021.

Giovani Augusto Serra Azul Guimarães

Juiz de Direito” (grifos nossos)

1 https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3706464 2 https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/eci.13484 3 https://www.nature.com/articles/s41598-021-84092-1 4 https://frontliner.com.br/oms-condena-lockdown-nao-salva-vidas-e-torna-os-pobre-muito-mais-pobres/

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44). Pelas lacunas e descompasso entre aplicação das normas, urge estabelecermos a equidade entre as normas laborais (art. 5º, 7º, 193, CF/88) e os enquadramentos tributários das atividades (art. 153, CF/88), para que se estabeleça segurança jurídica, social e sanitária, preservando os trabalhadores, os empreendedores, os consumidores, a economia e o erário. 45). Igualmente, em sendo a presente categoria das entidades denunciantes integrante dos serviços essenciais de assistência à saúde, necessário, primordialmente, que sejam adotadas as medidas de saúde emergenciais para preservação da vida dos obreiros e empreendedores autônomos que atendem em domicílio, vacinando-os por isonomia e proteção, já que o Governo os impulsiona, de forma comissiva e/ou omissiva, aos atendimentos em domicílio, delivery, conforme notícia já citada alhures: “podem atender nas casas dos clientes, desde que usem equipamentos de proteção, determinou o governador João Doria.” (sic).

46). Destarte, diante de toda a narrativa e histórico da problemática vivenciada pelos membros das categorias das entidades

denunciantes, não resta outra alternativa senão VIR PEDIR APOIO DESTAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS, POIS A UNIÃO E OS ESTADOS BRASILEIROS ESTÃO NEGLIGENCIANDO DIREITOS TRABALHISTAS E DE PROTEÇÃO DA VIDA E SAÚDE CONSAGRADOS INTERNACIONALMENTE. Em síntese, no presente momento processual, são os fatos.

II. DOS FUNDAMENTOS DE DIREITO.

Tramitam, enfileirados e sem respostas protetivas, no E. STF, processos como a ADPF 674 e MS37787.

Entendem as denunciantes que direitos líquidos e certos dos trabalhadores estão sendo contrariado, sobretudo no que tange aos princípios fundamentais da orientação da ADI 6341, já transcrita alhures.

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É certo também que A ESPECIFICIDADE E ESSENCIALIDADE DO ENQUADRAMENTO DAS ATIVIDADES DOS MEMBROS das categoria denunciantes como atividade de assistência à saúde deve ser assegurada, primeiramente com fulcro no DF nº 10.344/2020 dispõe, no seu 1º, são serviços são essenciais:

“LVI - salões de beleza e barbearias, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde; e LVII - academias de esporte de todas as modalidades, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde.” In casu, a categoria de profissionais e empreendedores representados pelas denunciantes estão sofrendo ataques em seus direitos humanos e fundamentais, ao instante que impulsionados por atos do Estado ao atendimentos em domicílios, o que o fazem porque não possuem outra maneira de sobrevivência. Segundo a jurisprudência pátria, o conceito de direitos humanos aplicados ao “direito do trabalho” são assim entendidos:

Ante o exposto até aqui, resta claro que os atos ARBITRÁRIOS dos denunciados - NUM MOMENTO QUE A POPULAÇAO PRECISA QUE OS CHEFES DE ESTADO TRABALHEM EM CONJUNTO PELA VIDA DOS MEMBROS DA NAÇÃO, SEM DISPUTAS POLÍTICAS QUE, DATA VÊNIA, MANCHAM AS SUAS MÃOS DE SANGUE - estão colocando os trabalhadores e empreendedores representados em meio ambiente de trabalho (prática laboral) sem qualquer política

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sanitária concisa, equilibrada, isonômica, inclusive desrespeitando o enquadramento do setor em serviços de assistência à saúde e saúde. A questão do enquadramento feitos pelos decretos estaduais, como de São Paulo, considerando as atividades prestadas meramente como serviços de “salões de beleza e barbearias” de natureza superficial ou não-essencial, está ferindo o princípio da isonomia, da igualdade e também da própria liberdade de ofício garantida constitucionalmente, ao instante que se coloca tudo num bojo só, como se todos os serviços prestados nestes locais se referissem a alguma espécie de serviço de embelezamento “superficial”. Por exemplo, é muito comum nos depararmos com falas e olhares superficiais, casuais, às atividades de um cabeleireiro, limitando-o ao mero julgamento que seus serviços se resumem à realização de corte de cabelo, maquiagens ou penteados artísticos. Aliás, não se pode criar qualquer tipo de diferença de necessidades humanas. O que é essencial pra um, pode não ser para outro. Uma “peruca” pode ser vista como um simples acessório, mas para uma paciente oncológica ela significa dignidade! O setor da beleza tem feito muito mais pelo país do que se percebe, bastando verificar o programa Salve Uma Mulher que foi coordenado por Roberta Monzini, Cristiane Brito e liderado pela Ministra Damares Alves que fez e faz um excelente serviço de assistente à proteção às vítimas de violência doméstica que, diga-se, teve um aumento desumano com as restrições da pandemia. “Programa Salve Uma Mulher é apresentado no Miss e Mister Brasil 2019

Na última segunda-feira (16), o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), por meio da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM), participou do Miss e Mister Brasil 2019, em São Paulo/SP. O objetivo foi mobilizar os profissionais da beleza e da moda em prol do Programa “Salve Uma Mulher”.

“Estamos aqui, neste momento de elevada autoestima das mulheres, para falar sobre a violência doméstica. Entendemos que todos podem ajudar e um dos caminhos é a conscientização do problema. O Programa Salve Uma Mulher é uma das respostas e convidamos todos a fazerem parte”, afirmou a titular da SNPM, Cristiane Britto.

A organização do evento, promovido pelo Pró-Beleza e Instituto Miss e Mister Brasil, apoiou a iniciativa e ofereceu espaço. Além disso, os organizadores distribuíram camisetas para divulgação e destacaram o Programa durante toda a programação.

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“No que depender de nós, como instituição e categoria de beleza, garantimos todo o apoio. Somos mais de seis milhões de profissionais! Estamos falando de cabelereiros, manicures, depiladoras, consultoras de beleza, uma categoria gigante que se sente honrada em apoiar o Salve Uma Mulher”, destacou Márcio Michelasi, diretor presidente do Sindicato Pró-Beleza.

A madrinha do Salve Uma Mulher, a atriz e ativista Luiza Brunet, participou da cerimônia e destacou a importância do programa para as mulheres que estão em situação de violência doméstica. “Poder contar para as mulheres que eu sofri violência é muito importante. Me sinto feliz de ser voz de um programa e poder ajudar outras como eu. É nosso dever como parte da sociedade, é papel do cidadão”, afirmou Brunet durante o evento.

A diretora responsável pelo Salve Uma Mulher, Roberta Monzini, destacou que durante as oficinas do Programa serão abordadas questões como os cinco tipos de violência e a estrutura que o Estado dispõe para atender as mulheres que estão em situação em situação de risco.”

Fonte <https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2019/dezembro/programa-salve-uma-mulher-e-apresentado-no-miss-e-mister-brasil-2019>. Acesso em 21/03/2019.

Como se vê, os membros do setor das entidades denunciantes podem prestar um serviço muito maior do que ser subestimado aos afazeres comezinhos de, com o devido respeito, qualquer crença de vaidade superficial. Uma empresa de tratamento de beleza e terapias, por exemplo, possui um conjunto amplo e encadeado de serviços e de profissionais especialistas que são abrangidos por alguns CNAEs (códigos nacionais de atividades empresariais), distintos, que vão desde a codificação de serviços de podologia às massagens (facial, corporal, pós-operatória, etc.); sem falar dos inúmeros tratamentos terapêuticos, de tratamentos capilares para pacientes de oncologia, dentre outros portadores de dermatites, alopecias e várias outras patologias ou disfunções que demandam tratamento contínuo para que não haja regressão no processo de cura. Um estabelecimento do setor denunciante, em resumo, se enquadra em 3 grupos de atividades fiscais perante a Receita Federal Brasileira:

86.90-9 Atividades de atenção à saúde humana não especificadas anteriormente

Subclasse: 8690-9/01 Atividades de práticas integrativas e complementares

em saúde humana

8690-9/02 Atividades de banco de leite humano

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8690-9/03 Atividades de acupuntura

8690-9/04 Atividades de podologia

8690-9/99 Outras atividades de atenção à saúde humana não

especificadas anteriormente

96.02-5 Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza

Subclasse: 9602-5/01 Cabeleireiros, manicure e pedicure

9602-5/02 Atividades de estética e outros serviços de cuidados com a beleza

Notas Explicativas: Esta classe compreende: - as atividades de lavagem, corte, penteado, tingimento e outros tratamentos do cabelo

- os serviços de barbearia

- as atividades de limpeza de pele, massagem facial, maquilagem, etc.

- as atividades de manicure e pedicure

- a atividade de depilação

- as atividades de estética e outros serviços de cuidados com a beleza

E não é só isso. O registro sindical e das ocupações representadas pelos autores, desde o antigo Ministério do Trabalho, deixa claro que os serviços de massagem, de estética, de terapia corporal, de higiene e embelezamento pessoal são conexos e interdependentes, tanto que consta do estatuto social da entidade sindical impetrante, fundada em 1919, os seguintes enquadramentos fiscais da categoria:

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Como já demonstrado, os trabalhos e ofícios dos membros da categoria, a exemplo dos demonstrados no tópico ad cautelam, têm finalidade de promover (ou manter) saúde e dignidade humana.

Com a devida vênia, da maneira como vêm sendo tratados os enquadramentos permissivos ou suspensivos ao setor in testilha, está se contrariando o princípio da legalidade e do livre exercício de ofício dos obreiros - no que tange às exceções existentes de suspensão de atendimentos aos setores de saúde, assistência à saúde e higiene - e, por conseguinte, tirando-se da coletividade de consumidores o direito de usufruírem tais serviços em ambientes cuja segurança sanitária é infinitesimalmente superior, fiscalizável, porque esses locais devem seguir rígidas regras de controle sanitário.

Omitem, in casu, os Denunciados, que mais de 80% da arrecadação dos profissionais da categoria representada vem de práticas de assistência à saúde ou terapêuticas complementares. É neste sentido, pelas omissões quanto aos corretos enquadramentos às exceções legais, que afirmam as denunciantes que está ocorrendo antinomia jurídica, pois os decretos apontados estão liberando alguns serviços de higiene e saúde, mas negando outros, como as do setor. Mas, sobre qual critério técnico e jurídico está sendo utilizado? Qual perícia formal foi realizada? Participaram especialistas do setor? Há muito incongruência e como já dito: antinomia jurídica. Conforme doutrina, antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto (lacunas de colisão). “Antinomia - O conflito aparente de normas e seus critérios de resolução Os conflitos de normas ocorridos durante o processo de interpretação denominam-se Antinomias. Esses problemas podem ser solucionados através da aplicação de três critérios: hierárquico, cronológico e da especialidade. O primeiro critério solucionador de antinomias e o mais relevante é o hierárquico, pois não há o que se falar em norma jurídica inferior contrária à superior. Isto ocorre porque “a norma que representa o fundamento de validade de uma outra norma é, em face desta, uma norma superior”, por exemplo a Constituição Federal de 1988 tem caráter supralegal, na qual, as demais leis (ordinárias, complementares, etc.) devem estar em

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consonância aos princípios estabelecidos por ela, caso contrário será considerada inconstitucional perdendo sua efetividade. O critério cronológico tem por fundamentado o artigo 2º, § 1º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, que regula que norma posterior revoga a anterior: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior”. O terceiro e último critério é o da especialidade o qual prescreve que a norma especial prevalece sobre a geral. Este critério também encontra-se no artigo 2º, § 2o da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”. O princípio da Especialidade tem por finalidade evitar o bis in idem, sendo certo que a comparação entre as normas será estabelecida in abstracto. Um exemplo que podemos citar é o conflito de parâmetros de níveis sonoros determinados em decibéis. Vejamos um exemplo: O proprietário de um veículo automotivo que deseja ligar o som em via pública aberta à circulação, duas normas entrariam em conflito para julgá-lo. Segundo as normas insculpidas pela ABNT, (Associação Brasileira de Normas Técnicas), som poluidor em área mista com predominância residencial é aquele que fica acima dos níveis permitidos pela NBR 10151/00, ou seja, no período diurno, (7h 22h), até o nível máximo de 55 dB, e no período noturno, (22h 7h), até o máximo de 50 dB. Se analisarmos pela ótica do Código de Trânsito Brasileiro, o Art. 228 descreve que: “Usar no veículo equipamento com som em volume ou frequência que não sejam autorizados pelo CONTRAN”. Ocorre infração grave com multa e retenção do veículo. A resolução do CONTRAN que regulamenta a aferição é a Resolução 204/2006 que descreve: “A utilização, em veículos de qualquer espécie, de equipamento que produza som só será permitida, nas vias terrestres abertas à circulação, em nível de pressão sonora não superior a 80 decibéis – dB (A), medido a 7m (sete metros) de distância do veículo”. Nesse caso supracitado, qual seria o critério adotado para valorar o limite permitido ao usuário do som do carro? É preciso termos em mente que o Princípio da Especificidade leva em consideração a lei mais específica para julgar o caso. A Lei Ambiental utiliza a NBR para autuar os infratores. O CTB utiliza resolução para normatizar os parâmetros limites passíveis de autuação. Ambas são leis federais. O agente autuador, no uso de seus poderes coercitivos, deve lembrar que em favor do réu, usa-se a lei mais benéfica (ou menos danosa). Nesse caso onde há conflito de normas, deveria o agente utilizar o CTB, já que esta norma é a que beneficia o réu. Nosso ordenamento jurídico está recheado de exemplos como esse apresentado anteriormente. Em muitos casos, não parte do agente a decisão de utilizar norma A ou B, cabendo ao réu a provocação da justiça para que seu caso seja julgado com a norma mais benéfica em seu favor. Autores: Rodrigo Bezerra; Júlio César Azevedo. KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 7ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. P. 217. LINDB, Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 http://www.planalto.gov.br/…/Cons…/ConstituicaoCompilado.htm

Fonte <https://rodrigobezerraadv.jusbrasil.com.br/artigos/297827324/antinomia-o-

conflito-aparente-de-normas-e-seus-criterios-de-resolucao>. Acesso em 21/03/2021.

No caso sub judice não existem apenas colisões, mas também contrariedade ao princípio da igualdade, ao instante que o profissional

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da beleza autônomo do setor, ainda que sejam pessoas físicas, atuam equiparadas às pessoas jurídicas para fins de enquadramento tributários, a exemplo dos mais de 1 milhão de microempreendedores individuais existentes no país, verbis: “Segundo dados do Sebrae Nacional, a categoria de microempreendedores individuais (MEIs) do setor de beleza, em 2021, passou a casa de 1 milhão de inscritos, correspondendo a 9,43% do total de 11 milhões de Meis inscritos no Brasil.

O setor da beleza passou inclusive o setor do comércio varejista de vestuário que tem cerca de 843 mil inscritos. Para entender o atual cenário, o Pró-Beleza Brasil, entidade que Valentinus Michelasi preside, está divulgando iniciativa de coleta de dados liderada por Andrezza Cintra Torres da Coordenação Nacional HPPC/Beleza do Sebrae Nacional. Segundo Andrezza, nesta primeira semana de março, o Sebrae realiza coleta de dados de pesquisa entre os profissionais da beleza no país; alerta a coordenadora nacional que “A pesquisa é de extrema importância para o segmento de serviços de Beleza e a Indústria Cosmética. A iniciativa faz parte da defesa e posicionamento do Sebrae acerca da Lei Salão Parceiro (Lei n.13.352/2016) junto ao Supremo Tribunal Federal no âmbito da ADI 5625 que contesta a constitucionalidade da Lei.” O setor da beleza foi um dos setores mais notadamente atacados pela crise pandêmica do Covid-19, tendo, no ano passado, sofrido um fechamento de 30% de estabelecimentos de beleza (salões e instituto de beleza) no estado de São Paulo. Opina Michelasi que esse fechamento, além da evasão de público, também se deu pelas controvérsias geradas sobre a inserção ou não das atividades de beleza como atividades essenciais, havendo descompasso entre decretos federais e as normas estaduais e municipais. Outro ponto, argumenta, que a formalização e aumento dos escritos também se deu pelo próprio entendimento, do profissional, em buscar os amparos legais e os benefícios sociais num momento tão delicado vivido por todos.

https://assessorianacional.com.br/marcio-valentinus-michelasi-e-andrezza-cintra-apresentam-coleta-de-dados-ao-setor-de-beleza/

No caso dos profissionais parceiros, como agravante, por lapso da Secretaria da Fazenda da União, tais trabalhadores empreendedores pessoas físicas, por atuarem, para fins tributários, na forma de micro, médio ou pequenos empreendedores, diga-se, apenas inscritos no cadastro nacional de pessoas jurídicas, estão sendo sem qualquer distinção cadastral para com um estabelecimento físico, o que por exemplo os limitou inclusive a fazerem jus dos ínfimos benefícios de auxilio emergencial, tem da ADPF 674. Ou seja, ambos (espaço físico e profissional), por falta de criação de códigos específicos na RFB/União, utilizam os mesmos CNAE-s (por falta de mais especificidade), pois, embora a Lei 13.352/2016 deixe claro quais as diferenças dos títulos das atividades que cabe a cada uma das partes, a Fazendas Federal, Estadual e Municipal, por conseguinte não fazem nenhuma diferenciação cadastral destes contribuintes, tampouco conceitual, porque o fato gerador é o pagamento do cliente (pagamento único) e a partir daí incidem os impostos nas respetivas cotas-partes rateadas.

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DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Exemplo do narrado acima, no município de São Paulo, a categoria foi prejudicada com lançamentos de RPS em dívida ativa, pelo erro do enquadramento supracitado, estando ainda mais prejudicados nesta pandemia, porque com as inscrições negativas em seus CPFs estes não conseguiram se habilitar em financiamentos para se manterem vivos, por isso, São Paulo foi incluído do polo ativo, porque se teve notícia de nenhum outro município com atitude tão prejudicial. Neste sentido, foi a liminar deferida nos autos do processo nº 1016415-18.2019.8.26.0053, abaixo, ordem que ainda não foi cumprida na totalidade pelo município, prejudicando trabalhadores arrimos de família, muitos mais que hipossuficientes que estão com multas equivocadas que alcançam altas somas, matéria debatida nos autos do processo indicado. Vistos. De fato, enquanto as impugnações administrativas não tiverem decisão na esfera

administrativa, é defeso à Municipalidade encaminhar os nomes dos associados ao Cadin e

Cartório de Protestos. Note-se que há verossimilhança na alegação da parte autora, uma vez

que afirma que o sistema informatizado da Municipalidade não é capaz de distinguir a exceção

contida no próprio decreto municipal que prevê no parágrafo 1º, art. 92º, do Decreto Municipal

53.151/2012. Pelo exposto, DEFIRO a liminar para o fim de DETERMINAR que a ré SUSPENDA

todas as informações negativas encaminhadas ao CADIN e CARTÓRIO DE PROTESTOS,

conforme se observa dos documentos que acompanham a petição inicial, especificamente de

todos aqueles que, conforme planilhas que a instruem, já estão com pedidos de impugnação e

recurso ainda tramitando na esfera administrativa. Poderá o autor imprimir cópia desta decisão,

desde que assinada digitalmente, para, por seus próprios meios, buscar a autoexecutoriedade

dela, devendo a autoridade a quem for a mesma apresentada, dentro de sua esfera de

atribuição, promover todos os atos tendentes a dar-lhe pleno e integral cumprimento, sob pena

de prática de crime de desobediência, eventual crime de responsabilidade e/ou ato de

improbidade administrativa. Deixo de designar audiência de conciliação prevista no art. 334 do

NCPC. Isso porque a Fazenda Pública não tem poderes para transigir, sendo seus interesses

indisponíveis. Ademais, o princípio constitucional da razoável duração do processo impõe o

contrário quando se vislumbra que o acordo tem baixa probabilidade de acontecer. Nada tendo

a regularizar, servindo esta decisão como mandado, CITE-SE a(o) ré(u) na pessoa de seu

representante legal, ficando o(s) réu(s) advertido(s) do prazo de 30 (trinta) dias para apresentar

a defesa. Cumpra-se na forma e sob as penas da lei. Int Vide, Suprema Corte, que os entes impetrados não possuem um olhar para esta categoria, inclusive desconhece o próprio modus operandi do salão de beleza e seu profissional. Ambos, por usos e costumes, mesmo antes da Lei 13.352/2016, sempre dividiram o faturamento, pois cada um oferece uma parte do serviço:

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“De outra banda, no tocante à cobrança em duplicidade, é possível verificar que não houve cobrança em duplicidade, mas tão somente divisão do valor cobrado entre o estabelecimento e o cabeleireiro, para fins fiscais. Como é cediço, é notório o fato de que salões de beleza utilizam sistema de parceria com a finalidade de propiciar o labor de cabeleireiros, manicures e outros profissionais. Nessas situações, retira-se uma parcela do valor cobrado pelo respectivo profissional para custear as despesas do estabelecimento, no caso, metade para cada um.” Processo Digital nº: 1023071-65.2016.8.26.0224. Classe - Assunto Procedimento do Juizado Especial Cível - DIREITO DO CONSUMIDOR. Requerente: Vanice Cestari. Requerido: Campinas Cabeleireiros Ltda.

Com o estímulo de atendimentos (clandestinos ou não) em domicílio, os atos dos denunciados está matando um setor econômico, provocando uma crise econômica sem precedentes, contrariando todos os princípios fundamentais postos no julgado do processo nº 1500681-23.2021.8.26.0530, anexo, que pedimos vênia transcrever mais uma vez o seguinte trecho:

“A Constituição da República, em seu art. 5º, reconhece, entre outros, os direitos fundamentais, inerentes à dignidade humana, à propriedade (caput), ao livre exercício do trabalho, ofício ou profissão (inciso XIII), à intimidade, à vida privada e à

honra das pessoas (inciso X) e à livre locomoção no território nacional em tempo de paz (inciso

XV). Conforme ressabido, de acordo com os artigos 136 e 137 da

Magna Carta brasileira, as únicas hipóteses em que se podem restringir alguns dos

direitos e garantias fundamentais são os chamados Estado de Defesa e o Estado de Sítio, cuja decretação compete ao Presidente da República, com aprovação do Congresso Nacional, nos termos dos mesmos dispositivos constitucionais citados.

Atualmente, não vigora nenhum desses regimes de exceção no

Brasil, de modo que o direito ao trabalho, ao uso da propriedade privada (no caso, o estabelecimento comercial) e à livre circulação jamais poderiam ser restringidos, sem que isso configurasse patente violação às normas constitucionais mencionadas.

Veja-se que nem a lei poderia fazê-lo, porque, não havendo

decreto presidencial, aprovado pelo Congresso Nacional, reconhecendo Estado de Defesa ou Estado de Sítio e estabelecendo os limites das restrições aplicáveis, tal lei seria inconstitucional.

No presente caso, o que ocorre é mais grave: tal proibição foi

estabelecida por decreto do Poder Executivo.

O decreto governamental é instrumento destinado

exclusivamente a conferir fiel cumprimento à lei; presta-se unicamente a regulamentá-

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la. Não lhe é permitido criar obrigações não previstas em lei (o chamado “decreto autônomo”).

É o que decorre do art. 5º, inciso II, da Constituição da República, segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude

de lei.

Portanto, o decreto em que se fundou a prisão do indiciado, pelas razões até aqui expostas, é manifestamente inconstitucional, e, portanto, nulo de pleno direito, de modo que os elementos imprescindíveis à caracterização dos tipos penais imputados pela autoridade policial ao indiciado - “determinação do poder público” (art. 268 do CP), “prática de crime” (art. 286 do CP) e “ordem legal” (art. 330 do CP) evidentemente não se concretizaram no caso em análise.

De fato, como admitir: (1) que um decreto do Poder Executivo,

cujo teor viola francamente o texto constitucional, possa ser considerado validamente uma “determinação do poder público”; (2) que seu descumprimento possa ser considerado “prática de crime”; e (3) que a ordem emanada de funcionário público para seu cumprimento seja uma “ordem legal”?”

Logo, por todo prisma jurídico que se analise, percebe-se que “todos os ovos estão sendo colocados na mesma cesta”, aprisionando, destarte, todos os obreiros e empreendedores, ora representados, indistintamente, num conceito de beleza superficial e não-essencial, sem importância à saúde, tudo isso ocorrendo por limitações, omissões administrativas de códigos tributários, de enquadramentos, de cadastros públicos, de portarias, etc.

DA RESPONSABILIDADE E CORRESPONSALIDADE DOS ENTES REQUERIDOS NA DEFESA DA VIDA, DA SEGURANÇA

E DA SAÚDE DA COLETIVIDADE DE TRABALHADORES E CONSUMIDORES.

Como já dito, ao instante que o Estado impulsiona atendimentos não presenciais e também não IMPLEMENTA outro tipo de forma de apoio ou à mantença dos profissionais e suas famílias, não sobra outra alternativa a estes senão atender seus clientes em residências. Todavia, a responsabilidade de primar pela segurança e saúde do trabalhador é do Estado (art. 7º, XXII, CF/88), de forma que os Entes Reclamados devem tomar todas as medidas necessárias de proteção aos obreiros, a exemplo de priorizar a vacinação conforme assim é feito com os demais profissionais da saúde. Esmagadora e pacífica é a jurisprudência sobre o tema, bastando citar alguns casos análogos, publicado no DEJT:

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Na Seara Federal Trabalhista o entendimento sobre responsabilidades do Estado quanto à preservação da saúde do trabalhador não é diferente, verbis:

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E NÃO É SÓ ISSO. Os Governos Reclamados também são responsáveis proteção da saúde da coletividade de consumidores, logo, ao impulsionarem atendimentos tão somente em domicílios (direta ou indiretamente) passam a mensagem que tal atendimento é mais seguro do que aqueles presenciais realizados em espaços cujo processo de sanitização, esterilização e de acondicionamento de equipamentos e utensílios é mil vezes superior (talvez insubstituível). Repita-se, NÃO SE QUESTIONA NECESSIDADE DE RESTRIÇÕES para contenção da contaminação pelo COVID-19, mas estão sendo questionados quais os critérios que estão utilizados para se dizer, direta ou indiretamente, que os atendimentos em domicilio (deliverys) sejam mais seguros que aqueles realizados nos estabelecimentos.

PARADIGMAS DE OUTROS PAÍSES

(A EXEMPLO DA FRANÇA) As matérias anexas trazem notícias da França, país gravemente atacado pela COVID-19, mas que concluiu que algumas das atividades debatidas sub judice oferecem menos riscos quando realizadas nos estabelecimentos físicos, verbis:

Fonte <https://www.journaldesfemmes.fr/beaute/coiffures/2631571-ouverture-coiffeur-confinement/>.

Acesso em 21/03/2021. Google Translater.

Da maneira como os impetrados estão fazendo, a responsabilidade civil de fiscalização dos serviços à coletividade de consumidores, que nos serviços presenciais é primigênia da iniciativa privada e estabelecimentos físicos (e secundária, subsidiária, dos órgãos fiscalizadores), nos atendimentos em domicilio está sendo jogada às espáduas dos consumidores. In casu, está havendo, inclusive, a clara transferência e inversão destas mencionadas responsabilidades, devendo os Denunciados

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serem notificados à correção de suas condutas e a Excelsa Corte Brasileira promover justiça nos autos dos processos ADPF 674 e MS37787.

PRÍNCIPIO DO “HABEAS DATA”. Os setores representados pelas denunciantes carecem, habeas data, de dados, acesso aos relatórios técnicos e fundamentos dos centros de contingência e secretarias de saúde, sempre mencionados pelos impetrados, para a coletividade de trabalhadores possam entender quais os riscos técnicos reais e não meramente presumidos. Neste sentido, conforme matéria publicada pelo G1, anexa, estão autorizadas reuniões em igrejas, em estabelecimentos de saúde animal, em serviços bancários, incluindo lotéricas, mas, infelizmente, os estabelecimentos denominados “salões de beleza e barbearias”, que fizeram os primeiros protocolos de segurança do país e as organizações mais exemplares, não o podem, o que causa estranheza e sentimento de desigualdade, de injustiça.

O que pode funcionar na fase vermelha?

Escolas e universidades

Hospitais, clínicas, farmácias, dentistas e estabelecimentos de saúde animal

(veterinários)

Supermercados, hipermercados, açougues e padarias, lojas de suplemento, feiras

livres

Delivery e drive-thru para bares, lanchonetes e restaurantes: permitido serviços

de entrega

Cadeia de abastecimento e logística, produção agropecuária e agroindústria,

transportadoras, armazéns, postos de combustíveis e lojas de materiais de

construção

Empresas de locação de veículos, oficinas de veículos, transporte público

coletivo, táxis, aplicativos de transporte, serviços de entrega e estacionamentos

Serviços de segurança pública e privada

Construção civil e indústria

Meios de comunicação, empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons

e imagens

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Outros serviços: igrejas e estabelecimentos religiosos, lavanderias, serviços de

limpeza, hotéis, manutenção e zeladoria, serviços bancários (incluindo lotéricas),

serviços de call center, assistência técnica e bancas de jornais.

Está havendo morte de todo tipo, de financeira à biológica; mas a categoria representada e substituída tem o direito constitucional de acesso aos dados e à informação, in casu, sejam exibidos os documentos técnicos, pesquisas, pareceres médicos (e seus autores), documentos esses devidamente expedidos e firmados pelos órgãos controladores sobre a segurança do atendimento domiciliar em oposição ao presencial nos respectivos postos de trabalho, bem como informem, apresentem, quais são os critérios técnicos que estão sendo adotados para liberação de igrejas e outras atividades “aglomerativas”, sobretudo, para que os entes autores possam tomar todas as providencias necessárias para orientar, assistir, alertar a coletividade e contribuir com o próprio Estado (art. 513, a, CLT), inclusive para estabelecer paz e solução de conflitos (art. 4º, VI, VII, CF/88). Data máxima vênia, medida emergencial para proteger a saúde dos trabalhadores, tanto a biológica como sanitária, precisa ser concedida, o que se dará com a ordem de atendimento nos estabelecimentos físicos (fiscalizáveis até pelo consumidor) em detrimento aos atendimentos presenciais como difundido pelos denunciados. Plenamente compreensível, membros da coletividade representada estão prestes a explodir como panela de pressão, tudo isso, por falta de informação, tudo isso impulsionado por atos e falas de alguns dos impetrados; infelizmente, algumas das r. autoridades impetradas estão colocando membros do setor em desespero, o que pode acabar com a paz social, pedindo vênia as impetrantes mencionar o tipo de mensagens que circulam em grupos da categoria, pedindo omissão de alguns nomes por preservação da intimidade:

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O desespero, a falta de informação, o sentimento de injustiça e sobretudo os atos incongruentes (que promovem concorrência desleal e desigualdade) podem gerar situações desnecessárias que podem ser estancadas com o deferimento das medidas ao final requeridas.

Com a devida vênia, a todas as luzes, sobretudo conforme narrado e

fundamentado, os denunciantes não seriam levianos ao ponto

de tentar negar a gravidade da crise vivenciada.

Todavia, não se pode impor dois pesos e duas medidas a uma

categoria de pessoas físicas e jurídicas que estão sem qualquer

subsídio governamental estadual ou federal e estão chegando em

situação de desespero, conforme demonstram alguns recortes de

conversas em grupo, acima.

O pleito liminar dos denunciantes residem em três pilares principais

TOTALMENTE DIFERENCIADOS AOS CASOS QUE JÁ CHEGARAM A

ESTA SUPREMA CORTE:

1. Em primeiro, para concessão da tutela liminar, seja verificado

que as atividades dos membros das impetrantes estão inseridas

no segmento da saúde, assistência à saúde e higiene, tudo isso,

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conforme demonstram os enquadramentos do Código Brasileiro

de Ocupações, CNAES/CONCLA e demais dispositivos legais, a

exemplo de Leis Federais específicas que regulamentam as

atividades de terapias complementares e estéticas.

2. Por conseguinte, além das atividades da categoria impetrante

estarem inseridas no ramo de saúde, também estão à égide do

Decreto Federal nº 10.344/2020 que reconhece as respectivas

essencialidades.

3. Por fim, como fato mais grave e incongruente, apesar de alguns

dos denunciados, explicitamente, arguirem que as atividades

supracitadas não podem ser prestadas presencialmente (inclusive

muitas ocorrendo clandestinamente como na fala do Presidente Jair

Bolsonaro), está ocorrendo direta e indiretamente, omissiva e

comissivamente, IMPULSIONAMENTO DOS TRABALHADORES À

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM DOMICÍLIO, CUJO VETOR DE

TRANSMISSÃO, POR ADENTRAREM NAS RESIDÊNCIAS, SÃO

SUPERIORES DO QUE A DOS ESTABELECIMENTOS FÍSICOS.

Com o máximo respeito, os denunciantes precisam seja respeitado o

direito de igualdade porque não está se arguindo qualquer

essencialidade relativa, mas, sim, a essencialidade absoluta

das atividades de assistência à saúde, higiene e terapias, tudo

conforme apontado prolixamente até aqui.

Considerações finais à proteção da saúde da coletividade de trabalhadores e consumidores e aos fundamentos primordiais de

“periculum in-mora” do risco de morte e/ou doença laboral. Considerando que o maior bem da cadeia produtiva é o trabalhador, nas suas mais diversas formas laborais empreendedoras (empregado, autônomo, parceiro, liberal, empresário à pró-labore), sem o qual não existe produção, tampouco geração de qualquer tipo de rentabilidade ao setor econômico, neste caso, aos setores de beleza, terapia e estética representados pelas denunciantes que estão de forma devastadora falindo e fechando suas portas;

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Considerando que é defeso, pela nossa Carta Magna, a sacralidade do corpo, a dignidade da pessoa humana e a constante luta em prol da empregabilidade; Considerando, sobretudo, que obrigação do Estado Brasileiro e seis entes zelarem pela saúde da coletividade de trabalhadores e consumidores; Considerando toda a fundamentação fática e direito, urge sejam adotadas as medidas ao final elencadas, pela premente necessidade de defesa de bens sociais maiores de vida, qual sejam, saúde, trabalho, liberdade, dignidade, isonomia, igualdade, paz social, informação e subsistência.

In casu, repita-se, as categorias denunciantes vêm a presença destas ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS para pleitearem auxilio e apoio emergencial, porque negócios, empregos e postos de trabalho estão sendo fechados em escala absurda e assustadora, havendo graves controvérsias técnicas sobre o tema; tudo isso, sem qualquer que os membros da categoria estão sem amparo governamental, seja de financiamentos, sejam de assistência, tudo como dito alhures e também fundamentado nos autos da ADPF 674 que não deferiu qualquer medida protetiva ou equivalente. Neste sentido também é premente a necessidade das denunciadas colocarem os trabalhadores representados pelos denunciantes no cronograma de prioridades, assim como os demais profissionais da saúde, ao instante que, como já prolixamente dito, eles estão sendo empurrados aos atendimentos em domicilio para sobrevivência. Nesse sentido, já afirmaram (União e Estado de São Paulo), em autos precedentes, que são considerados profissionais da saúde. Vide do quadro a seguir que, dentre eles, estão inclusos professores de educação física e outros trabalhadores de “assistência à saúde e vigilância à saúde”. Destarte, qual a diferença entre massagistas, esteticistas, terapeutas capilares e similares destes profissionais? É GRITANTE A DISCRIMINAÇÃO!!!!

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Já que os representados em sem apoio qualquer, para evitar prejuízos irreparáveis, necessário que sejam vacinados e/ou liberados para às atividades (da família de higiene, saúde e assistência à saúde) nas suas respectivas salas, cabines e espaços de físicos de atendimentos, observados os mesmos requisitos de limitação adotados aos demais profissionais da saúde e/ou que sejam observados, por isonomia, analogia e equidade, os mesmos requisitos impostos aos serviços de saúde e demais serviços em fases laranja e/ou amarela dos planos governamentais (a exemplo de saúde animal, clínicas, dentistas e afins), tendo em vista as pesquisas do setor informarem um número reduzido de contaminados, o que também se coaduna com as notícias veiculadas na França, matéria anexa. Por amor o argumento, caso não tomadas, em tempo, quaisquer medidas emergenciais pleiteadas para proteção da saúde do trabalho

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nas relações de trabalho da categoria, estará se perpetrando injustiça e ato discriminatório sem precedentes!!! Segundo o Tribunal Superior do Trabalho, são considerados atos de prevenção à saúde do trabalhador:

“Prevenção de doenças e acidentes

Os locais de trabalho, muitas vezes pelas próprias características das atividades

desempenhadas – como a manipulação de produtos químicos ou a exposição a agentes

físicos ou biológicos –, podem comprometer a saúde e a segurança do trabalhador, seja de

forma imediata ou com o passar do tempo. As medidas de saúde e segurança no trabalho

dizem respeito a uma série de normas e procedimentos que buscam prevenir acidentes e

doenças ocupacionais.

A segurança no trabalho envolve todos os aspectos relacionados à saúde dentro do

ambiente laboral. Doenças ocupacionais, violência, assédio moral e sexual, acidentes de

trabalho e assuntos relacionados fazem parte dos temas que são observados.

Profissões específicas

Por se tratar de uma área técnica, há profissões específicas para atuar neste ramo, com

diferentes competências. Os engenheiros de segurança do trabalho são responsáveis por

inspeções, laudos técnicos e planos de prevenção. Também contam com o apoio de técnicos

em segurança do trabalho. Na área da saúde, o tema fica por conta dos médicos e dos

enfermeiros do trabalho, responsáveis pela saúde ocupacional.

Esses profissionais ficam encarregados de garantir que as normas sobre a matéria sejam

devidamente aplicadas. Essas normas têm base na legislação brasileira e nas convenções

internacionais.

Direitos e deveres O direito à saúde e à segurança no trabalho aparece no rol de direitos sociais da Constituição

da República: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social: redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de

normas de saúde, higiene e segurança” (artigo 7º, inciso XXII).

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) tem um capítulo específico para segurança e

medicina do trabalho. As empresas têm a obrigação de cumprir e fazer cumprir as normas

de segurança do trabalho e de instruir os empregados sobre as precauções para evitar

acidentes. Também é obrigatório à empresa fornecer equipamentos de proteção individual

(EPIs) adequados ao risco e em perfeito estado de funcionamento (artigo 166).

Aos empregados, cabe observar as normas de segurança. Assim, toda a sociedade tem uma

parcela de responsabilidade na prevenção de acidentes – diagnosticando possíveis riscos,

reduzindo chances e monitorando esses elementos.

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Leis e convenções

O normativo também assegura direitos aos que estão expostos a riscos – os adicionais de

insalubridade e de periculosidade. De acordo com o artigo 193 da CLT, são consideradas

atividades perigosas aquelas em que o trabalhador tem contato com fatores de risco, como

inflamáveis, explosivos, energia elétrica e violência. Já atividades insalubres são as que

expõem os empregados a agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância, fixados

em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos

(artigo 189).

Compõem ainda o conjunto de normas sobre o tema a Política Nacional de Meio Ambiente

(Lei 6.938/1981), a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.765/1999), a Política

Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho (Decreto 7.602/2011), o Dia Nacional em

Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho (Lei 11.121/1995) e o Programa

Integrado de Assistência ao Acidentado do Trabalho (Portaria Interministerial 14/1996).

Por fim, o assunto também é tema de 19 convenções da Organização Internacional do

Trabalho (OIT), com destaque para a Convenção 155, sobre segurança e saúde dos

trabalhadores, promulgada pelo governo brasileiro em 1994. Com aplicação a todas as áreas

de atividade econômica, o documento entende “saúde” de maneira ampla, que abrange a

ausência de doenças e os elementos físicos e mentais que afetam a saúde e estão

diretamente relacionados com a segurança do trabalho. O objetivo da convenção é que os

países formulem políticas nacionais para prevenir os acidentes e os danos à saúde que

forem consequência do trabalho ou tenham relação com ele, reduzindo ao mínimo, na

medida em que for razoável e possível, as causas dos riscos inerentes ao meio-ambiente de

trabalho.

Normas regulamentadoras

Outra grande referência sobre o tema são as 37 Normas Regulamentadoras (NR) da

Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia (extinto Ministério do Trabalho). Elas

detalham a aplicação das disposições da CLT sobre medidas preventivas de medicina do

trabalho, edificações, iluminação, conforto térmico, instalações elétricas, armazenagem de

materiais, atividades insalubres, etc.

Essas normas devem ser implementadas obrigatoriamente, no local de trabalho e visam à

proteção de empregadores e trabalhadores. Entre os temas tratados estão equipamentos de

proteção, sinalização de segurança e treinamentos de evacuação em questões mais graves,

como em incêndio.

Um exemplo é a Norma Regulamentadora 5, que instituiu a Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (Cipa), com o objetivo de tornar compatíveis, permanentemente, o trabalho, a

preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. As Cipas são compostas por

representantes dos empregadores e dos empregados e têm como atribuições identificar os

riscos do processo de trabalho; elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior

número de trabalhadores; elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na

solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; e participar da implementação e

do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, entre outros.

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O fornecimento de equipamentos de proteção individual, a promoção de eventos de

conscientização e o monitoramento de condições seguras são exemplos dessas normas

sendo colocadas em prática.

Defesa da vida

As normas e a atuação das instituições responsáveis pelo assunto têm voltado a atenção

para as ações de prevenção. “A prevenção é e será, em qualquer circunstância, a melhor

saída para empregados empregadores”, afirma a ministra Delaíde Miranda Arantes, do

Tribunal Superior do Trabalho (TST), coordenadora do Programa Trabalho Seguro da Justiça

do Trabalho. “É a forma mais eficiente para evitar os infortúnios e as suas nefastas

consequências. É um caminho de defesa da vida e de construção de um ambiente

saudável”.

Segundo a ministra, o trabalho de conscientização para a importância da prevenção não é

um gasto, mas um importante investimento. “A tragédia de Brumadinho, por exemplo, é um

acidente de trabalho que, se tivesse sido evitado, não teria gerado tanto gastos financeiros

e humanos, não se teriam perdido tantas vidas”, assinala.

A ministra explica que a Justiça do Trabalho tem investido em ações de cunho também

educativo. “Uma grande contribuição para a prevenção se dá quando a Justiça do Trabalho

julga as ações de indenizações decorrentes de doenças ou acidentes de trabalho”,

exemplifica. Segundo ela, essas ações têm dois objetivos principais: reparar o dano sofrido

pela vítima; o segundo é causar um efeito pedagógico. “Na medida em que a empresa se vê

na obrigação de reparar o dano causado, seja por negligência ou por falta de medidas

preventivas, o efeito pedagógico se reveste em medidas preventivas”.

Trabalho decente em tempos de crise A pandemia provocada pelo coronavírus tem agravado doenças físicas e psíquicas em razão

dos desafios e das consequências da nova forma de vida e de trabalho, afetando,

especialmente, a população mais vulnerável. O gestor nacional do Programa Trabalho

Seguro na Região Nordeste, juiz André Machado Cavalcanti, da 13ª Região, diz que a crise

tem afetado a saúde do trabalhador de diversas formas.

“Muitos foram obrigados a trabalhar em casa, muitas vezes sem condições para tanto; outros

estão trabalhando em situações de extremo risco; e uma grande parcela está privada do

trabalho, seja porque foram dispensados, seja porque são profissionais liberais ou

empreendedores e tiveram que fechar seus negócios em razão da calamidade pública. Tudo

isso causou uma situação de extremo estresse, forte tensão e muito abalo emocional”,

assinala.

O desembargador Sebastião de Oliveira, do TRT da 3ª Região (MG), gestor nacional do

Programa na Região Sudeste, afirma que o contexto atual requer esforços de todos para

evitar o adoecimento profissional. “É necessário que as corporações e as empresas se

reúnam e montem uma equipe de emergência para tratar de quatro passos – prevenção,

diagnóstico, tratamento e retorno ao trabalho. É preciso uma conjugação de esforços de

patrão e empregado para salvar todos que puder”, ressalta.

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O juiz do Trabalho Leonardo Vieira Wandelli, da 9ª Região (PR), representante da Região

Sul no Programa Trabalho Seguro, também reforça a seriedade das medidas de prevenção.

“O cumprimento das orientações e das normas, como distanciamento, uso de máscara,

luvas, restrições no transporte de empregados, os cuidados no refeitório, tudo deve ser

exigido pelas empresas, pelos empregados e pelo poder público, porque interessa a todos.

E esse cuidado precisa ser estendido ao teletrabalho e ao trabalho externo, tanto de

empregados quanto de autônomos, o que é um grande desafio”, observa.

As preocupações do Programa Trabalho Seguro, no entanto, se estendem além do

diagnóstico das mudanças vivenciadas. Um dos exemplos é a utilização de um comitê de

crises para atuar na promoção da saúde e da segurança laborais. “Um comitê de crises

propicia diálogos saudáveis e necessários, que resguardam o valor social do trabalho, sem

descurar da necessidade de preservação da livre iniciativa como pilar de uma ordem

econômica saudável”, assinala a desembargadora Maria Beatriz Theodoro Gomes, do TRT

da 23ª Região (MT), gestora nacional representante da Região Centro-Oeste no programa.

“A atuação desse comitê serve aos administradores públicos como verdadeiro farol a

iluminar caminhos de implementação de políticas que tenham por objetivo a salvaguarda dos

direitos fundamentais trabalhistas, notadamente a promoção da saúde e segurança do

trabalho”.

A preocupação também vai além do momento atual, pois considera também as

consequências e os riscos psicossociais do trabalho pós-pandemia. “É certo que o

teletrabalho e a interação virtual, envolvendo a comunicação não presencial intermediada

por e-mails, telefone, videoconferências e aplicativos como WhatsApp, serão integradas ao

cotidiano de muitas empresas definitivamente”, afirma a desembargadora Márcia Bessa, do

TRT da 11ª Região (AM/RR), gestora nacional representante da Região Norte. “E aí surgem

doenças novas, ou não tão novas assim, como o tecnoestresse e a infoxicação. Como

identificá-las e preveni-las? Um dos desafios do futuro será lidar com os males advindos do

uso excessivo da tecnologia. Surgirão muitos debates, especialmente em relação ao controle

da jornada de trabalho”.

Lives do Programa Trabalho Seguro Para compartilhar com a sociedade mais informações e desenvolver melhor os temas, o

Programa Trabalho Seguro realiza, em julho, a maratona de lives “Construção do trabalho

seguro e decente em tempos de crise”. As transmissões são realizadas semanalmente, com

lives por região geográfica do País e a última com a coordenadora nacional do programa.

Os eventos também buscam marcar o dia 27 de julho, Dia Nacional de Prevenção de

Acidentes do Trabalho.”

Fonte: < https://www.tst.jus.br/saude-e-seguranca-do-trabalho>. Acesso em 06/03/2021.

Por derradeiro, como narrado na matéria dos fatos, os profissionais do setor seguem rígidos protocolos de segurança e boas práticas que foram orientados pelo SEBRAE NACIONAL, ABSB – Associação Brasileira de Salões de Beleza, dentre outras.

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MÁRCIO VALENTINUS MICHELASI RG/CE 2007792739-1

Devido à complexidade temática e técnica, inclusive no que tange a produção e disponibilização de dados, pareceres técnicos, em considerando ainda que a matéria envolve o interesse de entidades patronais, a exemplo do Sebrae, necessários sejam requeridas as respectivas participações nos autos, na qualidade de terceiros interessados, para a defesa do setor como um todo.

Apresentados todos os fatos e fundamentos de pedir, é a síntese do relevante. III – PEDIDOS “Ex positis”, data vênia, pedem a Vossas Excelências se dignem: 1. Receber a presente denúncia envidando todos os esforços para notificarem os Governos Denunciados para que tomem medidas emergenciais para a proteção do trabalho e emprego das categorias representadas. 2. Encaminhem nota recomendatória emergencial ao Supremo Tribunal Federal, nos autos dos processos ADF 674 e MS 37787, para que zelem pelos princípios da igualdade, isonomia, trabalho decente, saúde do trabalhador, deferindo medidas emergenciais de proteção aos substituídos e representados pelas denunciantes. Termos em que pede deferimento.

São Paulo, SP, 28 de março de 2021.

assinatura eletrônica PATRÍCIA KELEN PERO RODRIGUES

OAB/SP 143.901