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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE41a PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE NATAL – RN

PROMOTORIA DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE

Exma. Sra. Juíza de Direito Titular da 18ª Vara Cível desta Comarca de Natal/RN por privatividade

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO NORTE, pela sua 41ª

Promotoria de Justiça, em substituição legal, com atribuições junto a uma das Promotorias de

Justiça de Defesa do Meio Ambiente desta Comarca de Natal/RN, com fundamento nos art.

129, III, da Constituição Federal; no art. 84, III da Constituição Estadual; no art. 67, IV, d da

Lei Complementar Estadual n° 141 de 9 de fevereiro de 1996; art. 5°, caput da Lei 7.347 de 24

de julho de 1985, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, interpor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

contra MARIA APARECIDA SOUZA PINTO DE ARAÚJO, CPF 138.899.314-72, ANA

LEILA PINTO NÓBREGA DE ARAÚJO, CPF 077.661.784-27, LILIANA PINTO

NÓBREGA DE ARAÚJO, CPF nº 029.670.944-12 e LUCIANO PINTO NÓBREGA DE

ARAÚJO, todos residentes e domiciliadas na Rua João do Vale, 03, Conjunto COOPHAB,

Emaús, Natal/RN, pelas razões fáticas e jurídicas adiante aduzidas.

___________________________________________________________________________Av. Floriano Peixoto 550 – Petrópolis – Natal/RN

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1. DOS FATOS

1.1. Por ocasião de vistoria conjunta da COVISA e do Ministério Público, no dia

28.2.11 (fls. 05/06), realizada em virtude de diversos relatos informais trazidos ao

conhecimento deste representante do Parquet - bem como da verificação in loco pelo mesmo,

em mais de uma ocasião -, foi constatada a ocorrência do uso indevido e habitual de um

terreno aberto de grandes dimensões situado na Rua Eleusis Magnus Lopes Cardoso com a Av.

do Sol, Candelária, como ponto de despejo de lixo domiciliar, entulho e resíduos de poda,

principalmente por carroceiros.

1.2 No intuito, pois, de identificar o proprietário do referido terreno e, bem assim,

chamá-lo à responsabilidade para com a necessária correção do apontado estado de

irregularidades do seu imóvel, foi instaurado o Procedimento Preparatório nº 151/2011,

posteriormente convertido no Inquérito Civil nº 07/11, que ora lastreia o presente pleito.

1.3 Inicialmente, foi requisitada à URBANA uma vistoria no terreno em questão

(fls. 07), para que se verificasse o seu estado de conservação/manutenção, ao que a referida

Companhia informou que o terreno se encontrava limpo, na ocasião da vistoria requisitada,

pois a própria URBANA estava realizando periodicamente a limpeza do referido imóvel

(fls. 08, 09 e 10).

1.4 Havendo, assim, a necessidade de identificar o proprietário do terreno em

questão para que o mesmo procedesse à limpeza, bem como ao fechamento do seu imóvel -

obrigação expressamente determinada pela legislação municipal -, foi realizada audiência

com a SEMURB e a URBANA (fls. 15) no intuito de obter tal identificação.

1.5 Inicialmente, a SEMURB informou que o imóvel em comento era de

propriedade do Município, razão pela qual foi proposta ao mesmo a celebração de um TAC, no

sentido do ente público promover a limpeza e o fechamento do terreno em questão. O ente

público não ser manifestou.

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Depreendendo-se, pois, o desinteresse do Município na solução da questão

posta, e, considerando o longo tempo que já perdura o estado de irregularidades relatado,

vislumbrou-se a necessidade da intervenção do Poder Judiciário para a correção do ilícito em

comento, situação.

1.6 Surgida, então, a necessidade de provocação do Judiciário, fez-se necessária, a

comprovação idônea acerca da propriedade do imóvel em questão, qual seja, através da

respectiva matrícula e registro imobiliário.

1.7 Foram, então, requisitadas aos Cartórios do 7º e 6º Ofício de Notas (fls. 26, 28,

40) informações a respeito do imóvel em questão.

O 6º Ofício de Notas apresentou a matrícula daquele (fls. 42 e ss), bem como

informou que, inicialmente, o referido terreno havia sido adquirido do Estado do Rio Grande

do Norte pelo Sr. Francisco Levi Nóbrega de Araújo. Posteriormente, porém, o respectivo ato

aquisitivo foi cancelado, em virtude de determinação judicial, emanada no âmbito de ação

promovida pela Petrobrás, na qual esta afirmava ser a proprietária do imóvel (fl. 41).

1.8 Diante de tal informação, foi realizada audiência com representante da Petrobrás

(fl. 53), ocasião na qual este afirmou que a empresa é a proprietária do terreno em questão,

esclarecendo que em relação a este imóvel chegou a ser promovida uma ação de usucapião

pelos demandados, herdeiros do Sr. Francisco Levi Nóbrega de Araújo, tendo sido julgada

improcedente pela Justiça Estadual e já transitado em julgado.

Confirmada, pois, em razão do apontado, a propriedade da Petrobrás, esta

ingressou com ação de reintegração de posse. Todavia, no âmbito desta, os referidos

herdeiros do Sr. Francisco Levi Nóbrega de Araújo, ora demandados, interpuseram

embargos de terceiro, tendo a Justiça reconhecido a posse em favos destes.

1.9 Uma vez sucumbente no referido pleito, a Petrobrás ingressou com a respectiva

ação rescisória, cujo mérito ainda está pendente de apreciação.

Portanto, até o presente momento, para todos os efeitos legais, os demandados

são os únicos detentores legítimos da posse do terreno em questão, sendo, por conseguinte,

inequívoca e exclusivamente, dos réus a responsabilidade pela conservação do referido

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imóvel e, bem assim, pelos ilícitos e danos provocados, direta ou indiretamente, pela omissão

daqueles.

1.10 Constatada, assim, com meios idôneos, a titularidade da posse do terreno em

questão, foram empreendidas várias diligências para localizar os demandados, para fins de

propor uma solução consensual para a correção do problema ora tratado.

Foram expedidas várias notificações aos réus (fls. 150 a 153, 157 a 160, 164 a

169 e 175 a 183), remetidas a endereços diversos, obtidos junto ao TRE e na ficha do imóvel

em questão constante na Secretaria Municipal de Tributação, diligenciando-se para a

efetivação daquelas em mais de uma oportunidade, tendo, todavia, restado frustradas tais

diligências, em todos os endereços informados até aquele momento, em razão da não

localização do endereço, da inexistência da numeração informada e, por último, em razão da

mudança dos demandados para endereço desconhecido.

1.11 Não obstante a pendência da localização dos réus, foi requisitado à URBANA

que informasse o montante das despesas operacionais suportadas pela Companhia com a

limpeza do terreno em questão, sendo por aquela informado o valor de R$ 92.674,56 (noventa

e dois mil, seiscentos e setenta e quatro reais e cinquenta e seis centavos), referente ao

período compreendido de janeiro a dezembro de 2011 (fls. 184 a 187).

1.12 Posteriormente, foi obtido outro endereço dos demandados (fls. 189 a 192).

Assim, finalmente, houve êxito na localização dos mesmos e feitas as devidas notificações para

comparecer à audiência de conciliação nesta 41ª Promotoria de Justiça (fls. 194 a 196).

Todavia, os demandados não compareceram à referida audiência, como

também não apresentaram qualquer justificativa para tanto, conforme certidão de fl. 197.

1.13 Depreende-se, assim, de forma clara, o desinteresse dos demandados em

diligenciar para a solução do problema, que vem sendo, pois, suportado pela coletividade e

pelo Poder Público.

1.14 Assim, tendo em vista a existência do dano ambiental – que ainda não foi

solucionado, apenas reduzido em face das ações empreendidas pela URBANA no terreno

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particular dos réus – bem com para prevenir outros impactos ambientais ainda maiores,

vem o Ministério Público, para resguardar direitos difusos ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, propor a presente ação civil pública.

2. DOS DANOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELOS RÉUS

2.1 Embora, infelizmente, seja comum nas grandes cidades a existência de lixões e

terrenos abandonados onde se acumula lixo, a conduta dos réus extrapolou os limites do

razoável, provocando uma situação de constante desequilíbrio ambiental nas imediações do

terreno em questão, sem falar nos riscos de danos à saúde da população ali residente, ainda não

avaliados, pela presença inevitável de insetos, roedores e outros vetores de doenças, atraídos

pelo lixo acumulado diariamente.

2.2 Com efeito, tal desequilíbrio se caracteriza como dano ambiental, porquanto se

insere no conceito de Impacto Ambiental, tido como o resultado da intervenção humana no

meio ambiente de modo que possa provocar, verbis:

“(...) qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de

matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetam

I - saúde, a segurança e o bem estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III- a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e

V a qualidade dos recursos ambientais"1.

3. DA ATIVIDADE NOCIVA E O DIREITO MUNICIPAL

1 Resolução CONAMA 01/86.___________________________________________________________________________

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3.1 A atividade nociva ali praticada é vedada pela Lei Municipal n° 4.100, de 19

de junho de 1992 - Código do Meio Ambiente do Município de Natal , em face de seus

relevantes efeitos impactantes, verbis:

"Art. 6° - Para fins desta Lei, considera-se:

….........................................................................................................

III. poluição ambiental, a alteração dos agentes e fatores

ambientais, causada por qualquer forma de energia ou matéria que,

direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

d) afete as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; "

(grifos)

3.2. Além disso, o mesmo diploma legal é inciso, ao estabelecer que, verbis:

"Art. 14. E vedado o lançamento no meio ambiente de qualquer

forma de matéria, energia, substância ou mistura de substância,

em qualquer estado físico, prejudiciais ao ar atmosférico, ao solo,

ao subsolo, às águas, à fauna e à flora, ou que possam torná-lo:

I - impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde e/ou ao bem-estar

público; e

II - danoso aos materiais, prejudicial ao uso, gozo e segurança da

propriedade, bem como ao funcionamento normal das atividades da

coletividade ".

(grifos)

3.3 Não menos importante a Lei Orgânica de Limpeza Urbana de Natal (Lei

Municipal n° 4.748/96), obriga os proprietários de terrenos não edificados a mantê-los

limpos e conservados, verbis:

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"Art. 39 - Todo o proprietário de terreno não edificado, com frente

para vias e logradouros públicos, é obrigado:

I — a mantê-lo capinado, drenado e em perfeito estado de limpeza;

II- a guardá-lo, fiscalizá-lo e evitar seja o mesmo usado como

depósito de lixo, de detritos e resíduos de qualquer natureza."

(grifos)

3.4 Buscando, inequivocamente, estabelecer a máxima eficiência da referida medida

preconizada pela Lei de Limpeza Pública, o Código de Obras de Natal (Lei Complementar

Municipal n° 55/04), obriga os proprietários de terrenos não edificados a murá-los, de modo a

mantê-los limpos e conservados, verbis:

Art. 101 - Os terrenos não edificados são obrigatoriamente

fechados no alinhamento das suas divisas com o logradouro

público, tendo seu fechamento altura mínima de um metro e oitenta

centímetros (1,80m).

Parágrafo único. O disposto no caput do artigo não se aplica aos

terrenos que estejam situados em Zonas Especiais ou áreas do

patrimônio público, hipótese em que são submetidos à legislação

própria.

(grifos)

4. DOS DIREITOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS E LEGAIS AO

MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO

4.1 A Carta Magna Brasileira, logo em seu artigo 1º traz o seguinte principio

fundamental constitucional:

"Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela

União indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito

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Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e

tem como fundamentos

….........................................................................................

III - a dignidade da pessoa humana" (grifos)

4.2 Por dignidade da pessoa humana, deve-se entender o respeito a seus

sentimentos, sua dor, prover a qualidade moral de sua existência, assegurar ao indivíduo que

seus direitos sejam respeitados, direitos estes que devem garantir sua hora e sua moral.

4.3 Obviamente, não se pode considerar digna a situação de um cidadão ou de um

grupo de pessoas que é forçado a conviver ao lado de um terreno com acúmulo de lixo, e,

consequentemente, com o constante mau cheiro, a presença de insetos e roedores, risco de

contaminação por doenças, risco de queimadas, etc.

4.4 Assim, em seu artigo 6º, a Constituição Federal do Brasil determina que o

cidadão tem direito à saúde e à segurança:

"art.6º - São direitos sociais a educação, a saúde, o

trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a

proteção à maternidade e à infância, a assistência aos

desamparados, na forma desta Constituição" .

(grifos)

4.5 Além disso, a Constituição Federal, em seu art. 225 e seus respectivos incisos e

parágrafos, determina que todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, impondo ainda ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e de preservá-lo.

5. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS

5.1 Assim, ocorrendo este tipo de fato, deve ser invocado o Princípio da

Responsabilidade e recompor-se o meio ambiente atingido, não somente por se tratar de um

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patrimônio de todos, mas porque qualquer violação do Direito de alguém pela conduta ilícita

de outrem, implica na consequente obrigação de reparar.

5.2 Com efeito, a responsabilidade por danos ambientais é um dos temas mais

importantes para o Direito Ambiental e encontra albergue na própria Carta Política do país,

consubstanciando, basicamente, o Princípio do Poluidor Pagador (art. 225, § 3°).

5.3 E esta responsabilidade é sempre objetiva, ou seja, independente de culpa,

consoante as lições de Hely Lopes Meirelles, onde, em excepcional artigo de doutrina, afirma

que, verbis:

“(...) a responsabilidade do réuu na ação civil pública é

objetiva, pois independe de culpa no fato que a enseja (art.

14, §1º, da Lei 6.938/81), bastando que o autor demonstre

o nexo causal entre a conduta do réuu e a lesão ao meio

ambiente a ser protegido e indique o dispositivo legal

infringido”2.

5.4 De fato, aponta a Lei 6.938/81, também chamada de Lei da Política Nacional do

Meio Ambiente, que:

"art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela

legislação federal, estadual e municipal, o não

cumprimento das medidas necessárias à preservação ou

correção dos inconvenientes e danos causados pela

degradação da qualidade ambiental sujeitará os

transgressores:

..............................................................................................

§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas

neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da

existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos

causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua

atividade. O Ministério Público da União e dos Estados 2 Proteção ambiental e ação civil pública,RT, 611/11

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terá legitimidade para propor ação de responsabilidade

civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente."

(grifos)

5.5 Por derradeiro, é importante destacar, conforme lição de Edis Milaré, que, em

sede de dano ambiental, a responsabilidade objetiva tem as seguintes características:

prescindibilidade de culpa, irrelevância da licitude da atividade e inaplicabilidade das

excludentes3, o que, a toda evidência, estão presentes no caso em apreço.

3 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente. 2ª ed. São Paulo: RT, 2002. p. 434.___________________________________________________________________________

Av. Floriano Peixoto 550 – Petrópolis – Natal/RN10

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6. DA ACUMULAÇÃO DOS PEDIDOS DE FAZER OU NÃO FAZER E DE

INDENIZAR

6.1 Esta Promotoria de Justiça, diante do grande acúmulo de demandas ambientais,

traduzidas como um verdadeiro pedido coletivo de socorro pela sociedade, em defesa do meio

ambiente, vem defendendo a tese de que a simples correção ou ajuste da conduta ilícita não

repara integralmente o dano ambiental provocado pelo infrator.

Diante do caso concreto, pode-se vislumbrar a existência do dano e sua

consequente reparação em três planos: a) abster-se de poluir (obrigação de não fazer); b)

reparar os danos patrimoniais provocados (obrigação de fazer); e c) indenizar os danos

extrapatrimoniais provocados (obrigação de dar), a curto, médio e longo prazo,

respectivamente.

6.2 A uma primeira leitura do art. 3º da Lei n° 7.347/85 e o art. 14, § I, da Lei n°

6938/81, porém, tal cumulação não seria possível, especialmente daquelas definidas na própria

Constituição Federal.

Assim, para esclarecer melhor o assunto, é importante divisar alguns

fundamentos constitucionais que dão suporte à defesa do meio ambiente ecologicamente

equilibrado, aqui deduzidos com base em apontamentos feitos pelo Ministério Público do

Estado do Rio Grande do Sul.

6.3 Deve-se analisar o tema inicialmente pela premissa de que o direito processual é

instrumental e dotado da necessária plasticidade, devendo ajustar-se às características do bem

de vida que se pretende tutelar, razão pelo qual a cumulação de pedidos em ação civil pública

ambiental não se deve ser descolada dos princípios norteadores do direito ambiental.

Três princípios merecem destaque: o da prevenção, o da máxima reparação do

dano ambiental e o do poluidor-pagador.

O princípio da prevenção é basilar em matéria ambiental, concernindo à

prioridade que deve ser dada às medidas que evitem o nascimento de atentados ao ambiente, de

molde a reduzir ou eliminar as causas de ações suscetíveis de alterar a sua qualidade. Os

objetivos do direito ambiental são basicamente preventivos. Sua atenção está voltada

basicamente para o momento anterior à consumação do dano - o do mero risco. Diante da

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pouca valia da simples reparação, sempre incerta e, quando possível, onerosa, a prevenção é a

melhor, quando não a única solução.

O princípio da máxima reparação ou da reparação integral do dano causado

ao meio ambiente traduz esse uma idéia que merece ser acolhida em toda a sua amplitude. Esse

princípio - haurido da teoria geral da responsabilidade civil - prega, em linhas gerais, que todos

os efeitos adversos provenientes da conduta lesiva devem ser objeto de reparação, para que ela

possa ser considerada completa. Estado o direito ao meio ambiente sadio e ecologicamente

equilibrado indiscutivelmente associado ao mais sagrado dos direitos do homem - o direito à

vida - impende, em matéria ambiental, que a reparação do dano se dê da forma mais completa

possível.

Por força desse importante princípio, é possível afirmar que, no direito

brasileiro, não há espaço para estabelecimento de limites máximos para indenizações (secção

vertical) nem para limitar as espécies de reparações (secção horizontal).

Por último, é importante igualmente destacar o princípio do poluidor-pagador,

segundo o qual os custos sociais externos que acompanham o processo produtivo devem ser

internalizados, ou seja, os agentes econômicos devem levá-los em conta ao elaborar os custos

da produção e, consequentemente, assumi-los.

A simples posse de um terreno, como aqui tratado, que é mantido sem utilização

pelos seus titulares, por mero interesse especulativo imobiliário, produz EXTERNALIDADES

NEGATIVAS, porque os impactos negativos (danos ao meio ambiente e à saúde humana) são

socializados pela coletividade, ao contrário do impacto positivo (valorização do imóvel), que é

individualizado somente pelo particular proprietário ou possuidor. Acrescente-se a isto o fato

de que os demandados, no presente caso, ainda vêm se beneficiando de não desembolsar

qualquer despesa com a limpeza do seu terreno, obrigação atribuída pela lei exclusivamente

àqueles, e, que no entanto, vem sendo suportada pela URBANA, em detrimento do erário e do

próprio serviço regular de limpeza pública.

Com a aplicação do princípio do poluidor-pagador, procura-se, pois, corrigir

este ônus imposto à sociedade, impondo-se a internalização dos custos com o impacto negativo

produzido pelo empreendimento ou atividade ao gerador ou degradador.

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6.4 Como visto anteriormente, a partir do conceito de impacto ambiental é que se

pode chegar ao conceito de dano ambiental, conforme José Rubens Morato Leite, para quem,

verbis:

"dano ambiental deve ser compreendido como toda lesão

intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou

não) ao meio ambiente, diretamente, como macrobem de

interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e

indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses

próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem"4

Por esse motivo o dano ambiental sempre implicará em uma ruptura no

equilíbrio ecológico, podendo afetar exclusivamente os recursos naturais, quando, então, se

estará diante do chamado "dano ecológico puro", ou atingir bens ambientais que impliquem

lesão na qualidade de vida humana e outros valores agregados, tais como a propriedade

privada.

O dano ambiental assemelha-se ao lançamento de substâncias contaminantes no

meio ambiente como a queda de uma pedra na água, que provoca uma série de ondas que se

expandem, com efeitos imediatos e mediatos, muitas vezes de difícil previsão.

6.5 Em virtude deste caráter complexo do dano ambiental, a sua reparação deverá ser

sempre integral, buscando-se a completa recomposição do ecossistema degradado. Esse,

inclusive, o sentido do art. 225, § 3o, da Constituição Federal de 1988, combinado com o art.

14, § I, da Lei 6938/81.

A fim de reparar o dano ambiental, cumpre assinalar que a reparação in natura

da área degradada deverá ser buscada como a primeira alternativa, de sorte a possibilitar à

coletividade a fruição do bem ambiental perdido. Se todavia, a restauração natural não for de

todo em todo possível, encontrando-se diante de um dano irreversível, nem por isso a avaliação

técnico-cientifica poderá deixar de ser feita, quer na sua vertente de aferição da amplitude e

extensão do dano, quer na procura de soluções reparatórias. Esta última reduzir-se-á, contudo,

à constatação da irreversibilidade do prejuízo, concluindo por uma inevitável indenização

4 LEITE, J. R. Morato. Dano Ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial São Paulo: RT. 2000. p. 167.

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pecuniária ou por qualquer outro tipo de reparação alternativa, que não a reconstituição natural,

já excluída.

6.6 A indenização, contudo, não é apenas uma medida subsidiária, mas, cumulativa,

a partir de interpretação literal do art. 3º, da Lei 7347/85. É preciso, portanto, esclarecer o

suporte fático para cumulação dos pedidos, a fim de se observar o princípio da reparabilidade

integral do dano ambiental.

O dano ambiental reparável mediante prestações específicas, tais como o

replantio de espécies nativas, a descontaminação de corpos hídricos, a colocação de filtros e

sistemas de contenção de poluição, será reparado através de obrigações de fazer ou de não

fazer. Todavia, parte desse dano, muitas vezes, não tem como ser reparado in natura, como no

caso concreto. Como reparar o desconforto de noites não dormidas por problemas de doenças?

Como reparar o transtorno provocados por muriçocas, baratas e outros insetos e roedores?

É evidente que os réus tiraram proveito econômico dessa situação, pois mantêm

o terreno desocupado para especular com o crescimento da cidade e a inevitável valorização do

mesmo.

Até aí, não estariam agindo de forma ilícita.

Ocorre, porém, que os demandados não mantêm o terreno limpo e murado, ônus

do proprietário ou possuidor inerente ao obrigatório cumprimento da função socioambiental da

propriedade, e que é infinitamente menor do que o proveito econômico que pode ser obtido

com a futura utilização do imóvel.

6.7 Na esteira desse raciocínio, deve-se apontar que a Lei n° 8.844/94 (denominada

Lei Antitruste) alterou o artigo 1º da Lei n° 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), de molde a

propiciar a responsabilidade pelos danos morais ou extrapatrimoniais coletivos, esmiuçando e

tornando concreta uma previsão outrora albergada pela Constituição Federal.

Trata-se da consagração, em nosso ordenamento jurídico, da reparação de toda e

qualquer espécie de dano coletivo, no que toca a sua extensão, como aponta José Rubens

Morato Leite, para o qual, verbis:

"Essa fundamentação legal faz surgir um dano

extrapatrimonial ambiental sem culpa, em que o agente

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estará sujeito a reparar a lesão por risco de sua atividade e

não pelo critério subjetivo ou da culpa. Ademais, conforme

já reportado, o valor pecuniário desta indenização será

recolhido ao fundo para recuperação dos bens lesados de

caráter coletivo. A lei não especifica, mas é inquestionável

a possibilidade de cumulação do dano patrimonial e

extrapatrimonial"5

O reconhecimento da dimensão moral ou extrapatrimonial do dano ambiental

difuso é defendido pela doutrina e desenvolvido a partir das alterações introduzidas pela Lei

8.884/94 no sistema da ação civil pública, que passa a admitir ações de responsabilidade por

danos morais e patrimoniais causados, bem como a partir da construção pretoriana que admite

a reparação de danos morais impostos a pessoas jurídicas.

Com a aceitação de que a proteção dos valores morais não está restrita aos

valores morais individuais da pessoa física, tem-se o primeiro passo para que se admita a

reparabilidade do dano moral em face da coletividade que, apesar de ente despersonalizado,

possui valores morais e um patrimônio ideal que merece proteção.

No caso do dano ecológico, a primeira premissa é perceber que este dano não

consiste apenas e tão-somente na lesão ao equilíbrio ecológico, afetando igualmente outros

valores precípuos da coletividade a ele ligados, a saber: a qualidade de vida e a saúde. Estes

valores estão intimamente inter-relacionados, de modo que a agressão ao ambiente afeta

diretamente a saúde e qualidade de vida da comunidade. Portanto, as lesões a direitos difusos e

coletivos também poderão produzir danos morais, pois qualquer abalo no patrimônio moral da

coletividade também merece reparação.

6.8 A cumulação de pedidos aqui defendida é acolhida pelo Tribunal de Justiça do

Rio Grande do Sul, nos seguintes termos:

"AÇÃO CIVIL PÚBLICA. USO DE PRAÇA. PEDIDOS

CUMULADOS. ART. 3o, DA LEI 7347/85. PAGAR OU FAZER. A

conjunção 'ou' não é simplesmente exclusiva, pois há de se ver na

5 LEITE. José Rubens Morato. op. cit. p. 286.___________________________________________________________________________

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norma possibilidade de cumulação objetiva de ações, por fatos-

fundamentos diversos, como inclusive pedido eventual em ordem

sucessiva (AI 592088082), 1ªa Câmara Cível, Rel. Des. Milton dos

Santos Martins, j. 22.09.92).

"APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO CIVIL

PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. SÍTIO ARQUEOLÓGICO.

RETIRADA DE AREIA. Demonstrados nos autos os danos causados

em decorrência do proceder da demandado e da falia de

fiscalização do Município, impunha-se a procedência da ação. A

perícia atesta danos irreversíveis, de modo que é cabível a

restauração do que for possível mais a indenização dos danos.

Apelação improvida. Sentença confirmada em reexame.” (AP

70000687921, Capão da Canoa – 1ª Câmara Especial Cível, Rel.

Des. Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, j. 20;06.01).

Em aresto versando sobre demanda reparar prejuízos causados à Mata Atlântica, o E.

Tribunal de Justiça Paulista decidiu, litteris:

“INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL – ATO ILÍCITO –

DANO CAUSADO POR DESMATAMENTO DA MATA NATURAL

ATLÂNTICA EM PROPRIEDADE PARTICULAR -

COMPROVAÇÃO EFETIVA DO DANO ECOLÓGICO - ART. 186,

II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - VERBA A SER FIXADA

NA FASE DE LIQUIDAÇÃO, POR ARBITRAMENTO SENTENÇA

CONFIRMADA - RECURSO NÃO PROVIDO. A obrigação de

recompor em parte área desmaiada não exclui a obrigação de

indenizar os irreversíveis danos ambientais. Agredindo-a, embora

em seu próprio domínio rural, o réu fica sujeito à intervenção do

Estado para a devida recomposição do dano que causou " (TJSP –

3ª Câm. Cível - Ap. Cível n° 200.388-1 -j. em 7.12.1993 - JTJ'-

LEX153/123).

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6.9 Verifica-se do exposto a tendência crescente de materialização dos princípios da

máxima reparação do dano ambiental, da prevenção e do poluidor-pagador, privilegiando-se a

coletividade frente ao poluidor que deixa de ser beneficiado com o perdão de reparar somente

parte do dano causado ao meio ambiente.

É a hipótese dos autos, na qual os réus, com deliberada omissão, deram

causa à degradação ambiental e a todos os transtornos acima referidos, que podem e

devem ser aferidos a título de reparação às pessoas prejudicadas.

6.10 Portanto, em que pese as redações dos art. 14, § Io, da Lei da Política Nacional

do Meio Ambiente (Lei 6.938/81) e do art. 3o da Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85),

ambas empregando a conjunção alternativa “ou”, em vez da conjunção aditiva “e”, é possível a

cumulação dos pedidos de indenização pelos danos materiais provocados ao meio ambiente e a

reparação pelos danos morais, à luz dos princípios já invocados, mercê de uma exegese

sistemática e teleológica, conduzida à máxima efetivação da tutela do meio ambiente hígido,

enquanto direito fundamental da pessoa humana.

Mesmo a interpretação gramatical, sem dúvida alguma a mais pobre de todas,

conduz à admissão da cumulatividade, quando se tem em conta que o art. 4º, VII, da Lei n°

6.938/81, ao aludir a um dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, utiliza ambas

as conjunções acima referidas - e/ou - em dispositivo que hospeda os princípios do poluidor-

pagador e do usuário-pagador.

Assim, resumidamente, é cabível a cumulação de obrigações de fazer com

indenização em duas hipóteses quando houver:

a) danos reversíveis associados a danos irreversíveis ao meio

ambiente ou quando a causa de pedir fundar-se em fato-fundamento

diverso, os quais deverão, nessa hipótese, também ser reparados

mediante indenização, em razão dos princípios do poluidor-

pagador, da reparabilidade integral do dano ambiental e da

prevenção, bem como do caráter de fundamentalidade do direito ao

meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado.

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b) houver lesão à qualidade de vida e outros valores significativos

para determinada coletividade.

Deve ser priorizada a reparação do dano ambiental in natura frente à

indenização, admitindo-se, porém, a cumulação quando configurados os pressupostos

alinhados nas conclusões anteriores, como se configura o caso concreto aqui deduzido.

7. DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

7.1 Isto posto, demonstrado o fumus boni iuris, através de farta documentação

acostada aos autos e os fundamentos jurídicos acima expostos, além de estar configurado o

periculum in mora, pela urgência caracterizada pelos constantes danos provocados aos

vizinhos do terreno de propriedade dos réus, impossibilitando aos primeiros qualquer defesa

contra a proliferação do lixo, de forma irreversível e irreparável.

Além de tudo isso, é importante que o Poder Judiciário dê respostas rápidas e

adequadas à crescente degradação ambiental verificada, tornando-se imperiosa a sua imediata

intervenção para preservar o meio ambiente, profundamente agredido pelo descaso e a

deliberada omissão dos demandados.

7.2 Portanto, ante a verossimilhança do direito e do risco de dano irreparável ou

difícil reparação, REQUER o Ministério Público a concessão initio litis da Tutela Antecipada,

com base no art. 273 do CPC, no sentido de que seja determinado aos réus que providenciem a

limpeza e que murem o terreno aqui tratado, conservando-o limpo, em face dos danos

ambientais provocados pela suas condutas negligentes, sob pena de multa por

descumprimento dessas medidas.

7.3 Requer, ainda, a designação à Urbana, no prazo de 30 dias, para que faça uma

vistoria no terreno aqui tratado, com o objetivo de verificar o cumprimento da tutela antecipada

acima requerida, que espera seja deferida.

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8. DOS DEMAIS PEDIDOS

Requer ainda o Ministério Público, ao final da ação, a confirmação da tutela

liminar e a procedência dos pedidos adiante arrolados com a:

a) a condenação dos réus em uma obrigação de dar, a título de

indenização pelo passivo ambiental gerado por sua conduta ilícita,

em face da impossibilidade de se reparar in natura e de forma

integral o meio ambiente, cujo montante deverá ser fixado por

perícia técnica, considerando a extensão e gravidade do dano,

incluindo aí as despesas já efetuadas pela Urbana para a limpeza do

terreno;

b) a citação dos réus para responder aos termos da presente ação, no

prazo legal, sob pena de revelia;

c) a produção de todas as provas admitidas em direito, como

documentos, depoimento pessoal, sob pena de confissão, oitiva de

testemunhas, realização de perícias e inspeções judiciais;

d) a publicação da liminar - que confia seja concedida - nos jornais

de grande circulação da cidade, às expensas dos réus, haja vista o

grande efeito pedagógico e preventivo que esta medida certamente

irá proporcionar na defesa do meio ambiente;

e) a publicação de edital no Diário Oficial, sobre o teor deste pedido,

na forma do art. 94 da Lei 8.078/90 (CDC), a fim de que os

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interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem

prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social

por parte dos órgãos de defesa do consumidor; ao final, seja julgada

procedente a presente ação em todos os seus termos, condenando-se

os requeridos no ônus da sucumbência e demais cominações legais;

e

f) a condenação dos réus ao pagamento de custas e demais

despesas judiciais, inclusive, honorários de peritos.

Dá-se o valor da causa a quantia de R$ 1.000,00 (hum mil reais) para efeitos

legais.

Pede deferimento,

Natal, 10 de Agosto de 2011

JOÃO BATISTA MACHADO BARBOSA

Promotor de Justiça

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