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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA-PR. URGENTE MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, através da Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência desta Capital (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência), com endereço na Avenida Marechal Floriano Peixoto, nº 1251, Bairro Rebouças, em Curitiba/PR, CEP 80.230-100, fone (41)3250-4795, onde recebe intimações e notificações, por meio de sua Promotora de Justiça, infra-assinada, no uso de suas atribuições legais, vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 5º, caput, 23, inciso II, 127 e 129, 203, inciso IV, todos da Constituição Federal, na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1999 e no Decreto n.º 3.298, de 20 de dezembro de 1999, 798 e seguintes do Código de Processo Civil, vem por intermédio desta propor a instauração de MEDIDA CAUTELAR INOMINADA - COM PEDIDO LIMINAR – VISANDO A APLICAÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO AO JOVEM GIULIANO XXXXXXXXX Consistente na determinação judicial de imediato encaminhamento para entidade de abrigamento com recursos adequados e necessários ao atendimento das necessidades especiais de tratamento de dependência química e de saúde mental, bem como na aplicação das medidas legais em defesa dos direitos da pessoa portadora de deficiência GIULIANO XXXXXXXXX, brasileiro, solteiro, referido nos autos como sendo pessoa portadora de deficiência e doença mental (CID 19 – transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DOFORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA-PR.

URGENTE

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, através da

Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiênciadesta Capital (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesados Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência), com endereço na Avenida Marechal

Floriano Peixoto, nº 1251, Bairro Rebouças, em Curitiba/PR, CEP 80.230-100, fone

(41)3250-4795, onde recebe intimações e notificações, por meio de sua Promotora de

Justiça, infra-assinada, no uso de suas atribuições legais, vem à presença de Vossa

Excelência, com fundamento nos artigos 5º, caput, 23, inciso II, 127 e 129, 203, inciso IV,

todos da Constituição Federal, na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1999 e no Decreto n.º

3.298, de 20 de dezembro de 1999, 798 e seguintes do Código de Processo Civil, vem

por intermédio desta propor a instauração de

MEDIDA CAUTELAR INOMINADA - COM PEDIDO LIMINAR – VISANDO AAPLICAÇÃO DE MEDIDA DE PROTEÇÃO AO JOVEMGIULIANO XXXXXXXXX

Consistente na determinação judicial de imediato encaminhamento para entidadede abrigamento com recursos adequados e necessários ao atendimento dasnecessidades especiais de tratamento de dependência química e de saúde mental,bem como na aplicação das medidas legais em defesa dos direitos da pessoaportadora de deficiência GIULIANO XXXXXXXXX, brasileiro, solteiro, referido nos autos

como sendo pessoa portadora de deficiência e doença mental (CID 19 – transtornos

mentais e comportamentais devidos ao uso de múltiplas drogas e ao uso de outras

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substâncias psicoativas e, CID 25 – transtorno esquizoafetivo – Atestado Médico

acostado aos autos às fls. 294/295) em situação constante de risco, nascido aos

10/09/1982, portador da cédula de identidade RG nº 7.374.703-1, atualmente com 28

anos de idade, filho de ............e ...................., atualmente internado no Hospital

Psiquiátrico Bom Retiro, localizado na Rua Nilo Peçanha nº 1552 - Bairro Bom Retiro –

Curitiba/PR – CEP 80520-000 - fone: 3200-1900 - fax 3200-1940, em razão dos fatos e

razões a seguir expostos:

I – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A PROPOSITURA DAPRESENTE AÇÃO:

A Constituição Federal, em seu art. 127, elevou o Ministério

Público à condição de órgão essencial à justiça, atribuindo-lhe, como poder/dever, adefesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais eindividuais indisponíveis.

Para tanto, conferiu legitimidade processual ao Parquet para

a propositura da ação civil pública, destinada à proteção dos interesses individuais

homogêneos, difusos e coletivos.

A propósito:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:(...)III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para aproteção do patrimônio público e social, do meio ambientee de outros interesses difusos e coletivos;

Ainda, a Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, que institui a

Lei Orgânica do Ministério Público, em simetria com o preceito constitucional, dispôs, em

seu art. 25, inciso IV, alínea a:

Art. 25. Além das funções previstas nas ConstituiçõesFederal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis,incumbe, ainda, ao Ministério Público:(...)

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IV - promover o inquérito civil e a ação civil pública, naforma da lei:a) para a proteção, prevenção e reparação dos danoscausados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens edireitos de valor artístico, estético, histórico, turístico epaisagístico, e a outros interesses difusos, coletivos eindividuais indisponíveis e homogêneos;

Por sua vez, a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que

dispôs sobre o apoio à pessoa com deficiência, conferiu expressamente ao Ministério

Público, legitimidade ativa para atuar na defesa dos direitos coletivos ou difusos desse

segmento, conforme se vê do art. 3º:

Art. 3º As ações civis públicas destinadas à proteção deinteresses coletivos ou difusos das pessoas portadoras dedeficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público,pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal; porassociação constituída há mais de 1 (um) ano, nos termosda lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ousociedade de economia mista que inclua, entre suasfinalidades institucionais, a proteção das pessoasportadoras de deficiência.

Ainda, no tocante à matéria, o entendimento do Superior

Tribunal de Justiça é pacífico ao reconhecer:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVILPÚBLICA. PROTEÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAFÍSICA, MENTAL OU SENSORIAL. SUJEITOSHIPERVULNERÁVEIS. fornecimento de prótese auditiva.Ministério PÚBLICO. LEGITIMIDADE ATIVA ad causam. LEI7.347/85 E LEI 7.853/89.1. Quanto mais democrática uma sociedade, maior e maislivre deve ser o grau de acesso aos tribunais que seespera seja garantido pela Constituição e pela lei à pessoa,individual ou coletivamente.(...)9. A tutela dos interesses e direitos dos hipervulneráveis éde inafastável e evidente conteúdo social, mesmo quandoa Ação Civil Pública, no seu resultado imediato, aparentaamparar uma única pessoa apenas. É que, nesses casos, aação é pública, não por referência à quantidade dossujeitos afetados ou beneficiados, em linha direta, pelaprovidência judicial (= critério quantitativo dosbeneficiários imediatos), mas em decorrência da próprianatureza da relação jurídica-base de inclusão socialimperativa. Tal perspectiva – que se apóia no pacto

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jurídico-político da sociedade, apreendido em suaglobalidade e nos bens e valores ético-políticos que oabrigam e o legitimam – realça a necessidade e aindeclinabilidade de proteção jurídica especial a toda umacategoria de indivíduos (= critério qualitativo dosbeneficiários diretos), acomodando um feixe deobrigações vocalizadas como jus cogens.10. Ao se proteger o hipervulnerável, a rigor quemverdadeiramente acaba beneficiada é a própria sociedade,porquanto espera o respeito ao pacto coletivo de inclusãosocial imperativa, que lhe é caro, não por sua facetapatrimonial, mas precisamente por abraçar a dimensãointangível e humanista dos princípios da dignidade dapessoa humana e da solidariedade. Assegurar a inclusãojudicial (isto é, reconhecer a legitimação para agir) dessaspessoas hipervulneráveis, inclusive dos sujeitosintermediários a quem incumbe representá-las,corresponde a não deixar nenhuma ao relento da Justiçapor falta de porta-voz de seus direitos ofendidos.11. Maior razão ainda para garantir a legitimação doParquet se o que está sob ameaça é a saúde do indivíduocom deficiência, pois aí se interpenetram a ordem desuperação da solidão judicial do hipervulnerável com agarantia da ordem pública de bens e valores fundamentais– in casu não só a existência digna, mas a própria vida e aintegridade físico-psíquica em si mesmas, como fenômenonatural.12. A possibilidade, retórica ou real, de gestãoindividualizada desses direitos (até o extremo dramáticode o sujeito, in concreto, nada reclamar) não os transformade indisponíveis (porque juridicamente irrenunciáveis inabstracto) em disponíveis e de indivisíveis em divisíveis,com nome e sobrenome. Será um equívoco pretender lê-los a partir da cartilha da autonomia privada ou do iusdispositivum, pois a ninguém é dado abrir mão da suadignidade como ser humano, o que equivaleria, porpresunção absoluta, a maltratar a dignidade de todos,indistintamente.13. O Ministério Público possui legitimidade para defesados direitos individuais indisponíveis, mesmo quando aação vise à tutela de pessoa individualmente considerada.Precedentes do STJ.14. Deve-se, concluir, por conseguinte, pela legitimidadedo Ministério Público para ajuizar, na hipótese dos autos,Ação Civil Pública com o intuito de garantir fornecimentode prótese auditiva a portador de deficiência. 15. RecursoEspecial não provido.”1

1REsp 931.513/RS, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ FEDERAL CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), Rel. p/ Acórdão Ministro HERMAN BENJAMIN,

PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 27/09/2010.

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Outrossim, a legitimidade do Ministério Público para atuar em

defesa da pessoa com deficiência individualmente considerada, em situação de

vulnerabilidade social, pela natureza dos direitos admoestados (vida, saúde, moradia,

alimentação), de natureza indisponível, é extraída do próprio art. 127 da CF, conforme

jurisprudência já pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça:

“PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA.FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO A MENOR CARENTE.DIREITO À SAÚDE. DIREITO INDIVIDUAL INDISPONÍVEL.LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA DO MINISTÉRIOPÚBLICO. ART.127 DA CF/88. PRECEDENTES.1. O Ministério Público possui legitimidade para defesados direitos individuais indisponíveis, mesmo quando aação vise à tutela de pessoa individualmente considerada.2. O artigo 127 da Constituição, que atribui ao MinistérioPúblico a incumbência de defender interesses individuaisindisponíveis, contém norma auto-aplicável, inclusive noque se refere à legitimação para atuar em juízo.3. Tem natureza de interesse indisponível a tutelajurisdicional do direito à vida e à saúde de que tratam osarts. 5º, caput e 196 da Constituição, em favor de menorcarente que necessita de medicamento. A legitimidadeativa, portanto, se afirma, não por se tratar de tutela dedireitos individuais homogêneos, mas sim por se tratar deinteresses individuais indisponíveis. Precedentes: EREsp734493/RS, 1ª Seção, DJ de 16.10.2006; REsp 826641/RS, 1ªTurma, de minha relatoria, DJ de 30.06.2006; REsp716.512/RS, 1ª Turma, Rel.Min. Luiz Fux, DJ de 14.11.2005; EDcl no REsp 662.033/RS,1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ de 13.06.2005; REsp856194/RS, 2ª T., Ministro Humberto Martins, DJ de22.09.2006, REsp 688052/RS, 2ª T., Ministro HumbertoMartins, DJ de 17.08.2006.4. Embargos de divergência não providos.2

II – DOS FATOS:

Em 19/05/2008, foi instaurado nesta Promotoria de Justiça de

Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, através de Termo de

Declarações da Senhora ................. (genitora do jovem Giuliano XXXXXXXXX),

Procedimento Administrativo nº 031/08, para verificar a situação de risco em que, em

2EREsp 819010/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, Rel. p/ Acórdão Ministro TEORI ALBINOZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/02/2008, DJe 29/09/2008.

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tese, se encontrariam o jovem Giuliano XXXXXXXXX e a princípio a então declarante,

ambos referidos como sendo pessoas com transtornos mentais, conforme Atestados

Médicos que a mesma forneceu a este órgão ministerial (fls. 09 e 12), bem como

noticiando o abandono e negligencia do genitor (residente no município de Arapongas/PR)

de Giuliano para com ele.

Diante da situação ora veiculada nos autos este Ministério

Público oficiou a Fundação de Ação Social (ofícios acostados às 17/18, 39, 72, 90/91, 108

e 147/148), a Secretaria Municipal de Saúde (ofícios acostados às 21/22, 40, 73, 92/93,

109 e 144) e a Promotoria de Justiça de Arapongas (ofícios acostados às 19/20, 41, 63,

66, 71), para ciência da situação deflagrada e o empreendimento das medidas protetivas

e providências cabíveis em seus âmbitos de atuação.

Em data de 20/05/2008 a idosa, Senhora Tereza XXXXXXXXX,

compareceu a este Ministério Público, relatando que:

“que é pessoa idosa, que não possui mais condições decuidar de sua filha Aparecida e neto Giuliano que possuemdoença mental. Que a declarante tem doença arritmiacardíaca;Que sabe que a filha precisa e quer ser internada para setratar, todavia, que não tem condições de ficar cuidando doneto Giuliano, pois em razão do transtorno bipolar nunca sabecomo estará seu estado, temendo quando ele fica nervoso;que Aparecida não tem condições de cuidar de Giuliano, que opai teria essa responsabilidade, mas também não quer;(...)Que o pai de Giuliano nunca quis prestar-lhe assistência, que oabandonou completamente;Que a declarante tem 4 filhos, Aparecida, AntonioMarcos ...... (que mora em Curitiba, e é militar do exército,solteiro, que é o único com a qual ela poderia contar paraauxiliá-la), José Marcio .......... (que mora em Arapongas,casado, e é da polícia militar) e a Daisi Eli .........(que trabalhano Banco do Brasil da Praça Tiradentes, separada, tem duasfilhas); que não quer dar endereço e telefone porque os filhosnão querem se envolver;(...)Que a filha de Aparecida, sua neta Flavia .........., é policialmilitar, trabalha por escala, e segundo a declarante não teriacomo atender essa situação;”(SIC)

Infere-se dos autos que o genitor de Giuliano chegou a

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figurar como curador do mesmo, desistindo, posteriormente, da curatela (fls. 31/33 e

37/38).

Através do ofício nº 108/2009-2ª PJ (fls. 97/102) a 2ª

Promotoria de Arapongas, encaminha Relatório Social nº 005/09 (cópia inclusa), por meio

do qual noticia-se que:

“...O pai e o tio declaram que antes de vir para Arapongas,Giuliano agrediu a mãe e a avó materna. O primeiro expôsque o mesmo realizou pequenos furtos em Curitiba para supriros gastos com psicotrópicos.A avó materna recebe o BPC de Giuliano Curitiba e envia parao tio materno, que administra o dinheiro. Os custos adicionaispara atender as necessidades econômicas de Giuliano têmpermanecido a encargo do tio materno, conforme declaraçãodo mesmo.O pai acrescentou que logo que o rapaz chegou emArapongas, ele pôs fogo em sua casa e depois tomouinsulina, entrando em coma, acreditando-se ter sidotentativa de suicídio.Desde que Giuliano chegou nesta cidade, já foi internado trêsvezes: Jandaia, Rolândia e Londrina. O último internamento foino Shangrilá, permanecendo três meses, de 13/10/2008 à23/01/2009. Em meio a este internamento, Giuliano fugiu dolocal, sendo encontrado em Arapongas, em péssimascondições de higiene, sob efeito de substâncias psicoativas,sendo reconduzido ao local de internamento.(...)Em sua residência só tem uma cama e um colchão. Tudo que écolocado a mais é vendido por Giuliano.(...)O pai acredita que o filho necessita permanecercontinuamente em internamento, pois vive em situação derisco, temendo pela sua segurança, devido à compra depsicotrópicos, quadro este agravado pela doença mental”.

Em 26/06/2009 compareceram a este Ministério Público os

senhores Aquino XXXXXXXXX (irmão da senhora Teresa) e Teresa XXXXXXXXX,

declarando que:

... a consulta médica psiquiátrica que foi agendada para30/07/2009 seja antecipada para o mais breve possível dianteda gravidade da situação em que se encontra Giuliano,pois o mesmo está em situação de risco (voltou a usar“crack”);

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(...)Que diante da situação de risco em que Giuliano se colocae a terceiros, a declarante concorda que o mesmo sejaencaminhado para uma entidade de abrigamento comrecursos adequados e necessários as necessidadesespeciais que seu neto Giuliano possui; Indagada por estaPromotoria de Justiça sobre se no seu entendimento o netoGiuliano possui condições de se auto cuidar, como porexemplo fazer sua comida, lavar roupa, tomar seusmedicamentos sozinhos, ter conta em banco, a declaranteTeresa aduziu veementemente que Giuliano não possui amenor condição de se auto cuidar, precisando alguém quecuide dele 24 horas por dia e, que as pessoas que cuidamdele tem que ter força para contê-lo quando está em crisede agressividade e, que pelo comportamento que Giulianotem a mente dele é de uma criança de 13 anos; que Giulianonão possui nenhum bem em seu nome, sendo que somenterecebe o Benefício de Prestação Continuada”.

Diante das diversas notícias de que o genitor de Giuliano

xxxxxxxxxxxxx nega-se a prestar a assistência e os cuidados de que o mesmo necessita,

haja vista seu quadro de saúde mental, esta Promotoria de Justiça requisitou, através do

ofício nº 1099/09-BTM (fls. 96), datado de 12/06/2009, a instauração de Inquérito Policial

para a devida apuração de suposta prática de crime de abandono contra o referido jovem

por seu genitor Gilberto xxxxxxxxxx. Tal inquérito está em trâmite junto ao 6º Distrito

Policial da Capital, sob o nº 238/09 (fls. 135).

Em resposta a este Ministério Público, a Fundação de Ação

Social, através do ofício nº 1317/200—PGM-EA (fls. 122/125), datado de 23/07/2009,

relata que:

“... No primeiro momento o jovem se manteve em seu quarto, aidosa fez o seguinte relato:Procurou o Ministério Público devido estar com dificuldadeem atender seu neto que tem diagnóstico de esquizofreniae é dependente químico (álcool e outras drogas).Faz uso contínuo das medicações, Carbamazepina 2x ao dia –Diazepan 6x ao dia – Levosine 3x ao dia, Ziprex em falta. Teveconvulsão nesta data.(...)Os pais são separados, a mãe tem diabete e depressão, resideem instituição (Lar Betania), o pai casou-se novamente e temduas filhas pequenas e, não aceita o jovem para morar

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consigo.(...)A idosa ressaltou que seu filho Antonio Marcos é militar e nomomento está a serviço no Haiti.(...)O outro filho senhor, Jose Marcio reside em Arapongas PR.(...)Salientou sobre sua saúde, que faz uso de antidepressivocom acompanhamento médico.(...)Contatamos com a irmã de Giuliano a jovem Flavia,esclarecemos a respeito do dever legal e moral de prestarcuidados e atendimentos ao irmão. A jovem declarou quesai de casa as 7horas e retorna as 20horas e, que portantonão tem como atender o irmão.(...)PARECER SOCIAL:Os avós com idade avançada, apresentam dificuldades ematender o jovem adequadamente. A genitora não apresentacondições de saúde para atendimento, estando abrigadano momento.(...)Quanto a necessidade de encaminhar o jovem paraentidade de abrigamento, consideramos que sendocomprovado a não capacidade do jovem em administrar aprópria vida, é o melhor para os avós já idosos, e para ojovem que poderá ter acompanhamento especializado esupervisão constante com atividades dirigidas; tendo emvista que os demais familiares não apresentam disponibilidadepara atendê-lo no dia-a-dia, segundo a avó”. (SIC)

A Secretaria Municipal de Saúde, através do ofício nº

1315/2009-ASS.SMS (fls. 127/128), datado de 12/08/2009, informa que:

“Foi agendada consulta para a especialidade de psiquiatria noHospital das Clínicas para o dia 22.07.09, porém, nesta data,embora o jovem estivesse acompanhado pela avó, Sra.Teresa ........... evadiu-se do local e a consulta foireagendada 27.07.2007 às 07h30.Na data da consulta o jovem foi encaminhado pelo DoutorSalmo Zugman para internamento no Hospital Bom Retiro,onde se encontra até a presente data.(...)A Sra. Teresa também informou que o jovem no dia dointernamento encontrava-se muito agitado e agressivo. (...) aidosa ficou sabendo que o jovem ao passar por uma crise foicontido por seis funcionários. Diante dos fatos ocorridos amesma manifestou o seu receio de ser curadora eresponsabilizar-se pelo mesmo”.(SIC)

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Desta feita, verifica-se do Relatório Social, datado de

29/09/2009, encaminhado pela Fundação de Ação Social:

“A Senhora Teresa informou que seu filho, senhor Antonio,esteve na Promotoria e explicou que não reside na cidade enão poderá ser curador do sobrinho. A neta Flávia não foi aPromotoria e continua com a mesma posição de não poderassistir o irmão (...). A senhora Teresa disse que se dispõe aser a curadora do neto.(...) a idosa respondeu que nenhum familiar se dispõe acomplementar caso necessário, com pagamento demensalidade de instituição para o jovem.(...)Em 18/09/2009 recebemos ligação telefônica da assistentesocial Heloise do MP, solicitando providências da FASquanto ao abrigamento do jovem, tendo em vista o riscopara a idosa.(...)21/09/2009 – Contatamos via telefone com a senhora Teresano período da tarde, a mesma informou que no sábado19/09/2009, o jovem saiu de casa aproximadamente 14htrajando calça, camiseta e tênis novos, retornando por volta de22h, vestido apenas de calção e camiseta, relatando uso decrack, após alimentar-se foi dormir.(...)25/09/2009 – Em contato com a assistente social SandraSeixas da SMS, a mesma relatou que nesta data senhoraTeresa telefonou dizendo do retorno do neto ao domicílio e dafala do mesmo em atentar contra a própria vida.(...)A senhora Teresa nos contatou via telefone, disse que em24/08 o neto saiu de casa e retornou várias vezes, segundoela, saia para uso de drogas, deu a ele pequenas quantias dedinheiro nas idas e vindas, ao todo R$ 50,00 (cinquenta reais),estava agitado e novamente falando em atentar contra aprópria vida, dormiu em casa. Na presente data foi com o netoaté a Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, após atendimentofoi liberado à retorno ao domicílio para aguardar comunicaçãode vaga em internamento hospitalar. Relatou que o netoestava agitado e fazendo ameaças contra ela, havia saído,provavelmente atrás de droga, deu a ele R$ 4,00 (quatro reais).Também fez o seguinte relato, disse que a compra de roupas,tênis, relógios e outros objetos de uso pessoal, éconstante, porém o neto troca tudo por crack. Relatou nãoconseguir por limites nas solicitações do neto, pois eleincomoda muito pedindo com insistência o que quer. (...) Asenhora Teresa ressaltou que está “esgotada” (sic) comasituação.(...)29/09/2009 – Em contato com a assistente social SandraSeixas, a mesma informou que fez contato com a senhora

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Teresa nesta data, a mesa informou que o neto retornou paracasa em 25/09 tarde da noite, perdendo a vaga dointernamento. No sábado doa 26/09 o neto voltou esteve bemagitado, saindo para uso de drogas, retornou com uma pessoa,a qual foi orientada pela neta a não retornar no prédio.PARECER SOCIALA senhora Teresa, idosa e com problemas de saúde, contano momento somente com o apoio da filha que apresentaproblema mental, e solicita auxílio para encaminhamentodo neto para instituição de abrigamento. (...). É visível ocansaço da idosa e nos preocupa seu estado de saúde,pois está sobrecarregada na assistência ao neto.(...)Com o passar dos dias após a alta hospitalar do HospitalBom Retiro, a situação tem piorado, segundo a senhoraTeresa, Giuliano tem saído constantemente de casa para usode crack e a pressiona para dar dinheiro para comprar a drogae também que providencie objetos de uso pessoal os quaisutiliza como moeda de troca para conseguir crack, fazameaças contra a própria vida e também a ela.Solicitamos através da Central de Vagas da FAS a verificaçãode vaga para o jovem em instituição de longa permanênciapara adultos, até o momento sem confirmação”. (SIC)

No derradeiro Atestado Médico acostado aos autos à fls.

294/295, emitido pelo médico Doutor Atila José Borges Junior, CRM 14203, declara-se

que:

“Atesto que Giuliano Gasparini xxxxxx passou poravaliação psiquiátrica, sendo diagnosticado comoportador dos CID F25.9 + F19.5. Quadro crônico, deprognóstico bastante reservado, não passível de remissão,necessitando fazer uso contínuo de medicamentos, comconsequente incapacidade laborativa (já aposentado porinvalidez no INSS) com incapacidade para gerir seus bense no manejo de dinheiro, requerendo assistência para aprática de atos da vida civil, sendo indicada interdiçãojudicial”

Desta forma, verifica-se que diante do quadro de saúde

mental apresentado pelo jovem Giuliano, a indicação das equipes municipais de saúde e

assistencial social indicam o abrigamento como sendo a melhor solução para a situação

vivenciada por Giuliano.

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Destarte, informa-se que esta Promotoria de Justiça ajuizou

em 14/05/2010 Ação de Interdição em face do referido jovem, indicando a sua avó

materna Sra. Tereza xxxxxxxxxxxx a figurar como curadora do mesmo, cujos autos nº

28883/2010 encontram-se em trâmite junto a 22ª Vara Cível desta Capital.

É importante ressaltar que Giuliano já freqüentou muitas

Casas de Apoio e já passou por muitos internamentos em Hospitais Psiquiátricos, sempre

evadindo-se dos locais.

Por derradeiro, nesta data, no período da manhã a avó

materna de Giuliano entrou em contato telefônico com esta Promotoria de Justiça,

conforme se vislumbra da “Certidão” de lavra da assessora Jurídica deste órgão

ministerial (documento cópia inclusa), relatou o que segue:

“(...) que Giuliano fugiu por 5 vezes da última Casa de Apoioem que estava abrigado, tendo a proprietária da citada Casapedido à Sra. Tereza que o tirasse de lá, pois ela não tinhaestrutura para manter Giuliano naquela Casa, em razão de seuquadro de saúde mental, dependência química, agressividadee fugas constantes; que na última fuga Giuliano caiu do muro emachucou feio a perna, tendo ficado um dia inteiro no ProntoSocorro Cajuru e, de lá foi encaminhado para o Posto 24 horaspara internação; que passaram (Giuliano, D. Teresa eAparecida) em torno de 3 dias no Posto 24 horas, sem voltarpara casa, para não perder a chance de conseguir uma vagade internação para Giuliano; que Giuliano foi dali encaminhadopara o Hospital Helio Rotenberg, estando muito agressivo; quenaquele Hospital foi informada que aquele não era Hospitalpara atender o caso de Giuliano, pois o mesmo era drogadito eagressivo; que na data de ontem (02/12/2010) foi ali atendidapela médica Dra. Maria Izabel, a qual maltratou a declaranteTeresa, tratando-a com muita rispidez, gritando com a mesma,dizendo que ela o levasse dali, pois ali não era lugar para ele eque ele era problema da família; que a Sra. Terezaargumentou, pedindo pelo amor de Deus à médica que odeixasse naquele Hospital mais um pouco, pois não teria paraonde levá-lo, que seu esposo tinha acabado de realizar umaoutra cirurgia cardíaca, que neste momento Giuliano avançoupara cima da declarante dizendo que iria matá-la, tendo sidocontido por pessoas que estavam no local; mas a médicaestava irredutível, dizendo que daria alta para ele e que afamília que se virasse; que foi orientada pela assistente SocialSandra a prestar queixa contra o mal atendimento da médicano 156, mas que quis relatar o fato Ministério Público paraexplanar como as pessoas tem sido atendidas pelos

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profissionais da área de saúde mental de Curitiba; Que osprofissionais da saúde em nenhum momento mostramentender o que a família está passando e, nem se interessampor tentar auxiliar; Que dali Giuliano foi encaminhado para oHospital Bom retiro, sendo que naquele Hospital já foiinformada que Giuliano poderá ficar ali por no máximo 15 dias;Assim a idosa senhora Teresa está desesperada, pois não temmais local para abrigar Giuliano, que ele está cada vez maisagressivo, não possuindo, nem ela, nem o esposo e nemtampouco a mãe de Giuliano condições de saúde física, mentale emocional e, nem condições estruturais para atenderGiuliano em casa, não sabendo mais o que fazer, pedindoajuda deste Ministério Público para encaminhar Giuliano parauma entidade de abrigamento que possua recursos deatendimento adequados e contenção necessários ao quadro desaúde mental de Giuliano, que além de dependente químico,possui esquizofrenia e psicose. Agradeceu novamente aatenção que o Ministério Público sempre lhe dá, e que nãosaberia o que fazer se não este órgão não existisse.”

Diante de todo exposto, de conformidade com os gestores

públicos, malgrado todos os esforços tendentes a efetivar o abrigamento do jovem

Giuliano, em razão de suas atitudes sorrateiras e de agressividade, bem como em razão

do quadro de saúde mental apresentado pelo mesmo, colocando em risco a sua

integridade física e psíquica, bem como a terceiros, notadamente de sua avó materna

(pessoa idosa com problemas de saúde – arritmia cardíaca), certo é que a questão em

apreço vem a ser muito mais abrangente que uma questão particular, individual de saúde,

ganhando proporções de problema de saúde pública.

Desta feita, além da proteção individual do jovem GIULIANO

XXXXXXXXX, a presente demanda busca a proteção da avó idosa de Giuliano, que

permanecerá à mercê dos riscos que advém do quadro de agressividade do jovem

Giuliano, bem como do envolvimento deste com pessoas ligadas ao tráfico de drogas

(crack), as quais já estão, inclusive, cercando a residência da idosa exigindo dinheiro,

enquanto não forem empreendidas ações efetivas de proteção à idosa e ao jovem.

Portanto, restando notória a situação de risco social, de

saúde e de vulnerabilidade a envolver jovem GIULIANO XXXXXXXXX (riscos esses

estabelecidos pelas condutas do referido jovem em razão de seu quadro de saúde mental

e uso de drogas – crack), bem assim considerando que não obstante esforços

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empreendidos pelos gestores públicos e por este Parquet, não houve êxito nas medidas

encetadas a reverter o quadro de risco moldado ao entorno das referidas pessoas,

tornam-se as mesmas alvo da proteção do Estado, razão pela qual justifica o manejo da

presente demanda por parte deste órgão ministerial, enquanto garantidor dos direitos

fundamentais indisponíveis (vida e saúde das pessoas em tela), para o fim de que sejam

encetadas medidas urgentes destinadas ao imediato afastamento da situação de risco

exaustivamente demonstrada nesta exordial e ilustrada pela documentação acostada aos

autos de Procedimento Administrativo nº 031/08.

Por fim, vale ressaltar, mais uma vez, que as medidas

pleiteadas na presente ação visam não apenas a proteção e bem-estar do jovem

GIULIANO XXXXXXXXX, como também a salvaguarda do seio familiar e da comunidade

do entorno, em razão do perigo a que todos estão expostos pelas atitudes cometidas por

Giuliano e da invasão de pessoas estranhas - envolvidas com drogas – no edifício em que

residem, facilitadas por ele mesmo.

A “Medida de Proteção” ora requerida, destinada à proteção

do jovem Giuliano XXXXXXXXX, prima por concretizar e efetivar seus direitos e garantias

de portadora de deficiência legalmente assegurados, propiciando-lhes assim, uma

existência digna.

Portanto, sendo certa a inviabilidade da permanência do

jovem Giuliano XXXXXXXXX (referido nos autos como sendo pessoa com deficiência)

“ad eternum” em internações hospitalares, bem como perambulando pelas ruas da

cidade, sem destino, à margem da sociedade, sem os atendimentos que lhe são

necessários na área da saúde, social, educacional e de reabilitação, sem o mínimo de

vida digna, pelos motivos já expostos, urge que medida protetiva de abrigamento,somada a outras providências que venham a ser consideradas pelos órgãospúblicos competentes como necessárias ao resguardo dos direitos, interesses,integridade e bem-estar do aludido jovem, sejam aplicadas em favor do mesmo,

visando garantir-lhe existência digna e a efetivação de seus direitos.

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III - DO DIREITO

"O maior pecado contra nossos semelhantes não é o deodiá-los, mas de ser indiferentes para com eles"Bernard Shaw

A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 5 de

outubro de 1988, visando garantir direitos iguais a todos os brasileiros, preceitua:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direitoà vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e àpropriedade, nos termos seguintes:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios:(...)II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção egarantia das pessoas portadoras de deficiência;”

Art. 203. A assistência social será prestada a quem delanecessitar, independentemente de contribuição àseguridade social, e tem por objetivos:(...)IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras dedeficiência e a promoção de sua integração à vidacomunitária;

Os direitos das pessoas portadoras de deficiência também são

garantidos pela Constituição do Estado do Paraná, nos seguintes termos:

Art. 12. É competência do Estado, em comum com a Uniãoe os Municípios:(...)II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção egarantia das pessoas portadoras de deficiência;

A Lei Orgânica da Assistência Social, Lei n.º 8.742 de 07 de

dezembro de 1993, preceitua:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do

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Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva,que provê os mínimos sociais, realizada através de umconjunto integrado de ações de iniciativa pública e dasociedade, para garantir o atendimento às necessidadesbásicas.

Art. 2º A assistência social tem por objetivos:(...)IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras dedeficiência e a promoção de sua integração à vidacomunitária;

Art. 13. Compete aos Estados:(...)IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente asassociações e consórcios municipais na prestação deserviços de assistência social;V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ouausência de demanda municipal justifiquem uma rederegional de serviços, desconcentrada, no âmbito dorespectivo Estado.

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantiade 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora dedeficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e quecomprovem não possuir meios de prover a própriamanutenção e nem de tê-la provida por sua família.

§ 5º A situação de internado não prejudica o direito doidoso ou do portador de deficiência ao benefício.

Art. 24. Os programas de assistência social compreendemações integradas e complementares com objetivos, tempoe área de abrangência definidos para qualificar, incentivare melhorar os benefícios e os serviços assistenciais.§ 1º Os programas de que trata este artigo serão definidospelos respectivos Conselhos de Assistência Social,obedecidos os objetivos e princípios que regem esta lei,com prioridade para a inserção profissional e social.§ 2º Os programas voltados ao idoso e à integração dapessoa portadora de deficiência serão devidamentearticulados com o benefício de prestação continuadaestabelecido no art. 20 desta lei.

A Lei n.º 7.853, de 24 de outubro de 1999, que dispõe sobre o

apoio às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social, assim determina:

Art. 2.º Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar àspessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de

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seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, àsaúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, aoamparo à infância e à maternidade, e de outros que,decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seubem-estar pessoal, social e econômico.”Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput desseartigo, os órgão e entidades da administração direta eindireta devem dispensar, no âmbito de sua competência efinalidade, aos assuntos objetos desta Lei, tratamentoprioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem prejuízode outras, as seguintes medidas: (...)II – na área da saúde:(...) d) a garantia de acesso das pessoas portadoras dedeficiência aos estabelecimentos de saúde públicos eprivados, e de seu adequado tratamento neles, sob normastécnicas e padrões de conduta apropriados(...);f) o desenvolvimento de programas de saúde voltadospara as pessoas portadoras de deficiência, desenvolvidoscom a participação da sociedade e que lhes ensejem aintegração social;(...).

O Decreto n.º 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que

regulamenta a Lei n.º 7.853, de 24 de outubro de 1989, consolida as normas de proteção

à Pessoa Portadora de Deficiência, nos seguintes termos:

Art. 5º. A Política Nacional para a Integração da PessoaPortadora de Deficiência, em consonância com oPrograma Nacional de Direitos Humanos, obedecerá aosseguintes princípios:I – desenvolvimento de ação conjunta do Estado e dasociedade civil, de modo a assegurar a plena integração dapessoa portadora de deficiência no contexto sócio-econômico e cultural;II – estabelecimento de mecanismos e instrumentos legaise operacionais que assegurem às pessoas portadoras dedeficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que,decorrentes da Constituição e das leis, propiciam o seubem-estar pessoal, social e econômico; eIII – respeito às pessoas portadoras de deficiência, quedevem receber igualdade de oportunidades na sociedadepor reconhecimento dos direitos que lhe são assegurados,sem privilégios ou paternalismos.

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O Conselho Nacional de Assistência Social, através da

Resolução nº 145, de 15 de outubro de 2004, publicada no Diário Oficial da União de 28

de outubro de 2004, aprovou a Política Nacional de Assistência Social. O texto do referido

documento constitui o Anexo I dessa Resolução, determinando o seguinte:

A Assistência Social como política de proteção socialconfigura-se como uma nova situação para o Brasil. Elasignifica garantir a todos, que dela necessitam, e semcontribuição prévia a provisão dessa proteção. (...) Oconhecimento existente sobre as demandas por proteçãosocial é genérico, pode medir e classificar as situações doponto de vista nacional, mas não explicá-las. (Anexo I, p.10)

Conforme o mesmo documento, a Política Pública de

Assistência Social, de forma integrada às políticas sociais, tem os seguintes objetivos:

- Prover serviços, programas, projetos e benefícios deproteção social básica e, ou, especial para famílias,indivíduos e grupos que deles necessitarem.- Contribuir com a inclusão e a eqüidade dos usuários egrupos específicos, ampliando o acesso aos bens eserviços socioassistenciais básicos e especiais, em áreasurbana e rural.Constitui o público usuário da Política de AssistênciaSocial, cidadãos e grupos que se encontram em situaçõesde vulnerabilidade e riscos (...) (Anexo I, p. 27)

A ênfase da proteção social especial deve priorizar areestruturação dos serviços de abrigamento (...)São serviços que requerem acompanhamento individual(...) Os serviços de proteção especial têm estreita interfacecom o sistema de garantia de direito, (...) compartilhadacom o Poder Judiciário, Ministério Público e outros órgãose ações do Executivo. (Anexo I, p. 31)

O tópico do Anexo I trata sobre a Gestão da Política Nacional

de Assistência Social na Perspectiva do Sistema Único de Assistência Social – SUAS

dispõe nos seguintes termos:

A proteção social especial é a modalidade de atendimentoassistencial destinada a famílias e indivíduos que se

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encontram em situação de risco pessoal e social, porocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou,psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas,cumprimento de medidas sócio-educativas, situação deruas, situação de trabalho infantil, entre outras. (Anexo I, p.31)Os serviços de proteção especial têm estreita interfacecom o sistema de garantia de direito exigindo, muitasvezes, uma gestão mais complexa e compartilhada com oPoder Judiciário, Ministério Público e outros órgãos eações do Executivo. (Anexo I, p. 31)

Ainda, de acordo com Código de Processo Civil.

“Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, queeste código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juizdeterminar as medidas provisórias que julgar adequadas,quando houver fundado receio de que uma parte, antes dojulgamento da lide, causa ao direito da outra lesão grave e dedifícil reparação.”

Desta feita, a “Medida de Proteção” ora requerida, destinada

ao imediato abrigamento de Giuliano XXXXXXXXX, prima por concretizar e efetivar seus

os direitos e garantias na condição de pessoa com deficiência legalmente assegurados,

propiciando-lhe assim, uma existência digna, com inserção do mesmo nas áreas sociais e

de saúde.

IV – FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA

Oportuno ressaltar que, de conformidade com o já exposto

exaustivamente nesta peça inicial, não se pode ignorar que o jovem GIULIANO

XXXXXXXXX encontram-se em grave situação de risco, notadamente em razão de seu

quadro de saúde mental.

Os inúmeros relatórios sociais e de saúde, bem como as

declarações juntadas a esta inicial, notadamente os trechos acima transcritos, indicam

que a idosa e seu neto em razão do quadro de saúde mental e uso de substâncias

psicoativas por parte de Giuliano, da resistência do mesmo em aderir a tratamento de

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saúde e aos atendimentos médicos, principalmente, das atitudes de agressividade e

ameaças de atentar contra sua própria vida e da avó idosa estão sujeitas a real e iminente

situação de risco.

Além disso, demonstrada a necessidade da medida ao

verificar-se que foram esgotadas todas as vias administrativas possíveis de solução da

questão, sem, contudo alcançar-se o êxito almejado. Ao contrário, há persistência da

situação de risco e sua continuidade perdurará caso não sejam empreendidas medidas

com respaldo e amparo jurídico que possam asseguram sua efetividade, demonstrado,

portanto o fumus boni iuris e o periculum in mora que justifica a presente demanda.

Mister, então, que, com a maior brevidade possível, seja

liminarmente determinado por esse Douto Juízo, inaudita altera partes, o abrigamentode GIULIANO XXXXXXXXX, em entidade de abrigamento com recursos deatendimento adequados e necessários às suas atuais condições de vida e saúde,imediatamente, após a alta médica hospitalar do Hospital Psiquiátrico Bom Retiro,

promovendo-se desde logo o empreendimento imediato das medidas protetivas

destinadas ao afastamento da situação de risco e/ou perigo em que se encontra o referido

jovem, com o resguardo e proteção dos direitos, interesses, integridade, bem-estar e

segurança pessoa com deficiência, por parte dos órgãos competentes Fundação deAção Social/ Coordenação de Proteção Social Especial de Alta Complexidade,

localizada na Rua Eduardo Sprada nº 4520 – Bairro Campo Comprido – Curitiba/PR –

CEP 81270-010 e, Secretaria Municipal de Saúde/ Coordenação de Saúde Mental,localizada na Av. Rua João Gualberto nº 623 – Bairro Alto da Glória - Edifício Delta/

Mezanino Torre A – Curitiba/PR – CEP 80.030-000.

V - DO PEDIDO:

Face ao exposto, requer-se:

a) seja liminarmente determinado por esse Douto Juízo,

inaudita altera partes, o ABRIGAMENTO de GIULIANO XXXXXXXXX em entidade deabrigamento com recursos de atendimento adequados e necessários às suas atuaiscondições de saúde física e mental e sócio-familiares, conveniada ou mantida pelo

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Município de Curitiba, a ser indicada em conjunto pela Fundação de Ação Social/Coordenação de Proteção Social Especial de Alta Complexidade, localizada na Rua

Eduardo Sprada nº 4520 – Bairro Campo Comprido – Curitiba/PR – CEP 81270-010 e,

Secretaria Municipal de Saúde/ Coordenação de Saúde Mental, localizada na Av. Rua

João Gualberto nº 623 – Bairro Alto da Glória - Edifício Delta/ Mezanino Torre A –

Curitiba/PR – CEP 80.030-000, determinando-se aos aludidos órgãos públicos sejam

promovidas, desde logo, o empreendimento imediato das medidas protetivas destinadas

ao afastamento da situação de risco e/ou perigo em que se encontra o referido jovem,

com o resguardo e proteção dos direitos, interesses, integridade, bem-estar e segurança

da pessoa com deficiência, por parte dos órgãos competentes. Para o cumprimento da

ordem de abrigamento, requer-se seja imediatamente oficiado à Fundação de AçãoSocial/ Coordenação de Proteção Social Especial de Alta Complexidade, localizada

na Rua Eduardo Sprada nº 4520 – Bairro Campo Comprido – Curitiba/PR – CEP 81270-

010 e, Secretaria Municipal de Saúde/ Coordenação de Saúde Mental, localizada na

Av. Rua João Gualberto nº 623 – Bairro Alto da Glória - Edifício Delta/ Mezanino Torre A –

Curitiba/PR – CEP 80.030-000, a fim de que, acompanhados de um Oficial de Justiça a

ser designado por Vossa Excelência, em cumprimento à ordem deste Douto Juízo,

realizem o abrigamento de Giuliano Gasparini Parra, imediatamente após sua alta

hospitalar do Hospital Psiquiátrico Bom Retiro, na entidade de abrigo que melhor atenda

às suas necessidades especiais de vida, saúde e sócio-familiares. Para o bom êxito da

medida requer-se que os órgãos públicos competentes empreendam as medidas

destinadas ao abrigamento de Giuliano com a ciência e a participação dos familiares de

Giuliano (sua avó e curadora Sra. Tereza XXXXXXXXXXXXXX e sua genitora Sra.

Aparecida XXXXXXXXXXXXXXXXXX, ambas podendo ser localizadas na Av. Marechal

Humberto de Alencar Castelo Branco nº 954 – apto 214 – Bairro Cristo Rei – Curitiba/PR

– fone 3023-6051).

b) no mérito, o recebimento e a procedência do pedido, com a

confirmação da liminar que ora se espera seja concedida, determinando-se o

abrigamento do jovem GIULIANO XXXXXXXXX em entidade de abrigamento comrecursos de atendimento adequados e necessários às suas atuais condições desaúde física e mental e sócio-familiares, conveniada ou mantida pelo Município de

Curitiba, a ser indicada em conjunto pela Fundação de Ação Social/ Coordenação deProteção Social Especial de Alta Complexidade, localizada na Rua Eduardo Sprada nº

4520 – Bairro Campo Comprido – Curitiba/PR – CEP 81270-010 e, Secretaria Municipal

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de Saúde/ Coordenação de Saúde Mental, localizada na Av. Rua João Gualberto nº 623

– Bairro Alto da Glória - Edifício Delta/ Mezanino Torre A – Curitiba/PR – CEP 80.030-000,

determinando-se aos aludidos órgãos públicos sejam promovidas, desde logo, o

empreendimento imediato das medidas protetivas destinadas ao afastamento da situação

de risco e/ou perigo em que se encontra o referido jovem, com o resguardo e proteção

dos direitos, interesses, integridade, bem-estar e segurança da pessoa com deficiência,

por parte dos órgãos competentes. Para o cumprimento da ordem de abrigamento,

requer-se seja imediatamente oficiado à Fundação de Ação Social/ Coordenação deProteção Social Especial de Alta Complexidade, localizada na Rua Eduardo Sprada nº

4520 – Bairro Campo Comprido – Curitiba/PR – CEP 81270-010 e, Secretaria Municipalde Saúde/ Coordenação de Saúde Mental, localizada na Av. Rua João Gualberto nº 623

– Bairro Alto da Glória - Edifício Delta/ Mezanino Torre A – Curitiba/PR – CEP 80.030-000,

a fim de que, acompanhados de um Oficial de Justiça a ser designado por Vossa

Excelência, em cumprimento à ordem deste Douto Juízo, realizem o abrigamento de

Giuliano Gasparini Parra, imediatamente após sua alta hospitalar do Hospital Psiquiátrico

Bom Retiro, na entidade de abrigo que melhor atenda às suas necessidades especiais de

vida, saúde e sócio-familiares. Para o bom êxito da medida requer-se que os órgãos

públicos competentes empreendam as medidas destinadas ao abrigamento de Giuliano

com a ciência e a participação dos familiares de Giuliano (sua avó e curadora Sra. Tereza

XXXXXXXX e sua genitora Sra. Aparecida XXXXXXXXXXXXXX, ambas podendo ser

localizadas na Av. Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco nº 954 – apto 214 –

Bairro Cristo Rei – Curitiba/PR – fone 3023-6051).

c) seja determinada a remessa a esse Douto Juízo de Direito e

à Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, em

prazo a ser determinado por Vossa Excelência, de Relatório Conclusivo, único e conjunto,

a ser elaborado pelos supracitados órgãos públicos, com informações sobre a entidade de

abrigamento para a qual o jovem Giuliano XXXXXXXXX foi encaminhado e das demais

medidas protetivas adotadas ao caso;

d) Oitiva do jovem GIULIANO XXXXXXXXX em audiência, bem

como das testemunhas adiante arroladas.

e) Juntada de cópia integral do Procedimento Administrativo Nº

031/08, cujo objeto versa sobre a situação do jovem Giuliano XXXXXXXXX e de sua

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genitora Aparecida XXXXXXXXX, a fim de que faça instruir a presente ação;

Dá-se à causa o valor de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais)

para fins de alçada.

Neste termos;

Pede deferimento.

Curitiba, 03 de novembro de 2010

Terezinha Resende CarulaPromotora de Justiça