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Departamento de Artes & Design DESIGN & DESASTRES: DA PREVENÇÃO AO ABRIGAMENTO DAS VÍTIMAS Aluno: Luiza Choeire Nehme Simão Polli Colaboração: Gabriel Leitão Orientadora: Vera Maria Marsicano Damazio Introdução Em todo o planeta, desastres naturais afetam milhões de pessoas. Ao longo dos três primeiros meses de 2011, por exemplo, cerca de 1.000 pessoas morreram e 134 mil ficaram desabrigadas e/ou desalojadas no Brasil devido às tempestades tropicais. Para Kofi Annan, ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas e Nobel da Paz em 2001, a vulnerabilidade da população desfavorecida e que mora, cada vez mais, em regiões de risco - como alagadas e encostas instáveis - talvez seja a causa isolada mais importante das perdas decorrentes dos desastres naturais (ANNAN, 1999). Neste cenário trágico e recorrente é urgente reunir esforços para a prevenção, mitigação e pronto atendimento das vitimas de desastres naturais. Em 2006, o Governo do Rio de Janeiro - através da Secretaria de Estado da Defesa Civil - elaborou manual para “capacitar a s coordenadorias Municipais de Defesa Civil quanto à montagem, coordenação e planejamento de abrigos temporários” com o propósito de “evitar, após o impacto do desastre, o agravamento da situação” (SEDEC/RJ, 2006:17). Este manual tomou como base o projeto ESFERA, desenvolvido pela ONU em 1997, no qual foi definida a Carta Humanitária e as Normas Mínimas de Resposta Humanitária em Situações de Desastre, documento utilizado como referência para organizações de Defesas Civis espalhadas pelo mundo, com as devidas adaptações à heterogeneidade do relevo, clima e densidade demográfica, entre outras particularidades de cada região do planeta. Diante do exposto, fica evidente a importância do Design de projetar meios de alertar a população sobre os riscos de desastres naturais, socorrer e trazer conforto às pessoas afetadas. As questões norteadoras do presente trabalho, portanto, são: O que tem sido feito para conscientizar a população sobre como agir em caso de ocorrência de desastres naturais? O que tem sido feito para ajudar as pessoas atingidas por desastres naturais? Objetivos O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o desenvolvimento de ações projetuais que diminuam o impacto causado pelos desastres naturais sobre as pessoas. Seus objetivos específicos são: (1) Levantar definições do papel do Design na sociedade contemporânea e métodos projetuais voltados para a solução de problemas sociais complexos; (2) Identificar organizações governamentais e não governamentais voltadas para comunidades que vivem em situações de risco e/ou foram afetadas por desastres; (3) Identificar produtos, serviços e ações projetuais voltadas para comunidades que vivem em situações de risco e/ou foram afetadas por desastres; (4) Organizar dados e elaborar texto de apresentação dos resultados.

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Departamento de Artes & Design

DESIGN & DESASTRES:

DA PREVENÇÃO AO ABRIGAMENTO DAS VÍTIMAS

Aluno: Luiza Choeire Nehme Simão Polli

Colaboração: Gabriel Leitão

Orientadora: Vera Maria Marsicano Damazio

Introdução

Em todo o planeta, desastres naturais afetam milhões de pessoas. Ao longo dos

três primeiros meses de 2011, por exemplo, cerca de 1.000 pessoas morreram e 134 mil

ficaram desabrigadas e/ou desalojadas no Brasil devido às tempestades tropicais. Para

Kofi Annan, ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas e Nobel da Paz em

2001, a vulnerabilidade da população desfavorecida e que mora, cada vez mais, em

regiões de risco - como alagadas e encostas instáveis - talvez seja a causa isolada mais

importante das perdas decorrentes dos desastres naturais (ANNAN, 1999). Neste

cenário trágico e recorrente é urgente reunir esforços para a prevenção, mitigação e pronto atendimento das vitimas de desastres naturais.

Em 2006, o Governo do Rio de Janeiro - através da Secretaria de Estado da

Defesa Civil - elaborou manual para “capacitar as coordenadorias Municipais de Defesa

Civil quanto à montagem, coordenação e planejamento de abrigos temporários” com o

propósito de “evitar, após o impacto do desastre, o agravamento da situação”

(SEDEC/RJ, 2006:17). Este manual tomou como base o projeto ESFERA, desenvolvido

pela ONU em 1997, no qual foi definida a Carta Humanitária e as Normas Mínimas de

Resposta Humanitária em Situações de Desastre, documento utilizado como referência

para organizações de Defesas Civis espalhadas pelo mundo, com as devidas adaptações

à heterogeneidade do relevo, clima e densidade demográfica, entre outras particularidades de cada região do planeta.

Diante do exposto, fica evidente a importância do Design de projetar meios de

alertar a população sobre os riscos de desastres naturais, socorrer e trazer conforto às

pessoas afetadas. As questões norteadoras do presente trabalho, portanto, são: O que

tem sido feito para conscientizar a população sobre como agir em caso de ocorrência de

desastres naturais? O que tem sido feito para ajudar as pessoas atingidas por desastres

naturais?

Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o desenvolvimento de ações

projetuais que diminuam o impacto causado pelos desastres naturais sobre as pessoas.

Seus objetivos específicos são: (1) Levantar definições do papel do Design na sociedade

contemporânea e métodos projetuais voltados para a solução de problemas sociais

complexos; (2) Identificar organizações governamentais e não governamentais voltadas

para comunidades que vivem em situações de risco e/ou foram afetadas por desastres;

(3) Identificar produtos, serviços e ações projetuais voltadas para comunidades que

vivem em situações de risco e/ou foram afetadas por desastres; (4) Organizar dados e

elaborar texto de apresentação dos resultados.

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Metodologia

A 1ª fase do trabalho de pesquisa foi destinada a identificação de perspectivas e

metodologias projetuais focadas em questões sociais complexas através de

levantamento bibliográfico e na Internet. Incluiu o estudo de autores atuais como John

Thackara, Jorge Frascara e Ezio Manzini e o emblemático Vitor Papanek, autor do livro

“Design for the Real World: Human Ecology and Social Change” em 1971 e precursor

da ideia de que o Design deveria dar mais atenção ao “mundo real” em contraponto ao

“mundo dos bens materiais e do consumo”. Incluiu, ainda, o estudo de métodos como

Design Thinking, Co-Design, Design Participativo, caracterizados pela utilização de

técnicas da antropologia como a observação participante, além do diálogo com diversos

agentes envolvidos no processo projetual. Em relação a essa fase, cabe destacar algumas

reflexões relevantes, que podem ser assim sintetizadas:

John Thackara

O filósofo britânico John Thackara, no seu livro Plano B (2008), apresenta uma

visão que pode ser considerada muito inovadora e que diz respeito a aspectos que

precisamos modificar na nossa forma de pensar para amenizar os impactos negativos

que o homem provoca no meio ambiente. Para ele, o designer não tem que conceber

e/ou projetar produtos, mas sim ter o seu foco em serviços e sistemas. A

sustentabilidade é uma questão abordada, por Thackara, como um conjunto de ações

que possibilita que as pessoas possam retomar o controle das situações ao invés de

simplesmente substituí-las por tecnologia. Segundo o autor, não é preciso pensar e nem agir de forma grandiosa para conseguir mudar grandes sistemas. Ele orienta que:

Precisamos promover novas formas de colaborar e conduzir projetos, melhorar a

capacidade de todos os cidadãos de se envolver em um diálogo significativo sobre

seu ambiente e contexto e promover novos relacionamentos entre as pessoas que fazem as coisas e as pessoas que as utilizam (THAKARA, 2008:39).

Para John Thackara, a solução para amenizar alguns problemas implica

diminuir as distâncias físicas entres as coisas. Muitas vezes gastamos energia e tempo

sem necessidade. Ao invés de pensarmos em serviços perto de onde estamos,

procuramos algo que esta bastante longe e não dimensionamos o quanto sacrificamos o

meio ambiente. O designer tem que pensar e propor soluções que permitam minimizar o

fluxo de recursos, pessoas e bens. Thackara defende que, agora é o momento de

substituir os recursos físicos pela informação. Ou seja, temos que criar sistemas que

informem as pessoas onde se encontra o que elas precisam utilizar e quais os recursos.

Jorge Frascara

Por sua vez, o designer argentino Jorge Frascara (1997) defende a ideia de que

o papel dos designers de comunicação visual não se resume somente a realizar

atividades de produção e distribuição. Eles precisam também, e mais do que tudo,

atentar para os efeitos de suas ações profissionais junto aos indivíduos. Frascara (1997)

orienta que a motivação e sentido destas atividades devem ser norteadas pela intenção

de transformar a realidade existente em uma realidade desejada. Para ele, esta realidade

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é constituída por pessoas e não por formas gráficas. De acordo com o autor, o Design

deve ser compreendido como um campo do saber que, para o seu estudo e

desenvolvimento, necessita de diversos aspectos que são próprios de inúmeras e

diferentes áreas, ou seja, trata-se de um campo interdisciplinar.

É melhor ver o design como um ponto de encontro de um conjunto de disciplinas

que convergem em função de criar comunicações. O design se cria na intercessão

dessas disciplinas e elas lhe dão um contexto conceitual e uma série de ferramentas de trabalho (FRASCARA, 1997:17):

Neste sentido, as pessoas devem assumir um papel central no processo

projetual e as decisões envolvidas na construção de mensagens, por sua vez, não devem

ser o resultado de “supostos princípios estéticos universais ou de caprichos individuais

dos designers”. Reiterando: as decisões devem se localizar “(...) em um campo criado

entre a realidade atual das pessoas e a realidade a qual se deseja alcançar depois que as pessoas se deparem com as mensagens” (FRASCARA, 1997:19).

Ezio Manzini

Sobre os atuais desafios relacionados à convivência entre o homem e o meio, o

designer italiano Ezio Manzini entende que existe uma transição necessária que deverá

ocorrer rumo à sustentabilidade. Uma transição que envolve um processo de

aprendizado coletivo que implica viver com qualidade, mas consumindo menos e de

forma a regenerar os ecossistemas e as situações locais (MANZINI, 2008:27). O autor

valoriza de modo significativo o âmbito social que envolve a ideia de serviços e, nesse

sentido, põe em destaque a discussão sobre o “produto sustentável”.

Ele sugere uma mudança no conceito mais usado de bem-estar, propondo

menor ênfase na prática da posse e maior valorização da prática do compartilhamento.

Todavia, do ponto de vista da sustentabilidade, tal proposta impõe o desafio de dar outro sentido às questões individuais e coletivas.

(...) embora apresentem características e modos de operar diversos, esses casos de inovação social possuem um significativo denominador comum: são sempre a

expressão de mudanças radicais na escala local. Em outras palavras, representam

descontinuidades em seus contextos por desafiar os modos tradicionais de fazer, introduzindo outros, muito diferentes e intrinsecamente mais sustentáveis. Mais

precisamente, são iniciativas que possuem uma capacidade inaudita de articular

interesses individuais com interesses sociais e ambientais e, na busca por soluções

concretas, reforçam o tecido social (MANZINI, 2008:63).

Manzini (2008), em seu livro “Design para a inovação social e

sustentabilidade”, observa que as inovações sociais podem surgir de forma espontânea

dentro de núcleos sociais, permitindo uma mudança no rumo dos acontecimentos, que,

de um modo geral, tendem a conduzir o planeta para fins catastróficos. Ele explica que

tais inovações funcionariam como um protótipo para a concepção de modos de vida

mais sustentáveis (2008:73), gerados por indivíduos “criativos”. Funcionariam como

respostas às questões que estes indivíduos consideram relevantes em seu cotidiano, uma

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vez que as soluções convencionais - principalmente aquelas relacionadas à

sustentabilidade - não se sintonizariam com os seus valores individuais e coletivos.

(...) embora apresentem características e modos de operar diversos, esses casos de

inovação social possuem um significativo denominador comum: são sempre a

expressão de mudanças radicais na escala local. Em outras palavras, representam descontinuidades em seus contextos por desafiar os modos tradicionais de fazer,

introduzindo outros, muito diferentes e intrinsecamente mais sustentáveis. Mais

precisamente, são iniciativas que possuem uma capacidade inaudita de articular interesses individuais com interesses sociais e ambientais, que em busca por

soluções concretas, reforçam o tecido social (MANZINI, 2008: 63)

Como sugere Manzini (2008), o Design que busca contribuir para a

sustentabilidade do planeta, enfrenta desafios que se ancoram, fundamentalmente, na

geração, na organização e na comunicação de outras e novas maneiras de ver o mundo.

No entanto, seria praticamente impossível alcançar tais metas sem o auxílio das

tecnologias mais avançadas que vem sendo progressivamente incorporadas pelas sociedades.

A 2ª fase da pesquisa foi dedicada ao levantamento de organizações

governamentais e não governamentais voltadas para comunidades em situações de risco

e/ou afetadas por desastres, a partir de revisão bibliográfica, acompanhamento do

noticiário e consultas na Internet. Destacamos, a seguir, algumas dentre as informações consideradas mais importantes.

Organização das Nações Unidas/ONU1

Fundada em 24 de outubro de 1945, após a II Guerra Mundial, a ONU é uma

organização internacional constituída por 193 países que se uniram com o objetivo de

trabalhar pela paz, pelo desenvolvimento do mundo, pelo combate e enfrentamento de

inúmeras situações e problemas sociais complexos como a pobreza, a educação e

conflitos de diversas naturezas. Ela inclui seis órgãos principais: a Assembleia Geral, o

Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado.

As ações voltadas para a redução de risco de desastres e o aumento da

resiliência ocorrem através da Estratégia Internacional para Redução de Desastres -

EIRD. Vinculada à Assembléia Geral e ao Conselho Econômico e Social, a EIRD

exerce um “papel de intermediário imparcial e equitativo, catalisador e ponto focal para

a redução de riscos de desastres dentro das Nações Unidas” tal como consta do Marco

de ação de Hyogo 2005-2015.2

Na visão das Nações Unidas, o Marco de Ação de Hyogo 2005-2015 (MAH) é

o principal instrumento para a implementação da redução de riscos de desastres nos

Estados Membros que o adotaram. Ele tem como objetivo aumentar a resiliência das

nações e das comunidades frente aos desastres, bem como promover ações voltadas para

uma considerável redução - até o ano de 2015 - das perdas decorrentes desses os

1 Fonte: http://www.onu.org.br/conheca-a-onu/como-funciona/. Acesso em 18 de junho de 2013. 2 Fonte: http://www.mi.gov.br/cidadesresilientes/pdf/mah_ptb_brochura.pdf. Acesso em 18 de junho de

2013.

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desastres, tanto em termos de vidas humanos quanto no que se refere aos bens sociais,

econômicos e ambientais das comunidades e dos países.

O MAH definiu as seguintes linhas de ação que devem ser enfatizadas pelos países e pelas diferentes instâncias de governos:

1. Considerar a redução dos riscos de desastres uma prioridade.

2. Conhecer o risco e tomar medidas.

3. Desenvolver uma maior compreensão e conscientização.

4. Reduzir o risco.

5. Estar preparado e pronto para atuar.

Sobre a mudança no clima e o aumento do risco de comunidades vulneráveis, Ban Ki-Moon, Secretário Geral das Nações Unidas declarou que:

(...) Se espera que o câmbio climático produza perigos naturais com uma maior

severidade e frequência. À medida que nossas cidades e costas se tornam mais

vulneráveis estes perigos podem conduzir a desastres muito piores do que os que temos presenciado até o momento. Temos uma obrigação social, moral e

econômica, e de aumentar a resiliência para 2015. (EIRD, 2007:2).

Defesa Civil3

Foi durante a Segunda Guerra Mundial que surgiram os primeiros sistemas de

defesa civil. Dentre os países envolvidos no conflito, a Inglaterra foi o primeiro a se

preocupar com a segurança de sua população, criando a Civil Defense, logo após os

ataques sofridos entre os anos de 1940 e 1941.

Em 1942, após o ataque a seus navios militares, o Brasil criou o Serviço de

Defesa Passiva Aérea - primeira tentativa de estruturação de um sistema de defesa para

a população. Em 1943, ele passa a se chamar Serviço de Defesa Civil, sob a tutela da

Diretoria Nacional do Serviço da Defesa Civil, associado ao Ministério da Justiça e

Negócios Interiores. Entretanto, este órgão só existiu até 1946.

Somente em 1966, em conseqüência das fortes chuvas e das grandes enchentes

que aconteceram no antigo Estado da Guanabara (hoje município do Rio de Janeiro) e

deslizamentos que provocaram problemas sérios na serra das Araras e Caraguatatuba,

em São Paulo, foi criada a primeira Defesa Civil Estadual do Brasil.. Na medida em que

outras catástrofes continuaram a acontecer, em 1967, foi criado o Ministério do Interior

com o objetivo, entre outros, de atender as populações atingidas por essas calamidades,

no âmbito federal. E para realizar suas ações, tal Ministério institui o Fundo Especial

para Calamidades Públicas/FUNCAP e o Grupo Especial para Assuntos de Calamidades

Públicas/GEACAP, que mais tarde dá origem à Secretaria Nacional de Defesa

Civil/SEDEC, tendo como responsabilidade prestar assistência à defesa permanente

contra as calamidades públicas. Mais tarde, em 16 de dezembro de 1988, foi criado o

Sistema Nacional de Defesa Civil - uma instituição estratégica voltada para a redução

de risco de desastres.

Em 22 de dezembro de 1989, a Assembleia Geral da ONU estabeleceu o ano

de 1990 como início da Década Internacional para Redução dos Desastres Naturais

(DIRDN), com o objetivo de “reduzir o número de mortes, danos e transtornos

socioeconômicos provocados por desastres naturais, principalmente em países em

3 Fonte: Site http://www.integracao.gov.br/historico-sedec. Acesso em 15 de julho de 2013.

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desenvolvimento”. Para responder a esse desafio, o Brasil elaborou o seu próprio plano

de redução de desastres, com características de uma Política Nacional de Defesa

Civil/PNDC, com metas a serem implantadas ao longo da década de 90 e alcançadas até

o ano 2000. O plano previa a: (1) reestruturação da SEDEC como Secretaria Especial de

Defesa Civil; (2) classificação, tipificação e codificação de desastres, ameaças e riscos,

embasados na realidade brasileira (o CODAR codificou e caracterizou 154 desastres

possíveis de ocorrer no Brasil); (3) organização dos Manuais de Planejamento em

Defesa Civil e a (4) criação de um programa de capacitação em desastres, com o

enfoque na preparação de gestores nacionais, estaduais, municipais e de áreas setoriais

para atuarem em todo o território nacional.

A partir do ano 2000, a SEDEC passa a ser responsável pelo gerenciamento de

desastres e capacitação de agentes locais de defesa civil. Mais recentemente, é possível

identificar ações que merecem destaque: a elaboração do Planejamento Nacional para

Gestão de Riscos/PNGR, a construção do Banco de Dados de Registros de Desastres e

do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, a criação da Política Nacional de Proteção e

Defesa Civil/PNDEC, a organização do Sistema Nacional de Proteção Civil/SINPDEC,

além de outras medidas relacionadas ao gerenciamento de riscos e desastres.

Atualmente, a Secretaria Especial de Defesa Civil/SEDEC está vinculada ao

Ministério da Integração Nacional/MI, sendo responsável pelo Sistema Nacional de

Proteção e Defesa Civil/SINPDEC. Tem como função “coordenar ações de proteção e

defesa em todo o território nacional” e seu principal objetivo é diminuir os riscos de

desastres, por meio de ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação. Atua no nível federal, estadual e municipal.

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)

Fundada em 1969, a CPRM é uma empresa pública ligada ao Ministério de

Minas e Energia. Seu principal papel é “organizar e sistematizar o conhecimento

geológico do território brasileiro”, além de ser responsável por: armazenar informações

sobre a “memória” geológica brasileira, realizar mapeamentos geológicos e

geoquímicos e propor atividades voltadas para a aplicação dos conhecimentos gerados,

com foco principal em projetos ambientais e de prevenção de riscos. Atualmente, tem

na sua equipe cerca de 1.500 funcionários, incluindo geólogos, hidrogeólogos,

engenheiros hidrólogos e engenheiros de minas, distribuídos em 12 unidades regionais

em todo território nacional.

Cruz Vermelha4

A Cruz Vermelha começa sua história no Brasil em outubro de 1907, quando,

sob a inspiração do Dr. Joaquim de Oliveira Botelho e com o apoio de outros

profissionais da área de saúde e pessoas da sociedade, tem suas bases lançadas durante

reunião realizada na Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. E já em 5 de dezembro

de 1908 (dia que ficou consagrado como a data de fundação da Cruz Vermelha

brasileira), seus Estatutos são discutidos e aprovados e seu primeiro presidente - o

Sanitarista Oswaldo Cruz - nomeado. Todavia, seu registro e reconhecimento nos âmbitos nacional e internacional só acontecem em 1910 e 1912.

4 Fonte: http://www.cruzvermelha.org.br/a-cruz-vermelha/. Acesso em 15 de julho de 2013.

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O grande impulso da Cruz Vermelha Brasileira se deu durante a Primeira

Guerra Mundial (1914/1918), principalmente a partir da constituição de sua Seção

Feminina, voltada para a formação e a prática da enfermagem. Com a declaração de

guerra do Brasil aos Impérios Centrais (Alemanha e seus aliados), os Cursos de

Enfermagem são intensificados e filiais estaduais e municipais são criadas. Em 1919, as

filiais já eram em número de dezesseis, tornando-se uma instituição modelar - mesmo

em tempos de paz - tal como previsto nas Convenções de Genebra, levando ajuda a

vítimas de catástrofes e desastres naturais.

Os princípios fundamentais da Cruz Vermelha são: humanidade,

imparcialidade, neutralidade, independência, voluntariado, unidade e universalidade e se

trata de uma entidade reconhecida pelo governo por realizar ações de socorro voluntário

e autônomo, por prestar auxílio aos poderes públicos e aos serviços militares de saúde,

além de ser a única sociedade nacional autorizada a exercer suas atividades em todo o

território brasileiro. Suas principais missões podem ser assim descritas: agir em caso de

guerra, contribuir para a melhoria da saúde, bem como para a prevenção de doenças e o

alívio do sofrimento, por meio de programas de treinamento e de serviços que

beneficiem a comunidade, da organização de serviços de socorros em casos de

emergências, do incentivo à participação de jovens voluntários nas suas atividades e da

divulgação dos seus princípios humanitários.

CARE

A CARE Brasil existe desde 2001. Trata-se de uma Organização da Sociedade

Civil de Interesse Público - OSCIP e integra a CARE Internacional, que engloba 12

países-membros (Alemanha, Austrália, Áustria, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos,

França, Holanda, Japão, Noruega, Reino Unido e Tailândia). Seu objetivo é combater a

pobreza em regiões rurais e urbanas do país, tendo como foco o desenvolvimento local

sustentável, através de ações de inclusão social, fortalecimento da economia local, preservação do meio ambiente, inovação na gestão pública e mobilização social.

Depois dos desastres causados pelas chuvas em 2011 na região serrana do

Estado do Rio de Janeiro, esta ONG ampliou sua participação nos programas de

capacitação e preparo das comunidades frente a desastres naturais, com o projeto

“Somando Forças com a Região Serrana”, implementado em Nova Friburgo,

Teresópolis e Petrópolis. Dentre as ações do projeto, a CARE Brasil fez cadastramento

das famílias afetadas e distribuiu 888 kits, beneficiando mais de 3.500 pessoas. Também

apoiou a criação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil, sendo responsável pelo

lançamento de manuais com orientação para a implementação dos respectivos núcleos

em comunidades vulneráveis.

A 3ª fase deste trabalho foi dedicada ao levantamento de ações projetuais com

foco em comunidades em situações de risco e/ou afetadas por desastres e instaladas em

abrigos temporários, a partir do acompanhamento de estudos sobre o tema, do noticiário

nacional e internacional e consultas na Internet. Ela se concentrou em duas cidades

onde, recentemente, aconteceram desastres naturais de grandes proporções: Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro e Havana, em Cuba.

Alerta por SMS

Utilizando o celular e por meio de mensagens (SMS), as pessoas recebem

alertas relacionados a diversas situações, tais como as chuvas fortes que costumam

acontecer em determinadas regiões. Para receber tais avisos via SMS, as pessoas

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precisam se cadastrar, sendo que, para viabilizar o referido cadastramento, algumas

alternativas foram criadas. No caso da cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, todas as

informações estão disponíveis na página eletrônica do órgão:

http://www0.rio.rj.gov.br/defesacivil/. Basta acessar a página, clicar em “alerta por sms” e seguir as instruções que estão no site.

Cadastramento em serviço de alertas via SMS

Para usufruir desse sistema de alerta via SMS, é preciso enviar uma mensagem

SMS com o texto “DCRJ” para o número 4000, no caso das operadoras Oi, Tim e Vivo,

ou 889, caso a operadora do usuário seja a Claro. Em seguida, é necessário aguardar

uma mensagem da operadora para confirmar a assinatura do canal da Defesa Civil e,

depois, responder SIM. A partir daí, o usuário começa a receber mensagens da Defesa Civil, alertando sobre a possibilidade de chuvas fortes ou moderadas.

Pluviômetro caseiro

Trata-se de um produto que permite o monitoramento do volume de chuva para

um determinado local. Cada município tem como responsabilidade verificar seus níveis

de emergência. O pluviômetro caseiro pode ser adquirido diretamente com a Defesa

Civil Municipal. Outra opção são os tutoriais que ensinam a fazer o próprio

pluviômetro. Ele também pode ser produzido com uma régua e canetas marcadoras.

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As pessoas podem também acessar o link e aprender a fazer o seu próprio

pluviômetro caseiro através do vídeo acessando o link: http://www.youtube.com/watch?v=OWMDE2yImQQ

Vejamos um exemplo dos índices e medidas utilizados no caso da cidade de Nova

Friburgo para alertar o nível de risco e quais atitudes são necessárias realizar.Os

índices indicados pelo pluviômetro são válidos para um período de 24h.

Atenção: até 30MM

O que fazer: preparar um kit fuga (documentos, dinheiro, celular, alimentos rápidos e

água) e confirmar os locais de abrigo.

Alerta: até 60MM

O que fazer: preparar roupas para as crianças. Se for à noite, é importante manter

alguém acordado.

Crítico: a partir de 80MM

O que fazer: avisar a vizinhança, dirigir-se para um local seguro com a família e com o

kit fuga. Só retornar para casa quando a situação estiver normalizada.

Cartilha Comunidade mais Segura: mudando hábitos e reduzindo riscos de

movimentos de massa e inundações

O objetivo principal deste material é transmitir conhecimentos básicos sobre

desastres naturais, principalmente no caso de movimentos de massa e de inundações ao

público não especialista no tema, com prioridade para os estudantes e moradores de

comunidades e assentamentos precários. Tal publicação foi distribuída para as escolas

de diversos municípios brasileiros e, segundo o geólogo Jorge Pimentel, idealizador da

cartilha, é muito utilizada pelas Defesas Civis Municipais.

A cartilha “Comunidade mais Segura. Mudando Hábitos e Reduzindo Riscos de

Movimentos de Massa e Inundações” pode ser adquirida com as Defesas Civis

Municipais ou fazendo o download pelo link:

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http://www.cprm.gov.br/livro/COMUNIDADE%20SEGURA.pdf

Em suas 24 páginas, é possível encontrar as informações necessárias para prevenir os

desastres naturais que causam mais danos no Brasil, ou aqueles decorrentes de

movimentos de massa e inundações. Elas estão estruturadas em nove partes:

1. Desastres Naturais – O que são desastres naturais e os tipos de desastres que

causam mais danos no Brasil.

2. Causas dos Movimentos de Massa – Descrição dos fatores que causam

escorregamentos.

3. Identificando Situações de Risco – Descrição dos indícios de escorregamentos.

4. Reduzindo Riscos – Descrição de procedimentos para reduzir os riscos de

inundações e escorregamentos.

5. Mudando Hábitos – Descrição de ações que podem melhorar a qualidade de

vida das pessoas e reduzir sua vulnerabilidade.

6. O que fazer em período de chuvas intensas ou prolongadas – Descrição de

onde se abrigar no caso de chuvas fortes.

7. O que fazer no caso de situações de perigo ou risco – Estímulo ao contato entre

a comunidade e a Defesa Civil.

8. Alguns conceitos básicos – Apresentação de conceitos como “acidente”, “área

de risco”, “perigo”, “prevenção”, “risco” e “vulnerabilidade” adotados pelo

Ministério das Cidades - Mcidades, SEDEC e CYTED.

9. Pinte e rabisque – Seção interativa apresentando atitudes desejáveis, como

jogar o lixo em local adequado e buscar um abrigo seguro no caso de chuvas

fortes.

A 4ª fase do estudo foi dedicada à análise dos dados e seu principal resultado foi a

identificação do conceito de resiliência, considerado tão importante quanto o conceito

de sustentabilidade.

Sobre Resiliência

O termo resiliência vem do latim resiliens e significa saltar para trás, voltar, ser

impelido, recuar, encolher-se, romper. O conceito começou a ser empregado na Física,

em 1807, quando Thomas Young utilizou-o para descrever a capacidade de um corpo

deformado por uma força externa voltar ao seu estado natural, após remoção da pressão.

Já na Psicologia, outra área onde o conceito é bastante utilizado, seu enfoque se

concentra em estudos e análises sobre o desenvolvimento sadio e positivo do individuo.

Atualmente seu significado tem interpretações em áreas diversas e, em seu sentido mais

humano, refere-se à capacidade das pessoas não apenas enfrentarem, como superarem

situações de choque e alto nível de stress (DELL’AGLIO et allis, 2006; SANTOS,

2011; CONNER, 1995).

De acordo com a psicóloga Edith Grotberg, a capacidade de resiliência pode ajudar a

reduzir a intensidade do estresse, bem como diminuir a ansiedade, a depressão e até a

raiva diante de situações-problema, e desse modo, contribuir para a saúde mental das

pessoas (apud LOPES e MARTINS, 2011:37).

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Departamento de Artes & Design

Michel Rutter explica que:

(…) resilience can be defined as reduced vulnerability to environmental risk

experiences, the overcoming of a stress or adversity, or a relatively good outcome

despite risk experiences (RUTTER, apud RUTTER, 2012)

Galen Buckwalter, por sua vez, acrescenta que:

Resilience determines how quickly we get back to our "steady state" after the air has been knocked out of us, when we must push through life circumstances that

challenge our very being (BUCKWALTER, 2011).

Conclusões

Um dos principais resultados deste trabalho foi a identificação do conceito de

resiliência, que, tal como apresentado, atualmente tem interpretações em áreas diversas,

mas em seu sentido mais humano, diz respeito à capacidade das pessoas não apenas

enfrentarem, como superarem situações de choque e alto nível de stress. Esta

capacidade, no entanto, pode não se manifestar, como é possível observar em muitas

comunidades atingidas por desastres naturais que enfrentam grandes dificuldades de

voltar à normalidade. Tomadas pelo medo, desconfiança, desesperança, as cidades não

resilientes, acabam afastando visitantes, sofrendo esvaziamento populacional, redução

do consumo de bens e serviços e o enfraquecimento das atividades econômicas e do

bem estar da população.

Concluímos que a resiliência é tema de enorme relevância, tendo ficado evidente,

também, o papel do Design em situações de risco desde a prevenção ao abrigamento das

vítimas. A visão interdisciplinar e as habilidades do campo do Design apresentaram-se

como importantes ferramentas para o desenvolvimento de sistemas, processos,

comunicações que viabilizem estratégias para prevenir moradores que vivem em

situação de risco e proporcionar melhor acolhimento às possíveis vítimas.

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Referências

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30, 2011.

2-CONNER, D. R. Gerenciando na velocidade da mudança: como gerentes resilientes

são bem sucedidos e prosperam onde outros fracassam. Rio de Janeiro: Infobook, 1995.

3-DELL’AGLIO, D.; KOLLER, S. H. e YUNES, M. A. [orgs.]. Resiliência e psicologia

positiva: interfaces do risco à proteção. 1ª ed. Sao Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

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10-SANTOS, A. C. M.. Resiliência. Um estudo da associação da resiliência do gestor e

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Limpo Paulista: FACCAMP, 2011.

11-Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro. Administração para Abrigos

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