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2018 10ª edição Revista, ampliada e atualizada COORDENAÇÃO HENRIQUE CORREIA ROGÉRIO SANCHES CUNHA OAB Exame de Ordem

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2018

10ª ediçãoRevista, ampliada e atualizada

COORDENAÇÃO

HENRIQUE CORREIAROGÉRIO SANCHES CUNHA

OABExame de Ordem

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Direito do Trabalho

Henrique Correia

TABELA DE INCIDÊNCIA DE QUESTÕES

Distribuição das questões organizada

por ordem didática de assuntos

Assunto Número de Questões

Peso

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 2 1,32%

2. SUJEITOS DA RELAÇÃO DE TRABALHO 16 10,53%

3. RELAÇÕES DE TRABALHO QUE NÃO CONFIGURAM VÍNCULO EMPREGATÍCIO 5 3,29%

4. EMPREGADOR – PODERES DO EMPREGADOR 4 2,63%

5. TERCEIRIZAÇÃO 4 2,63%

6. CONTRATO INDIVIDUAL DO TRABALHO 27 17,76%

7. DURAÇÃO DO TRABALHO 9 5,92%

8. INTERVALOS 6 3,95%

9. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO E FÉRIAS 6 3,95%

10. SALÁRIO E REMUNERAÇÃO 24 15,79%

11. ESTABILIDADE 11 7,24%

12. FGTS 6 3,95%

13. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO 2 1,32%

14. AVISO-PRÉVIO 5 3,29%

15. TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO 16 10,53%

16. PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA 1 0,66%

17. DIREITO COLETIVO DO TRABALHO 8 5,26%

Total 152 100%

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Caro leitor,

Com o advento da Reforma Trabalhista, o material de Direito do Trabalho foi totalmente reformulado.

Nesse sentido, buscamos responder às ques-tões remetendo às novidades trazidas pela Lei nº 13.467/2017 e excluímos algumas questões que fo-ram totalmente afetadas em razão da nova lei.

Esperamos poder ajudá-lo(a) com a tão sonha-da aprovação na OAB.

Bons estudos.

Henrique Correia

�QUESTÕES

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRA-BALHO

1.1. COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉ-VIA

} Art. 625-A ao 625-H, CLT

01. (FGV – Exame de Ordem 2013.2) Félix trabalhou na empresa Só Patinhas Pet Shop de 03.01.2011 a 15.06.2011, quando recebeu aviso prévio indenizado. Em 10.07.2013 procurou a comissão de conciliação prévia de sua categoria, reclamando contra a ausên-cia de pagamento de algumas horas extras. A sessão foi designada para 20.07.2013, mas a empresa não compareceu. Munido de declaração neste sentido,

Direito do Trabalho

Henrique Correia

Félix ajuizou reclamação trabalhista em 22.07.2013 postulando as referidas horas extraordinárias. Em de-fesa, a ré arguiu prescrição bienal.

A partir dessa situação, assinale a afirmativa cor-reta.

a) Ocorreu prescrição porque a ação foi ajuizada após dois anos do rompimento do contrato.

b) Não se cogita de prescrição no caso apresentado, pois com o ajuizamento da demanda perante a Comissão de Conciliação Prévia, o prazo prescri-cional foi suspenso.

c) Está prescrito porque o período do aviso prévio não é computado para a contagem de prescrição, pois foi indenizado, e a apresentação de deman-da na Comissão de Conciliação Prévia não gera qualquer efeito.

d) Não se cogita de prescrição no caso apresentado, pois com o ajuizamento da demanda perante a Comissão de Conciliação Prévia, o prazo foi inter-rompido.

COMENTÁRIOS .}

� Nota do autor: A questão aborda o tema da Comissão de Conciliação Prévia. Ademais, apresen-ta maior grau de complexidade, uma vez que exi-gia conhecimentos específicos do tema, do termo inicial após o aviso-prévio e do cômputo do prazo prescricional.

Alternativa “b”. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo as-sunto. “O prazo prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação Prévia, recomeçando a fluir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de conciliação ou do esgotamen-to do prazo previsto no art. 625-F.” (art. 625-G, CLT).

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Inicialmente, cumpre destacar que o termo inicial do prazo prescricional de Félix ocorreu com o término do prazo do aviso-prévio. Em que pese o aviso tenha sido indenizado, o prazo de 30 dias a que Félix teria direito é computado para o início da contagem do prazo prescricional, ou seja, no dia 15.07.2011. Nesse sentido, a Orientação Jurisprudencial nº 82 da SDI-I do TST: “A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado”.

Com isso, no dia 10.07.2013, Félix ainda tinha o prazo de 5 dias para ajuizar a reclamação trabalhista antes que ocorresse a prescrição bienal. No entanto, a partir dessa data, o prazo prescricional foi suspenso com a convocação da Comissão de Conciliação pré-via. Dessa forma, o prazo apenas recomeçou a fluir a partir da tentativa frustrada de negociação, isto é, em 20.07.2013. Tendo em vista que a reclamação foi proposta na data de 22.07.2013, apenas 2 dias após o reinicio do prazo prescricional, não se verificou a prescrição bienal trabalhista.

Ressalta-se que no ano de 2018, o STF decidiu as ADINs de nº 2139, 2160 e 2237, entendendo que a conciliação em Comissão de Conciliação Prévia, pre-vista no art. 625-D da CLT, não é requisito essencial para propositura da ação trabalhista.

Alternativa correta: letra “b”.

1.2 MEIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS

02. (FGV - Exame de Ordem 2018.1) Jerônimo Fer-nandes Silva foi admitido pela sociedade empresária Usina Açúcar Feliz S.A. em 12 de fevereiro de 2018 pa-ra exercer a função de gerente regional, recebendo salário de R$ 22.000,00 mensais.

Jerônimo cuida de toda a Usina, analisando os contratos de venda dos produtos fabricados, comprando insumos e materiais, além de geren-ciar os 80 empregados que a sociedade empre-sária possui.

A sociedade empresária pretende inserir cláusula compromissória de arbitragem no contrato de trabalho. Diante da situação retratada e dos pre-ceitos da CLT, assinale a afirmativa correta.

a) A cláusula compromissória de arbitragem pode ser estipulada no momento da contratação, des-de que o empregado manifeste concordância ex-pressa.

b) A cláusula compromissória de arbitragem é viá-vel, se o empregado for portador de diploma de nível superior.

c) Não cabe arbitragem nas lides trabalhistas indivi-duais, pelo que nula eventual estipulação nesse sentido.

d) É possível a estipulação de cláusula compromis-sória de arbitragem, desde que isso seja homolo-gado pelo sindicato de classe.

COMENTÁRIOS .}

� Nota do autor: A questão aborda o tema ar-bitragem e poderia ser cobrado tanto em Direito do Trabalho como em Processo do Trabalho. A arbitra-gem ocorre quando um terceiro escolhido ou indica-do pelas partes é responsável por decidir o conflito. Note-se, portanto, que a arbitragem é facultativa, ou seja, em que pese um terceiro seja o prolator da deci-são, as partes é que deverão, antes ou após o início do conflito, submetê-lo à arbitragem. Difere-se da conci-liação e da mediação pelo fato de que o árbitro não terá a função de orientar as partes para que cheguem a uma decisão, mas, após a instrução do processo arbitral, irá proferir uma decisão que colocará fim ao conflito.

Alternativa “a”: A Reforma Trabalhista passou a admitir a arbitragem para os empregados que re-cebem remuneração superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios da Previdência Social, o que atualmente corresponde a R$ 11.291,60. Como des-creve o art. 507-A da CLT, o compromisso arbitral pressupõe “iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei nº  9.307, de 23 de setembro de 1996”. Decorre, portanto, de ato voluntário da parte, isto é, não po-de ser compulsória:

Art. 507-A da CLT (inserido pela Refor-ma Trabalhista).  Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previ-dência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. 

Alternativa “b”. O art. 507-A da CLT, introduzido pela Lei nº 13.467/2017, passa a admitir a arbitragem para os empregados que possuem remuneração superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, o que corresponde, em 2018, aos empregados que recebem remuneração superior a R$ 11.291,60, equivalendo a aproximadamente 2% dos emprega-dos1. Não há exigência para que o empregado tenha diploma de nível superior.

1. Informação extraída do parecer proferido pela Comissão especial na Câmara dos Deputados ao projeto de Lei 6.787/2016.

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Direito do Trabalho • Questões 1111

Alternativa “c”. No processo do trabalho, a ar-bitragem era prevista tão somente para os conflitos coletivos, conforme prevê o art. 114, § 1º, da CF/88: “Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros”. No entanto, o art. 507-A da CLT, in-troduzido pela Lei nº  13.467/2017, passa a admitir a arbitragem para os empregados que possuem re-muneração superior a duas vezes o limite máximo estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

Alternativa “d”. Para estipulação de cláusula compromissória de arbitragem, não há necessidade de homologação pelo sindicato, devendo haver ini-ciativa do empregado ou sua concordância expressa.

Alternativa correta: letra “a”.

2. SUJEITOS DA RELAÇÃO DE TRABA-LHO

2.1. EMPREGADO

03. (FGV – Exame de Ordem 2014.1) A empresaInfohoje Ltda. firmou contrato com Paulo, pelo qualele prestaria consultoria e suporte de serviços técni-cos de informática a clientes da empresa. Para tanto,Paulo receberia 20% do valor de cada atendimento,sendo certo que trabalharia em sua própria residên-cia, realizando os contatos e trabalhos por via remota ou telefônica. Paulo deveria estar conectado duranteo horário comercial de segunda a sexta-feira, sendoexigida sua assinatura digital pessoal e intransferívelpara cada trabalho, bem como exclusividade na áreade informática.

Sobre o caso sugerido, assinale a afirmativa corre-ta.

a) Paulo é prestador de serviços autônomo, nãotendo vínculo de emprego, pois ausente a su-bordinação, já que inexistente fiscalização efetiva física.

b) Paulo é prestador de serviços autônomo, não ten-do vínculo de emprego, pois ausente o pagamen-to de salário fixo.

c) Paulo é prestador de serviços autônomo, não ten-do vínculo de emprego, pois ausente o requisitoda pessoalidade, já que impossível saber se eraPaulo quem efetivamente estaria trabalhando.

d) Paulo é empregado da empresa, pois presentestodos os requisitos caracterizadores da relaçãode emprego.

COMENTÁRIOS .}

� Nota do autor: A questão aborda o tema dos requisitos para configuração da relação de emprego.

Questão muito interessante, uma vez que exigia o conhecimento de cada requisito aplicado a um caso concreto. Ademais, lembre-se que não há na CLT exi-gência de que o empregado preste serviços com ex-clusividade. Não é requisito para configurar o vínculo empregatício que ele trabalhe para apenas um único empregador. Há possibilidade de vários contratos de trabalho, com empresas diversas, simultaneamente.

Alternativa “d”. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo assun-to. “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empre-gador, sob a dependência deste e mediante salário.” (art. 3º, caput, CLT). Note-se que estão presentes os requisitos necessários para a configuração da relação de emprego de Paulo com a empresa Infohoje Ltda.:

1) Pessoalidade: o empregado Paulo não pode sefazer substituir por um terceiro;

2) Não eventualidade: o trabalho é realizado deforma a se prolongar no tempo com jornada detrabalho de segunda a sexta-feira, ou seja, não émeramente ocasional;

3) Onerosidade: Em que pese Paulo não venha a re-ceber salário fixo, a CLT permite o recebimento de comissão como salário. Trata-se do empregadocomissionista puro. Nesse sentido, dispõe o art.457, § 1º, CLT, com redação dada pela ReformaTrabalhista: “§ 1o Integram o salário a importância fixa estipulada, as gratificações legais e as comis-sões pagas pelo empregador.”

4) Subordinação: Verifica-se também o preenchi-mento desse requisito na medida em que estásujeito ao controle de seu serviço por meios te-lemáticos e informatizados. Nesse sentido, a CLTjá previa o teletrabalho no art. 6º. Com a Reforma Trabalhista, o tema foi regulamentado no títuloII, capítulo II-A da CLT. Além disso, o empregadosubmetido ao regime de teletrabalho foi excluí-do do controle de jornada, nos termos do art. 62, III da CLT, que também foi inserido pela ReformaTrabalhista.

Alternativa correta: letra “d”.

2.2. CTPS – CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL

04. (FGV – Exame de Ordem 2016.3) O restaurantePrato Cheio Ltda. resolveu contratar Gustavo paraatuar como garçom. Gustavo receberá, como contra-prestação, o valor de dois salários mínimos e as gor-jetas cobradas na nota dos clientes que atender. Emrelação à carteira profissional de Gustavo, de acordocom a CLT, assinale a afirmativa correta.

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Henrique Correia1112

a) O empregador deverá anotar a CTPS em 24 horas, não havendo necessidade de anotar as gorjetas, mesmo porque elas variam a cada mês.

b) A CTPS do empregado deverá ser anotada em 48 horas e nela deverá ser anotado o salário e a esti-mativa das gorjetas.

c) O empregador tem 30 dias para anotar a carteira profissional e, na hipótese, deve anotar apenas a parte fixa da remuneração.

d) A CTPS, na ausência de prazo legal, deve ser ano-tada em 5 dias com o valor da média das gorjetas.

COMENTÁRIOS .}

� Nota do autor: A questão aborda o tema da Carteira de Trabalho e Previdência Social. Não há formalidade específica para contratar o empregado, pois o contrato de trabalho poderá ser celebrado, in-clusive, de forma verbal. Há, entretanto, exigência de um documento obrigatório do empregado, chamado de Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS. Esse documento é utilizado para identificação do em-pregado, servindo como meio de prova na área traba-lhista e previdenciária.

Alternativa “b”. Comentário responde todas as alternativas. “A Carteira de Trabalho e Previdência So-cial será obrigatoriamente apresentada, contra reci-bo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remu-neração e as condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho.” (art. 29, “caput”, CLT). “As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a estimativa da gorjeta.” (art. 29, § 1º, CLT).

Alternativa correta: letra “b”.

2.3. EMPREGADO RURAL

} Lei nº 5.889/1973

} Art. 7º, “caput”, CF/88 (EC/72-2013)

� Nota do autor: A Reforma Trabalhista alterou, em especial, artigos da CLT. Nesse sentido, não hou-ve grande impacto em leis específicas, como é o caso da Lei nº 5.889/73 e da LC nº 150/2015. Entretanto, a aplicação da CLT a referidas leis é subsidiária. No ca-so de inexistência de regra específica, aplica-se a CLT, portanto.

05. (FGV – Exame de Ordem 2016.1) Pedro é em-pregado rural na Fazenda Granja Nova. Sua jornada é

de segunda a sexta-feira, das 21 às 5h, com intervalo de uma hora para refeição.

Considerando o caso retratado, assinale a afirma-tiva correta.

a) A hora noturna de Pedro será computada como tendo 60 minutos.

b) A hora noturna rural é reduzida, sendo de 52 mi-nutos e 30 segundos.

c) A hora noturna de Pedro será acrescida de 20%.

d) Não há previsão de redução de hora noturna nem de adicional noturno para o rural.

COMENTÁRIOS .}

� Nota do autor: A questão aborda os temas do empregado rural e trabalho noturno. Lembre-se de que o ponto essencial para identificar o trabalhador rural é prestar serviços ao empregador rural, que, de acordo com a lei, é a pessoa física ou jurídica que ex-plore a atividade agroeconômica. Assim sendo, mes-mo que o prédio esteja localizado em área urbana, se a sua destinação envolver exploração agrícola ou pecuária, o empregado será rural.

Alternativa “a”. Comentário serve para as demais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo as-sunto. O horário noturno será de acordo com a ati-vidade desenvolvida: a) na pecuária inicia-se às 20 horas e termina às 4 horas; b) na agricultura, a jorna-da será das 21 horas às 5 horas. A hora noturna rural, ao contrário do trabalhador urbano, não é reduzida, ou seja, a hora terá duração de 60 minutos. Durante a jornada noturna há necessidade de pagamento de adicional noturno de, no mínimo, 25% a mais que a hora diurna.

Alternativa correta: letra “a”.

2.4. EMPREGADO DOMÉSTICO

} Lei Complementar nº 150/2015

} Art. 7º, parágrafo único, CF/88 (EC/72-2013)

� Nota do autor: a Reforma Trabalhista alterou, em especial, artigos da CLT. Nesse sentido, não hou-ve grande impacto em leis específicas, como é o caso da Lei nº 5.889/73 e da LC nº 150/2015. Entretanto, a aplicação da CLT a referidas leis é subsidiária. No caso de inexistência de regra específica e desde que observadas as peculiaridades do trabalho doméstico, aplica-se a CLT, portanto.

� No ano de 2018, ainda, houve a edição da Lei nº 13.699/2018 que estabelece a garantia de condições de “acessibilidade, utilização e conforto nas dependências internas das edificações urba-nas, inclusive nas destinadas à moradia e ao ser-viço dos trabalhadores domésticos, observados

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Direito do Trabalho • Questões 1113

requisitos mínimos de dimensionamento, venti-lação, iluminação, ergonomia, privacidade e qua-lidade dos materiais empregados” (art. 2º, XIX da Lei nº 10.257/2001).

06. (FGV - Exame de Ordem 2017.1) Suely trabalha na casa de Rogério como cuidadora de seu pai, pes-soa de idade avançada e enferma, comparecendo de segunda a sexta-feira, das 8:00 às 17:00 h, com inter-valo de uma hora para refeição.

De acordo com o caso narrado e a legislação de regência, assinale a afirmativa correta.

a) O controle escrito não é necessário, porque me-nos de 10 empregados trabalham na residência de Rogério.

b) A lei de regência prevê que as partes podem acertar, por escrito, a isenção de marcação da jor-nada normal, assinalando apenas a eventual hora extra.

c) A Lei é omissa a respeito, daí por que a existência de controle deve ser acertado entre as partes en-volvidas no momento da contratação.

d) Rogério deve, por força de Lei, manter controle escrito dos horários de entrada e saída da empre-gada doméstica.

COMENTÁRIOS .}

� Nota do autor: A questão versa sobre o tema empregada doméstica e necessidade de controle de horários desta. É indispensável o conhecimento das principais diferenças entre direitos dos trabalhadores regidos pela CLT e os domésticos.

Alternativa “d”. Comentário serve para as de-mais alternativas, uma vez que versam sobre o mesmo assunto.

Em primeiro lugar, para que pudesse responder à questão, o aluno precisava identificar se tratar de relação de emprego doméstico. Para que esta se con-figure, devem estar presentes, além dos requisitos comuns à relação de emprego (continuidade, one-rosidade, pessoalidade, subordinação) os seguintes requisitos:

• Prestação de serviço para pessoa ou família. É vedado que o trabalhador doméstico preste serviços para pessoas jurídicas, como empresas, associações ou cooperativas.

• Prestação de serviços em âmbito residencial. As atividades desenvolvidas pelos trabalhadores domésticos são prestadas, em regra, na residên-cia de quem os contrata.

• Finalidade não lucrativa. É vedado que o do-méstico esteja inserido em uma atividade lucrati-va da família, ou seja, não poderá prestar serviços a terceiros, mas apenas à família.

• Trabalho realizado por período superior a 2 dias por semana: A antiga lei dos domésticos (Lei nº 5.859/1972) apenas se utilizava do termo natureza contínua, em vez de não eventualida-de prevista na CLT. Assim sendo, havia grande discussão na doutrina e jurisprudência sobre o período mínimo necessário para que se carac-terizasse a continuidade na relação de emprego doméstico. Prevalecia, na doutrina e na jurispru-dência do TST, a exigência de prestação de ser-viços contínuos (sem interrupções), no mínimo, 3 vezes ou 4 dias por semana, para configurar o vínculo empregatício doméstico. Contudo, o art. 1º, caput, da recém promulgada LC nº 150/2015 estabelece que será configurado o trabalho do-méstico quando realizado por período superior a 2 dias:

Art. 1º: Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por se-mana, aplica-se o disposto nesta Lei. (grifos acrescidos)

Em razão do cumprimento desses requisitos, é obrigação do empregador o controle dos horários de entrada e saída de Suely. Nesse sentido o art. 12 da LC nº 150/2015:

Art. 12 da LC nº 150/2015:  É obrigatório o registro do horário de trabalho do empre-gado doméstico por qualquer meio manual, mecânico ou eletrônico, desde que idôneo.

Diferentemente dos domésticos, a CLT prevê a obrigação de controle do horário de trabalho apenas para as empresas com mais de 10 empregados nos termos do art. 74, § 2º, da CLT.Alternativa correta: letra “d”.

07. (FGV – Exame de Ordem 2016.2 – Prova reapli-cada Salvador-BA) Denise é empregada doméstica e labora em sistema de escala de 12 horas seguidas por 36 horas ininterruptas de descanso na residência da sua empregadora. Em relação ao caso concreto, e de acordo com a Lei de Regência, assinale a afirmativa correta.

a) O sistema de 12x36 horas para o doméstico de-pende da assinatura de acordo coletivo ou da convenção coletiva de trabalho.

b) É vedada a adoção do sistema 12x36 horas para os empregados domésticos, daí porque inválido o horário adotado.

c) A Lei de regência é omissa a respeito, daí porque, em razão da proteção, não se admite o sistema de escala para o doméstico.

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Caro leitor,

As dicas abaixo foram efetuadas de acordo com a Lei nº 13.467/2017. Não deixe de conferi-las!

Bons estudos!

Henrique Correia

�DICAS1. DOS PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITODO TRABALHO1.1. PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO• O Direito do Trabalho possui princípios específi-

cos, que desempenham funções essenciais paraa interpretação e aplicação das normas trabalhis-tas. Não há consenso sobre quantos são os prin-cípios do Direito do Trabalho, pois varia de umautor para outro, mas podemos destacar os maiscitados pela doutrina:

• Princípio da norma mais favorável: entre duasou mais normas possíveis de ser aplicadas, utiliza--se a mais favorável em relação ao trabalhador. A aplicação de uma norma leva à renúncia da outra. A Reforma Trabalhista, entretanto, passou a pre-ver a prevalência do negociado sobre o legislado. Dessa forma, havendo conflito entre acordo cole-tivo e convenção coletiva, aquele deverá prevale-cer (Art. 620 da CLT).

Ainda, os instrumentos coletivos são superiores à lei nos casos do art. 611-A da CLT. Note-se, por-tanto, que ainda que a lei venha a ser mais favo-rável, a Reforma Trabalhista permite a aplicação do instrumento coletivo em seu detrimento. Esse dispositivo causará impactos significativos ao Direito do Trabalho. Para mais informações, con-fira o tópico de negociação coletiva.• Princípio da condição mais benéfica: esse princí-pio assegura ao empregado as vantagens conquis-tadas durante o contrato de trabalho, conformeprevisto no art. 468 da CLT. Diante disso, essas con-quistas não poderão ser alteradas para pior.

• Princípio da primazia da realidade: a realidade se sobrepõe às disposições contratuais escri-tas. Deve-se, portanto, verificar se o conteúdodo documento coincide com os fatos. Exemplo:recibo assinado em branco no ato da contrata-ção, posteriormente apresentado em juízo comoprova de pagamento das verbas trabalhistas.

• Princípio da imperatividade das normas traba-lhistas: No Direito do Trabalho prevalecem as regras cogentes, obrigatórias. Diante desse princípio, há restrição da autonomia das partes em modificar as cláusulas contratuais previstas no contrato de traba-lho. Com a Reforma Trabalhista, referido princípio é mitigado, pois há valorização do negociado sobre o legislado, especialmente nas hipóteses previstas no art. 611-A da CLT. Além disso, a Lei nº 13.467/2017 amplia as hipóteses de acordo individual entre empregado e empregador, o que também relativiza a aplicação do princípio da imperatividade.

• Princípio da inalterabilidade contratual lesiva: é vedada qualquer alteração contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo se houver consen-timento deste (artigo 468, caput, da CLT). Assim, conforme previsto no art. 2º da CLT, os riscos do empreendimento são suportados exclusiva-mente pelo empregador, não sendo permitido a ele dividir os prejuízos com seus trabalhadores. A Lei nº 13.467/2017 cria o trabalho intermitente, nova modalidade de contrato de trabalho que é caracterizada pela alternância entre períodos de prestação de serviços e de inatividade. Nesse caso, o trabalhador somente prestará os serviços quando convocado por seu empregador. Dessa forma, os riscos do empreendimento passam a ser suportados inclusive pelo trabalhador, pois o empregado não trabalhará e, portanto, não rece-berá seu salário nos momentos de dificuldade financeira e econômica da empresa. Para mais informações, confira os comentários ao trabalho intermitente no tópico 9.5, destas dicas.

• Princípio da continuidade da relação de emprego: Em regra, o contrato de trabalho é firmado por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Aliás, é de interesse público que esses contratos sejam firmados para prazos de longa duração, pois, enquanto o empregado estiver trabalhando, haverá fonte de sustento, garantindo sua digni-dade. Em razão desse princípio, a obrigação de provar a ruptura do contrato de trabalho é do empregador, isto é, em regra presume-se que o empregado não deu causa ao término do con-trato de trabalho (Súmula nº 212 do TST).Este princípio também é mitigado pela criação da figura do trabalhador intermitente (Art. 452-A da CLT). Para mais informações, confira os comentários ao trabalho intermitente no tópico 9.5, destas dicas.

Direito do Trabalho

Henrique Correia

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• Princípio da irrenunciabilidade ou indisponi-bilidade dos direitos trabalhistas: na vigênciado contrato de trabalho, os direitos trabalhistassão, em regra, irrenunciáveis, porque há pre-sença da subordinação do empregado peranteo empregador. Assim sendo, mesmo que o atoseja bilateral (comum acordo entre as partes), sehouver prejuízo ao empregado, esse ato deveráser declarado nulo, pois o empregado não poderenunciar aos direitos e vantagens asseguradosem lei. Ao estudar o princípio da irrenunciabili-dade, cabe destacar dois princípios:

a) Princípio da irredutibilidade salarial.Veda-se a redução (diminuição) dos saláriosdos trabalhadores, exceto por convenção ouacordo coletivo (artigo 7º, inciso VI, da Consti-tuição Federal). Portanto, para que essa redu-ção salarial seja válida, há necessidade daparticipação do sindicato dos trabalhadores.

Com a Lei nº 13.467/2017, caso venha a serpactuada cláusula que reduza o salário doempregado, deverá haver garantia de queele não será dispensado sem justa causa noprazo de vigência do instrumento coletivo,

nos termos do novo art. 611-A, § 3º, incluído pela Reforma Trabalhista:

Art. 611-A, § 3º da CLT: Se for pactu-ada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados con-tra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.

b) Princípio da intangibilidade salarial. Vedam--se descontos no salário, exceto nos casos pre-vistos em lei ou norma coletiva. Esse princípioprotege o trabalhador contra seus próprios cre-dores, pois o salário é, em regra, impenhorável.

• Para a semana antes da prova, segue o quadrinho de memorização dos princípios do Direito do Tra-balho:

IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA

• Prevalência do negociado sobre o legislado: A Reforma Trabalhista prevê a valorização dos ins-trumentos coletivos. Nesse sentido, o art. 611-A da CLT estabelece diversas hipóteses que prevalecerão sobre a legislação.

• Princípio da irredutibilidade salarial: A Constitui-ção Federal já permitia a redução dos salários por meio de negociação coletiva. A Reforma Trabalhista passou a exigir contrapartida nessa hipótese. Os salários poderão ser reduzidos por instrumento coletivo, desde que haja garantia contra a dispensa imotivada no prazo em que vigorar a norma cole-tiva.

1.2. FONTES

• Fontes materiais: são fatores ou acontecimentossociais, políticos, econômicos e filosóficos que inspi-ram o legislador (deputados e senadores) na elabo-ração das leis. Esses movimentos influenciam dire-tamente o surgimento ou a modificação das leis.

• Fontes formais: são a exteriorização das normasjurídicas, ou seja, as fontes formais são normas de observância obrigatória pela sociedade. Todosdevem cumpri-las, pois são imperativas. Exem-plo: convenção, acordo coletivo e leis.

• Há 2 tipos de fontes formais: 1. Fontes formaisautônomas: são discutidas e confeccionadaspelas partes diretamente interessadas pela norma.

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Direito do Trabalho • Dicas 1217

Há, portanto, a vontade expressa das partes em criar essas normas. Exemplo: uma determinada negociação coletiva entre sindicato e empresa resulta em um acordo coletivo. 2. Fontes formais heterônomas: nas fontes heterônomas não há participação direta dos destinatários, ou seja, essas fontes possuem origem estatal (Legislativo, Execu-tivo ou Judiciário).

• Hierarquia entre as fontes do Direito do Tra-balho. Nos demais ramos do direito (D. Consti-tucional, D. Administrativo etc.) há uma rígida hierarquia das fontes formais (CF prevalece sobre as leis; leis são superiores aos decretos etc.). No Direito do Trabalho, por força do princípio da norma mais favorável, aplica-se a fonte mais favo-rável aos trabalhadores. Com a Reforma Traba-lhista, há valorização do negociado sobre o legis-lado, prevalecendo o disposto nos instrumentos coletivos de trabalho sobre a legislação nas hipó-teses previstas no art. 611-A da CLT.

• Conflito entre as fontes. Ocorre, com frequên-cia, o conflito entre fontes formais do direito e a resposta dependerá da teoria adotada:

– A teoria do conglobamento defende a aplicação de apenas uma fonte em sua tota-lidade. Assim sendo, o intérprete deverá ana-lisá-la no conjunto. Essa teoria é a majoritária na jurisprudência e doutrina1.

– A teoria da acumulação, por sua vez, é no sentido de que o intérprete deverá aplicar todas as fontes no caso concreto, utilizando-se ao mesmo tempo dos artigos e cláusulas que são favoráveis ao trabalhador, desprezando os dispositivos desfavoráveis. A aplicação dessa teoria onera o empregador e fragmenta o sis-tema jurídico. É, portanto, a teoria minoritária.

– A teoria do Conglobamento mitigado, por fim, estabelece a aplicação de normas que estejam agrupadas em um determinado insti-tuto jurídico. Dessa forma, a análise não ocor-rerá atomisticamente tal como prevê a teoria da acumulação ou sobre todo o instrumento coletivo como a teoria do conglobamento. A verificação da norma mais favorável ocorre sobre um conjunto de normas de determi-

1 “A teoria do conglobamento é certamente a mais ade-quada à operacionalização do critério hierárquico nor-mativo preponderante no Direito do Trabalho. A seu favor tem a virtude de não incorporar as apontadas distorções da teoria da acumulação, além de ser a única teoria a har-monizar a flexibilidade do critério hierárquico justraba-lhista com a essencial noção de sistema inerente à ideia de Direito – e de ciência.” DELGADO, Maurício Godinho. Curso do Direito do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 183.

nado assunto2. Contudo, essa teoria também recebe críticas. De acordo com Sérgio Pinto Martins3, a análise de instituto por instituto também deve ser considerada como teoria da acumulação, uma vez que o conglobamento exige a verificação do conjunto da norma para se aferir o que é mais favorável. Para o autor, a convenção coletiva é realizada em equilíbrio, pois ao mesmo tempo em que se confere uma condição, negocia-se outra menos benéfica. Se selecionarmos instituto por instituto, ora da convecção coletiva, ora do acordo coletivo, ocorrerá desequilíbrio em relação ao que foi negociado pelos entes sindicais. Esta teoria é aplicada aos trabalhadores contratados no Brasil para a prestação de serviços no exterior, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 7.064/1982.

IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA

• Conflito entre fontes formais: A Reforma Trabalhista modificou as regras acerca do conflito entre fontes do Direito do Trabalho. Eventual conflito deve ser solucionado da seguinte forma:

I. Conflito entre acordo coletivo e convenção coletiva: Nesse caso, deve sempre prevalecer o acordo coletivo;

II. Conflito entre instrumento coletivo e lei: nas hipóteses previstas no art. 611-A da CLT deve prevalecer a norma coletiva sobre a legislação;

III. Nos demais conflitos, prevalece a teoria do con-globamento, onde serão aplicadas apenas uma fonte em sua totalidade.

• Para a semana antes da prova, segue o quadri-nho de resumo sobre as fontes de Direito do Tra-balho:

Fontes

Materiais

Formais (Obrigatórias)

- não são obrigatórias- fase prévia ao surgimento das normas- fatores sociais, econômicos que influenciam a elabora-

ção das normas (reivindicação dos trabalhadores e dasempresas)

Autônomas

Heterônomas

{ = { =

elaborada pelas partes interessadas Exemplos: acordo e convenção coletiva

origem estatal Exemplos: CF, leis e decretos

- Prevalência do negociado sobre o legislado: prevalece a norma mais favorável- conflito das 1- Teoria do conglobamento

fontes formais - Teoria da acumulação

2 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2013. p. 95.

3 MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 713-714.

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1.3. INTEGRAÇÃO• Integração: Diante da complexidade da socie-

dade contemporânea e de suas constantesmudanças, o legislador não possui condições deprever todos os acontecimentos sociais e editarlei específica para todos os eventos que venhama ocorrer na sociedade. A fim de evitar que o con-flito fique sem solução, surge a importante tarefa dos juristas de integrar o ordenamento jurídico,criando-se a ideia de completude do ordena-mento. Portanto, integrar significa completar aslacunas deixadas pelo legislador.

• Tipos de integração: De acordo com o art. 8ºda CLT, na ausência de legislação ou disposiçãocontratual, a Justiça do Trabalho e as autoridades administrativas poderão se valer de técnicas deintegração. Se houver um caso ainda não pre-visto em lei, o juiz estará obrigado a julgá-lo, pois a função do magistrado é pacificar os conflitos,mesmo não existindo lei específica para aquelecaso. São técnicas de integração:

a) Analogia: ocorre quando uma lei seme-lhante é utilizada para regular o caso em que não há lei específica;

b) Equidade: deve ser entendida como a justiça aplicada com bom senso, com razoabilidade. Nesse caso, permite-se a criação de normajurídica ao caso concreto, pautada por crité-rios de justiça sem que haja nenhuma previ-são legal a respeito4;

c) Princípios gerais de Direito: exercemimportante função integrativa, pois coexis-tem com as regras jurídicas, podendo suprireventual lacuna.

d) Costumes: compreendem a prática reiterada de uma conduta em dada região ou empresa, por exemplo, o costume em determinada ati-vidade de pagar gorjetas. Assim, na ausênciade dispositivo legal a respeito de determi-nado assunto e desde que não contrarie aConstituição Federal ou outra legislação, per-mite-se a utilização dos costumes para suprir a lacuna da lei trabalhista.

e) Direito comparado: refere-se ao confrontodas leis de diversos Estados em diversosmomentos históricos para estabelecer dife-renças e semelhanças entre ordens jurídicas.Se verificada determinada lacuna no ordena-mento brasileiro, é possível supri-la pela aná-lise de outros ordenamentos quando for pos-sível encontrar uma tendência para a solução de determinado conflito.

4 GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Traba-lho. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 71.

f) Jurisprudência: é a decisão reiterada nomesmo sentido sobre a mesma matéria.Discute-se se a jurisprudência pode ser con-siderada como fonte de integração. Há duascorrentes sobre o tema:

1) A primeira delas, tradicional e majoritária,defende que não, pois as decisões reitera-das dos Tribunais não têm força normativa;

2) A segunda corrente é no sentido de que,com base no do artigo 8º da CLT, há pos-sibilidade de utilização como norma.Aliás, na prática trabalhista, os juízes uti-lizam-se das súmulas e OJs do TST comoforma de suprir as diversas lacunas deixa-das pela CLT.

• Reforma Trabalhista: A Reforma Trabalhistamodificou o art. 8º da CLT e trouxe impactos noâmbito da integração do Direito do Trabalho:

IMPACTOS DA REFORMA TRABALHISTA• Direito comum como fonte subsidiária. A Reforma

Trabalhista remove a exigência de compatibilidadecom os princípios do Direito do Trabalho para a apli-cação do direito comum como fonte subsidiária.

• Antes da Reforma Trabalhista: A redação do art.8º, parágrafo único, da CLT previa o direito comumcomo fonte subsidiária do Direito do Trabalho,somente naquilo que não fosse incompatível comos princípios fundamentais desse ramo do Direito.

• Restrição à jurisprudência consolidada do TST e dos TRTs. A Lei nº 13.467/17 (Reforma Trabalhista)acrescentou o § 2º ao art. 8º da CLT, estabelecendo que súmulas e outros enunciados de jurisprudência editadas pelo TST e pelos TRTs não podem restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigaçõesque não estejam previstas em lei.

• Antes da Reforma Trabalhista: A CLT não possuíadispositivo que limitava a possibilidade de criaçãode súmulas e orientações jurisprudências do TST edos TRTs.

• Controle dos instrumentos coletivos de traba-lho. Foi ainda acrescentado o § 3º ao art. 8º da CLT, o qual estabelece uma limitação no controle doPoder Judiciário dos instrumentos coletivos de tra-balho. De acordo com o dispositivo, no exame daconvenção coletiva ou do acordo coletivo, a Justiça do Trabalho deve analisar exclusivamente a confor-midade dos elementos essenciais do negócio jurí-dico, balizando sua atuação pelo princípio da inter-venção mínima na autonomia da vontade coletiva.

• Antes da Reforma Trabalhista: A CLT não possuíanenhuma restrição quanto à análise dos instrumen-tos coletivos de trabalho – acordo coletivo e con-venção coletiva – pelo Poder Judiciário.

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Direito do Trabalho • Dicas 1219

1.4. FLEXIBILIZAÇÃO• Flexibilização: redução da rigidez das leis tra-

balhistas pela negociação coletiva, ou seja, é dar ênfase ao negociado em detrimento do legislado. Na flexibilização permanecem as normas bási-cas de proteção ao trabalhador, mas permite-se maior amplitude dos acordos e convenções para adaptação das cláusulas contratuais às realidades econômicas da empresa e às realidades regionais. Foi o que ocorreu com a Reforma Trabalhista, pois foram criadas normas que preveem a valorização do negociado sobre o legislado (art. 611-A, CLT).

• Desregulamentação: ocorre quando há ausên-cia total da legislação protetiva, isto é, substitui-ção do legislado pelo negociado. Nesse caso, não haveria a intervenção do Estado na elaboração das leis, deixando para as partes a elaboração das condições de trabalho.

• Lay off: Diante de retrações no mercado e crises econômicas, é comum que empresas reduzam o número de empregados para viabilizar a continua-ção da atividade produtiva. Nesse sentido, para evitar a ocorrência de demissões em massa de empregados e permitir maior qualificação profis-sional dos empregados, é necessário adotar medi-das que garantam a manutenção dos contratos de trabalho mesmo em momentos de crise. Uma dessas hipóteses é o denominado lay off, que se refere ao afastamento temporário do empregado mediante recebimento de licença remunerada. Nesse sentido, o art. 476-A da CLT estabelece hipótese de suspensão do contrato de trabalho pelo período de 2 a 5 meses para que o empre-gado participe de curso de qualificação profis-sional, na qual não será devido o pagamento de salários.

• Programa Seguro-Emprego (PSE). Em novem-bro de 2015, foi promulgada a Lei nº 13.189/2015 prevendo nova hipótese de lay off como resposta ao aumento no número de desempregos diante de crise econômica. Nesse sentido, criou-se o Programa de Proteção ao Emprego – PPE. Cabe destacar que, recentemente (26/06/2017), foi promulgada a Lei nº 13.456/2017, que modificou e prorrogou por mais dois anos a vigência do pro-grama, denominando-o agora Programa Seguro-

-Emprego (PSE).

De acordo com essa regulamentação, permite--se que a empresa reduza a jornada de trabalho de seus empregados em até 30% com a corres-pondente diminuição do salário. O valor pago pelo empregador após a redução não pode ser inferior ao salário mínimo. Para que essa redução seja válida, é necessária a celebração de acordo coletivo com o sindicato profissional. A redução pode ter duração de até 6 meses, prorrogáveis

até o limite de 24 meses. O candidato deverá estar atento a essa nova legislação!

2. DIREITOS CONSTITUCIONAIS DOS TRA-BALHADORES

Os direitos constitucionais dos trabalhadores estão previstos especialmente nos arts. 7º a 11 da CF/88. É imprescindível que o candidato faça a leitura prévia desses artigos antes de sua prova.

Além disso, o candidato deve estar atento ao pre-visto no arts. 5º, I a VI, VIII a XVIII, XX, XXIII, XXIX, 6º, 37, II e 170, da CF/88 e 10, I e 19, do ADCT da CF/88.

Optamos por incluir a transcrição dos artigos para facilitar os estudos:

Constituição Federal

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-ções, nos termos desta Constituição;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a trata-mento desumano ou degradante;

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

(...)

VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-nativa, fixada em lei;

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artís-tica, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a inde-nização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mora-dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-nação judicial;

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XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comuni-cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces-sual penal;

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independente-mente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

XVII – é plena a liberdade de associação para fins líci-tos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

(...)

XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

(...)

XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

(...)

XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus-triais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-volvimento tecnológico e econômico do País;

(...)

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à mater-nidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-plementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

III – fundo de garantia do tempo de serviço;

IV – salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-culação para qualquer fim;

V – piso salarial proporcional à extensão e à complexi-dade do trabalho;

VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

VIII – décimo terceiro salário com base na remunera-ção integral ou no valor da aposentadoria;

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

XI – participação nos lucros, ou resultados, desvincu-lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;

XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;

XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-ciação coletiva;

XV – repouso semanal remunerado, preferencial-mente aos domingos;

XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;

XXIV – aposentadoria;

XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;

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XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;

XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das rela-ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;

a) (Revogada).

b) (Revogada).

XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-dor portador de deficiência;

XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-tivos;

XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;

XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso.

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-balhadores domésticos os direitos previstos nos inci-sos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi-ções estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên-cia social.

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de catego-ria profissional ou econômica, na mesma base territo-rial, que será definida pelos trabalhadores ou empre-gadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

IV – a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independente-mente da contribuição prevista em lei;

V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de dire-ção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá-veis da comunidade.

§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhado-res e empregadores nos colegiados dos órgãos públi-cos em que seus interesses profissionais ou previden-ciários sejam objeto de discussão e deliberação.

Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre-gados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

(...)

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-trito Federal e dos Municípios obedecerá aos prin-cípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomea-ção e exoneração;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

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Henrique Correia1332

esta poderá disponibilizar aos empregados da contra-

tada os serviços de alimentação e atendimento ambula-

torial em outros locais apropriados e com igual padrão

de atendimento, com vistas a manter o pleno funciona-

mento dos serviços existentes.

Art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que

celebra contrato com empresa de prestação de serviços

relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive

sua atividade principal.

Art. 5º-C. Não pode figurar como contratada, nos termos

do art. 4º-A desta Lei, a pessoa jurídica cujos titulares ou

sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado

serviços à contratante na qualidade de empregado ou

trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os refe-

ridos titulares ou sócios forem aposentados.

Art. 5º-D. O empregado que for demitido não poderá

prestar serviços para esta mesma empresa na qualidade

de empregado de empresa prestadora de serviços antes

do decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir

da demissão do empregado.

> Lei nº 8.036/1990 (FGTS)

Art. 20. (...)

I-A – extinção do contrato de trabalho prevista no art.

484-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), apro-

vada pelo Decreto- Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943;

> Revogação de artigos (Lei nº 13.467/2017)

Art. 5º Revogam-se:

I – os seguintes dispositivos da Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º

de maio de 1943:

a) § 3º do art. 58;

b) § 4º do art. 59;

c) art. 84;

d) art. 86;

e) art. 130-A;

f ) § 2º do art. 134;

g) § 3º do art. 143;

h) parágrafo único do art. 372;

i) art. 384;

j) §§ 1º, 3º e 7º do art. 477;

k) art. 601;

l) art. 604.

� SÚMULAS E ORIENTAÇÕES JURISPRU-DENCIAIS DO TRIBUNAL SUPERIOR DOTRABALHO

1. REGULAMENTO DE EMPRESA (NORMAREGULAMENTAR)

Ê Súmula nº 51 do TST67. Norma regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. Art. 468 da CLT. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alte-rem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.

II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

Ê Súmula nº 202 do TST68. Gratificação por tempo de serviço. Compensação.Existindo, ao mesmo tempo, gratificação por tempo de serviço outorgada pelo empregador e outra da mesma natureza prevista em acordo coletivo, convenção cole-tiva ou sentença normativa, o empregado tem direito a receber, exclusivamente, a que lhe seja mais benéfica.

Ê Súmula nº 77 do TST. Punição.Nula é a punição de empregado se não precedida de inquérito ou sindicância internos a que se obrigou a empresa por norma regulamentar.

Ê Súmula nº 186 do TST. Licença-prêmio. Conver-são em pecúnia. Regulamento da empresa.A licença-prêmio, na vigência do contrato de trabalho, não pode ser convertida em pecúnia, salvo se expressamente admitida a conversão no regulamento da empresa.

ÊOJ nº 56 da SDI – I do TST. Nossa Caixa-Nosso Banco (Caixa Econômica do Estado de São Paulo). Regulamento. Gratificação especial e/ou anuênios.Direito reconhecido apenas àqueles empregados que tinham 25 anos de efetivo exercício prestados exclusiva-mente à Caixa.

1.1. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTA-DORIA

Ê Súmula nº 288 do TST. Complementação dos proventos da aposentadoriaI - A complementação dos proventos de aposentado-ria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo

67 Esta súmula será impactada pelo art. 611-A, VI da CLT acres-centado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

68 Esta súmula será impactada pelo art. 611-A, VI da CLT acres-centado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

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Direito do Trabalho • Dicas 1333

empregador, sem vínculo com as entidades de previdên-cia privada fechada, é regida pelas normas em vigor na data de admissão do empregado, ressalvadas as altera-ções que forem mais benéficas (art. 468 da CLT);

II - Na hipótese de coexistência de dois regulamentos de planos de previdência complementar, instituídos pelo empregador ou por entidade de previdência privada, a opção do beneficiário por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do outro;

III - Após a entrada em vigor das Leis Complementares n.ºs 108 e 109 de 29/5/2001, reger-se-á a complementa-ção dos proventos de aposentadoria pelas normas vigen-tes na data da implementação dos requisitos para obten-ção do benefício, ressalvados o direito adquirido do par-ticipante que anteriormente implementara os requisitos para o benefício e o direito acumulado do empregadoque até então não preenchera tais requisitos.

IV - O entendimento da primeira parte do item III apli-ca-se aos processos em curso no Tribunal Superior do Trabalho em que, em 12/4/2016, ainda não haja sido pro-ferida decisão de mérito por suas Turmas e Seções.

Ê Súmula nº 87 do TST. Previdência privadaSe o empregado, ou seu beneficiário, já recebeu da insti-tuição previdenciária privada, criada pela empresa, van-tagem equivalente, é cabível a dedução de seu valor do benefício a que faz jus por norma regulamentar anterior.

Ê Súmula nº 92 do TST. AposentadoriaO direito à complementação de aposentadoria, criado pela empresa, com requisitos próprios, não se altera pela instituição de benefício previdenciário por órgão oficial.

Ê Súmula nº 97 do TST. Aposentadoria. Comple-mentação Instituída complementação de aposentadoria por ato da empresa, expressamente dependente de regulamen-tação, as condições desta devem ser observadas como parte integrante da norma.

ÊOJ nº 276 da SDI – I do TST. Ação declaratória. Complementação de aposentadoria É incabível ação declaratória visando a declarar direito à complementação de aposentadoria, se ainda não atendi-dos os requisitos necessários à aquisição do direito, seja por via regulamentar, ou por acordo coletivo.

Ê Súmula nº 72 do TST. AposentadoriaO prêmio-aposentadoria instituído por norma regula-mentar da empresa não está condicionado ao disposto no § 2º do art. 14 da Lei nº 8.036, de 11.05.1990.

ÊOJ nº 224 da SDI – I do TST. Complementa-ção de aposentadoria. Reajuste. Lei nº 9.069, de 29.06.1995. I – A partir da vigência da Medida Provisória nº 542, de 30.06.1994, convalidada pela Lei nº 9.069, de 29.06.1995,

o critério de reajuste da complementação de aposenta-doria passou a ser anual e não semestral, aplicando-se o princípio rebus sic stantibus diante da nova ordem eco-nômica.

II – A alteração da periodicidade do reajuste da comple-mentação de aposentadoria – de semestral para anual –, não afeta o direito ao resíduo inflacionário apurado nos meses de abril, maio e junho de 1994, que deverá incidir sobre a correção realizada no mês de julho de 1995.

Ê Súmula nº 313 do TST. Complementação de apo-sentadoria. Proporcionalidade. Banespa A complementação de aposentadoria, prevista no art. 106, e seus parágrafos, do regulamento de pessoal edi-tado em 1965, só é integral para os empregados que tenham 30 (trinta) ou mais anos de serviços prestados exclusivamente ao banco.

Ê Súmula nº 332 do TST. Complementação de apo-sentadoria. Petrobras. Manual de pessoal. Norma programática

As normas relativas à complementação de aposenta-doria, inseridas no Manual de Pessoal da Petrobras, têm caráter meramente programático, delas não resultando direito à referida complementação.

ÊOJ nº 18 da SDI – I do TST. Complementação de aposentadoria. Banco do BrasilI – O valor das horas extras integra a remuneração do empregado para o cálculo da complementação de apo-sentadoria, desde que sobre ele incida a contribuição à Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI, observado o respectivo regulamento no tocante à integração;

II – Os adicionais AP e ADI não integram o cálculo para a apuração do teto da complementação de aposentadoria;

III – No cálculo da complementação de aposentadoria deve-se observar a média trienal;

IV – A complementação de aposentadoria proporcional aos anos de serviço prestados exclusivamente ao Banco do Brasil somente se verifica a partir da Circular Funci nº 436/1963;

V – O telex DIREC do Banco do Brasil nº 5003/1987 não assegura a complementação de aposentadoria integral, porque não aprovado pelo órgão competente ao qual a instituição se subordina.

2. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DALEI

ÊOJ nº 362 da SDI – I do TST. Contrato nulo. Efeitos. FGTS. Medida provisória 2.164-41, de 24.08.2001, e art. 19-A da Lei nº 8.036, de 11.05.1990. Irretroati-vidade Não afronta o princípio da irretroatividade da lei a aplica-ção do art. 19-A da Lei nº 8.036, de 11.05.1990, aos con-

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tratos declarados nulos celebrados antes da vigência da Medida Provisória nº 2.164-41, de 24.08.2001.

Ê Súmula nº 307 do TST. Juros. Irretroatividade do Decreto-lei nº 2.322, de 26.02.1987 A fórmula de cálculo de juros prevista no Decreto-Lei nº 2.322, de 26.02.1987 somente é aplicável a partir de 27.02.1987. Quanto ao período anterior, deve-se obser-var a legislação então vigente.

3. PROGRAMA DE INCENTIVO À DEMIS-SÃO VOLUNTÁRIA

ÊOJ nº 270 da SDI – I do TST69. Programa de incen-tivo à demissão voluntária. Transação extrajudi-cial. Parcelas oriundas do extinto contrato de tra-balho. Efeitos A transação extrajudicial que importa rescisão do con-trato de trabalho ante a adesão do empregado a plano de demissão voluntária implica quitação exclusivamente das parcelas e valores constantes do recibo.

ÊOJ nº 356 da SDI – I do TST70. Programa de incentivo à demissão voluntária (PDV). Créditos trabalhistas reconhecidos em juízo. Compensação. Impossibilidade Os créditos tipicamente trabalhistas reconhecidos em juízo não são suscetíveis de compensação com a indeni-zação paga em decorrência de adesão do trabalhador a Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PDV).

ÊOJ nº 207 da SDI – I do TST. Programa de incen-tivo à demissão voluntária. Indenização. Imposto de renda. Não-incidência A indenização paga em virtude de adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à inci-dência do imposto de renda.

4. EMPREGADO

4.1. DIRETOR ELEITO

Ê Súmula nº 269 do TST. Diretor eleito. Cômputo do período como tempo de serviço O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se com-putando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego.

69 Esta orientação jurisprudencial será impactada pelo art. 477-B da CLT acrescentado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

70 Esta orientação jurisprudencial será impactada pelo art. 477-B da CLT acrescentado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

4.2 EMPREGADO BANCÁRIO

Ê Súmula nº 287 do TST. Jornada de trabalho. Gerente bancário A jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida pelo art. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercí-cio de encargo de gestão, aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT.

Ê Súmula nº 102 do TST. Bancário. Cargo de con-fiança I – A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, depen-dente da prova das reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de embargos.

II – O bancário que exerce a função a que se refere o § 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias excedentes de seis.

III – Ao bancário exercente de cargo de confiança pre-visto no artigo 224, § 2º, da CLT são devidas as 7ª e 8ª horas, como extras, no período em que se verificar o pagamento a menor da gratificação de 1/3.

IV – O bancário sujeito à regra do art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de 8 (oito) horas, sendo extraordinárias as trabalhadas além da oitava.

V – O advogado empregado de banco, pelo simples exer-cício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT.

VI – O caixa bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança. Se perceber gratificação igual ou superior a um terço do salário do posto efetivo, essa remunera apenas a maior responsabilidade do cargo e não as duas horas extraordinárias além da sexta.

VII – O bancário exercente de função de confiança, que percebe a gratificação não inferior ao terço legal, ainda que norma coletiva contemple percentual superior, não tem direito às sétima e oitava horas como extras, mas tão somente às diferenças de gratificação de função, se postuladas.

Ê Súmula nº 109 do TST. Gratificação de função O bancário não enquadrado no § 2º do art. 224 da CLT, que receba gratificação de função, não pode ter o salário relativo a horas extraordinárias compensado com o valor daquela vantagem.

Ê Súmula nº 199 do TST. Bancário. Pré-contrata-ção de horas extras I – A contratação do serviço suplementar, quando da admissão do trabalhador bancário, é nula. Os valores assim ajustados apenas remuneram a jornada normal, sendo devidas as horas extras com o adicional de, no

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Direito do Trabalho • Dicas 1335

mínimo, 50% (cinquenta por cento), as quais não confi-guram pré-contratação, se pactuadas após a admissão do bancário.

II – Em se tratando de horas extras pré-contratadas, opera-se a prescrição total se a ação não for ajuizada no prazo de cinco anos, a partir da data em que foram suprimidas.

Ê Súmula nº 124 do TST71. Bancário. Salário-hora. Divisor I - o divisor aplicável para o cálculo das horas extras do bancário será:

a) 180, para os empregados submetidos à jornada de seis horas prevista no caput do art. 224 da CLT;

b) 220, para os empregados submetidos à jornada deoito horas, nos termos do § 2º do art. 224 da CLT.

II – Ressalvam-se da aplicação do item anterior as deci-sões de mérito sobre o tema, qualquer que seja o seu teor, emanadas de Turma do TST ou da SBDI-I, no perí-odo de 27/09/2012 até 21/11/2016, conforme a modu-lação aprovada no precedente obrigatório firmado no Incidente de Recursos de Revista Repetitivos nº TST--IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016.

Ê Súmula nº 113 do TST72. Bancário. Sábado. Dia útil O sábado do bancário é dia útil não trabalhado, não dia de repouso remunerado. Não cabe a repercussão do pagamento de horas extras habituais em sua remune-ração.

ÊOJ nº 178 da SDI – I do TST. Bancário. Intervalo de 15 minutos. Não computável na jornada de trabalho Não se computa, na jornada do bancário sujeito a seis horas diárias de trabalho, o intervalo de quinze minutos para lanche ou descanso.

Ê Súmula nº 226 do TST73. Bancário. Gratificação por tempo de serviço. Integração no cálculo das horas extrasA gratificação por tempo de serviço integra o cálculo das horas extras.

Ê Súmula nº 240 do TST. Bancário. Gratificação de função e adicional por tempo de serviço O adicional por tempo de serviço integra o cálculo da gratificação prevista no art. 224, § 2º, da CLT.

71 Para maiores informações, confira o Informativo nº 149 do TST acerca do Incidente de Recursos de Revista Repetiti-vos nº TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016.

72 Para maiores informações, confira o Informativo nº 149 do TST acerca do Incidente de Recursos de Revista Repetiti-vos nº TST-IRR-849-83.2013.5.03.0138, DEJT 19.12.2016.

73 Esta súmula será impactada pela nova redação dada ao art. 457, § 1º da CLT pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

Ê Súmula nº 247 do TST. Quebra de caixa. Natu-reza jurídica

A parcela paga aos bancários sob a denominação “que-bra de caixa” possui natureza salarial, integrando o salá-rio do prestador de serviços, para todos os efeitos legais.

Ê Súmula nº 93 do TST. Bancário

Integra a remuneração do bancário a vantagem pecuni-ária por ele auferida na colocação ou na venda de papéis ou valores mobiliários de empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, se exercida essa atividade no horário e no local de trabalho e com o consentimento, tácito ou expresso, do banco empregador.

Ê Súmula nº 239 do TST. Bancário. Empregado de empresa de processamento de dados

É bancário o empregado de empresa de processamento de dados que presta serviço a banco integrante do mesmo grupo econômico, exceto quando a empresa de processamento de dados presta serviços a banco e a empresas não bancárias do mesmo grupo econômico ou a terceiros.

ÊOJ nº 123 da SDI – I do TST. Bancários. Ajuda ali-mentação

A ajuda alimentação prevista em norma coletiva em decorrência de prestação de horas extras tem natureza indenizatória e, por isso, não integra o salário do empre-gado bancário.

Ê Súmula nº 55 do TST. Financeiras

As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também denominadas financeiras, equiparam-se aos estabelecimentos bancários para os efeitos do art. 224 da CLT.

Ê Súmula nº 119 do TST. Jornada de trabalho

Os empregados de empresas distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários não têm direito à jornada especial dos bancários.

ÊOJ nº 379 da SDI – I do TST. Empregado de coo-perativa de crédito. Bancário. Equiparação. Impos-sibilidade

Os empregados de cooperativas de crédito não se equi-param a bancário, para efeito de aplicação do art. 224 da CLT, em razão da inexistência de expressa previsão legal, considerando, ainda, as diferenças estruturais e operacionais entre as instituições financeiras e as coo-perativas de crédito. Inteligência das Leis n.os 4.595, de 31.12.1964, e 5.764, de 16.12.1971

Ê Súmula nº 257 do TST. Vigilante

O vigilante, contratado diretamente por banco ou por intermédio de empresas especializadas, não é bancário.

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Henrique Correia1336

Ê Súmula nº 117 do TST. Bancário. Categoria dife-renciada

Não se beneficiam do regime legal relativo aos bancários os empregados de estabelecimento de crédito perten-centes a categorias profissionais diferenciadas.

ÊOJ nº 16 da SDI – I do TST. Banco do Brasil. ACP. Adicional de caráter pessoal. Indevido

A isonomia de vencimentos entre servidores do Banco Central do Brasil e do Banco do Brasil, decorrente de sentença normativa, alcançou apenas os vencimentos e vantagens de caráter permanente. Dado o caráter per-sonalíssimo do Adicional de Caráter Pessoal – ACP e não integrando a remuneração dos funcionários do Banco do Brasil, não foi ele contemplado na decisão normativa para efeitos de equiparação à tabela de vencimentos do Banco Central do Brasil.

ÊOJ nº 17 da SDI – I do TST. Banco do Brasil. AP e ADI

Os adicionais AP, ADI ou AFR, somados ou considerados isoladamente, sendo equivalentes a 1/3 do salário do cargo efetivo (art. 224, § 2º, da CLT), excluem o empre-gado ocupante de cargo de confiança do Banco do Brasil da jornada de 6 horas.

4.3 EMPREGADO RURAL

4.3.1. ENQUADRAMENTO COMO TRABA-LHADOR RURAL

ÊOJ nº 38 da SDI – I do TST. Empregado que exerce atividade rural. Empresa de reflorestamento. Pres-crição própria do rurícola. (Lei nº 5.889/73, art. 10 e decreto nº 73.626/74, art. 2º, § 4º)

O empregado que trabalha em empresa de refloresta-mento, cuja atividade está diretamente ligada ao manu-seio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não industri-ário, nos termos do Decreto nº 73.626, de 12.02.1974, art. 2º, § 4º, pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria. Assim, aplica-se a prescrição própria dos rurícolas aos direitos desses empregados.

4.3.2. PRESCRIÇÃO DO TRABALHADOR RURAL

ÊOJ nº 271 da SDI – I do TST. Rurícola. Prescrição. Contrato de emprego extinto. Emenda constitucio-nal nº 28/2000. Inaplicabilidade

O prazo prescricional da pretensão do rurícola, cujo con-trato de emprego já se extinguira ao sobrevir a Emenda Constitucional nº 28, de 26/05/2000, tenha sido ou não ajuizada a ação trabalhista, prossegue regido pela lei vigente ao tempo da extinção do contrato de emprego.

ÊOJ nº 417 da SDI – I do TST. Prescrição. Trabalha-dor rural. Rurícola. Contrato de trabalho em curso. Emenda const. 28/2000. CF/88, art. 7º, XXIX. CLT, art. 11.

Não há prescrição total ou parcial da pretensão do trabalhador rural que reclama direitos relativos a con-trato de trabalho que se encontrava em curso à época da promulgação da Emenda Constitucional 28, de 26/05/2000, desde que ajuizada a demanda no prazo de cinco anos de sua publicação, observada a prescri-ção bienal.

4.3.3. SALÁRIO-FAMÍLIA RURÍCOLA

Ê Súmula nº 344 do TST. Salário-família. Trabalha-dor rural

O salário-família é devido aos trabalhadores rurais somente após a vigência da Lei nº 8.213, de 24.07.1991.

4.4. EMPREGADO DOMÉSTICO

Ê Súmula nº 377 do TST74. Preposto. Exigência da condição de empregado

Exceto quanto à reclamação de empregado domés-tico, ou contra micro ou pequeno empresário, o pre-posto deve ser necessariamente empregado do recla-mado. Inteligência do art. 843, § 1º, da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

5. EMPREGADOR

Ê Súmula nº 129 do TST75. Contrato de trabalho. Grupo econômico

A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo grupo econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não caracteriza a coexistência de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário.

ÊOJ nº 261 da SDI – I do TST76. Bancos. Sucessão trabalhista

As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências, os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista.

74 Esta súmula será impactada pelo art. 843, § 3º da CLT acres-centado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

75 Esta súmula será impactada pelo art. 8º, § 2º da CLT acres-centado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

76 Esta orientação jurisprudencial será impactada pelo art. 448-A da CLT acrescentado pela Reforma Trabalhista – Lei nº 13.467/2017.

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Henrique Correia1370

ÊOJ nº 26 da SDC do TST – Salário normativo. Menor empregado. Art. 7º, XXX, da CF/88. Violação.

Os empregados menores não podem ser discriminados em cláusula que fixa salário mínimo profissional para a categoria.

ÊOJ nº 30 da SDC do TST – Estabilidade da ges-tante. Renúncia ou transação de direitos constitu-cionais. Impossibilidade.

Nos termos do art. 10, II, “b”, do ADCT, a proteção à mater-nidade foi erigida à hierarquia constitucional, pois reti-rou do âmbito do direito potestativo do empregador a possibilidade de despedir arbitrariamente a empregada em estado gravídico. Portanto, a teor do artigo 9º, da CLT, torna-se nula de pleno direito a cláusula que estabelece a possibilidade de renúncia ou transação, pela gestante, das garantias referentes à manutenção do emprego e salário.

ÊOJ nº 31 da SDC do TST – Estabilidade do aciden-tado. Acordo homologado. Prevalência. Impossibi-lidade. Violação do art. 118 da lei nº 8.213/91.

Não é possível a prevalência de acordo sobre legislação vigente, quando ele é menos benéfico do que a própria lei, porquanto o caráter imperativo dessa última res-tringe o campo de atuação da vontade das partes.

15.8. GREVE

ÊOJ nº 10 da SDC do TST. Greve abusiva não gera efeitos.

É incompatível com a declaração de abusividade de movimento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes à utilização do instrumento de pres-são máximo.

ÊOJ nº 11 da SDC do TST. Greve. Imprescindibi-lidade de tentativa direta e pacífica da solução do conflito. Etapa negocial prévia.

É abusiva a greve levada a efeito sem que as partes hajam tentado, direta e pacificamente, solucionar o conflito que lhe constitui o objeto.

ÊOJ nº 38 da SDC do TST. Greve. Serviços essen-ciais. Garantia das necessidades inadiáveis da população usuária. Fator determinante da qualifi-cação jurídica do movimento.

É abusiva a greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essenciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista na Lei nº 7.783/89.

� SÚMULAS E OJS DO TST QUE SERÃO IM-

PACTADAS PELA REFORMA TRABALHISTA

EM DIREITO DO TRABALHO

Súmulas e OJs do TST que serão impactadas pela Reforma Traba-

lhista

Artigo da Reforma Trabalhista

(Fundamento)

Súmula nº 6 do TST Art. 461 da CLTSúmula nº 51 do TST Art. 611-A, VI, da CLTSúmula nº 85 do TST Art. 59, 59-A e 59-B, da CLTSúmula nº 90 do TST Art. 58, § 2º, da CLTSúmula nº 101 do TST Art. 457, § 1º e 2º, da CLTSúmula nº 114 do TST Art. 11-A, da CLTSúmula nº 115 do TST Art. 457, § 1º, da CLTSúmula nº 127 do TST Art. 461, § 2º, da CLTSúmula nº 129 do TST Art. 8º, § 2º, da CLTSúmula nº 153 do TST Art. 11-A, § 2º, da CLTSúmula nº 202 do TST Art. 611-A, VI, da CLTSúmula nº 203 do TST Art. 457, § 1º, da CLTSúmula nº 226 do TST Art. 457, § 1º, da CLTSúmula nº 241 do TST Art. 457, § 2º, da CLTSúmula nº 253 do TST Art. 457, § 1º, da CLTSúmula nº 268 do TST Art. 11, § 3º, da CLTSúmula nº 277 do TST Art. 614, § 3º, da CLTSúmula nº 294 do TST Art. 11, § 2º, da CLTSúmula nº 318 do TST Art. 457, § 1º e 2º, da CLTSúmula nº 320 do TST Art. 58, § 2º, da CLTSúmula nº 330 do TST Art. 477 e 507-B, da CLT

Súmula nº 331 do TSTArt. 4º-A, 4º-C, 5º-A, 5º-C e 5º-D da Lei nº 6.019/1974

Súmula nº 338 do TST Art. 611-A, X, da CLTSúmula nº 354 do TST Art. 611-A, IX, da CLTSúmula nº 366 do TST Art. 4º, § 2º, da CLTSúmula nº 372 do TST Art. 468, § 2ºSúmula nº 428 do TST Art. 611-A, VIII, da CLTSúmula nº 429 do TST Art. 8º, § 2º, da CLT

Súmula nº 432 do TSTArt. 545, 578, 579, 582, 583, 587 e 602 da CLT

Súmula nº 437 do TSTArt. 71, § 4º e 611-A, III, ambos da CLT

Súmula nº 440 do TST Art. 8º, § 2º, da CLTSúmula nº 444 do TST Art. 59-A, da CLTOJ nº 14 da SDI-I do TST Art. 477, § 6º, da CLTOJ nº 235 da SD-I do TST Art. 611-A, IX, da CLTOJ nº 261 da SD-I do TST Art. 448-A, da CLTOJ nº 270 da SDI-I do TST Art. 477-B da CLTOJ nº 322 da SDI-I do TST Art. 614, § 3º, da CLTOJ nº 355 da SDI-I do TST Art. 71, § 4º, da CLTOJ nº 356 da SDI-I do TST Art. 477-B da CLT

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Direito do Trabalho • Dicas 1371

OJ nº 383 da SDI-I do TSTArt. 4º-C, § 1º, Lei nº 6.019/1974

OJ nº 388 da SDI-I do TST Art. 59-A da CLTOJ nº 392 da SDI-I do TST Art. 11, § 3º, da CLTOJ nº 411 da SDI-I do TST Art. 448-A da CLTOJ nº 418 da SDI-I do TST Art. 461, § 3º, da CLT

� INFORMATIVOS DO TST

1. REGULAMENTO INTERNO

Ê CEF. Norma interna. CI/SUPES/GERET 293/2006. Validade. Opção pela jornada de oito horas. Ingresso em juízo. Retorno automático à jornada de seis horas. Orientação Jurisprudencial Transitória nº 70 da SBDI-I.É válida a norma interna CI/SUPES/GERET 293/2006, expedida pela Caixa Econômica Federal (CEF), que deter-mina o retorno automático à jornada de seis horas, no caso de o empregado ingressar em juízo contra a opção pela jornada de oito horas. Essa providência se har-moniza com o reconhecimento da nulidade da opção de jornada consagrada na Orientação Jurisprudencial Transitória nº 70 da SBDI-I, não havendo falar, portanto, em ofensa ao direito constitucional de acesso ao poder judiciário ou em configuração de ato discriminatório. Com esse entendimento, a SBDI-I, em sua composição plena, conheceu dos embargos interpostos pela CEF, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, pelo voto prevalecente da Presidência, deu-lhes provimento para julgar improcedentes os pedidos deduzidos na reclama-ção trabalhista. Vencidos o Desembargador Convocado Sebastião Geraldo de Oliveira, relator, e os Ministros Lelio Bentes Corrêa, Horácio Raymundo de Senna Pires, Rosa Maria Weber, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Delaíde Miranda Arantes. TST--E-ED-RR-13300-70.2007.5.15.0089, SBDI-I, rel. Des. Convo-cado Sebastião Geraldo de Oliveira, red. p/ acórdão Min.Brito Pereira, 18.4.2013 (Informativo nº 43)

1.1.REQUISITOS PARA DISPENSA PREVIS-TO EM REGULAMENTO INTERNO

Ê Sociedade de economia mista. Privatização. Demissão por justa causa. Necessidade de motiva-ção do ato demissional. Previsão em norma interna. Descumprimento. Nulidade da despedida. Reinte-gração. Art. 182 do CC. A inobservância da norma interna do Banestado, socie-dade de economia mista sucedida pelo Itaú Unibanco S.A., que previa a instauração de procedimento adminis-trativo para apuração de falta grave antes da efetivaçãoda despedida por justa causa, acarreta a nulidade do ato de dispensa ocorrido antes do processo de privatização, assegurando ao trabalhador, por conseguinte, a reinte-gração no emprego, com base no disposto no art. 182 do CC, segundo o qual, anulado o negócio jurídico, deve-se

restituir as partes ao “status quo ante”. Com esse enten-dimento, a SBDI-I, por maioria, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negou-lhes provimento. Vencidos os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga, relator, Ives Gandra Martins Filho, Brito Pereira e Maria Cristina Peduzzi, que davam parcial provimento ao recurso para, reconhecendo a nulidade da justa causa aplicada, convertê-la em demissão imotivada e determi-nar o pagamento das diferenças relativas às verbas res-cisórias devidas. TST-E-ED-RR-22900-83.2006.5.09.0068, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, 6.12.2012 (Informativo 33)

1.2. DESCUMPRIMENTO DE NORMA IN-TERNA

Ê Progressão salarial anual. Ausência de avalia-ções de desempenho. Descumprimento de norma interna. Art. 129 do CC. Diferenças salariais devi-das. Diante da omissão do empregador em proceder à ava-liação de desempenho estabelecida como requisito à progressão salarial anual prevista em norma interna da empresa, considera-se implementada a referida con-dição, conforme dispõe o art. 129 do CC. A inércia do reclamado em atender critérios por ele mesmo estabe-lecidos não pode redundar em frustração da legítima expectativa do empregado de obter aumento salarial previsto em regulamento da empresa, sob pena de se caracterizar condição suspensiva que submete a eficácia do negócio jurídico ao puro arbítrio das partes, o que é vedado pelo art. 122 do CC. Com esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, deu-lhes provimento para julgar procedente o pedido de dife-renças salariais decorrente da progressão salarial anual por desempenho obstada pelo recorrido. TST-E-ED--RR-25500-23.2005.5.05.0004, SBDI-I, rel. Min. AugustoCésar Leite de Carvalho, 12.4.2012. (Informativo nº 5)

Ê Promoção por antiguidade. Resolução da empresa que fixa em zero o percentual de emprega-dos passíveis de promoção. Equivalência à inobser-vância do regulamento interno. Prescrição parcial. Orientação Jurisprudencial nº 404 da SBDI-I. A resolução da empresa que fixa em zero o percentual de empregados passíveis de promoção por antigui-dade, assegurada em regulamento interno, não implica alteração do pactuado e a consequente prescrição total (Súmula nº 294 do TST), mas sim a inobservância da norma interna a ensejar a incidência da prescrição par-cial, nos termos da Orientação Jurisprudencial nº 404 da SBDI-I. Comesse entendimento, a SBDI-I, por maioria, vencidos os Ministros Ives Gandra Martins Filho e Brito Pereira, deu provimento ao agravo e, ainda por maioria, vencida a Ministra Dora Maria da Costa, julgou desde logo o recurso de embargos para dele conhecer, por contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 404 da

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Henrique Correia1372

SBDI-I, e dar-lhe provimento para, reformando o acórdão embargado, determinar o retorno dos autos à Turma de origem a fim de prosseguir no julgamento do recurso de revista, afastada a prescrição total da pretensão às pro-moções. TST-Ag-E-RR-36740-87.2007.5.04.0611, SBDI-I, rel. Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, red. p/ acórdão Min. Augusto César Leite de Carvalho, 7.2.2013 (Informativo nº 35)

1.3. REGULAMENTO INTERNO – PROGRES-SÃO HORIZONTAL POR MERECIMENTO

Ê ECT. Plano de Cargos e Salários. Progressão hori-zontal por merecimento. Deliberação da diretoria. Requisito essencial. Não caracterização de condi-ção puramente potestativa. A deliberação da diretoria a que se refere o Plano de Car-gos e Salários da Empresa de Correios e Telégrafos – ECT constitui requisito essencial à concessão de progressão horizontal por merecimento, na medida em que esta envolve critérios subjetivos e comparativos inerentes à excelência profissional do empregado, os quais somente podem ser avaliados pela empregadora, não cabendo ao julgador substituí-la. Ademais, trata-se de condição simplesmente potestativa, pois dependente não apenas da vontade da empregadora, mas também de fatores alheios ao desígnio do instituidor dos critérios de pro-gressão (desempenho funcional e existência de recursos financeiros), distinguindo-se, portanto, da promoção por antiguidade, cujo critério de avaliação é meramente objetivo, decorrente do decurso do tempo. Com esse entendimento, a SBDI-I, em sua composição plena, por maioria, vencido o Ministro Lelio Bentes Corrêa, conhe-ceu dos embargos, no tópico, por divergência jurispru-dencial. No mérito, ainda por maioria, a Subseção negou provimento ao recurso, vencidos os Ministros Aloysio Corrêa da Veiga, relator, Lelio Bentes Corrêa, Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Delaíde Miranda Arantes, que entendiam caracterizada a condição pura-mente potestativa, e, como tal, inválida, nos termos do art. 122 do CC, uma vez que, ao vincular a progressão por merecimento à deliberação da diretoria, estabeleceu-se critério subjetivo ligado exclusivamente ao arbítrio da empresa, privando os trabalhadores da obtenção da referida promoção. TST-E-RR-51-16.2011.5.24.0007, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, red. p/ acórdão Min. Renato de Lacerda Paiva, 8.11.2012 (Informativo nº 29)

1.4. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTA-DORIA

Ê CEF. Complementação de aposentadoria. CTVA. Integração. Natureza salarial. A parcela denominada Complemento Temporário Vari-ável de Ajuste de Piso de Mercado – CTVA, instituída pela Caixa Econômica Federal – CEF com o objetivo de compatibilizar a gratificação de confiança com os valo-

res pagos a esse título no mercado, possui natureza jurídica salarial e integra a remuneração do empregado, devendo, por consequência, compor o salário de contri-buição, para fins de recolhimento à FUNCEF, e refletir no cálculo da complementação de aposentadoria. Com esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos interpostos pela CEF, por divergência jurispru-dencial e, no mérito, negou-lhes provimento. Na espécie, consignou-se, ainda, que o próprio regulamento da FUN-CEF prevê a inclusão das funções de confiança no salário de contribuição. TST-E-ED-RR-16200-36.2008.5.04.0141, SBDI-I, rel. Min. Brito Pereira, 23.8.2012. (Informativo nº 19)

Ê Comissão de Conciliação Prévia. Termo de qui-tação. Eficácia liberatória. Diferenças em comple-mentação de aposentadoria. Não abrangência.

A eficácia liberatória geral do termo de quitação refe-rente a acordo firmado perante a Comissão de Conci-liação Prévia (art. 625-E, parágrafo único, da CLT) possui abrangência limitada às verbas trabalhistas propria-mente ditas, não alcançando eventuais diferenças de complementação de aposentadoria. Com esse enten-dimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, deu-lhes parcial provimento para, afastada a quitação do termo de conciliação quanto aos reflexos das horas extras e do desvio de função sobre a complementação de aposentadoria, determinar o retorno dos autos à Vara do Trabalho, para que prossiga no julgamento do feito como entender de direito. Ressaltou-se, no caso, que a complementação de aposentadoria, embora decorrente do contrato de trabalho, não possui natureza trabalhista. Ademais, não se pode estender os efeitos da transação firmada na CCP a entidade de previdência privada, por se tratar de terceiro que não participou do negócio jurí-dico. TST-E-RR-141300-03.2009.5.03.0138, SBDI-I, rel. Min. Renato de Lacerda Paiva, 6.12.2012 (Informativo nº 33)

Ê Previdência privada. Complementação de apo-sentadoria. Reajuste salarial reconhecido judicial-mente. Contribuição para a fonte de custeio. Inde-vida. Ausência de previsão contratual.

Não cabe imputar ao empregado aposentado a contri-buição para a fonte de custeio de diferenças de com-plementação de aposentadoria decorrentes de reajuste salarial sob o rótulo de “avanço de nível”disfarçado, reconhecido judicialmente, quando a paridade salarial com o pessoal em atividade foi assegurada no contrato, sem a respectiva previsão de contribuição do assistido para a preservação do equilíbrio atuarial. Com esse posi-cionamento, a SBDI-I, à unanimidade, conheceu dos embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, deu-lhes provimento para afastar da condenação o recolhimento da cota previdenciária dos reclamantes. TST-ARR-217400-15.2008.5.07.0011, SBDII, rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga, 14.2.2013 (Informativo nº 36)

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Direito do Trabalho • Dicas 1373

2. BANCÁRIO

Ê Caixa bancário. Intervalo do digitador. Inde-vido. O caixa bancário não tem direito ao intervalo do digitador previsto no art. 72 da CLT, na NR 17 e nas normas coletivas da categoria, porquanto não desenvolve atividade pre-ponderantemente de digitação. Com esses fundamen-tos, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, deu-lhe provimento para, reformando a decisão embargada, restabelecer o acórdão do Regional que indeferiu o pagamento dos 10 minutos de intervalo para cada 50 minutos trabalhados. Vencidos os Minis-tros Cláudio Mascarenhas Brandão, Augusto César Leite de Carvalho, José Roberto Freire Pimenta e Hugo Car-los Scheuermann. TST-E-RR-100499-71.2013.5.17.0152, SBDI-I, rel. Min. Alexandre de Agra Belmonte , 9.2.2017 (Informativo nº 152 do TST).

Ê Dano moral. Não configuração. Empregado de instituição bancária. Quebra de sigilo bancário. Procedimento indistinto adotado para todos os cor-rentistas de instituição financeira. Determinação do Banco Central. Não configura dano moral a quebra do sigilo bancário do empregado na hipótese em que haja determinação do Banco Central para, em procedimento geral ado-tado indistintamente em relação a todos os correntis-tas da instituição financeira, e não só aos empregados, monitorar contas correntes com o objetivo de detectar existência de movimentação extraordinária, emissão de cheques sem fundos e evitar lavagem de dinheiro. Com esse entendimento, a SBDI-I, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos por divergência jurisprudencial, e, no mérito, negou-lhe provimento. Na espécie, consignou-se que não há quebra de isonomia, nem mitigação do direito fundamental privacidade e à intimidade, nem do dever de sigilo, dispostos nos arts. 5º, X, da CF e 1º da Lei Complementar nº 105/2001. Ade-mais, o caso em tela não se confunde com as hipóteses em que o TST, diante do exame da movimentação finan-ceira do empregado, em procedimento de auditoria interna do banco empregador, sem autorização judicial, tem reconhecido a existência de dano moral. TST-EE-DRR-82600-37.2009.5.03.0137, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, 7.2.2013 (*No mesmo sentido e jul-gado na mesma sessão, TST-E-RR-1517-92.2010.5.03.0030) (Informativo nº 35)

Ê Dano moral. Indenização. Bancário. Assalto a instituição bancária. Responsabilidade objetiva. Atividade de risco. Art. 927, parágrafo único, do CC. A SBDI-I, em sua composição plena, confirmando deci-são da Turma, entendeu devida a indenização por danos morais a empregado bancário que foi vítima de três assaltos na agência em que trabalhava. Na hipó-tese, restou configurada a responsabilidade objetiva do

empregador, na forma do parágrafo único do art. 927 do CC, pois a atividade bancária, por envolver contato com expressivas quantias de dinheiro, está sujeita à ação frequente de assaltantes, sendo considerada, por-tanto, como atividade de risco a atrair a obrigação de indenizar os danos sofridos pelo trabalhador. Com esse entendimento, a Subseção, por unanimidade, conheceu do recurso de embargos do reclamado, por divergência jurisprudencial, e, no mérito, por maioria, negou-lhes provimento. Vencidos os Ministros Ives Gandra Martins Filho e Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, que entendiam indevida a indenização por não enquadrarem como de risco a atividade exercida pelo reclamante. TST-E--RR-94440-11.2007.5.19.0059, SBDI-I, rel. Min. Aloysio Cor-rêa da Veiga, 18.4.2013 (Informativo nº 43)

Ê Incidente de Recursos de Revista Repetitivos. “Tema nº 0001 – Bancário. Salário-hora. Divisor. Forma de cálculo. Empregado mensalista”. Modula-ção de efeitos. Proclamação do resultado. Encami-nhamento da matéria ao Tribunal Pleno para modi-ficação da Súmula nº 124 do TST. A SBDI-I, por maio-ria, definiu as seguintes teses jurídicas para o Tema Repetitivo Nº 0001 – BANCÁRIO. SALÁRIO-HORA. DIVISOR. FORMA DE CÁLCULO. EMPREGADO MEN-SALISTA: 1. O número de dias de repouso semanal remuneradopode ser ampliado por convenção ou acordo coletivode trabalho, como decorrência do exercício da autono-mia sindical; 2. As convenções coletivas dos bancáriosnão deram ao sábado a natureza de repouso semanalremunerado; 3. O divisor corresponde ao número dehoras remuneradas pelo salário mensal, independente-mente de serem trabalhadas ou não; 4. O divisor aplicá-vel para cálculo das horas extras do bancário, inclusivepara os submetidos à jornada de oito horas, é definidocom base na regra geral prevista no art. 64 da CLT(resultado da multiplicação por 30 da jornada normalde trabalho), sendo 180 e 220, para a jornada normalde seis e oito horas, respectivamente; 5. A inclusão dosábado como dia de repouso semanal remunerado não altera o divisor, em virtude de não haver redução donúmero de horas semanais, trabalhadas e de repouso;6. O número de semanas do mês é 4,2857, resultanteda divisão de 30 (dias do mês) por 7 (dias da semana),não sendo válida, para efeito de definição do divisor,a multiplicação da duração semanal por 5; 7. Em casode redução da duração semanal do trabalho, o divisoré obtido na forma prevista na Súmula nº 431 (multi-plicação por 30 do resultado da divisão do número dehoras trabalhadas por semana pelos dias úteis). Ven-cidos, quanto à tese nº 2, os Ministros Cláudio Masca-renhas Brandão, relator, Emmanoel Pereira, AugustoCésar Leite de Carvalho, Aloysio Corrêa da Veiga, JoséRoberto Freire Pimenta, Hugo Carlos Scheuermann eAlexandre Agra Belmonte. Ainda por maioria, decidiua Subseção modular os efeitos da decisão, a fim dedefinir que a nova orientação não alcança estritamente