02. gabarito das questões para brincar - xix exame de ordem

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    OAB XIX EXAME DE ORDEMDireito Penal

    Geovane Moraes e Ana Cris tina Mendonça

    QUESTÕES PARA BRINCAR – XIX EXAME DE ORDEM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

    CASOS PRÁTICOS 

    01. Diego, delegado de polícia e pai de família, soube, através de sua filha, queLuzia, diretora do colégio Santo Antônio, localizado na cidade de Rio deJaneiro/RJ, castigava severamente seus alunos, sob o argumento de que estariaeducando-os. Disseram-lhe ainda que quando algum deles fazia qualquer coisaque não a agradava, ela levava para a sala da diretor ia e mandava que escrevessepor centenas de vezes no quadro “nunca mais vou desobedecer a Luzia”,proibindo de beber água, se alimentar ou ir ao banheiro até término do horárioescolar, quando muitos saíam de lá passando mal. Tal informação lhe deixoumuito preocupado, pois é a escola em que estudava sua filha Manoela, bem comoos filhos de vários amigos, não suportando a ideia de que nada de mal lhesacontecesse. Como não havia prova alguma de tais alegações, elaborou um planopara desmascarar Luzia. Combinou com João, 15 anos de idade, colega de salada sua filha, que provocasse raiva na diretora até que ela o levasse à diretoria paracastigá-lo, quando então, Manoela o avisaria por mensagem que era na hora deagir e ele, que já estaria aguardando na porta do colégio, entraria no local commais policiais e a prenderia em flagrante pelo crime de maus-tratos, antes quepudesse concluir o castigo. Tudo ocorreu como o previsto e assim foi feito! Logoque Luzia começou a passar suas determinações ao garoto, o delegado adentroua sala e lhe deu voz de prisão. Vários pais de estudantes procuraram paraagradecer, chamando-o inclusive de “herói”. Chegando à delegacia, após a

    lavratura do auto de prisão em flagrante, Luzia tentou explicar que só levou Joãopara a diretoria porque queria lhe dar uma advertência pelo mau comportamento,sendo esta uma norma do colégio. Pediu ainda para se comunicar com seuadvogado, sendo o seu pedido negado por Diego, que disse que não acreditavaem sua estória e a deixou incomunicável por três dias, sem também comunicar ofato a nenhuma outra autoridade. Também não cumpriu com qualquer outraformalidade, para que ela pudesse sentir na pele o mal que causava aos alunos.Com base na situação hipotética acima, na qualidade de advogado contratado porLuzia e considerando que ela ainda se encontra presa em flagrante, redija a peçacabível, privativa de advogado, pertinente a defesa da diretora.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, com fundamento no art. 5º LXVda Constituição Federal, combinado com o art. 310, I, do Código de Processo Penal

    *Competência:  EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ___JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE RIO DE JANEIRO CAPITAL DOESTADO DO RIO DE JANEIRO

    *Teses:  Indicar como ilegalidade material a ocorrência de flagrante preparado, sendoesta, uma causa de exclusão da tipicidade do crime, quando a participação da políciatorna impossível a sua consumação, nos moldes da súmula 145 do STF. No presentecaso, o delegado Diego e os alunos induziram Luzia a prática do crime de maus tratos,

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    sendo ela surpreendida pela polícia antes mesmo que ministrasse qualquer castigo aoofendido. Além disso, no caso concreto, impossível até mesmo definir se, de fato,qualquer crime ocorrera anteriormente, ou mesmo quanto da atuação do delegado, poisnenhum ato de execução chegou a ser praticado, não havendo qualquer prova que

    fundamente a acusação.

    Ademais, ainda que houvesse possibilidade de flagrante, a prisão de Luzia continuariasendo ilegal, tendo em vista que o crime do art. 136 do CP é de menor potencialofensivo, nos moldes do art. 61 da Lei 9.099/95, vez que a pena cominada é inferior a02 anos, devendo ser observados os procedimentos apontados pelo art. 69 da referidalei. De acordo com o referido dispositivo, deveria ter sido lavrado apenas o termocircunstanciado de ocorrência, encaminhando-o juntamente com a autora e vítima dofato ao juizado, para fossem tomadas as providências necessárias ou ter sidooportunizado a autora que assumisse o compromisso de lá comparecer quando lhefosse solicitado. Apenas em caso de recusa a tais medidas é que poderia ser lavrado o

    auto de prisão em flagrante, o que no caso em tela não ocorreu.Além disso, devem ser também indicadas as ilegalidades formais da prisão, como a nãocomunicação do flagrante ao juiz, ao MP, à família e/ou pessoa indicada, bem como danão expedição da nota de culpa, consoante art. 306, caput e parágrafos, do Código deProcesso Penal, e a remessa dos autos ao Juiz e à Defensoria em 24 horas.

    Ainda é possível indicar o cometimento, por parte do Delegado de Polícia, de crime deabuso de autoridade, nos termos do art. 3º, “a” ou 4º, “a” e “c”, da Lei 4.898/65, por ter  deixado o agente preso ilegalmente, sem nenhum tipo de benefício, bem como semcumprir qualquer formalidade ou comunicar a prisão ao juiz competente.

    *Pedido: Reconhecimento da ilegalidade da prisão em flagrante, com seu consequenterelaxamento, bem como a expedição do alvará de soltura.

    02. No dia 06 de junho de 2014, na saída da Choperia “Pede Mais Um” emCuritiba/PR, Carolina, grávida de 07 meses, foi atacada fisicamente por Jéssica,ofendendo esta a sua integridade corporal, após descobrir que o pai do filhodaquela era o seu namorado em decorrência de uma traição. Após tomarsatisfações, desferiu-lhe vários socos e puxões de cabelo, momento em queCarolina começou a sentir as dores do parto e teve que ir às pressas para ohospi tal, antecipando o nascimento de seu filho, que passa bem. O fato ocorreuna presença de Janaina e Gabriela, que foram ouvidas na delegacia e confi rmaram

    o ocorrido. Após a conclusão das investigações, com o inquérito devidamenteinstruído, inclusive com os devidos exames periciais, o delegado remeteu osautos ao Ministério Público e, embora estivesse provada a materialidade do delitoe houvesse indícios da autoria de Jéssica, o órgão há mais de 40 dias se mantéminerte. Na qualidade de advogado contratado por Carolina, que está inconformadacom a situação, redija a peça processual cabível, a fim de que sejam tomadas asdevidas providências judiciais em desfavor da indiciada.

    GABARITO COMENTADO

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    *Peça: QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA, conforme artigos 29, 41 e 44 do Código deProcesso Penal, bem como artigo 100, §3º, do Código Penal, além do artigo 5º, LIX, daConstituição Federal.

    *Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA CAPITAL DO ESTADO DO PARANÁ*Teses:Preliminarmente: Discorrer que, embora o crime de lesão corporal de natureza graveseja de ação penal pública, o Ministério Público manteve-se inerte, sem qualquermanifestação dentro do prazo previsto no art. 46 do CPP, fazendo surgir a legitimidadedo ofendido para a propositura da ação penal privada subsidiária da pública, nos termosdos artigos 5º, LIX, da Constituição Federal, 100, § 3o., do Código Penal, além do artigo29 do Código de Processo Penal.Mérito: Fundamentar que no dia 06 de junho de 2014, na saída da choperia “Pede maisum” Jéssica praticou o crime de lesão corporal de natureza grave, descrito no art. 129,§1º, IV do CP, tendo em vista que atacou fisicamente Carolina, ofendendo sua

    integridade corporal e provocando a antecipação do parto da ofendida. Discorrertambém sobre a inércia por parte do representante do Ministério Público e o direito afixação de valor mínimo para indenização, nos moldes do art. 387, IV do CPP.

    *Pedidos:- Recebimento da queixa-crime;- Citação da querelada e pedido final de julgamento de procedência do pedido com aconsequente condenação da querelada pela prática do crime de lesão corporal denatureza grave (art. 129; §1º. IV do Código Penal);- Fixação do valor mínimo para indenização pelos prejuízos sofridos em decorrência docrime, conforme art. 387, IV do CPP;- Produção de provas e intimação das testemunhas arroladas.

    *Rol de Testemunhas: 1.2.3.

    03. Em 04/03/2015, Márcia, esteticista, comprou um aparelho redutor de celulitesde Tiago, vendedor, por R$1.500,00, ficando acordado que o valor seriadepositado na conta dele em até 60 (sessenta) dias após a venda. Cinco dias apósa data combinada, haja vista não ter sido efetuado nenhum depósito do valor,

    Tiago compareceu à clínica de Marcia para cobrá-la, porém, ela informou queainda não possuía o dinheiro, pedindo que ele voltasse após 15 dias. Novamenteno dia do pagamento, o vendedor ao chegar na clínica, foi informado pelaesteticista que ela ainda não o pagaria naquele dia, pois ela não tinha dinheiro,garantindo que depositaria o valor em uma semana. Na data esperada, Tiagoconferiu sua conta bancária e constatou que por mais uma vez não havia sidodepositado dinheiro algum, quando, inconformado com o prejuízo, decidiu nãoprocurar as vias judiciais e resolver ele mesmo a questão. Voltou então à clínica,localizada no bairro do Butantã, em São Paulo, procurou o aparelho não pago e olevou consigo, em um horário que apenas Amanda e Camile estavam presentes,funcionárias de Márcia, que não tiveram coragem de tentar impedi-lo. Quandoretornou ao seu local de trabalho, a esteticista soube do ocorrido e, indignada

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    com a conduta do vendedor de levar o aparelho que havia adquirido e que,portanto, era de sua propriedade, procurou você como advogado para que fossemtomadas as medidas judiciais cabíveis no intuito de responsabilizar Tiagocriminalmente pela conduta. Com base somente nas informações de que dispõe

    e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível,privativa de advogado, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: QUEIXA-CRIME, conforme artigos 30 e 41 do Código de Processo Penal, bemcomo artigos 100, §2º do Código Penal.

    *Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO ____JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO CAPITAL DOESTADO DE SÃO PAULO

    *Qualificação : Qualificar querelante e querelado.

    *Procuração : Indicar a existência de procuração com poderes especiais, de acordo como art. 44 do Código de Processo Penal.

    *Mérito: Narrar os fatos, demonstrando que, ao entrar na clínica de Márcia levandoconsigo o aparelho que por força da venda agora era dela, no intuito de se recuperar doprejuízo sofrido, Tiago praticou o delito previsto no art. 345 do Código Penal, qual seja,o de exercício arbitrário das próprias razões. Com efeito, ao invés de procurar resoluçãodo conflito pelas vias judiciais, o vendedor, quis sanar seu prejuízo fazendo justiça comas próprias mãos, devendo ser condenado nos termos do referido artigo. O fato contouainda com duas testemunhas presenciais, quais sejam, Amanda e Camile,comprovando que é legítima a pretensão da querelante. Ademais, haja vista não ter sidoo crime praticado com violência, somente se procede mediante queixa, cabível,portanto, a apresentação desta, conforme o parágrafo único do art. 345, do CódigoPenal.

    *Pedidos:

    - Designação de audiência preliminar, nos termos do artigo 72 da Lei 9.099/95 para apossibilidade da composição dos danos;- Caso não seja feito o acordo, recebimento da queixa-crime, com a citação doquerelado o julgamento da procedência do pedido para condenação;

    - Citação do querelado e, ao final, julgamento da procedência do pedido com acondenação do querelado pela prática do crime de exercício arbitrário das própriasrazões (art. 345 do Código Penal);- Fixação do valor mínimo para indenização pelos prejuízos sofridos pela querelante,conforme art. 387, IV do CPP;- Manifestação do Ministério Público (opcional);- Produção de provas e intimação das testemunhas arroladas.

    *Rol de Testemunhas:1.2.3. 

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    04. Gerson da Abadia foi denunciado pelo Ministério Público pelo crime de tráficode drogas, previsto no art. 33 da Lei 11.343/2006, por ter sido capturadotransportando 5 kg de cocaína de Goiás para Minas Gerais. Na denúncia, o

    Ministério Público limitou-se a descrever genericamente os fatos, informandoapenas que ele foi capturado transportando drogas. O juiz da 1ª Vara CriminalFederal da Seção Judiciária de Goiás, entendendo que a denúncia preenchiatodos os requisitos, notificou o denunciado para se manifestar. Como advogadode Gerson, apresente a peça cabível, excetuando-se a possibilidade de HabeasCorpus, adotando todas as teses jurídicas cabíveis para garantir a defesa do seucliente.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: DEFESA PRÉVIA, com fulcro no art. 55 da Lei 11.343/2006.

    *Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARACRIMINAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE GOIÁS

    *Teses - Da rejeição da denúncia por ser manifestamente inepta: Indicar que a denúncia deveser rejeitada por ser manifestamente inepta, nos termos do art. 395, I do Código deProcesso Penal, vez que o Ministério Público a elaborou de modo genérico, violando asdisposições do art. 41 do CPP. Com efeito, uma vez que não preenche os requisitosformais mínimos para o seu processamento, a denúncia não deve ser recebida, sobpena de nulidade, conforme art. 564, IV do mesmo diploma legal.

    - Da rejeição da denúncia pela incompetência do juízo: Indicar que a denúncia deve serrejeitada por faltar pressuposto processual, qual seja, a competência do juízo, nostermos do art. 395, II do Código de Processo Penal. Como se infere do caso em tela, otráfico praticado foi interestadual, de modo que a competência é da Justiça Estadual enão da Justiça Federal, conforme art. 70 da Lei 11.343/06 e súmula 522 do STF. Sendoassim, de rigor a rejeição da denúncia, sob pena de nulidade por incompetência absolutado juízo, conforme art. 564, I do CPP.

    *Pedidos: Rejeição da inicial acusatória, seja por ser manifestamente inepta (art. 395, Ido CPP), seja por faltar pressuposto processual (art. 395, II do CPP).Apresentação do rol de testemunhas.

    05. Fernando, primário, pai de Igor, de 03 (três) anos, comprou um simulacro dearma de fogo para seu filho idêntico a uma arma de verdade. Estavam na praçabrincando com o referido objeto quando o policial Renato, passou e o prendeu emflagrante, levando-o para a delegacia, afirmando que ele estava cometendo odelito do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, tendo Fernando o acompanhadoamigavelmente, informado que o artefato era de brinquedo e se colocado àdisposição para esclarecimentos. Após todos os procedimentos de praxe, ao sercomunicado da prisão, o juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia/GO,entendeu por bem converter, de ofício, a prisão em flagrante em temporária, porconsiderar imprescindível para as investigações. A defesa impetrou Habeas

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    Corpus perante o Tribunal de Justiça do estado de Goiás, requerendo otrancamento do inquérito policial e o relaxamento da prisão imposta, tendo otribunal denegado a ordem em votação não unanime, sendo que osdesembargadores vencedores mantiveram os mesmos fundamentos do juiz da 1ª

    Vara Criminal. Com base nas informações acima, como advogado de Fernando,adote as providencias judiciais cabíveis.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com fundamento no art. 105, II,“a” da Constituição Federal.Obs.: Embora o enunciado traga a informação de que a votação não foi unânime, não écabível a interposição embargos infringentes e de nulidade previsto no art. 609,parágrafo único do Código de Processo Penal, tendo em vista que o Habeas Corpus éação autônoma de impugnação, de competência originária dos Tribunais e não umrecurso.

    *Competência:Interposição:  EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADORPRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁSPedido de admissibilidade do recurso e remessa à instância superior.

    Razões:EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇACOLENDA TURMAEXCELENTÍSSIMOS MINISTROS

    *Teses: Indicar que o objeto em questão se tratava de um simulacro, não preenchendoo tipo penal do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, sendo um fato materialmenteatípico e que, portanto, não constitui crime e uma vez demonstrada a atipicidade, deveser trancado o inquérito policial.

    Indicar que a prisão temporária é ilegal, primeiramente porque ofende o princípio dataxatividade, vez que só pode ser decretada para os crimes elencados no art. 1º, III daLei 7.960/89 e o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento não está nesse rol.

    Depois, porque a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz, conformeart. 2º da mesma lei. Ademais, ainda que a prisão fosse legal, não existe nenhum motivosuficiente que justifique a prisão, haja vista ter sido o réu identificado, ser primário e ter

    colaborado com a ação da polícia, além de ser a conduta por ele praticadaflagrantemente atípica, motivos pelos quais a prisão não deve subsistir, devendo serexpedido alvará de soltura em favor de Fernando.

    *Pedido: Conhecimento e provimento do recurso e reforma da decisão proferida,reconhecendo-se a ilegalidade da prisão imposta ao paciente, bem como o trancamentodo inquérito policial, haja vista ser fato atípico e ainda o relaxamento da prisãotemporária do paciente, com a consequente expedição do alvará de soltura.

    06. Ivan chegou ao estacionamento de seu prédio, quando se deparou com Taísaapontando uma arma para sua vizinha Letícia, dizendo que iria matá-la. Sempensar duas vezes, pegou uma barra de ferro que estava jogada no canto do local

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    em que estava, desferindo um golpe letal na cabeça de Taísa. O Ministério Públicoentão o denunciou por homicídio simples, conforme previsão no art. 121, caputdo Código Penal. O juiz competente recebeu a denúncia e mandou citar o réu paraque apresentasse defesa, encerrando-se o prazo sem que ele apresentasse. Ainda

    sem resposta à acusação, o magistrado decidiu por bem dar continuidade aoprocesso, entendendo que a peça era desnecessária, visto que não consideravaser caso de absolvição sumária. Na audiência de instrução e julgamento, Letíciafoi ouvida como única testemunha, afirmando que se não fosse a atitude de Ivan,ela certamente teria morrido nas mãos de Taísa. O réu em seu depoimento afirmouque somente teve essa atitude porque não visualizou nenhuma outra maneira desalvar a vida de sua vizinha. As filmagens do estacionamento, que haviam sidorequeridas pelo Ministério Público como prova, sendo este pedido deferido pelo ju iz, demonstravam Taísa já a ponto de ati rar em Letícia, quando Ivan atingiu -lheem um golpe letal com a barra de ferro, corroborando com os depoimentos. Aofinal da instrução probatória, as alegações finais foram realizadas de maneira oral,tendo o representante do Ministério Público se manifestado pela pronúncia da ré,

    nos mesmos termos da denúncia, tendo a defesa requerido a absolvição sumáriado agente. O juiz proferiu decisão de pronúncia contra o réu, colocando em seufundamento que as provas existentes não deixavam nenhuma dúvida de que Ivanera o culpado pela morte de Taísa e que ele só a matou dessa forma porque elaera mulher, aproveitando-se de sua força masculina, de modo que merece serpunido. A defesa foi intimada da referida decisão em 22/01/2016, sexta feira. Combase apenas nas informações acima expostas e naquelas que podem ser inferidasdo caso concreto, na condição de advogado de Ivan, elabore o recurso cabível,datando-o no último dia de prazo para sua interposição.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV do Códigode Processo Penal.

    *Competência:

    Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARADO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE ___

    Obs.: Requerer o juízo de retratação, conforme art. 589 do Código de Processo Penal.

    Razões:

    EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE _COLENDA CÂMARAÍNCLITOS DESEMBARGADORES

    *Teses:Preliminarmente: Alegação da nulidade processual pela falta de apresentação daresposta à acusação. Com efeito, o art. 396-A, §2º do Código de Processo Penal dispõeque se o acusado após citado, não apresentar resposta à acusação no prazo legal ounão constituir advogado, o juiz deverá nomear defensor para oferece-la, haja vista queé peça privativa de advogado, dando-lhe vista dos autos por 10 dias. No caso em tela,apesar de o réu não ter apresentado defesa após ser citado, o magistrado optou por darprosseguimento ao processo, violando as disposições do artigo supramencionado.

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    do Parquet. Débora, mãe de Lucas, inconformada com a absolvição daquele quematou seu filho, desejando habilitar-se como assistente de acusação, procuravocê como advogado para garantir que a justiça seja feita. Com base apenas nosfatos expos tos e excetuando-se a possibi lidade de Habeas Corpus, interponha o

    recurso cabível, alegando todas as teses que entender pertinentes para satisfazeros interesses de sua cliente.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: APELAÇÃO, com fulcro no art. 593, I (ou art. 416) c/c art. 598, todos do Códigode Processo Penal.

    *Competência:Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARADO JÚRI DA COMARCA DE ___*O Aluno poderia ou não requerer a habilitação como assistente de acusação, visto não

    ser esta obrigatória. Em caso de requerimento, o fundamento deveria ser os arts. 268 e269 c/c art. 598, todos do Código de Processo Penal.

    Razões:EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ___COLENDA CÂMARAINCLÍCITOS JULGADORES

    *Teses Indicar que merece reforma a sentença absolutória, visto que contraria os dispositivosdo Código Penal. Como se infere dos fatos, a embriaguez do agente foi culposa, demodo que não é caso de isenção/exclusão da culpabilidade/imputabilidade, conformeart. 28, II do Código Penal. Com efeito, de acordo com o §1º do mesmo artigo, apenasexcluem a imputabilidade penal a embriaguez proveniente de caso fortuito ou forçamaior, o que não ocorreu no caso em tela, sendo de rigor, portanto, a pronúncia do réu,nos termos do art. 413 do Código de Processo Penal.

    *Pedido:  Seja conhecido e provido o presente recurso para reformar a sentençaabsolutória e pronunciar o réu nos exatos termos da denúncia.

    08. Miriam, após ser regularmente processada e julgada, foi condenada a pena de12 anos em regime inicialmente fechado, pela prática do crime de tráfico deentorpecentes, cometido em 05 de agosto de 2006. Havia sido presa em flagrante,

    tendo sido a prisão convertida legalmente em preventiva, mantendo-se até 04 deoutubro de 2006. A sentença condenatória transitou em julgado e Miriam iniciouo cumprimento de pena em 25 de janeiro de 2007. Em 29 de novembro de 2008,diante de atestado de boa conduta emitido pelo diretor do estabelecimento, adefesa requereu progressão de regime, sendo o pedido indeferido pelo juízocompetente, fundamentando que ela ainda não havia cumprido o temponecessário para tal benefício, que de acordo com o art. 2°, §2º da Lei 8.072/90, queseria 2/5 da pena. Considerando que você, advogado de Miriam, foi intimadodessa decisão em 23 de março de 2015 e com base apenas nas informações acimaexpostas, redija a peça cabível, sustentando todas as teses jur ídicas pertinentesa atender os interesses de sua cliente.

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    GABARITO COMENTADO

    *Peça: AGRAVO EM EXECUÇÃO, com fundamento no art. 197 da Lei de ExecuçãoPenal.

    * Competência:  Interposição: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARADE EXECUÇÕES CRIMINAIS DA COMARCA DE _

    Obs.: Requerer o juízo de retratação.

    Razões:EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇACOLENDA CÂMARAÍNCLITOS DESEMBARGADORES*Tese: Inicialmente deve-se alegar que Miriam tem direito à detração penal, referente

    aos 2 meses que ficou presa preventivamente, com base no art. 42 do Código Penal.Somando-se esse tempo ao período em que cumpriu após o trânsito em julgado dasentença condenatória, já se completaram mais de 2 anos cumpridos da pena imposta.Ademais, deve-se alegar que embora hoje a previsão seja de 2/5 de cumprimento depena para a progressão de regime para crimes hediondos, o fato ocorreu em dataanterior ao advento da Lei 11.464/2007, que alterou o art. 2º, § 2º, da Lei 8.072/90.Sendo assim, tendo em vista o princípio da anterioridade, deve ser observado o critériode 1/6 de cumprimento da pena para o referido benefício, conforme art. 112 da Lei deExecução Penal (LEP) e corroborado pela Súmula 471 do STJ. Com efeito, tendo emvista que sua pena é de 12 anos e que Miriam já cumpriu mais de dois anos da penaem que foi condenada, faz jus à requerida progressão.

    *Pedido: Pedido de conhecimento e provimento do recurso e reconhecimento do direitoà progressão de regime, nos moldes do art. 112 da Lei de Execução Penal.

    09. Gilberto fo i condenado a 8 anos de pena privati va de liberdade, pela prática dodelito de tortura, tipificado no art. 1º, §1º da lei 9.455/97, pois supostamente, em10/05/2009, constrangeu Kelly com o emprego de violência, causando-lhesofrimento físico e mental em razão de discriminação religiosa. A denúncia foirecebida em 12/05/2010. Após todo o tramite regular do processo, feita a devidainstrução, com a acusação pedindo a condenação nos termos da denúncia e adefesa pedindo absolvição por negativa de autoria o magistrado entendeu porbem condenar Gilberto. A sentença penal condenatória transitou em julgado em

    10/11/2010, devido a não interposição de recurso pelas partes. O condenadoiniciou o cumprimento de pena e agora pediu a namorada que te procurasseinformando que, licitamente, conseguiram provas de que realmente não haviasido ele o autor do crime, que são as filmagens que comprovam que ele estava naloja da operadora “Vivo” no momento do fato narrado pela denúncia, resolvendoum problema em sua linha telefônica, tendo passado o dia todo lá. Com base nasinformações acima, como advogado de Gilberto, redija a peça processual cabível,excetuando-se a possibilidade de Habeas Corpus, apresentando todas as teses juríd icas pert inentes.

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    *Peça: REVISÃO CRIMINAL, com fundamento no art. 621, III, do Código de ProcessoPenal.

    *Competência:   EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR

    PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ___

    *Tese: Alegar que devido as provas novas comprovando a negativa de autoria por partede Gilberto, deve ser reformada a sentença para absolver o réu nos termos do art. 386,IV do Código de Processo Penal, devendo ser fixado o valor para justa indenização aorevisionando pelos prejuízos sofridos pela indevida condenação, nos termos do art. 630do referido código.

    *Pedido: Deve-se fazer o pedido pleiteando que seja julgado procedente o pedidorevisional, para que, conforme o art. 626 do Código de Processo Penal, seja reformadaa decisão em questão decretando-se a absolvição do agente, com base no art. 386, IV,do mesmo código. Subsidiariamente, requerer indenização justa ao revisionando, pelos

    prejuízos sofridos pela indevida condenação, nos termos do art. 630 do CPP.

    10. Eduardo, jogador de futebol, foi denunciado pelo crime de furto, descrito noart. 155, caput do Código Penal, pois segundo a denúncia, durante o in tervalo deum jogo, subtraiu o smartphone de outro jogador no vestuário. Todavia, após otrâmite regular do processo, ficou esclarecido na audiência de instrução e ju lgamento que Eduardo apenas pegou o celular do colega porque pensava queera o seu, tendo em vista que os aparelhos são idênticos, incorrendo em erro detipo. Na sentença, o magistrado fez a análise dos fatos e acolheu expressamentea tese do acusado, qual seja, de erro de tipo, informando que, por consequência,o fato típico é excluído, ou seja, não há crime, vez que se trata de erro de tipoessencial escusável. Porém, concluiu a sentença dizendo “Por todo o exposto,

    condeno o réu a pena de 2 anos de reclusão, em regime inicial aberto, a sersubst ituída por pena restri tiva de direitos, vez que preenchidos os requisi tos, nosmoldes do art. 44 do Código Penal”. A defesa foi intimada da sentença em 18 deabril de 2016 (segunda-feira). Como advogado de Eduardo, redija a peçaprocessual cabível, excetuando-se a possibil idade de Habeas Corpus, no intuitode sanar o possível vício da sentença do juiz.

    GABARITO COMENTADO

    *Peça: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, com fulcro no art. 382 do Código de ProcessoPenal.

    *Competência: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___

    *Teses: Demonstrar que ao reconhecer o erro de tipo essencial escusável no caso doembargante, hipótese que não há crime, para depois condená-lo a pena 2 anos dereclusão em regime aberto, substituindo por pena restritiva de direitos, faz com que asentença seja evidentemente contraditória, caracterizando o que a doutrina chama desentença suicida. Sendo assim, cabíveis os presentes embargos, para que seja sanadaa contradição demonstrada, vez que aplicável, diante de fundamentação apresentadapelo juízo, a absolvição com base no art. 386, III do Código de Processo Penal, umavez que o fato não constitui infração penal.

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    *Pedidos:  Recebimento e provimento dos embargos, afim de que seja sanada acontradição apontada, para se declarar a absolvição do réu, nos moldes do art. 386, IIIdo Código de Processo Penal.

    *Data: 20/04/2016.

    QUESTÕES DISSERTATIVAS 

    01. Considere as duas situações hipotéticas seguintes: 1) Luan, sem animusnecandi, mas também sem se importar com o que sua conduta ocasionaria, entrouem um bar atirando a esmo, de modo que atingiu uma pessoa, que veio a óbito. 2)Davi, atirador de facas de um circo há 20 anos, nunca tendo errado uma só mira,durante um espetáculo, por uma fatalidade, atinge uma das facas no peito de Ruth,sua assistente de palco, vindo a mesma a falecer. Com base nas situaçõesapresentadas, responda qual dos agentes agiu com culpa consciente e qual deles

    agiu com dolo eventual, diferenciando os dois insti tutos.

    GABARITO COMENTADO

    Luan agiu com dolo eventual, pois embora não tivesse o dolo de matar, sabia que suaconduta poderia ocasionar a morte de alguém e aceitou o resultado, não se importandocom o mesmo. Davi agiu com culpa consciente, pois embora tivesse consciência dorisco de que as facas poderiam acertar sua assistente, não aceitou o resultado eacreditava na sua capacidade técnica, não admitindo que o resultado aconteceria, dadasua longa carreira como atirador de facas, nunca tendo errado uma só mira. No dolo

    eventual, o agente prevê o risco e não se importa com a eventualidade do resultadocriminoso acontecer, ou seja, aceita o risco de produzi-lo. Na culpa consciente, o agenteprevê o risco, mas não aceita o resultado, confiando em suas habilidades de evitar ouimpedir o mesmo, ou ainda de que o resultado não ocorrerá.

    02. Danilo, analista de s istemas, primário e de bons antecedentes, foi denunciadopelo Ministério Público por tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06), pois,segundo a denúncia, transportava em seu carro 500g de cocaína. Citado, o réuapresentou resposta no prazo legal. Após o trâmite regular do processo e ao fimda fase de instrução, o magistrado proferiu sentença condenatória pelo crime emquestão, reconhecendo, diante das características do réu e do fato, o privil égio do§4º do artigo supramencionado, reduzindo a pena em dois terços, condenando-o

    à pena de reclusão de 1 ano e 8 meses. Apesar da pena ser inferior a 4 anos epreencher os outros requisitos do art. 44 do Código Penal, que permite asubstituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, omagistrado fundamentou que isso não poderia ser adotado no caso do réu, tendo just if icado sua decisão na expressa vedação que consta do art. 44 da Lei deDrogas. Ademais, fixou regime inicialmente fechado, por ser crime equiparado ahediondo, com base no art. 2º, §1º da Lei 8.072/90. Com base apenas nasinformações apresentadas, responda: A) qual o recurso cabível para impugnar a sentença em questão?B) o que pode ser alegado em favor de Danilo?

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    A) Apelação, com fulcro no art. 593, I do Código de Processo Penal.

    B) Deve ser alegado que é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por

    restritiva de direitos, nos moldes do art. 44 do Código Penal, bem como a fixação doregime inicial aberto, conforme art. 33, §2º, do mesmo Código. Tais possibilidades sedão tendo vista que os Tribunais Superiores já se posicionaram acerca de que asvedações previstas, tanto na Lei de Crimes Hediondos como na Lei de Tóxicos, sãoinconstitucionais e ferem o princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º,XLVI da CFRB/88). Isso, inclusive, é entendimento do Senado Federal, por meio daResolução 05, suspendendo a parte da vedação constante no §4º do art. 33 da Lei11.33/06. 

    03. Em 10/05/2010, Barto lomeu, então com 68 anos, praticou o crime de vilipêndioa cadáver, previsto no art. 212 do Código Penal, sendo prevista para tal condutaa pena de detenção de um a três anos, e multa. A instauração do inquérito deu-se

    no mesmo dia, tendo sido a denúncia oferecida em 11/05/2014 e recebida em15/05/2014. Citado, Bartolomeu procura você como advogado. A) qual a peça processual que deve ser apresentada?B) o que deve ser alegado em favor de Bartolomeu?

    GABARITO COMENTADO

    A) Resposta à acusação, com fulcro nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal.

    B) Absolvição sumária pela extinção da punibilidade do agente, com base no art. 397,IV do Código de Processo Penal, pela prescrição da pretensão punitiva pela pena emabstrato. Com efeito, a pena máxima cominada ao delito praticado é de 3 anos,ocorrendo a prescrição em 8 anos, conforme art. 109, IV do Código Penal. Todavia,tendo em vista que em 2010 o agente tinha 68 anos, em 2014, quando foi recebida adenúncia, já contava com mais de 70 anos, sendo reduzido o prazo prescricional pelametade, conforme art. 115 do CP. Sendo assim, o prazo prescricional passa a ser de 04anos, tendo decorrido prazo superior entre a data da consumação do delito e a dorecebimento da denúncia, primeira causa de interrupção da prescrição, conforme art.117, I do CPP. Assim, resta extinta a punibilidade de Bartolomeu pela prescrição, combase nos arts. 107, IV e 109, IV c/c 115, todos do Código Penal, devendo o mesmo serabsolvido sumariamente com fundamento no art. 397, IV, do CPP.

    04. Guilherme, 25 anos, juntamente com Tiago, 26 anos, foram denunciados pelocrime de associação criminosa em concurso formal com o delito de corrupção demenor, por, segundo a denúncia, terem induzido Emerson, 15 anos, a com elespraticar o crime de roubo. Em sede de resposta à acusação, no que tange ao delitode associação criminosa, alegaram que este não estava configurado, haja vistaum dos integrantes ser menor de 18 anos não cometer crime, apenas atoinfracional, não entrando na contagem. Quanto ao delito de corrupção demenores, a defesa argumentou que este não pode figurar em concurso formal como crime de associação criminosa, haja vista que ofende o princípio daespecialidade e da vedação ao bis in idem. Ademais, informaram que os réus nãohaviam efetivamente corrompido o menor, sendo que Emerson já havia praticado

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    vários atos infracionais análogos a crimes, inclusive de roubo, devendo-seabsolve-los com base no art. 397, III do Código de Processo Penal. Levando emconsideração as informações prestadas, bem como o entendimento dos tr ibunaissuperiores sobre o assunto, assiste razão a tese de defesa apresentada pelos

    réus? Justifique.

    GABARITO COMENTADO

    Quanto ao delito de associação criminosa, não, pois o Superior Tribunal de Justiça jádecidiu no sentido de que apesar de o menor não responder pelo delito por serinimputável, é incluído na contagem de pessoas, de modo que poderá sim caracterizaro delito do art. 288 do Código Penal. Quanto ao delito de corrupção de menores, empartes. Realmente, não é mais possível considerar concurso formal entre os dois delitos,por ofensa a vedação ao bis in idem e o princípio da especialidade. Porém, quanto aoargumento de que não haviam corrompido Rodrigo, de acordo com a Súmula 500 do

    STJ, a configuração do crime do art. 244-B do ECA não depende da prova da efetivacorrupção do menor, por se tratar de delito formal.

    05. João Lucas, 45 anos, estava cuidando do jardim de sua casa, quando então foiabordado por policiais que traziam consigo um mandado de prisão em seudesfavor. No intuito de se opor ao cumprimento do mandado, soltou o seucachorro pit bull extremamente feroz da coleira e ameaçou abrir o portão para queo animal saísse, caso os agentes não fossem embora de lá. Entretanto, após muitadificuldade, o mandado foi cumprido. Diante das informações prestadas,responda. A) nesta si tuação apresentada, João Lucas cometeu algum cr ime? Em caso

    afirmativo, tipifique a conduta praticada pelo agente.B) caso os polic iais tivessem cumpr ido sem nenhum problema a ordem de prisão,mas ao chegar à delegacia João Lucas tivesse tentado evadir-se doestabelecimento prisional usando de violência contra um carcereiro, seriapossível a tipi ficação em relação a esta nova conduta praticada?

    GABARITO COMENTADO

    A) Sim. João Lucas cometeu o crime de Resistência, previsto no art. 329 do CódigoPenal, vez que se opôs a execução de ato legal, usando de ameaça ao funcionáriopúblico compete para executá-lo.

    B) Sim, também seria possível a tipificação me relação à conduta praticada, mas o delitoseria o de evasão mediante violência contra a pessoa, previsto no art. 352 do Códigopenal, tendo em vista que a violência ocorreu após o efetivo cumprimento da prisão,tratando-se de crime que pune a tentativa nas mesmas penas da efetiva evasão.

    06. Josefa, primária, 67 anos, adquiriu de João, seu vizinho, um aparelho de DVD(média de R$200,00 nas lo jas) por R$ 30,00. Posteriormente veio a conhecimentodo Ministério Público que o objeto havia sido subtraído da casa de Pedro por João,mediante violência e grave ameaça às pessoas que lá estavam, fato pelo qual João já havia sido denunciado por roubo, hoje com a sentença condenatór ia játransitada em julgado, tendo o réu informado o destino do objeto durante a

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    instrução. Sabendo que Josefa havia adquirido o bem, apesar da desproporçãoentre o preço do produto e o valor adquirido, o Ministério Público pretendedenunciá-la. A) qual o crime pode ser imputado a Josefa pela conduta prat icada?

    B) caso venha a ser denunciada, o que poderá ser alegado em seu favor?

    GABARITO COMENTADO

    A) O crime imputado a Josefa é o de Receptação culposa, previsto no art. 180 §3º doCódigo Penal, haja vista que pela desproporção entre o valor e o preço do bemadquirido, Josefa deveria presumir que foi obtido por meio criminoso.

    B) Pode-se requerer o perdão judicial, previsto no §5º do art. 180, CP, tendo em vistase tratar de agente primária, idosa, baixa escolaridade e ser o objeto de pequeno valor,circunstâncias favoráveis a agente.

    07. Tales, ao chegar no fórum da cidade de Itapipoca  –  CE, indignado, porquestões ligadas a futebol, com o seu vizinho Mateus, analista judiciário lotadonaquela repartição, objetivando atingir a honra social do mesmo, comentou coma colega de trabalho deste, aproveitando-se do fato de que ele não estavapresente, que considerava Mateus um imprestável e fofoqueiro. Considerando asituação apresentada, responda. A) qual o deli to praticado por Tales?B) se ao invés de chamar Mateus de imprestável para sua colega de trabalho, Talestivesse dito tal coisa pessoalmente ao analista judiciário durante o atendimento,o delito seria o mesmo?C) qual a natureza da ação penal cabível no caso concreto e de quem seria alegitimidade para seu exercício?

    GABARITO COMENTADO

    A) O crime praticado por Tales é o de Difamação, nos termos do art. 139 do CódigoPenal, em virtude do animus do agente em ofender a honra social da vítima.

    B) Nesta situação, teríamos o crime de injúria, nos termos do art. 140 do Código Penal, já que, nesse caso, a ofensa passa a ser em relação à honra subjetiva, ou seja, honrapessoal da vítima.

    C) A ação penal cabível no caso concreto é privada, nos termos do caput do art. 14 do

    Código Penal, sendo a legitimidade para o intento da ação penal cabível do sujeitopassivo do delito, ou seja, do próprio Mateus.

    08. Danilo foi denunciado por furto simples, pois, segundo a denúncia, haviafurtado a carteira de Jeferson enquanto este passeava pela rua 25 de março. Adenúncia foi recebida e, após a citação, o réu apresentou defesa no prazo legal.Durante a audiência de instrução, verificou-se que depois de ter subtraído acarteira, a vítima percebeu e tentou reagir, tendo Danilo utilizado de violência egrave ameaça para permanecer com a coisa. Diante exclusivamente dasinformações narradas, pergunta-se: A) qual fo i o cr ime efet ivamente prat icado por Danilo?

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    B) diante da necessidade de alteração do fato em razão da prova colhida duranteo processo, poderá o juiz realizá-la de ofício? Em caso positivo, justifique. Emcaso negativo, que procedimento deve ser adotado pelo magistrado?

    GABARITO COMENTADO

    A) O crime praticado por Danilo foi o de Roubo impróprio, conforme previsão no art. 157,§1º, do Código Penal, visto que se utilizou de violência ou grave ameaça somente apósa subtração do bem, de forma e para garantir a posse da coisa.

    B) Não, o juiz não poderá alterar a narrativa fática de ofício, sob pena de violação aosprincípios da inércia, da ampla defesa, do contraditório, do devido processo legal e dacongruência ou correlação entre acusação e sentença. A hipótese indicada na questãoconfigura ou caracteriza o instituto da Mutatio Libelli, previsto no art. 384 do Código deProcesso Penal, situação na qual, com o surgimento da prova que demonstra ter sido ofato praticado diverso daquele narrado na exordial, deve o Ministério Público aditar a

    denúncia, espontaneamente, dentro do prazo de 05 dias. Caso o Promotor de Justiçanão promova o aditamento, deverá o juiz aplicar o art. 28 do CPP, remetendo os autosao Procurador-Geral de Justiça.

    09. Tião praticou o delito de furto de coisa comum, previsto no art. 156 do CódigoPenal, tendo s ido beneficiado pela homologação de t ransação penal na audiênciapreliminar no Juizado Especial Criminal, ficando acordado que este prestariaserviços à comunidade por 5 sábados durante 1 hora por dia. Como consequênciada medida, a infração não importará em reincidência nem constará na folha deantecedentes do agente. Caso descumpr ido o acordo de transação, mesmo apóshomologado, pode o Ministério Público vir a oferecer denúncia contra Tião pelodelito supracitado?

    GABARITO COMENTADO

    Sim, pois de acordo com a Súmula Vinculante nº 35, a homologação da transação penalnão faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situaçãoanterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal,mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.

    10. Luís foi denunciado pelo crime de moeda falsa perante a Justiça Federal, porsupostamente ter tentado pagar a caixa do supermercado com notas falsificadas,sendo demonstrado durante as investigações que ele mesmo as fabricou.

    Segundo a denúncia, a falsificação era tão grosseira que a funcionária do caixado supermercado começou a ri r, dizendo que aquela nota não enganava ninguém,avisando imediatamente a polícia. A denúncia foi recebida e Luís foi citado dia04/01/2016. A) que peça de defesa deve ser apresentada e qual o último dia para suainterposição, considerando que o réu foi citado em 04/01/2016 (segunda feira)?B) que tese defensiva pode ser suscitada para que o réu seja absolvidosumariamente?

    GABARITO COMENTADO

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    A) Deverá ser apresentada Resposta à Acusação, com fundamento nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, no prazo de 10 dias. Assim, o último dia do prazo nopresente caso seria 14/01/2016.

    B) A tese defensiva a ser apresentada é a de que a hipótese configura crime impossívelpor ineficácia absoluta do meio, nos moldes do art. 17 do Código Penal, vez que afalsificação era tão grosseira que não era capaz de induzir ninguém a erro, sendoimpossível a consumação do crime.

    Obs.: Não caberia a alegação da Súmula 73 do STJ, uma vez que a questão é clara aoinformar que se a moeda é grosseiramente falsificada, impedindo a própria obtenção oupossibilidade de fraude, não há que se falar em crime.

    11. A Polícia Federal recebeu denúncias que Jandir estava cometendo o delito dedescaminho, iludindo o pagamento de imposto devido pela entrada demercadorias no país. Sem autorização judicial, o delegado interceptou os

    telefones do suspeito, descobrindo que as denúncias eram verídicas. Em face dasinformações obtidas, organizaram uma “blitz” na estrada em que o suspeitopassaria e conseguiram pegá-lo, apreendendo com o mesmo todas as provas daprática delituosa. Foi apurado que o valor do tributo suprimido totalizou R$15.000,00 (quinze mil reais). O Juiz, ao receber a denúncia, ordenou que fossemdesentranhados dos autos todos os documentos referentes às informaçõesobtidas através da interceptação, haja vista que são ilegais, nos termos do art.157 do Código de Processo Penal. Todavia, aceitou as provas obtidas através dablitz, por considerar uma operação legítima. Após, o réu foi citado para oferecerdefesa. De acordo com as informações acima expostas e o entendimento doSupremo Tribunal Federal sobre o assunto, aponte quais teses podem seralegadas por Jandir em sede de resposta a acusação.

    GABARITO COMENTADO

    Primeiramente, em sede de preliminar, deve-se pugnar pela rejeição tardia da inicialacusatória por ausência de justa causa, nos termos do art. 395, III do Código deProcesso Penal, vez que se fundou unicamente em provas obtidas por meios ilícitos.Com efeito, o delegado interceptou os telefones do réu sem autorização judicial violandoflagrantemente os arts. 5°, XII da CRFB e os arts. 1° e 3° da Lei 9.296/96. Assim, asconversas telefônicas obtidas sem autorização judicial configuram prova obtida por meioilícito e todas as provas dela decorrentes, provas ilícitas por derivação, na forma do art.157, § 1o, do Código de Processo Penal, que consagra a teoria da prova ilícita por

    derivação ou "teoria dos frutos da árvore envenenada", adotada pelo Supremo TribunalFederal.

    Com efeito, a blitz somente foi realizada devido aos dados obtidos pela interceptaçãonão autorizada, derivando, portanto, das provas ilícitas, sendo de igual modo,inadmissível.

    No mérito, deve ser alegada a atipicidade material da conduta pelo princípio dainsignificância, conforme entendimento do STF, por se tratar de valor inferior aR$20.000,00 (vinte mil reais).

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    12. Tadeu, grande empresário, reincidente específico, foi denunciado pela práticado delito de tráfico de influência, previsto no art. 332 do Código Penal. Durante ainstrução, após a notícia de que o réu planejava deixar o país e ir para uma casaque possuía no exterior, entendendo provável que isso realmente ocorresse, o

     ju iz decretou de of ício, a pr isão temporár ia de Tadeu. Considerando o casohipotético apresentado, responda. A) a decretação de prisão temporária no caso em tela fo i correta? Justi fique.B) seria cabível outra modalidade de prisão?

    GABARITO COMENTADO

    A) Não. Primeiramente, a prisão temporária é cabível apenas em fase de Inquéritopolicial e, no caso concreto, Tadeu já foi denunciado, não mais sendo possível adecretação de sua prisão por ser imprescindível à investigação, já que a mesma seencerrou. Além disso, a Lei de Prisão Temporária (Lei 7.960/89) traz um rol taxativo de

    crimes nos quais a prisão pode ser decretada, não se encontrando dentre os crimes aliindicados o tráfico de influência, de modo que, não havendo previsão de prisãotemporária para o crime praticado pelo agente, a segregação cautelar resta ilegal porviolação do princípio da taxatividade. Ademais, ainda que fosse cabível a prisãotemporária para o presente delito, esta também não poderia ser decretada de ofício pelo juiz, conforme art. 2º, caput, da Lei 7.960/89.

    B) Sim, seria cabível a decretação da prisão preventiva, nos moldes dos arts. 311 a 313do Código de Processo Penal, uma vez que a infração praticada por Tadeu possui penamáxima superior a 4 anos (art. 313, I, do CPP), sendo ainda o agente é reincidenteespecífico. Contudo, embora a prisão preventiva possa ser decretada de ofício pelo Juizem fase processual, para a decretação da mesma seria necessária a presença dospressupostos exigidos pelo art. 312 do CPP, ou seja, no caso concreto, seria possível aprisão para garantir a aplicação da lei penal, haja vista que há, nos autos, indicações deque o agente pode vir a fugir para outro país.

    13. Luciano foi denunciado por tentativa de homicídio porque, segundo adenúncia, tentou matar Rute, uma ex namorada que lhe traiu. Ao fim da primeirafase dos procedimentos do júri , Luciano foi pronunciado nos termos da denúncia.Na sessão em plenário, Luciano in formou que jamais tiraria a vida da pessoa quemais amou, relatando que queria apenas fazer com que Rute lhe explicasse omotivo da traição. Tendo em vista que procurou a moça amigavelmente e estarecusou-se a falar com ele, pegou-a pelo braço fortemente e a arrastou para uma

    casa abandonada que havia perto do local em que a encontrou, privando-a de sualiberdade por cerca de 05 horas. Após aprox imadas 04 horas, Rute tentou evadir-se do lugar, quando Luciano, no intuito de impedi-la, a empurrou, provocandolesão corporal de natureza leve na ex namorada, conforme os laudos periciaisanexos aos autos, afirmando ainda que, em momento algum, agiu com  animusnecandi ou fez ameaça de morte à moça, liberando-a posteriormente. A partir dasituação apresentada, responda. A) qual(is) fo i(ram) o(s) deli to(s) efetivamente praticado(s) por Luciano?B) caso ocorra a desclassificação da tentativa de homicídio para o(s) delito(s)apresentado(s) na resposta anterior, a quem competirá ju lgá-los?

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    GABARITO COMENTADO

    A) Luciano cometeu os crimes de cárcere privado, constante no art. 148 do CódigoPenal, pela privação da liberdade da vítima e o delito de lesão corporal de natureza leve,

    conforme previsão no art. 129 do Código Penal, uma vez que restou demonstrado queo agente não tinha a intenção de matar a vítima, mas que terminou lesionando-a.

    B) Em caso de desclassificação por parte dos jurados para os crimes de cárcere privadoe lesão corporal de natureza leve, caberá ao próprio juiz do Tribunal do júri realizar asentença e aplicar, caso seja cabível, os benefícios da lei 9.099/95, conforme sepreceitua o art. 492, §1º do Código de Processo Penal.

    14. Alexandre, condenado pela prática do delito de contrabando com sentença játransitada em julgado, foi denunciado pelo crime de lavagem de dinheiro, por terdissimulado a origem dos valores obtidos com a infração anterior. Diante daexistência de fortes indícios da efetiva prática do crime ora denunciado, o juiz, de

    ofício, decretou o sequestro de bens e valores do acusado, que se enquadravamcomo proveitos do crime de contrabando. Contudo, o magistrado entendeu queera desnecessária a oitiva do representante do Ministério Público. A decisão do magistrado está integralmente correta? Justi fique.

    GABARITO COMENTADO

    Não, a decisão do magistrado não está integralmente correta, uma vez que no tocanteà decretação de ofício do sequestro de bens e valores o magistrado agiu amparado peloart. 4º da Lei 9.613/98. Todavia, o mesmo artigo menciona que para tal medida oMinistério Público deverá ser ouvido no prazo de 24 horas, não sendo dispensável comoalegou o magistrado.

    15. Juan, confiante em suas habilidades como motorista, dirigia seu carro em altavelocidade rumo a Taguatinga, quando, por uma fatalidade, atropelou Mônica, queveio a óbito imediatamente, sendo denunciado pela pratica de homicídio simples,nos termos do art. 121, caput do Código Penal. Recebida a denúncia, apresentadaa defesa e após a instrução, o magist rado entendeu por bem pronunciar o réu pelocrime em questão. A) qual o recurso cabível contra a decisão?B) considerando exclusivamente os dados apresentados na questão, o quepoderá ser alegado em favor do acusado no referido recurso?

    GABARITO COMENTADOA) O recurso cabível contra a decisão que pronunciou o agente é o Recurso em sentidoestrito, com fundamento no art. 581, IV do Código Penal.

    B) Deve ser requerido o provimento do recurso, reformando-se a decisão de pronúnciapara a de desclassificação (art. 419 do Código de Processo Penal), com a consequentedesclassificação do delito de homicídio doloso, previsto no art. 121, caput do CódigoPenal, para o de homicídio culposo de trânsito, nos termos do art. 302 do Código deTrânsito Brasileiro, tendo em vista que o agente agiu com culpa consciente (art. 19 doCódigo Penal), confiando em suas habilidades e acreditando que não atingiria ninguém,ou seja, não restando caracterizado, no caso concreto, o dolo eventual. Com o

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    provimento do pedido recursal, desclassificada a infração, deverá o tribunal remeter osautos ao juiz competente.

    16. Carlos Eduardo, conhecido no bairro em que mora por ser o braço di reito de

    Beto, o chefe do tráfico, foi preso em flagrante portando em seu carro 5 kg decocaína, 10 kg de maconha e 50 comprimidos de ecstasy no Rio Grande do Sul(RS). Preso em flagrante, afirmou no momento da lavratura do auto, na presençade seu advogado, que seu objetivo era transportar a droga até Mato Grosso doSul (MS). Informou ainda que isso fazia parte de uma operação de Beto, dandoinformações verossímeis a respeito da localização de Beto e sobre onde eleguardava a droga, colaborando voluntariamente com as investigações. Com basenas informações expostas, responda. A) de quem é a competência para processamento e julgamento do cr ime narrado?B) qual tese de defesa pode ser alegada em favor de Carlos Eduardo, visando aredução de sua pena?

    GABARITO COMENTADO

    A) A competência é da Justiça Estadual, tendo em vista que se trata de tráficointerestadual, ou seja, entre dois Estados do Brasil, não se suscitando a competênciada Justiça Federal, conforme art. 70 da Lei 11.343/2006 e a Súmula 522 do STJ.

    B) A defesa deverá requerer o benefício da colaboração premiada do art. 41 da Lei deDrogas (Lei 11.343/2006), visto que o agente, voluntariamente, colaborou com ainvestigação policial, identificando seus parceiros e indicando onde estaria o produto,devendo sua pena ser reduzida de um a dois terços.

    17. Flavia, primária, foi denunciada pela prática do delito descrito no art. 122 doCódigo Penal, tendo em vis ta que ao se deparar com Armando no último andar doshopping ameaçando cometer suicídio, o instigou a se jogar, dizendo que a vidadele não valia nada mesmo e que faria um favor ao mundo caso morresse. Porfim, Armando realmente decidiu dar cabo à própria vida, se jogando de lá e vindoa óbito no mesmo instante. Pronunciada e posteriormente condenada em plenáriodo Tribunal do Júr i, o juiz proferiu a sentença condenatória, fixando a pena em 3anos e 6 meses de reclusão, a serem cumpridos sob regime inicialmente fechado,nos moldes do art. 2º, §1º da Lei 8.072/90, tendo em vista a hediondez do delitopraticado, por se tratar de crime doloso contra a vida. Com base nas informaçõesexpostas, pode se dizer que, no tocante ao regime f ixado, foi correta a sentençado magistrado?

    GABARITO COMENTADO

    Não. É cabível o regime inicial aberto para a condenada, nos termos do art. 33, §2º, “c”,visto que a pena é inferior a 4 anos, sendo ela primária. Ademais, há que se ressaltarque o crime do art. 122 do Código Penal, embora seja doloso contra a vida, nãoconfigura crime hediondo, por ofensa ao princípio da taxatividade, haja vista que a Leide Crimes Hediondos traz um rol taxativo dos delitos aos quais se aplica, o que não é ocaso do crime em questão.

    18. Heitor, 6 anos de idade, portador da Síndrome de Asperger, acompanhado deseu representante legal, dirigiu-se à Escola Infantil Criança Feliz, no intuito de

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    matricular-se no quadro de alunos, oportunidade a qual teve sua matrículasumariamente negada por Tereza, diretora da referida instituição de ensino, emevidente razão de seu desenvolvimento incompleto ou retardado. À luz dalegislação vigente, Tereza cometeu algum crime? Justifique a sua resposta.

    GABARITO COMENTADO

    Sim. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, em seu artigo 8º, elenca uma série decondutas tidas como criminosas, quando cometidas contra pessoa portadora dedeficiência, dentre elas, recusar a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino dequalquer curso ou grau, público ou privado, em razão de sua deficiência, constante emseu inciso I, o que ocorreu no caso em tela.

    19 - Airton, dono de uma empresa renomada de perfumes, negou emprego aMarcos, sob o argumento de que não contrata pessoas da religião X. Dianteexclusivamente da informação citada, pergunta-se:

     A) qual o crime prat icado por Air ton?B) se, em outra ocasião, Airton chamasse Marcos, integrante da religião X desafado, no intui to de ofender a sua honra, a conduta caracterizaria o mesmo crimeda pergunta anterior? Justifique suas respostas de acordo com os dispositivoslegais pertinentes ao caso.

    GABARITO COMENTADO

    A) O crime praticado por Airton é o constante no art. 4º da Lei 7.716/89, uma vez quenegou emprego a Marcos soba a alegação deste ser de determinada religiãoconfigurando-se conduta discriminatória constante na lei do racismo.

    B) Não. Nesse caso, a conduta seria caracterizada como injúria racial, elencada no art.140, §3º do Código Penal, haja vista que foi ofendida a honra apenas de determinadapessoa, utilizando-se de elementos de sua religião.

    20. Benedito, 67 anos, ao sair para fazer sua caminhada de todas as tardes, passoupor uma calçada em que haviam derramado um líquido escorregadio, o queocasionou a sua queda e lhe fez fraturar a perna direita. Mauro, que passava pelarua no momento, foi abordado por Benedito, que lhe pediu ajuda, para que aomenos ligasse para pedir socorro à autoridade pública competente. Mauro,podendo agir e com seu celular na mão, informou que não o ajudaria, nem farialigação alguma, dizendo que não tinha nada a ver com a queda de Benedito.Considerando a si tuação hipotética apresentada, responda. A) qual o crime prat icado por Mauro?B) qual o tipo de ação penal prevista para o crime praticado?Responda às indagações com a respectiva fundamentação legal.

    GABARITO COMENTADO

    A) O crime praticado por Mauro é o de omissão de socorro em relação à pessoa idosatipificado no art. 97 da Lei 10.741/03, Estatuto do Idoso, face ao princípio daespecialidade.

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    B) O crime em análise motiva a propositura de ação penal pública incondicionada,conforme previsão no art. 95 da Lei 10.741/03, sendo a legitimidade do representantedo Ministério Público para propositura da ação.