evoluÇÃo nutricional e fatores de risco …

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE NUTRIÇÃO EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL DE GESTANTES EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL ANGÉLICA LEMOS MARTINS Cuiabá-MT, de setembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO

ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL

DE GESTANTES EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL

ANGÉLICA LEMOS MARTINS

Cuiabá-MT, de setembro de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE NUTRIÇÃO

EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO

ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS GESTACIONAL

DE GESTANTES EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL

ANGÉLICA LEMOS MARTINS

Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de

Nutrição da Universidade Federal de Mato

Grosso como parte dos requisitos exigidos para

obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob

orientação da professora Prof.ª Dr.ª Maria Helena

Gaíva Gomes da Silva.

Cuiabá-MT, de setembro de 2016

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RESUMO

Diante dos inúmeros danos que o diabetes mellitus gestacional (DMG) pode acarretar para a saúde da mãe e do

concepto, este estudo teve por objetivo avaliar a evolução nutricional e os fatores de risco associados ao DMG de

gestantes em atendimento ambulatorial. Avaliaram-se prontuários de 67 gestantes com DMG que realizaram pré-

natal entre janeiro e dezembro de 2014 no serviço de ambulatório de pré-natal de diabetes gestacional do

Hospital Universitário Júlio Muller/HUJM/UFMT. Os resultados foram analisados no programa EPI-INFO

versão 7.0 e Statistical Package for Social Science (SPSS). Verificou-se que a maioria das mulheres com DMG

apresentaram sobrepeso ou obesidade tanto pré-gestacional quanto durante a gestação, sendo a obesidade do

início (64,52%) até o término (52,2%) da gravidez a condição nutricional predominante. Observou-se um

percentual expressivo de gestantes com ganho de peso excessivo (38,33%). A avaliação dos fatores de risco

associados ao DMG mostrou a idade acima de 31 anos (62,70%), o histórico de diabetes em parentes de 1º grau

(62,69%), o maior número de gestações (multigestas: 57,58%) e ganho de peso gestacional excessivo (38,33%),

como os que mais contribuíram para essa ocorrência. A análise do perfil glicêmico apresentou-se dentro dos

padrões recomendados. Observou-se que quanto maior o IMC pré-gestacional, mais elevadas encontravam-se as

concentrações de glicose de jejum e mais reduzidas estavam as concentrações séricas de HDL-c. Concluiu-se

que a avaliação do estado nutricional materno e a identificação dos fatores de risco na assistência ao pré-natal

são fundamentais para um melhor diagnóstico do DMG.

PALAVRAS-CHAVE: diabetes mellitus gestacional; estado nutricional; fatores de risco.

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ABSTRACT

In face of numerous damage that GDM can lead to the health of mother and fetus this study aimed to assess

the nutritional status and risk factors associated with gestational diabetes mellitus in pregnant women in

outpatient care. This study was conducted by collecting data from 67 pregnant records diagnosed with GDM

who received prenatal care from January to December of 2014 in the prenatal diabetes gestational clinic

service in Julio Muller University Hospital/HUJM/UFMT. The results were analyzed in EPI-INFO version

7.0 program and complemented by the Statistical Package for Social Sciences (SPSS) version 20.0. It was

found that most women with GDM were overweight or obese, both pre-pregnancy and gestation. Obesity was

the predominant nutritional status from the beginning (64.52%) until the end (52.2%) of pregnancy. There

were a significant percentage of pregnant women who were overweight gain (38.33%). Evaluation of risk

factors associated with GDM in the study group showed that age above 31 years (62.70%), diabetes mellitus

history of 1st degree relatives (62.69%), followed by multiple pregnancies (57.58%) and excessive gestational

weight gain (38.33%) were the factors that contributed to this occurrence. Glycemic profile analysis values

were in accordance with the recommended. Regarding the laboratory and biochemical tests, it was observed

that the higher the pre-pregnancy BMI, higher-met if the fasting glucose concentrations and lower serum

concentrations of HDL-c. In conclusion, there is the importance of evaluation of maternal nutritional status

and the recognition of risk factors in prenatal care for better diagnosis of GDM.

KEYWORDS: gestational diabetes mellitus; nutritional status; risk factors.

Page 7: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

AGRADECIMENTOS

Primeiramente à Deus,

que me permitiu a realização deste trabalho;

A minha mãe,

sempre presente, amorosa e atenciosa;

A minha irmã Ângela,

que compartilhei todas as ansiedades e conquistas dessa fase.

À toda minha família e ao meu namorado Victor,

pelo apoio, cuidado e compreensão;

Ao Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM),

que possibilitou a execução desse estudo.

À orientadora Maria Helena Gaíva Gomes da Silva,

pelas oportunidades de crescimento, pelas contribuições, convivência produtiva e por ter me

ajudado a superar os constantes desafios encontrados durante esse trabalho,

possibilitando que eles se transformassem em aprendizado.

Ao Professor Paulo Rogério Rodrigues,

que gentilmente me ajudou na realização das análises estatísticas.

Especialmente aos meus falecidos Avós,

que me ensinaram a lutar pelos meus sonhos, sendo em vida exemplos de força e dedicação

que me inspiraram a concluir esta importante etapa da minha vida.

Obrigada!

Page 8: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 07

2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 09

3. OBJETIVOS...................................................................................................... 15

3.1 Geral............................................................................................................. 15

3.2 Específicos.................................................................................................... 15

4. CASUÍSTICA E MÉTODOS........................................................................... 16

5. RESULTADOS.................................................................................................. 21

6. DISCUSSÃO...................................................................................................... 29

7. CONCLUSÃO.................................................................................................... 34

8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 35

APÊNDICE............................................................................................................. 40

Apêndice A – Formulário para coleta de dados....................................................... 40

Apêndice B – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/HUJM.............. 43

Page 9: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

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1. INTRODUÇÃO

Com o processo de transição nutricional ocorrido no Brasil ao longo das últimas

décadas, percebe-se o declínio da prevalência do déficit de peso em paralelo com o

aumento contínuo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como excesso de

peso e obesidade (BATISTA FILHO e RISSIN, 2003; IBGE, 2010).

Observa-se assim, atualmente, que o excesso de peso é o problema nutricional

de maior prevalência na população brasileira adulta, atingindo tanto o sexo feminino

quanto o masculino. Em relação às mulheres, o excesso de peso (IMC > 25 kg/m2) foi

estimado em 49,1% e a obesidade (IMC > 30 kg/m2) em 18,2% (BRASIL, 2014).

A alta prevalência de excesso de peso e obesidade em mulheres em idade fértil é

um fator preocupante, principalmente na gestação, pois a inadequação do estado

nutricional da mulher, tanto pré-gestacional quanto gestacional, contribui para a

ocorrência de complicações gestacionais e favorece o aumento do risco de desfechos

obstétricos negativos, provocando assim sérios prejuízos à saúde da mãe e do concepto,

durante a gestação e após o parto (PADILHA et al. 2007).

De acordo com o estudo de Nucci et al. (2001a) realizado em seis capitais

brasileiras, avaliando a associação entre o estado nutricional materno pré-gestacional e o

risco de complicações gestacionais em gestantes maiores de 20 anos atendidas em

serviços de pré-natal geral do Sistema Único de Saúde (SUS), verificaram que mulheres

obesas apresentam risco duas vezes maior de desenvolver Diabetes Mellitus Gestacional

(DMG) em relação às com IMC adequado.

Hedderson et al. (2010) identificaram associação entre ganho de peso

gestacional excessivo durante o primeiro trimestre e aumento do risco de desenvolver

DMG, sendo essa relação encontrada mais fortemente entre mulheres com sobrepeso.

Além disso, esta pesquisa mostrou que gestantes que ultrapassaram o ganho de peso

recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentaram 50% de

aumento no risco de desenvolver DMG em relação às gestantes que ganharam peso

dentro ou abaixo da faixa recomendada.

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Desse modo, percebe-se que o sobrepeso e a obesidade antes da gravidez e o

ganho de peso gestacional excessivo estão associados ao aumento do risco de

desenvolvimento de DMG (CIDADE et al., 2011).

O DMG é um problema metabólico muito frequente na gestação, sendo definido

como qualquer nível de intolerância a carboidratos que resulte em hiperglicemia de

intensidade variável, iniciada ou diagnosticada durante a gravidez, podendo ou não

persistir após o parto, sendo que não se exclui a possibilidade da intolerância à glicose

ter antecedido ou iniciado concomitantemente à gestação (ADA, 2014).

O controle inadequado desta intercorrência gestacional está relacionado ao

elevado risco de morbimortalidade materna e perinatal. Dessa forma, o DMG constitui

uma das complicações gestacionais de grande importância para a saúde pública

(BOLOGNANI et al., 2011).

O acompanhamento nutricional tem sido um elemento fundamental no

tratamento do DMG, em razão da avaliação do estado nutricional materno juntamente

com as orientações nutricionais, favorecer o controle glicêmico e o ganho de peso

gestacional dentro das faixas de normalidade, diminuindo os riscos de complicações

para a mãe e o concepto (BARBOSA e REIS, 2012).

Portanto, é indispensável conhecer os fatores de risco associados ao DMG, pois

além de propiciar melhor compreensão acerca desta patologia, permite a identificação

precoce de mulheres em situação de risco e a instituição de intervenções adequadas,

proporcionando assim a prevenção de complicações e de outros eventos desfavoráveis

durante e após a gravidez (BRASIL, 2012).

Page 11: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

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1. REVISÃO DE LITERATURA

A gestação é um período de extrema importância na vida da mulher e que

demanda atenção especial, em razão de ser uma fase caracterizada por profundas

alterações fisiológicas, como a expansão do volume sanguíneo, modificações

cardiovasculares, distúrbios gastrintestinais e variação da função renal, e também por

mudanças bioquímicas que se manifestam através das alterações de proteínas totais,

lipídeos plasmáticos, ferro sérico, entre outras (BERTIN et al., 2006).

Desse modo, a gravidez provoca intensas modificações no metabolismo

materno, como o aumento das necessidades nutricionais que irá propiciar o adequado

crescimento e desenvolvimento fetal (LUCYK e FURUMOTO, 2008).

Portanto, o atendimento adequado às demandas nutricionais maternas favorece

um ganho de peso gestacional dentro das faixas de normalidade, o que poderá contribuir

para um bom prognóstico da saúde materno-fetal (DEMÉTRIO, 2010).

Na maioria dos casos, o andamento da gestação ocorre de maneira adequada sem

complicações, porém há uma fração pequena de gestantes que, por causas específicas,

possuem maiores chances de apresentar uma gravidez com evolução desfavorável,

sendo assim denominadas “gestantes de alto risco” (BRASIL, 2012). A gestação de alto

risco é a gravidez que apresenta maior probabilidade de morbimortalidade materna e

neonatal que a habitual (BRASIL, 2012).

Segundo o estudo de Nucci et al. (2001 b) realizado com gestantes maiores de 20

anos, entre 20 e 28 semanas de gestação, atendidas em serviços de pré-natal geral do

SUS, foi identificada a alta prevalência pré-gestacional de sobrepeso e obesidade,

totalizando 28%, em comparação com o baixo peso, que foi estimado em torno de 6%.

Já o ganho de peso excessivo foi de 29%, sendo elevado particularmente nas mulheres

com excesso de peso. Resultados semelhantes foram encontrados em estudo de Vítolo et

al. (2011) em que 28% das gestantes apresentavam excesso de peso e 4,1% baixo peso.

Nota-se assim que mulheres brasileiras em idade reprodutiva apresentam

elevada prevalência de sobrepeso e obesidade o que representa uma situação de alto

Page 12: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

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risco gestacional, pois esses desvios ponderais pré-gestacionais favorecem o

desenvolvimento de diversas complicações gestacionais, influenciando assim

negativamente, a saúde materna e fetal durante a gestação e o pós-parto (CIDADE et al.,

2011).

O ganho de peso gestacional excessivo é outro fator que propicia resultados

obstétricos desfavoráveis e que tem colaborado para o aumento da prevalência de

obesidade (SEABRA et al., 2011).

Kim et al. (2010) verificaram que o índice de massa corporal (IMC) pré-

gestacional elevado (25 kg/m2 ou acima) está associado ao aumento do risco de

desenvolvimento do DMG. Além disso, constataram que a porcentagem de DMG

atribuível ao sobrepeso e à obesidade foi de 46,2% e concluíram assim, que quase a

metade dos casos de DMG poderiam ser evitados pela adequação do peso pré-

gestacional.

Corroborando com esse estudo, Chu et al. (2007) através de uma meta-análise

identificaram que o risco de DMG aumenta consideravelmente de acordo com o

aumento do IMC materno, sendo o risco cerca de dois, quatro e oito vezes maior entre

mulheres com sobrepeso, obesidade e obesidade grave, respectivamente, em relação às

com IMC normal. E, também, Dode e Santos (2009) mostraram que gestantes com

obesidade pré-gestacional apresentaram risco duas vezes e meia maior para o

acometimento de DMG, em comparação às gestantes com menor IMC.

A partir desses estudos, percebe-se que o excesso de peso antes do período

gestacional relaciona-se ao elevado risco de desenvolvimento de DMG. Essa associação

é atribuída à resistência insulínica, que é mais frequente entre mulheres com sobrepeso e

obesidade, combinada à incapacidade do pâncreas em responder à necessidade

aumentada de produção e secreção desse hormônio durante o período gestacional

(BOLOGNANI et al., 2011).

O DMG refere-se ao quadro de hiperglicemia materna de intensidade variável

resultante de qualquer nível de intolerância a carboidratos iniciada ou diagnosticada

durante a gestação (ADA, 2014). Sua prevalência varia de 1 a 14%, dependendo da

população estudada e dos critérios diagnósticos utilizados, sendo que em média 7% de

todas as gestações são acometidas pelo DMG, resultando em mais de 200.000 casos

anualmente (ADA, 2014).

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Nos Estados Unidos, a prevalência é de 3,3% a 6,1%, nas populações de alto

risco (SBEM, 2008). Já no Brasil a prevalência de DMG é de 7,6% entre as gestantes

com mais de 20 anos atendidas em serviços de pré-natal do SUS (BRASIL, 2012).

A fisiopatologia do DMG é explicada pelo estresse fisiológico imposto pela

gravidez, a fatores predeterminantes (genéticos ou ambientais), e a elevação de

hormônios anti-insulínicos produzidos pela placenta, tais como lactogênio placentário,

progesterona, estrogênio e cortisol, os quais atuam antagonizando a ação da insulina,

diminuindo assim sua sensibilidade em células, tecidos e órgãos maternos, para garantir

um aporte adequado de glicose para o feto. Desse modo, o pâncreas materno

consequentemente, aumenta a produção e secreção de insulina para compensar este

quadro de resistência à sua ação (SBEM, 2008).

Porém, em algumas gestações percebe-se a incapacidade do pâncreas em

responder a essa necessidade aumentada de produção de insulina, acarretando assim o

quadro de hiperglicemia materna de graus variáveis, caracterizando o DMG

(FEBRASGO, 2011).

O DMG é uma das intercorrências de alto risco gestacional, pois seu controle

inadequado favorece o aumento do risco de várias complicações durante a gravidez,

podendo acarretar impactos danosos à saúde da mãe e do filho (SBEM, 2008).

Em relação à gestante, o DMG pode elevar a incidência de ruptura prematura de

membranas e de parto pré-termo, como também favorece a ocorrência de síndrome

hipertensiva e pré-eclâmpsia na gravidez atual, além de aumentar o risco de

desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e de tolerância diminuída a

carboidratos no futuro (SBEM, 2008).

Para o feto, a macrossomia (peso ao nascer maior que 4.000g) é uma das

intercorrências clínicas mais comuns e preocupantes do DMG que pode desencadear

outras complicações durante o parto, como o tocotraumatismo, a asfixia e a distócia de

ombro, aumentando o risco de parto cirúrgico (SILVA et al., 2009). Já o recém-nascido

de mães com DMG pode apresentar malformações congênitas, hipoglicemia neonatal,

icterícia e desconforto respiratório, além do risco aumentado de desenvolver obesidade

infantil e síndrome metabólica (SM) na vida adulta (BOLOGNANI et al., 2011).

Portanto, o DMG pode contribuir para o contínuo aumento de diabetes e obesidade

(FERRARA, 2007).

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12

Diante dos diversos riscos que o DMG pode acarretar para a mãe e o feto, é

essencial que a assistência ao pré-natal seja adequada, com diagnóstico precoce e

estabelecimento de tratamento oportuno, favorecendo assim a prevenção ou redução do

risco de complicações para a mãe e o feto, durante e após a gestação (BRASIL, 2012).

Desse modo, a avaliação do estado nutricional materno é essencial na assistência

ao pré-natal para prevenção e controle de agravos à saúde do binômio mãe-filho, pois

possibilita a identificação de mulheres em situação de risco nutricional no início da

gravidez e a detecção das gestantes com ganho de peso inadequado para a idade

gestacional, colaborando assim para a determinação de intervenções adequadas

(BRASIL, 2006).

Na avaliação do estado nutricional materno devem ser aplicados “os indicadores

antropométricos, bioquímicos, dietéticos, clínicos e funcionais” (PADILHA et al.,

2010).

Contudo, os indicadores antropométricos são os mais utilizados na avaliação

nutricional de gestantes, devido a sua simplicidade, padronização, facilidade de

aplicação, além de ser um método de baixo custo e não invasivo (BRASIL, 2011).

Segundo a recomendação do Ministério da Saúde (2011), a avaliação

antropométrica deve ser realizada no início da gestação pelo cálculo do Índice de Massa

Corporal (IMC) pré-gestacional, pois dessa forma permite classificar o estado

nutricional inicial da gestante em baixo peso (IMC ≤ 18,4 kg/m2), peso adequado (IMC

18,5-24,9 kg/m2), sobrepeso (IMC 25-29,9 kg/m2) e obesidade (IMC ≥ 30,0 kg/m2) e

assim determinar o ganho de peso adequado para cada categoria até o final da gestação,

o que proporcionará o andamento favorável da gestação, a promoção do estado

nutricional materno e um desfecho gravídico satisfatório com nascimento de crianças

saudáveis (BRASIL, 2011).

Do ponto de vista nutricional, entre os principais exames bioquímicos pré- natais

a serem monitorados incluem a dosagem de hemoglobina (Hb) e níveis de hematócrito

(Ht) os quais podem indicar a presença de anemia (BONFIM, 2014).

O diagnóstico do DMG envolve duas fases distintas: rastreamento e confirmação

diagnóstica, sendo que na literatura atual ainda não há consenso sobre os critérios e

testes utilizados para o rastreamento e diagnóstico do DMG (FEBRASGO, 2011).

De acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde (2012), o rastreamento

deve ser realizado durante o pré-natal no início da gravidez, antes de 20a semana, por

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13

meio do teste de glicemia de jejum (GJ) e a partir da anamnese para a identificação dos

fatores de risco (FR) associados a esta intercorrência gestacional. Desse modo, o

reconhecimento dos fatores de risco é essencial na composição do diagnóstico para o

DMG (SBEM, 2008).

Vários são os fatores de risco associados ao desenvolvimento do DMG, dentre

eles destacam-se: idade materna acima de 35 anos, sobrepeso, obesidade ou ganho de

peso excessivo na gestação atual, deposição central excessiva de gordura corporal, baixa

estatura (<1,50 m), antecedentes obstétricos (abortamentos de repetição, malformações,

morte fetal ou neonatal, macrossomia ou DMG), síndrome de ovário policístico,

histórico familiar de diabetes em parentes de primeiro grau, crescimento fetal excessivo,

polidrâmnio, hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual (BRASIL, 2012).

Assim, conforme o recomendado pelo Ministério da Saúde (2012) as gestantes

que apresentarem GJ igual ou superior a 85mg/dL associada ou não a FR e aquelas que

tiverem GJ menor que 85mg/dL, mas apresentarem FR associados ao DMG são

consideradas com rastreamento positivo. As gestantes que apresentarem GJ igual ou

superior a 126mg/dL devem repetir o exame de glicemia em jejum imediatamente e, se

o resultado for novamente GJ igual ou superior a 126mg/dL recebem a confirmação do

diagnóstico de DMG, sem necessidade de teste de tolerância (BRASIL, 2012).

A confirmação diagnóstica deve ser realizada em todas as gestantes, entre a 24ª e

a 28ª semanas de gestação, pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG 75g 2h) que

é feito após a ingestão de 75g de glicose anidra em 250 – 300 ml de água, depois de um

período de jejum entre 8 a 14 horas. Assim, aquelas que apresentarem dois ou mais

valores iguais ou superiores a 95, 180 e 155 mg/dL de glicose plasmática,

respectivamente, para jejum, 1 e 2 horas após o teste, confirmam o diagnóstico de

DMG. No caso de um único valor alterado, recomenda-se que na 34ª semana de

gestação seja realizada a repetição do TOTG 75g 2h (BRASIL, 2012).

O controle glicêmico é fundamental no tratamento do DMG, o qual pode ser

obtido através da dieta, de atividade física e de insulinoterapia (BRASIL, 2006).

A insulinoterapia é recomendada somente nos seguintes casos: se após duas

semanas de adoção de tratamento dietético a glicemia permanecer elevada (jejum ≥ 95

mg/dL e 1 hora pós-prandial ≥140 mg/dL, ou 2 horas pós-prandiais ≥ 120 mg/dL) e

quando na ecografia, a medida da circunferência abdominal fetal for igual ou superior

ao percentil 75 entre a 29 a e a 33 a semana de gestação (SBD, 2015).

Page 16: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

14

Sabe-se que o tratamento dietético a partir de orientações nutricionais constitui a

base para o controle do DMG. Esse tratamento permite que a gestante tenha uma

alimentação equilibrada e apropriada à sua condição clínica, contribuindo para o

atendimento adequado das necessidades nutricionais maternas ao longo do período

gestacional, o que reflete no controle glicêmico e no ganho de peso gestacional dentro

das faixas de normalidade. Como consequência, favorece a prevenção ou redução dos

riscos de complicações do DMG tanto para a mãe como para o feto, durante a gestação

e o pós-parto (BARBOSA e REIS, 2012).

O Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de

Mato Grosso (UFMT), localizado em Cuiabá-MT é conveniado ao Sistema Único de

Saúde (SUS) e recebe pacientes não só da capital, como de todos os municípios do

estado de Mato Grosso e de alguns estados da região Norte. Nesta unidade de saúde são

desenvolvidos atendimentos ambulatoriais direcionados a gestantes de alto risco,

incluindo portadoras de DMG.

Portanto, quando as gestantes são diagnosticadas com diabetes mellitus

gestacional durante a realização do pré-natal nas Unidades Básicas de Saúde, elas são

classificadas como gestantes de alto risco e são encaminhadas ao HUJM para o

acompanhamento adequado, tanto do ponto de vista clínico, como nutricional e

psicológico, para evitar complicações futuras tanto para a mãe como para o filho.

Page 17: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

15

2. OBJETIVOS

3.1. GERAL

Avaliar a evolução nutricional e os fatores de risco associados ao Diabetes

Mellitus Gestacional de gestantes em atendimento ambulatorial.

3.2. ESPECÍFICOS

- Determinar o estado nutricional e sua evolução em mulheres com DMG incluídas no

estudo segundo o índice de massa corporal (IMC).

- Analisar os exames laboratoriais e bioquímicos realizados pelas gestantes.

- Verificar o perfil glicêmico do grupo de gestantes envolvidas no estudo.

- Identificar os fatores de risco associados à ocorrência de DMG nas gestantes

estudadas.

Page 18: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

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3. CASUÍSTICA E MÉTODOS

O presente estudo tratou-se de uma pesquisa transversal e descritiva, realizado

com gestantes portadoras de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), atendidas no

serviço de ambulatório de pré-natal de diabetes gestacional do Hospital Universitário

Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), localizado na

cidade de Cuiabá, Mato Grosso.

A pesquisa foi feita através da coleta de dados de prontuários de 67 gestantes

com DMG que realizaram pré-natal durante o período de Janeiro a Dezembro de 2014.

Os dados foram coletados através de um formulário elaborado especialmente para este

estudo (Apêndice A).

Foram incluídas no estudo as gestantes com DMG que passaram por todas as

etapas de avaliação exigidas no serviço, cujos prontuários apresentaram dados

suficientes para a avaliação da evolução nutricional e a identificação dos fatores de risco

associados ao DMG. Foram excluídas as gestantes com dados insuficientes nos

prontuários e com idade inferior 20 anos.

Para a caracterização sociodemográfica foram coletadas as seguintes variáveis:

idade cronológica (definida em anos completos), naturalidade, estado conjugal e local

de residência.

A avaliação da evolução nutricional foi feita a partir da coleta dos seguintes

dados: idade gestacional, peso pré-gestacional e gestacional, estatura, índice de massa

corporal (IMC) pré-gestacional e gestacional e ganho de peso durante a gestação,

segundo BRASIL (2011).

Na avaliação do estado nutricional inicial das gestantes foi calculado o IMC pré-

gestacional, o qual associa o peso pré-gestacional em quilogramas ao quadrado da

estatura (m2), segundo as recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).

Assim, a classificação do estado nutricional das gestantes (baixo peso, peso

adequado, sobrepeso e obesidade) foi realizada em função do IMC, utilizando-se os

Page 19: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

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pontos de corte por semana gestacional adotado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,

2011), conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Avaliação do estado nutricional da gestante segundo o índice de massa

corporal por semana gestacional.

Fonte: BRASIL (2011). Adaptado de Atalah et al. (1997).

Page 20: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

18

A evolução do estado nutricional foi avaliada por meio do ganho de peso durante

a gestação e analisada em três períodos: no primeiro trimestre, na consulta intermediária

e na última consulta anterior ao parto.

O ganho de peso gestacional total foi calculado de acordo com o critério adotado

pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2012), por meio da subtração do peso pré-

gestacional do peso pré-parto, ou do peso registrado na última consulta do pré-natal.

Desse modo, foi avaliado se o ganho de peso obtido durante a gestação estava

adequado em relação ao estado nutricional pré-gestacional. Para isso foram utilizadas as

faixas de ganho de peso (Kg) segundo o estado nutricional inicial, recomendadas pelo

Ministério da Saúde (BRASIL, 2011), apresentado no Quadro 2.

Quadro 2 - Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação, segundo o estado

nutricional inicial.

Fonte: BRASIL (2011). Adaptado do Institute of Medicine (1990) e World Health

Organization (1995).

Para a avaliação glicêmica foram coletados dados de glicemia de jejum e pós-

prandial, do perfil glicêmico e de hemoglobina glicosilada (HbA1c) realizados no início

e no termino da gravidez, que foram analisados conforme parâmetros recomendados

pela SBD (2015).

O controle glicêmico foi considerado bom quando: glicemia de jejum ≤ 95

mg/dL e glicemia pós-prandial ≤ 120 mg/dL e o valor de referência para HbA1c ≤ 6,5%

(SBD, 2015).

Para a avaliação bioquímica foram coletados os resultados das concentrações

séricas de hemoglobina, hematócrito e do perfil lipídico realizados no início e no

termino da gravidez.

A comparação dos resultados das análises das concentrações séricas de

hemoglobina e hematócrito foi realizada de acordo com os valores de referência

Page 21: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

19

adotados pelo Ministério da Saúde (2006) e segundo Vitolo (2003), respectivamente.

Foram considerados valores normais para hemoglobina ≥ 11 g/dL (ausência de anemia)

e para hematócrito valores entre 33% e 44%.

Para comparar os resultados do perfil lipídico foram utilizados os valores de

referência adotados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) em sua V Diretriz

Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013), conforme Quadro 3,

sendo que para mulheres os valores de HDL-c menores que 50 mg/dL são considerados

baixos (SBC, 2013).

.

Quadro 3 - Valores referenciais do perfil lipídico para adultos maiores

de 20 anos.

Fonte: SBC (2013).

Para a identificação dos fatores de risco associados ao DMG, além da avaliação

do estado nutricional e da evolução do ganho de peso, foram analisadas outras variáveis

maternas e gestacionais, tais como: histórico familiar de diabetes mellitus em parentesco

de primeiro grau, crescimento fetal excessivo, hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia na

Page 22: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

20

gravidez atual, tipo e idade gestacional do parto e antecedentes obstétricos (número de

gestações, DMG, hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia, abortos de repetição, morte fetal

ou neonatal, filhos macrossômicos).

Além disso, foram coletados dados referentes à assistência pré-natal (PN): idade

gestacional na qual se obteve o diagnóstico do DMG e se houve assistência nutricional

no pré-natal (ANPN).

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital

Universitário Júlio Muller (HUJM), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),

através da Plataforma Brasil, com nº CAAE 47489315.8.0000.5541, em 30/07/2015,

como recomenda a resolução do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa Nº 466, de 12

de dezembro de 2012.

A entrada de dados foi realizada utilizando-se o programa EPI-INFO versão

7.1.4., sendo os mesmos posteriormente transferidos para o programa Excel 6.0. pacote

Office da Microsoft e, depois exportados para o programa Statistical Package for Social

Science (SPSS), versão 23.0 para Windows.

A análise estatística descritiva compreendeu os cálculos de frequências absolutas

(n) e relativas (%) para as variáveis qualitativas e os cálculos de medidas de tendência

central (média) e de dispersão (desvio padrão) para as variáveis quantitativas.

Foi aplicado o teste de Kruskal Wallis para verificar associação entre os exames

laboratoriais e bioquímicos maternos feitos ao final da gravidez com o estado

nutricional pré-gestacional.

Enquanto, o teste de qui-quadrado (χ2) foi utilizado para analisar a associação

entre as variáveis categóricas.

Em todas as análises foi adotado o intervalo de confiança a 95% e nível de

significância estatística de 5% (p<0,05).

Page 23: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

21

4. RESULTADOS

De acordo com as características sociodemográficas das 67 gestantes com DMG

avaliadas no estudo, verificou-se que a maioria possuía a faixa etária igual ou maior que

31 anos, eram casadas, procedentes e naturais de Cuiabá –MT e a maior parte referiu ter

profissão do lar.

Tabela 1. Distribuição de gestantes com DMG segundo variáveis sociodemográficas.

Hospital Universitário Júlio Muller- HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.

Variáveis N %

Faixa Etária (em anos)

20 – 30 25 37,33

> 31 42 62,70

Estado Civil

Casada 51 76,12

Solteiro 2 2,99

União Estável 14 20,90

Profissão

Do lar 26 41,94

Outras 36 58,06

Procedência

Cuiabá-MT 61 91,04

Interior de MT 06 8,96

Naturalidade

Cuiabá-MT 35 52,24

Interior de MT 18 26,87

Outros Estados 14 20,90

Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %); N= 67. Profissão N= 62.

Page 24: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

22

Em relação ao estado nutricional pré-gestacional, verificou-se que a maioria das

gestantes (77,61%) encontrava-se com excesso de peso, sendo que destas, 47,76%

apresentaram obesidade e 29,85% sobrepeso (Figura 1). Na mesma figura, observou-se

que durante o decorrer da gestação a condição nutricional de maior predomínio foi a

obesidade, correspondendo a 64,52% no 1º trimestre, 57,14% no 2º e 52,2% ao término

da gravidez.

Figura1- Evolução do estado nutricional de gestantes com DMG segundo o IMC.

Hospital Universitário Júlio Muller- HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014. Dados expressos

em valores relativos (%).

Com relação ao ganho ponderal observou-se que isso ocorreu em cerca de 90%

das gestantes. Quanto à adequação desse ganho durante a gestação verificou-se que,

embora tenha sido adequado em 45% das gestantes, em 38,33% o ganho de peso foi

excessivo e em 16,67% foi abaixo do recomendado (Tabela 2).

Page 25: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

23

Tabela 2. Distribuição de gestantes com DMG segundo adequação do ganho ponderal

gestacional. Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.

Variáveis N %

Ganho de peso

Sim 60 89,55

Não 07 10,45

Adequação do ganho ponderal

Insuficiente 10 16,67

Adequado 27 45,00

Excessivo 23 38,33

Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %). Ganho de peso (N=67).

Adequação do ganho ponderal (N=60).

A avaliação dos fatores de risco associados à ocorrência de DMG no grupo

estudado mostrou que a idade acima de 31 anos (62,70%), o histórico de diabetes

mellitus em parentes de 1º grau (62,69%), seguidos do maior número de gestações

(multigestas: 57,58%) e ganho de peso gestacional excessivo (38,33%), foram os fatores

que mais contribuíram para essa ocorrência (Tabela 3).

Page 26: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

24

Tabela 3. Distribuição de gestantes avaliadas segundo identificação de fatores de risco

associados ao DMG. Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM/UFMT, Cuiabá-MT,

2014.

Variáveis N %

Histórico de DM em parentes de 1º grau 42 62,69

Ganho de peso gestacional excessivo 23 38,33

Hipertensão ou pré-eclampsia 12 17,91

Antecedentes obstétricos:

Aborto espontâneo 21 31,34

Número de gestações

Primigesta 12 18,18

Secundigesta 16 24,24

Multigesta 39 57,58

DMG 17 25,37

Hipertensão ou pré-eclampsia 12 17,91

Macrossomia 10 14,93

Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %); N= 67. DM=Diabetes

Mellitus.

A maior parte das gestantes obteve o diagnóstico de DMG a partir da 24a semana

de gestação (62,7%), sendo que cerca de 30% fizeram uso de insulina durante o período

gestacional (Tabela 4). O uso de insulina se deu na maioria (63,2%), a partir da 27ª

semana de gestação (dados não mostrados).

Na mesma tabela pode ser observado que, com relação ao tipo de parto, a

maioria necessitou de cesariana (73,13%) e 97,01% completaram a idade gestacional

adequada.

Page 27: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

25

Tabela 4. Distribuição de gestantes com DMG segundo características clínicas.

Hospital Universitário Júlio Muller-HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.

Variáveis N %

IG em confirmação diagnóstica de DMG

≤ 23 semanas 25 37,30

≥24 semanas 42 62,70

Condições do Parto:

Tipo

Normal 18 26,87

Cesárea 49 73,13

IG

Pré-termo 2 2,99

A termo 65 97,01

Uso de Insulina 20 29,85

Dados expressos em valores absolutos e relativos (N e %); (N=67). IG=Idade

Gestacional.

Na Tabela 5 observa-se que os resultados dos exames laboratoriais e

bioquímicos realizados no início e no término da gestação apresentaram-se dentro dos

valores de normalidade, com exceção de alguns componentes do perfil lipídico, em que

foi verificado segundo os valores de referência adotados pela SBC (2013) que o valor

médio de colesterol total apresentou-se dentro de valores limítrofes, as concentrações

séricas de triglicerídeos encontraram-se elevadas, enquanto o valor médio de HDL-c

encontrou-se levemente inferior ao ponto de corte.

Page 28: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

26

Tabela 5. Análises laboratoriais e bioquímicas de gestantes com DMG no início e no

final da gravidez. Hospital Universitário Júlio Muller - HUJM/UFMT, Cuiabá-MT,

2014.

Variáveis N Média Inicial±DP N Média Final±DP

Hemoglobina 38 12,36±1,18 39 11,81±0,90

Hematócrito 37 37,42±3,82 36 35,11±03,17

Triglicerídeos _ _ 25 208,92±76,55

LDL-c _ _ 25 124,02±36,97

HDL-c _ _ 25 49,84±9,78

Colesterol Total _ _ 25 207,24±45,13

Glicemia de jejum 26 85,54±9,07 63 80,25±09,69

Glicemia pós prandial 26 93,65±17,60 63 99,65±19,70

HbA1c % 18 5,39±0,76 47 6,23±0,83

Dados expressos em Média±DP; DP= Desvio Padrão da Média; LDL-c= colesterol de

lipoproteína de baixa densidade; HDL-c = colesterol de lipoproteína de alta densidade;

HbA1c %= Hemoglobina Glicada.

A Tabela 6 relaciona os exames laboratoriais e bioquímicos realizados pelas

gestantes no final da gravidez com o estado nutricional pré-gestacional, onde verificou-

se que quanto maior o IMC pré-gestacional, mais elevados foram os valores de glicemia

de jejum e, mais reduzidas as concentrações séricas de HDL-c.

Page 29: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

27

Tabela 6 – Relação dos exames laboratoriais e bioquímicos de gestantes com DMG ao

final da gravidez com o estado nutricional pré-gestacional. Hospital Universitário Júlio

Muller - HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.

Variáveis Adequado

Média±DP

Sobrepeso

Média±DP

Obesidade

Média±DP

P valor

Hemoglobina

(N= 39)

11,69±1,15 11,80±0,62 13,10±05,68 0,924

Hematócrito

(N= 36)

34,12±4,25 35,15±02,01 34,11±06,20 0,725

Triglicerídeos

(N= 25)

172,33±49,5 227,83±91,79 208,69±102,6 0,652

LDL-c

(N= 25)

117,0±19,67 125,03±37,29 122,62±41,05 0,72

HDL-c

(N= 25)

62,67±8,38 54,20±09,31 45,81±07,54 0,015*

Colesterol Total

(N= 25)

214,33±33,08 228,5±59,73 197,94±40,50 0,277

Glicemia de jejum

(N= 63)

74,73±5,88 80,78±08,41 82,70±10,96 0,013*

Glicemia pós prandial

(N= 63)

91,60±20,75 101,44±20,41 102,6±18,24 0,152

HbA1c %

(N= 47)

6,22±0,84 6,36±0,71 6,15±0,91 0,405

Dados expressos em Média±DP; DP= Desvio Padrão da Média; Teste de Kruskal

Wallis; *p<0,05; LDL-c= colesterol de lipoproteína de baixa densidade; HDL-c =

colesterol de lipoproteína de alta densidade; HbA1c %= Hemoglobina Glicada.

A Tabela 7 mostra os valores do perfil glicêmico realizados pelas gestantes no

início e ao final da gravidez, onde pode ser observado que tanto os valores de glicemia

de jejum como os valores pós-prandiais estão de acordo com os padrões recomendados

pela SBD (2015).

Page 30: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

28

Tabela 7. Perfil glicêmico de gestantes com DMG realizado no início e no final da

gravidez. Hospital Universitário Júlio Muller - HUJM/UFMT, Cuiabá-MT, 2014.

Variáveis Média Inicial±DP

N=22

Média Final±DP

N=38

Glicemia de Jejum 89,50±8,79 84,63±8,19

2h após o Desjejum 113,82±22,48 104,53±19,36

2h após colação 79,50±20,99 72,74±12,27

2h após o almoço 103,23±14,29 99,66±15,00

2h após o lanche 98,14±17,34 93,63±14,84

2h após o jantar 110,73±21,22 105,74±17,43

2h após a ceia 96,77±14,90 97,26±12,02

Dados expressos em Média±DP; DP= Desvio Padrão da Média.

Page 31: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

29

5. DISCUSSÃO

O presente estudo verificou que a maioria das mulheres com DMG apresentaram

sobrepeso/obesidade tanto pré-gestacional quanto durante a evolução da gestação, sendo

que a obesidade foi desde o início até o término da gravidez a condição nutricional

predominante.

Resultado semelhante foi encontrado no estudo de Nogueira et al. (2011) que

acompanhou a evolução nutricional de gestantes com DMG em Minas Gerais, onde

também se verificou que a obesidade foi o estado nutricional de maior preponderância,

correspondendo a 35% no período pré-gestacional e se elevando para 65% ao final da

gestação.

Dode e Santos (2009), em estudo realizado com mulheres brasileiras residentes

na cidade de Pelotas-RS, demonstraram a associação entre o estado nutricional materno

de obesidade prévia com o risco de intercorrências gestacionais, como o DMG, sendo

isso corroborado nos estudos de Nucci et al. (2001a), Hedderson et al. (2010) e Kim et

al. (2010) que relacionaram o aumento da incidência de DMG em mulheres obesas.

Tal associação é atribuída à resistência insulínica, mais frequente entre as

obesas, combinada com a deficiente secreção deste hormônio durante a gestação

(BOLOGNANI et al., 2011).

O controle do ganho de peso durante a gestação é de suma importante para o

sucesso do desfecho obstétrico, propiciando a prevenção de agravos à saúde do binômio

mãe-filho (BRASIL, 2011 e MAGALHÃES et al., 2015).

Apesar da maioria das gestantes incluídas neste estudo apresentarem ganho

ponderal adequado, observou-se que um percentual expressivo (38,33%) apresentou

ganho de peso acima do recomendado. Na pesquisa realizada por Oliveira e Graciliano

(2015) verificou-se que a maioria das gestantes com DMG (45%) apresentaram ganho

de peso excessivo.

Conforme Ovesen et al. (2011), esses resultados são preocupantes, uma vez que

o excesso de peso materno no período periconcepcional e durante a gestação, bem como

Page 32: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

30

o ganho ponderal gestacional excessivo, são fatores relacionados diretamente à

ocorrência de complicações perinatais e desfechos obstétricos negativos.

Desse modo, contribuem significativamente na elevação da ocorrência de partos

operatórios e no aumento do risco de resultados perinatais desfavoráveis, tais como

maior prevalência de macrossomia fetal, desproporção céfalo-pélvica, trauma, asfixia e

morte perinatal (SIMMONS et al., 2011).

Segundo Andreto et al. (2006) o ganho ponderal excessivo durante a gestação

está relacionado ao elevado risco de DMG e síndromes hipertensivas da gravidez. Nast

et al. (2013), associam o ganho ponderal excessivo à maior ocorrência de retenção de

peso pós-parto, o que pode acarretar sérios prejuízos na saúde da mãe e do concepto

durante a gestação como no decorrer de toda a vida.

De acordo com Brasil (2012) as mulheres diagnosticadas com DMG apresentam

uma gestação de alto risco que exige uma atenção especial, em razão da hiperglicemia

durante a gravidez estar associada a diversas complicações materna e perinatal.

Diante dos inúmeros danos que essa intercorrência gestacional pode acarretar

para a saúde da mãe e do concepto, é fundamental o conhecimento dos fatores de risco

associados ao DMG, o que permite durante a assistência ao pré-natal um diagnóstico

precoce da doença com adoção de medidas terapêuticas em tempo oportuno, reduzindo

assim o risco de complicações (FARRIS, 2012).

Os fatores de risco associados ao DMG mais frequentes entre as gestantes

incluídas neste estudo foram o histórico de diabetes mellitus em parentes de 1º grau,

maior número de gestações (3 ou mais gestações) e o ganho de peso gestacional

excessivo.

Montenegro et al. (2001) e Nogueira et al. (2011) também identificaram na

maioria das gestantes com DMG avaliadas em seus estudos, a presença de histórico

familiar de diabetes mellitus, sendo 55,2 % e 65%, respectivamente.

Em relação ao número de gestações, no estudo de Massucatti et al. (2012) que

verificou a prevalência de DMG em pacientes atendidas durante o pré-natal nas

Unidades de Saúde Básica de Vitória-ES, foi encontrado resultado semelhante, sendo

que 56,6% apresentaram 3 ou mais gestações. O resultado obtido no presente estudo,

aliado ao relato encontrado, reforçam que o maior número de gestações aumenta a

chance de desenvolver DMG.

Segundo Queiroz et al. (2016) além da história familiar de diabetes mellitus e o

Page 33: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

31

IMC elevado, a idade materna elevada compõem os fatores de risco clássicos para o

DMG.

O Ministério da Saúde (Brasil, 2012) e SBD (2015) concordam que a idade

materna acima de 35 anos está entre os principais fatores de risco associados ao

desenvolvimento do DMG. O presente estudo mostrou que a maioria dos casos de DMG

ocorreu em mulheres com mais de 31 anos de idade. Resultado similar foi verificado

por Massucatti et al. (2012), onde a maior parte das gestantes estudadas tinham idade

acima de 31 anos (61%).

Dode e Santos (2009) observaram que além do sobrepeso e obesidade pré-

gestacional, a história familiar de diabetes mellitus, a idade elevada também foi um dos

fatores de risco para o DMG, mostrando que mulheres com idade acima de 35 anos

apresentaram seis vezes mais chance de desenvolver DMG, em comparação com as

adolescentes, reforçando assim o fator idade elevada como risco para a doença.

Com relação aos tipos de parto, percebeu-se que a maioria das gestantes com

DMG necessitou de cesariana (73,13%). Conforme estudos de Chu et al. (2007b) e

Ovesen et al. (2011), o aumento de partos por cesárea é uma das principais

intercorrências do DMG e das gestações complicadas pela obesidade, sendo as

indicações associadas especialmente à macrossomia fetal e ao decorrente temor aos

tocotraumatismos (lesão de plexo braquial, fratura de clavícula, distócia de ombro e

lacerações do canal de parto).

A maior parte das gestantes com DMG no presente estudo completaram a idade

gestacional adequada. Resultados concordantes foram verificados no estudo de Reis et

al. (2011) que avaliaram o perfil nutricional materno relacionado a marcadores da

síndrome metabólica e do controle glicêmico no DMG, em Brasilia-DF, no qual a maior

parte das gestações (92,5%) também foi a termo. Já em pesquisas relatadas por HAPO

(2008) e Simmons et al. (2011) os resultados foram discordantes, mostrando que a

prematuridade está entre as complicações mais frequentes associadas ao DMG.

No presente estudo a maior parte das gestantes obteve o diagnóstico de DMG a

partir da 24ª semana de gestação (62,7%). Nogueira et al. (2011) relataram que cerca de

85,5 % das gestantes tiveram o diagnóstico de DMG no 3º trimestre de gestação.

De acordo com Febrasgo (2011) isso ocorre porque a partir da 24º semana e até

o final da gestação modifica-se a tendência materna de anabolismo para catabolismo,

visando atender às crescentes necessidades fetais. Desse modo, a placenta aumenta

Page 34: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

32

substancialmente a sua produção de hormônios hiperglicemiantes, acarretando o

aumento da resistência periférica à insulina, hiperinsulinismo, diminuição da reserva de

glicogênio e gordura e aumento da gliconeogênese. Assim, eleva-se rapidamente a

glicemia e, como consequência, as necessidades de insulina, e as gestantes que não têm

reserva pancreática adequada desse hormônio desenvolvem o quadro de diabetes

(PADILHA et al., 2010).

Por essa razão o Ministério da Saúde durante o pré-natal recomenda que a

confirmação diagnóstica do DMG seja realizada entre a 24ª e a 28ª semana de gestação

(BRASIL, 2012).

O tratamento inicial do DMG consiste no controle dietético, atividade física e

acompanhamento dos níveis glicêmicos, o qual tem a finalidade de prover nutrição

materno-fetal adequada, obter um ganho ponderal dentro da normalidade e manter um

bom nível de glicemia (BARBOSA E REIS, 2012).

A partir da análise realizada dos exames de glicemia de jejum e pós prandial, do

perfil glicêmico e da HbA1c, observou-se que as gestantes apresentaram um bom

controle dos níveis de glicemia, segundo as recomendações da SBD (2015), sendo que a

maioria conseguiu manter o controle glicêmico somente com a dieta, sem necessitar do

uso de insulina durante a gestação.

Considera-se esse resultado bastante favorável, mostrando a importância de uma

equipe multidisciplinar, com ênfase no acompanhamento nutricional, em especial nas

gestações complicadas pelo DMG, garantindo assim um controle metabólico adequado,

o que propiciará desfechos obstétricos favoráveis (MUNIZ E REIS, 2013; VÍTOLO et

al., 2011).

De acordo com a SBD (2015) quando o controle glicêmico não ocorre com o

tratamento inicial, é indicado a insulinoterapia, considerada o tratamento farmacológico

padrão.

A necessidade de insulinoterapia durante a gestação ocorreu em cerca de 30,0%

das gestantes avaliadas, sendo que na maioria delas o início do uso da insulina ocorreu a

partir da 27ª semana de gestação. Detsch (2011) avaliou o perfil epidemiológico e a

evolução de mulheres com DMG no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do

Paraná e mostrou resultados concordantes em que 30,2% fizeram uso de insulina

durante o período gestacional, tendo início em média, na 29ª semana de gestação.

Em relação aos exames laboratoriais e bioquímicos, observou-se através da

Page 35: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

33

análise dos valores médios do hemograma, que as gestantes avaliadas não apresentaram

anemia. Entretanto, segundo Bonfim (2014) é importante enfatizar que uma alimentação

equilibrada nem sempre é suficiente para suprir as necessidades de ferro aumentadas

durante a gestação. Desse modo, o Ministério da Saúde preconiza a suplementação de

ferro a partir da 20ª semana de gestação (BRASIL, 2012).

De acordo com avaliação feita do perfil lipídico das gestantes com DMG ao final

da gestação, verificou-se que o valor médio de colesterol total apresentou-se dentro de

valores limítrofes, as concentrações séricas de triglicerídeos encontraram-se elevadas,

enquanto o valor médio de HDL-c encontrou-se levemente inferior ao ponto de corte.

A relação entre o IMC pré-gestacional com os exames laboratoriais e

bioquímicos, mostrou que quanto maior o IMC pré-gestacional, mais elevadas

encontravam-se as concentrações de glicose de jejum e mais reduzidas as concentrações

séricas de HDL-c.

Os resultados encontrados estão de acordo com estudo realizado por Callegari

(2014) que mostrou que o grupo de gestantes com sobrepeso/obesidade apresentou

níveis maiores de colesterol total, triglicerídeos, glicemia de jejum e, menores de HDL-

c em relação ao grupo de gestantes eutróficas, demonstrando que as gestantes com

obesidade possuem alterações metabólicas mais expressivas, o que as torna mais

propensas às complicações cardiometabólicas.

Essa associação pode ser explicada em razão da obesidade, em especial a

deposição de gordura na região abdominal estar diretamente relacionada ao tecido

adiposo visceral, o qual juntamente com a secreção de citocinas pró-inflamatórias,

contribui para a resistência insulínica, provocando assim alterações metabólicas

desfavoráveis, como a intolerância à glicose, hipertrigliceridemia, elevação do LDL-c e

diminuição do HDL-c (IKEOKA et al., 2010; KRAUSE et al., 2007; NEVES et al.,

2012).

Page 36: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

34

6. CONCLUSÃO

A maioria das gestantes com DMG do presente estudo apresentaram sobrepeso e

obesidade tanto pré-gravídico quanto durante a gestação, sendo a obesidade o estado

nutricional predominante desde o início até o final da gravidez. Além disso, observou-se

um percentual expressivo de gestantes que apresentaram ganho ponderal excessivo no

decorrer do período gestacional.

A avaliação dos fatores de risco associados ao DMG mostrou que a idade acima

de 31 anos, o histórico de diabetes mellitus em parentes de 1º grau, o maior número de

gestações e o ganho de peso gestacional excessivo, foram os fatores que mais

contribuíram para a ocorrência dessa doença.

Observa-se, portanto, a importância da avaliação do estado nutricional materno e

a identificação dos fatores de risco na assistência ao pré-natal para uma melhor

evolução nutricional e metabólica do DMG.

Page 37: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

35

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADA - AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classification of

diabetes mellitus. Diabetes Care, Alexandria, v. 37, p. 81-90, 2014. Supplement 1.

ANDRETO, L. M. et al. Fatores associados ao ganho ponderal excessivo em gestantes

atendidas em um serviço público de pré-natal na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 11, p. 2401-2409, 2006.

BARBOSA, V. L. P.; REIS, L. B. S. M. Acompanhamento nutricional na prevenção de

complicações perinatais em gestantes com diabetes mellitus. Com. Ciências Saúde,

Brasília, v. 23, n. 1, p. 73-80, 2012.

BATISTA FILHO, M., RISSIN, A. A transição nutricional no Brasil: tendências

regionais e temporais. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, p. 181-191, 2003.

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APÊNDICE A - Formulário para Coleta de Dados de Gestantes com DMG

Identificação:_______________ Nº do prontuário ________________

Dados Pessoais:

1- Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) união estável ( ) viúvo ( ) divorciado

2- Profissão:

3- Residente: ( ) Cuiabá-MT ( ) Interior___________ ( ) Outros Estados____________

4- Naturalidade: ( ) Cuiabá-MT ( ) Interior___________ ( ) Outros

Estados___________

Diagnóstico de DMG:

5- Foi confirmado através de que exame:

( ) Glicemia em jejum _________________

( ) Teste de tolerância à glicose __________________

( ) Glicemia em jejum e Teste de tolerância à glicose_______________

6- Em qual idade gestacional:____________

Características Biológicas e Nutricionais:

7- Idade (anos): Data de nascimento: _______________

8- Estatura (m):

9- Data do início da gravidez:

10- IMC pré - gestacional (Kg/m2): Peso Altura IMC pré-gestacional (Kg/m2)

Classificação IMC/ Sem. gest.

10- IMC gestacional(Kg/m2)

Data Idade

Gestacional

Peso

Altura IMC

gestacional(Kg/m2)

Classificação

IMC/ Sem. gest.

11- Ganho de peso gestacional:

IMC pré-

gestacional

Ganho de peso

total recomend.

Peso pré-

gest.

Peso Final

Gest

Ganho de

peso total

Resultado

Page 43: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

41

12- Ganho de peso excessivo: ( ) SIM ( ) NÃO

13- Crescimento fetal excessivo: ( ) SIM ( ) NÃO

14- História familiar de DM em parentes de 1º grau: ( ) SIM ( ) NÃO

15- Pré-eclâmpsia e/ou Hipertensão na gravidez atual: ( ) SIM ( ) NÃO

16- Outras intercorrências clinicas: ______________________________________

Assistência ao Pré-natal:

17- Cuidado pré-natal: ( ) SIM ( ) NÃO Se a resposta for sim:

18- Idade gestacional na 1a consulta do pré-natal: __________ semanas

19- Quais foram os números de consultas: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ou

mais

20- Acompanhamento Nutricional durante a gestação: ( ) SIM ( ) NÃO

Condições do Parto:

21- Tipo de parto: ( ) Normal ( ) Cesárea

22- Idade Gestacional do parto: ( ) Antes de 37 sem._______ ( ) Após 37 sem.__________

Antecedentes Obstétricos:

23- Número de gestações: ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ou mais

24- DMG em gestações anteriores ( ) SIM ( ) NÃO

25- Aborto espontâneo ( ) SIM ( ) NÃO

26- Morte fetal ou neonatal ( ) SIM ( ) NÃO

27- Má formação congênita ( ) SIM ( ) NÃO

28- Macrossomia (peso do recém nascido > 4, 0 kg) ( ) SIM ( ) NÃO

29- Pré-eclâmpsia e/ou Hipertensão em gestações anteriores ( ) SIM ( ) NÃO

Page 44: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

42

33-Perfil Glicêmico (Jejum e Pós-prandial)

Glicemia

Resultados

Hora Data: Hora Data: Data:

Jejum

2h após o café

da manhã

2h após o

almoço

2h após o

lanche

2h após o

jantar

2h após a ceia

Insulinoterapia

34 - Uso de insulina: ( ) SIM ( ) NÃO Caso a resposta for sim, responder:

34.1 ( ) Anterior a gestação ( ) Durante a gestação

34.2- Tipo: Dose: ___________U/Kg

34.3- Idade gestacional do início: ( ) ≤12 semanas ( ) 13-26 semanas ( ) ≥27 semanas

34.4- Duração do tratamento: ( ) ≤10 semanas ( ) 11-20 semanas ( ) ≥21 semanas

35- Exames laboratoriais e bioquímicos realizados pela gestante com DMG

Exames laboratoriais e

bioquímicos realizados

Resultados registrados na:

IG:

Data:

Trimestre:

IG:

Data:

Trimestre:

IG:

Data:

Trimestre:

Glicemia de jejum

TTG 75

HbA1c (%)

Hematócrito

Hemoglobina

Triglicérides (mg/dl)

LDL colesterol (mg/dl)

HDL colesterol (mg/dl)

Colesterol total (mg/dl)

Page 45: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

43

APÊNDICE B - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/HUJM

Page 46: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

44

Page 47: EVOLUÇÃO NUTRICIONAL E FATORES DE RISCO …

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