evoluÇÃo dos sistemas logÍsticos e sua crescente
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LEONARDO RODRIGO FERREIRA
EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS LOGÍSTICOS E SUA CRESCENTE
IMPORTÂNCIA NO MUNDO GLOBALIZADO
Trabalho realizado para MBA em Gerência de Sistemas Logísticos da Universidade Federal do Paraná
Professor orientador: Darli Vieira
CURITIBA
2003
SUMÀRIO
INTRODUÇÃO . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1. EVOLUÇÃO LOGÍSTICA.................................................................................. 5
1 . 1 Antes de 50 - Os anos adormecidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2 1950 - 1970: O período de desenvolvimento................................................. 6
1.3 Além de 1970: Os anos de crescimento ......................................................... 8
2. EVOLUÇÃO CONCEITUAL .............................................................................. 1 O
3. AS QUATRO REVOLUÇÕES DA LOGÍSTICA ................................................. 11
3. 1 A Primeira Revolução Logística ...................................................................... 11
3.2 A Segunda Revolução Logística ..................................................................... 14
3.3 A Terceira Revolução Logística ...................................................................... 16
3.4 A Quarta Revolução Logística ........................................................................ 19
3.4.1 Algumas Possíveis Conseqüências da Quarta Revolução Logística ........... 22
4. A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NAS ECONOMIAS ..................................... 24
4.1 Logística nas empresas .................................................................................. 25
5. SUPPL Y CHAIN MANAGEMENT E LOGÍSTICA CADEIA DE ABASTECIMENTO .............................................................................................................................. 26
5.1 Logística !integrada. ........................................................................................ 26
5.2 Supply Chain Management: Conceitos, Oportunidades e Desafios da Implementação ...................................................................................................... 29
5.3 O Conceito de Supply Chain Management - SCM ......................................... 30
5.4 As oportunidades oferecidas pelo SCM .................................................... 34
6. MODAIS DE TRANSPORTES ......................................................................... .41
6.1 Transporte Aéreo ......................................... : .................................................. 41
6.2 Transporte Marítimo ........................................................................................ 42
6.3 Transporte Rodoviário .................................................................................... 44
6.4 Transporte Ferroviário ................................................................................... .45
7. Distribuição ....................................................................................................... 47
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 48
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 50
iii
4
INTRODUÇÃO
O conceito de logística é já muito antigo, só que antigamente era analisado de
uma perspectiva um pouco diferente da atual ,visto que outrora se via essencialmente
sobre uma perspectiva militar, hoje o conceito de logística já se alargou para o mundo
empresarial. Assim muito antes do homem empresarial se aperceber da dimensão e
da centralidade deste conceito já este era usado por estratégias militares com o fim de
movimentar exércitos, travar batalhas e averbar vitórias. Assim, a logística era usada
de forma inteligente pelos grandes homens da guerra em que usavam a logística
como uma arma letal contra o seu inimigo.
Muito embora tal se tenha verificado durante séculos, apenas em 1837, e pela
mão de JOMINI, surgia a questão tão desejada: "Será a logística, unicamente uma
"ciência" de detalhe? Ou será uma "ciência" geral, formando uma das partes mais
essenciais da arte da guerra?" Foi a partir desta altura que o conceito começou a ser
visto de uma forma mais alargada e estruturada.
No meio empresarial já não se vê a logística como um meio para "aniquilar" o
seu inimigo, mas sim, como a usar para o empresário ser mais competitivo do que a
concorrência. A logística é, assim, usada como um elemento de vantagem
competitiva, em que as empresas tomam cada vez mais atenção, devido a acentuada
competitividade verificada no mercado.
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1. EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA
A Logística nasceu com a própria evolução da humanidade. Nos primórdios dos
tempos, o homem era um ser que somente caçava e coletava frutos para consumo
próprio, portanto ele comia seu alimento no local onde foi conseguido. Com o tempo, o
homem foi se socializando e criando a necessidade de estocar alimentos para uma
família ou clã. Com isso surgem as primeiras atividades Logísticas.
Com o aprimoramento das técnicas de cultivo, o homem passou a aumentar a
necessidade de administrar melhor suas sobras. Assim, houve a época em que era
necessário construir os armazéns de grãos, criar animais, levar as sobras para a feira,
etc. Com isso, a Logística passou a ganhar importância relevante para os agricultores
da época. Porém, foi na área militar que a Logística alcançou seu maior crescimento,
através das grandes campanhas principalmente na Europa. Na época, como as
batalhas eram numerosas, a necessidade de se levar suprimentos para as tropas
eram grandes. Nenhuma tática militar poderia deixar de fora os aspectos logísticos.
Para se ter à idéia da importância da Logística para os militares, hoje temos
aproximadamente 90 soldados de apoio para cada 1 O soldados combatentes, ou seja,
como a guerra deixou de ser corpo a corpo e tomou um caráter mais hi tech, a
necessidade de que os materiais estejam corretamente disponíveis é a maior
preocupação.
IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NO SETOR MILITAR
Etapa Soldados Combatentes Soldados de Apoio
50A.C. 9.000 25
1914-1918 10 3
1939-1945 1 1
Vietnã 15 85
Guerra do Golfo <10 >90
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No campo empresarial, a Logística tomou uma forma mais consistente com a
Revolução Industrial. Na época, quando as empresas começam a surgir e a
necessidade por novos produtos era uma constante, a Logística foi o alicerce
fundamental para a sustentação do sistema.
Porém, foi no século XX (mais precisamente a partir dos anos 50) que a
Logística ganhou a importância necessária. Durante este século, houve várias
mudanças de contexto que exigiu novas formas de lidar com os materiais e
informações. Em relação a isso, podemos fazer uma pequena retrospectiva,
enfocando a evolução do campo da Logística.
1.1 ANTES DE 50 - OS ANOS ADORMECIDOS
Neste período, a Logística ainda não era uma área definida. Ao invés disso,
observamos que as atividades logísticas desta época estavam totalmente divididas
entre os demais departamentos. Portanto, era função da produção gerenciar os
transportes, o Marketing e/ou Financeiro se responsabilizavam pelos estoques e os
processamentos de pedidos eram de responsabilidade do setor comercial.
Isso gerou um certo conflito de objetivos para as atividades logísticas. Enquanto
que a área de Marketing queria estocar mais para atender os clientes, o setor
financeiro queria estocar menos para desmobilizar o capital. Já a produção queria
produzir grandes lotes de produtos, ao contrário do Marketing que queria lotes
menores, dentre outros conflitos.
Foi com a li Guerra Mundial que alguns conceitos conhecidos atualmente
surgiram. Em 1945, algumas empresas já haviam colocado transportes e
armazenamento de produtos acabados sob responsabilidade de um único gerente.
1.2 1950 -1970: O PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO
O período entre o início dos anos 50 até a década de 60 representa a época de
decolagem para a teoria e a prática logística. O ambiente era propício para as
novidades no pensamento administrativo.
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Foi a época em que as empresas abandonaram a teoria do foco no produto em
rumo da teoria do foco no cliente graças ao surgimento do Marketing. Porém nesta
época a distribuição física era muitas vezes subestimada e colocada de lado como
algo de pouca importância.
Um outro fator interessante que surgiu na época foi a determinação do papel do
transporte aéreo como elemento de escoamento de produtos. Porém um estudo
mostrou na época que o alto custo não seria o fator determinante para o não uso do
serviço. Ao invés disto era considerado o custo total, dando o nome da teoria que
conhecemos até hoje.
Paralelo a isso, quatro condições - chaves encorajaram a criação da disciplina
na época: (1) Alterações dos padrões e atitudes da demanda, (2) pressão por custos
nas indústrias (3) Avanços na tecnologia de computadores (4) influência do trato com
a Logística militar.
1. Alterações dos padrões e atitudes da demanda: O país deixava de
ser rural para se tornar urbano. As fazendas deram lugar à
conglomerados urbanos onde novas necessidades de consumo mudava
a forma de se comportar do consumidor. Hou.ve um salto muito grande
na época. Brasília foi construída, as montadoras se estabeleceram
definitivamente no país, a tecnologia permitiu fabricar produtos cada vez
melhores diminuído -se os custos, etc. A população começava a
demandar por variedade. Automóveis eram vendidos em cores
diferentes, por exemplo. Com isso, os sistemas de distribuição mudaram
radicalmente.
2. Pressão por custos nas indústrias: Uma crescente necessidade de
redução de custos nas empresas levaram aos executivos a olhar a
Logística como sendo a ultima fronteira para isso. Com um país de
fronteiras continentais, as empresas nacionais passaram a administrar
melhor seu sistema de distribuição, que eram bastante onerosas.
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3. Avanços na tecnologia de computadores: Em meados da década de
70, as empresas começaram a entender como os computadores
poderiam auxiliá - las a ser cada vez mais competitivas. Notem que a
cada ano, se torna mais difícil de administrar os estoques tamanha são
as variedades e movimentação, o que só se torna possível graças à
informática. Nasceram nesta época os primeiros programas que
gerenciavam os estoques, faziam simulações, etc.
4. A experiência militar: Como foi dito anteriormente, os militares já
encaravam a Logística de forma diferente antes mesmo das empresas
se darem conta disso. A Logística militar incluiu atividades como
aquisição, definição de especificações, transporte e administração de
estoques aos quais hoje pertencem à definição de Logística.
1.3 ALÉM DE 1970: OS ANOS DE CRESCIMENTO
Com o crescimento do uso da Logística, as empresas começaram a se
beneficiarem delas como forma de se tornarem mais competitivas. Os princípios
básicos estavam estabelecidos e a aceitação do campo transcorria vagarosamente,
pois as empresas estavam mais interessadas na geração de lucros. A competição
mundial começou a crescer e o comércio internacional era uma evidência forte.
Além disso, ocorreu a grande crise do petróleo em 1973 promovida pelos
países membros da OPEP. Com isso, os custos se elevaram na medida em que os
mercados se contraíram naturalmente. A inflação no país crescia a taxas exorbitantes,
corroendo cada vez mais o poder aquisitivo da população.
As empresas passaram então a administrar melhor os suprimentos. Houve um
interesse maior na redução de custos, produtividade e qualidade, ao passo que a
inflação deixava o custo do capital mais caro.
O cenário levou as empresas a focarem também na questão da Logística
integrada. Esta começava a ser entendida dentro do contexto mais amplo da
administração de materiais. Hoje a Logística é entendida tanto como administração de
materiais como distribuição física.
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Logística Empresarial
Suprimento Físico Distribuição Física
~ ~
~F-or_n_e_ce_d_o_re_s~--~----------1•-I Fábricas b=d~ 'L___. .... ~lientes
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2. EVOLUÇÃO CONCEITUAL
A Logística teve também uma boa evolução conceituai durante os tempos.
Desde a época em que as empresas concentravam seus esforços na distribuição
somente até hoje onde a resposta eficiente ao consumidor é uma vedete, a Logística
vem desempenhando seu papel de um pilar que alicerça as bases das mudanças.
Veja a seguir cada fase desta evolução:
1. Fase zero: Administração de Materiais
• Gestão de estoques;
• Gestão de compras;
• Movimentação de materiais.
2. Fase um: Administração de materiais+ distribuição
• Otimização do sistema de transportes.
3. Fase dois: Logística integrada:
• Visão sistêmica da empresa;
• Integração por sistema de informações.
4. Fase três: Supply Chain Management:
• Visão sistêmica da empresa, incluindo fornecedores e canais de distribuição.
5. Fase quatro: Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR):
• Amplo uso de alianças estratégicas, subcontratação e canais alternativos de
distribuição.
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3. AS QUATRO REVOLUÇÕES DA LOGÍSTICA
3.1 A PRIMEIRA REVOLUÇÃO LOGÍSTICA
Na Europa feudal de 1000 a.e. um dos poucos desenvolvimentos era o
infindável e grande número de batalhas entre os pequenos nobres que controlavam
pequenos países por toda a Europa central. A conseqüência dessas lutas era um
preço de comércio e transporte quase proibitivo. O transporte marítimo também não
era muito melhor. Os Piratas, como os Sarracenos no Mediterrâneo, controlavam as
vias de acesso mais importantes, enquanto cavalheiros e outros nobres que
roubavam, controlava deltas de rios na maior parte da Europa. Como resultado, a
tecnologia de navegação e transporte terrestre não progrediu. Uma conseqüência
natural foi a necessidade de se desenvolver cada pequeno feudo em uma região auto
suficiente e de produção variada, com pouca ou nenhuma dependência de outras
regiões, resultando em pouco comércio. A economia feudal típica foi uma
conseqüência de uma coação feudal em movimento. A igreja era uma das poucas
exceções a essa regra. Embora fosse parte da estrutura feudal, os representantes da
igreja se moviam mais livremente, levando idéias pelo mundo. Mesmo durante os
piores períodos de batalhas nos países norte europeu, como o tempo dos Vikings,
monges conseguiam chegar ao centro de sociedades Vikings levando a mensagem
Católica Romana. Mas essa mensagem teve pouco efeito no desenvolvimento
econômico.
No século 11 a igreja começou um processo que levou à destruição da Europa
feudal, embora estivesse tornado-se dependente da Europa feudal. Em 1905 o Papa
Urban li ordenou que cavalheiros e outros membros da nobreza mandassem tropas
para libertar a Terra Prometida dos Muçulmanos. Esta foi a primeira de nove cruzadas
organizadas, que destruiu não somente os Bizantinos como também a maior parte dos
custosos controles do fluxo do comércio pela Europa. A quarta cruzada no começo do
século 13 criou um novo império baseado no comércio de Veneza.
Foi especulado por Arnold FRAENKEL e Jane JACOBS (1970) que as cruzadas
originalmente abriram a Europa a novos impulsos tecnológicos e culturais vindos do
Oriente, dando aos europeus, então, o gosto do desenvolvimento. É um dos
argumentos desse artigo que essa é uma conseqüência secundaria das cruzadas. O
efeito mais importante foi a destruição da sociedade feudal e, por meio disto,
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destruição das constrições no sistema logístico da Europa. Com uma nova estrutura
política onde a nobreza estava enfraquecida na Itália e em FLANDERS, com as
sociedades Vikings destruídas na região da Escandinávia, e com uma nova situação
favorável aos mercadores de Veneza, o custo do transporte foi reduzindo permitindo
então a emergência de uma nova classe de comerciantes. Essa nova classe se
desenvolveu numa região com um potencial de comércio muito grande, em Toscana,
Gênova, Bruxelas e em cidades de comércio em deltas de outros rios nos países do
norte e oeste da Europa.
Comparar os preços de todas as mercadorias da Europa viáveis ao transporte
para se calcular possíveis lucros tornou-se significante economicamente pela primeira
vez. Na maioria das vezes os cálculos eram estimados rapidamente. Em muitos casos
as diferenças de preços eram grandiosas o bastante para não somente cobrir gastos
com transporte mas também para gerar lucros consideráveis, até mesmo nas
transações mais arriscadas.
Com a expansão do comércio e seus lucros, os pequenos vilarejos
comerciantes se tornaram cidades com produção e empregos específicos. As regiões
em volta, como a região da Toscana, ao redor da cidade de Florença, também se
tornaram especializadas na produção de mercadorias à que a região já estava bem
adaptada. Bruxelas se transformou em uma cidade de mercadores, com a região
circundante de Flanders se especializando em produção de tecido, com o apoio das
importações de matéria prima das Ilhas Inglesas. Bruxelas era ligada a uma rede de
cidades portuárias no norte da Europa, chamadas Liga Hanseática, que eram cidades
interligadas como Lubeck, Hamburgo, Danzig, Bergen e Visby.
Na metade do século 14 as cidades e vilarejos europeus tinham se
transformado de um grupo de pequenas sociedades de produção variada, rústicas,
feudais, com pouco comércio com as outras cidades vizinhas, em uma rede de regiões
de comércio com cidades e vilas mercantes. Devemos, é claro, ser cautelosos com
qualquer exagero na descrição dessas cidades que formavam o núcleo dominante
dessa nova rede. Florença, por exemplo, cresceu a uma taxa de aproximadamente
1.4% ao ano por 60 anos e alcançou uma população total de aproximadamente 90.000
habitantes em 1339. Veneza não tinha muito mais que 100.000 habitantes na mesma
época, e a metrópole do conhecimento, Paris, aproximadamente 200.00 habitantes.
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Mas a diferença entre essas cidades e as cidades feudais era significante. Um dos
centros da sociedade Viking tinha uma população de menos de 1.000 habitantes.
Com a redução do custo do transporte e com o crescimento do comércio, a
especialização e a emergência de cidades na Europa foram seguidas por um aumento
da distribuição desigual de renda nessas novas cidades. Novos grupos de poder se
formaram. O caso mais espetacular foi a emergência de uma nova classe de
mercadores nas cidade-estados do norte da Itália e em Flanders. A nova classe
engajou-se em um conflito pelo poder com a sociedade feudal e com a igreja.
Uma maneira de identificar um novo grupo é pela sua contribuição na formação
de uma nova cultura como resultado de uma nova visão do mundo e novo estilo de
arte. Tal identificação criativa da nova burguesia não ocorreu em todo núcleo da nova
rede. Esse desenvolvimento estava focalizado num subconjunto de núcleos. Os dois
mais proeminentes eram Florença e Bruxelas. Em Florença, um dos sinais culturais
mais marcantes dessa nova era foi Divina Comedia de Dante com a nova glorificação
da razão e uma visão não religiosa do mundo. É também notável como artistas como
Dante Alighieri e Giotto integraram-se à política de sua sociedade. Ambos eram por
um certo período altos oficiais na administração e planejamento de Florença.
Em suma, a primeira revolução logística seguiu um padrão claro de mudança
estrutural. A causa do desenvolvimento revolucionário foi a redução sucessiva de
barreiras ao transporte e comércio com lugares distantes. As conseqüências foram:
1) um aumento significante em comércio entre lugares distantes;
2) aumento da especialização de produção e emprego na Europa;
3) emergência de novas regiões mercantes e o crescimento de centros de
acesso que tornaram-se cidades mercantes e centros de produção com
populações de até 100.000 habitantes;
4) expansão da riqueza dos comerciantes desses centros de comércio
5) emergência de uma nova classe social com aspirações políticas
6) expansão criativa significante em núcleos de comércio como Florença e
Bruxelas;
7) emergência de uma rede de centros no litoral e ao longo dos rios da
Europa com uma ideologia de rede, mais notável ainda na rede de
cidades na assim chamada Liga Hanseática.
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8) Uma das questões mais difíceis relacionada a essa cadeia de eventos é
descobrir o padrão de fatores que levou à explosão criativa em pequenas
subpartes dos núcleos de comércio da primeira revolução logística. Isso
não é discutido nesse artigo, mas é uma das questões principais no
estudo de ANDERSON (1985a; 1985b) e de ANDERSON, TôRNQVIST,
SNICKARS E ÔBERG (1984).
3.2 A SEGUNDA REVOLUÇÃO LOGÍSTICA
Com o aumento na distância e no volume de negócios e com o crescimento do
multilateralismo das casas mercantes, cresceu também a necessidade de crédito
comercial e moedas confiáveis. A necessidade de bancos tinha sido aceita por
comerciantes de Veneza, Florença e Gênova na primeira revolução logística, mas a
procura não era grande o bastante para exigir grandes invenções. Bancos privados de
poderosos comerciantes como Fugger, Mediei e outros era o suficiente.
Com o aumento no volume de créditos e transações monetárias, inevitavelmente,
houve um interesse por parte de monarcas, da igreja e de especuladores nas atividades
bancarias. O sistema de crédito tornou-se mais envolvido em relações pouco confiáveis e
até mesmo em falsificações. Enquanto isso, o crescente comércio necessitava de bancos
seguros.
A cidade de Amsterdã foi a primeira autoridade a responder à demanda de
bancos eficientes. No começo do século 17 os governadores de Amsterdã inovaram
quando estabeleceram um banco central oficialmente garantido. Os comerciantes
podiam depositar moedas de prata em troca de notas bancarias oficialmente
garantidas, as quais podiam ser usadas no comércio internacional. O custo exorbitante
das transações bancarias pode ser reduzido a um preço razoável, ao menos para os
comerciantes ligados a Amsterdã.
O sucesso do banco de Amsterdã despertou grande interesse em outros
bancos, e um banco central moderno foi criado na Inglaterra, o Banco da Inglaterra.
Esse foi o primeiro banco garantido por um governo dando o direito de fazer negócios
com dinheiro e notas bancarias, inclusive dando o direito de emitir notas bancarias.
A Cidade de Londres então estabeleceu-se como centro comercial do mundo.
Mais instituições controladas pelo governo foram criadas. Bancos centrais foram
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fundados por toda a Europa, seguindo o sucesso do Banco da Inglaterra (a Suécia
fundou seu banco um pouco antes da Inglaterra, mas o Banco Central da Suécia não
satisfez nenhuma das necessidades de um banco central). A fundação de bancos
centrais foi o ultimo acontecimento numa cadeia de pequenos passos em direção ao
sistema bancário moderno que lidasse eficientemente com transações internacionais.
Podemos ilustrar os efeitos disso num modelo igual ao usado na análise
precedente à seção sobre a primeira revolução logística. A diferença é que o ponto de
partida da segunda revolução logística é aquele em que o baixo equilíbrio é então
determinado por uma combinação de uma certa tecnologia de produção, uma rede e
tecnologia de transporte do século dezesseis e uma infra-estrutura de crescimento
lento para transações da rede de comércio.
Altamente relacionada à idéia de ter um governo como fiador das transações de
comércio através de um banco central, está a idéia de ter um governo nacional como
fiador de todas as relações econômicas da região sob controle daquele governo. O
aparecimento da ideologia mercantil é parte do período da segunda revolução logística
(HECKSCHER 1948). Enquanto os centros bancários estavam localizados nos Países
Baixos e na Inglaterra, o centro da ideologia mercantil era o centro da monarquia
absoluta, na França de Luis XIV (e de seu ajudante Colbert). Nesse versão da
ideologia o comércio não somente deveria ser apoiado por eficientes meios de
transação como também deveria ser favorecido com subsídios para exportação e
outros meios (assim favorecido até hoje por leis regionais pelo mundo afora).
Podemos então resumir a segunda revolução logística na seguinte maneira: A
causa da segunda revolução logística foi um melhoramento no sistema de transações,
necessário para a expansão do comércio internacional. As conseqüências também
foram revolucionárias:
1) aumento dramático no comércio de várias mercadorias entre várias regiões
distantes;
2) aumento da produção especializada na Europa e o surgimento de um
sistema de produção apoiado pelo estado e próximo aos centros de
atividade econômica e política;
3) surgimento de metrópoles onde o poder político e econômico era integrado
(o tamanho dessas metrópoles era considerável; Paris, por exemplo, tinha
mais de meio milhão de habitantes antes de 1600);
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4) expansão da riqueza dos que estavam no controle das novas transações
econômicas e do sistema de controle econômico, sejam eles comerciantes
ou monarcas;
5) domínio total do novo estado absoluto nas mãos da nova classe;
6) Expansão criativa de idéias na ciência e nas artes em certos centros como
Amsterdã, Paris e Inglaterra (nomes importantes associados com as
tendências criativas eram Newton, Huygens e Descartes);
7) surgimento de um novo modelo de redes de comércio internacionais, sendo
Londres, Paris e Amsterdã os centros mais importantes.
Deve ser observado que as melhorias no sistema de transações ocorreu junto
com sucessivas melhorias no sistema de transporte. Houve uma lenta melhora através
dos séculos nas técnicas de navegação, construção de navios, na segurança do
transporte e na qualidade das estradas, melhorias estas que proporcionaram novas
possibilidades de comércio. O lento porém constante aperfeiçoamento do sistema de
transações foi o fator mais importante.
3.3 A TERCEIRA REVOLUÇÃO LOGÍSTICA
Duas grandes inovações criaram a terceira revolução logística (ou revolução
industrial). A primeira inovação foi a descoberta que uma divisão coordenada da mão
de obra poderia liberar enormes capacidades produtivas. A Segunda inovação foi a
idéia que as técnicas de produção não deveriam ser tomadas como imutáveis, mas
que eram variáveis e, então, eram importantes determinantes de lucros do comércio
internacional.
Nas duas primeiras revoluções logísticas era suficiente somente comparar a
diferença de preços de uma mercadoria entre mercados diferentes, ao custo do
transporte e da transação. Contanto que a diferença mínima de preço fosse grande o
bastante para cobrir o custo mínimo da quantidade comercializada, o contrato seria
lucrativo.
Com a terceira revolução logística a questão era formulada de um modo
diferente. Será a diferença mínima de preço, após passar por arranjos ideais em
tecnologia e instituição em um par de regiões, grande o bastante para cobrir o custo
mínimo de transporte e da transação, se estes fossem também determinados por
mudanças ideais na tecnologia e instituição dos sistemas de transporte e transações?
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Isso significou que os comerciantes não viam-se mais como transportadores e
publicitários de produtos. Eles tornaram-se uma junção de mercadores, produtores,
engenheiros e empresários.
O primeiro elemento desse novo sistema de divisão coordenada de trabalho
entre regiões foi a indústria têxtil. Entre os anos de 1760 e o começo dos anos 1800 a
máquina de fiar, a máquina de tear e a colheitadora de algodão foram inventadas e
inovadas para os campos de algodão da América do Norte, e lá foram distribuídas. A
tecnologia marítima era então desenvolvida para lidar com o crescimento do comércio
internacional, exemplificado pelo crescimento da importação de algodão pela
Inglaterra (um aumento de cinco vezes em 30 anos). Em 1820, a exportação de
produtos ingleses já eram, na maioria, de produtos têxteis. O exemplo mostrado pela
indústria têxtil que a divisão coordenada de trabalho com o desenvolvimento de nova
tecnologia para uso em núcleos diferentes da rede de negócios, foi muito mais
lucrativo que a antiga organização passiva de comércio. O exemplo dos têxteis se
espalhou à mineração e à indústria do aço, e posteriormente, à outras indústrias
baseadas na matéria prima onde integração vertical e novo maquinário poderia
melhorar o fluxo do material desde o primeiro processo ao produto final.
A Grã Bretanha foi o primeiro foco natural da terceira revolução logística. Sua
localização era ideal para explorar a matéria prima vinda da América do Norte em
combinação com a concentração de mão de obra e, a associação administradora das
Ilhas Britânicas. A Grã Bretanha também tinha seu sistema naval superior para
proteger a crescente indústria marítima. Também era possível integrar o interior do
país com a construção de baratos sistemas de canais fluviais.
As conseqüências desse novo sistema de administração logística foram
grandes, não somente na estrutura industrial, mas também nos modelos espaciais. No
começo do período, a Inglaterra e a Escócia tinham pouco mais que quatro cidades
com mais de 50.000 habitantes. Oitenta anos depois este número tinha aumentado
dez vezes. Uma das maiores cidades era Manchester, que cresceu de 20.000
habitantes em 1770 a quase meio milhão de habitantes por volta de 1850. Esse
crescimento de 4% ao ano criou problemas sociais graves. As revoluções logísticas
anteriores não tinham em nenhuma hipótese gerado problemas tão graves.
A divisão de trabalho definida por Adam Smith causou uma demanda menor de
habilidade e conhecimento ao menos nesses três primeiros estágios. Isso gerou o
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campo fértil necessário para a criação de uma nova classe de trabalhadores alienados
que viviam em cidades industriais super populosas, monótonas e sujas. Assim como o
novo sistema econômico forneceu o meio perfeito para uma nova classe de líderes
industriais. O moderno sistema de classes, com os partidos políticos, uniões de
trabalhadores e outras associações de empregados e patrões pôde surgir.
Com o interesse imediato em uma indústria fisicamente separada mas
integrada em sua organização, veio também a demanda por parte dos novos líderes
industriais de que o governo deveria garantir produção e transportes sem atrapalhas
quando fosse necessário, até mesmo em continentes distantes. As crescentes
necessidades de uma diplomacia por parte do império ou da colônia tornaram-se
companheiras necessárias do novo sistema industrial.
Por uma razão similar e de uma maneira similar ao das revoluções logísticas
anteriores, as novas classes precisavam novas expressões científicas e artísticas,
financiadas pelos novos ricos. Na Inglaterra, especialmente na região oeste, novas
expressões filosóficas e literárias se desenvolveram. Na industrialização de fim de
século, em Viena, houve uma explosão de criatividade financiada pelas antigas e
pelas novas classes sociais. Em Paris desenvolveu-se um terceiro centro da
criatividade Européia com o novo estado industrial. Uma nova civilização Americana
desenvolveu-se nas cidades industriais do nordeste.
Em suma, a terceira revolução logística desenvolveu-se até recentemente nos
seguinte modelo: A causa da terceira revolução logística foi o aumento da consciência
de que a divisão coordenada do trabalho entre regiões diferentes do sistema
econômico global poderia ser muito lucrativo, especialmente se nova tecnologia
pudesse ser difundida a núcleos diferentes de uma rede de fábricas integradas
verticalmente. As conseqüências foram:
a) aumento espetacular do comércio entre lugares distantes, especialmente
atravessando o Oceano Atlântico;
b) divisão de trabalho entre regiões, dentro de um mesmo país assim como
entre países;
c) crescimento espetacular de cidades industriais especialmente nas
proximidades de centros produtores de matéria prima, de junções de rede
e perto de aglomerações de mercado;
d) expansão de riqueza nas mãos dos novos industriais;
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e) surgimento e crescimento rápido de duas novas classes da sociedade
industrial: mão-de-obra e capitalistas;
f) adaptação do sistema político para suprir às demandas de novos arranjos
institucionais no mercado de trabalho e para proteção da propriedade em
outras partes do mundo;
g) expansão criativa na ciência, engenharia e nas artes, ocorrendo em
seqüência num subgrupo dos centros industriais na Europa e América
do Norte;
h) surgimento de uma nova rede de centros industriais internacional e
interregional com uma orientação principal com direção ao Norte Atlântico.
3.4 A QUARTA REVOLUÇÃO LOGÍSTICA
É muito provável que agora chegamos ao período de surgimento da quarta
revolução logística associada ao aumento do processamento de informações e da
capacidade de comunicação, assim como, ao crescimento do conhecimento de base.
Esse desenvolvimento anda lado a lado com um aperfeiçoamento do sistema de
transporte, especialmente na estrutura e operação da rede de transporte aéreo.
O progresso das telecomunicações e da capacidade de transporte aéreo
contribuíram para aumentar o caráter de rede da economia global. A proximidade de
regiões perde o significado e importância.
O aumento da capacidade de computadores acontece tanto em hardware como
em software. A disponibilidade de hardware não é mais uma constrição nas regiões
economicamente desenvolvidas do mundo. A disponibilidade de software eficiente é
hoje a custosa e dura constrição. Sendo assim, aumento da sabedoria de base tomou
se um outro aspecto do processo de computação. Exemplo disso é a estimativa de
que nove décimos do custo total da informatização nos anos 90 serão por custos de
software.
O crescimento da sabedoria de base pode ser ilustrada em muitas maneiras.
Sou forçado a contar com informação Sueca, tendo a Suécia como um caso típico
para a análise da quarta revolução logística. Dividindo-se a mão de obra Sueca em
quatro tipos de ocupações, sendo estes trabalhos que lidam com informação,
trabalhos de administração e informação, serviços pessoais e trabalhos que lidem com
mercadoria, isso revela uma interessante nova estrutura do mercado de trabalho. A
20
parte dos trabalhos que lidam com informação (como educação, jornalismo, atividades
artísticas, etc.) aumentou de aproximadamente 10% para 18% entre 1960 e 1980.
Com as tendências atuais extrapoladas à virada do século, esta parte aumentaria para
30% da população que trabalha. (Esta parte não inclui as ocupações administrativas e
que lidam com informação).
A localização de unidades de produção de sabedoria intensiva é muito
sensível à localização da mão de obra com alto nível de educação e outras
qualificações. Isto levou ao aumento da importância de regiões com universidades e
outras instituições de ensino avançado e científico.
Uma parte substancial e crescente dos empregos que lidam com
conhecimento é associada com produtos R&D1 de corporações, firmas de
consultoria, unidades de pesquisa públicas e semi-públicas. De 1970 a 1982 havia
um aumento de 4.1 % por ano no setor R&D Sueco e um aumento de 4.2% ao ano
no setor de consultoria.
Um estudo realizado pela Diretoria Industrial Sueca mostrou que a parte de
investimentos em capital não-material formavam aproximadamente 50% do custo de
investimento total em 1980 e esta parte cresce com os aumento do papel de químicos,
eletrônicos, equipamento e instrumentos de transporte na indústria Sueca.
A conclusão é clara. A capacidade de lidar com conhecimento, como por
exemplo, infra-estrutura não-material, vai expandir regularmente até chegar a um
ponto quando uma grande mudança estrutural da economia como um todo deve
ocorrer. Já pode se observar uma certa divergência na estrutura da indústria. Um
exemplo dever ser suficiente. Em 1977 havia um número limitado de firmas com mais
de 17% do valor acrescido a R&D. Este grupo de firmas fazia não mais que 7% do
valor total acrescido à indústria Sueca. Conforme estimativas de Gõran Reitberger da
Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico Sueca, firmas com mais de 17% de R&D
contabilizava mais que 25% do valor fabricado acrescido em 1985. Tal mudança na
estrutura industrial é não menos que revolucionária. Os produtos envolvidos nessa
1 R&D: abreviação para atividades de pesquisa e desenvolvimento relacionados à invenção de novos produtos, novos métodos, nova tecnologia. Exemplo: "Se quisermos ficar à frente de nossos
competidores temos que investir mais em R&D".
21
expansão são químicos, aviões, produtos espaciais, instrumentos e outros eletrônicos,
equipamentos, máquinas e robôs, todos de alta tecnologia.
Com a expansão para os produtos de conhecimento intensivo há uma mudança
no paradigma da engenharia focalizada no componente e na fábrica da terceira
revolução logística para uma perspectiva de arquitetura de sistema e de análise de
sistema. Em qualquer setor industrial construído conforme este paradigma, a
sinergética (ou dinâmica de efeitos externos não-separados) não é vista como
imperfeição, mas como oportunidade. A lenta e constante redução do custo da
informação, de coordenação, e de controle sobre longas distâncias tem sido a causa
principal do surgimento de um paradigma de sistema.
A perspectiva de arquitetura, análise e controle de sistema na produção e na
focalização no conhecimento ocorrendo em muitas economias têm mudado juntas a
perspectiva no projeto ideal de estratégia de R&D. Na firma industrial clássica
produzindo componentes a serem usados por outras firmas ou lares, R&D tende a ser
focalizado no melhoramento das características do componente individual ou no
processo que produz o componente. Nessa nova corporação direcionada a sistemas,
atividades de R&D são direcionadas a campos amplos de necessidades de
consumidores e produtores em termos de transporte, moradia, cuidado com a saúde,
etc. O projeto ideal no sistema que serve a essa missão mais ampla torna-se o foco de
todas as atividades de R&D, e o R&D de componentes do sistema somente é
favorecido se este cabe na perspectiva do sistema.
Outro fator importante da corporação direcionada a sistema é o stress no
projeto do sistema de produção com um rápido fluxo de compras e produtos através
do sistema de logística. Inventários são geralmente banidos do sistema, com exceção
de uma quantidade mínima, preferivelmente sempre no transporte. Um gerente de
uma corporação direcionada a sistema Sueca disse numa entrevista: "Nosso objetivo
é expandir nossa correia transportadora para todas as estradas da Europa." Isso
significou um aumento no interesse de corporações direcionadas a sistema nas leis do
transporte público. Por causa da crescente importância de um fluxo de mercadorias
rápido e confiável, qualquer transtorno na construção de estradas, aeroportos e outros
terminais tornaram-se fatores importantes a serem considerados pela administração
de corporações.
22
Qual será a conseqüência da redução sucessiva de custos com informação,
coordenação e de controle e da crescente disponibilidade da capacidade de lidar com
conhecimento na mão de obra? Estudos quantitativos das conseqüências seriam
fúteis especulações. O que pode ser sensato é um pequeno conjunto de conclusões
baseadas nos amplos efeitos que foram observados durante as três primeiras
revoluções discutidas anteriormente.
3.4.1 Algumas Possíveis Conseqüências da Quarta Revolução Logística
A primeira e mais óbvia conseqüência da quarta revolução logística seria a
integração global de complexos de indústria com fluxo de mercadorias, de pessoas e
de informação que seja rápido, bem coordenado em termos de espaço e tempo,
porém imprevisível. Esses complexos industriais seriam baseados primariamente em
amplas perspectivas de demandas, não em base de recurso.
Num primeiro estágio, a integração continental seria favorável por causa das
vantagens de custo, rapidez e da confiabilidade do sistema de transporte com
caminhões. Uma segunda conseqüência seria um aumento ainda mais dramático no
comércio entre indústrias do tipo já observado nos modelos de comércio internacional
naquela região. Uma terceira conseqüência seria uma nova direção da escolha do
modo de transporte. A Tabela 1 ilustra esta tendência a favorecer os modos diretos e
rápidos à desvantagem do transporte marítimo e ferroviário.
A quarta conseqüência é o surgimento de uma nova hierarquia de cidade, com
uma importância cada vez menor das velhas cidades industriais na costa do Oceano
Atlântico, como Liverpool, Manchester, Antwerp e Philadelphia. Os centros de
educação superior e suas regiões vizinhas tornam-se as regiões favorecidas, e as
regiões C (C de competência, cultura, comunicação e criatividade) formam uma nova
rede. Estas regiões C tendem a ser localizações de unidades direcionadas a R&D
dentro das novas corporações com projetos voltados à arquitetura de sistema.
A quinta conseqüência da quarta revolução logística é o surgimento de uma
nova estrutura política baseada na crescente importância de associações e
movimentos políticos e de trabalhadores associados à terceira revolução logística.
Finalmente, pela primeira vez na história, atividades de R&D tornaram-se uma
estratégia central variável nas leis da indústria. Isso significa que a economia e a
23
tecnologia tornaram-se importantes variáveis endógenas no processo de
desenvolvimento econômico. Como conseqüência, devemos esperar longos e
endógenos ciclos de tecnologia e produtos, nos quais os novos produtos direcionados
a sistema estão localizados nas regiões C centrais da nova rede C internacional, a
serem localizadas em mais regiões C pobres quando a tecnologia se desenvolver.
Algumas das regiões C serão os reais centros de criatividade nas ciências e nas artes,
então tomarão papel de identificadores de uma nova era.
24
4. A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NAS ECONOMIAS
Se nas empresas a Logística hoje é vista como uma área importante, o que
dizer de uma economia como um todo? Na verdade a Logística acaba assumindo um
papel definitivo no desenvolvimento de nações importantes como o caso dos Estados
Unidos.
Só para se ter uma idéia, neste país o custo com Logística é de
aproximadamente 10% do PIB, ou seja, a cada 100 dólares produzidos lá, gasta - se
1 O dólares nas mais diversas atividades logísticas. Levando - se em conta que o PIB
dos EUA é de 1, 1 trilhão de dólares, pode - se imaginar o gasto com esta área.
Comparando os custos logísticos em relação às vendas, algumas
pesquisas apontam uma média de 8,57%, ou seja, a cada 100 dólares vendidos, gasta
- se 8,5 dólares com a Logística. Porém esse índice muda de país para país. Veja a
tabela que mostra esse índice de alguns países:
1 1
141111 1 1 1 1 1
:<1111
Vendas
1 1 1 1 1 1
•• Custos Logísticos
1 1
••
Custos Logísticos em relação às vendas (%)
País % das vendas
França
Alemanha
UK
Holanda
USA
8,71
12,02
7,74
6,74
7,63
25
Na verdade, os Custos Logísticos é responsável pelo 2° maior custo para a
empresa, só perdendo para o custo do próprio produto. Com isso podemos imaginar
como é importante gerenciar bem esses custos, pois uma má administração pode
acarretar uma super precificação dos produtos, tornando - os poucos competitivos.
Em se tratando de Brasil, estima - se que os custos logísticos representem
cerca de 16% do PIB, sendo somente transportes responsável por 6,5%. Nosso
esquema de transporte se apóia muito no modal rodoviário. Como as estradas do país
estão em péssima qualidade, isso também é um fator que onera os preços dos
produtos, pois gasta - se mais com manutenção, combustível, onerando o frete. Se as
condições fossem diferentes, os custos das mercadorias poderiam diminuir em até 4%
em média, só por conta dessa má conservação.
4.1 LOGÍSTICA NAS EMPRESAS
A logística nas empresas destaca-se como um ponto importante para a
diferenciação destas no sector comercial onde estão inseridas, pelo que a otimização
dos processos logísticos destas destacam-se como um valor acrescido na oferta dos
produtos e serviços a oferecer ao mercado.
As empresas que não otimizem os seus processos logísticos terão maiores
dificuldades em se destacar no mercado em que estão inseridas, pelo que, a logística
contribui de forma significativa para crescimento do valor das suas ofertas, em que se
destaca a qualidade oferecida nos seus serviços (isto de um modo geral), em que a
redução de custos permite a qualquer empresa uma maior flexibilidade na relação
preço-produto, pelo que pode ganhar uma importante competitividade no respectivo
mercado e perante a concorrência.
26
5. SUPPL Y CHAIN MANAGEMENT E LOGÍSTICA.
CADEIA DE ABASTECIMENTO
O nome Supply Chain Management (aqui, gestão da cadeia de suprimentos)
tem recebido bastante destaque na imprensa de negócios nos últimos meses. Como
todo termo novo, tem havido muita confusão no seu emprego. A mais comum é
confundi-lo como uma nova definição de Logística, ou como uma extensão do conceito
de Logística. Para dirimir estas dúvidas, vamos nos remeter à própria definição de
Logística adotada em 1998 pelo Council of Logistics Management
"Logística é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes."
Essa definição assume a Logística como parte integrante ou subconjunto do
Supply Chain Management , ou seja, é uma das preocupações do mesmo. E o que
seria o Supply Chain Management? Vamos adotar a seguinte definição:
"Supply Chain Management é a integração dos diversos processos de negócios e organizações, desde o usuário final até os fornecedores originais, que proporcionam os produtos, serviços e informações que agregam valor para o cliente."
Mas quais são as diferenças, afinal? Bem, temos diversas, mas duas delas são
fundamentais: uma é intra-organizacional (ponto de vista de uma empresa) e a outra,
inter-organizacional (ponto de vista das diversas empresas componentes da cadeia).
A questão intra-organizacional é mais simples: sob a ótica de uma única
empresa, o Supply Chain Management envolve tanto as operações logísticas como as
de manufatura. De modo simplificado, podemos dizer que equivale a integrar Logística
com Produção. Esta interpretação do conceito é bastante popular. Seu foco maior é na
integração entre essas duas funções, às vezes englobando também a gestão (fluxo)
de pagamentos e parte do projeto do produto (design for supply chain). Assim,
enfatiza-se a eficiência individua/. Problemas comumente tratados são previsão de
vendas e sincronização interna de operações. Muitas das ferramentas de suporte à
decisão de supp/y chain no mercado usam este ponto de vista intra-organizacional.
27
Já a questão inter-organizacional é por si mesma mais complexa: além do
problema intraorganizacional acima, envolve também a seleção e a organização dos
parceiros a jusante e a montante no fluxo logístico; afinal, o cliente de uma empresa
vai ser o fornecedor de outra mais à frente. Por exemplo, um empresa de peças
injetadas pode ser fornecedora de uma indústria de autopeças (cliente), que pode sua
vez vai ser fornecedora da montadora de automóveis. Uma indústria de chocolates vai
ser fornecedora de um atacadista, que por sua vez será fornecedora de um varejista.
No final destas cadeias está sempre o consumidor final. Aqui a palavra-chave é
colaboração e compartilhamento de informações, que pode ser conseguida de
diversas maneiras (parceria, coerção, esquemas de incentivos). Enfatiza um novo
paradigma, a eficiência coletiva.
5.1 LOGÍSTICA INTEGRADA
Diferentes autores atribuem diferentes origens à palavra logística. Alguns
afirmam que ela vem do verbo francês loger (acomodar, alojar). Outros dizem que ela
é derivada da palavra grega logos (razão) e que significa "a arte de calcular" ou "a
manipulação dos detalhes de uma operação".
Uma das definições mais divulgadas, apesar de relativamente restrita, é a do
Council of Logistics Management, dos Estados Unidos, segundo a qual logística é "[ ... ]
o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o
fluxo e armazenagem de matérias-primas, estoques durante a produção e produtos
acabados, e as informações relativas a estas atividades, desde o ponto de origem até
o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos do cliente".
No seu emprego nas empresas, a logística tem ganho diferentes definições,
correspondendo a uma crescente amplitude de escopo, experimentada ao longo do
tempo. O Quadro 1 mostra a evolução histórica do conceito de logística.
É importante notar que, ao mesmo tempo em que a função logística é
enriquecida em atividades, ela também deixa de ter uma característica meramente
técnica e operacional, ganhando conteúdo estratégico.
Isso pode ser percebido na segunda fase do Quadro 1, quando a função
logística passa a englobar processos de negócios fundamentais para a
competitividade empresarial. A estrutura integrada de logística passa, nesta fase, a
28
orquestrar toda a cadeia de abastecimento, da entrada de matérias-primas até a
entrega do produto final.
Mas o conteúdo estratégico só fica patente na terceira e quarta fases, nas quais
a participação da função logística nas mais importantes decisões empresariais é
ressaltada. É o caso das alianças estratégicas, das parcerias e dos consórcios
logísticos.
A definição do Council of Logistics Management é uma boa declaração de
intenções, pois menciona a integração de todas as funções, ressalta o foco no cliente
e, indiretamente, transmite uma visão sistêmica. Além disso, a tendência histórica
aponta para o enriquecimento da função logística. Infelizmente, na prática de muitas
empresas, a teoria parece ser outra.
QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE LOGÍSTICA
Perspectiva dominante
Focos
Fase zero administração de materiais
gestão de estoques gestão de compras movimentação de materiais
Primeira fase administração de materiais + distribuição
otimização do sistema de transporte
Segunda fase logística integrada
visão sistêmica da empresa integração por sistema de informações
Terceira fase supp/y chain management
visão sistêmica da empresa, incluindo fornecedores e canais de distribuição
Quarta fase supply chain management + efficient consumer response10
amplo uso de alianças estratégicas, comakership, subcontratação e canais alternativos de distribuição
Consultas informais realizadas por um dos autores com alunos de pós
graduação exercendo cargos executivos (inclusive em logística) mostrou que, entre as
empresas brasileiras pesquisadas (cerca de 150), a quase totalidade encontra-se
ainda entre as fases zero e primeira descritas no Quadro 1. De fato, não é incomum
encontrar empresas que ainda não despertaram nem mesmo para a importância de
controlar e reduzir estoques. Poucas são as que já implementaram o conceito de
logística integrada (segunda fase) e raras as· que iniciaram implantações do tipo
supply chain management (terceira fase) ou efficient consumer response (quarta fase).
O retrato revelado por estas consultas mostra o quanto ainda precisamos evoluir no
campo da logística e da competitividade.
29
5.2 SUPPL Y CHAIN MANAGEMENT: CONCEITOS, OPORTUNIDADES E
DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO.
O período entre 1980 e 2000 foi marcado por grandes transformações nos
conceitos gerenciais, especialmente no que toca à função de operações. O movimento
da qualidade total e o conceito de produção enxuta trouxeram consigo em conjunto de
técnicas e procedimentos como o JIT, CEP, QFD, SMED, Kanban e engenharia
simultânea. Amplamente adotadas em quase todos os países industrializados de
economia de mercado, estas técnicas e procedimentos contribuíram para um grande
avanço da qualidade e produtividade. Na trilha deste turbilhão de mudanças dois
outros conceitos surgiram e vêm empolgando as organizações produtivas.
O primeiro deles, a logística integrada, despontou no começo da década de 80
e evoluiu rapidamente nos 15 anos que se seguiram, impulsionada principalmente
pela revolução da tecnologia de informação e pelas exigências crescentes de
desempenho em serviços de distribuição, conseqüência principalmente dos
movimentos da produção enxuta e do JIT. Embora ainda em evolução, o conceito de
logística integrada já está bastante consolidando nas organizações produtivas dos
países mais desenvolvidos, tanto a nível conceituai quanto de aplicação. O segundo
dos conceitos, o Supp/y Chain Management - SCM, ou Gerenciamento da Cadeia de
Suprimentos, começou a se desenvolver apenas no início dos anos 90. Mesmo a nível
internacional, são poucas as empresas que já conseguiram implementá-lo com
sucesso, e a nível acadêmico o conceito ainda pode ser considerado em construção.
Existem inclusive alguns profissionais que consideram o SCM como apenas um novo
nome, uma simples extensão do conceito de logística integrada, ou seja, uma ampliação
da atividade logística para além das fronteiras organizacionais, na direção de cliente e fornecedores na
cadeia de suprimentos.
Em contraposição a esta visão restrita, existe uma crescente percepção de que
o conceito de Supply Chain Management é mais do que uma simples extensão da
logística integrada, pois inclui um conjunto de processos de negócios que em muito
ultrapassa as atividades diretamente relacionadas com a logística integrada. Além
disso, existe uma clara e definitiva necessidade de integração de processos na cadeia
de suprimentos. O desenvolvimento de novos produtos é talvez o mais óbvio deles,
pois vários aspectos do negócio deveriam ser incluídos nesta atividade, tais como: o
30
marketing para estabelecer o conceito; pesquisa e desenvolvimento para a formulação
do produto; fabricação e logística para executar as operações; e finanças para a
estruturação do financiamento. Compras e desenvolvimento de fornecedores são
outras duas atividades que extrapolam funções tradicionais da logística, e que são
críticas para a implementação do SCM.
O que parece claro é que este novo conceito chegou para ficar. Os
extraordinários resultados obtidos pelas empresas que já conseguiram implementá-lo
com sucesso, são uma garantia de que este não é apenas um modismo gerencial,
mas algo que vem crescentemente despertando a atenção da alta cúpula gerencial
nas grandes e mais modernas empresas internacionais. Pesquisas preliminares sobre
os ganhos que podem ser obtidos pela utilização correta do conceito, indicam que as
empresas tem obtido reduções substanciais nos custos operacionais da cadeia de
suprimentos. Também os movimentos setoriais organizados com o objetivo de tirar
proveito do SCM, como o Efficient Consumer Response - ECR nos setores de
produtos de consumo e varejo alimentar, e o Quick Response - QR nos setores de
confecções e têxteis, têm demonstrado o potencial de redução de custos e melhoria
dos serviços na cadeia. No caso do ECR, por exemplo, as economias estimadas nos
EUA foram da ordem de US$ 30 bilhões.
No Brasil, a onda do SCM começou a se espalhar no final da década de 90,
impulsionada pelo movimento da logística integrada que vem se acelerando no país.
Maior prova disto é o movimento ECR Brasil, iniciado em meados de 1997, e que só
em novembro de 1998 apresentou os primeiros resultados, da fase de projetos-piloto,
que apontaram para um grande potencial de redução de custos.
Embora muito se tenha falado, pouco ainda se conhece sobre o verdadeiro
significado deste novo conceito, e principalmente sobre as barreiras e oportunidades
para sua implementação. O objetivo deste texto é contribuir para um melhor
entendimento desta poderosa, mas ainda pouco conhecida, ferramenta gerencial.
5.3 O Conceito de Supply Chain Management - SCM
Para melhor entender o conceito de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos,
ou SCM do inglês, é fundamental entender primeiro o conceito de canal de distribuição
31
já bastante consolidado e há muito utilizado por marketing. Instrumento fundamental
para a eficiência do processo de comercialização e distribuição de bens e serviços, o
conceito de canal de distribuição pode ser definido como sendo o conjunto de
unidades organizacionais, instituições e agentes, internos e externos, que executam
as funções que dão apoio ao marketing de produtos e serviços de uma determinada
empresa.
Dentre as funções de suporte ao marketing incluem-se compras, vendas,
informações, transporte, armazenagem estoque, programação da produção, e
financiamento. Qualquer unidade organizacional, instituição ou agente que execute
uma ou mais funções de suporte ao marketing é considerado um membro do canal de
distribuição. Os diversos membros participantes de um canal de distribuição podem
ser classificados em 2 grupos: membros primários e membros especializados.
Membros primários são aqueles que participam diretamente, assumindo o risco pela
posse do produto, e incluem fabricantes, atacadistas, distribuidores e varejistas.
Membros secundários são aqueles que participam indiretamente, basicamente através
da prestação de serviços aos membros primários, não assumindo o risco da posse do
produto. Exemplos mais comuns são as empresas de transporte, armazenagem,
processamento de dados e prestadores de serviços logísticos integrados.
As estruturas dos canais de distribuição vêm se tornando mais complexas ao
longo dos anos. A figura 1 mostra uma estrutura de canal de distribuição bastante
simples, característica do período anterior, à década de 50, quando o conceito de
marketing era pouco desenvolvido e a idéia de segmentação de mercado era pouco
utilizada. Anteriormente a este período, a presença de membros especializados era
pouco difundida. As relações entre os membros principais do canal eram distantes e
conflituosas. Existia uma forte tendência à integração vertical como forma de manter
controle e coordenação no canal.
Com a evolução do conceito de marketing, e mais especificamente, das práticas
de segmentação de mercado e do lançamento contínuo de novos produtos,
juntamente com o surgimento de novos e variados formatos de varejo, os canais de
distribuição vêm se tornando cada vez mais complexos. Por outro lado, o aumento da
competição e a cada vez maior instabilidade dos mercados levou a uma crescente
tendência à especialização, através da desverticalização I terceirização. O que muitas
empresas buscam neste processo, é o foco na sua competência central, repassando
32
para prestadores de serviços especializados a maioria das operações produtivas. Uma
das principais conseqüências deste movimento foi o crescimento da importância dos
prestadores de serviços logísticos.
4 ... F.abric.antts e Consumidores Industriais
... Agl'f COia =
• Atol Col <ist.H
Matérias- .. • V .are jist.IS
Prtmas Básicas
Consumidoru
Figura 1 - Estrutura simples de um Canal de Distribuiçao
A combinação de maior complexidade com menor controle, conseqüência da
desverticalização, tem levado ao aumento dos custos operacionais nos canais de
distribuição. O crescente número de participantes trabalhando num ambiente
competitivo e de pouca coordenação é a principal razão para o crescimento dos
custos. A solução para este problema passa necessariamente pela busca de uma
maior coordenação e sincronização, através de um processo de cooperação e troca
de informações. O avanço da informática, combinado com a revolução nas
telecomunicações criou as condições ideais para se implementar processos eficientes
de coordenação. É exatamente este esforço de coordenação nos canais de
distribuição, através da integração de processos de negócios que interligam seus
diversos participantes, que está sendo denominado de Supply Chain Management.
Em outras palavras, o SCM representa o esforço de integração dos diversos
participantes do canal de distribuição através da administração compartilhada de
processos-chave de negócios que interligam as diversas unidades organizacionais e
membros do canal, desde o consumidor final até o fornecedor inicial de matérias
primas.
3J
Em suma, o SCM é uma abordagem sistêmica de razoável complexidade, que
implica em alta interação entre os participantes, exigindo a consideração simultânea
de diversos trade-offs. O SCM vai além das fronteiras organizacionais e considera
tanto os trade-offs internos quanto os inter-organizacionais, relativamente a quem
deve se responsabilizar pelos estoques e em que estágio do canal as diversas
atividades deveriam ser realizadas. Apenas como exemplo, podemos comparar os
trade-offs existentes entre as opções de distribuição direta ou indireta por um dado
fabricante. Numa estrutura de canal onde o fabricante distribui diretamente para o
consumidor final, como faz a Dell Computer, a empresa tem muito maior controle
sobre as funções de marketing. No entanto, o custo da distribuição tende a ser muito
maior, exigindo do fabricante um alto volume de vendas ou uma saturação geográfica
em um mercado regional. No caso da distribuição indireta, as instituições externas ou
agentes (transportadores, armazenadores, atacadistas e varejistas) assumem grande
parte do controle e risco, e por esta razão o fabricante recebe um menor valor pelo
seu produto.
Oltra Fábrica
... ------------------------------------------
.. -- - - -- -.-- -'- - - - - - - -- - - - - - -.----·-- - - -- - - - - - - - -- --. . fnl!thições
Miares
1 4 --------- ~ -, t ~ --- ---------- ---~ 1 ,. : :• V.~as - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 9IJlil
~ ! -Cansumidorts ------------------------------------------- ..:
Figura 2 - Estrutura Complexa de um Canal de Distribuíçllo Segmentado
Por outro lado, um fabricante que ofereça uma baixa disponibilidade e tempo de
entrega inconsistentes, tende a forçar o atacadista a carregar mais estoque de
segurança a fim de ser capaz de oferecer um nível aceitável de serviço para o
34
varejista. Neste caso, um menor custo logístico para o fabricante seria alcançado às
custas de outros membros do canal, resultando provavelmente numa cadeia de
suprimento menos eficiente e eficaz. Uma maneira de evitar este trade-off indesejado
entre os membros do canal seria através da mudança da estrutura, ou através da
adoção de novos procedimentos ou tecnologias. Por exemplo, a adoção de um
sistema de processamento de pedidos automatizado em substituição a um sistema
arcaico poderia permitir uma melhoria do nível de serviço, redução de estoque,
redução nos custos de transporte e armazenagem, aceleração do ciclo de caixa e
aumento do retorno sobre o investimento.
A adoção do conceito de SCM incentiva, através do processo de coordenação e
colaboração, a busca e identificação de oportunidades deste tipo e sua
implementação conjunta.
5.4 AS OPORTUNIDADES OFERECIDAS PELO SCM
Embora seja um conceito em evolução, cuja utilização ainda se restringe a um
conjunto de empresas mais avançadas, o SCM já está na agenda da maioria dos
gerentes das grandes empresas internacionais. Artigos na imprensa especializada,
como a Fortuna, estão anunciando o SCM como a nova fonte de vantagens
competitivas. Nos encontros de profissionais, o conceito passou a ter um destaque
especial. Das mais de 200 seções do Congresso do CLM de 1997, cerca de 25% das
apresentações incorporavam as palavras Supply Chain Management . O enorme
interesse pelo tema é totalmente justificado em função tanto dos exemplos de sucesso
já conhecidos, quanto do nível de complexidade e descoordenação da grande maioria
dos canais de distribuição hoje existentes.
A Miliken, maior produtora de tecidos dos EUA e uma das primeiras empresas a
adotar o conceito de SCM ainda nos anos 80, conseguiu extraordinários resultados no
seu projeto com a Seminal, fabricante de confecções, e a Wal-Mart, maior rede
varejista americana. Em pouco mais de 6 meses do início do processo de
colaboração, baseado na troca de informações de vendas e estoque entre os
membros do canal, a Miliken conseguiu aumentar suas vendas em 31%, ao mesmo
tempo em que aumentava em 30% o giro de estoques dos produtos comercializados
35
naquele canal. A troca de informações permitiu eliminar as previsões de longo prazo,
os excessos de estoque e o cancelamento de pedidos.
A Wal-Mart, por seu turno, tem obtido excelentes resultados em termos de
crescimento e rentabilidade, em grande parte devido à alavancagem que tem
conseguido com sua estrutura diferenciada de relacionamento na cadeia de
suprimentos. A Dell Computers é outra empresa que, através da reconfiguração de
sua cadeia de suprimentos, vem conseguindo responder quase que imediatamente
aos pedidos customizados de seus clientes. O resultado tem sido um crescimento e
lucratividade extraordinários. Em 12 anos a empresa cresceu de um empreendimento
de fundo de quintal para uma corporação de US$ 12 bilhões de faturamento. Em 1998,
suas vendas cresceram de US$ 7,7 bilhões para US$ 12,3 bilhões, enquanto o lucro
saltou de US$ 518 milhões para US$ 944 milhões. O sucesso da Dell é tão grande
que a empresa foi classificada como a de melhor desempenho no setor de tecnologia
de informação pela revista Business Week em 1998. A Dell é certamente uma das
empresas que mais avançou no conceito de SCM, ao estabelecer um esquema de
distribuição direta, oferecendo customização em massa e um grau tão avançado de
parceria nas terceirizações que pode ser chamado de integração virtual.
Uma série de estudos realizados nos EUA nos últimos anos tem confirmado as
oportunidades de ganho com a adoção do SCM. Um estudo da Mercer Consulting
mostrou que as empresas que conseguem implementar as melhores práticas de SCM
tendem a se destacar em relação à redução dos custos operacionais, melhoria da
produtividade dos ativos e redução dos tempos de ciclo. Um outro estudo recente
realizado pelo MIT identificou como principais benefícios do SCM a redução de custos
de estoque, transporte e armazenagem, melhoria dos serviços em termos de entregas
mais rápidas e produção personalizada, e crescimento da receita devido à maior
disponibilidade e personalização. As empresas analisadas no estudo indicaram
ganhos impressionantes: redução de 50% nos estoques; aumento de 40% nas
entregas no prazo; redução de 27% nos prazos de entrega; redução de 80% na falta
de estoques; aumento de 17% na receita.
Implementando o conceito de SCM: barreiras e alternativas de solução
Considerando os enormes benefícios que podem ser obtidos com a correta utilização
do conceito de SCM, surpreende verificar que tão poucas empresas o tenham
implementado. As razões para tanto são basicamente duas. A primeira deriva da
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relativa novidade do conceito, ainda em formação e pouco difundido entre os
profissionais; e a segunda com a complexidade e dificuldade de implementação do
conceito. SCM é uma abordagem que exige mudanças profundas em práticas
arraigadas, tanto a nível dos procedimentos internos, quanto a nível externo, no que
diz respeito ao relacionamento entre os diversos participantes da cadeia.
A nível interno, torna-se necessário quebrar as barreiras organizacionais
resultantes da prática do gerenciamento por silos, que se caracteriza pela persiguiçào
simultânea de diversos objetivos funcionais conflitantes, em detrimento de uma visão
sistêmica onde o resultado do conjunto é mais importante que o resultado das partes.
Quebrar esta cultura arraigada e convencer os gerentes de que deverão estar
preparados para sacrificar seus objetivos funcionais individuais em benefício do
conjunto, tem se mostrado uma tarefa desafiante. Alcançá-la implica em abandonar o
gerenciamento de funções individuais e buscar a integração das atividades através da
estruturação de processos-chave na cadeia de suprimentos.
Dentre os processos de negócios considerados chave para o sucesso de
implementação do SCM, os 7 mais citados encontram-se listados na tabela 1 a seguir:
1 Relacionamento com os clientes
2 Serviço aos clientes
3 Administração da demanda
4 Atendimento de pedidos
5 Administração do Fluxo de produção
6 Compras/Suprimento
7 Desenvolvimento de novos produtos
Tabela 1 - Processos-chave da cadeia de suprimentos
Resumidamente, estes 7 processos-chave têm como objetivos principais:
1. Desenvolver equipes focadas nos clientes estratégicos, que busquem um
entendimento comum sobre características de produtos e serviços, a fim de
torna-los atrativos para aquela classe de clientes.
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2. Fornecer um ponto de contato único para todos os clientes, atendendo de forma
eficiente a suas consultas e requisições;
3. Captar, compilar e continuamente atualizar dados de demanda, com o objetivo
de equilibrar a oferta com a demanda;
4. Atender aos pedidos dos clientes sem erros e dentro do prazo de entrega
combinado;
5. Desenvolver sistemas flexíveis de produção que sejam capazes de responder
rapidamente às mudanças nas condições do mercado;
6. Gerenciar relações de parceria com fornecedores para garantir respostas
rápidas e a contínua melhoria de desempenho;
7. Buscar o mais cedo possível o envolvimento dos fornecedores no
desenvolvimento de novos produtos.
A experiência tem demonstrado que a montagem de equipes para
gerenciamento de processos na cadeia de suprimentos é um grande desafio gerencial.
Para tanto, é absolutamente necessário um esforço dedicado de pessoas
compromissadas, que possuam a virtude da persistência. As equipes servem para
quebrar as barreiras organizacionais e devem envolver todos aqueles que participam
das atividades relacionadas com a colocação e distribuição dos produtos no mercado.
As empresa de maior sucesso estendem sua atuação para além de suas fronteiras
organizacionais, envolvendo participantes externos que são parceiros na cadeia de
suprimentos. Os membros destas equipes avançadas coordenam, comunicam e
cooperam de forma intensiva.
Uma das primeiras perguntas para quem pretende fazer a mudança para
equipes é saber quem deve participar da equipe de Supply Chain . A idéia é que haja
um grupo permanente de membros-chave e um grupo de participantes esporádicos,
que seriam convocados quando necessário. O fato é que as organizações têm tantas
peculiaridades e diferem em tantos aspectos umas das outras que não faz sentido
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pensar em uma solução única para todas as situações. O conjunto de funções-chave
que em geral estão representadas nas equipes são em geral: logística,
suprimento/compras, fabricação, administração de estoque, serviço ao cliente e
sistemas de informação. Outras funções que participam ocasionalmente são
marketing, vendas, promoções e pesquisa e desenvolvimento.
À frente deste processo de gerenciamento por equipes estão geralmente
profissionais de logística ou comprar/suprimento. No entanto, para liderar um processo
como este, qualquer executivo deve funcionar como um facilitador e integrador das
diversas exigências e interesses, muitas vezes conflitantes. Para ser capaz de assumir
este papel, qualquer profissional deveria ampliar seu entendimento das demais
funções do negócio.
Existe um conjunto de características que tendem a contribuir para o sucesso
das equipes de SCM: o estabelecimento de objetivos e metas clara em áreas-chave
(tempo de entrega, índices de disponibilidade, giro de estoques, entrega no prazo); a
determinação do papel de cada membro da equipe na perseguição dos objetivos; o
estabelecimento de uma estratégia de implementação; e a formalização de medidas
quantitativas de desempenho para medir os resultados alcançados.
Embora a montagem de equipes seja importante, a utilização de todo o
potencial só irá ocorrer se a empresa conseguir se interligar aos participantes externos
na cadeia de suprimento. Estes participantes incluem fornecedores, distribuidores,
prestadores de serviço e clientes. A Figura 3 apresenta um modelo esquemático do
conceito de SCM com base no gerenciamento de processos, adaptado de LAMBERT,
1998.
Dada a natureza colaborativa que deve possuir a cadeia de suprimento, torna
se crucial selecionar os parceiros corretos. O que se deseja são empresas que não
apenas sejam excelentes em termos de seus produtos e serviços mas que sejam
sólidas e estáveis financeiramente. A relação de parceria na cadeia estendida deve
ser vista como um arranjo de longo prazo.
Muito importante também é lembrar que a cadeia de suprimento estendida
necessita um canal de informações que conecte todos os participantes. A maioria das
grandes empresas possui os requisitos tecnológicos para fazer a extensão. O
problema é que elas os estão utilizando de forma incorreta. Idealmente, a informação
que se torna disponível quando o consumidor efetiva a compra deveria ser
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imediatamente compartilhada com os demais participantes da cadeia, ou seja,
transportadoras, fabricantes, fornecedores de componentes e de matéria-prima. Dar
visibilidade às informações do ponto de venda, em tempo real , ajuda todos os
participantes a gerenciar a verdadeira demanda de mercado de forma mais precisa, o
que permite reduzir o estoque na cadeia de suprimento de forma substancial.
Pelo que foi visto anteriormente, fica evidente que a implementação do conceito
de SCM exige mudanças significativas tanto nos procedi.mentas internos quanto nos
externos, principalmente no que diz respeito ao relacionamento com clientes e
fornecedores.
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Figura 3 - O M<Xie/o de Supp/y Chain Management
Clerae/ Consumo
No Brasil, o principal esforço para implementação do conceito está sendo feito
no âmbito do movimento ECR Brasil. Liderando o processo estão os fabricantes de
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produtos alimentícios e bebidas por um lado, e os supermercados do outro. Embora
seja enorme o potencial de redução de custos na cadeia, um conjunto de mudanças
profundas precisa ser efetuado. No caso dos supermercados, por exemplo, existe um
amplo conjunto de antigas práticas que estão muito arraigadas e que podem ser
consideradas como barreiras ao bom andamento de projetos de SCM. Dentre estas
práticas se destacam: o relacionamento com os fornecedores, ainda fortemente
dominado pela política de queda de braço mensal com relação aos preços dos
produtos; a grande maioria dos produtos ainda é recebida diretamente nas lojas, o que
dificulta o controle do recebimento e a avaliação de desempenho dos fornecedores; as
empresas ainda estão organizadas em silos funcionais, com compra, logística, e
administração das lojas sendo gerenciadas de forma independente e isolada; a mão
de-obra atualmente disponível não possui a formação ou capacitação necessária para
operar com base nos novos requisitos do SCM; a tecnologia de informação ainda
apresenta fortes deficiências, principalmente no que diz respeito aos softwares de
análises de dados, e também aos procedimentos para manutenção dos cadastros de
produtos e fornecedores.
São muitos os desafios, mas enormes as oportunidades da implementação do
conceito de SCM no Brasil.
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6. MODAIS DE TRANSPORTES
6.1 TRANSPORTE AÉREO
Companhias aéreas e agentes de carga aérea trabalham juntos no
gerenciamento logístico desta cadeia, sempre tendo em vista resultados ótimos para
os clientes e os fornecedores. Custo mínimo e eficiência máxima no transporte são os
objetivos das soluções logísticas oferecidas pelas companhias aéreas e pelos
agentes. Seria ,errado pensar que só mercadorias de pequeno porte ou de alto valor
comercial ou só as cargas muito urgentes são transportadas por via aérea. A gama
dos produtos oferecidos pelas principais companhias de frete aéreo reúne, num só
ponto, todas as categorias possíveis para os tomadores de decisão, qualquer que seja
o critério adotado: tempo, velocidade, valor inerente, características inerentes e preço.
Transportes de porta a porta, do local de produção ao usuário final, completam
as soluções logísticas oferecidas pelas companhias aéreas que hoje se dedicam ao
transporte de carga. No modal aéreo, a contratação da carga se dá normalmente
através dos agentes de carga aérea que, de posse das informações sobre o tipo de
carga a ser embarcada (volume, peso bruto, número de volumes e valor da
mercadoria), procederão a escolha da companhia aérea que ofereça as melhores
condições de frete. Além de angariar fretes, alguns agentes de carga oferecem ao
cliente outros serviços relevantes, tais como coletar a carga na fábrica ou local de
origem, empacotar e marcar volumes, etc.
No transporte aéreo, quanto a maior o peso da mercadoria, menor o valor do
frete unitário. Conseqüentemente, o exportador de pequenos lotes deve privilegiar o
agente que se mostre capaz de consolidar a carga com a de outros exportadores que
se utilizem os mesmos aeroportos de origem/destino. A emissão do Conhecimento de
Embarque Aéreo (Air Way Bill - AWB) é realizada normalmente pelo agente de carga,
que poderá cobrar uma taxa por este serviço Conhecimento Aéreo é emitido em três
originais, sendo a primeira via para a companhia aérea, a segunda para o
consignatário e a terceira para o expedidor, ou seja, o cliente. É importante que o
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cliente solicite ao agente de cargas a coleta de preços de frete junto às diversas
companhias aéreas para visualizar melhor sua logística mais adequada.
Vantagens
• Trata-se do modal de transporte mais veloz, permitindo uma resposta
rápida do exportador as demandas dos clientes;
• Menor custo de reposição de estoques por parte dos importadores
devido a rapidez do atendimento;
• Redução nos custos de embalagens, marcação e despesas de
seguro, em virtude do exíguo manuseio da carga; e
• Atendimento a praticamente todas as regiões do mundo.
Desvantagens
• Restrições a grandes quantidades de carga, quer em termos de
volume ou de peso;
• Frete mais caro relativamente aos demais modais de transporte,
inviabilizando o transporte de cargas de baixo valor agregado;
• Limitações a cargas perigosas; e
• Conjugação com outros modais de transporte para alcançar o destino
final da mercadoria.
6.2 TRANSPORTE MARÍTIMO
O transporte será obrigatório em navio de bandeira brasileira ou de bandeira do
país de procedência, quando existir entre o Brasil e o respectivo país acordo bilateral
de transporte marítimo, devendo o importador consultar o Departamento da Marinha
Mercante da Secretaria de Transportes Aquaviários - STA, para verificar a relação das
empresas conveniadas, autorizadas a operar no tráfego correspondente.
O transporte de cargas não compreendido acima será obrigatoriamente em
navio de bandeira brasileira, quando a importação foi realizada:
- por qualquer órgão da administração pública, direta ou indireta, federal,
estadual ou municipal, com ou sem cobertura cambial, compreendendo as autarquias,
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as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as fundações instituídas
por lei federal e de cujos recursos participe a União Federal, ainda que as operações
sejam promovidas pela Zona Franca de Manaus; ou
- com favores governamentais (redução ou isenção tributária), exceto quando a
própria norma que concede o respectivo benefício estabelece disposição em sentido
contrário.
Se a sua escolha recair no transporte marítimo, deve-se procurar identificar, por
meio de publicações especializadas, os armadores que operem e atendam a rota
desejada. O passo seguinte é identificar as agências marítimas que os representem
no Brasil. Ao entrar em contato com as agências marítimas, para fins de contratação
do frete, o exportador deve ter em mãos os detalhes da carga a ser embarcada, tais
como sua completa descrição e classificação fiscal, peso bruto, cubagem, tipo de
embalagem, natureza da carga, número de volumes. O contato pode ser realizado por
telefone, fac-símile ou e-mail. Após a solicitação e recebimento das cotações de frete
das diversas agências marítimas, deve confronta-las e proceder a escolha daquela
que lhe ofereça as melhores condições. Para a tomada de decisão a respeito da
contratação do transporte marítimo deve atentar para os seguintes aspectos:
- Transit Time (tempo que o navio levará entre o porto de embarque e o de destino);
- Compatibilidade do ETA - Estimate Time Arrival, ou seja, a data estimada de
chegada do navio no porto de embarque, com o prazo estipulado na Carta de Crédito
ou disponibilidade da carga para embarque; e
- Condições e adequação do navio para o transporte da sua carga. Após o embarque
da carga no navio, a agência marítima providencia a emissão do Conhecimento de
Embarque Marítimo (Bill of Lading - B/L). Caso o pagamento do frete seja de
responsabilidade do exportador, deve o mesmo ser efetivado junto a agência
marítima, que entregará imediatamente ao exportador os três originais do Bill of
Lading, com a cláusula "Freight Prepaid'. Se o frete for de responsabilidade do
importador, o Bill of Lading com a cláusula "Freight Collecf' ou "Freight Payable at
Destination" será entregue ao exportador imediatamente após o embarque.
Vantagens:
• É o modal que apresenta, habitualmente, o frete mais barato, em
virtude de sua grande capacidade e do baixo custo da força motriz
utilizada. - Cargas de baixo valor agregado devem ser transportador
por via marítima; - Atende grandes distâncias (viagens
intercontinentais); e - Oferece equipamentos (contêineres)
especializados para cada necessidade específica de transporte de
carga.
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Desvantagens:
• É o meio de transporte menos veloz. - As viagens são mais
demoradas relativamente aos outros modais do transporte (aéreo,
rodoviário e o ferroviário); - Está sujeito a congestionamento nos
portos, em decorrência de condições climáticas adversas, como
chuvas ou congelamento das águas do porto. - No Brasil, o
congestionamento ocorre principalmente na época da safra agrícola
ou quando há greves; - Devido a grande manipulação das cargas
neste modal de transporte, as embalagens dos pequenos lotes devem
ser mais reforçadas, onerando a cadeia de distribuição física
internacional desse tipo de carga. Isto é válido, inclusive, quando do
transporte da mercadoria em contêiner; - É necessária a conjugação
de outros modais de transporte para alcançar o destino final da
mercadoria. Este fato também onera o custo total da cadeia de
distribuição física internacional; e - Em virtude da grande manipulação
de carga, este modal de transporte é o que oferece menor segurança
quanto a roubos, furtos, avarias e perdas.
6.3 TRANSPORTE RODOVIÁRIO
O transporte rodoviário se caracteriza por um número reduzido de empresas
transportadoras autorizadas a operar com transporte internacional. O exportador deve,
porém, verificar junto a entidade de classe e/ou seus consultores logísticos a
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credibilidade das transportadoras, às quais pretendem recorrer. O frete rodoviário é
cobrado por tonelada métrica ou peso bruto da mercadoria, o que render maior receita
para o transportador. O Conhecimento de Embarque Rodoviário (Road Way Bill) é
emitido em uma via original e em tantas cópias quantas forem solicitadas pelo cliente.
Vantagens:
• Custos de fretes relativamente baixos;
• Serviços "porta a porta", evitando riscos de manuseio;
• Relativamente rápido, podendo dar pronta resposta às necessidades
dos compradores;
• Segurança de carga, devido ao pouco manuseio e a presença do
motorista do veículo, que se torna um supervisor de carga;
• Redução do custo de embalagem e rotulagem; e
6.4 TRANSPORTE FERROVIÁRIO
O transporte ferroviário internacional oferece habitualmente uma única opção
em cada rota. O exportador, de posse das informações básicas da carga a ser
transportada (cubagem, peso, natureza da carga, embalagem e número de volumes),
entra em contato com a companhia ferroviária para afretamento do espaço no veículo
ferroviário.
O transporte ferroviário internacional apresenta diferenças de bitolas das
férreas, o que acaba requerendo transbordos da mercadoria ao longo do percurso.
Neste modal de transporte, o conhecimento de embarque ferroviário (Rail Way Bill) é
confeccionado pelas companhias ferroviárias.
Vantagens:
• Destinado a grandes quantidades de carga; e
• Relativamente mais rápido que o marítimo.
Desvantagens:
• Necessidade da conjugação com outros modais de transporte para
alcançar o destino final da carga;
• Custos e riscos de manuseio nos transbordos; e
• Grande risco de roubos e frutos
• Não pode ser usado para grandes quantidades de mercadorias;
• Não deve ser usado para longas distâncias; e
• Está sujeito a congestionamento nas estradas, principalmente nos
pontos de fronteiras, atrasando a entrega da carga.
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7. DISTRIBUIÇÃO
Conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de tornar o
produto ou serviço disponível para uso ou consumo.
Elementos do canal de distribuição:
• Departamento de venda do fabricante;
• Atacadista;
• Distribuidor;
• Varejista;
•Serviço de pós-venda (montagens e assistência técnica).
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CONCLUSÃO
No desenvolver desse trabalho buscou-se mostrar a evolução do conceito de
sistemas logísticos ao longo dos anos, e acima de tudo mostrar a importância do tema
tanto em termos quantitativos, como qualitativos. Mas acredito que várias pessoas
estudam logística porque é um assunto, além de fascinante, essencial, as
qualificações do profissional do século 21. Contudo, existem motivos mais
pragmáticos para se despender algum tempo aprendendo este assunto.
Não existe talvez nenhuma razão mais importante para um jovem do que a
perspectiva de um bom emprego ou, para o executivo ambicioso, do que a perspectiva
de uma posição melhor. A maioria das firmas de serviços, industriais e ou as agências
e instituições governamentais, assim como todos os ramos de atividades, necessitam,
do auxílio de um especialista em logística em vários graus.Acontece que a demanda
ainda a demanda por bons profissionais em logística tem sido superior à oferta de
pessoal treinado, sendo esta escassez particularmente em nível de gerência.Isto tem
levado à contratação de pessoal externo à organização logística e sem treinamento
formal na área.
Outro fator primordial ao estudo da logística está relacionado às condições
econômicas, que tornaram a logística um dos campos mais atrativos no cenários
corporativo de hoje em dia.Não se espera que a economia doméstica cresça como no
passado, devido à menor taxa de natalidade, a limitações na disponibilidade de fontes
de matérias-primas e à maior competição com produtores estrangeiros. Por isso, as
companhias mudarão seu foco de gerenciar seu crescimento para competir por maior
participação de mercado. Quando isto acontecer, maior atenção será dada à logística,
que pode consumir de 20 a 25% do PIB. Quando um mercado experimenta rápido
crescimento, pode-se tolerar um sistema logístico ineficiente, pois ainda assim as
empresas podem manter-se rentáveis. Entretanto, quando se compete por uma maior
participação de mercado em um mercado fortemente globalizado, logística eficiente e
eficaz torna-se uma vantagem primordial a consecução dos objetivos financeiros da
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empresa.Daí por que a necessidade de profissionais de logística competentes e com
uma sólida formação prática - acadêmica.
Devemos considerar uma outra tendência importante. Muita atenção tem sido
dada à disponibilidade de alimentos para abastecer a população mundial.Estima-se
que um terço dos alimentos perecíveis são perdidos durante os transportes.
(Transporte de soja no estado do Paraná). Tendências como esta tomarão
importantes e bem remunerados os profissionais responsáveis pelo fluxo de materiais,
assim como pela entrega de serviços.Finalmente podemos terminar dizendo que em
maior ou menor grau todas as empresas do setor primário, secundário ou terciário
podem operar sem executar atividades logísticas. Ou seja, em todos os setores da
industrias teremos espaço para que possamos trabalhar e desempenhar nossas
funções, é um mercado promissor.
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BIBLIOGRAFIA
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial - Transportes, Administração de
Materiais, Distribuição Física. Atlas, São Paulo, 1993.
CARVALHO, José Mexia Crespo de, Logística, 3ª ed. rev. e act., Lisboa, Edições Silabo, 2002. [BP 658 CAR]
DAGANZO, Carlos F., Logistics systems analysis, 2nd rev. and elarg. ed., Berlin, Springer-Verlag, 1996. [BP 658 DAG]
Fleury, P. F.; Figueiredo, K. F.; Wanke, P .. Logística Empresarial -A Perspectiva Brasileira. Coleção COPPEAD de Administração. Atlas, São Paulo, 2000.
LAMBERT, D. et ai., Fundamentais of logistics, New York, McGraw-Hill, 1997.
RICARTE, Marcos Antonio Chaves. Evolução da logítica.
SCHNIEDERJANS, Marc J., Topics in just-in-time management. Boston, Allyn and Bacon, 1992. [BP 658.5]