evolução estratigráfica das formações guará e botucatu da bacia o paraná

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EVOLUÇÃO ESTRATIGRÁFICA DAS FORMAÇÕES GUARÁ E BOTUCATU DA BACIA DO PARANÁ Gabriela Leal Pinheiro Antonio Almeida Jr. UNIVERSIDADE VILA VELHA ESTRATIGRAFIA

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Page 1: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

EVOLUÇÃO ESTRATIGRÁFICA

DAS FORMAÇÕES GUARÁ E

BOTUCATU DA BACIA DO PARANÁ

Gabriela Leal Pinheiro

Antonio Almeida Jr.

UNIVERSIDADE VILA VELHA

ESTRATIGRAFIA

Page 2: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

As formações Guará e Botucatu estão incluídas no registro sedimentar Jurássico-Cretáceo da Bacia do Paraná e compreendem aproximadamente 80 à 120 m na sucessão continental grossa que aflora na porção oeste do estado do Rio Grande do Sul.

Constituem dois sistemas deposicionais continentais distintos com diversos estilos de deposição devido à mudanças paleoambientais significativas.

Page 3: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

BACIA DO PARANÁ

Page 4: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

TIPO: Intracratônica LOCALIZAÇÃO: situada no centro sudeste da américa do sul aflorando no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai EXTENSÃO: 1,6 milhão de km2 .

ESPESSURA: 7000m na parte central

PERIODO DEPOSICIONAL: Ordoviciano ao Cretáceo

SEÇÃO GEOLÓGIA ESQUEMÁTICA:

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Page 6: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

FORMAÇÃO GUARÁ

Page 7: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• IDADE DEPOSICIONAL:

Jurássico superior;

• CONTEUDO FOSSILIFERO:

Gastrópodes, Répteis, e peixes que sugerem a idade Jurássica Superior;

• ICNOFÓSSEIS: Pegadas e trilhas de Saurópodes, Terópodes e Ornitópodes encontradas em fácies eólicas;

Page 8: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• DISPOSIÇÃO ESTRATIGRÁFICA: Está disposta sobre os depósitos fluviais da formação "Sanga do Cabral" (Triássico inferior) e sob depósitos eólicos da Formação Botucatu (Cretáceo Inferior).

• ESPESSURA: Entre 70 a 100 m; • COMPOSIÇÃO: Arenito fino a grosseiro e Argilitos;

• LOCALIZAÇÃO: Margem sul da Bacia do Paraná, na divisa do Rio Grande do Sul com Uruguai e Argentina limitada ao norte por um sistema de falhas transcorrentes direcionadas para NW;

AO LONGO DA FAIXA AFLORANTE (DE NORTE À SUL), A FORMAÇÃO GUARÁ APRESENTA UMA MUDANÇA DE FÁCIES. PORTANTO, AS PORÇÕES NORTE E SUL DA FORMAÇÃO GUARÁ SÃO DESCRITAS E INTERPRETADAS SEPARADAMENTE:

Page 9: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• Fáceis constituidas por Arenitos grossos à conglomeráticos intercalados com laminações de Argilitos maciços de 1,5 m de espessura e 50 m de largura ;

• Estratificação: cruzada-acanalada de Baixo ângulo;

• Possível origem relacionada à depósitos fluviais de rios entrelaçados (braided rivers ); • Apresenta um padrão de paleocorrentes com uma tendência unimodal para SW que se diferencia dos depósitos fluviais triássicos voltados para o Norte.

PORÇÃO NORTE:

Arenito eólico com estratificação cruzada intercalado com camadas de argilito e arenitos de

interdunas

Page 10: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• Fácies constituída por arenitos bem selecionados de granulometria fina à média exibindo pacotes tabulares de 3 à 8m de espessura;

• Estratificação: cruzada- acanalada de grande porte e tendência unimodal na direção SW;

PORÇÃO SUL:

Arenito com estratificação cruzada interpretados como dunas eólicas separados por interdunas. Pessoa

tem 1,75m de altura.

• Base caracterizada pela presença de Wind-riple com granulação fina à média;

• Apresenta paleocorrente com sentido

unidirecional para NE, que se diferencia das paleocorrentes da formação Sanga do Cabral (unidirecional para SE)

Page 11: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• Arenitos esbranquiçados finos à médios, bem selecionados, com alta esfericidade e estratificação cruzada-acanalada de grande porte Dunas eólicas

• Arenitos finos à grossos, bem selecionados com estratificação horizontalizada Lençois de Areia Eólicos

• Argilitos Laminados e Arenito maciço Ambiente sub-aquoso de baixa energia

• Arenitos Médio à grosseiros com estratificação cruzada-acanalada e plano paralelo de baixo ângulo Canais fluviais de baixa sinuosidade com sentido unimodal de paleocorrente

• Gretas de contração em Argilitos Lagos que sofriam secas periódicas. • Estruturas de adesão deposição de lençois de areia sobre superfície úmida

indicando que o lençol freático encontrava-se próximo à superfície deposicional

FÁCIES E ESTRUTURAS

SEDIMENTARES

AMBIENTE

DEPOSICIONAL

INTERPRETAÇÕES

Page 12: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

A Formação Guará registra uma relação estreita entre os processos fluviais e eólicos:

• A Porção norte é caracterizada por depósitos atribuídos à rios entrelaçados (braded drivers)

advindos da direção SW)

• Enquanto na porção sul, o rio é gradualmente substituído por dunas eólicas com vento

dominante na direção NE à medida que os sedimentos são retrabalhados por processos eólicos

durante o periodo mais seco;

Redução na disponibilidade de areia seca

Mudança gradual

na sedimentação

fluvio-eólica:

Queda do nível freático

Aumento de disponibilidade

de areia seca

Condições mais áridas

Formação de dunas

Aparecimento gradual de

condições mais úmidas

Subida do lençol freático

INTERPRETAÇÕES

Page 13: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

FORMAÇÃO BOTUCATU

Page 14: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• IDADE DEPOSICIONAL:

Jurássico superior- Cretáceo

• CONTEUDO FOSSILIFERO: Dinossauros e pequenos mamíferos;

• LOCALIZAÇÃO: Aflora ao

longo das margens da Bacia do Paraná, incluindo áreas no Brasil, Uruguai e Argentina.

Page 15: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• DISPOSIÇÃO ESTATIGRÁFICA: Está sob um espesso pacote de rochas vulcânicas da formação Serra Geral do (Cretáceo Inferior)

• ESPESSURA: : 4 à 100m;

• COMPOSIÇÃO: arenitos quartzosos de granulação fina a média, de coloração vermelha, rósea ou amarelo-clara, bem selecionados, maturos, podendo conter feldspato alterado e cimentado por sílica ou por óxido de ferro, que lhe confere a coloração rosa-avermelhada;

• SUCESSÃO DE FÁCIES:

Estratificação cruzada de grande porte típica de paleodunas formada por camadas wind-ripple (marcas de onda causada pelo vento) na base em alternância com estratos grainfall (causados por chuva de grãos) e grainflow (causados por fluxo de grãos) que apresentam um mergulho médio de 29°. Medidas paleocorrentes realizadas apresentaram um sentido médio de mergulho para NE.

Contato entre os arenitos da formação Botucatu e os basaltos da formação Serra Geral.

Page 16: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

Perfil lateral indicando a geometria do conjunto de estratos das dunas eólicas da Formação Botucatu. Na base da sucessão é possível notar uma sobreposição interna de camadas.

Pessoa de 1,7 m de altura.

Page 17: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná
Page 18: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

INTERPRETAÇÕES

Grãos de areia bem selecionados e bem-arredondados + estratificação cruzada + wind-riples + estratos grainfall e grainflow, Depósitos residuais originados por cavalgamento sucessivo de dunas eólicas A Presença de cristas retas à ligeiramente onduladas e Ausência de interdunas planas ou acumulação fluvial além com mergulho de sentido unidirecional sugere um sistema eólico seco. A acumulação de desertos secos requer uma alta sedimentação ( isso só ocorre quando a superfície de deposição atinge a saturação e o lençol freático) Logo o desvio e a erosão da deposição eólica foram inteiramente controlados pelas condições aerodinâmicas do fluxo. Visto que a Formação Botucatu não apresenta mudança de fácies, é possivel afirmar

que a mesma, não sofreu mudança de ambiente deposicional.

FÁCIES E ESTRUTURAS

SEDIMENTARES

AMBIENTE

DEPOSICIONAL

Page 19: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

A SUPERFÍCIE DELIMITADORA DOS

DEPÓSITOS FLÚVIO-EÓLICOS DA FORMAÇÃO

GUARÁ E DOS ESTRATOS EÓLICOS DA

FORMAÇÃO BOTUCATU

Page 20: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• Pode ser seguida ao longo de toda a área de estudo (mais de 200 km) • Sua origem é atribuída a uma diminuição significativa de água e uma deflação eólica

generalizada, resultando assim numa quebra de acumulação.

• Pode ser classificada como uma super-surperfície, ou seja uma superfície que ligava episódios distintos de acumulação eólica.

• Possui Fraturas preenchidas por arenitos maciços (com 0,2m de espessura e 1m de

extensão) na unidade abaixo ao longo da superfície da formação do pré-Botucatu que são interpretados como características de contração formadas na areia com cimento evaporítico;

Page 21: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

• Contém conglomerados e silcretes acima da mesma, que são atribuídas a processos subaquáticos. Sugerindo uma rápida deposição rica em sedimentos e um fluxo híper-concentrado de sedimentos;

• Contém rachaduras nas superfície úmida sugerindo uma deflação eólica até o lençol freático;

• Devido essa deflação, os dados disponíveis não permitem uma avaliação precisa sobre o quanto da acumulação original foi erodida.

Page 22: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

CONCLUSÕES

• As Diferenças de deposição entre as formações Guará e Botucatu apontam para grandes mudanças paleoclimáticas;

• A acumulação da Formação Guará foi controlada por oscilações entre condições áridas (Jurássico Superior) e semi-áridas (Cretáceo inferior), provavelmente atribuída à ciclos orbitais.

• A Formação Botucatu representa um período de estabilidade climática associado à

condições hiper-áridas. A estratificação cruzada-acanalada com mergulho para NE ao longo de toda a deposição das dunas eólicas das formações de ambas as formações, indica que apesar da mudança climática já mencionada, a orientação das dunas eólicas foi controlada por ventos advindos do sudoeste sugerindo que não houve um desvio significativo da movimentação da parte sul do Gondwana durante o Jurássico Superior e o Cretáceo Inferior.

Page 23: Evolução estratigráfica das formações Guará e Botucatu da bacia o Paraná

REFERÊNCIAS

• Scherer, C.M.S., Lavina, E.L.C., 2006. Sedimentary cycles and faciesarchitecture of aeolian–fluvial strata of the Upper Jurassic GuaráFormation, Southern Brazil. Sedimentology 52, 1323–1341

• Milani, E.J. Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu relacionamento com a geodinâmica fanerozoica do Gondwana sul-ocidental. 1997. 2vol. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de Pós-Graduação em Geociências, Porto Alegre, 1997.

• http://scienceblogs.com.br/colecionadores/category/formacao-botucatu/page/2/