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EVOLUÇÃO DOS GRAUS DE ADERÊNCIA PLENA (GAPIE) E EVIDENCIAÇÃO EFETIVA (GEE) DA LOGÍSTICA REVERSA CONTINUADA Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade Waldiano Soares Mota [email protected] Rosângela Venâncio Nunes [email protected] Charles Washington Costa de Assis [email protected] Nayana de Almeida Adriano [email protected] Rita de Cassia Fonseca [email protected] Resumo: Palavras-chaves: ISSN 1984-9354

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EVOLUÇÃO DOS GRAUS DE ADERÊNCIA PLENA (GAPIE)

E EVIDENCIAÇÃO EFETIVA (GEE) DA LOGÍSTICA REVERSA CONTINUADA

Área temática: Gestão Ambiental & Sustentabilidade

Waldiano Soares Mota

[email protected]

Rosângela Venâncio Nunes

[email protected]

Charles Washington Costa de Assis

[email protected]

Nayana de Almeida Adriano

[email protected]

Rita de Cassia Fonseca

[email protected]

Resumo:

Palavras-chaves:

ISSN 1984-9354

XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015

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1 INTRODUÇÃO

A tendência crescente de valorização das questões sociais e ambientais no segmento

empresarial, preocupando-se em atender às novas exigências regulatórias impostas pelo mercado e

pela sociedade como um todo colocou em questão a necessidade de mudança de foco das

organizações, anteriormente restrito nos aspectos econômicos, que praticamente monopolizava o

processo de planejamento. Este foco atualmente tem sido complementado por um conceito mais

abrangente de sustentabilidade empresarial, em que os objetivos financeiros são congruentes às

iniciativas de redução dos impactos indesejáveis ao meio ambiente (STROBEL et al., 2004).

A logística vem despertando um interesse crescente nas organizações empresariais, bem como

nas pesquisas científicas, uma vez que pode ser considerada uma ferramenta capaz de gerar vantagens

competitivas para as organizações, bem como contribuir para a sustentabilidade empresarial e

ambiental. Nesse sentido, as recentes regulamentações ambientais vêm gerando a necessidade dos

planejadores logísticos incluírem os custos e benefícios indiretos da produção sustentável (TORTATO

e PARANÁ, 2010).

A inovação e as novas tecnologias em conjunto com as necessidades impostas pelo mercado

fizeram com que o conceito macroeconômico e multidimensional de logística se especializasse para

atender à necessidade crescente de ferramentas de gestão eficientes ao fluxo de retorno de produtos e

materiais. Além deste aumento da eficiência e da competitividade das empresas, o governo, por meio

da legislação, e a mudança na cultura de consumo, por parte dos clientes, também tem incentivado a

logística reversa. Esses processos logísticos reversos também contribuem por meio do gerenciamento

de resíduos, da reciclagem, do reuso e da recuperação de resíduos que afetam negativamente o meio

ambiente (CARTER e ELLRAM, 1998).

Para evidenciar suas ações aos seus stakeholders (interessados), várias organizações publicam

relatórios de sustentabilidade que integram em seu conteúdo a prestação de contas sobre temas

econômicos, sociais e ambientais. Tais atividades têm sido apreciadas como a maneira com que as

organizações irão gerenciar a impressão que as mesmas passam ao público, das suas operações

estabelecerem ou manterem a legitimidade organizacional (HEDBERG, 2003).

A publicação do relatório de sustentabilidade é de grande importância para a transparência das

informações de sua operacionalização para mostrar os impactos causados nos níveis econômicos,

sociais e ambientais.

A Global Reporting Initiative (GRI), criada em 1997, é uma organização não governamental

que promove diretrizes para a elaboração dos relatórios de sustentabilidades. Sendo adotada pelo

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estudo, visto que é a mais utilizada pelas grandes companhias, já que disponibiliza um modelo para a

criação do relatório.

Cabe salientar que no Brasil a elaboração e publicação dos relatórios de sustentabilidade,

mesmo sendo sugeridas por algumas agências reguladoras, como ocorre no setor elétrico, ainda são

facultativa. Assim, cabe a empresa, de forma voluntária, optar ou não pela divulgação, selecionar a

metodologia a ser utilizada e escolher os indicadores que irão compor estes relatórios. Noutras

palavras, o nível de aderência desta divulgação pode ocorrer em maior ou menor nível em seus

relatórios.

No sentido de estudar os relatórios de sustentabilidade e seus níveis de evidenciação,

pesquisadores buscaram desenvolver metodologias que se propusessem a verificar o grau de aderência,

dentre elas destacam-se o cálculo do Grau de Aderência Plena (GAPIE), idealizado por Dias (2006), e

o do Grau de Evidenciação Efetiva (GEE) por Carvalho (2007).

Faria e Nogueira (2011) apresentaram um estudo voltado para a sustentabilidade em

instituições financeiras, no estudo utilizou-se o GAPIE e o GEE para identificar o nível de evidência

das informações socioambientais dos bancos brasileiros. No estudo conclui-se que para o

seguimento analisado ficou claro que a aderência dos bancos comerciais do Brasil é comprometida,

uma vez que nenhum dos indicadores apresentou uma classificação baixa.

O problema que esta pesquisa busca responder é como foi à evolução do grau de aderência

plena (GAPIE) e evidenciação efetiva (GEE) da logística reversa contidos nos relatórios anuais de

sustentabilidade das empresas do subsetor de computadores e equipamentos listados na

BM&FBOVESPA, nos anos de 2007 a 2013?

Assim, o objetivo geral deste artigo é analisar o comportamento dos graus de aderência plena

(GAPIE) e evidenciação efetiva (GEE) da logística reversa contidos nos relatórios anuais de

sustentabilidade, seguindo pela GRI versão 3.0, das empresas do subsetor de computadores e

equipamentos listados no site da BM&FBOVESPA, nos anos de 2007 a 2013. E, indexados ao

objetivo geral, faz-se a exposição dos objetivos específicos: discorrer sobre sustentabilidade

empresarial e seus meios de divulgação; conceituar logística reversa e identificar os seus indicadores

de evidenciação segundo o GRI; realizar uma pesquisa exploratória, através do GRI (versão 3.0), sobre

a evolução do GAPIE e do GEE da logística reversa contidos nos relatórios anuais de sustentabilidade

das empresas do subsetor de computadores e equipamentos listados na BM&FBOVESPA nos anos de

2007 a 2013.

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A hipótese levantada a ser testada no desenvolvimento da pesquisa seria de que as empresas do

subsetor de computadores e equipamentos que publicaram seus relatórios de sustentabilidade, entre

2007 e 2013, evoluíram no que se refere a sua classificação de aderência no decorrer dos anos

analisados.

Justifica-se a escolha das empresas do subsetor de computadores e equipamentos, por se

tratarem de organizações que fabricam produtos não renováveis e pelos relatórios disponibilizados no

site BM&FBOVESPA, onde se pode observar as questões técnicas dos dados para melhorar a situação

da empresa e que ações elas estão tomando referentes às questões sócias, econômicas e ambientais,

para reduzir os impactos ambientais e conservar o meio ambiente através do seu processo produtivo.

Para o estudo apresentado o presente artigo traz uma metodologia documental de estudo de

caso sintetizado por uma pesquisa exploratória de abordagem quantitativa e qualitativa. O espaço

amostral foi não probabilístico, conduzidos pela análise feita nos relatórios anuais publicados por

empresas do subsetor de computadores e equipamentos seguindo os parâmetros da GRI.

A escolha da amostra das organizações do setor para análise deu-se, inicialmente, através da

relação de empresas na página eletrônica da BM&FBOVESPA. Em seguida, buscou-se nos sites de

cada uma das empresas relacionadas às que disponibilizaram publicações anuais dos relatórios de

sustentabilidade na versão 3.0 da GRI, no decorrer dos anos de 2007 a 2013. No sentido de resguardar

a comparabilidade de informações, as empresas que não tiveram seus relatórios anuais divulgados

dentro desse período por motivos não justificáveis foram descartadas do estudo. Verificou-se que

somente a empresa Itautec S.A informou seu relatório anual de sustentabilidade nos anos de 2007 a

2013, portanto, será a única a ser analisada pelos indicadores relatados no estudo.

O presente artigo encontra-se estruturado da seguinte forma: Introdução, fundamentação

teórica, procedimentos metodológicos, resultados, discussões e considerações finais..

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Sustentabilidade empresarial e seus meios de divulgação

A sustentabilidade pode ser usada pelas empresas como uma ferramenta estratégica para se

adquirir resultados positivos. Um trabalho bem executado é de grande importância para a redução dos

custos operacionais visando à diminuição dos impactos ambientais.

A sustentabilidade empresarial é evidente quando as empresas resolvem investir em ações

voltadas as práticas que causam um menor impacto ao meio ambiente e a sociedade (VILELA e

DEMAJOROVIC, 2006). Pode-se notar que a ideia dos citados autores está voltada para a visão da

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empresa perante os seus clientes e a preocupação que as elas estão tendo quanto aos recursos retirados

da natureza e utilizados na produção de bens e serviços.

Para Albuquerque (2009), a resolução dos problemas ambientais está vinculada a conciliação

dos conceitos de crescimento e desenvolvimento. Se por um lado há questões éticas e sócias

envolvidas, por outro se encontram questões técnicas e competitivas. É esse último aspecto que tem

propiciado certas discussões a respeito das consequências econômicas para as empresas aplicarem seus

investimentos em prol do meio ambiente.

A sustentabilidade empresarial é compreendida com uma oportunidade aos novos negócios

para as empresas. Conciliar progresso econômico, social e a preservação ambiental pode gerar bons

dividendos, imagem e reputação, contribuindo também para o crescimento e perpetuidade dos

negócios (TINOCO e KRAEMER, 2008).

Na concepção de Tinoco e Kraemer (2008), as dimensões da sustentabilidade são: econômica,

financeira, ambiental e social. Este modelo usual é importante no enfoque na perpetuidade de uma

empresa. É uma visão que tem como meta o desenvolvimento econômico juntamente com a

preservação do meio ambiente e a atuação social.

Os aspectos sociais, econômicos, financeiros e ambientais são influentes determinantes para a

obtenção do êxito e sustentabilidade empresarial em longo prazo (MATIAS, 2007).

Por meio do exposto pelos citados autores, verifica-se que a sustentabilidade, em sua

multidimensionalidade, precisa ser buscada por meio de sua gestão interna e externa de relacionamento

da empresa com seu ambiente interno e externo.

Diversos meios de divulgação de desempenho das empresas, perante o assunto sustentabilidade

empresarial, foram desenvolvidos ao longo dos últimos anos. Muitos obtiveram premiações

concebidas pelos governos, órgãos não governamentais, revistas, entre outros meios, com a publicação

de relatórios para a sociedade, primando à transparência da empresa diante dos aspectos sociais e

ambientais.

Segundo Ferreira, Siqueira e Gomes (2012, p. 200), com relação à evidenciação da informação

ambiental, pode-se afirmar que seu objetivo é divulgar, para os stakeholders, informações sobre o

desempenho das entidades nas questões ambientais, bem como divulgar toda a informação que afete o

meio ambiente e o patrimônio das entidades.

Existem poucas iniciativas em nível mundial para o estabelecimento de princípios e normas que

divulguem a disclosure ambiental, uma dessas iniciativas de caráter internacional é a da GRI, que vem

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buscando estabelecer algumas diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade (TINOCO

e KRAEMER, 2008).

O Relatório de sustentabilidade é um termo amplo considerado sinônimo de outros relatórios,

cujo objetivo é descrever os impactos econômicos, ambientais e sociais (triple bottom line) de uma

organização, como o relatório de responsabilidade social empresarial, o balanço social etc. (GRI,

2006).

As Diretrizes para elaboração de relatórios de sustentabilidade da GRI compreendem os

princípios, as orientações e os indicadores de desempenho, tanto ambiental como econômico e social

(GRI, 2006). A dimensão ambiental da sustentabilidade, foco desta pesquisa, se refere aos impactos da

organização sobre sistemas naturais vivos e não-vivos, incluindo ecossistemas, terra, ar e água (GRI,

2006).

Dentre os principais modelos de relatório de sustentabilidade, com destaque o da GRI, na qual

é o principal embasamento deste trabalho. (1) Relatório ambiental segundo a Ceres (Coalition for

Environmentally Responsible Economies): Nasceu da iniciativa de um grupo de investidores que tem

como objetivo auxiliar a iniciativa privada na promoção do crescimento sustentável, esta organização

desenvolveu o Ceres Reporting, um modelo de relatório genérico que poderia ser usado por qualquer

empresa, independentemente do tamanho e setor. (2) O balanço social do Ibase: refere-se a um

demonstrativo anual das iniciativas socioambientais da empresa. (3) Relatório ambiental segundo a

ISO: cria parâmetros para as empresas que optam por compartilhar as informações sobre seu

desempenho ambiental. (4) Relatórios para admissão nos Índices de Sustentabilidade Dow Jones: para

serem aprovadas, as empresas deverão passar pelo questionário SAM, cuja finalidade é medir os riscos

sociais, econômicos e ambientais dos negócios. (5) Indicadores Ethos de responsabilidade social:

Instrumentos de auto avaliação de gestão corporativa.

Por meio da utilização dos citados relatórios, algumas organizações, atendendo às necessidades,

de seus stakeholders, têm demonstrado publicamente quais são suas diretrizes e propósitos de

sustentabilidade empresarial de longo prazo com o objetivo de se perpetuar, contribuir para o

desenvolvimento da sociedade e reduzir os impactos causados por suas atividades, colaborando, assim,

com a construção de uma sociedade mais sustentável. É nessa perspectiva de contribuição para a

eficiência econômica e sustentabilidade ambiental, que se enquadram os processos de negócio

denominados de logística reversa, a seguir discutida.

2.2 Logística reversa e indicadores das ações de logística reversa

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Considerando-se uma perspectiva macroeconômica, a logística pode ser entendida como o

processo responsável pelo fluxo físico dos materiais no setor industrial, passando pelos vários elos dos

canais de distribuição (BOWERSOX; CLOSS, 2001). Nas organizações, o termo é utilizado na

descrição das atividades relacionadas com os fluxos de entrada de suprimentos e de saída de produtos e

tende a ganhar uma visão integrada entre as empresas à medida que estas planejam suas atividades de

forma conjunta, ganhando em eficiência e eficácia.

Para Ballou (2007), a logística busca otimizar os fluxos de informações e materiais desde o

ponto de origem (aquisição) até o ponto de destino final (consumidor), visando, assim, proporcionar

níveis de serviço adequados às necessidades dos clientes/fornecedores e a um custo competitivo.

Nesse sentido, vários fluxos como: previsão de demanda, aquisição de suprimentos, serviço ao

cliente, processamento de pedidos, embalagem, transporte, distribuição, controle de inventário,

armazenagem e estocagem, localização da unidade fabril e depósitos, movimentação de materiais e

peças de reposição, serviços ao cliente, reaproveitamento e remoção de sucata e gestão de devoluções,

são considerados como parte da administração logística em uma organização (LAMBERT, 1998).

Porém, em uma perspectiva mais atual e completa, pode-se considerar que a logística

tradicional faz parte de um conceito mais amplo de Supply Chain Management (SCM). A SCM trata

da integração holística dos processos de negócios abrangendo a gestão de toda a cadeia produtiva de

uma forma estratégica e integrada, abrangendo dessa forma a logística tradicional e também o conceito

de logística reversa.

Segundo o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP, 2010), “a logística

reversa é um segmento especializado da logística que enfoca a movimentação e gestão dos produtos e

dos recursos após a venda e após a entrega ao cliente. Inclui devoluções de produtos para reparação e /

ou crédito”. Desde então, as definições de logística foram abrangendo novas áreas de atuação,

incluindo todas as formas de movimentos de produtos e informações até o gerenciamento dos canais

reversos.

Segundo Leite (2009), a logística reversa é entendida como uma área da logística empresarial

que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens

de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo, por meio dos canais de

distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de prestação de

serviços, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, dentre outros.

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Para o autor, a logística reversa tem a preocupação de viabilizar um escoamento preciso dos

seus produtos e o período com que esse produto vai circular dentro de diversos canais, seja ele no pós-

venda ou no pós-consumo, para trazer a agregação de valor.

Em consonância com esse conceito, os materiais podem retornar ao produtor ou podem ser

recolocados à venda, se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Além disso, os

bens podem ser reciclados ou recondicionados. O enfoque de atuação da logística reversa envolve,

então, a reintrodução dos produtos ou materiais à cadeia de valor por meio do ciclo produtivo ou de

negócios e, portanto, a intenção é que um produto só seja descartado em último caso. Dessa forma, por

meio da gestão do fluxo reverso de produtos a logística reversa integra os canais de distribuição

reversos.

Da mesma forma que a logística reversa de pós-venda, a atividade logística relacionada ao pós-

consumo também possui um objetivo econômico. De acordo com Leite (2009), o objetivo econômico

de implantação da logística reversa de pós-consumo se deve às economias relacionadas com o

aproveitamento das matérias-primas secundárias ou provenientes de reciclagem bem como da

revalorização dos bens por meio da reutilização e reprocesso.

Além do objetivo econômico, diferentemente do canal de pós-venda, o retorno de bens usados

ocorre muito mais por questões ambientais e legais que pela possibilidade de retornar o bem à cadeia

de valor. Assim sendo, esta atividade é mais intensa em locais onde existe uma maior pressão da

sociedade e/ou que a legislação e fiscalização são mais rígidas. Existem outras motivações estratégicas

para que as empresas operem os canais reversos, além do já citado ganho econômico, como por

exemplo, o aumento da competitividade, a limpeza dos canais (estoques), respeito à legislação e a

recuperação de ativos (ROGERS e TIBBENLEMBKE, 1998).

A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS instituída pela Lei nº. 12.305, de 2 de agosto

de 2010, conceitua a logística reversa como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social

caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a

restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para o reaproveitamento, em seu ciclo ou em

outros ciclos produtivos, ou outra destinação” (PNRS, 2010). Com essa regulamentação desta lei, as

empresas devem adotar um meio no qual deveram aplicar um método para o reaproveitamento dos

seus produtos seja eles eu seu próprio ciclo ou tomar novos destinos.

Segundo Leite (2009), a logística reversa possui canais de distribuição classificados como

canais reversos de pós-venda e pós-consumo. Afirma, ainda, que os bens duráveis ou semiduráveis

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após o descarte tornam-se produtos de pós-consumo e quando apresentar condições de uso pode ser

inserido ao mercado de segunda mão, comercializado por diversas vezes até o fim de sua vida útil.

Diante desses conceitos, têm-se os parâmetros adotados pelas empresas para fazer suas

atividades voltarem-se ao ciclo produtivo e para isso acontecer é de vital importância a adequação de

processos e medidas para manter-se ambientalmente sustentável, através de indicadores que

possibilitem a identificação dos ganhos competitivos e menor impacto ao meio ambiente.

Em 1997, nos Estados Unidos, foi criada a Global Reporting Initiative (GRI) em conjunta com

a Coalition for Environmentally Responsible Economics (CERES) e com o programa ambiental das

Nações Unidas (UNEP).

O processo logístico reverso pode ser tratado com diferentes enfoques pelas organizações: para

algumas os programas de logística reversa traz benefícios como a redução de custos, enquanto que

para outras pode trazer problemas operacionais ou de aumento de custos (MALINVERNI, 2002).

A GRI elaborou as diretrizes dos relatórios de sustentabilidade baseada nos processos

conceituais com a finalidade de alcançar aceitação mundial. Para isso, houve uma participação ativa

dos representantes das indústrias, nas áreas de contabilidade, investimento, ambiental, direitos

humanos e outras por várias partes do mundo, que enviaram sugestões e comentários (GEE e

SLATER, 2005).

A estrutura dos relatórios é bastante favorável para o conhecimento de todos que apresentam

interesse em conhecer o quanto as organizações estão preocupadas com o meio ambiente, detalhados

por componentes bastante utilizados. É através da divulgação desses relatórios que se podem fazer os

cálculos do grau de aderência plena e evidenciação efetiva.

2.3 GAPIE E GEE

Para Dias (2006) e Carvalho (2007), com o processo de coleta de dados, é possível

apresentar o grau de aderência completa aos indicadores essenciais do GRI das empresas brasileiras.

Por meio dos estudos e metodologias desenvolvidas pelas autoras, é possível verificar a evolução que

os cálculos desses indicadores podem evidenciar se as empresas têm uma aderência plena dos seus

relatórios sociais.

O Grau de Aderência Plena (GAPIE) tem como objetivo estabelecer um percentual de

aderência de cada empresa no qual foi relatado pela GRI, variando entre 0% a 100% (CARVALHO,

SIQUEIRA, 2007).

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Já o Grau de Evidenciação Efetiva tem como objetivo mensurar o percentual da quantidade

de informações efetivas relatadas pela empresa dentro do percentual total de informações no modelo

(GRI) (CARVALHO, SIQUEIRA, 2007).

Para os autores o GAPIE e o GEE são formas de mensurar quantitativamente o quão

próximo e fiel as empresas divulgam informações com base nos indicadores da GRI, podendo ser

analisados ao longo dos anos, para avaliar seu crescimento, ou até mesmo entre outras empresas.

O GAPIE e o GEE podem contribuir bastante para a logística reversa buscando mostrar e

traçar, através dos cálculos encontrados, estratégias para melhor o fluxo de informações e materiais

desde a origem até o destino final, ou o retorno dos mesmos para o ciclo da logística.

Os assuntos abordados até aqui, de forma teórica, serão apresentados a seguir, de forma

prática e para compreender os procedimentos utilizados encontra-se na sequência a metodologia usada

para a realização desta pesquisa.

3 PROCEDIMENTOS MEDOLÓGICOS

Quanto aos procedimentos metodológicos do estudo aborda-se uma pesquisa exploratória com

uma abordagem qualitativa e quantitativa e tem por incentivo um estudo de caso de caráter

documental, não probabilístico, uma vez que a principal fonte investigada foram os relatórios de

sustentabilidade das empresas selecionadas. Foi selecionada uma amostra de três empresas do setor de

computadores e equipamentos para a realização do estudo, onde o princípio partiu-se da importância

que esse setor infere diretamente aos impactos ecológicos e ambientais.

De acordo com Fonseca (2002) os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados

e se centra na objetividade. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite

recolher mais informações do que poderia conseguir se fossem analisadas isoladamente.

Dentre as três empresas, apenas uma divulgou seus relatórios nos anos de 2007 a 2013 através

do website da BM&FBOVESPA, em setembro de 2014. O Quadro 1 apresenta as empresas analisadas

previamente no trabalho:

Quadro 1 – Relação prévia da empresas do estudo segundo site BM&FBOVESPA

Razão Social Segmento

BEMATECH S.A.(Excluída da análise) Novo Mercado

ITAUTEC S.A. – GRUPO ITAUTEC

POSITIVO INFORMATICA S.A. (Excluída da análise) Novo Mercado

Fonte: Elaborado pelos autores (2014), com base na relação obtida no site BM&FBOVESPA.

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A etapa seguinte de construção da amostra constitui em verificar, por meio de visita a cada um

dos sites das 3 empresas, as que disponibilizam seus relatórios de sustentabilidade, nos anos de 2007 a

2013. Conforme visto na tabela 1 pode-se observar que duas empresas foram excluídas da análise por

não estarem disponíveis em seus sites os relatórios anuais de sustentabilidade analisados nos anos de

2007 a 2013, ou por motivos não justificáveis, sendo que foram identificadas pela BM&FBOVESPA

como uma companhia nova no mercado. As empresas excluídas da amostra foram: Bematech S.A. e

Positivo Informática S.A., restando apenas à empresa Itautec S.A.

As técnicas adotadas foram baseadas nos estudos dos indicadores essenciais e adicionais do

modelo GRI (versão G3), para uma análise mais completa dos dados disponibilizados pelas empresas.

Para em seguida, classificar os indicadores como evidenciadores da logística reversa de pós-venda e de

pós-consumo. Após a obtenção destas bases, foram realizadas análises de conteúdo em cada um dos

relatórios de sustentabilidade das empresas analisadas.

Ressalta-se que o estudo não pretende destacar se as informações são verdadeiras, mas sim de

forma a resultar uma evolução nos indicadores delimitados pela sua apresentação ou não apresentação

entre as suas classificações, conforme pode ser notado no Quadro 2 retirados dos modelos Dias (2006)

e Carvalho (2007).

Quadro 2 – Base de classificação dos resultados apresentados ou ausentes

CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO PARA INDICADORES APRESENTADOS

CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO

APL - Aderência Plena Quando todos os dados requerentes no protocolo do indicador essencial da G3

foram devidamente fornecidos pela organização

AP - Aderência Parcial Quando apenas parte dos dados requeridos no protocolo do indicador essencial da

G3 foram devidamente fornecidos pela organização.

D - Dúbio Quando as informações fornecidas não são suficientes para o usuário avaliar se a

aderência é plena ou parcial.

I - Inconsistente Quando as informações fornecidas pela organização são diferentes daquelas

referidas no protocolo do indicador essencial da G3.

CATEGORIAS DE CLASSIFICAÇÃO PARA INDICADORES NÃO APRESENTADOS

CLASSIFICAÇÃO DEFINIÇÃO

ND - Não Disponível Quando a organização reconhece que a informação requerida é pertinente às suas

atividades, porém esta ainda não tem condições de fornecê-las.

NAP - Não Aplicável Quando a organização reconhece que os dados requeridos não são pertinentes às

suas atividades ou setor em que ela atua.

OJ - Omitido com

Justificativa

Quando a organização omite a informação requerida pelo protocolo do indicador

essencial G3, por sua decisão, porém apresentando uma justificativa para tal

omissão.

O - Omitido Quando nada é comentado sobre o indicador, como se o mesmo não existisse.

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Fonte: Adaptado pelos autores de Dias (2006); Carvalho (2007).

Após a identificação dos indicadores que expressariam as ações de logística reversa de pós

venda e pós-consumo foram aplicados os cálculos dos graus de aderência plena, o GAPIE, e

evidenciação efetiva, o GEE, com base nos estudos de DIAS (2006) e CARVALHO (2007), onde suas

respectivas fórmulas estão exposta no quadro 3.

Quadro 3 – Fórmulas do GAPIE e GEE

GAPIE =

Total de indicadores com APL + Total de indicadores OJ

Total dos indicadores essenciais e adicionais – Total dos indicadores NAP

GEE =

Total dos indicadores com APL

Total dos indicadores essenciais e adicionais – Total dos indicadores NAP

Legenda: APL: Aderência Plena – NAP: Não Aplicável – OJ: Omitidos com Justificativa

Fonte: Adaptado pelos autores de Dias (2006) e Carvalho (2007).

O GAPIE é utilizado para medir o quanto as empresas seguem os padrões especificados pela

GRI e para classificação do indicador, como base a formula desenvolvida por Dias (2006) e Carvalho

(2007), tem-se o total de indicadores com aderência plena somados com o total de indicadores

omitidos com justificativa, divididos pelo total de indicadores essenciais subtraídos pelo total de

indicadores não aplicável. Já o GEE é utilizado para medir o nível de informação real e efetiva

evidenciado por cada empresa, e para gerar a classificação do indicador, também com base na formula

adaptada por Dias (2006) e Carvalho (2007), tem-se o total dos indicadores com aderência plena,

divididos pelo total de indicadores essenciais subtraídos pelo total de indicadores não aplicáveis.

O GAPIE e o GEE foram aplicados na área da logística reversa de pós-venda e pós-consumo

dos indicadores de desempenho das empresas estudados na pesquisa, cujo todo o cálculo provê de 29

indicadores, sendo 5 no pós-venda (2 essenciais e 3 adicionais) e 24 no pós-consumo (13 essenciais e

11 adicionais).

Os indicadores foram selecionados conforme os impactos ocorridos na empresa dentro da área

logística e que tinha informações que a envolve-se no âmbito social e ambiental que tinha natureza

quantitativa e qualitativa em cada indicador.

Nos quadros 4 e 5 pode-se observar quais indicadores foram analisar para gerar o nível de

classificação.

Quadro 4 – Indicadores utilizados na análise da logística reversa do pós-venda

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Código

GRI Descrição do indicador

PR5 Práticas relacionadas à satisfação do cliente, incluindo resultados de pesquisas.

PR6 Programas de adesão às leis, normas e códigos voluntários relacionados a comunicações de

marketing, incluindo publicidade, promoção e patrocínio.

PR7 Casos de não-conformidade com regulamentos e códigos voluntários relativos a comunicações

de marketing, incluindo publicidade, promoção e patrocínio.

PR8 Reclamações comprovadas relativas à violação de privacidade e perda de dados de clientes.

PR9 Multas (significativas) por não-conformidade com leis e regulamentos relativos ao fornecimento

e uso de produtos e serviços.

Fonte: Adaptado pelos autores de GRI (2006).

Quadro 5 – Indicadores utilizados na análise da logística reversa do pós-consumo

Código

GRI Descrição do indicador

EC2 Implicações financeiras e outros riscos e oportunidades devido a mudanças climáticas.

EN2 Percentual de materiais usados provenientes de reciclagem.

EN3 Consumo de energia direta.

EN4 Consumo de energia indireta.

EN5 Energia economizada devido a melhorias em conservação e eficiência.

EN6 Iniciativas para fornecer produtos e serviços com baixo consumo de energia.

EN7 Iniciativas para reduzir o consumo de energia indireta e as reduções obtidas.

EN8 Total de retirada de água por fonte.

EN9 Fontes hídricas significativamente afetadas por retirada de água.

EN10 Percentual e volume total de água reciclada e reutilizada.

EN12 Descrição de impactos significativos na biodiversidade de atividades, produtos e serviços em

áreas protegidas e em áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas.

EN13 Habitats protegidos ou restaurados.

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EN14 Estratégias, medidas em vigore planos futuros para a gestão de impactos na biodiversidade.

EN16 Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa.

EN17 Outros emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa.

EN18 Iniciativas para reduzir emissões de gases de efeito estufa.

EN19 Emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio.

EN20 NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso.

EN21 Descarte total de água.

EN22 Peso total de resíduos, por tipo e método de disposição.

EN25 Identificação, tamanho, status de proteção e índice de biodiversidade de corpos d'água e habitats

significativamente afetados por descartes de água e drenagem.

EN26 Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços.

EN29 Impactos ambientais significativos do transporte de produtos e outros bens e materiais utilizados

nas operações, bem como do transporte de trabalhadores.

EN30 Investimentos em proteção ambiental.

Fonte: Adaptado pelos autores de GRI (2006).

Ao esclarecer os níveis de classificação, procedeu-se uma análise qualitativa e quantitativa das

informações apresentadas nos relatórios e foram demonstradas as pontuações da empresa comparada

nos anos de 2007 a 2013, cujos resultados podem ser visualizados nos gráficos elaborados e descritos a

seguir.

Considerando as pontuações totais elaboradas. Foi feito uma comparação entre os níveis de

logística reversa, dados pelos seguimentos de pós-venda e pós-consumo, cujos níveis e faixas de

classificações adotados seguem de acordo com a tabela 1.

Tabela 1 – Pontuação atribuída às empresas

Pontuação Atribuída por Modalidade

Faixa Percentual Pontos do Pós-Venda

(5 indicadores)

Pontos do Pós-Consumo

(24 indicadores)

Classificação

Atribuída

0 – 25% 0 – 1,25 0 – 6 Ruim

26 – 50% 1,26 – 2,5 7 – 12 Regular

51 – 75% 2,6 – 3,75 13 – 18 Bom

76 – 100% 3,76 – 5 19 – 24 Ótimo

Fonte: Elaborado pelos autores (2014).

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Para definir esse nível de classificação do GAPIE e do GEE, foi dada a variação de classe de 0

a 100%. Onde a foi traçada as seguintes faixas: de 0 a 25% a classificação é dada como “ruim”,

estando entre uma pontuação de 0 a 1,25 no pós-venda e 0 a 6 no pós-consumo; de 25 a 50% a

classificação é dada como “regular”, estando entre uma pontuação de 1,26 a 2,5 no pós-venda e 7 a 12

no pós-consumo; de 51 a 75% a classificação destaca-se como “boa” estando entre uma pontuação de

2,6 a 3,75 no pós-venda e 13 a 18 no pós-consumo; e de 76 a 100% a classificação é dada como

“ótima”, estando entre uma pontuação de 3,76 a 5 no pós-venda e 19 a 24 no pós-consumo. E os

resultados obtidos encontram-se a seguir.

4 RESULTADOS

Conforme os resultados obtidos na amostra da pesquisa, após a realização da análise dos

indicadores de desempenho financeiro, social e ambiental segundo o modelo GRI versão G3, onde

foram classificados níveis de aderências do GAPIE e GEE da logística reversa do pós-consumo e do

pós-venda nos anos de 2007 a 2013, foi produzido os gráficos representativos que identificam a

evolução da empresa de maneira gradativa conforme observado logo a seguir.

4.1 GAPIE e GEE da Logística Reversa de Pós-Venda no período de 2007 a 2013

Considerando o modelo de cálculo produzido por Dias (2006) e Carvalho (2007) adaptado pelo

autor, Quadro 3, apresenta-se a seguir o gráfico 1 que mostra a evolução do grau de aderência plena da

logística de pós-venda dos relatórios anuais de sustentabilidade de 2007 a 2013, retirados do site a

empresa.

No ano de 2007, primeiro ano considera como inicial na pesquisa abordada, a empresa teve

uma percentual de 80% de GAPIE, estando na faixa de classificação considerada como ótimo,

conforme quadro de pontuação, informado anteriormente. Manteve no ano de 2008 o mesmo índice de

2007, e aumentou para 100% no ano de 2009, devido a uma melhora na adequação dos relatórios de

sustentabilidade publicados nesse período, retornando para uma margem de 80% no ano de 2010. Já

nos últimos anos analisados na pesquisa, em 2011, a empresa voltou a melhorar na divulgação dos

indicadores nos relatórios, permanecendo em uma faixa considerada como ótima. Mas a partir do de

2012 houve um queda significativa na divulgação, caindo para um percentual de 20%, por não ter uma

total aderência na evidenciação dos indicadores econômicos, ambientais e sociais, que foram

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explicitamente omitidos pela empresa, o que desencadeou a mesma avaliação no ano seguinte, 2013,

adquirindo, assim, uma classificação ruim.

Essa queda no final do período ocorreu devido à omissão de alguns indicadores sem quaisquer

justificativas pelo acontecimento dos fatos.

Gráfico 1 – Grau de Aderência Plena (GAPIE) e Grau de Evidenciação Efetiva (GEE) da Logística

Reversa de Pós-Venda.

Fonte: Elaborado pelos autores (2014), com base nos resultados da pesquisa.

No período da análise, o grau de evidenciação efetiva elencado na pesquisa, relativo ao cálculo

que pretende informar o nível real dos indicadores utilizados, permaneceu igual à aderência plena,

conforme podemos observar no gráfico 1, não havendo a necessidade de fazer-se uma análise gráfica

já que eles permaneceram com os mesmo percentuais nos intervalos dos períodos.

Desde modo considera-se o mesmo resultado porque a empresa não justificou nenhuma dos

indicadores omitidos, gerando, assim, igualdade ao gráfico do GAPIE da logística reversa de pós-

venda neste período, 2007 a 2013. E as quedas nos dois últimos anos ocorreram conforme explicado

no GAPIE, onde empresa não justificou em seus relatórios a omissão de alguns indicadores.

4.2 GAPIE e GEE da Logística Reversa de Pós-Consumo no período de 2007 a

2013

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O gráfico 2 mostra os anos que evoluíram na divulgação dos indicadores com base na fórmula

do Quadro 3, de Dias (2006) e Carvalho (2007), ilustrando como esteve o grau de aderência plena da

logística reversa do pós-consumo nos anos de 2007 a 2013.

Gráfico 2 – Grau de Aderência Plena (GAPIE) e Grau de Evidenciação Efetiva (GEE) da Logística

Reversa de Pós-

Fonte: Elaborado pelos autores (2014), com base nos resultados da pesquisa.

Para o grau de aderência plena da logística reversa de pós-consumo, obteve-se um equilíbrio na

divulgação dos relatórios, preservados pela capacidade de informações que a empresa pode oferecer

aos seus clientes.

No ano de 2007 com 79% dos indicadores divulgados, a organização se enquadrou numa

classificação considerada como ótima, conforme tabela 2, elaborada pelo autor e citada anteriormente

no referencial. No ano seguinte, houve uma pequena redução no percentual, caindo para 63%, mas se

mantendo num patamar considerado como bom.

No decorrer do período a Itautec procurou evidenciar o máximo que pode de seus relatórios, de

uma forma mais ampla e precisa por pretender subir nos percentuais que foram considerados como

ótimo nos anos de 2009 a 2011, ficando, assim, como com a seguinte faixa: 2009 (78%), 2010 (74%) e

2011 (83%).

No final do período estudado observa-se uma caída nos índices, não sofrendo tanto com

percentuais de 54% em 2012, e 63% em 2013, sendo estes considerados em uma classificação boa. A

empresa precisa perceber que não pode se prender a fatores interno, portanto, nos dois últimos anos foi

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necessária mais aderência em divulgar os indicadores nos relatórios para não aferir na análise com

tantas omissões, já que isso acarreta diretamente no grau do indicador.

Através do gráfico 2 nota-se uma evolução de efetividade na divulgação das informações nos

indicadores de sustentabilidade. Neles observa-se a evidencia efetiva dos relatórios publicados nos

anos prescritos no estudo, levando-se em consideração os indicadores da logística reversa de pós-

consumo.

Inicialmente em 2007 está em uma classificação boa, conforme quadro 3 citado anteriormente,

com o 63% do indicadores efetivamente declarados. Em 2008 houve um desuso de alguns indicadores,

perante isso se observa a baixa na evolução com um percentual não muito favorável de 46%, já que

este se encontra numa classificação considerado como regular.

Já em 2009, houve um aumento de 15% no desempenho dos indicadores em relação ao ano

anterior, passando a divulgar 61% dos índices, que os trazem de volta ao parâmetro considerado como

bom. No passar dos anos ainda esteve com os mesmos patamares de percentuais bons, estando 2010

com 57%. 2011, destacado com um alto pico no seu percentual que foi de 79%, deixando assim a

efetividade do indicador no status ótimo. Caindo nos anos seguinte com parciais de 54% e 63%, em

2012 e 2013, respectivamente, com período dotado como bom, porém deixando a desejar o equilíbrio

dos indicadores para se ter relatórios mais efetivos.

Portanto, nota-se que o comportamento do GAPIE e do GEE mostrou muitas oscilações no

decorrer dos anos analisados, tendo uma expressiva diferença na medição dos indicadores. No pós-

venda os índices mostraram um GAPIE com classificações ótima, de 2007 a 2011; ruim de 2012 a

2013, e um GEE com as mesmas classificações. No pós-consumo, os índices do GAPIE ficaram numa

classificação boa em 2008, 2010, 2012, 2013; ótima em 2007, 2009, 2011, e do GEE numa

classificação regular, em 2008, boa em 2007, 2009, 2010, 2012, 2013 e ótima em 2011.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conscientização da sociedade tem influenciado as organizações a incorporar padrões que

sejam compatíveis com a sustentabilidade ambiental, com vistas a colaborar para a diminuição da

poluição e para minimizar os impactos nos recursos naturais, cada vez mais escassos. Esse processo de

conscientização da sociedade implica no desenvolvimento de uma legislação coerente com as formas

de garantia dos produtos e serviços prestados, produção e consumo sustentáveis, que objetivam

garantir um elevado nível de satisfação e reduzir os impactos das atividades produtivas no meio

ambiente. Surgindo então a necessidade das empresas adotarem de práticas de logística reversa, tanto

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no que se refere ao pós-consumo como ao pós-venda. Observou-se que os relatórios de

sustentabilidade são importantes meios de comunicação e evidenciação de forma transparente de ações

realizadas pelas organizações.

O estudo respondeu ao problema identificado e atendeu aos seus objetivos visto que discorreu

sobre sustentabilidade empresarial e seus meios de divulgação; conceituou logística reversa e

identificou os seus indicadores de evidenciação segundo o GRI; realizou uma pesquisa exploratória,

através do GRI (versão 3.0), sobre a evolução do GAPIE e do GEE da logística reversa contidos nos

relatórios anuais de sustentabilidade das empresas do subsetor de computadores e equipamentos

listados na BM&FBOVESPA nos anos de 2007 a 2013.

Por meio do cálculo do GAPIE e do GEE da Itautec S.A verificou-se um comportamento

oscilante, contudo uma tendência queda nos dois níveis de aderência estudados e consequentemente de

sua classificação no decorrer dos anos analisados. Assim, a hipótese levantada no início do estudo a

ser testada no desenvolvimento da pesquisa que seria a de que as empresas do subsetor de

computadores e equipamentos que publicaram seus relatórios de sustentabilidade entre os anos de

2007 e 2013 evoluíram no que se refere a sua classificação de aderência no decorrer dos anos

analisados foi refutada.

Conclui-se também que, com os cálculos elaborados nos estudo foram verificados o

comportamento do GAPIE e do GEE que se mostrou com muitas oscilações no decorrer dos anos

analisados, tendo uma expressiva diferença na medição dos indicadores. No pós-venda os índices

mostraram um GAPIE com classificações ótima de 2007 a 2011 e ruim de 2012 a 2013, e um GEE

com as mesmas classificações. No pós-consumo os índices do GAPIE ficaram numa classificação boa

em 2008, 2010, 2012, 2013 e ótima em 2007, 2009, 2011, e do GEE numa classificação regular em

2008, boa em 2007, 2009, 2010, 2012, 2013 e ótima em 2011.

Ressalta-se que a análise realizada não cabe generalizações, pois pôde gerar conclusões

limitadas apenas em uma empresa, Itautec S.A, porque somente ela teve a divulgação de seu relatório

de sustentabilidade publicado no website da BM&FBOVESPA no período entre 2007 e 2013, as para

as outras empresas do setor não foram encontrados seus relatórios dentro deste período de tempo.

Este estudo abordou o presente tema na tentativa de visualizar os impactos que as empresas

estão causando na natureza e na busca por novos conceitos e novas metas para serem traçados em

estudos posteriores

.

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