evoluÇÃo do pensamento administrativo: a …livros01.livrosgratis.com.br/cp033278.pdf ·...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE PAULISTA
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO:
A ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA RACIONAL
COMPETITIVA
URACIR DE LIMA RANZEIRO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Paulista para
obtenção do título de Mestre
SÃO PAULO 2006
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE PAULISTA
EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO:
A ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA RACIONAL
COMPETITIVA
URACIR DE LIMA RANZEIRO
Orientador: Prof. Dr. José Benedito
Sacomano
Área de Concentração:
Engenharia de Produção
(Planejamento e Controle
da Produção)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção
da Universidade Paulista para obtenção do
título de Mestre
SÃO PAULO
2006
RANZEIRO, Uracir de Lima
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional Competitiva. / Uracir de Lima Ranzeiro. São Paulo, 2006. 252p.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Paulista, 2006. Área de Concentração: Engenharia de Produção
Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano
1. Planejamento e Controle da Produção. 2. O Caráter Evolucionário das Técnicas do PCP e as
Novas Formas de Organização do trabalho
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Dedicatória
A meus filhos Virgínia Aimêe, Vinícius Gabriel e esposa Sandra Célia, pelo apoio e compreensão de minhas ausências.
IV
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Agradecimentos
Agradecimentos
Ao Professor Doutor José Benedito Sacomano, meu orientador, por ter
conduzido com seriedade e competência a difícil aventura do saber.
Aos Professores do Programa de Pós-graduação, pelos incentivos e pelos
inestimáveis conhecimentos transmitidos.
A Secretaria e demais Apoios do Programa de Pós-graduação, pelo
reconhecimento de seus esforços.
Ao Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino
Particulares PROSUP / CAPES, pelo auxilio para a realização deste
trabalho.
Aos colegas de turma pela ajuda e companheirismo indispensável.
A Deus, por me conceder saúde para aprender sempre mais, não por
vaidade nem só para agradar meus familiares e professores, mas para ser
útil a mim mesmo e à sociedade.
V
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Epigrafe
Sob um céu uno e plácido e normal onde nada se mostra a ver ou ser a idéia de uma nuvem se faz crer.
FERNANDO PESSOA
VI
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Sumário
SUMÁRIO
Resumo.....................................................................................................................IX
Abstract ......................................................................................................................X
Lista de Abreviaturas .......................................................................................... XII
Lista de Termos Estrangeiros...........................................................................XV
Lista de Figuras .................................................................................................XVIII
Lista de Tabelas...................................................................................................XIX
1. Introdução
1.1. Objetivos do Trabalho ....................................................................23
1.2. Justificativa da pesquisa ................................................................23
1.3. Metodologia de pesquisa utilizada ...............................................24
1.4. Estrutura / conformação do trabalho ............................................30
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
1.1.A Organização tradicional: sistema de Produção Artesanal .....................33
1.2.A Organização Burocrática Racional-Legal (Produção em massa) .........39
1.2.1.O Movimento Clássico: a racionalização do trabalho .............................48
1.2.2.O Movimento das Relações Humanas ......................................................61
1.2.3.O Movimento do Estruturalismo-Sistêmico...............................................71
1.2.4.O Movimento da Contingência....................................................................75
VII
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Sumário Capítulo 2:- As Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas
2.1.As Mutações de Mercado................................................................................81
2.2.Estratégias Competitivas.................................................................................84
2.2.1.Conceito ..........................................................................................................84
2.2.2.Estratégia de Produção................................................................................90
2.2.3.Estratégias de Operações Focalizadas .....................................................99
2.2.4.A Priorização de Critérios Ganhadores e Qualificadores .....................103
2.3.Conclusões do capítulo .................................................................................114
Capítulo 3:- As Prioridades Competitivas em Manufatura
3.1.Qualidade.........................................................................................................118
3.2.Flexibilidade.....................................................................................................119
3.3.Custos ..............................................................................................................121
3.4.Gestão de rede de suprimentos ...................................................................124
3.5.Prazo de entrega ............................................................................................124
Capítulo 4:-A Organização Burocrática Racional Competitiva. Evolução dos
Sistemas de Administração e Controle da Produção
4.1.Classificação dos Sistemas de Produção ..................................................128
4.2.Classificação dos Processos de Produção ................................................132
4.3.Sistemas de Administração e Controle da Produção ..............................136
4.4.Just-in-time(JIT)..............................................................................................137
4.5.A Teoria das Restrições (TOC)....................................................................144
4.6.A Reengenharia ..............................................................................................145
4.7.A Qualidade.....................................................................................................147
VIII
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Sumário
Capítulo 5:- Manufatura em Massa Atual (MMA)........................................155
Capítulo 6:- Manufatura Enxuta (ME).............................................................158
Capítulo 7:- Manufatura Responsiva (MR) ...................................................167
Capítulo 8:- Manufatura Ágil (MA) ..................................................................180
Capítulo 9:- Customização em Massa (CM).................................................198
Capitulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos a partir das
Prioridades Competitivas
10.1.As diferenças entre os Paradigmas, tipos de Sistemas de Prod 209
10.2.A conceituação de Paradigmas Estratégicos Gestão da Manufat ...... 211
10.3.As principais correlações entre os paradigmas e suas ferramentas ...226
10.4 A integração e adaptação da produção aos objetivos estratégicos.....234
Capítulo 11:- Conclusão
11.1 Conclusão......................................................................................................236
11.2 Hipótese sobre o futuro das organizações...............................................237
11.3 Hipótese sobre o futuro da sociedade ......................................................239
11.4 Hipótese sobre o futuro do meio-ambiente .......................................................240
Referências Bibliográficas ...................................................................................241
IX
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Resumo
RESUMO
RANZEIRO, U.L. Evolução do Pensamento Administrativo. A
Organização Burocrática Racional Competitiva. Dissertação de Mestrado
em Engenharia de Produção – Instituto de Ciências Exatas, Universidade
Paulista, 2006.
Palavras-chave: Pensamento Administrativo; Paradigmas Produtivos;
Estratégias; Prioridades Competitivas; Gestão da Produção.
Este trabalho tem como objetivo, acompanhar por meio de revisão histórica,
a trajetória do desenvolvimento de novos paradigmas de produção a medida
que se apresentam novos desafios aos sistemas produtivos. A evolução da
Organização Burocrática Racional Legal para a Organização Burocrática
Racional Competitiva de nossos dias. Baseado neste contexto, permite-se
concluir sobre as principais correlações entre o desenvolvimento de novos
paradigmas e suas ferramentas; a integração e adaptação da produção aos
objetivos estratégicos das organizações; formular hipóteses pelo processo
de inferências dedutivas sobre o futuro das organizações, da sociedade e do
meio-ambiente.
X
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Abstract
ABSTRACT
(RANZEIRO,U.L. Business management thoughts evolution. The
competitive rational burocratic organization. Maters degree theses on
production engineering. ICE, UNIP University.)
Key words: management thinking; products paradigms; strategies,
competitive priorities; production management
This studies aimed to follow the development of new productive paradigms
as an response to the new challenges to productive system, for intermediary
of a historical revision. The evolution of the legal rational burocratic
organization to the rational burocratic competitive organization in our days.
Based in this context, it is possible to conclude on the main ones the main
inter-relations between the development of new paradigms and its tools; the
integration and adaptation of the production to the strategic objectives of the
organizations and raise hypotheses through the deductive inference process
on the future the organizations, society and the environment as well.
XI
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
LISTA DE ABREVIATURAS
CM=Customização em Massa
CONWIP=Constant Work in Process (Estoque Constante em Processo)
CP=Controle da Produção
CPM=Critical Path Method (Método do Caminho Crítico)
CRP=Capacidade Reprodutiva
EDD=Earliest Due Date (Data Devida Mais Cedo)
ERP=Enterprise Requirement Planning (Planejamento das Necessidades da
Empresa)
JIT=Just in Time
LD=Lead Time (Tempo de Processo) de Distribuição
LF=Lead Time (Tempo de Processo) de Fabricação
LM=Lead Time (Tempo de Processo) de Montagem
XII
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
LP=Lead Time (Tempo de Processo) de Projeto
LPT=Longest Procesing Time (Maior Tempo de Processamento)
LS=Lead Time (Tempo de Processo) de Obtenção de Suprimentos
MA=Manufatura Ágil
ME=Manufatura Enxuta
MMA=Manufatura em Massa Atual
MPS=Master Production Schedule (Programa Mestre de Produção)
MR=Manufatura Responsiva
MRP=Material Requirements Planning (Planejamento das Necessidades de
Materiais)
MRP II= Manufacturing Resource Planning (Planejamento dos Recursos da
Manufatura)
XIII
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
OPT=Optimized Production Technology (Sistema de Controle da Produção
que utiliza a abordagem da Teoria das Restrições)
PBC=(ou SPBC) Period Batch Control (Controle do Período Padrão)
PCP=Planejamento e Controle da Produção
PEGEM=Paradigma Estratégico Gestão da Manufatura
PERT=Program Evaluation and Review Tecnique (Técnica de Revisão e
Avaliação do Programa)
RDB=Rope-Drum-Breathing (Tambor-Pulmão-Corda que utiliza a
abordagem da Teoria das Restrições)
SICOPROC=Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra
SPT=Shortest Processing Time (Menor Tempo de Processamento)
TQM=Gestão da Qualidade Total
TR=Tempo de Resposta
XIV
UNIVERSIDADE PAULIST A – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
LISTA DE TERMOS ESTRANGEIROS
Assembly to order= Montar mediante pedido
Backlog list= Lista de pedidos em carteira
Container= Receptáculo usado para transporte
Engineering to order= Projeto sob encomenda
Flow-shop= Padrão de fluxo unidirectional ou sistema de manufatura com
padrão de fluxo unidirecional
Gap=Distância entre duas peças / Folga balística
Input=Entrada
Jobbing= Tipo de processo de produção praticado por técnico especialista
Job-shop=Padrão de fluxo multi-direcional ou sistema de manufatura com
padrão de fluxo multi-direcional
Just in Time= Estratégia de manufatura ou sistema de controle de produção
que prega a produção no momento certo
XV
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
Kaisen=Mudança incremental
Kanban=Sistema de coordenação de ordem de produção e compras do Just
in Time
Layout=Arranjo físico
Lead Time=Tempo decorrente entre a notificação da necessidade e o fim da
produção ou da compra do material
Make to order= Produção sob encomenda
Make to stock=Produção para estoque
Makespan=Duração total da programação da produção
Ordering system=Sistema de coordenação de ordens
Output=Saída
Overlap=Sobreposição de peças
XVI
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
Performance=Resultados
Setup=Preparação
Software=Programa de computador
World Class Manufacturing=Manufatura de Classe Mundial
XVII
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
LISTA DE FIGURAS
Fig. nº
1. Estratégia Corporativa e Competitiva ................................................................. 21
2. Escopo dos ambientes relacionados a mutação do Sist. Adm. Prod.. ......... 22
3. A Evolução do Pensamento Administrativo ...................................................... 32
4. As principais teorias do pensamento administrativo ........................................ 33
5. O sistema burocrático ........................................................................................... 45
6. A abordagem microscópica e mecanicista da Administração Científica ...... 53
7. Hawthorne - Um Sistema de Análise ................................................................. 71
8. Matriz Estrutura de Mercado de .......................................................................... 83
9. Estrutura de Mercado em termos de Poder ...................................................... 83
10. Forças que dirigem a concorrência na indústria............................................... 89
11. Estratégia Corporativa e Competitiva ................................................................. 91
12. Matriz Importância x Desempenho ..................................................................... 107
13. Todo processo é cliente e fornecedor ................................................................ 109
14. Focos combinados no cliente e no produto ....................................................... 111
15. Tipos de processos em operações de manufatura .......................................... 135
16. Os SICOPROCS ideais para a MR de acordo com o nível de repetit .......... 176
17. Os quatro elementos-chave de um Paradigma Estratégico de Gestão ....... 212
18. Primeiro modelo que relaciona alguns PEGEMs e alguns objetivos ............ 213
19. Evolução de necessidades de mercado e crité rios de desempenho ............ 213
20. Segundo modelo que relaciona PEGEMs a algum objetivo estrat................ 214
21. O posicionamento dos PEGEMs dentro de uma matriz mudança ................ 223
22. Escopo dos ambientes relacionados a mutação do Sist. Adm. Prod.. ......... 235
XVIII
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional ...
Listas
LISTA DE TABELAS
Tab. nº
1. Relação entre Tipos de Pesquisa e Objetivos .................................................... 27
2. Fases de organização industrial............................................................................ 39
3. Hierarquia das estratégias ................................................................................... 84
4. Matriz de classificação dos tipos de manufatura em função do output .......... 129
5. Capacitadores relacionados aos princípios para a MR..................................... 179
6. Uma classificação dos capacitadores da Manufatura Ágil................................ 188
7. As diferenças entre PEGEM, tipos de sistemas de produção e os SIC. ........ 210
8: PEGEMs e seus princípios/capacitadores mais enfatizados ou event........... 215
9. Manufatura Ágil x Customização em Massa: semelhanças e diferenças ...... 226
XIX
UNIVERSIDA DE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 20
Introdução
1 Introdução
A nova cultura organizacional surge da imprevisibilidade do macro-
ambiente onde se encontram as organizações cada vez mais sujeitas a
transformações, adaptações, soluções pontuais e transitórias. Desta feita,
são fundamentados em cenários conturbados de risco com clientes,
fornecedores, recursos humanos, meio-ambiente e mercado.
Em função de suas peculiaridades, as organizações optaram por
diferentes traços culturais, diversas estratégias sobre preços, produtos,
produtividade, marketing, responsabilidade social, capital intelectual,
desenvolvimento sustentável. Trata-se de elementos trabalhados com maior
ou menor prioridade no contexto de oportunidades e de competitividade,
muitas vezes selvagem para garantir a sobrevivência.
As cadeias produtivas possuem suas especificidades que implicam
diferentes características de gestão. Contudo, no universo da produção e do
consumo as organizações ainda carecem de modelos próprios de gestão
que lhes garantam rentabilidade em cada etapa dos processos produtivos
até o seu consumo final, sem deixar de lado a responsabilidade social,
prover o sustento para satisfação e auto-realização de todos os atores
envolvidos no sistema.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 21
Introdução
A gestão estratégica deve reconhecer e avaliar as ações e reações
dos ambientes internos e externos das organizações, os concorrentes, os
consumidores, os novos mercados, os parâmetros de qualidade de seus
produtos, sua responsabilidade social. Assim como em uma perspectiva
gerencial deve descentralizar decisões, investir no capital humano,
integrando áreas tecnológicas e mercadológicas, aproximando decisões
estratégicas das operacionais, gerindo a organização não mais baseada na
da lógica do lucro, mas como um espaço de encontro de energias criativas
com propostas de inovações, por meio da pesquisa de novos protótipos ou
expressões culturais. Deste modo, é necessário administrar a produção, o
controle, a distribuição e a recepção de bens e serviços apoiados nos novos
critérios. Na Figura 1, HORTE (1987) estrutura um modelo de estratégia
neste sentido.
ESTRATÉGIA CORPORATIVA ESTRATÉGIA COMPETITIVA
-LIDERANÇA EM CUSTO -DIFERENCIAÇÃO -ENFOQUE
PRIORIDADES COMPETITIVAS -QUALIDADE -CUSTOS -FLEXIBILIDADE -DESEMPENHO DAS ENTREGAS -CONFIANÇA
ÁREAS DE DECISÃO
ESTRUTURAIS -INSTALAÇÕES -INDUSTRIAIS -CAPACIDADE -TECNOLOGIA -INTEGRAÇÃO VERTICAL
INFRA-ESTRUTURAIS -RECURSOS HUMANOS -GESTÃO DA QUALIDADE -ORGANIZAÇÃO --PPCCPP
Figura 1 : -Estratégia Corporativa e Competitiva (Fonte:- Horte, 1987)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 22
Introdução
As mutações do mercado e da tecnologia ocorrem a cada dia com
maior velocidade e exigem das organizações produtivas constantes
adequações aos novos cenários que se apresentam ao longo do tempo.
Neste contexto, temos o desenvolvimento de novas estratégias competitivas,
novos paradigmas do sistema produtivo e novos sistemas de planejamento,
programação e controle da produção. Desse modo, o motivo da presente
pesquisa é a compreender a sistemática da evolução do pensamento
administrativo, assim como das tecnologias utilizadas para atingir os
objetivos de cada paradigma vigente em cada momento desta evolução.
Para AZZOLINI (2004), esta evolução é expressa pela visão de
Planejamento e Controle da Produção. (Figura 2)
Res
pons
abili
dade
da
Cad
eia
de S
uprim
ento
s Fo
rnec
edor
, Pro
duto
r, Ex
pedi
ção
e D
istri
buiç
ão C
onhecimento = Experiência + Treinam
ento
Conhecim
ento gera as habilidades necessárias
Enterprise Resource Planning – ERP a empresa pode estar apoiada entre outras tecnologias da informação
Adequações dos
Paradigmas a partir
das Prioridades
Paradigmas do sistema
produtivo
Estratégia
Áreas de decisões
Estruturais Infra-estruturais
Instalações Industriais Recursos Humanos Capacidade Gestão da Qualidade Tecnologia Organização Integração Vertical Sistemas Administração Integração Horizontal Da Produção
1. JIT 2. OPT
PCP
Mutações de mercado influenciadas por mudanças no cenário competitivo Internacional Estratégia Competitiva
Figura 2: Escopo dos ambientes relacionados a mutação do Sistema de Administração da Produção. (Fonte: AZZOLINI, 2004)
Avanço quanto ao aprimoramento do processo de gestão da produção
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 23
Introdução
1.1.Objetivos do Trabalho
Este trabalho tem como objetivo: acompanhar a trajetória do
desenvolvimento de novos paradigmas produtivos à medida que se
apresentam novos desafios ao sistema produtivo.
Segundo WARLICH (1986), a técnica de administrar é o ataque aos
problemas administrativos que se apresentam em cada uma das diferentes
situações administrativas, visando à solução. É importante considerar que
nada é definitivo, nada é cristalizado nem é algo que possa ser comprado,
vendido, imitado, roubado, transferido de um lugar para outro e instalado
como se fosse uma caldeira ou máquina fresadora. É uma forma de
descobrir a administração mais indicada para cada caso concreto, conforme
o ambiente interno e externo que se apresenta a cada momento nas
organizações.
1.2 Justificativa da pesquisa
Segundo KUHN (1989), o conhecimento científico não cresce de
modo cumulativo e contínuo. Ao contrário, esse crescimento é descontínuo,
opera por saltos qualitativos, que não se podem justificar em função de
critérios de validação do conhecimento científico. A sua justificativa reside
em fatores externos que nada têm a ver com a racionalidade científica e que,
contaminam a própria prática científica. A importância atribuída pelo autor
aos fatores psicológicos e sociológicos na organização do trabalho científico
constitui um rude golpe na imagem da ciência que se foi consolidando desde
o século XVIII e tende a identificar a cientificidade com a racionalidade.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 24
Introdução
Senão com a racionalidade no seu todo, pelo menos, com a
racionalidade em seu melhor.
A obra do citado autor, desencadeou um autêntico terremoto na
filosofia da ciência e inaugura discursos inovadores que privilegia os
aspectos históricos e sociológicos na análise da prática científica, na qual ele
preconiza os saltos qualitativos que ocorrem nos períodos de
desenvolvimento científico nos quais os princípios, as teorias, os conceitos
básicos e as metodologias, que até então orientavam toda a investigação e
toda a prática científica. São questionados e postos em causa o conjunto de
todos esses princípios, constitui o que tal autor chama de “paradigma”.
Utiliza-se este conceito de paradigma em dois sentidos fundamentais:
1. No sentido lato, o paradigma refere-se àquilo que é partilhado por
uma comunidade científica, uma forma de fazer ciência, uma matriz
disciplinar. Uma comunidade científica caracteriza-se pela prática
de uma especialidade científica, por uma formação teórica comum,
pela circulação abundante de informação no interior do grupo e
pela unanimidade de juízo em assuntos profissionais. Em sentido
particular, o paradigma é um exemplar; é um conjunto de soluções
de problemas concretos, uma realização científica concreta que
fornece os instrumentos conceptuais e instrumentais para a
solução de problemas. Neste sentido, o paradigma é uma
concepção de mundo que, pressupondo um modo de ver e de
praticar, engloba um conjunto de teorias, instrumentos, conceitos e
métodos de investigação;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 25
Introdução
2. Em outro caso, o conceito é usado para significar um conjunto de
realizações científicas concretas capazes de fornecer modelos dos
quais brotam as tradições coerentes e específicas da pesquisa
científica.
1.3 Metodologia de pesquisa utilizada
A efetiva prática da ciência, está apoiada no uso de métodos científicos,
conforme foram definidos por LAKATOS & MARCONI (2005) como:
“o conjunto de atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permitem alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.”
Para BRYMAN (1989), a existência de um método garante um
comprometimento com um modelo sistemático de investigações, no qual a
coleta de dados e sua análise detalhada em relação a um problema ( de
pesquisa) previamente formulado, são os integrantes mínimos e
necessários. Nesse sentido, LAKATOS & MARCONI (2005) citam quatro
métodos de abordagem mais amplos, a saber:
1 Método Indutivo – cuja aproximação dos fenômenos caminha
geralmente, para planos cada vez mais abrangentes, indo das
constatações mais particulares às leis ou teorias (conexão
ascendente);
2 Método Dedutivo – partindo das teorias e leis, na maioria das
vezes, prediz a ocorrência dos fenômenos particulares ( conexão
descendente);
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 26
Introdução
3 Método Hipotético-dedutivo – que se inicia pela percepção de
uma lacuna nos conhecimentos, a respeito da qual formula
hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a presença
da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese;
4 Método dialético - que penetra o mundo dos fenômenos por meio
de uma ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno e da
mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
Não obstante a importância desempenhada pela teoria no projeto de
uma dada investigação (especialmente, no que se refere à geração e
validação de hipóteses), há que se considerar a possibilidade de que
existam situações cuja a base de conhecimento disponível seja pequena, ou
que a literatura disponível não forneça conceitos e modelos teóricos capazes
de suportar a estruturação de afirmações teóricas ou hipóteses adequadas
para o tema em análise.
SALOMON (1991), postula que o tipo de pesquisa científica a ser
realizada é determinada pelo problema em estudo. A seguir os dados da
Tabela 1 sintetizam as proposições do autor:
Tabela 1: Relação entre Tipos de Pesquisa e Objetivos (Fonte: SALOMON, 1991)
Tipo de Pesquisa Objetivo
Exploratória ou descritiva Lançar luzes (insights) sobre um determinado assunto, descrever comportamentos ou classificar fatos e variáveis.
Pura ou Teórica Extrapolar a definição e a descrição de problemas na busca da interpretação, da explicação e da predicão dos mesmos por meio de teorias, leis ou modelos.
Pesquisa Aplicada Aplicar leis, teorias e modelos na descoberta de soluções ou no diagnóstico da realidade.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 27
Introdução
As pesquisas organizacionais, conforme definido por BRYMAN(1995),
entre outros autores, podem ser agrupadas em dois grandes grupos, a
saber, as pesquisas quantitativas e as pesquisas qualitativas. Ao comentar
as citadas abordagens, BONOMA (1985), declara que a abordagem
quantitativa é mais adequada ao teste de teorias, ao passo que a
abordagem qualitativa seria mais adequada à geração de novas teorias.
Segundo BRYMAN (1995), modelos quantitativos caracterizam-se
pela formulação de hipóteses apoiadas em uma dada teoria. Uma vez
definidas as mesmas, procede-se, então, a definição das variáveis que
permitirão a quantificação das hipóteses em estudo. Esta quantificação irá
viabilizar a posterior execução de inferências estatísticas e correlações que
permitirão confirmar ou refutar as hipóteses em estudo.
BRYMAN (1995), considera que modelos qualitativos sã uma
alternativa ao modelo quantitativo, porém não tem aversão à quantificação
das variáveis e o que realmente a diferencia da pesquisa quantitativa é a
ênfase em captar a perspectiva dos indivíduos que estão sendo estudados
para o entendimento de um fenômeno dentro de seu próprio contexto.
A pesquisa qualitativa tende a ser menos estruturada, de modo a captar o
que é importante aos indivíduos, bem como, suas interpretações sobre os
ambientes nos quais trabalham, para tanto utilizam-se da investigação
profunda dos mesmos e de seus meios. Desta forma, a pesquisa qualitativa
congrega uma série de técnicas destinadas ao entendimento de um dado
fenômeno e não a verificação da freqüência de ocorrência do mesmo.
Características da pesquisa qualitativa:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 28
Introdução
1.O ambiente natural é a fonte de dados e o pesquisador, o
instrumento.
2.Múltiplas fontes de dados são utilizadas;
3.O significado que as pessoas dão às coisas é a preocupação
essencial do investigador;
4.Os pesquisadores têm proximidade com o fenômeno estudado.
Segundo YIN (1989), questões 'como' e 'por que' não apontam para o que
você deveria estudar. Só se você for forçado a declarar algumas
proposições, você começará a se mover no sentido correto. Estas
proposições, além de refletir uma questão teórica, começam a dizer onde
procurar evidências relevantes.
O presente trabalho assume um caráter de pesquisa Pura ou Teórica, assim,
tenta-se extrapolar a definição e a descrição dos problemas na busca da
interpretação, da explicação e da predição dos mesmos por meio de teorias,
leis ou modelos, conforme SALOMON (1991). Método Dedutivo, que
partindo das teorias e leis, na maioria das vezes prediz a ocorrência dos
fenômenos particulares (conexão descendente), segundo LAKATOS;
MARCONI (2005). Método Hipotético-dedutivo – que inicia-se pela
percepção de uma lacuna nos conhecimentos, a respeito da qual formula
hipóteses e, pelo processo de inferências dedutivas, testa a presença da
ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese, conforme LAKATOS;
MARCONI (2005). Modelo Qualitativo, que considera ser uma alternativa ao
modelo quantitativo, porém não tem aversão à quantificação das variáveis, e
o que realmente a diferencia da pesquisa quantitativa, é a ênfase em captar
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 29
Introdução
a perspectiva dos indivíduos que estão sendo estudados e a busca pelo
entendimento de um fenômeno dentro de seu próprio contexto, segundo
BRYMAN (1995).
Normalmente, a noção de paradigma é para estabelecer uma diferenciação
entre dois momentos ou dois níveis do processo de conhecimento científico
(KUHN,1989; CAPRA,1982). Para um entendimento mínimo do que significa
essa noção, pode-se conceituar o paradigma como um modelo de ciência
que serve como referência para todo um fazer científico durante uma
determinada época ou um período de tempo demarcado.
Portanto em um certo momento da história da ciência, o referido
modelo predominante tende a se esgotar em função de uma crise de
confiabilidade nas bases estruturantes de seu conhecimento, então, o
paradigma passa a ser substituído por outro modelo científico predominante.
Pode ocorrer também o fato de dois paradigmas disputarem o espaço
de hegemonia na construção do conhecimento. O paradigma precedente
pode passar a viver uma crise de credibilidade científica, enquanto os
modelos paradigmáticos emergentes ainda não chegam a ser aceitos pela
comunidade científica internacional. Assim sendo, dois grandes paradigmas
científicos podem conviver, em disputa ou equilíbrio, durante largos períodos
da história da ciência e das sociedades.
1.4.Estrutura / conformação do trabalho
Conforme os objetivos descritos nas subseções anteriores, este
trabalho tem a seguinte estruturação:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 30
Introdução
No capítulo 1, o objetivo é relacionar a evolução histórica do
pensamento administrativo, com a produção artesanal (Organização
Tradicional), produção em Massa (Organização Burocrática Racional Legal),
como parte inicial do conhecimento necessário para a compreensão holística
dos novos paradigmas da manufatura.
No capítulo 2, aponta-se as mutações do mercado e as estratégias
competitivas marcadas por um novo caos mundial, acompanhada pelo
fenômeno da globalização, com o consumidor buscando maior variedade,
menor custo e altíssimos padrões de qualidade. O sistema que era orientado
à produção é substituído pelo sistema orientado ao mercado.
No capítulo 3, destaca-se as prioridades e critérios competitivos que
estabelecem parâmetros de controle e ferramentas, baseados em qualidade,
flexibilidade, custo, gestão de rede de suprimentos e prazo de entrega, que
suportam as tomadas de decisões gerenciais, implementadas através de
uma estrutura operacional de planejamento e controle de produção. A
conjunção dos critérios competitivos e a estrutura operacional compõe o
Sistema de Administração de Produção.
No capítulo 4, aborda-se o novo patamar de ganhos em qualidade e
produtividade na evolução do pensamento administrativo, com o surgimento
da Manufatura Enxuta (ME) por volta de 1950, que em conjunto com as
teorias Just-in-Time (JIT), Restrições, Reengenharia e Qualidade, deram
início ao movimento denominado por ESCRIVÃO FILHO (1996) de
Organização Burocrática Racional Competitiva.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 31
Introdução
Nos capítulos 5 a 9, apresentam-se as características dos novos
paradigmas produtivos, Manufatura em Massa Atual(MMA), Enxuta(ME),
Responsiva(MR), Ágil(MA) e Customização em Massa (CM), desenvolvidos
com a utilização dos avanços tecnológicos para atender às mudanças do
ambiente competitivo do mercado.
Nos capítulos 10 e 11, descreve-se sucintamente as principais
diferenças entre estes conceitos e o novo conceito proposto por GODINHO
(2004), Paradigma Estratégico de Gestão da Manufatura (PEGEM), que
trata deste assunto de forma integrada e comparativa; AZZOLINI (2004),
destaca a importância de identificar o sistema de administração e controle da
produção adequado para cada paradigma e utiliza o termo Sistemas de
Coordenação de Ordens de Produção e Compra (SICOPROCs). Baseado
neste contexto, nas conclusões finais permite-se inferências sobre o futuro
das organizações, da sociedade e do meio-ambiente.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 32
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
O objetivo deste capitulo é relacionar a evolução histórica do
pensamento administrativo como parte do conhecimento necessário para a
compreensão holística dos novos paradigmas da manufatura. (Figura 3)
A administração estratégica de hoje diferenciou-se pela abordagem
integrada e equilibrada de todos os recursos da organização para a
consecução de seus fins, aproveitando as contribuições de todas as etapas
anteriores do conhecimento administrativo.
Para WARLICH (1986), Administração é uma técnica de ataque aos
problemas administrativos que se apresentam em cada uma das diferentes
situações administrativas, visando à sua solução. Não é nada definido, nada
cristalizado, alguma coisa que possa ser comprada, vendida, imitada,
roubada, transferida de um lugar para o outro e instalada como se fosse uma
ORGANIZAÇÃO
TRADICIONAL
PRODUÇÃO ARTESANAL
Just in time Reengenharia Qualidade Terceirização etc.
TEORIAS DE ADMINISTRAÇÃO
ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA (RACIONAL - LEGAL)
PRODUÇÃO ENXUTA
ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA
(RACIONAL - COMPETITIVA)
Movimento Clássico
Movimento das Relações
humanas Movimento
Estruturalista Movimento da Contingência
1940 1955 1970
PRODUÇÃO EM MASSA
Figura 3: A Evolução do Pensamento Administrativo.(Fonte: ESCRIVÃO FILHO,1997)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 33
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
caldeira ou máquina fresadora. É uma forma de descobrir a administração
mais indicada para cada caso concreto.
CHIAVENATO (2004), apresenta uma série histórica das principais
teorias do pensamento administrativo: (Figura 4)
Figura 4: As principais teorias do pensamento administrativo
(Fonte:CHIAVENATO, 2004 p.13)
1.1 A organização tradicional: sistema de produção artesanal
A ampliação do mercado trouxe consigo a mudança e com ela a
resistência às inovações resultando em perseguições. A revolução
econômica foi lenta e ocorreu através de um processo de crescimento
interno.
Anos Teorias
1903 à Administração Científica
1909 à Teoria da Burocracia
1916 à Teoria Clássica
1932 à Teoria das Relações Humanas
1947 à Teoria Estruturalista
1951 à Teoria dos Sistemas
1953 à Abordagem Sóciotécnica
1954 à Teoria Neoclássica
1957 à Teoria Comportamental
1962 à Desenvolvimento Organizacional
1972 à Teoria da contingência
1990 à Novas abordagens
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 34
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Entretanto, foi a corrente de mudanças materiais que tornou o sistema
de mercado possível. O feudalismo em seus quinhentos anos de existência
criou e interligou por meio de estradas mil cidades, sustentando suas
populações com alimentos vindos do campo, disseminando a familiaridade
com o dinheiro, os mercados e hábitos de vender e comprar.
No século XIII, iniciou-se o sistema de mercado que seguiu seu curso
até o século XIX, destruindo costumes e tradições. Terras produtivas foram
desapropriadas, o comércio de algodão estampado cresceu e o trabalho
domiciliar foi posto à disposição de aprendizes desempregados e lavradores
sem terra.
Para HUBERMAN (1969), a expansão do mercado foi determinante
para produzir a indústria capitalista.
A primeira classe operária surgiu com o fim do feudalismo, onde as
relações sociais eram pré-determinadas. As guerras entre senhores feudais
formavam contingentes humanos à margem do sistema feudal. Os
sobreviventes dos exércitos derrotados e os desertores povoaram as
cidades, que reapareceram com o comércio na Europa a partir do século X.
As atividades artesanais eram controladas pelas corporações que ditavam o
método de manufatura e a forma como o produto seria comercializado. As
corporações estavam estruturadas para o mercado local e quando este
passou a ter abrangência nacional, a corporação deixou de ter utilidade. A
ampliação do mercado criou a necessidade do aparecimento do
intermediário, que fazia as mercadorias produzidas pelos trabalhadores
chegarem ao consumidor, em qualquer lugar.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 35
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
O mestre artesão fechava em suas atribuições todo o ciclo de
produção e consumo, fabricando o produto, negociando a matéria-prima que
utilizava; empregando jornaleiros e aprendizes; supervisionando o trabalho
deles e comercializando o produto que fabricava.
Com o surgimento do intermediário, as cinco funções do mestre
reduziram-se a três:- 1-Fabricação; 2-Emprego; 3-Supervisão. O
intermediário negociava a matéria-prima e recebia o produto acabado para
vendê-lo. O mestre artesão passou simplesmente a produzir mercadorias
acabadas apoiados no recebimento da matéria-prima. Este método é
denominado “ produção doméstica ”. A técnica de produção do sistema
“doméstica” não diferia do sistema de corporações. Deixava o mestre
artesão e seus ajudantes trabalhando em casa com as mesmas ferramentas.
Mas a negociação das mercadorias era organizada em novas bases.
O desenvolvimento da divisão técnica do trabalho era impedido pela
limitação do número de aprendizes e oficiais e a organização em torno das
corporações de oficio que não permitiam qualquer alteração da técnica. Com
o intermediário houve uma reorganização da técnica de produção,
permitindo a especialização. O sistema de corporações começou a
desmoronar. Os mestres passaram a diferenciarem-se entre si. Começaram
a surgir encomendas de uma corporação para outra, desempenhando a
função de mercador.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 36
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
As corporações tinham poder e influência dentro dos limites da cidade
e regiões próximas. Sempre que necessário o intermediário colocava sua
indústria fora da jurisdição da corporação, fora das cidades, nos distritos
rurais, onde o trabalho podia ser realizado por métodos mais adequados.
No século XVI, os mercadores de pano estabeleceram-se fora dos
limites urbanos e, portanto, fora da jurisdição corporativa, contratando os
camponeses para fiar e tecer. Era o sistema chamado na Inglaterra de
“putting out” e de “verlag” na Alemanha ( e de “facção” no Brasil
contemporâneo). O mercador fornecia a matéria-prima e pagava pelo
produto final.
Este tipo de produção foi um estágio importante à transição e à
produção capitalista. Os camponeses passaram a reunir-se em grandes
oficinas com uma nova divisão técnica de trabalho, mudando não só as
relações sociais de produção, mas também as forças produtivas. Os
trabalhadores passaram a depender um dos outros e a constituir um sistema
de participação coletiva para realização do trabalho.
Para os intermediários era interessante aumentar a produção tanto
quanto o possível, pois os tecidos eram o principal produto exportado para o
Oriente. Assim, entregavam a matéria-prima para toda família que se
dispusesse a produzi-lo para a venda.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 37
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
O capitalismo manufatureiro estava barateando a produção e,
inexoravelmente, as mercadorias iriam penetrar nos mercados urbanos.
Com o fortalecimento das monarquias, o Absolutismo uniu-se ao capital
comercial combatendo as corporações.
O capital passou a ter uma função importante no sistema de produção
doméstica, surgido com a economia nacional. O capitalista tornava-se o
mercador, o intermediário, o empreendedor do sistema de produção
doméstica. A maior procura significava reorganização, em base capitalista,
das indústrias pesadas que necessitavam de instalações caras. Do século
XVI ao XVII, os assalariados surgiram e foram ocupando o lugar dos
artesãos e tornaram-se cada vez mais dependentes do capitalista.
Assim, com o crescimento das manufaturas necessitava-se de mão-
de-obra, os miseráveis aumentavam, em razão da expropriação de terras
por parte da indústria de lã. A solução encontrada pelo governo inglês foi
confiná-los em asilos mediante uma ajuda simbólica. Estas medidas
tomadas impediram que a única saída para a crise pudesse acontecer:
deixar que as pessoas, por seus próprios meios e sorte, procurassem
trabalho onde havia trabalho. Uma força de trabalho móvel era inconcebível
aos governos, mas extremamente necessária ao desenvolvimento do modo
de produção capitalista. Do século XIII ao século XVIII, a classe operária
formou-se por meio da quebra das relações sociais e separação dos
trabalhadores de seus meios de produção.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 38
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
O desenvolvimento das forças produtivas e da industrialização
contribuiu para a formação da classe operária. O capitalismo industrial seria
o desdobramento conseqüente do capitalismo manufatureiro. As soluções
para a escassez da mão-de-obra assalariada receberiam um grande impulso
com a expansão do mercado e o conseqüente acumulo do capital
manufatureiro. Com o progresso industrial, o processo de transformação dos
trabalhadores autônomos em assalariados acelerou-se e as forças
produtivas foram sendo sucumbidas pelo capital industrial.
Desse modo, os meios de produção passaram a ser de propriedade
de não-produtores, os produtores eram não-proprietários quer de seus meios
de trabalho, quer de seus produtos e a produção deveria gerar o maior lucro
em relação ao montante do capital investido. As bases do capitalismo
estavam estabelecidas. Mas faltava ao movimento um corpo filosófico que
arraigasse todas as manifestações, definindo um mundo novo, baseado nas
forças de mercado.
Conforme houve a penetração do capital industrial na agricultura e em
outros ramos, ocorreu uma emigração da população excedente para outros
países onde havia a necessidade de mão-de-obra. Houve então, a
internacionalização da força de trabalho e do mercado. De certa maneira, o
país mais adiantado exportava capital e mão-de-obra para onde a
valorização do primeiro e a exploração do segundo fossem mais vantajosas.
(SINGER,1985),
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 39
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Não houve um evento significativo que marcou o surgimento do
mercado e das relações capitalistas. Foi um conjunto de ações individuais e
mudanças nas relações sociais que ocorreram isoladamente que não
significaram o desaparecimento total do estágio precedente. As fases de
organização industrial e suas características estão sintetizadas nos dados da
Tabela 2:
Tabela 2:Fases de organização industrial (Fonte:GUERRINI, 1999)
FASES CARACTERÍSTICAS
Sistema familiar (início idade Média)
A família produz para si e não para venda.
Sistema de corporações (Idade Média)
Artesãos com dois ou três empregados produziam para um pequeno mercado estável. Os artesãos eram donos tanto da matéria-prima quanto das ferramentas que utilizavam.
Sistema doméstico (séc. XVI ao XVIII)
Produção contratada, realizada em casa para um mercado em crescimento. O artesão era dono das ferramentas, mas dependia de um intermediário para fornecimento de matéria-prima e para a venda do produto .
Sistema fabril (séc.XIX até hoje)
Produção realizada na fábrica do empregador. Os trabalhadores ficaram totalmente dependentes do sistema: ferramentas, matérias -primas e comercialização de máquinas. O capital determinava tudo.
1.2.A Organização Burocrática Racional – Legal (Produção em Massa)
No inicio, não havia possibilidade de estabelecer um sistema de
mercado pois os elementos básicos Terra, Trabalho e Capital
conceitualmente não existiam. Até o século XIV a terra não era tida como
uma propriedade que pudesse ser comercializada. As relações de trabalho
eram baseadas em servos e senhores tanto no campo como nas cidades.
(HEILBRONER, 1997)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 40
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Em vários momentos da história a sociedade esteve à beira de um
colapso humano, os principais acontecimentos contribuíram com a evolução
do pensamento administrativo, em razão da necessidade de organizar a
produção para atender a demanda crescente e administrar os conflitos de
interesses para não ocorrer o auto-extermínio da civilização humana.
Segundo KUHN (1989), os paradigmas são persistentes e um derruba
o outro de uma só vez e não com pequenos golpes. O progresso científico
está mais para uma série de transformações do que para um crescimento
orgânico. Mas o que torna isso interessante é que a mudança de um
paradigma científico freqüentemente acarreta uma nova e, às vezes,
atemorizante, visão de mundo. A parte mais assustadora, é que o próximo
paradigma não pode ser previsto, já que sempre vemos o futuro por meio do
paradigma que temos no presente. O autor citado ainda define "paradigma"
como uma série de suposições, métodos e problemas típicos, que
determinam para uma comunidade científica quais são as questões
importantes, e qual a melhor maneira de respondê-las.
O surgimento do paradigma produção em massa, ocorreu na
transição do capitalismo manufatureiro ao capitalismo industrial que se
caracteriza pela produção para grandes mercados, manutenção de
estoques, manutenção de funcionários indiretos para auxiliar a produção e a
massificação de produtos para permitir a penetração em mercados.
No final do século XVIII, inicia-se a escola de Fisiocracia que
procurava explicar o funcionamento da economia. Para a fisiocracia, a
riqueza era produzida pelos trabalhadores do campo e os do comércio e da
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 41
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Indústrias simplesmente mudavam sua forma de maneira estéril, limitando
seu uso na política prática. A teoria era falha ao não considerar todo trabalho
passível de produzir riqueza.
Com base no pressuposto de que todo o trabalho produzia riqueza e
não sua natureza particular que Adam Smith concebeu sua obra A Riqueza
das Nações que viria a ser publicada em 1776. A obra explicava como o
mercado funcionava, identificando o mecanismo que mantinha a sociedade
unida e determinando as leis do mercado. O mercado é previsível conforme
os costumes atuem sobre determinadas estruturas sociais. O
direcionamento de interesses individuais similares pode resultar em
competição que influirá e proverá as mercadorias necessárias à sociedade,
em quantidade suficiente e preço adequado ao padrão econômico da
sociedade. O mercado também regula os salários de cada trabalhador
produtor de mercadorias. Duas leis são responsáveis pela ascensão do
mercado:
1-A Lei da Acumulação, na qual o mundo será beneficiado pela
acumulação de capital, pois isto significa mais máquinas e, assim, haverá
maior necessidade de trabalhadores, os salários aumentariam até um limite
cujos os lucros na fonte de acumulação seriam diluídos.
2-Esta barreira é superada pela segunda lei, a Lei da População, na
qual a necessidade de homens para o trabalho regula a produção de
indivíduos, como qualquer outra mercadoria. A sociedade é dinâmica. O
acúmulo de capital irá aumentar os salários, conforme cresça a necessidade
de mão-de-obra. A partir daí, maiores acumulações deixam de ser lucrativas
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 42
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
e o sistema tende a ruir. Mas os trabalhadores poderão garantir melhores
condições de vida para os seus filhos o que aumentará a oferta de mão-de-
obra. Com o excesso de população e a competição entre trabalhadores, os
salários diminuirão. Desse modo, o acúmulo poderá continuar e começará
uma outra volta na espiral ascendente da sociedade.
O sistema capitalista desempenhou um papel fundamental no
desenvolvimento da burocracia. Na verdade, sem ela a produção capitalista
não poderia persistir e todo o tipo racional de socialismo teria simplesmente
que o adotar e incrementar sua importância.
Por intermédio da observação da sociedade, das relações trabalhistas
e da percepção da necessidade de sistematizar as relações dentro da
indústria que Marx Weber concebeu a burocracia.
Segundo DELORENZO NETO (1973), Weber considera organização
burocrática desde a antiguidade, apesar de estar longe do tipo ideal de
organização. Com a decadência do feudalismo, surgem o sistema
capitalista, as empresas e, conseqüentemente, a burocracia.
As causas da emergência da burocracia e sua eficiência estão na
busca de sistemas sociais mais aperfeiçoados; com a crescente pressão por
maior eficiência e a dificuldade frente ao desenvolvimento tecnológico e ao
crescimento dos sistemas sociais;
O sistema burocrático e suas relações, baseia-se na previsibilidade do
comportamento dos membros da organização (precisão, rapidez,
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 43
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
univocidade, caráter oficial, continuidade, discrição, uniformidade e redução
de fricções).
As organizações são sistemas predominantes nas sociedades
industriais. A estruturação das empresas estava aumentando. As
organizações estavam coordenando todas as atividades que diziam respeito
ao trabalhador e influindo em sua personalidade. O grande número de
organizações estava condicionando o desenvolvimento econômico, político e
social.
Quanto maior é a organização de um sistema social, mais próxima ela
estará do modelo ideal de organização burocrática. Max Weber conceituou
burocracia por meio da enumeração de suas características, considerando
burocracia como um tipo de poder e o “tipo ideal” pelos de abstrações:
• As atividades acham-se distribuídas sob forma de deveres oficiais;
• A organização dos cargos obedece ao princípio hierárquico;
• A atividade está regulamentada por um sistema de regras abstratas;
• O funcionário cumpre tarefas baseado em formalidades impessoais;
• Os cargos classificam-se tecnicamente;
• A organização administrativa do tipo burocrático puro é capaz de
proporcionar o mais alto grau de eficiência.
Dentro das organizações, existem os sistemas sociais que podem ser
divididos em sistemas sociais desorganizados, sistemas sociais semi-
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 44
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
organizados; organizações ou burocracias. Esta separação facilita distinguir
as organizações dos demais sistemas sociais.
Para MOTTA & PEREIRA (1983), a legitimidade da dominação é o
que a torna efetiva. Os limites que separam a burocracia dos demais
sistemas sociais pode ser entendido pelas das formas de dominação:
• Carismática-tradicional (originária do carisma, é um poder
sem base racional), tradicional (baseada na crença do tradicionalismo onde
a rotina determina a norma de conduta, não possuindo base racional);
• Racional-legal (baseada em normas legais racionalmente
definidas, consistindo na própria burocracia).
As características da burocracia são:
• Formal: a autoridade deriva de normas racionais impostas pela
hierarquia. O formalismo define precisamente as relações de autoridade,
distribuindo funções e realiza-se por intermédio de documentação escrita.
• Impessoal: os subordinados obedecem a uma norma impessoal
visando aos objetivos finais. A função não possui relação com a vida pessoal
de seu ocupante. O lado sentimental, a personalidade e a simpatia não
possuem espaço. Esta característica confere à burocracia um tratamento
eminentemente racional legal.
• Profissional: os cargos devem ser ocupados somente por
especialistas sem levar em consideração hereditariedade ou qualquer outra
característica que não esteja relacionada com a qualificação profissional.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 45
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• Controle do profissional: para contribuir com os objetivos da
organização, esta deve ser administrada por profissionais. Os
administradores não cumprem uma função determinada dentro da
organização, pois são generalistas, tendo como sua única atividade as
atribuições do cargo de administrador.
O sistema burocrático pode ser sintetizado da seguinte forma: (Figura 5)
As conseqüências principais e generalizadas da dominação burocrática são:
• A tendência ao nivelamento no interesse de uma base de
recrutamento quanto à qualificação profissional;
• A tendência à plutocratização no interesse de uma formação
profissional;
• A predominância de um espírito de impessoalidade formalista;
SISTEMA SOCIAL – RACIONAL
FORMAL IMPESSOAL PROFISSIONAL
CONSEQUÊNCIAS
DESEJADAS = PREVISIBILIDADE
NÃO DESEJADAS = DISFUNÇÃO
MAIOR CONTROLE INEFICIÊNCIA
MAIOR EFICIÊNCIA
ORGANIZAÇÃO OU
BUROCRACIA
SISTEMA SOCIAL – RACIONAL
FORMAL IMPESSOAL PROFISSIONAL
CONSEQUÊNCIAS
DESEJADAS = PREVISIBILIDADE
NÃO DESEJADAS = DISFUNÇÃO
MAIOR CONTROLE INEFICIÊNCIA
MAIOR EFICIÊNCIA
ORGANIZAÇÃO OU
BUROCRACIA
Figura 5: O sistema burocrático. (Fonte: MOTTA & PERREIRA, 1983)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 46
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Muitas críticas aos princípios de Weber foram feitas, buscando
particularizar aspectos relativos às distorções causadas por aqueles que
procuraram interpretá-los. Weber ao procurar sistematizá-los tão somente
relatou uma realidade que se impunha àquele momento histórico. A questão
das formas de dominação, as críticas relativas a abordagem restrita às
relações formais dentro da empresa eram uma particularização que estava
aquém dos fatos que motivaram Weber a relatar e procurar explicar a
burocracia.
BENDIX (1956), propõe uma lista de conselhos gerenciais para o
entendimento da burocratização:
• A proporção de empregos administrativos varia o tempo todo entre
empresas de diferentes tipos e tamanhos hoje.
• O crescimento de empresas industriais comporta certos problemas
administrativos de que cada caso requer para sua solução pessoal
remunerado.
• Quando as empresas crescem, é necessário que o gerente
proprietário delegue a seus subordinados responsabilidade para várias
funções que ele vinha exercendo no passado. Subseqüentemente, torna-se
necessário delegar algumas funções gerenciais.
• Esse problema é resolvido em parte por nomear um ou vários
assistentes gerenciais disponíveis para que o executivo possa concentrar
suas energias em questões essenciais.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 47
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• Em empresas que permanecem crescendo, pode vir a ser
necessário consultar gerentes especialistas que podem ser encarregados
para o desenvolvimento de planos em vários departamentos da empresa.
• O aumento do grau de responsabilidade dos subordinados, pode ser
necessário para descentralizar as operações para que a empresa possa
operar eficientemente.
Estes conselhos são usados quando uma empresa passa por
diferentes estágios de crescimento para solucionar os problemas da
organização.
A administração burocrática tem o exercício da dominação baseado
no saber. (DELORENZO NETO, 1973)
1.2.1 O Movimento clássico: a racionalização do trabalho
O Movimento Clássico surgiu da fusão das idéias de Frederich W.
Taylor e Henry Fayol, correspondendo ao primeiro movimento no
desenvolvimento da teoria organizacional.
Frederich W. Taylor, definiu as bases para a organização do trabalho
e fez uma distinção fundamental para todo o desenvolvimento da teoria
organizacional posterior, quando identificou que os princípios estão
associados à filosofia, e os mecanismos são as ferramentas que
operacionalizam a implantação dos princípios.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 48
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário em uma
fábrica, procurando resolver os problemas de produtividade. Para entender
os problemas de produção, foi trabalhar na linha de produção com os
operários que serviu de base para desenvolver o estudo de tempos e
movimentos; desenvolveu sua teoria de baixo para cima e das partes para o
todo. Verificou que a produção do operário médio era menor do que ele era
capaz com o equipamento disponível e concluiu o seguinte:
• A administração deve pagar salários altos e ter baixos custos
unitários de produção;
• Para isso a administração deve usar métodos científicos de pesquisa
experimentação que permitam padronizar os processos;
• Os empregados devem ser cientificamente aptos aos serviços e
postos;
• Os empregados devem ser cientificamente adestrados para
aperfeiçoar suas aptidões;
• A Administração e os trabalhadores devem cooperar mutuamente
para a melhoria da produção.
O principal objetivo da Administração deve ser o de assegurar o
máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de
prosperidade ao empregado.
A filosofia básica dos antigos sistemas de administração determinam
que o operário deve executar seu trabalho por si próprio, sem qualquer
orientação da gerência. Entretanto, a administração deve planejar e orientar
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 49
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
a execução do trabalho, fornecendo elementos para que o operário trabalhe
mais rápido e melhor de acordo com leis científicas. As atribuições da
direção podem ser colocadas da seguinte forma:
• Desenvolver para cada elemento do trabalho individual uma
ciência que substitua os métodos empíricos;
• Selecionar cientificamente, treinar, ensinar e aperfeiçoar o
trabalhador;
• Cooperar com os trabalhadores para articular o trabalho com
os princípios da ciência que foi desenvolvida;
• Manter divisão eqüitativa de trabalho e de responsabilidade
entre a direção e o operário.
A ênfase nas tarefas é o cerne da administração científica, na qual o
trabalho de cada operário é planejado pela gerência, procurando minimizar o
esforço do trabalhador aumentar a produtividade e eliminar o desperdício.
Em grande parte Administração Científica, consiste em preparar e fazer
executar tarefas.
O treinamento de um operário por um instrutor preparado em novos
métodos, até que um trabalho prossiga regularmente era determinante para
conseguir melhorias no processo. Por intermédio da observação empírica,
estabeleceram-se métodos que podiam ser aplicados e aperfeiçoados
conforme a necessidade. Cada ato elementar do trabalhador pode ser
reduzido a uma ciência.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 50
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Em cada homem e em relação ao grupo, a eficiência funcional só
seria atingida com a ocupação dos cargos por especialistas para orientar
cada operário com conhecimentos técnicos para o uso pleno do princípio de
divisão do trabalho, minimizando as funções de cada operário, entretanto, a
falta de coordenação entre operários e departamento poderia causar
problemas de autoridade, desestabilizando a produção.
Após a definição dos princípios da racionalização do trabalho
operário, foi proposta uma reestruturação geral da empresa e identificados
os três tipos de problemas mais comuns:
1. A vadiagem premeditada, que pode ser eliminada pela
compreensão adequada do dia de trabalhador comum, registrando-se o
rendimento maior alcançado pelo operário e sua eficiência, elevando os
salários individuais, conforme o aprimoramento do trabalhador despedindo
aqueles que não atingiram os índices desejados pela empresa;
2. O desconhecimento pela gerência das rotinas de trabalho e tempo
necessário para sua realização;
3. A falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho.
Para aplicar os princípios da administração científica era preciso uma
revolução mental, tanto da direção quanto dos operários. Os princípios são
relativos à filosofia e os mecanismos são relativos às ferramentas para poder
implementar esses princípios. Tudo isso contribuiu para a sistematização do
estudo da organização que além de revolucionar a indústria, influenciou a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 51
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
administração. A administração científica é composta por quatro princípios
fundamentais:
1. Substituição do critério individual do operário por uma ciência;
2. Seleção e aperfeiçoamento científico do trabalhador, que é
estudado, instruído, treinado, experimentado, em vez de escolher os
processos e aperfeiçoar-se por acaso;
3. Cooperação estreita entre a administração e os trabalhadores,
fazendo o trabalho em conjunto, de acordo com leis científicas
desenvolvidas, em lugar de deixar solução de cada problema,
individualmente, a critério do operário;
4. Dividir o trabalho entre a direção e o trabalhador. A direção
incumbe-se da administração do trabalho e o trabalhador, da
responsabilidade tão somente da execução.
Com a aplicação desses princípios, a administração assume
atribuições para as quais está melhor aparelhada. Os mecanismos da
Administração Científica envolvem elementos que sistematizam as relações
de produção e o estudo da organização:
1. Estudo de tempo e padrões de produção;
2. Supervisão profissional;
3. Padronização de ferramentas e instrumentos;
4. Planejamento de cargos e tarefas;
5. Princípio de execução;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 52
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
6. A utilização da régua de cálculo e instrumentos para economizar
tempo;
7. Fichas de instruções de serviços;
8. Atribuição de tarefas, associadas a prêmios de produção pela
execução eficiente;
9. Sistemas de classificação dos produtos e do material usado na
manufatura;
10. Sistema de delineamento da rotina do trabalho.
Figura 6: A abordagem microscópica e mecanicista da Administração Científica.
(Fonte: Chiavenato, 2004)
Concluindo o trabalho, Frederich W. Taylor afirma que a
administração não constitui elemento simples, mas uma combinação global
que pode ser assim sumariada:
• Ciência, em lugar de empirismo;
• Harmonia, em vez de discórdia;
• Cooperação, em lugar de produção reduzida;
Estudo de tempos e movimentos
Seleção científica do trabalhador
Determinação do método de trabalho
Lei da fadiga
Padrão De
Produção
Supervisão Funcional
Plano de incentivo salarial
Condições ambientais do trabalho
MÁXIMA EFICIÊNCIA
MAIORES LUCROS E MAIORES SALÁRIOS
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 53
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• Rendimento máximo, em lugar de produção reduzida;
• Desenvolvimento de cada homem, no sentido de alcançar maior
eficiência e prosperidade”.
Conforme ensina CHIAVENATO (2004), Henry Ford também
contribuiu com uma nova teoria. Particularmente, foi quem implantou a
primeira linha de produção de automóveis, baseado na observação do
funcionamento de um frigorífico onde cada etapa do corte de uma vaca era
realizado por uma pessoa. Além disso, optou em um determinado momento
pela verticalização total da produção de carro, possuindo fazendas e
mineradoras para obter a matéria-prima necessária. Publicou vários livros e
adotou três princípios básicos de administração, a saber:
• Princípio da intensificação: consiste em diminuir o tempo de
produção com o emprego imediato dos equipamentos, matéria-prima e a
rápida colocação do produto no mercado;
• Princípio de economicidade: reduzir ao mínimo o volume de estoque
de matéria-prima em transformação. O minério sai da mina no sábado e é
entregue sob a forma de um carro, ao consumidor, na terça-feira, á tarde;
• Princípio de produtividade: aumentar a capacidade de produção do
homem no mesmo período (produtividade) pela da especialização da linha
de montagem.
A administração científica caracterizava-se pela racionalização da
produção por meio de tarefas realizadas pelo operário, a teoria clássica ou
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 54
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
escola anatômica caracterizava-se pela racionalização baseada na estrutura
adequada para a empresa fosse considerada eficiente.
Para FAYOL (1975), “ Organizar significa construir a dupla estrutura,
material e humana, do empreendimento”,
No entanto FAYOL(1975), associou o funcionamento da empresa à
sua estrutura organizacional, definindo seis funções da empresa, suas
respectivas correlações com o tamanho da mesma e a função gerencial a
saber:
• Funções contábeis: inventários, registros, balanços, custos e
estatísticas;
• Funções técnicas: produção de bens ou de serviços da empresa;
• Funções comerciais: compras, vendas e permutação;
• Funções de segurança: proteção e preservação de bens e pessoas;
• Funções financeiras: procura e gerência de capitais;
• Funções administrativas: prever, organizar, comandar, coordenar e
controlar.
A importância relativa das diferentes capacidades necessárias aos
chefes de empresas industriais de qualquer tamanho são sintetizadas nas
seguintes conclusões:
• A capacidade técnica é a capacidade principal do chefe da indústria
de pequeno porte;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 55
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• A capacidade administrativa é a capacidade principal do chefe de
indústria de grande porte;
• As capacidades comercial e financeira estão mais diretamente
relacionadas com os chefes das empresas de pequeno e médio porte em
comparação aos agentes inferiores e médios da função técnica;
• O coeficiente administrativo aumenta, conforme a ascensão
hierárquica.
Centralizar ou descentralizar é uma questão de proporção, é um
problema de encontrar o grau ideal para cada caso e define o ato de
administrar, como sendo prever, organizar, comandar, coordenar e controlar,
constituindo o processo administrativo:
• Prever: o plano de ação deve considerar os recursos da empresa, a
natureza do trabalho presente no processo e futuras perspectivas em todas
atividades da empresa, nas quais a ocorrência poderia não ser
predeterminada. O estudo de recursos, possibilidades futuras e meios a fim
de ser usadas para atingir o objetivo, necessita da contribuição de todos os
chefes departamentais e da experiência, reconhecendo a responsabilidade
de cada um para executar o plano.
• Organizar: estruturar as atividades, remetendo ao conceito de “staff”
chamado de fase da funcionalização. FAYOL (1975), define “staff” como um
grupo de homens, munidos de força, conhecimento e tempo que possam
faltar ao administrador geral, de maneira a constituir complemento, reforço e
uma espécie de projeção de personalidade do administrador.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 56
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• Comandar: é o comando que determina o aproveitamento do
operário. Para exercer o comando, o gerente precisa conhecer sua
personalidade, eliminar os incompetentes, conhecimento dos negócios e
seus empregados, ser um bom exemplo, conduzir periódicas auditorias da
organização, manter os chefes assistentes a par da situação para que a
unidade de direção focalize os esforços, não se ater a detalhes, incentivar
unidade, energia, iniciativa e lealdade a prevalecer ante a personalidade.
• Coordenar: a coordenação é a reunião, a unificação e a
harmonização de toda a atividade e esforço. Segundo Warlich (1986), se a
subdivisão do trabalho for indispensável, a coordenação será obrigatória,
existindo duas maneiras complementares de coordenar uma empresa:
primeiro pelo fluxo de ordens superiores ao subordinado, seguindo as linhas
de autoridade; segundo, pela criação, na mente e na vontade dos que
trabalham em grupos, de uma inteligente unidade de propósito. O primeiro
método constitui a coordenação por organização; o segundo, a coordenação
pela dominância de idéia. Os princípios de organização estão contidos
neste, cujo o poder coordenador supremo é a autoridade, baseada na
comunhão de interesses. A coordenação indica que há um alvo ou um
objetivo.
• Controlar: garantir que todas as atividades desenvolvam-se de
acordo com o plano adotado, as instruções e os princípios estabelecidos.
A função administrativa não está restrita à cúpula da empresa; ela
subdivide-se por todos os níveis hierárquicos. Quanto menor a escala
hierárquica, maiores serão a extensão e o volume de funções
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 57
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
administrativas. Nos níveis inferiores, encontra-se a capacidade profissional,
característica da empresa; e nas diretorias e gerências, a capacidade
administrativa.
O conceito de administração é a organização de uma das partes que
compõe o todo onde Administração é um conjunto de processos unificados e
entrosados, abrangendo aspectos que a organização por si só não
envolveria, tais como previsão, comando e controle. A organização atinge
somente o estabelecimento da estrutura e da forma, sendo, portanto,
estática e limitada.
Os Princípios Gerais da Administração de FAYOL (1975) são:
1. Divisão do trabalho: consiste na especialização das tarefas e das
pessoas para aumentar a eficiência;
2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens
e o poder de esperar obediência; a responsabilidade é uma conseqüência
natural da autoridade. Ambas devem esta r equilibradas entre si;
3. Disciplina: depende da obediência, aplicação, energia,
comportamento e respeito aos acordos estabelecidos;
4. Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de
apenas um superior;
5. Unidade de direção: uma cabeça e um plano para cada grupo de
atividades que tenham o mesmo objetivo;
6. Subordinação de interesses individuais aos interesses gerais;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 58
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
7. Remuneração de pessoal: deve haver justa e garantida satisfação
por parte dos empregados e para a organização em termos de retribuição. A
idéia de fazer os operários participarem dos lucros é muito sedutora. Parece
que é daí que surgirá o acordo entre capital e trabalho;
8. Centralização: refere-se à concentração da autoridade no topo da
hierarquia da organização;
9. Cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai do escalão mais
alto ao mais baixo.
10. Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar;
11. Equidade: amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do
pessoal;
12. Estabilidade e duração (em um cargo) do pessoal: a rotação tem
um impacto negativo sobre a eficiência da organização;
13. Iniciativa: a capacidade de visualizar um plano e assegurar seu
sucesso;
14. Espírito de equipe: harmonia e união entre as pessoas, adaptando
o organismo às necessidades, colocando as pessoas certas nas posições
onde podem produzir o máximo.
Assim como ocorreu na administração cientifica, a teoria clássica trata
a organização como um sistema fechado, composto de poucas variáveis
perfeitamente conhecidas e previsíveis e de alguns aspectos que podem ser
manipulados polos de princípios universais de administração.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 59
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
As organizações tornam-se altamente especializadas, conforme
crescem, mas todas as suas partes componentes baseiam-se no objetivo e
nas funções. Sua espinha dorsal é a hierarquia e a aceitação da relação
superior – subordinado em arranjos mútuos de autoridade, responsabilidade
e obediência.
O trabalho deve ser dividido porque os homens diferem em natureza,
capacidade e habilidade; ganham em larga escala em destreza, pela
especialização; o mesmo homem não pode estar em dois lugares ao mesmo
tempo; o campo do conhecimento e da técnica é tão grande que um homem,
dentro do espaço de sua vida, não poderá conhecer dele senão uma
pequena fração. Em outras palavras, é uma questão de natureza humana,
tempo e espaço. (WARLICH,1986)
1.2.2 O Movimento das relações humanas
O movimento as relações humanas iniciou-se na tentativa de
identificar a estrutura formal das organizações como suporte ao
desenvolvimento de duas concepções subseqüentes: a teoria ou escola das
relações humanas e a teoria comportamentalista.
O trabalhador é integrado à sua empresa, influindo participativamente
nas decisões. O trabalho passa a ser realizado por equipes que possuem
autonomia para alterar o ritmo de produção em função do desempenho das
tarefas ( ABREU, 1982)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 60
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
A teoria das relações humanas surgiu em contraposição à abordagem
formal clássica, procurando minimizar todas as idéias ligadas a princípios e
funções oriundas do movimento clássico, priorizando na organização
elementos que não eram relevantes à Escola Clássica. As relações entre os
indivíduos dentro da organização eram um fator determinante ao bom
desempenho da empresa.
Segundo CHIAVENATO (2004), a teoria das relações humanas
procurava intervir no processo de desumanização do trabalho surgido com a
aplicação de métodos científicos, impostos aos trabalhadores. Baseado nas
conclusões obtidas na Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton
Mayo e seus colaboradores, que a Teoria das Relações Humanas foi
estabelecida.
A experiência de Hawthorne procurava determinar a relação existente
entre intensidade de iluminação e a eficiência dos operários na Western
Eletric, fabricante de equipamentos e componentes eletrônicos, sendo
subdividida em quatro etapas:
1. Na primeira fase, foram trabalhados grupos de operários que
faziam o mesmo trabalho, sob as mesmas condições. Foram escolhidos dois
grupos: o de observação trabalhou sob a intensidade de luz variável e o
grupo de controle, sob intensidade constante. Os observadores não
encontraram uma relação direta entre iluminação e eficiência dos operários.
Havia outras variáveis que escapavam do controle. A reação dos operários
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 61
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
relativa às expectativas dos resultados da experiência, fazia acreditar que
eram obrigados a produzir mais, quando a intensidade de luz aumentava.
Para comprovar, substituíram as lâmpadas de maior potência, por
lâmpadas de potência inferior, sem avisá-los. O rendimento dos operários
era proporcional à intensidade de luz sob a qual os operários supunham
trabalhar. Portanto, o fator psicológico sobrepunha-se à necessidade
fisiológica por maior intensidade de luz.
Para tentar eliminar o fator psicológico, os pesquisadores ampliaram a
experiência, procurando aferir a influência da fadiga no trabalho, da
mudança de horários, da introdução de intervalos de descanso que são
aspectos basicamente fisiológicos.
2. A segunda fase começou em abril de 1927, com um grupo de seis
moças com uma certa experiência ( cinco montavam os relés e uma fornecia
as peças necessárias), observadas por um supervisor comum e um
observador que permanecia na sala verificava, ordenava o trabalho e
assegurava o espírito de cooperação entre elas.
3. As mesmas condições de trabalho dadas foram relativas ao
equipamento e instalações do departamento, acrescentando um plano
inclinado com o contador de peças individual para marcar a produção de
cada moça, em uma fita perfurada.
Os grupos experimental e de controle foram separados por uma
divisória de madeira. Ao término de 12 períodos experimentais, as
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 62
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
conclusões para observar quais as condições mais satisfatórias de
rendimento foram:
a) As moças gostavam de trabalhar na sala de provas pois era
divertido e a supervisão menos rígida, permitindo trabalhar com mais
liberdade, em um ambiente agradável, aumentando a satisfação no trabalho;
b) Sentiam-se importantes por participarem de uma experiência
que pudesse trazer benefícios às demais colegas;
c) As relações de trabalho estenderam-se às relações de
amizade, criando solidariedade entre si, tornando-se uma equipe;
d) A partir do momento que uma equipe foi formada, eles
passaram a ter um objetivo comum, uma líder sobressaiu-se, ajudando o
grupo a aumentar a produção continuamente, mesmo que pedissem para
trabalhar em ritmo normal. Esta líder, era substituta de uma das duas moças
do grupo inicial que deixou de participar da experiência. O ritmo de produção
era continuamente aumentado, pois elas sabiam que o objetivo fundamental
da experiência era a produção e os registros de produção continuamente
examinados. Entretanto, como era impossível manter aumento de produção
a longo prazo, houve mudança de ritmo na fase seguinte. Durante algum
tempo, elas julgaram que poderiam atingir o impossível.
Daí, pode concluir-se que o aumento de produção não pode ser
relacionado com as mudanças nas condições físicas de trabalho. Este
aumento pode ser explicado como conseqüência direta do desenvolvimento
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 63
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
de um grupo socialmente organizado, que produzia dentro de peculiar e
eficaz sincronização com os supervisores.
Ao verificar-se que o comportamento do grupo experimental era
diferente do grupo de controle, ao invés de procurar determinar as melhores
condições físicas de trabalho, os pesquisadores passaram a estudar as
relações humanas no trabalho e qual seu impacto na produção.
4. Na terceira fase, como a empresa praticamente desconhecia os
principais elementos da relação entre operário e supervisão, os
equipamentos de trabalho e a própria empresa; em setembro de 1928,
inciou-se um programa de entrevistas, primeiro no setor de inspeção, depois
incluindo o setor de operações, e mais tarde, outros setores da fábrica.
De 1928 a 1930, dos 40.000 empregados, foram entrevistados
21.126. Em 1931, optou-se pela entrevista não diretiva, por meio da qual se
permitia que o operário falasse livremente, sem que o entrevistador
interviesse em qualquer momento. O operário precisava sentir que a
administração estava interessada em suas necessidades. Embora as
modificações experimentais não tenham oferecido resultados significativos
quanto ao aspecto físico, seu significado social foi indiscutível.
O programa de entrevistas não surtiu o efeito esperado. Mesmo por
meio do caráter não diretivo da entrevista, o entrevistador só conseguia fazer
o operário falar de assuntos específicos por alguns minutos, quando então o
entrevistador saía do assunto. Os operários atribuíam importância a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 64
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
assuntos completamente diversos aos que a administração julgava
importante.
Os pesquisadores foram descobrindo durante as entrevistas que os
operários mantinham uma organização informal, para protegê-los da
administração. Esta organização informal manifestou-se através de:
a) Os operários determinavam e mantinham os níveis normais de
produção;
b) O grupo possuía métodos próprios de punição para o operário
que não seguia a orientação;
c) Expressões que demonstravam o descontentamento relativo
aos resultados do sistema de pagamentos por produção;
d) Liderança informal que garantia a unidade do grupo em relação
ao sistema informal de punições;
e) Preocupações fúteis relativas às promoções;
f) Exagero e diversidade dos sentimentos dos operários relativos
à maneira como eram tratados pela supervisão direta;
A organização informal, mantinha os operários unidos pela lealdade
entre si. Más, muitas vezes, os operários queriam ser leais à empresa e isto
gerava conflitos.
5. A quarta fase da experiência tinha como objetivo estudar a
dualidade do operário frente a seus companheiros e à empresa, analisando
a organização informal. O grupo experimental foi composto por nove
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 65
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
operadores, nove soldadores e dois inspetores-, todos da montagem de
terminais para estações telefônicas, que passaram a trabalhar em uma sala
especial com as mesmas condições de trabalho do departamento. Havia um
observador dentro da sala e um entrevistador que ficava do lado de fora e
que entrevistava esporadicamente aqueles operários. Esta experiência
durou de novembro de 1931 a maio de 1932.
A produção do grupo determinava o pagamento, havendo um salário-
hora com base em vários fatores e um salário-mínimo horário, para o caso
de interrupções na produção. Os salários só podiam ser elevados se a
produção aumentasse. O grupo cuidava para evitar a indolência de qualquer
um de seus membros.
Após conhecer os operários, o observador notou que ao montarem o
que julgavam ser a produção normal, reduziam o se ritmo de trabalho. A
produção em excesso de um dia só aparecia na contagem num dia
deficitário. A partir de um determinado momento, os operários
desenvolveram métodos informais para uniformizar as suas atitudes, não
permitindo que a produção fosse aumentada por ninguém e estabeleciam
punições.
HOMANS (1979), enfatiza que a produção do grupo não era
considerada baixa pela administração, entretanto poderia ser maior. O
comportamento dos operários colocava o supervisor em má situação: para
decidir se uma reclamação era justa, ele teria de fazer o estudo do trabalho
do grupo durante o dia inteiro. Mas, não dispunha de tempo para isso e no
caso de duvidar das reclamações dos empregados precisaria pôr em dúvida
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 66
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
sua sinceridade, provocando sua hostilidade e antipatia que dificultava o
exercício de suas funções. Sendo assim, o supervisor aderiu à organização
informal, registrando e transmitindo suas reclamações sem investigar seus
fundamentos.
Segundo WARLICH(1986), os especialistas em relações humanas
tentaram eliminar os conflitos, mas esqueceram-se das contribuições sociais
que os conflitos podem trazer à empresa. É pelo conflito que se estabelecem
as diferenças e contraposições com o sistema da organização, promovendo
os ajustes necessários que permitem a empresa evoluir. Os conflitos não
podem ser eliminados e disfarçá-los pode gerar outras formas de expressão
prejudiciais tanto ao operário como à organização.
A partir destas experiências, as conclusões foram:
• O trabalho é baseado em interações sociais cuja a natureza do
trabalho e a forma como as pessoas relacionam-se são fatores importante
de produtividade;
• O operário reage como membro de um grupo social que influencia
suas ações individuais;
• A Administração deve ser capaz de compreender as necessidades
dos operários e informar adequadamente os objetivos da empresa.
• As necessidades psicológicas do operário precisam ser identificadas
e satisfeitas para que seja possível aumentar a produtividade;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 67
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• O ambiente industrial passa a ser uma nova extensão da vida social
do operário como outro ambiente além das relações familiares e da
sociedade de uma forma geral;
HOMANS (1979), chega às seguintes conclusões: todas as
modificações e experiências foram realizadas no sentido de cima para baixo,
no intuito de melhorar as condições de trabalho. Os pesquisadores
procuraram identificar quais eram os efeitos de uma ordem da administração
quando ele chega ao operador de máquina. Apesar do operário pouco influir
nas decisões técnicas, é sobre ele que recai o maior peso das atividades da
organização. Para a administração, é difícil entender as verdadeiras
necessidades da produção sob a ótica do operário. Há, portanto, falha de
comunicação em ambos os sentidos – para cima e para baixo.
O comportamento do operário poderia ser interpretado, como uma
tentativa de minimizar a possibilidade de interferência da administração na
produção. As associações humanas e as rotinas que compõem o valor do
trabalho tendem a ser quebrada, s quando existem modificações contínuas.
Os sentimentos sociais e os costumes de trabalho dos operários não se
acomodaram às rápidas inovações técnicas ali introduzidas.
Os contrastes entre os grupos de moças e de homens: no
desenvolvimento de uma organização social informal masculina, houve
oposição à administração; ao passo que as mulheres uniram-se para
cooperar com a administração. Em última análise, um foi fator de restrição
de produção enquanto o outro de aumento constante de produção.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 68
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Para WARLICH (1986), a escola das relações humanas resolveu o
paradoxo da fábrica de Hawthorne, mas criou o seu próprio. Estudos
posteriores realizados, no final de 1940 e início de 1950, não confirmaram as
conclusões de que o trabalhador satisfeito era produtivo.
O trabalhador feliz e improdutivo e o infeliz e produtivo, foram
descobertos. Assim, os supervisores liberais, concentrados no trabalhador
nem sempre eram responsáveis pelos grupos mais produtivos e a consulta
aos empregados, muitas vezes, criava mais problemas do que aqueles que
resolviam. O movimento das relações humanas foi a primeira tentativa
sistemática de inserir o estudo das relações sociais dentro da indústria,
centrando-se na relação entre homem e organização nas práticas
administrativas. Os princípios das relações humanas orientados para a ação
fornecem pontos de partida aos comportamentalistas.
O enfoque da dinâmica de grupo, que a princípio tinha a mesma visão
romântica da escola das relações humanas, foi gradualmente abandonando
suas idéias éticas preconcebidas e adotando uma atitude analítica
experimental, incluindo a participação do trabalhador no processo decisório
e de democratização do ambiente de trabalho.
A teoria comportamentalista atualiza a teoria das relações humanas,
tornando-se o elemento de transição entre o movimento das relações
humanas (relações humanas ao comportamento humano) e o movimento do
estruturalismo-sistêmico (comportamento humano ao comportamento
organizacional).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 69
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
1.2.3.O Movimento do Estruturalismo-Sistêmico
O movimento do estruturalismo-sistêmico foi responsável pela
primeira abordagem sistêmica da empresa. O estudo dos comportamentos
individuais (comportamentalista) foi paulatinamente sendo substituído pela
análise dos subsistemas componentes do sistema.
Conforme o fundamento do enfoque sistêmico, as empresas só
poderão sobreviver em um ambiente de grande mutabilidade na medida que
a base dos mecanismos de retroação, possam adaptar-se a essas
mudanças ambientais.
Segundo SILVERMAN (1974), as origens históricas da aplicação da
abordagem estruturalista para as organizações remontam à crítica teórica
proposta pelo estudo de comportamento de grupos de Hawthorne que
propôs o seguinte sistema de análise.(Figura 7)
Sistema Econômico Organização
Sistema Social
Condições de desemprego
Subcultura Sistema Cultural
Expectativas dos trabalhadores com relação às intenções gerenciais
Trabalho definido como uma atividade
Conflito Econômico expressado na restrição de produção De Hawthorne
Figura 7: Hawthorne - Um Sistema de Análise. (Fonte: SILVERMAN,1974)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 70
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
A organização está inserida dentro de um sistema econômico que
interage com a organização, onde o conflito econômico é expressado na
restrição da produção. A interação do sistema social com o sistema
econômico determina as condições de desemprego.
Sob outro ponto de vista, toda a organização contém uma subcultura
que faz parte de um sistema cultural e suas relações determinam as
expectativas dos trabalhadores quanto às interações gerenciais. A relação
entre o sistema social e o sistema cultural define o trabalho como uma
atividade.
O movimento estruturalista – sistêmico começou com o problema de
Hobbes de ordens e prosseguiu com algumas questões importantes:
a) Como é que a sociedade gerencia-se para trabalhar e para
continuar a sobreviver às mudanças pessoais?
b) Como fazer para pessoas de diferentes características
genéticas e tipos de personalidade aprender a coexistir e relacionar-se de
maneira estável?
Para os estruturalista, a relação das partes com o todo mostra que o
fenômeno social deve cumprir algumas das propostas relacionadas com a
estabilidade da sociedade, buscando um equilíbrio. A soma das partes não
compõe o todo.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 71
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
CHIAVENATO (2004), considera que a teoria estruturalista buscou ser
a síntese entre teoria clássica (formal) e teoria das relações humanas
(informal), relevando a abordagem de Max Weber. A organização é uma
unidade social e complexa e, sendo assim, é preciso estabelecer um novo
conceito de estrutura, como um conjunto formal de dois ou mais elementos e
que subsiste inalterado, seja na mudança, seja na diversidade de conteúdos;
ou seja, a estrutura mantém-se com a alteração de um dos elementos ou
relações.
As organizações são caracterizadas por relações sociais
harmoniosas, criadas com a intenção explícita de alcançar objetivos e
propósitos. As organizações formais caracterizam-se pela interação social
de um grupo constituído para alcançar objetivos específicos, e por
regulamentos e hierarquia que determinam as relações entre seus membros,
permitindo estruturar o trabalho humano e diminuir a margem para atitudes
individuais. Assim, possibilita a especialização, facilitando a tomada de
decisão e sua implantação. As organizações formais são por excelência
burocráticas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 72
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Para a teoria estruturalista, o homem participa simultaneamente de
várias organizações (social, industrial e estatal) que esperam dele
flexibilidade, deixando de lado as necessidades pessoais para que as
organizações atinjam seus objetivos, refletindo uma personalidade muito
cooperativista e coletivista. A mudança organizacional surge dos conflitos
gerados pelo inconformismo relativo a tais exigências da organização.
A múltipla proposta apontada pelos estruturalistas pretende conciliar a
teoria clássica e a teoria das relações humanas, apoiando-se, também, na
burocracia, envolvendo:
• Organização formal e informal: procurou relacionar as relações
formais e informais dentro e fora da organização, sem alterar os conceitos
de ambas. A organização formal refere-se, geralmente, ao padrão de
organização determinado pela administração: poder, controle e divisão do
trabalho e salários. A organização informal refere-se às organizações sociais
que se desenvolvem espontaneamente entre o pessoal ou os trabalhadores,
acima e além da formal. Assim, procura encontrar o equilíbrio entre os
elementos racionais e não – racionais do comportamento humano,
constituindo um ponto principal da vida, da sociedade e do pensamento
moderno. A organização deve ser estruturada, levando-se em conta a
organização informal.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 73
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
• Recompensas materiais e sociais: tanto as recompensas salariais
quanto as sociais são importantes. Para ser eficiente, quem as recebe deve
estar identificado com a organização que a concede, com o reconhecimento
de todas as pessoas que interagem com esse operário.
• Os diferentes enfoques da organização: racional ( a organização é
um meio deliberado e racional de alcançar metas conhecidas); natural
(conjunto de partes interdependentes que constituem um todo).
• Os diferentes níveis da organização: as organizações estão
estratificadas em três níveis organizacionais: institucional (dirigentes e
funcionários); gerencial (cuida do relacionamento entre os níveis institucional
e técnico, que atuam como provedores e facilitadores para a produção);
técnico (onde as tarefas são executadas).
• A diversidade das organizações: o estruturalismo não se deteve
apenas na análise da fábrica, mas com todo o tipo de organização
(indústrias provedoras de bens ou serviços, comerciais, agrícolas, religiosas,
políticas entre outras).
Análise interorganizacional: trabalha com sistemas abertos, procurando
identificar as relações entre os fatores externos e internos da organização.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 74
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
Apesar da análise proposta, os modelos sistêmicos apresentavam
limitações frente às variáveis externas não passíveis de serem estruturadas.
Os pesquisadores resolveram restringir-se à variável que causasse maior
impacto sobre a configuração estrutural de uma empresa e seu
funcionamento. Esta abordagem foi chamada de enfoque contingencial.
(ABREU, 1982)
1.2.4 O Movimento da Contingência
O movimento da contingência foi uma delimitação do enfoque
estruturalista – sistêmico que passa a enxergar todas as ações
administrativas como dependentes do contexto em que estão inseridas. Não
existe solução única que possa ser aplicada a várias empresas.
WOODWARD (1977), pesquisou a aplicabilidade de teorias
administrativas para êxito em negócios. A pesquisa envolveu cem firmas de
diferentes tipos de negócios, cujo tamanho oscilava de 100 a 8.000
empregados. As cem firmas classificadas em três grupos amplos de
tecnologia de produção envolvendo diferentes abordagens na manufatura
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 75
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
dos produtos: produção unitária ou oficina, produção em massa ou
mecanizada e produção em processo ou padronizada. As conclusões foram:
• O desenho organizacional é profundamente afetado pela
tecnologia utilizada pela organização;
• Há uma forte correlação entre estrutura organizacional e
previsibilidade das técnicas de produção;
• As empresas em operação estáveis necessitam de estrutura
diferentes daquelas organizações com tecnologia mutável;
• A importância de vendas, produção, engenharia, na empresa
depende da tecnologia específica empregada.
MOTTA (1983), cita que as mudanças em tecnologia tendem a forçar
mudanças organizacionais. De qualquer forma, porém, a sugestão de
provável adequação de diferentes estruturas organizacionais as tecnologias
de produção diversas, que se fundamentam em considerações de ordem
financeiras e mercadológicas e não em considerações de ordem social, o
que vem a ser algo a analisar-se, segundo outros indicadores.
As variáveis ambientais são as variáveis independentes, enquanto as
técnicas administrativas são as dependentes dentro de uma relação
funcional. O ambiente não causa ocorrência de técnicas administrativas. Ao
invés da relação causa – efeito entre as variáveis do ambiente e as variáveis
administrativas, existe uma relação funcional entre elas, podendo alcançar
os objetivos da organização de modo eficaz.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 76
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
A abordagem contingencial pressupõe uma atitude pró-ativa da
administração, antecipando-se à solução dos problemas antes de sua
ocorrência em virtude da situação das variáveis ambientais.
A Teoria da Contingência surgiu na tentativa de adequar modelos de
estruturas organizacionais aos diferentes tipos de indústrias, baseados em
uma série de pesquisas que procurava entender como as empresas
funcionavam em diferentes condições.
Segundo CHIAVENATO (2004), ao se comparar as maiores
corporações americanas, conclui-se que, nos últimos cem anos, a estrutura
organizacional das grandes empresas americanas foi adequando-se em
função de sua estratégia mercadológica. As estratégias e ambientes
determinaram tipos diferentes de estrutura organizacional que permitiram às
empresas a trabalhar com eficiência. A alteração ambiental introduzida pela
tecnologia, mercados e fontes de suprimentos que mudam rapidamente, é o
fator principal na escolha da estrutura adequada.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 77
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
LAWRENCE & LORSCH (1973), pesquisaram vinte indústrias
inglesas para verificar a relação existente entre suas práticas administrativas
e seu ambiente externo. As organizações mecanicistas baseiam-se em
divisão do trabalho, centralização, hierarquia rígida, sistema simples de
controle, interação vertical entre superior e subordinado, formalismo e
ênfase nos princípios da teoria clássica.
Ao passo que as organizações orgânicas possuem estrutura flexível,
cargos continuamente redefinidos, descentralização, interação lateral,
amplitude de controle, maior confiança nas comunicações e ênfase na
Teoria das Relações Humanas. Conclui-se que, sob condições ambientais
relativamente estáveis a forma mecanicista de organização é mais
adequada, enquanto condições ambientais de mudança a estrutura orgânica
é melhor. A Teoria da Contingência salienta que as características das
organizações são variáveis dependentes do ambiente e da tecnologia.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 78
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
HALL (1962), analisa o ambiente em dois segmentos: o ambiente
geral (macroambiente) e o ambiente tarefa. O ambiente geral é constituído
por condições comuns a todas as organizações (tecnológicas, políticas,
legais, demográficas, ecológicas e culturais). O ambiente de tarefa é aquele
particular de cada empresa. (fornecedores, clientes ou usuários e entidades
reguladoras).
Uma organização tem poder sobre seu ambiente de tarefa quando as
suas decisões afetam aquelas dos fornecedores de entrada e os
consumidores de saída. Dessa forma, a tipologia de ambientes de tarefa
pode ser homogênea (pouca segmentação de mercado), heterogênea
estável (desenvolvimento lento e previsível) ou instável. Quanto mais
homogêneo um ambiente de tarefa, menor diferenciação será exigida da
organização.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 79
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
A Teoria da Contingência fez a contraposição entre organização e
ambiente elaborado por LAWRENCE & LORSCH (1973), concluem que os
problemas organizacionais básicos são diferenciação e integração.
A divisão departamental da organização para o desempenho de uma
tarefa especializada em um contexto ambiental também especializado é
chamada de diferenciação. A integração é o resultado de ações
coordenadas desempenhadas em função de pressões internas e externas
para atingir um objetivo comum.
O ambiente da empresa determina os níveis de integração e a
diferenciação. Conforme os sistemas aumentam, diferenciam-se em partes
que precisam ser integradas para o sistema geral funcionar. Além do
ambiente, a tecnologia é uma variável independente para a empresa
funcionar e alcançar seus objetivos. A tecnologia incorporada é relativa a
matéria-prima, bens de capital, componentes etc. A tecnologia não
incorporada encontra-se nas pessoas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensa mento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 80
Capítulo 1:- A Evolução do Pensamento Administrativo
A visão contingencial não oferece regras definidas que orientem a
ação do administrador, tal como acontecia durante os outros movimentos. As
características estruturais são dependentes das características ambientais.
O Movimento da Contingência ainda estava inserido no contexto da
organização burocrática, baseada em premissas racional-legais, nos quais a
sociedade legitimava as ações do mercado. A visão contingencial
forneceu elementos para o surgimento da organização burocrática
racional-competitiva.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 81
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
2.1 As Mutações de Mercado
A passagem do século XX marca uma nova crise mundial: a escassez
dos recursos naturais, o aumento da população e sobretudo a utilização
desenfreada dos recursos naturais pela grande maioria dos países que
levam a um colapso generalizado com falta de energia, exclusão social de
vários países, catástrofes climáticas, dentre outros efeitos; simultaneamente,
a globalização consolidou-se com a internacionalização da oferta e da
demanda.
O consumidor busca maior variedade, menor custo, altíssimos
padrões de qualidade, ênfase na variedade chamada de economia de
escolha. O sistema orientado à produção é substituído por aquele orientado
ao mercado. Neste, o cliente é a força direcionadora dos esforços de
produção, ao contrário do que ocorria no passado, cujos os clientes pouco
influenciavam nas decisões dos sistemas produtivos.
CHIAVENATO (2004), ressalta em seu consagrado livro Teoria Geral
da Administração, ressalta as novas abordagens administrativas em um
novo capítulo intitulado "Para Onde Vai a TGA?", que expõe os desafios
para as organizações na Era da Informação.
Novos instrumentos gerenciais são necessários para que as
empresas possam antecipar-se ou adaptar-se a estas realidades
emergentes. A visão holística (integrada) é, com certeza, um desses
instrumentos que oferecem um salto de qualidade nos modelos de gestão
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 82
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
das empresas. Os paradigmas tratados em sua tese possuem esta visão
sistêmica, integrada e hierárquica em termos de objetivos. (GODINHO,2004)
A maximização do lucro pela maximização da receita e minimização
dos custos, depende fundamentalmente da estrutura do mercado onde a
empresa opera. Existe uma correlação entre a composição dos custos e as
estruturas de concorrência, porém a receita sofrerá toda a sorte de influência
das características estruturais do mercado, determinantes exclusivas das
curvas de procura a qual a empresa se defronta.
JORGE (1990); GARÓFALO (1994), destacam oito fatores que
dimensionam as estruturas de mercado:
• O número de empresas vendedoras que
atua nesse mercado;
• O tamanho dessas empresas;
• O grau de interdependência entre elas;
• As similitudes ou diferenciações entre os
produtos das empresas;
• A natureza e o número de consumidores (empresas e indivíduos);
• A extensão das informações que tanto os consumidores como os
vendedores dispõem sobre os demais produtos transacionados
nesse mercado referente a preços e condições comerciais;
• O grau de habilidade que as empresas individuais dispõem para
influenciar a procura do produto, aspectos qualitativos e facilidades
de comercialização;
• A facilidade com que as firmas entram e saem do ramo ou indústria.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 83
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
A concorrência nos dá a idéia da rivalidade entre dois ou mais
indivíduos para conseguir um objetivo. Em economia, essa concepção foi
complementada por outra que considera a concorrência como um
mecanismo da organização dos mercados, ou seja, uma forma de
determinar preço e quantidade de equilíbrio, estrutura de mercado.
As estruturas de mercado podem ser representadas , em termos do
poder de mercado:
MONOPÓLIO OU
MONOPSÔNIO
Poder de Mercado Zero; São Aceitadores
de Preços
CONCORRÊNCIA PERFEITA COMPETIÇÃO IMPERFEITA
CONCORRÊNCIA MONOPOLISTICA
OLIGOPÓLIO OU
OLIGOPSÔNIO
Aumento nas barreiras de entradas; Menor Nº de vendedores e ou compradores
Máximo Poder de Mercado; São Formadores de Preços.
Diminuição nas barreiras de entradas; Maior Nº de vendedores e compradores
Figura 9 :Estrutura de Mercado em termos de Poder (Fonte: adaptado de ROSSETI,1997)
Monopólio
Quase - monopólio
Monopólio bilateral
Oligopólio
Oligopólio bilateral
Quase - monopsônio
Monopsônio
Oligopsônio
Concorrência Perfeita
Compr adores
Vendedores
Grande nº
Pequeno nº
Um único
Grande nº Pequeno nº Um único
Figura 8 : - Matriz Estrutura de Mercado . ( Fonte : - JORGE, F.T. ,1990) .
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 84
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
2.2 Estratégias competitivas
2.2.1 Conceito
A estratégia é uma ferramenta, uma tecnologia, uma metodologia que
inclui pessoas, não apenas um processo de manipulação de números ou
objetos. É a união das pessoas com seus ideais e aspirações que leva ao
resultado procurado pela administração estratégica. LEVI (1986) menciona
que a concorrência não está entre um produto ou serviço com outro, mas,
sim, entre uma cultura estratégica com outra cultura estratégica.
A finalidade das estratégias empresariais é estabelecer quais serão
os caminhos, os cursos, os programas de ação que devem ser seguidos
para alcançar os objetivos estabelecidos pela empresa; Está relacionada à
ligação da empresa em seu ambiente, procurando definir e operacionalizar
estratégias que maximizam os resultados da interação estabelecida. Na
estratégia de produção existe uma estrutura hierárquica generalizada e
segundo VANALLE (1995) esta estrutura é classificada de acordo com três
níveis hierárquicos: Estratégia Corporativa, Estratégias de Negócios e
Estratégias Funcionais, conforme os dados da Tabela 3 mostram:
Estratégia do negócio
Estratégia do negócio
Estratégia do negócio
Estratégia corporativa
Estratégia de marketing
Estratégia de P&D
Estratégia de produção
Estratégia de finanças
Tabela 3 – Hierarquia das estratégias. (Fonte:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 85
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas .
No primeiro nível, a estratégia corporativa especifica os negócios nos
quais a corporação deve participar e orienta a aquisição e alocação de
recursos nas diferentes unidades de negócios, sua duração é de longos
períodos de tempo e afeta a organização de distintas maneiras para atingir
os resultados esperados. SLACK et al. (1997: 90), conceituam que as
decisões em nível estratégico corporativo definem em quais negócios a
empresa atuará, estabelece a diversificação de suas operações e os critérios
de verticalização / desverticalização a alocação de recursos financeiros e as
relações entre os diferentes negócios.
Cada empresa possui uma estratégia competitiva, a fim de obter uma
posição sustentável, lucrativa e defensiva contra as forças que determinam a
concorrência entre as empresas, com perfil de produtos bem aproximados
entre si. A elaboração de uma estratégia competitiva implica necessidade de
considerar quatro aspectos básicos:
1. Pontos fracos e fortes da empresa - perfil de seus ativos e
qualificação em relação aos concorrentes, incluindo recursos
tecnológicos , financeiros, localização, etc.;
2. Valores pessoais dos principais executivos da empresa -
motivações, necessidades, crenças e valores éticos das
pessoas responsáveis pela implementação da estratégia.
3. Ameaças e oportunidades da indústria - definem o meio
competitivo, tanto no que se refere aos riscos, como às
oportunidades potenciais.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 86
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
4. Expectativas mais amplas da sociedade - impacto de
políticas governamentais, interesses sociais, etc.
A estratégia competitiva deve se ao resultado da análise e
compreensão profunda das regras do mercado, e se possível, pode
modificá-las a seu favor. Tem por objetivo levar a empresa a obter vantagem
competitiva que não possa ser facilmente imitada e que seja capaz de
resistir aos ataques e às modificações do mercado. Liderança em custos e
diferenciação são dois tipos básicos de vantagens competitivas, defendidas
por PORTER (1991) e vários outros autores como: ANSOFF (1977), SHANK
E GOVINDARAJAN (1993) e HAMEL E PRAHALAD (1994), ao serem
combinados com o escopo de atividades focalizadas, podem alcançar o
desempenho acima da média:
• Liderança em custo: permite oferecer aos clientes produtos comparáveis
a seus concorrentes a preços inferiores;
• Diferenciação: caracteriza a empresa como a única na indústria a
oferecer benefícios e vantagens específicas a seus clientes;
• Enfoque: uma empresa direciona-se para ser líder em custo ou
diferenciação, mas focaliza uma parcela restrita do mercado.
O melhor posicionamento das organizações dentro das estruturas de
mercado considerando as forças que dirigem a concorrência, depende da
estratégia adotada pela organização. Segundo PORTER (1991), a chave ao
desenvolvimento de uma estratégia competitiva para uma unidade de
negócio é encontrar uma posição dentro do mercado cuja a companhia
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 87
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
possa se defender e influenciar as cinco forças competitivas a seu favor,
quais sejam:
1 Ameaça de novos entrantes: limitada por barreiras à entrada de
novos concorrentes; economia de escala; diferença de produtos
patenteados; identidade de marca; custo de mudança; exigência de
capital; acesso à distribuição; vantagens de custo absoluto (curva de
aprendizagem, acesso a insumos necessários e projeto de produtos
de baixo custo); política governamental e retaliação esperada.
2 Poder de negociação dos compradores: seus principais
determinantes são a alavancagem de negociação e a sensibilidade
ao preço. Quanto à alavancagem de negociação, devemos
considerar a concentração de compradores em relação à
concentração de empresas; volume do comprador; custos de
mudança do comprador em relação aos custos de mudança da
empresa; informação do comprador; possibilidade de integração
para trás e produtos substitutos. No que se refere à sensibilidade ao
preço, são fatores relevantes o preço em relação às compras totais;
diferença dos produtos; identidade de marca; impacto sobre
qualidade/desempenho; lucros do comprador e incentivos dos
tomadores de decisão.
3 Ameaça de substitutos: é afetada pelo desempenho do preço
relativo dos substitutos, custos de mudança e propensão do
comprador a substituir.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 88
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
4.Poder de negociação dos fornecedores: são fatores
determinantes a diferenciação de insumos; custos de mudança das
empresas na indústria; existência de insumos substitutos;
concentração de fornecedores; importância do volume de compras
da indústria para o fornecedor; custo relativo a compras totais na
indústria; impacto dos insumos sobre o custo ou a diferenciação;
ameaça de integração para frente em relação à ameaça de
integração para trás pelas empresas na indústria.
5.Intensidade da rivalidade entre empresas existentes: vincula-se
ao crescimento da indústria; custos fixos (ou de armazenamento) em
relação ao valor adicionado; excesso de capacidade crônica;
diferença de produtos; identidade de marca; custos de mudança;
concentração e equilíbrio; complexidade informacional; diversidade
de concorrentes; instabilidade; interesses empresariais e barreiras à
saída. O aspecto fundamental na determinação da atratividade é até
que ponto as empresas podem apropriar-se do valor por elas criado
ou se este valor é capitalizado por outros. A estrutura da indústria
define a probabilidade de que novas empresas entrem em uma
indústria e conquistem mercado, o que aumenta a concorrência -
com os conseqüentes benefícios desfrutados pelos compradores,
com preços mais baixos – ou implicando incremento dos custos da
concorrência. O forte poder dos compradores determina que uma
elevada parcela do valor criado seja por eles retido e deixe para as
empresas de uma indústria modestos retornos. Já a ameaça de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 89
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
substitutos determina até que ponto outro produto pode satisfazer as
mesmas necessidades do comprador e limitar, desta forma, o preço
que este está disposto a pagar pelos produtos de uma indústria. O
poder dos fornecedores determina em que proporção estes - e não
as empresas em uma indústria - irão apropriar-se do valor criado.
Todas as cinco forças em conjunto determinam a intensidade da
concorrência na indústria, bem como, a rentabilidade. Forças
diferentes assumem a predominância na forma de concorrência em
cada indústria, o conhecimento das fontes subjacentes de pressão
competitiva põe em destaque os pontos fortes e fracos da
companhia.
A estratégia assume papel primordial na organização, pois sua
estrutura e seus processos são elaborados sobre um conjunto de decisões.
Para ANSOFF (1977), o conjunto decisório é a parte não analítica do
Poder de negociação
Ameaças de produtos substitutos
Ameaças de novos entrantes
ENTRANTES POTENCIAIS
CONCORRENTES NA INDÚSTRIA
RIVALIDADE ENTRE AS
EMPRESAS
SUBSTITUTOS
COMPRADORES FORNECEDORES
Poder de negociação
Figura 10:-Forças que dirigem a concorrência na indústria. (Fonte:- PORTER, 1991-
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 90
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
administrador. A preocupação com o conceito de estratégia e de
administração leva a algumas questões sobre os objetivos empresariais,
tais como: o que a empresa quer ser, o que ela é, como passar do que a
empresa é, para o que ela deseja ser. A principal finalidade de um
planejamento estratégico é o processo de integração, no qual os vários
níveis hierárquicos existentes em uma organização devem apresentar seus
planejamentos de forma integrada. Já MINTZBERG (1996), afirma que
estratégia é o modelo de decisões na companhia, que determinam e revelam
os objetivos, os propósitos ou metas, produtos principais das políticas e
planos para atingir estas metas. Define a extensão dos negócios da
companhia e reve la os tipos organizacional econômico e humano que a
empresa pretende ser, a natureza da contribuição econômica e não
econômica sobre o mercado, funcionários, clientes e comunidade.
Estratégia de Produção é definida por SLACK et al. (1997) como
sendo o padrão global de decisões e ações, que define o papel, os objetivo e
as atividades da produção, de forma que estes apóiem e contribuam para a
estratégia de negócios da organização.
2.2.2 Estratégia de produção
O conceito de estratégia de produção surge da necessidade de
integrar o processo operacional de uma unidade produtiva ao processo
decisório global da empresa. Para SLACK (1993a), uma produção forte e
bem estruturada é o alicerce do sucesso estratégico e todas as empresas
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 91 Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
deveriam ter uma visão de suas operações de manufatura. A estratégia de
manufatura é um conjunto das decisões e das tarefas que precisam ser
tomadas para atingir os objetivos da empresa.
Segundo PIRES (1995), a estratégia de manufatura vem sendo
colocada como o uso efetivo dos pontos fortes da produção, como uma arma
competitiva para alcançar os objetivos da empresa. Esses objetivos só
serão alcançados após a definição de quais dimensões competitivas a
empresa deve adotar para diferenciar seus produtos em relação aos
concorrentes. Na Figura 11 , HORTE et al. (1987) apresentam o conteúdo
de uma Estratégia de Produção:
As novas formas de organização e metodologia do trabalho, como
vantagem, como arma competitiva e novos procedimentos apareceram com
tendência de se reduzir custos e melhorar os serviços, como o uso de
ESTRATÉGIA CORPORATIVA ESTRATÉGIA COMPETITIVA
-LIDERANÇA EM CUSTO -DIFERENCIAÇÃO -ENFOQUE
PRIORIDADES COMPETITIVAS -QUALIDADE -CUSTOS -FLEXIBILIDADE -DESEMPENHO DAS ENTREGAS -CONFIANÇA
ÁREAS DE DECISÃO ESTRUTURAIS
-INSTALAÇÕES -INDUSTRIAIS -CAPACIDADE -TECNOLOGIA -INTEGRAÇÃO VERTICAL
INFRA-ESTRUTURAIS -RECURSOS HUMANOS -GESTÃO DA QUALIDADE -ORGANIZAÇÃO --PPCCPP
Figura 11: -Estratégia Corporativa e Competitiva (Fonte:-
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 92 Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
técnicas do tipo OPT (Optimized Production Technology), JIT (Just in Time),
MRP II (Manufacturing Resource Planning), células flexíveis de manufatura,
CAD (Computer Aided Design), CAM (Computer Aided Manufacturing),
engenharia simultânea, EDI (Electronic Data Intechange), ECR (Efficientt
Consumer Response) e outras, todas elas têm como objetivo o aumento da
competitividade, conferem maior agilidade, melhorando, assim, o
desempenho das entregas.
Segundo SALLES (1998) existem oito categorias básicas nas áreas
de decisão estratégica para a manufatura: capacidade, instalações,
tecnologia, integração vertical, recursos humanos, qualidade, planejamento,
controle da produção, organização e gestão. WHEELWRIGHT (1984),
VANALLE (1995), PIRES (1995) e SALLES (1998) citam em seus
trabalhos, que estas categorias são classificadas em estruturais e infra-
estruturais. SLACK ET. AL. (1997) mencionam que as áreas de estratégia
estrutural de uma organização são aquelas que influenciam as atividades de
projeto, enquanto as áreas de estratégia infra-estrutural influenciam as
atividades de planejamento, controle e melhoria.
Instalações, capacidade, tecnologia e integração vertical, são áreas
consideradas estruturais de decisões estratégicas. As instalações industriais
dizem respeito basicamente à localização geográfica da empresa, a seu
tamanho, mix de produtos, processos produtivos e grau de especialização
de seus recursos produtivos. A logística de abastecimento e distribuição,
facilidade de mão-de-obra especializada e seus custos são fatores
econômicos altamente relevantes para decisão de localização das indústrias.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 93 Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Muitas das vantagens competitivas depende da criação de uma
estrutura comum ao desenvolvimento dos produtos, daí a importância dos
clusters (concentração geográfica de empresas). Os clusters são
importantes na concorrência porque aumentam a produtividade, direcionam
a trajetória da inovação e estimulam a formação de novos negócios. Podem
ser definidos pelo binômio cooperação/ competição, isto é, as empresas
continuam disputando o mesmo mercado, mas passam a cooperar em
iniciativas que lhes permitam ganhos mútuos com feiras, consórcios de
exportação e compartilhamento de fretes, etc.
A capacidade de uma empresa é determinada pela forma com que ela
responde e ajusta-se à demanda, quanto ao volume de produção está
intimamente ligado com as decisões das instalações industriais de uma
empresa. Conforme SLACK (1997), a capacidade é o máximo nível de
atividade de valor adicionado em determinado período de tempo, que o
processo pode realizar sob condições normais de operação.
A complexidade que a tecnologia impõe ao ambiente competitivo tem
forçado as empresas a fazer uma revisão de seu modo de competir, o que
leva muitas vezes a busca pela modernização, entendida como a busca pela
capacitação para enfrentar as novas realidades estabelecidas, tanto em sua
estrutura organizacional como em seus processos produtivos. A maneira de
como produzir vem tomando grande parte dos estudos modernos na gestão
empresarial, o que leva muitas empresas a buscar, de maneira intensiva,
melhorias em seus processos, reorganização da produção e modificação de
suas estruturas corporativas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 94
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
O desenvolvimento de alternativas estratégicas com base na
tecnologia e com base nas oportunidades de investimento, bem como, a
criação de oportunidade dentro do contexto organizacional são vistas como
cruciais à manutenção da vantagem competitiva. Desse modo, as
capacidades são requeridas para conduzir os processos de reorganização
da manufatura em direção ao CIM (Compuer Integrated Manufacturing),
como uma forma viável de incremento de competitividade em empresas
industriais.
COSTA E CAULLIRAUX (1995), conceituam o Computer Integrated
Manufacturing - CIM como um sistema, conjunto de partes interagentes e
interdependentes que, em conjunto, formam um todo unitário com
determinado objetivo e efetuam certa função. Um sistema sempre estará
contido dentro de outros sistemas maiores, sendo então dependente dos
mesmos, pois receberá recursos, informações e feedback provenientes
desses. Quanto ao grau de automação, um componente importante que
precisa ser evidenciado é a etapa de desenvolvimento do projeto do produto.
A manufatura preocupa-se mais com o processo do que com o desenho do
produto. A tendência natural é a existência de barreiras entre design e
manufatura, o que contribui para o insucesso dos movimentos pela
automação.
A integração vertical, irá configurar uma política que permitirá que
uma empresa defina o que será produzido internamente e o que será
comprado de terceiros. Mas o que indica o grau de integração vertical de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 95 Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
uma organização, no sentido estratégico, é a posse dessa organização da
rede de suprimentos da qual faz parte.
As áreas infra-estruturais de decisão estratégica são: organização,
gestão de pessoas (recursos humanos), gestão da qualidade e planejamento
e controle da produção.
a) Organização: as questões referentes à organização refletem
sobretudo os níveis hierárquicos sob a forma da estrutura
adotada pela organização (em linha, matricial e projeto). PIRES
(1995), refere que as empresas tradicionalmente adotam uma
estrutura organizacional tradicional ou linha, mas,
recentemente, vêm se divulgando outras formas de utilização
da força de trabalho assentada em inovações técnicas e
organizacionais no chão de fábrica. Esse modo de organização
é traduzido na forma do trabalhador multifuncional e
multiqualificado trabalhar, além de envolver o desenvolvimento
e a incorporação de diferentes habilidades e repertórios
profissionais, cunhados nos princípios do Just In Time (JIT). Ao
serem tomados e aplicados os pressupostos do JIT no chão de
fábrica, é de se esperar que o trabalho mais integrado e menos
fragmentado por funções ofereça condições para a polivalência
do empregado, habilitando-o para intervir em diversos tipos de
trabalho e em diferentes processos.
b) Gestão do pessoal (Recursos Humanos): na área da gestão
do pessoal, as questões tratadas são a qualificação da mão-
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 96
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
c) de-obra, políticas de incentivos monetários e não monetários,
planos de carreira, níveis salariais em relação ao mercado,
treinamentos, etc. (VANALLE,1995). Os recursos humanos têm
uma forte ligação com a natureza da organização do trabalho,
desse modo podem ser citados alguns exemplos: trabalho em
grupo, multiqualificação e polivalência, formas de remuneração,
incentivos salariais, planejamento e execução e
autodeterminação no trabalho.
d) Gestão da qualidade: para PIRES (1995) e VANALLE (1995),
a gestão da qualidade define sua política e seu sistema de
gestão da qualidade, verifica de que forma serão definidos os
padrões e as formas de controle da qualidade dos produtos e
dos processos da empresa.
e) Planejamento e controle da produção: a produção, vista
como um sistema, é um conjunto de recursos humanos, físicos,
tecnológicos e informacionais, capazes de transformar
entradas em saídas, materiais ou imateriais podem ser
produzidos tanto bens, como serviços. Segundo OLIVEIRA
(1999), a informação é o recurso estratégico e essencial para a
tomada de decisão que fornece subsídios à integração dos
diversos subsistemas ou áreas da organização. Os sistemas de
informação são uma combinação estruturada de informação,
recursos humanos, tecnologias de informação (hardware e o
software) e práticas de trabalho, organizados de tal forma a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 97
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
permitir o melhor atendimento dos objetivos da organização. Os
sistemas de informação são estruturados baseados em uma
identificação de necessidades e fontes de dados, a qual se
seguem a definição dos fluxos de informação, das atividades meio
e a coleta e processamento de dados. O planejamento e controle
da produção é um sistema de informações que gerencia a
produção do ponto de vista das quantidades a serem elaboradas,
de cada tipo de bem ou serviço e o tempo necessário para sua
execução.
ZACCARELLI (1987), comenta que o sistema de produção, após ser
informado sobre tipos e quantidades, precisa traduzir estas informações em
ações nos recursos de produção. Após a execução do produto e de forma
sistemática, o controle de ordens alimenta a gerência de dados,
caracterizando um sistema de informações integrado.
CORREA & GIANESI (1999) salientam que o advento dos sistemas
MRP (Planejamento de Necessidades de Material) associou-se à elaboração
de programas mestres e o cálculo de necessidades de material. Trata-se de
um programa de cálculo de quantidades de insumos, com base nos
requisitos individuais e na quantidade a ser fabricada. Isto significou uma
expansão considerável dos programas de PCP. O princípio do cálculo de
recursos instituído pelo MRP foi estendido a outros recursos como o tempo
de máquina, secção ou departamento. Cada unidade ou lote, conhecidos os
requisitos individuais, permite o cálculo da capacidade global requisitada. A
ampliação desse conceito vem a ser o MRP II (Planejamento de Recursos
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 98 Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
de Produção), Atualmente, bastante difundido e servindo de base à maioria
dos atuais sistemas de planejamento e controle de produção informatizados.
Na condição de fornecedores de dados para a programação e
controle e ocupando-se do planejamento da produção, tem-se os recursos
CAD/CAE (desenho, projeto e engenharia auxiliados por computador). Sua
função é auxiliar a concepção e desenvolvimento do produto, iniciando por
seu desenho, ordenando e armazenando dados, executando cálculos,
visualizando perspectivas e simulando o funcionamento e a presença de
atributos do produto. O Projeto do Processo Auxiliado por Computador
(CAPP) permite gerar roteiros (fichas de processo), inclusive listagem de
equipamentos, ferramentas e tempos, além de complementos como a árvore
de produto e croquis.
No ambiente fabril, verifica-se a existência de dispositivos automáticos
em várias funções, como para controlar válvulas de abertura e fechamento
de dutos, controle de temperatura em fornos, iluminação e ventilação em
edifícios. Seguindo, existem máquinas que manipulam, pintam, soldam,
montam, movimentam, às quais se associam recursos eletrônicos,
transformando-os em robôs.
As máquinas tornaram-se automáticas mediante a aplicação do
conceito de controle numérico (CN) e, posteriormente, de CNC (Controle
numérico por Computador). São máquinas às quais se informam alguns
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 99
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
parâmetros para sua operação, que passam então a ser executados; Ao
introduzir o computador, foi possível conseguir avanços significativos quanto
às possibilidades e facilidades de manipulação. De um modo geral, a
integração dos recursos de produção (dispositivos mecânicos e
eletroeletrônicos) com a informática, permitiram estabelecer o conceito de
Produção Auxiliada por Computador (CAM). A fabricação poderia então
passar a ser comandada pelo computador, formando uma ilha informatizada
composta pelos recursos diretamente envolvidos na fabricação
(BAGNOLO,2002).
2.2.3.Estratégias de operações focalizadas
Por meio desse referencial teórico, pretende-se auxiliar no
desenvolvimento de propostas de ações baseadas nas estratégias de
organização das pessoas e máquinas no espaço físico, para diminuir o
tempo e a distância até a fase seguinte do processo; mobilizar
adequadamente os recursos disponíveis conjugados com as expectativas e
percepções dos clientes, ao longo da cadeia produtiva e das redes de
empresas envolvidas na produção de um determinado produto ou serviço.
Para SKINNER (1994), um dos conceitos mais importantes na área de
estratégia de operações é o desenvolvimento de uma estratégia focalizada.
Uma fábrica que se focaliza em uma tarefa de operações, estreita para um
nicho de mercado específico, proporciona melhor desempenho para esta do
que para outra fábrica que vise a uma missão mais abrangente e difusa.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional.. 100
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
O foco nas operações pode ser analisado, considerando os
compromissos existentes entre os diferentes objetivos de desempenho dos
sistemas de operações. A falta de foco ocorre quando se busca excelência
simultaneamente em critérios que apresentam conflitos não elimináveis no
horizonte de tempo analisado, ou seja, a melhora no desempenho de
determinado objetivo só poderá ser conseguida à custa de menor
desempenho de outro objetivo. Assim, uma estratégia de operações
focalizada é aquela cujos os objetivos priorizados pelo mercado-alvo (amplo
ou restrito), não apresentem conflitos que inviabilizem o alcance de alto
desempenho simultâneo.
Necessidades ou expectativas do cliente – o que procurar atender?
Segundo CORRÊA & CORRÊA (2004), o que o cliente expõe em
uma pesquisa são suas expectativas em relação a um serviço. Determinar
as necessidades dos clientes pode envolver certo grau de julgamento de
valor por parte do fornecedor que pretende identificá-las. O fornecedor achar
que sabe o que os clientes precisam pode levar a equívocos, porque em
muitos casos nem os próprios clientes sabem ao certo o que procuram. O
que os clientes sabem e são capazes de transmitir é o que eles esperam de
um produto ou serviço. Conseqüentemente, é mais fácil identificar as
expectativas dos clientes do que suas reais necessidades.
Pesquisas empíricas confirmam que os clientes utilizam suas
expectativas para avaliar o produto ou serviços, ou seja, comparam o que
esperavam com o que receberam. Desse modo, pelo menos, no curto prazo
parece ser conveniente que o sistema de operações esteja preparado para
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 101
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
identificar e atender às expectativas dos clientes, mais do que suas reais
necessidades.
A formação das expectativas dos clientes,
A formação das expectativas dos clientes é influenciada pelos
seguintes fatores:-
1-comunicação boca a boca;
2-experiência anterior,
3- Comunicação externa,
4- Necessidades pessoais dos clientes;
Estes fatores podem ser influenciados pelo:
a) mercado fornecedor dos serviços (concorrência), o que sugere
a importância da atividade benchmarking , para possibilitar um bom
monitoramento das expectativas dos clientes;
b) o próprio fornecedor do serviço, por meio da consistência do
serviço prestado, de sua propaganda, do preço estabelecido e da
comunicação feita pelo pessoal de contato com o cliente. O
fornecedor do serviço pode, inclusive, adotar estratégias de foco e
seleção de clientes, de modo a restringir a série de expectativas
que deverá atender.
A percepção do cliente quanto ao serviço prestado
A percepção do cliente quanto ao serviço prestado é influenciada pelo
próprio serviço e pela comunicação por meio do pessoal de contato. Durante
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional. 102
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
o processo, a percepção é formada ao longo do ciclo do serviço, que é uma
seqüência de momentos da verdade. Os clientes avaliam os serviços de
acordo com os seguintes critérios: 1-tangíveis, 2- consistência, 3-
competência, 4-velocidade de atendimento, 5-atendimento / atmosfera, 6-
flexibilidade, 7-credibilidade/ segurança, 8-acesso, 9- custo.
A segmentação de mercado
É o processo de identificação de grupos de consumidores com
suficientes características em comum, de modo a tornar possível o projeto e
a oferta de um produto ou serviço que atenda as necessidades específicas
de cada grupo. A segmentação pode ser feita com base em dados
demográficos tais como: idade, renda, nível de educação, tamanho familiar,
localização, entre outras informações. São relativamente fáceis de obter por
meio de consulta aos censos governamentais ou de pesquisa de mercado.
Embora forneça algumas informações relevantes, a análise dos dados
demográficos é limitada, pois não revela o que motiva os consumidores a
comprar os serviços de uma empresa, o que os irrita ou como pensam. Em
geral, as empresas de sucesso baseiam a segmentação do mercado em
dados psicográficos em dimensões como propensão ao prazer, medo,
inovação, tédio, vaidade, estilo de vida, ou seja, dimensões tipicamente
comportamentais que procuram explicar como as pessoas agem e como
vivem.
O posicionamento da empresa no mercado
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 103
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Feita a segmentação, o passo seguinte é a seleção de um segmento
de mercado, que depende de fatores como:- tamanho do segmento, suas
necessidades, forma pela qual estas necessidades estão (ou não estão)
sendo atendidas, qualificações da empresa para atender a estas
necessidades. Quanto maior o segmento de mercado, quanto pior suas
necessidades estiverem sendo atendidas e quanto mais apta estiver a
empresa para atender a estas necessidades, mais atraente será o
segmento. Definido o segmento, a empresa deverá definir seu conceito de
serviço, posicionando-se em relação às necessidades dos consumidores e à
concorrência.
Quando se pretende projetar um produto físico, destinado a atender a
determinadas necessidades de um segmento de consumidores, serão
estabelecidas um conjunto de especificações, que são transmitidas à
“produção”, para que esta gere produtos exatamente, conforme
especificados em projeto. Estas especificações são bastante objetivas e,
seja fácil ou difícil atingi-las na produção, normalmente, pode-se aferir com
segurança se determinado produto atende ou não às suas especificações de
projeto.
A produção de serviços não gera um produto físico e padronizado,
mas uma percepção no consumidor referente à experiência pela qual
passou. Surge, então, a necessidade de definição do conceito de serviço em
termos das percepções que se deseja gerar nos consumidores. Dessa
forma, o conceito do serviço é fundamental para que se possa transmitir aos
funcionários, notadamente aqueles da linha de frete, que têm contato direto
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 104
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
com os consumidores, como se deseja que o serviço seja percebido por
estes.
2.2.4 A priorização dos critérios, ganhadores de pedidos e
qualificadores
No sentido de entender o processo de priorização dos critérios de
escolhas realizados pelos clientes, HILL (1993) introduz os conceitos de
critérios ganhadores de pedidos e critérios qualificadores. Os critérios
qualificadores são aqueles nos quais a empresa deve atingir um nível
mínimo de desempenho que vai qualificá-la a competir por determinado
mercado. Os critérios ganhadores de pedidos tem por base aqueles que o
cliente vai decidir qual será seu fornecedor, entre os qualificados. É
importante manter o foco nas operações pela priorização de alguns poucos
critérios, o sistema de operações não pode tornar-se excelente em todos os
critérios competitivos, ao menos no curto prazo, sendo essencial que se
direcionem os esforços para atingir a excelência naquilo que mais importa,
ou seja, nos critérios que o mercado pretendido prioriza, garantir que a
priorização de critérios parta da visão dos clientes, qualquer que seja o
método de pesquisa utilizado.
Ao buscar uma buscando uma ferramenta de uso mais prático,
SLACK (1993), propõe uma escala de nove pontos para facilitar a análise e
classificação de cada critério competitivo:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 105
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Critérios Ganhadores de Pedidos
1.Proporcionar vantagem crucial com os clientes – é o principal
impulso da competitividade;
2.Proporcionar importante vantagem com os clientes – é sempre
considerado;
3.Proporcionar vantagem útil com a maioria dos clientes – é
normalmente considerado;
Critérios Qualificadores
4.acima da média do setor - precisa estar, pelo menos,
marginalmente acima da média do setor;
5.média do setor - precisa estar em torno da média do setor;
6.distância da média do setor - precisa estar a pouca distância da
média do setor;
Critérios Pouco Relevantes
7.Normalmente não são considerados pelos clientes, mas podem
tornar-se mais importantes no futuro;
8.Muito raramente são considerados pelos clientes;
9.Nunca são considerados pelos clientes e, provavelmente, nunca o
serão.
Após a priorização dos critérios pelo mercado, estabelece-se o
objetivo priorizado do sistemas de operações. É importante analisar se este
conjunto de objetivos é internamente coerente e se permite uma estratégia
de operações focalizada. A priorização dos objetivos da função de
operações tem dois momentos importantes: um deles, quando do projeto e
implantação de um sistema de operações de uma empresa de serviços que
começa a operar. O outro quando a empresa já está em operação e já
apresenta desempenho que deve ser avaliado para que novo
estabelecimento de prioridades seja feito.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 106
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
A priorização dos critérios competitivos de desempenho, para o
desenvolvimento de um planos de ação, deve ser feita, utilizando-se a matriz
importância X desempenho. Esta matriz de dupla entrada envolve duas
dimensões: uma delas, já analisada, refere-se à importância relativa dada
pelos clientes aos critérios de desempenho, utilizando a escala de nove
pontos; a outra envolve uma classificação, também, com uma escala de
nove pontos, do desempenho de cada objetivo contra os níveis de
desempenho atingidos pelos concorrentes.
Melhor do que a concorrência
1)Consideravelmente melhor, consistente e consideravelmente
melhor do que nosso melhor concorrente;
2)Melhor do que o concorrente, consistente e claramente melhor do
que nosso melhor concorrente;
3)Marginalmente melhor do que o concorrente, consistente e
marginalmente melhor do que nosso melhor concorrente;
Igual à concorrência .
4)Com freqüência, marginalmente melhor do que nosso melhor
concorrente;
5)Aproximadamente o mesmo da maioria de nossos concorrentes;
6)Com freqüência a uma distância curta atrás de nossos principais
concorrentes;
Pior do que a concorrência
7)Usual e marginalmente pior que a maioria de nossos principais
concorrentes;
8)Usualmente pior do que a maioria de nossos concorrentes;
9)Consistentemente pior do que a maioria de nossos concorrentes.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)
Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 107
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
O cruzamento das duas dimensões – importância dos critérios para o
mercado e desempenho nos critérios comparado à concorrência – permite
identificar regiões específicas na matriz importância x desempenho: Região
“Adequada”, “Aprimorar”, “Urgência” e “Excesso”. (Figura 12)
Segundo CONTADOR (1998), todo processo é tanto cliente como
fornecedor de pelo menos algum outro processo. Portanto, identificar em
qual região da matriz importância x desempenho está localizada cada etapa
do processo ao longo da cadeia produtiva de um determinado bem ou
serviço, conduz a um processo de melhoria contínua.
1 EXCESSO ?
MELHOR QUE 2 ADEQUADO
3
DESEMPENHO 4
EM RELAÇÃO IGUAL A 5
AOS 6
CONCORRENTES 7 APRIMORAR URGÊNCIA
PIOR QUE 8
9
9 8 7 6 5 4 3 2 1POUCO QUALIFICADORES GANHADORES
RELEVANTES DE CLIENTES
IMPORTÂNCIA PARA OS CLIENTES
Figura 12:-Matriz Importância x Desempenho. (Fonte: GIANESI &
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 108
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Diversas subdivisões funcionais (por exemplo, gerências, departamentos ou
seções) em empresas de manufatura ou serviços, executam atividades de
apoio que podem ser consideradas como serviços, caracterizando uma
relação de cliente-fornecedor interno. A boa gestão desta relação poderia
contribuir com a quebra das barreiras organizacionais que surgem como
resultado da tradicional organização da estrutura de empresas por função,
na qual os objetivos e as metas são estabelecidos para cada uma das
funções (engenharia, operações, marketing, finanças), perdendo-se o foco
naquilo que está sendo fornecido ao cliente. O setor de Recursos Humanos,
por exemplo, executa serviços de recrutamento, seleção e treinamento de
novos funcionários, atendendo às solicitações de diversos outros setores
dentro da empresa. Para cada uma destas atividades, existe requisito de
qualidade, prazo e custos, que podem ser as bases para sua própria
avaliação de desempenho. Clientes internos diferentes dentro da empresa
podem requerer níveis de serviços diferentes do setor de Recursos
Humanos.
O setor de Marketing comunica aos clientes as competências da
empresa, identifica as necessidades dos consumidores, participa da
tradução destas em especificações do produto, traça estratégias que vão
direcionar a atuação da produção e de outros setores da empresa, Enfim,
executa serviços aos clientes externos e internos da empresa (outras
funções).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 109
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
O conceito de cliente interno pode ser aplicado a qualquer interface
supervisor-subordinado em que, por um lado, o supervisor é um cliente do
subordinado que executa algumas funções que estão sob a
responsabilidade do primeiro e, por outro lado, o subordinado é um cliente
do supervisor que lhe deve dar apoio para a execução de suas
funções.(figura 13)
Para SCHONBERGER (1992), o reconhecimento da relação
fornecedor-cliente, como forma de integração das diversas funções da
empresa, sugere a necessidade da gestão estratégica das operações de
serviços, onde cada setor passa a ter seus objetivos estratégicos, definidos
em função do nível de serviço requerido por seus clientes, necessitando
coordenar e integrar suas próprias subfunções, para atingir os objetivos
Figura 13:- Todo processo é cliente e fornecedor. (Fonte:- Contador, 1998)
D E S E M P E N H O
F O R N E C E D O R
R E Q U I S I T O S
C L I E N T E
P F R O O R C N E E S C S E O D O R
D E S E M P E N H O
R E Q U I S I T O S
C L I E N T E
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 110
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
A gestão dos serviços internos pode envolver capacitações por vezes
não encontradas nos quadros da empresa. A incapacidade ou
inconveniência de gerenciar alguns serviços executados internamente tem
levado muitas empresas a contratar estes serviços externos em uma
tendência denominada “terceirização”.
Os enfoques tradicionalmente utilizados para gerenciar os serviços
internos à empresa podem ser agrupados em três:- contábil, organizacional,
operacional e uma alternativa aos três é o enfoque direcionado ao mercado,
cuja premissa é a de que todos os serviços internos têm algum impacto na
capacidade da empresa oferecer produtos e serviços de qualidade ao
mercado, assim, o foco passa a ser o mercado final. Se os serviços internos
forem direcionados às necessidades dos usuários, a eficácia da organização
será aumentada. Provedores e usuários compartilham informações,
assumindo que ambos existem para servir um mercado final bem definido. O
autor sugere ainda, motivar os funcionários a se questionarem sobre:
1. Quem são meus clientes internos?
2. Quais são as expectativas desses clientes internos quanto ao
serviço a eles prestado?
3. Quais eram as percepções desses clientes internos quanto aos
serviços que são prestados a eles?
4. O que pode ser feito no sentido de melhorar o nível de serviços
prestados a estes clientes internos?
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 111
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Nas organizações de classe universal, o cliente fica do lado de dentro,
pois, do lado de fora, o cliente estará sempre pronto para voar, como um
grupo de aves nervosas em uma plantação de trigo. As organizações que
têm o cliente do lado de dentro, juntam o fornecedor ao cliente de várias
maneiras diferentes. Já que, por sua vez, cada cliente é fornecedor de outro
cliente, o objetivo é montar uma cadeia de clientes, cada um bem entrosado
com o outro.
Enfoque de Cliente e Produto
Uma cadeia de clientes é o que resulta quando se dispõem os recursos de
acordo com a seqüência em que os produtos (sejam bens ou serviços)
fluem. Embora existam alguns termos e expressões que se ligam a essa
idéia, tais como – células, grupos de atendimento e tecnologia de grupo – o
termo amplo é foco:- isto é, enfoque o produto e o cliente, não a função.
Um enfoque coletivo interno na perfeição do fluxo de trabalho não
acontece por acaso. São precisos líderes corajosos e ativos para
desmantelar as funções, reorganizar os recursos internos para formar
grupos de atendimento e conectar a organização interna aos fo rnecedores e
clientes externos. O sistema típico que se encontra em todo lugar
simplesmente não focaliza o fluxo do produto.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 112
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
No projeto de processos, primeiro, deve-se buscar montar fluxos de
produto confiáveis e sem atrasos – antes de se pensar seriamente no projeto
de máquinas ou cargos individuais. O sistema de contabilidade passa a
utilizar medidas pensando no cliente, sendo sistema de controle é totalmente
visual e imediato. O sistema de informações mantém o pessoal informado a
respeito de sucessos, desafios e recompensas por toda a atitude que ajude
a ganhar a lealdade e consideração do cliente.
A figura 14, já começa com um foco no cliente: quatro empregados
em uma linha de fluxo, processando todos os pedidos da mesma maneira
em quatro fases. A quinta fase é o atendimento do pedido, o que requer
dezenas de separadores de estoque, empacotadores, e carregadores em
um armazém que contém milhares de itens. Para a resposta rápida, de alta
qualidade e de baixo custo, a melhor opção parece ser a da citada figura:
uma célula (equipe, equipamento e estoque) para itens que ocupem muito
espaço, outra para itens diminutos, outra para itens especiais (por exemplo,
remédios ou diamantes), e outra para material que necessite ser estocada à
baixa temperatura.
Itens pequenos
Itens volumosos
Itens especiais
Itens refrigerados
FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4 FASE 5
FOCO NO CLIENTE: CADEIA DE
CLIENTES COM QUATRO
FOCO NA FAMILIA DE PRODUTOS:
QUATRO CÉLULAS Figura 14: Focos combinados no cliente e no produto.
Representação de uma operação no armazém por atacado
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 113
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
Unidades de Negócios Focalizadas
Pelo modo como esta expressão é normalmente usada, uma unidade de
negócio é enfocada, pois cada uma tem sua linha compacta de produtos,
recursos e conjunto de clientes. Uma unidade de negócios pode ter vários
edifícios ou localizações geográficas – plantas ou unidades industriais; por
exemplo, a unidade A é dedicada aos produtos ou serviços que levam a
griffe, a unidade B, à li nha pé-de-boi e a unidade C, aos itens feitos sob
encomenda. Quando se cria o foco no nível da unidade industrial, as
questões mais difíceis se relacionam-se com o grau de integração vertical
em cada unidade, no entanto são desenvolvidas algumas diretrizes:
1. Evitar a integração para frente ou para trás, em territórios que
necessitem de investimentos em tipos totalmente diferentes de
tecnologias e habilidades humanas;
2. Manter as unidades industriais razoavelmente pequenas. Grandes
unidades industriais têm muitas pessoas e níveis de administração,
que são nocivos às comunicações e ao senso de uma equipe única;
eles também ocupam espaços desnecessariamente grande, que
impedem as operações eficientes;
3. Manter pequeno o número de tecnologias, operações e peças
diferentes. Quando os números desses itens são grandes, os
gerentes de nível mais alto perdem o contato e não conseguem
mais praticar eficazmente a administração com a “mão-na-massa”;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 114
Capítulo 2 :Mutações de Mercado e Estratégias Competitivas.
4. Onde os itens 1, 2 e 3 não forem um problema, considere a
possibilidade da integração para frente ou para trás, se isso puder
ser feito economicamente, isto é, que não fique muito mais caro
fazer internamente do que comprar externamente. Sendo você
mesmo quem irá fazer, pode-se pagar um pouco mais caro porque:-
amplia a cadeia de clientes que está sob um mesmo teto; faz com
que acabem os bodes expiatórios no caso de mau desempenho; dá
ao pessoal um maior entendimento a respeito da totalidade do
negócio.
O enfoque resulta em grande energia, especialmente, se aplicado na
parte inferior da organização. A unidade industrial focalizada pode ser
grande demais para que os empregados consigam sentir toda a energia.
Portanto, as grandes unidades industriais (seja em tamanho ou quantidade
de empregados) precisam ser subdivididas. As subdivisões, chamadas
plantas-numa-planta, isto é, unidades dentro de uma unidade, devem
focalizar o produto ou cliente. (SCHONBERGER, 1992)
2.3 Conclusões do capítulo:-
Para que o individuo sirva bem, é necessário identificar quais são as
expectativas e percepções que o seu cliente na fase seguinte do processo
tem quanto ao produto ou serviço que receberá. Agir assim,
sucessivamente, forma um amplo fluxo de atenção às expectativas e
percepções do cliente final, isto facilita a organização das pessoas e do
processo no espaço físico para diminuir o tempo e a distância até a fase
seguinte do processo e mobilizar adequadamente os recursos disponíveis
conjugados com as expectativas e percepções dos clientes ao longo da
cadeia produtiva e das redes de empresas envolvidas na produção de um
determinado produto ou serviço. Todo este processo dá origem a uma
corrente de clientes satisfeitos que ocorre no âmbito da produção como no
consumo.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...115
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
Capítulo 3: Prioridades Competitivas em Manufatura
As prioridades competitivas, também, são chamadas de dimensões
competitivas, tais como: Qualidade, Custo, Flexibilidade, Desempenho das
Entregas. Podem ser definidas, como o conjunto consistente de metas e
atitudes que a empresa adotará para competir no mercado.
Segundo SLACK et al. (1997) e CORRÊA E GIANESI (1996), uma
estratégia de produção, primeiramente, determina a priorização dos
objetivos de desempenho da produção. Apoiadas nesta priorização de
objetivos de desempenho, são estabelecidas as direções gerais para cada
uma das principais áreas de decisão da produção, estas duas etapas são
chamadas de conteúdo da estratégia de produção.
Pautadas nestas definições entende-se que a função produção
contribui para a realização da estratégia corporativa por meio do
desempenho dos objetivos estratégicos da produção. Para SLACK et al.
(1997), estes objetivos são cinco: qualidade, rapidez (velocidade),
pontualidade, flexibilidade e custo.
As vantagens competitivas tornaram-se a base do pensamento
estratégico moderno. É extremamente importante entender a racionalidade
das vantagens competitivas, seu valor e seu uso.
Para ZACCARELLI (2000), existem cinco tipos de vantagens
competitivas:
1. Preferência dos clientes / consumidores: a preferência dos
clientes deve manifestar-se nas condições do mercado. Este
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...116
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
tipo de vantagem competitiva tem como maior efeito o
crescimento das vendas mensais;
2. Custos internos baixos e preços de venda normais: os
custos baixos são aparentemente bons aos acionistas, mas
não necessariamente à competitividade da empresa. A
vantagem competitiva de custo interno baixo vale, certamente,
muito mais pelo que ela torna possível do que pela sua
economia direta propriamente dita.
3. Custos externos baixos e preços de venda normais: os
custos externos referem-se a preços pagos a outras empresas
para aquisição de matérias primas, frete para recebimento ou
entrega de mercadorias a distribuidores e armazenagem de
matérias primas e de produtos acabados. Os custos externos
têm-se tornado cada vez maiores e mais importantes em
relação aos custos internos. Entretanto, por se tratar de uma
tendência relativamente recente, ainda não se conhecem ao
certo todas as implicações do fenômeno.
4. Diferenciação no negócio: verifica-se quando uma empresa
obtém vantagens sobre os concorrentes ao mudar a forma de
negociar com fornecedores e/ou distribuidores sem alterar o
produto. A empresa que tomar a iniciativa de mudar e
conseguir viabilizar a mudança, estará sendo moderna por
definição. As outras terão de mudar para ficar no mercado, isto
é, mudar para ficar no mesmo lugar.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...117
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
5. Existência de talentos especiais na empresa: decorre de
pessoas com grande capacidade de enxergar a situação futura
do mercado. Elas devem ser capazes de localizar e selecionar
as melhores oportunidades antes dos outros, participar da
implementação de suas idéias, transformando-as em ações e
resultados e identificar o momento certo para desistir de uma
oportunidade e procurar outra. Como as pessoas talentosas
levam consigo a vantagem competitiva quando saem da
empresa, é preciso haver esquemas sofisticados para retê-las.
GUERRINI(1999), em sua tese de doutorado realizou vários estudos
de casos na construção civil e constatou que este setor é caracterizado por
diversos subsetores e segmentos que constituem nichos de mercado com
diferentes tipos de clientes, produtos e serviços. A velocidade de entrega,
custo, qualidade são fatores determinantes para a manutenção de um
relacionamento contínuo com os clientes.
Os mecanismos para a implementação da estratégia de manufatura
são os critérios competitivos que estabelecem parâmetros de controle e
ferramentas. A adoção de critérios competitivos para as empresas de
construção civil baseados em qualidade, flexibilidade, custo, gestão de rede
de suprimentos e prazo de entrega, suportam a tomada de decisão
gerencial, implementada por meio de uma estrutura operacional de
planejamento e controle de produção. A conjunção dos critérios competitivos
e a estrutura operacional compõem o Sistema de Administração de
Produção.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...118
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
3.1 Qualidade
O conceito de qualidade tem sido utilizado de diversas formas e com
conotações diferentes, variando em função do enfoque de quem o utiliza. A
qualidade como prioridade competitiva está associada não só à gestão
empresarial como também a atributos do produto.
A qualidade como critério competitivo de um sistema de
Administração de Produção necessita do comprometimento organizacional
de todos os níveis da organização para que os objetivos traçados possam
ser atingidos. Segundo SLACK et. al. (1997), o planejamento e
controle da qualidade pode ser dividido em seis passos seqüenciais:
1. Definir as características de qualidade do produto ou serviço:
o projeto deverá definir pela de especificação a qualidade
esperada para o produto.
2. Definir como medir cada característica de qualidade: as
características definidas no passo anterior devem ser passíveis de
mensuração.
3. Estabelecer padrões de qualidade para cada característica de
qualidade: ao definir as medidas adequadas para a qualidade do
produto, é necessário estabelecer um padrão de qualidade com o
qual elas possam ser comparadas e identificadas com as
necessidades dos clientes.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...119
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
4. Controlar qualidade em relação a esses padrões: garantir que o
produto durante o processo de manufatura atinja os padrões
estabelecidos.
5. Encontrar e corrigir as causas de má qualidade
6. Continuar a fazer melhoramentos
3.2 Flexibilidade
A flexibilidade é a capacidade da empresa responder às variáveis
externas como, por exemplo, variações da demanda e do mix dos produtos,
alterações dos prazos de entregas, lançamento de novos produtos,
atendimento a pedidos especiais, ou quaisquer variações causadas por
mudanças nos gostos dos consumidores. Quanto aos tipos de flexibilidade,
WHEELWRIGHT (1984) considera dois tipos: flexibilidade de volume e
flexibilidade de mix. A flexibilidade de volume refere-se à capacidade de
uma empresa ajustar-se rapidamente às oscilações no volume de produção.
A flexibilidade de mix refere-se à capacidade de uma empresa absorver
mudanças no mix de produtos, ou seja, à capacidade da empresa produzir
produtos diferentes simultaneamente.
Os níveis de habilidade a serem desenvolvidos pelo sistema de
manufatura para, complementarmente, controlar as mudanças não
planejadas e lidar com os efeitos das mudanças que, por algum motivo não
foram controladas, envolve diferentes recursos como quanto investir em
manutenção preventiva (controle) e quanto em corretiva (flexibilidade de
robustez), estas decisões são gerenciais.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...120
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
Para CORRÊA E SLACK (1994), deve haver um relacionamento
entre as mudanças não planejadas, o controle destas mudanças e a
flexibilidade dos sistemas de manufatura. Existem vários tipos de
flexibilidade: flexibilidade de novos produtos, flexibilidade de mix de
produtos, flexibilidade de volume, flexibilidade de entrega e flexibilidade de
robustez. Quanto menos fricção a mudança causar mais flexibilidade de
resposta o sistema terá. No nível estratégico, é inadequada a análise isolada
da flexibilidade de sistemas de manufatura. Esta análise deve sempre ser
feita tendo em perspectiva o conceito complementar ao conceito de
flexibilidade e de controle das mudanças não planejadas.
O conceito de flexibilidade utilizado no setor metalmecânico está
relacionado a três condicionantes básicos (GIANESI; CORRÊA, 1994):
incertezas do processo, variabilidade das saídas à falta e coordenação. A
visão sistêmica procura identificar habilidades específicas para aumentar a
flexibilidade. Para as grandes empresas de construção civil, o
equacionamento das relações de subempreita é fundamental para a
melhoria de suas condições competitivas. As alternativas possíveis podem
ocorrer por meio de associações específicas para a execução de um
contrato predeterminado ou uma aliança estratégica com metas futuras
comuns.
O ponto chave da flexibilidade encontra-se na fase de projeto, onde
serão definidos todos os sistemas construtivos e materiais que serão
empregados na execução, determinando conseqüentemente, os processos
de execução e as habilidades necessárias.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...121
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
A flexibilidade é determinada também pelo gerenciamento de
informações sobre outras empresas, o mercado e as inovações. O
gerenciamento de informações permite à empresa identificar as
competências essenciais que possam vir a constituir uma parceria se
necessário. Se uma empresa de construção civil vai participar de uma
concorrência para execução de uma obra de grande porte, é importante que
ela conheça e possua acesso rápido a subempreiteiras complementares.
As incertezas são responsáveis pela diminuição de flexibilidade de
uma empresa de construção civil e estão presentes desde a encomenda até
a entrega final da obra. Na encomenda, as incertezas estão ligada às formas
de contratação e subcontratação. Cada forma de contratação apresenta
limitações legais que dificultam o relacionamento flexível entre clientes,
empreiteiras e subempreiteiras. As redes de cooperação e alianças
estratégicas contribuem para a redução das incertezas e o aprimoramento
da produção.
3.3 Custos
Custo é a mais antiga das prioridades competitivas utilizadas, a
priorização dos custos como forma de competição é tão antiga que remonta
aos primórdios da história da manufatura. Seu objetivo é produzir ao menor
custo possível, oferecendo aos clientes uma vantagem no preço do produto
final. PIRES (1995), argumenta que uma estratégia que prioriza a questão
custo baseia-se geralmente em três conceitos: economia de escala, curva de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...122
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
experiência e produtividade. A economia de escala refere-se a diminuir os
custos unitários da produção dos produtos, com o aumento do volume de
produção. A curva de experiência baseia-se na habilidade de um operador
em produzir um produto mais rápido. Tradicionalmente, a produtividade é
associada e quantificada como sendo a taxa produtiva resultante da razão
das saídas (output) pelas entradas (input) de um sistema produtivo qualquer.
Custos como o critério de Sistema de Administração de Produção
procuram atuar nas três dimensões competitivas da empresa (estratégia de
negócio, cultura organizacional e tecnologia) para implementar mudanças e
tornar mais transparentes resultados financeiros em uma empresa.
A gestão estratégica de custos é uma proposta elaborada
originalmente por GOVINDARAJAN & SHANK (1995), que prevê o uso
gerencial de informação de custos por meio de três elementos: cadeia de
valor, posicionamento estratégico e identificação dos direcionadores de
custos da empresa.
• Cadeia de Valor: é o conjunto de atividades criadoras de um valor desde
a fonte de matéria-prima básica, passando por fornecedores de
componentes e até o produto final entregue nas mãos do consumidor.
• Posicionamento Estratégico: a empresa deve definir qual o seu papel:
liderar o mercado em termos de preço ou por diferenciação do produto. Isso
definirá diferenças na Gestão de Custos causadas por diferenças
estratégicas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...123
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
• Direcionadores de Custos: são divididos em duas categorias:
1.Direcionadores de custos estruturais, com cinco escolhas
estratégicas: a)escala, o tamanho de um investimento a ser feito em
produção, P&D e em marketing; b)escopo, grau de integração
vertical; c)experiência, quantas vezes no passado a empresa já fez o
que está fazendo agora; d)tecnologia, quais tecnologias de
processos são usadas em cada fase da cadeia de valor da empresa;
e)complexidade, a amplitude da atuação em subsetores ou serviços
a ser oferecido. Cada direcionador estrutural envolve escolhas
realizadas pela empresa que direcionam o custo do produto.
2.Direcionadores de execução: determinantes da posição dos
custos de forma bem sucedida e diretamente relacionado com o
desempenho. A lista é: o envolvimento da força de trabalho
(participação); buscar a máxima produtividade, trabalhando com
base em indicadores de produtividade; utilização da capacidade;
eficiência do projeto do canteiro; exploração de ligações com os
fornecedores e/ ou clientes para a cadeia de valor da empresa. A
gestão de custos agrega a estratégia como padrão para a tomada de
decisões, permite uma visualização mais adequada dos objetivos a
serem atingidos e dos resultados alcançados.
3.4 Gestão de rede de suprimentos
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...124
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
A gestão de rede suprimentos nas empresas de pequeno e médio
porte é complexa em função da falta de uma escala de produção que
justifique o estabelecimento de uma rede de fornecedores industriais. As
compras são realizadas em sua maioria no mercado varejista. Sem uma
escala de produção e a garantia de um determinado nível de compras, o
processo de negociação existe, porém limitado a casos particulares de
fornecimento.
3.5 Prazo de entrega
O desempenho das entregas baseia-se na habilidade da empresa
oferecer ao cliente maior velocidade e confiabilidade nos prazos de entrega
dos produtos. PIRES (1995), reconhece que as atividades relacionadas a
essa prioridade competitiva têm alto impacto na composição final dos custos
dos produtos e serviços, porque criam valor aos consumidores e
fornecedores da empresa.
As relações entre os diversos agentes envolvidos na execução de
uma obra têm uma meta comum: entregar a obra no prazo determinado.
Entretanto, as estimativas e prazos nunca são suficientes, sendo necessário
trabalhar em regime de horas-extras. A velocidade de entrega é uma arma
competitiva, poderosa da empresa, como critério ganhador de pedidos. A
confiabilidade de entrega representa o foco interdependente dos aspectos
apresentados nos itens anteriores.
GODINHO (2004), considera um número maior de objetivos, que
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...125
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
direcionam os novos paradigmas de manufatura:
• produtividade: habilidade do sistema de produção (SP) satisfazer a
demanda dos consumidores em termos de baixo custo;
• qualidade 1: habilidade do SP satisfazer a demanda dos
consumidores em termos de adequação ao uso;
• qualidade 2: habilidade do SP satisfazer a demanda em termos de
desempenho ou conformidade a um preço aceitável (abordagem
baseada no valor). Esta é a abordagem mais ampla e completa
dentre as apontadas por GARVIN (1992);
• adaptabilidade: habilidade do SP prosperar em um ambiente em
constante mudança, caracterizado por inovações tecnológicas e
necessidade incessante de lançamento de produtos inéditos. Para
GORANSON (1999), é a habilidade de lidar e responder a
mudanças, sejam elas constantes ou inesperadas, acrescentando-se
a isto a habilidade de saber tirar vantagens destas mudanças,
entendendo-as como uma oportunidade. Esta última característica
da adaptabilidade é defendida por autores como GOLDMAN, et al.
(1995) e SHARIFI; ZHANG (1999).
• flexibilidade 1: habilidade do SP responder a mudanças no mix de
produtos dentro de uma série limitada de opções, ou seja, o
processo é capaz de fornecer diferenciação (pequena variedade de
produtos alternativos bastante similares). Ela depende da obtenção
de baixos tempos de set-up;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...126
Capítulo 3:-Prioridades Competitivas em Manufatura
• flexibilidade 2: habilidade do SP responder a grandes mudanças no
mix de produtos, ou seja, o processo é capaz de fornecer
diversidade (grande variedade de produtos distintos). Ela depende
da obtenção de baixos tempos de set-up, uso de equipamentos
universais e versáteis e mão de obra versátil;
• rapidez (velocidade): habilidade do SP responder a mudanças no
volume de produção. Ela depende da aceleração do processo para
obter redução do tempo de ciclo;
• pontualidade: habilidade do SP satisfazer as necessidades dos
consumidores em termos de prazo de entrega;
• customabilidade: habilidade do SP fornecer soluções individuais
para clientes diferenciados dentro de um mix de produtos
preestabelecidos. A diferença entre customabilidade e o que se
denomina flexibilidade 2 pode ser explicada por um exemplo
encontrado em DURAY et al. (2000). Para este autor, a flexibilidade
2 implica que o cliente tenha escolha, mas não necessariamente a
especificação do produto, que se traduz pela customabilidade. Por
exemplo: ter centenas de possibilidades de diferentes cafés da
manhã indica a flexibilidade 2, já especificar exatamente a
formulação do café da manhã indica customabilidade. Portanto, a
customabilidade é bem mais ampla que a flexibilidade 2;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 127
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
Capítulo 4:- A Organização Burocrática Racional Competitiva: Evolução dos Sistemas de Administração e Controle da Produção
No paradigma de Frederick Winslow Taylor, o objetivo era a captura
do conhecimento do trabalhador e sua transferência à direção da empresa.
A palavra-chave é o controle por meio do conhecimento. Por outro lado, no
Sistema Toyota de Produção, o conhecimento do trabalhador também é
capturado, porém o objetivo é o compartilhamento entre as células de
trabalho e a palavra-chave é a melhoria contínua por meio do
compartilhamento do conhecimento.
A gênese do sistema Toyota de produção é a crise do pós-guerra no
Japão e, novamente, observa-se o nascimento de um novo paradigma a
partir de uma crise. O povo japonês para reerguer o país, necessitava além
de um sentimento nacionalista muito forte, de novas formas de solução para
os quebra-cabeças vigentes. Assim, o Sistema Toyota de Produção traz esta
nova solução e ainda abarca este sentimento nacionalista.
Um dos pilares do sistema adotado é a eliminação das perdas,
considerando que a situação precária da época não permitiria o luxo de
haver desperdícios. Esta é uma prova de aplicação da teoria da contingência
e da adaptação do sistema à conjuntura do ambiente.
O período das décadas de 70 a 90 do século XX é marcado pela
reestruturação das economias avançadas. Esta reestruturação é chamada
da terceira revolução industrial com um impacto significativo no modo como
a sociedade organiza sua atividade econômica. Robôs com controle
numérico, computadores e softwares avançados estão invadindo a última
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 128
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
esfera humana – os domínios da mente que, adequadamente programadas,
estas novas "máquinas inteligentes" são capazes de realizar funções
conceituais, gerenciais, administrativas e de coordenar o fluxo da produção,
desde a extração da matéria-prima, o marketing, a distribuição do produto
final e os serviços.
Neste capítulo, aborda-se o novo patamar de ganhos em qualidade e
produtividade na evolução do pensamento administrativo, com o surgimento
da Manufatura Enxuta (ME) por volta de 1950 que, em conjunto com as
teorias Just-in-Time (JIT), Restrições, Reengenharia e Qualidade, que deram
início ao movimento denominado por ESCRIVÃO FILHO (1996) de
Organização Burocrática Racional Competitiva. Antes, fazer-se-á uma
breve revisão sobre a classificação dos sistemas e processos de produção1.
4.1.Classificação dos Sistemas de Produção
Segundo MACCARTHY & FERNANDES (2000), Sistema de Produção
Industrial é um conjunto de elementos (humanos, físicos e procedimentos
gerenciais) inter-relacionados que são projetados para gerar produtos finais,
cujo valor comercial supere o total dos custos incorridos para obtê-los.
SIPPER & BULFIN (1997) definem sistema de produção como sendo tudo
aquilo que transforma inputs em outputs, com valor inerente.
Os sistemas de produção foram classificados em duas formas: a
primeira delas, classifica os sistemas de produção em função do tipo de
1Para uma revisão completa sobre classificações dos sistemas de produção ver MACCARTHY & FERNANDES, 2000.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 129
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
output obtido (produto discreto ou contínuo) e a segunda, quanto ao tipo de
fluxo de produção (único, em lotes e em fluxo). Esta classificação é utilizada
por diversos autores para se determinar os chamados tipos de manufatura
(DE TONi; PANIZZOLO, 1992), ou tipos de processo de produção (SLACK
et al, 1997) ou ainda tipos de sistemas de produção (MOREIRA, 2001).
(Tabela 4)
Tabela 4:Matriz de classificação dos tipos de manufatura em função do output e do fluxo de produção . (Fonte:-GODINHO, 2004)
Produção de itens discretos Produção contínua (indústria de processos)
SISTEMA DE PRODUÇÃO DE UM ITEM
ÚNICO (GRANDES PROJETOS)
manufatura individual
manufatura única
Sistema de Produção em lote (job shop)
manufatura intermitente
manufatura descontínua
Sistema de Produção em fluxo manufatura repetitiva ou em massa
manufatura contínua
A seguir, são definidas as três classes de sistemas de produção de acordo com o fluxo, bem como cada um dos tipos de manufatura.
• Sistemas de produção em fluxo: também chamados fluxos em
linha, apresentam uma seqüência linear para se produzir o produto;
os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto para o
outro em uma seqüência prevista. Quando o tipo de produto
processado é discreto, o sistema de produção passa a ser
denominado manufatura em massa ou manufatura repetitiva; quando
o tipo de produto processado é contínuo, como no caso das
indústrias de processo (indústria química, de papel, etc.), a
manufatura é dita contínua;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 130
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• Sistema de produção em lote: para o caso de itens discretos, a
produção é feita em lotes; No término do lote de um produto , outros
produtos tomam seu lugar nas máquinas, caracterizando assim a
chamada manufatura intermitente. No caso da produção contínua
têm-se a chamada manufatura descontínua a que é caracterizada
pela produção em lotes de itens contínuos;
• Sistema de produção de um item único: também chamado de
manufatura de grandes projetos, diferencia-se bastante dos
anteriores conforme em que cada projeto é um produto único. Neste
caso, tem-se uma seqüência de tarefas ao longo do tempo,
geralmente, de longa duração. Alguns autores dividem este tipo de
manufatura em individual e única, conforme o output for um item
discreto e contínuo.
A segunda classificação dos sistemas de produção é a classificação
multidimensional de MACCARTHY & FERNANDES (2000), que classifica os
sistemas de produção de acordo com 12 variáveis (tamanho da empresa,
nível de automação, nível de repetitividade, tipos de layout, dentre outros),
objetivando a escolha do sistema de planejamento e controle da produção
ideal. Dentre estas 12 doze variáveis, a mais importante é o nível de
repetitividade. Estes autores definem repetitividade em função do tempo de
trabalho total disponível. Desse modo, um item é repetitivo se ele consumir
uma porcentagem significante do tempo total disponível da unidade
produtiva (pelo menos, 5% de acordo com os autores). Ao usar esta
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 131
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
definição, os autores classificam os sistemas de produção de acordo com a
repetitividade em sete categorias, mostradas a seguir:
1. Sistema contínuo puro: por exemplo uma refinaria de petróleo;
2. Sistema semicontínuo: cada unidade de processo é contínuo
puro, e existem combinações das rotas entre os diferentes
processos;
3. Sistema de produção em massa: quase todos os itens são
repetitivos; a produção em massa é um caso particular (volume
bem maior e variedade bem menor) da produção repetitiva;
4. Sistema de produção repetitivo: se, pelo menos, 75% dos itens
forem repetitivos;
5. Sistema de produção semi- repetitivo: é considerado assim se
possuir um número considerável de itens repetitivos e não
repetitivos (pelo menos, 25% de itens repetitivos e 25% de itens
não repetitivos);
6. Sistema de produção não repetitivo: A maioria dos itens não é
repetitiva (pelo menos, 75%);
7. Sistema de produção de grandes projetos: produção de itens
individuais, totalmente não repetitivos.
4.2.Classificação dos Processos de Produção
Os processos de produção, ou manufatura, são classificados em função
de seu volume e de sua variedade, e foram definidos por SLACK et al
(1997) da seguinte maneira:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 132
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• Processos de Projeto: são os que lidam com produtos discretos,
usualmente, bastante customizados. Com muita freqüência, o
período de tempo para fazer o produto ou serviço é relativamente
longo como é o intervalo entre a conclusão de cada produto ou
serviço. Logo, baixo volume e alta velocidade são características do
processo de projeto. As atividades envolvidas na execução do
produto podem ser mal definidas e incertas, às vezes modificando-
se durante o próprio processo de produção. Exemplos de processos
de projeto incluem construção de navios, a maioria das atividades
das companhias de construção, produção de filmes, construção do
túnel sob o Canal da Mancha, grandes operações de fabricação
como as de turbogeradores, perfuração de poços de petróleo e
instalação de um sistema de computadores. A essência dos
processos de projeto é que cada trabalho tem início e fim bem
definidos, o intervalo de tempo entre o início de diferentes trabalhos
é relativamente longo e os recursos transformadores que fazem o
produto, provavelmente, serão organizados de forma especial para
cada um deles.
• Processos de Jobbing: também lidam com variedade muito alta e
baixos volumes. Enquanto em processos de projeto cada produto
tem recursos dedicados mais ou menos exclusivamente para ele, em
processos de jobbing cada produto deve compartilhar os recursos da
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 133
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
operação com diversos outros. Os recursos de produção processam
uma série de produtos, mas, embora todos os produtos exijam o
mesmo tipo de atenção, diferirão entre si pelas necessidades exatas.
Exemplos de processos de jobbing compreendem muitos técnicos
especializados, como mestres ferramenteiros de ferramentas
especializadas, restauradores de móveis, alfaiates que trabalham
por encomenda e a gráfica que produz ingressos para o evento
social local. Os processos jobbing produzem mais itens que são
usualmente, menores do que os processos de projeto, mas, como
para os processos de projeto o grau de repetição é baixo, a maior
parte dos trabalhos provavelmente será única.
• Processo em lotes ou bateladas: estes processos em lote,
freqüentemente, podem parecer-se com os de jobbing, mas não têm
o mesmo grau de variedade que os de jobbing. Como o nome indica,
cada vez que um processo em lotes produz um produto, é criado
mais do que um produto. Desta forma, cada parte da operação tem
períodos em que se está repetindo, pelo menos, enquanto o “lote” ou
“batelada” está sendo processado. O tamanho do lote poderia ser
apenas de dois ou três produtos. Neste caso, o processo em lotes
diferiria pouco do jobbing, especialmente, se cada lote for um
produto totalmente novo, Inversamente, se os lotes forem grandes e,
especialmente se os produtos forem familiares à operação, os
processos em lote poderão ser relativamente repetitivos. Por esse
motivo, o processo em lotes pode ser baseado em uma série mais
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 134
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
ampla de níveis de volume e variedade do que outros tipos de
processos. Os exemplos de processos em lotes compreendem
manufatura de máquinas-ferramenta, a produção de alguns
alimentos congelados especiais, a manufatura da maior parte das
peças de conjuntos montados em massa, como os automóveis, e a
produção da maior parte das roupas.
• Processo de produção em massa: são os que produzem bens em
alto volume e variedade relativamente estreita, isto é, em termos de
aspectos fundamentais do projeto do produto. Uma fábrica de
automóveis, por exemplo, poderia produzir diversos milhares de
variantes de carros se todas as opções de tamanho do motor, cor,
equipamento extra, etc., forem levadas em consideração. É,
entretanto, essencialmente, uma operação em massa, porque as
diferentes variantes de seu produto não afetam o processo básico de
produção. Na fábrica de automóveis, as atividades como todas as
operações em massa, são essencialmente repetitivas e bastante
previsíveis. Como exemplos de processo de produção em massa,
tem-se a fábrica de automóveis, a maior parte de fabricantes de
bens duráveis, como aparelhos de televisão; os processo de
alimentos, como o fabricante de pizza congelada, uma fábrica de
engarrafamento de cerveja e uma de produção de CDs.
• Processos Contínuos: situam-se um passo, além dos processos de
produção em massa, pelo fato de operarem em volumes ainda
maiores e, em geral, terem variedade ainda mais baixa.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 135
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
Normalmente, operam por períodos de tempo muito mais longos. Às
vezes, literalmente, são contínuos no sentido de que os produtos
são inseparáveis, sendo produzidos em um fluxo ininterrupto. Podem
também ser contínuos pelo fato de a operação precisar suprir os
produtos sem uma parada. Muitas vezes, são processos contínuos
e associados a tecnologias relativamente inflexíveis, de capital
intensivo com fluxo altamente previsível. Exemplos de processos
contínuos são as refinarias petroquímicas, instalações de
eletricidade, siderúrgicas e algumas fábricas de papel.
4.3 Sistemas de Administração e Controle da Produção
Alguns autores, como MACCARTHY & FERNANDES (2000) utilizam a nomenclatura Sistemas de
Planejamento e Controle da Produção e outros, como FERNANDES
(2003b) utilizam a nomenclatura Sistemas de Coordenação de Ordens de
Produção e Compra (SICOPROC).
Para CORREA & GIANESI (1996) os Sistemas de Administração da
Produção são sistemas que provêm informações que suportam o
Volume Baixo Alto
Alta
Baixa
Variedade
Projeto
Jobbing
Lote ou Batelada
Em massa
Contínuo
Figura 15:Tipos de processos em operações de manufatura. (Fonte: SLACK, 1997).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 136
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
gerenciamento eficaz do fluxo de materiais, da utilização da mão de obra e
dos equipamentos; coordenação das atividades internas com as atividades
dos fornecedores e distribuidores; a comunicação com os clientes no que se
refere às suas necessidades operacionais”. Ainda de acordo com estes
autores os Sistemas de Administração da Produção são o coração dos
processos produtivos, tendo por objetivo básico planejar e controlar o
processo de manufatura em todos os seus níveis, incluindo materiais
equipamentos, pessoas, fornecedores e distribuidores.
Observa-se que GODINHO (2004) como FERNANDES (1991),
defendem a teoria de que o Planejamento da Produção está relacionado
com as atividades de médio prazo ( em geral, de três a 18 meses) e, assim,
toma decisões de intenção, na forma agregada, em termos de: a) o que
produzir, comprar e entregar; b)quanto produzir, comprar e entregar;
c)quando produzir, comprar e entregar; d)quem e / ou como produzir.
Conforme FERNANDES(1991), o Controle da Produção (CP), pode
ser definido como a atividade gerencial responsável por regular (planejar,
coordenar, dirigir e controlar), no curto prazo (geralmente até três meses). O
fluxo de materiais em um sistema de produção por meio de informações e
decisões para execução e destaca três grandes funções do CP:
1. Programa mestre de produção (MPS): plano de curto prazo que
estabelece quais produtos e em que quantidades deverão ser
fabricados num determinado período de tempo.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 137
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
2. Sistema de coordenação de ordens de produção e compra
(SICOPROC): nova nomenclatura proposta por FERNANDES
(2003b) para o termo inglês Ordering System, conjunto de
informações que programa as necessidades em termos de
componentes e materiais, e/ou controla o momento de liberação
e/ou execução das ordens de compra e produção;
3. Programa de operações: seqüência ou prioridade das tarefas nas
máquinas. Esta função tem como objetivo ordenar as tarefas nas
máquinas, especificando o momento de início e fim das operações
de cada tarefa.
4.4 Just-in-time (JIT)
Ao longo dos anos 80 do século XX, iniciou-se uma forte tendência à
aplicação de Produção Enxuta (PE) nos Estados Unidos da América (EUA),
inicialmente, sendo seguida pela Europa e Brasil. WOMACK (1992), define
Manufatura Enxuta como sendo uma nova abordagem, segundo a qual
existe uma forma melhor de organizar e gerenciar os relacionamentos de
uma empresa com os clientes, cadeia de fornecedores, desenvolvimento de
produtos e operações de produção. Dentro desta abordagem tenta-se cada
vez fazer mais com cada vez menos equipamentos, menos esforço humano,
menos tempo, etc.
SHINGO (1996); OHNO (1997) desenvolveram dentro da Toyota
Motor Company uma nova filosofia de produção, que foi batizada de Sistema
Toyota de Produção. Este sistema baseia-se em dois pilares básicos:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 138
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
Autonomação é a automação dentro dos limites da inteligência e toque
humano, automatizar apenas o que é necessário; Just-in-time é a busca de
atendimento às necessidades dos clientes na quantidade, qualidade e no
prazo com o mínimo possível de estoque de produto acabado e processo.
O sistema JIT é mais do que um conjunto de técnicas, sendo
considerado uma filosofia de trabalho. Seus objetivos fundamentais são
qualidade e flexibilidade do processo. Esta filosofia diferencia-se da
abordagem tradicional de administrar a produção nos seguintes aspectos:
• Os estoques são considerados nocivos por ocuparem espaço e
representarem altos investimentos de capital, sobretudo por
esconderem ineficiências do processo produtivo, com problemas de
qualidade, altos tempos de preparação de máquina para troca de
produtos e falta de confiabilidade de equipamentos;
• Coloca ênfase na redução dos lotes de fabricação pela da redução
dos tempos de preparação de equipamentos;
• Assume a meta de eliminação de erros; não considerando como
inevitáveis;
• Coloca ênfase no fluxo de materiais e não na maximização da
utilização da capacidade;
• Transfere a responsabilidade de funções, como balanceamento das
linhas, o controle da qualidade e a manutenção preventiva à mão-
de-obra direta, deixando à mão de obra indireta as funções de apoio
e auditoria;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 139
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• Coloca ênfase na ordem e limpeza da fábrica como pré requisitos
fundamentais para atingir os objetivos pretendidos.
O sistema JIT pode ser definido como um sistema de manufatura cujo
objetivo é otimizar os processos e procedimentos por meio da redução
contínua de desperdícios. Os desperdícios atacados podem ser de várias
formas:
•desperdício de transporte
•desperdício de superprodução
•desperdício de material esperando no processo
•desperdício de processamento
•desperdício de movimento nas operações
•desperdício de produzir produtos defeituosos
•desperdício de estoques
As metas colocadas pelo JIT em relação aos vários problemas de
produção são:
•zero defeito;
•tempo zero de preparação (set-up);
•estoque zero;
•movimentação zero;
•quebra zero;
•LEAD TIME zero;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 140
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
•Lote unitário (uma peça).
O sistema de produção que adota a filosofia JIT deve ter
determinadas características, que formam um corpo coerente com os
princípios do JIT. Entre as várias características, estão:
•O sistema JIT não se adapta perfeitamente à produção de muitos
produtos diferentes, pois, em geral, isto requer extrema flexibilidade
de faixa do sistema produtivo em dimensões que não são
conseguidas com filosofia JIT. Conseqüentemente, deve ser dada
ênfase ao projeto adequado de manufatura e ao projeto adequado à
montagem, para permitir que os setores produtivos tenham um foco
definido, sem, entretanto restringir demais variedade de produtos
oferecidos ao mercado.
•O layout do processo de produção deve ser celular, dividindo-se os
componentes produzidos em famílias com determinado roteiro de
produção e formas similares; Desta forma, podem ser montadas
pequenas linhas de produção (células), de modo a tornar o processo
mais eficiente, reduzir a movimentação e o tempo gasto com a
preparação da máquina.
• A gerência da linha de produção coloca ênfase na autonomia dos
encarregados no balanceamento da linha, na não aceitação de
erros, paralisando-se a linha até que os erros sejam eliminados, se
for necessário e na produção de modelos mesclados.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 141
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• A responsabilidade pela qualidade é transferida à produção e é dada
ênfase ao controle da qualidade na fonte, adotando os princípios do
controle de qualidade total. A redução de estoque e a resolução dos
problemas de qualidade forma um ciclo positivo de aprimoramento
contínuo.
• É dada ênfase à redução dos tempos do processo, como forma de
conseguir flexibilidade. Os tempos gastos com atividades que não
agregam valor ao produto, devem ser eliminados, enquanto o tempo
gasto com atividades que agregam valor, deve ser utilizado de forma
a maximizar a qualidade dos produtos produzidos.
• O fornecimento de materiais no sistema JIT deve ser uma extensão
dos princípios aplicados dentro da fábrica, tendo com principais
objetivos os lotes de fornecimento reduzidos, recebimentos
freqüentes e confiáveis, lead times de fornecimento reduzidos e altos
níveis de qualidade.
• O elemento humano tem participação fundamental no sistema just in
time , sendo o envolvimento da mão de obra e o trabalho em equipe
pré requisitos para a implementação do JIT.
O planejamento da produção do sistema JIT deve garantir uma
carga de trabalho diária estável, que possibilite o estabelecimento de um
fluxo contínuo de material. O sistema de programação e controle de
produção está baseado no uso de cartões para a transmissão de
informações entre os centros produtivos. Esse sistema é denominado de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 142
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
sistema kanban, e segue a lógica de "puxar" a produção, produzindo
somente a quantidade necessária e no momento necessário, de modo a
atender à demanda dos centros consumidores.
As vantagens do sistema de administração da produção Just inTime
podem ser mostradas por meio da análise de sua contribuição aos principais
critérios competitivos:
• Custos: dados os preços já pagos pelos equipamentos, materiais e
mão de obra, o JIT busca que os custos de cada um desses fatores
seja reduzido ao essencialmente necessário. As características do
sistema JIT, o planejamento e a responsabilidade dos encarregados
da produção pelo refinamento do processo produtivo favorecem a
redução de desperdícios. Existe também uma grande redução dos
tempos de setup, interno e externo, além da redução dos tempos de
movimentação, dentro e fora da empresa.
• Qualidade: o projeto do sistema evita que os defeitos fluam ao
longo do fluxo de produção; o único nível aceitável de defeitos é
zero. A pena pela produção de itens defeituosos é alta. Isto motiva a
busca das causas dos problemas e das soluções que eliminem as
causas fundamentais desses problemas. Os trabalhadores são
treinados em todas as tarefas de suas respectivas áreas, incluindo a
verificação da qualidade. Sabem, portanto, o que é uma peça com
qualidade e como produzi-la. Se um lote inteiro for gerado de peças
defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes minimizará o número de
peças afetadas. O aprimoramento da qualidade faz parte da
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 143
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
responsabilidade dos trabalhadores da produção, estando incluída
na descrição de seus cargos.
• Flexibilidade: o sistema just in time aumenta a flexibilidade de
resposta do sistema pela redução dos tempos envolvidos no
processo. Embora o sistema não seja flexível com relação à faixa de
produtos oferecidos ao mercado, a flexibilidade dos trabalhadores
contribui para que o sistema produtivo seja mais flexível em relação
às variações do mix de produtos. Por intermédio da manutenção de
estoques baixos, um modelo de produto pode ser mudado sem que
haja muitos componentes obsolescidos. Como o projeto de
componentes comprados, geralmente, é feito pelos próprios
fornecedores baseados nas especificações funcionais, ao invés de
especificações detalhadas e rígidas de projeto. Estes podem ser
desenvolvidos de maneira consistente com o processo produtivo do
fornecedor.
• Velocidade: a flexibilidade, o baixo nível de estoques e a redução
dos tempos permitem que o ciclo de produção seja curto e o fluxo
veloz. A prática de diferenciar os produtos na montagem final, com
base nos componentes padronizados, de acordo com as técnicas de
projeto adequado de manufatura e projeto adequado à montagem,
permitem entregar os produtos em vários prazos mais curtos.
• Confiabilidade: a confiabilidade das entregas, também, é
aumentada por meio da ênfase na manutenção preventiva e da
flexibilidade dos trabalhadores, o que torna o processo mais robusto.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 144
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
As regras do kanban e o princípio da visibilidade permitem identificar
rapidamente os problemas que poderiam comprometer a
confiabilidade, permitindo sua imediata resolução.
4.5. A Teoria das restrições (TOC)
Neste período surge também a teoria das restrições (TOC)
preconizada pelo físico israelense GOLDRATT (1989), que incorpora um
conceito de que a organização é um sistema de variáveis mutuamente
dependentes. O conceito sistêmico passa a ser incorporado às
organizações, que passam a ser vistas como uma grande corrente composta
por diversos elos interdependentes. Pelo conceito-chave é que sempre
haverá um elo mais fraco no qual a corrente rompe e este deve ser
protegido. Assim sendo, podem ser observadas similaridades com o sistema
Toyota de produção com a teoria das restrições, cuja melhoria do elo mais
fraco da corrente chamado de gargalo ou restrição resultaria na melhoria do
todo.
Desta forma, existe uma necessidade da análise sistêmica da
organização como um todo, atacando o ponto mais frágil. Ao fazer uma
analogia com o paradigma de Taylor e com a teoria das restrições, pode-se
dizer que o primeiro preocupava-se com o peso da corrente e o segundo,
com a sua resistência.
A relação com o sistema Toyota de produção está na sincronização
das atividades da corrente por intermédio do Kanban, impossibilitando a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 145
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
geração de estoques intermediários e sincronizando a produção. Com a
TOC, este processo é similar, porém, identifica-se a restrição do sistema que
é vinculado às demais atividades da empresa.
A TOC é baseada no princípio de que existe uma causa comum para
muitos efeitos, cujos fenômenos vistos são conseqüências de causas mais
profundas. Este princípio leva a uma visão sistêmica da empresa. A
estratégia da organização deve definir três pontos-chave: 1. ganhar dinheiro
hoje e no futuro; 2. satisfazer os funcionários hoje e no futuro ; 3. satisfazer o
mercado hoje e no futuro .
4.6. A reengenharia
Durante a década de 1970, o Japão passou a ser o país hegemônico
mundial, graças aos seus avanços no modelo de gestão segundo o Sistema
Toyota de Produção. Esta conquista deve-se ao reconhecimento de que a
inovação organizacional é mais importante que a inovação tecnológica. Isto
pode ser comprovado na autonomação, um dos pilares do sistema, no qual a
automação dos equipamentos respeitava a necessidade e os limites da
capacidade humana.
Nos Estados Unidos da América(EUA), não houve esta consciência e
durante esse período houve um investimento maciço em tecnologia e
automação. Estes investimentos não trouxeram os retornos esperados e
pode-se observar que os conceitos de processos de SHINGO (1996),
embora teorizados e disseminados, não haviam sido completamente
compreendidos.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 146
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
Na década de 1990, surge uma nova teoria de gestão chamada de
reengenharia e preconizada por HAMMER & CHAMPY (1994). Esta teoria
surge da crise do modelo americano de gestão e de sua perda da
hegemonia mundial para os japoneses.
Nesta teoria pode-se observar nesta teoria uma relação estreita com a
teoria contingencial, em razão da necessidade de recuperar a posição
hegemônica americana. A reengenharia traz em seu núcleo uma mudança
de foco das operações para os processos e aumento da importância da
inovação organizacional em detrimento da inovação tecnológica. Assim,
observa-se que o processo institucional dos conceitos de SHINGO (1996) e
o Sistema Toyota de Produção foram lentos e difíceis. Uma explicação para
o fato pode ser a diferença cultural entre Japão e demais países do mundo
ou a grande influência anglo -saxônica sobre o desenvolvimento
organizacional mundial.
Durante a reengenharia, ocorre uma redução dos níveis hierárquicos,
graças ao uso da tecnologia da informação, que possibilita a passagem do
controle hierárquico à tecnologia. Esta tecnologia baseada na
microeletrônica é a nova base tecnológica do desenvolvimento mundial.
4.7 A qualidade
Basicamente, qualidade de produtos e serviços não é alguma coisa
definida ou determinada pelas empresas produtoras. A qualidade é algo
determinado pelos seus clientes. Pode-se dizer que qualidade é a percepção
pelo cliente do grau em que o produto ou o serviço atende suas
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 147
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
expectativas. Mas, para atingir este conceito, a empresa precisa atender a
mais quesitos daquilo que é conhecido por qualidade:
Aspectos dimensionais da qualidade (mensuráveis, quantitativos)
• Desempenho: qual o desempenho que o produto/serviço
promove para o usuário. Exemplo: velocidade de uma impressora,
distância de frenagem de um carro a 100 km/hora, aceleração deste
carro de 0 a 100 km/hora;
• Características: diferenciais que atraem (encantam) o usuário.
Exemplo: assentos ajustáveis por comando elétrico de um carro,
facilidade na troca de um cartucho de impressora, controle remoto
simples;
• Confiabilidade: probabilidade de quebra ou parada, ou mau
funcionamento. Exemplo: você compraria um brinquedo chinês de
R$ 1,99 para seu filho?
• Utilidade: grau de uso que o produto ou serviço vai lhe
proporcionar. Exemplo: o que você compraria hoje: um videocassete
ou um DVD?; Um toca-discos, um gravador ou um CD player? (isto
está atual?)
• Durabilidade: quanto tempo o produto ou serviço irá funcionar
ou durar sem problemas.
• Aparência: trata-se dos efeitos frente aos sentidos humanos,
tais como visão, tato, paladar, olfato, audição, etc.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 148
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• Atendimento ao cliente: avalia a rede de atendimento ao
cliente, em primeiro lugar, mas também ao atendimento dispensado
ao cliente antes, durante e após a aquisição.
• Segurança: grau de proteção que o cliente sente antes,
durante e após a aquisição.
• Expectativas da qualidade no seu aspecto dimensional: o
produtor pode – e deve – quantificar as expectativas de qualidade a
seus clientes. É óbvio que não se deve esperar, em termos de
expectativas de qualidade, que pregos para a construção civil sejam
obras-primas projetadas e construídas nos mesmos padrões de um
veículo automotor. Existem produtos com níveis de exigência e com
classes diferenciadas. Espera-se que o prego em questão faça
aquilo que dele se espera; e que o prego que nós (enquanto
clientes) compramos seja melhor que o de seu concorrente. De
preferência, que seja o melhor prego disponível. Assim, o lema dos
aspectos dimensionais atrelados à qualidade é:
SER O MELHOR!
Aspectos determinantes da qualidade (como obter qualidade!)
• Qualidade do projeto: após identificar seu segmento de mercado,
deve-se identificar quais são as expectativas deste segmento de
mercado em relação ao produto que irá adquirir. O projeto deve ser
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 149
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
elaborado de forma a atender (ou mesmo superar) estas
expectativas.
• Capabilidade dos processos de produção: a produção precisa ter
a capacidade de atender a qualidade do projeto.
• Conformidade: a produção precisa manter esta capacidade. Os
produtos, todos eles, precisam sair, conforme o seu projeto.
• Atendimento ao cliente: o cliente deve sentir que está sendo
tratado de forma justa, educada e honesta. Suas necessidades
devem ser atendidas de imediato e com interesse.
• Cultura da qualidade na empresa: deve estar disseminada na
empresa a cultura de projetar, produzir, manter e dar assistência
técnica para atender / superar expectativas do cliente. Melhoria
contínua é a palavra-chave da cultura da qualidade. Assim, o lema
dos determinantes da qualidade passa a ser:
ENCANTAR O CLIENTE!
Custo da Qualidade
Refletem os custos decorrentes da qualidade com a qual se vai
trabalhar, refletem, também, os custos decorrentes da não qualidade com a
qual se vai trabalhar.
• Sucatas e retrabalhos: refletem os custos diretos de sucatear e
refazer, além dos custos indiretos de atrasos, reprogramações,
interferência com as programações já existentes, desgastes com
clientes, etc.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 150
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• Produtos com defeito nas mãos de cliente: o que provoca uma
situação pior? Atrasar uma entrega ou entregar “qualquer coisa” ao
cliente? A garantia representa um custo adicional, da mesma forma
que a devolução do produto por parte do cliente. Mas e a perda do
cliente? Qual é seu custo?
• Detecção de defeitos: custos de inspeção, do controle de
qualidade, de testes, etc
• Prevenção de defeitos: refletem os custos para treinar, estudar,
pesquisar, etc., para evitar perdas. Incluem estudos de tendências,
revisões de projeto, mudanças nos processos de produção,
mudanças de fornecedores, etc.
Os seis nomes considerados os grandes “gurus” da qualidade, todos
trabalharam na reconstrução do Japão pós-guerra (década de 1950),
durante a fase do forte crescimento econômico e da industrialização daquele
país, que enfrentou inúmeros problemas em sua produção industrial
referentes à qualidade.
• DEMING (1990), estatístico de formação, professor da Universidade
de Nova Iorque (EUA), foi para o Japão após a Segunda Grande
Gerra Mundial para ajudar as empresas a melhorar sua qualidade e
produtividade. Tinha como lema:
“Mais qualidade significa menos custo”
Lá, estabeleceu uma série de quatorze princípios associados à
qualidade e à produtividade. Isto lhe valeu o título de “Pai do
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 151
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
Controle de Qualidade”. Os seus quatorze princípios são os
seguintes: 1.Educar e desenvolver pessoal; 2.Filosofia de não
aceitar defeitos; 3.Atuar na prevenção; 4.Compras otimizadas –
custo x qualidade; 5.Controle estatístico de processos;
6.Treinamento de todos no trabalho; 7.Supervisores treinadores e
não controladores; 8.Eliminar o medo; 9.Quebrar barreiras –
trabalhos em equipe; 10.Eliminar metas desnecessárias /
inconsistentes; 11.Estabelecer padrões adequados; 12.Treinamento
em técnicas estatísticas; 13.Programas de desenvolvimento de
pessoal; 14.Princípios de qualidade e produtividade.
Para a solução de problemas, Deming criou uma metodologia de
quatro passos, representada graficamente por uma roda chamada
de “Roda de Deming”, é apresentada a seguir:
Esta metodologia é empregada ainda hoje – e com sucesso – em
grande parte das grandes empresas mundiais. A metodologia das
normas ISO 9.000 e 14.000 emprega esta metodologia para a
implantação de suas propostas.
P
C
D A
P =Plan, planejar; D = Do, fazer; C = Check, verificar, reavaliar; A = ACT,
RODA DE DEMING
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 152
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• JURAN (1990), este estatístico estabeleceu que, para
implantação de uma política de qualidade em qualquer empresa, é
necessário o compromisso da alta administração com a qualidade.
Parece óbvio, porém até os dias de hoje há muitas empresas onde a
alta administração tem esse compromisso em seus discursos; no
entanto, na prática é bem diferente. O uso da estatística foi
estabelecido para identificar desvios na produção, além da
necessidade de se fazer o Planejamento da Qualidade. A
conceituação de Melhoria Contínua também foi usada.
• CROSBY (1994), estabeleceu no Japão, o Programa Zero-Defeito,
que consistia de quatorze etapas: 1.Envolvimento da alta
administração; 2.Grupos para programa zero-defeito; 3.Identificação
do nível anterior de qualidade; 4.Estruturação do custo da qualidade;
5.Compromisso da qualidade – cultura de empresa;
6.Ações corretivas para problemas de qualidade; 7.Desenvolvimento
do programa zero-defeito; 8.Treinamento de todos envolvidos;
9.Estabelecimento de metas de qualidade; 10.Implantação do
programa; 11.Identificação/remoção causas de erros e desvios;
12.Premiação de metas atingidas; 13.Grupos de qualidade na alta
administração; 14.Retorno ao item 1.
Observa-se que existem similaridades entre os programas
apresentados pelos “gurus”. Se verificar os quatorze itens, é a
própria melhoria contínua em prática. CROSBY assumiu uma
célebre frase:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 153
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
“Não há processo que não possa ser melhorado!”
• FEIGENBAUM, (1994) implantou o conceito de TQC (Total Quality
Control), Controle de Qualidade Total, os trabalhadores passam a ter
autoridade para parar a linha de produção em caso de problemas
com a qualidade e prevê a obtenção de:
“Qualidade na fonte!”
“A responsabilidade pela qualidade deve ficar com
as pessoas que executam o trabalho.”
• TAGUCHI (1986), implantou os conceitos de Engenharia da
Qualidade. O objetivo é otimizar o projeto, o processo, reduzir custos
e aumentar a qualidade. Antes de Taguchi, a qualidade era
“medida” em faixas. Exemplo: D = 50 mm + 0,02, + 0,05 - isto
significa que a peça a ser produzida podia apresentar uma dimensão
D variando de 50,02 mm até 50,05 mm. Estabeleceu um alvo: tudo
que está perfeitamente no alvo não tem perda, (custo) zero; tudo
que está fora do alvo tem perdas, (custos) indesejáveis – e
crescentes.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 154
Capítulo 4: -A Organização Burocrática Racional Competitiva...
• ISHIKAWA (1990), criou o Diagrama Causa – Efeito para a
resolução de problemas de qualidade. Este diagrama também é
conhecido como Diagrama Espinha de Peixe, serve para destrinchar
processos produtivos e apresentar claramente os pontos nos quais
podem ocorrer os problemas de qualidade. Por seus trabalhos com a
qualidade, Ishikawa foi agraciado com o título “Pai dos Círculos de
Controle de Qualidade”.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 155
Capítulo 5:-Manufatura em Massa Atual (MMA)
Capítulo 5:- Manufatura em Massa Atual (MMA)
Henry Ford, ciente da importância do consumo de massa, lançou
alguns princípios que buscavam agilizar a produção, diminuindo seus custos
e tempo de fabricão, explorando a economia de escala.
Os princípios e ferramentas da Manufatura em Massa foram
utilizados em sua forma mais ampla no início do século XX na indústria
automobilística. O automóvel símbolo da Manufatura em Massa é o modelo
T da Ford de 1908, que segundo WOMACK et al (1992), com este modelo
Henry Ford conseguiu alcançar dois objetivos: tinha em mãos um carro
projetado para a manufatura e um carro que qualquer um era capaz de dirigir
e consertar (difere dos modelos de produção artesanal). Estas duas
realizações, com a completa intercambialidade das peças e a facilidade de
ajustá-las entre si, proporcionam à Ford tremendas vantagens em relação a
seus competidores. Com a introdução da linha de montagem e dos
princípios da divisão de trabalho de Frederich W. Taylor, conseguiu-se um
aumento impressionante da produtividade, de tal forma que cinco anos mais,
em 1913, com a introdução da linha demontagem móvel o chassi de um
automóvel era produzido por 472 operários em 1 h e 33 de trabalho ( em
turno de 8 horas). Estes dados representavam um aumento de produtividade
espantoso, uma vez que no sistema anterior o chassi de um automóvel
demorava 12 h e 28 para ser produzido por 1.100 trabalhadores, em turnos
de 9 horas (WILD, 1972).
Por meio destes ganhos em produtividade, quanto mais veículos a
Ford produzia, mais o custo caía. O custo chegou a cair de 780 (em 191)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 156
Capítulo 5:-Manufatura em Massa Atual (MMA)
para 290 dólares (em 1924). A produção cresceu de pouco mais de 76.000
veículos em 1912 para quase 2 milhões em 1919. A Ford passou a deter
55% do mercado norte-americano disputado por quase 300 fabricantes.
Conforme GODINHO (2004), esta primeira fase da Manufatura em
Massa denomina-se Manufatura em Massa Precedente (MMP). Este
paradigma, ainda é utilizado em empresas no mundo todo, porém com
algumas diferenças em relação à sua forma original que se denomina
Manufatura em Massa Atual (MMA).
A Manufatura em Massa Atual tem como objetivo ganhador de
pedidos a produtividade; porém, também existem preocupações com dois
outros objetivos em nível de qualificadores: a qualidade 1 (o modelo T da
Ford era adequado ao uso: robusto para enfrentar as trilhas de terra, cheias
de buracos e pedras) e a flexibilidade 1, uma vez que certa diferenciação é
desejável na Manufatura em Massa Atual.
GODINHO (2004), apresentou um bom exemplo da Manufatura em
Massa Atual, em dois estudos de caso na indústria de calçados: a empresa
X, que já está no mercado há quase dez anos, fabrica calçados femininos,
em especial, às classes C e D (ganhador de pedido é o custo), tem pouca
variedade de modelos, mas certa diferenciação tem sido necessária para se
manter no mercado.
O volume de produção é bastante grande e usa máquinas
automatizadas nos processos de corte e montagem.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 157
Capítulo 5:-Manufatura em Massa Atual (MMA)
Quanto à qualidade, a empresa considera adequada para o público
alvo simplesmente substituir os calçados que os clientes julgarem
defeituosos; a taxa de devolução é de 3%; segundo cálculos da empresa,
custaria mais investir nos processos e materiais para se conseguir diminuir
essa taxa do que simplesmente fazer a substituição do item.
Os princípios / capacitadores mais enfatizados ou eventualmente
exclusivos dos quais decorrem os objetivos estratégicos ganhador de pedido
foram:
a) Foco em clientes sensíveis aos baixos preços;
b) Foco na padronização do produto, sendo alguma diferenciação
possível;
c) Foco na eficiência operacional, alta produtividade e alta
especialização do trabalho.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 158
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
Capítulo 6:- A Manufatura Enxuta (ME)
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, os japoneses iniciaram
a produção de carros de passeio. A princípio desejavam utilizar métodos de
produção em massa, que haviam sido estudados por diversos
administradores japoneses nos Estados Unidos da América (EUA). No
entanto, a tentativa de produzir automóveis em larga escala esbarrou em
uma série de problemas: o mercado japonês era limitado e demandava
vários modelos diferentes de automóveis, pois cada modelo não possibilitava
escala para produção em massa. Premiada por esta dificuldade, a Toyota
criou novos critérios de produção e administração, conseguindo,
simultaneamente, produzir modelos em pequena escala e diminuindo os
custos. O conjunto desses métodos foi denominado produção enxuta ou
Lean Production.
A produção enxuta surgiu como um sistema de manufatura cujo
objetivo é otimizar os processos e procedimentos por meio da redução
contínua de desperdícios. SHINGO (1996) ressalta que sete tipos de
desperdícios foram identificados para o Sistema Toyota de Produção:
1. Superprodução
2. Transporte excessivo
3. Processos inadequados
4. Esperas
5. Estoques desnecessários
6. Movimentação desnecessária
7. Produtos defeituosos.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 159
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
Os excelentes resultados, obtidos com o novo sistema de produção,
levaram outras empresas japonesas a aderirem à produção enxuta. Depois,
o sistema tornar-se-ia difundido para algumas empresas da América do
Norte e Europa. No Brasil, essas técnicas foram usadas, mais efetivamente,
a partir da década de 1990.
Além dos benefícios advindos da redução de preços, os clientes têm
produtos mais confiáveis em termos de segurança e com melhor qualidade,
proporcionando a redução com os gastos de manutenção do veículo. Como
resultado, o nível de satisfação dos clientes elevou-se, assim como o grau
de exigências, implicando novas práticas de marketing que, por sua vez,
impulsionaram os métodos gerenciais à inovação e melhoria contínua.
A Manufatura Enxuta (ME) implica um sistema de produção que
entrega o produto em ordem mantendo o mínimo de inventário possível.
Estes conceitos focam sobretudo a identificação da necessidade do cliente
(interno ou externo), objetivando a eliminação de atividades que não se
fazem necessárias à organização da produção.
O sistema de produção busca a perfeição sob a perspectiva do
cliente. OHNO (1997), argumenta que a eliminação de desperdícios
pressupõe a compreensão sistêmica da Manufatura Enxuta, bem como a
aplicação de seus princípios e ferramentas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 160
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
Os Princípios básicos
De acordo com GODINHO (2004), os princípios são ensinamentos e
fundamentos que norteiam a empresa na adoção da Manufatura Enxuta que
representam o “o que” deve ser feito para se atingir os objetivos de
desempenho da manufatura. Foram relacionados com base nas revisões de
literatura.
1. Determinar o valor para o cliente – diversos autores convergem
para o conceito de que o valor está vinculado ao uso (utilidade) do
produto, está relacionado com a percepção do cliente e não com o
posicionamento da empresa fornecedora.
2. Identificar a cadeia de valor – de acordo com WOMACK & JONES
(1998), cadeia de valor é o conjunto de todas as ações específicas
necessárias para se levar um produto específico a passar por todas
as etapas de um negócio. A identificação da cadeia de valor para
cada produto expõe onde estão ocorrendo os desperdícios. Na
análise de cadeia de valor, segundo OHNO(1997), são identificados
três tipos de atividades: aquelas que criam valor; as que não criam
valor, mas são inevitáveis e as que não criam valor e devem ser
eliminadas.
3. Fluxo de Valor – uma vez mapeada a cadeia de valor e eliminadas
as atividades que não criam valor, ou seja, que geram desperdícios, o
próximo passo é fazer as atividades fluírem. O fluxo é o movimento
contínuo do produto ou serviço, por meio do sistema, até o cliente. A
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 161
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
idéia de fluxo contínuo é realizada de duas formas com a utilização do
Kanban – meio de comunicação entre as etapas do processo e por
meio da produção de fluxo unitário.
4. Produção “Puxada” - este princípio está ligado à capacidade de se
produzir apenas o que a demanda interna à jusante necessita, o
cliente “puxa” o ritmo de movimentação das frentes de serviço. O
conceito de planejar a produção, de acordo com uma previsão de
vendas, invariavelmente, dá errado, gerando um maior volume de
estoques. “Deve-se jogar fora a projeção de vendas e simplesmente
fazer o que os clientes lhe dizem que precisam, deve-se deixar que o
cliente “puxe” o produto, quando necessário, ao invés de “empurrar” o
produto”, WOMACK & JONES (1998)
5. Busca da Perfeição – padronizar as práticas é um pré-requisito para
a implementação do processo de melhorias incrementais e radicais
(Kaizen e Kaikaku). A melhoria incremental (Kaizen) prega que a
perfeição é alcançada pela melhoria contínua. Já a melhoria radical
(Kaikaku) envolve um salto em direção à perfeição. As organizações
para alcançarem a perfeição precisam permitir a criatividade e a
expressão individual.
As ferramentas
As metas colocadas pela produção Enxuta em relação aos vários
problemas de produção são: 1-zero-defeitos; 2-tempo zero de preparação
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 162
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
(set-up); 3-estoque-zero; 4-movimentação-zero; 5-quebra-zero; 6-lead time-
zero; 7-lote unitário (uma peça).
Para a eliminação desses desperdícios e alcance das metas estabelecidas, a Produção Enxuta lança mão de um conjunto de técnicas e ferramentas. Algumas dessas são: 5 S; O Mapa do Fluxo de Valor; Layout Enxuto; Técnicas de Formação de células; Sistema kanban de controle da produção; Troca Rápida de Ferramenta, entre outras...
• 5S: visa a mudar a maneira de pensar das pessoas na direção de um
melhor comportamento por toda a vida. O programa 5S não é só um evento
episódico de limpeza, mas uma nova maneira de conduzir a empresa com
ganhos efetivos de produtividade. Os 5S significam – 1ºS.Senso de
Utilização; 2ºS.Senso de Organização; 3ºS.Senso de Limpeza; 4ºS.Senso
de Higiene; 5ºS.Senso de Autodisciplina;
• Mapa do Fluxo de Valor: é uma ferramenta simples que utiliza papel e
lápis e ajuda a enxergar e entender o fluxo de material e informação
conforme o produto siga o fluxo de valor. O que se entende por mapeamento
do fluxo de valor é simples: deve-se apenas seguir a trilha da produção de
um produto, desde o consumidor até o fornecedor e, cuidadosamente,
desenha-se uma representação visual de cada processo no fluxo de material
e informação. Depois, por meio de um conjunto de questões desenha-se o
mapa do “estado futuro” , uma representação visual de como o fluxo deve
ser. Para se fazer o mapeamento do fluxo de valor, utiliza-se um conjunto
padronizado de símbolos. Deve-se lembrar que nada impede de que outros
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 163
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
símbolos sejam criados na hora do mapeamento, mas é importante que
todos os envolvidos no projeto possam compreendê-los.
• Layout na Manufatura Enxuta: o layout do setor produtivo é responsável
por grande parte dos desperdícios identificados pela filosofia da Produção
Enxuta. Os tipos de desperdícios diretamente relacionados à disposição dos
meios de produção são o transporte, a movimentação nas operações e os
estoques. Segue uma explicação de cada tipo de layout segundo SLACK
(1993a):
1.Layout posicional: é usado quando os materiais transformados são ou
muito grandes, ou muito delicados, ou objetariam ser movidos.
2.Layout por processo: neste tipo de arranjo físico todos os recursos
similares de operação são mantidos juntos. Este tipo de layout,
normalmente, é usado quando a variedade de produtos é
relativamente grande. Este tipo de layout é conhecido também como
layout funcional.
3.Layout celular: neste tipo de layout, os recursos necessários para
uma classe particular de produtos são agrupados de alguma forma.
Nesse arranjo físico, as máquinas são dedicadas a um grupo
exclusivo de peças.
4.Layout por produto: neste, os recursos de transformação estão
configurados na seqüência específica para melhor conveniência do
produto ou do tipo de produto. Este tipo de arranjo físico é também
conhecido como layout em linha.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 164
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
• Formação de células de produção: para se obter um layout celular, é
necessário que os componentes que compõem os produtos sejam
agrupados em família de peças. O objetivo é fazer com que cada família seja
processada em um grupo de máquinas com a mínima interação com os
outros grupos. O caminho que os produtos percorrem pelas máquinas, pode
ser obtido dos cartões de rotina (fluxo e processo). Esta informação é
comumente representada em uma matriz chamada matriz peça-máquina,
representada por P x M com zero ou um de entrada.
• Sistema kanban de controle da produção: é um sistema de controle de
fluxo de material ao nível da fábrica, desde o almoxarifado de matérias-
primas até o armazém de produtos acabados (kanban interno), o qual se
estende em alguns casos ao controle do material distribuído ou recebido de
fornecedores (kanban externo). Utilizados, também, como um sistema para a
contínua melhora da produtividade, alterando-se equipamentos, métodos de
trabalho e práticas de movimentação de materiais, para identificar as áreas
com problemas e avaliar os resultados das mudanças. SLACK, (1999),
classifica três tipos de Kanban: 1.Kanban de transporte: é usado para avisar
o estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido
para um destino específico. Este contém informações como: número e
descrição do componente, lugar de origem e destino, entre outras.
2.Kanban de produção: é um sinal para o processo produtivo de que
ele pode começar a produzir um item para que seja colocado em
estoque. A informação contida neste kanban normalmente inclui
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 165
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
número e descrição do componente, descrição do processo e
materiais necessários para produção do componente, entre outras.
3.Kanban do fornecedor: são usados para avisar ao fornecedor que
é necessário enviar material ou componentes para um estágio da
produção. Neste sentido, ele é similar ao kanban de transporte,
porém é, normalmente, utilizado com fornecedores externos.
• Troca Rápida de Ferramenta (TRF): a adoção deste sistema é a
maneira mais eficaz de melhorar o tempo gasto entre a produção da
última peça de um lote e a produção da primeira peça BOA do
próximo lote (setup). Segundo SHINGO (1996), o tempo de setup
tipicamente compreende quatro funções e respectivos porcentuais
de tempo: preparação da matéria prima (30%); fixação e remoção de
matrizes e ferramentas (5%); centralização e determinação das
dimensões das ferramentas (15%); processamentos iniciais e
ajustes (50%). As principais técnicas da TRF para reduzir o tempo
de setup são oito, a saber: 1.separação das operações de setup
internas (máquina parada) e externas(máquina funcionando);
2.converter setup interno em externo; 3.padronizar a função não, a
forma; 4.utilizar os grampos funcionais ou eliminar os grampos;
5.usar dispositivos intermediários; 6.adotar operações paralelas;
7.eliminar ajustes e 8.mecanização.
A aplicação da Troca Rápida de Ferramenta viabiliza o uso do
Kanban, pois os tempos curtos de setup dão flexibilidade à manufatura
produzir pequenos lotes de diferentes modelos. Por sua vez, o Kanban é
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 166
Capítulo 6: -Manufatura Enxuta (ME)
uma ferramenta chave para o Just in Time. Não é exagero afirmar que a
extraordinária redução nos tempos de troca de ferramentas e matrizes é um
fator de fundamental importância no sucesso do sistema de Manufatura
Enxuta. A produção contra-pedido e sem estoque exige, incondicionalmente,
reduções no tempo de setup.
“Produzir em pequenos lotes significa que não podemos operar com uma máquina por muito tempo. Para responder à estonteante variedade nos tipos de produto, a matriz deve ser mudada com freqüência. Conseqüentemente, os procedimentos de troca de ferramenta devem ser executados rapidamente”.
(OHNO, 1997)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 167
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
Capítulo 7:- Manufatura Responsiva (MR)
O tema Manufatura Responsiva(MR) é, dentre os modernos
paradigmas estratégicos de gestão da manufatura, o menos tratado na
literatura e, muitas vezes, confundido com outros paradigmas, tais como a
Manufatura Enxuta e a Manufatura Ágil.
A MR, também, denominada competição baseada no tempo, foi
primeiramente proposta por STALK; HOUT (1990). Na verdade, este
paradigma começou a surgir alguns anos antes, com a publicação de
diversos trabalhos relacionados ao tempo. Como o próprio nome diz, este
novo paradigma enfatiza o tempo como principal diferencial competitivo.
BOOTH (1996), esta nova estratégia de gestão da manufatura
enfatiza a redução do tempo de desenvolvimento do produto e do tempo de
produção, como fatores vitais para o aumento da competitividade de uma
empresa.
Dentre estes benefícios, podem ser citados: menos estoques, maior
rapidez no atendimento ao cliente e na inovação, maiores fluxos de caixa e
maiores lucros.
A denominação Manufatura Responsiva vem de autores como
KRITCHANCHAI & MACCARTHY (1998) e FERNANDES & MACCARTHY
(1999), os quais entendem que a Manufatura Responsiva tem como principal
objetivo ganhador de pedidos não só o tempo, mas a responsividade,
formada pelos objetivos ligados ao tempo (rapidez e pontualidade) e a
variedade 2 (alta variedade de coisas distintas). Portanto, assim como estes
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 168
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
autores, entendem-se que atingir a Manufatura Responsiva significa ser
rápido, pontual e ter uma alta variedade de produtos.
Embora a da denominação da MR esteja ligada à manufatura, o
escopo da MR está relacionado a toda cadeia de suprimentos. Segundo
GODINHO (2004), a lógica puxada ou empurrada não é o que determina a
responsividade de um sistema de produção. Existem muitos SICOPROCs,
com lógica empurrada, ou híbrida, que podem ser utilizados para se
conseguir responsividade nos sistema de produção. Por exemplo, o PBC,
caracterizado como um sistema empurrado, apresenta ganhos em relação
ao tempo de resposta do sistema de produção, sobretudo se utilizado em
conjunto com a tecnologia de grupo. Esta afirmação é suportada por
diversos autores. Portanto acredita-se que a escolha de um SICOPROC é
algo bastante complexo e envolve um número considerável de variáveis.
O sistema de MACCARTHY & FERNANDES (2000) para a escolha de
SICOPROCs envolve análise de uma série de variáveis, das quais a
repetitividade é a mais importante. Então, os SICOPROCs mais adequados
à Manufatura Responsiva não são somente sistemas puxados e, sim,
sistemas que tenham potencial em trazer ganhos em relação ao tempo de
resposta (independente se tenham características puxadas ou empurradas)
com características propícias para que sejam usadas em sistemas de
produção com níveis de repetitividade adequada à MR.
A MR está relacionada a sistemas repetitivos, semi repetitivos e não
repetitivos. Os SICOPROCs adequados a estes níveis de repetitividade que,
ao mesmo tempo, tenham potencial de trazer ganhos em relação ao tempo
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 169
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
de resposta do sistema de produção são os sistemas PBC, OPT, CONWIP H
e alocação de carga por encomenda. Destes sistemas, o CONWIP H é um
sistema com características híbridas, o PBC e o OPT empurram a produção
e o sistema de alocação de carga por encomenda é um sistema de pedido
controlado. Então, não necessariamente sistemas puxados devem ser
utilizados na MR.
Para PIRES (1995), o tempo de resposta é a prioridade competitiva
que tem ligação mais estreita e dependente das atividades de planejamento
e controle da produção.
HANDFIELD & PANESI (1992, 1995), autores que tratam da
Manufatura Responsiva, citam que a melhoria nas atividades de
planejamento, programação e controle da produção levam a uma maior
pontualidade nas entregas (eles só não se aprofundam no que pode ser feita
para se conseguir esta melhoria). Além disso, é consenso na literatura que a
complexidade das atividades de Controle de Produção aumenta, conforme
se trabalha com maior variedade (exatamente o caso da Manufatura
Responsiva) e, portanto, na MR é necessário um sistema de Controle de
Produção bastante eficaz e que enfrente este desafio.
Primeiro princípio: simplificar ao máximo o fluxo de materiais
Acredita-se que um passo de extrema importância para se conseguir
a redução do tempo de resposta do sistema de produção, bem como
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 170
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
obtenção de pontualidade nas entregas seja a implementação de
metodologias que simplifiquem o fluxo de materiais no chão-de-fábrica.
Este princípio já foi defendido como sendo um princípio muito
importante também para a Manufatura Enxuta (GODINHO FILHO, 2001).
A técnica mais eficaz para conseguir esta simplificação é a utilização
do lay out em grupo (celular). A empresa como um todo deve estar imbuída
na necessidade de simplificar o fluxo de materiais, tanto na ME como na MR,
e a tecnologia de grupo é o capacitador para se atingir este princípio. O lay
out em grupo consiste na divisão de todos os componentes em família e
todas as máquinas em grupos, de tal forma que todos os elementos de uma
família possam ser processados em somente um grupo de máquinas. Estes
grupos de máquinas recebem o nome de célula.
Esta simplificação do fluxo de materiais pela utilização do lay out em
grupo traz uma série de vantagens:
? Redução no tempo de resposta ao cliente;
? Melhoria de qualidade dos produtos e nas relações de trabalho;
? Redução dos custos de manuseio e preparação;
? Simplificação da burocracia do trabalho e de custos indiretos;
? Redução de investimentos, layout em grupo requer menos espaço.
Verificando estas vantagens, a simplificação do fluxo de materiais via
lay out celular contribui para a obtenção da responsividade nas sistemas de
produção.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 171
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
Existem duas maneiras de se conseguir transformar um layout padrão
(do tipo funcional) em um lay out celular :
• Metodologia de classificação e codificação dos componentes: este
método se baseia-se nos desenhos dos componentes;
• Análise de Fluxo de Produção (PFA: Production flow Analysis): este
método não se baseia, como no primeiro método, nos projetos dos
componentes, mas sim na análise da informação fornecida pela
folha de roteiro dos itens, que mostram como os produtos são
feitos.
O melhor destes métodos é o PFA, criado na década de 1960, pois a
metodologia da classificação de codificação dos componentes só encontra
as famílias de produtos e, então, depois ainda resta a atividade de criar os
grupos de máquinas para estas famílias. Já o PFA encontra,
simultaneamente, a custos muito baixos, ambos: a divisão dos componentes
em famílias e a divisão da máquinas em grupos, composto de uma sucessão
de cinco sub-técnicas.
De acordo com BURBIDGE (1996), esta metodologia começa, em
grandes empresas, pela simplificação do fluxo entre fábricas ou divisões,
usando a Análise de Fluxo da Companhia (CFA: Company Flow Analysis).
Então ela encontra a melhor divisão de cada fábrica dentro de
departamentos baseado na organização por produto e simplifica o fluxo de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 172
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
materiais entre eles usando a análise de fluxo de fábrica (FFA: Factory Flow
Analysis). A seguir, ela planeja a divisão dos departamentos em grupos
através da Análise de Grupo (GA: Group Analysis). O fluxo dos materiais
entre os centros de trabalho dentro do grupo é então estudado a análise de
linha (LA: Line Analysis). Finalmente a análise de ferramental (TA: Tool
Analysis) é usada para encontrar as famílias de ferramentas (conjunto de
partes que podem ser todas feitas no mesmo set up usando ferramentas da
mesma família) com a finalidade de planejar o seqüenciamento da operação
e se encontrar conjuntos de partes à automação.
Segundo princípio: subdividir o processo em unidades produtivas, de
acordo com os tipos de lay outs
O resultado da aplicação do primeiro princípio é a simplificação do
fluxo de materiais com obtenção de células com padrão de fluxo flow shop
(preferível) e células com padrão de fluxo job shop (no caso de fluxos um
pouco mais complicados). Entretanto em alguns casos particulares, o lay out
celular torna-se complicado, havendo a necessidade do uso de pequenos lay
outs funcionais, com padrão de fluxo job shop. É o caso das seguintes
situações: a) sistemas não repetitivos com fluxos extremamente
complicados, b) processos com grandes máquinas das quais não se dispõe
de uma para cada célula (necessariamente estas máquinas formarão um
centro de serviço); c) máquinas com grandes tempos de preparação.
Neste princípio, GODINHO(2004) considera três tipos de unidades
produtivas, cada uma relativa a uma das três possibilidade de lay out: 1.As
células com padrão de fluxo flow shop de unidades produtivas do tipo 1; 2.As
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 173
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
células com padrão de fluxo job shop de unidades produtivas do tipo 2; 3.Os
pequenos job shops de unidades produtivas do tipo 3.
Conforme o autor citado, todos os tipos de unidades produtivas
fornecem os produtos à uma linha de montagem, que geralmente também é
uma unidade produtiva do tipo 1, podendo em alguns casos ser uma unidade
produtiva do tipo 2. Estes três tipo de lay outs são capacitadores da MR.
Terceiro princípio: classificar as unidades produtivas
O controle de produção, tem papel de extrema importância na
obtenção de responsividade do sistema de produção. Portanto, a escolha de
SICOPROCs adequados aos sistemas de produção de uma empresa torna-
se vital. Para se efetuar esta escolha, é necessário antes classificar os
sistemas de produção. A mais completa metodologia de classificação de
sistemas de produção para a escolha de SICOPROCs foi proposta por
MACCARTHY & FERNANDES (2000). Esta metodologia tem como principal
variável o nível de repetitividade do sistema de produção.
O terceiro princípio para a MR propõe exatamente que os sistemas de
produção da empresa (agora divididos em três tipos básicos de unidades
produtivas) sejam classificados de acordo com tal sistema. Exemplos de
aplicação da metodologia de classificação de MACCARTHY & FERNANDES
(2000) encontram-se no próprio trabalho desses autores ou em GODINHO
FILHO & FENANDES (2002). Para os três tipos de unidades produtivas
propostos no segundo princípio, com relação ao nível de repetitividade, tem-
se:
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 174
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
• nas unidades produtivas do tipo 1 (células com padrão de fluxo flow
shop): sistemas repetitivos;
• nas unidades produtivas do tipo 2 (células com padrão de fluxo job
shop): sistemas semi-repetitivos;
• nas unidades produtivas do tipo 3 (pequenos job shops): sistemas
não repetitivos.
A MR está relacionada a sistemas repetitivos, semi-repetitivos e não
repetitivos; portanto estes ambientes são capacitadores dentro desse
paradigma; porém, os sistemas semi-repetitivos serão em número bem
maior, pois na MR existe uma variedade alta (variedade 2) o que reduz a
probabilidade de sistemas repetitivos. Quanto aos sistemas não repetitivos,
serão mais prováveis de existir na Customização em Massa e na Manufatura
Ágil, cujas as necessidades de customização e agilidade tornam muitas
vezes os produtos muito diferentes entre si, diminuindo em muito o grau de
repetitividade do sistema de produção, se comparado aos sistemas na
Manufatura Responsiva onde não há customização ou agilidade.
Esta classificação das unidades produtivas dentro da MR, de acordo
com os níveis de repetitividade, faz surgir as estratégias de resposta à
demanda para que sejam utilizadas na MR (portanto são capacitadores):
make to stock, assembly to order e make to order 1 e 2. Mas sobressaem-se
as estratégias ligadas aos sistemas semi repetitivos (assembly to order,
make to order 1 e 2), os quais têm maior probabilidade de ocorrência dentro
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 175
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
da MR. Portanto, estas políticas de resposta à demanda também são
capacitadoras da MR.
Quarto princípio: escolher os sistemas de coordenação de ordens de
produção e compra (SICOPROC) mais adequados para cada unidade
produtiva
Este princípio é talvez o mais importante para a obtenção da
responsividade no sistema de produção. Os SICOPROCs mais adequados
para a MR. Os SICOPROCs ideais para a MR são sistemas adequados para
trabalhar com sistemas de produção repetitivos, semi repetitivos e não
repetitivos, sistemas estes que tenham o potencial de trazer ganhos em
relação ao tempo de resposta da empresa. Estes SICOPROCs são: o
CONWIP H, o PBC, o OPT e o sistema de alocação de cargas por
encomenda.
O PBC e o OPT são SICOPROCs destinados a sistemas de produção
semi-repetitivos (MACCARTHY & FERNANDES, 2000). De acordo com
diversos, o PBC tem potencial de conseguir ganhos em relação ao lead time
de produção e, conseqüentemente, ao tempo de resposta do sistema,
estando, portanto, de acordo com o objetivo principal da Manufatura
Responsiva.
Finalmente, o sistema de alocação de cargas sob encomenda é um
sistema adequado para ambientes não repetitivos (FERNANDES, 2003b); de
acordo com autor citado, este sistema pode ser eficientemente programado
para atingir os prazos estabelecidos: é portanto um sistema adequado à MR.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 176
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
A Figura 16, resume estas considerações a respeito dos SICOPROCs
adequados à MR .
GODINHO (2004) faz uma observação importante em relação aos
SICOPROCs utilizados na MR quanto ao MRP. Este sistema, apesar de ser
bastante conhecido e utilizado em empresas, não é um dos SICOPROCs
propostos para a MR, embora seja adequado a ambientes não repetitivos
(MACCARTHY & FERNANDES, 2000). A razão por não se sugerir o MRP
para a MR é por não acreditar que o MRP tenha potencial para trazer
responsividade ao sistema de produção, pois apresenta problemas de
análise de capacidade (é um sistema de capacidade infinita) e no
dimensionamento dos lead times. O uso do MRP visando a trazer mais
responsividade aos sistemas de produção (em casos especiais, sobretudo a
sistemas extremamente não repetitivos e estruturas de produtos muito
complexas) aparece estudado em GODINHO FILHO & FERNANDES (2003).
Quinto Princípio: escolher um sistema de programação da produção
com capacidade finita para complementar o SICOPROC
CONWIP H PBC ou OPT sistema de alocação de carga por encomenda Sistemas repetitivos Sistemas semi repetitivos Sistemas não repetitivos
Figura 16:Os SICOPROCS ideais para a MR de acordo com o nível de repetitividade dos sistema de produção. (Fonte: GODINHO, 2004)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 177
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
A programação da produção tem uma importância crucial à MR, o
tempo gasto pelas ordens, esperando processamento é uma função direta
dos tempos de fila e este, por sua vez, é resultado da maneira pela qual as
ordens são seqüenciadas e programadas.
Dentro do contexto da MR, é necessário o uso de um sistema de
programação da produção que forneça à empresa benefícios no objetivo
tempo, completando os SICOPROCs em determinadas funções. Isto é
realizado pelos sistemas de programação da produção com capacidade
finita; CORREA (2001), cita que os sistemas de programação com
capacidade finita são ideais quando a empresa tem como critério competitivo
principal o tempo. A razão para isto está relacionada à própria vocação de
tais sistemas que têm como característica principal considerar a capacidade
produtiva e as características tecnológicas do sistema produtivo, como uma
restrição para a tomada de decisão de programação, objetivando garantir
que o programa de produção seja viável, priorizando, portanto, os aspectos
de velocidade e pontualidade.
Atualmente, são muitos os tipos de sistemas de programação da
produção com capacidade finita disponíveis no mercado. Este paradigma
pode utilizar uma grande quantidade de sistemas de programação da
produção.
Neste princípio da MR, fica clara a importância de parte da equipe
responsável pela implantação da Manufatura Responsiva conhecer a
literatura sobre sistemas de programação com capacidade finita. Este
comentário é valido para todos os outros princípios e capacitadores sobre a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 178
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
MR. Portanto conhecer a literatura sobre MR é um capacitador de extrema
importância à MR.
Sexto Princípio: considerar sempre os efeitos da velocidade na
qualidade dos produtos.
A MR tem na responsividade seu principal objetivo ganhador de
pedidos que tem como um de seus componentes a velocidade. Em outras
palavras, quanto mais rápido for a produção de itens, mais responsivo será o
sistema de produção. Mas, não se deve esquecer que alta velocidade pode
trazer conseqüências negativas à qualidade dos produtos (e qualidade
também é um objetivo qualificador da MR). O efeito do aumento das taxas
de produção nos refugos em um sistema de produção foi mostrado por
GODINHO FILHO (2001). Neste trabalho, foi demonstrado as reduções no
takt time (o que significa aumentos de produção). Acredita-se que, embora
GODINHO FILHO (2001) tenha estudado, especificamente, o trabalho em
fluxo contínuo em linhas de produção (portanto ambientes de produção em
massa e repetitivos), este resultado também é esperado em sistemas com
menor repetitividade, como é o caso de ambientes semi-repetitivos e não
repetitivos (característicos da MR).
Baseadas nestas considerações, para a Manufatura Responsiva deve
haver uma preocupação com o impacto no aumento da velocidade na
produção, pois pode causar aumento nas taxas de refugo. Para se verificar
este impacto, analogamente, ao trabalho de GODINHO FILHO (2001), plotar
gráficos que mostrem o efeito da velocidade na taxa de refugo dos produtos,
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 179
Capítulo 7: Manufatura Responsiva (MR)
pode-se dimensionar a velocidade das máquinas para que os níveis de
refugo mantenham-se baixos.
Os capacitadores
Os dados da tabela abaixo apresentam capacitadores devidamente
relacionados aos princípios.
Tabela 5: Capacitadores relacionados aos princípios para a MR Princípios para a MR Capacitadores
Simplificar ao máximo o fluxo de materiais PFA
Subdividir os processos em unidades produtivas de acordo com tipos de lay outs
Lay outs celular (com padrão de fluxo flow shop ou job shop) e funional (pequenos job shops)
Classificar as unidades produtivas Sistema de classificação de sistemas de produção (MACCARTHY & FERNANDES, 2000)/ sistemas de produção preferencialmente semi repetitivos, porém em alguns casos também sistemas repetitivos e não repetitivos são possíveis/estratégias de resposta á demanda make to stock, assembly to order e make to order 1 e 2
Escolher os sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e Compra mais adequados para cada unidade produtiva
SICOPROCs: CONWIP H, OPT, PBC e sistema de alocação de cargas por encomenda
Escolher um sistema de programação da produção com capacidade finita para complementar o SICOPROC
Sistemas de programação da produção com capacidade finita, sistema de classificação e metodologia para a escolha destes sistemas; literatura sobre sistemas de programação da produção e sobre toda a MR
Considerar sempre os efeitos da velocidade na qualidade dos produtos
Gráficos que relacionam efeitos da velocidade nas taxas de refugo
(Fonte: GODINHO, 2004)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 180
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
Capítulo 8:- Manufatura Ágil
O termo Manufatura Ágil surgiu e foi popularizado em 1991 por um
grupo de professores do Instituto Iaccoca da Universidade de Lehigh, nos
Estados Unidos da América que publicaram neste mesmo ano um relatório e
descreveram como a competitividade americana se desenvolver-se-ia nos
próximos 15 anos. Ele se tornou logo foco central de estudos na manufatura,
pois mostra que um novo ambiente de manufatura está surgindo. O novo
ambiente é caracterizado pela incerteza e pelas mudanças constantes.
Para BUNCE & GOULD (1996), os negócios do século XXI terão que
superar os desafios de consumidores, buscando produtos de alta qualidade
e baixo custo, além de resposta rápida a suas necessidades específicas e
em constante transformação. A Manufatura Ágil está exatamente
relacionada a novas maneiras de se gerenciar as empresas para enfrentar
tais desafios. Existem muitos conceitos de diversos autores sobre
Manufatura Ágil.
Manufatura ágil pode ser definida como a capacidade da empresa de
sobreviver e prosperar em um ambiente de contínuas e inesperadas
mudanças. Para GOLDMAN (1994), a agilidade é uma estratégia de
resposta abrangente para mudanças fundamentais e irreversíveis que estão
ocorrendo no mundo atual competitivo.
Como se pode notar por estas definições, os trabalhos iniciais em
Manufatura Ágil citam que a medida de desempenho da agilidade seja a
velocidade de adaptação da manufatura às mudanças do ambiente. Mas
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 181
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
isto não é o suficiente para garantir a competitividade, uma vez que este é
um paradigma reativo; sugere-se que empresas ágeis de sucesso são
aquelas que conscientemente usam o estado de mudança como uma
maneira para que sejam lucrativas. Esta proatividade é agilidade, habilidade
de lidar com mudanças inesperadas, de sobreviver em um ambiente de
negócios com ameaças sem precedentes e de tirar vantagens destas
mudanças. O conceito da agilidade como sendo um objetivo da manufatura,
engloba dois fatores principais:
• Responder a mudanças inesperadas de maneira correta e no tempo
devido;
• Explorar estas mudanças, entendendo-as como uma oportunidade, um
meio de ser lucrativo.
Por Manufatura Ágil, entende-se como sendo a capacidade de
sobreviver e prosperar em um ambiente competitivo, tendo como principal
meta a agilidade.
OWEN & KRUSE (1997) identificam os conceitos de agilidade interna
e externa. A agilidade interna é a habilidade de responder rapidamente à
demanda do mercado para novos produtos e características desses
produtos. Esta agilidade requer sistema de produção reprogramável,
reconfigurável e apto a contínuas adaptações; capaz de operar
economicamente com tamanhos de lotes pequenos. Já agilidade externa
está associada à idéia de empresas virtuais. Empresa virtual, conforme
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 182
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
GORANSON (1999), é uma agregação de unidades menores e suas
competências centrais e recursos associados que se juntam para explorar
alguma oportunidade de negócio e agem como se fossem uma única grande
empresa. Mas é de extrema importância salientar que nem toda empresa
virtual é também ágil, uma empresa virtual é ágil somente se ela é formada
com o intuito de se dissolver e se reconfigurar novamente, portanto, a
empresa virtual ágil é aquela onde a síntese de competências é temporária,
feita somente para explorar alguma oportunidade específica. O ponto de
união dessas empresas é a criação de um produto ou serviço e não a
criação de uma empresa. Estes pontos importantes em uma empresa virtual
também são enfatizados, segundo os quais as empresas virtuais têm as
seguintes características principais: orientação para o produto, estilo
colaborativo, relações de curto prazo, velocidade e flexibilidade. O mais
completo trabalho sobre este assunto parece ser mesmo o de GORANSON
(1999), que é resultante dos estudos do grupo das pesquisas chamadas
Grupo Focado em Manufatura Virtual Ágil (Agile Virtual Enterprise Focus
Group).
Os direcionadores da Manufatura Ágil
Para YUSUF et al (1999), a principal força que leva à agilidade é a
mudança. O número de mudanças e seus tipos são muito grandes.
Diferentes empresas com distintas circunstâncias experimentam diferentes
mudanças que são específicas e talvez únicas. Uma mudança que pode ser
catastrófica para uma empresa, pode não ser tão ruim para outra, ou até
mesmo pode representar uma oportunidade para esta mesma empresa em
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 183
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
uma situação diferente. Existem certas características comuns nas
mudanças que podem trazer conseqüências gerais às empresas. Por esta
razão, estes autores sugerem três tipos de classificação às mudanças. A
primeira delas, está relacionada à área geral onde a mudança ocorre; a
segunda refere-se a uma lista detalhada de mudanças como subitens das
áreas gerais, que são enfrentadas em diferentes graus pelas empresas; a
terceira classificação é feita baseada na maneira pela qual a mudança pode
afetar a empresa.
Referente à primeira classificação, ou seja, onde a mudança pode
ocorrer, os autores identificam cinco categorias: mudanças no mercado,
mudanças no critério competitivo, mudanças nas necessidades dos clientes,
mudanças tecnológicas, mudanças em fatores sociais. A segunda
classificação busca prováveis tipos de mudanças dentro de cada uma destas
categorias onde as mudanças podem ocorrer. Isto é mostrado a seguir.
1. As mudanças no mercado incluem: crescimento do nicho de mercado;
mudanças políticas nacionais e internacionais; aumento da taxa de
mudanças no modelo do produto; redução do ciclo de vida dos produtos;
2. As mudanças no critério competitivo incluem: mudanças rápidas no
mercado; aumento na pressão por redução de custos; aumento de
pressão por produtos inovadores; aumento da competição internacional:
diminuição do tempo de lançamento n o mercado de novos produtos
(time to market); responsividade dos concorrentes a mudanças;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 184
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
3. As mudanças nas necessidades dos clientes incluem: demanda por
produtos e serviços customizados: rápido tempo de entrega e time to
market; aumento da expectativa por qualidade; mudanças repentinas em
quantidades de pedidos e especificações;
4. As mudanças tecnológicas incluem: introdução de métodos de
produção mais rápidos, econômicos e eficientes; introdução de novos
softwares; introdução de novas tecnologias de informação;
5. As mudanças nos fatores sociais incluem: pressões ambientais;
expectativas da força de trabalho; pressões políticas e legais; problemas
culturais; mudanças nos contratos sociais.
A terceira classificação das mudanças de SHARIFI & ZHANG (1999) apresenta três categorias distintas, relacionadas aos domínios da empresa afetados pelas mudanças:
• a mudança afeta as atuais atividades, programas e planos da empresa,
tais como: planos de produção, processos e procedimentos da produção,
quantidade do pedido, tempo de entrega, dentre outros;
• a mudança afeta o negócio da empresa, colocando em risco sua posição
no mercado referente a produtos ou setores de mercado específicos. Alguns
fatores que podem ser afetados são: parcela de mercado reputação da
empresa, dentre outros;
• a mudança afeta a estratégia de negócios da companhia como um todo,
criando novos horizontes para a empresa por meio da introdução de novos
mercados, queda de grandes concorrentes, dentre outros. Alguns fatores
que são afetados por este tipo de mudança são: planos futuros para o
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 185
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
crescimento e expansão da empresa, política de introdução de novos
produtos, dentre outros.
Os princípios da Manufatura Ágil
Uma série de autores trata dos princípios e características essenciais
da Manufatura Ágil. Para YUSUF et al (1999), as principais características
da Manufatura Ágil são:
1. Produtos de alta qualidade e altamente customizados;
2. Produtos e serviços com conteúdo de alto agregado e informativo;
3. Mobilização das competências chave;
4. Compromisso com assuntos sociais e ambientais;
5. Síntese de diversas tecnologias;
6. Resposta a mudanças e incertezas;
7. Integração dentro da empresa e entre empresas;
Estas sete características encontradas nas definições de diversos
autores a respeito da Manufatura Ágil, podem ser resumidas em cinco
características ou princípios chave. Estes princípios são citados nos
trabalhos de GUNASERKARAN (1999), PINE (1993) dentre outros. São
eles:
1. Cooperação para o aumento da competitividade: é o input de uma
Manufatura Ágil e está relacionado á necessidade de cooperação interna
(dentro da empresa) e externa (entre empresas);
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 186
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
2. Estratégia baseada no valor , que “enriqueça” o cliente: é o output de
uma Manufatura Ágil e está relacionada ao fornecimento de soluções e
não somente produtos aos clientes;
3. Domínio das mudanças e incertezas: pessoas e informações são os
recursos de maior valor em uma Manufatura Ágil e estão relacionadas à
capacidade da empresa prosperar em um ambiente com mudanças
drásticas e muitas incertezas; está, portanto, relacionado à capacidade
da empresa em se reconfigurar (mudar, no tocante a foco, diversidade,
dentre outros) frente a uma oportunidade;
4. “Alavancar” o impacto das pessoas e informações: pessoas e
informações são os recursos de maior em uma Manufatura Ágil e
representam o mecanismo que utiliza cooperação (input) para
“enriquecer” o cliente (output);
5. Redução dos ciclos de vida dos processos e das empresas: acredita-
se que este seja um princípio de extrema importância dentro da
Manufatura ágil. Este princípio foi enfatizado por PINE (1993). De acordo
com este autor na Manufatura Ágil a empresa busca a vantagem
competitiva por meio de uma busca constante de novas áreas de
negócio, fazendo com que seus processos tenham mudanças dinâmicas
para comportar novos produtos resultantes de uma forte política de
inovação. Além disto, as empresas ágeis aumentam constantemente o
portfólio de seus produtos por meio da combinação de suas capacidades
com a capacidade de outras empresas criando empresas virtuais
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 187
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
temporárias. Nota-se, então, que o ciclo de vida dos processos e das
empresas virtuais são pequenos.
Os capacitadores (tecnologias, metodologias e ferramentas) da
Manufatura Ágil
Capacitadores da Manufatura Ágil são as estratégias, sistemas,
tecnologias, metodologias e ferramentas que possibilitam a empresa torna-
se ágil. Para uma melhor compreensão, esses capacitadores classificam-se
baseados no foco de sua atuação, usando uma classificação proposta por
GUNASEKARAN (1999). Este sistema de classificação agrupa os
capacitadores da Manufatura Ágil, de acordo com o foco, dentro de quatro
categorias: estratégias, tecnologias, sistemas e pessoas. Dentro destas
categorias agrupam-se os capacitadores utilizados pela Manufatura Ágil. O
conjunto de capacitadores propostos neste trabalho é uma extensão dos
capacitadores citados por GUNASEKERAN (1999) e baseados em uma
revisão da literatura sobre Manufatura Ágil. Trabalhos como de YUSUF et al
(1999), GUNASEKARAN (1999), BOOTH (1996), GOLDMAN et al (1991)
dentre outros, foram importantes nas definições desses capacitadores.
Os dados da tabela 6 mostram este sistema de classificação e os
capacitadores utilizados dentro de cada categoria.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 188
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
Tabela 6: Uma classificação dos capacitadores da Manufatura Ágil.
(Fonte: adaptado de GUNASEKARAN,1999)
As principais estratégias-chave da Manufatura Ágil são:
• Empresa Virtual / manufatura virtual: manufatura virtual é o uso de
modelos computacionais e simulações de processos de manufatura para
ajudar no projeto e na produção de produtos. A Manufatura Ágil necessita da
manufatura virtual como uma forma de responder de modo mais rápido e
eficaz a demanda do mercado (GUNASEKARAN, 1999).
• Integração da cadeia de suprimentos: para GUNASEKARAN (1999),
um gerenciamento apropriado / integrado da cadeia de suprimentos e
medidas de desempenho devem ser estabelecidos para melhorar a eficácia
Classificação Principal: foco de atuação do capacitador
Capacitadores
Empresa virtual / manufatura virtual
Integração da cadeia de suprimentos
Gestão baseado em competências chave
Engenharia Simultânea
Gestão baseada na incerteza e na mudança
Gestão baseada no conhecimento
Tecnologia Hardware - ferramentas e equipamentos
Tecnologia de informação - computadores e softwares
Sistemas Sistema de projeto
Sistemas de Planejamento e Controle
Integração de sistemas e gerenciamento de banco de dados
Pessoas Melhoria contínua
Comprometimento da alta gerência e empowerment
pessoas multiabilitadas, flexíveis e com conhecimento
Trabalho em equipe e participação
Treinamento e educação contínua
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 189
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
da cadeia de suprimentos de uma Manufatura Ágil. SMIRNOV & CHANDRA
(2001) apresentam as principais tecnologias de informação necessárias à
integração da cadeia de suprimentos dentro de um contexto ágil.
• Gestão baseada em competências-chave: são definidas por
PRAHALAD & HAMEL (1990) como sendo o processo de aprendizagem
coletivo focado no desenvolvimento e coordenação de uma ampla série de
habilidades e capacidades. Ainda de acordo com esses autores, estas
competências-chave são originadas do processo de aprendizagem
corporativo, integração de diversas competências e correntes tecnológicas,
organização do trabalho, dentre outros. Para YUSUF et al (1999), para que
as competências-chave sejam de importância estratégica, trazendo
benefícios de longo prazo à empresa, estas devem satisfazer três condições:
as competências chave devem fornecer subsídio para a empresa entrar em
uma ampla diversidade de mercados; devem também capacitar a empresa a
“enriquecer” o cliente, satisfazendo-o plenamente; e por último, as
competências chave devem ser de difícil cópia por empresas concorrentes.
Para SHARP et al (1999) a Empresa Ágil deve desenvolver e usar suas
competências para formar produtos chave, utilizando-os em vários
segmentos das operações de negócios;
• Engenharia Simultânea: Para GUNASEKARAN (1999), a agilidade na
manufatura necessita de uma mudança na formação dos times de
desenvolvimento de produto. Estes novos times de desenvolvimento de
produto devem incluir representantes de diversas áreas com diferentes
competências, tais como: projeto, qualidade, compras, marketing, etc. Esta
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 190
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
abordagem que utiliza grupos multifuncionais do projeto conjunto de
produtos e processos é conhecida como Engenharia Simultânea. Dentre os
benefícios desta abordagem podem ser citados: redução do time to market,
redução de custos, identificação de falhas em fases iniciais do projeto, maior
integração entre as áreas, dentre outros (SLACK et al, 1997).
• Gestão baseada na incerteza e na mudança: a gestão do risco e da
incerteza é o processo de transformação de uma empresa de uma cultura
baseada em valores e práticas tradicionais para uma cultura apoiadas em
novas crenças e idéias. Estas novas idéias devem ser a nova norma da
organização na Manufatura Ágil. Este novo modelo de gestão é um
capacitador crucial para a Manufatura Ágil para SHARP et al (1999).
• Gestão baseada no conhecimento: para YUSUF et al (1999), a
empresa voltada para o conhecimento reconhece que o conhecimento e a
informação são os verdadeiros diferenciais das empresas de sucesso. Ainda
de acordo com estes autores, a gestão voltada ao conhecimento é um
capacitador vital para a Manufatura Ágil. Vários autores trabalham com a
gestão do conhecimento na Manufatura Ágil, que propõem a construção de
um modelo de gestão baseada no conhecimento para a Manufatura Ágil ,
enfatizam o processo da aprendizagem dinâmica centro da Manufatura Ágil.
Estes conceitos se relacionam não somente a simples aquisição do
conhecimento, mas também “desaprender” os hábitos e rotinas do passado.
Há necessidades de sistemas voltados para a gestão do conhecimento na
Manufatura Ágil; metodologias de gestão de conhecimento (sistemas
especialistas com sistemas baseados em regras, CBR - Case Based
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 191
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
Reasoning, dentre outros), além da base tecnológica necessária para o
desenvolvimento de tais sistemas.
A tecnologia desempenha um papel preponderante e é crítico para o
sucesso de uma empresa que deseja tornar-se uma Manufatura Ágil,
fornecendo à empresa flexibilidade e integração.
Muitos trabalhos tratam de aspectos da tecnologia para a Manufatura
Ágil, dentre eles destacam-se os trabalhos de LAU & WONG, (2001), Esta
tecnologia apóia outros capacitadores da Manufatura Ágil, como, por
exemplo, a empresa virtual. Discute-se a tecnologia necessária para a
Manufatura Ágil, dividindo-a em duas categorias:
1. Hardware (inclui os equipamentos e ferramentas): para
GUNASEKARAN (1999) a Manufatura Ágil requer rápida troca na
montagem de produtos. Isto só é possível com uma estrutura adequada
de hardware (robôs, alimentadores de partes flexíveis, módulos de
montagem, sistemas de inspeção visual automatizadas, veículos guiados
por computador, dentre outros). A respeito de hardware, existe outros
trabalhos que discutem o projeto para uma célula de manufatura para
Manufatura Ágil.
2. Tecnologia e sistemas de informação (inclui computadores e
softwares): de acordo com GUNASEKARAN (1999), a tecnologia e os
sistemas de informação devem ser empregados para uma efetiva
integração dentro da Manufatura Ágil. Pode-se dividir a tecnologia e os
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 192
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
sistemas de informação utilizada na Manufatura Ágil conforme o
propósito a que se destinam em: a) tecnologia e sistemas voltados ao
projeto ágil: CAD (Computer-Aided Design), CAM (Computer-Aided
Manufacturing), planejamento do processo auxiliado por computador
(CAPP); b) tecnologias e sistemas voltados para a produção ágil: FMS e
CIM; c) tecnologias e sistemas voltados à comunicação e integração intra
e entre empresas (principalmente dedicadas ao estabelecimento de
parceiras virtuais); internet, MRP (Materiais Requirements Planning),
ERP (Enterprise Resource Planning), EDI (Eletronic Data Interchange) e
comércio eletrônico. Já outras modernas tecnologias ágeis podem se
destinar a mais de uma área da empresa, como, por exemplo, a
inteligência artificial, softwares de realidade virtual, softwares baseados
em programação orientada a objetos, multimídia pode auxiliar a empresa
a alcançar os quatro principio básicos da manufatura ágil mostrados
anteriormente; LAU & WONG (2001), Os sistemas para a Manufatura Ágil
são compostos basicamente de sistemas de apoio á tomada de decisão,
na maioria das vezes baseados em softwares, para importantes funções
de gestão: projeto, planejamento e controle da produção e
gerenciamento de dados e integração de sistemas . Estes sistemas são
explicados a seguir:
• sistemas de projeto: os capacitadores ligados aos sistemas de projeto
são aqueles que suportam o objetivo de agilidade em projeto, ou seja,
mudanças rápidas no projeto de novos produtos e a chegada desses novos
produtos rapidamente no mercado. Vários são as ferramentas e técnicas
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 193
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
tratados na literatura que apóiam os sistemas de projeto ágeis: CAD/CAM;
prototipagem rápida e QFD (Quality Function Deployment) são alguns
exemplos. SHARP et al (1999) definem prototipagem rápida como uma
técnica que permite ao time de engenharia simultânea produzir um modelo
físico de um projeto (protótipo) dentro de alguns dias ou até mesmo horas,
ao invés de meses como ocorriam com os métodos tradicionais. Para alguns
autores, a prototipagem rápida é o princípio capacitador da Manufatura Ágil.
• Sistemas de planejamento e controle da produção -SICOPROCs: A
Manufatura Ágil pode utilizar alguns SICOPROCs voltados a sistemas semi
repetitivos, não repetitivos e grande projetos (PBC, OPT, MRP, PERT/CPM
e sistema de alocação de carga por encomenda). Mas para
GUNASEKARAN (1999) os tradicionais sistemas de PCP (planejamento e
controle de produção), sozinhos, não são suficientes para satisfazer as
necessidades de planejamento e controle da produção de uma Manufatura
Ágil. Pautados neste autor, foram extraídos os seguintes aspectos
importantes de um sistema de PCP para um ambiente de Manufatura Ágil: a)
monitoramento e controle em tempo do progresso da produção em uma
empresa virtual; b) estrutura de controle dinâmico e flexível para lidar e
reagir a incertezas do mercado; c) estrutura de programação da produção e
algoritmos que trabalhem com incertezas na produção em uma empresa
virtual; e d) modelagem da situação da produção e de sistemas de controle
em uma empresa virtual. Dentre os autores que focam seus estudos no PCP
para a Manufatura Ágil, podem ser divididos estes trabalhos de acordo com
o horizonte de planejamento a que se referem.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 194
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
• Sistemas de gerenciamento de dados e de integração: para
GUNASEKARAN (1999), a Manufatura Ágil impõe aos sistemas de
informação usados para gerir a empresa certas necessidades
suplementares. De acordo com suas próprias palavras: “... além de
satisfazer as necessidades tradicionais, os sistemas de informação de uma
Manufatura Ágil devem ser capazes de se reconfigurar em um tempo muito
rápido e de incluir partes de sistemas de informação de outras empresas,
para o caso de uma empresa virtual...”. Alguns sistemas de suporte que
possibilitam esta flexibilidade e integração são: ERP, EDI, Internet e
comércio eletrônico. Quanto à integração com fornecedores, LAU & WONG
(2001) citam que o uso da tecnologia de informação tem proporcionado um
tamanho envolvimento dos clientes com fornecedores que “em alguns casos
em empresas podem acessar os sistemas de estoque e programação de
seus fornecedores, chegando inclusive a colocar ordens automaticamente”.
Já a integração intra e entre empresas, bem como as ferramentas
necessárias para tal integração.
Os fatores humanos, representados pelas pessoas, é um fator
importante para a Manufatura Ágil e bastante citada em trabalhos
sobre o assunto (PLONKA, 1997). FRANCIS (2001) estuda a fundo
o papel das pessoas na Manufatura Ágil. A seguir são apresentados
os principais fatores humanos a ser considerados para um ambiente
de Manufatura Ágil:
• Melhoria Contínua: para SHARP et al (1999), a melhoria continua está
relacionado a busca contínua da perfeição pela utilização do chamado ciclo
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 195
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
PDCA dentro de todas as estruturas organizacionais de uma Manufatura
Ágil.
• Comprometimento da alta gerência e empowerment:
GUNASEKARAN (1999), salienta a importância do comprometimento da alta
gerência para a Manufatura Ágil, sobretudo nas estratégias específicas
como integração da cadeia de suprimentos e manufatura virtual. Esta
mesma alta gerência deve saber delegar responsabilidades e fornecer uma
infra-estrutura que favoreça o empowerment., a empresa ágil deve ter uma
liderança visionária e gerentes empreendedores.
• Pessoas multiabilitadas, flexíveis e com conhecimento: é um
requisito necessário em empresas de Manufatura Ágil. Para SHARP et al
(1999) pessoas multiabilitadas , flexíveis e com conhecimento são resultado
de programas de treinamento que garantem estas qualificações com o
objetivo de aumentar ainda mais a agilidade da empresa.
• Trabalho em equipe e participação: são dois elementos importantes
para a Manufatura Ágil, o trabalho em equipe é realizado por grupos de
funcionários, grupos estes muitas vezes autônomos com pouca ou nenhuma
supervisão. A metodologia de trabalho em grupos aumenta a motivação e a
participação dos funcionários, compara-se os times multifuncionais físicos e
virtuais no desenvolvimento de produtos.
• Treinamento e educação contínua: de acordo com GUNASEJKARAN
(1999), a Manufatura Ágil requer diferentes treinamentos e educação
comparados a outros PEGEMS. Alguns tópicos de que a força de trabalho
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática. Racional... 196
Capítulo 8:-Manufatura Ágil
deve estar imbuída são: íntima dependência entre atividades,
desenvolvimento e mudança contínuos e cooperação, dentre outros.
Os objetivos de desempenho relacionados à Manufatura Ágil
A Manufatura Ágil tem como objetivo ganhador de pedidos a
agilidade, a capacidade de tratar ambientes inesperados e em constante
mudanças, tirando proveito disso. Este objetivo é constituído por quatro
objetivos de desempenho da produção primários: adaptabilidades,
“ciberneticidade”, flexibilidades de longo prazo e de curto prazo; que são,
portanto, os objetivos ganhadores de pedidos da Manufatura Ágil.
Velocidade, pontualidade, produtividade e qualidade são objetivos
qualificadores dentro desse paradigma estratégico, uma vez que a existência
de trade offs entre estes objetivos e os objetivos ganhadores de pedidos faz
com que dificilmente uma Manufatura Ágil, objetivando os objetivos
ganhadores de pedido citados, consiga obter resultados equiparáveis a
outros paradigmas com relação aos objetivos qualificadores citados.
Capítulo 9:-Customização em Massa
A definição de Customização em Massa está relacionada
basicamente a dois fatores principais: fornecimento de produtos
customizados aos clientes e preços não tão altos resultantes desta
customização. Estes elementos podem ser vistos na definição de vários
autores: “a Customização em Massa é a habilidade de uma empresa
fornecer aos clientes produtos e serviços customizados, em alto volume, a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 199
Capítulo 9:-Customização em Massa
preços razoáveis, utilizando para isso uma altíssima flexibilidade nos
processos” (DA SILVEIRA et al, 2001); “Customização em Massa significa
fornecer variedade de produtos e serviços de tal forma que os clientes
encontrem exatamente o que eles desejam a um preço razoável” (PINE,
1993).
O termo surgiu, primeiramente, em 1987 com Stanley Davis em seu
famoso livro “O futuro perfeito” (DAVIS, 1987). É interessante observar que
Stanley Davis, apesar de ter sugerido o termo, salientou que as tecnologias
existentes na época (da publicação de seu livro) restringiam um pouco uma
ampla customização de produtos e serviços: porém o autor deixou claro que
no futuro o fenômeno da customização em massa prevaleceria. Autores
mais contemporâneos ((PINE, 1993; DURAY et al, 2000); dentre outros)
sugerem que os avanços na tecnologia da manufatura e da informação,
além da evolução nos princípios administrativos tornaram a Customização
em Massa em prática viável. Outros autores referem que a busca incessante
dos clientes por variedade e customização é um fator primordial à
Customização em Massa.
Para DA SILVEIRA et al (2001) existem duas visões da Customização
em Massa, uma ampla e outra estreita. A visão ampla define a
Customização em Massa como a habilidade de fornecer produtos e serviços
projetados individualmente para cada consumidor por meio da alta agilidade,
flexibilidade no processo e integração. Já de uma forma mais estreita o
termo é definido como um sistema que usa tecnologia de informação,
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 200
Capítulo 9:-Customização em Massa
processos e estruturas organizacionais flexíveis para entregar uma vasta
série de produtos e serviços de acordo com as necessidades individuais de
cada cliente, a um custo perto dos itens feitos pela manufatura em massa.
Os direcionadores da Customização em Massa
Na literatura, pelo menos, três importantes direcionadores sobre a
customização em massa são identificados:
• Clientes desejando customização: significa que para que a
customização em massa possa ser implementada existe a necessidade de
haver uma demanda de clientes que desejem a customização e que estejam
dispostos a pagar por ela. Segundo vários autores (DA SILVEIRA et al,
2001; PINE, 1993; entre outros) seu sucesso depende do balanceamento de
dois fatores: quanto os clientes pagarão e esperarão por produtos
customizados em um tempo e preço aceitáveis;
• Customização em Massa deve representar uma característica
diferencial, como fonte de vantagens competitivas no mercado: Para
que a Customização em Massa represente uma fonte de vantagens
competitivas à empresa, o tempo da sua implementação em relação às
outras empresas concorrentes é muito importante. Em outras palavras, a
empresa deve ser a primeira, em determinado setor, a oferecer a
customização; desta forma, a empresa passa a ser reconhecidamente uma
organização voltada ao cliente e direcionada ao mercado;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 201
Capítulo 9:-Customização em Massa
• Os produtos devem ser customizáveis: a possibilidade de implantação
e o sucesso da Customização em Massa está relacionada à possibilidade de
customizar os produtos produzidos pela empresa (DA SILVEIRA et al, 2001)
Os princípios da Customização em Massa
Os princípios que a norteiam são discutidos em muitos trabalhos
encontrados na literatura, cujos principais são:
• Atender à demanda fragmentada para diferentes gostos e
necessidades: este é o mais importante princípio da Customização em
Massa para muitos autores (DA SILVEIRA, 2001; PINE, 1993). De acordo
com PINE (1993) “a empresa customizada deve oferecer os produtos e
serviços com variedade e customização de tal forma que o cliente encontre
exatamente o que ele deseja”.
• Preços um pouco acima da média para compensar perda de
eficiência: em razão do alto grau de customabilidade oferecido aos clientes,
um preço extra pode ser cobrado; porém, como bem salienta PINE (1993)
conforme a experiência nos processos aumenta, este preço tende a ser cada
vez menor.
• Cadeia de suprimentos deve estar preparada para a Customização
em Massa: todos os elementos da cadeia de suprimentos devem desejar e
estar preparados para oferecer a customização. Por exemplo, os
fornecedores devem estar localizados próximos a seus clientes para
entregar matérias-primas de forma eficiente. Além disso, há necessidade de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 202
Capítulo 9:-Customização em Massa
integração entre os elementos da cadeia por meio de uma eficiente rede de
informação.
• O conhecimento deve ser compartilhado: o sucesso da Customização
em Massa depende da empresa saber transformar as necessidades dos
clientes em produtos e serviços. Para isso, as empresas devem possuir uma
cultura que enfatize a criação de conhecimento e sua disseminação ao longo
da cadeia de valor (DA SILVEIRA et al, 2001; PINE et al, 1993).
• Alta utilização de tecnologias para flexibilizar o processo e o
projeto: a utilização de avançadas tecnologias de manufatura é fundamental
para a Customização em Massa.
• Redução do ciclo de desenvolvimento de novos produtos e do ciclo
de vida dos produtos: este princípio é enfatizado por PINE (1993), para o
qual a redução dos ciclos de desenvolvimento de novos produtos e o ciclo
de vida dos produtos são fundamentais à customização em massa, uma vez
que as preferências do mercado mudam constantemente.
• Participação do cliente ao longo das etapas do ciclo de vida dos
produtos: o envolvimento do cliente nas etapas do ciclo de vida do produto
é um princípio fundamental da Customização em Massa (DURAY &
MILLIGAN, 1999; DURAY et al, 2000; DA SILVEIRA, et al 2001). Existem
diversos níveis de envolvimento do cliente sendo este um assunto bastante
discutido dentro da literatura. Basicamente os autores tratam estes níveis de
forma contínua, variando de um nível de customização pura para um nível
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 203
Capítulo 9:-Customização em Massa
de padronização pura. Exemplo são os quatro níveis de Customização em
Massa: colaborativa (projetistas dialogam com clientes); adaptativa (produtos
padrões podem ser alterados pelos clientes durante o uso); cosméticos
(produtos padrões são embalados especialmente para cada cliente);
transparente (produtos são adaptados para necessidades individuais).
Entretanto, a mais completa divisão de níveis de Customização em Massa
parece ser mesmo o trabalho de DA SILVEIRA et al (2001), o qual propõe
sete níveis: a) de acordo com a etapa do ciclo de vida do produto que o
cliente se envolve com a customização do produto; b) padronização pura: a
empresa neste nível não pode ser caracterizada como sendo customizada
em massa; c) customização no uso, só após a entrega, adaptando-se o
produto a diferentes funções ou situações; d) customização na embalagem e
na distribuição; e) customização pela da adição de serviços adicionais ao
produto; f) customização através da adição de trabalhos adicionais ao
produto; g) customização na montagem do produto; hi) customização na
produção do produto, ou seja, produzir o produto de acordo com o cliente; i)
customização no projeto, ou seja, projetar o produto de acordo com o cliente.
Para que o cliente realmente participe das diversas etapas do ciclo de vida
do produto é necessário existir uma forte comunicação entre cliente e
empresa. DA SILVEIRA et al (2001) propõem uma metodologia de 4 passos
para que uma empresa estabeleça uma comunicação clara com seus
clientes, que estabelecem, desta forma, o nível de customização requerido
pelo cliente. Estes passos são: -definir um catálogo de opções para o
cliente; coletar e armazenar informações sobre a escolha feita pelos clientes;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 204
Capítulo 9:-Customização em Massa
transferir informações do varejista para o produtor; traduzir as escolhas dos
clientes em características do projeto do produto e em instruções para a
produção.
• Utilização de módulos: a utilização de módulos padrões é a chave para
se conseguir a Customização em Massa (PINE, 1993; PINE et al, 1993). Os
módulos fornecem os meios para uma produção mais repetitiva de
componentes, permitindo que partes do produto sejam produzidas em
volumes mais altos como módulos padrões (baixos custos) e a customização
seja atingida pela combinação ou modificação destes módulos (DURAY et
al, 2000). Dada a importância destes dois últimos princípios (utilização de
módulos e participação do cliente ao longo das etapas do ciclo de vida do
produto), DURAY et al (2000) propõem uma classificação das empresas que
se utilizam da Customização em Massa baseada nestes dois princípios, ou
seja, no ponto de envolvimento do cliente na customização e no tipo de
módulo utilizado.
Os capacitadores da Customização em Massa
Existe uma diversidade de capacitadores dentro da Customização em
Massa. São eles:
• Ferramentas para uma eficiente gestão d cadeia de suprimentos: já
se constatou anteriormente que a cadeia de suprimentos é vital à
customização em massa. DA SILVEIRA et al (2001), LAU (1995) fazem
quatro recomendações básicas para a melhoria da cadeia de suprimentos de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 205
Capítulo 9:-Customização em Massa
tal forma que ela venha a fornecer a integração necessária à Customização
em Massa. São elas: i) desenvolvimento de uma rede de informação entre
um grupo de fornecedores selecionados; ii) correto balanceamento entre
custos de estoque e nível de serviço na cadeia; iii) projeto de novos produtos
com ampla participação dos fornecedores; iv) entrega do produto correto,
para o cliente certo, no tempo desejado a um preço razoável. PINE (1993)
defende que a cadeia de suprimento na Customização em Massa deve ser
“integrada e desagregada” simultaneamente. Esta desagregação consiste
em segmentar a manufatura de outras funções da empresa, fazendo com
que a cadeia de suprimentos da empresa divide-se de acordo com nichos de
mercado específicos, como se fossem “empresas próprias”.
• Metodologias e tecnologias para direcionar o projeto e a fabricação,
conforme os requisitos dos clientes: quanto às metodologias voltadas à
customização do projeto tem-se: i) “armazéns de projetos”, termo para
identificar um banco de dados sobre projetos passados (novos produtos,
falhas, etc...) de acordo com estes autores é um passo importante em
direção à Customização em Massa; ii) modelagem da família de produtos
pode ser utilizada para servir de base para novos projetos, uma vez que o
desenvolvimento de família de produtos é um meio para se conseguir
balancear o nível de variedade que os clientes acham atrativo com o nível de
complexidade que ainda permitem que os custos sejam aceitáveis (este
balanceamento é denominado na literatura de gestão da variedade); iii)
softwares tipo CAD e CAM. Quanto às metodologias e tecnologias utilizadas
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 206
Capítulo 9:-Customização em Massa
na produção há a utilização de módulos, tecnologias de processo como
CNC, FMS, CIM, robôs, equipamentos para troca rápidas de equipamento e
flexibilidade na produção.
• Alguns capacitadores da Manufatura Enxuta: muitos autores em
Customização em Massa entendem que muitos capacitadores enxutos são
também importantes para se atingir a Customização em Massa (DA
SILVEIRA, 2001; LAU, 1995; PINE, (1993), comprovam empiricamente que
alguns capacitadores da Manufatura Enxuta (participação da força de
trabalho, trabalho em equipes, redução de set ups, manufatura celular,
manutenção produtiva total, utilização de ferramentas de controle da
qualidade e produção puxada) ajudam a alcançar a customização em
massa).
• Tecnologias: Já foi citado que a tecnologia exerce um papel
fundamental na Customização em Massa. Basicamente, as tecnologias
utilizadas têm três finalidades: 1) fornecer alto grau de flexibilidade e
customização: para isto, utilizam-se tecnologias e ferramentas de projeto e
processo flexíveis, tais como: robôs, FMS, CIM, CAD, CAM, módulos,
alimentadores de partes flexíveis; 2) fornecer integração interna: para
isto, utilizam-se sistemas de informação integrados tais como ERP e a
intranet; 3) fornecer integração externa com o propósito de estabelecer
contatos com os clientes visando a estabelecer o grau de customização
necessário: para isto utilizam-se o EDI, a internet, dentre outros sistemas de
comunicação (TUROWSKI, 2002).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 207
Capítulo 9:-Customização em Massa
• Economias de Escopo: é o capacitador que visa a conseguir baixos
custos dentro da Customização em Massa (PINE, 1993). A idéia de
economia de escopo foi desenvolvida por GOLDHAR & JELINEK , 1993).
Conforme citam estes autores:
“economias de escopo existem onde o mesmo
equipamento é capaz de produzir uma variedade de
produtos com um custo menor do que se estes
produtos fossem produzidos separadamente em
diversas máquinas.”
• Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e compras
(SICOPROCs) direcionados à customização: já foi visto que a
Customização em Massa está relacionada a sistemas de produção semi-
repetitivos, não repetitivos ou grandes projetos e que, portanto, os
SICOPROCs mais adequados a este paradigma são: PBC, OPT, sistemas
de alocação de carga por encomenda, MRP e PERT/CPM. Mas em razão do
alto grau de customização dos produtos, configurações específicas ou
mesmo outros SICOPROCs desenvolvidos especialmente para tratar a
customização podem ser necessários na Customização em Massa. Os
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 208
Capítulo 9:-Customização em Massa
SICOPROCs na Customização em Massa merecerão estudo mais
aprofundado em trabalhos futuros.
Os objetivos de desempenho da Customização em Massa
A Customização em Massa tem como objetivo ganhador de pedidos a
customabilidade, que representa a capacidade da empresa prover soluções
diferenciadas para clientes diferenciados dentro de um mix de produtos
previamente estabelecido. Este objetivo é formado por quatro objetivos de
desempenho da produção primários: flexibilidade a longo prazo, flexibilidade
a curto prazo, adaptabilidade e “ciberneticidade”. Estes são, portanto, os
objetivos ganhadores de pedidos dentro desse paradigma. Os outros
objetivos de desempenho da produção: velocidade, pontualidade,
produtividade e qualidade são encarados como objetivos qualificadores para
este paradigma, visto que a existência de trade offs entre alguns desses
objetivos e alguns objetivos ganhadores de pedidos faz com que dificilmente
a Customização em Massa, objetivando os objetivos ganhadores de pedido
citados, consiga obter resultados equiparáveis a outros paradigmas com
relação aos objetivos qualificadores.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 209
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Capitulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos a partir das Prioridades Competitivas
A partir deste capítulo, tenta-se dimensionar este novo estágio na
evolução do pensamento administrativo onde o Planejamento, Programação
e Controle da Produção (PPCP) assumem o principal papel na estratégia
das organizações para atender ao mercado globalizado e em constante
mutação.
No capítulo 4, foram abordados os conceitos de tipos de sistemas de
produção, classificações de sistemas, processos, administração e controle
da produção. Neste capítulo, são discutidas sucintamente as principais
diferenças entre esses conceitos e o novo conceito proposto por GODINHO
(2004), Paradigma Estratégico de Gestão da Manufatura (PEGEM), que
trata deste assunto de forma integrada e comparativa, bem como,
AZZOLINI (2004) que ressalta a importância de identificar o sistema de
administração e controle da produção adequado para cada paradigma e
utiliza o termo, Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e Compra
(SICOPROCs).
10.1 As diferenças entre os paradigmas, tipos de sistemas de produção e os
sistemas de administração e controle da produção.
Os dados da tabela 7 mostram que esta diferenciação se dá quanto a duas classes: a)Definição e b)Abrangência. Basicamente, esses dois termos são diferentes: os PEGEMs têm princípios que norteiam a escolha dos SICOPROCs e, por sua vez, estes gerenciam os diversos tipos de sistemas de produção.
Tabela 7: As diferenças entre PEGEM, tipos de sistemas de produção e os SICOPROCs.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 210
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
CLASSES DE DIFERENÇAS
QUANTO A:
TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO
SISTEMAS DE COORDENAÇÃO DE ORDENS DE PRODUÇÃO E COMPRA (SICOPROCS)
PARADIGMAS ESTRATÉGICOS DE GESTÃO DA MANUFATURA (PEGEM)
a)Definição São classificações dos sistemas de produção de uma empresa a partir do tipo de fluxo de produção, tipo de output ou nível de repetitividade
São sistemas de informação que se propõem a gerenciar o fluxo de materiais, a utilização de equipamentos e mão de obra e coordenar as atividades internas com as atividades de fornecedores
São modelos/padrões estratégicos e integrados de gestão, direcionadas a certas situações do mercado, que se propõem a auxiliar as empresas a alcançarem determinado(s) objetivo(s) de desempenho; paradigmas estes compostos de uma série de princípios e capacitadores que possibilitam que a empresa atinja tais objetivos.
b)Abrangência Somente o chão de fábrica
Integra várias funções da manufatura por meio de informações e decisões
Norteia como obter integração efetiva das várias funções da manufatura
(Fonte: GODINHO,2004)
Para AZZOLINI (2004), os paradigmas inerentes ao planejamento e
controle da produção, traduzem as técnicas de controle e planejamento
usuais que dão aderência a segmentos específicos da indústria, de acordo
com o segmento de atuação e especificidades da empresa.
A reestruturação das indústrias manufatureiras no mundo moderno
depende da escolha certa da técnica de PCP, que deve ser capaz de dar
aderência ao modelo desenvolvido no âmbito da empresa, no sentido de
direcionar e apontar, por meio de indicadores de desempenho, patamares de
eficiência e eficácia do sistema como um todo.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 211
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
10.2 A conceituação de Paradigmas Estratégicos Gestão da Manufatura
(PEGEM)
Segundo GODINHO (2004), os PEGEMs são modelos / padrões
estratégicos e integrados de gestão, direcionados a certas situações do
mercado, que se propõem a auxiliar as empresas a alcançarem
determinados objetivos de desempenho (daí, o nome estratégico). Os
paradigmas são compostos de uma série de princípios e capacitadores que
possibilitam à empresa atingir seus objetivos (daí, a denominação gestão), a
partir de sua função manufatura (daí, a denominação manufatura),
aumentando desta forma seu poder competitivo. Os pilares de sustentação
de um PEGEM são compostos por quatro elementos-chave:
1.Direcionadores:- são as condições do mercado que possibilitam,
ou requerem, ou facilitam a implantação de determinado PEGEM;
2.Objetivos de desempenho:- Cada PEGEM está relacionado a
determinados objetivos de desempenho da produção;
3.Princípios:- são as idéias (ou regras, fundamentos, ensinamentos)
que norteiam a empresa na adoção de um PEGEM. Os princípios
representam o “o que” deve ser feito para se atingir os objetivos de
desempenho da produção;
4.Capacitadores:- são as ferramentas, tecnologias e metodologias
que devem ser implementadas. Os capacitadores representam o
“como” seguir os princípios, alcançando-se, desta forma,
excelentes resultados em relação aos objetivos de desempenho da
produção.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 212
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Este novo termo vem tratar de maneira conjunta e integrada os novos
paradigmas dentro da moderna literatura de gestão da produção, por meio
da criação de uma conceituação e de elementos-chave (direcionadores,
objetivos de desempenho, princípios e capacitadores) comuns a todos estes
paradigmas. Com base nesta nova conceituação, os paradigmas da
manufatura de outros termos comumente encontrados na literatura, podem
ser diferenciados, além de também permitir uma comparação entre os
próprios paradigmas (à luz de seus elementos-chave), facilitando, assim, o
estudo e sua aplicabilidade. Os PEGEMs fornecem um aspecto estratégico à
manufatura, já que cada PEGEM é mais direcionado a determinados
objetivos estratégicos da produção.
Dentre os modelos encontrados na literatura que propõem uma
relação entre alguns PEGEMs e alguns objetivos de desempenho da
manufatura, destaca-se o modelo proposto por BOOTH (1996), (Figura 18).
De acordo com este modelo, cada paradigma de gestão da manufatura tem
enfoque alto, médio ou baixo em três objetivos da manufatura (custo,
responsividade e flexibilidade). Por meio deste modelo, por exemplo , existe
uma produção baseada no tempo que tem alto foco na responsividade
(tempo) , no custo e médio na flexibilidade.
Figura 17: Os quatro elementos-chave de um Paradigma Estratégico de Gestão da Manufatura . (Fonte: GODINHO, 2004).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 213
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
BOLWIJIN E KUMPE (1990), mostram na Figura 19, abaixo, como as
necessidades do mercado, e os objetivos de desempenho a eles
relacionados, foram se alterando ao longo dos últimos 40 anos do século
XX. Os trade offs entre os vários objetivos estratégicos da manufatura
explicam as quedas de desempenho de alguns objetivos, conforme os
objetivos ganhadores de pedido vão se alterando;
Figura 18: Primeiro modelo que relaciona alguns PEGEMs e alguns objetivos estratégicos da produção. (Fonte: BOOTH, 1996).
Figura 19: Evolução de necessidades de mercado e critérios de desempenho para empresas industriais de grande porte. (Fonte: BOLWIJN E KUMPE, 1990).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 214
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Outro modelo que relaciona os Paradigmas Estratégicos de Gestão
da Manufatura e os objetivos de desempenho da produção é o trabalho de
FERNANDES E MACCARTHY (1999). Verifica-se na Figura 20, à medida
que se vai da Manufatura Repetitiva(MR) para a Manufatura Ágil(MA), novos
objetivos vão sendo levados em conta sem se desprezar os objetivos já
incorporados.
Os novos PEGEMs surgiram em virtude do aparecimento de novas
necessidades de mercado, que exigem, para serem satisfeitas, diferentes
ênfases nos objetivos de desempenho. Por exemplo, a Manufatura Enxuta
(ME) incorpora o objetivo qualidade e engloba o objetivo produtividade/custo
da Manufatura Repetitiva (MR) e assim por diante.
Segundo CORREA (2001), é impossível para uma empresa ser a
melhor em todos os aspectos ao mesmo tempo. As prioridades competitivas
da manufatura são estabelecidas porque um sistema de manufatura não
AU
ME
NT
O D
O G
RA
U D
E V
ISÃ
O H
OL
ÍST
ICA
Manufatura Ágil • C ibernet icidade • a daptabilidade
Manufatura Responsiva • flexibilidade • v elocidade • p ontualidade
Manufatura Enxuta • Q ualidade
Manufatura Repetitiva • P rodutividade/ custo
Figura 20: Segundo modelo que relaciona alguns PEGEMs e alguns objetivos estratégicos da produção.
Fonte: FERNANDES E MACCARTHY, 1999)
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 215
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
pode ser o melhor em todos os aspectos ao mesmo tempo. Portanto, de
acordo com as mais recentes abordagens sobre trade offs, eles ainda
existem para alguns objetivos de desempenho, e a idéia dos trade offs
dinâmicos é válida para muitos dos trade offs. (Tabela 8)
Tabela 8: PEGEMs e seus princípios/capacitadores mais enfatizados ou eventualmente exclusivos e objetivos estratégicos ganhadores de pedidos, relacionados.
PEGEM PRINCÍPIOS / CAPACITADORES MAIS ENFATIZADOS OU EVENTUALMENTE EXCLUSIVOS DOS QUAIS
DECORREM OS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS GANHADORES DE PEDIDOS
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS GANHADORES DE PEDIDOS
RELACIONADOS
MMA Foco em clientes sensíveis aos baixos preços; foco na padronização do produto, sendo que alguma diferenciação é possível; foco na eficiência operacional/alta produtividade; alta especialização do trabalho.
Produtividade
ME Foco na qualidade; foco no fornecimento ao cliente de uma ampla diferenciação de produtos, com pouca diversidade; foco na identificação e eliminação de desperdícios; adoção da estratégia de controle da produção just in time, formada por vários princípios (produção puxada, etc...); autonomação.
Qualidade e Flexibilidade
MR Foco no atendimento de clientes que priorizam a diversidade de produtos, o tempo de resposta e o cumprimento de prazos; adoção de estratégia de controle da produção que foca a competição baseada no tempo num ambiente de alta variedade de produtos.
Responsividade
(Flexibilidade+Velocidade+ Pontualidade)
CM Foco no atendimento da demanda fragmentada para diferentes gostos e necessidades; redução no ciclo de desenvolvimento do produto e também no ciclo de vida dos produtos; participação do cliente ao longo das etapas do ciclo de vida dos produtos.
Customabilidade
MA Foco na identificação de novas e inéditas oportunidades de negócios; gestão baseada em competências-chave; desenvolver habilidades para dominar mudanças e incertezas; empresa virtual.
Adaptabilidade
(Fonte: GODINHO, 2004)
Em razão da importância dos SICOPROCs para atingir os objetivos
de desempenho em manufatura, detalha-se a seguir, um pouco mais as
características desta função.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 216
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
BURBIDGE (1988), propôs uma das primeiras classificações dos
SICOPROCs, o qual dividiu este sistema em três grandes grupos: a) sistema
para fazer de acordo com o pedido (quando não se produz para estoque,
mas, sim, para ordens de clientes); b) sistemas de estoque controlado (nos
quais as decisões de produção baseiam-se nos níveis de estoque); c)
sistema de fluxo controlado ( quando as decisões são baseadas na
conversão do MPS para necessidades de itens componentes).
Segundo FERNANDES (2003b), os SICOPROCs são classificados
em quatro grupos com os principais e mais utilizados sistemas, alocados em
cada categoria:
1. Sistema de pedido controlado: neste sistema, é impossível
manter estoques de produtos finais. Dois sistemas de pedidos
controlados são:
a) Sistema de programação por contrato;
b) Sistema de alocação de carga por encomenda.
2. Sistema de estoque controlado que puxa a produção: nestes
sistemas as decisões são baseadas no nível de estoque, que puxa
a produção. Quatro sistemas são classificados dentro desta
categoria:
a) Sistema de revisão contínua;
b) Sistemas de revisão periódica;
c) Sistema CONWIP EC;
d) Sistema Kanban de duplo cartão.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 217
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
3. Sistema de fluxo programado que empurra a produção: estes
sistemas baseiam sua decisão na transformação das necessidades
do MPS em itens componentes por um departamento de
Planejamento e Controle da Produção centralizado. Além disso, o
fluxo de materiais segue a mesma direção do fluxo de informações,
ou seja, a produção é empurrada. Cinco sistemas são classificados
nesta categoria:
a) Sistema de estoque base;
b) PBC (Period Batch Control);
c) MRP e MRP II (Material Requirements Planning);
d) OPT (Optmized Production Technology).
e) Sistema de lote componentes e Sistema de lote padrão;
4. Sistemas híbridos: este sistema têm características das duas
classes anteriores. Quatro sistemas são classificados nesta
categoria:
a) Sistema de controle Max Min;
b) Sistema CONWIP H;
c) Sistema Kanban de cartão único;
d) Sistema RDB (tambor, corda, pulmão).
Semelhanças / Diferenças entre Manufatura Ágil e Customização em
Massa
A Manufatura Ágil (MA) e a Customização em massa (CM), são dois
dos mais importantes e recentes PEGEMs. Na literatura existe uma certa
dificuldade em se estabelecer as diferenças e semelhanças entre eles e por
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 218
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
serem recentes, apresenta-se a seguir, uma análise comparativa para
contribuir com a definição do modelo mais adequado para determinada
empresa e ou situação.
A Manufatura Ágil tem como principal direcionador as mudanças. O
número e tipos de mudanças que a empresa pode precisar enfrentar é muito
grande. Portanto a Manufatura Ágil esta relacionada a um mercado em
constante mudança. Más, o grau desta mudança é o fator determinante
para a uso da Manufatura Ágil, acredita-se que quanto maior o número de
mudanças, seus tipos e a peridiocidade que elas ocorrem, maiores serão as
chances da Manufatura Ágil ser o paradigma ideal para uma empresa.
Quanto à Customização em Massa, seus principais direcionadores
são três: clientes desejando customização, grau de customização de
empresas concorrentes (para que a customização represente fonte de
diferenciação no mercado) e possibilidade de customização dos produtos da
empresa.
Quanto aos direcionadores existem algumas semelhanças entre
Manufatura Ágil e Customização em Massa, uma vez que ambas não são
direcionadas a todas as empresas. Além disso, a demanda por serviços
customizados pode representar uma mudança para diversas empresas,
aproximando um pouco os dois paradigmas. No entanto o mercado que a
Manufatura Ágil se propõe a cobrir é mais abrangente do que o da
Customização em Massa, uma vez que ela prepara a empresa para conviver
e prosperar em ambientes com um grau de mudanças muito grande,
enquanto a Customização em Massa está somente relacionada a mudanças
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 219
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
nas preferências dos consumidores. Em outras palavras, a Manufatura Ágil
está relacionada a um ambiente bem mais turbulento do que a
Customização em Massa. As mudanças para as quais a customização em
massa está preparada são muito menores do que aquelas que a Manufatura
Ágil propõe-se a enfrentar.
O objetivo ganhador de pedidos priorizados pela Customização em
Massa e da Manufatura Ágil são os mesmos: flexibilidades de curto e de
longo prazo, adaptabilidade e ciberneticidade. Porém estes objetivos se
estruturam de forma completamente diferente para atender aos objetivos
ganhadores de pedido secundários da Customização em Massa e da
Manufatura Ágil, respectivamente os objetivos “customabilidade” e agilidade:
• flexibilidade de curto e longo prazo: na Customização em Massa a
flexibilidade estrutura-se de forma a possibilitar a produção de uma ampla
variedade de produtos de acordo com os gostos dos clientes; já na
Manufatura Ágil a flexibilidade está voltada para a mudança nos processos,
visando a alterar completamente a linha de produtos sempre que necessário.
Esta diferença no objetivo da flexibilidade faz com que cada um desses
paradigmas enfatize tipos específicos de flexibilidade: enquanto a
Customização em Massa prioriza, a longo prazo, a flexibilidade na
produção (refere-se á capacidade do sistema de produção produzir
diferentes tipos de produtos sem grandes investimentos em equipamentos),
a Manufatura Ágil prioriza a flexibilidade e o mercado a longo prazo (refere-
se à habilidade do sistema tratar mudanças nas necessidades dos clientes e
mudanças tecnológicas).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 220
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
• adaptabilidade: na Customização em Massa a adaptabilidade da equipe
de projetos está relacionada ao rápido lançamento de novos produtos
baseados nos requisitos dos clientes; porém este lançamento está restrito ao
mix de produtos da empresa. Já na manufatura ágil esta adaptabilidade está
diretamente relacionada às oportunidades de negócio, ou seja, a equipe de
projetos deve lançar novos produtos de acordo com o mercado, mesmo que
estes estejam fora do mix de produção atual. É claro que isto deve ser feito
de forma totalmente ligada com às possibilidades de flexibilidade da
produção.
• “ciberneticidade”: na Customização em Massa, este objetivo está
relacionado ao alto uso da tecnologia e dos sistemas de informação com o
propósito principal de estabelecer contato com os clientes visando conhecer
o grau de customização. Já na Manufatura Ágil, a utilização da tecnologia e
dos sistemas de informação é bem mais intenso e focado no
estabelecimento de parcerias virtuais, empregando também inteligência
artificial, softwares de realidade virtual, multimídia, softwares baseados em
programação orientada a objetos, dentre outras tecnologias para apoiar os
vários sistemas da empresa.
Quanto aos outros objetivos de desempenho da produção (qualidade,
velocidade, pontualidade e produtividade), tem-se que estes são
qualificadores tanto à Customização em Massa como à Manufatura Ágil.
Entretanto, existe uma diferenciação importante entre esses dois
paradigmas no tocante a pelo menos dois destes objetivos; desempenho nos
objetivos velocidade, pontualidade e produtividade (custo) da Manufatura
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 221
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Ágil seja pior do que na Customização em Massa , pois a agilidade é algo
mais difícil (mais caro e mais lento) de ser conseguido do que a
“customabilidade”.
Para finalizarmos esta discussão a respeito das semelhanças e
diferenças entre a Customização em Massa e a Manufatura Ágil referente
aos objetivos estratégicos, deve-se deixar claro que existem trade offs entre
a “customabilidade” e a agilidade, pois, como se pôde notar na ocasião da
discussão dos objetivos, as diferentes áreas da empresa devem ser
direcionadas a um ou outro objetivo ganhador de pedidos. Esta afirmação
esta de acordo com GORANSON (1999), para qual: “podemos imaginar
facilmente exemplos onde a agilidade 1 (“customabilidade”) age contra
agilidade”. Acredita-se também que a recíproca seja verdadeira.
Semelhanças / diferenças com relação aos princípios
Com relação aos princípios existem algumas semelhanças tais como;
integração entre processos, compartilhamento de conhecimentos, utilização
de avançadas tecnologias de manufatura para trazer flexibilidade ao
processo e ao projeto, utilização de módulos padrões, foco no cliente, preços
um pouco acima da média para “pagar” a “customabilidade” e a agilidade.
Mas em razão dos mercados que ambas querem atingir e os objetivos
estratégicos relacionados, ambos apresentam alguns princípios
diferenciados: enquanto a Manufatura Ágil cita que a empresa deve dominar
as mudanças e incertezas do mercado onde a empresa está inserida, a
Customização em Massa preocupa-se em atender o cliente dentro de sua
série de produtos, fazendo com que o cliente participe do processo de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 222
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
customização. Uma etapa do processo de interação entre o cliente e a
empresa proposto por DA SILVEIRA et al (2001) ilustram bem esta
diferença: estes autores citam que a empresa customizada em massa deve
“definir um catálogo de opções para que o cliente defina o grau de
customização que este deseja do produto”, existe um limite para a
customização. Na Manufatura Ágil, diferentemente, a empresa pode precisar
mudar inclusive o tipo de produto, o negócio onde opera, etc. Outros
princípios ilustram estas diferenças: a manufatura Ágil deseja “enriquecer” o
cliente, ou seja, fornecer soluções, muitas vezes, totalmente diferenciadas
(de acordo com YUSUF, 1999 as competências-chave devem permitir que a
empresa entre em uma ampla diversidade de mercados), preparando a
cadeia para esse objetivo, sendo imprescindível a formação de parcerias
virtuais. Já a Customização em Massa está realmente preocupada em
aumentar a customização de seus produtos pregando princípios tais como
preparar a cadeia de suprimentos para a customização. Além disso, a
cooperação entre os elementos da cadeia é um diferencial da Manufatura
Ágil em relação à Customização em Massa, já que a realização de parcerias
virtuais está totalmente relacionada a esse princípio.
Outra diferença extremamente importante em relação aos princípios e
que ajuda a explicar as diferenças entre Customização em Massa e
Manufatura Ágil é a diferença com relação ao ciclo de vida. Ambos os
paradigmas estratégicos enfatizam a importância de redução dos ciclos de
vida, porém enquanto a Customização em Massa enfatiza a redução do ciclo
de vida dos produtos (os processos têm ciclo de vida maiores), a
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 223
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Manufatura Ágil enfatiza a redução do ciclo de vida dos processos e da
empresa. Portanto, enquanto a Customização em Massa fornece produtos
customizados, a Manufatura Ágil fornece também processos e empresas
customizada em massa. A Figura 21, demonstra a posição da Customização
em Massa, a Manufatura Ágil, Responsiva e Massa Atual, em relação à
facilidade nas mudanças no produto e no processo.
Semelhanças / diferenças com relação aos capacitadores
Da mesma forma que os princípios, existem muitos capacitadores
comuns à Manufatura Ágil e à Customização em Massa: a) tecnologias e
metodologias de produção e de projeto voltados à flexibilidade e
customização, tais como CAD, CAM, FMS, CIM, robôs, dentre outros;
b)tecnologias e metodologias voltadas à integração interna, tais como: ERP,
intranet; c) ferramentas da produção enxuta tais como melhoria contínua,
participação dos funcionários, treinamento, TPM, dentre outras; d)trabalho
em ambientes de produção semi repetitivos, não repetitivos ou grande
projeto; e) utilização de políticas de resposta à demanda make to order 1 e 2
e engineering to order.
Existem, porém, muitos capacitadores diferenciados direcionados aos
objetivos de cada PEGEM. que diferenciados são mostrados a seguir:
• A Manufatura Ágil utiliza-se da empresa virtual, da manufatura virtual, da
gestão baseada em competências chave e incertezas, da gestão baseada
no conhecimento (tais como sistemas especialistas) a fim de aumentar o
grau de resposta da empresa às mudanças inesperadas do mercado; já a
Customização em Massa não se utiliza desses capacitores, pois não é sua
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 224
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
intenção tratar com o mesmo grau de incertezas e mudanças da Manufatura
Ágil;
• Com relação aos sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e
Compras (SICOPROCs), apesar de ambos os paradigmas utilizarem-se
basicamente dos mesmos SICOPROCs, estes devem ser configurados de
acordo com os objetivos de cada paradigma e muitas vezes outros sistemas
diretamente voltados à customização ou à agilidade (tratar por exemplo
empresas virtuais) podem ser utilizados;
• Com relação à cadeia de suprimentos tem-se que na Customização em
Massa toda a cadeia de suprimentos deve estar preparada para a alta
customabilidade ( a cadeia deve ser simultaneamente integrada e
desagregada), enquanto a cadeia de suprimentos da manufatura ágil deve
estar pronta a se reconfigurar rapidamente para o inesperado, e os próprios
componentes da cadeia serem diferenciados de acordo com a oportunidade
(na empresa virtual os parceiros são temporários);
• Com relação à tecnologia e aos sistemas de informação voltadas à
integração externa (internet, EDI, dentre outros) tem-se que na
Customização em massa esta tecnologia é voltada ao estabelecimento de
contatos com clientes, ao passo que na Manufatura Ágil é voltada a
realização de parcerias virtuais;
• Com relação ao projeto, tem-se que a Manufatura Ágil apresenta maior
ênfase nesta área com ferramentas tais como a prototipagem rápida. Isto é
em razão de que na Manufatura Ágil os graus de diversidade e de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 225
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
dificuldade desta atividade serem maiores do que na Customização em
Massa, uma vez que a Manufatura Ágil é voltada à inovação, como já foi
discutido anteriormente.(Tabela 9).
Tabela 9: Manufatura Ágil x Customização em Massa: semelhanças e diferenças Fonte: (GODINHO, 2004)
ELEMENTOS-CHAVE DO PEGEM
SEMELHANÇAS DIFERENÇAS
Direcionadores -ambas não são direcionadas a todas as empresas;
-demanda por produtos customizados pode ser entendida como uma mudança
-o principal direcionador da MA é a mudança; já o da CM é a existência de um mercado desejando a customização e a possibilidade de customização dos produtos
Objetivos estratégicos
-semelhanças na ênfase dada aos objetivos ganhadores de pedido e qualificadores
-apesar dos objetivos ganhadores de pedido serem basicamente os mesmos, estes se estruturam de forma completamente diferente para atingir os objetivos “customabilidade” e agilidade
Princípios -Princípios comuns: integração, compartilhamento de conhecimentos, foco do cliente, preços um pouco acima da média, utilização de avançada tecnologia para trazer flexibilidade ao processo
-Na Manufatura Ágil a empresa deve dominar as mudanças e incertezas do mercado no qual a empresa está inserida; já a Customização em Massa se preocupa em atender o cliente dentro de sua gama de produtos;
-A Customização em Massa enfatiza a redução dos ciclos de vida dos produtos e a Manufatura Ágil enfatiza redução dos ciclos de vida dos processos e das empresas;
-A cooperação externa é muito mais enfatizada na Manufatura Ágil
Capacitadores -Capacitadores comuns: tecnologias e metodologias voltadas à integração interna e flexibilidade no processo; alguns capacitadores da Manufatura Enxuta; ambientes de produção e políticas de resposta à demanda semelhantes
-Capacitadores diferem quanto à utilização de técnicas para enfrentar grandes mudanças e incertezas (enfatizado na Manufatura Ágil), quanto aos SICOPROCs e aos sitemas de projetos, quanto às ênfases das tecnologias de integração externa e quanto ao comportamento da cadeia de fornecimentos
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 226
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
10.3 As principais correlações entre os paradigmas e suas ferramentas
A medida que se apresentam novos desafios aos sistemas produtivos,
entende-se que os critérios direcionadores, objetivos de desempenho,
princípios e capacitadores estão presentes na organização da produção para
atingir os objetivos estratégicos competitivos. Neste sentido é importante
mencionar, as principais correlações entre os paradigmas e suas
ferramentas, por meio dos quatro elementos-chave que são os pilares de
sustentação de um PEGEM:
Produção Artesanal
• Direcionadores: necessidade de subsistência, demanda local;
• Objetivos de Desempenho: atendimento da demanda que era
maior do que a oferta;
• Princípios: organização extremamente descentralizada, emprego
de máquinas de uso geral, o artesão quase sempre realizava todas
as etapas do processo e o volume de produção baixíssimo.
• Capacitadores: força de trabalho altamente qualificada em projeto,
operação de máquinas, ajustes e acabamento;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 227
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Produção em Massa Precedente (MMP)
• Direcionadores: mercado estável, clientes entendendo os baixos
preços como o principal diferencial competitivo;
• Objetivos de Desempenho: ganhador de pedidos-
produtividade/custo; qualificador – qualidade (abordagens do usuário
e do valor)
• Princípios: alta especialização do trabalho; foco em nichos de
mercado sensíveis aos baixos preços; padronização do produto; foco
na eficiência operacional/alta produtividade; os gerentes “pensam” e
os operários executam”; alto grau de integração vertical; os produtos
devem ter longos ciclos de vida
• Capacitadores: economia de escala; utilização intensiva de peças
intercambiáveis; uso intenso de máquinas especializadas; uso da
linha de montagem cadenciada mecanicamente; roteiros estritamente
fixos e inflexíveis; utilização do estudo de tempos e métodos e análise
detalhada do processo; trabalhar em ambientes sem diversidade ou
diferenciação nos produtos; estratégia de resposta à demanda make
to stock ; utilização do lay out por produto com padrão de fluxo flow
shop; amplo conhecimento e colocação em prática da literatura sobre
manufatura em massa.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 228
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Manufatura em Massa Atual (MMA)
• Direcionadores: mercado estável; clientes entendendo os baixos
preços como o principal diferencial competitivo; clientes desejando
pequena/média diferenciação;
• Objetivos de Desempenho: ganhador de pedidos -
produtividade/custo; qualificador – qualidade do usuário, valor e da
produção;
• Princípios: alta especialização do trabalho; foco em nichos de
mercado sensíveis aos baixos preços; padronização de produto; foco
na eficiência Operacional.
• Capacitadores: economia de escala; utilização intensiva de peças
intercambiáveis, uso intenso de máquinas especializadas; uso da
linha de montagem cadenciada mecanicamente; roteiros estritamente
fixos e inflexíveis; utilização de tempos, métodos e análise do
processo; estratégia de resposta à demanda make to stock; utilização
do lay out por produto com padrão de fluxo flow shop; amplo
conhecimento e colocação em prática da literatura sobre manufatura
em massa; ambiente de produção sem diversidade; alguma
diferenciação é possível.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 229
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Manufatura Enxuta (ME)
• Direcionadores: foco na qualidade; foco no fornecimento ao cliente
de uma ampla diferenciação de produtos, com pouca diversidade;
• Objetivos de Desempenho: foco na identificação e eliminação de
desperdícios; adoção da estratégia de controle da produção just in
time; autonomação;
• Princípios: determinar o Valor para o Cliente; Identificar a Cadeia
de Valor; Fluxo de Valor; Produção “Puxada”; Busca da Perfeição.
• Capacitadores: 5S; Mapa Fluxo de Valor; Layout na Manufatura
Enxuta; Formação de células de Produção; Sistema kanban de
Controle da Produção; Troca Rápida de Ferramenta (TRF); JIT;
Manufatura Responsiva (MR)
• Direcionadores: clientes que desejam a alta responsividade, os
clientes devem estar dispostos a pagar preços mais altos por
diferenciais em tempo e variedade oferecidos pelo competidor
baseado no tempo.
• Objetivos de desempenho: ganhador de pedidos –
responsividade; velocidade, pontualidade e flexibilidade de curto
prazo; qualificadores - flexibilidade de longo prazo; alta variedade
(diversidade); lançar rapidamente novos produtos no mercado
(adaptabilidade); qualidade; produtividade.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 230
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
• Princípios: simplificar ao máximo o fluxo de materiais;
subdividir os processos em unidades produtivas de acordo com tipos
de lay outs; classificar as unidades produtivas; escolher os sistemas
de Coordenação de Ordens de Produção e Compra mais adequados
para cada unidade produtiva; escolher um sistema de programação
da produção com capacidade finita para complementar o SICOPROC;
considerar sempre os efeitos da velocidade na qualidade dos
produtos.
• Capacitadores: análise de Fluxo de Produção (PFA: Production
flow Analysis); lay outs celular (com padrão de fluxo flow shop ou job
shop) e funcional (pequenos job shops); sistema de classificação de
sistemas de produção; sistemas de produção preferencialmente semi
repetitivos, porém em alguns casos também sistemas repetitivos e
não repetitivos são possíveis/estratégias de resposta á demanda
make to stock, assembly to order e make to order 1 e 2; SICOPROCS:
CONWIP h, OPT, PBC e sistema de alocação de cargas por
encomenda; sistemas de programação da produção com capacidade
finita; sistema de classificação e metodologia para a escolha destes
sistemas; literatura sobre sistemas de programação da produção e
sobre toda a MR; gráficos que relacionam efeitos da velocidade nas
taxas de refugo.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 231
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
Manufatura Ágil (MA)
• Direcionadores: mudanças no mercado incluem: crescimento do
nicho de mercado; mudanças políticas nacionais e internacionais;
aumento da taxa de mudanças no modelo do produto; redução do
ciclo de vida dos produtos; mudanças no critério competitivo incluem:
mudanças rápidas no mercado; aumento na pressão por redução de
custos; aumento de pressão por produtos inovadores; aumento da
competição internacional: diminuição do tempo de lançamento no
mercado de novos produtos (time to market); responsividade dos
concorrentes a mudanças; as mudanças nas necessidades dos
clientes incluem: demanda por produtos e serviços customizados:
rápido tempo de entrega e time to market; aumento da expectativa por
qualidade; mudanças repentinas em quantidades de pedidos e
especificações; as mudanças tecnológicas incluem: introdução de
métodos de produção mais rápidos, econômicos e eficientes;
introdução de novos softwares; introdução de novas tecnologias de
informação; as mudanças nos fatores sociais incluem: pressões
ambientais; expectativas da força de trabalho; pressões políticas e
legais; problemas culturais; mudanças nos contratos sociais;
mudanças nos planos de produção, processos e procedimentos da
produção, quantidade do pedido, tempo de entrega; reputação da
empresa; planos futuros para o crescimento e expansão da empresa,
política de introdução de novos produtos, dentre outros.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 232
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
• Objetivos de Desempenho: ganhador de pedidos - agilidade,
capacidade de tratar ambientes inesperados e em constante
mudanças, tirando proveito disso; qualificadores - adaptabilidades,
“ciberneticidade”, flexibilidades de longo prazo e de curto prazo;
velocidade, pontualidade, produtividade e qualidade
• Princípios: produtos de alta qualidade e altamente customizados;
produtos e serviços com conteúdo de alto valor agregado e
informativo; mobilização das competências chave; compromisso com
assuntos sociais e ambientais: síntese de diversas tecnologias;
resposta a mudanças e incertezas; integração dentro da empresa e
entre empresas; características ou princípios chave - cooperação para
o aumento da competitividade; estratégia baseada no valor; domínio
das mudanças e incertezas; aumentar o impacto das pessoas e
informações; redução dos ciclos de vida dos processos .
• Capacitadores: empresa virtual / manufatura virtual; integração da
cadeia de suprimentos; gestão baseado em competências chave;
engenharia simultânea; gestão baseada na incerteza e na
mudança; gestão baseada no conhecimento; tecnologia hardware
- ferramentas e equipamentos; tecnologia de informação -
computadores e softwares; sistema de projeto; sistemas de
planejamento e controle; integração de sistemas e gerenciamento de
banco de dados; pessoas melhoria contínua; comprometimento da
alta gerência e empowerment; pessoas multi-habilitadas, flexíveis e
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 233
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
com conhecimento;trabalho em equipe e participação; treinamento e
educação contínua;
Customização em Massa:
• Direcionadores: clientes desejando customização; representar
uma característica diferencial, como fonte de vantagens competitivas
no mercado; Os produtos devem ser customizáveis.
• Objetivos de desempenho: ganhador de pedidos -
customabilidade, flexibilidade a longo prazo, flexibilidade a curto
prazo, adaptabilidade e “ciberneticidade”; qualificadores - velocidade,
pontualidade, produtividade e qualidade.
• Princípios: atender a demanda fragmentada para diferentes
gostos e necessidades; Preços um pouco acima da média para
compensar perda de eficiência; Cadeia de Suprimentos deve estar
preparada para a Customização em Massa; O conhecimento deve ser
compartilhado; Alta utilização de tecnologias para flexibilizar o
processo e o projeto; Redução do ciclo de desenvolvimento de novos
produtos e do ciclo de vida dos produtos; Participação do cliente ao
longo das etapas do ciclo de vida dos produtos; Utilização de
módulos.
• Capacitadores: alguns capacitadores da Manufatura Enxuta
(participação da força de trabalho, trabalho em equipes, redução de
set up, manufatura celular, manutenção produtiva total, utilização de
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 234
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
ferramentas de controle da qualidade e produção puxada);
Tecnologias basicamente utilizadas para fornecer alto grau de
flexibilidade e customização: para isto utilizam-se tecnologias e
ferramentas de projeto e processo flexíveis tais como robôs, FMS,
CIM, CAD, CAM, módulos, alimentadores de partes flexíveis; fornecer
integração interna: para isto utilizam-se sistemas de informação
integrados tais como ERP e a intranet; fornecer integração externa
com o propósito de estabelecer contatos com os clientes visando
estabelecer o grau de customização necessário: para isto utilizam-se
o EDI, a internet, dentre outros sistemas de comunicação; economias
de escopo; SICOPROCs direcionados à customização (PBC, OPT,
sistemas de alocação de carga por encomenda, MRP e PERT/COM.
10.4 A integração e adaptação da produção aos objetivos estratégicos
corporativos
Compreende-se de todo este cenário, que o Planejamento e Controle
da Produção assume a responsabilidade de direcionar a produção aos
objetivos estratégicos corporativos, se valendo de todo o conhecimento
desenvolvido ao longo do tempo, para capturar informações do ambiente
externo e interno das organizações, integrar as decisões em todos os níveis
da empresa, para mobilizar adequadamente os recursos produtivos
disponíveis, conforme as prioridades competitivas estabelecidas pelas
estratégias. Verifica-se também, que os paradigmas Manufatura em Massa
Atual (MMA), Enxuta (ME), Responsiva (MR), Customização em Massa (CM)
e Ágil (MA), citados em GODINHO (2004), AZZOLINI (2004), entre outros
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativo: A Organização Burocrática Racional... 235
Capítulo 10:- Adequação dos Paradigmas Produtivos...
autores, com suas respectivas ferramentas, são os paradigmas que mais
atendem às prioridades competitivas do cenário atual. (Figura 22)
O presente trabalho é um instrumento para melhorar a aplicação
prática dos paradigmas de manufatura, uma vez que trata os PEGEMs,
muitas vezes, considerados panacéias na literatura, cada qual direcionado a
certas situações específicas, com princípios, métodos e ferramentas
destinados a alcançar certos objetivos estratégicos da manufatura.
Res
pons
abili
dade
da
Cad
eia
de S
upri
men
tos
Forn
eced
or, P
rodu
tor,
Exp
ediç
ão e
Dis
trib
uiçã
o Conhecim
ento = Experiência + T
reinamento
Conhecim
ento gera as habilidades necessárias
Enterprise Resource Planning – ERP a empresa pode estar apoiada entre outras tecnologias da informação
Adequações dos Paradigmas a partir das Prioridades Competitivas
1. Em Qualidade 2. Em Flexibilidade 3. Em Custo 4. Em Variedade 5. Em Produtividade
Paradigmas do sistema produtivo
1. Manufatura em Massa 2. Manufatura Enxuta 3. Manufatura Responsiva 4. Customização em Massa 5. Manufatura Ágil
Estratégia Competitiva
Áreas de decisões
Estruturais Infra-estruturais
Instalações Industriais Recursos Humanos Capacidade Gestão da Qualidade Tecnologia Organização Integração Vertical Sistemas Administração Integração Horizontal Da Produção
1. JIT 2. OPT
PCP
Mutações de mercado influenciadas por mudanças no cenário competitivo Internacional Estratégia Competitiva
Figura 22: Escopo dos ambientes relacionados a mutação do Sistema de Administração da Produção. (Fonte: AZZOLINI, 2004)
Avanço quanto ao aprimoramento do processo de gestão da produção
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...236
Capítulo 11: Conclusão
Capítulo 11: Conclusão
11.1 Conclusão
Este trabalho teve como objetivo, acompanhar por meio de revisão
histórica, a trajetória do desenvolvimento de novos paradigmas de produção
a medida que se apresentam novos desafios aos sistemas produtivos.
Contudo, o trabalho cumpre seu objetivo na medida em que foi possível, por
intermédio de vasta literatura, revisar os motivos que levaram Frederick
Winslow Taylor aos primeiros pensamentos administrativos científicos e a
sua evolução com o surgimento de novos paradigmas.
Nesta pesquisa foi possível compreender as mudanças de cenários e
os avanços tecnológicos utilizados para atingir os objetivos de cada
paradigma vigente em cada momento, o qual caracteriza este trajeto.
Percebe-se que na evolução do pensamento administrativo o
desenvolvimento de novos paradigmas produtivos, não descarta a utilização
dos conhecimentos adquiridos anteriormente, mas sim, avanços
incrementais a medida que se apresentam novos desafios à produção. Por
este motivo, a revisão do caráter evolucionário das técnicas de PCP é
importante, pois mantém vivo os caminhos percorridos e facilita o
desenvolvimento de novos paradigmas, por meio de aproveitamento dos
conceitos, ferramentas e experiências já existentes, aprimorando-os para a
solução de novos problemas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...237
Capítulo 11: Conclusão
Demonstra-se tal trajetória, com a apresentação dos conceitos:-
produção artesanal; teorias administrativas com os movimentos - clássicos,
relações humanas, estruturalistas, contingências e consolida-se o conceito
de produção em massa até o final da década de 1970. Este conjunto de
paradigmas, ESCRIVÃO FILHO (1997) denomina: Organização Burocrática
Racional Legal. Na seqüência, em meados de 1980 até os nossos dias,
iniciou-se o movimento denominado, pelo citado autor, Organização
Burocrática Racional Competitiva, composta pelo desenvolvimento
acelerado das inovações tecnológicas e científicas acompanhadas por um
novo pensar administrativo e de controle da produção. Apoiados nessa base
de conhecimentos, surgem novos conceitos, ferramentas e filosofias, entre
outras do tipo: JIT, Reengenharia, Qualidade, Terceirização, Seis Sigmas,
5S, OPT, MRP I, MRP II, ERP, Manufatura Enxuta, Responsiva, Ágil,
Customização em Massa; para atender às mutações do mercado que se
fazem presentes.
Baseado neste contexto, permite-se concluir que a produção se
adapta e se integra aos objetivos estratégicos das organizações e ainda,
formular hipóteses pelo processo de inferências dedutivas sobre o futuro das
organizações, da sociedade e do meio-ambiente.
11.2 Hipótese sobre o futuro das organizações
Todas as organizações buscam por vantagens competitivas que as
impulsionarão para a liderança do mercado e as manterão lá. Hoje, os
recursos tradicionais apenas proporcionam vantagens temporárias – o local
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...238
Capítulo 11: Conclusão
do escritório perde importância na era digital, o capital circula livremente pelo
mercado global e novas tecnologias são rapidamente copiadas.
As organizações estão reconhecendo que o último recurso da
vantagem competitiva, duradoura, está para ser descoberto em algo inerente
e exclusivo a cada organização: seu capital humano, sua força de trabalho e
os processos para gerenciá-lo.
Segundo FLEURY & FLEURY (2001, p.36-37), o primeiro estágio da
globalização foi a do mercado financeiro na década de 70, o segundo foi a
globalização comercial na década de 80 e o terceiro e atual é o da
globalização produtiva iniciado no fim da década de 90. Assim, o citado autor
considera: o que mais adiciona valor são as atividades inteligentes, pelo
advento da globalização dos mercados, da produção e da economia
baseada no conhecimento. Dessa forma há três tipos de trabalho nessa
nova economia: 1º O trabalho rotineiro de produção (que não interessa e
pode ser exportado); 2º O trabalho rotineiro de serviços (que também não
interessa, porém não pode ser exportado) e o 3º O trabalho intelectual ( que
interessa e deve ser cada vez mais incentivado).
As atividades que são mais “intensivas em inteligência”, como por
exemplo: as montadoras de automóveis ou de eletroeletrônicos estão cada
vez mais focalizando suas atividades em design, marketing e finanças, que
são as atividades estratégicas dessa indústria. A concepção de produtos e
sistemas de produção é de interesse estratégico e possibilita o exercício do
comando do processo de agregação de valor na cadeia de fornecimento.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...239
Capítulo 11: Conclusão
As atividades de montagem propriamente dita, estão cada vez mais sendo
entregues a terceiros.
11.3 Hipótese sobre o futuro da Sociedade
A passagem da cultura escrita para a cultura eletrônica, modifica os
limites de tempo e espaço. O novos formatos de acesso a informação
influenciam o profissional com relação ao seu novo papel.
CRAWFORD (1994) tece considerações básicas para a compreensão
de certas mudanças que acabam por influenciar as relações da sociedade
industrial para a do conhecimento e este passa a ser recurso estratégico.
Assim sendo, as universidades, centros de pesquisa e institutos acadêmicos,
tornam-se centros de excelência na produção de recursos humanos. O fator
relevante é a aceleração tecnológica que deixa os conhecimentos adquiridos
obsoletos e, por este motivo, a necessidade de uma educação continuada.
No artigo "Um novo mapa do Mundo - Um planeta dividido não por
ideologia, mas por tecnologia" no The Economist, Jeffrey Sachs ressalta
que uma pequena parte do planeta, responsável por cerca de 15% de sua
população, fornece quase todas as inovações tecnológicas existentes. Uma
segunda parte, que engloba talvez metade da população mundial, está apta
a adotar essas tecnologias nas esferas da produção e do consumo. A
parcela restante, que cobre por volta de um terço da população mundial, vive
tecnologicamente marginalizada – não inova no âmbito doméstico, nem
adota tecnologias exte rnas.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...240
Capítulo 11: Conclusão
O desenvolvimento da microeletrônica proporcionou ao mundo
inestimáveis avanços tecnológicos e de qualidade de vida, porém com a
apropriação capitalista dos recursos produtivos, coloca-se em dúvida sobre o
que esperar para o futuro em assuntos do tipo: logística; lay-out , processos
de fabricação; ampliação dos produtos e serviços; oferta e demanda;
aumento populacional; qualidade; custos; responsabilidade social; meio-
ambiente; desemprego estrutural – qual o papel do RH (Metade da
população mundial tem menos de 24 anos de idade. Um bilhão desses
jovens precisarão de emprego na próxima década).
11.4 Hipótese sobre o futuro do meio-ambiente
A superprodução desnecessária que não satisfaz, nem de longe, as
necessidades de tantos famintos e nus, constitui a exploração irracional dos
recursos disponíveis, compromete a sanidade mental da raça humana e o
meio-ambiente, que deveriam ser conservados para as gerações futuras.
A possível cura desse mal se iniciará quando o ser humano se
propuser a desenvolver o equilíbrio social e ambiental acima do êxito
momentâneo de grupos sociais minoritários e individuais.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
241
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABREU,A.B.–Novas reflexões sobre a evolução da teoria administrativa: os
quatro momentos cruciais no desenvolvimento da teoria
organizacional.v.16,n.4,p.96-108Revista Administração Pública,1982.
ANSOFF,H.I.-Estratégia Empresarial.São Paulo: Mc Graw Hill Brasil, 1977.
AZZOLINI JR., W.: Tendência do processo de evolução dos sistemas de
administração da produção. São Carlos, 2004. Tese (Doutorado) –
Universidade Federal de São Carlos. Departamento de Engenharia de
Produção.
BAGNOLO, CÉSAR,E.S. -As relações da TQM com a Estratégia
Competitiva: Análise da Qualidade como Base de Sustentação de
Vantagens Competitivas. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção). Faculdade de Engenharia Mecânica e de Produção-Universidade
Metodista de Piracicaba, 2002.
BARRETO, A.; SMIT, J. - Ciência da Informação base conceitual para a
formação do profissional. São Paulo: Polis, 2002.
BENDIX, R.–Work and authority in industry. New York:Wiley & Sons,1956.
BONOMA,T.,C-Ase research in marketing: Opportunities, problems, and
a process. Journal of Marketing Research, v.22, n.2, p.199-208, 1985;
BOLWIJN, P. T.; KUMPE, T. Manufacturing in the 1990s – productivity,
flexibility and innovation. Long Range Planning, v. 23, n. 4, p. 44-57, 1990.
BOOTH, R. (1996) - Agile Manufacturing. Engineering Management
Journal, vol. 6, n.2, pp.105-112, April.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
242
BUNCE, P. & GOULD, P. – From Lean to Agile Manufacturing. IEE
Colloquium (digest), 278, 1996;
BRYMAN,A.-Research methods and organization studies. London:
Routledge,1995;
BURBIDGE, J.L. –The Introduction of Group Technology. Heinemann,
1975.
BURBIDGE, J.L. – Planejamento e Controle da Produção. São Paulo:
Atlas,1988.
BURBIDGE, J.L. – Production Flow Analysis. Clarendon Press. Oxford,
1996.
CHIAVENATO,I. -Teoria geral de administração. 7.ed. rev. e atual., Rio de
Janeiro: Campus, 2004.
CONTADOR, J.C.-Gestão de Operações, 2ªed. São Paulo: Edgard Blucher,
1998;
CORRÊA, H.; GIANESI, G.N.- Just in Time, MRPII e OPT: um enfoque
estratégico. 2ªed. São Paulo: Atlas, 1993;
CORRÊA, H.L.; SLACK, N.D.C. - Flexibilidade estratégica na manufatura:
incertezas e variabilidade de saída. Revista de Administração, São Paulo,
v.29, n.l, 1994.
CORRÊA, H.; GIANESI, G.N.- Planejamento, Programação e Controle da
Produção – MRP II / ERP; Conceitos uso Implantação. São Paulo: Atlas
Brasil, 1997;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
243
CORRÊA, H.L.; GIANESI, G.N. Planejamento,programação e controle da
produção: MRP II /ERP conceitos, uso e implantação. São Paulo:
Atlas,1999.
CORRÊA, H. L. Agile Manufacturing as the 21st Century Strategy for
Improving Manufacturing Competitiveness, in: GUNASEKARAN, A.
(editor): Agile Manufacturing: the 21st Century Competitive Strategy,
Elsevier, 2001
CORRÊA E CORRÊA, H.L., C.ª, Administração de produção e operações
manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo:Atlas,
2004;
COSTA,L.S.S.; CAULLIRAUX,H.M. -Manufatura integrada por
computador, sistemas integrados de produção: estratégias,
organização, tecnologia e recursos humanos.Rio de Janeiro:Campus/
Senai, 1995.
CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano: o talento a inteligência
e o conhecimento como forças econômicas, seu impacto nas empresas
e nas decisões de investimento. Trad. Luciana B. Gouveia. São Paulo:
Atlas, 1994.
CROSBY, Phillip B. - Qualidade é investimento. 6.ed. Rio de Janeiro : José
Olympio, 1994.
DA SILVEIRA, G; SLACK, N. - Exploring the trade off concept.
International Journal of Operations and Production Management, v. 21, n. 7,
p. 949-964, 2001.
DAVIS, S.M. –Future perfect. Mass: Addison Wesley, 1987
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
244
DELORENZO NETO, A. – Sociologia aplicada à administração. São Paulo:
Atlas, 1973.
DEMING, W. E. Qualidade: a revolução da administração. Rio de janeiro:
Marques Saraiva, 1990.
DURAY, R.; WARD, P. T.; MILLIGAN, G.W.; BERRY, W. L. - Approaches
to mass customization: configurations and empirical validation. Journal of
Operations Management, v. 18, n. 6, p. 605-625, 2000.
ESCRIVÃO FILHO, E. - A contribuição dos temas estratégia, estrutura e
tecnologia ao pensamento administrativo . São Carlos. Tese (Doutorado) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1996.
FAYOL, H. – Administração industrial e geral.9ª ed.São Paulo:Atlas, 1975.
FEIGENBAUM, A. V. Controle da qualidade total: gestão e sistemas. São
Paulo : Makron Books, 1994
FERNANDES, F.C.F; - Concepção de um sistema de controle da produção
para manufatura celular. Tese (Doutorado), Escola de Engenharia de São
Carlos. São Carlos – SP, 1991.
FERNANDES, F.C.F; - Planejamento e Controle da Produção. Material de
aula de Planejamento e Controle da Produção 2. Universidade Federal
de São Carlos. São Carlos – SP, 2003a.
FERNANDES, F.C.F; - Planejamento e Controle da Produção. Material de
aula de Planejamento e Controle da Produção 2. Universidade Federal de
São Carlos. São Carlos – SP, 2003b.
FERNANDES, F.C.F & MACCARTHY, B.L.: -“Production Planning &
Control: the gap between theory and practice in the light of modern
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
245
manufacturing concepts”. Proceedings of the 15th International Conference
on CAD/CAM, Robotic & Factories of the Future (CARS&FOF’99), Águas de
Lindóia-Brazil, v.1, pp. from MF2-1 to MF2-6, August 1999.
FLEURY, A.; FLEURY, M.T.L – Estratégias empresariais e formação de
competências: um quebra-cabeça caleidoscópico da indústria
brasileira. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2001
GARÓFALO, G.- Teoria Microeconômica. São Paulo: Atlas, 1994.
GARVIN, D. A . –Gerenciando a Qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark,
1992.
GOLDHAR, J.D. & JELINEK, M. –Plans for economies of scope. Harvard
Business Review, vol.61, n.6, November-December, pp. 141-148, 1993.
GIANESI E CORRÊA- Planejamento Estratégico de Operações,São
Paulo:Atlas,1994.
GODINHO FILHO, M. – Paradigmas Estratégicos de Gestão de
Manufatura: Análise, propostas de metodologias, relações com o
Planejamento e o Controle de Produção e estudos de caso na indústria
de calçados. Tese de doutorado, Universidade Federal de São Carlos
(UFSC), São Carlos, 2004.,
GODINHO FILHO, M. ; FERNANDES, F.C.F. Um sistema para classificar
e codificar os trabalhos relacionados com o Controle da Produção e o
Controle da Qualidade. Revista Gestão & Produção, vol.10, n.1, abril 2003.
GODINHO FILHO, M. – Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de
São Carlos, 2001.
GOLDMAN, S. L.; NAGEL, R. N.; PREISS, K. Agile Competitors and
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
246
Virtual Organizations, Van Nostrand Reinhold, New York, 1995.
GOLDMAN, S.L.; NAGEL, R.N.; PREISS, K.; DOVE, R. –Iaocca Institute:
21st Century Manufacturing Enterprise Strategy. An industrial Led View. 1
& 2.Iaocca Institute, Bethlehem, PA.,1991
GOLDRATT, E. M. - A Meta. São Paulo: Educator , 1986;
GOLDRATT, E. M. - A Corrida pela Vantagem Competitiva. São Paulo:
Imam, 1989.
GORANSON, H. T. The Agile Virtual Enterprise – Cases, Metrics, Tools.
Quorum Books, Westport, Connecticut, London, 1999.
GOVINDARAJAN I.; SHANK, J. – Gestão estratégica de custos. Rio de
Janeiro; Campus, 1995;
GUERRINI, F.M. - Um modelo integrado de administração de produção
para empresas de construção civil. São Carlos:Tese (Doutorado) – Escola
de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1999.
GUERRINI, F.M.; ESCRIVÃO FILHO, E. -Evolução do Pensamento
Administrativo. In: Encontro Regional da ANGRAD, Ribeirão Preto:
ANGRAD,1997,v.1,p.67-78.
GUNASEKARAN, A. Agile manufacturing: A framework for research and
development. International Journal of Production Economics, v. 62, n. 1-2,
p. 87-105, 1999
HALL, A. – A methodology for sistems engineering. New York: John Wiley
& Sons, 1962.
HAMEL,G.; PRAHALAD,C.K. - Competindo pelo futuro. Rio de Janeiro:
Campus, 1994.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
247
HAMMER, M.; CHAMPY, J. -Reengenharia. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
HANDFIELD, R.B. – Reengineering for time-based competition. Business
One Irwin Homewood, IL, 1995.
HANDFIELD, R.B & PANNESI, R.T – Antecedents of lead time
competitiveness in make-to-order manufacturing firms. International
Journal of Production Research, vol. 41, n.4, pp. 511-537, 1995.
HANDFIELD, R.B & PANNESI, R.T. – An empirical study of delivery
speed and reliability. International Journal of Operations and Production
Management, vol. 12,n.2,pp.58-72, 1992.
HAUTANIEMI, P. & PRITILLÃ, T. – The choice of replenishment policies
in an MRP environment. International Journal of Production Economics,
vol.59, pp.85-92, 1999.
HEILBRONER, R., - História do pensamento econômico. São Paulo: Nova
Cultura, 1997.
HILL, T.- Manufacturig strategy, 2. ed. London: Macmillan, 1993.
HOMANS, G.C. – As pesquisas na Western Eletric. In: BALCÃO, Y.F.;
CORDEIRO, L.L, eds. O comportamento humano na empresa. 4 ed., Rio de
Janeiro: FGV, 1979.
HORTE, S.A. LINDEBERG, P.,TUNALV, C. -Manufacturing strategies in
sweden. Int. J. Prod. Res., vol.25, n11,1987;
HUBERMAN,L.-História da riqueza do homem. Rio de Janeiro:Zahar,1969.
ISHIKAWA, k. –“TQC-Total Quality Control” .Estratégia e Administração
da Qualidade. São Paulo: IMC Internacional Sistemas Educativos., 1986.
JORGE, T.- Economia notas introdutórias. São Paulo: Atlas,1990.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
248
JURAN, J. M. Planejando para a qualidade.São Paulo: Pioneira,1990.
KRITCHANCHAI D.; MACCARTHY B.L. –Responsiveness and strategy in
manufacturing. Proceedings of the workshop Responsiveness in
Manufacturing. digest nº98/213, IEE, London, 1998
KUHN, T. S., - A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo:
Perspectiva, 1989.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M. A.- Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo: Atlas, 2005;
LAU, R. – Mass Customization: The next industrial revolution. Industrial
Managemente, vol.37, n.5,pp.8-9, 1995.
LAU, H.C.W. & WONG, E.T.T. – Application of Information Technology in
Agile Manufacturing. In: GUNASEKARAN, A. (editor): Agile
Manufacturing: the 21st Century Manufacturing Enterprise Strategy,
Elsevier, 2001;
LAWRENCE, P.; LORSCH,J.W. – As empresas e o ambiente. Petrópolis:
Vozes, 1973.
LEVI, A.R.,-Estratégia em ação. Administração estratégica, estratégia
competitiva, análise de portfólio, posicionamento de produtos.São
Paulo: Atlas, 1986.
MACCARTHY, B.L. & FERNANDES, F.C.F. – “A multi-dimentional
classification of production systems for the design and selection of
production planning and control systems”. Production Planning &
Control, v.11, no 5, pp.481-496, 2000.
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
249
MINTBERG, H.; QUIN, J. B., -The estrategy process: concepts, contexts,
and cases.3a ed. New Jersey: Prentice Hall, 1996.
MOTTA, F.C.P.; PEREIRA, L.C.B. – Introdução a organização burocrática.
São Paulo: Brasiliense, 1983.
OLIVEIRA, DJALMA DE PINHO R. DE. -Sistemas de informações
gerenciais: estratégicas, táticas operacionais.6a ed. São Paulo: Atlas,
1999.
OHNO, T., O Sistema Toyota de Produção. Porto Alegre: Bookman, 1997.
OWEN, D. & KRUSE, G. – Follow the custumer. Manufacturing
Engineering, vol. 118, n.4, pp. 65-68, 1997;
PINE, B.J. – Mass Customization: The New Frontier in Business
Competition, Business Schol Press, Boston Massachussets, 1993;
PIRES, S.R.I.-Gestão estratégica da produção. Piracicaba: Unimep, 1995
PORTER, M.E- Estratégia competitiva . Rio de Janeiro: Campus, 1991.
PRAHALAD, C. H. & HAMEL, G. – The core competence of the
corporation. Harvard Business Review. Pp.79-91, May – June, 1990;
ROSSETTI, J. P.-Introdução à Economia. 14º ed. ampl. Atual. São Paulo:
Atlas, 1997.
SALLES, J.A.A. -Gestão estratégica da manufatura. Tese de doutorado,
FGV-EAESP, 1998.
SALOMON, D. -Como fazer monografia. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1991;
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
250
SCHONBERGER, R. J.- Construindo uma corrente de clientes: unindo
as funções organizacionais para criar a empresa de classe
universal.São Paulo:Pioneira-IMAM, 1992.
SHARIFI, H. & ZHANG, Z. – A Methodology For Achieving Agility In
Manufacturing Organizations. An Introduction. International Journal of
Production Economics, vol.62 pp. 7-22, 1999;
SHARP, J. M.; IRANI, Z.; DESAI, S. - Working towards agile
manufacturing in the UK industry. International Journal of Production
Economics, v. 62, n. 1-2, p. 155-169, 1999.
SHANK, J. K.; GOVINDARAJAN,V., -Gestão estratégica de custos. Rio de
Janeiro:Campus, 1993.
SHINGO,S.- Sistemas de Produção com Estoque Zero: O Sistema
Shingo para Melhorias Contínuas. Porto Alegre: Bookman, 1996
SILVERMAN,D. – The theory of organisations. London: Heinemann, 1974.
SINGER, P.-Formação da classe operária. Campinas: Unicamp, 1985
SIPPER, D. & BULFIN JR., R.L. – Production: Planning, Control and
integration. New York: Mc Graw Hill, 1997.
SKINNER, W. – The focused factory . Harvard Business Review, May-
June, 1974.
SLACK, N.-Vantagem competitiva em manufatura. São Paulo: Atlas,
1993a;
SLACK, N.- Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1993b;
SLACK, N., CHAMBERS, S., HARLAND, C., HARRISON, A. & JOHNSTON,
R. Administração da Produção. São Paulo: Ed. Atlas. (1997).
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
251
SLACK, N.; BATEMAN, T.S.-Administração: Construindo Vantagem
Competitiva. 1ªed. São Paulo: Atlas, 1998;
SMIRNOV, A. V. & CHANDRA, C. – Information Techonologies for Supply
Chain Managemente . In: GUNASEKARAN, A. (editor): Agile
Manufacturing: the 21st Century Manufacturing Enterprise Strategy,
Elsevier, 2001;
SMITH, A. – A riqueza das nações. São Paulo: Nova Cultura, 1997.
SPEARMAN, M.L.; WOODRUFF, D.L.; HOPP, W.J. – CONWIP – a pull
alternative to kanban. International Journal of Production Research,
vol.28n.5, pp.879-894, 1990.
STALK, G. ; HOUT, T. – Competing against time. The Free Press, New
York, 1990
TAGUCHI, G.; Introduction to quality engineering : designing quality into
products and processes. Trad. por Sekkeisha. 6. ed. Tokyo : The
Organization. ( Disponível na biblioteca da EP - USP ),1986.
TAYLOR, F. W. – Princípios da administração científica. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 1979.
VANALLE, R. M., -Estratégia de produção e prioridades competitivas no
setor de autopeças. Tese de doutorado. EESC-USP, 1995.
WARLICH, B.M. – Uma análise das teorias de organização. Rio de Janeiro:
FGV, 1986.
WYSZYNSKI, S.- O espírito do trabalho. Lisboa : Aster, imp., 1959
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Mestrado) Evolução do Pensamento Administrativos: A Organização Burocrática Racional...
Referências Bibliográficas
252
WHEELWRIGHT, S.C.- Manufacturing strategy: defining the missing
link, strategy management .Journal, vol. 5, 1984.
WOMACK, J. & JONES, D.T. – A Mentalidade Enxuta nas Empresas. Rio
de Janeiro, 1998.
WOMACK, J. P. et. al.- A máquina que mudou o mundo.3ªed. Rio de
Janeiro, 1992.
WOODWARD,J. – Organização industrial: teoria e prática. São Paulo:
Atlas, 1977.
YIN, R. -Case study research. London: Sage, 1989;
YUSUF, Y. Y.; SARHADI, M.; GUNASEKARAN, A. - Agile manufacturing:
The drivers, concepts and attributes. International Journal of Production
Economics, v. 62, n. 1-2, 1999.
ZACCARELLI, S. B.-Programação e controle da produção. 5a ed. São
Paulo: Pioneira, 1987.
ZACCARELLI, S. B.-Estratégia e Sucesso nas empresas. São Paulo:
Saraiva, 2000.
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo