eudes camilo da cruz - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...material-entre-crime-comum-e-crime...

27
EUDES CAMILO DA CRUZ CONCURSO MATERIAL ENTRE CRIME COMUM E CRIME MILITAR CURITIBA 2013

Upload: vankiet

Post on 12-Feb-2018

218 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

  

EUDES CAMILO DA CRUZ

CONCURSO MATERIAL ENTRE CRIME COMUM E CRIME MILITAR

CURITIBA

2013

Page 2: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

  

EUDES CAMILO DA CRUZ

CONCURSO MATERIAL ENTRE CRIME COMUM E CRIME MILITAR

Artigo científico apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa Científica, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu – Especialização em Direito Militar Contemporâneo/Núcleo de Pesquisa em Segurança Pública e Privada da Universidade Tuiuti do Paraná. Orientador: Prof. Mestre Adel El Tasse.

CURITIBA

2013

Page 3: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

  

CONCURSO MATERIAL ENTRE CRIME COMUM E CRIME MILITAR

DA CRUZ, Eudes Camilo1 [email protected]

TASSE, Adel El 2

RESUMO

Este artigo científico foi desenvolvido utilizando-se de metodologia de pesquisa científica, utilizando-se do processo lógico-dedutivo, cujo tema direciona a pesquisa sob a perspectiva dos aspectos da competência para o julgamento da Justiça Militar e da Justiça Comum, nas hipóteses de concurso material entre crime militar e crime comum. Importante observar que as Instituições Militares possuem alicerce nos princípios da hierarquia e disciplina, axiomas que compõem a interpretação das normas militares no âmbito da Justiça Militar. Em regra, compete à Justiça Militar o julgamento dos crimes militares definidos na lei penal militar, submetendo-se a ela civis e militares, salvo a competência do Tribunal do Júri, destarte, por força constitucional, a Justiça Militar Estadual não julga civis, somente militares estaduais. No concurso material entre crime militar e crime comum, ocorre a cisão do processo, o que não resulta em ofensa ao princípio da unicidade, diferentemente, ocorre em função da competência para o julgamento, a unicidade será observada posteriormente por ocasião da soma e unificação das penas. Palavras-chave: Concurso; Crime Comum e Militar; Justiça Comum e Militar.

                                                            1 DA CRUZ, Eudes Camilo. CFO/APMG (1987); Curso de Inteligência/APMG (1992); Curso de Técnica de Ensino/APMG (1997); CAO/UFPR-APMG (2000); Bacharel em Direito/Faculdade Estácio (2008); Pós-graduação em Política, Estratégia e Planejamento com ênfase em Educação – Área Sociológica, com Habilitação ao Magistério Superior/ADESG – Faculdades Integradas Espírita (2009); Pós-graduação em Gerenciamento Integrado de Segurança Pública com Complementação em Magistério Superior/Faculdade Internacional de Curitiba (2011); Medalhas Policial-Militar de Bronze e Prata; Medalha de Mérito Escolar “Cel. Dulcídio” 2° Colocado; Prêmio Personalidades Empreendedoras do Paraná, outorgado pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, pelos relevantes trabalhos prestados em prol da sociedade paranaense; Chefe da P/1 – 13° BPM; Chefe de Operações COPOM; Chefe da P/3 – 17° BPM; Subcomandante do 12° BPM; Subcomandante do 17° BPM; Comandante do 14° BPM. 2 TASSE, Adel El. (Orientador). Mestre, Professor do Curso de Pós-graduação em Direito Militar Contemporâneo/Universidade Tuiuti do Paraná. 

Page 4: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

  

MILITARY JUSTICE AND COMMON JUSTICE

ABSTRACT

This scientific paper was developed using scientific research methodology, using the logical-deductive process, whose theme directs research from the perspective of aspects of competence for trial of Military Justice and Common Justice, in the event of tender material between military crime and common crime – Common Law and Military Law. Please note that the Military Institutions have foundation in the principles of hierarchy and discipline, axioms that make the interpretation of military standards within the military justice system. As a rule , it is for the trial of military justice military crimes defined in military criminal law, submitting to her civilian and military, except the jurisdiction of the grand jury, under the constitution, the State Military Justice, civil judges not only military state. In the contest material between military crime and common crime, the fission process occurs, which results in not undermining the principle of unity, in contrast, is a function of competence for trial, the uniqueness will be seen later on the occasion of the sum and unification of feathers.

Keywords : Common Crime; Military Crime; Military Justice and Common Justice.

Page 5: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

  

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 6

2.1 CONCEITO DE CRIME .......................................................................................... 6

2.1.1 Crime Próprio, Crime de Mão-Própria e Crime Comum .............................. 10

2.2 DIREITO PENAL MILITAR .................................................................................. 12

2.2.1 Crime Militar .................................................................................................... 15

2.3 CONCURSO MATERIAL ENTRE CRIME COMUM E CRIME MILITAR ............. 18

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 21

3.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ................................................................. 21

4 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 23

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 25

Page 6: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

5  

1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem por finalidade a elaboração de um artigo científico,

cujo tema observa os aspectos relacionados ao concurso material entre crime militar

e crime comum. O estudo foi desenvolvido utilizando-se de metodologia de pesquisa

científica, adotando-se o processo lógico-dedutivo. Trata-se de pesquisa qualitativa,

sendo identificadas as seguintes variáveis: “Justiça Militar e Justiça Comum”; “Crime

Militar e Crime Comum”, dando-se ênfase à Justiça Militar Estadual. A metodologia

será objeto de aprofundamento em capítulo específico.

Inicialmente são apresentados os conceitos e natureza jurídica do crime sob a

ótica do direito penal comum, posteriormente abordando os conceitos de crime

próprio, crime de mão-própria e crime comum. O crime militar, em sua essência, tem

por finalidade a proteção e a coesão institucional, preservando a harmonia no âmbito

da Administração Militar, cujos bens protegidos incidem diretamente nos princípios

da hierarquia e disciplina militares, alicerces das Instituições Militares.

No decorrer da pesquisa são observadas as características, peculiaridades,

objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o conceito,

natureza jurídica, do crime militar.

Procurando abordar especificamente os aspectos relacionados ao concurso

material entre crime militar e crime comum, foram trazidos os conceitos relacionados

à Justiça Militar e à Justiça Comum, evidenciando-se os elementos axiológicos

incidentes em cada um destes campos da jurisdição. A pesquisa, inclusive, enfatiza

as características da Justiça Militar Estadual e a Justiça Comum Estadual.

Ao final da pesquisa apresentam-se as considerações finais, conclusões e os

resultados da pesquisa, sendo importante observar que a metodologia de pesquisa

propõe perspectivas de aprofundamento do presente estudo, uma vez evidenciada a

dimensão científica e a importância do tema frente às novas perspectivas do Direito

Penal Militar no âmbito das Instituições Policiais Militares.

O estudo não tem a finalidade de esgotar o tema, mas, o de possibilitar o

aprofundamento teórico da matéria, identificando conceitos e trazendo perspectivas

de pesquisa. Importante ressaltar a necessidade do desenvolvimento de estudos

mais específicos no campo do Direito Militar, especialmente sob a perspectiva das

Corporações Policiais Militares pertencentes aos Estados-membros e ao Distrito

Federal, um campo fértil para os estudiosos e operadores do Direito.

Page 7: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

6  

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CONCEITO DE CRIME

O crime, sob o aspecto social, deve ser concebido como uma ação contrária

aos interesses da sociedade, praticada por qualquer pessoa, contra os bens mais

importantes, deste modo, o conceito de crime também alberga a subsidiariedade, a

medida de ultima ratione da Lei. Sob o aspecto da prevenção, a norma penal tem

por finalidade a proteção dos bens mais importantes, estabelecendo punições in

abstracto, obstando o cometimento de ilícitos desta natureza sob a perspectiva da

potencial repressão criminal através de medidas que resultam na restrição ou

privação da liberdade, restrição de direitos, pecuniárias e multa.

No campo da repressão, a norma penal apresenta-se como o elemento de

retributividade social, estabelecendo sanções ao autor do delito, sob a perspectiva

da intensidade da ofensa ao bem protegido e o conteúdo axiológico da conduta –

nível e intensidade de reprovação social do ato praticado pelo criminoso. Dentro de

quaisquer destas expectativas da norma penal – repressiva ou preventiva – a lei tem

por finalidade, inclusive, de ressocialização e inclusão social do criminoso por

ocasião do cumprimento da pena, destarte, sem esta expectativa – de normalização

social – a norma penal apresentar-se-ia inócua e desprovida do seu fundamento à

luz da Declaração Universal dos Direitos do Homem, traduzida em princípios de

direitos e garantias fundamentais e petrificada nos artigos da Constituição da

República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988, a qual teve a

amplificação de seus dispositivos por ocasião do Decreto 678, de 6 de novembro de

1992, onde se promulgou a Convenção Americana de Direitos Humanos – Pacto de

São José da Costa Rica, de 22 de novembro de 1969 – após ter o Governo

brasileiro depositado a Carta de Adesão a essa Convenção em 25 de setembro de

1992. Estes aspectos podem ser observados no artigo 5°, item 6, in verbis, do

respectivo diploma internacional, do qual o Brasil passou a ser signatário: “6. As

penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a

readaptação social dos condenados”.

A intensidade da proteção dos direitos e garantias fundamentais pode ser

observada através da prioridade do direito à vida na Constituição de 1988,

concebendo a vida como o bem maior, do qual se originam os demais direitos –

Page 8: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

7  

liberdade, dignidade, integridade física. A intensidade desta proteção pode ser

observada já no caput do artigo 5°, in verbis, dispositivo onde são observados

amplamente os direitos e deveres, individuais e coletivos: “art. 5°. Todos são iguais

perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e

aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade [...]”.

Em linhas gerais, pode-se concluir que o artigo 5°, da Constituição de 1988,

criteriosamente direciona os limites de atuação do Estado no campo das liberdades

individuais, definindo critérios clínicos de legitimidade e legalidade de exercício do

poder coercitivo, e o dever de atuação dos órgãos jurisdicionais em proteção dos

direitos e garantias individuais, na forma do inciso XLI, in verbis, do respectivo artigo:

“a lei punirá qualquer discriminação atentatória aos direitos e liberdades

fundamentais”.

Consigna-se, neste dispositivo, o dever do Estado em responsabilizar os seus

agentes pelo abuso ou desvio de finalidade no exercício de suas atividades, e de

modo especial, quando atentatórias aos direitos e liberdades individuais, salvo nas

hipóteses em que o ato praticado esteja alçado pela norma penal como conduta

criminosa, em conformidade com o inciso XXXIX “não há crime sem lei anterior que

o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, inciso LIII “ninguém será

processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” e, inciso “ninguém

será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Observe-

se que a Lei não impede que a Administração Pública possa impor limites ao

exercício das liberdades individuais, contrariamente, a Lei determina quais as

circunstâncias em que o Estado, com a tutela da força, deverá opor-se à conduta

dos particulares em função do interesse público ou da coletividade, ou seja, o

Estado encontra-se no dever de garantir a preservação da ordem pública, garantindo

a convivência harmônica na sociedade, aplicando a Lei e fiscalizando o exercício

das liberdades individuais. Cumpre observar que os particulares, no exercício de

suas liberdades, encontram limites estabelecidos pela Lei – faculdades, vedações e

restrições – enquanto ao Estado, diferentemente, são permitidas ações sob a ótica

do princípio da Legalidade, ou seja, sendo permitidas ações quando a Lei assim

determinar – ato vinculado - ou facultar-lhe a prática do ato – ato discricionário – em

qualquer das hipóteses, dentro dos limites estabelecidos pela norma.

Page 9: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

8  

Tendo sido prefaciado o conceito social de crime, sob a ótica da norma

constitucional e de Direitos Humanos, importante alçar-se ao conceito de crime sob

os aspectos formal, material e analítico. A identificação destes conceitos traz

importante aspecto na interpretação da norma penal, pois conduz o hermeneuta

através da sinuosa ontognoseologia da norma, proporcionando um melhor

entendimento do Direito ante ao fato concreto.

O conceito formal de crime, de acordo com Dezen Junior et all (2009, p. 14),

alberga os seguintes aspectos: “leva em consideração o crime visto na sua forma,

na sua aparência externa. Crime, portanto, é toda ação legalmente punível (é toda

conduta que viole uma norma penal incriminadora)”.

Damásio Ernesto de Jesus (1996, p. 133), tradicionalmente tem definido o

conceito formal de crime como “fato típico e antijurídico. A culpabilidade, como

veremos, constitui pressuposto da pena”.

Segundo Mirabete (1992, p. 91), o conceito formal de crime “alcança apenas

um dos aspectos do fenômeno criminal, o mais aparente, que é a contradição do

fato a uma norma de direito, ou seja, a sua ilegalidade como fato contrário a norma

penal”. Para este autor, o conceito formal não apresenta toda a complexidade do

vocábulo, pois ausente a completude científica na proposição deste conceito,

obstando de realizar uma análise profunda da essência, conteúdo e matéria.

Considerando-se o conceito de crime sob o aspecto material, Dezen Júnior et

all (2009, p. 14) dispõem:

esse conceito leva em consideração o crime visto na sua essência, na sua substância. Crime é toda ação ou omissão dirigida finalísticamente à produção de determinado resultado, provocando uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico individual ou interesse coletivo. 

Observe-se que, diferentemente do conceito formal, o conceito material de

crime assevera maior profundidade científica na essência e substância,

considerando crime toda ação ou omissão humana dirigida a uma finalidade

específica, ou seja, a de provocar uma lesão ou ameaça de lesão a um bem jurídico

ou interesse, individual ou coletivo.

Para Mirabete (1992, p. 93-94), o conceito de crime material orienta-se pela

motivação do legislador no momento da elaboração da norma penal incriminadora, o

fator axiológico que justificou a proteção do bem jurídico pela Lei Penal. O conceito

material pode ser considerado incompleto, pois, dificilmente poderia ser aplicado,

Page 10: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

9  

quando em voga valores e interesses do corpo social ou na consideração de

condutas contrárias às normas de cultura: “a melhor orientação para a obtenção de

um conceito material de crime [...] é aquela que tem em vista o bem protegido da lei

penal [...] não se construiu ainda, assim, um conceito material inatacável de crime”.

Para Damásio Ernesto de Jesus (1996, p. 133), o conceito de crime material,

expõe a relevância jurídica do bem protegido, pondo em destaque o conteúdo

teleológico, sendo importante reconhecer os motivos e os critérios que levaram ao

legislador em considerar e tipificar uma conduta como criminosa: “sob o ponto de

vista material, o conceito de crime visa aos bens protegidos pela lei penal. Desta

forma, nada mais é que a violação de um bem penalmente protegido”.

O conceito analítico de crime, segundo Mirabete (1992, p. 94), trata-se de

uma evolução dos conceitos formal e material, e que traz consigo dois

posicionamentos teóricos, o finalista e o causalista e que tem como características

comuns a antijuridicidade e a tipicidade, e como núcleo, a análise da culpabilidade.

Segundo Dezen Junior et all (2009, p. 14), o conceito analítico “define o crime

quanto às suas partes integrantes”, e admite três visões: a) bipartida – onde o crime

corresponde ao fato típico e a antijuridicidade, tendo a culpabilidade como

pressuposto de aplicação da pena; b) tripartida – o crime trata-se de um fato típico,

antijurídico e culpável, onde a culpabilidade apresenta-se como requisito; c)

quadripartida – onde se observa o crime como fato típico, antijurídico, culpável e

punível. Concluindo este posicionamento, o autor argumenta que:

apenas a quadripartida não é aceita pela doutrina, uma vez que a punibilidade não é um requisito do crime, mas tão-somente uma conseqüência deste. No entanto, as duas outras posições (bipartida e tripartida) estão corretas, havendo, na doutrina, uma ligeira preferência pela corrente tripartida.

A lógica trás no seu bojo que o conceito analítico de crime admite adeptos

das teorias finalista da ação – onde a culpabilidade consiste em um vínculo subjetivo

que liga a ação ao resultado  –  e causalista da ação – onde se admite que o crime

sempre seja uma ação voluntária que abrange o dolo e a culpa em sentido estrito e

que tem uma finalidade necessária. Diante destes aspectos, é importante observar

que o conceito de crime sob o aspecto analítico, portanto, apresenta-se como o mais

adequado ao Código Penal brasileiro após a reforma de 1984, onde foi adotada a

teoria finalista da ação, neste sentido Fernanda Maria Zichia Escobar (2010, p. 2):

Page 11: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

10  

“segundo a teoria finalista da ação, adotada após a reforma do Código Penal, em

1984, crime é fato típico e antijurídico (ou ilícito). A culpabilidade é tão somente

pressuposto para aplicação da pena”.

2.1.1 Crime Próprio, Crime de Mão-Própria e Crime Comum O direcionamento deste capítulo aborda os aspectos relacionados ao crime

próprio, crime de mão-própria e crime comum, em linhas gerais, Carlos Henrique de

Carvalho Filho (2007, p. 73), doutrina que:

o crime comum pode ser praticado por qualquer pessoa [...] no crime próprio ou especial, a conduta exige um agente definido [...] o crime de mão-própria é aquele que só pode ser cometido pelo autor em pessoa, não admite co-autoria, podendo ser admitida a participação.

Determinados tipos penais somente admitem que determinados sujeitos, com

atributos específicos, possam ser autores do crime, Fernanda Maria Zichia Escobar

(2010, p. 4), neste sentido, apresenta a seguinte argumentação: “exige do agente

determinada qualidade, como a da mãe no infanticídio ou a de funcionário público no

peculato”. Observe-se que, na hipótese do infanticídio, somente a mãe no estado

puerperal pode praticar o crime, não sendo admitido, pelo direito, que outra pessoa

seja dominada pelo aspecto fisiopsíquico em consequência de parto alheio; quanto

ao peculato, a condição de funcionário público apresenta-se como o núcleo

normativo do tipo, ou seja, o direito somente admite que a conduta se subsuma ao

tipo penal quando o agente, valendo-se de sua condição de funcionário público ou

em função desta, permite ou concorre para a subtração de bem móvel ou valor

financeiro pertencente ou sob a posse da administração pública.

Complementando este raciocínio Dezen Junior et all (2009, p. 5) consideram

que: “crime especial ou próprio, para a sua existência é necessário que o agente

detenha alguma condição específica, sem a qual inexiste o crime”. Importante

considerar que a inexistência do crime não impede que a conduta possa

corresponder à outra hipótese de incidência sobre o tipo penal, ou seja, quando

ausente a condição de funcionário público em relação ao autor, e inexistente o

concurso de pessoas para a prática do fato, a pessoa que subtrai bem pertencente à

administração pública responderá pelo crime de furto; do mesmo modo, ausente a

condição de genitora sob o estado puerperal, responderá o autor pelo crime de

Page 12: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

11  

homicídio com as agravantes correspondentes ao crime praticado contra

descendente.

Victor Eduardo Rios Gonçalves (2008, p. 13), explica que: “crimes próprios

são os que só podem ser cometidos por determinada categoria de pessoas, por

exigir o tipo penal certa qualidade ou características do sujeito ativo”. O crime

próprio considera em seu tipo determinadas circunstâncias e qualidades afetas ao

sujeito ativo, sem as quais, afasta-se a hipótese de incidência do tipo, conduto, pode

a conduta circunscrever a outro tipo penal, ou seja, o fato de o ato não caracterizar a

respectiva modalidade, não se trata de circunstância absolutória, mas, em

circunstância que afasta a incidência da norma penal admitindo-se, quando

existente, a aplicação de outro dispositivo.

Aprofundando o estudo Victor Eduardo Rios Gonçalves (2008, p. 13) discorre

que: “crimes de mão-própria são aqueles cuja conduta só pode ser executada por

uma única pessoa e, por isso, não admitem co-autoria”. A modalidade de crimes de

mão-própria não pode ser confundida com o conceito e natureza jurídica dos crimes

próprios. Os crimes de mão-própria correspondem aos crimes que não admitem a

co-autoria, trata-se de modalidade de crime que só admite a prática do ato

diretamente pelo autor, destarte, podendo ocorrer participação. Os crimes próprios

correspondem a tipos penais onde o legislador estabeleceu objetivamente as

qualidades e características dos autores, uma vez inexistentes estas, inexiste a

ocorrência do tipo, o que, acima de tudo, não corresponde à circunstância que

resulta necessariamente na absolvição, mas, simplesmente no afastamento da

incidência do dispositivo, por ausência de correspondência entre a conduta praticada

pelo autor ao tipo penal.

Para Dezen Junior et all  (2009, p. 5), nos crimes de mão-própria, não se

admite autoria mediata: “essa espécie de crime poderá ser praticada por qualquer

pessoa, desde que o faça diretamente; não se admitindo que outrem o pratique,

sendo incabível a autoria imediata”. O crime próprio diferencia-se da modalidade de

crime de mão-própria, neste, o crime poderá ser praticado por qualquer pessoa, nas

hipóteses de autoria direta, realizada pelo próprio autor. O crime de abandono de

função pública apresenta esta característica, embora possa ser praticado por

qualquer funcionário público não se admite a co-autoria – pratica o crime o sujeito

que abandona a função pública – o crime somente ocorre com a prática realizada

diretamente pelo autor, admitindo-se, sobretudo, a participação.

Page 13: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

12  

Quanto aos crimes comuns, estes podem ser definidos como crimes que

podem ser praticados por qualquer pessoa, não sendo exigidas qualidades ou

características relacionadas ao sujeito ativo ou passivo, como ensina Victor Eduardo

Rios Gonçalves (2008, p. 13): “crimes comuns são aqueles que podem ser

praticados por qualquer pessoa”. O respectivo conceito também pode ser

denominado de crime geral, neste sentido Dezen Junior et all  (2009, p. 5): “crime

geral pode ser praticado por qualquer pessoa, não se exigindo condição ou situação

de seu agente”.

2.2 DIREITO PENAL MILITAR

Élio e Arduin (2004, p. 9), a Constituição de 1988, em seu artigo 42,

estabelece como princípios do regime militar a hierarquia e disciplina militares,

caracterizada pela investidura militar. A obra dos autores apresenta perspectivas

relacionadas ao direito disciplinar militar sob o enfoque das polícias militares,

consideradas forças auxiliares e reservas do Exército e assemelhadas a estes em

postos e graduações, até o posto de Coronel, inclusive. A principal perspectiva,

apontada pelos autores, encontra grande significado conquanto à característica dos

militares em geral, por constituírem a classe especial devido à militar de suas

corporações, submetida a rigorosos regulamentos, normas penais e processuais de

natureza militar: “militar estadual, pela sua condição especial, só está afeto ao seu

próprio regime disciplinar, que regula as suas relações com a Administração Pública

Militar, através de leis e regulamentos” e finaliza “o militar do Estado não se

confunde com o servidor público, apesar de sua definição constitucional se encontrar

dentro do capítulo que trata da Administração Pública”. Em se tratando de crime militar, importante a concepção trazida por Assis

(2008, p. 22), conquanto à definição do que seja o Direito Penal Militar: “o Direito

Penal Militar é um direito especial, com características próprias e que se destina,

igualmente, à tutela indispensável dos altos valores que compõem as Instituições

Militares”. Diante desta perspectiva, a norma penal militar tem por finalidade

precípua a coesão institucional, a preservação da harmonia e a ordem das

instituições militares, estando submetidos à jurisdição militar da União os militares

pertencentes às Forças Armadas, e à jurisdição militar estadual os militares

estaduais. Importante observar que podem ser submetidos civis à Justiça Militar da

Page 14: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

13  

União, aspecto que não depreende perspectivas no âmbito da Justiça Militar

Estadual, à qual somente podem ser submetidos os militares estaduais.

No estudo do Direito Penal Militar sob a ótica das Polícias Militares, tem-se

observado a importância de construir-se a disciplina do Direito Penal Policial Militar.

Este campo de estudo, direito penal militar sob a ótica das polícias militares, pode

ser considerado um ramo específico das ciências, pois possui autonomia didática e

objeto de estudo particular, exigindo-se a adoção de métodos de pesquisa científica

próprios. Este posicionamento tem sido sustentado por Assis (1992, p. 73) a mais de

duas décadas, cujo primeiro convite ao aprofundamento desta perspectiva foi

abordado sumariamente em uma de suas primeiras obras, cujo título sintetiza a

citada perspectiva “Lições de Direito para a Atividade Policial Militar”:

atrevemo-nos a conceituar essa nova fase como fase do Direito Penal Policial Militar, visto que, como a Justiça Militar gravita em torno dos Códigos de Processo Penal e Penal Militares, e da Lei de Organização Judiciária Militar, são efetivamente as Polícias Militares que têm mantido a Justiça Militar como um todo, tornando-a rica em jurisprudência pelos muitos casos que se apresentam, extrapolando com folga o universo delitivo das Forças Armadas.

A possibilidade de construir-se uma nova disciplina no campo das ciências

jurídicas resulta da riqueza processual da justiça militar estadual, adaptada à

realidade das corporações policiais militares no desempenho das atividades de

preservação da ordem pública, e finaliza Assis (1992, p. 73): “é o campo fértil para

os estudiosos do direito que vale a pena ser semeado para o fortalecimento e

enriquecimento da doutrina”.

José Félix Drigo (2008, p. 127) sustenta a importância do Direito Militar e do

aperfeiçoamento das autoridades responsáveis pela sua aplicação:

o Direito Militar não é matéria nova e de pouca importância, e que o conceito de crime militar tem evoluído sendo distinta a sua aplicação em diferentes países, além do que, a autoridade competente para apurá-lo deve se aperfeiçoar no conhecimento jurídico, de maneira que consiga tirar o maior proveito daquilo que é permitido por lei investigar, e de maneira nenhuma avance sobre o direito ou garantias dos envolvidos, suspeitos ou indiciados.

Este autor caracteriza os aspectos relacionados às fases da persecução

criminal no âmbito do Inquérito Policial Militar, sendo importante a realização de

diligências investigativas, buscando-se a preservação e produção de provas, o autor

Page 15: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

14  

demonstra, através do método de direito comparado, as diferenças dos métodos de

persecução criminal em diversos países, cuja principal semelhança situa-se na

preservação dos direitos e garantias dos envolvidos, suspeitos e acusados,

especialmente nos países signatários dos acordos e convenções internacionais de

Direitos Humanos. Acima de quaisquer perspectivas, o autor aponta a importância

do princípio da legalidade, especialmente no campo da proteção dos direitos e

garantias dos envolvidos, acusados e suspeitos, aspectos norteadores e que se

relacionam diretamente com a preservação da harmonia e coesão das Instituições

Militares, objetivo do Direito Militar.

Abordando os aspectos do Inquérito Policial Militar, José da Silva Loureiro

Neto (2000, p. 14) expõe que: “sua finalidade, como consta, é fornecer ao órgão da

acusação, elementos de convicção para a propositura da ação penal, através da

elaboração da denúncia”. O Inquérito Policial Militar é inquisitivo, não se vigorando o

princípio do contraditório, competindo ao Encarregado, a realização de diligências

que entender necessárias e convenientes, buscando-se, sempre, a captura de

elementos necessários à elucidação dos fatos. O Inquérito Policial Militar trata-se de

procedimento administrativo de instrução provisória, seu desenvolvimento ocorre

sob condição de sigilo, obstando prejuízos à produção de provas e coleta de

indícios.

Diante do caráter de instrução provisória do inquérito, observa-ser que a

relação processual ocorre com o recebimento da denúncia do Ministério Público pelo

juiz militar, momento em que será garantido ao acusado a plenitude do exercício da

ampla defesa e do contraditório. Embora o Inquérito Policial Militar apresente-se

como procedimento de relevante importância, poderá ser dispensado pelo Ministério

Público, quando existentes elementos suficientes que possam indicar a autoria e a

materialidade, neste sentido Loureiro Neto (2000, p. 29): “o inquérito não é a única

maneira de que se vale o órgão da acusação para elaborar a denúncia. Documentos

e papéis podem conter razoáveis elementos que sirvam de base para a propositura

da ação penal”. Nas hipóteses de instauração do Inquérito Policial Militar, este

deverá ser concluído no prazo de vinte dias, se o indiciado encontrar-se preso,

contado da execução da ordem de prisão, e em quarenta dias, contados da data de

instauração, quando o acusado estiver solto.

Page 16: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

15  

2.2.1 Crime Militar Assis (2008, p. 25) argumenta que a legislação penal militar difere da comum

em razão da essência das atividades concernentes aos militares, de preservação da

ordem pública e a segurança da nação:

se a sociedade e a pátria lhes outorgam a condição de mantenedores da ordem e defensores das instituições, curial que ao lado de tais garantias que muitas vezes escapam ao servidor público civil lhes seja exigido com maior rigor o cumprimento de seus deveres.

O direito militar dirige-se a um determinado grupo de pessoas – aos militares

da União e aos militares estaduais – e excepcionalmente a civis. Dentre as principais

características do Direito Militar destaca-se a severidade da legislação justificada

pela suas atribuições constitucionais – a preservação da ordem e a garantia do

exercício dos poderes constituídos. O Direito Militar possui convergência com os

dispositivos constitucionais, cujos elementos e dispositivos auxiliam a interpretação

da matéria e direcionam os limites de sua aplicação, ou seja, o Direito Militar,

embora rígido e severo, possui perfeita consonância com a Constituição de 1988:

esta severidade legal, entretanto, não deve ultrapassar daqueles objetivos que realmente o especificam, em salvaguarda do serviço militar, da disciplina, da hierarquia, da condição de superior, não devendo ser estendida aos princípios informadores que regem o direito penal brasileiro, seja ele comum ou militar. (Assis, 2008, p. 25)

O Direito Militar não deve ser compreendido como uma norma de subterfúgio

à prática de ilícitos, ou como dispositivo que permite serem ultrapassados os

princípios constitucionais:

o ordenamento jurídico brasileiro deve estar amoldado às regras da Constituição da República, de forma que conhecê-lo é efetuar um passeio pela Carta Magna, identificando que dispositivos se referem às Instituições Militares (Forças Armadas e Forças Auxiliares), já que de extrema relevância seu papel para com a pátria, com os Estados e o Distrito Federal (Assis, 2008, p. 25)

As normas militares possuem dispositivos próprios e específicos direcionados

à proteção dos bens e dos interesses da Administração Militar, contudo, os

princípios constitucionais informadores da norma penal, como o princípio da reserva

legal, presunção de inocência, juiz competente, devido processo legal, a proteção

Page 17: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

16  

dos direitos e garantias individuais, a anterioridade da lei penal, aplicam-se a todo o

ordenamento penal brasileiro, comum e militar. A dimensão do Direito Militar

assevera perspectivas de ordem especial, denotando a existência de limitações,

prerrogativas e sujeições, existentes nos dispositivos da norma Constitucional

vigente, aplicados aos membros das Instituições militares, sendo importante

observar o seguinte posicionamento de Assis (2008, p. 32):

a natureza jurídica dos membros das Instituições armadas brasileiras é a de categoria de servidores da Pátria, dos Estados e do Distrito Federal, com regime jurídico próprio, no qual se exige dedicação exclusiva, restrição de alguns direitos sociais, e sob permanente risco de vida.

Tendo observado a dimensão científica do Direito Penal Militar, salutar

observar o conceito e natureza jurídica do crime militar, partindo-se da definição

trazida pelo artigo 9°, in verbis, do Decreto-Lei 1001, de 21 de outubro de 1969 –

Código Penal Militar – consideram-se crimes militares em tempo de paz:

Art. 9°. Consideram-se crimes militares em tempo de paz: I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum quando praticados: a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito a administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra militar contra militar em situação de atividade, assemelhado, ou contra funcionário de Ministério Militar ou da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acantonamento ou manobra; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a determinação legal superior. Parágrafo único. Os crimes de que trata este código, quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.

Page 18: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

17  

Complementando a pragmática do estudo, de acordo com o artigo 10°, do

mesmo diploma legal, consideram-se crimes militares em tempo de guerra:

Art. 10°. Consideram-se crimes militares em tempo de guerra: I – os especialmente previstos neste Código em tempo de guerra; II – os crimes militares previstos para o tempo de paz; III – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem expô-lo a perito; IV – os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado.

Observa-se que, tanto os crimes militares em tempo de guerra como os

crimes militares em tempo de paz, possuem em sua característica, o uníssono

elemento de coesão das instituições militares, seja direcionado à eficiência de suas

atividades e à preservação dos princípios basilares da caserna, a disciplina e a

hierarquia militares. Importa acentuar a perspectiva de que os civis podem

submeter-se à jurisdição militar da União, não sendo admitido o julgamento destes

pela justiça militar estadual. Outro aspecto importante relaciona-se à Competência

do Tribunal do Júri no julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civil

praticados por militares no exercício da função, incluído por ocasião da Lei 9299/96,

a qual acrescentou o parágrafo único no artigo 9° do Código Penal Militar. Em linhas

gerais, pode-se conceituar como crimes militares próprios, aqueles definidos

exclusivamente na lei militar.

Definem-se crimes militares impróprios, os crimes descritos no Código Penal

Militar e que possuem igual definição na norma penal comum, quando praticados por

militares no exercício da função ou em razão dela, ou, ainda, quando praticados por

civis, contra bens, interesses ou o patrimônio da Administração Militar, exceto

quando praticados contra as Corporações Policiais Militares dos Estados e do

Distrito Federal. Os crimes próprios militares somente podem ser praticados por

militares exclusivamente, excetuando-se os crimes militares constantes no Título III,

considerados crimes próprios militares praticados por civil contra o serviço militar e o

dever militar. Dentre as espécies constantes no respectivo Título III, destaca-se o

Page 19: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

18  

crime de Insubmissão, cometido exclusivamente pelo civil, por ocasião da

convocação de incorporação; este tipo contempla hipótese de crime de mão-própria,

portanto, admite a participação, não sendo admissível a co-autoria: “art. 183. Deixar

de apresentar-se o convocado à incorporação, dentro do prazo que lhe foi marcado,

ou, apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incorporação”.

Álvaro Mayrink da Costa (2004, 5), em relação ao conceito de crime militar,

argumenta que:

o Direito Penal Militar é, evidentemente, um direito tutelar, porque tutela os bens jurídicos, os interesses jurídicos da ordem militar, de modo que o crime será evidentemente militar quando atentar contra os bens ou interesses jurídicos de ordem militar, sejam quais forem os seus agentes (militares ou civis)

Em síntese, o autor sustenta que o único critério científico hábil a identificar e

caracterizar o delito militar encontra consonância com o critério ratione materiae,

pelo fato de que o crime militar apresenta-se como uma ofensa aos bens e

interesses da Administração Militar, independentemente do agente responsável pela

infração – civil ou militar – deste modo, o direito militar apresenta-se como um direito

objetivo, cuja finalidade trata-se da proteção dos interesses, priorizando a coesão e

harmonia das Instituições Militares.

2.3 CONCURSO MATERIAL ENTRE CRIME COMUM E CRIME MILITAR

O concurso de crimes assevera a observância de dois aspectos, a ocorrência

de apenas uma conduta, e a ocorrência de duas ou mais condutas praticadas pelo

agente. Álvaro Mayrink da Costa (2004, p. 394), abordando esta perspectiva

sintetiza que: “todo crime é realizado por uma conduta, nem sempre uma só conduta

corresponde a um só crime, visto que há hipóteses em que uma só conduta pode

realizar vários crimes, bem como várias condutas pode ser realizado um único

crime”. Deste modo, pode-se observar a possibilidade de concurso material tanto na

ocorrência de uma conduta, como na hipótese de ocorrência de duas ou mais

condutas praticadas pelo autor de um delito, assim, o número de resultados não

corresponde, necessariamente, ao número de condutas.

Considerando o concurso material, Álvaro Mayrink da Costa (2004, p. 403),

doutrina que: “o autor comete várias violações de um ou mais tipos penais, mediante

Page 20: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

19  

distintas ações ou omissões”. Para a ocorrência do concurso material, deve-se

observar a pluralidade de condutas como pressuposto necessário, ocorrendo a

concorrência de vários delitos, ou seja, as ações e omissões não se tratam de

elementos necessários ou concorrentes para a prática de apenas um delito,

diferentemente, o agente tem a intenção praticar diversos delitos.

Victor Eduardo Rios Gonçalves (2008, p. 151), nos termos da lei penal

comum, explica que o concurso de crimes ocorre quando uma pessoa pratica duas

ou mais infrações penais, admitindo-se três hipóteses: concurso material, concurso

formal e o crime continuado. Em se tratando de concurso material de crimes, o autor

doutrina que: “dá-se o concurso material quando o agente, mediante duas ou mais

ações ou omissões, comete dois ou mais crimes, idênticos ou não. Quando isso

ocorrer, as penas deverão ser somadas”. Os crimes normalmente apuram-se em um

mesmo processo, destarte, quando não houver possibilidade, a soma das penas

dar-se-á, no âmbito da Vara de Execuções Penais.

Em relação à conexão ou continência, a cisão do processo não ofende o

princípio da unicidade da jurisdição nem afasta os efeitos resultantes do concurso

entre crime militar e crime comum, em síntese, ocorre a divisão do processo em

razão da especialidade para o julgamento da matéria, que resulta da competência

para o julgamento, neste sentido Miguel e Coldibelli (2000, p. 100): “a separação do

processo não quebra os efeitos da conexão ou continência, quer para o foro militar,

quer para o foro comum [...] não há quebra da unidade processual exigida pela

conexão ou continência, mas só do julgamento”. Observe-se que a unidade do

processo dar-se-á posteriormente, por ocasião da soma e unificação das penas.

A cisão do processo para o julgamento decorre da observância dos efeitos da

competência, em razão da impossibilidade de apenas um juiz julgar toda e qualquer

matéria trazida ao seu conhecimento, neste aspecto Loureiro Neto (2000, p. 102):

“competência, que é a jurisdição exercida em determinado caso, pois não se

compreende que a jurisdição possa ser exercida ilimitadamente por determinado

órgão juridicante”.

Os juízes-auditores e os Conselhos de Justiça exercem as mesmas funções,

tanto na Justiça Militar Federal como na Justiça Militar Estadual, contudo, Loureiro

Neto (2000, p. 105-106) argumenta ser a Justiça Militar Estadual, o campo de

maiores fortunas para o operador do direito, devido às suas peculiaridades e

particularidades, especialmente conquanto à competência para o julgamento de

Page 21: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

20  

civis: “a Justiça Militar Estadual não pode processar e julgar civis [...] cabendo-lhe,

tão-somente, processar e julgar policiais militares nos crimes previstos no Código

Penal Militar”. O autor sustenta a existência de exceções, as quais podem ser

observadas de acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores.

Célio Lobão (2010, p. 162), neste mesmo diapasão, argumenta que: “a

competência da matéria diz respeito à natureza do litígio, à natureza da infração que

constitui o objeto do processo”. A competência da Justiça Militar assevera a

observância da matéria, aspecto especial a que o legislador constituinte entendeu

ser apreciada por órgão juridicante especializado: “a competência material da

Justiça Militar, como um dos órgãos do Poder Judiciário, vem definida na

Constituição, segundo a qual compete à Justiça Militar, federal e estadual, processar

e julgar os crimes militares definidos em lei”. A regra constitucional admite exceções

como a Competência do Tribunal do Júri, no julgamento dos crimes dolosos contra a

vida de civil, assim como, a competência da Justiça Comum para o julgamento os

crimes previstos na Lei 4898/65 – Define os crimes de Abuso de Autoridade.

Page 22: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

21  

3 METODOLOGIA

Esta pesquisa científica aborda o tema do concurso material entre crime

militar e crime comum, cuja dimensão de análise permite a identificação das

seguintes variáveis qualitativas: Justiça Militar e Justiça Comum, com ênfase aos

aspectos da Justiça Militar Estadual; crime militar e crime comum.

O objetivo geral da pesquisa direciona-se no sentido de observar as

características, o conceito e natureza jurídica do crime comum e do crime militar,

abordando-se aspectos da Justiça Militar Estadual e da Justiça Comum. O objetivo

específico da pesquisa permite identificar os aspectos que influenciam na

necessidade de cindir-se o processo.

A pergunta de pesquisa tenciona o seguinte questionamento: “A competência

para o julgamento, no âmbito da Justiça Militar, reside na observância do princípio

ratione materiae. Nas hipóteses de concurso material entre crime comum e crime

militar, necessariamente ocorre cisão do processo para o julgamento, atribuindo-se à

Justiça Militar o Julgamento dos crimes militares definidos em lei, e à Justiça

Comum, o julgamento dos crimes comuns?”.

A hipótese de pesquisa assevera que: “No concurso material entre crime

comum e crime militar a cisão do processo não resulta em ofensa ao princípio da

unicidade da jurisdição”. Corroborou-se a hipótese de pesquisa, pelo fato de que a

ocorre a divisão do processo apenas para o julgamento, a unicidade será verificada

em momento posterior, por ocasião da soma e unificação das penas.

O presente artigo científico foi desenvolvido através de metodologia de

pesquisa, utilizando-se do método lógico-dedutivo, partindo-se do geral para o

particular, sendo realizadas pesquisas bibliográficas e documentais, utilizando-se

autores e obras relacionadas ao Tema da pesquisa.

3.1 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

Diante do que foi estudado, observou-se que nas hipóteses de concurso

material entre crime militar e crime comum, atribui-se à Justiça Comum, o

julgamento dos crimes comuns, e à Justiça Militar o julgamento dos crimes militares

definidos em lei. Esta cisão não importa em conseqüências à unidade do processo,

Page 23: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

22  

mas, tão-somente, na competência para o julgamento, a unidade do processo

verificar-se-á em momento posterior, por ocasião da unificação e soma das penas. A Justiça Militar trata-se de justiça especializada, existente e necessária à

proteção dos interesses da Administração Militar, especialmente conquanto à

coesão e harmonia das Instituições Militares, estabelecidas nos princípios basilares

da hierarquia e disciplina militar. Tanto a Justiça Comum como a Justiça Militar

comungam dos mesmos princípios, seja no âmbito da proteção dos direitos e

garantias individuais dos acusados, como nos princípios afetos à processualidade.

Page 24: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

23  

4 CONCLUSÃO Alicerçando este entendimento, convém serem observados os seguintes

aspectos, especialmente em relação ao posicionamento do Superior Tribunal de

Justiça no sentido de não admitir que civis sejam submetidos à Justiça Militar

Estadual, assim como, a possibilidade de sujeitar militares à Justiça Comum em

determinadas situações expressamente previstas na Lei.

Em relação ao concurso material entre crime militar e crime comum, o

Superior Tribunal de Justiça posiciona-se no seguinte sentido:

Súmula 90 – STJ: compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele. Súmula 172 – STJ: compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.

Este posicionamento foi pacificado pela jurisprudência pátria embora

apresente divergências doutrinárias, contudo, o entendimento majoritário corrobora

esta perspectiva de que nas hipóteses de concurso material entre crime militar e

crime comum, à Justiça Militar compete à apreciação dos crimes militares, e à

Justiça Comum, o julgamento de crime comum.

De acordo com a Súmula 6 – STJ: “compete à Justiça Comum Estadual julgar

e processar delito de acidente de trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo

se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade”. Diante deste

entendimento, afastou-se a possibilidade de submeter-se o civil à Justiça Militar por

ocasião de acidente de trânsito envolvendo viatura Policial Militar, competindo à

Justiça Comum o julgamento da matéria, contudo, se autor e vítima forem militares

em situação de atividade.

A Súmula 53 – STJ estabelece que: “compete à Justiça Comum Estadual

processar e julgar civil acusado de prática de crime contra instituições militares

estaduais”. Nesta circunstância, afasta-se a competência da Justiça Militar Estadual

no julgamento de civis. Importante observar, que pela natureza das Instituições

Policiais Militares, entendeu o legislador constituinte, que somente submetem-se a

ela, os militares estaduais pelo cometimento de crimes militares definidos em lei,

salvo a competência do Tribunal do Júri, para o julgamento dos crimes dolosos

contra a vida de civil, cometidos por militares no exercício da função.

Page 25: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

24  

Os militares estaduais submetem-se à Justiça Comum, pelo cometimento de

crimes de promover ou facilitar a fuga de presos. Estes aspectos são observados na

Súmula 75 – STJ: “compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial

militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal”.

O Superior Tribunal de Justiça entendeu que a matéria subsume-se a hipóteses de

apreciação da Justiça Comum, em razão da natureza do delito.

Podem os militares estaduais cometer crimes em outras unidades federativas,

contudo, de acordo com o entendimento constante na Súmula 78 – STJ: “compete à

Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o delito

tenha sido praticado em outra unidade federativa”. Ainda que o militar seja autor de

crime militar em outra unidade federativa, será submetido ao julgamento, pela

Justiça Militar, do Estado-membro a que pertencer a sua Corporação.

Em síntese, pode-se afirmar que a divisão do processo resulta da

competência para o julgamento e apreciação da matéria, não caracterizando uma

ofensa ao princípio da unidade da jurisdição ou do processo, mas, decorrente do

objetivo de atribuir juízos de valor específicos, decorrentes da natureza das

infrações e sob a ótica e perspectivas da jurisdição competente. A matéria militar

exige critérios próprios de análise e julgamento, os quais decorrem da observância

das razões de existência e das funções concernentes às Instituições Militares,

portanto. Pode-se afirmar que seria deficiente a apreciação de matéria penal militar,

perante a Justiça Comum, sendo a recíproca verdadeira, aspecto evidenciado pelo

próprio legislador.

Page 26: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

25  

REFERÊNCIAS ASSIS, Jorge Cesar de. Direito Militar. Aspectos Processuais Penais e Administrativos. 2. ed. rev. atual. Curitiba: Juruá, 2008. _______. Curso de Direito Disciplinar Militar. Da Simples Transgressão ao Processo Administrativo. Curitiba: Juruá, 2008. BRASIL. CONSTITUIÇÃO. FEDERAL. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 18 set. 2013. _______. LEGISLAÇÃO. FEDERAL. Decreto-Lei n° 1001, 21 de outubro de 1969. Código Penal Militar. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1001.htm> Acesso em: 28 jun. 2013. _______. Decreto-Lei n° 1002, 21 de outubro de 1969. Código de Processo Penal Militar. Disponível em: <  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del1002.htm> Acesso em: 28 jun. 2013. _______. Decreto-Lei n° 2848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível em: <  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm> Acesso em: 28 jun. 2013. _______. Decreto 678, de 6 de novembro de 1992. Promulga a Convenção Interamericana de Direitos Humanos – Pacto de São José da Costa Rica – de 22 de novembro de 1969. Obra Coletiva de Autoria da Revista dos Tribunais. 12. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. _______. Lei n° 9299, de 7 de agosto de 1996. Altera dispositivos dos Decretos-leis n° s 1.001 e 1.002, de 21 de outubro de 1969, Códigos Penal Militar e de Processo Penal Militar, respectivamente. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9299.htm> Acesso em: 28 jun. 2013. CARVALHO FILHO, Carlos Henrique. Resumos. Direito Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. DE JESUS, Damásio Ernesto. Direito Penal. Parte Geral. 23. ed. São Paulo: Saraiva, 1996.

Page 27: EUDES CAMILO DA CRUZ - tcconline.utp.brtcconline.utp.br/media/...MATERIAL-ENTRE-CRIME-COMUM-E-CRIME … · objetivos e finalidades do direito penal militar, trazendo-se, ainda, o

26  

DEZEN JUNIOR, Gabriel. CORRÊA JÚNIOR, Luiz Carlos Bivar. DA ROCHA, Zélio Maia. DE ÁVILA, Thiago André Pierobom. PALOMO, Marcus. ZINATO, Kássia. Polícia Federal. Direito Constitucional, Direito Penal, Direito Processual Penal, Direito Civil, Direito Processual Civil. Vol. II. Brasília: Vestcon, 2009. DRIGO, José Félix. Aperfeiçoamento do Inquérito Policial Militar, Adequando-o à Doutrina Atual e em Concordância com a Legislação Vigente. Artigo Científico. Curitiba: Revista Integração, 2008, 1° semestre, n° 12. ESCOBAR, Fernanda Maria Zichia. Direito Penal. Parte Geral. São Paulo: BF&A, 2010. LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. Justiça Militar Federal e Estadual. 2. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Forense, 2010. LOUREIRO NETO, José da Silva. Processo Penal Militar. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. MANOEL, Élio de Oliveira. ARDUIN, Edwayne A. Areano. Direito Disciplinar Militar. Teoria, Prática e Doutrina. Curitiba: Comunicare, 2004. MIGUEL, Cláudio Amin. COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de Direito Penal. 7. ed. Vol. I. São Paulo: Atlas, 1992. RIOS GONÇALVES, Victor Eduardo. Processo Penal Parte Geral. 15. ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2008.