etnomusicologia, tras os montes 1.1

Upload: joao-possacos

Post on 27-Feb-2018

223 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    1/23

    EtnomusicologiaTrs-os-Montes (Nordeste)

    Costumes, Grupos, Filarmnicas e Cancioneiro

    ndice

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    2/23

    Introdu!o....................................................................................................2

    Cancioneiro Transmontano........................................................................3

    Gaita-de-"ole................................................................................................8

    Constru!o................................................................................................9

    #$na!o.................................................................................................. 10

    %s Gaiteiros............................................................................................11

    G&neros Musicais e Grupos..................................................................12

    % celtismo e as suas repercuss'es na msica na Galia e no Nortede *ortugal................................................................................................13

    # +anda de msica de +ru, Mogadouro............................................17

    Conclus!o...................................................................................................20

    +iliogra$a................................................................................................21

    Introdu!o

    Antes da formao de Portugal como pas independente, a

    Pennsula !"rica, e particularmente a parcela #ue $o%e constitui o

    2

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    3/23

    territ&rio portugu's, foi palco da in(aso e maior ou menor

    perman'ncia de di(ersos po(os, #ue encontra(am no mar uma

    fronteira intranspon(el e, por isso, tin$am de lutar pela so!re(i('ncia

    na#uele espao.

    A n(el musical, encontram)se naturalmente marcas da passagem

    desses diferentes po(os e culturas, em!ora a aus'ncia de registos

    impea #ue com segurana se aponte a origem de alguns dos mais

    antigos e*emplos de pr+ticas musicais. o s& as condi-es

    $ist&ricas, mas tam!"m a situao geogr+ca de algumas +reas da

    Pennsula, e*plicam a continuidade de certos fen&menos musicais e o

    desaparecimento doutros. A /ona $o%e designada de r+s)os)ontes,cercada por montan$as e conse#uentemente menos perme+(el a

    inu'ncias e*teriores, fe/, por e*emplo, perdurar as anas dos

    Pauliteiros, #ue, indissoci+(eis do som da gaita)de)foles, so !em

    possi(elmente um testemun$o da presena celta no norte do

    territ&rio peninsular.

    r+s)os)ontes " a uma regio #ue conser(ou costumes e tradi-es

    ligados 4 pastorcia, aos tra!al$os do lin$o, 4s segadas 8ceifas5 e

    mal$adas do centeio, #ue manti(eram (i(as as manifesta-es

    musicais, como o canto, com eles relacionados, e #ue so de

    rele(ante import6ncia para a nossa etnograa musical. oi a regio

    #ue mel$or conser(ou o romanceiro popular. A gaita)de)foles " o

    principal instrumento de toda a +rea transmontana, as cele!ra-es

    mais importantes aparece normalmente ao lado da cai*a e do !om!o,

    con%unto #ue se con$ece pelo nome de "s Pereiras ou aiteiros.

    ais recentemente, e*iste uma tradio de festas tocadas com

    !andas larm&nicas da regio, em #ue, principalmente antigamente,

    eram sempre festas animadas e concorridas, em #ue ningu"m #ueria

    perder nen$um epis&dio da festa, #uer da parte do dia, com o incio

    do dia de festa e a arruada da man$, seguindo da procisso,

    acontecendo esta 4 tarde. urante a festa poder)se)ia encontrar nos

    locais de con((io pessoas com reale%os, $arm&nios, gaitas de foles,

    3

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    4/23

    autas por entre outros (ariados instrumentos. : noite, os !ailaricos e

    os despi#ues de !andas, %untamente com o (in$o animam as danas

    e os comuns desacatos de #ual#uer arraial de aldeia.

    Cancioneiro Transmontano

    ; romanceiro portugu's tem sido fre#uentemente destacado pelos

    especialistas como um dos mais importantes ramos do romanceiro

    $isp6nico e europeu. istingue)se pela conser(ao de temas raros ou

    descon$ecidos nas outras tradi-es

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    5/23

    norte)americanos, Joanne L Purcell, Mamuel .Armistead e =andace

    Mlater.

    ;s =antos ransmontanos constituem uma das mais profundas e

    originais e*press-es da musical regional portuguesa. Im!ora noa!orde neste tra!al$o as inu'ncias remotas ou pr&*imas destes

    cantos. as no $+ du(ida #ue, em mGltiplas das suas fei-es, a

    musical regional de r+s)os)ontes le(anta perple*idades e

    interroga-es. N poss(el #ue se (islum!ra nela ecos ou reminisc'ncias

    de e*press-es e formas musicais pret"ritas, medie(alismos, e*otismos,

    a gre%a, a Minagoga, os regos ou os Ora!es. ote)se a e*trema

    se(eridade desta mGsica, destes cantos, o seu car+cter despido detodo e #ual#uer sentimento ou preocupao de agrada!ilidadeQ, o

    seu desenfeitamentoQ, a sua cor terrosa ), o #ue to !em (ai com a

    paisagem de lin$as e (olumes duros, ensimesmados, com o g"nio

    rude, inteiro, da gente transmontana e o patriarcalismo dos seus

    costumes.

    o seu lirismo s&!rio e penetrante, certos romancesQ cantares )

    como al$anin$a de M. Joo, @alde(inos, al(a)mal(eta, o Lendito eoutros cantos repassados de (o/es, ancestrais, !em se pode di/er a

    e*presso pura do $omem transmontano, parcela do $omem uni(ersal,

    nos seus momentos de funda identicao com o esprito da erra.

    Im traos !re(es, apontemos alguns cantos, $inos sagrados,

    c6nticos de tra!al$o, poemas de amor e de morte, entre os maissignicati(os do patrim&nio musical do po(o transmontanoH

    C

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    6/23

    ; =onde in$o.

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    7/23

    ona Ancra. Lelo romance tal(e/ corruptela ou deformao s&nica

    de ona Ungela, romance (ulgari/ado em r+s)os)ontes e em

    Ispan$a, nesta con$ecido pela designao de >a no(ia del du#ue de

    Al!a.

    eus te sal(e, osa. Incantador romance pastoril. A melodia em

    maior e de regular ritmo !in+rio, semel$a uma graciosa ronda infantil.

    ai*in$a (erde. =ano de sa!or e corte tro(adoresco, usada em

    ui/elo como cantiga de mal$asQ. A melodia " um simples, mas

    elegante tetracorde d&rico

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    8/23

    auta pastoril

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    9/23

    =ar(al$esa. Sma das tr's danas tpicas do termo de @in$ais,

    composta de #uatro guras e acompan$ada por gaita)de)foles e

    ferrin$os.

    &)r&. =ano do !ero, de ritmo (erdadeiramente em!alador. >etraem dialecto mirand's.

    edondo. ana pastoril, e*ecutada alternadamente em fraitaQ e

    gaita)de)foles.

    +)la)don. raciosa e ing"nua cantilena de a!aularQ, isto ", g"nero

    de di+logo cantado entre os pastorin$os #ue comunicam entre si de

    um monte para o outro.

    Gaita-de-"oleGaita-de-"ole., Gaita Mirandesa. ou Gaita

    Transmontana.

    9

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    10/23

    A aita)de)fole de r+s)os)ontes +,

    dependendo dos artesos, e e*i!e inter(alos pr&*imos dos usados na

    mGsica da regio, so!retudo na auta pastoril

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    11/23

    As pr+ticas musicais e os pr&prios materiais de construo dos

    instrumentos esto profundamente en(ol(idos no conte*to agro)

    pastoril desta regio.

    As t"cnicas de construo deste instrumento eram, at" $+ !empouco tempo, artesanais, com os artesos

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    12/23

    #$na!oZo%e em dia mant"m)se um de!ate intenso so!re #ual ser+ a escala

    Y(erdadeiraY dos instrumentos desta regioH fundamentalmente

    diat&nica menor natural, menor $arm&nica, menor mel&dica, maior ou

    at" uma escala natural no)temperada.

    Megundo Al!erto Jam!rina >eal

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    13/23

    %s Gaiteiros

    as a aita)de)fole transmontana conser(a ainda alguns aspetos

    das tecnologias pr")industriais e dos sa!eres a elas associadosH

    tradicionalmente eram os pr&prios gaiteiros #ue procura(am e

    escol$iam as madeiras ade#uadas, seleciona(am o ca!rito do #ual se

    fa/ia um fole e no raras (e/es, fa!rica(am as suas pr&prias pal$etas,

    para al"m de fa/erem depois os ental$es decorati(os nas peas da

    gaita, com uma mo $a!ilidosa e uma simples na(al$a.

    ; tpico gaiteiro transmontano assume, portanto, a gura do Yaiteiro

    totalYH " ele #ue ana e fa/ a sua pr&pria gaita, aprende e ensinarepert&rio e t"cnicas e naturalmente, " ele o Yrei da festaY, #uando "

    solicitado para animar os !ailes e festas comunit+rias.

    A formao mais $a!itual " o grupo de aiteiro, =ai*a e Lom!o, sendo

    #ue o gaiteiro a!re as festas sa/onais com Al(oradas, acompan$a

    $a!itualmente as prociss-es e as danas de Y>]s PalosY

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    14/23

    G&neros Musicais e Grupos

    ;s g"neros musicais fre#uentemente associados a esta gaita so as

    danas como o Laile Agarrado, Laile Picado, Jotas, urin$eiras,

    =ar(al$esas, mas tam!"m os >$aos #ue acompan$am as danas dos

    pauliteiros, nas aldeias do concel$o de iranda do ouro.

    Para al"m da mGsica de dana, tam!"m " fre#uente #ue o gaiteiro

    se%a c$amado a acompan$ar fun-es rituais, como as al(oradas,

    passacal$os, rondas e prociss-es.

    aiteiros transmontanos famosos foram recol$idos por (+rios

    etn&grafos e e*istem numerosas gra(a-es #ue $o%e ser(em de

    inspirao para a recuperao desse instrumento e do seu repert&rio )

    entre os mais con$ecidos, contam)se os nomes deAle*andre Augusto

    eio, Jos" Joo da gre%a, anuel Mampedro, anuel Paulo artins,

    ascimento aposo, Paulino Pereira Joo, Joo Prieto ^imeno, =arlos

    onal(es, odrigo ernandes, entre outros.

    Zo%e em dia, para al"m dos gaiteiros YtradicionaisY, (o surgindo

    tam!"m no(as forma-es #ue procuram fa/er a continuao e

    reinterpretao dos repert&rios e instrumentos transmontanos, como

    por e*emplo, os grupos aiteiros de >is!oa, alandum alundaina,

    aitafolia ou >enga)lenga.

    1K

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    15/23

    % celtismo e as suas repercuss'es namsica na Galia e no Norte de *ortugal

    o 6m!ito dos processos transfronteirios, o celtismo _ um

    mo(imento transnacional inuente em (+rias partes da Iuropa )

    possuiu um importante papel na construo de identidades na ali/a

    e no norte de Portugal.

    a etnomusicologia, o celtismo tem sido o foco de in(estigao desde

    os anos 90, no entanto, em Portugal no tem sido al(o de estudos.

    Im Ispan$a, a ali/a tem sido o principal enfo#ue de in(estigao

    espor+dica. Apesar do patrim&nio musical comum, a in(estigao em

    torno do intenso interc6m!io transfronteirio entre Portugal e

    Ispan$a, en(ol(endo manifesta-es do celtismo so!retudo na

    mGsica, ainda est+ incipiente.

    ao a#ui meno para um pro%eto desen(ol(ido pela in(estigadora

    respons+(el Mal`a Il)M$a`an =astelo)Lranco e uma e#uipa de

    in(estigao do I)md _ nstituto de Itnomusicologia _ =entro de

    1C

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    16/23

    Istudos em Gsica e ana, precisamente so!re o tema #ue a!ordo

    a#ui, in(estigao esta em #ue !aseio a min$a a!ordagem ao tema.

    A an+lise comparati(a do mo(imento da mGsica celta no norte de

    Portugal e na ali/a constitui a principal estrat"gia de in(estigao,tendo como enfo#ue os processos transfronteirios de construo da

    identidade #ue instrumentali/am os patrim&nios musicais, ancorados

    na noo do celtismo (isando a construo de uma identidade luso)

    galaica.

    Pretende)se uma an+lise detal$ada das pr+ticas musicais ligadas aoceltismo e aos discursos a elas associados, e a(aliar os modos como o

    imagin+rio celta " utili/ado como elemento aglutinador no noroeste

    da Pennsula !"rica.

    esde nais da d"cada de 70, o mo(imento musical celta foi)se

    difundido a partir da Isc&cia e da rlanda para a ali/a, ligado 4

    rei(indicao desta regio como nao, e a uma emergente

    identidade luso)galaica.

    ; discurso identit+rio consolidou)se por meio de iniciati(asinstitucionais, e de grupos informais, na criao de produtos culturais

    #ue alimentaram imagin+rios celtas. este conte*to, a gaita)de)foles

    transforma)se num cone da mGsica tradicional galega, dei*ando de

    representar o modelo de folclore rural do passado para liderar um

    no(o estilo musical ur!ano, sm!olo de uma cultura contra)

    $egem&nica.

    1T

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    17/23

    esde nais da d"cada de 1980, o ensino da gaita propagou)se pela

    ali/a, ao n(el do ensino ocial e em associa-es locais, na criao

    de !andas de gaitas, num mo(imento musical de legitimao

    identit+ria. EPara tal, contri!uiu a padroni/ao do instrumento,

    en(ol(endo artesos e e*ecutantes, mas tam!"m a integrao e

    di(ulgao de no(os grupos e mGsicos galegos no mercado

    internacional da E=eltic usic.F, acrescenta Mal`a =astelo)Lranco.

    esde a d"cada de 90, o mo(imento musical te(e um impacto

    assinal+(el no norte de Portugal, atra("s de mediadores locais #ue

    contri!uram para a entrada na economia do patrim&nio cultural local,

    utili/ando)o como (eculo para a promoo econ&mica e social

    ancorada no turismo.

    Sm dos aspetos do pro%eto " a an+lise de #uatro

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    18/23

    Iste pro%eto de in(estigao ter+ como o!%eti(os a contri!uio com

    no(os con$ecimentos em torno do mo(imento da mGsica celta em

    Portugal e a sua relao com mo(imentos an+logos na ali/a e

    noutras partes da Iuropa, tal como, aprofundar e alargar a

    in(estigao so!re a utili/ao do celtismo na construo de

    identidades na +rea estudada.

    A um n(el mais geral, contri!uir+ para a compreenso da

    instrumentali/ao das pr+ticas musicais e dos discursos em torno da

    mGsica na articulao de identidades contempor6neas.

    # +anda de msica de +ru, Mogadouro

    Lru& " uma aldeia tpica transmontana do concel$o de ogadouro,

    sendo eu e os meus pais l$os desta terra, e situando)se esta no

    ordeste ransmontano, decidi a!ordar nesta parte do tra!al$o o

    maior e pro(a(elmente Gnico pro%eto musical, neste caso de !anda

    larm&nica, #ue e*istiu nesta aldeia.

    A !anda de mGsica de Lru& te(e no ano de 19T2 o seunascimento, ou digamos o seu incio como !anda.

    18

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    19/23

    Za(ia nesse tempo um padre na aldeia de nome Ant&nio

    =aseiro. Lom padre e #ue gosta(a de cati(ar os %o(ens para a sua

    c$amada 4 igre%a aos domingos. essa altura a aldeia teria mais ou

    menos C00 $a!itantes. ;s %o(ens no tin$am ocupao de tempos

    li(res e ento o Mr. Padre =aseiro montou na casa paro#uial, #ue tin$a

    ane*o um salo onde os %o(ens se reuniam, uma aparel$agem

    radiof&nica para ali poderem passar mais algum tempo sem estarem

    enfadados. =omo no $a(ia eletricidade, foi montada uma torre na

    $a!itao, onde tin$a na sua e*tremidade mais alta, umas p+s #ue o

    (ento fa/ia girar produ/indo assim energia num gerador #ue

    transforma(a em energia el"trica alimenta(a o r+dio fa/endo com

    #ue este funcionasse.

    esse tempo apareceu pela aldeia um $omen/ito de meia)

    idade, natural da aldeia de Mam!ade do concel$o de Alf6ndega da f",

    #ue no tendo onde car foi parar 4 casa do Mr. Padre #ue o acol$eu.

    Iste $omem c$ama(a)se =ampos e !astante con$ecedor de (+rias

    artes, por isso foi cando por ali fa/endo compan$ia ao padre. Ira

    professor, ensinou (+rias crianas a aprender a ler e escre(er, erarelo%oeiro concerta(a e acerta(a o rel&gio da igre%a e de #uem o

    procura(a. am!"m era mGsico, de(eras (ers+til, pois toca(a todos os

    instrumentos.

    I assim o padre =aseiro, $omem sempre muito ati(o, to

    depressa a pensou como a fe/, e lem!rou)se de fa/er uma !anda de

    mGsica em Lru&, tendo como mestre o Mr. =ampos, pois (iu neste

    $omem o seu potencial para a mGsica e era de apro(eitar, e ento os

    %o(ens teriam onde se prender e no andarem por ali a (aguear e

    en(eredarem 4s (e/es por camin$os tortuosos como se costuma

    di/er.

    Into se assim o pensou assim o fe/. a missa de domingo o Mr.

    padre todo (aidoso anunciou as suas pretens-es e #ue estariam no

    salo as inscri-es a!ertas para integrarem a !anda.

    Sns aplaudiam outros di/iamH

    19

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    20/23

    ) ; padre de(e estar tolo ele e o =ampos ol$a agora para o #ue l$e

    d+.

    Into l+ se iniciou o solfe%o en#uanto no c$ega(am os

    instrumentos. Istes tardaram em c$egar e s& passado meio ano "#ue os instrumentos apareceram. oi uma festa todos #ueriam (er e

    tocar. Iscusado ser+ di/er #ue nessa altura o salo paro#uial enc$ia)

    se de gente para (er os ensaios. Into a $ora da distri!uio dos

    instrumentos l+ apareceu.

    )Lem tu, Am6ndio, toma (ais tocar tu!a. I tu rancisco, como no

    sa!es ler (ais tocar !om!o.

    i/ia o Mr. =ampos, #ue assim foi distri!uindo os instrumentos.

    ais uns tempin$os e l+ c$egou o dia da estreia e no podia ser

    de outra forma por#ue no na festa principal da aldeia a festa de

    Pentecostes con$ecida entre n&s pela festa de maio.

    I nesse dia logo pela man$ todos (estidos a rigor, com o sr

    padre, o maestro o regedor, os mordomos e outras pessoas

    importantes da aldeia l+ iam na frente a percorrer as ruas e !ecos da

    aldeia, ou(indo)se os foguetes a anunciar a sua passagem. Atr+s da

    !anda seguia a pe#uenada aos saltos e todos contentes.

    I l+ se iam ou(indo alguns coment+riosH

    );l$a #ue !em tocam, o mestre perce!e disto. @i(a a !anda de Lru&b

    @i(ab @i(abb

    A partir da#ui comearam a aparecer os contratos e as sadas

    para outras festas. o incio os elementos da !anda seriam a uns

    trinta, mas estes foram aumentando com a c$egada de mais

    instrumentos e a sua formao *ou)se mais ou menos pelos

    #uarenta elementos.

    A !anda comeou a car anada e no (ero %+ no tin$a

    descanso e sendo c$amada %+ para festas mais importantes. Imogadouro tam!"m $a(ia !anda e o mestre era o Mr. =a(adas. Iste %+

    20

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    21/23

    temia de competir com a !anda de Lru& por#ue %+ esta(a a tocar

    mel$or do #ue eles.

    =omo na altura no $a(ia transportes pG!licos, os mGsicos

    eram transportados numa camioneta de carga. Para e(itar o controlo

    da polcia de tr6nsito, as desloca-es para as festas eram ainda feitas

    de noite. Xuando se desloca(am a uma festa por (e/es no dia

    seguinte tin$am outra atuao numa aldeia (i/in$a e a deslocao a

    fa/ia)se a p" depois do arraial terminar. Ainda $o%e contam alguns

    elementos, #ue um certo dia desses ao c$egarem 4 aldeia no

    segundo dia ainda era de noite e procuraram cada um arran%ar um

    lugar c&modo para descansar umas $oras, pois o cansao %+ era

    muito. Xuando acordaram #ual no " o seu espanto, pois tin$am

    dormido entre as campas de um cemit"rio. =ontam #ue a er(a era

    muita e como lu/ el"trica no $a(ia no conseguiram (er onde

    pernoita(am.

    ;s arraiais eram feitos pelas !andas, no $a(ia con%untos

    musicais, e ento o Mr. padre =aseiro marca(a sempre presena no

    acompan$amento da sua !anda. @+rias atua-es eram feitas, desde

    arraiais de aldeia, prociss-es, missas, !ailes ou at" para alguma

    passagem r+pida de algum secret+rio ou ministro de a#uando a

    instalao pela primeira (e/ de eletricidade na aldeia.

    e(ido 4 guerra do ultramar muitos %o(ens foram c$amados ao

    ser(io militar, outros fugiram, e outros tantos pereceram na guerra,seguido de seguida a onda de emigrao a #ue o!riga(a a po!re/a a

    !anda desfe/)se, $o%e em dia a deserticao e a falta de (ontade,

    %o(ens, e pessoal #ualicado praticamente impossi!ilita a renascena

    de este e outros grupos, em!ora $o%e em dia $a%a claramente uma

    grande (alori/ao do legado instrument+rio e musical tradicional

    #ue englo!a a regio de r+s)os)ontes, ou mais propriamente a

    realidade em #ue cresci e regularmente (isito, o ordesteransmontano

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    22/23

    Conclus!oIm tempos passados, a regio do nordeste transmontano respirou,

    (i(eu e sentiu a mGsica e as danas tradicionais com uma ligao

    ainda !astante arcaica a can-es de tra!al$o, de col$eitas e

    cele!ra-es de solstcios ligadas aos mais antigos cultos pagos cu%a

    aita)de)ole e danas dos pauliteiros irandeses esto intimamente

    associados, tal como, a identidade guerreira de um po(o de uma

    regio com modos de (ida difceis mas estreitamente relacionados

    com a ligao do Zomem 4 nature/a e a uma maneira simples e

    natural de ser e se relacionar com a comunidade e o meio

    en(ol(ente.

    odos estes costumes, tradi-es e legado cultural ti(eram e t'm

    impacto no modo #ue a mGsica inuencia muitos locais rurais menos

    centrais, muitos outros fatores t'm peso nas tradi-es culturaismusicais como as cele!ra-es religiosas crists e, como referi

    anteriormente, as cele!ra-es pags ou de origem pag. Mendo uma

    regio fronteiria, pessoas #ue passa(am na terra como emigrantes,

    feirantes e\ou comerciantes am!ulantes, saltim!ancos ou pessoas

    #ue iam de salto para Ispan$a, neste caso na altura do Istado o(o,

    em!ora com uma menor tradio, sempre ti(eram um importante

    contri!uto e papel no cancioneiro e tradio oral musical desta regio.Zo%e em dia tem $a(ido um re%u(enescimento e uma crescente

    (alori/ao da cultura, costumes e tradi-es, #uer, est+ claro, da

    mGsica e danas tradicionais. a regio de ogadouro de #ue sou

    oriundo, presenciamos atualmente um crescimento, #uer na formao

    e atua-es de grupos e danas tradicionais, #uer na procura e

    (alori/ao deste legado. ; esti(al do nterc"ltico de Mendim,

    %untamente com grupos como os >$enga >$enga ou alandum

    22

  • 7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1

    23/23

    alandaina so estandartes da mGsica celta e da sua tradio no

    Planalto irand's. a (ila de ogadouro nasceu por e*emplo, o

    esti(al da erra ransmontana em #ue se d+ prima/ia aos produtos,

    grupos musicais e danas tradicionais da regio, aliado 4s tradi-es

    pags e\ou celtas + mGsica tradicional e\ou fol com espao para

    recria-es $ist&ricas e o principal, #ue " a promoo do con((io

    entre pessoas de (+rias gera-es #ue partil$am uma identidade cada

    (e/ mais not&ria no sentido cultural e\ou tradicional.

    +iliogra$a

    23