etica no aborto

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INTRODUÇÃO Discutir a legalidade ou não de um Aborto não é das tarefas mais fáceis, pois a questão do Aborto não envolve apenas os artigos expressos no Código Penal Brasileiro, válido desde a década de quarenta sem revisões, envolve também questões individuais como: Moral, Religião, Cultura, Condições Econômicas, entre outros. A discussão sobre o Aborto Legal aumentou no Brasil devido a decisões judiciais em todo o país para a realização de Aborto em algumas situações especiais como mães portadoras de HIV, formação fetal incompatível com a vida. As Leis que falam sobre o Aborto diferem nos diversos lugares do mundo, mas podemos dividi-las em dois grandes grupos: o dos países onde o Aborto é liberado, e o dos países onde o aborto é considerado criminoso. Na América Latina, a maior parte dos países pune o Aborto inclusive com a pena de reclusão social, e punem com mais veemência os profissionais que praticam este ato. O rigor das Leis Latinas é fortemente influenciado pela forte manifestação da Igreja Católica na região, presente desde a época da colonização européia. O aborto é um caso típico onde as posições quanto ao fundamento ético são inconciliáveis. Para alguns trata-se do direito à vida, para outros é evidente que envolve o direito da mulher ao seu próprio corpo e há, ainda, os que estão convencidos de que a malformação grave deve ser

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Page 1: etica no aborto

INTRODUÇÃO

Discutir a legalidade ou não de um Aborto não é das tarefas mais fáceis, pois a questão

do Aborto não envolve apenas os artigos expressos no Código Penal Brasileiro, válido

desde a década de quarenta sem revisões, envolve também questões individuais como:

Moral, Religião, Cultura, Condições Econômicas, entre outros.

A discussão sobre o Aborto Legal aumentou no Brasil devido a decisões judiciais em

todo o país para a realização de Aborto em algumas situações especiais como mães

portadoras de HIV, formação fetal incompatível com a vida. As Leis que falam sobre o

Aborto diferem nos diversos lugares do mundo, mas podemos dividi-las em dois

grandes grupos: o dos países onde o Aborto é liberado, e o dos países onde o aborto é

considerado criminoso.

Na América Latina, a maior parte dos países pune o Aborto inclusive com a pena de

reclusão social, e punem com mais veemência os profissionais que praticam este ato. O

rigor das Leis Latinas é fortemente influenciado pela forte manifestação da Igreja

Católica na região, presente desde a época da colonização européia.

O aborto é um caso típico onde as posições quanto ao fundamento ético são

inconciliáveis. Para alguns trata-se do direito à vida, para outros é evidente que envolve

o direito da mulher ao seu próprio corpo e há, ainda, os que estão convencidos de que a

malformação grave deve ser eliminada a qualquer preço porque a sociedade tem o

direito de ser constituída por indivíduos capazes. Tais posições são características da

sociedade judaico-cristã no fim do século XX. Todavia elas não definem todas as

culturas em todas as épocas da história humana. Assim, o aborto é tema da legislação

babilônica e hebraica enquanto um delito contra a propriedade era prática comum no

mundo greco-romano. Dada a irredutibilidade das posições valorativas sobre a prática

do aborto voluntário, os textos internacionais destinados à proteção do direito à vida, em

geral, se abstêm de tomar posição sobre o tema. O hodierno predomínio da cultura

cristã, porém, fez com que a Convenção Americana relativa aos Direitos do Homem

(assinada em San Jose da Costa Rica, em 1969) reafirmasse a obrigação de os Estados

respeitarem a vida de todas as pessoas, proteger esse direito pela lei, "em geral a partir

da concepção" (art. 4°).

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Com efeito, no Brasil - Estado que ratificou a Convenção Americana relativa aos

Direitos do Homem em 1985 - provocar o aborto é crime elencado no Código Penal

vigente, decretado em 1940, e apenas nas hipóteses de não haver outro meio para salvar

a vida da gestante e de a gravidez resultar de estupro o médico que o provocar não será

criminalmente punido (Código Penal, arte. 124 e 128). Isto significa dizer que para a

sociedade brasileira, em última instância, o direito à vida deve ser protegido desde a

concepção. Tal proteção não é absoluta, porém, aceita-se que o conflito entre o direito à

vida do feto e aquele da gestante deve ser resolvido em favor da mãe.

CONCEITO DE ABORTO

Pode - se considerar Aborto a expulsão fetal do produto conceptual antes de sua

viabilidade. De acordo com a OMS, a expulsão ou a extração do concepto pesando

500mg ou menos e idade gestacional entre 20 e 22 semanas. Em uma visão clínica o

Aborto pode ser dividido em dois grandes grupos:

Espontâneo.

Provocado ou induzido.

O único tipo de Aborto passível de punição Legal é o Aborto Provocado ou Induzido,

realizado fora das situações previstas pela Lei (estupro e risco de vida para a mãe).

Existem diferentes formas de se realizar um Aborto, e cada uma delas tem suas

complicações, sendo que do ponto de vista Legal as complicações também serão

julgadas.

O aborto provocado é todo aquele que tem como causador um agente externo, que pode

ser um profissional ou um "Leigo" que utiliza as seguintes técnicas:

Dilatação ou corte: uma faca, em forma de foice, dilacera o feto que é retirado em

pedaços.

Sucção ou Aspiração: pode ser feito até a 12ª semana após o último período menstrual.

Este Aborto pode ser feito com anestesia local ou geral. Com a local a paciente toma

uma injeção intramuscular de algum analgésico. Já na mesa de operação faz um exame

para determinar o tamanho e a posição do útero. Se for anestesia geral, toma-se uma

Page 3: etica no aborto

hora antes da operação uma injeção intramuscular de Thionembutal. Inicia então uma

infusão intravenosa. O Thionembutal adormece o paciente e um anestésico geral por

inalação como o Óxido de Nitroso é administrado através de uma máscara. A partir daí

o procedimento é o mesmo da anestesia geral e local. O colo do útero é imobilizado por

um tentáculo, e lentamente dilatado pela inserção de uma série de dilatadores cervicais.

Depois está relacionada à quantidade de semanas de gestação. Liga-se esta ponta ao

aparelho de sucção, no qual irá evacuar completamente os produtos da concepção. A

sucção afrouxa delicadamente o tecido da parte uterina e aspira-o, provocando

contrações do útero, o que diminui a perda de sangue. Com a anestesia local, usa-se uma

injeção de Ergotrate para contrair, o que pode causar náusea e vômitos.

Curetagem é feita a dilatação do colo do útero e com uma cureta é feita a raspagem

suave do revestimento uterino do embrião, da placenta e das membranas que envolvem

o embrião. A curetagem pode ser realizada até a 15ª semana após a última menstruação.

Este tipo de aborto é muito perigoso, por que pode ocorrer perfuramento da parede

uterina, tendo sangramento abundante. Outro fator importante é que se pode tirar muito

tecido, causando a esterilidade.

Drogas e Plantas substâncias que quando ingeridas causam o Aborto. Algumas são

tóxicos inorgânicos, como arsênio, antimônio, chumbo, cobre, ferro, fósforo e vários

ácidos e sais. As plantas são: absinto (losna, abuteia, alecrim, algodaro, arruda, cipómil

– homens, esperradura e várias ervas amargas). Toda esta substância tem de ser

ingeridas em grande quantidade para que ocorra o Aborto. O risco de abortar é tão

grande como o de morrer, ou quase.

MINI-ABORTO: feito quando a mulher está a menos de sete semanas sem menstruar.

O médico faz um exame manual interno para determinar o tamanho do feto e a posição

do útero. Lava-se a vagina com uma solução anti-séptica e com uma agulha fina,

anestesia o útero em três pontos, prende-se o órgão com um tipo de fórceps chamado

tenáculo, uma sonda de plástico fino e flexível é introduzida no útero. A esta sonda liga-

se um aparelho de sucção e remove-se o endométrio e os produtos de concepção. A

mulher que faz o mini-Aborto pode ter cólicas uterinas, náuseas, suor e reações de

fraqueza. A não pode manter relações sexuais e nem usar tampão nas três ou quatro

semanas seguintes para evitar complicações ou infecções.

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Envenenamento por sal feito do 16ª à 24ª semana de gestação.

O médico aplica anestesia local num ponto situado entre o umbigo e a vulva, no qual irá

ultrapassar a parede do abdome, do útero e do âmnio Com esta seringa aspira-se o

líquido amniótico, que será substituído por uma solução salina ou uma solução de

prostaglandina. Após um prazo de 24 a 48 horas, por efeito de contrações do feto é

expulso pela vagina, como num parto normal. O risco apresentado por este tipo de

aborto é a aplicação errada da anestesia, e a solução ter sido injetada fora do âmnio,

causando a morte instantânea.

Sufocamento também chamado de "parto parcial". Nesse caso, puxa-se o feto para fora

deixando apenas a cabeça dentro, já que ela é grande demais. Daí introduz-se um tubo

em sua nuca, que sugará a sua massa cerebral, levando-o à sua morte. Só então o bebê

consegue ser totalmente retirado.

LEGISLAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO

A Legislação para a o Aborto contrastante em todos os lugares do mundo. Enquanto nos

Estados Unidos e em grande parte da Europa o aborto é permitido e realizado em

clínicas especializadas, na América Latina o aborto é punido severamente, inclusive

com a pena de reclusão.

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No Brasil o Aborto Legal, como é chamado às situações previstas pelo Código Penal,

não é considerado crime, pois as situações previstas apesar de típicas afastam a

antijuricidade.

A tabela abaixo exibe para maior compreensão todos os artigos do Código Penal que

envolve a questão do Aborto:

Código Penal Brasileiro

Capítulo: I Dos Crimes Contra a Vida

Homicídio Simples:

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Art. 121 - Matar alguém: Pena - reclusão, de seis (seis) a 20 (vinte) anos.

Caso de diminuição de pena

§ 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou

moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da

vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.

Homicídio culposo:

§ 3º - Se o homicídio é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de

inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de

prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou

foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de

um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.

§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as

conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção

penal se torne desnecessária.

Infanticídio:

Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto

ou logo após:

Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Aborto provocado por terceiro

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Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos.

Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

Parágrafo único - Aplica-se à pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14

(quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante

fraude, grave ameaça ou violência.

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço,

se, em conseqüência do Aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante

sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,

lhe sobrevém à morte.

Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante

ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Apesar do Código Penal prever a prática do aborto legal desde de 1940, somente após

uma sessão realizada pela Comissão de Constituição e Justiça em 20 de agosto de 1997,

o aborto legal passou a ser praticado na rede pública obrigatoriamente.

As Leis Brasileiras estão na mídia com freqüência, e todos concordam que o Código

Penal necessita ser reformulado em um todo. Em relação às Leis do Aborto está

mudança já pode ser sentida nos Tribunais que recentemente liberam em diversos

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estados do país a licença para o aborto em casos de formação fetal incompatível com a

vida.

Os legistas consideram além das categorias de Aborto, citadas no código Penal outras

duas categorias: o Aborto Eugenésico e o Aborto Social. Uma vez que não existe em

nossa legislação um dispositivo que permita realização do Aborto quando os exames

pré-natais demonstram que o filho nascerá com graves anomalias, como Síndrome de

Down, ausência de algum membro, não é permitido, portanto, o Aborto eugenésico ou

eugênico. Ocorre, entretanto, que os juízes têm concedido alvarás permitindo a

realização do Aborto quando os exames comprovam que a anomalia é de tamanha

gravidade que o filho morrerá logo após o corte do cordão umbilical, como acontece,

por exemplo, nos casos de anencefalia. Argumentam os juízes que essa constatação não

era possível quando o Código Penal foi elaborado porque, à época, não existia ultra-

som. Atualmente, porém, quando a anomalia é verificada concede-se o alvará sob o

fundamento de que o feto não tem vida própria (atipicidade) ou por inexigibilidade de

conduta diversa (excludente de culpabilidade). Parece-nos correta a providência porque,

nos termos do art. 3º da Lei n. 9.434/97, a morte se verifica com a cessação da atividade

encefálica (para permitir a retirada de órgão para transplante), não se podendo, por essa

razão, caracterizar o crime de Aborto (pela provocação de morte do feto) quando o

produto da concepção sequer possui vida encefálica.

DADOS ESTATÍSTICOS NO MUNDO

As estáticas mundiais mostram que a prática do aborto é mais freqüente nos países onde

o Aborto não é permitido, mesmo com as dificuldades para medir estes índices.

Conforme mostra a tabela abaixo:

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Comparação entre os índices de aborto no mundo

País % de Aborto por 1,000

mulheres de idade 15–44*

Mortes Maternais por

100,000 nascimentos

vivos

Aborto Legalizado

Estados Unidos 26 12

Inglaterra 15 9

Holanda 6 12

Finlândia 10 11

Japão 14 18

Austrália 17 9

Aborto Ilegal

Brasil 38 220

Colômbia 34 100

Chile 45 65

República Dominicana 44 110

México 23 110

Peru 52 280

*Dados são de 1990; grupo-idade é 15–49 em países aonde o aborto é ilegal. Fontes: %

de Abortosão de S. Singh e S.K. Henshaw, "The Incidence of Abortion: A Worldwide

Overview Focusing on Methodology and on Latin America," papel entregue á International

Union for the Scientific Study of Population Seminar on Socio-Cultural and Political Aspects

of Abortion from an Anthropological Perspective, Trivandrum, India, Mar. 25–28, 1996; %

de mortes maternais são de P. Adamson, "A Failure of Imagination," The Progress of

Nations: 1996, United Nations Children's Fund (UNICEF), New York, 1996.

Fonte: (www.aborto.com/laborto1.htm)

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ÉTICA

Segundo o Dicionário Aurélio, Ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se

referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do

mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto".

Ética não se restringe à descrição de costumes ou hábitos de diferentes povos. O objeto

real da Ética vai além do sentido etimológico. A Ética procura princípios que dirijam a

consciência na escolha do bem e concentra sua atenção na vontade humana (como a

lógica, na inteligência), porque o objeto da Ética é o ato humano, e o ato humano é

produzido pela vontade.

O ato, objeto da Ética, é o ato humano, ato específico do homem, ato que distingue o

homem dos outros seres. Os outros atos (atos do homem) são realizados pelo homem,

mas não enquanto homem, apenas enquanto ser biológico ou animal. O homem nasce e

cresce por forças inatas, necessárias, por determinismo natural. Destas ações não sé

ocupa a Ética. Ato humano -  é o ato voluntário e livre. Não é voluntário o ato

espontâneo e necessário. Vontade é tendência racional; só há vontade em seres

racionais. Por isso o ato voluntário supõe que a inteligência teve conhecimento prévio

do objeto que se apresenta à vontade. É necessário este conhecimento para que o ato

seja humano.

A Ética procura definir o bem e o mal moral. Procura determinar princípios e normas

éticas, que levem o indivíduo a cumprir com seus deveres e ordenar seus atos.

Pode-se definir o objeto formal da Ética recorrendo ao conceito de valor. Valor é a

qualidade que faz estimável alguma coisa. Valorização não é necessariamente

sentimento humano subjetivo; por ter sentido de perfeição e de bem; cai então sob o

domínio da Ética.

Da Ética ocuparam-se todos os filósofos, também os pré-socráticos por Aristóteles

considerados físicos e fisicíssimos. Mesmo ocupando-se mais de Cosmologia do que de

Antropologia, como Pitágoras e pitagóricos, como Leucipo e Demócrito, os mais físicos

de todos, enriqueceram a humanidade com os mais elevados ensinamentos éticos.

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Da Ética ocupou-se a vida inteira Sócrates. Sobre a Ética discorreu Platão em todos os

seus diálogos. Aristóteles legou-nos quatro tratados de Ética. E quando morria

Aristóteles, nascia Zenão de Cício, o fundador do Estoicismo, que reduziu toda a

Filosofia à Ética.

A pessoa não nasce ética, sua estruturação ética vai ocorrendo juntamente com o seu

desenvolvimento. De outra forma, a humanização traz a ética no seu bojo.

QUESTÕES ÉTICAS E BIOÉTICAS

O aborto é uma grande polêmica, até mesmo nas discussões éticas e morais, algumas

pessoas acreditam no direito à vida, outras no direito da mulher de escolha em seu

próprio corpo, há também a discussão em torno da má formação fetal e da gestante

portadora de HIV.

Segundo DALLARI, o aborto é tema da legislação babilônica e hebraica. Dada a

irredutibilidade das posições valorativas sobre a prática do aborto voluntário, os textos

internacionais destinados à proteção do direito à vida, em geral, se abstêm de tomar

posição sobre o tema. Sob a influencia da cultura cristã a Convenção Americana relativa

aos Direitos do Homem (assinada em San Jose na Costa Rica, em 1969) reafirmou a

obrigação de os países de respeito a vida e proteger esse direito pela lei, considerando

que a vida inicia-se na concepção.

A deontologia relata que Hipócrates, nos século 4 e 5 AC, era contra os médicos

colocarem a disposição da mulher todo e qualquer métodos de realizar aborto. O

juramento médico definido em Genebra em 1948, afirma o dever de respeito absoluto à

vida desde a concepção até a morte. Mas como não existe uma unanimidade na leis

mundiais,não só médicos como todos profissionais de saúde estão exposto a legislações

nacionais que contradizem este juramento, cabe a esses profissionais decidirem de

acordo com seus valores morais, nestes casos.

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A deontologia médica brasileira não discutiu a legislação, vedando a prática de atos

proibidos pela legislação do País e a exigir do médico que a legislação específica nos

casos de abortamento, seja cumprida.(Código de Ética Médica vigente, de 1988, arts. 41

e 42).

Em Oslo, Noruega durante a 24ª Assembléia Geral da Associação Médica Mundial, no

ano de 1970, foi publicada uma declaração sobre o aborto terapêutico - relembrando o

Compromisso de Genebra, mas considerando a diversidade de respostas ao conflito dos

interesses vitais da mãe e do filho que vai nascer, bem como que não é dever do médico

determinar as regras e atitudes a respeito da opinião sobre a criança, mas sim proteger

seus pacientes e ainda salvaguardar os direitos dos médicos na sociedade - que dispõe

sobre os princípios a serem observados quando a lei autoriza a prática do aborto

terapêutico ou quando se busca legislar sobre o tema conforme as normas da associação

médica nacional, e o legislador deseja, procura ou aceita a opinião da profissão médica.

Os critérios estabelecidos durante a Assembléia estão listados abaixo:

O aborto terapêutico deve ser praticado apenas sob indicação médica.

A decisão de interromper uma gravidez deve ser normalmente aprovada por

escrito por pelo menos dois médicos, escolhidos em razão de sua competência

profissional.

A intervenção deverá ser praticada por médico habilitado, em estabelecimentos

credenciados pelas autoridades competentes. Entretanto, a declaração esclarece

que: se o médico, em razão de suas convicções, considera estar impedido de

aconselhar ou de praticar o aborto, ele pode se negar a fazê-lo assegurando a

continuidade dos cuidados por um colega qualificado.

Pela legislação brasileira o "Aborto Sentimental" não decorre do conflito entre dois

direitos à vida, mas envolve o direito à saúde psíquica da mãe ou um direito de

segurança social.

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CONCLUSÃO

A realização de um aborto traz diversas conseqüências, para todos envolvidos,

abrangendo desde conseqüências psicológicas, conseqüências sociais e biomédicas.

Como exemplo das conseqüências maternas podemos citar a queda na auto-estima

pessoal pela destruição do próprio filho; aversão ao marido ou ao amante; culpabilidade

ou frustração de seu instinto materno; doenças psicossomáticas; depressões;

Além das conseqüências sobre a mãe os demais membros da família também são

afetados com problemas imediatos com os demais filhos por causa da animosidade que

a mãe sofre.

Os profissionais de saúde envolvidos podem desenvolver: angústia, sentimento de

culpa, depressão, por causa da violência contra a consciência. Existe um conflito entre o

fato de cuidar, tratar e "salvar vidas" com o fato de interrompê-la através do aborto. Se

por um lado, profissionais que praticam abortos clandestinos colocam em risco seu

registro profissionais, outros estão sujeito a represálias por recusarem-se a realizar um

aborto legal.  As maiores conseqüências sociais do aborto implicam geralmente em um

comprometimento do relacionamento interpessoal, entre os esposos ou futuros esposos,

entre a mãe e os filhos, e também sobre a sociedade em geral.

A legalização do aborto, ao mesmo tempo que proporcionara uma melhora nas estáticas

de saúde da mulher, levando as que fazem esta dura escolha condições dignas e

higiênicas pode ocasionar, sobrecarga fiscal sobre os cidadãos que pagam impostos,

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pois o deverá ser pago pela previdência social; maior número de crianças que nascem

com defeitos em conseqüência de abortos provocados, relaxamento das

responsabilidades específicas da paternidade e da maternidade pois algumas pessoas

podem substituir o anticoncepcional pelo aborto, e por fim o aumento das doenças

psicológicas no âmbito de um setor importante para a sociedade, particularmente entre

as mulheres de idade madura e entre os jovens.

BIBLIOGRAFIA

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VALLS, Álvaro L. M. O que é Ética. 7ª edição. São Paulo. Ed. Brasiliense, 1993

A ÉTICA NO ABORTO

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

CURSO DE DIREITO

Page 15: etica no aborto

Junho 2007

A ÉTICA NO ABORTO

POR: Andréia Matos

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

CURSO DE DIREITO

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Trabalho solicitado como requisito de plano

de adaptação da disciplina de filosofia do

Prof º Joaquim

Junho 2007