estudos bíblicos 11 - consumismo - o culto ao escolher e ter - prof. pádua

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ultimato.com.br http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/consumismo-o-culto-ao-escolher-e-ter/ CONSUMISMO — o culto ao escolher e ter CONSUMISMO — O culto ao escolher e ter Texto Básico: 1 Timóteo 6.9,10 LEITURA DIÁRIA D Gl 5.22-23 – Domínio próprio, fruto do Espírito S 1Tm 1.12-17 – Veio salvar os pecadores T Ef 4.11-12 – A vida em comunidade Q Ec 1.4-11 – Todas as coisas são canseira Q Mt 4.4 – Nem só de pão viverá o homem S Mc 8.34-38 – Ganhar o mundo inteiro? S Lc 12.13-21 – O que tens, para quem será? INTRODUÇÃO De certa forma, o consumismo é semelhante à Hidra da antiga mitologia; ele é uma serpente com muitas cabeças. Contudo, temos de vencer os desafios que o consumismo colocou diante de nós, como cristãos, na virada do segundo milênio da era cristã nesta nossa sociedade de consumo. I. O EVANGELHO SECULAR O consumismo é o evangelho atual que é oferecido pelo secularismo ao mundo. Chamamos o consumismo de evangelho secular porque ele finge conter as boas-novas de grande alegria para as pessoas – bem, pelo menos para as prósperas. Ele faz uma promessa de felicidade por meio da aquisição de bens materiais e atividades que se concentra, principalmente, no prazer que as pessoas sentem quando põem em prática a escolha pessoal. As pessoas sempre gostaram de adquirir bens e sempre houve uma tendência de se viver para o mundo material em vez de se viver para Deus. Se temos “bens” suficientes, nos sentimos seguros e até autossuficientes. Todavia nem mesmo o rico insensato na parábola de Jesus em Lucas 12 teve a infinidade de opções com a qual nos deparamos em nossa sociedade sobre onde podemos gastar o nosso dinheiro. Gostamos deste poder de compra e escolha. Possuir é ter poder. No entanto, há muita coisa além disso que está em questão. Com o crescimento populacional e uma vez que o número de pessoas se dirigindo para os grandes centros urbanos aumenta, a vida torna-se cada vez mais anônima. A comunidade dos bairros, onde todos se conheciam e se aceitavam, já é coisa do passado. As pessoas já não se reconhecem como antes. Nesta sociedade anônima, a escolha pessoal de roupas, música ou cardápio, etc. é uma forma de autoafirmação. É uma forma de se expressar. Esta ênfase na escolha pessoal e na afirmação de “quem eu sou” adapta-se perfeitamente à mentalidade pós- moderna contemporânea do subjetivismo, onde a única verdade é a “sua verdade”. Como cristãos, podemos ver que o materialismo e o egoísmo são formas de idolatria. Entretanto, é preciso cuidado para não irmos além do normal. Pensar que o mundo material é, por natureza, mau é uma forma de heresia gnóstica que vemos ser condenada pela Bíblia (1Tm 4.3- 5). O mundo material não é mau em si mesmo. Deus criou o mundo e se fez carne, assumindo a forma humana em Jesus Cristo (1Tm. 3.16). Além disso, a última etapa de nossa redenção inclui a ressurreição do corpo e a renovação do universo material (Rm 8.22-25).

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O consumismo é o evangelho atual que é oferecido pelo secularismo ao mundo. Chamamos o consumismo deevangelho secular porque ele finge conter as boas-novas de grande alegria para as pessoas – bem, pelo menos para as prósperas. Ele faz uma promessa de felicidade por meio da aquisição de bens materiais e atividades que se concentra, principalmente, no prazer que as pessoas sentem quando põem em prática a escolha pessoal.

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  • ultimato.com.br http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/consumismo-o-culto-ao-escolher-e-ter/

    CONSUMISMO o culto ao escolher e terCONSUMISMO O culto ao escolher e ter

    Texto Bsico: 1 Timteo 6.9,10

    LEITURA DIRIAD Gl 5.22-23 Domnio prprio, fruto do EspritoS 1Tm 1.12-17 Veio salvar os pecadoresT Ef 4.11-12 A vida em comunidadeQ Ec 1.4-11 Todas as coisas so canseiraQ Mt 4.4 Nem s de po viver o homemS Mc 8.34-38 Ganhar o mundo inteiro?S Lc 12.13-21 O que tens, para quem ser?

    INTRODUO

    De certa forma, o consumismo semelhante Hidra da antiga mitologia; ele uma serpente com muitascabeas. Contudo, temos de vencer os desafios que o consumismo colocou diante de ns, como cristos, navirada do segundo milnio da era crist nesta nossa sociedade de consumo.

    I. O EVANGELHO SECULAR

    O consumismo o evangelho atual que oferecido pelo secularismo ao mundo. Chamamos o consumismo deevangelho secular porque ele finge conter as boas-novas de grande alegria para as pessoas bem, pelo menospara as prsperas. Ele faz uma promessa de felicidade por meio da aquisio de bens materiais e atividades quese concentra, principalmente, no prazer que as pessoas sentem quando pem em prtica a escolha pessoal.

    As pessoas sempre gostaram de adquirir bens e sempre houve uma tendncia de se viver para o mundo materialem vez de se viver para Deus. Se temos bens suficientes, nos sentimos seguros e at autossuficientes. Todavianem mesmo o rico insensato na parbola de Jesus em Lucas 12 teve a infinidade de opes com a qual nosdeparamos em nossa sociedade sobre onde podemos gastar o nosso dinheiro.

    Gostamos deste poder de compra e escolha. Possuir ter poder. No entanto, h muita coisa alm disso que estem questo. Com o crescimento populacional e uma vez que o nmero de pessoas se dirigindo para os grandescentros urbanos aumenta, a vida torna-se cada vez mais annima. A comunidade dos bairros, onde todos seconheciam e se aceitavam, j coisa do passado. As pessoas j no se reconhecem como antes. Nestasociedade annima, a escolha pessoal de roupas, msica ou cardpio, etc. uma forma de autoafirmao. uma forma de se expressar.

    Esta nfase na escolha pessoal e na afirmao de quem eu sou adapta-se perfeitamente mentalidade ps-moderna contempornea do subjetivismo, onde a nica verdade a sua verdade.

    Como cristos, podemos ver que o materialismo e o egosmo so formas de idolatria. Entretanto, precisocuidado para no irmos alm do normal. Pensar que o mundo material , por natureza, mau uma forma deheresia gnstica que vemos ser condenada pela Bblia (1Tm 4.3- 5). O mundo material no mau em si mesmo.Deus criou o mundo e se fez carne, assumindo a forma humana em Jesus Cristo (1Tm. 3.16). Alm disso, altima etapa de nossa redeno inclui a ressurreio do corpo e a renovao do universo material (Rm 8.22-25).

  • Contudo, embora no devamos ultrapassar o normal nem condenar a criao fsica de Deus contra omaterialismo e o consumismo, cremos, como cristos, que s podemos utilizar o mundo materialadequadamente uma vez que ele nos leva a agradecer a Deus e a direcionar a nossa vida para uma adoraosincera do Criador (1Tm 4.4). Isto no acontece de forma natural com os pecadores.

    II. A TELEVISO O PROFETA DO CONSUMISMO

    Marshall McLuhan foi o grande mestre da sociologia dos anos de 1960. Ele dizia que o meio a mensagem.Em outras palavras, o meio pelo qual nos comunicada a mensagem j uma mensagem em si. Podemosentender isto simplesmente pensando no discurso como um meio de comunicao. Nossas palavras formam amensagem, mas a nossa entonao o meio pelo qual a mensagem transmitida. Todos ns sabemos quepodemos mudar completamente o significado de um conjunto de palavras faladas simplesmente alterando aentonao na qual elas so expressas.

    Desta mesma forma, a televiso, que hoje ocupa grande parte da vida diria do mundo desenvolvido, temmensagens em si s pelo fato de ser a mdia que . Alm do contedo de um programa, h idias que a prpriateleviso transmite. Podemos resumir algumas das mensagens mais importantes da seguinte forma:

    A televiso visual sua mensagem : O que voc v o que verdade, implicando que a realidadematerial tudo que existe.

    A televiso instantnea ela capta nossa ateno. A nica coisa que importa o agora. Se estamosassistindo a um programa, nossa capacidade de reflexo interior est temporariamente paralisada.

    A televiso distante embora vejamos as coisas na televiso, as coisas que vemos no podem nos atingirdiretamente. As pessoas podem morrer de fome ou ir para os ares, mas isso no acontece conosco. Isto ofuscanossa sensibilidade moral.

    A televiso entretenimento ela enche nossos olhos de coisas prazerosas. Agradar o espectador a coisamais importante. A idia de que a vida tem a ver com prazer nos sutilmente comunicada.

    A televiso opcional ela oferece uma diversidade de programas e canais que podem ser assistidos, colocaum controle remoto em nossas mos e, na verdade, diz: voc quem escolhe.

    Podemos ver que a televiso leva as mensagens bsicas do consumismo. materialista no sentido em que nosdiz que a realidade consiste no que vemos. Ela nos diz que divertir-se agora, e no preocupar-se com osprincpios morais, a coisa mais importante da vida. Auxilia a satisfazer a ideia de que a escolha pessoal vemantes de qualquer coisa. Todos os dias, ento, as pessoas so evangelizadas pelo consumismo. Mesmodesconsiderando as propagandas, a televiso prega para as pessoas, da forma mais divertida e fascinante, asdoutrinas bsicas do consumismo. Tanto ricos quanto pobres se alimentam deste evangelho, que a cada diaentra direto em suas casas.

    III. COMO O CONSUMISMO AFETA O INDIVDUO

    medida que esta mensagem do consumismo se espalha por todo o mundo, pessoas so atingidas por ela. Elamolda o modo de pensar e tomar decises das pessoas. Os ideais do consumismo determinam as prioridadesna vida da maioria das pessoas. Veja algumas formas pelas quais os indivduos so afetados.

    Nossa viso de mundo. As pessoas so levadas a definir suas prioridades levando em considerao apenasesta vida. Assuntos sobre a eternidade e a espiritualidade de cada indivduo no so to importantes para aspessoas quando elas so massacradas pelas propagandas materialistas do consumismo.

    Nossos Valores. Muitos dos valores visveis da cultura de consumo explicitamente descartam virtudes crists.

  • Sabemos que entre os frutos do Esprito est o domnio prprio (Gl 5.22-23). No entanto, a marca distintiva dasociedade do carto de crdito diz: Por que esperar? Compre o que voc quer agora! Mais uma vez, negar-se asi mesmo faz parte do discipulado do cristo.

    Nossos objetivos. O telogo David Wells mostrou recentemente que, enquanto havia uma preocupao emdesenvolver o carter humano nos sculos passados, a nossa sociedade se preocupa em desenvolver apersonalidade.[1] Qual a diferena? O carter uma disposio interior de amar o que bom, sendo que obom definido em termos absolutos pela natureza e pela vontade de Deus. Agora, as pessoas esto muitomais atradas pela idia de sentir-se bem consigo mesmas e se tornar personalidades interessantes,modernas ou divertidas. O foco no est mais na vida interior, mas na vida exterior.

    Nossa identidade. Vivemos em uma sociedade em que a identidade vista como algo muito varivel. De certomodo, podemos escolher a nossa identidade. Tudo o que devemos fazer comprar os smbolos certos destatus. Contudo, isto significa que a identidade pessoal est sendo desvalorizada. No passa de uma imagem.Consequentemente, as pessoas hoje tm dificuldade em saber quem realmente so. Alm disso, uma vez que aidentidade algo flexvel, no h qualquer relao entre o que afirmamos ser e o comportamento moral que seespera de ns. Isso deturpa o discipulado cristo srio.

    IV. COMO O CONSUMISMO AFETA A IGREJA

    A cultura de consumo no apenas modela nosso modo de pensar e agir como indivduos, mas tambm, uma vezque a igreja formada por indivduos, comear a influenciar a igreja, se seus membros forem influenciados.Desta forma, em vez de a Palavra de Deus reger a igreja, as doutrinas do consumismo que comeam a faz-lo.Eis aqui algumas reas onde isto pode acontecer.

    Nossa mensagem. O evangelho descrito na Bblia a mensagem que a igreja deve levar ao mundo. Esteevangelho, fundamentalmente, constitui as boas-novas pertinentes ao perdo dos pecados diante de um Deussanto, por meio do Senhor Jesus Cristo e de sua cruz. Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores (1Tm1.15). Esta mensagem compreende a estrutura dos princpios morais centrados em Deus para o mundo e defineo que bom em termos de moral. A cultura do consumismo desenvolveu-se em uma sociedadeincrdula/secular que abandonou as categorias da moral absoluta. H, conseqentemente, uma grande pressosobre os pastores para que mudem a mensagem da igreja, reformulando-a de acordo com os termos centradosno homem. uma mensagem que encara o homem como uma vtima, em vez de um agente do pecado queprecisa arrepender-se. Por fim, esta a mentalidade na qual o prprio Deus visto como um item de consumo,que arrancado do armrio quando nos sentimos feridos ou necessitados e guardado novamente quando nomais precisamos dele.

    Nossa comunidade. O consumismo muito individualista. Tudo gira em torno da aquisio de coisas. Possuirbens ter poder como indivduo. O consumismo tambm se refere s nossas escolhas pessoais. Concentra-seno eu. Em contrapartida, Deus nos convida para que deixemos o isolamento do individualismo e faamos partede sua famlia, a igreja. Ele quer que participemos e nos envolvamos com outras pessoas. Ele quer queexercitemos nossos dons para o bem de todos (1Co 12.5). Aqui, mais uma vez, a atitude bsica do consumismoest em conflito com a vontade revelada de Deus.

    Nosso compromisso. O consumismo desenvolve-se na escolha pessoal e, portanto, em um mundo consumistaonde a idia de manter suas opes em aberto torna-se uma virtude. Entretanto, quando deixamos que nossasopes em aberto se tornem um estado constante da mente, o compromisso e a perseverana inevitavelmentemorrem. Deixar nossas opes em aberto o mesmo que ficar sempre em cima do muro. Quando esta posturaatinge os cristos, as igrejas so usadas como um tipo de supermercado espiritual, para onde corremos parasatisfazer nossas necessidades pessoais, mas s nisso que estamos interessados. Estamos l para receber, eno para oferecer. Muitas vezes, quando as coisas ficam difceis na igreja, as pessoas desistem e vo procurarsatisfazer suas necessidades em outro lugar. Esta no a viso da igreja que encontramos no NovoTestamento. bvio que precisamos optar por uma igreja, mas, feito isto, devemos permanecer nela e nosenvolver em amor com a famlia de Deus.

  • Nossa adorao. A caracterstica distintiva de nossa sociedade de consumo determinada pela televiso e pelapreocupao ps-moderna com a imagem e no com o contedo. Juntas, estas so influncias poderosas quelevam at os cristos a se preocuparem mais com a aparncia das coisas do que com o que elas realmente so.Em particular, fcil para os cristos ver a igreja como parte de um palco de teatro do que um lugar deverdadeiro compromisso com Deus.

    V. POR QUE O CONSUMISMO UMA DECEPO

    H apenas um evangelho verdadeiro. So as boas-novas do Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo, que morreupara que fssemos perdoados e tivssemos vida eterna. Embora no haja nada errado com os bens materiaisem si, aproximar-se deles tendo como motivao o consumismo uma mentira idoltrica. As naes estosendo enganadas.

    Enganar as pessoas. O consumismo reduz a quase nada a importncia de Deus, dos valores morais, dosdesejos puros e da busca do carter espiritual. Ele enfatiza que a felicidade pessoal a nica coisa que importana vida. E Bblia, por sua vez, deve ser relegada ao ltimo plano na lista de itens que devem moldar a nossa vida.Contudo, somos seres morais, feitos imagem de Deus, quer reconheamos isto ou no. Por isso, no podemosficar em paz com ns mesmos ignorando esta rea de nossa vida. No podemos ter paz suplantando aconscincia ou ignorando Deus.

    Coisas materiais, ainda que boas, no podem satisfazer a nossa alma. H um vazio espiritual no corao dehomens e mulheres sem Deus que nenhum bem ou riqueza pode preencher. O rei Salomo nos adverte quandoescreve: Todas as coisas so canseiras tais, que ningum as pode exprimir; os olhos no se fartam de ver, nemse enchem os ouvidos de ouvir (Ec 1.8). Jesus disse: No s de po viver o homem (Mt. 4.4).

    Mas o consumismo engana o mundo indo alm disto. O consumismo faz com que as pessoas se concentrem noaqui e no agora e se esqueam de Deus e da eternidade. As palavras de Jesus ainda so verdadeiras: Queaproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8.36).

    Uma sociedade que engana. O estilo de vida consumista e as indstrias que o sustentam acabam com osrecursos da terra de forma alarmante. Estamos vivendo no paraso dos tolos se pensamos que a terra podersuportar para sempre este estilo de vida tecnologicamente avanado, descartvel e centrado no prazer. Oconsumismo ostensivo no uma forma sustentvel de vida para o mundo.

    CONCLUSO

    Diante das decepes da sociedade de consumo, o apstolo Paulo faz com que nos voltemos para Deus (1Tm.6.9,10). O estilo de vida do cristo deve ser caracterizado por caminhos melhores que levem a coisas melhores.De fato, grande fonte de lucro a piedade com o contentamento (1Tm. 6.6). Este foi o conselho sbio de Deuspara seus filhos do sculo 1 da era crist. Ainda o conselho sbio de Deus para ns hoje.

    APLICAO

    Faa uma lista com os gastos que voc pretende ter durante esta semana. Agora, elimine tudo o que forsuprfluo. No compre o que no necessrio. Descubra como pode aproveitar com sabedoria o dinheiro quevoc economizou. Que tal investir em educao e sade?

    Autor da lio: Vagner BarbosaPublicado na Revista Nossa F ISMOS DE NOSSOS DIAS Ideias atuais luz da Bblia [Adaptada deCristos em uma sociedade de consumo, de J. Benton][1] David Wells, Losing Our Virtue, IVP, 1998.

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