estudo sobre o perfil dos inventores das patentes...

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ESTUDO SOBRE O PERFIL DOS INVENTORES DAS PATENTES DE UNIVERSIDADES BRASILEIRAS Cristina Gomes de Souza (CEFET/RJ) [email protected] Rafael Garcia Barbastefano (CEFET/RJ) [email protected] Fernanda de Carvalho Pereira (CFEFET/RJ) [email protected] O depósito de patentes de universidades é um fenômeno que vem aumentando em todo o mundo despertando o interesse sobre os impactos dessa atividade sobre as atividades acadêmicas. A literatura sobre o assunto apresenta-se fragmentada existinndo diversas lacunas a serem estudadas. Pouco se sabe, por exemplo, sobre quem nas universidades está patenteando e quais as características desses inventores. No escopo dessa temática, o artigo tem por objetivo apresentar os resultados de um estudo sobre o perfil dos pesquisadores das universidades brasileiras, contribuindo para uma melhor compreensão desse fenômeno e de seus impactos sobre o ambiente acadêmico nacional. Para efeito da pesquisa foram considerados apenas os depósitos de patentes da classe D da classificação Derwent, que é a classe que concentra maior quantidade de pedidos de patentes de universidades brasileiras. Trata-se de pesquisa descritiva, com abordagem bibliométrica, que fez uso da base Derwent Innovation Index (DII), acessada através do Portal de Periódicos da Capes, e da plataforma Lattes do CNPq, para consulta aos currículos dos pesquisadores de modo a identificar: formação acadêmica; vínculo; atuação em programas de pós-graduação; recebimento de bolsa de produtividade em pesquisa; e produção acadêmica. Os resultados mostraram que esses pesquisadores apresentam alta qualificação quanto à formação acadêmica, que atuam em programas de pós- graduação stricto sensu considerados de excelência, que possuem bolsas de produtividade em pesquisa e que têm elevada produção científica, com destaque para as publicações em periódicos. Tais resultados são consonantes com estudos que vêm sendo realizados no cenário inernacional indicando que pesquisadores brasileiros que se preocupam em proteger o resultado de suas pesquisas através do sistema patentário, também apresentam alta produtividade no indicador de produção científica. Palavras-chaves: Patentes, interação universidade-empresa, gestão da inovação XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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ESTUDO SOBRE O PERFIL DOS

INVENTORES DAS PATENTES DE

UNIVERSIDADES BRASILEIRAS

Cristina Gomes de Souza (CEFET/RJ)

[email protected]

Rafael Garcia Barbastefano (CEFET/RJ)

[email protected]

Fernanda de Carvalho Pereira (CFEFET/RJ)

[email protected]

O depósito de patentes de universidades é um fenômeno que vem

aumentando em todo o mundo despertando o interesse sobre os

impactos dessa atividade sobre as atividades acadêmicas. A literatura

sobre o assunto apresenta-se fragmentada existinndo diversas lacunas

a serem estudadas. Pouco se sabe, por exemplo, sobre quem nas

universidades está patenteando e quais as características desses

inventores. No escopo dessa temática, o artigo tem por objetivo

apresentar os resultados de um estudo sobre o perfil dos pesquisadores

das universidades brasileiras, contribuindo para uma melhor

compreensão desse fenômeno e de seus impactos sobre o ambiente

acadêmico nacional. Para efeito da pesquisa foram considerados

apenas os depósitos de patentes da classe D da classificação Derwent,

que é a classe que concentra maior quantidade de pedidos de patentes

de universidades brasileiras. Trata-se de pesquisa descritiva, com

abordagem bibliométrica, que fez uso da base Derwent Innovation

Index (DII), acessada através do Portal de Periódicos da Capes, e da

plataforma Lattes do CNPq, para consulta aos currículos dos

pesquisadores de modo a identificar: formação acadêmica; vínculo;

atuação em programas de pós-graduação; recebimento de bolsa de

produtividade em pesquisa; e produção acadêmica. Os resultados

mostraram que esses pesquisadores apresentam alta qualificação

quanto à formação acadêmica, que atuam em programas de pós-

graduação stricto sensu considerados de excelência, que possuem

bolsas de produtividade em pesquisa e que têm elevada produção

científica, com destaque para as publicações em periódicos. Tais

resultados são consonantes com estudos que vêm sendo realizados no

cenário inernacional indicando que pesquisadores brasileiros que se

preocupam em proteger o resultado de suas pesquisas através do

sistema patentário, também apresentam alta produtividade no

indicador de produção científica.

Palavras-chaves: Patentes, interação universidade-empresa, gestão da

inovação

XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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1. Introdução

O aumento da importância do conhecimento e da inovação para a competitividade tem feito

com que governos de vários países estimulem as Relações Ciência-Indústria (RCI) através de

políticas públicas de modo a reforçar o desempenho de seus Sistemas Nacionais de Inovação.

Paralelamente, esses mesmos governos têm investido na geração de indicadores capazes de

mensurar o desenvolvimento de suas atividades científicas, tecnológicas e inovativas

(MUGNAINI et al. 2004) observando-se, nos últimos anos, crescimento considerável de bases

de dados estatísticos que permitem conhecer a realidade de determinado país e fazer

comparações internacionais.

Um dos indicadores mais utilizados para mensurar o esforço inovador de uma organização ou

país tem sido o número de patentes depositadas. Embora na literatura existam autores

(NARIN et al., 1987; GRILICHES et al., 1987 apud CARDINAL e HATFIELD, 2000;

GRILICHES, 1990; HASENCLEVER e FERREIRA, 2002) que dizem que as patentes podem

ser usadas para medir o processo de inovação tecnológica, trata-se de um indicador que

apresenta controvérsias. Albuquerque (2003) e Andreassi

(2007), por exemplo, apontam

restrições quanto ao valor estatístico das patentes, tais como: nem todo novo conhecimento

economicamente útil é codificável; nem toda a invenção é patenteável; existem outros

mecanismos de apropriação que podem ser considerados mais adequados pelo inovador; os

setores industriais possuem distintas propensões ao patenteamento; muitas patentes não são

exploradas, sendo obtidas apenas para impedir o desenvolvimento por parte de terceiros; as

inovações radicais e pequenos melhoramentos tornam-se equivalentes nas estatísticas; a

eleição dos países para proteção pode ser influenciada por relações comerciais e fluxos de

investimentos.

Independente de ser ou não considerado um bom indicador de inovação, Gusmão (2002)

afirma que, no ambiente das RCI, o depósito de patentes por parte das universidades é uma

das modalidades formais voltadas para transferência de tecnologia que mais cresceu nos

últimos anos. Como razões para esse fenômeno podem ser citadas: o aumento dos

investimentos em P&D; o desenvolvimento de pesquisas em áreas emergentes baseados em

ciência (science-based); e a criação de regulamentação, tal como o Bayh-Dole Act (1980) dos

Estados Unidos, normatizando o patenteamento e o licenciamento por parte das universidades

(MOWERY et al. 2001; MOWERY e ZIEDONIS, 2002; RAPINI, 2007; BERMAN, 2008).

Acrescenta-se que o patentemanto também tem sido utilizado como indicador de desempenho

para mensurar a produtividade de pesquisadores permitindo ainda que os mesmos estabeleçam

parcerias e obtenham recursos adicionais para o desenvolvimento de suas pesquisas.

Se o patenteamento por parte das universidades vem se configurando como uma nova

realidade, ainda existem vários questionamentos sobre o impacto dessa atividade sobre o

ambiente acadêmico. Apesar de estudos realizados sobre o licenciamento de patentes de

universidades, métricas de avaliação, atuação dos escritórios de patentes e transferência de

tecnologia das universidades e identificação das razões que levam as universidades a

patentear (BERMAN, 2008; LACH e SCHANKERMAN, 2004; THURSBY e KEMP, 2002),

a literatura sobre o assunto apresenta-se bastante fragmentada. Stephan et al. (2005), por

exemplo, dizem que pouco se sabe sobre quem nas universidades está patenteando e como

essa atividade se relaciona com as características pessoais dos pesquisadores.

Considerando-se a colocação de Stephan et al. (2005) e o fato de que o patenteamento das

universidades no Brasil tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, o presente artigo

tem por objetivo contribuir com a discussão apresentando os resultados de um estudo sobre o

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perfil dos pesquisadores das universidades brasileiras que constam como inventores em

documentos de patentes depositados no Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI,

de modo a identificar: formação acadêmica; vínculo; atuação em programas de pós-

graduação; recebimento de bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq; e produção

acadêmica considerando-se publicações em periódicos e anais de congressos até 2009.

Para efeito da pesquisa foram considerados apenas os depósitos de patentes da classe D da

classificação Derwent, que é a classe que concentra maior quantidade de pedidos de patentes

de universidades brasileiras e que corresponde aos campos tecnológicos relacionados a

alimentos, detergentes, tratamento de água e biotecnologia.

Trata-se de pesquisa descritiva com abordagem bibliométrica. Para a realização do estudo

primeiramente foi feito um levantamento dos documentos de patentes de universidades

brasileiras depositadas no INPI a partir da base Derwent Innovation Index (DII), acessada

através do Portal de Periódicos da Capes. Com base nesse levantamento foi identificada a

classe que concentra a maior quantidade de depósitos de patentes e o nome dos principais

inventores das patentes nessa respectiva classe. Para a identificação do perfil desses

inventores, foi feita consulta aos curricula Lattes dos mesmos.

O trabalho encontra-se dividido em 6 seções. As seções 2 e 3 apresentam uma breve revisão

bibliográfica sobre o patenteamento das universidades e, mais especificamente, sobre o

patenteamento das universidades no Brasil. As seções 4, 5 destinam-se, respectivamente, à

descrição do detalhamento do método e apresentação dos resultados. Na seção 6 são feitas as

considerações finais sobre o trabalho.

2. As RCI e o patenteamento das universidades

As RCI podem ser entendidas como toda relação baseada na inovação onde os atores públicos

e privados contribuem conjuntamente com os recursos financeiros, humanos e/ou de

infraestrutura envolvidos no empreendimento (GUSMÃO, 2002). Estudo da OCDE (2000)

apud Gusmão (2002) relaciona as seguintes driving forces como fatores propulsores da

intensificação das RCI:

a) aceleração do progresso técnico e expansão do mercado em setores diretamente associados

ao avanço dos conhecimentos científicos de base (biotecnologias, tecnologias da informação,

novos materiais, etc.);

b) as novas tecnologias da informação e das comunicações, agilizando as trocas entre a

comunidade de pesquisadores;

c) aumento da demanda do setor industrial por colaborações com base científica como

requisito para a absorção de conhecimentos externos e de natureza multidisciplinar;

d) exigências de redução dos custos da P&D nas empresas, e a necessidade de se garantir um

acesso privilegiado e rápido a novos conhecimentos;

e) o desenvolvimento de um novo “mercado de conhecimentos”, estimulando o financiamento

e a gestão de uma vasta gama de atividades de comercialização e de transferência desses

conhecimentos;

f) a entrada dos institutos de pesquisa e das universidades nesse novo mercado em explosão,

estimulada pela baixa generalizada dos investimentos públicos em P&D.

Dentre as várias formas de RCI que caracterizam a transferência de tecnologia das

universidades para as empresas – spin-offs envolvendo pessoal acadêmico, licenciamentos,

contratos de pesquisa, consultorias, mobilidade de alunos e pesquisadores (WRIGHT et al., 2008)

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– o patenteamento é a modalidade que mais cresceu nos últimos anos (GUSMÃO, 2002).

Conforme Cesaroni e Piccaluga (2005), esse processo de proteção e comercialização das

pesquisas acadêmicas por meio do uso do sistema de patentes não é um fenômeno novo,

embora só nos últimos anos venha se consolidando como objeto de estudo.

Embora ainda não esteja claro o impacto das atividades de patenteamento no ambiente

acadêmico, resultados de pesquisa conduzida por Stephen et al. (2005) apontam que: a) o

contexto do trabalho e o campo de atuação têm influência na propensão para o patenteamento;

b) a prática do patenteamento difere entre áreas do conhecimento; c) em diversos campos do

saber professores titulares patenteiam menos que não titulares; e d) existe relação entre

patenteamento e número de publicações.

Ainda segundo os autores, instituições que possuem história pregressa de patenteamento

apresentam maior tendência a essa prática; os engenheiros, quando comparados a

pesquisadores da grande área das ciências da vida, possuem maior propensão ao

patenteamento; e, ao se segmentar a análise por campo do saber, a relação entre patentes e

publicações se mantém nas ciências da vida, sendo que nas engenharias e na física, existe

apenas alguma indicação de que ela exista.

Outros estudos, tais como o de Rosell & Agrawal (2009) e Geuna & Nesta (2006), também

têm mostrado evidências da existência de complementariedade entre publicação e

patenteamento e que os pesquisadores que mais patenteiam são também os que mais

publicam, respeitadas as especificidades de cada área do conhecimento. Esses resultados têm

sido importantes para reduzir a preocupação de que a prática do patenteamento faria com que

houvesse a redução das publicações por parte dos pesquisadores e de que esses passassem a se

dedicar às pesquisas aplicadas em detrimento das pesquisas básicas (TRAJTENBERG et al.,

1997; COHEN et al., 1998; HENDERSON et al., 1998).

3. Patenteamento nas universidades brasileiras

No caso do Brasil, o marco regulatório de interação da academia com o setor privado pode ser

considerado a chamada Lei de Inovação, que estabelece incentivos à inovação e à pesquisa

científica e tecnológica no ambiente produtivo, visando à autonomia tecnológica e ao

desenvolvimento industrial do país (Lei 10.973 de 02 de dezembro de 2004). De acordo com

essa lei, todos as ICTs – universidades e institutos de pesquisa – devem possuir um Núcleo de

Inovação Tecnológica (NIT) que, dentre outras funções, deve assegurar a política de inovação

e de direitos de propriedade intelectual da instituição. No âmbito das atividades do referido

NIT, é dada especial atenção à proteção através de patentes.

Apesar da importância da Lei de Inovação para a criação e consolidação dos NITs, a iniciativa

de se criar escritórios de inovação tecnológica nas universidades e institutos de pesquisa data

da década de 80, sendo essa uma política apoiada pelo CNPq para promover a inovação,

transferência de tecnologia para a indústria e elaboração de estudos de prospecção

tecnológica. Tal iniciativa, entretanto, foi abandonada com a crise econômica que se sucedeu

na época (ETZKOWITZ et al., 2005). Também merece ser notificado que, desde 1998, existe

regulamentação permitindo o recebimento de royalties decorrentes do licenciamento de

patentes por qualquer servidor da administração pública (Decreto no 2.553, de 16 de abril de

1998).

Além da Lei de Inovação e do Decreto no 2.553 de 16/04/98, os seguintes fatores

contribuíram para a criação e consolidação dos núcleos de inovação tecnológica e para o

aumento do número de depósitos de patentes de universidades e institutos de pesquisa no

Brasil: a consciência da importância do patenteamento no meio acadêmico; a estruturação de

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redes como a REPICT – Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e

Comercialização de Tecnologia vinculada à Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro que foi o

embrião de diversas outras redes regionais; a criação do FORTEC – Fórum Nacional de

Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia; a disponibilização de recursos para a

criação e consolidação dos núcleos de inovação tecnológica nas ICTs; e a inclusão de

cláusulas relativas aos direitos de propriedade intelectual em projetos financiados por órgãos

públicos e envolvendo parcerias com empresas como a Petrobras e outras. Também é

importante ressaltar que as patentes passaram a ser valorizadas como indicador de resultado

sendo incentivadas no âmbito das instituições que compõem o sistema de ciência e tecnologia

do país.

Em paralelo, várias outras iniciativas também foram implementadas para estimular a inovação

e a interação ciência-indústria, vislumbrando o desenvolvimento tecnológico e o aumento da

competitividade do país. Em um estudo sobre políticas públicas para a inovação no Brasil,

Sennes (2009) cita as seguintes iniciativas: a criação dos Fundos Setoriais de Ciência e

Tecnologia em 1999; o estabelecimento de uma política industrial (PITCE), em 2003; a

chamada Lei do Bem; a implementação do Plano de Aceleração do Crescimento da Ciência,

Tecnologia e Inovação, em 2007; e o estabelecimento da Política de Desenvolvimento

Produtivo (PDP), em 2008.

Outro aspecto a ser considerado é que a concessão de patentes nas áreas de produtos

farmacêuticos e produtos químicos só foi possível no Brasil com a entrada em vigor da nova

Lei de Propriedade Industrial (Lei 9279/1996). Essa lei substituiu o antigo Código de

Propriedade Industrial, como forma de adaptar a legislação brasileira para as prerrogativas do

TRIPS (Trade-Related Aspects Direitos de Propriedade Intelectual). De acordo com o TRIPS,

todos os países signatários não mais poderiam impedir o patenteamento em qualquer área

tecnológica. Desde então o Brasil tem concedido, sem discriminação, patentes nas áreas de

medicamentos, alimentos e produtos químicos (PÓVOA, 2008). Como no Brasil há

experiência acadêmica nessas áreas do conhecimento, a possibilidade de patentear também

contribuiu para o aumento do número de pedidos de patentes de universidades brasileiras

(LETA e BRITO CRUZ, 2003).

De acordo com Oliveira e Velho (2009), o número de depósitos de patentes das universidades

brasileiras aumentou quase cinco vezes na última década em relação à decada anterior. Trata-

se de uma mudança no ambiente acadêmico nacional que teve início nos anos 80 a partir de

um pequeno número de depósitos (PÓVOA, 2008, OLIVEIRA e VELHO, 2009). Como é um

fenômeno recente, ainda existem poucos estudos sobre as características das patentes das

universidades brasileiras e, em especial, sobre o perfil desses pesquisadores/inventores.

4. Metodologia

Esse estudo caracteriza-se como pesquisa descritiva, de natureza quantitativa, com abordagem

bibliométrica baseada em documentos de patentes. Para o levantamento das patentes

depositadas por universidades brasileiras no INPI foi utilizada a base Derwent Innovation

Index (DII) acessada através do Portal Periódicos da Capes. Essa base de dados foi escolhida

por conter documentos de patentes depositados nos principais escritórios de propriedade

intelectual do mundo, incluindo o INPI. O levantamento foi baseado nos seguintes

parâmetros:

Titularidade: universidade

Número do documento de patente: BR* (código dos depósitos realizados no INPI)

Período: até 2008 (em razão do período de sigilo)

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As informações referentes aos documentos de patentes recuperados (número da patente, título,

inventores, titulares e código de classificação) foram transferidas para uma planilha em Excel

de modo a facilitar o processamento e análise dos dados.

A identificação do campo tecnológico dos documentos de patente que compuseram o universo

de estudo foi feita com base na classificação Derwent. É importante mencionar que um

documento de patente pode conter mais de uma classificação.

O perfil dos inventores das patentes das universidades brasileiras foi baseado em informações

contidas no currículo Lattes dos referidos pesquisadores. Para identificar o perfil dos

pesquisadores foram considerados os seguintes dados: formação acadêmica, vínculo, atuação

em programas de pós-graduação, recebimento de bolsa de produtividade em pesquisa do

CNPq e produção acadêmica, considerando-se publicações até 2009.

Para efeito da pesquisa foi considerado apenas o perfil dos principais inventores da classe

com maior concentração de depósitos de patentes por parte das universidades brasileiras, no

caso, a classe D que corresponde ao campo tecnológico referentes a alimentos, detergentes,

tratamento de água e biotecnologia.

5. Resultados

O levantamento inicial, conforme parâmetros estabelecidos, recuperou um total de 4.041

documentos de patentes. Numa segunda fase foi aplicado um filtro de modo a descartar os

documentos que não se configuravam como provenientes de universidades brasileiras. Após o

descarte restaram 1.428 documentos, que foram distribuídos pelos diversos campos

tecnológicos. A Figura 1 ilustra a distribuição dos documentos de patentes das universidades

brasileiras conforme classificação Derwent.

Figura 1 – Distribuição das patentes conforme classificação Derwent

Conforme ilustrado na Figura 1, a classe D – que corresponde ao campo tecnológico referente

a alimentos, detergentes, tratamento de água e biotecnologia – apresenta a maior quantidade

de depósitos de patentes depositados no INPI provenientes de universidades brasileiras. Com

base nesse resultado foram identificados os pesquisadores/inventores com maior número de

patentes na referida classe.

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No presente estudo foram considerados 15 pesquisadores com quantitativo variando de 4 a 16

depósitos de patentes, com média de 8 patentes por pesquisador. A Figura 2 mostra a

distribuição da quantidade de depósitos de patentes pelos pesquisadores/inventores.

Figura 2 – Distribuição das patentes por pesquisador

No tocante à distribuição desses pesquisadores/inventores por universidade, há destaque para

UFMG e UNICAMP, que são instituições que têm se destacado como depositantes de

patentes no cenário nacional e que apresentam estrutura estabelecida voltada para inovação e

transferência de tecnologia. Especificamente no caso dessas duas universidades, a UFMG

possui a Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica – CTIT e a UNICAMP

conta com a Agência de Inovação da UNICAMP – INOVA para dar apoio aos pesquisadores

nas questões relativas aos direitos de propriedade intelectual. O vínculo dos demais

pesquisadores é com a USP, UFRJ, UFPR, UFSCAR e UMC. Esse resultado vai ao encontro

das evidências encontradas por Stephen et al. (2005) de que instituições que possuem história

pregressa de patenteamento apresentam maior tendência a essa prática.

Observa-se ainda que a quase totalidade dos pesquisadores analisados nesse estudo são

vinculados a instituições da região sudeste, mais especificamente dos estados de São Paulo e

Minas Gerais. Existe apenas 1 pesquisador com vínculo com universidade do Rio de Janeiro e

1 com vínculo com universidade do Paraná. A Figura 3 mostra as universidades com as quais

os pesquisadores/inventores possuem vínculo.

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Figura 3 – Universidades de vínculo dos pesquisadores

Quanto à formação acadêmica, o estudo mostrou que todos possuem doutorado, sendo que 13

pesquisadores (87% do total) também fizeram pós-doutoramento. Esses resultados

evidenciam formação altamente qualificada dos 15 pesquisadores/inventores que fizeram

parte desse estudo (Figura 4). Considerando-se formação no exterior, 5

pesquisadores/inventores fizeram doutoramento e 10 fizeram estágio pós-doutoral fora do

país. Apenas 4 pesquisadores/inventores não tiveram a experiência de realização de doutorado

ou pós-doutorado em outro país. Seria interessante, em estudos futuros, verificar se a

experiência de formação no exterior contribuiu para uma maior conscientização da

importância da proteção do conhecimento desenvolvido no ambiente acadêmico por parte

desses pesquisadores/inventores.

Figura 4 – Formação dos pesquisadores

Outro aspecto observado foi a atuação dos pesquisadores/inventores em programas de pós-

graduação stricto sensu. O estudo apontou que todos atuam nesse nível de ensino, em

programas relacionados às áreas de química e biologia e áreas afins. Quanto à avaliação

desses programas, a maioria (aproximadamente 75%) atua em programas considerados de

excelência, ou seja, programas avaliados com conceitos 6 e 7 pela Capes. Esses resultados

indicam que esses pesquisadores/inventores, que desenvolvem novos conhecimentos

patenteáveis, também contribuem para a formação de novos pesquisadores. A Figura 5 mostra

a distribuição desses pesquisadores por programa de pós-graduação enquanto a Figura 6

mostra a distribuição dos pesquisadores por conceito dos programas conforme avaliação da

Capes.

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Figura 5 – Programas em que atuam os pesquisadores

Figura 6 – Conceito dos programas em que atuam os pesquisadores

No estudo também foi verificado se esses pesquisadores/inventores possuem bolsas de

produtividade em pesquisa (PQ) ou outra similar concedida CNPq. Conforme ilustrado na

Figura 7, 10 pesquisadores usufruem de bolsa PQ e 01 de bolsa de desenvolvimento científico

regional (DCR), o que é um indicador de produtividade e reconhecimento pelos pares.

Figura 7 – Bolsas do CNPq concedidas aos pesquisadores

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No que se refere à produção acadêmica, o estudo mostrou que esses pesquisadores possuem

elevada produção científica tanto em periódicos como em anais de congressos, o que é

consonante com o perfil de pesquisadores que, em grande parte, possuem bolsas de

produtividade em pesquisa do CNPq. Esse resultado também corrobora os achados de outros

estudos (STEPHEN et al., 2005; ROSELL e AGRAWAL, 2009; GEUNA e NESTA, 2006),

conforme mencionado na seção 2 desse artigo, que identificaram complementariedade entre

patenteamento e publicações científicas por parte de pesquisadores de universidades da

Europa e Estados Unidos.

Interessante observar que, no caso de 12 pesquisadores/inventores, o número de publicações

em periódicos é superior à produção em anais de congressos, indicando uma preferência por

esse tipo de veículo para divulgação dos resultados das pesquisas realizadas. Considerando-se

a média da produção científica, tem-se aproximadamente 105 artigos em periódicos e 40

artigos em anais de congresso por pesquisador/inventor. A Figura 8 apresenta o quantitativo

de publicações em periódicos e anais de congressos dos 15 pesquisadores que mais tiveram

depósitos de patentes na classe D da classificação Derwent.

Figura 8 – Produção científica dos pesquisadores

6. Considerações finais

O patenteamento das universidades no Brasil e no exterior é um fenômeno que vem

aumentando nos últimos anos despertando questionamentos sobre o impacto dessa prática

sobre as atividades acadêmicas, em particular, sobre a natureza das pesquisas desenvolvidas e

divulgação de novos conhecimentos gerados.

Apesar do receio de que o interesse pelo patenteamento fizesse com que pesquisadores

dessem ênfase a pesquisas aplicadas em detrimento de pesquisas básicas e que a disseminação

do conhecimento através de publicações científicas pudesse ser comprometida, estudos

internacionais têm apontado para a existência de complementariedade entre as atividades de

patenteamento e publicação.

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XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no

Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.

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A literatura sobre o assunto, entretanto, apresenta-se bastante fragmentada havendo lacunas a

serem preenchidas. Existem poucos estudos, por exemplo, sobre o perfil dos

pesquisadores/inventores das universidades. Especificamente no caso do Brasil, a demanda

por estudos sobre a temática é grande, uma vez que o patenteamento por parte das

universidades só recentemente passou a ser realidade para a grande maioria das instituições.

O presente estudo, que buscou traçar o perfil dos principais pesquisadores/inventores das

universidades brasileiras, mostrou que esses pesquisadores apresentam alta qualificação

quanto à formação acadêmica, que atuam em programas de pós-graduação stricto sensu

considerados de excelência, que possuem bolsas de produtividade em pesquisa e que têm

elevada produção científica, com destaque para as publicações em periódicos.

Tais resultados são consonantes com estudos que vêm sendo realizados no cenário

inernacional mostrando que pesquisadores brasileiros que se preocupam em proteger o

resultado de suas pesquisas através do sistema patentário, também apresentam alta

produtividade no indicador de produção científica.

Além da divulgação dos resultados encontrados, o trabalho procurou mostrar uma série de

informações que estão acessíveis e que podem ser facilmente obtidas para ajudar a compor o

perfil de pesquisadores que constam como inventores de patentes depositadas por

universidades brasileiras, contribuindo para uma melhor compreensão desse fenômeno e de

seus impactos sobre o ambiente acadêmico nacional.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio e à Capes pelo acesso ao Portal de Periódicos que

permitiram a realização da pesquisa.

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