estudo sobre o mercado municipal de sp - etapa 1

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO ESTUDO DO PROJETO DO MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO ETAPA 1 São Paulo 2015 Beatriz Nobumoto 8566479 Fabrício Carvalho 8961592 Isabela Luisi 8961192 Lyon Cruz 8960695 Teresa Vieira 8961362 Professora Maria Lúcia

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Estudo Sobre o Mercado Municipal de SP - Etapa 1

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    UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

    ESTUDO DO PROJETO DO MERCADO MUNICIPAL DE SO PAULO ETAPA 1

    .

    So Paulo

    2015

    Beatriz Nobumoto 8566479 Fabrcio Carvalho 8961592 Isabela Luisi 8961192 Lyon Cruz 8960695 Teresa Vieira 8961362

    Professora Maria Lcia

  • 1

    SUMRIO

    1 INFNCIA E JUVENTUDE..............................................................................2

    2 CONTEXTO DE CAMPINAS...........................................................................2

    3 MAONS E REPUBLICANOS.......................................................................3

    4 ESTUDOS NA BLGICA.................................................................................4

    5 TRAJETRIA PROFISSIONAL.....................................................................4

    6 TRAJETRIA SOCIAL E POLTICA............................................................5

    7 CONDIES SOCIAIS DA PROFISSO E DA PRODUO

    ARQUITETNICA E URBANA...........................................................................5

    8 RECONHECIMENTO.........................................................................................7

    9 MERCADO MUNICIPAL...................................................................................8

    10 ACERVO............................................................................................................11

    ANEXO A LISTA DE PRANCHAS DO MERCADO MUNICIPAL DE SO PAULO

    DO ACERVO DA BIBLIOTECA FAUUSP..................................................................12

    ANEXO B IMAGENS...............................................................................................13

    REFERNCIAS..........................................................................................................16

  • 2

    1 INFNCIA E JUVENTUDE

    Francisco de Paula Ramos de Azevedo nasceu em So Paulo em 8 de

    dezembro de 1851. Filho de Joo Martins de Azevedo, um major da cavalaria da

    Guarda Nacional de origem portuguesa - que no mbito pblico exerceu cargo de

    vereador por vrios anos, e no privado, figurava como capitalista, e D. Anna

    Carolina, cuja famlia tambm vira de Portugal.

    Logo aps seu nascimento foi para Campinas, onde comeou seus estudos na nica

    escola pblica que ensinava latim e francs, mostrando o interesse dos pais na sua

    educao formal e iniciando o amplo conhecimento cultural que adquirira ao longo

    de sua vida. Ao completar dezoito anos, vai para o Rio de Janeiro para estudar na

    Escola de Artilharia da Praia Vermelha, porm no conclui o curso. De volta a

    Campinas, tem a oportunidade de trabalhar na construo da Estrada de ferro

    Mogiano como auxiliar de desenho - fato que teria despertado seu interesse por

    engenharia

    2 CONTEXTO DE CAMPINAS

    A partir da dcada de 1870 a produo cafeeira aumentou de forma grandiosa

    e estendia-se para o Oeste paulista. Com a construo da estrada de ferro

    Campinas-Jundia, facilitando o transporte ao porto de Santos, e a chegada de

    imigrantes europeus, o municpio de Campinas era o principal centro produtor e caf

    da Provncia de So Paulo. O lucro advindo desta atividade propiciou maiores

    investimentos para o cenrio urbano que se apresentava sem calamento, com

    ruas esburacadas, com um casario baixo, de taipa.

    O ideal de modernidade era defendido para as mudanas que aconteceriam

    na cidade, e neste contexto, moderno significava estar em sintonia com as

    tendncias europeias. Novas tcnicas construtivas, novos programas e solues

    formais eram expresses arquitetnicas de ordem e progresso. Assim, a privilegiada

    posio econmica da cidade permitiu diversos investimentos aliados a elite agrria,

    tornando a fisionomia urbana smbolo da fora do capital e do poder da burguesia

    local.

    Analisando o texto Ramos de Azevedo, Presena e atuao em Campinas e

    Ramos de Azevedo e seu escritrio(MONTEIRO, A. 2000), possvel inferir que a

  • 3

    base dos projetos realizados em So Paulo, que levaram Ramos de Azevedo a se

    afirmar como um grande arquiteto, se consolidou na sua atuao em Campinas.

    3 MAONS E REPUBLICANOS

    A Loja Manica Independncia foi fundada em 1867 e um de seus primeiros

    membros foi Francisco Glicrio de Cerqueira Leite. Ramos se casou com a sobrinha

    de Francisco e assim as famlias Azevedo e Cerqueira Leite se uniram pelos laos

    sagrados do matrimnio e tambm pelos secretos da maonaria. (MONTEIRO, A.

    2000)

    No apenas em Campinas, os maons eram defensores dos ideais

    republicanos. A empreitada republicana pressupunha uma srie de mudanas

    econmicas, sociais, polticas e tambm urbanas e arquitetnicas. Ramos de

    Azevedo foi o principal promotor deste novo modelo de cidade desenvolvida,

    moderna.

    A relao de Ramos de Azevedo com os grupos republicanos foi crucial para

    o incio de sua carreira. Durante sua formao como engenheiro-arquiteto na

    Universidade de Gante, na Blgica (possivelmente financiada por seus irmos

    maons ou grupos burgueses), o jornal Gazeta de Campinas publicava todas as

    etapas de sua formao (quando ele havia sido aprovado em uma matria, ou de

    ano), sempre fazendo elogios e enaltecendo sua imagem. Alm disso, na volta ao

    Brasil depois da graduao, Ramos organiza uma exposio com seus trabalhos

    acadmicos, e mesmo sem ainda ter realizado uma obra, destacado como grande

    profissional.

    Tamanho entusiasmo no era demonstrado com outros brasileiros estudando

    no exterior, o que reflete o jogo de interesses na sociedade campinense. Monteiro

    afirma que o talento e as qualidades de Ramos so inquestionveis, mas arrisca

    dizer que ele tenha sido talhado para ocupar um posto de destaque e que os

    grupos republicanos e as elites agrrias buscavam mostrar algum que trazia para

    Campinas a civilizao e o progresso que se materializavam em uma nova

    arquitetura a ser implantada. (MONTEIRO, A. 2000)

  • 4

    4 ESTUDOS NA BLGICA

    Em 1874, aos vinte e quatro anos, embarca para a Blgica e inicia estudos no curso

    de Engenharia Civil da Universidade de Gand. Entretanto, demonstrando vocao

    para o desenho, Ramos aconselhado a transferir-se para o curso de Engenharia e

    Arquitetura, considerado, na poca, um ramo de engenharia artstica.

    Concomitanetmente, matricula-se na escola de Beaux Arts, adquirindo tambm

    formao em arte. Durante sua graduao, mostrou-se um aluno aplicado e com

    mdias acima de sua turma. Em 1878, Ramos de Azevedo gradua-se com grande

    distino no curso de Engenharia e Arquitetura.

    Alm disso, para que a viabilidade tenha maior probabilidade de acerto, sero

    feitos projetos de arquitetura, estrutura, hidrulica e eltrica para que, por meio da

    otimizao e compatibilizao dos mesmos, a obra fique com custo reduzido. Para

    isto, a determinao destes projetos imprescindvel, pois oferece noo de preo

    de mo de obra e dos materiais utilizados, bem como o prazo da construo.

    5 TRAJETRIA PROFISSIONAL

    Logo aps voltar de sua graduao na Blgica, Ramos de Azevedo j monta

    seu primeiro escritrio de engenharia e arquitetura em Campinas, no qual j concluiu

    obras como a Igreja da Matriz. Este projeto em especfico foi de suma importncia

    para a carreira do engenheiro-arquiteto, pois nele que Ramos de Azevedo ser

    reconhecido pelo Visconde de Indaiatuba, que o convidar para fazer importantes

    edificaes em So Paulo, como a Tesouraria da Fazenda e a Secretaria de Polcia.

    Alm disso, tambm no incio de sua carreira, foi convidado pelo Presidente da

    Provncia de So Paulo para chefiar a Carteira Imobiliria do Banco da Unio - o

    que lhe deu a possibilidade, tambm, de empreender as suas diversas obras que

    marcaram uma nova arquitetura paulista

    Seu escritrio, F.P. Ramos de Azevedo e Cia, foi o maior escritrio de

    projetos entre o final do sculo XIX e incio do XX. Localizado na Rua Boa Vista e

    inaugurado em 1886, recebia enorme volume de encomendas de projeto, dos mais

    diversos tipos da arquitetura dos edifcios pblicos construo de residncias

    para os poderosos cafeicultores paulistas. Dentre as suas principais obras esto: o

    Prdio do Tesouro (1886-1891); o Quartel da Polcia (1888); a Escola Prudente de

    Moraes (1893-95); e o Teatro Municipal (1903-1911).

  • 5

    6 TRAJETRIA SOCIAL E POLTICA

    Quanto as relaes sociais estabelecidas por Ramos de Azevedo, tem-se

    como fundamental para entendimento de sua trajetria: o seu envolvimento com a

    poltica e os laos estabelecidos na Escola Politcnica.

    No campo da poltica, como j citado anteriormente, conhecia figuras

    importantssimas da poca como o Visconde de Indaiatuba e o Visconde de

    Parnaba, atual presidente da provncia de So Paulo. Essas primeiras conexes

    foram fundamentais para o estabelecimento de novas, visto que os polticos eram

    extremamente influentes na poca. Alm disso, possua um envolvimento ativo na

    poltica em 1904 foi eleito como senador, e deixou o cargo depois de um ano e

    meio. Ainda, exercia sua ideologia nacionalista de maneira ativa, filiou-se a Liga

    Nacional Paulista em 1917, a qual posteriormente daria origem ao Partido da Unio

    Democrtica Nacional (UDN).

    J na Escola Politcnica, exercia a sua ideologia positivista, juntamente com o

    professor Antonio Francisco de Paula Souza. Ainda, na escola conheceu

    engenheiros renomados como Alexandre Albuquerque e Luiz Igncio Romeiro de

    Anhaia Mello, os quais integraram a equipe do seu escritrio.

    7 CONDIES SOCIAIS DA PROFISSO E DA PRODUO

    ARQUITETNICA E URBANA

    No Brasil do sculo XIX, a profisso do arquiteto estava intrinsecamente

    vinculada engenharia civil, de tal modo que a oficializao deste profissional

    ocorreu por meio do primeiro CREA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura

    e Agronomia) em 1933. Isto , para se obter a formao acadmica em arquitetura

    antes desta oficializao se tornava necessrio o estudo no exterior, sendo na

    maioria dos casos na Europa, ou por meio das corporaes de ofcio. Cabe-se

    ressaltar que at a consolidao das escolas de arquitetura -escolas de Belas Artes-

    a formao deste profissional, no sculo XIX, como engenheiro-arquiteto, era muito

    recorrente.

    Em So Paulo, o surgimento praticamente simultneo de duas escolas superiores de engenharia e a

    reforma de seu Liceu profissional parecem indicar que ocorria ento a difuso de uma ideologia de

    progresso que tinha como uma de suas vertentes a institucionalizao da formao tcnica.

    (Fischer, Sylvia. Os arquitetos da Poli: ensino e profisso em So Paulo, pg. 29)

  • 6

    Na segunda metade do sculo XIX possvel afirmar que a arquitetura esteve

    inserida em um contexto social, tecnolgico e econmico profundamente

    transformador no Brasil. Vale ressaltar que at ento So Paulo possua uma

    arquitetura de tcnicas ainda muito manuais e pouco industrializadas, como a taipa

    de pilo, por exemplo. Portanto, para construir os edifcios de arquitetura ecltica

    citados acima, repletos de ornamentao, tornava-se necessrio dois pr requisitos:

    a produo industrial de alguns insumos para a construo civil, e a obteno de

    mo de obra especializada, os quais no se encontravam em So Paulo na poca.

    Dessa forma, o prprio Ramos de Azevedo que criar as condies necessrias

    para o desenvolvimento de seus prprios projetos com a implantao das

    primeiras indstrias da construo como a de cermica, de tijolos e de madeira e

    com a criao do Liceu de Artes e Ofcios de So Paulo, lugar no qual se formariam

    artesos especializados tanto na construo civil como na produo de artigos

    mobilirios. O engenheiro-arquiteto alm de ter realizado o projeto arquitetnico do

    edifcio sede da escola, tambm participou da gesto e da estruturao curricular da

    mesma, entre 1873 at 1895. a partir destes esforos que possvel a

    transformao urbana paulista. Segundo a autora do livro Ramos de Azevedo, Maria

    Cristina Wolff de Carvalho, as construes de Ramos de Azevedo foram

    fundamentais para a transformao da paisagem urbana paulista, tanto no sentido

    material, com os objetos arquitetnicos, quanto na simbologia que os mesmos

    representavam: uma nova arquitetura, industrial, moderna e imponente.

    No alvorecer da Metrpole Paulistana, no faltou presuno para tentar transformar o

    retrado burgo de taipa de pilo num centro cosmopolita, em cujas artrias pulsava a riqueza do caf.

    No crescimento do Oitocentos, a cidade de So Paulo mal transpunha os limites do chamado

    Tringulo: figura geomtrica tradicional nas narrativas sobre a cidade para assimilar a regio em

    acrpole cujos ngulos eram assinalados pelos Conventos de So Francisco, do Carmo e do

    Mosteiro de So Bento SEGAWA, H. Preldio para a Metrpole. 2004)

    H tambm um outro campo que o engenheiro arquiteto acreditava ser

    fundamental para a transformao do pas e da sociedade, e no qual foi fundamental

    em sua constituio: O ensino da Escola Politcnica de So Paulo, onde comeou

    como docente, introduzindo disciplinas referentes a arquitetura na grade curricular

    da escola, e posteriormente tornou-se vice-diretor (1900-1917) e diretor (1917-1921).

    Segundo entrevistas realizadas por Maria Clia Loschiavo dos Santos, em Entrevista

  • 7

    com Ernesto de Castro Filho, Ramos de Azevedo tratava o ensino como algo

    fundamental, e era muito criterioso na formulao de suas aulas, e sempre muito

    solcito com seus alunos, pois acreditava ser a transmisso do conhecimento

    imprescindvel para a transformao da realidade social.

    Nota-se relevante mencionar que o curso de engenheiro-arquiteto da Escola

    Politcnica teve seu funcionamento de 1894 a 1954. Isso pois o ensino arquitetnico

    como matria de conhecimento autnoma ainda no existia, o que orientar os

    movimentos posteriores de emancipao das escolas de Arquitetura em relao as

    Politcnicas.

    8 RECONHECIMENTO

    Ramos de Azevedo, j em sua graduao na Blgica era extremamente

    elogiado pelo diretor da Universidade pelo seu empenho e sua tima tcnica de

    desenho j em 1878, participou com seus desenhos na Exposio Universal de

    Paris. O sucesso de seu escritrio, o volume e o poder de transformao de seus

    projetos, bem como seu envolvimento em poltica no incio do sculo XX

    demonstram que j em vida foi extremamente bem sucedido. Em 1914, seu nome foi

    adicionado ao Livro de Ouro do Estado de So Paulo, e, em 1915, recebeu o ttulo

    de scio emrito do Grmio Politcnico. No ano de sua morte, 1928, Willian

    Steverson ofereceu-lhe um retrato e um discurso, no qual explicitava a importncia

    do engenheiro-arquiteto na nova configurao urbana e social paulista. Ainda, teve

    uma praa com o nome em sua homenagem (Praa Ramos de Azevedo), em frente

    ao seu projeto do Teatro Municipal de So Paulo. Aps a sua morte, recebeu mais

    uma homenagem como o monumento Ramos de Azevedo, em 1934 (hoje situado na

    Universidade de So Paulo, prximo a escola politcnica). Os inmeros estudos,

    mestrados e doutorados, feitos sobre o engenheiro-arquiteto, tambm constituem

    um forte reconhecimento de como ele foi fundamental para a arquitetura, no geral, e

    para a cidade de So Paulo.

  • 8

    9 MERCADO MUNICIPAL

    Em 25 de janeiro de 1933, o jornal O Estado de So Paulo anunciava a

    inaugurao do Mercado Municipal Paulistano. "O prdio, considerado poca

    majestoso demais para sua finalidade, impressionada pela suntuosidade e foi,

    provavelmente, o ltimo daqueles que comearam a ser construdos no fim do

    sculo 19, quando So Paulo queria ganhar ares de metrpole, repudiando as

    pequenas construes coloniais." (MENEZES; 2004, pg. -16).

    O Mercado Municipal que conhecemos hoje foi construdo em uma rea

    tradicionalmente ocupada por centros de abastecimento da cidade. Em 1867, era

    inaugurado o primeiro Mercado Municipal de So Paulo, localizado na mesma

    vrzea do Tamanduate, entre a Ladeira General Carneiro e a Rua 25 de maro

    (vide figura 1). Tal localizao justifica-se pela proximidade com a Estrada de Ferro

    do Estado, em construo na poca. A ltima demandava a existncia, em suas

    proximidades, de um centro de comrcio de comestveis "que distribusse os

    produtos que chegavam do litoral, do exterior e principalmente das chcaras e stios

    que existiam nos subrbios da capital." (MENEZES; 2004, pg. - 16).

    Em 1907, este pequeno mercado, "que no passava de um conjunto insalubre

    de casebres" (MENEZES; 2004, pg. - 16) seria demolido e um novo Mercado

    Municipal, o Mercado Grande, seria erguido no mesmo local. semelhana do

    primeiro, este entreposto tambm no foi poupado pelo sanitarismo urbanstico da

    dcada de 1920, devido exiguidade de suas instalaes, a carncia de produtos

    bsicos e as precrias condies de higiene. "Chega a hora de se construir um

    Mercado Municipal digno da pujana de So Paulo." (FALCETA JR.; 2004, pg. - 58).

    Em 1920, o prefeito Firmiano de Morais Pinto promulgou a Lei 2346,

    autorizando a construo de um novo Mercado na Vrzea do Carmo. Abriu-se

    concorrncia para projeto. Embora doze propostas tenham sido apresentadas,

    nenhuma delas foi aprovada pela prefeitura. "Dessa forma convoca-se o arquiteto

    Ramos de Azevedo para produzir um projeto alternativo." (FALCETA JR.; 2004, pg. -

    58).

    Em 17 de novembro de 1924, o mesmo prefeito edita a Lei 2779, autorizando

    a construo de um Mercado Municipal de acordo com o projeto e o oramento

    apresentado por Ramos de Azevedo, no Parque Dom Pedro II.

  • 9

    "Em abril de 1925, uma solenidade marca o incio das obras. At sua morte,

    em junho de 1928, Ramos de Azevedo coordenar os trabalhos. A partir desse

    momento, a obra passa a ser tocado por Ricardo Severo e Arnaldo Dumont Villares,

    seus scios do escritrio." (FALCETA JR.; 2004, pg. - 63).(vide figuras 2 e 3). Crises

    financeiras e polticas paralisaram a obra por vezes. A indisponibilidade de materiais

    e equipamentos tambm contribui para o ritmo lento da construo.

    Em 1926, o arquiteto Ramos de Azevedo e o ento prefeito, Pires do Rio,

    convocaram o artista Conrado Sorgenicht Filho para produzir os vitrais do Mercado.

    As imagens neles retratados foram inspirados em cenas de agricultores capturadas

    pelo exmio arteso em sua misso excursionista por stios e fazendas em So

    Paulo. Contudo, antes mesmo da finalizao das obras e da inaugurao do

    Mercado Municipal, seus vitrais necessitaram de reparos. Com a ecloso, em 1932,

    da Revoluo Constitucionalista, o entreposto foi utilizado como depsito de armas,

    munies e quartel improvisado para as tropas paulistas. Os vitrais de Sorgenicht

    Filho foram adotados por alguns soldados como alvos em seus exerccios de tiros

    durante a Revoluo.

    Em 1933, a execuo do hino nacional marcou a inaugurao do Mercado

    Municipal, cujo custo de produo alcanara 10 mil contos de ris. "Atrs do

    palanque, a obra oculta nmeros impressionantes. Haviam sido empregados 3,2 mil

    toneladas de cimento, 1,2 mil toneladas de ferro e 27 quilmetros de fios e cabos. A

    rea total do entreposto, entre a Rua da Cantareira e a Av. do Estado, tinha 22 mil

    m2 e correspondia ao dobro da rea somada dos cinco outros mercados ento

    existentes na cidade. A rea construda chegava a 12,6 mil m2." (FALCETA JR.;

    2004, pg. - 63).

    Os autores divergem em relao aceitao pblica do Mercado Municipal a

    poca de sua inaugurao. Se por um lado B afirma que "Quando entrou

    oficialmente em funcionamento, no foram muitos os interessados em transferir-se

    para l. Os comerciantes, muitos deles imigrantes (...), estavam receosos. Os

    fregueses tambm custaram a aparecer. A Vrzea do Carmo era um enorme

    pntano, e quase no havia meios de transporte ligando a regio ao restante da

    cidade." Por outro lado, A aponta: "Os primeiros fregueses encantam-se com os

    vitrais, com o teto claro, iluminado por clarabias, uma construo alta, p-direito

    superior a dez metros. Nos lanternins corridos (telhado sobreposto nas cumeeiras,

    que permite a ventilao), a distncia desde o piso chega a 17 metros. O povo

  • 10

    impressiona-se com a imponncia das colunas e das abbadas sustentadas por

    arcos abaulados." (FALCETA JR.; 2004, pg. - 63).

    A importncia assumida pelo Mercado Municipal poucos anos aps sua

    inaugurao ressaltada por ambos os autores: "Em 1939, comeam a circular as

    trs primeiras linhas de bondes, paulatinamente o Mercado torna-se ponto de

    atrao e interesse." (MENEZES; 2004, pg. - 17). (Vide figura 4). J A afirma: "a

    histria do entreposto a do encontro de diferentes fraes da sociedade,

    especialmente dos negros, mestios e migrantes, at ento margem das foras

    produtivas. Nessa So Paulo em mutao, o Mercado o espao do diarista, do

    trabalhador informal, do mendicante, e dos diferentes comerciantes que o

    frequentam todos os dias." (MENEZES; 2004, pg. - 73).

    Passados muitos anos de sua construo, o Mercado Municipal deixou de ser

    apenas um entreposto comercial para tornar-se um marco gastronmico, alm de

    importante ponto turstico do municpio. Na dcada de 1940, o prefeito Prestes Maia

    sugeriu afastar o Mercado da Rua Cantareira para construir um bairro residencial na

    regio, proposta esta que no foi colocada em prtica.

    Nos anos 60, o comrcio ao ar livre no entorno do Mercado Municipal

    proibido. A construo do CAGESP (Companhia de Armazns Gerais do Estado de

    So Paulo) em 1964 tambm no abalou o Mercado: "que deixou de centralizar a

    distribuio atacadista de fritas e verduras e retomou seu perfil original de varejista."

    (MENEZES; 2004, pg. -17). Em 1966, as chuvas fazem o Rio Tamanduate

    transbordar. "A enchente paralisa o mercado e determina a transferncia de parte de

    suas atividades para o CEASA (Centro de Abastecimento Sociedade Annima), na

    Zona Oeste." (FALCETA JR.; 2004, pg. - 75). (Vide figura 5).

    Em 1969, ocorre a fuso do CEASA com a CAGESP. O novo rgo, intitulado

    de CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazns Gerais do Estado de So

    Paulo) passa a ser o entreposto de volume. "O Mercado Municipal segmenta-se,

    redefine seu papel no complexo de abastecimento da cidade. Seus permissionrios

    investem em variedade, qualidade e especificidade." (FALCETA JR.; 2004, pg. - 76).

  • 11

    10 ACERVO

    Na biblioteca FAUUSP constam 14 pranchas sobre o projeto do Mercado

    Municipal de So Paulo, dentre elas cortes, fachadas e plantas (Lista x.x).

    Encontram-se todas em bom estado de conservao - os traos, cotas e textos

    inteiramente legveis mas em algumas folhas apresentam-se alguns rasgos nas

    dobras por serem antigas, da dcada de 20.

    Foram doados em 1983 por Carlos Lemos, professor da FAUUSP que

    auxiliou em alguns trabalhos acadmicos referentes a Ramos de Azevedo, como a

    tese de doutorado, Ramos de Azevedo, de Maria Cristina Wolff de Carvalho.

    Juntamente com o material do Mercado Municipal, mais 416 projetos foram

    disponibilizados para a biblioteca.

    Quanto a fortuna crtica no se tem muitas informaes, tendo em vista que a

    biblioteca no possua banco de dados na dcada de 80.

  • 12

    ANEXO A LISTA DE PRANCHAS DO MERCADO MUNICIPAL DE SO PAULO

    DO ACERVO DA BIBLIOTECA FAUUSP

    Fl.1 -Pavimento Terreo. Esc. 1:200 (1922) Fl.2 - Fachada Lateral. Esc. 1:100 (1922) Fl.3 - Fachada Principal. Esc. 1:100 (1922) Fl.4 - Cortes. Esc. 1:50 (1922) Fl.5-Planta Do Pavimento B. Esc. 1:100 (1928) Fl.6-Planta Do Pavimento Baixo. Esc. 1:100 (1922) Fl.7 - Pav. Alto. Esc. 1:100 (1923) Fl.8 - Fachada Posterior. Esc. 1:100 (1922) Fl.9 - Detalhe Da Fachada Principal, Das Fachadas Laterais. Esc. 1:20 (1926-1927) Fl.10 - Detalhe Das Fachadas Laterais. Esc. 1:20 (1928) Fl.11 - Corte Transversal Do Frigorfico. Esc. 1:100 Fl.12 - Corte Transversal. Esc. 1:100 Fl.13 - Corte Longitudinal. Esc. 1:100 (1922) Fl.14 - Corte Transversal Pelo Eixo Do Corpo Central. Esc. 1:50 (1927-1928).

  • 13

    ANEXO B IMAGENS

    Figura 1: Mercado Municipal de So Paulo, conhecido como Mercado Velho, em 1870. Fonte: Mercado O Novo e o Velho Mercado de So Paulo

    Figura 2: Vista area do Mercado Municipal, ainda em construo, fevereiro de 1930. Ao fundo, o Rio Tamanduate. Fonte: Mercado O Novo e o Velho Mercado de So Paulo

  • 14

    Figura 3: Detalhes da construo do Mercado Municipal. Fonte: Acervo da Biblioteca FAU USP

  • 15

    Figura 4: Linha de bonde em frente ao Mercado, em 1940. Fonte: Hidegard Rosenthal. Acervo do Instituto Moreira Salles

    Figura 5: Enchente do Rio Tamanduate nos anos 60 Fonte: Agncia do Estado

  • 16

    REFERNCIAS

    FICHER, S. Os arquitetos da Poli: Ensino e Profisso em So Paulo. Ed: Edusp. 416

    p.

    REIS FILHO, N.G. Quadro da Arquitetura no Brasil. 10a edio. Ed: Perspectiva,

    2004. 216 p.

    FALCETA JR., W. Liturgias da construo do templo do sabor. In: Mercado

    Municipal de So Paulo 70 anos de cultura e sabor. So Paulo: abooks editora,

    2004. Pg. 58 76.

    MENEZES, M. E. O velho Mercado Municipal. In: Mercado o novo e o velho

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