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ESTUDO SOBRE A IMPORTANCIA DA UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE INFORMAÇÃO E CONTROLE EM UMA MARMORARIA Lanne Karelle Vieira Aragao (UFCG ) [email protected] LUZIA DE LIRA FERREIRA (UFCG ) [email protected] Douglas Rennan Fereira Maia (UFCG ) [email protected] Jose Vicente Guimaraes Neto (UFCG ) [email protected] Joao Pereira Leite (UFCG ) [email protected] Os dispositivos de informação e controle são fundamentais para que as informações possam ser recebidas e percebidas de todas as direções, podendo ser visuais ou auditivas. Estas informações possibilitarão o manuseio de controles de comando com o objetivo de minimizar o número de erros humanos e acidentes, além de otimizar o posto de trabalho, tornando a execução das tarefas mais produtivas. São fundamentais na interface homem-máquina transmitindo orientação geométrica ou espacial, sinais complexos ou abstratos. Podemos encontrá-los em forma de cores, luzes, sons, etc. Esses controles devem ser discriminados e organizados cautelosamente de acordo com o grau de utilização, visando minimizar os erros, melhorar a qualidade e a velocidade dos controles de comando. Palavras-chaves: Dispositivos, Informação, Controle, Manejo, Sinalização. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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ESTUDO SOBRE A IMPORTANCIA DA

UTILIZAÇÃO DE DISPOSITIVOS DE

INFORMAÇÃO E CONTROLE EM UMA

MARMORARIA

Lanne Karelle Vieira Aragao (UFCG )

[email protected]

LUZIA DE LIRA FERREIRA (UFCG )

[email protected]

Douglas Rennan Fereira Maia (UFCG )

[email protected]

Jose Vicente Guimaraes Neto (UFCG )

[email protected]

Joao Pereira Leite (UFCG )

[email protected]

Os dispositivos de informação e controle são fundamentais para que as

informações possam ser recebidas e percebidas de todas as direções,

podendo ser visuais ou auditivas. Estas informações possibilitarão o

manuseio de controles de comando com o objetivo de minimizar o

número de erros humanos e acidentes, além de otimizar o posto de

trabalho, tornando a execução das tarefas mais produtivas. São

fundamentais na interface homem-máquina transmitindo orientação

geométrica ou espacial, sinais complexos ou abstratos. Podemos

encontrá-los em forma de cores, luzes, sons, etc. Esses controles devem

ser discriminados e organizados cautelosamente de acordo com o grau

de utilização, visando minimizar os erros, melhorar a qualidade e a

velocidade dos controles de comando.

Palavras-chaves: Dispositivos, Informação, Controle, Manejo,

Sinalização.

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

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1. Introdução

De acordo com a necessidade de cada empresa, é importante que as mesmas implantem na sua

cultura organizacional um modelo que amenize os impactos indesejados causados pela

jornada de trabalho, por isso busca-se a interação de empregador-empregado. É de extrema

valia que as organizações se mantenham informadas do que há de novo em tecnologia, o que

ajudará a assegurar o seu lugar no mercado. É fundamental que os gestores invistam em

tecnologias e nos recursos humanos, dessa forma tornando possível manter-se atuante por um

período maior de tempo no mercado, e atender as exigências dos clientes e funcionários frente

aos bens e serviços oferecidos pelas empresas.

Do ponto de vista da ergonomia, essa tecnologia pode estar relacionada com a interface

homem-máquina. Há duas interfaces no sistema homem-máquina: a percepção de todas as

informações que são apresentadas nos mostradores e o manuseio dos controles que comandam

a máquina (GRANDJEAN, 1998).

Os dispositivos de informação e controle possibilitam o acesso às informações sobre o

processo de medida, com a finalidade de minimizar erros humanos, acidentes e incidentes,

fadiga e estresse, otimizando o posto de trabalho.

O homem é dotado de vários canais sensoriais, no entanto, dois deles são mais importantes no

ambiente de trabalho: A visão e a audição. A informação auditiva pode ser percebida de todas

as direções e a visual pode analisar detalhes de sinais complexos ou abstratos.

2. Referencial teórico

2.1. Dispositivos de informação

As fontes de informação sobre trabalho podem ser classificadas em: conscientes e

inconscientes. As informações conscientes são antes de tudo visuais, quer se trate de sinais

naturais (informais) ou preparados (normais). As informações inconscientes, muitas vezes são

mais negligenciadas, por uma razão bastante forte, a grande dificuldade em trazer à

consciência e, portanto, expressar as sensações proprioceptivas (relativas ao próprio corpo)

(WISNER, 1987).

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Uma buzina, uma luz que acende e apaga, um ponteiro que se move ou um bipe, está

transmitindo informação para um receptor. As informações (estímulos de entrada) são

percebidas pelos órgãos sensoriais e transmitidas ao sistema nervoso central e transformadas

em movimentos musculares (ex: a tela de um computador).

Na interface homem-máquina, um instrumento de controle informa ao homem o resultado de

sua intervenção, com isto, a máquina então realiza o processo de produção conforme

programado. O ciclo se fecha quando acontecimentos característicos da produção aparecem

nos mostradores (GRANDJEAN, 1998).

Geralmente os instrumentos de controle, através de seus mostradores, reproduzem as

necessidades de saída através de sinais visuais ou auditivos. Na figura 1, pode-se analisar

características relativas às apresentações visual e auditiva das informações.

Figura 01- Modelo de Cushman e Rosenberg (1991)

Fonte: Adaptada de Itiro Iida(2005)

2.2. Dispositivos de informação visuais

Este tipo de percepção deve ser utilizado para a recepção de mensagens longas,

principalmente se nesta houver orientação geométrica ou espacial, sinais complexos ou

abstratos. O sistema visual detecta detalhes de sinais nas informações. Por exemplo, em um

ambiente ruidoso, este tipo de transmissão é mais eficaz do que dispositivos sonoros, pois tem

como vantagem a riqueza nos atributos como a forma, cor e movimentos.

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Nossos olhos têm uma grande mobilidade, podendo fazer muitas fixações, praticamente sem

movimentar a cabeça. Entretanto, quando se exige atenção em um campo visual mais amplo,

pode-se estabelecer uma hierarquia em quatro níveis (IIDA, 2005)

Nível 1: Visão ótima - Os objetos situados nesta área podem ser visualizados mais

rapidamente, continuamente e com pouco esforço. Podem ser feitas duas inspeções

com apenas uma fixação visual.

Nível 2: Visão máxima – Atua além da visão ótima. As visualizações são feitas sem

movimentar a cabeça, situam-se no campo de visão periférico, onde apenas

movimentos grosseiros ou anormalidades são detectados. Exige uma fixação visual

posterior para detectar detalhes.

Nível 3: Visão ampliada – Os objetos estão situados além da visão máxima e para

serem visualizados é necessário movimentar a cabeça e a coluna cervical.

Nível 4: Visão estendida – Como o próprio nome diz, para haver a visualização do

objeto é necessário movimentos maiores como “estender” o pescoço, rotacionar o

tronco ou levantar-se da cadeira.

Os níveis 3 e 4 exigem maior esforço que o 1 e 2.

A percepção da informação depende de alguns fatores como:

Botton-up (detecção, legibilidade e clareza de sinal);

Top-down (interpretação, semântica e contexto).

Do ponto de vista cognitivo, a forma de compreender e agir de uma pessoa é dependente da

forma como ela processa uma informação, se perceptivamente ou simbólica, sendo mediado

por um sistema de conceitos próprios (ALONÇO, 2004).

Os dispositivos de informações visuais são encontrados na forma de placas de sinalização,

segurança, displays, monitores. Para uma melhor compreensão desta interface é necessário

obedecer a um planejamento relevante aos objetivos ergonômicos, como:

Características físicas dos trabalhadores;

Experiência e conhecimento prévio;

Características da tarefa;

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Visão macro da realidade do sistema;

Assistir a tomada de decisão;

Usabilidade da interface;

No entanto, também se deve considerar a localização e posição de monitores, tentar agrupar

na tela itens e dados que possuam inter-relação, a sequência utilizada pelo operador no

desenvolvimento da atividade e a configuração da tela, como, por exemplo, as cores, o brilho,

o contraste e a escrita, para diminuir a fadiga visual.

2.2.1. Segundo a teoria de Gestalt

Foi formulado por um grupo de psicólogos alemães por volta de 1910. De acordo com esta

teoria, a percepção humana não é apenas um conjunto de elementos, pois acabamos

construindo uma relação entre elas e não é possível decompô-las sem modificar o seu sentido.

Segundo Iida (2005), para a Gestalt o “conjunto não é uma simples soma das partes, porque

adquire um significado próprio”.

Ao olhar uma imagem qualquer, o cérebro humano tende a organizá-la, acrescentando-se um

significado. As características visuais da imagem como proporção, localização e as interações

entre os elementos são fundamentais na atribuição do significado.

Princípios de Gestalt:

Figura/fundo: A percepção humana destaca uma parte da imagem considerada

importante, seja ela o fundo ou a imagem. Em imagens ambíguas não conseguimos

perceber os dois simultaneamente;

Simetria: A percepção humana consegue destacar figuras simétricas e complexas;

Proximidade: Objetos situados próximos são “fundidos” entre si e percebidos em

uma forma única.

Similaridade: As figuras ou objetos de forma similares são percebidos como um

grupo, muitas vezes são visualizados em uma forma única.

Continuidade: A percepção tende a prolongar figuras incompletas, mostrando uma

tendência conservadora.

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Fechamento: Figuras fragmentadas tendem a ser percebidas como completas

Palavra escrita:

A nossa visão não é um processo continuo. Na percepção em uma linha escrita os olhos

movem-se aos pulos, cada pulo equivale a uma fixação (olhos captam 2 ou 3 palavras) este

movimento é denominado sacádico e demora cerca de 0,25 segundos. No entanto, estudos

indicam que a facilidade na leitura em um texto impresso depende do espaçamento entre as

linhas, portanto não é recomentado a elaboração de textos com ambos os lados justificados.

Textos impressos com linhas homogêneas formam um padrão de listras, que provocam

desconforto visual e ilusões óticas.

Os símbolos facilitam a comunicação entre povos de diferentes culturas. Os símbolos

universais atuam como peças intercambiáveis para superar as barreiras entre dialetos em

algumas áreas das atividades humanas. No entanto, nem todos os símbolos apresentam

significados claros aos usuários.

A ISO (International Standards Organization) quer padronizar os símbolos com o objetivo de

criar uma “linguagem”, para tanto é exigido 66% de compreensão quando testado em 6 países

diferentes.

Figura 03: Códigos internacionalmente aceitos

Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)

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O projeto de um display é importante para o bom desempenho da função do operador e por

fornecer uma gama de informações (coordenadas, símbolos, luzes.) exige que o operário

esteja em frente ao painel para visualiza-las. Os displays podem ser classificados em quatro

tipos: mostrador ou dial, indicador, dispositivo de alerta e contador.

No projeto de um mostrador deve-se considerar:

Ser de escala fixa e ponteiro móvel;

Utilizar apenas um ponteiro;

O ponteiro deve estar ligado ao movimento do controle e não da escala, o

deslocamento deve ser no sentido horário;

É preferível usar escalas retas e horizontais;

Cor, contraste, brilho.

Os mostradores qualitativos podem ser digitais ou analógicos, as informações contidas nos

digitais são superiores aos analógicos para leituras quantitativas, são percebidas mais

rapidamente e os erros minimizados, no entanto, os mostradores analógicos permitem

acompanhar a tendência da evolução da variável e é preferível utiliza-los quando a quantidade

de valores ou informações é alterada com frequência.

Existem também mostradores pictóricos, classificados em: dinâmico e estático. O dinâmico é

representado principalmente pelos tubos de raios catódicos (TRC) e o estático por cartazes e

gráficos.

A localização dos mostradores é fundamental para facilitar a visualização das informações,

aplicando a teoria de Gestalt e seguindo os seguintes critérios:

Importância: Os mostradores de maior importância devem ficar ao alcance da

visão ótima do operador;

Associação: Os mostradores associados a controles devem seguir postos na mesma

ordem ou mesmo tipo de arranjo espacial;

Sequência: Mostradores ligados a operações sequenciais devem seguir a mesma

sequência dessas operações;

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Agrupamento: Em painéis mais complexos podem ser agrupados pelos tipos ou

função que exercem.

Recomendações para legibilidade em escalas qualitativas:

As escalas qualitativas são usadas principalmente em leituras de verificação, onde não é

necessário conhecer o valor exato de uma variável, mas apenas checar se ela permanece

dentro de uma faixa de operação ou de segurança. (IIDA, 2005)

Deve-se prestar atenção nos estereótipos populares ao utilizar códigos de cores nos

mostradores (sinal de alerta visual):

Verde: indica andamento normal do processo;

Amarelo: indica atenção – o processo saiu da normalidade e pode exigir uma ação

corretiva;

Vermelho: indica perigo – o processo necessita de atenção e reparo imediato.

As cores devem ser usadas de modo correto para evitar erros na compreensão dos textos,

devem ser usadas 3 ou 4 cores no máximo, pois podem causar confusão dos sentidos e efeitos

psíquicos. As cores escuras são abafantes, sufocantes e desestimulantes. Enquanto as cores

claras são leves, amistosas, estimulantes e difundem mais a luz e clareiam o ambiente,

obrigando a uma limpeza maior do sistema. Seus efeitos e características podem ser

observados na tabela 1.

Tabela 01- Apresentação da cor e efeito

Cor Efeito distância Efeito Temperatura Disposição psíquica

Azul Distante Frio Tranquilizante

Verde Distante Frio e Neutro Muito Tranquilizante

Vermelho Próximo Quente Muito irritante

Laranja Muito Próximo Muito Quente Estimulante

Amarelo Próximo Muito Quente Estimulante

Marrom Muito Próximo Neutro Estimulante

Violeta Muito Próximo Quente Agressivo, Desestimulante

Fonte: Itiro Iida(2005)

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2.3. Dispositivos de informação auditivos

A audição é um sentido pouco utilizado nos sistemas de informação, exceto na comunicação

falada. Apesar disso, quando a visão esta sobrecarregada, pode-se desviar algumas

informações para o canal auditivo (DUL e WEERDMEESTER).

Os dispositivos sonoros devem ser localizados em locais estratégicos, pois sua função está em

chamar atenção imediata para uma determinada situação crítica ou perigosa que requer

atenção ou reparo durante o processo ou funcionamento da máquina. Podem ser direcionados

a um único individuo ou à população em geral.

O som se propaga em todas as direções, por isso, seu uso é mais adequado para sinais de

alerta, principalmente em ambientes onde a carga visual é mais pesada, podendo alcançar o

operário quando estiver longe do seu posto ou do alcance visual dos mostradores. Em caso de

sobrecarga da função do operário é indicado:

Utilizar sinais sonoros conjugados com sinais visuais (melhor percepção);

A frequência do sinal (grave ou aguda), ritmo e sua intensidade devem ser de acordo

com a distância do receptor.

Em ambientes ruidosos os sinais sonoros podem perder a eficiência, logo o nível da

propagação do som deve atingir a todas os receptores a uma frequência entre 2 e 4 kHz.

O Modelo de recepção e processamento humano de informações segundo Wogalter (2002)

pode ser observado na figura 04.

Figura 04: Modelo de Wolgalter, (2002)

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Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)

2.4. Dispositivos de controles

De acordo com Iida (2005), “as máquinas são consideradas como “prolongamentos” do

homem.” Uma boa adaptação do posto de trabalho é necessária para melhorar o desempenho

do homem e consequentemente da máquina, pois os órgãos sensoriais responsáveis por

realimentar o sistema são o tato e o senso sinestésico através dos movimentos de controle,

dentro ou fora do campo visual do operário.

Os objetivos da Ergonomia recobrem parcialmente os da confiabilidade dos sistemas. Trata-se

de implantar sistemas automatizados seguros e de estudar os componentes em função desse

objetivo, mas trata-se, também, de implantar sistemas compatíveis com a lógica de operação

humana (SANTOS e ZAMBERLAN,1992).

Os movimentos de controle devem se adequar aos movimentos naturais do corpo humano,

como:

As mãos devem fazer movimentos rítmicos, seguir trajetórias curvas e contínuas;

Evitar paradas bruscas ou mudar repentinamente a direção;

Os movimentos curvos são mais facilmente executados pelo corpo humano;

Os movimentos com os dois braços devem ser simultâneos e opostos.

O estereótipo popular são os movimentos esperados pela maioria da população, como por

exemplo, para ligar ou aumentar o volume, comumente o botão é girado no sentido horário.

Podem ser inatos ou aprendidos, compatíveis e incompatíveis.

Segundo Iida (2005), a compatibilidade espacial entre botões e mostradores deve obedecer a

uma correspondência entre si, para evitar erros e para que o processo ocorra com eficiência.

Os controles possibilitam a interação homem-máquina e atuam como a interface de comando

para que o operário possa introduzir informações no sistema. Podem ser discretos e contínuos.

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O controle deve adequar-se as características que serão transmitidas ao sistema e em seguida

as características operacionais (velocidade, precisão, força, etc.) e devem ser fáceis de

discriminar (cores, formas, tamanho, modo operacional, etc.). No controle com os pés as

funções se restringem ao movimento de empurrar (liga/desliga ou operações de prender e

soltar materiais). A vantagem de utilizar controle com os pés é que as mãos ficam livres para

tarefas que exijam maior precisão. Na figura 05 se pode ver os principais tipos de controle.

Figura 05: Principais tipos de controles

Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)

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Na ergonomia de concepção os controles devem ser discriminados de forma cautelosa, pois os

erros ou acidentes com acionamento desses controles podem trazer consequências

indesejáveis para a produção. Os fatores que influenciam medidas seguras são: localização,

orientação, rebaixo, cobertura, canalização, batente, resistência, bloqueio, luzes e códigos.

Os controles devem estar localizados mediante a:

Importância do controle;

Frequência de uso;

Sequencia operacional;

Segundo Dul e Weerdmeester (2004), os controles de com maior grau de importância devem

estar localizados na área de alcance ótimo e os demais podem estar situados na área de

alcance máximo. Deve-se ainda, buscar projetos que inibam a possibilidade de acionamento

indesejado, o que pode gerar acidentes de grande proporção, a depender do tipo de trabalho

executado. Na figura 06 se pode ver alguns projetos inteligentes de controle, que visam

minimizar esse risco.

Figura 06: Projetos para prevenir acidentes no uso de controles

Fonte: Adaptado de Itiro Iida(2005)

Manejos

O manejo é uma forma de controle gerada pelos movimentos de dedos e mãos, pode ser fino

ou grosseiro. O que os divergem é a pega.

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O manejo fino é executado com as pontas dos dedos e os movimentos têm grande

precisão e velocidade, apenas com uma pequena força, enquanto a palma da mão e

punho permanecem “estáticos”.

O manejo grosseiro é executado com a palma da mão (centro), exige maior força,

com menor velocidade e precisão, enquanto os dedos permanecem “estáticos” o

movimento é executado pela palma da mão e o punho.

Figura 07- Ilustração do manejo grosseiro e manejo fino

Fonte: Adaptada do Itiro Iida (2005)

Pega geométrica

Segundo Iida (2005) a pega geométrica é aquela que se assemelha a uma figura geométrica

regular, como cilindros, esferas, cones, paralelepípedos e outras. Essas figuras, sendo um

tanto quanto diferentes da anatomia humana, apresentam relativamente pouca superfície de

contato com as mãos.

Tem a vantagem da flexibilidade de uso, permitindo variações de pega e adaptando-se melhor

às variações das medidas antropométricas. Por outro lado, tem a desvantagem de concentrar

as tensões em alguns pontos da mão e transmitir menos força.

Pega antropomorfa

Para Iida (2005), o desenho antropomorfo apresenta maior superfície de contato, permite

maior firmeza de pega, transmissão de maiores forças, com concentração menor de tensões

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em relação à pega geométrica. Entretanto, pode ser mais fatigante em um trabalho

prolongado, pois limita o manejo a uma ou duas posições.

Portanto, o desenho antropomorfo pode ser usado vantajosamente quando: o trabalho é de

curta duração; quando a pega exige poucos movimentos relativos; há necessidade de maiores

forças; e quando a população de usuários apresenta poucas variações nas medidas

antropométricas.

3. Metodologia

O presente artigo é considerado, descritivo e aplicado. Considera-se, descritivo, na medida em

que o pesquisador descreveu as variáveis que influenciam, interna e externamente, a empresa

objeto de estudo.

Classifica-se, também, como aplicada, por seu caráter prático e pela necessidade de resolver

problemas reais, podendo auxiliar a empresa em relação a quais metodologias usar nas

mudanças que possam ser implantadas para a melhoria das condições de trabalho.

Bibliográfica porque se baseou em material já elaborado. Documental, pois analisou

informações que não receberam tratamento analítico. É classificada de campo, uma vez que se

realizou uma investigação junto aos funcionários da empresa estudada, para isso foi utilizado

à técnica de entrevista direta.

A metodologia utilizada para a consecução desta análise seguiu os conceitos sobre de

dispositivos de informação e controle explanados no referencial teórico, além de registros

fotográficos e visitas ao local estudado, onde foram feitas observações e análise dos postos de

trabalho e entrevistas com os funcionários.

4. Análise dos Resultados e Discursões

4.1. A empresa objeto de análise

Este estudo de caso foi realizado em uma marmoraria localizada na região do Cariri

Ocidental, estado da Paraíba. Teve-se o objetivo de analisar e avaliar os dispositivos de

informação dentro da empresa e os dispositivos de controle dentro do processo de corte e

polimento do mármore.

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4.2. Análise dos postos de trabalho

Os itens de produto de maior demanda da marmoraria são as pias de mármore e balcões, seu

mix de produção engloba também, lapides e pisos de granito. Os postos de trabalho analisados

foram as áreas de polimento e corte do mármore.

Na figura 08 mostra-se uma vista geral do setor de polimento do mármore. Com o uso de

luximetro pode-se detectar uma iluminação inadequada. Através da análise in-loco também

foi possível observar à ausência de dispositivos de informações visuais como placas, andons,

indicando o tipo de atividade relacionada ao setor de polimento ou a sequência operacional.

Figura 08: Imagem ampla do local de produção

Fonte: Adaptada do autor

Na figura 09 mostra-se o posto de trabalho de corte do mármore. Este setor é área mais

ruidosa do galpão e apresenta também um alto nível de vibração. Não há dispositivos de

informação visuais indicando o início da atividade, não há indicadores de alerta. Não há

drenagem eficiente da água utilizada no dispositivo de corte, fazendo com que o piso se torne

escorregadio e o ambiente muito úmido. As paredes contêm fiação exposta sem a devida

sinalização.

Figura 09: Setor de corte do mármore

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Fonte: Adaptada do autor

Na figura 10, observa-se o setor de polimento inicial de peças, onde o operário para controlar

a ferramenta (lixadeira pneumática) utiliza uma pega antropomorfa e executa um manejo

grosseiro, no entanto a pegadura do operário é incorreta, pois está forçando não apenas a

palma das mãos e o punho, mas também o antebraço, o braço e o ombro.

A peça a ser polida encontra-se dentro da área de alcance e do campo de visão ótimo, porém a

altura da bancada é inadequada para a altura do operário, o que pode ser visto facilmente pela

inclinação necessária e indesejável do tronco.

Figura 10: Posto de trabalho de polimento inicial das peças

Fonte: Adaptada do autor

Na figura 11, Observamos o setor de polimento final do mármore e ao lado direito as

ferramentas de corte como serras circulares de tamanhos diferenciados, fixadas na parede sem

que haja uma sequencia ordenada de utilização, lixas diamantadas para polimento igualmente

desordenadas, óleo e equipamentos de proteção individual (botas e máscaras). Além disso, o

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polimento da peça é uma atividade ruidosa o que torna o ambiente propício a riscos de

acidentes, pois não há dispositivos visuais como luzes ou andons que possam indicar ao

operário a urgência de uma atividade, ou placas explicitas, com o nível de periculosidade e

atenção que se deve ter ao aproximar deste setor. Também não há delimitação do leiaute, que

acaba se confundindo com área de trânsito de pessoas.

Figura 11: Posto de trabalho de polimento final

Fonte: Adaptada do autor

4.3. Interpretação dos resultados

O galpão onde o mármore e o granito são processados é um ambiente com um alto nível de

ruído e vibração intermitentes. Apresenta nível de ruído de 115 dB(A) quando realizado o

corte da peça e quando o compressor está ligado. Logo, é estritamente necessária a utilização

de dispositivos de informação visuais, indicando o tipo de atividade que está sendo realizada,

o nível de ruído e a necessidade de uso de EPI. Quanto a organização do posto de trabalho em

si, também se torna necessária a sinalização da localização das ferramentas, além de placas

indicando fiação e alarmes visuais, com cores diferenciadas, indicando o grau de atenção ou

de urgência, estrategicamente localizados para que o operador possa entender o significado do

sinal de qualquer local do setor. Visto que o órgão sensorial mais usado no processamento do

mármore e principalmente no processo de corte é a audição, a melhor opção de sinalização

são os dispositivos de informação visuais.

4.4. Melhorias propostas

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Adquirir maquinário novo, mais ergonômico, tanto em se tratando da pegadura, como

do nível de ruído, pois algumas das máquinas são obsoletas;

Adequar a bancada para que se possa melhorar a postura dos trabalhadores;

Ordenar as ferramentas a partir de um padrão de uso ou grau de importância;

Identificar objetos e as áreas necessárias para evitar acidentes, principalmente

corredores, áreas de estocagem e postos de trabalho.

5. Considerações finais

Este trabalho ilustrou a importância dos dispositivos de informação e controle dentro do

ambiente de trabalho, especificamente em uma marmoraria e seus setores. Percebeu-se como

a presença dos mesmos em todas as etapas do processamento pode afetar a qualidade das

informações que devem ser transmitidas com eficácia, de forma clara e explicita, para não

haver erros na comunicação e consequentemente evitar acidentes de trabalho e maximizar a

produtividade. As coordenadas, símbolos e luzes atuam com a finalidade de fornecer as

informações necessárias aos operários, gerentes e demais trabalhadores, de maneira a ser

percebida, processada e recebida sem interferências para o bom desempenho de cada função.

Por fim, levando em consideração o crescimento atual dos setores ligados a construção civil, a

competitividade e a necessidade de incrementos consideráveis de produtividade pode-se

detectar que ainda há muito que evoluir nesta área, especificamente em se tratando das

empresas fornecedoras de peças em mármore, sendo de suma importância a implantação de

dispositivos de informação e controle no ambiente de trabalho.

6. Referências bibliográficas

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