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Luiz Antonio Batista da Silva ESTUDO SOBRE A CONQUISTA E MANUTENÇÃO DA FIDELIDADE DO CLIENTE: Caso VW Gol Taubaté – SP 2004

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Luiz Antonio Batista da Silva

ESTUDO SOBRE A CONQUISTA E MANUTENÇÃO DA

FIDELIDADE DO CLIENTE: Caso VW Gol

Taubaté – SP

2004

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Luiz Antonio Batista da Silva

ESTUDO SOBRE A CONQUISTA E MANUTENÇÃO DA

FIDELIDADE DO CLIENTE: Caso VW Gol

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado para obtenção do

Certificado de Especialização em Gestão

Industrial do Departamento de

Economia, Contabilidade e

Administração da Universidade de

Taubaté.

Orientador: Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira.

Taubaté – SP

2004

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LUIZ ANTONIO BATISTA DA SILVA

ESTUDO SOBRE A CONQUISTA E MANUTENÇÃO DA FIDELIDADE DO

CLIENTE: Caso VW Gol

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP

Data:

Resultado:

COMISSÃO JULGADORA Prof. _______________________________________

Assinatura __________________________________

Prof. _______________________________________

Assinatura __________________________________

Prof. _______________________________________

Assinatura __________________________________

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Dedico este trabalho à minha esposa Cíntia pelo seu apoio, ajuda e paciência.

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AGRADECIMENTOS

À Volkswagen do Brasil pelo apoio e promoção do curso e pelo acesso às

informações.

Ao Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira, pela forma objetiva

com que me orientou.

Aos Srs. Domingo Bermejo Tello, Benedito Grisosti e José Geraldo Nonato do

Departamento de Durabilidade de Veículos e Oficina VW pela permissão da

flexibilidade de horário para realização de minhas pesquisas e pelas indicações de

contatos.

Agradeço também ao Sr. Ricardo Júlio, do Departamento de

Marketing/Imprensa VW e ao Sr. José Ciryllo do Departamento de Qualidade

Assegurada VW, pelo interesse com que me direcionaram nas pesquisas.

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SILVA, Luiz Antonio Batista. ESTUDO SOBRE A CONQUISTA E MANUTENÇÃO DA FIDELIDADE DO CLIENTE: Caso VW Gol. 2004. 60 f. TCC (Especialização, Gestão Industrial) - Departamento de Economia, Contabilidade e Administração, Universidade de Taubaté, Taubaté, Brasil.

RESUMO

O atual cenário empresarial vive um momento de intensa competitividade, em que cada

empresa tenta obter excelência operacional lançando mão das mais diversas

ferramentas administrativas. A retenção de clientes tornou-se um dos principais alvos

das empresas, já que as opções entre concorrentes e as vantagens oferecidas por eles

são múltiplas, tornando a fidelidade de consumo uma característica muito difícil de se

manter. Este trabalho visa estudar se os fatores que determinam o sucesso de um

produto no mercado provêm dos valores agregados a sua marca ou dos benefícios

oferecidos pelo próprio. O estudo terá como foco demonstrar ferramentas que permitam

estreitar o relacionamento entre fornecedor e cliente, de modo a criar fidelidade de

consumo. Por meio da análise do mercado atual e de literatura inerente ao assunto, será

realizado um estudo sobre os motivos que levam um consumidor a optar por um

modelo de automóvel de uma determinada montadora em detrimento de outros. Os

dezessete anos de liderança em vendas do VW Gol formaram a base do interesse na

pesquisa das causas deste sucesso.

Palavras-chave: fidelização, cliente, automóvel, Volkswagen.

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SILVA, Luiz Antonio Batista. STUDY ABOUT THE CONQUEST AND MAINTENANCE OF THE CUSTOMER'S FIDELITY: Case VW Gol. 2004. 60 f. TCC (Specialization, Industrial Management) - Economy, Accounting and Administration Department, University of Taubaté, Taubaté, Brazil.

ABSTRACT

The current managerial scenery lives a moment of intense competitiveness, where each

company tries to obtain operational excellence throwing hand of the most several

administrative tools. The customers' retention became one of the principal objectives of

the companies, since the options between competitors and the advantages offered by

them they are multiple, turning the consumption fidelity a characteristic very difficult

of staying. This work seeks to study the factors that determine the success of a product

in the market they come from the joined values your mark or of the benefits offered by

the own. The study will have as focus to demonstrate tools that allow to narrow the

relationship between supplier and customer, in way to create consumption fidelity.

Through the analysis of the current market and of inherent literature to the subject, a

study will be accomplished on the reasons that take a consumer to choose for a model

of automobile of a certain assembler in detriment of other. The seventeen years of

leadership in sales of VW Gol formed the base of the interest in the research of the

causes of this success.

Key Words : fidelization, customer, automobile, Volkswagen.

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SUMÁRIO

Resumo................................................................................................................

Abstract................................................................................................................

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07

Lista de Tabelas................................................................................................... 09

Lista de Figuras...................................................................................................

1 Introdução.........................................................................................................

10

11

2 Conceito de Marketing.....................................................................................

2.1 Ambiente Demográfico........................................................................

2.2 Ambiente Econômico............................................................................

2.3 Ambiente Natural..................................................................................

2.4 Ambiente Tecnológico..........................................................................

2.5 Ambiente Político e Legal.....................................................................

2.6 Ambiente Sociocultural.........................................................................

2.7 Estratégias de Marketing.......................................................................

2.7.1 Desenvolvimento de um Plano de Marketing..............................

2.7.2 Controlando o Plano de Marketing...............................................

13

18

19

20

20

21

22

24

26

27

3 Fidelização de Clientes.....................................................................................

3.1 Fidelidade de Consumo.........................................................................

3.2 Criando Valor para o Cliente.................................................................

30

33

35

4 A Força de uma Marca..................................................................................... 39

5 Estudo de Caso na Volkswagen do Brasil........................................................

5.1 A história da Volkswagen no Brasil......................................................

5.2 O Volkswagen Gol................................................................................

5.2.1 História do Volkswagen Gol.......................................................

5.2.2 Desempenho Mercadológico do VW Gol...................................

5.2.3 Perfil dos Consumidores do VW Gol..........................................

45

46

49

49

51

52

5.2.4 Conquista e Manutenção da Fidelidade do Cliente Gol.............. 55

6 Conclusão......................................................................................................... 58

Referências Bibliográficas.................................................................................. 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ranking Renavam – Fevereiro 2004................................................. 51

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de Troca de Duas Partes Mostrando Suas Listas de Desejos.... 14

Figura 2 – Fatores que Influenciam no Comportamento de Compra.................... 23

Figura 3 - Roteiro de um Plano Estratégico.......................................................... 26

Figura 4 – O Processo de Controle das Variações de um Plano Estratégico de

Marketing .............................................................................................................

28

Figura 5 – A Equação do Valor............................................................................ 36

Figura 6 – As Conseqüências de um Valor Superior para os Clientes................. 37

Figura 7 – Elementos do Valor da Marca.............................................................

Figura 8 – Evolução das Exportações do Gol.......................................................

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1 INTRODUÇÃO

A instalação de novas montadoras, no país, nos últimos anos, vem causando

preocupações aos executivos das quatro maiores empresas automobilísticas que durante

um longo período controlaram o mercado brasileiro.

Apesar de ainda haver pequena participação das montadoras recém-chegadas, o

bolo gerado pelo montante das vendas teve que ser dividido em mais pedaços. O

aumento da gama de opções de modelos disponíveis no mercado tem obrigado as

montadoras a lançar mão de diversos outros artifícios para obter a conquista da

preferência do consumidor na hora da compra.

O perfil do mercado no setor automotivo está passando por mudanças constantes

e já não há garantia de sucesso de uma marca apenas pela sua boa tradição, gerando

uma constante troca na primeira posição do ranking de vendas. Novos modelos são

apresentados ao público num espaço de tempo muito curto, trazendo consigo uma série

de inovações tecnológicas, atualizações de estilo e incentivos promocionais. Isto acaba

deixando o consumidor indeciso ante tamanha variedade de opções que apresentam, ao

mesmo tempo, preços e equipamentos similares.

O marketing, na sua abordagem mais atual, procura identificar as necessidades,

conveniências, desejos, expectativas e potenciais dos mercados considerados alvos, no

intuito de satisfazê-los de tal forma peculiar, criativa e superior à concorrência,

desencadeando um sentimento de plenitude que torne os clientes leais. Atrair,

conquistar e obter a lealdade dos clientes, especialmente os estratégicos, de maneira

mais rápida e efetiva que a concorrência, é o que se pode definir como marketing

essencial.

Apesar do aumento significativo no volume de exportações da Indústria

Automobilística Brasileira e das vantagens que a moeda externa proporciona, o mercado

doméstico não deixou de receber investimentos, pois tem imenso potencial.

Este trabalho tem por objetivo estudar ferramentas que estreitem o

relacionamento entre fornecedores e consumidores, e possam criar fidelidade de

consumo.

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A metodologia empregada, na execução deste trabalho, apoiou-se na coleta de

dados contidos em literatura específica, associada a um estudo de caso elaborado a

partir de pesquisa junto aos setores de Marketing e Vendas da empresa objeto de estudo.

O trabalho está estruturado em seis capítulos, cujos resumos dos conteúdos são

apresentados a seguir:

O primeiro capítulo faz uma apresentação do cenário mercadológico atual e

revela o motivo do interesse pelo estudo do tema, seguido do objetivo visado com o

trabalho.

O segundo capítulo apresenta conceitos de marketing, demonstrando sua

interação com os diferentes tipos de ambiente, formas de orientação, composto de

marketing, e toda uma série de variáveis que influenciam direta e indiretamente no

desempenho mercadológico de um produto ou serviço. A seguir, demonstra a estrutura

de um plano estratégico de marketing, assim como seu desenvolvimento e controle.

O terceiro capítulo descreve a importância da conquista da fidelidade dos

clientes, apresentando direcionamentos a serem tomados pelas empresas para conseguir

este decisivo diferencial competitivo. Também são apresentadas formas de criação de

valor para os clientes.

O quarto capítulo demonstra as vantagens competitivas que beneficiam as

empresas cujas marcas estejam solidamente estabelecidas no mercado e nas mentes dos

consumidores. Apresenta também as possíveis estratégias de posicionamento em termos

de valor para o cliente e as associações positivas que a marca deve criar para fortalecer

sua imagem.

O quinto capítulo traz o estudo de caso do Volkswagen Gol, relatando a história

da empresa no Brasil, com a apresentação dos modelos já produzidos por ela no país e

mostra também a trajetória de sucesso do modelo Gol, as alterações sofridas ao longo

dos anos e o desempenho mercadológico deste veículo. A seguir, são apresentados os

perfis dos diversos tipos de consumidores deste modelo e as ações tomadas pela

empresa para manter seu sucesso em vendas.

O sexto capítulo traz as conclusões e recomendações do trabalho.

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2 CONCEITOS DE MARKETING

O marketing é uma palavra que remete a inúmeros conceitos, a visão da maioria

das pessoas a esse respeito é que se trata de um plano de divulgação e promoção de

produtos, serviços, marcas, empresas, entre outros.

Entretanto, o conceito de marketing é mais amplo, envolvendo áreas distintas

dentro das corporações e abrangendo todo o tipo de situação em que haja

comprometimento com a satisfação plena dos compradores.

Segundo Kotler (1998, p.26), “Marketing é um processo social e gerencial pelo

qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e

troca de produtos de valor com outros”.

A atuação do marketing inicia antes mesmo que o produto esteja pronto. A

pesquisa de mercado tem por meta descobrir valores, necessidades e preferências do

público-alvo, para que sejam imputadas no projeto as características que melhor

atendam aos anseios deste.

O atendimento atencioso, prestativo e gentil da secretária, a entrega feita no

prazo e em perfeita ordem, a assistência técnica bem executada e, preferencialmente

desnecessária, tudo isso são estratégias de marketing. É uma conduta cujo lema prega

que todos os envolvidos no processo estejam comprometidos com o desempenho do

produto, ou serviço, no mercado, de modo a obter satisfação plena para todos no grupo e

principalmente para o cliente, sem o qual, todo o processo não teria o menor sentido.

Levitt (apud Kotler 1999, p.123) diz que: ”Um produto não é um produto a não

ser que seja vendido. Do contrário, é apenas uma peça de museu”.

A American Marketing Association definiu que: “Marketing é o processo de

planejamento e execução do conceito, do preço, da comunicação e da distribuição de

idéias, bens ou serviços, de modo a criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e

organizacionais”(apud Churchill Jr & Peter 2003, p.04).

Basicamente, as transações comerciais são realizadas em forma de trocas, em

que o comprador se beneficia com a saciedade de suas necessidades ou desejos, que o

produto ou serviço lhe oferecem, enquanto o vendedor (empresa) alcança seu objetivo,

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que é o lucro obtido através da venda. O marketing é utilizado para desenvolver estas

trocas.

Na Figura 1, está representado um exemplo do que um consumidor e uma

montadora de automóveis esperam na realização de uma negociação.

Figura 1 - Mapa de Troca de Duas Partes Mostrando suas Listas de Desejos.

Fonte: Adaptado de Kotler (1998, p. 30)

Para que um produto seja bem sucedido do projeto à venda, são necessárias

complexas análises e decisões de marketing, que vão muito além do mero bom senso e

da intuição mercadológica. É preciso orientar o marketing da maneira mais adequada ao

tipo de produto e mercado.

Segundo Churchill Jr. & Peter (2003, p. 12-14), “as orientações tradicionais de

marketing são para: produção, vendas, marketing e valor”.

• Orientação para a produção: é usada quando a demanda é muito maior que a

oferta. Concentra-se no desenvolvimento e fabricação de produtos superiores aos

dos concorrentes para posterior inserção no mercado. Não são realizadas

pesquisas prévias, restando ao marketing apenas a função de distribuir o produto

da maneira mais eficiente nos pontos de venda. Após o início da distribuição do

LISTA DE DESEJOS DA MONTADORA 1. Bom preço pelo veículo 2. Pagamento pontual 3. Recomendação boca a boca favorável

LISTA DE DESEJOS DO CONSUMIDOR 1. Alta qualidade, veículo durável 2. Preço justo 3. Entrega pontual do veículo 4. Condições financeiras favoráveis 5. Peças e serviços bons

MONTADORA (fornecedora)

CONSUMIDOR (cliente potencial)

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produto, os clientes são informados de sua existência e das vantagens sobre os

produtos já conhecidos. Este tipo de orientação é utilizado por empresas de

software e laboratórios farmacêuticos, por exemplo;

• Orientação para vendas: é usada quando a oferta é maior que a demanda. É a

mais indicada quando se tem um grande volume de produtos que causam pouco

interesse aos possíveis consumidores. Por exemplo, quando um automóvel é

substituído por um modelo mais atual e uma concessionária dispõe de algumas

unidades do modelo antigo, ela tem que baixar o preço deste produto de modo a

tornar sua aquisição interessante, e assim criar demanda;

• Orientação para marketing: prega que o cliente deve ser consultado antes do

desenvolvimento do produto, de modo a torná-lo mais funcional, atendendo aos

principais desejos e necessidades do cliente.

Segundo Churchill Jr. e Peter (2003, p. 9), “É uma filosofia de negócios que se

concentra em compreender as necessidades e desejos dos clientes e construir

produtos e serviços para satisfazê-los”. O fato de esta orientação ter o cliente

como foco, pode limitar a atenção dada aos funcionários e fornecedores, criando

problemas de relacionamento;

• Orientação para o valor: é uma evolução da orientação para o marketing, cujo

enfoque baseia-se em seis princípios:

-Princípio do cliente: em que os profissionais de marketing da empresa devem

concentrar-se nas atividades de marketing que criam e fornecem valor ao cliente;

-Princípio do concorrente: em muitos casos, o cliente pode se sentir tentado a

comprar um produto semelhante da concorrência. Quando isso ocorrer, os

profissionais de marketing devem agir de modo a oferecer um valor superior nos

produtos e serviços em relação aos da concorrência;

-Princípio proativo: em que os profissionais de marketing não podem apenas

esperar que o ambiente mude para se adequar a ele. É preciso provocar mudança

nos mercados e ambientes para melhorar sua posição competitiva. Porém esta

manipulação deve ser efetuada de forma ética, criando valor superior para o

cliente;

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-Princípio interfuncional: é necessário haver interação entre os profissionais de

marketing e outros setores, de modo a facilitar e enriquecer as relações nas

tarefas de planejamento, implementação e controle;

-Princípio da melhoria contínua: é preciso que se mantenha o aprimoramento

ininterrupto nos produtos, estratégias e operações. Porém, é imprescindível o

esforço constante do pessoal de marketing, juntamente com outros setores, no

sentido de buscar maneiras cada vez melhores e mais eficientes de criar valor

para o cliente;

-Princípio do stakeholder: apesar de o cliente ser o principal foco das operações

de marketing voltado para o valor, os demais públicos envolvidos com a

corporação, como: funcionários, fornecedores, concorrentes, comunidades locais

e órgãos do governo não podem ser esquecidos. Cada um deles tem sua parcela

de importância para que o processo flua corretamente e devem ser tratados com

respeito e lealdade.

Um volume enorme de produtos invade o mercado diariamente, saindo de

circulação tão rapidamente quanto apareceu. Para uma sólida inserção no mercado é

preciso que todos os requisitos sejam preenchidos e que se obtenha o máximo

desempenho em cada um deles: pesquisa de mercado, desenvolvimento, apresentação,

distribuição, preço, entre outros.

Todos estes itens são de responsabilidade do marketing, sendo o conjunto

denominado composto de marketing, um conjunto de ferramentas utilizado pela

empresa para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo.

Para que se consiga gerar um produto “completo”, ou seja, desenvolvido em

todos os âmbitos, as organizações devem desenvolver seu composto de marketing

considerando os canais de distribuição e os consumidores finais. As ferramentas do

composto de marketing são conhecidas como os quatro Ps:

• Produto: deve ser muito bem conhecido antes que se inicie o planejamento de

uma estratégia mercadológica. Ao eleger um produto, entre tantos semelhantes,

para compra, o consumidor leva em consideração os aspectos tangíveis (cor,

modelo, embalagem) e intangíveis (status, marca, garantias) inseridos no

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produto. Para uma correta análise do produto, é necessário que se conheça suas

três características básicas: qualidade, apresentação e marca;

• Preço: é o valor que o cliente está disposto a pagar pelo produto. Para se chegar

ao preço adequado ao produto, deve-se considerar quatro fatores: custo,

concorrência, consumidor e elo de valor. Devem ser somados os gastos com

instalações, mobiliário, máquinas, equipamentos, pesquisa, desenvolvimento,

matérias-primas, industrialização, embalagem, rotulagem, mão-de-obra,

propaganda, promoção de vendas, distribuição, impostos, taxas, administração,

desperdícios, encargos sociais e demais despesas. O preço dos concorrentes

também deve ser estudado, de modo a tornar a oferta do produto mais atraente.

O índice de procura e consumo do produto é outra variável que pode determinar

o preço diante de sua capacidade de satisfazer as necessidades e desejos do

consumidor;

• Praça: o ponto de venda deve oferecer aos clientes potenciais fácil acesso ao

produto. Ao mesmo tempo, o deslocamento logístico desde o ponto de origem

do produto até os pontos de distribuição deve ser muito bem analisado, de modo

a não atingir um custo que venha a comprometer o preço final do mesmo. As

opções de escolha levam em consideração, notadamente, os custos, as

características dos produtos, a área geográfica que se quer atingir, a promoção

que determinados canais podem oferecer para os produtos, a concorrência e a

tradição;

• Promoção: é a “alma” do mix, pois mexe – através da propaganda –com o

inconsciente do cliente, desenvolvendo nele a vontade de adquirir o produto. A

escolha dos veículos de divulgação (rádio, televisão, outdoor, cinema, mala

direta, folheto, jornal, Internet...) é um fator preponderante para o sucesso de

uma campanha publicitária, pois deve passar uma imagem do produto que gere

identificação com o cliente.

Além da melhor orientação para o desenvolvimento de um composto de

marketing, é necessária uma minuciosa análise dos ambientes em que a empresa está

inserida, de modo a melhor compreendê-los, pois eles influenciam direta e

incontrolavelmente no desempenho desta. Assim, a organização pode se preparar da

maneira mais adequada para adaptar-se às imposições das forças ambientais. Segundo

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Kotler (1998 p. 146) “estes ambientes são: demográfico, econômico, natural,

tecnológico, político/legal e sociocultural”.

2.1 Ambiente Demográfico

A empresa deve estar atenta ao crescimento populacional devido às fortes

implicações que um aumento desordenado pode significar com relação à obtenção de

recursos naturais. O aumento da população não quer necessariamente dizer aumento de

mercado, se não houver poder de compra compatível. A proliferação humana se dá mais

acentuadamente nas comunidades menos preparadas para enfrentá-la, e se isto

representar pressão sobre a oferta de alimentos, os custos crescerão em proporção

inversa às margens de lucro, inviabilizando as atividades mercadológicas.

É necessário o levantamento do composto etário da população, de modo a

identificar os produtos mais adequados ao tipo de consumo da parcela etária que se

pretenda atingir, sem esquecer de efetuar a projeção de crescimento dos demais grupos.

Desse modo pode-se oferecer o tipo de ambiente, mídia e características de produtos

mais apropriados aos grupos e subgrupos etários que sejam possíveis mercados-alvos.

Os grupos étnicos também têm suas particularidades em relação às

características dos produtos que preferem comprar. Os profissionais de marketing

devem desenvolver estratégias de modo a atender a estas características regidas pela

opção religiosa, cor ou origem, porém com muita cautela de modo a não generalizar

demais os grupos étnicos, que possuem em seu interior consumidores diferentes entre si.

Outras referências que direcionam o consumo são: nível educacional, estrutura

familiar (número de pessoas na casa) e valores regionais. Isto promove uma

fragmentação do mercado em vários micro-mercados, cada um com suas características

específicas. É necessário que as empresas identifiquem as principais tendências

demográficas e seus prováveis impactos, para assim, tomar as providências necessárias.

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2.2 Ambiente Econômico

Afeta o desempenho comercial devido às variações ocorridas nos ciclos de

negócios, renda do consumidor e padrões de gastos. O ciclo de negócios costuma se

dividir em quatro etapas:

-prosperidade: quando a produção e os empregos atingem níveis altos e os

consumidores costumam gastar livremente, consumindo artigos supérfluos e de

luxo;

-inflação: quando a elevação dos preços geralmente não é acompanhada pelo

reajuste salarial, diminuindo o poder de compra dos clientes;

-recessão: quando os consumidores ficam mais cautelosos com os gastos,

preservando suas reservas financeiras e procurando os melhores negócios,

comprando o mínimo necessário;

-recuperação: nesta etapa, o mercado está reagindo rumo à prosperidade. As

pessoas e organizações começam a ter mais capital disponível, mas costumam

ainda estarem receosas com a possível volta da recessão e gastam seu dinheiro

com cautela.

A renda do cliente determina seu potencial de compras, a ser estudado pelos

profissionais de marketing. Estes profissionais costumam analisar a renda sob três

diferentes medidas:

-renda bruta: ajuda os profissionais de marketing a dividir os grupos, de modo

a selecionar os que mais lhes interessarem. É a medida de renda total de um

indivíduo ou família ao longo de um ano, sem nenhum tipo de desconto, o que a

torna, de certa forma, “irreal”;

-renda disponível: é o dinheiro que sobra após o pagamento dos impostos. Com

ele as pessoas pagam suas contas e compram alimentos necessários;

-renda discricionária: é a quantia restante após o pagamento dos impostos e

despesas essenciais, sendo direcionado ao consumo de artigos de luxo e

supérfluos, ou aplicações financeiras.

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2.3 Ambiente Natural

É formado pelos recursos naturais que a empresa utiliza, interfere ou modifica

em seu processo produtivo. As mudanças legislativas orientadas ao controle ambiental e

a pressão dos grupos ambientalistas têm dificultado certas atividades industriais.

A indústria automobilística, por exemplo, precisou modificar o projeto dos

motores e sistema de exaustão de seus produtos para atingir as metas de controle de

emissão de gases, além de investir em processos menos poluentes, como tintas à base de

água, componentes recicláveis ou produzidos a partir de material reciclado, tudo isto

visando adequar-se às novas imposições legais.

Além disso, a escassez de matérias-primas e o crescente custo da energia e dos

níveis de poluição têm se tornado importantes itens de preocupação para os

profissionais de marketing, que descobriram que a consciência ambiental é não somente

necessária como muitas vezes lucrativa. Por isso, muitas empresas praticam o chamado

“marketing verde”, que é formado pelas atividades de marketing voltadas à

minimização dos efeitos negativos causados ao meio ambiente, ou melhorar sua

qualidade.

Muitos clientes sentem-se melhores quando adquirem um produto que não

agrida a natureza, o que revela um interessante foco de ação para o marketing verde.

Dessa forma, as empresas voltadas para o marketing verde tentam assegurar que seus

produtos sejam bons para o ambiente ou, pelo menos, causem pouco ou nenhum dano a

ele. Utilizam embalagens recicláveis, e procuram economizar energia em seus

processos. Uma certificação ISO 14 000, além de necessária é um excelente cartão de

apresentação para este tipo de empresa (CHURCHILL & PETER 2003, p. 44).

2.4 Ambiente Tecnológico

O desenvolvimento tecnológico obtido nas últimas décadas mudou de forma

substancial o modo de vida das pessoas. A descoberta de novas tecnologias continua de

maneira desenfreada, proporcionando novos nichos de negócio, melhoria na qualidade

de vida e criação de diferentes classes profissionais.

Os cientistas vêm realizando trabalhos surpreendentes em biotecnologia e

robótica, de modo a descobrir medicamentos para doenças como AIDS e depressão,

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alimentos dietéticos realmente saborosos e nutritivos, robôs domésticos, de segurança,

exploradores submarinos e até mesmo robôs bombeiros.

O trabalho dos profissionais de marketing, neste ambiente, é voltado a encontrar

formas de comercializar estes produtos tão inovadores, desenvolvendo versões que

estejam ao alcance dos consumidores. Não resta dúvida que a informática seja a ciência

que mais tenha inovado o mercado nos últimos tempos, sendo responsável pelo

surgimento da Internet e, conseqüentemente, do e-commerce, um dos setores de

marketing mais lucrativos atualmente e que praticamente inexistia dez anos atrás.

A Internet tornou-se uma das ferramentas mais úteis para o setor de marketing,

pois permite aos profissionais desta área acesso a dados demográficos, comunicação

com clientes existentes e potenciais locais e de outros países, comunicação integral com

fornecedores e ainda receber retorno direto sobre seus produtos e promoções com um

custo relativamente baixo (KOTLER 1998 p.152).

2.5 Ambiente Político e Legal

O Ambiente Político e Legal inclui leis e regulamentações federais, estaduais e

municipais relevantes às atividades de marketing. Segundo Kotler (1998 p.153) “os

propósitos básicos da legislação comercial são: proteger as empresas da concorrência

desleal e pirataria, proteger os consumidores de práticas comerciais injustas e proteger

os interesses da sociedade contra o comportamento desenfreado das empresas”.

É preciso que os profissionais de marketing estejam muito bem informados e

atualizados com respeito às leis e regulamentações em todos os âmbitos, afinal uma

série de atividades de marketing são regulamentadas, como política de preços, testes de

produtos e embalagens, por exemplo.

Uma das mais importantes atribuições neste ambiente diz respeito ao código de

defesa do consumidor. O consumerismo, uma ação social com o propósito de defesa do

consumidor, teve sua implantação a partir da década de 60 e em 1962, o presidente dos

EUA, John F. Kennedy, promulgou quatro direitos básicos do consumidor:

• O direito de escolher livremente;

• O direito de ser informado;

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• O direito de ser ouvido;

• O direito de estar seguro.

O consumerismo deve direcionar os profissionais de marketing no sentido de

garantir produtos realmente eficazes e seguros, banindo tipos de propaganda enganosas

ou que venham a causar danos aos consumidores.

2.6 Ambiente Sociocultural

A sociedade, de modo geral, muda seu comportamento conforme as tendências

da época, sendo influenciada pela forma de se vestir, cortes de cabelos, práticas

esportivas e consumo de determinados produtos.

Nos anos 70, o consumo de cigarros era incentivado. O marketing criou uma

visão do tabagismo como uma prática refinada, adotada pelas pessoas de destaque no

meio social e associava as marcas de cigarros aos esportes radicais, símbolos de

liberdade e pessoas bem sucedidas. Até mesmo os automóveis de luxo eram equipados

com um número exagerado de cinzeiros e acendedores de cigarros.

Na atualidade, manifestações antitabagismo são freqüentes. Em muitos

restaurantes existem áreas reservadas a fumantes, em inúmeros ambientes sociais o uso

de cigarros não é permitido e muitos países proíbem a propaganda e incentivo deste tipo

de produto vinculado a esportes, como, por exemplo, a Fórmula 1.

Os profissionais de marketing têm que acompanhar as tendências sociais, agindo

de acordo com os valores e éticas defendidos no período. Para isso, contam com

empresas especializadas em previsões socioculturais, que entrevistam anualmente

milhares de pessoas de públicos variados sobre a aceitação ou não de novas tendências.

Além disso, a sociedade é dividida em várias subculturas, diferentes entre si pela

faixa etária, poder aquisitivo e gosto pessoal, por exemplo. Estudando estas diferentes

subculturas, as empresas podem classificá-las, selecionando seu público-alvo e criando

estratégias eficazes para melhor atingi-lo.

Na Figura 2, estão representados os fatores que influenciam o comportamento de

compra das pessoas.

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Figura 2- Fatores que Influenciam no Comportamento de Compra.

Fonte: Kotler (1998, p. 163).

Além destes ambientes, as empresas devem estar atentas à concorrência,

acompanhando seus passos atuais e tentando prever os futuros. Ao mesmo tempo em

que analisam os concorrentes já existentes, as empresas devem procuram identificar os

concorrentes potenciais de empresas locais e globais.

Segundo Churchill & Peter (2003), existem quatro tipos de concorrência:

• concorrência pura: quando existem vários produtos idênticos, de marcas

diferentes, cada um com uma pequena participação no mercado;

• concorrência monopolista: quando há vários produtos semelhantes, porém com

alguma diferenciação entre si, cada um com uma pequena participação no

mercado;

• oligopólio: quando poucos produtos muito semelhantes controlam a maior parte

do mercado;

FATORES CULTURAIS

- Cultura - Subcultura - Classe social

FATORES SOCIAIS

-Grupos de referência - Família -Papéis e posições sociais

FATORES PESSOAIS

-Idade e estágio de ciclo de vida -Ocupação -Condições econômicas -Estilo de vida -Personalidade e auto conceito

FATORES PSICOLÓGICOS

-Motivação -Percepção -Aprendizagem -Crenças e atitudes

COMPRADOR

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• monopólio: quando uma organização vende um produto numa área de mercado,

sem concorrentes e possuindo controle sobre os preços que cobra.

2.7 Estratégias de Marketing

Apesar da importância da análise do ambiente em que a empresa se encontra e

do profundo conhecimento de seus concorrentes, é necessário que ela trace e percorra

uma trajetória de encontro ao seu objetivo. Para tornar isso possível, os profissionais de

marketing devem elaborar um plano estratégico.

De acordo com Churchill & Peter (2003 p. 86), “planejamento estratégico é o

conjunto de atividades que levam ao desenvolvimento de uma missão organizacional

clara, bem como de objetivos e de estratégias que possibilitem o alcance destes

objetivos”.

Se o tempo previsto para o alcance dos objetivos for entre um e cinco anos,

lança-se mão de um planejamento tático, cujo desenvolvimento fica a cargo de

departamentos específicos. Se o objetivo exigir uma ação mais rápida, de, no máximo

um ano, passa-se a usar um planejamento operacional, criando metas individuais para

cada departamento envolvido.

Para que um planejamento estratégico tenha uma base sólida, é necessário que se

cumpra um roteiro organizacional, que começa pela definição da meta a ser alcançada,

seguido pela determinação das ferramentas a serem utilizadas e do portfólio

organizacional, em que as relações entre os produtos devem ser descritas:

• Missão Organizacional: é o rumo a ser seguido pela empresa em relação às

suas decisões estratégicas. Existem muitas empresas obtendo relativo sucesso na

venda dos seus produtos, mas que ainda não pararam para refletir sobre seu

direcionamento futuro. Esta falta de planejamento pode, em pouco tempo,

comprometer seu desempenho comercial, ou mesmo extingui-la, devido ao

dinamismo imposto pelo cenário mercadológico atual. É vital para a empresa

que sua diretoria defina claramente o real propósito da organização, o mercado

em que está inserida e o público e objetivos que pretenda atingir, de modo a

facilitar a tomada de decisões e escolha entre oportunidades;

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• Objetivos Organizacionais: são descritos de forma a estabelecer de maneira

mais explícita os resultados pretendidos pela companhia em um plano

estratégico. Os objetivos devem ser formulados por escrito, para que todos os

funcionários lembrem-se deles e a administração possa hierarquizá-los;

mensuráveis, para facilitar o acompanhamento do cumprimento dos prazos;

claros, de modo a facilitar sua compreensão por todos; específicos, de modo a

estabelecer precisamente a função de cada envolvido; e desafiadores, porém

alcançáveis, de forma a estimular os funcionários a oferecer seu desempenho

máximo;

• Estratégias Organizacionais: definem os planos que serão utilizados para

alcançar os objetivos. Se uma empresa pretende aumentar suas vendas e lucros,

obtendo crescimento no mercado, ela pode adotar as estratégias de: penetração

no mercado, quando já possui um produto com boa aceitação, mas quer

aumentar sua demanda; desenvolvimento do mercado, quando o mercado de

ação do produto já demonstra certo cansaço e a empresa procura novos públicos;

desenvolvimento de produtos, quando a empresa aproveita-se da preferência dos

clientes por sua marca, lançando novos produtos para consumo deste público;

diversificação, quando a empresa procura novos nichos de mercado com o

lançamento de produtos que tenham uma utilidade diferente da linha que ela já

produz. Para que a estratégia escolhida seja a mais adequada, é utilizada a

analise PFOA (Pontos fortes, Fragilidades, Oportunidades e Ameaças), em que a

gerência estuda fatores como: competências básicas da empresa, custos,

demanda não atendida, tecnologia defasada, concorrentes novos, leis novas e

mudança de preferência dos consumidores. Dessa forma, a gerência pode

combinar os pontos fortes da empresa com as oportunidades do mercado,

rejeitando as opções que não tragam a combinação desejada;

• Plano de Portfólio Organizacional: é a relação dos diferentes produtos e

marcas da organização, assim como os mercados em que ela atua. Cabe à

gerência a avaliação contínua do desempenho de cada uma das suas unidades de

negócios, direcionando recursos às que estejam melhor posicionadas

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estrategicamente no momento. Assim, é possível detalhar quais unidades

estratégicas a empresa deve ampliar, manter ou eliminar.

Figura 3-Roteiro de um Plano Estratégico Fonte: Peter e Donnelly (apud Churchill & Peter 2003 p.87) 2.7.1 Desenvolvimento de um Plano de Marketing Tradicionalmente, na maioria das organizações, o planejamento estratégico fica

a cargo da alta administração, sendo o marketing representado geralmente pelo vice-

presidente de marketing.

Cabe aos gerentes de marketing a apresentação do quadro do ambiente onde a

empresa está inserida e do feedback recebido dos clientes como parte das informações

necessárias ao planejamento estratégico.

A importância dada às pesquisas de marketing varia de acordo com a visão

administrativa de cada organização, porém o departamento de marketing sempre

desenvolverá planos de suporte à estratégia organizacional.

Segundo Churchill & Peter (2003 p. 101), os gerentes de marketing de grandes

empresas estruturam seus planejamentos de marketing em quatro etapas:

• Exame do plano estratégico organizacional: antes de iniciar um planejamento

de marketing é necessário que os gerentes de marketing conheçam o plano

estratégico da empresa, consultando a alta administração quanto à missão e os

objetivos da organização;

O Ambiente

O plano estratégico da corporação

Missão

organizacional

Objetivos

organizacionais

Estratégias

organizacionais

Plano de portfólio

organizacional

Informação Implementação

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• Condução de uma análise ambiental: após a análise do plano estratégico da

empresa, os gerentes devem examinar cuidadosamente os ambientes interno e

externo, de modo a identificar forças e fraquezas a que a organização esteja

exposta;

• Desenvolvimento de objetivos e estratégias de marketing: de posse dos

resultados da análise dos ambientes, os gerentes de marketing devem eleger um

público-alvo e criar estratégias para alcançá-lo, utilizando o composto de

marketing que melhor atenda a este objetivo;

• Determinação de custos e benefícios financeiros: antes de colocar o plano em

prática, é necessário verificar sua viabilidade, analisando os custos do composto

de marketing e comparando com o orçamento disponível. É imprescindível o

cálculo do retorno financeiro sobre a proposta estratégica, de modo a aferir-se a

real vantagem proporcionada pelo plano em questão.

Ao término destas quatro etapas, o plano deve ser novamente verificado, em

todos os pontos, sob diversas perspectivas, para assegurar sua eficácia.

2.7.2 Controlando o Plano de Marketing

Após a implantação do plano de marketing, deve haver um acompanhamento

para controle e medição dos resultados. Os gerentes de marketing verificam se os

objetivos estão sendo alcançados, acompanhando o desempenho das estratégias em cada

etapa e realizando as modificações necessárias.

O controle da estabilidade do plano pode se dar de várias maneiras, dependendo

do quadro apresentado e do objetivo aspirado.

A Figura 4 ilustra o processo de controle sobre as variações de um plano de

marketing:

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Figura 4 - O Processo de Controle das Variações de um Plano de Marketing.

Fonte: Churchill Jr. e Peter (2003, p. 548)

Os problemas apresentados em um plano com desempenho insuficiente podem

ter diversas origens. A causa pode estar na criação do plano, na implementação, no

direcionamento, na eleição do mercado-alvo, na alocação de recursos, ou numa

combinação de mais de um destes problemas. Cabe aos profissionais de marketing

procurar a solução mais sensata de acordo com a origem do problema.

O objetivo fundamental a ser atingido pelos planos e estratégias de marketing

não pode ser outro senão a satisfação dos clientes. São eles que devem aprovar e

consumir os produtos ou serviços dispostos no mercado e deles provém o capital que

garante o lucro, combustível essencial para alimentar toda e qualquer organização.

Ao realizar um controle sistemático e eficaz do plano de marketing, a

organização capta as falhas e as corrige com maior agilidade. Consegue, assim, perceber

Medir resultados

obtidos

Descobrir causas

Comparar os resultados obtidos com os objetivos

Detectar problemas

Combinação de problemas?

Começar de novo!

Implementação defeituosa?

Mudar a implementação

Plano defeituoso?

Mudar o plano e

reimplementar

Os objetivos foram fixados num

patamar muito alto?

Reduzir os objetivos

Elevar os objetivos

Avaliar para melhorar o

desempenho

Objetivos, plano e implementação

excelentes

Os objetivos foram atingidos num patamar muito

baixo?

Objetivos atingidos ou superados Objetivos não atingidos

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as mensagens passadas por seus clientes potenciais e agir de acordo com suas

necessidades e desejos.

O produto estando bem direcionado no mercado, desenvolvido através de um

criterioso composto de marketing, e a empresa que o produz conheça o ambiente em

que está inserida e tenha um plano de marketing muito bem definido, implantado e

controlado, as chances de prosperidade mercadológica de empresa e produto são muito

boas. Entretanto, todos estes processos podem ser tão bem ou até melhor executados

pelas empresas concorrentes, o que de certa forma anula as vantagens competitivas

obtidas.

O passo seguinte é buscar a confiança e preferência dos clientes, oferecendo-lhes

produtos com qualidade, atendimento e vantagens que superem todas suas expectativas.

Dessa forma, a empresa caminhará a passos largos no sentido da conquista da fidelidade

dos seus clientes.

No próximo capítulo, serão apresentados processos referentes à conquista da

fidelidade dos clientes e criação de valor para eles.

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3 FIDELIZAÇÃO DE CLIENTES

A palavra de ordem para as empresas que competem, no mercado atual, e a meta

essencial a ser alcançada por elas é a conquista da fidelidade do cliente, pois ele é o

elemento determinante no desempenho mercadológico de um produto.

Algumas delas, entretanto, esquecem que para obter o respeito e admiração do

cliente, é necessário que haja reciprocidade, ou seja, nenhum cliente será fiel a uma

empresa que não seja fiel a ele.

Segundo Griffin (1998, p.20) “o estabelecimento da fidelidade exige que a

empresa enfatize o valor de seus produtos e serviços e demonstre estar interessada em

estabelecer um relacionamento com o cliente”.

As pessoas estão buscando algo mais que qualidade no produto e bom

atendimento quando realizam uma compra. Esses requisitos são obrigatórios e o cliente

já os vê como parte integrante de qualquer procedimento de compra e não como

diferenciais para opção entre fornecedores. Os clientes querem sentir exclusividade no

atendimento, como se o produto que estão adquirindo tenha sido feito sob medida para

atender suas necessidades.

Valsoir Tronchin, sócio-diretor da Peppers and Rogers Group, afirma que a

sobrevivência e a garantia de lucratividade de uma organização dependem da relação de

longo prazo com seus clientes. Sem esse relacionamento, ela não sobreviverá. Ela não

pode tratar clientes da mesma maneira, ela precisa diferenciá-los. (VOCÊ S.A. - Ponto

de partida - Março/2000 - Edição 21).

Um exemplo simples de atendimento primoroso é o que ocorria nos

estabelecimentos comerciais há muito tempo e que ainda ocorre em vilarejos, o dono do

estabelecimento conhece seus clientes e consegue atender às suas necessidades, pois

conversa com cada um deles, acompanha o consumo dos produtos que melhor atendem

a cada um, antecipando a reposição do estoque e aceitando encomendas de itens

específicos. Ele ainda deposita confiança em seus clientes ao conceder-lhes prazo de

pagamento, a famosa “caderneta”.

Max Gehringher, colunista da revista VOCÊ S.A., diz que como os produtos

oferecidos por empresas concorrentes foram ficando cada vez mais similares em termos

de preço, qualidade e prazos de entrega, elas descobriram que o cliente fiel do século

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XXI é igualzinho ao freguês de caderneta do século XIX: gosta de ser tratado como se

fosse único.(VOCÊ S.A. - Novembro de 2001 - Edição 41).

A grande diferença é que no passado os clientes geralmente não tinham muitas

opções entre estabelecimentos para adquirir seus produtos, quando no cenário

mercadológico de hoje a concorrência é acirrada, podendo o cliente mudar de

fornecedor muito facilmente, assim que sentir que as negociações não estão lhe

rendendo as vantagens esperadas.

Se quiserem manter uma clientela fiel e limitar as despesas com a conquista de

novos clientes, as empresas terão de ir além de sua preocupação habitual com a

satisfação dos clientes e tomar medidas que garantam maior fidelidade. Não se

pode mais voltar aos velhos tempos e às velhas formas de fazer negócios, mas

pode-se desenvolver um senso de comunidade semelhante com seus clientes

(GRIFFIN, 1998 p.10).

Empresas de todos os segmentos procuram solidificar suas relações com os

clientes de modo a fortalecer sua posição no mercado. As montadoras são um bom

exemplo.

As montadoras têm lançado mão de artifícios cada vez mais eficazes, tanto no

projeto de seus carros como nas campanhas publicitárias, visando obter a preferência do

cliente final. Elas sabem que o cliente é a peça fundamental para a sobrevivência das

empresas e ocupa uma posição de juiz, determinando o sucesso ou a derrota de uma

marca.

No Brasil, especificamente, a mudança mais palpável no cenário da indústria

automobilística deu-se em 1992 quando o então Presidente da República Fernando

Collor de Melo declarou que os automóveis brasileiros eram verdadeiras “carroças” e

abriu o mercado para importações.

Assim, os consumidores que até então não tinham opção além de comprar o que

o mercado local oferecia, passaram a poder importar automóveis muito melhores, atuais,

confortáveis, econômicos e bonitos. As montadoras viram-se obrigadas a desenvolver

novos produtos, mais modernos e eficazes, pois além da concorrência externa, a disputa

entre as marcas instaladas no país tornou-se muito mais acirrada.

Um volume imenso de capital passou a ser direcionado a programas de

qualidade, redução de perdas no processo produtivo, redução de sucateamento e

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retrabalho. A qualidade garantida em cada processo tornou-se um dos principais focos

de ação nas montadoras com o objetivo de que o produto final atenda ou supere as

expectativas do público consumidor. Porém, com a globalização, o compartilhamento

de tecnologias se intensificou e o custo/benefício oferecido pelos carros de mesma

categoria e marcas distintas ficou muito equivalente.

Houve também um aumento no senso crítico do cliente, que se tornou muito

mais exigente, lançando um grande desafio às montadoras: descobrir uma forma de

mantê-lo fiel aos seus produtos.

Quem compra um automóvel, compra na realidade uma expectativa, seja ela de

transporte, facilidade de locomoção, segurança, conforto, status ou até mesmo um

instrumento de trabalho, que atinge não só o comprador, mas todos que estarão

utilizando o veículo. Caso esta expectativa não seja atendida, o cliente pode migrar

facilmente para uma outra marca.

Assim sendo, as empresas tentam reter sua base de clientes através de um

atendimento mais intimista, lançando mão de ferramentas de marketing de

relacionamento com o intuito de estreitar a relação e por conseqüência garantir a

fidelidade do cliente.

A oferta de um grande número de opções entre modelos e configurações de

acessórios e acabamento pode atrair uma parcela do mercado que não se importa com o

consumo tradicional com relação a uma marca. Muitas pessoas gostam de experimentar

novos produtos, independentemente de sua consolidação no mercado, e podem mudar

de marca assim que perceberem, entre os disponíveis pela montadora de quem

adquiriram o último automóvel, a falta de um modelo que supere os concorrentes. Isto

faz com que os departamentos de design das montadoras estejam sempre buscando

referências no mercado, pesquisando os anseios do consumidor e tentando surpreendê-

lo a cada lançamento.

A preocupação com o público feminino também aumentou vertiginosamente nos

últimos anos. As mulheres respondem por 40% das decisões de compra de automóveis

no mercado atual e têm certas necessidades e preferências que não eram consideradas

até meados da década de 80. As empresas que deixaram esta deficiência estratégica

passar despercebida, certamente perderam uma grande participação no mercado, e agora

tem que se desdobrar para reconquistá-la.

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3.1 Fidelidade de Consumo

Os motivos responsáveis pela aquisição de um bem durável podem ser os mais

variados. Além da necessidade propriamente dita, todos os elementos relativos a uma

negociação devem oferecer o máximo de benefícios ao adquirente, seja o atendimento

recebido, as facilidades para compra, a qualidade superior do produto, tudo influencia o

consumidor na opção em manter a fidelidade ao fornecedor ou não.

A aquisição de um novo automóvel, por exemplo, envolve um amplo rol de

critérios, como: necessidade de espaço, design, potência do motor, consumo, valor de

revenda, segurança, valor do seguro e valor dos impostos.

Há clientes que continuam a comprar o mesmo modelo repetidas vezes pela boa

experiência obtida durante o uso deste produto, ou pelo preço. Outros depositam

confiança na montadora do seu modelo preferido, devido à seriedade que a marca

conseguiu lhes transmitir ao longo dos anos. E há aqueles que compram pelo

atendimento que receberam na revenda e pelo respeito e agilidade com que foram

tratados no pós-venda.

Segundo Griffin (1998 p. 251), “os funcionários da linha de frente, os que lidam

diretamente com o público são a chave para o desenvolvimento da fidelidade, pois seu

desempenho determina as opiniões dos clientes sobre a empresa”.

Ainda, segundo a autora, cinco fatores devem ser levados em consideração pelas

empresas que desejam manter seus clientes fiéis:

• Investigar o cliente: descobrir quem são seus clientes, quais os mais assíduos,

quais as suas preferências, quais motivos mantêm sua freqüência de compra.

Conseqüentemente, podem-se descobrir os clientes que deixaram de comprar, ou

diminuíram sua assiduidade, e os principais motivos que os levaram a isto.

Pode-se conseguir estas informações desenvolvendo um banco de dados ou

contratando uma empresa especializada neste assunto;

• Erguer barreiras contra mudanças: além de conhecer seus clientes é

necessário que as empresas dificultem sua fuga para outros fornecedores. Pode-

se conseguir isto criando barreiras que os desestimulem a procurar outro

fornecedor. Existem três tipos de barreiras: física, que diz respeito à localidade

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do fornecedor em relação ao cliente, tornando-se uma vantagem quanto à

economia de tempo e logística; econômica, quando os preços oferecidos fazem a

diferença, mantendo a preferência do cliente e psicológica, quando o fornecedor

consegue imprimir, no cliente, uma sensação de que seus produtos são essenciais

para ele;

• Contratar e treinar os funcionários em função da fidelidade: os funcionários

que trabalham na linha de frente das empresas podem definir a opinião do

cliente em relação à instituição, conforme o tratamento oferecido. É fundamental

que estes funcionários sejam criteriosamente selecionados e recebam o

treinamento adequado, para que possam oferecer serviços com a qualidade

esperada pelo cliente;

• Motivar o pessoal focalizando a fidelidade: para que os funcionários

mantenham um alto nível de serviços, eles precisam de motivação e incentivo. O

aumento salarial, apesar de importante, é uma solução passageira. O ideal é fazer

com que o funcionário sinta-se importante dentro do processo, ouvindo suas

idéias e sugestões e aplicando-as no dia a dia da empresa. O programa geração

de idéias é um claro exemplo disto. Os funcionários enviam sugestões de

melhorias no processo de fabricação e qualidade dos automóveis e as idéias

passam por uma comissão julgadora, que analisa os benefícios gerados pela

sugestão. De acordo com o nível de melhoria e economia no processo, é

determinada uma quantia em dinheiro a ser paga ao criador da modificação. Este

programa tem recebido um número crescente de sugestões, demonstrando

claramente sua eficiência, pois ao receberem um prêmio e verem suas idéias

implantadas, os funcionários trabalham com maior motivação, enquanto seus

companheiros de trabalho sentem-se incentivados a participar do programa

também;

• Comercializar em função da fidelidade: para se conseguir fidelidade no

comércio de seus produtos, as empresas precisam desenvolver planos focados no

cliente, fazendo com que este perceba valores superiores na empresa e seus

produtos em relação aos concorrentes. Estes planos podem ser:

- Marketing em função do relacionamento: quando a empresa tenta criar um

vínculo pessoal com o cliente, pesquisando suas preferências e necessidades e

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antecipando o fornecimento dos produtos ou serviços que o cliente possa

desejar;

- Marketing em função da freqüência: quando a empresa tenta manter a

continuidade do consumo por parte do cliente, oferecendo-lhe vantagens e

recompensas por sua fidelidade;

- Marketing em função da pertinência: quando a empresa organiza seus

clientes em grupos, com direito a vantagens específicas e desta forma mantém

controle sobre suas compras ao mesmo tempo em que incentiva a constância de

consumo e inserção de novos membros ao grupo.

Segundo Jones (2003), “um bom produto ou serviço será sempre a base para o

desenvolvimento da fidelidade do cliente. Sem ele, nenhum programa para fortalecer o

relacionamento de uma empresa com seus clientes será bem-sucedido”.

Porém, além do produto ter uma boa qualidade, é preciso que o cliente perceba

esta qualidade, associando-a aos benefícios em adquirir aquele produto. As empresas

precisam detectar a sensação que seu produto causa ao cliente e os valores percebidos

por este.

3.2 Criando Valor para o Cliente

Ao realizarem uma negociação, os clientes procuram um mínimo de vantagens

que tornem a troca (dinheiro x produto/serviço) viável. É claro que quanto maiores as

vantagens percebidas, mais tentado estará o cliente a negociar com este fornecedor

futuramente. Estas vantagens negociais representam valor para o cliente.

Segundo Churchill Jr. e Peter (2003, p.14), “o valor para o cliente pode ser

traduzido como uma equação, onde os benefícios percebidos pelo cliente em relação a

um produto ou serviço são maiores que os custos necessários para adquiri-lo”. A Figura

5 ilustra esta equação.

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Figura 5 - A Equação do Valor.

Fonte: Churchill Jr. e Peter (2000, p.14).

Entende-se que a definição de valor varia de pessoa para pessoa, de acordo com

uma série de fatores, como: gosto pessoal, posição social e orientação religiosa. Mas

existem quatro tipos de benefícios e quatro tipos de custos que são comuns aos clientes:

• Benefícios:

- Funcionais: que são percebidos com o uso do produto, traduzidos na saciedade

dos desejos ou necessidades responsáveis pela aquisição do mesmo;

- Sociais: provenientes do reconhecimento por parte do grupo no qual o cliente

convive em relação ao seu bom gosto pela opção de compra, ou status pela

aquisição de um produto que seja objeto de desejo da maioria;

- Pessoais: são sentimentos de conforto por possuir um artigo que lhe faz feliz,

saciando sua necessidade, não propriamente pelo uso prático, mas pelo prazer de

comprar algo que lhe traga bem estar, como, por exemplo, objetos de coleção;

- Experimentais: são conseguidos pela sensação experimentada ao utilizar

produtos ou serviços, como, por exemplo, receber uma massagem ou apreciar

um belo jantar.

• Custos:

- Monetários: são referentes ao valor pago em dinheiro pela aquisição de

produtos ou serviços e todas as despesas envolvidas na negociação;

- Temporais: englobam o tempo gasto em uma compra, incluindo o tempo de

espera em filas de caixa, tempo de entrega e o tempo escolhendo o produto;

Valor para o cliente

Benefícios percebidos

Custos percebidos =

_

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- Psicológicos: envolvem a tensão causada pela realização de um negócio muito

importante, que envolva uma quantia extremamente alta, ou a ansiedade pela

espera de uma resposta. Enfim, todo desgaste cerebral que uma negociação

possa causar;

- Comportamentais: são os custos gerados pelo desgaste físico do cliente ao

realizar uma compra, por exemplo: quando se percorre uma longa distância,

atravessando inúmeros corredores em shoppings, à procura do produto desejado.

Ao oferecerem um valor superior aos seus clientes, as empresas podem

conseguir superar a satisfação esperada por eles e estreitar seu relacionamento no

sentido da fidelização.

A Figura 6 ilustra a seqüência provável de uma negociação voltada à garantia de

valor superior para o cliente.

Figura 6 - As Conseqüências de um Valor Superior para os Clientes.

Fonte: Churchill Jr. e Peter (2003, p.18).

Muitas montadoras agregam valor aos seus produtos equipando-os com um

maior número de opcionais e cobrando praticamente o preço de custo. Isto se revela

uma grande vantagem competitiva, já que o cliente vê este tipo de promoção como uma

“oportunidade ideal” para a aquisição de um veículo.

Freqüentemente são lançadas séries especiais, que trazem este tipo de vantagem

e número de produção limitado. As vantagens oferecidas aliadas à exclusividade do

modelo, provocam no público-alvo o imediato desejo de compra.

Valor superior para o cliente

Satisfação e prazer do

cliente

Fidelidade do cliente

Relações duradouras e lucrativas

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Há pouco tempo, uma montadora lançou uma campanha onde o ar condicionado

era oferecido como item de série em toda sua linha de produtos, sem que fosse cobrado

o valor deste equipamento, geralmente muito caro.

Esta estratégia de marketing foi muito bem colocada, visto que, na maioria dos

estados brasileiros, o clima é tropical. Sendo assim, um carro equipado com ar

condicionado revela-se um ótimo investimento, já que este equipamento agrega alto

valor ao produto.

As montadoras precisam ter em mente que o cliente espera que elas criem

valores para seus produtos de acordo com sua necessidade. Quando o consumidor é

ouvido com atenção e percebe que a empresa está preocupada em satisfazer seus desejos

e necessidades, existe uma tendência a fortalecer e estreitar este relacionamento, criando

identidade com a marca. Esta identidade tende a se transformar numa garantia de

retorno do cliente, já que a marca conseguiu lhe imprimir um sentimento de confiança e

respeito.

Todo o esforço que a empresa despendeu treinando e incentivando seus

funcionários, procurando conhecer melhor seus clientes e criando valor de modo a

beneficiá-los pode ser potencializado se sua marca estiver fortemente ligada à

lembrança dos clientes. O consumidor tende a optar pela compra de produtos cuja marca

esteja mais claramente identificada em sua memória.

Sendo assim, o diferencial competitivo de um produto pode estar na força de sua

marca e tudo o que ela representa.

No capítulo seguinte, serão apresentados aspectos e posições que devem ser

tomadas pela marca de modo a fortalecê-la.

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4 A FORÇA DE UMA MARCA

A conquista do respeito e confiança, que uma marca precisa desenvolver para se

fortalecer no mercado, leva muito tempo para se consolidar. São necessários anos e anos

oferecendo bons produtos ou serviços, aliados a um efetivo programa de marketing, até

que se consiga conquistar a confiança do consumidor. E, muitas vezes, nem tudo isso é

suficiente.

Quando pensa em comprar um computador, um carro, um livro ou uma peça de

vestuário, o consumidor analisa as qualidades e os aspectos concretos do produto. Em

tais casos, as associações de desempenho da marca talvez bastem para distinguir um

produto de outro. Contudo, quando se trata de escolhas com base na experiência, como

onde cortar o cabelo ou onde jantar, o consumidor recorre a associações de imagens da

marca. Essas associações surgem em razão da descrição fornecida pelo usuário da

marca e das circunstâncias em que elas se dão.

Alguns produtos sequer atualizam a identidade visual de suas embalagens, sob

risco de perda de seus consumidores tradicionais. Geralmente são marcas

hereditariamente introduzidas ao consumo, que se mantêm ativas no mercado devido ao

forte vínculo familiar que conseguiram atingir.

Para que uma marca obtenha um bom desempenho no mercado, ela precisa ter

um posicionamento bem estabelecido em relação ao benefício oferecido. Este benefício

se traduz no vínculo entre a marca e a promessa que seu nome representa.

A associação positiva com uma marca pode agregar valor ao consumidor, já que

lhe poupa desgaste com escolha e pesquisa. Se ele obteve uma boa impressão com a

utilização de determinados produtos de uma marca, terá segurança ao optar pela mesma

marca em uma compra futura.

Quanto melhor a experiência obtida com a marca, mais nitidamente ela ficará

impressa na mente do cliente e maior força ela terá na ocasião da escolha em uma futura

negociação.

Segundo Churchill e Peter (2003, p. 250), “o valor da marca inclui a lealdade do

cliente pela marca, a consciência do nome da marca, qualidade percebida, e outras

associações”.

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A Figura 7 mostra esta associação.

Figura 7 – Elementos do Valor da Marca.

Fonte: Managing Brand Equity: Capitalizing on the Value of a Brand Name, de

David A. Aaker, apud Churchill e Peter (2003, p. 251).

No vídeo Gerenciando Marcas de Valor, Philip Kotler cita a teoria desenvolvida

por Michael Treacy e Fred Wiersema, que diz que uma empresa pode adotar três

posicionamentos de valor ao cliente:

Valor da marca

Símbolo do

nome

Lealdade à marca

Associações da marca

Consciência do nome

Qualidade percebida

Outros ativos da

marca

Proporciona valor para o cliente por aumentar: • Interpretação/

processamento de informações

• Confiança na decisão de

compra • Satisfação de uso

Proporciona valor para a empresa por aumentar: • Eficiência e eficácia de

programas de marketing • Lealdade à marca • Preços/margens de lucro • Extensões da marca • Alavancagem comercial • Vantagem competitiva

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• Liderança em produto: as empresas que adotam este posicionamento oferecem

produtos com qualidade insuperável pela concorrência. Os produtos destas

empresas têm melhor desempenho ou proporcionam melhores experiências aos

clientes;

• Excelência operacional: se uma empresa opta por esta linha de trabalho, deve

oferecer um custo total inferior ao de qualquer concorrente. A combinação dos

preços e da confiabilidade dessas empresas deve ser imbatível;

• Intimidade com o cliente: são as empresas que oferecem a melhor solução total

para as necessidades dos clientes. Para isso, elas devem ajudar os clientes desde

a definição do problema, identificando a melhor solução para eles e

implementando-a posteriormente. São empresas que realmente se preocupam em

conhecer o cliente e envolver-se com seus problemas.

Além de adotar um posicionamento bem definido, as empresas devem desenvolver

ferramentas capazes de aumentar o valor, deixando isto bem claro para os

consumidores. Existem cinco estratégias de posicionamento em termos de valor:

• Mais por mais: são empresas que oferecem produtos mais caros que a média do

mercado, porém são confeccionados com matéria-prima excelente, tecnologia

superior, controle de qualidade mais rígido e tem maior tradição. Além disso,

conferem status aos seus usuários;

• Mais pelo mesmo: são empresas que oferecem produtos com as mesmas

características qualitativas descritas no exemplo anterior, porém com um preço

equivalente à média do mercado;

• O mesmo por menos: as empresas que adotam este posicionamento oferecem

produtos com a mesma qualidade da média dos produtos concorrentes, porém a

um preço inferior;

• Menos por muito menos: são empresas que apesar de oferecerem um produto

com qualidade inferior à média do mercado, cobram por eles um valor tão baixo

que torna a compra vantajosa;

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• Mais por menos: adotam este posicionamento empresas consolidadas no

mercado, cujo alto poder de barganha com seus fornecedores garante produtos

de excelente qualidade a um preço final inferior à média do mercado.

A proposta de valor pode ser definida em termos de valor econômico para o

cliente, mas é preciso que a empresa dê atenção ao custo total para o cliente e explique

porque seu produto é o melhor em termos de valor econômico. O vendedor deve fazer

uma abordagem racional, vendo a situação do ponto de vista do comprador e não apenas

do seu próprio.

Uma marca precisa ter associações positivas e significados enriquecedores para

ser mais que apenas um nome e para que o consumidor não a veja de forma superficial.

Quando uma marca consegue ser mais que um nome, ela evoca uma série de

associações, e os compradores são atraídos para ela pelo significado que ela conseguiu

lhes imprimir. Essas associações ocorrem com seis principais conceitos sobre a marca:

• Valor líquido (brand equity): que representa o valor financeiro líquido de uma

marca;

• Identidade: o significado projetado para a marca que a empresa quer transmitir;

• Posicionamento: a maneira como a marca se posiciona em termos de benefícios

na mente do cliente, em comparação com marcas concorrentes;

• Personalidade: são as características humanas relacionadas à marca;

• Caráter: é a forma como a marca é vista a partir da sua integridade, honestidade

e confiabilidade;

• Imagem: é a maneira como a marca é vista no mercado.

A imagem da marca é mais que o trabalho desenvolvido pela companhia para

estabelecer uma identidade para a mesma. Ela sofre o impacto de coisas que acontecem

no mercado. Um escândalo pode afetar a imagem da marca, assim como maus serviços

prestados.

A imagem é evidentemente uma força crítica sobre a decisão do consumidor na

hora da compra. Por esse motivo, tudo que se relaciona à marca deve ter a melhor

aparência possível para causar uma boa impressão ao consumidor, como o estado dos

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veículos que levam o nome da companhia, a apresentação dos funcionários e seus

uniformes.

A agência de publicidade Young & Rubicom (vídeo Kotler) definiu que a força e

o sucesso de uma marca dependem de duas coisas:

- Vitalidade:

• Diferenciação: a marca se distingue das demais;

• Relevância: a marca tem personalidade e significado próprio.

- Estatura:

• Estima: a marca é vista como tendo qualidade e impulso;

• Familiaridade: a marca é conhecida e compreendida por muitas pessoas.

As empresas precisam encontrar uma forma de destacar-se entre as demais de

modo a terem diferenciais e maior valor em relação ao seu mercado alvo e clientes. Isso

é conseguido com o desenvolvimento de uma proposta de valor superior, de um sistema

superior de fornecimento deste valor e um sistema superior de comunicação do valor.

Todos estes fatores têm que ser captados e expressos pela marca.

Para desenvolver a proposta de valor, a companhia deve estudar seus clientes-

alvo, seus concorrentes e definir claramente seu posicionamento no tocante ao valor.

Este procedimento visa tornar claro aos olhos do comprador porque ele deve adquirir

um produto desta companhia e não dos seus concorrentes.

A companhia deve também desenvolver uma marca com associações positivas e

enriquecedoras, cujo nome seja de fácil memorização e tenha relevante significado para

os compradores. Esta marca deve ser acompanhada de um slogan forte que inspire

confiança no comprador.

As estratégias competitivas e as alternativas da companhia dependerão da sua

posição no mercado: ser uma empresa generalista ou especialista.

No cenário atual, as empresas mais bem posicionadas monitoram a proposta de

valor de seus clientes e a migração deles em termos de valor para poderem mudar suas

próprias ofertas. A maior e mais segura garantia de sobrevivência não é apenas a

melhoria contínua e sim a constante inovação em termos de valor.

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O dinamismo na resposta aos anseios dos clientes aliado a uma imagem positiva

pode garantir o diferencial necessário para que a marca mantenha a liderança em relação

aos concorrentes.

No setor automobilístico tem ocorrido uma verdadeira guerra pela preferência do

consumidor, cuja intensidade tende a aumentar.

Entre as montadoras instaladas no Brasil, a Volkswagen conseguiu se destacar

por mais de quatro décadas, mantendo a liderança em vendas devido à confiança que

conseguiu estabelecer junto aos seus consumidores. É uma conquista de mão dupla, pois

assim como seus produtos fortaleceram sua marca no mercado, hoje é a marca que atua

como coadjuvante no impulso das vendas dos produtos.

No próximo capítulo, será apresentado um estudo referente à força da marca

Volkswagen e sobre o sucesso de vendas do seu modelo Gol.

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5 ESTUDO DE CASO NA VOLKSWAGEN DO BRASIL

Um modelo de empresa que conseguiu firmar sua imagem perante um número

expressivo de clientes é a Volkswagen do Brasil. De 1958 a 2000, a empresa foi líder

em vendas no mercado nacional e seu modelo Gol é o automóvel mais vendido no país

há 17 anos. Tamanho sucesso junto ao público despertou-me o interesse na pesquisa das

origens dessa fidelidade.

Um fator decisivo para este resultado positivo é o pioneirismo da empresa em

uma série de eventos:

• Primeira montadora brasileira a lançar no mercado um veículo

multicombustível, que mistura gasolina e álcool;

• Primeira montadora do País a utilizar freios ABS;

• Pioneira na utilização de injeção eletrônica de combustível;

• Pioneira no lançamento de motor 1.0 16 válvulas;

• Pioneira na utilização de airbag full size;

• Primeira montadora brasileira a ter um centro de desenvolvimento, pesquisa e

design;

• Primeira montadora a ter um centro técnico de crash-tests no País, na década de

70;

• Primeira a lançar uma station wagon 4 portas (Quantum, em 1985);

• Pioneira na utilização de solda a laser na produção de veículos no Brasil, entre

outros casos.

Estes fatores supostamente proporcionaram um valor maior aos usuários da

marca alemã, que pela boa experiência obtida com seus produtos, voltaram a comprá-los

e indicaram a seus conhecidos.

Apesar de ser uma marca jovem, quando comparada às suas principais

concorrentes, a Volkswagen tem uma história de conquistas, inovação tecnológica e

muito sucesso. Sua origem atípica e investimento em mercados pouco explorados talvez

expliquem, de certa forma, o sucesso mundial de vendas obtido por seus modelos.

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5.1 A história da Volkswagen no Brasil

A Volkswagen consolidou sua imagem no mercado brasileiro oferecendo

automóveis simples, robustos e de mecânica confiável. A popularidade da marca

Volkswagen está literalmente ligada ao seu nome, na língua alemã “carro popular”. Ela

trouxe para o Brasil o carro que mais cativou a população deste planeta em toda a

história: o Fusca.

O nome Fusca nasceu de uma contração aportuguesada de Volks, cuja pronúncia

correta em sua língua de origem é “Folks” - já que a letra V, na língua alemã é

denominada ‘fau’. É fácil deduzir a linha de adaptação que a pronúncia seguiu:

Folks...Foks...Fosk...Fusca.

Em 1949, pesquisas feitas no mercado latino-americano indicaram o Brasil como

o melhor lugar para receber a primeira fábrica da marca fora da Alemanha.

Em 23 de março de 1953, em um pequeno armazém alugado no bairro do

Ipiranga, em São Paulo, nascia a Volkswagen do Brasil. De lá saíram os primeiros

Fuscas, com peças importadas da Alemanha e montados por apenas 12 empregados.

Entre 1953 e 1957, foram montados 2.820 veículos (2.268 Fuscas Sedan 1.200cc e 552

Kombi).

Os planos da VW ganharam novo impulso quando, em junho de 1956, o governo

brasileiro criou condições para instalar, no Brasil, a Indústria Automobilística, fixando

as bases para o rápido desenvolvimento do setor. No mesmo ano, a Volkswagen decidiu

construir sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Já em 2 de setembro de 1957,

produzia a Kombi, o primeiro VW fabricado no Brasil, com 50% de suas peças e

componentes fabricados no país.

A busca pela superação da concorrência foi sempre uma constante no

comportamento da Volks nacional, que lançaria o primeiro Fusca em 3 de janeiro de

1959.

Das montadoras instaladas atualmente no país, a VW foi a pioneira na produção

de automóveis de passeio, sendo que a Ford só lançaria o Galaxie em 1967 e a GM

começaria a produzir o Opala no ano seguinte.

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No dia 18 de novembro de 1959, foi inaugurada oficialmente a fábrica de São

Bernardo do Campo, com a presença do então Presidente da República do Brasil,

Juscelino Kubitscheck, responsável pela instalação da indústria automobilística no país.

O Fusca rapidamente tornou-se sucesso de mercado, numa época dominada

pelos grandes automóveis importados. A empresa iniciou um profundo trabalho de

desenvolvimento de fornecedores e, em fins de 1961, o índice de nacionalização dos

seus produtos já era de 95%. Os primeiros anos de vida, encravados por Fuscas e

Kombis, renderam à Volks coragem empreendedora para o lançamento de outros

modelos.

O Karmann-Ghia, um carro esportivo lançado em 1962, foi um sucesso até 1975,

quando saiu do mercado após a venda de 41.634 unidades.

Em 1969, foi a vez da station-wagon Variant, remodelada em 1977, e do sedan

VW 1600 (apelidado Zé-do-caixão); depois veio o modelo TL, que ficou no mercado de

1970 a 1975.

Em julho de 1970, com os primeiros recordes de produção e vendas, a marca

chegava a meio milhão de veículos produzidos. Em março de 1972, o Fusca registrava o

marco histórico de um milhão de unidades vendidas. Nesta época, foi colocado no

mercado o SP-1 junto com o SP-2. Apenas o SP-2 teve grande aceitação pelo público,

por ter motor 1.7, de maior potência.

Em 1973, devido ao sucesso alcançado, surgiu a oportunidade de lançar produtos

próprios, sem ingerência da matriz. Nasceu a Brasília, carro sob medida para quem

gostaria de perpetuar as vantagens técnicas do Fusca mas se queixava do reduzido

espaço interno. A Brasília fez enorme sucesso pela praticidade, vendendo 1.064.416

unidades até 1981.

A extrema robustez destes veículos os tornava aptos a enfrentarem nossas

estradas, em sua maioria sem pavimentação, afinal derivavam de um projeto adaptado

ao uso militar. Talvez tenha sido este o principal motivo que agregou força à marca

Volkswagen.

O aprimoramento na produção de veículos adequados às condições e exigências

brasileiras levou, em junho de 1974, ao lançamento do Passat, que acabara de surgir na

Alemanha e logo foi trazido para o Brasil. Foi outra revolução: em poucas vezes, a

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Indústria Brasileira recebeu um automóvel tão avançado em relação aos concorrentes.

Era um carro de tamanho médio, com motor de quatro cilindros, refrigerado a água, e

com tração dianteira, completamente diferente dos modelos anteriores - com motor e

tração traseiros e refrigeração a ar. O carro foi sucesso no Brasil e no exterior,

principalmente no Iraque, para onde foram exportadas 200 mil unidades.

A montadora alemã foi a que melhor percebeu o potencial de crescimento

econômico e de consumo no Brasil e, em 1975 a filial brasileira já era a maior fora da

Alemanha, responsabilizando-se por 62% da produção nacional.

No início dos anos 80, depois de construir uma nova fábrica de automóveis em

Taubaté, no interior do Estado de São Paulo, a Volkswagen iniciou a produção da

chamada Família BX, composta pelos automóveis Gol, Voyage e Fox (este exclusivo

para exportação para os Estados Unidos), a station-wagon Parati e a picape Saveiro. De

1986 a julho de 1993, foram exportados 170.514 Fox para os Estados Unidos.

Em 1984, a VW entrou no segmento C, de carros de luxo com o Santana e, em

1985 com a Quantum (a primeira station-wagon com quatro portas). Desde então, os

dois modelos vêm figurando entre os 20 automóveis mais vendidos no país. No final de

1999, o Santana e a Quantum foram reestilizados, aumentando a competitividade no

mercado.

Em 2002, foram lançados os modelos Polo e Polo Sedan, desenvolvidos e

produzidos com tecnologia de ponta, que inauguram um novo segmento no mercado

automobilístico nacional; os compactos Premium.

No final de 2003, a marca lançou mais um modelo, o Fox (cuja semelhança com

o modelo exportado aos EUA em 1983 se restringe ao nome), que tem como missão

resgatar a liderança de mercado perdida pela Volkswagen em 2001. O VW Fox ampliou

a gama de produtos Volkswagen. O Gol GII continuará sendo o veículo de entrada da

VW, porém, estará direcionado para o público que procura uma compra mais racional,

enquanto o Gol GIII e o Fox explorarão mais fortemente o emocional.

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5.2 O Volkswagen Gol

Em 1976, a Volkswagen do Brasil deu início a um projeto que viria a ser seu

maior sucesso de vendas em toda a história: o Volkswagen Gol.

O modelo é hoje responsável por cerca de 75% das vendas internas e 45% das

exportações da Volkswagen, tendo ultrapassado a marca de 4.000.000 de unidades

produzidas no Brasil, consolidando-se como o maior sucesso da Indústria

Automobilística Nacional em todos os tempos.

Para alcançar esta posição privilegiada, o modelo recebeu múltiplos

investimentos ao longo de sua produção, de modo a potencializar sua linha de

montagem, acompanhar as tendências do mercado, aumentar seu conforto e

desempenho, entre outros.

5.2.1 História do Volkswagen Gol

Na segunda metade da década de 70, a Volkswagen já pensava em um modelo

que viesse a substituir o Fusca, pois este, apesar de ser o principal produto da empresa,

já apresentava sinais de cansaço na disputa do mercado. Os parâmetros definidos para o

desenvolvimento do futuro automóvel visavam um melhor aproveitamento interno,

preço competitivo e maior conforto, porém mantendo as características de robustez que

se tornaram sinônimo da marca.

Quando o carro chegou às lojas, em maio de 1980, causou surpresa ao mercado

pelo design em forma de cunha, de estilo avançado para a época e mantendo o

conhecido e confiável motor boxer arrefecido a ar, adotado por todos os modelos

Volkswagen, com exceção do Passat.

Embora a marca já houvesse desenvolvido outros veículos, como a Brasília, com

melhor aproveitamento interno e a mesma mecânica do Fusca, era a primeira vez que

um projeto era desvinculado da base composta por chassi, suspensão dianteira por feixe

de molas e traseira por facão. O Gol foi desenvolvido como uma carroceria monobloco,

e o motor posicionado na dianteira do veículo permitiu o uso do espaço atrás do banco

traseiro como porta-malas. Estas e outras soluções, como suspensão dianteira do tipo

McPherson, vieram de encontro ao gosto e às necessidades do público brasileiro.

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O sucesso foi imediato e já em 1983 o Gol sagrou-se campeão em vendas entre

os carros nacionais. De 1984 a 1986, o modelo obteve a segunda posição no ranking,

mas em 1987 voltou à liderança, após um face-lift que modernizou o conjunto ótico e

inseriu o uso de pára-choques envolventes, mantendo esta posição até os dias atuais.

Em 1984, foi lançado o modelo GT, com motor 1.8S refrigerado à água, que

proporcionava um desempenho surpreendente, tornando-o ícone de carro esportivo em

sua época. No ano de 1989, surge o modelo GTI, primeiro veículo nacional equipado

com injeção eletrônica de combustível e, em 1993, a Volkswagen passa a oferecer os

primeiros Gol equipados com motor de 1000cc.

O modelo sofreu uma grande transformação em 1994, quando a VW lançou o

modelo Geração II. O consumidor aprovou o novo produto, com design arredondado e

inúmeros avanços tecnológicos. Antes do seu lançamento, foram realizados intensivos

testes de durabilidade, tendo os protótipos sido submetidos a pisos acidentados,

variações climáticas, ensaios de corrosão e outras situações de uso extremo.

A Geração III, lançada em 1999, introduziu um novo padrão de qualidade no

acabamento do Gol, trazendo materiais mais nobres e sofisticados, com tonalidades

mais suaves. O modelo também foi o primeiro a oferecer cinco anos de garantia contra

corrosão, já que 70% das chapas que compõem a carroceria são zincadas.

Em 2003, o Gol recebeu mais algumas pequenas alterações nos pára-choques e

no painel de instrumentos, além do novo motor com tecnologia Total Flex, que permite

a utilização de álcool ou gasolina, puros ou em qualquer proporção. Esta inovação

contribuiu para reforçar ainda mais a imagem de confiança e pioneirismo que o modelo

conquistou junto aos seus clientes ao longo destes 23 anos de produção.

Ainda no ano de 2003, o Gol estabeleceu recordes mundiais de resistência em

provas de Endurance realizadas no autódromo de Interlagos, em São Paulo, os quais

foram homologados pela Federação Internacional do Automóvel (FIA). Numa destas

provas, o modelo chegou a rodar 25 mil quilômetros ininterruptamente, parando apenas

para abastecimento, troca de pneus e pilotos, o que serviu para afirmar ainda mais sua

imagem de resistência e robustez mecânica.

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5.2.2 Desempenho Mercadológico do VW Gol

O sucesso de vendas alcançado pelo Gol não reduziu os esforços da marca

Volkswagen em relação ao seu contínuo aprimoramento, bem como investimentos em

promoções e propaganda envolvendo o modelo.

O lançamento de várias séries especiais, como a Highway, Ouro e Power, que

devido ao sucesso alcançado foi incorporada permanentemente ao mix de produção e a

liderança atual no Campeonato Brasileiro de Rally contribuíram para o aumento do

público consumidor do modelo.

Os números do Ranking Renavam de fevereiro de 2004, apresentados na Tabela

1, demonstram que o VW Gol está longe de perder a liderança em vendas no Brasil.

Tabela 1 – Ranking Renavam – Fevereiro 2004.

MODELO TOTAL

1 ْ Gol 13 535

2 ْ Palio 9 458

3 ْ Celta 9 431

4 ْ Corsa Hatch/Sedan 8 657

5 ْ Uno 5 517

6 ْ Fiesta Hatch/Sedan 4 682

7 ْ Corolla 3 018

8 ْ Astra Hatch/Sedan 2 668

9 ْ Clio Hatch/Sedan 2 445

10 ْ Fit 2 237

Fonte – Intranet/VW

Além do sucesso junto aos consumidores brasileiros, o VW Gol é líder em

vendas na Argentina e no México e integra a lista dos Top Ten na Guatemala, Uruguai e

Chile. Um número superior a 350 mil unidades do modelo já foi exportado para mais de

vinte países e o volume de exportações cresce a cada ano, consolidando-o como um

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carro de sucesso mundial. A Figura 8 demonstra a evolução do volume de exportações

do Gol do início de 1991 até maio de 2003.

EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO GOL

* A TÉ M A IO 2 0 0 3

4.621 7.119

48.36141.280

33.73433.351

12.0496.968

64.000

2.593

17.968

49.39663.168

70.000

0

10 .0 0 0

2 0 .0 0 0

3 0 .0 0 0

4 0 .0 0 0

50 .0 0 0

6 0 .0 0 0

70 .0 0 0

8 0 .0 0 0

19 9 1 19 9 2 19 9 3 19 9 4 19 9 5 19 9 6 19 9 7 19 9 8 19 9 9 2 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 2 2 0 0 3

Figura 8 – Evolução das Exportações do Gol.

Fonte: Volkswagen

5.2.3 Perfil dos Consumidores do VW Gol

O perfil dos consumidores do Gol é tão variado quanto à gama de pacotes

disponíveis para sua montagem. Ele pode ser o terceiro carro do cliente pertencente à

classe A, o segundo carro do cliente classe B, o primeiro carro do cliente classe C, o

veículo preferido pelo frotista, enfim, um modelo prático, resistente, bonito e com uma

ótima relação custo/benefício, com potencial de consumo também em todas as faixas

etárias.

O estudo Copernicus mostrou que existem quatro segmentos de consumidores

no mercado de automóveis entry e middle (carros básicos e carros médios):

• Entusiastas: são pessoas bem informadas que preferem carros maiores, que

chamem a atenção, potentes e com muita tecnologia embarcada. Valorizam

status, cultura, sucesso, exclusividade e informação, e ao adquirir um automóvel

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esperam que este lhes traga prestígio. Deste público, 71% são homens

distribuídos em todas as classes, com maior concentração na classe A1;

• Sensíveis: são pessoas que valorizam conforto, confiança, praticidade e não se

preocupam em ter carros exclusivos e nem em conhecê-los mais a fundo.

Consideram o carro um simples meio de transporte, e ao adquiri-lo esperam

conforto e praticidade. Este público é formado em sua maioria por mulheres

(61%) de classe média, com maior concentração na classe B;

• Guiados pela imagem: são pessoas com espírito jovem, originais e diferentes,

que apesar de gostarem de carros grandes, compram os baratos e compactos. São

pessoas que adoram dirigir e são apaixonadas por carros. Compram carros

esportivos, velozes e exclusivos, que passam a sensação de juventude e

modernidade. Esta categoria é formada por 57% de homens, pertencentes às

classes A2 e B1;

• Essencialistas: são pessoas que valorizam economia, juventude, confiança e

honestidade. Preferem marcas conhecidas e de qualidade e procuram carros

compactos e mais baratos, com boa relação custo/benefício. É um público

formado por 57% de homens.

Destes segmentos, os dois últimos (guiados pela imagem e essencialistas) são os

principais consumidores do modelo Gol. Segundo pesquisa do Instituto Ipsos, os

compradores do Gol GII realizam a compra racionalmente e procuram neste veículo

atributos como: preço, resistência, durabilidade, baixo custo de assistência técnica e

bom valor de revenda. São essencialistas.

Os clientes do Gol GIII procuram neste produto características como:

durabilidade e performance superior, maior valor de revenda, melhor relação

custo/benefício, manutenção barata, qualidade e economia de combustível. São guiados

pela imagem.

Outra importante fonte de pesquisa são as características regionais dos clientes

Gol. A Volkswagen procura conhecer as preferências específicas de seus consumidores

em cada ponto do Brasil, de modo a melhor adequar as características dos produtos

oferecidos.

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Os clientes dos Estados da região Sul, por exemplo, são seletivos, bem

informados e conservadores. Eles levam um tempo acima da média dos clientes de

outras regiões para tomarem uma decisão de compra, pois gostam de pesquisar preço e

valor de venda ou troca de seus automóveis usados, geralmente em muito bom estado.

São pessoas com idade média de 38 anos, divididas em 55% de homens e 45% de

mulheres.

Na Região 6, que engloba todos os Estados da Região Norte e Centro Oeste,

além do Maranhão, as revendas VW atendem clientes ecléticos como funcionários

públicos, políticos de Brasília, produtores rurais, fazendeiros de Mato Grosso, Goiás e

Tocantins, além da população indígena do Amazonas e Pará. Apesar da diversidade, os

clientes desta Região são unânimes em relação aos pontos positivos que um carro deve

ter para ser adquirido: ser robusto, confiável e seguro, pois a distância entre as

principais cidades nestes estados é maior e as condições das estradas são menos

favoráveis, acarretando um intenso desgaste dos automóveis. O Gol é responsável por

70% do volume de vendas da marca VW nesta Região.

A Região 4 abrange os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de

Janeiro. Os clientes cariocas gostam de chamar a atenção e valorizam um carro bem

equipado, principalmente com ar-condicionado. São clientes difíceis e pouco fiéis, que

buscam sempre a melhor oportunidade de compra.

Os clientes capixabas valorizam o valor agregado ao carro, preferindo os

equipados com direção hidráulica, porém exigem que este valor seja oferecido a um

preço justo.

Os mineiros são clientes racionais e conservadores, e mantém fidelidade à marca

que os cativa e respeita. Gostam de carros com quatro portas, direção hidráulica e trio

elétrico, de preferência que ofereçam IPVA grátis, item entendido como economia real.

O Estado de São Paulo, pelo potencial superior de consumo e concorrência

agressiva, requer especial dedicação dos vendedores. O cliente paulista exige um

atendimento cortês e eficiente, além de uma boa avaliação para seu carro usado,

condições de pagamento atraentes e baixo custo do seguro. Ele também prefere ser

atendido por profissionais que conheçam bem as opções disponíveis no mercado e que

os assessorem na escolha da melhor compra. Dos clientes VW paulistas, 65% são

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homens, porém geralmente vão acompanhados de suas esposas ou namoradas, que

influenciam na decisão de compra.

As principais características que levam os paulistas a optarem pela compra de

um VW são: confiança na marca, mecânica fácil, durável e resistente, baixo custo de

manutenção, preços competitivos, veículos potentes e com bom torque, excelente valor

de revenda e economia de combustível.

Todas estas descobertas com relação às preferências dos consumidores são

essenciais para que a empresa abasteça cada mercado com produtos que venham de

encontro às necessidades locais.

5.2.4 Conquista e Manutenção da Fidelidade do Cliente Gol

Desde o primeiro esboço, o Gol foi concebido e projetado para atender, acima de

tudo, ao desejo do consumidor, o que foi percebido através de pesquisas sobre

preferências de estilo, cores e tecidos. Os elementos mecânicos herdados do consagrado

Fusca e o prestígio desfrutado pela marca Volkswagen formaram um convite irresistível

para que os fãs da marca experimentassem o novo produto.

Ao longo dos anos, o modelo incorporou as melhores tecnologias e os melhores

conceitos de dirigibilidade, conforto, bem-estar e resistência. Assim, construiu a

imagem de carismático, inovador e bem sucedido, conquistando também usuários de

marcas concorrentes.

Uma das estratégias adotada pela VW para preservar a liderança em vendas do

modelo é mantê-lo em evidência. Recentemente, a marca realizou o programa VW

Route. Durante três semanas, universitários de várias localidades puderam assistir a

palestras com os mais experientes e renomados profissionais da Volkswagen, além de

também poderem participar de uma grande festa, onde foram realizados test drives e o

sorteio de um Gol Power no final da promoção.

Outra forma de se aproximar do público jovem é o Programa Auto Escola, que

oferece tratamento diferenciado e inúmeras vantagens para as Auto-Escolas que

mantiverem a fidelidade na compra de veículos VW. Este programa proporciona

benefícios como: descontos diferenciados em veículos novos, garantia total de 2 anos

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para todos os veículos nacionais da marca Volkswagen adquiridos no programa, para

uso em frota de auto-escolas, atendimento especial na Rede Autorizada, agendamento

de serviços e de atividades especiais como cursos, palestras e eventos promovidos pela

Volkswagen juntamente com a Feneauto (Federação Nacional das Auto Escolas e

Centros de Formação de Condutores), através da Central de Atendimento. Ao mesmo

tempo, desperta o desejo dos jovens condutores em adquirir um veículo da marca pela

confiança conquistada durante o aprendizado.

Eventos especiais de vendas também são estratégias adotadas pela VW para

atrair a atenção do público. O Circuito VW, realizado em Brasília e Goiânia além de

apresentar aos clientes toda a linha VW, permitiu-lhes realizar test drive na pista do

Autódromo Internacional Nelson Piquet. Neste tipo de evento, o cliente é atraído pelas

vantagens adicionais oferecidas, como acessórios ou descontos especiais durante um

curto período, além de ter uma maior flexibilidade de horário para ir às concessionárias,

que ficaram abertas 12 horas por 8 dias seguidos.

Na região Sul, as concessionárias utilizam Kombis decoradas e Motorhomes

para a realização de feirões fora das lojas, aproximando-se das pessoas em locais de

grande fluxo, como shoppings e supermercados, além de deslocarem-se para cidades

menores, onde não haja concessionárias da marca.

Em São Paulo as ações de vendas especiais são constantes. Recentemente, os

modelos Saveiro, Kombi e Gol Total Flex ficaram à venda dentro do Ceagesp, maior

entreposto da América Latina, oferecendo aos produtores rurais e negociantes do local

preços especiais e um tempo maior para conhecimento e análise dos carros.

Ações como estas tendem a cativar e fidelizar as pessoas com relação à marca e

seus modelos, pois acontecem em locais onde as pessoas estariam circulando

independentemente destes programas. Sendo assim, elas aproveitam a oportunidade

para realizar um bom negócio através dos preços e planos especiais de pagamento,

juntamente com atividades para as quais já haviam se programado, ou seja, economizam

tempo e dinheiro.

Eventos como o Circuito VW funcionam de outra forma, pois ao terem a

oportunidade única de conduzir um veículo em um autódromo, as pessoas fazem deste

test drive, geralmente realizado em fins de semana, um agradável programa familiar,

gerando uma relação positiva com a imagem da marca.

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O empenho da VW em desenvolver automóveis com qualidade mecânica e bom

acabamento, aliado ao esforço em identificar os tipos de clientes, cada um com suas

preferências e necessidades específicas, oferecendo-lhes o produto mais adequado,

sempre resultaram em volumes de vendas satisfatórios. O fato de o Gol deter a liderança

do mercado Brasileiro em vendas por tanto tempo e da marca VW ter recebido o

“Prêmio Top of Mind” por doze anos consecutivos, refletem esta conquista.

O curioso e inédito fato de um automóvel totalmente desenvolvido no Brasil, há

mais de vinte anos, fazer tanto sucesso em outros países, confirmam as qualidades do

Gol e sua excelente relação custo/benefício.

Além das qualidades técnicas e design agradável, este automóvel possui uma

imagem sólida e muito forte, característica difícil de ser copiada por seus concorrentes.

Este é um de seus maiores diferenciais competitivos.

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6 CONCLUSÃO

Este trabalho foi orientado para o estudo do cenário de competitividade em que

as empresas atualmente estão inseridas e os procedimentos adotados por elas, de modo a

garantir que seus produtos tenham maior participação na preferência dos clientes.

As tendências mercadológicas apontam para a necessidade da constante

redescoberta de formas inovadoras de surpreender os clientes, aguçando seu interesse na

continuidade do relacionamento com o fornecedor.

Embora a busca de novos clientes seja necessária, a retenção da base dos atuais é

essencial para a manutenção da competitividade do fornecedor no mercado, pois

clientes fiéis geram vantagens como:

• Menores gastos com publicidade;

• Garantia de lucro;

• Indicação para amigos e parentes.

Para que a empresa obtenha a fidelidade do cliente e todas as vantagens que ela

traz, é preciso conquistar a confiança e o respeito deste, através de Programas de

Fidelização, em que são oferecidos benefícios extras aos compradores leais, além do

desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades e condições impostas por

eles.

Os clientes de hoje estão muito melhor informados, tem conhecimento dos seus

direitos e querem negociar com vendedores que os ouçam com atenção e entendam suas

reais necessidades. Eles querem negociar com empresas em que confiem e não com

quem lhes queira impor produtos em que não estejam interessados, ou que não atendam

às suas necessidades específicas.

Além disso, o atendimento pós-venda deve ser realizado com o mesmo

entusiasmo e interesse dispensados pelo vendedor na ocasião da negociação, para que o

cliente não se sinta enganado. Se a empresa entender que o ato da venda é apenas o

início do relacionamento com o cliente, saberá que para estabilizar esta relação, todos os

demais encontros deverão ser agradáveis, quer sejam para realização de negócios ou

soluções de problemas.

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A percepção do valor do produto e sua marca também influem de forma decisiva

na opção de compra pelo cliente, já que lhe permite analisar as vantagens atribuídas à

negociação.

A marca Volkswagen adotou o posicionamento de liderança em produto para

manter o VW Gol em evidência perante seus concorrentes e, apesar do preço final

superior, mantém a liderança em vendas do modelo a dezessete anos ininterruptos.

Pesquisas realizadas pela montadora apontaram uma fidelidade de 60% dos

compradores do modelo.

Conclui-se que o Volkswagen Gol, objeto de estudo neste trabalho, tem clientes

fiéis devido ao alto valor atribuído à sua imagem de robustez e durabilidade, assim

como a sensação de superioridade gerada em relação aos concorrentes, alto valor de

revenda e manutenção barata.

Espera-se ter conseguido alcançar o objetivo deste trabalho que foi demonstrar

ferramentas que permitam estreitar o relacionamento entre fornecedor e cliente, de

modo a criar fidelidade de consumo.

O tema é amplo, com inúmeras variáveis que podem vir a serem abordadas,

como fidelização de funcionários, estratégias de demonstração de valor e plano de

fortalecimento da marca.

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