estudo funcionalidade medidaseducativas cri
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Centro de Educação Especial, Reabilitação e Integração de Alcobaça e Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do IPL
2013
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Projeto A Incubadora da Inclusão, cofinanciado pelo INR, I.P.
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Índice1. Introdução............................................................................................................................2
2. Caraterização da amostra.....................................................................................................3
3. Distribuição dos perfis de funcionalidade e medidas educativas.........................................4
4. Análise das relações existentes dentro do perfil de funcionalidade.....................................9
4.1. Funções psicossociais e pessoas da família próxima....................................................9
4.2. Funções intelectuais e adquirir conceitos...................................................................10
4.3. Funções intelectuais e pensar....................................................................................11
4.4. Funções do temperamento e personalidade e capacidade de controlar o próprio comportamento.....................................................................................................................11
4.5. Funções psicomotoras e controlar o próprio comportamento...................................12
4.6. Funções da atenção e a concentração da própria atenção........................................12
4.7. Funções emocionais e a capacidade de concentrar a atenção...................................13
4.8. Capacidades cognitivas básicas e o aprender a ler.....................................................13
4.9. Funções cognitivas de nível superior e ler..................................................................14
4.10. Funções mentais da linguagem e comunicar e receber mensagens orais..............15
4.11. Funções mentais da linguagem e o falar................................................................15
5. Comparações a partir das medidas educativas..................................................................16
6. Análise de casos particulares..............................................................................................19
7. Conclusões.........................................................................................................................20
Índice de IlustraçõesIlustração 1 - Frequências absolutas das funções do corpo...........................................4Ilustração 2 - Frequências absolutas da atividade e participação...................................5Ilustração 3 - Frequências absolutas das funções ambientais........................................6Ilustração 4 - Frequências absolutas para as medidas educativas.................................7Ilustração 5 – Frequências absolutas nas funções psicossociais (b122) e pessoas da família próxima (e310)...................................................................................................10Ilustração 6 - Frequências absolutas nas funções intelectuais (b117) e na atividade de adquirir conceitos (d137)...............................................................................................10Ilustração 7 - Frequências absolutas entre funções intelectuais (b117) e pensar (d163).......................................................................................................................................11Ilustração 8 - Frequências absolutas entre as funções do temperamento e personalidade (b126) e a capacidade de controlar o próprio comportamento (d250). .11Ilustração 9 - Frequências absolutas para as funções psicomotoras (b147) e o controlo do próprio comportamento (d250).................................................................................12
A Incubadora da InclusãoCEERIA/ESECS
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Ilustração 10 - Frequências absolutas para as funções da atenção (b140) e o concentrar a atenção (d160).........................................................................................13Ilustração 11 - Frequências absolutas para as funções emocionais (b152) e o concentrar a atenção (d160).........................................................................................13Ilustração 12 - Frequências absolutas para as funções cognitivas básicas (b163) e o aprender a ler (d140).....................................................................................................14Ilustração 13 - Frequências absolutas entre as funções cognitivas de nível superior (b164) e ler (d166).........................................................................................................14Ilustração 14 - Frequências absolutas para funções mentais da linguagem (b167) e comunicar e receber mensagens orais (d310)..............................................................15Ilustração 15 - Frequências absolutas para as funções mentais da linguagem (b167) e o falar (d330).................................................................................................................16Ilustração 16 - Frequências absolutos para os alunos que possuem a medida educativa e) e classificação nas funções intelectuais...................................................17Ilustração 17 - Frequências absolutas as funções da atenção (b140) e mentais da linguagem (b147) na medida educativa das adequações curriculares individuais (b). .18
1. Introdução
Profª Maria João
2. Caraterização da amostra
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Na preparação do estudo que agora apresentamos incluímos uma amostra de 150
alunos abrangidos pelas medidas educativas previstas no Dec. Lei 3/2008, no ano
letivo de 2011/2012. Decorrente deste diploma, todos os alunos do estudo possuem
Programa Educativo Individual (PEI). Estes números correspondem a quase 100% dos
alunos existentes no concelho de alcobaça, neste ano letivo, com Necessidades
Educativas Especiais, abrangidas pelo referido decreto de lei, e a 2% do total de
alunos da comunidade escolar respetiva. Os alunos são distribuídos pelos
agrupamentos de escolas, à data, de Frei Estêvão Martins, D. Pedro de Alcobaça,
Pataias, (juntamente com a Escola Secundária D. Inês de Castro compõem
atualmente o Agrupamento de Escolas de Cister – Alcobaça), e ainda, pelos
agrupamentos de escolas de São Martinho do Porto, da Benedita e o Externato
Cooperativo da Benedita.
Assim sendo, e por inerência, estamos a falar de um conjunto de alunos distribuído de
forma homogénea pelos dois sexos, e com idades entre os 3 e os 18 anos, já que
existem alguns alunos que, neste ano letivo e em idade pré-escolar, já possuíam
Programa Educativo Individual.
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3. Distribuição dos perfis de funcionalidade e medidas educativas
Como podemos observar pela imagem gráfica acima, a grande maioria dos alunos deste estudo possui alterações estruturais de caráter
permanente ao nível das funções mentais, entre os códigos b110 e b172, o que significa que são as capacidades mentais as principais
promotoras das necessidades educativas especiais. Dentro destas, observamos que as mais frequentes são as funções da atenção (b140), as
funções mentais da linguagem (b167) e as funções da memória. Em quarto lugar surgem as funções intelectuais (b117), com uma frequência
de 78 alunos. Depois das funções mentais, observamos alguma concentração de alunos com incapacidades ao nível das funções da voz e da
fala (b310 a b330) e ainda alguns casos (6) nas funções relacionadas com o tónus muscular.
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b110b115
b122b126
b133b140
b145b152
b160b164
b167b176
b215b235
b255b265
b280b320
b335b345
b410b429
b435b510
b525b555
b620b710
b730b740
b755b770
b8400
20
40
60
80
100
120
Ilustração 1 - Frequências absolutas das funções do corpo
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Quando olhamos agora para a Ilustração 2 concluímos que, no que diz respeito às consequências na atividade e participação das
incapacidades corporais anteriormente mencionadas, estas manifestam uma maior dispersão pelos diferentes setores de atividade do aluno.
Assim, observamos que a atividade mais frequentemente atribuída como incapacitada aos alunos foi, de forma destacada, a de concentrar a
atenção (d160) seguida de dirigir a atenção (d161). Depois, as tarefas que surgem como mais afetadas pelas incapacidades dos alunos são
tarefas ainda dentro da categoria de aprendizagem e aplicação de conhecimentos (como por exemplo pensar (d163), ler (d166), escrever
(d170) e calcular (d172) e resolver problemas (d175). Também as tarefas de levar a cabo uma tarefa única (d210) e de comunicar e receber
mensagens orais (d310) surgem com 78 observações. Por fim, surgem ainda números assinaláveis de alunos com dificuldades nas restantes
tarefas das categorias de comunicação e de interações e relacionamentos interpessoais.
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020406080
100120
Ilustração 2 - Frequências absolutas da atividade e participação
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Nesta terceira ilustração podemos agora perceber a distribuição dos fatores ambientais pelos alunos anteriormente caraterizados quanto às
suas incapacidades de caráter permanente e funcionalidade. Assim, observamos que de forma destacada estão as questões ligadas ao apoio
e relacionamentos como as que mais frequentemente surgem associados ao perfil de funcionalidade do aluno, quer sejam como barreira ou
facilitador, aspeto que iremos descriminar nos passos seguintes deste estudo. Ainda nesta categoria, são as características ligados á família
próxima (e310) as mais utilizados para pontuar os aspetos ambientalmente relevantes para a funcionalidade do aluno. Os itens relativos às
atitudes são também moderadamente utilizados bem como os ligados aos produtos e tecnologias educativas.
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e110
e115
e120
e125
e130
e135
e140
e150
e155
e165
e225
e240
e250
e310
e315
e320
e325
e330
e335
e340
e355
e360
e398
e410
e420
e425
e430
e440
e450
e455
e465
e515
e525
e540
e570
e575
e580
e583
e585
e590
e595
e430
020406080
100120140
Ilustração 3 - Frequências absolutas das funções ambientais
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
a) Apoio ped
agógic
o personaliz
ado
b) Adeq
uações
curri
culares
individuais
c) Adeq
uações
no processo de m
atrícu
la
d) Adeq
uações
no proces
so de aval
iação
e) Currí
culo especí
fico indivi
dual
f) Tecn
ologias d
e apoio
020406080
100120140160
Ilustração 4 - Frequências absolutas para as medidas educativas
Por fim, no que diz respeito às medidas educativas, observamos que os dados recolhidos permitem a obtenção de algumas conclusões
interessantes. Assim, constatamos que em todos os 150 alunos foram implementadas as medidas educativas a) e em 147 deles a d), ou seja,
apoio pedagógico personalizado e adequações no processo de avaliação, respetivamente. Em terceiro lugar, e para 77 de casos, foram
adicionadas também adequações curriculares individuais (b), sendo que o currículo específico individual (CEI), alínea e), apenas é
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implementado em 21% dos 150 casos, isto é, em 31 alunos. Por fim, as adequações no processo de matrícula (c) e as tecnologias de apoio (f)
apenas possuem uma expressão em 11 e 14 dos casos, respetivamente.
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4. Análise das relações existentes dentro do perfil de funcionalidade
Em primeiro lugar, procurámos relacionar as funções do corpo com as consequências na atividade e
participação e os fatores ambientais que de forma mais óbvio deveriam estar relacionados. Assim, a
escolha das dimensões a comparar foi feita com base num levantamento prévio de hipóteses realizada
pelos vários participantes do estudo ao longo das diversas reuniões realizadas neste âmbito.
Neste momento será também importante referirmos que os eixos verticais apresentarão valores
referentes ao número de alunos, enquanto que os valores do eixo horizontal representam as
designações qualificadoras mencionadas na Tabela 1, consoante os componentes da CIF utilizados:
Tabela 1 - Correspondência dos valores do eixo vertical nas próximas ilustrações
Quantificadores(eixo Horizontal)
Funções do corpo(b***.*)
Atividade e participação(d***.*)
Fatores ambientais(e***.*)
Qualificador
-4 Barreira Completa-3 Barreira Grave-2 Barreira Moderada-1 Barreira Ligeira0 Nenhum1 Deficiência Dificuldade Facilitador Ligeira2 Deficiência Dificuldade Facilitador Moderada3 Deficiência Dificuldade Facilitador Grave4 Deficiência Dificuldade Facilitador Completa
4.1. Funções psicossociais e pessoas da família próxima
Como observamos, nos valores apresentados e ilustrados da figura seguinte, existe uma relação
positiva entre a quantidade de alunos com incapacidades ao nível das funções psicossociais globais e
o funcionamento da família próxima como barreira. Isto é, quase todos os alunos em cuja família
próxima funciona como barreira possuem incapacidades ao nível das suas funções psicossociais
globais, existindo ainda, muitas outras que possuem incapacidades nestas funções do corpo sem que
a família próxima funcione como barreira.
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4.2. Funções intelectuais e adquirir conceitos
Na próxima ilustração, quando comparamos a quantidade de alunos que possuem incapacidades
intelectuais com aquelas que possuem incapacidade na atividade de adquirir conceitos,
percebemos que existem diversos alunos que possuem incapacidades intelectuais mas que depois
não possuem dificuldades em adquirir conceitos. O expectável seria que uma criança incapacitada
intelectualmente teria dificuldades neste tipo de atividades, até porque é uma das que consta na
avaliação psicológica a realizar para aferir o grau de comprometimento intelectual.
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Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b122Indicador 2: e310
Escala b122 e310-4 0-3 5-2 18-1 60 3 11 5 152 13 293 18 374 1 13
Núm. alunos: 40 124
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
b122
e310
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b117Indicador 2: d137
Escala b117 d137
0 14 11 11 62 21 133 30 164 2 0
Núm. alunos: 78 36
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4
b117
d137
Ilustração 5 – Frequências absolutas nas funções psicossociais (b122) e pessoas da família próxima (e310)
Ilustração 6 - Frequências absolutas nas funções intelectuais (b117) e na atividade de adquirir conceitos (d137)
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
4.3. Funções intelectuais e pensar
Partindo dos dados abaixo apresentados podemos concluir que a atividade de pensar tem sido
associada de forma sistemática às incapacidades decorrentes das funções intelectuais acontecendo,
inclusivamente, que existem alunos com graves dificuldades em pensar mas que esta dificuldade não
decorre de questões intelectuais no mesmo grau.
4.4. Funções do temperamento e personalidade e capacidade de controlar o próprio
comportamento
Entre as funções do temperamento e personalidade e a capacidade de controlar o seu próprio
comportamento podemos concluir que existe uma tendência positiva associada a estas duas variáveis.
Quer isto dizer que na medida em que mais alunos possuem incapacidades estruturais no seu
temperamento e personalidade, aumentam também o número de alunos que possuem dificuldades em
controlar o seu próprio comportamento.
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Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b117Indicador 2: d163
Escala b117 d163
0 14 11 11 32 21 273 30 394 2 4
Núm. alunos: 78 74
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 1 2 3 4
b117
d163
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b126Indicador 2: d250
Escala b126 d250
0 0 11 13 32 32 143 23 174 4 1
Núm. alunos: 72 36
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4
b126
d250
Ilustração 7 - Frequências absolutas entre funções intelectuais (b117) e pensar (d163)
Ilustração 8 - Frequências absolutas entre as funções do temperamento e personalidade (b126) e a capacidade de controlar o próprio comportamento (d250)
Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
4.5. Funções psicomotoras e controlar o próprio comportamento
Outra das comparações a realizar de forma mais imediata é aquela que associa as funções
psicomotoras e o desempenho do aluno no que diz respeito ao controlo do seu próprio
comportamento. Na nossa hipótese inicial, estas seriam duas categorias que deveriam ser
codificadas de forma consequente, uma com a outra, e em parte isso é observável já que o
número de alunos classificado em cada uma segue a mesma tendência. Contudo,
pormenorizando, concluímos que existem 5 alunos com deficiência psicomotora completa, mas
que depois possuem apenas dificuldade grave em controlar o seu próprio comportamento, e não
completa como seria de esperar.
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b147Indicador 2: d250
Escala b147 d250
0 1 11 9 32 14 143 13 174 6 1
Núm. alunos: 43 36
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0 1 2 3 4
b147
d250
Ilustração 9 - Frequências absolutas para as funções psicomotoras (b147) e o controlo do próprio comportamento (d250)
4.6. Funções da atenção e a concentração da própria atenção
Outra das comparações importantes a realizar é aquela que associa as funções estruturais da
atenção com a capacidade de, em tarefa escolar, um aluno conseguir concentrar e manter esta
mesma atenção. A este respeito poderíamos concluir que existe uma concordância quase
“perfeita” entre a existência de deficiência ao nível da atenção e a capacidade de colocar essa
mesma atenção ao serviço da realização de atividades que requerem essa competência. Excetua-
se o qualificador de “grave” onde existem 18 crianças que apresentam uma dimensão superior de
incapacidade no seu desempenho do que aquela que é expressa nas suas funções mentais.
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Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b140Indicador 2: d160
Escala b140 d160
0 7 21 11 72 32 323 53 714 4 2
Núm. alunos: 107 114
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1 2 3 4
b140
d160
Ilustração 10 - Frequências absolutas para as funções da atenção (b140) e o concentrar a atenção (d160)
4.7. Funções emocionais e a capacidade de concentrar a atenção
Outra das comparações que considerámos pertinente realizar relaciona a existência de
comprometimentos na capacidade de concentrar a atenção decorrentes de deficiências ao nível
emocional. Os resultados demonstram que existe uma relação positiva entre as duas dimensões.
Contudo, existem 46 alunos com dificuldade grave nesta tarefa que não possuem o mesmo nível
de gravidade nas suas funções emocionais.
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b152Indicador 2: d160
Escala b152 d160
0 1 21 16 72 25 323 25 714 3 2
Núm. alunos: 70 114
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 1 2 3 4
b152
d160
Ilustração 11 - Frequências absolutas para as funções emocionais (b152) e o concentrar a atenção (d160).
4.8. Capacidades cognitivas básicas e o aprender a ler
Nesta hipótese comparativa observamos que nos qualificadores “moderado” e “completo” os dados
são comuns. Contudo, quando olhamos principalmente para o nível de “grave” podemos concluir que
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
existem muitas crianças com incapacidade na aprendizagem da leitura mas que não possuem
deficiência equivalente nas funções cognitivas básicas que, por nossa hipótese, estarão relacionadas
com estas aprendizagens.
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b163Indicador 2: d140
Escala b163 d140
0 6 01 5 12 14 133 12 294 3 2
Núm. alunos: 40 45
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4
b163
d140
Ilustração 12 - Frequências absolutas para as funções cognitivas básicas (b163) e o aprender a ler (d140)
4.9. Funções cognitivas de nível superior e ler
Ao tentarmos comparar as funções cognitivas de nível superior com a capacidade de ler
observamos que existe uma tendência comum associando uma maior incapacidade naquelas
funções mentais com a esta tarefa escolar. Contudo, para os dois maiores níveis de gravidade o
número de alunos com a incapacidade mental supera aqueles que possuem a mesma
incapacidade a ler, sugerindo estes dados que a deficiência mental ao nível das funções cognitivas
de nível superior expressa-se por uma gravidade menor na leitura das crianças.
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b164Indicador 2: d166
Escala b164 d166
0 2 11 13 112 27 393 30 234 3 0
Núm. alunos: 75 74
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 1 2 3 4
b164
d166
Ilustração 13 - Frequências absolutas entre as funções cognitivas de nível superior (b164) e ler (d166)
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4.10. Funções mentais da linguagem e comunicar e receber mensagens orais
Muitas crianças possuem incapacidades graves nas funções mentais da linguagem mas depois
apenas apresentam dificuldades moderadas em comunicar e receber mensagens orais. Este facto
remete-nos para várias hipóteses, nomeadamente o facto de muitos alunos serem classificados
com deficiência nestas funções mentais com uma justificação apenas baseada em testes escritos
e não contemplando a avaliação da estrutura oral.
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b167Indicador 2: d310
Escala b167 d310
0 2 41 3 52 37 473 53 194 4 3
Núm. alunos: 99 78
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4
b167
d310
Ilustração 14 - Frequências absolutas para funções mentais da linguagem (b167) e comunicar e receber mensagens orais (d310)
4.11. Funções mentais da linguagem e o falar
Como podemos observar pela ilustração 15 existem muitos mais alunos com deficiências na função
mental da linguagem do que aqueles que manifestam incapacidades no falar, parecendo não existir
uma influência direta e elevada entre estas duas variáveis. Ainda assim, existem quase o dobro dos
alunos com deficiências nas funções mentais que agora discutimos mas que depois não apresentam
expressão ao nível do falar.
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Medida educativa: [Todas]150 alunos em 150 (100%)
Indicador 1: b167Indicador 2: d330
Escala b167 d330
0 2 01 3 22 37 163 53 174 4 3
Núm. alunos: 99 38
0
10
20
30
40
50
60
0 1 2 3 4
b167
d330
Ilustração 15 - Frequências absolutas para as funções mentais da linguagem (b167) e o falar (d330)
5. Comparações a partir das medidas educativas
Neste capítulo iremos procurar analisar os resultados, agora filtrados pelas medidas educativas, de
forma a obtermos algumas conclusões quanto à forma como os perfis de funcionalidade têm vindo a
ser relacionados com estas medidas. Neste trabalho levantamos também algumas hipóteses quanto à
correta utilização destes instrumentos educativos.
Começamos por dedicar a nossa atenção aos alunos que possuem a medida educativa e) currículo
específico individual. Como podemos observar nos dados seguintes, a maioria dos alunos nesta
medida educativa possuem deficiência intelectual grave, 5 alunos moderada, 1 aluno deficiência
ligeira. Contudo os dados mais surpreendentes, na nossa opinião, é que existem 7 alunos com esta
medida educativa sem qualquer nível de deficiência mental e, por outro lado, quando observamos
todos os alunos classificados quanto à sua deficiência intelectual (b117) percebemos que existem 4
que possuem incapacidade total nesta função mental mas que depois não possuem, como medida
educativa, o CEI. Este dado levanta duas questões: os dados foram introduzidos no PEI do aluno de
forma errada ou, então, é possível um aluno possuir uma deficiência intelectual completa sem que o
seu percurso educativo seja afetado ao ponto de necessitar de um currículo específico individual.
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Medida educativa: E31 alunos em 150 (21%)
Indicador 1: b117Indicador 2:
Escala b117 0
0 3 01 1 02 5 03 18 04 0 0
Núm. alunos: 27 0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0 1 2 3 4
b117
0
Ilustração 16 - Frequências absolutos para os alunos que possuem a medida educativa e) e classificação nas funções intelectuais
Outro dado que conseguimos extrair da análise da base de dados é a de que todos os alunos com CEI
têm também a medida d) e alguns alunos têm a medida b) e/ou c). Seria de esperar que o currículo
específico individual excluísse a aplicação das medidas b), c) e d), pois o CEI já pressupõe alterações
curriculares específicas para o aluno e segundo o decreto-lei 3/2008 “os alunos com currículos
específicos individuais não estão sujeitos ao regime de transição de ano escolar nem ao processo de
avaliação característico do regime educativo comum, ficando sujeitos aos critérios específicos de
avaliação definidos no respectivo programa educativo individual”.
Das funções do corpo acima apresentadas as que mais se associam a dificuldades em seguir o
currículo normal, necessitando estes alunos da aplicação da medida educativa de adequações
curriculares individuais (b), são as funções da atenção e mentais da linguagem.
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
Medida educativa: B77 alunos em 150 (51%)
Indicador 1: b140Indicador 2: b167
Escala b140 b167
0 4 21 5 22 21 143 23 334 2 3
Núm. alunos: 55 54
0
5
10
15
20
25
30
35
0 1 2 3 4
b140
b167
Ilustração 17 - Frequências absolutas as funções da atenção (b140) e mentais da linguagem (b147) na medida educativa das adequações curriculares individuais (b)
Quanto à medida educativa c) adequações no processo de matrícula, observamos que a sua utilização
a apenas 11 alunos neste universo de 150 dá-nos a indicação de que, pelo facto de ser menos
restritiva quando comparada com a e) currículo específico individual, poderia ser mais utilizada,
nomeadamente nos alunos para os quais a aplicação das medidas educativas a), b) e d) não se
verificam como eficazes.
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
6. Análise de casos particulares
Neste capítulo propomo-nos a levantar e refletir sobre algumas situações particulares onde
consideramos que existem incoerências na criação dos perfis de funcionalidade, e entre estes e as
consequentes medidas educativas.
a) Existem 2 alunos que possuem incapacidades completas na memória (b144.4) e que depois
não possuem aplicada a medida educativa de currículo específico individual. Este aspeto
levanta-nos a questão de saber se é possível alguém completamente incapacitado ao nível da
memória conseguir desempenhar com sucesso tarefas de aprendizagem que lhe permitam
seguir a escolaridade dentro dos currículos escolares comuns.
b) Dos alunos com incapacidades completas nas funções mentais da linguagem (b167.4) nenhum
destes alunos possui a medida educativa das tecnologias de apoio, o que seria relevante
dadas as prováveis dificuldades na expressão oral.
c) Existe um aluno com o seguinte perfil de funcionalidade, no qual existem vários
comprometimentos completos em faculdades mentais centrais, mas que depois possuem uma
menor expressão nas tarefas que essas capacidades devem promover:
- b117.4 (funções intelectuais) e d163.3 (pensar), d150.2 (aprender a calcular)
- b140.4 (funções atenção) e d160.2 (concentrar a atenção)
- b172.4 (funções cálculo) e d150.2 (aprender a calcular)
d) Existe um outro aluno com este perfil de funcionalidade, que apresenta o mesmo conjunto de
incoerências do anterior:
- b117.4 (funções intelectuais) e d163.3 (pensar), d150.2 (aprender a calcular)
- b172.4 (funções cálculo) e d150.2 (aprender a calcular)
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Perfil de funcionalidade, CIF e medidas educativas
7. Conclusões No que diz respeito á análise dos dados apresentados estes sugerem-nos uma enorme diversidade de
caminhos, que no entanto possuem em comum os seguintes aspetos:
a) A importância e a necessidade de se usar um instrumento de referência, como a CIF-CJ,
reconhecido internacionalmente, e que funciona como um quadro normativo comum, uma
linguagem padronizada que permita a troca de informação sobre um mesmo aluno entre vários
instituições e agentes da comunidade, sem que nesta troca se perca ou distorça essa mesma
informação;
b) A necessidade de existir coerência entre o perfil de funcionalidade desenhado através da CIF-
CJ e as medidas educativas que são implementadas para o aluno, bem como dos apoios
terapêuticos que são solicitados para o mesmo;
c) A indispensabilidade de que um número cada vez mais alargado de profissionais escolares, de
saúde, e de mediação social, conheça e domine os aspetos conceptuais da construção dos
perfis de funcionalidade;
d) A importância de existirem normativos mais claros sobre as regras a respeitar na construção
dos perfis de funcionalidade e na implementação das respetivas medidas educativas;
e) A necessidade de as disciplinas como a Psicologia, a Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e
Fisioterapia acrescentarem conhecimento académico e científico na elaboração dos perfis de
funcionalidade, nomeadamente no que diz respeito á transcrição dos resultados obtidos com os
seus instrumentos de diagnóstico para a estrutura conceptual e quantificadora da CIF-CJ;
Decorrente de todos estes aspetos conclusivos, podemos afirmar que existe ainda um longo
caminho a percorrer na implementação da escola inclusiva, nomeadamente no que diz respeito à
formação dos profissionais sem os quais ela não se construirá dessa forma, inclusiva.
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