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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR USUÁRIAS GESTANTES DO IV DISTRITO SANITÁRIO DO RECIFE – PE JENIFER RODRIGUES DE OLIVEIRA RECIFE, 2011

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Page 1: ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS … fileProf. Dr. Arquimedes Fernandes Monteiro de Melo (Co-Orientador) RECIFE, 2011. Oliveira, Jenifer Rodrigues de Estudo etnofarmacológico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS

UTILIZADAS POR USUÁRIAS GESTANTES DO IV DISTRITO

SANITÁRIO DO RECIFE – PE

JENIFER RODRIGUES DE OLIVEIRA

RECIFE, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS

UTILIZADAS POR USUÁRIAS GESTANTES DO IV DISTRITO

SANITÁRIO DO RECIFE – PE

JENIFER RODRIGUES DE OLIVEIRA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, para obtenção do título de mestre.

Profa. Dra. Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim (Orientadora)

Prof. Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque (Co-Orientador)

Prof. Dr. Arquimedes Fernandes Monteiro de Melo (Co-Orientador)

RECIFE, 2011

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Oliveira, Jenifer Rodrigues de

Estudo etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas por usarias gestantes do IV Distrito Sanitário do Recife – PE / Jenifer Rodrigues de Oliveira. – Recife: O Autor, 2011.

xxi + 62 folhas: il., fig.; 30 cm.

Orientador: Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2011.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Etnoespécies. 2. Saúde pública. 3. Saúde da mulher. 4. Período gestacional. 5. Programa de Saúde da Família. I. Amorim, Elba Lúcia Cavalcanti de. II.Título.

UFPE 615.321 CDD (20.ed.) CCS2012-017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Dissertação: Estudo Etnofarmacológico de Plantas Medicinais utilizadas por Usuárias

gestantes do IV Distrito Sanitário do Recife – PE

Mestranda: Jenifer Rodrigues de Oliveira

Dissertação de Mestrado defendida e APROVADA, por decisão unânime, em 28 de fevereiro de 2011 e cuja Banca Examinadora foi constituída pelos seguintes Professores:

PRESIDENTE E EXAMINADOR INTERNO: Profa. Dra. Elba Lúcia Cavalcanti de

Amorim (Deptº de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco)

Assinatura: ____________________________________

EXAMINADOR INTERNO: Profa. Dra. Jane Sheila Higino (Deptº de Ciências

Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco)

Assinatura: ____________________________________

EXAMINADOR EXTERNO: Profa. Dra. Joabe Gomes de Melo: (Deptº de Ciências

Farmacêuticas da Universidade Federal Rural de Pernambuco)

Assinatura: ____________________________________

Recife, 23 de fevereiro de 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Reitor

Amaro Henrique Pessoa Lins

Vice-Reitor

Gilson Edmar Gonçalves e Silva

Pró-Reitor para assuntos de Pesquisas e Pós-Graduação

Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

Diretor do Centro de Ciências da Saúde

José Thadeu Pinheiro

Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde

Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros

Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas

Dalci José Brondani

Vice-Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas

Antônio Rodolfo de Faria

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Pedro José Rolim Neto

Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências

Farmacêuticas

Beate Saegesser Santos

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Dedicatória

Aos que foram cedo, deixando um rastro de

saudades e amor.

Para uma guerreira!!! Mãe, amiga,

companheira. Iluminada por Deus. Saudades

minha Gostosa!

Á Minha mãe Maria Creuza (in memoriam) –

Um cometa passou e levou essa tia

espirituosa, cheia de vida e lutadora. Deus

sempre presente em tua vida. A minha tia

Alice (in memoriam)

Foste cedo, deixaste um imenso buraco nos

nossos corações. Fique com Deus, Beleza!!!

Á meu irmão Roberto (in memoriam)

Á minha Família

Tivemos grandes perdas esse ano.

Continuamos em frente, não tão firmes, mas

unidos em Cristo.

Meus amores queridos!!!

Essa vitória também é de vocês.

Obrigada por tudo.

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AGRADECIMENTOS

Ø Ao PAI CRIADOR, pela vida e pelo amor que sempre nos sustentou.

Ø Às Gestantes, fonte de nosso conhecimento, obrigada por participarem e colaborarem

neste estudo.

Ø Ao IV Distrito Sanitário da Prefeitura da Cidade do Recife, por nos acolher durante o

nosso trabalho. O nosso agradecimento.

Ø À Professora Dra. Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim, pela sabedoria com que ministra a

profissão e a vida. Pela amizade e orientação antes, durante e com certeza após a

realização desse trabalho. Sem o teu apoio, não teria conseguido.

Ø Ao Professor Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque, pela objetiva orientação, bem como,

pela amizade e por um exemplo a ser seguido.

Ø Ao Professor Dr. Arquimedes Fernandes Monteiro de Melo, pelo incentivo para continuar

os estudos e sem dúvida pela mão amiga e solidária.

Ø Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, pela acolhida e ensinamento

na realização deste trabalho.

Ø À minha família e amigos, pela paciência e incentivo mantido durante a longa jornada da

vida e pelo amor nas horas incertas. Desculpem pelos momentos de ausência, mas foi

necessário. Amo vocês.

Ø Aos amigos do Laboratório de Produtos Naturais e Laboratório de Química Farmacêutica.

Não citarei nomes para não cometer nenhum esquecimento. Obrigada pelo constante

apoio, carinho e solidariedade.

Ø Às Amigas e Amigos do Departamento de Ciências Farmacêuticas, pelo constante carinho

e incentivo durante o nosso caminhar.

Ø Á Margarete Valdevino, uma pessoa linda e de uma índole impar que sempre me

incentivou.

Ø As companheiras de entrevistas, Daniela, Fabiana e Mônica Maria. A ajuda de vocês foi

inigualável. Essa conquista é tão minha quanto de vocês.

Ø As amigas enfermeiras, obrigada por terem agüentado os meus plantões. Vocês sabem

bem o que passamos, pelos momentos alegres e tristes vividos por todos. Que a amizade

adquirida mantenha-se durante a nossa vida profissional.

Ø À Universidade Federal de Pernambuco, através de seus Professores e Funcionários que,

direta e/ou indiretamente, construíram, de forma valiosa, o nosso saber.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Perfil socioeconômico das Gestantes entrevistadas nas Unidades de

Saúde da Família do IV Distrito Sanitário da cidade do Recife, com

relação à faixa etária, estado civil, escolaridade e faixa

salarial.............................................................................................. 24

Tabela 2. Perfil obstétrico das gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da

Família do IV Distrito Sanitário da cidade do Recife. .......................... 25

Tabela 3. Relação das plantas indicadas pelas gestantes entrevistadas nas

Unidades de Saúde da Família, do IV Distrito Sanitário, da cidade do

Recife, com uso geral e no período e gestacional de acordo com a

Saliência, uso, parte do vegetal e tipo de preparo ................................. 27

Tabela 4. Plantas citadas pelas gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da

Família do IV Distrito Sanitário da cidade do Recife, de acordo com o

motivo da contra-indicações.................................................................... 31

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Aquisição das plantas medicinais pelas gestantes entrevistadas nas

Unidades de Saúde da Família, do IV Distrito Sanitário, da cidade do

Recife .............................................................................................. 33

Figura 3. Relatos das gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da Família,

do IV Distrito Sanitário, da cidade do Recife, com relação ao uso de

plantas medicinais.................................................................................... 34

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“Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”.

(Luis Fernando Veríssimo)

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RESUMO

As plantas medicinais sempre contribuíram para a cura ou melhoria das enfermidades que atingem a população, principalmente em países em desenvolvimento. São amplamente utilizadas no meio familiar, principalmente pelas mulheres, que podem deter um maior conhecimento, visto que são responsáveis pela saúde e alimentação da família. Este uso pode se dá no período gestacional para combater, auxiliar e aliviar os sintomas inerentes a gestação, sendo necessários estudos etnofarmacológicos para compreender esses usos. O objetivo deste estudo foi, principalmente, analisar o saber popular das gestantes que freqüentam as Unidades de Saúde da Família (USF), do IV Distrito Sanitário da Cidade do Recife/PE, sobre os riscos e efeitos tóxicos que pode haver ao utilizarem as plantas medicinais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas estruturadas a partir de uma abordagem intencional. Participaram do estudo, 214 gestantes, maiores de 18 anos, com idade média de 25,5 anos, a grande maioria casadas com ensino médio completo, que não exercem atividades remuneradas e renda familiar abaixo de um salário mínimo (R$ 530,00 ou U$ 321,21). São gestantes multíparas, com 02 a 03 filhos em média, nascidos de parto normal e baixa taxa de aborto. Evidenciou-se que apesar da maioria conhecer alguma planta medicinal pouco menos da metade as utiliza. As plantas indicadas no uso em geral e que obtiveram os maiores valores de saliência foram: boldo (0,336), capim-santo (0,233), camomila (0,12), erva-cidreira (0,136), aroeira (0,136), erva-doce (0,114) e canela (0,107), onde as ervas medicinais se sobressaíram. Enquanto que no período gestacional, as principais plantas citadas, por percentual de indicação, foram: camomila (17,54%), erva doce (15,79%), boldo (14,04%), erva-cidreira (12,28%), canela (10,50%), capim-santo (7,02%), e hortelã (5,26%). As principais indicações para o uso em geral: calmante, dor de barriga, inflamação, cólica, tosse e febre e no período gestacional foi calmante, enjôo, dor na barriga, disenteria, dor, flatulência e inflamação. A parte das plantas mais utilizadas foi à folha no preparo dos chás, no qual a administração foi por via oral com uma freqüência de duas vezes ao dia. As contra-indicações no uso das plantas medicinais para a grande maioria das gestantes parece não existir. Em 1/3 das gestantes entrevistadas verificou-se que o uso de plantas não faz mal ao feto. Dentre as plantas contra-indicadas no período gestacional, as mais citadas foram: quebra-pedra, cabacinho, boldo, erva cidreira e espirradeira, podendo causar aborto, cólicas no bebê e até levar a morte. O repasse do conhecimento e a forma de adquirir a planta medicinal continuam sendo através da família, e num percentual muito pequeno pelo profissional de saúde, não tendo como saber a sua procedência e se está em condições favoráveis de uso, podendo levar a reações adversas. Ocorre a substituição da receita médica pela planta medicinal por um quantitativo significativo de gestantes, evidenciando o processo de automedicação. Observamos uma postura de risco quando mais da metade das gestantes disseram que as plantas medicinais não trazem risco à saúde, uma vez que nenhuma planta é isenta de toxicidade. As reações desagradáveis relatadas por uma minoria das gestantes no uso das plantas medicinais foram: sangramento, vômitos, aborto, diarréias e até reações que levaram a uma entrevistada a ir para uma unidade de tratamento intensivo. Há uma necessidade de maiores esclarecimentos às gestantes quanto à nocividade de algumas plantas no período gestacional.

Palavras chave: etnoespécies, saúde pública, saúde da mulher, período gestacional, PSF

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ABSTRACT

Medicinal plants have always contributed to the cure or improvement of diseases affecting the population, especially in developing countries. They are widely used in the family, especially women, who may hold a greater knowledge, since they are responsible for health and family nutrition. This use may be given during pregnancy to combat, assist and relieve symptoms associated pregnancy, however ethnopharmacological studies are needed to understand these uses. The objective of this study was mainly to analyze the popular knowledge of pregnant women attending the Family Health Units (USF), the IV Health District of the City of Recife / PE, about the risks and toxic effects that may cause with the use plants medicinal. Data were collected through structured interviews from a purposeful approach. Participated in the study, 214 pregnant women aged over 18 years, mean age 25.5 years, most married an complete high school, not gainfully employed and family income below one minimum wage (R $ 530.00 or U $ 321.21). The women are multiparous pregnant, with 02-03 children on average born of normal birth and low abortion rate. It became clear that although most know some medicinal plant a less than half do use. The plants listed in general use and that obtained the highest values boss were: Boldo (0.336), capim-santo (0.233), camomila (0.12), erva-cidreira (0.136), aroeira (0.136), erva-doce (0.114) and canela (0.107) where the medicinal herbs have excelled. While during pregnancy, the main plants cited by the percentage indicated, were camomila (17.54%), erva-doce (15.79%), boldo (14.04%), erva-cidreira (12.28 %), canela (10.50%), capim-santo (7.02%), and hortela (5.26%). The main indications for use in general: soothing, belly ache, inflammation, colic, cough and fever and during pregnancy was calming, nausea, belly ache, dysentery, pain, flatulence, and inflammation. The most used part of the plants was the leaf in the preparation of teas, in which the administration is oral with a frequency of twice a day. The contraindications in the use of medicinal plants for the vast majority of pregnant women do not seem to exist. In one third of the women interviewed found that the use of plants does not hurt the fetus. Among the plants contraindicated during pregnancy, the most mentioned were: quebra-pedra, cabacinho, boldo, erva-cidreira and espirradeira, may cause abortion, colic in babies and even lead to death. The transfer of knowledge and how to get the medicinal plant remain through the family, and a very small percentage for healthcare, not having to know its origin and whether it is favorable to use, and may lead to adverse reactions. Occurs the substitution of a prescription for medicinal plant for a significant quantity of pregnant women, showing the process of self-medication. We see a risk posture when more than half of women said that medicinal plants do not pose risks to health, since no plant is free from toxicity. The unpleasant reactions reported by a minority of pregnant women in the use of medicinal plants were: bleeding, vomiting, abortion, diarrhea and even reactions that led to an interview to go to an intensive care unit. There is a need for further information to pregnant women about the harmfulness of some plants during pregnancy.

Key words: ethnospecies, women's health, public health, during pregnancy, PSF

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO 2

1.1 HIPÓTESE/PERGUNTA CONDUTORA 4

2. REVISÃO DA LITERATURA 6

2.1 Plantas medicinais: breve histórico 6

2.2 Plantas medicinais e o Sistema Único de Saúde 8

2.2 Toxicologia das plantas medicinais na gravidez 10

3. OBJETIVOS 15

3.1. Objetivo Geral 15

3.2. Objetivos Específicos 15

4. ARTIGO: Plantas utilizadas por gestantes atendidas nas unidades

básicas de saúde da cidade do Recife (Pernambuco), Brasil

17

5. CONCLUSÃO 47

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 51

ANEXOS

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1. INTRODUÇÃO

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OLIVEIRA, JR. Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas por usuárias gestantes do IV Distrito Sanitário Recife – PE

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1. INTRODUÇÃO

A intensificação do uso de plantas medicinais nos últimos anos pela população,

especialmente nos países em desenvolvimento, pode estar relacionada principalmente pela

acessibilidade desses recursos, pois são comercializadas em feiras livres, mercados populares

e supermercados, cultivadas nos próprios quintais residenciais e terrenos, além de estarem

disponíveis na natureza (AMOROZO & GELY, 1988).

Esse aumento também é justificado pelo amplo comércio em locais públicos e a venda

de forma simples em farmácias, supermercados e outros estabelecimentos (SIMÕES et al,

1998). Além disso, os medicamentos alopáticos e modernos acabam sendo mais caros e a

população que a utiliza, na sua maioria, tem baixo poder aquisitivo (GOULART FARIA et

al., 2004). Segundo Gadelha (2007), as plantas são mais utilizadas por apresentarem bons

resultados, ser de uso simples e fácil.

De acordo com Silva & Ritter (2002), a propaganda e a divulgação nos meios de

comunicação e o déficit na fiscalização da comercialização das plantas por órgãos

responsáveis pela vigilância sanitária pode também influenciar esse aumento do consumo de

plantas medicinais.

No entanto, em estudos recentes, verificou-se que “os meios de comunicação já não

são mais os grandes vilões do estímulo do uso das plantas medicinais, a cultura popular faz

com que as indicações sejam transmitidas de pessoa para pessoa, atingindo também a

população mais favorecida economicamente” (MACEDO et al, 2007). Mesmo assim,

concluíram que ainda existe escassez de informações sobre o uso de plantas medicinais no

Brasil, e a falta destas dá-se também entre indivíduos de nível superior.

Veiga Junior & Maciel (2005), em anos anteriores, informaram a existência da

carência de informações na comunidade científica sobre quais plantas necessitavam de

maiores estudos no Brasil e que “a população não possui um guia das propriedades

toxicológicas, forma de uso, dosagens e atividades farmacológicas comprovadas nas plantas

medicinais brasileiras”. No qual, pudemos perceber que existe uma necessidade em pesquisar

a nossa flora, bem como apoiar a conscientização da população na utilização das plantas

medicinais, visto que seu uso sob a forma de infusões, xaropes, cataplasmas, entre outras, é

bastante difundido.

A partir de 1978 a Organização Mundial de Saúde, incentivou os países a investirem

seus recursos públicos em plantas medicinais, devido à crescente aceitação da fitoterapia por

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OLIVEIRA, JR. Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas por usuárias gestantes do IV Distrito Sanitário Recife – PE

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profissionais de saúde da atenção básica assim como a observação do aumento de seu uso pela

população (OMS, 2002).

No Brasil, em consonância com a Organização Mundial de Saúde, obtivemos avanços

significativos desde 1980 e que foram consolidados a partir de 2006, com a aprovação e

publicação das políticas públicas de saúde: Portaria do Ministério da Saúde de nº 971 de 03 de

maio de 2006 e Decreto Federal de nº 5.813 de 22 de junho de 2006, no quais incentivam a

introdução de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos nas Unidades de Saúde,

reforçando assim, a importância dessas plantas em trazer benefícios para a saúde da

população (BRASIL, 2006a).

Com relação às gestantes, com a implantação do Programa de Assistência Integral à

Saúde da Mulher (PAISM) em 1983, a saúde materno-infantil passou a ter prioridades na

saúde pública, pois, o período gestacional produz modificações fisiológicas no organismo

materno que o colocam no limite do patológico, podendo transformar o processo reprodutivo

normal em situação de alto risco tanto para a mãe quanto para o feto (TREVISAN, 2002).

Vale considerar que são duas vidas que necessitam de proteção.

O estudo sobre o uso de medicamentos na gravidez vem se intensificando nas últimas

duas décadas (GOMES, 1999). Durante a gestação, a mulher poderá vir a fazer uso de

medicação, seja ela alopática, homeopática ou fitoterápica, colocando a si mesmo e ao seu

concepto expostos a riscos, ou por suas peculiaridades biológicas ou pelo decorrente consumo

de medicamentos (GEIB et al, 2007). De acordo com Maciel (2002), todo medicamento assim

como as plantas medicinais devem ser utilizados de forma racional para permitir a cura das

doenças e manutenção da saúde. Se mal utilizados podem deixar seqüelas, provocar abortos e

intoxicações.

Algumas espécies de plantas medicinais possuem efeitos potencialmente tóxicos,

teratogênicos e abortivos e o uso incorreto e indiscriminado durante a gestação pode

representar um perigo para o feto e para a mulher, sendo necessário restringir o seu uso

(OLIVEIRA & GONÇALVES, 2006).

A necessidade de assegurar qualidade, segurança e eficácia para o uso terapêutico de

plantas medicinais, nos trás a obrigação de esclarecer à população em geral, sobre os riscos do

uso indiscriminado de espécies medicinais, especialmente as gestantes e lactantes, que

constituem grupo populacional que culturalmente recorre ao uso de plantas medicinais, não

apenas para o seu próprio uso como também as utilizam para tratar toda a família.

Então, isso nos leva a avaliar o conhecimento das usuárias gestantes que freqüentam as

Unidades de Saúde da Família (USF), do IV Distrito Sanitário da Cidade do Recife/PE, sobre

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OLIVEIRA, JR. Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas por usuárias gestantes do IV Distrito Sanitário Recife – PE

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os riscos e efeitos tóxicos que pode haver ao utilizarem as plantas medicinais, como também

descrever o perfil socioeconômico das gestantes entrevistadas.

1.1 HIPÓTESE/PERGUNTA CONDUTORA

Pergunta condutora 1: Será que as usuárias gestantes do Programa da Saúde da Família, do

4º Distrito Sanitário da Cidade do Recife, conheceriam os riscos e descreveriam algum efeito

tóxico decorrente do uso de plantas medicinais principalmente durante o período gestacional?

As usuárias gestantes do Programa da Saúde da Família, do 4º Distrito Sanitário da

Cidade do Recife, não vêem conhecimento dos reais perigos aos quais podem estar

submetidas e não conseguem identificar corretamente quais os efeitos tóxicos provocados

quando fazem uso de plantas medicinais durante a gravidez.

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2. Revisão da Literatura

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Plantas Medicinais: breve histórico

Nos últimos anos, podemos verificar que vem ocorrendo um retorno ao uso de plantas

medicinais e medicamentos a partir destas, em um mercado que havia sido dominado por

produtos de base sintética, tanto em países considerados pobres como em países

desenvolvidos (BELLO et al., 2002). Conforme Nascimento (2005), como conseqüência desta

realidade, “...o uso de plantas medicinais, assim como a fitoterapia, se encontra em expansão

em todo o mundo e constituem um mercado bastante promissor”.

Desde 1978, quando realizou a Assembléia Mundial de Saúde com o tema “Plantas

Medicinais”, a Organização Mundial de Saúde, órgão ligado a Organização das Nações

Unidas, incentivou entidades de saúde a se organizarem e fazerem uma avaliação dos métodos

naturais, principalmente da fitoterapia. De acordo com os dados da Organização Não-

Governamental Conservation International, o Brasil é a nação mais rica do mundo em

biodiversidade, pois detém 23% do total das espécies vegetais do planeta (FRANCO, 1996).

Entre os elementos que compõem a biodiversidade, as plantas são a matéria-prima

para a fabricação de fitoterápicos e outros medicamentos. Além de seu uso como substrato

para a fabricação de medicamentos, as plantas são também utilizadas em práticas populares e

tradicionais como remédios caseiros e comunitários, processo conhecido como medicina

tradicional. (BRASIL, 2006c)

Das 252 drogas consideradas básicas e essenciais pela OMS, 11% são originárias de

plantas e um número significativo são drogas sintéticas obtidas de precursores naturais

(RATES, 2001)

No Brasil, estima-se que 25% dos US$ 8 bilhões do faturamento da indústria

farmacêutica, no ano de 1996, foram originados de medicamentos derivados de plantas

(GUERRA et al., 2001).

Considera-se também que as vendas neste setor crescem 10% ao ano, com estimativa

de terem alcançado a cifra de US$ 550 milhões no ano de 2001 (KNAPP, 2001). Estados

Unidos e Alemanha estão entre os maiores consumidores dos produtos naturais brasileiros.

Entre 1994 e 1998, importaram, respectivamente, 1.521 e 1.466 toneladas de plantas que

seguem para esses países sob o rótulo genérico de “material vegetal do Brasil”, de acordo com

Ibama (REUTERS, 2002)

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OLIVEIRA, JR. Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas por usuárias gestantes do IV Distrito Sanitário Recife – PE

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As potencialidades de uso das plantas medicinais encontram-se longe de estar

esgotadas, afirmação endossada pelos novos paradigmas de desenvolvimento social e

econômico baseados nos recursos renováveis. Novos conhecimentos e novas necessidades

certamente encontrarão, no reino vegetal, soluções, por meio da descoberta e do

desenvolvimento de novas moléculas com atividade terapêutica ou com aplicações tanto na

tecnologia farmacêutica quanto no desenvolvimento de fitoterápicos com maior eficiência de

ação (SCHENKEL et al.,2003).

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), plantas medicinais são todas aquelas

silvestres ou cultivadas, utilizadas como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar um

processo fisiológico normal ou patológico, ou utilizado como fonte de fármacos e de seus

precursores (OMS, 2000), enquanto que fitoterápicos são produtos medicinais acabados e

etiquetados, cujos componentes ativos são formados por partes aéreas ou subterrâneas de

plantas, ou outro material vegetal, ou combinações destes, em estado bruto ou em formas de

preparações vegetais (RATES, 2001).

A procura pelas plantas medicinais como recurso terapêutico no nosso país, foi a partir

de 1980 (WOLFFERS et al, 2005), por diversos motivos, entre eles: o uso indiscriminado dos

medicamentos alopáticos e seus altos custos, a comprovação da eficácia de algumas espécies

de plantas na saúde humana, do seu poder de resolutividade e menores efeitos colaterais

(SERRANO, 1986), assistência precária dos serviços públicos de saúde, entre outros

(ALVIM, 1997).

De acordo com a legislação brasileira, planta medicinal é uma espécie vegetal,

cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos (OMS, 2003). Chama-se planta fresca

aquela coletada no momento de uso e planta seca a que foi precedida de secagem,

equivalendo a droga vegetal (BRASIL, 2006d). Enquanto que, pela RDC nº 48/04 da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, fitoterápicos é o medicamento obtido empregando-se

exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da

eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua

qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos

de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não

se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias

ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais

(BRASIL, 2004)

Por outro lado, o desenvolvimento do setor de plantas medicinais e fitoterápicos pode

se configurar como importante estratégia para o enfrentamento das desigualdades regionais

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existentes em nosso país, podendo prover a necessária oportunidade de inserção

socioeconômica das populações de territórios caracterizados pelo baixo dinamismo

econômico e indicadores sociais precários ( Brasil 2006d).

A vasta gama de informações sobre o uso de centenas de plantas como “remédios” em

todos os lugares do mundo leva a necessidade de se desenvolver métodos que facilitem a

enorme tarefa de avaliar cientificamente o valor terapêutico de espécies vegetais

(MAXWEEL, 1984).

Como exemplo, citamos a Região Amazônica e o Semiárido brasileiro que possuem

uma rica biodiversidade que se contrapõe à existência de grandes bolsões de pobreza,

caracterizando-se como espaços promissores para o desenvolvimento de iniciativas dessa

natureza (Brasil 2006d).

A seleção de espécies vegetais para pesquisa e desenvolvimento baseada na utilização

do conhecimento das comunidades tradicionais (comunidades locais, povos indígenas,

seringueiros, agricultores, ribeirinhos, quilombolas, entre outras) sobre recursos naturais, pode

se constituir num valioso atalho para a descoberta de fármacos (ELISABETSKY, 1990).

As observações populares sobre o uso e a eficácia de plantas medicinais contribuem de

forma relevante para a divulgação das virtudes terapêuticas dos vegetais, prescritos com

freqüência, pelos efeitos medicinais que produzem, apesar de não terem seus constituintes

químicos conhecidos. Dessa forma, usuários de plantas medicinais de todo o mundo, mantém

em voga a prática do consumo de fitoterápicos, tornando válidas informações terapêuticas que

foram sendo acumuladas durante séculos (MACIEL et al, 2002).

Portanto, é evidente que os medicamentos à base de plantas medicinais têm tido um

papel vital nos cuidados básicos à saúde de grande parte da população mundial,

especialmente, nos países em desenvolvimento (GOULART et al., 2004) e, em muitos casos,

estes medicamentos suprem a lacuna entre a disponibilidade e a demanda de medicamentos

modernos, recorrendo ao uso da medicina caseira, que consiste na aplicabilidade de recursos

terapêuticos simples, de fácil utilização, como as ervas medicinais (GADELHA, 2007).

2.2 Plantas Medicinais e o Sistema Único de Saúde

Sendo a medicina popular extremamente prestigiada pela população e diante do

crescente oferecimento de preparações farmacêuticas a partir de plantas farmacologicamente

ativas, é de grande preocupação conhecer para quais males estes vem sendo usados.

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A ampliação das opções terapêuticas ofertadas aos usuários do Sistema Único de

Saúde, com garantia de acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à

fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à

saúde, é uma importante estratégia com vistas à melhoria da atenção à saúde da população e à

inclusão social (BRASIL, 2006d)

Em outro aspecto, o estímulo à pesquisa, produção e comercialização de plantas

medicinais brasileiras gera trabalho, renda, desenvolvimento e integração regional, enfim uma

gama enorme de possibilidades econômicas importantes ao desenvolvimento do país, de

forma sustentável. Nesse contexto, políticas, programas, resoluções, portarias e relatórios

foram elaborados com ênfase nesse tema. Entre elas, pode-se citar a priorização do estudo de

plantas medicinais de investigação clínica (1981) e a implantação do Programa de Pesquisa de

Plantas Medicinais da Central de Medicamentos (1982). Esse programa objetivou desenvolver

uma terapêutica alternativa e complementar, com embasamento científico, por meio do

estabelecimento de medicamentos fitoterápicos originados a partir da determinação do real

valor farmacológico de preparações de uso popular, à base de plantas medicinais, com vistas à

sua inclusão na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) (BRASIL, 2010).

Com o intuito de promover o desenvolvimento sócio-econômico na área de plantas

medicinais e fitoterápicos e proporcionar melhorias na qualidade de vida da população

brasileira, foi instituída, em 2006, a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos,

por meio do Decreto nº 5.813, no qual incentiva as pesquisas e dá diretrizes para implantação

de serviços em caráter nacional pelas Secretarias de Saúde dos Estados, Distrito Federal e dos

Municípios e traz entre as ações de promoção da saúde, que visam garantir a integralidade do

cuidado, ações educativas sobre o uso de recursos terapêuticos utilizados pela população,

assim como, abre espaço para assegurar o acesso e a orientação de uso, necessários a estes

(BRASIL, 2006a).

Através da Portaria do Ministério da Saúde de nº 971, aprovou-se a Política Nacional

de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) que

traz entre suas diretrizes para plantas medicinais e fitoterapia, a elaboração da Relação

Nacional de plantas medicinais e fitoterápicos, bem como o provimento do acesso aos

usuários do SUS (BRASIL, 2006b).

As ações decorrentes dessa Política constituem o Programa Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), aprovado pela Portaria Interministerial nº 2.960/2008, a

qual também cria o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. O comitê tem a

atribuição de avaliar e monitorar a implementação da política e seu programa. (Brasil, 2009)

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2.3 Toxicologia das Plantas Medicinais na gravidez

Escuta-se “o que é natural não faz mal”. Esta é uma expressão de extrema

periculosidade no domínio da saúde das pessoas que utilizam os fitomedicamentos nas suas

mais variadas formas de tratamento, pois nenhum medicamento pode ser considerado atóxico.

No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa ou aclimatadas são consumidas com

pouca ou nenhuma comprovação de suas propriedades farmacológicas, propagadas por

usuários ou comerciantes. Comparada com a dos medicamentos usados nos tratamentos

convencionais, a toxicidade de plantas medicinais e fitoterápicos pode parecer trivial. Isto,

entretanto, não é verdade. A toxicidade de plantas medicinais é um problema sério de saúde

pública. Os efeitos adversos dos fitomedicamentos, possíveis adulterações e toxicidade, bem

como a ação sinérgica (interação com outras drogas) ocorrem comumente. As pesquisas

realizadas no país para avaliação do uso seguro de plantas medicinais e fitoterápicos ainda são

incipientes, assim como o controle da comercialização pelos órgãos oficiais em feiras livres,

mercados públicos ou lojas de produtos naturais (VEIGA Jr. et al., 2005).

Considerando que o uso de plantas é prática prevalente em ampla faixa populacional

brasileira, especialmente onde as condições sócio-econômicas são mais precárias, é

indiscutível a necessidade de controlar o seu uso, pois embora algumas plantas possuam

substâncias potencialmente ativas, muitas vezes, seus efeitos tóxicos sobre o organismo

humano são desconhecidos ou ignorados pelos usuários. O ideal é que ocorra um rigoroso

controle de qualidade em todo o processo de fabricação do medicamento que vai desde o

cultivo, coleta da planta, extração de seus constituintes até a elaboração do produto final

(TUROLLA & NASCIMENTO, 2006).

Podemos supor que o uso de plantas medicinais no meio familiar é muito grande,

principalmente pelas mulheres. É importante ressaltar que dentro dos grupos tradicionais, as

atividades produtivas são divididas por sexo. Dessa forma cabe ao homem a produção

agrícola e a mulher a coleta de alimentos, a criação de pequenos animais e os cuidados com a

horta. Pesquisa realizada junto a comunidades indígenas e tradicionais, concluíram que a

mulher pode deter maior conhecimento em relação às plantas medicinais que os homens

(KAINER & DURYEA, 1992).

Gestantes e lactantes constituem um grupo populacional que culturalmente recorre ao

uso de plantas medicinais, por acreditarem que não causam danos ao feto ou ao bebê (WEIER

& BEAL, 2004). No entanto a escassez de informações sobre a segurança de utilização destes

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produtos durante a gravidez nos leva a questionar o seu consumo, principalmente nos três

primeiros meses de gravidez, devido às implicações sobre a higidez do feto.

Como toda a população, a gestante está sujeita a intercorrências de saúde que impõem

o uso de medicamentos. A gestação compreende situação única, na qual a exposição à

determinada droga envolve dois organismos. A resposta fetal, diante da medicação, é

diferente da observada na mãe, podendo resultar em toxicidade fetal, com lesões de variada

monta, algumas irreversíveis (GOMES et al, 1999).

As alterações biológicas que ocorrem durante a gestação em todos os sistemas

corporais podem ser manifestadas através de sinais e sintomas, tais como: azias, má digestão,

prisão de ventre, hemorróidas, sangramento nasal e de gengiva, câimbras, varizes, dores de

cabeça, nas costas e ciática, edema de pés e mãos, dor e dormência na mão, sono e cansaço,

cólicas, falta de ar, falta de equilíbrio, tontura, nariz entupido, gripe e resfriado, secreção

vaginal, seios doloridos e vontade freqüente de urinar (BURROUGHS, 1995). E para

combater e aliviar toda essa sintomatologia, as gestantes fazem uso de medicamentos, apesar

da insuficiência de informações quanto ao risco da utilização destes durante a gravidez

(CARMO, 2003).

Existem plantas medicinais que possuem atividade teratogênica e abortiva,

provocando problemas quando utilizadas no período gestacional. A falta de conhecimento da

toxicidade de espécies utilizadas habitualmente pode levar a sérias conseqüências, já que as

plantas tóxicas possuem algum tipo de efeito lesivo ou substâncias nocivas, causando

distúrbios ao organismo do homem ou de animais, pelo contato ou ingestão (OLIVEIRA &

GONÇALVES, 2006).

No caso de gestantes, o uso de espécies vegetais deve seguir rigorosamente os mesmos

cuidados dos medicamentos alopáticos. Entre as plantas medicinais que podem causar riscos

para mulheres grávidas, por estimular a motilidade uterina e provocar aborto, encontram-se

alho (Allium sativum), aloe (Aloe ferox), angélica (Angelica archangelica), arnica (Arnica

montana), cânfora (Cinnamomum canphora), confrei (Symphitum officinalis), eucalipto

(Eucaliptus globulus), alecrim (Rosmarinus officinalis), gengibre (Zengiber officinalis) e sene

(Cassia angustifolia e Cassia acutifolia). Alguns óleos essenciais também devem ser

evitados, como exemplo, os provenientes de bétula (Betula alba), cedro (Cedrela

brasiliensis), erva-doce (Pimpinella anisum), jasmim (Jasminum officinalis), manjericão

(Origanum basilicum), manjerona (Majorana hortensis), tomilho (Thymus vulgaris), rosa

(Rosa sp.) e lavanda (Lavanda angustifolia). Neste último caso, deve-se evitar o consumo,

especialmente nos primeiros meses de gravidez (DAVIS, 1996).

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Estudo realizado na Maternidade Universitária de Salvador constatou que entre os

recursos abortifacientes mais comumente utilizados estão as infusões de plantas medicinais e

o medicamento misoprostol. As ervas mais freqüentemente utilizadas como abortifacientes

pelas puérperas entrevistadas, de acordo com a freqüência do uso e efeito abortivo popular,

são elas: Alumã (Vermonia baiensis), Espinho-cheiroso (Xanthoxilium rhoifolium), Cravo

(Caryophylust arimaticus), Tapete ou Capim de Oxalá ou Malvariço (Plectranthus

amboinicus), Milomi (Aristolechia triloata), Quina verdadeira (Cinchona calysaya), Hortelã

(Mentha pulegium), Romã (Punica granatum), Quitoco (Pluchea quitoco), Aroeira (Schinus

terebenffolius), Arruda (Ruta graveolens). De acordo com o inventário de plantas medicinais

do Estado da Bahia, entre as plantas que as puérperas indicaram terem utilizado como

abortivos, somente Quina verdadeira, Hortelã e Romã apresentam esta propriedade,

justificando a ineficácia do uso da maioria dos chás relacionados (MOREIRA LIMA, 2001).

A ocorrência de efeitos indesejáveis das plantas medicinais muitas vezes é menor

quando comparada a drogas sintéticas bem definidas. Entretanto experimentos clínicos têm

revelado que efeitos adversos também ocorrem com a utilização de plantas medicinais, e

estudos toxicológicos bem controlados para provar a sua segurança são necessários, porém

raros (CALIXTO, 2000).

Uma planta é uma verdadeira usina química que pode produzir milhares de

substâncias diferentes, onde apenas uma ou algumas são responsáveis pela atividade

terapêutica ou tóxica. Os laboratórios de produtos naturais vêm realizando constantemente

ensaios biológicos complementares à investigação fitoquímica, buscando orientar a

descoberta de novas drogas com potencial terapêutico (LUNA et al, 2005).

De acordo com OGA (2003) “toda substancia pode ser considerada um agente tóxico.

A toxicologia experimental desenvolve estudos para a elucidação dos mecanismos de ação

dos agentes tóxicos sobre o sistema biológico e para avaliação dos efeitos decorrentes dessa

ação”.

A maior meta da pesquisa toxicológica é melhorar a habilidade de predizer e avaliar o

risco potencial do meio ambiente para a saúde humana. (HOYER, 2001). A toxicidade é a

capacidade relativa de uma substância provocar dano a um sistema biológico, ela pode ser

classificada da seguinte forma: pelo local de ação – local ou sistêmica – e pelo tempo de

exposição – aguda (com menos de 24 horas), subaguda (com menos de 01 mês), subcrônica

(de 01 a 03 meses) e crônica (acima de 03 meses).

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A toxicidade reprodutiva refere-se à interferência tóxica a qualquer espécie de

capacidade reprodutiva tanto de machos, quanto de fêmeas, incluindo o desenvolvimento pré-

natal (NEUBERT & CHAHOUD, 1995).

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3. Objetivos

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3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Ø Analisar o saber popular das gestantes que freqüentam as Unidades de Saúde da

Família (USF), do IV Distrito Sanitário da Cidade do Recife/PE, sobre os riscos e

efeitos tóxicos que pode haver ao utilizarem as plantas medicinais, como também

descrever o perfil socioeconômico e obstétrico das gestantes entrevistadas

3.2 Objetivos específicos

Ø Descrever o perfil socio-ecônomico e obstétrico das gestantes que freqüentam as

Unidades de Saúde da Família (USF), do IV Distrito Sanitário da Cidade do

Recife/PE.

Ø Verificar, através de métodos e técnicas etnobotânicas, as plantas medicinais com

maior índice de saliência e correlacioná-las com as suas indicações na literatura

científica;

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4. Artigo

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4. ARTIGO

ARTIGO 1 SUBMETIDO A:

Revista: Revista Panamericana de Salud Pública (ISSN 1020-4989)

Autores: OLIVEIRA, JR; ARAÚJO, TAS; MELO, AFM; ALBUQUERQUE, UP:

AMORIM, ELC.

Título: Plantas utilizadas por gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde da

cidade do Recife (Pernambuco), Brasil

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INVESTIGAÇÃO ORIGINAL ORIGINAL RESEARCH

Plantas utilizadas por gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde da cidade do Recife (Pernambuco), Brasil

Plants used by pregnant women seen at primary health care units in Recife (Pernambuco), Brazil

Jenifer Rodrigues de OliveiraI, Thiago Antonio de Sousa AraújoI, II, Ulysses Paulino de AlbuquerqueIII, Elba Lúcia Cavalcanti de AmorimI, III

I Laboratório de Produtos Naturais do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco. II Laboratório de Etnobotânica Aplicada do Departamento de Biologia - Área de Botânica, da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Dois irmãos, Recife, Pernambuco, Brasil. III Envio para correspondência: Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim, Professora Associada. Laboratório de Produtos Naturais do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco Endereço: Avenida Professor Arthur de Sá, S/N, Cidade Universitária, 50521-740 - Recife, Pernambuco, Brasil. E-mail = [email protected]

RESUMO

Objetivo: As plantas medicinais são amplamente utilizadas no meio familiar, principalmente pelas mulheres para combater, auxiliar e aliviar os sintomas inerentes a gestação. O objetivo deste estudo foi analisar o conhecimento das gestantes, que freqüentam as Unidades Básicas de Saúde da Cidade do Recife, sobre os riscos e efeitos tóxicos que pode haver ao utilizarem as plantas medicinais. Método: Foram realizadas entrevistas estruturadas a partir de uma abordagem intencional, no período de março/2009 a abril/2010 com 214 gestantes. Resultados: Evidenciou-se que, a maioria conhece alguma planta medicinal, embora menos de 50% as utilize. Das 42 espécies de plantas citadas, as principais foram: boldo, capim-santo, camomila, erva-cidreira, aroeira, erva-doce, canela e hortelã, onde as ervas medicinais se sobressaíram. As principais indicações para o uso foram: calmante, dor de barriga, inflamação, cólica, tosse, febre, enjôo, disenteria e flatulência. A parte das plantas mais utilizadas foi a folha no preparo dos chás. Das gestantes entrevistadas, 1/3 relatou que o uso de plantas durante a gestação não faz mal ao feto. Dentre as plantas contra-indicadas no período gestacional, as mais citadas foram: quebra-pedra, cabacinho, boldo, erva cidreira e espirradeira. A transmissão do conhecimento e a forma de adquirir a planta medicinal continuam sendo através da família e poucos recorrem ao profissional de saúde. Ocorre a substituição da receita médica pela planta medicinal por um quantitativo significativo de gestantes, evidenciando o processo de automedicação. Conclusão: São indispensáveis maiores esclarecimentos às gestantes quanto à nocividade de algumas plantas, principalmente, no período gestacional e o incentivo a participação dos profissionais de saúde como facilitadores neste processo. Palavras chave: etnoespécies, saúde pública, saúde da mulher, período gestacional, PSF

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ABSTRACT

Objective: The Medicinal plants they are widely used in the family, especially by women to combat, and help relieve symptoms associated pregnancy. The objective of this study was mainly analyze the knowledge of pregnant women who attend the Basic Health Units of the City of Recife, about the risks and toxic effects that may cause with the use medicinal plants. Method: We conducted structured interviews from a purposeful approach, from March/2009 to April/2010 with 214 pregnant women. Results It was found that most know of any medicinal plant, although less than 50% use them. Of the 42 plants species cited the main ones were: “boldo,” “capim-santo”, “camomila”, “erva-cidreira”, “aroeira”, “erva-doce”, “canela”, and “hortelã” where the medicinal herbs have excelled. The main indications for use were: soothing, belly ache, inflammation, colic, cough, fever, nausea, dysentery and flatulence. The most used part of the plants was the leaf in the preparation of teas. Of the women interviewed, one third reported plants use during pregnancy does not hurt the fetus. Among the plants contraindicated during pregnancy, the most mentioned were: “quebra-pedra”, “cabacinho”, “boldo”, “erva-cidreira” and “espirradeira”. The transfer of knowledge and how to get the medicinal plant remain through the family, and a few resort to health care. There is a substitution of a prescription for medicinal plant for a significant quantity of pregnant women, showing the process of self-medication. Conclusion: Further clarifications are essential to pregnant women about the harmfulness of some plants, especially during pregnancy and encouraging the participation of health professionals as facilitators in this process.

Keywords: ethnospecies, public health, women's health during pregnancy, PSF

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INTRODUÇÃO

Em 1978, a Organização Mundial de Saúde incentivou os países a investirem seus

recursos públicos em plantas medicinais (1). Conforme Moreira & Silva (2), o emprego das

plantas medicinais, como integrante dos programas de atenção primária à saúde, “pode ser

uma alternativa terapêutica, porque está ligada a um baixo custo, a uma facilidade de

aquisição e contribui compatibilizando o programa com a cultura da população atendida”.

No Brasil, apesar dos incentivos nos anos 80, foi a partir de 2006 que grandes avanços

foram observados nas políticas públicas de saúde.

O primeiro avanço foi à aprovação da Política Nacional de Práticas Integrativas e

Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) (3), o segundo instituiu a

“Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos” (4) e a partir de ações decorrentes

dessas políticas, em 2008 houve a implantação do Programa Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos (PNPMF), o qual também criou o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos. Esse comitê tem a atribuição de avaliar e monitorar a implementação da política

e seu programa (5).

Essas políticas incentivaram a introdução de plantas medicinais e medicamentos

fitoterápicos nas Unidades de Saúde, reforçando assim, a importância dessas plantas em trazer

benefícios para a saúde da população, pois, o seu uso é prática prevalente em ampla faixa

populacional brasileira, especialmente onde as condições sócio-econômicas são mais

precárias, e é indiscutível a necessidade de controlá-lo, pois embora algumas plantas possuam

substâncias potencialmente ativas, muitas vezes, seus efeitos tóxicos sobre o organismo

humano são desconhecidos ou ignorados pelos usuários (6).

Como toda a população, a gestante está sujeita a intercorrências de saúde que impõem

o uso de medicamentos. A gestação compreende situação única, na qual a exposição à

determinada droga envolve dois organismos. A resposta fetal, diante da medicação, é

diferente da observada na mãe, podendo resultar em toxicidade fetal, com lesões de variada

monta, algumas irreversíveis (7).

Conforme considerações feitas pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro,

algumas espécies de plantas medicinais possuem efeitos potencialmente tóxicos, teratogênicos

e abortivos e o uso sistêmico, incorreto e indiscriminado durante a gestação pode representar

um perigo para o feto e para a mulher, sendo necessário restringir o seu uso. Certas plantas

possuem princípios ativos que são capazes de passarem pela barreira placentária, podendo

afetar o feto (8).

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Mesmo com vários estudos publicados sobre o uso de plantas medicinais, ainda existe

uma carência de informações na comunidade científica sobre quais plantas necessitam de

maiores estudos no Brasil, levando-nos a incentivar as pesquisas em nossa flora, bem como

estimular a população a utilizar, conscientemente, as plantas medicinais (9).

Por isso, é importante conhecer o saber das gestantes sobre o uso de plantas

medicinais, pois, elas utilizam essas plantas tanto no meio familiar como para combater,

auxiliar e aliviar os sintomas inerentes a gestação, além de utilizarem para evitar uma

gravidez indesejada.

Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento das usuárias gestantes que

freqüentam as Unidades de Saúde da Família (USF), do IV Distrito Sanitário da Cidade do

Recife/PE, sobre os riscos e efeitos tóxicos que pode haver ao utilizarem as plantas

medicinais, como também descrever o perfil socioeconômico das gestantes entrevistadas.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

O levantamento foi realizado na cidade do Recife (Latitude 8º 04'03" s - Longitude

34º 55'00" w) que é constituída por noventa e quatro bairros e possui uma população de

1.537.704 habitantes (10). Nesta cidade a rede de saúde pública é subdividida em seis

Distritos Sanitários. Entre estes, foi selecionado o IV Distrito Sanitário que atende a doze

bairros, situa-se na região oeste, ocupa uma área de 4.214,13ha e tem uma população de

aproximadamente 255 mil habitantes (11). Um dos motivos de seleção é por ter uma área

populacional bem heterogênea, tendo um dos bairros em plena zona urbana da cidade e outro

bastante afastado, contemplados por matas e rios.

A população do IV tem seu atendimento de saúde realizado por quatro Unidades de

Saúde Tradicionais (Centros de Saúdes), dezoitos Unidades de Saúde da Família (USF), uma

Policlínica, duas Unidades de Referência Especializadas, um Centro de Atenção Psicossocial

(CAPS) Espaço Vida e uma Residência Terapêutica (11).

Os levantamentos foram iniciados em março de 2009, após aprovação do estudo

pelo Comitê de Ética para pesquisa com Seres Humanos, do Centro de Ciências Saúde, da

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da autorização da Diretoria Geral de Gestão

do Trabalho (DGGT), da Secretária de Saúde da Cidade do Recife, em consonância com a

gerência do IV Distrito Sanitário e foram concluídos em abril de 2010. Apenas dozes das

dezoitos USF receberam autorização para a realização do estudo.

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Foi realizado previamente um levantamento dos horários das consultas de pré-natal

com as enfermeiras e produzido um cronograma de entrevistas de acordo com a localidade,

hora e dia da semana. A explicação sobre os objetivos da pesquisa, a solicitação da assinatura

do termo de consentimento livre e esclarecido e as entrevistas foram realizadas nas salas de

espera dos postos de saúde da família, durante o aguardo das gestantes pelo atendimento.

Coleta de dados

Os dados foram coletados por meio de entrevistas estruturadas a partir de uma

abordagem intencional e oportunista com usuárias gestantes, maiores de 18 anos, das

Unidades de Saúde da Família, do IV Distrito Sanitário da Cidade do Recife, após o

consentimento livre e esclarecido das participantes. Foram utilizados formulários

padronizados contendo 21 (vinte e uma) questões específicas (abertas e fechadas) que

permitiram analisar o conhecimento sobre as plantas medicinais (12).

Durante as entrevistas foram solicitadas, primeiramente, às informações

socioeconômicas das pessoas abordadas e em seguida as referentes ao conhecimento e/ou uso

de plantas medicinais e seus possíveis efeitos adversos.

Análise dos dados

Para a análise dos dados foi utilizado o software Visual Anthropac versão 4.9.1.17

Beta - 2003 para calcular o índice de Saliência, através da listagem livre.

O índice de Saliência possui como parâmetro a combinação de freqüência de citação

de uma planta com a sua posição relativa de citação em relação às outras plantas

(ranqueamento). Na análise destes dados foram considerados que as plantas nomeadas

primeiro no ranqueamento possuem maior ligação com o cotidiano das entrevistadas e as

plantas que são nomeadas na seqüência, menor ligação (13). O índice de saliência varia entre

1 (de maior saliência) e 0 (de menor saliência) (12). Explicando mais detalhadamente, este

índice mede a saliência de cada item da listagem livre e baseia-se nos valores maiores de

freqüência absoluta e maior coincidência de posição da citação dos itens da listagem livre

entre os informantes, pois alguns itens da listagem são mencionados por muitos informantes e

outros por poucos ou por apenas um informante (14).

RESULTADOS

Caracterização Socioeconômica e Obstétricas das Gestantes

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Participaram da pesquisa 214 (duzentos e catorze) mulheres, no ciclo gravídico com

uma média de idade de 25,5 anos e a maior concentração de gestantes situaram-se na faixa

etária compreendida entre 21 a 25 anos (46%). Das entrevistadas, a maioria vivia com

companheiro (70%) e relataram ter ensino médio (53%). Com relação à renda mensal familiar

a grande parte (73%) tinha renda menor que um salário mínimo, o que pode ser justificado

quando observamos o perfil profissional das gestantes, onde as mesmas trabalham dentro da

própria casa (do lar – 63%). (Tabela 1).

Tabela 1. Perfil socioeconômico das Gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da

Família do IV Distrito Sanitário da cidade do Recife, com relação à faixa etária, estado civil,

escolaridade e faixa salarial.

Total

Gestantes por Área (%)

Faixa Etária

< 20 anos 11,21

21-25 anos 45,79

26-30 anos 26,17

31-35 anos 10,28

>36 anos 6,54

Estado Civil (%)

União Estável 35,98

Casada 34,58

Solteira 28,97

Separada 0,47

Nível Escolar (%)

Analfabeto 0,47

Ensino Fundamental I Incompleto 5,61

Ensino Fundamental I Completo 16,36

Ensino Fundamental II Incompleto 12,15

Ensino Fundamental II Completo 7,48

Ensino Médio Incompleto 22,90

Ensino Médio Completo 29,91

Ensino Superior Incompleto 1,40

Ensino Superior Completo 3,74

Faixa Salarial (%)

< 1 Salário Mínimo 73,36

1 a 2 Salários Mínimos 22,90

2 a 3 Salários Mínimos 2,80

> 3 Salários Mínimos 0,93

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Na Tabela 2, verificamos o histórico obstétrico das gestantes pesquisadas. Os dados

informados foram referentes à paridade, que variou entre 1 a 12 gestações (n = 526); tipos dos

partos dos filhos anteriores a atual gestação (n = 286) e números de abortos (n = 26) dentre

todas as gestações já ocorridas (n=312). Verificamos que as gestantes eram nulíparas, de

primeira gestação (25,23%), multíparas, de 2 a 3 gestações (58,41%) e grandes multíparas,

acima de 3 gestações (16,36%).

No tocante ao tipo de parto, a cesariana apresentou-se mais elevada na segunda

gestação (5,59%) enquanto que o parto normal teve o maior percentual (26,92%) durante a

terceira gestação, com a maior parte de nascidos vivos (26,28%) e natimortos (0,96%). O

maior percentual de abortos (calculado com nº de aborto / nº de nascidos vivos) foi durante a

quarta gestação (2,56%).

Tabela 2. Perfil obstétrico das gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da Família do

IV Distrito Sanitário da cidade do Recife.

Nº de Gestação

Nº de Gestantes

Total de Gestações

Parto Normal

Parto Cesário

Nascidos vivos Natimortos Abortos

(%)

(n=214) (%)

(n=526) (%)

(n=286) (%)

(n=286) (%)

(n=312) (%)

(n=312) (%)

(n=312)

1 25,23 10,27 - - - - 0,00

2 37,38 30,42 19,93 5,59 23,40 0,32 1,92

3 21,03 25,67 26,92 2,80 26,28 0,96 1,60

4 8,88 14,45 16,08 1,05 15,70 0,00 2,56

5 3,74 7,60 8,39 1,40 8,97 0,00 1,28 6 1,87 4,56 5,94 0,00 5,49 0,00 0,96

8 0,93 3,04 4,89 0,00 4,49 0,00 0,00

9 0,47 1,71 2,80 0,00 2,24 0,00 0,32

12 0,47 2,28 3,50 0,35 3,52 0,00 0,00

Com relação aos problemas no nascimento dos filhos citados pelas gestantes

entrevistadas, somente nove (4,21%) relataram que seus filhos nasceram com algum

problema, dentre essas, sete eram grandes multíparas. Os problemas citados por elas foram:

um filho natimorto, três com problemas de prematuridade (pré-termo), sendo um deles com

icterícia, outro faltando uma parte do pulmão e um com problemas no coração, outro com

asma, dois com sífilis e outro com macrossomia diabética, um filho passou do período de

nascimento (pós-termo), mas não houve seqüelas.

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Conhecimento sobre Plantas Medicinais

Ficou evidenciado que a maioria das gestantes entrevistadas (79,91%) conhece as

plantas medicinais, mas poucas (26,17%) as utilizam no cotidiano. Inicialmente quando

perguntadas se conheciam algum tipo de planta medicinal, as entrevistadas responderam não

conhecer (20,09%). Porém, na continuação da entrevista, as mesmas relataram que conheciam

ao menos uma planta medicinal, o que também foi considerado. Apenas 43,93% das

entrevistadas disseram utilizar plantas medicinais, mostrando que, apesar da maioria das

entrevistadas conhecerem alguma planta medicinal, 56,07% não utilizam.

Não foi possível identificar e coletar as plantas medicinais referenciadas pelas

entrevistadas visto que, eram compradas em supermercados na forma de chás, em mercados

públicos a raizeiros ou coletadas perto de suas residências ou quintais. Para podermos

relacionar as plantas citadas no vernáculo popular com o nome cientifico, recorremos aos

artigos científicos que versavam sobre as pesquisas de plantas medicinais e levantamentos

etnofarmacológicos realizados dentro da região metropolitana do Recife/PE. Como os dados

desta pesquisa foram coletados na referida região, acredita-se que a sinonímia dos nomes

populares seja os mesmos.

Foram elencadas quarenta e duas plantas em 404 citações informadas pelas

entrevistadas no uso em geral. As 12 plantas mais citadas foram: boldo (16,34%), capim-santo

(14,36%), erva-doce (10,89%), erva-cidreira (10,15%), camomila (9,65%), aroeira (6,44%),

canela (6,44%), hortelã (4,46%), colônia (03,47%), matruz (3,22%), quebra-pedra (1,73%),

caju roxo (1,24%). As outras plantas foram reunidas num mesmo percentual (11,63%) por

estarem abaixo de 1% de indicação das entrevistadas.

Na tabela 3, encontram-se relacionadas às quarenta e duas plantas para os mais

diversos fins terapêuticos de acordo com os índices de saliência. O ranqueamento difere um

pouco com relação a citação, pois baseia-se nos maiores valores de freqüência absoluta e

maior coincidência de posição da citação dos itens da listagem livre.

A utilização de plantas medicinais durante a gestação é realizada somente em 21% das

gestantes entrevistadas. Entre as plantas mais citadas durante o período gestacional destacam-

se: camomila (17,54%), erva doce (15,79%), boldo (14,04%), erva-cidreira (12,28%), canela

(10,50%), capim-santo (7,02%), e hortelã (5,26%). As outras plantas foram reunidas num

mesmo percentual (17,54%) por estarem com 1% de indicação das entrevistadas..

Na mesma tabela, verificamos que obtivemos 342 indicações sobre as 52 formas de

uso geral de plantas medicinais citadas pelas entrevistadas, das quais as principais foram:

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calmante (18,13%), dor de barriga (14,04%), inflamação (6,14%), cólica (5.56%), tosse

(4,09%), febre (3,51%), enjôo (3,22%), catarro (3,22%), uso no dia-a-dia (3,22%), barriga

(2,63%), barriga inchada (2,63%), pressão alta (2,63%), vômito (2,34%), ferida (2,34%),

diarréia (2,34%), verminose (2,05%) e as demais trinta e cinco formas de uso obtiveram

percentuais de indicações inferiores a 2% cada, sendo representados em conjunto (21,93%).

Com relação aos sintomas observados no período gestacional, as principais indicações

foram: calmante (35,29%), enjôo (8,82%), dor na barriga (5,88%), disenteria (2,94%), dor

(2,94%), flatulência (2,94%), inflamação (2,94%), e os demais sintomas obtiveram

percentuais de indicações inferiores a 3% cada, sendo representados em conjunto (38,24%).

Para os dois períodos tivemos a indicação do aborto com 2,01% e 2,94%, respectivamente.

A folha foi à parte do vegetal significantemente mais utilizada pelas gestantes

(62,11%), seguida da casca (15,23%), semente (7,81%), flor (5,08%), planta em pó (4,30%) -

representada pelos saquinhos de chá. Os demais órgãos (5,47%) obtiveram percentuais

inferiores a 2% de indicação da parte da planta utilizada.

A principal via de administração das plantas medicinais foi a via oral (62,50%), depois

vieram os banhos (15,38%), uso tópico (13,46%) e outras vias (8,66%).

Com relação à forma de preparo, as espécies vegetais citadas pelas gestantes são

utilizadas em forma de chás (decocção/infusão) (86,45%), lambedores (9,35%) e outras

formas (6,07%).

Toda medicação tem suas contra-indicações e o mesmo acontece no uso de plantas. De

acordo com as gestantes, obtivemos os seguintes motivos para contra-indicar o uso em geral

das plantas, são eles: não conhecem (51,06%), não faz mal (17,02%), faz mal (10,64%),

contra-indica o uso na gravidez (10,64%), sonolência (4,26%); faz mal ao feto (4,26%) e

causa mal estar (2,13%.) (Tabela 4).

Posteriormente, ao serem questionadas se as plantas podiam fazer mal ao feto, as

gestantes entrevistadas responderam que não achavam que as plantas podiam fazer mal ao

feto (39,72%). Isto demonstra na aceitação de que “o que é natural então não faz mal”.

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edicinais utilizadas por u

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Tabela 3. Relação das plantas indicadas pelas gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da Família, do IV Distrito Sanitário, da cidade do

Recife, com uso geral e no período e gestacional de acordo com a Saliência, uso, parte do vegetal e tipo de preparo.

Uso em Geral Uso no período gestacional

Plantas citadas Saliência

Nome popular Nome científico* Uso Parte Preparo** Uso

0,336 Boldo

Peumus boldus Plectranthus barbatus Andr.

Aborto, barriga (inchada, ruim), calmante, cólica, disenteria, diarréia, dor, dor de barriga, dor de estômago, estômago, fígado, flatulências, mal estar, vômito

Folha Saquinhos de chá.

Chá Disenteria Dor Dor de barriga Flatulências

0,233 Capim-santo Cymbopogon citratus Stapf

Banho, calmante, inflamação, insônia, vômito, barriga (inchada), cólica, disenteria, uso no dia-a-dia, diarréia, dor de barriga, dor de cabeça, má digestão, mal estar, pressão alta.

Folha Chá Calmante Uso no dia-a-dia Dor de barriga

0,172 Camomila Matricaria chamomilla L.

Banho, calmante, porque gosta, inflamação, insônia, vômito

Folha Flor Semente Saquinhos de chá.

Chá Calmante Dormir

0,136 Erva-cidreira Lippia alba (Mill) N. E. Brown.

Barriga inchada, calmante, cólica, uso no dia-a-dia, diarréia, dor, dor de barriga, porque gosta, insônia, doença, tosse

Folha, Flor Saquinhos de chá Semente

Chá Calmante Como chá Descer a menstruação

0,136 Aroeira Schinus terebintifolius Raddi

Cicatrizante, corte, dor de fígado, ferida, infecção, inflamação

Casca Folha Caule Toda a planta

Chá Tintura

Inflamação

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Uso em Geral Uso no período gestacional

Plantas citadas Saliência

Nome popular Nome científico* Uso Parte Preparo**

0,114 Erva-doce Pimpinella anisum L. Erucção, barriga, calmante, cansaço, cólica, uso no dia-a-dia, dor de barriga, enjôo, mal estar, porque gosta, flatulências, tosse, fins culinários, prisão de ventre

Semente Folha Flor Saquinhos de chá.

Chá Calmante Como chá Enjôo, prisão de ventre Flatulência, lambedor.

0,107 Canela Cinnamomum zeylanicum Nectandra cuspidata (Ness & Mart.) Ness

Calmante, cólica, uso no dia-a-dia, dor, enjôo, inflamação, vômito

Casca Folha Saquinhos de chá

Chá Calmante Enjôo

0,053 Colônia Alpinia zerumbet (Pers.) Burt ex R.M. Sm

Dor de cabeça, febre, mal estar, tosse

Folha Chá –

0,045 Hortelã Mentha sp. Barriga inchada, catarro, gripe, pressão alta, resfriado, tosse, verminose

Folha Chá Lambedor

Como chá Verminose

0,030 Mastruz Chenopodium ambrosioides L.

Catarro, gripe, tosse, verminose Folha Chá –

0,020 Quebra-pedra Phyllanthus sp. Aborto, rim Folha Raiz Toda a planta

Chá –

0,018 Cajú roxo Anacardium occidentale L

Barriga, ferida, inflamação, corte

Folha Casca

Chá –

0,016 Agrião Nasturtium officinale R. Br.

Catarro, tosse, verminose Folha Chá Lambedor Espremido

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Uso em Geral Uso no período gestacional

Plantas citadas Saliência

Nome popular Nome científico* Uso Parte Preparo**

0,014 Babosa Aloe vera Cabelo, ferida, hemorróida, queda de cabelo

Folha Casca

Creme Babá

0,011 Chambá Justicia pectoralis Cansaço, catarro, tosse Semente Folha

Lambedor, Chá

Lambedor

0,011 Alcachofra Cynara scolymus L. Dor, rim Folha Chá –

0,011 Cabacinho Luffa operculata L. Aborto Folha Raiz

Chá Abortivo

0,010 Vassourinha-de-botão

Borreria verticillata G. Meyer

Infecção, inflamação Raiz Chá –

0,010 Alfavaca Ocimum. gratissimum L.

Febre Folha Chá –

0,007 Louro

Laurus nobilis L Ocotea glomerata (Ness) Mez

Dor de barriga Folha Chá –

0,007 Goiabeira Psidium guajava L. Cólica, diarréia Folha Chá Diarréia

0,007 Romã Punica granatum L Garganta Casca Chá –

0,005 Abacaxi Ananas sativus Schult.

Catarro Fruta Casca

Lambedor –

0,005 Losna Artemisia absinthium L

Aborto Folha Chá –

0,005 Eucalipto Eucalyptus citriodora Hook.

Febre Folha Chá –

0,005 Fruta-pão Artocarpus communis Forst

Varizes Folha Chá –

0,004 Hortelã miúda M. x villosa Huds Calmante, catarro Folha Lambedor –

0,004 Sabugo Sambucus australis Cham. & Schltr

Catapora, tosse Sabugo Folha

Chá Lambedor

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Uso em Geral Uso no período gestacional

Plantas citadas Saliência

Nome popular Nome científico* Uso Parte Preparo**

0,004 Chanana Turnera ulmifolia L. Rim Toda a planta Chá –

0,004 Espirradeira Nerium oleander Aborto Folha Chá –

0,004 Anador Justicia SP Artemisia sp

Dor de cabeça Folha Chá –

0,004 Língua-de-sapo Peperomia pellucida Humb., Bonplan & Kunth

Colesterol Folha Chá –

0,003 Corona Kalanchoe brasiliensis Cambess

Cansaço Folha Lambedor Lambedor

0,002 Salsa Ipomoea asarifolia (Ders.) R. & Sch.

Sarna Toda a planta Chá –

0,002 Quixaba Sideroxylon obtusifolium T.D. Penn

Inflamação Casca Chá –

0,002 Picão Bidens pilosa L. Fígado, rim Toda a planta Chá –

0,002 Laranja C. sinensis (L.) Osbeck

Calmante Saquinhos de chá.

Chá –

0,002 Hortelã grande Plectranthus amboinicus

Tosse Folha Lambedor –

0,001 Erva-mate (Mate-leão)

Ilex paraguaiensis Calmante Saquinhos de chá.

Chá –

0,001 Semente de Girassol

Helianthus annuus L. Calmante Semente Chá Calmante

0,001 Pitanga Eugenia uniflora L. Barriga Folha Chá –

0,001 Vick Mentha pulegium Pulmão Folha Chá com lambedor

* Nomes científicos obtidos com base na literatura (15, 16, 17); O preparo do chá pode ser por decocção ou infusão; ( - ) Sem indicação de uso.

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As outras gestantes entrevistadas (61,28%) disseram que as plantas podiam fazer mal

ao feto. Entre os principais percentuais das conseqüências citadas por elas, temos: mata o feto

(18,22%), abortivas (10,75%), faz mal ao feto (5,6%) e leva a morte da mãe (2,80%). Entre as

contra-indicações existe a distinção entre matar o feto e aborto, pelo fato do primeiro não ser

intencional.

Tabela 4. Plantas citadas pelas gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da Família do

IV Distrito Sanitário da cidade do Recife, de acordo com o motivo da contra-indicação

Plantas Citadas Contra-indicações Nome popular Nome científico* Uso em geral Período gestacional Quebra-pedra Phyllanthus sp. Gravidez, faz mal

ao feto Aborto, faz mal ao feto, mata o feto, leva a morte

Cabacinho Luffa operculata (L.) Cogn.

Faz mal ao feto Aborto, faz mal ao feto, mata o feto

Boldo Peumus boldus Plectranthus barbatus Andr.

Faz mal Aborto, leva a morte, mata o feto, causam cólicas ao bebê

Erva-cidreira Lippia alba (Mill) N. E. Brown.

– Aborto, leva a morte, faz mal ao feto, mata o feto

Espirradeira Nerium oleander – Mata o feto Romã Punica granatum L.

– Mata o feto

Vassourinha de botão

Borreria verticillata G. Meyer

Faz mal Leva a morte, faz mal ao feto, mata o feto

Maconha - semente

Cannabis sativa L. – Aborto

Alcachofra Cynara scolymus L. Vernonia condensata Toledo

– Leva a morte

Canela Cinnamomum zeylanicum Nectandra cuspidata (Ness & Mart.) Ness

Faz mal –

Losna Artemisia absinthium L.

Sonolência Faz mal ao feto

Capim-santo Cymbopogon citratus Stapf

Mal estar, sonolência

Erva-mate (Mate-leão)

Ilex paraguaiensis Gravidez –

Sena Senna alexandrina Miller

– Aborto

* Nomes científicos obtidos com base na literatura (15, 16, 17); ( - ) Sem indicação de uso

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Houve plantas citadas pelas gestantes e que não foram especificadas as suas contra-

indicações, são elas: Chambá (Justicia pectoralis), Artemise (Artemisia absinthium), Cajú

roxo (Anacardium occidentale L), Camomila (Matricaria chamomilla L.), Carqueja

(Baccharis crispa Spreng), Coca–folha (Erythroxilum coca), Comigo-ninguém-pode,

(Dieffenbachia sp.), Macela (Egletes viscosa Less.), Manjerioba– raiz (Senna occidentalis

(L.), Melão de São-Caetano (Momordica charantia L.), Pau-Brasil (Caesalpinia echinata

Lam), Picão (Bidens pilosa L.), Quina-quina (Geissospermum sericeum Benth. & Hook. f. ex

Miers).

Os resultados da freqüência de uso das plantas medicinais pelas gestantes foram

similares, pois a utilização ocorre com maior freqüência em duas vezes ao dia (29,37%), uma

vez ao dia (26,57%), três vezes ao dia (26,57%), os demais tipos de freqüências (17,49%)

obtiveram percentuais inferiores a 5% cada de indicação da parte da planta utilizada.

As gestantes entrevistadas relataram que os conhecimentos adquiridos sobre as

propriedades medicinais das plantas vieram através da família (50%), amigos (22%), televisão

(19%) e outros (9%). Na família, quem transmitiu esse conhecimento foi, principalmente, a

mãe (60%), a avó (19%), avô (4%), sogra (3%), tia (3%), outros parentes (4%) e outras

pessoas (7%)

As plantas geralmente são adquiridas com a família (49%), seguidos de amigos (25%),

compras em supermercado/mercados (11%) e outros modos (5%). É interessante observar

pouca procura de plantas com raizeiro (8%) e profissional de saúde (2%).

Podemos categorizar o grau de autonomia na aquisição das plantas medicinais pelas

gestantes. Essa autonomia pode ser total, quando ela própria coleta a planta na rua, no mato,

no terreno e/ou em casa; ou parcial, em dois modos: quando ocorre a compra em

supermercados, mercados e raizeiros ou quando é solicitado a terceiros, vizinhos e

comunidade (Fig. 1).

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33

49%

23%

7%2%

19%

Família

Amigos

Outros

Raizeiro

Profissional de Saúde

Figura 1. Aquisição das plantas medicinais pelas gestantes entrevistadas nas Unidades de

Saúde da Família, do IV Distrito Sanitário, da cidade do Recife

Com relação às circunstâncias e finalidades em que são utilizadas as plantas

medicinais pelas gestantes, a grande maioria usa quando acha necessário (65%), quando estão

sem recursos financeiros (9%) para aquisição do medicamento alopático, em outros

momentos ou situações (15%). Porém, apesar das pessoas conhecerem as plantas como

medicinal, elas as utilizam no dia a dia, na sua alimentação (11%). Neste resultado, foram

citadas as seguintes plantas: boldo (Peumus boldus), capim-santo (Cymbopogon citratus

Stapf), erva-cidreira (Lippia alba (Mill) N. E. Brown.), camomila (Matricaria chamomilla

L.), colônia (Alpinia zerumbet (Pers.) Burt ex R.M. Sm), aroeira (Schinus terebintifolius

Raddi), hortelã (Mentha sp.), picão (Bidens pilosa L.), quebra-pedra (Phyllanthus sp.) e

hortelã miúda (M. x villosa Huds).

Verificamos que não é muito comum ocorrer à prática de substituir a receita pelo

médico pelas gestantes (82,24%), mas, no entanto, existe um percentual significativo das

entrevistadas que fazem a substituição da receita médica pelo uso de plantas medicinais

(17,76%). Este tipo de atitude evidencia a automedicação, podendo levar há sérias

conseqüências de saúde, perigo de interação medicamentosa e quebra do tratamento

determinado pelo médico.

Com relação aos problemas de saúde trazidos pelo uso de plantas medicinais, as

gestantes disseram que as plantas não trazem problemas (54,21%) enquanto que as demais

afirmam que ocorrem problemas de saúde (45,79%). De acordo com as reações desagradáveis

quase todas as entrevistadas negaram que tiveram reações ao usar as plantas medicinais

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(95,79%), mas uma pequena parte relatou que tiveram algum tipo de reações desagradável

(3,11) (FIG. 2).

82,24%

16,36%

1,40%

54,21%

20,56%25,23%

95,79%

3,74%0,47%

0,00%

25,00%

50,00%

75,00%

100,00%

Substituição da

receita médica

Problemas de saúde Reação desagradável

Não

Sim

Às vezes

Figura 2. Relatos das gestantes entrevistadas nas Unidades de Saúde da Família, do IV

Distrito Sanitário, da cidade do Recife, com relação ao uso de plantas medicinais

As reações desagradáveis relatadas por uma minoria das gestantes no uso das plantas

medicinais foram: sangramento, vômitos, aborto, diarréias e até reações que levaram a uma

entrevistada ficar internada em uma unidade de tratamento intensivo. As plantas utilizadas e

que foram citadas por elas são: quebra-pedra (Phyllanthus sp.), losna (Artemisia absinthium

L), anador (Justicia SP), cabacinho (Luffa operculata L.), boldo (Peumus boldus), carqueja

(Baccharis crispa Spreng), chá-verde (Camellia sinensis L.) Kuntze), sena (Senna

alexandrina Miller) e espirradeira (Nerium oleander), sendo esta última uma planta tóxica

sem fins medicinais

DISCUSSÃO

O nosso grupo de estudo apresenta semelhança com outros realizados em diferentes

regiões do país, como por exemplo, com a pesquisa realizada com gestantes dos municípios

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de Itapecerica da Serra e Embu Guacú no Estado de São Paulo/SP, onde a faixa etária estava

entre 15 a 30 anos de idade, não tinham trabalho fixo, a maioria era profissional “do lar” com

uma renda familiar em torno de um salário mínimo (18). É interessante verificar que esse

dado financeiro também aparece em outro estudo realizado com mulheres em Teresina/PI,

onde mostram que a região nordeste é um exemplo desta realidade, no qual existe um grande

contingente de pessoas que vivem abaixo do estado da pobreza e nesse cenário, a população

ganha de ½ a 1 salário mínimo por mês, com uma elevada taxa de natalidade (19), que nos

remota há uma estrutura familiar com baixo poder aquisitivo, visto em outras cidades

brasileiras.

Mesmo em diferentes regiões, encontramos resultados similares com os nossos

achados, em estudo realizado com gestantes atendidas no pré-natal em um hospital

universitário do Rio de Janeiro, onde foi observado que o grau de instrução das gestantes era o

ensino médio completo (20). A escolaridade pode ser é um fator de maior ou menor

proporção de consultas de pré-natal realizadas.

Verificamos no nosso estudo que o parto normal acontece com maior quantidade que o

parto Cesáreo na nossa pesquisa, realidade esta que também acontece em outros estados,

como foi visto em pesquisa realizada com gestantes na consulta do pré-natal de um Hospital

Universitário no Rio de Janeiro, que verificou que as gestantes eram multíparas e o parto

normal ocorreu em maior quantidade do que o parto Cesáreo (21). Lembrando que em 2001

as maiores taxas de parto cesáreo estava na região sudeste e as menores na região nordeste

(22).

Observamos também que houve uma redução na taxa de fecundidade em 50% no

período de 1970 a 2000, principalmente na região norte/nordeste que foi de 8,2 filhos para 3,2

filhos, de acordo com o Ministério da Saúde, gerando impacto direto na estrutura etária do

país. Esse quantitativo de filhos vem diminuindo principalmente na classe média, mas com

relação a nossa pesquisa esses dados foram semelhantes aos nossos resultados (22).

Na avaliação de hospitalizações entre 1992 a 2005 na rede pública, foram registradas

no Sistema de Informação Hospitalar, do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), internamentos

por abortos no quantitativo de 1.054.242, isto é, uma taxa média de 2,07 abortos por 100

mulheres entre 15 a 49 anos de idade (22). Quando realizamos o comparativo com o nosso

estudo, verificamos que a taxa de abortos foi menor, com 3,74 abortos em 214 gestantes

entrevistada.

Os problemas apresentados no nascimento dos filhos podem estar relacionados com o

quantitativo de gestações, visto que sete gestantes eram grandes multíparas e de acordo com

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um estudo epidemiológico realizado com recém-nascidos em São Paulo (23), Sudeste do

Brasil, as gestantes nulíparas e as grandes multíparas apresentaram uma maior suscetibilidade

de seus filhos nascerem de baixo peso e pré-termo e conseqüentemente pode ocorrer um

aumento da morbi-mortalidade infantil. Resultados esses que corroboram com os achados em

nosso estudo, principalmente com relação à prematuridade dos recém-nascidos. Na tese sobre

o uso de plantas medicinais na gravidez e o risco para mal-formação congênita, a autora (24),

reconhece que o estudo da natimortalidade é vital para a saúde pública, pois pode ser utilizado

como um indicador do nível de assistência pré-natal

Verificamos em pesquisa realizada em consulta de pré-natal (21), as principais queixas

observadas pelas gestantes foram: dor em baixo ventre, náuseas, cefaléia e êmese (vômitos).

Esses sintomas foram encontrados nos relatos da nossa pesquisa, mas em baixo percentual.

Confirmando os achados na nossa pesquisa, o estudo realizado em um quilombo

maranhense a principal via de administração das plantas medicinais é via oral, pois é a mais

utilizada para a ingestão dos chás (25).

Sabemos que o chá pode ser preparado por decocção ou infusão, mas a maioria não

distinguiu a forma de preparação (26). Estudos recentes trazem essa distinção com mais

evidencia, e relatam que a infusão é a mais utilizada, seguida das formas de decocção,

maceração e xarope (27). Neste tipo de preparo as partes tenras das plantas medicinais são as

mais usadas por ser mais fácil a colheita deste material (28).

Podemos inferir que 1/3 das gestantes entrevistadas acreditavam que as plantas

medicinais poderiam ser destituídas de qualquer efeito tóxico, sendo este dado bastante

preocupante e que necessita de maior investimento no processo de informação, já que estudos

vêm demonstrando o potencial de toxicidade para várias espécies (29).

Os remédios a base de plantas medicinais são compostos estranhos ao organismo

humano e seus efeitos podem se instalar em longo prazo no organismo, de forma

imperceptível, podendo ser tóxica e levar há uma malformação congênita (30, 24).

Semelhante aos resultados alcançados em nosso estudo, em 2008, uma pesquisa

realizada na Paraíba sobre o conhecimento do uso de plantas abortivas, verificou que as

plantas mais utilizadas durante a gravidez são: erva doce, camomila e erva cidreira, estas são

usadas como calmantes, e o boldo para mal estar (31).

No entanto, a Resolução 1757/2002 da Secretária Estadual de Saúde do Rio de Janeiro

contra indica o uso de plantas medicinais no período de gestação e lactação (32).

Preferencialmente, as plantas medicinais não devem ser utilizadas em período

gestacional, pois mesmo as mais usualmente usadas e que são consideradas inofensivas

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podem levar ao aborto. A camomila possui ação emenagoga e relaxante do útero, a erva doce

possui ação hormonal e emenagoga, o capim-santo é relaxante do útero podendo ainda

provocar má formação no feto (32).

Dentre as plantas contra-indicadas no período gestacional, as mais citadas foram:

quebra-pedra, cabacinho, boldo, erva cidreira, espirradeira, romã e vassourinha de botão

podendo causar abortos, cólicas no bebê e até levar a morte. A planta quebra-pedra é muito

utilizada na medicina popular para tratar de distúrbios renais (33) e possui propriedades

abortivas, podendo inclusive provocar cólicas e diarréias no lactente se utilizada durante o

período de lactação (32).

A Cabacinha está entre as dez plantas mais utilizada como abortivas no Brasil e o

boldo apesar de possuir várias finalidades terapêuticas, também apresenta um potencial

abortivo e teratogênico. O boldo apesar de possuir várias finalidades terapêuticas, também

apresenta um potencial abortivo e teratogênico (34).

A capim-santo, indicado como antimicrobiano, digestivo, carminativo, sedativo, bem

como no tratamento de nervosismo e estados de intranqüilidade, farmacologicamente

comprovados (33), é relaxante do útero podendo ainda provocar má formação no feto (32).

A Espirradeira é uma erva potencialmente tóxica e tem provocado inúmeros acidentes,

alguns deles fatais, tanto para o feto como para a mãe (33), sendo, portanto de total risco o uso

desta erva durante o período gestacional.

Na pesquisa realizada sobre a freqüência de uso das plantas medicinais (35), a maior

parte dos entrevistados relatou usarem uma vez por mês, enquanto que no trabalho realizado

em Teutônia, (36), o uso era diário, seguido do uso eventual, enquanto que, em Fátima do

Sul/MS (37), foi relatado que a freqüência variava entre “com freqüência”, “algumas vezes”,

“nunca”, “raramente” e “sempre” no qual esses últimos eram a minoria. Dentre esses vários

estudos, não foi encontrada na literatura uma freqüência uniforme para a utilização das

plantas medicinais pelas pessoas.

O repasse do conhecimento sobre as planta medicinal continua sendo através da

família. Verificou-se que a transmissão não está sendo fornecida por profissionais da saúde.

Encontramos em alguns trabalhos que “o uso dos recursos vegetais está fortemente presente

na cultura popular que é transmitida de pais para filhos” (38) e “é tradição a transmissão do

conhecimento entre gerações” (39).

É importante observar que somente 2% das entrevistadas adquirem as plantas com o

profissional de saúde. Podemos inferir e demonstrar que a transmissão de conhecimento não

está sendo fornecida por profissionais de saúde (médicos, enfermeiros ou farmacêuticos) que

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estejam preparados para dar informações corretas, visto que as entrevistas foram realizadas

dentro de um estabelecimento de saúde. Como muitas plantas medicinais não possuem a sua

eficácia e segurança comprovada, podem ocorrer sérias conseqüências a saúde que poderiam

ser minimizadas com trabalho em educação em saúde para a população.

Quando as plantas são adquiridas com familiares ou amigos, não temos como saber a

sua procedência e se elas estão em condições favoráveis de uso, pois, se não estiverem podem

levar o usuário a ter reações adversas pela simples contaminação na origem, prejudicando

ainda mais a saúde do indivíduo.

Deve-se, além de identificar a planta, observar coleta adequada, obter material

autêntico, não tóxico e com qualidade (34). É necessário um rigoroso controle de qualidade

desde o cultivo e coleta da planta, na extração de seus constituintes, até a elaboração da

preparação do medicamento caseiro final, uma vez que reações adversas podem ser causadas,

seja pelos próprios componentes da planta, ou pela presença de contaminantes ou adulterantes

nas preparações fitoterápicas (6).

Devemos lembrar que a automedicação é um procedimento perigoso, principalmente

quando substitui o medicamento alopático, visto que podem ocorrer interações

medicamentosas ou efeitos tóxicos, além de interromper ou modificar determinados tipos de

tratamentos médicos que necessitam de uma medicação ininterrupta, como é o caso do

combate à tuberculose (9).

Observamos que mais da metade das gestantes desconhecem que produtos de origem

vegetal não são isentos de reações adversas e efeitos tóxicos (41, 42). Supostamente, deve

haver uma deficiência no repasse de informações aos usuários atendidos nos serviços de saúde

pública, os quais são caracterizados como indivíduos de baixa escolaridade e acervo cultural,

com relação às ocorrências de intoxicações e efeitos colaterais relacionados com o uso

indiscriminado de plantas medicinais, pois o que não falta são evidências científicas (43).

Mais uma vez, verificamos a crença de que o uso de plantas medicinais não traz risco

à saúde e esta “naturalidade inócua” não é facilmente contradita. Portanto, podemos avaliar

que a postura dessas gestantes constitui um comportamento de alto risco, uma vez que

nenhum medicamento é isento de toxicidade, tanto para a mãe quanto para o feto.

Mesmo assim, foi evidenciado em diversas pesquisas, o aumento no número de

reações adversas, possivelmente, por ter aumentado o interesse pelas plantas medicinais nas

últimas décadas (44).

De acordo com a pesquisa sobre o uso de plantas medicinais na gravidez e o risco para

mal-formação congênita, a autora relata que, “o uso de plantas durante a gravidez ou lactação

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é um assunto delicado uma vez que podem causar estímulo da contração uterina e

conseqüente aborto ou parto prematuro; ação hormonal que possibilite alterações no

desenvolvimento fetal ou do sexo da criança; ações genotóxicas, mutagênicas, citotóxicas,

fetotóxicas e teratogênicas que podem levar a malformação no feto” (24).

A planta medicinal ou um fitoterápico quando consumido pelo ser humano, pode

trazer, do ponto de vista toxicológico, efeitos em curto prazo como também em longo prazo.

Esses efeitos podem ser assintomáticos e não ser identificado e correlacionado na hora da sua

ingestão e, posteriormente, provocar danos maiores ao nosso corpo, como acontece com os

carcinogênicos, hepatotóxicos e nefrotóxicos”(45).

Várias pesquisas sobre o uso de plantas medicinais durante a gravidez corroboram

com a sintomatologia apresentada pelas plantas que foram citadas pelas gestantes nas reações

adversas. (24, 46)

CONCLUSÃO

Foi observada uma postura de risco quando mais da metade das gestantes disseram

que as plantas medicinais não trazem risco à saúde, pois nenhuma planta é isenta de

toxicidade. Verificou-se nos relatos, de 1/3 das gestantes entrevistadas, que o uso de plantas

não faz mal ao feto e, de acordo a literatura, várias espécies medicinais podem provocar

efeitos tóxicos, abortivos, teratogênicos e mal-formações congênitas. Constatamos também

que ocorre troca da prescrição médica pela planta medicinal por um quantitativo significativo

de gestantes, evidenciando o processo de automedicação, que é perigoso principalmente

devido ao abandono do tratamento determinado pelo médico

Há necessidade de maiores esclarecimentos tanto às gestantes quanto à nocividade de

algumas plantas, no período gestacional, como também a população em geral sobre os riscos

advindos do seu uso e a forma mais adequada de fazê-lo, para uma utilização mais consciente

desse recurso.

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AGRADECIMENTO

Agradecemos as gestantes entrevistadas por partilharem dos seus conhecimentos, a

Prefeitura da Cidade do Recife, PE/BRASIL, especialmente as Unidades de Saúde da Família,

do IV Distrito Sanitário, pela disponibilização do campo de Estudos.

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na gravidez. Infarma 2007; 19 (1/2): 41-48.

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5. Conclusão

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5. CONCLUSÃO

Foi observada uma postura de risco quando mais da metade das gestantes disseram

que as plantas medicinais não trazem risco à saúde, pois nenhuma planta é isenta de

toxicidade. Verificou-se nas respostas, de 1/3 das gestantes entrevistadas, que o uso de plantas

não faz mal ao feto e de acordo a literatura, várias espécies medicinais podem provocar

efeitos tóxicos, abortivos, teratogênicos e mal-formação congênitas. Constatamos também que

ocorre troca da prescrição médica pela planta medicinal por um quantitativo significativo de

gestantes, evidenciando o processo de automedicação, que é perigoso principalmente devido

ao abandono do tratamento determinado pelo médico. A sabedoria de antepassados ainda está

presente na transmissão do conhecimento no meio familiar, principalmente de mãe para filha,

pois o repasse do conhecimento e a forma de adquirir a planta continuam sendo através da

família. Há necessidade de maiores esclarecimentos tanto às gestantes quanto à nocividade de

algumas plantas, no período gestacional, como também a população em geral sobre os riscos

advindos do seu uso e a forma mais adequada de fazê-lo, para uma utilização mais consciente

desse recurso.

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6. Considerações Finais

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em nosso estudo, verificamos que a grande parte das gestantes entrevistadas não possui

o conhecimento dos reais perigos aos quais podem estar submetidas quando fazem uso

indiscriminado de plantas medicinais durante a gravidez. Somente uma pequena parte

conseguiu identificar corretamente algum efeito tóxico decorrente do seu uso.

Devido aos efeitos adversos que medicamentos e plantas podem trazer a saúde materna

e fetal faz-se necessário e urgente uma divulgação de tal pesquisa junto a este público alvo.

Realizar palestras educativas dirigidas a gestantes e a população em geral sobre

substâncias de origem vegetal com maiores chances de serem nociva a saúde, tanto materna

quanto fetal.

Realizar parcerias entre a UFPE e a Prefeitura do Recife, inicialmente, para realização

de cursos de extensão sobre plantas medicinais aos profissionais da área de saúde das

unidades de atenção básicas.

Promoção de educação continua e sistemática aos profissionais da área de saúde para

poder ser um facilitador no processo desse conhecimento e participar ativamente nas

informações corretamente sobre os riscos do uso de plantas medicinais, principalmente

durante a gestação, visto que, o nosso estudo foi todo realizado dentro de uma unidade básica

de saúde do Sistema Único de Saúde, incluída no Programa Saúde da Família e que existe

neste sistema, desde 2006, uma Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares

(PNPIC) e uma política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos.

Apesar do grande uso de plantas medicinais por essa população, observa-se carência de

conhecimentos sobre os riscos advindos do seu uso e a forma mais adequada de fazê-lo, sendo

necessário fornecer informações para uma utilização mais consciente desse recurso.

O presente trabalho retornará para a comunidade pesquisada, tanto para os gestores de

saúde como para os profissionais da área que trabalham diretamente com a população em

geral.

Segue relato expresso de uma gestante pesquisada que exprime o cuidado que todos

deveriam ter ao utilizar as plantas medicinais:

“certas plantas, tem até um certo valor medicinal porém, tudo deve ser usado com

moderação e de preferência com uma orientação profissional”

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Referências

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OLIVEIRA, JR. Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais utilizadas por usuárias gestantes do IV Distrito Sanitário Recife – PE

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ANEXOS

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ANEXO A – Aprovação pelo Comitê de Ética em pesquisa com seres humanos

Andamento do projeto - CAAE - 4549.0.000.172-08

Título do Projeto de Pesquisa

ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR USUÁRIAS GESTANTES DO 4º DISTRITO SANITÁRIO DO RECIFE � PE

Situação Data Inicial no CEP

Data Final no CEP

Data Inicial na CONEP

Data Final na CONEP

Aprovado no CEP 04/12/2008 12:42:30

10/02/2009 12:03:46

Descrição Data Documento Nº do Doc Origem

1 - Envio da Folha de Rosto pela Internet

05/11/2008 12:43:58

Folha de Rosto

FR229029 Pesquisador

2 - Recebimento de Protocolo pelo CEP (Check-List)

04/12/2008 12:42:30

Folha de Rosto

4549.0.000.172-08

CEPV

3 - Protocolo Aprovado no CEP

10/02/2009 12:03:46

Folha de Rosto

397/08 CEP

Disponível em: http://portal2.saude.gov.br/sisnep/extrato_projeto.cfm?codigo=229029

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ANEXO B - Termo de Confidencialidade ou de Responsabilidade dos Pesquisadores

Eu, Jenifer Rodrigues de Oliveira, pesquisadora responsável e discente do

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Pernambuco e os outros pesquisadores, estaremos realizando a

pesquisa científica denominada “Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais

utilizadas por usuárias gestantes do 4º Distrito Sanitário do Recife – PE”.

Trata-se de uma pesquisa sobre a utilização de plantas medicinais por mulheres

no período gestacional com o objetivo de estudar as espécies mais citadas sob o ponto de vista

etnofarmacológico, fitoquímico e toxicológico.

Para a realização do estudo, todas as informações serão obtidas através de

entrevistas com as usuárias gestantes do Programa de Saúde da Família onde será aplicado um

formulário padronizado contendo 21 (vinte e uma) questões específicas (abertas e fechadas)

que permitirão coletar o conhecimento das usuárias sobre plantas medicinais. Não haverá

risco ou benefício direto, nem vantagens ou desvantagens diretas para o participante da

pesquisa.

O anonimato das entrevistadas será garantido e os dados obtidos serão utilizados para

seleção das espécies que serão submetidas a estudos toxicológicos, visando verificar os riscos

destas espécies para mulheres que fazem uso das mesmas no período gestacional, onde o

pesquisador se compromete a elaborar um relatório fundamentado que será encaminhado ao

IV Distrito Sanitário da cidade do Recife, como forma de divulgar os resultados obtidos e dar

um retorno à comunidade pesquisada.

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ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS LABOR ATÓRIO DE PRODUTOS NATURAIS - LAPRONAT

LABORATÓRIO DE PESQUISAS TOXICOLÓGICAS - LAPETOX

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa. Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) pelo telefone (081) 2126-8588, email [email protected]. INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA: Titulo da Pesquisa: “ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS POR USUÁRIAS GESTANTES DO 4º DISTRITO SANITÁRIO DO RECIFE - PE” Pesquisador Responsável: Jenifer Rodrigues de Oliveira Telefone para contato: (81) 86059337 / 88510107 / 34551957 / 21268511 R 31 Pesquisadores participantes (Orientadores): Elba Lúcia Cavalcanti Amorim, Arquimedes Fernandes Monteiro de Melo, Ulysses Paulino de Albuquerque. Instituição: Laboratório de Produtos Naturais e Laboratório de Pesquisas Toxicológicas do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPE Endereço: Avenida Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade Universitária – Recife/PE. Telefone para contato: 81 21268511 R 31 Local da Pesquisa: Unidades de Saúde da Família do IV Distrito Sanitário do Recife - PE Público Alvo: Usuárias Gestantes que freqüentam as unidades de saúde da família do 4º Distrito Sanitário do Recife/PE A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS: O motivo que nos leva a estudar mulheres que fazem uso de plantas medicinais no período gestacional é que neste período, exigem-se cuidados especiais, principalmente no primeiro trimestre de gestação. O uso sistêmico de algumas espécies de plantas medicinais é contra-indicado por possuírem efeitos potencialmente tóxicos, teratogênicos e abortivos. A pesquisa se justifica pela necessidade de esclarecer sobre os riscos do uso indiscriminado de espécies medicinais e assegurar qualidade, segurança e eficácia para o uso terapêutico de plantas medicinais especialmente por gestantes e lactantes, que constituem grupo populacional que culturalmente recorre ao uso de plantas medicinais. O objetivo desse projeto é analisar as espécies comumente utilizadas pelas usuárias gestantes das unidades de saúde da família que fazem uso da flora medicinal, através de estudo etnofarmacológico, fitoquímico e toxicológico. Os dados serão coletados através de entrevistas com usuárias gestantes que freqüentam as Unidades de Saúde da Família do 4º Distrito Sanitário de Recife, independentemente de sua posição social, onde será aplicado um formulário padronizado contendo 21 (vinte e uma) questões específicas (abertas e fechadas) que permitirão analisar o conhecimento sobre as plantas medicinais.

DESCONFORTOS, RISCOS, BENEFÍCIOS E PAGAMENTOS: Não haverá risco mínimo para você, as questões são objetivas e caso cause algum constrangimento você pode desistir de participar a qualquer momento. Ao participar desta pesquisa você não terá nenhum benefício direto, não terá nenhum tipo de despesa, bem como nada será pago por sua participação. Entretanto, este estudo se justifica por você fornecer informações importantes, de forma que o conhecimento que será construído a partir desta pesquisa possa permitir conhecer os efeitos tóxico, verificando os riscos e benefícios das principais espécies de plantas utilizadas por mulheres que fazem uso das mesmas no período

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gestacional, onde o pesquisador se compromete a elaborar um relatório fundamentado que será encaminhado ao IV Distrito Sanitário da cidade do Recife, como forma de divulgar os resultados obtidos e dar um retorno à comunidade pesquisada.

Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco – CEP-CCS/UFPE.

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, _______________________________________________________________, maior de

18 anos, RG nº ____________________, CPF nº ________________________, abaixo assinado,

concordo em participar, voluntariamente do “Estudo Etnofarmacológico de plantas medicinais

utilizadas por usuárias gestantes do 4º Distrito Sanitário do Recife – PE” como sujeito da

pesquisa. Fui devidamente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim e

esclarecido pelo pesquisador _____________________________________ sobre todos os aspectos

que envolvem o trabalho de pesquisa acima descrito, os propósitos do estudo, os procedimentos nela

envolvidos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Foi-me garantido que

posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade e que

não sofrerei nenhum tipo de sanção ou prejuízo, caso me recuse a participar, ou me decida a qualquer

momento, a desistir de participar. Declaro ainda, estar ciente de que minha participação é isenta de

despesas e os resultados serão utilizados e publicados, a critério exclusivo dos pesquisadores, desde

que preservada integralmente a identidade dos sujeitos participantes, nos termos do que dispões a

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Recife, _______ de __________________ de 2009.

_____________________________________________

Assinatura do Participante ou Responsável

_____________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

1. Testemunha 2. Testemunha

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ANEXO D – Formulário para Levantamento Etnofarmacológico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS LABORATÓRIO DE PRODUTOS NATURAIS - LAPRONAT

LABORATÓRIO DE PESQUISAS TOXICOLÓGICAS - LAPETOX

Roteiro de Entrevista para coleta de dados sobre o uso de plantas medicinais por usuárias gestantes do PSF do IV Distrito Sanitário

Local da Entrevista: Data: ____/____/___.

Hora de: Início: Término: Tempo Gasto:

1. Nome:__________________________________ Data de nascimento: ____/____/____

2. Estado Civil: ( ) Solteira ( ) Casada ( ) Separada

( ) Divorciada ( ) Viúva ( ) União Estável

3. Escolaridade: ( ) Analfabeta ( ) Nível fundamental 1 ( ) Nível fundamental II

( ) Nível Médio ( ) Nível Superior à ( )Completo ( )Incompleto

4. Profissão: ____________________

5. Faixa salarial: ( ) < 1 SM ( ) 1 a 2 SM ( ) 2 a 3 SM ( ) > 3

6. Quantas gestações você teve: ______

Nascidos Vivos_________ Natimorto______ Abortos ____________

7. Tipos de Parto: ( ) Normal ( ) Cesariano

8. Algum filho nasceu com problemas? ( ) Sim ( ) Não.

Qual o tipo? _________________________________________________________

9. Você conhece as plantas medicinais? ( ) Sim ( ) Não

10. Você utiliza alguma planta medicinal no seu cotidiano? ( )Sim ( ) Não ( ) As vezes

11. Cite algumas das plantas que você costuma usar, de que forma e para quê:

PLANTA DOENÇA POSOLOGIA PARTE PREPARO CONTRA-INDICAÇÃO

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12. Como conheceu as propriedades medicinais da(s) planta(s)?

( ) Através da TV ( ) Através de jornais escritos ( ) Através do rádio

( ) Através de revistas ( ) Através de um membro da família. Quem? __________

( ) Através de Amigos ( ) Outros: Quem: _________________________________

13. Como você ad quire ou adquiriu essas plantas medicinais?

( ) Família ( ) Amigos ( ) Profissional de Saúde ( ) Raízeiros

( ) Outros: ____________________________ Indicação: _______________________

14. Em que circunstâncias você as utiliza?

( ) quando o remédio não faz efeito ( ) parte integrante da alimentação

( ) quando não tem dinheiro para comprar o remédio da farmácia

( ) sempre utiliza quando acha necessário ( ) outros. Quais? _______________

15. Você a utiliza para outros fins, que não somente para o sintoma clínico?

( ) Sim ( ) Não. Quais? _________________________________________________

16. Você já substituiu, por conta própria, a receita do médico por uma planta medicinal?

( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes

17. Você acha que o uso de plantas pode trazer algum problema de saúde?

( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes

18. Você já teve alguma reação desagradável ao usar uma planta medicinal?

( ) Sim ( ) Não ( ) As vezes

Cite a planta e descreva a reação: ___________________________________________

______________________________________________________________________

19. Durante a gestação, você utiliza plantas medicinais: ( ) Sim ( ) Não

Quais e para quê? ______________________________________________________

______________________________________________________________________

20. Você sabe se essas plantas causam algum mal ao feto?

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______________________________________________________________________

21. Observações:

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