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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE
PLANTAS MEDICINAIS DA CAATINGA UTILIZADAS COMO
ANTIINFLAMATÓRIAS
DANIELLE DA CUNHA AMARAL LIMA
RECIFE/2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
ESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE
PLANTAS MEDICINAIS DA CAATINGA UTILIZADAS COMO
ANTIINFLAMATÓRIAS
DANIELLE DA CUNHA AMARAL LIMA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco
Profa. Dra. Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim (Orientadora)
Prof. Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque (Co-orientador)
RECIFE/2011
Lima, Danielle da Cunha Amaral
Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da caatinga utilizadas como antiinflamatórias / Danielle da Cunha Amaral Lima. – Recife: O Autor, 2011.
86 folhas: il., fig., gráf.; 30 cm.
Orientador: Elba Lúcia Cavalcanti de Amorim. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2011.
Inclui bibliografia e anexos.
1. Método. 2. FIC. 3. FRAP. 4.DPPH. I. Amorim, Elba Lúcia Cavalcanti de. II.Título.
UFPE 615.32 CDD (20.ed.) CCS2011-159
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Reitor
Amaro Henrique Pessoa
Vice- Reitor
Gilson Edmar Gonçalves e Silva
Diretor de Ciências da Saúde – CCS
José Thadeu Pinheiro
Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde – CCS
Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros
Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas
Dalci José Brondani
Vice-Chefe do Departamento de Ciências Farmacêuticas
Antônio Rodolfo de Faria
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêutica
Nereide Stela Santos Guimarães
Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas
Ana Cristina Lima Leite
Dedico este trabalho aos meus pais
Juarez e Silvia, minha irmã
Margarida e ao meu noivo Walter que
me apoiaram em todos os momentos,
sempre com muito carinho, e
compreenderam a minha ausência
nesse período.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelas oportunidades e pela força nos momentos mais difíceis.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêutica da Universidade Federal de
Pernambuco e ao corpo Docente pelo acesso à educação e informação, importantes para meu
crescimento profissional e pessoal.
À Profa. Elba Lúcia, Coordenadora do Laboratório de Produtos Naturais (LAPRONAT),
pela orientação sempre com paciência, carinho e amizade.
Ao Prof. Ulysses Paulino, Coordenador do Laboratório de Etnobiologia Aplicada (LEA),
pela co-orientação na construção deste trabalho.
À comunidade do Carão pelo acolhimento da população e informações concedidas.
Aos pesquisadores e amigos do LAPRONAT sempre dispostos a ajudar: Ariane, Clarissa,
Daniela Cabral, Daniela Sena, Elvis, Jenifer, Joabe, Tadeu, Thiago e Valérium.
Ao meu noivo, Walter, pela paciência nos momentos de angústia, pelo seu carinho e apoio.
À minha avó Terezinha Amaral, presente na fase final do mestrado, sempre descontraindo e
alegrando o ambiente.
Aos meus pais, Juarez e Silvia, e à minha irmã, Margarida, pela dedicação, amor e incentivo
em todos os momentos.
Muito obrigada!
“Comece fazendo o que é necessário,
depois o que é possível e de repente
você estará fazendo o impossível”
(São Francisco de Assis)
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO 11
2. REVISÃO DA LITERATURA 14
2.1 Aspectos Gerais da Pesquisa com Plantas Medicinais 15
2.2 Radicais Livres e Estresse Oxidativo 17
2.3 Radicais Livres e Processo Inflamatório 19
2.4 Metodologias Para Avaliação da Atividade Antioxidante 20
3. OBJETIVOS 22
3.1 Objetivo Geral 23
3.2 Objetivos Específicos 23
4. ARTIGO I: Estudo comparativo de três métodos usados para avaliar a
atividade antioxidante em plantas medicinais 24
5. ARTIGO II: Avaliação de atividade antioxidante de plantas medicinais da
Caatinga utilizadas como antiinflamatórias 45
6. CONCLUSÃO 70
REFERÊNCIAS 72
ANEXOS 83
Anexo 1: Estruturas químicas 84
Anexo 2: Gráficos 85
LISTA DE ABREVIATURAS
CE50 – Concentração 50% Efetiva
DPPH – 1,1-difenil-2-picrilhidrazina
EAA – Equivalente de Ácido Ascórbico
EDTA – Ácido Etilenodiaminotetracético
EROS – Espécies Reativas de Oxigênio
FIC – Quelante do Íon Ferro II
FRAP – Poder Antioxidante Redutor Ferro III
TPTZ – Tripiridiltriazina
RESUMO
Plantas com atividade antioxidante podem estar envolvidas no tratamento e/ou prevenção de diversas enfermidades, em especial as que envolvem processos inflamatórios. Foram selecionadas vinte espécies de plantas utilizadas para tratar inflamação pela comunidade de Carão, localizada em Altinho-PE, e dezenove espécies de forma aleatória. A coleta foi realizada na referida região no mês de setembro de 2009, de no mínimo 3 indivíduos de cada espécies, submetidas a extração por maceração com metanol 80% durante 6 dias e evaporado o solvente sob pressão reduzida. Buscando avaliar a correlação entre métodos utilizados para determinar a atividade antioxidante foram aplicados três: atividade sequestrante de radical livre DPPH (DPPH), ensaio da atividade quelante do íon ferroso (FIC) e poder antioxidante redutor férrico (FRAP). Avaliou-se também o poder antioxidante de espécies utilizadas para tratamento de inflamações comparadas às espécies selecionadas de forma aleatória. Observou-se que não houve correlação entre os métodos FIC e DPPH (rs = -0,3008 e p = 0,1975) e entre FIC e FRAP (rs = 0,3042 e p = 0,1921). Entretanto, foi possível observar correlação significativa entre FRAP e DPPH (rs = -0,9563 e p = < 0,0001). Através da análise de variância de Kruskal-Wallis os dois grupos de espécies estudadas foram estatisticamente iguais através dos métodos DPPH e FRAP e que as espécies aleatórias foram estatisticamente mais efetivas quando avaliado o poder quelante do íon ferroso. Contudo, quando utilizada a classificação de Melo et al (2010), observa-se que 45% das espécies antiinflamatórias apresentaram boa atividade seqüestradora de radicais livres comparadas às 36,84% das aleatórias. Conclui-se que os métodos utilizados avaliam a atividade antioxidante por meio de mecanismos distintos, não sendo recomendável o emprego de um único método para determinação da atividade antioxidante. Sendo o método DPPH mais indicado para avaliar a atividade antioxidante de espécies utilizadas para tratar inflamação. Dados sugerem que as espécies anttinflamatórias não agem quelando o íon ferroso, não sendo este método mais indicado para avaliação da atividade antioxidante de espécies antiinflamatórias, visto a quelação de metais de transição tem um papel secundário no mecanismo de inibição dos radicais livres.
Palavras chave: Métodos, FIC, FRAP, DPPH
ABSTRACT
Plants with antioxidant activity may be involved in the treatment or prevention of various diseases, especially those involving inflammation. It was selected twenty species of plants of the Carão community, located in Altinho-PE, used to treat inflammation and nineteen species randomly. The collection was done in that region in September 2009, from, at least, three individuals of each species, subjected to extraction by maceration with 80% methanol for 6 days and the solvent evaporated under reduced pressure. Trying to evaluate the correlation between the methods used to determine the antioxidant activity were applied three: DPPH free radical scavenging activity (DPPH) assay the ferrous ion chelating activity (FIC) and ferric reducing antioxidant power (FRAP). We also compared the antioxidant power of species used for treatment of inflammation to randomly selected species. It was observed that there was no correlation between FIC and DPPH methods (rs = -0,3008; p = 0,1975) and between FIC and FRAP (rs = 0,3042; p = 0,1921). However, we observed a significant correlation between FRAP and DPPH (rs = -0,9563; p = <0,0001). Through the analysis of variance Kruskal-Wallis the two groups of species were statistically indistinguishable by the methods DPPH and FRAP and that the random species were statistically more effective when used the ferrous ion chelating power. However, when used the classification of Melo et al (2010), notes that 45% of anti-inflammatory species showed good free radical scavenging activity compared to 36,84% of random. We conclude that the methods used to evaluate antioxidant activity through distinct mechanisms and is not recommended to use a single method for determination of antioxidant activity. Being the DPPH method the best to evaluate the antioxidant activity of species used to treat inflammation. Data suggest that the species do not act as anti-inflammatory chelating the ferrous ion, which is not the best method to evaluate the antioxidant activity of anti-inflammatory species, since the chelation of transition metals have a secondary role in the mechanism of inhibition of free radicals. Key words: Methods, FIC, FRAP, DPPH
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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1. Introdução
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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1. INTRODUÇÃO
A natureza, de modo geral, é a responsável pela produção da maioria das substâncias
orgânicas conhecidas, e o reino vegetal, pela maior parcela de diversidade química
registrada na literatura científica (Montanari & Bolzani, 2001). A utilização de plantas
como fonte de medicamentos para o tratamento das enfermidades que acometem a
espécie humana, remota à idade antiga. Além disso, devido ao elevado custo de muitos
medicamentos, a população de muitos países pobres e em desenvolvimento, que não
tem acesso á medicina moderna, tem se utilizado dos produtos naturais para o
tratamento de suas enfermidades. De acordo com dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS), cerca de 70 a 95% da população dos países em desenvolvimento
recorrem à medicina tradicional para cuidados primários de saúde (Robinson & Zhang,
2011).
Muitas estratégias podem ser consideradas para investigação das atividades
biológicas das plantas medicinais. Entre elas, a abordagem etnodirigida que consiste em
combinar informações adquiridas junto às comunidades locais, ou pessoas experientes,
que fazem uso da flora medicinal com estudos realizados em laboratórios especializados
(Elisabetsky, 1987).
Durante a atividade metabólica, normalmente ocorre produção de radicais livres
que quando reagem com DNA, RNA, proteínas e outras substâncias oxidáveis
promovem danos que podem contribuir para o envelhecimento e o desenvolvimento de
doenças inflamatórias e degenerativas, como câncer, aterosclerose, artrite reumatóide,
entre outras. (Melo et al., 2006). Para prevenir tais danos, existem endogenamente
mecanismos antioxidantes (Kviecinski, 2007). Entretanto, algumas vezes, os
mecanismos endógenos não são suficientes para prevenir a instalação de algumas
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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enfermidades, sendo necessária a intervenção, com o uso, por exemplo, de plantas com
atividade antioxidante, geralmente, ricas em compostos fenólicos (Ammar et al., 2009).
Uma vez que o processo inflamatório está intimamente relacionado com a
presença e geração de radicais livres, se torna necessária a avaliação de atividade
antioxidante de produtos naturais utilizados com fins antiinflamatórios. Entretanto, a
atividade antioxidante pode ocorrer através de diferentes mecanismos. Devido a este
fato, não existe uma metodologia padrão para avaliação de tal atividade, sendo
necessária a análise por diferentes métodos que envolvem fundamentos distintos
(Kviecinski, 2007). Além disso, torna-se interessante, também, avaliar atividade
antioxidante de espécies sem indicação antiinflamatória para evitar interpretações
equivocadas e generalizações.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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2. Revisão da Literatura
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aspectos Gerais da Pesquisa com Plantas Medicinais
A utilização de plantas no tratamento de diversas enfermidades é uma prática
que foi bastante usada no passado, principalmente em épocas de inexistência de
produtos farmacêuticos avançados. O uso de produtos naturais com propriedades
terapêuticas é tão antigo quanto a civilização humana e, por um longo tempo, produtos
minerais, de plantas e animais foram as principais fontes de drogas (Rates, 2001).
Durante um período, os produtos ditos de origem sintética passaram a assumir o
mercado dos medicamentos, entretanto, atualmente, os medicamentos de origem
naturais voltaram a ter seu espaço no mercado, o que pode ser observado com a nova lei
que regulamenta a comercialização de tais medicamentos, assim como a disponibilidade
dos mesmos no Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2006).
No Brasil, estima-se que 25% dos US$ 8 bilhões do faturamento da indústria
farmacêutica, no ano de 1996, foram originados de medicamentos derivados de espécies
vegetais. Considera-se também que as vendas neste setor crescem 10% ao ano, com
estimativa de terem alcançado a cifra de US$ 550 milhões no ano de 2001. Estados
Unidos e Alemanha estão entre os maiores consumidores dos produtos naturais
brasileiros. Entre 1994 e 1998, importaram, respectivamente, 1.521 e 1.466 toneladas de
plantas que seguem para esses países sob o rótulo genérico de “material vegetal do
Brasil”, de acordo com o IBAMA (Brasil, 2006). Embora possua a maior diversidade
vegetal do mundo, com cerca de 60.000 espécies vegetais superiores catalogadas, no
Brasil, apenas 8% foram estudadas para pesquisas de compostos bioativos e 1.100
espécies foram avaliadas em suas propriedades medicinais (Brasil, 2006). Portanto, o
Brasil é detentor de um alto potencial econômico pouco utilizado. Mais especificamente
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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no nordeste, é possível observar a presença de várias comunidades étnicas, possuindo
cada uma delas características e cultura próprias. Devido a isto, etnobotânicos têm
trabalhado com esses grupos, assim como, com comunidades rurais que também fazem
uso de tais recursos naturais. Nesse contexto, é extremamente importante conhecer
como tal recurso é utilizado pela população local (Albuquerque et al., 2007).
Durante muito tempo, a região do nordeste brasileiro, por apresentar grande
parte de sua extensão formada por vegetação seca, Caatinga, foi pouco estudada.
Entretanto, atualmente a situação modificou, tornando-se um alvo de pesquisas com
intuito de avaliar os usos terapêuticos das plantas utilizadas por comunidades locais.
(Desmarchelier et al., 1999; Desmarclekier & Barros, 2003; Viana et al., 2003; Araújo
et al., 2008). Tais pesquisas têm desmistificado a idéia de improdutividade deste
domínio, revelando uma imensa variedade de plantas usadas com finalidade medicinal e
também mágico-religiosa (Albuquerque & Andrade, 2002; Silva & Andrade, 2005;
Almeida et al., 2006; Albuquerque & Oliveira, 2007; Agra et al., 2007; Albuquerque et
al., 2007; Alviano et al., 2008). Contudo, as mesmas ainda são escassas, se comparadas
à grande diversidade cultural e biológica desta região (Albuquerque et al., 2007).
Atualmente, desde a publicação de trabalhos a partir de 1990, vem sendo
constatado o valor de estudos etnodirigidos na investigação de compostos químicos de
plantas com potencial atividade farmacológica, baseado no conhecimento acumulado de
uma determinada cultura para cura de suas doenças (Albuquerque & Hanazaki, 2006). A
partir de então, a principal estratégia das grandes companhias farmacêuticas é incentivar
pesquisas com o intuito de descobrir novas drogas a partir de produtos naturais
utilizados em comunidades tradicionais, estratégia que no Brasil, ainda é relativamente
recente (Reis et al., 2004; Seidl, 2001). Tais estudos têm crescido na área relativa à
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descoberta de plantas com atividade antioxidante, uma vez que tal processo está
intimamente relacionado com diversas enfermidades (Kviecinski, 2007).
2.2 Radicais Livres e Estresse Oxidativo
O oxigênio molecular é essencial à vida dos organismos aeróbios, sendo que sua
função predominante nos eucariontes é de servir como último aceptor de elétrons na
respiração mitocondrial, quando é finalmente reduzido à água durante o complexo
processo de fosforilação oxidativa. A redução completa do oxigênio à água requer
quatro elétrons, e esta redução produz sequencialmente três produtos de redução: o
ânion superóxido (O2·-), o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (HO·), os
quais conjuntamente são denominados de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs).
Sendo o radical hidroxila um dos mais reativos e que, juntamente com o ânion
superóxido, são caracterizados como os radicais livres de oxigênio (Kviecinski, 2007).
Embora o H2O2 não seja um radical livre, o mesmo também é um produto reativo e, via
reação de Haber-Weiss (equação 1) ou reação de Fenton (equação 2), pode servir como
um importante precursor de HO· (Kviecinski, 2007).
Fe2+ + H2O2 Fe3+ + HO· + HO- (1)
O2·- + H2O2 O2 + HO· + HO- (2)
As EROs podem reagir com biomoléculas tais como proteínas, lipídeos, ácidos
nucléicos e carboidratos, sendo capazes de provocar danos oxidativos nestas estruturas.
Portanto, os antioxidantes são definidos como qualquer substância que, presente em
baixas concentrações, atrasa ou inibe a oxidação do substrato oxidável (Al-mamary et
al., 2002; Moreira et al., 2002; Chanwitheesuk et al., 2005; Wu et al., 2005), além de
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prevenirem ou repararem danos ocasionados às células pelas espécies reativas de
oxigênio (Chanwitheesuk et al., 2005).
Por este motivo, nos sistemas vivos existe uma variedade de defesas
antioxidantes, enzimáticas e não enzimáticas, que controlam a formação excessiva das
Espécies Reativas. Dentre as defesas enzimáticas, encontram-se as enzimas superóxido
dismutase (SOD) e catalase (CAT), enquanto que compostos como glutationa reduzida
(GSH) e ascorbato (ASC), fazem parte do sistema de defesa não enzimático celular
(Kviecinski, 2007).
Contudo, quando há uma produção excessiva de EROs e/ou uma diminuição das
defesas antioxidantes, pode ocorrer comprometimento do balanço redox, e assim, o
organismo pode estar submetido a um processo denominado de estresse oxidativo com
consequente dano tecidual (Kviecinski, 2007). Estudos mostraram que as EROs podem
estar intimamente envolvidas na patogênese de processos inflamatórios e de
envelhecimento e muitos outros processos degenerativos como o câncer, aterosclerose,
doenças neurodegenerativas, cataratas, entre outros (Kviecinski, 2007).
Como já citado anteriormente, os organismos possuem um sistema antioxidante
de proteção contra as EROs. Produtos naturais com atividade antioxidante são também
importantes para atenuar o dano oxidativo, desta maneira complementando tais defesas
naturais. Portanto, há um interesse crescente pelos efeitos antioxidantes de produtos de
origem natural e do seu papel na saúde e na enfermidade. Neste contexto, as
propriedades antioxidantes dos compostos polifenólicos das plantas foram sugeridas
como efetoras de um papel importante na manutenção da saúde humana e na prevenção
de várias doenças (Kviecinski, 2007).
Recentes pesquisas revelam que vários taninos atuam como captadores de
radicais, os quais interceptam o oxigênio ativo formando radicais estáveis. Alem disso,
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
19
estudos sugerem que os taninos parecem ter duplo efeito, por um lado, são benéficos a
saúde devido a seu efeito quimiopreventivo contra carcinogênese ou atividades
antimicrobianas, por outro lado, estão envolvidos possivelmente na formação de
cânceres, hepatotoxicidade ou efeitos antinutricionais. Outras pesquisas sugerem que
alguns flavonóides são responsáveis por ação antitumoral considerável, podendo agir
como antivirais, anti-hemorrágicos, hormonais, antiinflamatórios, antimicrobianos e
antioxidantes (Mello & Santos, 2001).
2.3 Radicais Livres e Processo Inflamatório
A presença de radicais livres tem sido correlacionada com diversas
enfermidades, indicando que estas espécies não têm papel etiológico na maioria dos
estados patológicos, mas que participam diretamente dos mecanismos fisiopatológicos
que determinam a continuidade e as complicações presentes nestes processos
(Gutteridge, 1993). O aumento na produção de radicais livres pode ocorrer devido à
hiperóxia e à exposição à certos componentes químicos, à radiação ou à inflamação
tecidual local, resultando em estresse oxidativo, caracterizado por um desequilíbrio
entre oxidantes e antioxidantes, no qual ocorre predominância de radicais livres (El-
habit et al., 2000).
Os maiores produtores de Espécies Reativas de Oxigênio no tecido inflamatório
são os leucócitos, os quais tornam-se ativados e aderem-se à superfície das células
endoteliais. A NAPH oxidase de leucócitos polimorfonucleares, contém citocromo b245
que catalisa a redução monovalente de O2 para formar O2·-. Outras células inflamatórias,
como linfócitos e macrófagos, também possuem NADPH oxidase na membrana,
portanto a cascata do ácido araquidônico que gera prostaglandinas e leucotrienos,
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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também favorece a geração de EROs no processo de síntese de eicosanóides
(Kviecinski, 2007).
O íon ferro II geralmente não está presente em condições fisiológicas (in vivo) e
não se acreditava que esse íon pudesse ser disponibilizado em concentrações suficientes
para catalisar a formação de O2·- em condições normais. Entretanto, com medidas
químicas sensíveis, foi possível detectar concentrações importantes de ferro reduzido no
líquido sinovial de animais com processos inflamatórios induzidos o que poderia
catalisar a reação de Fenton e gerar grandes quantidade de EROs (Kviecinski, 2007).
Vários fármacos antiinflamatórios têm mostrado um mecanismo antioxidante
como parte de sua atividade biológica, tais como nimesulida, aminosalicilatos, entre
outros. Então, o estudo da atividade e do mecanismo antioxidante dos extratos naturais
utilizados na medicina tradicional com finalidade antiinflamatória se tornou igualmente
interessante (Kviecinski, 2007).
2.4 Metodologias para Avaliação da Atividade Antioxidante
Devido à enorme diversidade química existente, vários ensaios vêm sendo
desenvolvidos para avaliar a capacidade antioxidante de diferentes amostras (Melo et
al., 2006). Entretanto, apesar da diversidade de métodos para avaliar a atividade
antioxidante, ainda não existe um procedimento metodológico universal (Duarte-
Almeida et al., 2006; Pratt & Birac, 1979). Este fato impõe a necessidade de avaliar a
capacidade antioxidante por diferentes ensaios, com mecanismo de ação diferente. A
diferença de tais atividades antioxidantes pode ser observada quando comparado o
fundamento da metodologia do DPPH com o ensaio da atividade quelante do íon ferro
II (FIC) e FRAP.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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O radical livre 1,1-difenil-2-picrilhidrazina (DPPH) (Anexo 1) é um cromóforo
muito estável, com um pico de absorção no comprimento de onda de 517 nm, em meio
metanólico, apresentando solução de coloração violeta intensa (Blois, 1958; Arnao et
al., 2000). Ao passo que o DPPH sofre redução pelos componentes existentes na
solução teste, observa-se mudança da coloração da solução original de violeta intensa
para amarela, e o grau deste descoramento indica a habilidade do antioxidante em
seqüestrar o radical livre (Soler-Rivas et al., 2000; Blois, 1958).
Na atividade quelante do íon ferro II, a ferrozina (Anexo 1), um reagente
cromogênico, torna a solução rósea de acordo com a quantidade de ferro disponível em
solução. Assim, quanto maior a quelação de íon na amostra, menor o número de íons
disponíveis para a reação com a ferrozina e menor será a absorbância. Portanto, os
antioxidantes contribuem para a quelação de metais de transição, que em excesso
podem levar a peroxidação lipídica, com conseqüente lesão às membranas plasmáticas e
à oxidação do DNA. O ferro II em solução, mesmo em concentração muito baixa, induz
a geração de radicais hidroxilas, através da reação de Fenton, causando injúria ou morte
celular (Santos et al., 2007).
O método FRAP (poder antioxidante redutor do íon Fe3+) é baseado na habilidade
dos antioxidantes em reduzir o íon ferro III a ferro II na presença de tripiridiltriazina
(TPTZ) (Anexo 1) formando complexo azul ferro II - TPTZ com uma absorção máxima
a 593 nm. O aumento na absorbância é proporcional ao conteúdo antioxidante,
provocando uma mudança na coloração de verde para azul escuro. Neste método é
avaliada a capacidade da amostra em agir como redutor, antioxidante (Stratil et al.,
2006).
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
22
3. Objetivos
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
23
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Avaliar a atividade antioxidante, por diferentes métodos, de plantas da caatinga
utilizadas como antiinflamatórias na medicina popular.
3.2 Objetivos Específicos
3.2.1 Verificar a existência de correlação entre os métodos utilizados para análise
da atividade antioxidante: sequestrante de radical livre DPPH, quelante do íon
Fe2+ e poder redutor do íon Fe3+;
3.2.2 Verificar a correlação entre as atividades antioxidante e antiinflamatória de
plantas da caatinga.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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4. Artigo I:
Estudo comparativo de três métodos
usados para avaliar a atividade
antioxidante em plantas medicinais
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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4. ARTIGO I:
Artigo I submetido a:
Revista: Revista Brasileira de Farmacognosia
Autores: Lima, D.C.A.; Sena, D.D.S.; Araújo, T. A. S.; Albuquerque, U. P.; Amorim,
E. L.
Título: Estudo comparativo de três métodos usados para avaliar a atividade
antioxidante em plantas medicinais
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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Estudo comparativo de três métodos usados para avaliar a atividade
antioxidante em plantas medicinais
Danielle C. A. Lima 1*, Daniela Dayne S. Sena 1, Thiago Antônio S. Araújo 2, Ulysses
Paulino de Albuquerque 2, Elba Lúcia C. Amorim 1
1 Laboratório de Produtos Naturais (LAPRONAT), Departamento de Ciências
Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, Brasil.
2 Laboratório de Etnobotânica Aplicada (LEA), Área de Botânica, Departamento de
Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Brasil.
* Avenida Arthur Sá, s/n, Recife, Pernambuco, Brasil.
RESUMO
Plantas com atividade antioxidante podem estar envolvidas no tratamento e/ou
prevenção de diversas enfermidades, em especial as que envolvem processos
inflamatórios. Como o estresse oxidativo envolve vários mecanismos de ação, os
métodos para avaliação da atividade antioxidante são bastante variados. Buscando
avaliar a correlação entre métodos, foram analisadas as atividades antioxidantes de
plantas reportadas como medicinais por meio de três métodos: atividade sequestrante de
radical livre DPPH (DPPH), ensaio da atividade quelante do íon ferro II (FIC) e poder
antioxidante redutor íon ferro III (FRAP).
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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Não houve correlação entre os métodos FIC e DPPH (rs = -0,3008 e p = 0,1975) e entre
FIC e FRAP (rs = 0,3042 e p = 0,1921). Entretanto, foi possível observar correlação
significativa entre FRAP e DPPH (rs = -0,9563 e p = < 0,0001). Conclui-se que os
métodos utilizados avaliam a atividade antioxidante por meio de mecanismos distintos,
não sendo recomendável o emprego de um único método para determinação da desta
antioxidante.
Palavras-chave: DPPH, FIC, FRAP, Plantas caatinga.
ABSTRACT
Plants with antioxidant activity may be involved in the treatment or prevention of
various diseases, especially those involving inflammation. As oxidative stress involves
multiple mechanisms of action, methods for evaluation of antioxidant activity are quite
varied. It was analyzed the antioxidant activity of plants reported as medicinal by three
methods: scavenging activity of DPPH free radical (DPPH) assay the activity of ferrous
ion chelating (FIC) and ferric reducing antioxidant power (FRAP ). There was no
correlation between FIC and DPPH methods (rs = -0.3008 and p = 0.1975) and between
FIC and FRAP (rs = 0.3042 and p = 0.1921). However, it was observed a significant
correlation between FRAP and DPPH (rs = -0.9563, p = <0.0001). It concludes that the
methods used evaluate the antioxidant activity through distinct mechanisms and is not
recommended the use of a single method in these types of study.
Keywords: DPPH, FIC, FRAP, Caatinga plants
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
28
1. Introdução
Um dos principais produtores de agentes oxidantes é o processo de respiração
celular, o qual produz normalmente três produtos: o ânion superóxido (O2·-), o peróxido
de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (HO·), os quais conjuntamente são
denominados de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), sendo o radical hidroxila um
dos mais reativos e que, juntamente com o ânion superóxido, são caracterizados como
os radicais livres de oxigênio (Kviecinski, 2007). Embora o H2O2 não seja um radical
livre, o mesmo também é um produto reativo e, via reação de Haber-Weiss (equação 1)
ou reação de Fenton (equação 2), pode servir como um importante precursor de HO·
(Kviecinski, 2007).
Fe2+ + H2O2 Fe3+ + HO· + HO- (1)
O2·- + H2O2 O2 + HO· + HO- (2)
As EROs podem reagir com biomoléculas tais como proteínas, lipídeos, ácidos
nucléicos e carboidratos, sendo capazes de provocar danos oxidativos nestas estruturas.
Portanto, os antioxidantes podem ser definidos como qualquer substância que, presente
em baixas concentrações, quando comparada a um substrato oxidável, atrasa ou inibe a
oxidação desse substrato de maneira eficaz, ou seja, retardam ou previnem
significativamente a oxidação de moléculas ao inibirem a iniciação ou a propagação da
reação de oxidação em cadeia (Al-mamary et al., 2002; Moreira et al., 2002;
Chanwitheesuk et al., 2005; Wu et al., 2005), além de prevenirem ou repararem danos
ocasionados às células pelas espécies reativas de oxigênio (Chanwitheesuk et al., 2005).
Nos sistemas vivos existe uma variedade de defesas antioxidantes, enzimáticas
e não enzimáticas, que controlam a formação excessiva das Espécies Reativas (Alscher
et al., 2002). Contudo, quando há uma produção excessiva de EROs e/ou uma
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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diminuição das defesas antioxidantes, pode ocorrer comprometimento do balanço redox,
e assim, o organismo pode estar submetido a um processo denominado de estresse
oxidativo com conseqüente dano tecidual (Kviecinski, 2007). Estudos mostraram que as
EROs podem estar intimamente envolvidas na patogênese de processos inflamatórios,
como na artrite crônica, assim como podem desempenhar um importante papel de
sinalização celular em baixas concentrações, no processo de envelhecimento e muitos
outros processos degenerativos como o câncer, aterosclerose, doenças
neurodegenerativas, catarata, entre outros (Kviecinski, 2007).
Devido à enorme diversidade química existente, particularmente, entre os
compostos fenólicos, vários ensaios vêm sendo desenvolvidos para avaliar a capacidade
antioxidante de diferentes amostras vegetais (Melo et al., 2006), ainda não existe um
procedimento universal (Duarte-Almeida et al., 2006; Pratt & Birac, 1979), sendo
necessária a aplicação de métodos que se baseiam em diferentes mecanismos. Neste
contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar, por meio de três métodos distintos, a
atividade antioxidante de plantas medicinais da caatinga e verificar a correlação entre
esses métodos.
2. Materiais e métodos
2.1 Seleções das plantas, coleta e extração
A seleção foi baseada em levantamento Etnobotânico realizado pelo Laboratório
de Etnobotânica Aplicada na comunidade de Carão, município de Altinho/PE, nordeste
do Brasil (Araújo et al., 2008; Alencar et al., 2009; 2010). Selecionou-se de forma
aleatória vinte plantas, tanto nativas quanto exóticas, com uso popular para tratamento
de inflamação, devido à relação cientificamente conhecida entre atividade
antiinflamatória e antioxidante (Kviecinski, 2007; Gutteridge, 1993) (Tabela 1).
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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TABELA 1 - Plantas utilizadas popularmente como antiinflamatórias no município de
Altinho/PE, Nordeste do Brasil.
Nome científico Família Nome popular Parte usada
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Fabaceae Angico Casca
Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae Pega-pinto Raiz
Aspidosperma dispermum Müll.Arg. Apocynaceae Catingueira Casca
Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. Fabaceae Jucá Casca
Cedrela odorata L. Meliaceae Cedro Casca
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.
Gillett
Burseraceae Imburana Casca
Crateva tapia L. Capparaceae Trapiá Casca
Croton blanchetianus Baill. Euphorbiaceae Marmeleiro Casca
Erythrina velutina Willd . Fabaceae Mulungu Casca
Guapira laxa (Netto) Furlan. Nyctaginaceae Piranha Casca
Hyptis suaveolens Poit. Lamiaceae Alfazema Folha
Leonotis nepetifolia (L.) R.Br. Lamiaceae Cordão-de-frade Folha
Maranta divaricata Roscoe Marantaceae Cana-de-macaco Caule
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Fabaceae Jurema-preta-lisa Casca
Momordica charantia L. Cucurbitaceae Melão-de-são-
caetano
Rama
Myracrodruon urundeuva Allemão Anacardiaceae Aroeira Casca
Rhamnidium molle Reissek Rhamnaceae Sassafráz Casca
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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Schinopsis brasiliensis Engl. Anacardiaceae Baraúna Casca
Senna occidentalis (L.) Link Fabaceae Manjiroba Casca
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &
Hook.f. ex S.Moore
Bignoniaceae Caibeira Casca
As partes das plantas selecionadas foram as que obtiveram maior porcentagem
de citação entre os moradores da região, para tratar doenças e sintomas relacionados a
processos inflamatórios.
As coletas foram realizadas em setembro de 2009 de, no mínimo, três
indivíduos, com base nas partes indicadas popularmente (Araújo et al., 2008), secas a
temperatura ambiente, trituradas, submetidas à extração por maceração com metanol a
80% (v/v) durante seis dias ao abrigo da luz e então, evaporado o solvente sob pressão
reduzida para ser obtido o extrato seco.
2.2 Atividade sequestrante de radicais livres (DDPH)
Os métodos mais comumente utilizados para se determinar a atividade
antioxidante de modo prático, rápido e sensível são as que envolvem um radical
cromóforo, simulando as espécies reativas de oxigênio (EROs), sendo o radical livre
DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazina) um dos mais utilizados (Melo et al., 2006; Arnao
et al., 2000).
A atividade antioxidante foi analisada pela capacidade das substâncias presentes
nas amostras captarem o radical livre DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil). Para a
avaliação da atividade captadora do radical livre DPPH, alíquotas dos extratos das
amostras vegetais foram diluídas em metanol PA, obtendo-se as concentrações de 25.0,
50.0, 100.0, 150.0, 200.0 e 250.0 µg/mL. A 0,5 mL de cada amostra foi acrescentado 3
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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mL de solução metanólica do radical livre DPPH 40 µM/mL. Após 30 minutos de
incubação à temperatura ambiente, ao abrigo da luz, foi realizada a leitura da
absorbância a 517 nm. O mesmo procedimento foi realizado para determinação da CE50
do padrão, ácido ascórbico, nas concentrações 5.0, 10.0, 15.0, 20.0, 25.0, 30.0, 40.0 e 50
µg/mL (Sousa et al., 2004).
Construiu-se uma curva de calibração do DPPH para calcular a porcentagem de
DPPH remanescente e a CE50, concentração da amostra ou padrão que causa 50% de
inibição da concentração inicial de DPPH (Sousa et al., 2004).
Para construção da curva de calibração do DPPH foram preparadas soluções
metanólicas com 9 pontos de concentrações entre 1 a 40 µg/mL. A absorbância foi
medida a 517 nm, em cubetas de vidro, tendo como branco metanol. A partir da equação
da curva de calibração e dos valores de absorbância após 30 min para cada concentração
testada, foram determinados os percentuais de DPPH remanescentes (% DPPHREM),
conforme a equação 3:
% DPPHREM = [DPPH] T=t /[DPPH] T=0 x100 (3)
Onde: [DPPH]T=t corresponde à concentração de DPPH no meio após a reação com o
extrato ou controle e [DPPH]T=0 é a concentração inicial de DPPH (40 µg/mL).
Para determinação da concentração eficiente, CE50, foi utilizado o programa
Excel for Windows 2003 e construída uma curva exponencial da concentração do
padrão ou das amostras versus porcentagem de DPPH remanescente.
2.3 Atividade quelante do íon ferro II (FIC)
A presença de metais de transição no sistema biológico pode catalisar reações de
Haber-Weiss e de Fenton, resultando na geração de radicais hidroxilas. Entretanto, os
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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antioxidantes podem quelar com esses metais de transição, resultando na supressão da
geração de HO-, e inibição do processo de peroxidação de moléculas biológicas. Íon
ferro II é aplicado como íon metálico de transição no ensaio de FIC (Chew et al., 2009).
A metodologia utilizada foi adaptada de Chew (2009) e Santos (2007).
Inicialmente, pesou-se, em triplicata, 250 mg da amostra e diluiu-se para um volume
final de 50 mL, com metanol 75% (v/v), formando uma solução de 5 mg/mL. A partir
desta solução, prepararam-se soluções nas seguintes concentrações, em duplicata: 0,25,
0,5, 1, 2, 3, 4 e 5 mg/mL. Adicionou-se 1 mL de sulfato ferroso (FeSO4) a 0,1 mM a
várias diluições dos extratos (1mL; 0,25-5.0 mg/mL), seguida de ferrozina (1 mL) a
0,25 mM. A mistura reacional foi deixada na bancada por 10 min antes da absorbância
ser mensurada a 562 nm. Para cada ponto foi realizado o branco com 1 mL de cada
concentração e 2 mL de metanol 75% (v/v).
O mesmo procedimento foi realizado para o EDTA (padrão) nas concentrações
de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 40 e 50 µg/mL. O controle, formado por 1 mL de cada reagente
(metanol 75% (v/v), sulfato ferroso e ferrozina), também foi realizado em triplicata.
Para cada concentração foi calculada a porcentagem da amostra capaz de quelar
o íon ferro II, conforme a equação 4:
% Atividade Quelante: Acontrole – (A - Ab) / Acontrole x 100 (4)
Onde Acontrole corresponde à média das absorbâncias do controle, A é a absorbância da
amostra em análise e Ab, a absorbância apenas da solução na referida concentração
(branco).
Com a concentração no eixo das abscissas e a porcentagem da atividade quelante
nas coordenadas, elaborou-se um gráfico, com auxílio do programa Microsoft Excel
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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2003, obtendo uma curva de característica logarítmica. A partir da equação gerada,
determinou-se a CE50.
2.3 Poder antioxidante redutor do íon ferro III (FRAP)
Este método avalia a capacidade da amostra em reduzir o íon Fe3+ a íon Fe2+
(Stratil et al., 2006).
O método foi adaptado de Stratil (2006) e Vazquez (2008). As amostras foram
pesadas em triplicata e diluídas em água destilada para uma concentração final de 0,5
mg/mL. No momento da análise, preparou-se a solução reagente FRAP, formado pela
adição de solução de TPTZ 10 mmol/L em HCl 40 mmol/L com FeCl3 · 6H2O 20
mmol/L e tampão acetato 300 mmol/L, para manter o pH em 3,6, na proporção 1:1:10.
Adicionou-se 3 mL do reagente FRAP, recém-preparado, a 0,1 mL da triplicata
de cada espécie, observando uma mudança de coloração imediata de verde para azul,
dependendo da atividade. Quanto mais escuro o azul maior será a absorbância e a
atividade antioxidante. Após 5 minutos a leitura foi realizada no espectrofotômetro no
comprimento de onda de 593 nm.
O padrão utilizado foi o ácido gálico na concentração 0,55 mM. O branco de
cada espécie foi realizado adicionando-se 0,1 mL de água destilada mais 3mL do
reagente FRAP.
A partir das leituras de absorbância do ácido ascórbico nas concentrações de 0,1
a 0,6 mM, construiu-se um gráfico concentração (mM) x absorbância, com auxílio do
Microsoft Excel 2003, originando uma equação da reta a qual foi utilizada para
determinar a concentração equivalente em ácido ascórbico de cada espécie e
consequentemente a atividade em equivalente de ácido ascórbico (EAA) em mmol/g.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
35
2.4 Análise estatística
A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de D’ Agostino-Pearson e a
relação entre os três métodos foi avaliada pela análise de correlação de Spearman com
auxílio do programa BioStat 5.0.
3. Resultados
Observou-se uma relação concentração dependente entre os métodos que
avaliam o potencial sequestrante de radicais livres e a atividade quelante (Tabela 2). Os
padrões ácido ascórbico (DPPH) e EDTA (FIC) apresentaram, respectivamente, CE50 de
21,074 µg/mL ± 2,72 e 9,776 µg/mL ± 0,24. Já o padrão ácido gálico para o método
FRAP apresentou atividade equivalente em ácido ascórbico de 5,6, isto é: 1 g do ácido
gálico equivale a 5,6 mmol de ácido ascórbico. Algumas plantas, como Aspidosperma
dispermum, Myracrodruon urundeuva, Schnopsis brasiliensis apresentaram melhor
atividade seqüestradora do radical livre DPPH do que o padrão utilizado. Entretanto,
para os métodos FIC e FRAP, os padrões utilizados tiveram resultados mais expressivos
do que todos os extratos metanólicos testados, sendo, então, o EDTA melhor quelante e
o ácido gálico melhor redutor do íon Fe2+ quando comparados às espécies analisadas.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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TABELA 2 – Atividade antioxidante de plantas da caatinga usadas popularmente como
antiinflamatórias
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
PLANTAS DPPH (CE50 em
µg/mL)
FIC (CE50 em
mg/mL)
FRAP (EAA
em mmol/g)
Anadenanthera colubrina (Vell.)
Brenan 23,72 ± 0,63 2,03 ± 0,14 1,14 ± 0,007
Boerhavia diffusa L. 418,20 ± 10,01 0,30 ± 0,030 0,15 ± 0,09
Aspidosperma dispermum Müll.Arg. 15,12 ± 2,30 3,42 ± 0,36 1,12 ± 0,006
Caesalpinia férrea Mart. Ex Tul. 34,81 ± 1,19 5,62 ± 0,68 1,08 ± 0,03
Cedrela odorata L. 36,54 ± 1,72 0,18 ± 0,03 0,82 ± 0,02
Commiphora leptophloeos (Mart.)
J.B. Gillett 25,48 ± 0,76 4,43 ± 0,77 1,10 ± 0,01
Crateva tapia L. 2168,72 ±
185,75 1,95 ± 0,13 0,12 ± 0,04
Croton blanchetianus Baill. 68,05 ± 1,80 5,01 ± 1,67 0,69 ± 0,004
Erythrina velutina Willd . 1166,91 ± 92,96 0,38 ± 0,03 0,17 ± 0,08
Guapira laxa (Netto) Furlan. 493,41 ± 51,18 1,45 ± 0,26 0,31 ± 0,09
Hyptis suaveolens Poit. 72,72 ± 4,45 2,77 ± 0,44 0,72 ± 0,05
Leonotis nepetifolia (L.) R.Br. 769,72 ± 104,98 0,54 ± 0,10 0,24 ± 0,04
Maranta divaricata Roscoe 3887,80 ±
754,49 2,16 ± 0,3 0,15 ± 0,01
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 22,23 ± 0,56 2,56 ± 0,33 1,10 ± 0,01
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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Momordica charantia L. 4461,17 ±
516,59 0,68 ± 0,07 0,12 ± 0,08
Myracrodruon urundeuva Allemão 17,61 ± 0,56 0,96 ± 0,16 1,18 ± 0,0
Rhamnidium molle Reissek 31,46 ± 0,73 2,63 ± 0,25 0,98 ± 0,02
Schinopsis brasiliensis Engl. 17,15 ± 1,26 1,19 ± 0,16 1,18 ± 0,0
Senna occidentalis (L.) Link 1492,03 ±
257,04 0,93 ± 0,16 0,13 ± 0,08
Tabebuia aurea (Silva Manso)
Benth. & Hook.f. ex S.Moore 706,15 ± 74,84 22,47 ± 4,66 0,21 ± 0,05
Não foi observada correlação significativa entre os métodos DPPH e FIC (rs =
-0,3008 e p = 0,1975) e FIC e FRAP (rs = 0,3042 e p = 0,1921), diferentemente da
inversa e significativa correlação encontrada entre os métodos DPPH e FRAP (rs = -
0,9563 e p = < 0,0001), como previsto. A correlação inversa entre DPPH e FRAP
ocorre devido ao emprego de diferentes unidades: para valores de CE50 quanto menor
for o resultado melhor será a atividade da espécie, diferentemente do método FRAP, no
qual quanto maior for o resultado melhor será a atividade antioxidante. Espécies com
este perfil podem ser utilizadas com finalidade antiinflamatória, anticancerígena e no
auxílio do tratamento de doenças neurodegenerativas, por exemplo.
Cedrela odorata, Myracrodruon urundeuva, Schnopsis brasiliensis e Tabebuia
aurea não apresentaram variação da atividade antioxidante quando comparados os
resultados dos três métodos, mostrando atividade seqüestradora de radicais livres,
quelante e redutora equivalentes.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
38
4. Discussão
O mecanismo de reação do método DPPH depende da conformação estrutural
do antioxidante. Observa-se na prática que alguns compostos reagem muito
rapidamente com o DPPH, reduzindo o número de moléculas destes proporcionalmente
ao número de grupos hidroxila (Ammar et al., 2009; Brand-Williams et al., 1995). O
DPPH é um composto que apresenta um radical livre de nitrogênio, o qual é eliminado
por agentes sequestrantes destes radicais livres. Portanto, este método avalia a
habilidade de compostos antioxidantes em seqüestrar radical ou doar hidrogênio (Chew
et al., 2008). O FRAP analisa a capacidade da amostra em doar elétron (Chan et al.,
2007a). Como essas duas atividades estão relacionadas com a presença de compostos
fenólicos (Chan et al., 2007b), os métodos DPPH e FRAP apresentaram correlação.
Entretanto, não foi observada correlação do DPPH e do FRAP com o método FIC, uma
vez que neste último os compostos responsáveis por esta atividade são os que contem
nitrogênio na sua estrutura (Chan et al., 2007b). Esse método avalia a capacidade de
agentes antioxidantes em quelar íon ferro II e consequentemente prevenirem ou
inibirem a reação de Fenton, a qual gera radicais hidroxilas livres. Portanto, o uso de
um único método é insuficiente para identificar atividade antioxidante (Wang et al.,
2009; Lima et al., 2010).
Espécies como Boerhavia diffusa, Erythrina velutina e Momordica charantia
demonstram a necessidade da realização de testes que avaliem através de mecanismos
distintos, visto que apresentaram baixa atividade antioxidante quando aplicados os
métodos DPPH e FRAP, divergindo da atividade quelante. A correlação encontrada
entre os métodos DPPH e FRAP corrobora com os estudos de Wijngaard (2009), o qual
também observou correlação significativa entre esses dois métodos com r = 0,95, e de
Stratil (2006).
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
39
Os testes mostraram simplicidade, rapidez e reprodutibilidade, sendo o FIC e
FRAP mais práticos quando comparados ao método DPPH. Entretanto, este último é o
mais comumente utilizado para avaliação da atividade antioxidante em produtos de
origem natural, uma vez que agentes quelantes são efetivos apenas como antioxidantes
secundários (Kim et al., 2010) e o método FRAP avalia de forma indireta, comparando-
a com a atividade do ácido ascórbico.
Os métodos de avaliação de atividade antioxidante estão sendo extensamente
caracterizados, comparados e revistos. Eles variam muito em princípio de detecção,
sensibilidade, pH da reação e fonte de oxidantes. Apesar destas especificidades, todos
estes métodos são específicos (Lolito & Frei, 2006).
Outros modelos de estudos, além do FIC, FRAP e DPPH, como peroxidação
lipídica e ensaios in vivo estão disponíveis para caracterizar os produtos naturais como
antioxidantes biológicos (Mensur et al., 2001). Porém, nem sempre é simples
determinar o método mais apropriado para avaliar a capacidade antioxidante da
amostra. O método DPPH, por exemplo, deve ser utilizado rotineiramente com extratos
hidro-orgânicos contendo compostos hidrofílicos e lipofílicos, enquanto que o FRAP é
indicado para compostos hidrofílicos (Rufino et al., 2010). Entretanto, ainda não existe
um consenso para o emprego do FIC. Portanto, tornam-se muito importante a utilização
dos três métodos para evitar conclusões equivocadas, corroborando com estudo anterior
que afirma a necessidade de aplicação de métodos que avaliam diversos parâmetros
(Rufino et al., 2010).
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LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
45
5. Artigo II:
Avaliação de atividade antioxidante de
plantas medicinais da Caatinga
utilizadas como antiinflamatórias
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
46
5. ARTIGO II:
Artigo II a ser submetido a:
Revista: Revista Brasileira de Farmacognosia
Autores: Lima, D.C.A.; Sena, D.D.S.; Araújo, T. A. S.; Albuquerque, U. P.; Amorim,
E. L.
Título: Avaliação de atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga
utilizadas como antiinflamatórias
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
47
Avaliação de atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga
utilizadas como antiinflamatórias
Danielle C. A. Lima 1*, Daniela Dayne S. Sena 1, Thiago Antônio S. Araújo 2, Ulysses
Paulino de Albuquerque 2, Elba Lúcia C. Amorim 1
1 Laboratório de Produtos Naturais (LAPRONAT), Departamento de Ciências
Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, Brasil.
2 Laboratório de Etnobotânica Aplicada (LEA), Área de Botânica, Departamento de
Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Brasil.
* Avenida Arthur Sá, s/n, Recife, Pernambuco, Brasil.
RESUMO
Plantas que possuam propriedades antioxidantes podem ser úteis no tratamento e/ou
prevenção de diversas enfermidades, como nos processos inflamatórios. Este trabalho
baseou-se em estudo etnobotânico previamente realizado e teve como objetivo avaliar a
capacidade antioxidante de vinte espécies de plantas da caatinga utilizadas para tratar
inflamação e dezenove espécies selecionadas de forma aleatória. Foram aplicados três
métodos: atividades sequestrante de radical livre (DPPH), redutora do íon ferro III
(FRAP) e quelante do íon ferro II (FIC). Foram aplicados os testes de variância de
Kruskal-Wallis e ANOVA. Os métodos DPPH e FRAP foram estatisticamente iguais
para os dois grupos (aleatórias e antiinflamatórias). Entretanto, quando avaliadas através
da classificação de Melo et al. (2010) 45% das espécies antiinflamatórias apresentaram
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
48
boa atividade seqüestradora de radicais livres, enquanto que o grupo das plantas
aleatórias, apenas 31,57%. Devido à correlação existente entre os métodos DPPH e
FRAP com o conteúdo fenólico total, atribui-se a atividade antiinflamatória e
antioxidante destas espécies aos compostos fenólicos. Devido a relação encontrada entre
a atividade quelante e as espécies aleatória, conclui-se que o método FIC não é o mais
indicado para avaliar a atividade antioxidante de espécies com propriedade
antiinflamatórias.
Palavras-chave: DPPH, FIC, FRAP, Conteúdo Fenólico.
ABSTRACT
Plants that have antioxidant properties may be useful in the treatment or prevention of
various diseases such as inflammatory processes. This work was based on
ethnobotanical study previously made and it aim was to evaluate the antioxidant
capacity of twenty species of caatinga plants used to treat inflammation and nineteen
species selected at random. We applied three methods: free radical scavenging activities
(DPPH), ferric reducing antioxidant power (FRAP) and ferrous ion chelating (FIC). We
applied the Kruskal-Wallis and ANOVA variance test. DPPH and FRAP methods were
statistically identical for both groups (random and anti-inflammatory). However, when
evaluated by classifying Melo et al. (2010) 45% of species showed good anti-
inflammatory free radical scavenging activity, while the group of random plants, only
31,57%. Due to the correlation between DPPH and FRAP methods with the total
phenolic content, is attributed to the antiinflammatory and antioxidant activity of these
species to phenolic compounds. Because of the relationship found between the chelating
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
49
activity and randomly species, we conclude that the FIC method it isn’t most suitable
for evaluating the antioxidant activity of species with anti-inflammatory property.
Keywords: DPPH, FIC, FRAP, Phenolic Content.
1. Introdução
A presença de radicais livres tem sido correlacionada com um grande número de
doenças, indicando que estas espécies não têm papel etiológico na grande maioria dos
estados patológicos, mas que participam diretamente dos mecanismos fisiopatológicos
que determinam a continuidade e as complicações presentes nestes processos
(Gutterigde, 1993). O aumento na produção de radicais livres pode ocorrer devido à
hiperóxia (aumento na quantidade de oxigênio em tecidos e órgãos) e à exposição das
células ou indivíduos a certos componentes químicos, à radiação ou a inflamação
tecidual local, resultando em estresse oxidativo, caracterizado por um desequilíbrio
entre oxidantes e antioxidantes (El-Habit, 2000).
As espécies reativas de oxigênio (EROs) podem reagir com proteínas, lipídeos,
ácidos nucléicos e carboidratos, podendo provocar danos oxidativos. Portanto, os
antioxidantes podem ser definidos como qualquer substância que, presente em baixas
concentrações, quando comparada a um substrato oxidável, atrasa ou inibe a oxidação
desse substrato de maneira eficaz, ou seja, retardam ou previnem significativamente a
oxidação de moléculas ao inibirem a iniciação ou a propagação da reação de oxidação
em cadeia (Al-mamary et al., 2002; Moreira et al., 2002; Chanwitheesuk et al., 2005;
Wu et al., 2005), além de prevenirem ou repararem danos ocasionados às células pelas
espécies reativas de oxigênio (Chanwitheesuk et al., 2005).
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
50
Os maiores produtores de EROs no tecido inflamatório são os leucócitos
sanguíneos, os quais tornam-se ativados e aderem-se à superfície das células endoteliais.
A NAPH oxidase de leucócitos polimorfonucleares, contém citocromo b245 que
catalisa a redução monovalente de O2 para formar O2·-. Linfócitos e macrófagos,
também possuem NADPH oxidase na membrana, portanto a cascata do ácido
araquidônico que gera prostaglandinas e leucotrienos, também favorece a geração de
EROs no processo de síntese de eicosanóides (Kviecinski, 2007).
Vários fármacos antiinflamatórios têm mostrado um mecanismo antioxidante
como parte de sua atividade biológica, tais como nimesulida, aminosalicilatos, entre
outros (Kviecinski, 2007). Entretanto, o uso de antioxidantes sintéticos tem diminuído
devido à suspeita de sua atividade como estimulantes de carcinogênese (Lima et al.,
2010). Então, o estudo da atividade e do mecanismo antioxidante dos extratos naturais
utilizados na medicina tradicional com finalidade antiinflamatória se tornou igualmente
interessante. Neste contexto, as propriedades antioxidantes dos compostos polifenólicos
das plantas foram sugeridas como efetoras de um papel importante na manutenção da
saúde humana e na prevenção de várias doenças (Kviecinski, 2007). Tais substâncias
com núcleo fenólico, como flavonóides e taninos, apresentam destaque especial como
antioxidantes, por atuarem como eficientes captadores das espécies reativas de oxigênio,
além de reduzirem e quelarem íons Fe3+ que catalisam a peroxidação lipídica (Al-
mamary et al., 2002; Nahar & Sarker, 2005; Delazar et al., 2006).
Este estudo teve o objetivo de avaliar a possível correlação existente entre
atividade antioxidante e antiinflamatória de plantas da caatinga através da aplicação de
três métodos: atividade sequestrante de radicais livres, atividade quelante do íon ferro II
e poder antioxidante redutor do íon ferro III.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
51
2. Materiais e métodos
2.1 Seleções das plantas, coleta e extração
A seleção foi baseada em levantamento Etnobotânico realizado pelo Laboratório
de Entobotânica Aplicada na comunidade de Carão, município de Altinho/PE, nordeste
do Brasil (Araújo et al., 2008; Alencar et al., 2009; 2010). Selecionou-se de forma
aleatória vinte plantas, tanto nativas quanto exóticas, com uso popular para tratamento
de inflamação (Tabela 1) e dezenove plantas sem esta indicação (Tabela 2), com auxílio
do Software BioEstat 5.0.
TABELA 1 - Plantas utilizadas popularmente como antiinflamatórias no município de
Altinho/PE, Nordeste do Brasil.
Nome científico Família Nome popular Parte usada
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Fabaceae Angico Casca
Boerhavia diffusa L. Nyctaginaceae Pega-pinto Raiz
Aspidosperma dispermum Müll.Arg. Apocynaceae Catingueira Casca
Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. Fabaceae Jucá Casca
Cedrela odorata L. Meliaceae Cedro Casca
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.
Gillett
Burseraceae Imburana Casca
Crateva tapia L. Capparaceae Trapiá Casca
Croton blanchetianus Baill. Euphorbiaceae Marmeleiro Casca
Erythrina velutina Willd . Fabaceae Mulungu Casca
Guapira laxa (Netto) Furlan. Nyctaginaceae Piranha Casca
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
52
Hyptis suaveolens Poit. Lamiaceae Alfazema Folha
Leonotis nepetifolia (L.) R.Br. Lamiaceae Cordão-de-frade Folha
Maranta divaricata Roscoe Marantaceae Cana-de-macaco Caule
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Fabaceae Jurema-preta-lisa Casca
Momordica charantia L. Cucurbitaceae Melão-de-são-
caetano
Rama
Myracrodruon urundeuva Allemão Anacardiaceae Aroeira Casca
Rhamnidium molle Reissek Rhamnaceae Sassafráz Casca
Schinopsis brasiliensis Engl. Anacardiaceae Baraúna Casca
Senna occidentalis (L.) Link Fabaceae Manjiroba Casca
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &
Hook.f. ex S.Moore
Bignoniaceae Caibeira Casca
TABELA 2 - Plantas sem indicação de uso antiinflamatório no município de
Altinho/PE, Nordeste do Brasil.
Nome científico Família Nome popular Parte
usada
Alpinia speciosa (Blume) D.
Dietr. Zingiberaceae Colônia Folha
Bauhinia cheilantha (Bong.)
Steud. Fabaceae Mororó-branco Folha
Catharanthus roseus (L.) G. Don Apocynaceae Bom-dia Flor
Eucalyptus globulus Labill. Myrtaceae Eucalipto Folha
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
53
Eugenia uvalha Cambess. Myrtaceae Ubaia Casca
Gossypium hirsutum L. Malvaceae Algodão-crioulo Folha
Helianthus annuus L. Asteraceae Girassol Semente
Hymenaea courbaril L. Fabaceae Jatobá Casca
Lantana camara L. Verbenaceae Chumbinho Folha
Leucaena leucocephala (Lam.) de
Wit Fabaceae Espinheiro Flor
Mangifera indica L. Anacardiaceae Manga Flor
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.
Berg Myrtaceae Jabuticaba Casca
Ocimum americanum L. Lamiaceae Manjerona Folha
Ocimum gratissimum L. Lamiaceae Louro Folha
Plectranthus amboinicus (Lour.)
Spreng. Lamiaceae Hortelã-grande Folha
Plectranthus barbatus Andrews Lamiaceae Hortelã-miúda Folha
Solanum aculeatissimum Jacq. Solanaceae Gogóia Planta toda
Tillandsia usneoides (L.) L. Bromeliaceae Salambaia-
comprida Planta toda
Ziziphus joazeiro Mart. Rhamnaceae Juazeiro Casca
Das espécies com indicação para tratamento de inflamação pela população local,
65% tiveram a atividade antiinflamatória comprovada através de estudos científicos e
20% em estudos com plantas do mesmo gênero. Apenas 15% das plantas não tinham
atividade comprovada através de estudos científicos.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
54
As partes das plantas selecionadas foram as que obtiveram maior porcentagem
de citação entre os moradores da região, para tratar doenças e sintomas relacionados a
processos inflamatórios.
O material vegetal foi coletado nos arredores da comunidade do Carão, que é
caracterizado por ser uma área de Caatinga hipoxerófila, com clima Bsh (semi-árido
quente) (IBGE, 2000).
As coletas foram realizadas em setembro de 2009 e foram coletadas amostras de,
no mínimo, três indivíduos, com base nas partes indicadas popularmente (Araújo et al.,
2008), secas a temperatura ambiente, trituradas, submetidas à extração por maceração
com metanol a 80% (v/v) durante seis dias ao abrigo da luz e então, evaporado o
solvente sob pressão reduzida para ser obtido o extrato seco.
2.2 Atividade sequestrante de radicais livres (DDPH)
Os métodos mais comumente utilizados para se determinar a atividade
antioxidante de modo prático, rápido e sensível são as que envolvem um radical
cromóforo, simulando as espécies reativas de oxigênio (EROs), sendo o radical livre
DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazina) um dos mais utilizados (Melo et al., 2006; Arnao
et al., 2000).
A atividade antioxidante foi analisada pela capacidade das substâncias presentes
nas amostras captarem o radical livre DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil). Para a
avaliação da atividade captadora do radical livre DPPH, alíquotas dos extratos das
amostras vegetais foram diluídas em metanol PA, obtendo-se as concentrações de 25.0,
50.0, 100.0, 150.0, 200.0 e 250.0 µg/mL. A 0,5 mL de cada amostra foi acrescentado 3
mL de solução metanólica do radical livre DPPH 40 µM/mL. Após 30 minutos de
incubação à temperatura ambiente, ao abrigo da luz, foi realizada a leitura da
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
55
absorbância a 517 nm. O mesmo procedimento foi realizado para determinação da CE50
do padrão, ácido ascórbico, nas concentrações 5.0, 10.0, 15.0, 20.0, 25.0, 30.0, 40.0 e 50
µg/mL (Sousa et al., 2004).
Construiu-se uma curva de calibração do DPPH para calcular a porcentagem de
DPPH remanescente e a CE50, concentração da amostra ou padrão que causa 50% de
inibição da concentração inicial de DPPH (Sousa et al., 2004).
Para construção da curva de calibração do DPPH foram preparadas soluções
metanólicas com 9 pontos de concentrações entre 1 a 40 µg/mL. A absorbância foi
medida a 517 nm, em cubetas de vidro, tendo como branco metanol. A partir da equação
da curva de calibração e dos valores de absorbância após 30 min para cada concentração
testada, foram determinados os percentuais de DPPH remanescentes (% DPPHREM),
conforme a equação 1:
% DPPHREM = [DPPH] T=t /[DPPH] T=0 x100 (1)
Onde: [DPPH]T=t corresponde à concentração de DPPH no meio após a reação com o
extrato ou controle e [DPPH]T=0 é a concentração inicial de DPPH (40 µg/mL).
Para determinação da concentração eficiente, CE50, foi utilizado o programa
Excel for Windows 2003 e construída uma curva exponencial da concentração do
padrão ou das amostras versus porcentagem de DPPH remanescente.
2.3 Atividade quelante do íon ferro II (FIC)
A presença de metais de transição no sistema biológico pode catalisar reações de
Haber-Weiss e de Fenton, resultando na geração de radicais hidroxilas. Entretanto, os
antioxidantes podem quelar com esses metais de transição, resultando na supressão da
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
56
geração de HO-, e inibição do processo de peroxidação de moléculas biológicas. Íon
ferro II é aplicado como íon metálico de transição no ensaio de FIC (Chew et al., 2009).
A metodologia utilizada foi adaptada de Chew (2009) e Santos (2007).
Inicialmente, pesou-se, em triplicata, 250 mg da amostra e diluiu-se para um volume
final de 50 mL, com metanol 75% (v/v), formando uma solução de 5 mg/mL. A partir
desta solução, prepararam-se soluções nas seguintes concentrações, em duplicata: 0,25,
0,5, 1, 2, 3, 4 e 5 mg/mL. Adicionou-se 1 mL de sulfato ferroso (FeSO4) a 0,1 mM a
várias diluições dos extratos (1mL; 0,25-5.0 mg/mL), seguida de ferrozina (1 mL) a
0,25 mM. A mistura reacional foi deixada na bancada por 10 min antes da absorbância
ser mensurada a 562 nm. Para cada ponto foi realizado o branco com 1 mL de cada
concentração e 2 mL de metanol 75% (v/v).
O mesmo procedimento foi realizado para o EDTA (padrão) nas concentrações
de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 40 e 50 µg/mL. O controle, formado por 1 mL de cada reagente
(metanol 75% (v/v), sulfato ferroso e ferrozina), também foi realizado em triplicata.
Para cada concentração foi calculada a porcentagem da amostra capaz de quelar
o íon ferro II, conforme a equação 2:
% Atividade Quelante: Acontrole – (A - Ab) / Acontrole x 100 (2)
Onde Acontrole corresponde à média das absorbâncias do controle, A é a absorbância da
amostra em análise e Ab, a absorbância apenas da solução na referida concentração
(branco).
Com a concentração no eixo das abscissas e a porcentagem da atividade quelante
nas coordenadas, elaborou-se um gráfico, com auxílio do programa Microsoft Excel
2003, obtendo uma curva de característica logarítmica. A partir da equação gerada,
determinou-se a CE50.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
57
2.3 Poder antioxidante redutor do íon ferro III (FRAP)
Este método avalia a capacidade da amostra em reduzir o íon Fe3+ a íon Fe2+
(Stratil et al., 2006).
O método foi adaptado de Stratil (2006) e Vazquez (2008). As amostras foram
pesadas em triplicata e diluídas em água destilada para uma concentração final de 0,5
mg/mL. No momento da análise, preparou-se a solução reagente FRAP, formado pela
adição de solução de TPTZ 10 mmol/L em HCl 40 mmol/L com FeCl3 · 6H2O 20
mmol/L e tampão acetato 300 mmol/L, para manter o pH em 3,6, na proporção 1:1:10.
Adicionou-se 3 mL do reagente FRAP, recém-preparado, a 0,1 mL da triplicata
de cada espécie, observando uma mudança de coloração imediata de verde para azul,
dependendo da atividade. Quanto mais escuro o azul maior será a absorbância e a
atividade antioxidante. Após 5 minutos a leitura foi realizada no espectrofotômetro no
comprimento de onda de 593 nm.
O padrão utilizado foi o ácido gálico na concentração 0,55 mM. O branco de
cada espécie foi realizado adicionando-se 0,1 mL de água destilada mais 3mL do
reagente FRAP.
A partir das leituras de absorbância do ácido ascórbico nas concentrações de 0,1
a 0,6 mM, construiu-se um gráfico concentração (mM) x absorbância, com auxílio do
Microsoft Excel 2003, originando uma equação da reta a qual foi utilizada para
determinar a concentração equivalente em ácido ascórbico de cada espécie e
consequentemente a atividade em equivalente de ácido ascórbico (EAA) em mmol/g.
2.4 Análise estatística
A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de D’Agostino, com nível de
significância de 0,01, com auxílio do programa BioStat 5.0. A correlação entre atividade
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
58
antioxidante e antiinflamatória foi analisada pelo teste de variância de Kruskal-Wallis
ou ANOVA (um critério) e conforme classificação de atividade sequestrante de DPPH
(Melo et al., 2010) e quelante do íon ferro II (Chew et al., 2009).
3. Resultados
Observou-se uma relação concentração dependente entre os métodos que
avaliam o potencial sequestrante de radicais livres e a atividade quelante (Tabela 3). Os
padrões ácido ascórbico (DPPH) e EDTA (FIC) apresentaram, respectivamente, CE50 de
21,074 µg/mL ± 2,72 e 9,776 µg/mL ± 0,24. Já o padrão ácido gálico para o método
FRAP apresentou atividade equivalente em ácido ascórbico de 5,6, isto é: 1 g do ácido
gálico equivale a 5,6 mmol de ácido ascórbico.
Os resultados da atividade antioxidante através da aplicação dos três métodos
das espécies usadas popularmente como antiinflamatórias estão descritos em Lima et al.
(2011) e das espécies sem indicação de uso como antiinflamatórias na Tabela 3.
TABELA 3 – Atividade antioxidante de plantas da caatinga sem indicação de uso como
antiinflamatórias
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
ESPÉCIES DPPH (CE50 em
µg/mL)
FIC (CE50
em mg/mL)
FRAP (EAA
em mmol/g)
Alpinia speciosa (Blume) D.
Dietr. 101,38 ± 3,10 0,13 ± 0,02 0,31 ± 0,02
Bauhinia cheilantha (Bong.)
Steud. 30,52 ± 2,48 0,78 ± 0,07 0,63 ± 0,01
Catharanthus roseus (L.) G. Don 1425,08 ± 112,10 3,63 ± 0,29 0,15 ± 0,02
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
59
Eucalyptus globulus Labill. 39,21 ± 2,55 1,12 ± 0,07 0,80 ± 0,02
Eugenia uvalha Cambess. 45,18 ± 4,06 1,08 ± 0,16 0,98 ± 0,08
Gossypium hirsutum L. 64,91 ± 3,42 1,41 ± 0,17 0,20 ± 0,003
Helianthus annuus L. 331,48 ± 18,91 0,47 ± 0,18 0,18 ± 0,006
Hymenaea courbaril L. 39,88 ± 3,13 1,08 ± 0,42 0,88 ± 0,04
Lantana camara L. 73,25 ± 2,53 1,05 ± 0,09 0,38 ± 0,01
Leucaena leucocephala (Lam.)
de Wit 741,37 ± 89,50 0,56 ± 0,09 0,20 ± 0,02
Mangifera indica L. 18,13 ± 0,66 0,55 ± 0,06 1,14 ± 0,00
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.
Berg 47,40 ± 0,66 0,23 ± 0,04 1,04 ± 0,02
Ocimum americanum L. 366,10 ± 69,39 2,67 ± 0,19 0,54 ± 0,09
Ocimum gratissimum L. 152,01 ± 8,67 1,03 ± 0,09 0,41 ± 0,0
Plectranthus amboinicus (Lour.)
Spreng. 242,56 ± 18,13 0,29 ± 0,07 0,50 ± 0,05
Plectranthus barbatus Andrews 99,74 ± 3,62 2,09 ± 0,38 0,66 ± 0,04
Solanum aculeatissimum Jacq. 1058,63 ± 93,81 0,42 ± 0,06 0,16 ± 0,02
Tillandsia usneoides (L.) L. 162,73 ± 25,14 1,01 ± 0,02 0,38 ± 0,07
Ziziphus joazeiro Mart. 1636,19 ± 171,01 1,06 ± 0,14 0,13 ± 0,008
Os valores da CE50 para atividade seqüestradora de radicais livres (DDPH) para
os dois grupos (aleatórias e antiinflamatórias) deram estatisticamente iguais (H =
0,1547; p = 0,6940), assim como o poder antioxidante redutor do íon ferro III (F =
1,0074; p = 0,3234). Diferentemente do método que avalia o poder quelante do íon
ferro II: as espécies selecionadas de modo aleatório foram estatisticamente melhores
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
60
correlacionadas com esta atividade (H = 3,9801; p = 0,0460; média da CE50 para o
grupo aleatório de 1,09 ± 0,88 e para as antiinflamatórias, 3,08 ± 4,83).
Os resultados para o extrato bruto através do método DPPH podem ser
classificados em: I – boa atividade (CE50 < 63 µg); II - moderada atividade (63 µg <
CE50 < 147 µg); III - baixa atividade (CE50 > 147 µg) (Melo et al., 2010). Apesar de não
haver diferença estatística entre os dois grupos para o método DPPH, observa-se que
45% das espécies antiinflamatórias apresentaram boa atividade seqüestradora de
radicais livres, enquanto que o grupo das espécies aleatórias, apenas 31,57% foram
classificadas como boa atividade.
A atividade quelante também foi avaliada comparando a porcentagem de
atividade quelante de todas as espécies entre os dois grupos na concentração de 4
mg/mL (Tabela 4). Os resultados foram classificados em: alta atividade (FIC ≥ 80 %),
média (40% < FIC < 80%) e baixa atividade (FIC ≤ 40%) (Chew et al., 2009). 35% das
espécies utilizadas para tratar inflamação na comunidade pesquisada apresentaram alta
atividade quelante, comparadas a 47,37% das espécies selecionadas de modo aleatório
(Gráfico 1). O padrão utilizado (EDTA) na concentração de 50 µg/mL obteve 99,08% ±
0,18 de atividade quelante do íon ferro II.
TABELA 4: Porcentagem de atividade quelante (FIC)
ESPÉCIES ANTIINFLAMATÓRIAS FIC (%)
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan 67,35 ± 3,55
Boerhavia diffusa L. 93,14 ± 0,51
Aspidosperma dispermum Müll.Arg. 52,72 ± 2,23
Caesalpinia férrea Mart. ex Tul. 47,27 ± 2,84
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
61
Cedrela odorata L. 88,45 ± 5,52
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett 49,94 ± 5,33
Crateva tapia L. 67,79 ± 3,64
Croton blanchetianus Baill. 48,32 ± 5,37
Erythrina velutina Willd. 93,04 ± 0,18
Guapira laxa (Netto) Furlan. 72,24 ± 4,42
Hyptis suaveolens Poit. 60,13 ± 2,05
Leonotis nepetifolia (L.) R.Br. 90,12 ± 1,98
Maranta divaricata Roscoe 78,35 ±
15,06
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 68,83 ± 4,83
Momordica charantia L. 90,12 ± 1,98
Myracrodruon urundeuva Allemão 80,34 ± 3,63
Rhamnidium molle Reissek 66,54 ± 2,33
Schinopsis brasiliensis Engl. 71,24 ± 3,31
Senna occidentalis (L.) Link 85,76 ± 3,20
Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex
S.Moore
23,88 ± 4,09
ESPÉCIES ALEATÓRIAS FIC (%)
Alpinia speciosa (Blume) D. Dietr. 94,19 ± 0,59
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 82,19 ± 0,77
Catharanthus roseus (L.) G. Don 59,51 ± 2,34
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
62
Eucalyptus globulus Labill. 54,57 ± 6,25
Eugenia uvalha Cambess. 70,68 ± 0,95
Gossypium hirsutum L. 62,94 ± 0,65
Helianthus annuus L. 84,78 ± 8,74
Hymenaea courbaril L. 73,08 ± 1,77
Lantana camara L. 77,51 ± 0,94
Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit 86,24 ± 1,19
Mangifera indica L. 72,77 ± 0,74
Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg 75,40 ± 0,58
Ocimum americanum L. 61,94 ± 2,91
Ocimum gratissimum L. 83,96 ± 4,44
Plectranthus amboinicus (Lour.) Spreng. 87,23 ± 4,31
Plectranthus barbatus Andrews 65,96 ± 4,78
Solanum aculeatissimum Jacq. 92,83 ± 1,02
Tillandsia usneoides (L.) L. 82,78 ± 3,31
Ziziphus joazeiro Mart. 94,61 ± 0,26
Gráfico 1: Classificação da atividade quelante das espécies
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
63
Do total de 46 indicações das espécies aleatórias com alta atividade quelante
(FIC ≥ 80 %), 46% estavam relacionadas com afecções do sistema respiratório,
incluindo principalmente, congestão, gripe e tosse. As outras indicações (54%) foram
das mais variadas, sendo a indicação mais comum o tratamento de verminoses.
Por não existirem dados na literatura classificando os resultados do método
FRAP através dos valores EAA, não foi possível fazer a mesma comparação realizada
com os valores de DPPH e FIC. Entretanto, uma vez que os métodos DPPH e FRAP
possuem correlação significativa e inversa (Lima et al., 2011), torna-se desnecessário
este tipo de classificação através dos dois métodos.
4. Discussão
Devido a correlação entre os métodos DPPH e FRAP (Lima et al., 2011), deduz-
se que espécies com boa atividade sequestrante de radicais livres possuem ação redutora
do íon ferro III equivalente. O maior índice de espécies com indicação antiinflamatória
com boa atividade seqüestradora de radicais livres e boa atividade redutora do íon ferro
III indica que as espécies com esta indicação podem agir através da inibição da geração
de radicais livres e da redução de agentes oxidantes. De acordo com estudos
anteriormente publicados, estes métodos apresentam correlação positiva com o
conteúdo fenólico total das espécies (Chan et al., 2007; Chew et al., 2009; Wang et al.,
2009; Chew et al., 2008; Verma et al., 2009; Czinner et al., 2000), sugerindo serem
estes metabólitos secundários responsáveis pela ação antioxidante e antiinflamatória.
O método FIC foi aplicado com o objetivo de identificar a relação entre a
atividade quelante do íon ferro II e a provável ação antiinflamatória, de acordo com a
indicação popular das espécies com esta atividade. Observou-se que não houve
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
64
correlação positiva entre as espécies com indicação antiinflamatória e a atividade
quelante, pois as espécies aleatórias apresentaram melhor atividade quando comparadas
através da análise estatística de variância e a classificação de Chew et al., 2009. Como
os agentes quelantes não agem inibindo diretamente os radicais livres, os mesmos são
considerados antioxidantes secundários (Gülçin et al., 2005), não sendo portanto, o
melhor método para a pesquisa de espécies com propriedade antiinflamatória.
A ausência de correlação entre o método FIC com DPPH e FRAP (Lima et al.,
2011) pode significar que compostos fenólicos responsáveis pela atividade antioxidante,
seqüestrando radicais livres e reduzindo íons ferro III provavelmente, não estão
diretamente envolvidos na quelação de íons ferro II. Os compostos responsáveis por tal
atividade podem ser os que contêm nitrogênio na sua estrutura, os quais são geralmente
melhores quelantes do que os fenóis (Chan et al., 2007).
Observou-se que as espécies aleatórias tiveram bastantes indicações de uso
relacionado às afecções do sistema respiratório, principalmente tosse, gripe e congestão.
Devido à relação existente entre atividade antioxidante e antimicrobiana
(Bandyopadhyay et al., 2007), sugerimos estudos que avaliem a correlação entre
atividade quelante e antimicrobiana.
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6. Conclusão
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
71
6. CONCLUSÃO
Uma vez que não se conhece, até o momento, um método que avalie a
capacidade antioxidante através de todos os mecanismos envolvidos, torna-se
extremamente necessária a aplicação de diferentes métodos, para evitar resultados
equivocados. Portanto, fica evidente a importância da associação, para avaliação da
atividade antioxidante, de no mínimo dois métodos: DPPH e FIC ou FRAP e FIC.
Como o resultado do método FRAP é expresso em equivalente de ácido ascórbico e o
DPPH em CE50, assim como o FIC, torna-se mais interessante a aplicação dos dois
últimos, para assim, facilitar a comparação dos dados.
Conclui-se que o método mais indicado para avaliar a atividade antioxidante de
espécies utilizadas com finalidade antiinflamatória é o DPPH e/ou FRAP e que os
compostos responsáveis por esta atividade são os fenóis. Sugerindo então, que estes
compostos não possuem atividade quelante.
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
72
Referências
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Anexos
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
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Anexo 1: Estruturas químicas
1,1-difenil-2-picrilhidrazina (DPPH)
Ferrozina
Tripiridiltriazina (TPTZ)
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
85
y = 0.02517x + 0.00359
R2 = 0.99950
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0 10 20 30 40 50 60
[ ] (ug/mL)
A
y = 105.01284e-0.02783x
R2 = 0.99420
0102030405060708090
100
0 10 20 30 40 50 60
[ ] (ug/mL)
% D
PP
Hre
m
Anexo 2: Gráficos
Gráfico 2: Curva de calibração do DPPH (DPPH)
Gráfico 3: Atividade antioxidante do padrão ácido ascórbico frente o radical livre
DPPH (DPPH)
Gráfico 4: Atividade quelante do padrão EDTA (FIC)
y = 42.66884Ln(x) - 47.20839
R2 = 0.99573
0.000
20.000
40.000
60.000
80.000
100.000
120.000
0 5 10 15 20 25 30 35
[ ] (ug/mL)
% A
TIV
ID. Q
UE
LAN
TE
LIMA, D. C. A. Estudo comparativo da atividade antioxidante de plantas medicinais da Caatinga utilizadas como antiinflamatórias
86
y = 3.83771x - 0.21353
R2 = 0.94971
0
0.5
1
1.5
2
2.5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7
C (mM)
A
Gráfico 4: Curva do ácido ascórbido (FRAP)