estudo dos fatores de risco evitáveis de doenças ... · no brasil, o processo de modernização...

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PARANÁGOVERNO DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPEPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

FICHA PARA CATÁLOGOPRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título O Espaço Rural e a Modernização da Agricultura em Umuarama - Paraná

Autor Ivone Dalloca

Escola de Atuação Colégio Estadual Profª Hilda Trautwein Kamal

Município da escola Umuarama

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Orientador Elpídio Serra

Instituição de Ensino Superior UEM – Maringá - Pr

Disciplina/Área (entrada no PDE) Geografia

Produção Didático-pedagógica Unidade Didática

Relação Interdisciplinar

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

História

Público Alvo

(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos,

Alunos da 6ª série (7º ano) do Ensino Fundamental

comunidade...)

Localização

(identificar nome e endereço da escola de implementação)

Colégio Estadual Profª Hilda Trautwein Kamal - Ensino Fundamental, Médio e Profissional

Av. Ipiranga, 4188, Centro.

Apresentação:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

O desafio que se apresenta na contemporaneidade é a revisão de práticas pedagógicas contextualizadas de modo a possibilitar um ensino em Geografia como exercício de cidadania, contemplando significados que fazem parte do cotidiano dos alunos. Esta unidade didática tem como objetivo compreender as transformações sofridas pelo espaço rural a partir do avanço tecnológico que teve como principais características a mecanização, a concentração fundiária e êxodo rural de Umuarama. Quanto à metodologia serão utilizadas estratégia diversificadas para o desenvolvimento da proposta de intervenção, tais como: explicação oral, pesquisa em duplas, apresentação de vídeos e aula de campo com visitas ao espaço rural. Com o desenvolvimento da presente proposta de ensino e aprendizagem, busca-se contribuir para a evolução conceitual dos alunos, permitindo-lhes uma reflexão sobre a realidade do espaço rural e sua relação com o espaço urbano, compreendendo o seu papel na transformação da sociedade.

Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Espaço Rural; Transformações; Mecanização; Agricultura; Contemporaneidade.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE

IVONE DALLOCA

O ESPAÇO RURAL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM UMUARAMA-

PARANÁ

MARINGÁ – PR2010

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

IVONE DALLOCA

O ESPAÇO RURAL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM UMUARAMA-

PARANÁ

Trabalho realizado como apresentação do Projeto do Programa de Desenvolvimento Educacional.

Orientador: Elpídio Serra

MARINGÁ – PR2010

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1. IDENTIFICAÇÃO

1.1 PROFESSOR PDE: Ivone Dalloca

1.2ÁREA/ DISCIPLINA: Geografia

1.3NRE: Umuarama

1.4PROFESSOR ORIENTADOR: Elpídio Serra

1.5IES VINCULADA: UEM

1.6ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Estadual Hilda T. Kamal Ensino

Fundamental, Médio e Profissionalizante

1.7 PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: Alunos da 6ª série do período vespertino do

Colégio Estadual Hilda T. Kamal

2 INTRODUÇÃO

O desafio que se apresenta na contemporaneidade é a revisão de práticas

pedagógicas contextualizadas de modo a possibilitar um ensino em Geografia como

exercício de cidadania, contemplando significados que fazem parte do cotidiano dos

alunos.

Segundo as DCEs – Paraná (2008), os conteúdos específicos de Geografia

precisam ser tratados pedagogicamente, a partir das categorias de análise da relações

entre espaço (temporais), das relações sociedade (natureza), como quadro conceitual de

referência. Pressupõe-se que por meio dessa abordagem, é possível levar os alunos a

compreenderem os conceitos geográficos e o objeto de estudo da Geografia em suas

amplas e complexas relações.

No Brasil, o processo de modernização do campo, que teve início na década de

1950, acentuando-se a partir da década de 1960, sobretudo, nas regiões Sul e

Sudeste e expandindo-se para outras regiões, especialmente, a partir da década de

1970, contribuiu para significativas mudanças nas últimas décadas no espaço rural

brasileiro.

Ao pensar na questão do espaço rural e a modernização da agricultura um ponto

bastante preocupante é o desconhecimento por parte dos alunos sobre o ambiente

urbano e o rural e as implicações existentes entre estes dois espaços de relação de

troca. Atualmente, são comercializadas uma infinidade de produtos já beneficiados e

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semiindustrializados, como o óleo, o açúcar, o leite a farinha, os legumes, entre outros.

Para muitas pessoas, a atividade parece simples, pois que elas se dirijam até mercado

para comprar.

Acredita-se que ao refletir sobre o espaço rural e o urbano no cotidiano,

sobretudo, frente ao processo da globalização, os alunos serão levados a repensar o seu

papel na sociedade, considerando o porquê destes espaços estarem assim constituídos,

do estabelecimento das relações com as contradições que os colocam em constante

movimento. Desta forma, os alunos serão capazes de transitar de um espaço ao outro

com uma compreensão mais significativa.

Portanto, essa temática encontra-se inserida no quadro dos conteúdos

estruturantes das DCEs – Paraná (2008) de Geografia. Com o desenvolvimento da

presente Unidade Didática busca-se contribuir para a evolução conceitual dos alunos,

permitindo-lhes uma reflexão sobre a realidade do espaço rural e sua relação com o

espaço urbano, compreendendo o seu papel na transformação da sociedade.

O conteúdo apresentado nessa Unidade Didática propõe a compreensão das

principais transformações sofridas pelo espaço rural, a partir do avanço tecnológico que

teve como principais características a mecanização, a concentração fundiária e o êxodo

rural no município de Umuarama.

2 O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

O processo de modernização da agricultura no Brasil teve origem na década de 50

com o avento das importações de meios de produção mais modernizados. Contudo,

apenas na década de 60 esse processo consolidou-se com a implantação na sociedade

brasileira de um campo industrial direcionado para a produção de equipamentos e

insumos para a agricultura (TEIXEIRA, 2005).

A modernização da agricultura implicou na incorporação de novos padrões

tecnológicos no espaço rural de maneira a integrar as famílias e/ou agricultores rurais a

novas formas de racionalidade produtiva.

A partir da segunda metade do século XX, especificamente a partir da década de 60, o espaço agrário do Brasil passou a sofrer um forte avanço tecnológico na produção agrícola com a crescente adesão de processos industriais ao campo. Foi a denominada ‘Revolução Verde’ cujas principais características eram a mecanização e tecnificação dos meios de produção com a utilização de tecnologias poupadoras de mão-de-obra, como maquinários especializados e uso de agroquímicos (fertilizantes) (FERREIRA, 2011, p. 01)

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Assim sendo, entre as décadas de 1960 - 1970 ocorreu um processo intensificado

de modernização das atividades agrícolas com base no paradigma da Revolução Verde.

Tal fato, favoreceu um conjunto de esforços que contribuíram para a implementação da

produção agrícola em todo o mundo, com a utilização de diferenciadas “técnicas agrícolas

modernas como fertilizantes, agrotóxicos e irrigação, a intenção era de aumentar a

produção e a produtividade (NAVARRO, 2001, apud FERREIRA, 2011, p. 01).

No Brasil destacaram-se entre outros produtos a cana-de-açúcar, a laranja, o café,

a batata, as frutas cítricas e, sobretudo, a soja cujas fronteiras agrícolas já não mais

existem como em toda “a Região Centro-Oeste, parte da Região Sul, leste do estado da

Bahia, além de ter avançado fortemente para a Região Norte com impactos diversos, cuja

explicitação não cabe nessa discussão” (FERREIRA, 2011, p. 11).

Montoya e Guilhoto (2001) afirmam que as transformações estruturais formaram a

base da “modernização da agricultura”.

Com a expansão da produção industrial, assentada no “modelo de substituição de importações” – inicialmente dirigida para a produção de bens de consumo não duráveis e, logo, para a produção de bens de consumo duráveis, intermediários e de capital -, a agricultura deixou de ser um setor econômico distinto, passando rapidamente a se integrar à dinâmica da produção industrial, naquilo que ficou conhecido como “complexos agroindustriais” ou “agronegócios”. Com base nesses fatos, pode-se afirmar que a produção rural passou a se situar; economicamente, entre as indústrias produtoras de bens e insumos para a agricultura (a montante) e as indústrias processadoras e de serviços de base agrícola (a jusante).

A modernização da agricultura é entendida como um processo forjado, que adveio

em razão do avanço da ciência e da tecnologia moderna, contribuindo para a introdução

de formas inovadoras de produção, acarretando, por consequência, o aumento da

produtividade e baixa quantidade de mão-de-obra.

Abramovay (1992, p. 59-60) argumenta que “nem todos os agricultores de um país

adotam as mesmas técnicas, assim existem graus de modernização diferenciados em

propriedades agrícolas vizinhas, sobretudo, na relação latifúndio-minifúndio”.

Segundo Teixeira (2005), com a modernização da agricultura as indústrias de

equipamentos e insumos passaram a pressionar, direta ou indiretamente, a agricultura a

se atualizar, almejando vendas cada vez maiores. Entretanto, o grande impulso na

transformação da base técnica da produção agrícola aconteceu com o incentivo

governamental através do chamado crédito rural, viabilizado, especialmente a partir de

meados da década de 1960.

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Com o crescente avanço da industrialização e urbanização no Brasil, a

modernização do setor agrário segundo Teixeira (2005) tornou-se necessário:

[...] produzir alimentos e produtos para exportação para controlar a balança comercial do país. No entanto, o referido desenvolvimento se dá principalmente via capital internacional, com uma crescente participação das empresas multinacionais, com interesses em manter o setor rural cada vez mais subordinado aos recursos por elas produzidos. Argumentavam que o arcaico setor rural seria um entrave para o desenvolvimento econômico, não conseguindo responder à demanda do setor urbano – industrial (TEIXEIRA, 2005, p. 25-26).

O autor acima citado relata que o argumento fundamental para essa questão era

que a exportação não contribuía para o aumento da agricultura que não produzia

alimentos e matérias-primas suficientes à demanda urbana – industrial. Os preços

dos produtos agrícolas também aumentavam continuamente. “Porém, vários estudos

desse período são contrários a esse argumento, combatendo a idéia de uma agricultura

como entrave ao desenvolvimento, apesar de seu aspecto rudimentar” (TEIXEIRA, 2005,

p. 26).

Assim, no final de 1960 e início de 1970 foi colocado à disposição dos produtores

que possuíam terras, empréstimos através do sistema financeiro empréstimos, para

garantir um crédito rural farto e fácil (FLEISCHFRESSER, 1988). Para a autora, isso

contribuiu para reduzir o diferencial de acumulação entre os produtores de diferentes

regiões, dotando os produtores de médio e grande porte de capacidade de investimentos,

que tivessem ou não previamente acumulado. Da mesma forma, os fertilizantes e

corretivos químicos reduziram, em parte, as diferenças de fertilidade natural dos solos.

Contudo, o volume de crédito do Estado não foi equitativamente distribuído entre

regiões e as várias categorias de produtores, porque isso, inclusive, corresponderia a

ignorar a própria realidade. Para Fleischfresser (1988, p. 53), na década de 70, o crédito

rural, principalmente, “para investimento e custeio, foi posto à disposição dos produtores

rurais, independente da região, desde que tivessem terras próprias e de determinada

dimensão, ou um contrato formal de arrendamento”.

Com isso conforme Gonçalves Neto (1997, p. 78) assistiu-se na década de 1970:

[...] a uma profunda mudança no conteúdo do debate. Impulsionada por uma política de créditos facilitados, que se inicia na segunda metade dos anos 60, pelo desenvolvimento urbano-industrial daquele momento, que se convencionou chamar de “milagre brasileiro”, a agricultura brasileira não apenas respondeu às demandas da economia, como foi profundamente alterada em sua base produtiva. O maciço crescimento do uso da tecnologia mecânica, de defensivos e adubos, a presença da assistência

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técnica, o monumental êxodo rural, permite dizer que o Brasil mudou e o campo também.

A crise no setor petroleiro ocorridas na década de 1970 impôs novos desafios para

a agricultura. Conforme Teixeira (2005) foi necessário além da produção de alimentos e

divisas trabalhar para a produção de mais alternativa energética ao petróleo.

Assim, nasceu a proposta do PROÁLCOOL, e a monocultura da cana-de-açúcar

passou a exigir espaços cada vez maiores para a sua produção. A instituição do

PROÁLCOOL no ano de 1975 provocou “a rápida substituição dos espaços rurais para

produção de alimentos, por uma produção cada vez maior de cana-açúcar e de outros

produtos para o mercado externo” (TEIXEIRA, 2005, p. 28).

As transformações tanto no que diz respeito à concentração da propriedade e uso

da terra, quanto às relações de trabalho e de produção, com reflexos em termos de

expropriação e expulsão de trabalhadores, conforme Serra (1983, p. 54) havia iniciado

antes das geadas. Contudo, na visão deste autor, “estas foram intensificadas depois, a

ponto de o ano de 1975 pode ser considerado, efetivamente, o divisor de águas, o que

separou a velha e a nova fase da problemática agrária paranaense”.

As primeiras manifestações de mudança ocorreram com a estrada em crise da

atividade cafeeira, entre a década de 60 e 70, com a ocorrência do processo de

desarticulação da economia agrícola. Serra (1983) lembra que:

Sob a ótica da consolidação do capitalismo no campo, o processo de modernização produziu resultados altamente positivos, tanto no Paraná como nas demais regiões brasileiras onde foi implantado. Sob a ótica dos impactos sociais que gerou, no entanto, os resultados foram adversos. (SERRA, 1983, p. 53).

O autor citado comenta que se no âmbito da agricultura brasileira as mudanças

decorrentes demoraram 20 anos, o que dizer do Paraná, onde as transformações não

levaram mais que cinco anos. Serra (1983) evidencia que depois das geadas de 1975,

quando os cafeeiros foram erradicados foram liberados os espaços para novos cultivos e

a modernização passou a exercer impacto. Antes disso, existiam apenas fatos isolados

dessa prática, não sendo representativos no conjunto da economia agrícola, porquanto:

[...] O Paraná modernizou sua agricultura na esteira do processo já em fase adiantada em outros estados, dentro de seu espaço agrário interno algumas regiões também vão inovar na esteira de outras. Ou seja: o mesmo tempo e com a mesma velocidade todas as regiões agrícolas. As desigualdades tecnológicas vão estar diretamente ligadas, em primeiro lugar às condições naturais, caso do clima e do relevo, e ao processo histórico em que se deu a ocupação pioneira e, em segundo lugar, à dinâmica política e econômica e à estrutura fundiária que vão

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caracterizar os compartimentos regionais, tornando-os mais ou menos suscetíveis às inovações (SERRA, 1983, p. 51).

A modernização trouxe um aumento considerável na produção agrícola, acentuou a

exportação e contribuiu intensamente para o crescimento da economia nacional.

Contudo, na visão de Teixeira (2005) acabou por beneficiar apenas parte da

produção, nomeadamente, as produções destinadas às exportações, atendendo,

portanto, ao interesse da elite rural. Para o autor, isso causou impactos ambientais

significativos em razão da utilização de produtos tóxicos sem os cuidados indispensáveis

para o seu manuseio, além de contribuir para o desemprego no campo e consequente

êxodo rural.

Conforme o entendimento de Serra (1983), o trabalhador rural foi a categoria mais

penalizada ao lado do pequeno produtor rural familiar independente, pagando o preço

mais alto em razão das transformações processadas na estrutura agrária paranaense.

Ao propor discussões sobre o processo histórico da modernização da agricultura,

as desigualdades, conflitos e contradições próprias da sociedade capitalista marcam as

paisagens, propiciando aos alunos um quadro importante de referência conceitual em

Geografia. Estas podem ser reveladas sob uma análise crítica dos espaços ocupados

pelos diferentes segmentos sociais, culturais, étnicos que compõem a sociedade.

O espaço rural é compreendido como um espaço que não é urbano, portanto,

diferenciado em suas atividades produtivas. Tradicionalmente, as atividades rurais na

agricultura são constituídas pelo cultivo de vegetais como: milho, arroz, feijão, trigo, soja,

hortaliças, frutas. Desta forma, compreender melhor o espaço rural e sua relação com a

modernização da agricultura constitui-se num ponto importante para os que integram uma

instituição de desenvolvimento da região.

3 ATIVIDADES PROPOSTAS PARA A INTERVENÇÃO NA ESCOLA

O estudo será realizado com os alunos da 6ª série do período vespertino do

Colégio Estadual Hilda T. Kamal, nas várias possibilidades de exploração do conteúdo

proposto. Participarão da proposta um total de 30 (trinta) alunos.

Serão utilizadas estratégias diversificadas para o desenvolvimento da proposta de

intervenção, tais como:

• Explicitação oral – o professor apresentará o conteúdo nas várias possibilidades de

exploração;

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• Pesquisas: em duplas os alunos farão pesquisas em livros, revistas pedagógicas e

sites da internet;

• Vídeos: o conteúdo será explorado com vídeos ilustrativos da temática proposta;

• Aula de campo: visitas ao espaço rural. A aula de campo propiciará um trabalho

diversificado ao contemplar as interrelações presentes entre os elementos do

ambiente e da produção social, enriquecendo a visão de mundo dos alunos.

As atividades foram distribuídas em três unidades em conformidade com os

seguintes objetivos.

• Estudar o processo histórico da colonização do município de Umuarama e as

primeiras formas de uso do solo em função da lavoura de café;

• Resgatar o processo histórico da modernização da agricultura no município de

Umuarama.

• Caracterizar o novo modelo agrícola implantado no município de Umuarama a

partir do ano de 1970 em substituição ao café;

• dentificar as consequências sociais e econômicas geradas pelo novo modelo

agrícola, valorizando a concentração fundiária, o êxodo rural e a mecanização das

atividades agrícolas.

3.1 UNIDADE 1- PROCESSO HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE

UMUARAMA

Em se tratando do estudo do processo histórico o professor pode provocar em seus

alunos o gosto pela atividade. Como recurso didático, será utilizado o texto abaixo para

leitura, análise e compreensão da história do município, envolvendo os alunos em um

trabalho coletivo para a produção do conhecimento.

Neste trabalho, os alunos deixarão de ser ouvintes para se tornarem agentes do

processo de conhecimento.

HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE UMUARAMAO Município de Umuarama está localizado na região fisiográfica conhecida por Ivaí, no noroeste do

Estado, terceiro Planalto Paranaense, ou Planalto de Guarapuava, pólo da 11ª Microrregião Homogênea do Estado do Paraná, possuindo uma área total de 1.233 Km², e segundo o censo do IBGE 2007, que realizou a contagem da população, registrou 95.153 habitantes. A altitude máxima da sede do Município, local onde está situada a Prefeitura Municipal é de 451,53 metros, mas a média da cidade é de 430 metros de altitude acima do nível do mar. Latitude 23º 47’ 55’’ Sul, Longitude 53º 18’ 48’’ Oeste.

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A história de Umuarama inicia na Inglaterra, com a ansiedade de um grupo de homens por desbravar e alcançar grandes realizações e concretizada pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, através de longos anos de lutas sustentadas em meio das mais adversas condições.

Depois de realizado estudo das condições climáticas e fertilidade do solo entre outras vantagens, a Companhia adquiriu um total de 515 mil alqueires de ricas terras florestais na região Norte do Paraná, em meio a conflitos por lutas de posse. Instalou escritório nessas terras e passou a dedicar-se à exploração e estudo do povoamento, bem como os meios de acesso à região, construindo as primeiras estradas e rodovias que no fim de 1930 recebeu os primeiros colonizadores.

A década de 1930 se deu com lento desenvolvimento devido às dificuldades da época, advindas da insegurança político-econômica do país. Durante essa época a Companhia subsidiária, Companhia de Terras do Norte do Paraná garantiu aos colonos meios de transporte, auxílio na construção de moradias, cuidados médicos, etc.

A Companhia no seu crescente desenvolvimento atingiu a região denominada “Cruzeiro” onde se processou a colonização de uma área de 30 mil alqueires de propriedade de terceiros, entregue à Companhia para a colonização; foi da “Gleba Cruzeiro” que surgiu Umuarama, Distrito do Município de Cruzeiro do Oeste, tendo o distrito como sub-prefeito o Sr. Durval Seifert, a convite do então Prefeito de Cruzeiro do Oeste Sr. Aparecido Teixeira D'Ávila através da Portaria nº. 319. Posteriormente o Distrito vem se tornar Município com o desmembramento em 25/07/1960 pela Lei nº 4.245.

Segundo historiadores, os primeiros habitantes que vieram foram aventureiros atraídos pela nova região a ser explorada. Os aventureiros vinham dos mais diversos estados brasileiros, sem famílias, tinham hábitos e costumes diferenciados, dormiam em qualquer lugar, trabalhavam na empreitada da derrubada da mata e alojavam-se em pequenas povoações às margens dos rios.

Alguns deles vinham com a família, faziam a derrubada dando lugar à plantação de café e cereais em geral. Foram tempos difíceis, principalmente quando chovia, dificultando os meios de acesso em busca de recursos. Os colonos que aqui primeiramente se instalaram eram paulistas, catarinenses, gaúchos, nordestinos, mineiros, entre outros. A formação social, segundo dados históricos, além dos já citados, formavam a etnia assim representada: portugueses 20%; italianos 60%; japoneses 15%; outros 5%.

A língua falada na região, predominantemente, era a portuguesa, além do dialeto indígena, Tupi Guarani quase puro, pois entre 1949 e 1958 expedições comandadas por Loureiro Fernandes e Universidade do Paraná respectivamente, constataram que na região de Serra dos Dourados havia presença indígena. Após estudos descobriu-se tratar de um grupo de sobreviventes de índios Xetás com aproximadamente 200 a 300 indivíduos. Implantaram um pequeno posto de socorro, na Fazenda Santa Rosa, sob os cuidados do Sr. Antonio Lustoso de Freitas, porém, esta ação não foi o suficiente para assegurar a continuidade do grupo, que com a devastação da floresta, evadiu da região, restando apenas um pequeno grupo de remanescentes. Estudos realizados constataram os seus hábitos e costumes na alimentação, vestuário, vasilhames, instrumentos, armas, arte, língua, etc, dos índios Xetás.

Fonte: Disponível em: http://umuarama.com.br/conheca/flashpaper/perfil_municipal.swf.

Após a leitura, os alunos serão reunidos em grupos para responder algumas

questões sobre o texto apresentado.

1. Onde se localiza o Município de Umuarama?2. Onde se iniciou a história da cidade? 3. Por qual Companhia foi fundada? 4. Quais os primeiros habitantes? 5. De onde vieram?6. Por que os tempos da colonização foram difíceis? 7. Qual a língua fala na época? 8. Quais os povos que habitavam a região de Serra dos Dourados?9. A seu ver, por que hoje só restam poucas pessoas nessa região?

Os alunos responderão as questões em duplas com a mediação da professora.

Posteriormente, os alunos farão uma síntese com as respostas. A síntese deverá conter

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uma introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Ao final, os alunos apresentarão o

texto para a classe.

Na sequencia, os alunos assistirão um vídeo sobre a cidade na atualidade:

“Umuarama”, disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=FH0A0AeazKA>. A partir

dos dados elencados no vídeo sobre a cidade na atualidade, professor e alunos refletirão

sobre as seguintes questões:

1. Quais os fatores que contribuíram para o crescimento da cidade?

2. Você gosta da sua cidade? Justifique

Ainda, como forma de levar os alunos a se aproximarem da realidade do seu

município, o professor mostrará aos alunos várias imagens antigas da cidade e outras

atuais para avaliar o crescimento.

Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286.

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Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286

Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286

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Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286

Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286

Outras imagens encontram-se disponíveis em Disponível em:

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286. Utilizando as imagens como

instrumento pedagógico, os alunos (em duplas) redigirão um texto, para posterior

apresentação aos outros grupos, sobre o passado e o presente do município de

Umuarama.

Na sequência, será apresentado o mapa do Estado do Paraná ilustrado em Power

Point, para trabalhar a localização do município.

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Disponível em: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286

Após as discussões sobre a localização do Município no Estado do Paraná, os

alunos refletirão sobre a importância da cidade no contexto. Na sequencia, a título de

curiosidade, será realizada uma pesquisa entre os alunos para saber quantos deles já

visitaram as cidades, estados ou países vizinhos. Os dados serão registrados no quadro

para posterior socialização entre os alunos.

CIDADES VIZINHAS ESTADOS PAÍSES

O texto a seguir será apresentado aos alunos para leitura individual e

coletiva. A intenção é complementar o estudo da temática, apresentando alguns aspectos

importantes a respeito de quem produz, o que a cidade produz os alimentos agrícolas,

quem industrializa os produtos e quem os consome.

CONHECENDO QUEM PRODUZ, O QUE PRODUZ, QUEM INDUSTRIALIZA E QUEM CONSOME EM UMUARAMA-PARANÁ.

A Horta Municipal, considerada modelo em tecnologia e produtividade, atende a demanda de hortifruticolas para merenda escolar nas escolas municipais, creches e entidades filantrópicas, visando enriquecer nutricionalmente a alimentação das crianças na rede municipal de ensino e de assistência.

A horta municipal distribui semanalmente 20 variedades de olerículas, que são entregues direto da horta para a escola, entidade, e alimenta 10.000 crianças do Município. A merenda escolar oferece diariamente 2.000 refeições nas creches e 18.000 refeições nas escolas municipais, ou seja, com o que produzimos, alimentamos diariamente 20.000 crianças.

Beneficiando os produtores rurais do Município, o Programa Compra Direta, adquire os excedentes da produção de alimentos, direto do produtor rural, através de convênio com o Governo Federal (PAA-Programa de Aquisição de Alimentos), beneficiando 148 agricultores familiares, em diversas áreas como frutas, folhosas, tubérculos, conforme a oferta do calendário agrícola.

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Vale ressaltar que o programa beneficia e valoriza produtores orgânicos de hortaliças e polpas de frutas. Para o agricultor familiar participar do PAA, é necessário o cadastramento na Divisão de Abastecimento e Comercialização que se localiza na Rua Inajá, próximo ao INSS. O Banco de Alimentos atende 5.600 famílias e tem por objetivo recolher alimentos dos mercados, feiras livres, feria do produtor e mercearias em geral, que não foram comercializados, ou seja, excedentes de gôndola, que são perfeitamente consumíveis. Após o recolhimento é realizada a seleção e destinados à merenda escolar, creches e entidades.

Além de possuirmos um potencial expressivo na produção de alimentos para a demanda de um milhão de refeições dia, considerando a população regional em mais de trezentas mil pessoas, o Município vem alicerçando sua vocação em alimentos, com a presença de empresas com relevância nacional como Alimentos Zaeli, Biscoitos Naga e Averama.

Na cadeia produtiva de alimentos, a administração municipal incentiva o desenvolvimento de tecnologias em novos produtos e o fortalecimento da produção na agricultura familiar, principal meio de vida da população rural de Umuarama. Diversos projetos de agroindustrialização, assessoria técnica e sanitária, incentivo à participação de feiras e eventos, objetivam o desenvolvimento, geração de emprego, agregação de renda e, sobretudo a permanência do homem e sua família no campo.

O Município de Umuarama tem 1.800 pequenas propriedades (com até dois módulos, ou seja, com 40 ha.). Em 2004, tínhamos 1.511 micros e pequenos produtores rurais com uma forte presença da exploração familiar. Com o intuito de estabelecer uma política pública voltada ao desenvolvimento econômico sustentável, a administração municipal proporciona forte apoio à criação de indústrias de transformação caseira agregando valores aos produtos originários da terra.

O Município conta com 68 unidades familiares cadastradas na Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente que recebem inspeção sanitária através de SIM – Serviço de Inspeção Municipal. As micro-agroindústrias, normalmente instaladas na propriedade rural têm proporcionado renda extra e trabalho para os membros da família do produtor.

Os produtos das micro-agroindústrias são, na maioria, comercializados nas Feiras Livres e Feira do Produtor, além do abastecimento no comércio local e nos supermercados. Clara a prioridade do fortalecimento da Agricultura Familiar, para isto conveniamos o Cibax para proceder à averbação da reserva legal, reduzindo significativamente os custos para o pequeno produtor, idealizando um projeto inédito no Estado do Paraná. Possuímos 44 aviários com capacidade de alojamento para 945.000 frangos, integrados ao frigorífico, com capacidade para exportação.

São 35 agroindústrias de alimentos regulamentadas, produzindo queijos, embutidos e defumados, laticínio, abatedouro de bovinos e suínos, granjas produtoras de ovos, comprovando o potencial de transformação da produção na agricultura familiar.

Fonte: Disponível em: http://umuarama.com.br/conheca/flashpaper/perfil_municipal.swf

A partir da análise do texto será realizado um levantamento (grupos de quatro)

alunos a respeito dos fatores que considerados mais relevantes presentes no texto. Com

a mediação da professora, os alunos farão a apresentação dos resultados para a classe.

3.2 UNIDADE 2- AS PRIMEIRAS FORMAS DE USO DO SOLO UMUARAMENSE EM

FUNÇÃO DA LAVOURA DE CAFÉ

A aula terá início com a explicação da professora a respeito do processo de

ocupação da região noroeste que ocorreu a partir da década de 1950 impulsionado pela

valorização do café no mercado internacional, que em 1954 alcançava bons preços.

Os alunos serão levados a refletir que a busca por novas terras virgens para o

plantio do café se direcionou neste sentido, fundando municípios de grande importância,

entre eles Umuarama em 1955. O texto a seguir servirá de instrumento para a

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compreensão da temática, subsidiando a construção de um organograma, com destaque

nas principais datas e fatos ocorridos no processo das primeiras formas de ocupação do

solo umuaramense em função da lavoura de café.

AS PRIMEIRAS FORMAS DE USO DO SOLO UMUARAMENSE EM FUNÇÃO DA LAVOURA DE CAFÉ

Segundo dados da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná que apresenta as seguintes informações. Com o intuito de desbravar novas terras para o plantio de café, fazendeiros paulistas e mineiros deram início, no princípio do século XX à colonização do Norte do Paraná, na região hoje determinada Norte Velho. Conhecido o potencial das novas terras, principalmente visando o plantio do café, a empresa colonizadora britânica, Paraná Plantations Company, através de sua subsidiária, Companhia de Terras Norte do Paraná, adquiriu do governo do Estado e de diversos posseiros uma gleba de 515.000 alqueires, que veio se constituir no Norte Novo.

Em 1929, com o arrendamento da estrada de ferro no trecho Ourinhos-Cambará, estendeu esta rede em direção às suas terras atingindo o Rio Tibagi.Em decorrência da deflagração da Segunda Guerra Mundial em 1939, um grupo brasileiro adquiriu dos ingleses a Companhia de Terras, que passou a ser denominada Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, somando sob esta estrutura, mais 30.000 alqueires das terras existentes (Gleba Cruzeiro), região denominada Norte Novíssimo. Três princípios nortearam a colonização:

1. A construção de um eixo rodoviário de penetração, com a dupla finalidade de facilitar o acesso às novas áreas e permitir o escoamento rápido e seguro à produção da região.

2. Assentamento de núcleos básicos de colonização na rota do eixo rodo-ferroviário, estabelecidos progressivamente, a uma distância de aproximadamente 100 quilômetros uns dos outros, que definiram, em ordem, Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama, unidades estas planejadas para se tornarem grandes centros prestadores de serviços. Entre esses núcleos urbanos principais, fundou-se, de 15 em 15 quilômetros, pequenos patrimônios, cidades bem menores com a finalidade de servir como centro de abastecimento da população rural.

3. Divisão da zona em faixas de áreas não superiores a 14 alqueires, ajustadas à produtividade do solo e á cultura cafeeira.

DESENVOLVIMENTO MIGRATÓRIO E SÓCIO-ECONÔMICO DE UMUARAMA

Na década de 50, segundo depoimento do pioneiro José do Nascimento Martins Tropa, residente no município de Umuarama desde 1957, Umuarama antigo patrimônio de Cruzeiro do Oeste, era um povoado de 5.829 habitantes. Com a concentração de migrantes e imigrantes em vários pontos, a cidade de Umuarama foi surgindo e crescendo em larga escala. Desbravadores paulistas, mineiros, catarinenses e nordestinos chegavam visando explorar as riquezas naturais, cultivar a terra e desfrutar do clima adequado para o plantio do café.

O comércio tinha uma divisão bem clara: portugueses trabalhavam no comércio alimentício, os libaneses no comércio têxtil, japoneses no cultivo de grãos, cereais, hortaliças e frutas e os nordestinos na mão de obra bruta, na construção civil e na zona rural.

Umuarama não tinha infraestrutura urbana, faltava luz, asfalto, telefonia e meios gerais de comunicação. Em razão da grande expectativa de crescimento e desenvolvimento, se instalam aqui Instituições Bancárias (Banco Mercantil de São Paulo, Bradesco e Banco do Brasil) que em parceria com o governo abrem linhas de crédito incentivando a agricultura. A extração da madeira, para dar lugar a agricultura, tinha sua força econômica, como conseqüência surgiu madeireiras e serrarias de grande porte.tão expressiva.

Com este grande crescimento Umuarama começa a construir seu plano piloto, recebe infra-estrutura básica, fundam-se rádios difusoras, jornais, concessionárias de veículos e tratores, telefonia e grandes magazines (segundo depoimentos de Tropa).

No final da década a situação mudou radicalmente em conseqüência das geadas (1963, 1964 e 1966) e da política econômica do setor (a política de erradicação do café), veio o período da decadência do café e junto, o desemprego e o êxodo rural, uma desruralização sem precedentes, paralela. Nesta década o Paraná pode ser considerado um Estado territorialmente ocupado. Cessaram as frentes pioneiras, não

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restando mais terras a serem ocupadas e colonizadas, completando historicamente o período de ocupação territorial.

Disponível em: http://revistas.unipar.br/akropolis/article/view/373/339.

Posteriormente à leitura e explicações orais em sala de aula, os alunos farão os

registros em cartolina, a partir das datas apresentadas abaixo.

Períodos FatosPrincípio do século XXAno (1929)Década de 50Ano (1957)Anos (1963/1964/1966)

Os registros serão feitos em papel manilha para exposição no mural da escola. A

avaliação compreenderá em que medida os enunciados refletem a forma de pensar, ser e

agir dos produtores do texto.

3 UNIDADE3 – INDÍCIOS DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM UMUARAMA

Os alunos se enriquecem diariamente com experiências e conhecimentos

adquiridos dentro e fora da escola. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica de

Geografia DCEs – Paraná (2008, p. 14) afirmam que “[...] um sujeito é fruto de seu tempo

histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que

atua no mundo a partir do modo como compreende e como dele lhe é possível participar”.

Assim, é necessário compreender que o conteúdo descontextualizado da maioria

das atividades escolares é uma das causas do desinteresse demonstrado pelos alunos.

Por outro lado, essa distância entre o ensino e a realidade é interiorizada de tal maneira

pelos alunos, que estes deixam de fazer as poucas ligações possíveis entre a escola e a

vida.

Desta forma, as atividades propostas nessa Unidade buscam aproximar os alunos

da realidade. Primeiramente, o professor apresentará o conteúdo em Power Point, com as

explicações necessárias sobre o processo da modernização da agricultura de Umuarama,

partindo do conceito geral para o específico, explorando o processo de forma a contribuir

para o entendimento dos alunos, articulando o conteúdo com a realidade.

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A aula expositiva tratará dos principais fatores que contribuíram para impulsionar a

mudança na configuração do espaço de Umuarama, dando destaque à política de

crédito agrícola, destinado à compra de máquinas, insumos e sementes

selecionadas. Isso contribuiu fortemente para o rendimento das lavouras, colocando a

agricultura nos moldes do capitalismo.

Com base em Ferreira (2011, p. 01) será comentado que isso exigiu “a

incorporação de novos padrões tecnológicos no espaço rural, uma espécie de tentativa de

rompimento com o passado (práticas tradicionais de cultivo agrícola), entre outros fatores,

como forma de integrar as famílias e/ou agricultores rurais a novas formas de

racionalidade produtiva”.

Assim, o debate sobre os conceitos e a importância relativa à modernização do

espaço rural será intenso, levando os alunos a compreenderem as inúmeras concepções,

interpretações e propostas, oriundas das diferentes entidades representativas dos

“pequenos agricultores”, dos intelectuais que analisaram a área rural, e dos técnicos

governamentais encarregados de elaborar as políticas para o setor rural brasileiro

(CAVALCANTI, 1988).

O vídeo “Agricultura Moderna” contribuirá para a compreensão da temática,

levando os alunos a refletirem sobre aspectos importantes do agricultor no campo frente

ao processo de modernização da agricultura, disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=uMz4SRIglx0&feature=related.

A partir do vídeo, o professor complementará o assunto lembrando os alunos que

em razão da substituição da lavoura cafeeira na década de 1970, a região de Umuarama,

assim como todas as cidades da região passou a ter grande potencial para a configuração

do processo modernizador do campo, pois, o relevo suavemente ondulado e um

solo favorecido por nutrientes, colaboraram para as grandes lavouras de grãos.

No noroeste, porém, uma dessas condições – o solo – em particular não favoreceu

da mesma forma a modernização da agricultura como nas demais regiões do norte

paranaense.

Para complementar as explicações sobre o processo de mecanização da

agricultura, o professor apresentará um vídeo “Brasil: Um Planeta Faminto e a Agricultura

Brasileira” para ilustração do processo de mecanização e discussão da necessidade das

inovações tecnológicas, disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=aoiP-

WK3V8o&feature=pyv.

Com base nos dois vídeos apresentados, em duplas os alunos refletirão sobre:

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• O que acharam dos vídeos?• Qual deles retrata a realidade vivenciada no campo?• O que mais lhes chamou a atenção?• Vocês gostariam de trabalhar no campo? Justifiquem?• Como é a vida do agricultor no campo?• Por que a mecanização da agricultura é importante?• Destaquem outras curiosidades. Comentem o parágrafo:

“A agricultura não se fez pelas culturas de grãos (soja, trigo, milho) altamente dependentes de capital, ela abriu espaço para outras culturas como a cana-de-açúcar e a mandioca e posteriormente para a afirmação do pasto”.

Para complementar a exposição oral do conteúdo, o professor fará uso de um

texto, que será precedido de uma leitura individual e em grupo, conforme exposto a

seguir:

MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA NO MUNICÍPIO DE UMUARAMA

De acordo com as informações da Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, o Paraná tornou-se o maior produtor brasileiro de café, chegando mais tarde a produzir 60% do total nacional, incentivando o crescimento da cafeicultura em Umuarama.

No início da década de 60 a população de Umuarama era de 113.697 habitantes, dentre eles, 33.774 urbanos e 79.923 rurais (fonte IBGE censo de 1970).

O café, a extração da madeira, outras culturas (algodão, feijão, milho, arroz, amendoim, mandioca e a soja), a pecuária e a falta de máquinas agrícolas sempre exigiram uma numerosa mão de obra, razão pela qual a população rural ser mente a crise econômica que atingia Umuarama provocada pelas transformações radicais no campo.

A cidade começa a ter seus primeiros problemas sociais, ligados a moradia, educação e a saúde. Resultante da erradicação do café, as pessoas que antes moravam na zona rural mudam-se para a cidade a procura de emprego e melhores condições de vida. A modernização da indústria já se reflete na cidade.

Pequenas propriedades são adquiridas por latifundiários, que formaram as primeiras grandes fazendas, visando o cultivo da pecuária e outras lavouras.

Pesquisas do IBGE de 1980 nos apontam uma população total 100.545 habitantes, com 59.861 habitantes na cidade e 40.684 habitantes na área rural, demonstrando agora um novo quadro, ou seja, a população urbana já é maior que a do campo.

O desemprego, a moradia, a educação e a saúde, agora, são grandes problemas sociais decorrentes da falta de estrutura que a cidade oferecia a esta crescente população urbana.

Provocada a retirada das matas às serrarias aqui instaladas não tinham mais a mesma demanda, alguns desbravadores emigram daqui, no mesmo ideal com que chegaram, saem atrás de novas terras em Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

A pecuária toma conta da economia local, atingindo grande expressão no mercado brasileiro, neste período o maior rebanho bovino do Paraná encontra-se na região. Umuarama tem a maior cultura bovina do sul do País e é o quinto maior produtor de leite do Paraná.

A industrialização caminha junto à tecnologia, esta tecnologia substitui homens por máquinas em grande proporção resultando em desemprego e a sobra de mão de obra. Inicia-se um grande plantio de cana de açúcar em razão do incentivo do governo federal ao Pró-alcool.

Dados do IBGE de 1990 nos mostram agora uma população total de 100.249 habitantes totais com 77.541 pessoa na cidade e 22.708 pessoas no campo. Segundo dados da Amerios (Associação dos Municípios de entre Rios) a cidade aposta na indústria têxtil e na indústria alimentícia e a pecuária agora é a principal força econômica.

O perfil de Umuarama muda completamente, de sua fundação a década de 90, sua população total é de 90.621habitantes, na área urbana de 82.538 habitantes e na rural de 8.083 habitantes segundo o IBGE censo de 2000. Nesta década a economia da região se diversifica. Na agricultura, iniciam-se cultivos de

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bichos da seda, à volta do café incentivado pelo Estado, com muito menos intensidade. Descobre-se que o arenito caiuá, terra do nosso solo, é ideal para plantar e cultivar a soja, a pecuária continua forte.

Disponível em: Adaptado de: http://revistas.unipar.br/akropolis/article/view/373/339.

Com base nas explicações iniciais e da análise dos textos, os alunos serão

divididos em grupos de até quatro, para caracterizar o novo modelo agrícola implantado

no município de Umuarama a partir do ano de 1970 em substituição ao café; identificar a

consequências sociais e econômicas geradas pelo novo modelo agrícola, valorizando a

concentração fundiária, o êxodo rural e a mecanização das atividades agrícolas.

Os alunos serão levados a repensar sobre os aspectos positivos e negativos da

modernização das atividades agrícolas. Assim, será solicitado que eles avaliem a situação

procedendo aos registros das principais características e consequências da modernização

no campo. Em seguida, será promovido um debate.

Alguns aspectos merecerão destaque:

Principais pontos positivos Principais pontos negativos

-Grande aumento da produtividade de alimentos; -Aumento da produtividade agrícola em países não industrializados; -Desenvolvimento agrícola;-Expansão da fronteira agrícola;-Desenvolvimento tecnológico.

-O aumento das despesas com o cultivo e o endividamento dos agricultores;-O crescimento da dependência entre os países;-Esgotamento do solo;-Ciclo vicioso de fertilizantes;-Perda de biodiversidade;-Erosão do solo; poluição do solo causada pelo

uso de fertilizantes;-Redução da mão de obra rural;-O êxodo rural.

Os alunos poderão fazer uso da criatividade para desenvolver e apresentar um

trabalho sobre o conteúdo proposto, utilizando registros escritos, imagens, fotos,

desenhos entre outros recursos, para caracterizar o processo de modernização da

agricultura no município de Umuarama.

O laboratório de informática da escola, os livros da biblioteca, jornais e revistas

poderão ser utilizados como fonte de pesquisa. O site

http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286 do Município será um recurso

valioso a ser utilizado para ilustrar o trabalho que será exposto no mural da escola para

apreciação da comunidade escolar.

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Como atividade complementar, os alunos sairão a campo para uma visita ao

espaço rural. A aula de campo propiciará um trabalho diversificado, pois os alunos

poderão contemplar as interrelações presentes entre os elementos do ambiente e da

produção social, enriquecendo a sua visão de mundo.

Com a ajuda do professor, os alunos poderão fotografar os espaços, conversar

com pessoas experientes na agricultura, tecendo comparações entre o espaço rural e o

urbano do passado e do presente.

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REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: HUCITEC, 1992.

CAVALCANTI, L. S. Geografia, escola e construção do conhecimento. São Paulo: Papirus, 2005.

FERREIRA H. O. de. Modernização da agricultura e seus reflexos no espaço agrário do Brasil. Disponível em: < http://www.webartigos.com/articles/49005/1/modernizacao-da-agricultura-e-seus-reflexos-no-espaco-agrario-do-brasiL/pagina1.html#ixzz1EJaQdbtX>. Acesso em: 10 de jan. de 2011.

FLEISCHFRESSER, V. Modernização tecnológica da agricultura: contrastes regionais e diferenciação social no Paraná da década de 70. Curitiba: livraria do Chain: CONCITEC: IPARDES, 1998.

GONÇALVES NETO, W. Estado e agricultura no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1997.

MONTOYA, M. A.; GUILHOTO, J. J. M. Mudança estrutural no agronegócio brasileiro e suas implicações na agricultura familiar. In: TEDESCO, J. C. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. 3. ed. Passo Fundo: UPF, 2001.

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SERRA, E. Reflexões sobre a origem da crise agrária no norte do Paraná. In: Boletim de Geografia. Universidade Estadual de Maringá, departamento de Geografia. Vol. I n.1. Ma-ringá: UEM/ Departamento de Geografia. 1983.

TEIXEIRA. J. C. Modernização da agricultura no Brasil: impactos econômicos, sociais e ambientais. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas Três Lagoas-MS, V 2 – n.º 2 – ano 2, Setembro de 2005 Disponível em: < http://www.cptl.ufms.br/geo/revista-geo/Revista/Revista_ano2_numero2/jodenir.pdf Aces-so em: 10 de jan. de 2011.