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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - SUED DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPE
Ficha para Catálogo Artigo Final
Professor PDE/2010
Título O Espaço Rural e a Modernização da Agricultura em Umuarama- Paraná
Autor Ivone Dalloca
Escola de Atuação Colégio Estadual Profª Hilda T. Kamal
Município da Escola Umuarama
Núcleo Regional de Educação
Umuarama
Orientador Elpídio Serra
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual de Maringá-Pr-UEM
Área do Conhecimento/Disciplina
Geografia
Relação História
Público Alvo Alunos da 6ª Série ( 7º ano) Ensino fundamental
Localização) Avenida. Ipiranga, nº 4188, Centro, Umuarama - PR.
Resumo: O presente artigo teve como objetivo propor a compreensão das principais transformações sofridas pelo espaço rural, a partir do avanço tecnológico que teve como principais características a mecanização, a concentração fundiária e o êxodo rural no município de Umuarama. A proposta de implementação foi realizada com os alunos da 6ª série do período vespertino do Colégio Estadual Hilda T. Kamal, frente a várias possibilidades de exploração do conteúdo proposto, com a participação de 30 (trinta) alunos. Para o desenvolvimento das atividades foram utilizadas estratégias diversificadas de intervenção que envolveu explicitação oral, pesquisas em livros, revistas pedagógicas e sites da internet, leitura e reflexão de textos e vídeos e aula de campo para visitas ao espaço rural. Ao refletir sobre o espaço rural e o urbano no
cotidiano, sobretudo, frente ao processo da globalização, os alunos repensaram o seu papel na sociedade, considerando o porquê destes espaços estarem assim constituídos, do estabelecimento das relações com as contradições que os colocam em constante movimento. Para os alunos ficou a compreensão de que a modernização na agricultura não beneficiou a todos os produtores e propriedades rurais no município de Umuarama, contribuindo em muitos casos para a exclusão dos pequenos produtores (menos favorecidos), favorecendo, geralmente, os grandes proprietários e determinados segmentos da produção, ou seja, aqueles que eram de interesse da indústria e aqueles voltados para exportação.
Palavras-chave Modernização; agricultura; município de Umuarama
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL PDE
IVONE DALLOCA
O ESPAÇO RURAL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM UMUARAMA-
PARANÁ
MARINGÁ – PR
2012
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL - PDE
IVONE DALLOCA
O ESPAÇO RURAL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM UMUARAMA-
PARANÁ
Artigo realizado como apresentação do Projeto do Programa de Desenvolvimento Educacional. Orientador: Elpídio Serra
MARINGÁ – PR 2012
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O ESPAÇO RURAL E A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA EM UMUARAMA-
PARANÁ
Autora: Ivone Dalloca1
Orientador: Dr. Elpídio Serra2
Resumo
O presente artigo teve como objetivo propor a compreensão das principais transformações sofridas pelo espaço rural, a partir do avanço tecnológico que teve como principais características a mecanização, a concentração fundiária e o êxodo rural no município de Umuarama. A proposta de implementação foi realizada com os alunos da 6ª série do período vespertino do Colégio Estadual Hilda T. Kamal, frente a várias possibilidades de exploração do conteúdo proposto, com a participação de 30 (trinta) alunos. Para o desenvolvimento das atividades foram utilizadas estratégias diversificadas de intervenção que envolveu explicitação oral, pesquisas em livros, revistas pedagógicas e sites da internet, leitura e reflexão de textos e vídeos e aula de campo para visitas ao espaço rural. Ao refletir sobre o espaço rural e o urbano no cotidiano, sobretudo, frente ao processo da globalização, os alunos repensaram o seu papel na sociedade, considerando o porquê destes espaços estarem assim constituídos, do estabelecimento das relações com as contradições que os colocam em constante movimento. Para os alunos ficou a compreensão de que a modernização na agricultura não beneficiou a todos os produtores e propriedades rurais no município de Umuarama, contribuindo em muitos casos para a exclusão dos pequenos produtores (menos favorecidos), favorecendo, geralmente, os grandes proprietários e determinados segmentos da produção, ou seja, aqueles que eram de interesse da indústria e aqueles voltados para exportação.
Palavras-chave: Modernização; agricultura; município de Umuarama.
1 Introdução
Esse artigo é resultado da pesquisa desenvolvida no Programa de
Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da Educação do Paraná
1 Graduada em Geografia. Professora da Rede Pública Estadual Ensino do Estado do Paraná.
2 Professor Vinculado ao Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá UEM.
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(PDE/PR). As ações apresentadas foram implementadas junto aos alunos de uma
escola do município de Umuarama da região noroeste do estado do Paraná, tendo
o espaço rural e a modernização da agricultura em Umuarama-Paraná, como
temática de estudo.
Segundo as DCEs – Paraná (2008), os conteúdos específicos de Geografia
precisam ser tratados pedagogicamente, a partir das categorias de análise das
relações entre espaço (temporais), das relações sociedade (natureza), como quadro
conceitual de referência. Pressupõe-se que por meio dessa abordagem, é possível
levar os alunos a compreenderem os conceitos geográficos e o objeto de estudo da
Geografia em suas amplas e complexas relações.
No Brasil, o processo de modernização do campo, que teve início na década
de 1950, acentuando-se a partir da década de 1960, sobretudo, nas regiões
Sul e Sudeste e expandindo-se para outras regiões, especialmente, a partir da
década de 1970 contribuiu para significativas mudanças nas últimas décadas no
espaço rural brasileiro. Ao pensar na questão do espaço rural e a modernização da
agricultura um ponto bastante preocupante é o pouco conhecimento por parte dos
alunos sobre o ambiente urbano e o rural e as implicações existentes entre estes
dois espaços de relação de troca.
Portanto, essa temática encontra-se inserida no quadro dos conteúdos
estruturantes das DCEs – Paraná (2008) de Geografia. Com o desenvolvimento do
presente artigo busca-se contribuir para a evolução conceitual dos alunos,
permitindo-lhes uma reflexão sobre a realidade do espaço rural e sua relação com o
espaço urbano, compreendendo o seu papel na transformação da sociedade.
O presente artigo teve como objetivo propor a compreensão das principais
transformações sofridas pelo espaço rural, a partir do avanço tecnológico que teve
como principais características a mecanização, a concentração fundiária e o êxodo
rural no município de Umuarama.
2 O Processo de Modernização da Agricultura
O processo de modernização da agricultura no Brasil teve origem na
década de 1950 com o avento das importações de meios de produção mais
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modernizados. Contudo, apenas na década de 1960 esse processo consolidou-se
com a implantação na sociedade brasileira de um campo industrial direcionado
para a produção de equipamentos e insumos para a agricultura (TEIXEIRA,
2005).
A modernização da agricultura implicou na incorporação de novos padrões
tecnológicos no espaço rural de maneira a integrar as famílias e/ou agricultores
rurais a novas formas de racionalidade produtiva.
A partir da segunda metade do século XX, especificamente a partir da década de 60, o espaço agrário do Brasil passou a sofrer um forte avanço tecnológico na produção agrícola com a crescente adesão de processos industriais ao campo. Foi a denominada ‘Revolução Verde’ cujas principais características eram a mecanização e tecnificação dos meios de produção com a utilização de tecnologias poupadoras de mão-de-obra, como maquinários especializados e uso de agroquímicos (fertilizantes) (FERREIRA, 2011, p. 01)
Assim sendo, entre as décadas de 1960 - 1970 ocorreu um processo
intensificado de modernização das atividades agrícolas com base no paradigma da
Revolução Verde. Tal fato favoreceu um conjunto de esforços que contribuíram para
a implementação da produção agrícola em todo o mundo, com a utilização de
diferenciadas “técnicas agrícolas modernas como fertilizantes, agrotóxicos e
irrigação, a intenção era de aumentar a produção e a produtividade (NAVARRO,
2001, apud FERREIRA, 2011, p. 01).
No Brasil destacaram-se entre outros produtos a cana-de-açúcar, a laranja,
o café, a batata, as frutas cítricas e, sobretudo, a soja cujas fronteiras agrícolas já
não mais existem como em toda “a Região Centro-Oeste, parte da Região Sul, leste
do estado da Bahia, além de ter avançado fortemente para a Região Norte com
impactos diversos, cuja explicitação não cabe nessa discussão” (FERREIRA, 2011,
p. 11).
Montoya e Guilhoto (2001) afirmam que as transformações estruturais
formaram a base da “modernização da agricultura”.
Com a expansão da produção industrial, assentada no “modelo de substituição de importações” – inicialmente dirigida para a produção de
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bens de consumo não duráveis e, logo, para a produção de bens de consumo duráveis, intermediários e de capital -, a agricultura deixou de ser um setor econômico distinto, passando rapidamente a se integrar à dinâmica da produção industrial, naquilo que ficou conhecido como “complexos agroindustriais” ou “agronegócios”. Com base nesses fatos, pode-se afirmar que a produção rural passou a se situar; economicamente, entre as indústrias produtoras de bens e insumos para a agricultura (a montante) e as indústrias processadoras e de serviços de base agrícola (a jusante).
A modernização da agricultura é entendida como um processo forjado, que
adveio em razão do avanço da ciência e da tecnologia moderna, contribuindo para a
introdução de formas inovadoras de produção, acarretando, por consequência, o
aumento da produtividade e baixa quantidade de mão-de-obra.
Abramovay (1992, p. 59-60) argumenta que “nem todos os agricultores de
um país adotam as mesmas técnicas, assim existem graus de modernização
diferenciados em propriedades agrícolas vizinhas, sobretudo, na relação latifúndio-
minifúndio”.
Segundo Teixeira (2005), com a modernização da agricultura as indústrias
de equipamentos e insumos passaram a pressionar, direta ou indiretamente, a
agricultura a se atualizar, almejando vendas cada vez maiores. Entretanto, o grande
impulso na transformação da base técnica da produção agrícola aconteceu com o
incentivo governamental através do chamado crédito rural, viabilizado,
especialmente a partir de meados da década de 1960.
Com o crescente avanço da industrialização e urbanização no Brasil, a
modernização do setor agrário segundo Teixeira (2005) tornou-se necessário:
[...] produzir alimentos e produtos para exportação para controlar a balança comercial do país. No entanto, o referido desenvolvimento se dá principalmente via capital internacional, com uma crescente participação das empresas multinacionais, com interesses em manter o setor rural cada vez mais subordinado aos recursos por elas produzidos. Argumentavam que o arcaico setor rural seria um entrave para o desenvolvimento econômico, não conseguindo responder à demanda do setor urbano – industrial (TEIXEIRA, 2005, p. 25-26).
O autor citado relata que o argumento fundamental para essa questão era
que a exportação não contribuía para o aumento da agricultura que não produzia
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alimentos e matérias-primas suficientes à demanda urbana – industrial. Os
preços dos produtos agrícolas também aumentavam continuamente. “Porém, vários
estudos desse período são contrários a esse argumento, combatendo a idéia de
uma agricultura como entrave ao desenvolvimento, apesar de seu aspecto
rudimentar” (TEIXEIRA, 2005, p. 26).
Assim, no final de 1960 e início de 1970 foi colocado à disposição dos
produtores que possuíam terras, empréstimos através do sistema financeiro
empréstimos, para garantir um crédito rural farto e fácil (FLEISCHFRESSER, 1988).
Para a autora, isso contribuiu para reduzir o diferencial de acumulação entre os
produtores de diferentes regiões, dotando os produtores de médio e grande porte de
capacidade de investimentos, que tivessem ou não previamente acumulado. Da
mesma forma, os fertilizantes e corretivos químicos reduziram, em parte, as
diferenças de fertilidade natural dos solos.
Contudo, o volume de crédito do Estado não foi equitativamente distribuído
entre regiões e as várias categorias de produtores, porque isso, inclusive,
corresponderia a ignorar a própria realidade. Para Fleischfresser (1988, p. 53), na
década de 70, o crédito rural, principalmente, “para investimento e custeio, foi posto
à disposição dos produtores rurais, independente da região, desde que tivessem
terras próprias e de determinada dimensão, ou um contrato formal de
arrendamento”.
Com isso conforme Gonçalves Neto (1997, p. 78) assistiu-se na década de
1970:
[...] a uma profunda mudança no conteúdo do debate. Impulsionada por uma política de créditos facilitados, que se inicia na segunda metade dos anos 60, pelo desenvolvimento urbano-industrial daquele momento, que se convencionou chamar de “milagre brasileiro”, a agricultura brasileira não apenas respondeu às demandas da economia, como foi profundamente alterada em sua base produtiva. O maciço crescimento do uso da tecnologia mecânica, de defensivos e adubos, a presença da assistência técnica, o monumental êxodo rural, permite dizer que o Brasil mudou e o campo também.
A crise no setor petroleiro ocorridas na década de 1970 impôs novos
desafios para a agricultura. Conforme Teixeira (2005) foi necessário além da
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produção de alimentos e divisas trabalhar para a produção de mais alternativa
energética ao petróleo.
Assim, nasceu a proposta do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL).
A partir de então, a monocultura da cana-de-açúcar passou a exigir espaços cada
vez maiores para a sua produção. A instituição do PROÁLCOOL no ano de 1975
provocou “a rápida substituição dos espaços rurais para produção de alimentos,
por uma produção cada vez maior de cana-açúcar e de outros produtos para o
mercado externo” (TEIXEIRA, 2005, p. 28).
As transformações tanto no que diz respeito à concentração da propriedade
e uso da terra, quanto às relações de trabalho e de produção, com reflexos em
termos de expropriação e expulsão de trabalhadores, conforme Serra (1983, p. 54)
havia iniciado antes das geadas. Contudo, na visão deste autor, “estas foram
intensificadas depois, a ponto de o ano de 1975 pode ser considerado, efetivamente,
o divisor de águas, o que separou a velha e a nova fase da problemática agrária
paranaense”.
As primeiras manifestações de mudança ocorreram com a estrada em crise
da atividade cafeeira, entre a década de 60 e 70, com a ocorrência do processo de
desarticulação da economia agrícola. Serra (1983) lembra que:
Sob a ótica da consolidação do capitalismo no campo, o processo de modernização produziu resultados altamente positivos, tanto no Paraná como nas demais regiões brasileiras onde foi implantado. Sob a ótica dos impactos sociais que gerou, no entanto, os resultados foram adversos. (SERRA, 1983, p. 53).
O autor citado comenta que se no âmbito da agricultura brasileira as
mudanças decorrentes demoraram 20 anos, o que dizer do Paraná, onde as
transformações não levaram mais que cinco anos. Serra (1983) evidencia que
depois das geadas de 1975, quando os cafeeiros foram erradicados foram liberados
os espaços para novos cultivos e a modernização passou a exercer impacto. Antes
disso, existiam apenas fatos isolados dessa prática, não sendo representativos no
conjunto da economia agrícola, porquanto:
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[...] O Paraná modernizou sua agricultura na esteira do processo já em fase adiantada em outros estados, dentro de seu espaço agrário interno algumas regiões também vão inovar na esteira de outras. Ou seja: o mesmo tempo e com a mesma velocidade todas as regiões agrícolas. As desigualdades tecnológicas vão estar diretamente ligadas, em primeiro lugar às condições naturais, caso do clima e do relevo, e ao processo histórico em que se deu a ocupação pioneira e, em segundo lugar, à dinâmica política e econômica e à estrutura fundiária que vão caracterizar os compartimentos regionais, tornando-os mais ou menos suscetíveis às inovações (SERRA, 1983, p. 51).
A modernização trouxe um aumento considerável na produção agrícola,
acentuou a exportação e contribuiu intensamente para o crescimento da economia
nacional.
Contudo, na visão de Teixeira (2005) acabou por beneficiar apenas parte da
produção, nomeadamente, as produções destinadas às exportações, atendendo,
portanto, ao interesse da elite rural. Para o autor, isso causou impactos ambientais
significativos em razão da utilização de produtos tóxicos sem os cuidados
indispensáveis para o seu manuseio, além de contribuir para o desemprego no
campo e consequente êxodo rural.
Conforme o entendimento de Serra (1983), o trabalhador rural foi a categoria
mais penalizada ao lado do pequeno produtor rural familiar independente, pagando o
preço mais alto em razão das transformações processadas na estrutura agrária
paranaense.
Ao propor discussões sobre o processo histórico da modernização da
agricultura, as desigualdades, conflitos e contradições próprias da sociedade
capitalista marcam as paisagens, propiciando aos alunos um quadro importante de
referência conceitual em Geografia. Estas podem ser reveladas sob uma análise
crítica dos espaços ocupados pelos diferentes segmentos sociais, culturais, étnicos
que compõem a sociedade.
O espaço rural é compreendido como um espaço que não é urbano,
portanto, diferenciado em suas atividades produtivas. Tradicionalmente, as
atividades rurais na agricultura são constituídas pelo cultivo de vegetais como: milho,
arroz, feijão, trigo, soja, hortaliças, frutas. Desta forma, compreender melhor o
espaço rural e sua relação com a modernização da agricultura constitui-se num
ponto importante para os que integram uma instituição de desenvolvimento da
região.
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3 Estratégias de Ação
O estudo foi realizado com os alunos da 6ª série do período vespertino do
Colégio Estadual Hilda T. Kamal, frente a várias possibilidades de exploração do
conteúdo proposto, com a participação de 30 (trinta) alunos.
Para o desenvolvimento das atividades foram utilizadas estratégias
diversificadas de intervenção, tais como:
- Explicitação oral – o professor apresentou o conteúdo nas várias
possibilidades de exploração;
- Pesquisas: em duplas os alunos fizeram pesquisas em livros, revistas
pedagógicas e sites da internet;
- Vídeos: o conteúdo foi explorado utilizando vídeos ilustrativos sobre a
temática proposta;
- Aula de campo: foram realizadas visitas ao espaço rural para propiciar um
trabalho diversificado, contemplando as interrelações presentes entre os elementos
do ambiente e da produção social, enriquecendo a visão de mundo dos alunos.
As atividades foram distribuídas em três unidades em conformidade com os
seguintes objetivos: estudar o processo histórico da colonização do município de
Umuarama e as primeiras formas de uso do solo em função da lavoura de café;
resgatar o processo histórico da modernização da agricultura no município de
Umuarama; caracterizar o novo modelo agrícola implantado no município de
Umuarama a partir do ano de 1970 em substituição ao café; identificar as
consequências sociais e econômicas geradas pelo novo modelo agrícola,
valorizando a concentração fundiária, o êxodo rural e a mecanização das atividades
agrícolas.
4.1 Processo Histórico da Colonização do Município de Umuarama
Em se tratando do estudo do processo histórico o professor pode provocar
em seus alunos o gosto pela atividade. Como recurso didático recorremos ao estudo
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de um texto para leitura, análise e compreensão da história do município,
envolvendo os alunos em um trabalho coletivo para a produção do conhecimento.
Neste trabalho, os alunos deixaram de ser ouvintes para se tornar agentes
do processo de conhecimento. Sobre o histórico do município discutimos dentre
outros aspectos que o Município de Umuarama localiza-se na região fisiográfica
conhecida por Ivaí, no noroeste do Estado, terceiro Planalto Paranaense, ou
Planalto de Guarapuava, pólo da 11ª Microrregião Homogênea do Estado do
Paraná, possuindo uma área total de 1.233 Km². Segundo o censo do IBGE (2007),
a população de Umuarama registrou 95.153 habitantes. A altitude máxima da sede
do Município, local onde está situada a Prefeitura Municipal é de 451,53 metros, mas
a média da cidade é de 430 metros de altitude acima do nível do mar. Latitude 23º
47’ 55’’ Sul, Longitude 53º 18’ 48’’ Oeste.
Os alunos foram levados a compreender que a história de Umuarama foi
concretizada pela Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Explicou-se que na
época da colonização do município de Umuarama, a referida Companhia instalou
um escritório nessas terras, passando a dedicar-se à exploração e estudo do
povoamento.
A década de 1930 se deu com lento desenvolvimento devido às dificuldades
da época, advindas da insegurança político-econômica do país. Durante essa época
a Companhia subsidiária, Companhia de Terras do Norte do Paraná garantiu aos
colonos meios de transporte, auxílio na construção de moradias, cuidados médicos,
etc.
Umuarama surgiu como Distrito do Município de Cruzeiro do Oeste, tendo
como sub-prefeito o Sr. Durval Seifert, a convite do então Prefeito de Cruzeiro do
Oeste Sr. Aparecido Teixeira D'Ávila através da Portaria nº. 319. Posteriormente o
Distrito vem se tornar Município com o desmembramento em 25/07/1960 pela Lei nº
4.245.
Segundo historiadores, os primeiros habitantes que vieram foram
aventureiros atraídos pela nova região a ser explorada. Os aventureiros vinham dos
mais diversos estados brasileiros, sem famílias, tinham hábitos e costumes
diferenciados, dormiam em qualquer lugar, trabalhavam na empreitada da derrubada
da mata e alojavam-se em pequenas povoações às margens dos rios.
Alguns deles vinham com a família, faziam a derrubada dando lugar à
plantação de café e cereais em geral. Foram tempos difíceis, principalmente quando
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chovia, dificultando os meios de acesso em busca de recursos. Os colonos que aqui
primeiramente se instalaram eram paulistas, catarinenses, gaúchos, nordestinos,
mineiros, entre outros.
Ao chegarem ao município, as famílias se depararam com a presença de
povos indígenas que se comunicavam utilizando o dialeto indígena, Tupi Guarani
quase puro, pois entre 1949 e 1958 expedições comandadas por Loureiro
Fernandes e Universidade do Paraná respectivamente, constataram que na região
de Serra dos Dourados havia presença indígena. Após estudos descobriu-se tratar
de um grupo de sobreviventes de índios Xetás com aproximadamente 200 a 300
indivíduos que, com a devastação da floresta evadiram-se da região, restando
apenas um pequeno grupo de remanescentes.
Após as discussões iniciais, os alunos responderam algumas questões
sobre o texto apresentado: Onde se localiza o Município de Umuarama? Onde se
iniciou a história da cidade? Por qual Companhia foi fundada? Quais os primeiros
habitantes? De onde vieram? Por que os tempos da colonização foram difíceis?
Qual a língua falada na época? Quais os povos que habitavam a região de Serra
dos Dourados? A seu ver, por que hoje só restam poucas pessoas nessa região?
Os alunos responderam as questões em duplas com a mediação da
professora. Posteriormente, fizeram uma síntese com as respostas para
apresentação à classe.
A história do nosso município é muito interessante, e começou do outro lado do Atlântico, eram homens que desejavam vencer na vida e por isso resolveram trabalhar na Companhia Melhoramento Norte do Paraná. Para realizar esse sonho eles fizeram muitos estudos sobre a região e depois compraram 515 mil alqueires de terras na região Norte do Paraná, foi depois disso, em 1930, que começou o povoamento da nossa região. Naquele tempo a vida não foi fácil, eles enfrentaram problemas de transporte, moradia, cuidados médicos e muitos outros, porque naquele tempo a vida não era fácil. Na gleba Cruzeiro foi o princípio da colonização de Umuarama e graças a Deus, em 1960 aconteceu o desmembramento do município. Os primeiros habitantes eram pessoas de diversos estados brasileiros, sem famílias, tinham hábitos e costumes diferenciados, dormiam em qualquer lugar, trabalhavam na empreitada da derrubada da mata e alojavam-se em pequenas povoações às margens dos rios. Poucos trouxeram a família. O serviço que eles faziam era principalmente a derrubada de árvores para plantar café. Como em todo o nosso Brasil, a língua falada é o português, mas aqui na região de Umuarama era falado o Tupi Guarani, pelos índios que viviam na região de Serra dos Dourados. Ainda existem índios dessa tribo na nossa região (Síntese do Grupo 1). O começo da história de Umuarama não foi fácil, aqui moravam índios que
falavam tupi guarani, mas os colonizadores falavam português. Para
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colonizar nossa cidade os ingleses vieram para cá numa companhia, que é a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Mas também vieram os colonos paulistas, catarinenses, gaúchos, nordestinos, mineiros, entre outros. A vida dessa gente não foi fácil, nossa região era de difícil acesso, tinha doenças e muitos outros problemas que a gente não tem hoje. A cidade surgiu como distrito de Cruzeiro de Oeste, tendo o distrito como sub-prefeito o Sr. Durval Seifert, a convite do então Prefeito de Cruzeiro do Oeste Sr. Aparecido Teixeira D'Ávila através da Portaria nº. 319. Posteriormente o Distrito vem se tornar Município com o desmembramento em 25/07/1960 pela Lei nº 4.245. O trabalho que tinha para fazer antigamente era a derrubada da mata e depois a plantação de café, mas hoje mudou muita coisa no campo e na cidade (Síntese do Grupo 2). Nosso grupo pensou na situação do passado, não foi fácil colonizar a cidade de Umuarama, era difícil chegar até aqui, mas os ingleses chegaram e criaram a Companhia de Melhoramentos, com isso, vieram muitas pessoas para cá, gente de todos os lugares, como gaúchos, paulistas, catarinenses, nordestinos, mineiros, entre outros. Não tinha muito trabalho, mas eles faziam a derrubada e plantavam café, essa era a fonte de renda daquela época. Essa região não era desabitada, aqui viviam os índios Xetás, principalmente na Serra dos Dourados e eles falavam Tupi Guarani. Hoje em dia tem muita gente que não conhece essa história, mas nós achamos importante conhecer a origem da cidade, para saber como tudo começou (Síntese do Grupo 3).
Na sequência, os alunos assistiram um vídeo sobre a cidade na atualidade:
“Umuarama”. A partir dos dados elencados no vídeo sobre a cidade na atualidade,
professor e alunos refletiram sobre as seguintes questões: Quais os fatores que
contribuíram para o crescimento da cidade? Você gosta da sua cidade? Justifique.
Os comentários a seguir ilustram a compreensão da maioria dos alunos:
No começo da cidade de Umuarama o principal produto era o café, mas depois a agricultura, a criação de gado e a industrialização contribuiu muito para a cidade chegar onde chegou, tornando-se numa das melhores cidades do Paraná e do Brasil para se viver (Aluno 1).
Depois de conhecer a história de Umuarama a gente vê como os seus
colonizadores foram importantes para construir essa cidade e essa região. A agricultura foi muito importante e depois a universidade e outras indústrias, porque para uma cidade crescer e se desenvolver é preciso ter indústria para dar emprego para as pessoas (Aluno 2)
Ainda, como forma de levar os alunos a se aproximarem da realidade do seu
município, o professor mostrou várias imagens antigas da cidade e outras atuais
para avaliar o seu crescimento. Utilizando as imagens como instrumento
pedagógico, os alunos discutiram sobre o texto, refletindo a respeito do passado e o
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presente do município de Umuarama. Na sequência fizeram um mapa que
apresenta os principais fatos da colonização do município:
1 - A região era habitada somente pelos índios Xetás (Idioma – Tupi Guarani); 2 – Homens na Inglaterra decidem desbravar e alcançar grandes
realizações; 3 – Criação da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná; 4 - Estudo das condições climáticas e fertilidade do solo entre outras vantagens; 5 - A Companhia adquiriu um total de 515 mil alqueires de ricas terras florestais na região Norte do Paraná, em meio a conflitos por lutas de posse. 6 – Instalação do escritório da Companhia e início da exploração e
estudo do povoamento; 7 – 1930 – início do povoamento, construção das primeiras estradas e
rodovias e recebimento dos primeiros colonizadores. 8 - Colonização de uma área de 30 mil alqueires de propriedade de terceiros, entregue à Companhia para a colonização; “Gleba Cruzeiro” que deu origem à cidade de Umuarama, Distrito do Município de Cruzeiro do Oeste; 9 – O distrito tornou-se Município com o desmembramento em
25/07/1960 pela Lei nº 4.245 (Produção Coletiva dos Alunos).
Na sequência, foi apresentado o mapa do Estado do Paraná ilustrado em
Power Point, para trabalhar a localização do município. Após as discussões sobre a
localização do Município no Estado do Paraná, os alunos refletiram sobre a
importância da cidade no contexto. Na sequencia, a título de curiosidade,
foi realizada uma pesquisa entre os alunos, para saber quantos deles já visitaram as
cidades, estados ou países vizinhos. Os dados foram registrados no quadro para
posterior socialização entre os alunos. Foi possível perceber que a maioria dos
alunos visitou algumas cidades próximas, mas não viajaram para outros Estados ou
mesmo países vizinhos.
Como atividade complementar recorreu-se a leitura de um texto para tratar
de alguns aspectos importantes a respeito de quem produz, o que a cidade produz
os alimentos agrícolas, quem industrializa os produtos e quem os consome. Com
base na leitura e discussões foi realizado um levantamento (grupos de quatro)
alunos para tratar dos fatores que considerados mais relevantes presentes no texto.
Com a mediação da professora, os alunos fizeram a apresentação dos resultados
para a classe.
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4.2 Uso do Solo Umuaramense em Função da Lavoura de Café
Para tratar das primeiras formas de uso do solo umuaramense em função da
lavoura de café de, a aula teve início com a explicação da professora a respeito do
processo de ocupação da região noroeste do Paraná. Foram tratadas algumas
questões pertinentes desde a década de 1950, com a valorização do café no
mercado internacional.
Os alunos foram levados a refletir que a busca por novas terras virgens para
o plantio do café fundou deu origem a muitos municípios, dentre eles a cidade de
Umuarama em 1955. Foram exploradas as principais datas e fatos ocorridos no
processo das primeiras formas de ocupação do solo umuaramense em função da
lavoura de café.
Com base nos dados da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
discutiu-se que, com o intuito de desbravar novas terras para o plantio de café,
muitos fazendeiros paulistas e mineiros deram início à colonização do Norte do
Paraná, na região hoje determinada Norte Velho. Conhecido o potencial das novas
terras, principalmente, visando o plantio do café, a empresa colonizadora britânica,
Paraná Plantations Company, através de sua subsidiária, Companhia de Terras
Norte do Paraná adquiriu do governo do Estado e de diversos posseiros uma gleba
de 515.000 alqueires, que veio a se constituir no Norte Novo.
Em 1929, com o arrendamento da estrada de ferro no trecho Ourinhos-
Cambará, estendeu esta rede em direção às suas terras atingindo o Rio Tibagi. Em
decorrência da deflagração da Segunda Guerra Mundial em 1939, um grupo
brasileiro adquiriu dos ingleses a Companhia de Terras, que passou a ser
denominada Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, somando sob esta
estrutura, mais 30.000 alqueires das terras existentes (Gleba Cruzeiro), região
denominada Norte Novíssimo.
Apesar de os alunos já terem ouvido falar de fragmentos deste processo de
colonização do Município de Umuarama, com este trabalho as informações foram
transformadas em conhecimento geográfico e histórico da colonização.
Aprofundando nos conhecimentos relativos à temática foram debatidos os três
princípios norteadores da colonização:
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1. A construção de um eixo rodoviário de penetração, com a dupla
finalidade de facilitar o acesso às novas áreas e permitir o escoamento rápido e
seguro à produção da região.
2. Assentamento de núcleos básicos de colonização na rota do eixo rodo-
ferroviário, estabelecidos progressivamente, a uma distância de aproximadamente
100 quilômetros uns dos outros, que definiram em ordem, Londrina, Maringá,
Cianorte e Umuarama, unidades estas planejadas para se tornarem grandes centros
prestadores de serviços. Entre esses núcleos urbanos principais, fundou-se, de 15
em 15 quilômetros, pequenos patrimônios, cidades bem menores com a finalidade
de servir como centro de abastecimento da população rural.
3. Divisão da zona em faixas de áreas não superiores a 14 alqueires,
ajustadas à produtividade do solo e á cultura cafeeira.
Na década de 50, segundo depoimento do pioneiro José do Nascimento
Martins Tropa, residente no município de Umuarama desde 1957, Umuarama antigo
patrimônio de Cruzeiro do Oeste, era um povoado de 5.829 habitantes. Com a
concentração de migrantes e imigrantes em vários pontos, a cidade de Umuarama
foi surgindo e crescendo em larga escala. Desbravadores paulistas, mineiros,
catarinenses e nordestinos chegavam visando explorar as riquezas naturais, cultivar
a terra e desfrutar do clima adequado para o plantio do café.
Foi comentado que o comércio tinha uma divisão bem clara: portugueses
trabalhavam no comércio alimentício, os libaneses no comércio têxtil, japoneses no
cultivo de grãos, cereais, hortaliças e frutas e os nordestinos na mão de obra bruta,
na construção civil e na zona rural.
Umuarama não tinha infraestrutura urbana, faltava luz, asfalto, telefonia e
meios gerais de comunicação. Em razão da grande expectativa de crescimento e
desenvolvimento, se instalam aqui Instituições Bancárias (Banco Mercantil de São
Paulo, Bradesco e Banco do Brasil) que em parceria com o governo abrem linhas de
crédito incentivando a agricultura. A extração da madeira, para dar lugar a
agricultura, tinha sua força econômica, como consequência surgiu madeireiras e
serrarias de grande porte tão expressiva. Com este grande crescimento Umuarama
começa a construir seu plano piloto, recebe infra-estrutura básica, fundam-se rádios
difusoras, jornais, concessionárias de veículos e tratores, telefonia e grandes
magazines (segundo depoimentos de Tropa).
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Refletimos que no fim da década de 1960, a situação mudou radicalmente
em consequência das geadas (1963, 1964 e 1966) e da política econômica do setor
(a política de erradicação do café), veio o período da decadência do café e junto, o
desemprego e o êxodo rural, uma desruralização sem precedentes. Nesta década o
Paraná pode ser considerado um Estado territorialmente ocupado. Cessaram as
frentes pioneiras, não restando mais terras a serem ocupadas e colonizadas,
completando historicamente o período de ocupação territorial.
Posteriormente à leitura e explicações orais em sala de aula, os alunos
fizeram registros sobre o assunto abordado, com destaque nos períodos e fatos
principais elencados. Os trabalhos foram expostos no mural da escola. Sobre a
atividade em sala, os alunos assim se manifestaram:
Eu gostei muito dessas atividades, porque aprendemos coisas importantes sobre o nosso estado e nossa cidade. As grandes geadas de (1963, 1964 e 1966) e da política econômica do setor (a política de erradicação do café), foram os principais fatores que contribuíram para o desemprego e o êxodo rural no Brasil (Aluna 1). Devido aos problemas enfrentados com as geadas e a decadência do café as pessoas mudaram do campo para a cidade e o nosso estado que tinha mais habitantes na zona rural passou a ter mais pessoas na cidade do que no campo (Aluno 2). Passei a gostar mais de história depois de estudar mais sobre a minha cidade, porque agora eu entendo melhor como foi que aconteceu a colonização do nosso município e agora eu quero aprender mais sobre o Brasil e outros países (Aluno 3). Quando a gente conhece a história percebe o quanto a vida melhorou no presente, antigamente tudo era mais difícil, não tinha tanto trabalho e as pessoas tinham uma vida muito difícil, ainda bem que eu não nasci no passado (Aluno 4).
As falas dos alunos demonstram como as atividades desenvolvidas foram
enriquecedoras e despertaram o desejo dos mesmos em aprender mais sobre a
história local, nacional e mundial, situando-se no mundo.
Os alunos se enriquecem diariamente com experiências e conhecimentos
adquiridos dentro e fora da escola. As Diretrizes Curriculares da Educação Básica
de Geografia DCEs – Paraná (2008, p. 14) afirma que “[...] um sujeito é fruto de seu
tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser
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singular, que atua no mundo a partir do modo como compreende e como dele lhe é
possível participar”.
Assim, é necessário compreender que o conteúdo descontextualizado da
maioria das atividades escolares é uma das causas do desinteresse demonstrado
pelos alunos. Por outro lado, essa distância entre o ensino e a realidade é
interiorizada de tal maneira pelos alunos, que estes deixam de fazer as poucas
ligações possíveis entre a escola e a vida.
4.3 Indícios da Modernização da Agricultura em Umuarama
As atividades propostas neste tópico buscaram aproximar os alunos da
realidade. Primeiramente, o professor apresentou o conteúdo em Power Point, com
as explicações necessárias sobre o processo da modernização da agricultura da
cidade de Umuarama, partindo do conceito geral para o específico, explorando o
processo de forma a contribuir para o entendimento dos alunos, articulando o
conteúdo com a realidade.
A aula expositiva tratou dos principais fatores que contribuíram para
impulsionar a mudança na configuração do espaço de Umuarama, dando destaque
à política de crédito agrícola, destinado à compra de máquinas, insumos e
sementes selecionadas. Isso contribuiu fortemente para o rendimento das lavouras,
colocando a agricultura nos moldes do capitalismo.
Com base em Ferreira (2011, p. 01) foi comentado que isso exigiu “a
incorporação de novos padrões tecnológicos no espaço rural, uma espécie de
tentativa de rompimento com o passado (práticas tradicionais de cultivo agrícola),
entre outros fatores, como forma de integrar as famílias e/ou agricultores rurais a
novas formas de racionalidade produtiva”.
O debate sobre os conceitos e a importância relativa à modernização do
espaço rural foi intenso, levando os alunos a compreenderem as inúmeras
concepções, interpretações e propostas, oriundas das diferentes entidades
representativas dos “pequenos agricultores”, dos intelectuais que analisaram a área
rural, e dos técnicos governamentais encarregados de elaborar as políticas para o
setor rural brasileiro (CAVALCANTI, 1988).
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O vídeo “Agricultura Moderna” contribuiu para a compreensão da temática,
levando os alunos a refletirem sobre aspectos importantes do agricultor no campo
frente ao processo de modernização da agricultura. O professor complementou o
assunto explicando que, em razão da substituição da lavoura cafeeira na década de
1970, a região de Umuarama e as cidades da região passaram a ter grande
potencial para a configuração do processo modernizador do campo, pois, o relevo
suavemente ondulado e um solo favorecido por nutrientes colaboraram para o
surgimento das grandes lavouras de grãos na região.
Na região noroeste, porém, uma dessas condições – o solo – em particular,
não favoreceu a modernização da agricultura como nas demais regiões do norte
paranaense. Para complementar as explicações sobre o processo de mecanização
da agricultura, os alunos assistiram um vídeo “Brasil: Um Planeta Faminto e a
Agricultura Brasileira” para ilustração do processo de mecanização e discussão da
necessidade das inovações tecnológicas.
Com base nos vídeos apresentados, em duplas os alunos refletiram sobre:
O que acharam dos vídeos? Qual deles retrata a realidade vivenciada no campo? O
que mais lhes chamou a atenção? Vocês gostariam de trabalhar no campo?
Justifiquem? Como é a vida do agricultor no campo? Por que a mecanização da
agricultura é importante? Destaquem outras curiosidades. Os alunos refletiram sobre
a seguinte afirmação: A agricultura não se fez pelas culturas de grãos (soja, trigo,
milho) altamente dependentes de capital, ela abriu espaço para outras culturas
como a cana-de-açúcar e a mandioca e posteriormente para a afirmação do pasto
(CAVALCANTI, 1988).
Eu e meu amigo não queremos trabalhar no campo, lá falta muita coisa e as pessoas ainda sofrem muito nesse tipo de trabalho (Grupo 1). Meu colega falou que acha que morar no campo não é fácil, principalmente para as pessoas que não tem dinheiro para comprar máquinas. Muita gente teve que mudar da roça para a cidade e também fica sofrendo na cidade (Grupo 2). Quando tem mais máquina produz mais, por isso a gente acha que precisa ter muita máquina no campo. Parece que a vida no campo não é muito legal e eu e meu colega não queremos morar nem trabalhar lá (Grupo 3). No vídeo que a gente viu deu para perceber que só ganha dinheiro quem planta muita coisa. Aquelas pessoas que planta só um pouquinho sofre muito para trabalhar e para viver (Aluno 4).
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Para complementar a exposição oral do conteúdo, o professor fez uso de um
texto que foi precedido de uma leitura individual e em grupo. Comentamos que de
acordo com as informações da Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná, o
Paraná tornou-se o maior produtor brasileiro de café, chegando mais tarde a
produzir 60% do total nacional, incentivando o crescimento da cafeicultura em
Umuarama. Foi lembrado que no início da década de 60 a população de Umuarama
era de 113.697 habitantes, dentre eles, 33.774 urbanos e 79.923 rurais (IBGE,
1970).
O café, a extração da madeira, outras culturas como o algodão, feijão, milho,
arroz, amendoim, mandioca e a soja; a pecuária e a falta de máquinas agrícolas
sempre exigiram uma numerosa mão de obra, razão pela qual a população rural ser
mente a crise econômica que atingia Umuarama provocada pelas transformações
radicais no campo.
A cidade começa a ter seus primeiros problemas sociais, ligados a moradia,
educação e a saúde. Resultante da erradicação do café, as pessoas que antes
moravam na zona rural mudaram-se para a cidade à procura de emprego e
melhores condições de vida. A modernização da indústria teve grande impacto na
modernização em razão do processo de mecanização da agricultura no município,
onde pequenas propriedades foram adquiridas por latifundiários, que formaram as
primeiras grandes fazendas, visando basicamente o cultivo da pecuária e outras
lavouras.
Pesquisas do IBGE (1980) apontam uma população total de 100.545
habitantes na região, com 59.861 habitantes na cidade e 40.684 habitantes na área
rural, demonstrando agora um novo quadro, ou seja, a população urbana já é maior
que a do campo.
O desemprego, moradia, educação e saúde constituem-se em grandes
problemas sociais decorrentes da falta de estrutura ofertada à cidade em razão da
crescente população urbana. Com a retirada das matas, as serrarias aqui instaladas
não tinham mais a mesma demanda. Alguns desbravadores emigram daqui, no
mesmo ideal com que chegaram, saindo à procura de novas terras em Rondônia,
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A pecuária tomou conta da economia local,
atingindo grande expressão no mercado brasileiro, com o maior rebanho bovino na
região e o quinto maior produtor de leite do Paraná.
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Foi explicado que a industrialização caminhou junto à tecnologia
que substitui homens por máquinas em grande proporção, resultando em
desemprego e sobra de mão de obra. Iniciou-se, assim, um grande plantio de cana-
de-açúcar em razão do incentivo do Governo Federal ao Próalcool.
O perfil de Umuarama mudou completamente desde a sua fundação até
década de 1990. A população total atual segundo o Censo de IBGE (2010)
corresponde a 100.676; sendo 93.455 habitantes na área urbana; e 7.221 habitantes
na zona rural. A economia da região se diversificou. Na agricultura, iniciaram-se
cultivos de bichos da seda, à volta do café incentivado pelo Estado, com muito
menos intensidade. Descobriu-se que o solo oriundo da formação arenito caiuá, é
ideal para o cultivo e plantação de soja e para a pecuária.
Com base nas explicações iniciais e da análise dos textos, os alunos foram
divididos em grupos, para caracterizar o novo modelo agrícola implantado no
município de Umuarama, a partir do ano de 1970 em substituição ao café; identificar
a consequências sociais e econômicas geradas pelo novo modelo agrícola,
valorizando a concentração fundiária, o êxodo rural e a mecanização das atividades
agrícolas.
Assim sendo, os alunos repensaram os aspectos positivos e negativos da
modernização das atividades agrícolas. Foi solicitado que eles avaliassem a
situação atual procedendo aos registros das principais características e
consequências da modernização no campo por meio de um debate sobre os pontos
positivos e negativos, conforme registros:
Principais pontos positivos
Principais pontos negativos
-Grande aumento da produtividade de alimentos; -Aumento da produtividade agrícola em países não industrializados; -Desenvolvimento agrícola; -Expansão da fronteira agrícola; -Desenvolvimento tecnológico.
-O aumento das despesas com o cultivo e o endividamento dos agricultores; -O crescimento da dependência entre os países; -Esgotamento do solo; -Ciclo vicioso de fertilizantes; -Perda de biodiversidade; -Erosão do solo; poluição do solo causada pelo
uso de fertilizantes; -Redução da mão de obra rural;
-O êxodo rural.
Produção dos Alunos
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Os alunos fizeram uso da criatividade para desenvolver e apresentar um
trabalho sobre o conteúdo proposto, utilizando registros escritos, imagens, fotos,
desenhos entre outros recursos para caracterizar o processo de modernização da
agricultura no município de Umuarama.
O laboratório de informática da escola, os livros da biblioteca, jornais e
revistas serviram de fonte de pesquisa. O site
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=664286 do Município foi um
recurso valioso e contribuiu para ilustrar o trabalho que foi exposto no mural da
escola para apreciação da comunidade escolar.
Como atividade complementar, os alunos saíram a campo para uma visita
ao espaço rural. A aula de campo propiciou um trabalho diversificado, pois os alunos
puderam contemplar as interrelações presentes entre os elementos do ambiente e
da produção social, enriquecendo a visão de mundo. Com a ajuda do professor, os
alunos puderam fotografar os espaços, conversar com pessoas experientes na
agricultura, tecendo comparações entre o espaço rural e o urbano do passado e do
presente.
Conclusão
Ao refletir sobre os espaços rural e o urbano no cotidiano, sobretudo, frente
ao processo da globalização, os alunos repensaram o seu papel na sociedade,
considerando o porquê dos espaços rurais estarem assim constituídos, do
estabelecimento das relações com as contradições que os colocam em constante
movimento. Desta forma, os alunos puderam transitar do rural para o urbano com
uma compreensão mais significativa.
As atividades propostas trataram dos principais fatores que contribuíram
para impulsionar a mudança na configuração do espaço rural, mais especificamente,
do município de Umuarama. Os alunos compreenderam que com a modernização
da agricultura, especialmente, frente ao impacto causado pela incorporação de
novos padrões tecnológicos no espaço rural, muitas famílias foram prejudicadas.
Apesar da modernização da agricultura ter contribuído para a expansão e o
aumento da produtividade no país, inclusive, para a exportação de produtos
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agrícolas, não beneficiou a todos os produtores e propriedades rurais no município
de Umuarama, contribuindo em muitos casos para a exclusão dos pequenos
produtores (menos favorecidos), favorecendo, geralmente, os grandes proprietários
e determinados segmentos da produção, ou seja, aqueles que eram de interesse da
indústria e aqueles voltados para exportação.
Referências
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FERREIRA H. O. de. Modernização da agricultura e seus reflexos no espaço agrário do Brasil. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/49005/1/modernizacao-da-agricultura-e-seus-reflexos-no-espaco-agrario-do-brasiL/pagina1.html#ixzz1EJaQdbtX>. Acesso em: 10 de jan. de 2011.
FLEISCHFRESSER, V. Modernização tecnológica da agricultura: contrastes regionais e diferenciação social no Paraná da década de 70. Curitiba: livraria do Chain: CONCITEC: IPARDES, 1998.
GONÇALVES NETO, W. Estado e agricultura no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1997.
MONTOYA, M. A.; GUILHOTO, J. J. M. Mudança estrutural no agronegócio brasileiro e suas implicações na agricultura familiar. In: TEDESCO, J. C. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. 3. ed. Passo Fundo: UPF, 2001.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia. Curitiba: SEED, 2008.
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TEIXEIRA. J. C. Modernização da agricultura no Brasil: impactos econômicos, sociais e ambientais. Revista Eletrônica da Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Três Lagoas Três Lagoas-MS, V 2 – n.º 2 – ano 2, Setembro de 2005 Disponível em: <http://www.cptl.ufms.br/geo/revista-geo/Revista/Revista_ano2_numero2/jodenir.pdf>. Acesso em: 10 de jan. de 2011.