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ESTUDO DO TRANSPORTE DE PRODUTOS SIDERÚRGICOS, EM VIAGENS CÍCLICAS DE COMBOIOS OCEÂNICOS, DENTRO DE UMA VISÃO LOGÍSTICA RODINALDO PAES LEME DE AMORIM DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL (TRANSPORTES) Mestrado em Engenharia Civil (Transportes) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Vitória, novembro de 2005

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ESTUDO DO TRANSPORTE DE PRODUTOS

SIDERÚRGICOS, EM VIAGENS CÍCLICAS DE

COMBOIOS OCEÂNICOS,

DENTRO DE UMA VISÃO LOGÍSTICA

RODINALDO PAES LEME DE AMORIM

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

(TRANSPORTES)

Mestrado em Engenharia Civil (Transportes)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO Vitória, novembro de 2005

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ESTUDO DO TRANSPORTE DE PRODUTOS

SIDERÚRGICOS, EM VIAGENS CÍCLICAS DE

COMBOIOS OCEÂNICOS,

DENTRO DE UMA VISÃO LOGÍSTICA

RODINALDO PAES LEME DE AMORIM

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil-

Centro Tecnológico- Universidade Federal do Espírito Santo, como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.

Vitória, 24/11/2005

_______________________________________

Profª.Drª. Marta Monteiro da Costa Cruz

(Orientadora-UFES)

_______________________________________

Prof.Dr. Gregório Coelho de Morais Neto

(Examinador Interno-UFES)

_______________________________________

Prof.Dr. Amaranto Lopes Pereira

(Examinador Externo-UFRJ)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Amorim, Rodinaldo Paes Leme de, 1952-

A524e Estudo do transporte de produtos siderúrgicos, em viagens

cíclicas de comboios oceânicos, dentro de uma visão logística /

Rodinaldo Paes Leme de Amorim. – 2005.

126 f. : il.

Orientadora: Marta Monteiro da Costa Cruz.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito

Santo, Centro Tecnológico.

1. Logística. 2. Navegação de cabotagem. 3. Método de Monte

Carlo. 4. Simulação (Computadores). 5. Siderurgia - Transporte. I.

Cruz, Marta Monteiro da Costa. II. Universidade Federal do Espírito

Santo. Centro Tecnológico. III. Título.

CDU: 624

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Este trabalho está dedicado aos que observam, no exercício da

inteligência, que nosso país muito tem por fazer, e que o esforço

de trabalhar uma idéia, por mais simples que pareça, vai conduzir

o pensador por momentos difíceis e de surpresas, perante as

mudanças que serão promovidas nas fases de definir metas,

planejar, conquistar simpatia, aceitar críticas, obter recursos para

realizar, corrigir rumos, ouvir opiniões, e aprender.

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Agradeço aos companheiros do dia a dia familiar e profissional

pelo apoio no desenvolvimento do trabalho.

Agradeço à CST, pelas informações, na forma de dados técnicos,

que fundamentaram as hipóteses e conclusões que construíram o

presente trabalho.

Agradeço à UFES por manter esse Centro de Estudos que permite

aos que lá se dirigem adquirir ferramentas técnicas para as

soluções da vida profissional.

Agradeço à Professora Marta Monteiro da Costa Cruz,

orientadora, por sua atenção e conhecimentos, do que me fiz

beneficiado no curso e na construção deste trabalho.

Agradeço aos Professores do Mestrado em Transportes por sua

competência no ensino, e na apresentação da relação do

acadêmico com o mundo real.

Agradeço aos Professores Gregório Coelho de Morais Neto e

Amaranto Lopes Pereira, Membros da Banca, pelo seu tempo em

avaliar e criticar o que foi desenvolvido nesse trabalho.

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As dificuldades são como as montanhas.

Elas só se aplainam quando avançamos sobre elas.

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RESUMO

O transporte de distribuição de produtos tem seu início quando se concluem as

condições do pedido de compra e/ou fornecimento. A solução clássica de transporte está

na sua lotação, como acontece com o trem, a carreta rodoviária e o navio. Quando o

transporte se faz por frota de comboios oceânicos, de quatro barcaças e dois

empurradores, entre dois terminais portuários fixados, num processo de viagens cíclicas,

periodicamente chega ao terminal de carregamento um comboio vazio para ser

carregado, enquanto que no terminal de descarga chega um comboio carregado para ser

descarregado. A possibilidade de postergar a saída de um comboio para efetivar sua

lotação é uma decisão possível, mas que altera o ciclo das viagens. Esta decisão pode

implicar em perdas de produção de transporte, por reduzir o número de viagens

planejadas no período anual, e conseqüentemente reduzir a tonelagem anual

transportada. A reunião dos processos de produção e de transporte em muitas

oportunidades não se mostra otimizada, e pode ser necessária uma área de

armazenagem, que ajuste os fluxos de produção e transporte. A visibilidade dessa

interface entre produção e transporte, no nível tático, indica que a simulação, desse

modelo produtivo e de transporte, pode ser uma ferramenta valiosa para as decisões que

chegarão ao nível operacional da cadeia de suprimentos.

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ABSTRACT

The delivery of products starts on the acknowledge fulfillment. The classical

solution for transportation has target in vehicles capacity, as it happens with

freight cars, trucks and vessels, which can be contracted through a time charter

or a voyage charter. When transportation is performed with a fleet of trains of

pusher-barge, with four barges and two pushers, in a process of cyclic voyages

between two port terminals, periodically is arriving an empty barge to be loaded

in loading terminal, and at the same time is arriving a loaded barge at unloading

terminal to be unloaded. The decision of postpone the sailing of a train of

pusher-barge in order to complete the barge capacity is a possible way, but with

changes in the voyages cycle. This decision may cause losses in transport

production, due to the reduction of the quantity of voyages, and furthermore not

fulfill the demand and the transportation yearly plan. The meeting of production

and transportation process in many opportunities is far from optimization, what

recommend a storage area for sustaining the flux of products to transport

capacity of intake. The visibility of this interface between production and

transportation, in the tactical level, indicate that simulation procedures, regard to

the production and transportation, may be a valuable tool for support the

decisions that will reach the operational level of the supply chain.

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ÍNDICE

Capítulo Título Folha

1. Introdução 1

1.1. Objetivos 2

1.1.1. Geral 2

1.1.2. Específicos 3

1.2. Motivação 3

1.3. Estrutura do trabalho 4

2. Teoria de Simulação em aplicações no Transporte Marítimo 6

2.1. Relação da produção e de Transporte Marítimo dedicado 6

2.2. Ferramentas de Simulação 7

2.2.1. Método de Monte Carlo 7

2.2.2. Principais componentes de um algoritmo de Monte Carlo 9

2.2.3. Algoritmos de Monte Carlo 9

2.2.4. Referências de suporte teórico 12

2.2.4.a. Função de densidade de probabilidade (fdp) 12

2.2.4.b. Função de distribuição cumulativa (fdc) 13

2.2.4.c. Média e variância de uma função de densidade de probabilidade 14

2.2.4.d. Relação entre função de densidade de probabilidade discreta e contínua 15

2.2.4.e. Amostragem pela função inversa da função de distribuição cumulativa 15

2.2.4.f. Números aleatórios 18

3. Transporte por Comboios Oceânicos 23

3.1. Breve histórico dos Comboios Oceânicos 23

3.1.1. Acoplamento por cabos de amarração 23

3.1.2. Acoplamento por sistemas mecânicos 24

3.1.3. Visão crítica atual 25

3.2. Arranjo básico dos Comboios Oceânicos 27

3.3. Tipos básicos de barcaças 32

3.4. Conceitos de solução por Comboios Oceânicos 33

3.4.1. Princípios 33

3.4.2. Concepção operacional 34

3.5. Exemplos de rotas de Comboios Oceânicos 34

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viii

3.5.1. Rotas da GulfCoast Transit, USA 34

3.5.2. Rotas da Rautaruukki Ou and Finnlines Ltd., Finlândia 37

3.5.3. Rotas do Hachiko-Maru, do armador Yawata Kogyo, Japão 38

3.5.4. Rota Caravelas/BA a Barra do Riacho/ES, NORSUL, Brasil 40

3.5.4.1. Visão do atendimento 40

3.5.4.2. Rota de navegação 40

3.6. Comentários 41

4. Descrição do problema logístico 42

4.1. Introdução e objetivos 42

4.2. Histórico 43

4.2.1. Solução logística baseada nas opções modais de transporte 43

4.2.1.1. Opção ferroviária 44

4.2.1.2. Opção rodoviária 47

4.2.1.3. Opção aquaviária 49

4.3. Implementação do sistema logístico 52

4.4. Modelagem logística 53

4.4.1. Modelagem básica do sistema logístico 53

4.4.2. Elenco de soluções 54

4.4.3. Comentários sobre o elenco de soluções 56

4.4.4. Caracterização do modelo logístico de cabotagem 57

4.4.5. Modelagem da carga 57

5. Modelo de Simulação 59

5.1. Entrada de dados 66

5.1.1. Fdp quantidade de bobinas produzidas por dia 68

5.1.2. Fdp peso médio diário 69

5.2. Entidades e atributos do modelo 70

5.3. Saídas de dados 71

5.3.1. Volumes 72

5.3.2. Taxas de ocupação das barcaças 73

5.3.3. Geração de estoques dinâmicos 73

5.4. Verificação e validação 74

5.5. Cenários avaliados 75

5.5.1. Atendimento ao Plano Anual 76

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ix

5.5.2 Área suplementar de armazenagem 76

6. Conclusões e comentários finais 80

6.1 Comentários sobre o modelo de simulação 81

6.2 Proposições sobre trabalhos futuros 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84

ANEXOS 86

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x

Índice de Figuras e Tabelas

Figura Título Folha

2.1 Processo do Método de Monte Carlo 8

2.2 Problema de Buffon 10

2.3 Função de densidade de probabilidade 13

2.4 Função de distribuição cumulativa 14

2.5 Transformação matemática 16

2.6 Regra de ouro para amostragem 17

2.7 Fdp para números aleatórios 19

2.8 Geração de números aleatórios 21

2.9 Comparação da amostra com a distribuição uniforme 21

3.1 Testes em modelo reduzido 26

3.2 Movimentos no acoplamento e desacoplamento 27

3.3 Empurrador e barcaça acoplada 27

3.4 Empurrador e barcaça com acoplamento articulado 27

3.5 Empurrador e barcaça com acoplamento rígido 27

3.6 Comboio acoplamento articulado 28

3.7 Cilindro hidráulico do acoplamento articulado 29

3.8 Detalhe da engenharia do cilindro hidráulico 29

3.9 Encaixe empurrador e barcaça 30

3.10 Acoplamento articulado 30

3.11 Detalhe da engenharia do cilindro 31

3.12 Comboio oceânico em manobra portuária 31

3.13 Barcaça tipo flat deck 32

3.14 Barcaça tipo drop deck 32

3.15 Barcaça tipo deck house 33

3.16 Barcaça tipo hopper 33

3.17 Empurrador e barcaça da GulfCoast 35

3.18 Exemplos de rotas da GulfCoast 35

3.19 Frota de barcaças da GulfCoast 36

3.20 Comboio Rautaruukki 36

3.21 Exemplo de rotas da Rautaruukki 37

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xi

3.22 Porto de Tóquio 38

3.23 Rotas percorridas pelo Hachiko Maru 39

3.24 Rota da madeira do Sul da Bahia para Aracruz 41

4.1 Rotas ferroviárias de Vitória/ES para São Francisco do Sul/SC 45

4.2 Vagão PED 46

4.3 Limites de peso dos eixos e/ou grupos de eixos de carretas rodoviárias 48

4.4 Mecanismo operacional de 2 empurradores e 4 barcaças 57

5.1 Macro fluxo 59

5.2 Estrutura de formação do algoritmo 62

5.3 Mecanismo de embarques das barcaças 62

5.4 Fluxograma de disponibilização e embarque 64

5.5 Produção de bobinas, em toneladas por dia 66

5.6 Quantidade, em número, de bobinas produzidas por dia 67

5.7 Peso médio das bobinas produzidas, por dia 67

5.8 Fdp número de bobinas produzidas por dia 68

5.9 Fdc número de bobinas produzidas por dia 69

5.10 Fdp peso médio das bobinas produzidas por dia 69

5.11 Fdc peso médio das bobinas produzidas por dia 69

5.12 Geração de estoques dinâmicos 77

5.13 Histograma geração de estoques dinâmicos 78

5.14 Fdc geração de estoques dinâmicos 78

Tabela Título Folha

2.1 Resultados do problema de Buffon 11

2.2 Funções de distribuição uniforme das amostras 19

2.3 Resultados de uniformidade 20

4.1 Opções de frotas de comboios oceânicos 53

4.2 Dados operacionais das barcaças 54

4.3 Dados operacionais dos empurradores 54

4.4 Planilha de recursos para a solução de frotas de empurradores e barcaças 55

5.1 Estrutura Excel de simulação 70

5.2 Entidades e atributos do modelo 70

5.3 Saídas de dados 72

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xii

5.4 Volumes produzidos, saídas de dados 73

5.5 Taxa de ocupação das barcaças 73

5.6 Geração de estoques dinâmicos 73

5.7 Validação do modelo 74

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1

1.INTRODUÇÃO

Novas opções de embarcações, desenhadas para atender determinadas condições

de carga, notadamente no hemisfério norte, ampliam a oferta de soluções

logísticas, que produzem melhores relações de produtividade e regularidade entre

as entidades que participam do processo de navegação e portuário: carga,

embarcação, porto.

A opção entre navios convencionais de carga graneleiros e comboios oceânicos,

de empurrador e barcaça oceânica, não se deve a restrições de tecnologia ou

confiabilidade, porque a navegabilidade alcançada pelos comboios, de barcaça e

empurrador acoplado, participa do mesmo cenário que a dos navios

convencionais. T.Yamaguchi (1984), engenheiro construtor de mais de 600

dessas embarcações, e atualmente fornecedor de acoplamentos para barcaça e

empurrador, comenta que um comboio de empurrador e barcaça é a soma de uma

unidade de armazenagem, a barcaça, com uma unidade de propulsão, o

empurrador, e o acoplamento dessas duas unidades produz um meio de

transporte. Um navio convencional pode ser visto como o acoplamento

permanente dessas duas unidades.

O projeto de arquitetura da barcaça poderá objetivar determinada carga, ou

dentro do padrão tradicional de arquitetura naval poderá servir para carga geral.

Esta condição de projeto vem da decisão do armador em atender determinado

fluxo de transporte, ou ter flexibilidade para outros fluxos. Cada desenho

específico irá trazer uma aderência melhor às necessidades, enquanto que uma

solução generalista irá admitir alguma ineficiência em relação a algumas cargas,

tal qual acontece com os navios convencionais.

Como o acoplamento e desacoplamento podem ser realizados em operações

simples e de curto espaço de tempo, o processo de transporte deve considerar que

enquanto uma barcaça é carregada em um terminal o empurrador traz uma

barcaça vazia para ser carregada neste terminal. Quando o empurrador chega,

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desacopla da vazia e acopla na carregada para continuar sua viagem. Com este

modelo não se tem paralisação do empurrador, e somente a barcaça, que é a

unidade de armazenagem, é que fica atracada.

Como exemplo recente do uso de comboios oceânicos, tem-se a NORSUL

(2001), que desenvolveu um empreendimento logístico, com a Aracruz Celulose,

para a construção de quatro barcaças oceânicas de convés aberto, e dois

empurradores oceânicos para transporte de madeira em toras soltas das reservas

do sul da Bahia. Atualmente opera essa frota num sistema de transporte dedicado

entre Caravelas/BA e Porto de Barra do Riacho/ES, para a Aracruz Celulose, em

Aracruz/ES.

1.1. Objetivos

Os objetivos deste trabalho visam a avaliação da concepção operacional

modelada, de viagens cíclicas, com uso de comboios oceânicos. Este modelo de

transporte promove pressão por disponibilidade de carga, pela pequena margem

para repor perdas de tonelagem através de mais viagens, devidas, na maior parte

das ocorrências, à falta de lotes que completem a lotação da barcaça.

Esta situação do modelo logístico requer condições de visibilidade da relação

entre disponibilidade de carga e freqüência das viagens, e para prover esse

conhecimento de cenários objetiva-se desenvolver ferramentas de simulação

como meio de fornecer ao gestor dos processos envolvidos, indicadores para suas

decisões.

1.1.1. Geral

Estudar através da simulação do processo de disponibilização de carga, como se

comporta a eficiência do atendimento de transporte, observada pela quantidade

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3

de carga transportada associada ao que foi e que não foi transportado. A medida

dessa relação deverá consolidar os objetivos de implementação do processo de

transporte por comboios oceânicos, e também permitir conceituar procedimentos

para que se ajuste o atendimento à produção.

O método de simulação de Monte Carlo para a representação de cenários futuros,

permite avaliar a utilização dos recursos de transporte, em face de cenários de

produção. Com a visibilidade do atendimento à demanda pelo transporte em

viagens cíclicas, deverá ser possível diagnosticar a necessidade de recursos de

armazenagem, em forma de pulmão.

1.1.2. Específicos

O presente trabalho apresenta um estudo do transporte de cabotagem, por

comboios oceânicos, que irá se realizar em viagens cíclicas de cabotagem, entre

Usina Siderúrgica, fornecedora de semi-acabados, e Laminadora, processadora

dessa matéria prima. O estudo tem por objetivo avaliar eficiência do processo de

transporte, através do resultado dos embarques, do uso da capacidade de carga da

embarcação, e da quantidade anual transportada.

Para representação dos cenários que servirão de dados para avaliação serão

simulados o processo de disponibilização de produtos e seu embarque. O

embarque será considerado pela freqüência básica de chegada das embarcações,

e sua lotação. Os resultados devem mostrar a aderência do processo de viagens

cíclicas ao escoamento da produção.

1.2. Motivação

A motivação pelo tema da dissertação vem do envolvimento no empreendimento

da CST, em fase de implantação, de suprimento à Vega do Sul por navegação de

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4

cabotagem interligando os terminais portuários que as atendem, em viagens

cíclicas.

O Projeto Logístico de distribuição iniciou em 1999, acompanhando o Projeto de

Expansão da CST, com o escopo de atender o mercado doméstico com novos

produtos siderúrgicos de sua fabricação. A observação das condições de

escoamento da produção pelos meios de transporte disponíveis, terrestre e

marítimo, como também da infra-estrutura existente, revelou situações que não

são capazes de garantir a estabilidade do transporte.

O Projeto Logístico alcançou maturidade a partir da decisão de implantar Vega

do Sul, em São Francisco do Sul/SC. Com as definições de abastecimento e

produção do empreendimento construiu-se um Estudo Logístico. Este estudo

objetivou encontrar soluções de transporte com indicadores favoráveis de

viabilidade econômica, de manutenção da qualidade dos produtos, de baixo

impacto ambiental e com méritos operacionais.

1.3. Estrutura do trabalho

A presente dissertação está desenvolvida em quatro principais etapas de

apresentação:

Revisão de conceitos em Teoria de Simulação;

Caracterização dos recursos de transporte disponíveis no mercado, em

vista do atendimento e da legislação brasileira, e a opção que foi

concluída para atendimento ao transporte;

Desenvolvimento e aplicação de ferramenta de simulação para a

produção de cenários de avaliação da eficiência da solução logística.

Conclusões sobre os resultados alcançados e sugestões para reduzir os

descompassos da reunião de processos independentes.

No desenvolvimento da redação constam comentários e conclusões que

colaboram para o esclarecimento sobre as decisões tomadas, no processo real. E

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com os resultados alcançados pelo Estudo apresentam-se procedimentos e

conclusões para a gestão do empreendimento em implantação.

O uso de ferramentas de simulação foi relacionado para o nível tático do

processo em estudo, não distante dos fatos operacionais mas não adentrando

pelos detalhes específicos e de capilaridade que o nível operacional demanda

para sua modelagem.

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2. TEORIA DE SIMULAÇÃO EM APLICAÇÕES NO

TRANSPORTE MARÍTIMO

2.1. Relação da produção e de Transporte Marítimo dedicado

A primeira parte do processo de conceituação do transporte reportou ao

conhecimento da demanda que se objetiva ser atendida, caracterizada por suas

quantidades, dimensões dos produtos e pela previsão de datas de disponibilidade

de produtos prontos. Em negócios que já têm histórico de realizações, pode-se

construir uma base de dados das operações pelas séries históricas de registros

disponíveis, ou utilizar uma base mais restrita, e buscar pelo desenvolvimento de

um modelo de simulação, a representação do atendimento que deverá ser feito

pelo transporte em face da disponibilidade de carga.

O problema que se tem no presente trabalho não teve à sua disposição uma

quantidade de registros para formar extensa base de dados históricos, que

representasse uma história onde muitas possibilidades foram registradas. Foi

possível obter-se a disponibilidade de produtos prontos, dia a dia, no período de

um ano, no ano de 2004. Com a relação dessa produção, construiu-se uma série,

e avaliou-se a eficiência do transporte dedicado por comboios oceânicos, para o

embarque da produção comprometida com o novo negócio que o motivou.

Para desenvolver cenários nesse novo negócio fez-se uma conjugação de

práticas e procedimentos em operações similares de embarques, com o uso de

técnicas de simulação, que pudessem fornecer resultados representativos do

funcionamento do sistema.

Na interface entre a produção da carga e a execução do transporte percebe-se

limites físicos, operacionais e de gestão, com atributos próprios de cada setor,

onde se focam os estudos de simulação aqui desenvolvidos. Os resultados

mostram o desempenho dessa interface, que reúne a disponibilidade de produtos

com a eficiência do sistema de transporte.

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2.2. Ferramentas de simulação

Rasmussen e Barret (1995) comentam que a simulação deve ser sustentada pela

união de modelagem e de recursos computacionais, e que essa simulação

propicie um mecanismo de interação dos diversos modelos de subsistemas

componentes, com habilidade para gerar sistemas dinâmicos que suportem o

processo de investigação.

A construção de um modelo de simulação seja por aplicativo comercial, como

por exemplo, ARENA ou PROMODEL, ou por processo numérico mais

aderente ao que foi equacionado, deverá ser capaz de refletir o conceito do

parágrafo anterior, para que seus resultados possam passar por um critério de

validação, e a partir daí se tornar em elementos de trabalho.

2.2.1. Método de Monte Carlo

Na conceituação apresentada por Umar (1995), no “Computational Science

Education Project”, Monte Carlo é um método numérico de simulação

estatístico, que se caracteriza pelo uso de seqüências de números aleatórios para

realizar simulações, que vem sendo usado há séculos, mas somente nas últimas

décadas sua técnica amadureceu e ganhou status de método numérico, capacitado

para a solução de complexas aplicações.

O nome Monte Carlo foi escolhido, durante o Projeto Manhattan da Segunda

Grande Guerra, por causa da sua estrutura de simulação estatística similar com

jogos de azar ou de chances, e também por que a capital de Mônaco era, nessa

época, um centro internacionalmente conhecido pelos cassinos de jogos de azar e

de atividades similares. O método de Monte Carlo tem hoje aplicação em muitos

campos, desde a simulação de complexos fenômenos físicos como o transporte

de radiação na atmosfera terrestre até problemas de congestionamento de tráfego

urbano.

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8

Os métodos de simulação estatística diferem dos métodos numéricos

convencionais, que desenvolvem equações diferenciais ordinárias ou parciais,

para a representação de processos físicos ou matemáticos. Por Monte Carlo, o

processo físico é simulado diretamente e não há necessidade da equação

diferencial que descreve o seu comportamento. O único requerimento é que o

processo físico ou matemático possa ser descrito por funções de densidade de

probabilidade (fdp). Uma vez que as fdp são conhecidas, a simulação de Monte

Carlo pode ser feita através delas. As simulações são então realizadas em

diversas rodadas, e o resultado é obtido pela média das observações, que podem

ser ou uma simples observação ou milhões de observações. Em muitas

aplicações práticas estima-se a variância deste resultado médio, e também o

número de tentativas de Monte Carlo que serão necessárias para alcançar

determinado erro estatístico.

Na figura 2.1, ilustra-se a idéia da simulação Monte Carlo, quando aplicada a um

processo físico. Assumindo que o mesmo pode ser descrito por funções de

densidade de probabilidade (fdp), a simulação de Monte Carlo pode vir da

amostragem dessas fdp, apoiadas num gerador de números aleatórios

uniformemente distribuídos no intervalo [0,1]. O resultado dessas amostragens

aleatórias é então acumulado de modo apropriado para concluir o resultado,

evidenciando a característica de Monte Carlo de usar técnicas de amostragem

aleatórias para chegar a uma solução do problema físico.

figura 2.1: processo do método de Monte Carlo aplicado em produção siderúrgica

fonte: Umar,1995

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9

O método de Monte Carlo é usado tanto para simular processos aleatórios ou

estocásticos que possam ser descritos por fdp, como para soluções que não têm

conteúdo estocástico. Como exemplo se tem a avaliação de uma integral definida

ou a inversão de um sistema de equações lineares. Nestes casos fazem-se

analogias com fdp que permitem o propósito da simulação. Pode-se incluir na

rubrica de Monte Carlo todos os métodos que envolvem simulações estatísticas

de algum sistema, que representem ou não um processo físico real.

2.2.2. Principais componentes do método de Monte Carlo

Os componentes primários de Monte Carlo são:

Funções de densidade de probabilidade (fdp):

Descrição do sistema físico ou matemático por uma fdp.

Gerador de números aleatórios:

Gerador de números aleatórios distribuição uniforme em [0;1].

Regra de amostragem:

Amostragem a partir das fdp associada aos números aleatórios.

Resultados:

Acumulados em resumos.

Estimativa de erro:

Estimação do erro estatístico (variância) como função do número

de tentativas e outras quantidades.

2.2.3. Método de Monte Carlo

Umar (1995), em Computational Science Education Project, observa que

existem problemas que podem ser resolvidos somente pelo método de Monte

Carlo, e problemas que podem ser melhor resolvidos por Monte Carlo, que têm

vocação para consumir grandes recursos computacionais.

Holton (1996), em Contingency Analysis, mostra um interessante exemplo de

solução por Monte Carlo, desenvolvida há quase três séculos, no qual se

relaciona a posição de uma agulha dentro de uma faixa de duas linhas paralelas,

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10

e por sucessivos eventos chega-se a uma aproximação do valor de . Em 1768,

George Louis Leclerc, Conde de Buffon, propôs o problema seguinte:

Se uma agulha de comprimento l é lançada aleatoriamente no meio de

uma superfície horizontal delimitada por duas retas paralelas distantes d,

onde d>l, qual é a probabilidade da agulha cruzar uma das linhas?

A solução pode ser entendida

observando-se a figura 2.2:

Buffon perguntou qual é a

probabilidade da agulha cruzar

uma das linhas? (linhas em

verde)

Este resultado somente ocorrerá quando A < l sin .

O posicionamento da agulha relativa às linhas paralelas pode ser descrito como o

de um vetor aleatório, cujos componentes são A [0,d) e [0, ). O vetor (A, )

é uniformemente distribuído, na região [0,d) x [0, ), e a função densidade de

probabilidade correspondente é 1/d . A probabilidade de a agulha cruzar uma

das linhas é dada pela integral

0

sin l

0

1dAd

d [1]

A integral nos dá como solução a probabilidade como:

d2ladeprobabilid [2]

Nesta solução, o grande matemático Laplace percebeu uma forma interessante,

embora imprecisa, de calcular aproximadamente o valor de . Supondo-se que o

experimento de Buffon é realizado com a agulha sendo lançada n vezes, e seja M

a variável aleatória para o número de vezes que a agulha cruza a linha, então:

nME

adeprobabilid)(

[3]

figura 2.2: problema de Buffon

fonte: Contingency Analysis, 1996

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11

Onde E representa a expectativa, ou média, e observando-se que as expressões

[2] e [3] representam a mesma probabilidade. Igualando-as e arrumando a

expressão, chega-se à seguinte expressão para :

d

l

ME

n 2

)( [4]

Esta expressão significa que:

d

l

M

n 2 [5]

Ou que esta expressão é um estimador estatístico para . Lançando-se a agulha n

vezes, cruzando a linha m vezes, pode-se substituir o resultado m pela variável

aleatória M, em [5] e então o valor obtido será uma estimativa para . Fox

(1864), realizou este experimento, com o estimador estatístico, cerca de 3 vezes.

Os resultados alcançados estão representados na tabela 2.1:

Os resultados de Fox ilustraram dois importantes pontos no método de Monte

Carlo:

Depois de obter uma pobre aproximação do valor de em seu primeiro

experimento, Fox modificou seus experimentos subseqüentes aplicando

uma leve rotação à superfície, onde estavam as linhas paralelas, entre os

lançamentos. Ele fez isso para eliminar qualquer tendência resultante de

sua posição enquanto fazia os lançamentos. As aproximações obtidas nos

experimentos subseqüentes foram bem melhores. Esta mesma

necessidade de eliminar tendências existe ainda hoje com as

implementações em computadores do método de Monte Carlo, embora

estas tendências agora apareçam pelo uso inadequado de geradores de

pseudonúmeros aleatórios do que de sua posição.

n m l d superfície estimativa

500 236 3 4 parada 3,1780

530 253 3 4 girada 3,1423

590 939 5 2 girada 3,1416

tabela 2.1: resultados do problema de Buffon

fonte: Contingency Analysis, 1996

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12

Em seu terceiro experimento, Fox usou uma agulha de 5 polegadas e

posicionou linhas separadas apenas de 2 polegadas. Nessa condição a

agulha poderia cruzar até três linhas num único lançamento. Em 590

lançamentos, ele obteve 939 cruzamentos de linha. Agindo assim impôs

um pouco mais de esforço do que em seus dois primeiros experimentos,

mas produziu uma melhor aproximação para . A inovação de Fox foi

um precursor das técnicas atuais das técnicas de redução da variância.

Este exemplo também ilustra outro ponto: o uso de Monte Carlo para resolver

problemas inerentemente probabilísticos, por se assumir que o uso de variáveis

aleatórias é aplicável somente em problemas probabilísticos. Este exemplo

mostra que isto não é verdade. Não há nada de probabilístico em estimar o valor

de .

2.2.4. Referências de suporte teórico

Apresenta-se a seguir breve revisão dos fundamentos teóricos para usar-se o

método de Monte Carlo no modelo de simulação.

2.2.4.a. Função de densidade de probabilidade (fdp)

Na fdp )(xf tem-se, por definição, que dxxf )( é a probabilidade da variável

aleatória, v.a., estar em [ x , dxx ], e que se pode escrever esta funcionalidade

como:

dxxfdxxxxPdxxxxprob )()'()'(

Desde que dxxf )( é adimensional, por ser probabilidade, então )(xf tem

unidade inversa à da v.a., 1/cm ou 1/peça, dependendo das unidades de x. Na

figura 2.3, mostra-se uma típica fdp )(xf , normal ou gaussiana, com a

probabilidade de achar a v.a. em [ x , dxx ], na área sob a curva )(xf de x a

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13

dxx . A probabilidade de encontrar a v.a. no intervalo finito [a , b] é definida

como a área sob a curva )(xf , de x = a até x = b, ou:

')'()()( dxxfbxaPbxaprobb

a

Como )(xf é função de densidade de probabilidade, então é positiva para todos

os valores da v.a. x, e a probabilidade de encontrar a v.a. em algum lugar do eixo

dos números reais é a unidade. Com isto, têm-se duas condições necessárias para

)(xf ser uma legítima fdp:

xxf ,0)(

1')'( dxxf

Como estas restrições não são muito rígidas, alcança-se porque se permite aplicar

o método de Monte Carlo para resolver problemas que não são aparentemente de

natureza estocástica ou aleatória.

2.2.4.b. Função de distribuição cumulativa (fdc)

A função de distribuição cumulativa retorna a probabilidade da v.a. x’ ser menor

ou igual a x:

x

dxxfxFxxprobfdc ')'()()'(

Desde que 0)(xf e a integral de )(xf é normalizada para a unidade, )(xF

obedece às seguintes condições:

figura 2.3: função de densidade de probabilidade típica

fonte: Computational Science Education Project, 2005

:

0

f(x)

x

Função de densidade de probabilidade

x+dx

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14

)(xF é monótona crescente

0)(F

1)(F

Na figura 2.4, ilustra-se uma fdc representativa da fdp normal. Notar a

dependência de )(xF quando x . Desde que )(xF é a integral indefinida

de )(xf , então dxxFdxf )()( .

2.2.4.c. Média e variância para uma fdp contínua.

A média e a variância de uma fdp contínua são consistentes com as de uma fdp

discreta:

')'()( dxxfxxE

')')('()var( 22 dxxxfx

Definindo-se )(xg , função de valores reais da v.a., obtêm-se as expressões

seguintes da média e variância de g para uma fdp contínua:

')'()'()( dxxgxfggE

'])'()['()()var( 22 dxgxgxfgg

As quantidades x e g são médias verdadeiras, propriedades da fdp )(xf e da

função )(xg , e em muitos casos essa média verdadeira não é conhecida. O

propósito da simulação de Monte Carlo será estimar a média e a variância

figura 2.4: função de distribuição cumulativa

fonte: Computational Science Education Project, 2005

0

1

f(x)

x

Função de distribuição cumulativa

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15

verdadeira, representadas por x

e g

. A expectativa de simulação de Monte

Carlo é que g

seja uma boa aproximação para g , a média verdadeira.

2.2.4.d. Relação entre fdp discreta e contínua

A definição de média e variância de uma fdp discreta pode ser expressa por:

i

N

i

id xpxE1

)(

2

1

)()(var i

N

i

id xpx

Quando N , a função discreta tende para a contínua, tem-se:

)('')'(lim

limlim)(lim

1

11

xEdxxxfxfx

xx

pxpxxE

ii

N

i

iN

i

N

i i

i

iN

i

N

i

iN

dN

)var(')')('(

)()(varlim)(

)(varlim)(lim)(varlim

2

2

1

2

1

2

1

xdxxxf

xfxxxx

px

xxpx

iii

N

i

dN

i

i

i

i

N

i

dN

i

N

i

iN

dN

O que mostra a consistência da relação entre medidas de tendência para uma fdp,

discreta ou contínua. Este relacionamento permite que a amostragem forneça

informações validadas para o processo contínuo.

2.2.4.e. Amostragem pela função inversa da fdc

Pelas relações pertinentes para as fdp podem-se estabelecer mecanismos

funcionais para obtenção de amostras. Por exemplo, seja a fdp f(x), a variável y =

y(x), e a fdp g(y) que represente a probabilidade da v.a. ocorrer. Primeiro

restringe-se a função y = y(x) para existir uma relação 1 para 1 entre x e y, e se

ter para um dado valor de x um único valor correspondente de y. Como y(x) é 1

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16

para 1 caracteriza-se uma função monótona crescente ou decrescente, já que

outro comportamento resultaria numa função com múltiplos valores y(x).

Considerando que a função y(x) é monótona crescente, tem-se xdx

dy,0 . A

transformação matemática objetivada deve conservar a probabilidade, ou seja, a

probabilidade da v.a. x’ ocorrer dentro de dx ao redor de x, deve ser a mesma que

a probabilidade da v.a. y’ ocorrer dentro de dy ao redor de y. Por definição das

fdp f(x) e g(y):

)'()(

)'()(

dyyyyprobdyyg

dxxxxprobdxxf

A transformação matemática conceituada implica nestas probabilidades serem

iguais. Na figura 2.5, ilustra-se um exemplo da transformação y = y(x).

Igualando estas probabilidades diferenciais resulta em:

dyygdxxf )()(

Ou:

dxdy

xfyg

)()(

O desenvolvimento feito, para uma função monótona crescente, também vale

para uma função monótona decrescente, onde: xdx

dy,0 .

Como g(y) é positiva, por definição de probabilidade, para uma função

monótona decrescente, tem-se:

figura 2.5: transformação matemática

fonte: Computational Science Education Project, 2005

0

Y(x)

dx

dy

f(x)dx probabilidade

de x estar em dx

g(y)dy probabilidade

de y estar em dy

x

y

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17

dxdy

xfyg

)()(

A combinação dos dois casos leva à regra para transformação de uma fdp:

dxdy

xfyg

)()(

A transformação, de interesse à solução que se procura, acontece quando y(x) é

função de distribuição cumulativa, ou fdc:

')'()()( dxxfxFxy

Onde, neste caso, tem-se que )()(

xfdx

xdy, e que esse resultado importante

da fdp, para a transformação. é dado por:

10,1)( yyg

O que permite afirmar que a fdc é uniformemente distribuída no intervalo [0,1],

independentemente da fdp f(x), e qualquer valor da fdc é igualmente válido no

intervalo [0,1]. Esta conclusão possibilita obter amostras de uma fdp qualquer.

A regra conhecida como “Regra de Ouro para Amostragem”, a seguir, foi

primeiramente sugerida por von Neumann, numa carta para Ulam (1947):

i) Sortear um número aleatório ξ em U[0;1]

ii) Equacionar ξ com a fdc: F(x)= ξ

iii) Inverter a fdc e resolver para x: x=F-1

(ξ)

figura 2.6: regra de ouro para amostragem

fonte: Computational Science Education Project, 2005

0

F(x)=y(x)

F’( )=y(x)

x

y

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18

Este mecanismo funcional, da “Regra de Ouro para Amostragem”, irá atuar

como o algoritmo de Monte Carlo, útil para os propósitos dessa dissertação, e

com o qual será desenvolvida a simulação, que irá fornecer representações de

cenários do modelo em análise. A construção de uma ferramenta, que possa

fazer uso de Planilha Excel, implica em fazer o mecanismo de geração de

resultados nos recursos da Planilha, e apresentar relatórios dos cenários futuros.

2.2.4.f. Números aleatórios

A partir de experimentos físicos aleatórios, podem-se gerar números aleatórios,

associando o resultado de cada experimento a um número. Quando não se pode

garantir que o experimento será realmente aleatório, também não se pode

garantir que os números gerados são de fato números aleatórios,

Existem métodos de geração de variáveis aleatórias que são baseados em

números aleatórios uniformemente distribuídos entre zero e um, cujo cálculo é

realizado em computadores, e que podem ser usados para gerar números com

probabilidades arbitrárias. O paradoxo vem da existência de infinitos números no

intervalo [0,1] enquanto que o processamento é feito com precisão finita.

O gerador utilizado de números aleatórios para a simulação deste trabalho foi o

disponibilizado na Planilha Excel, de distribuição uniforme no intervalo [0,1]. O

uso deste gerador de números aleatórios mostra-se aderente aos objetivos do

presente trabalho, como função disponibilizada diretamente pelo aplicativo.

Cabe, no entanto, proceder a uma avaliação de seus resultados diante das

recomendações apresentadas por Banks, Carson e Nelson (1999).

Estas recomendações reportam que uma seqüência de números aleatórios deve

ter duas propriedades estatísticas importantes: uniformidade e independência.

Cada número aleatório Ri é uma amostra independente obtida de uma

distribuição contínua uniforme entre zero e um, e é definida por:

10,0

10,1)(

xoux

xxf

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19

Na figura 2.7, mostra-se a representação desta fdp.

A média para número Ri é dada por:

e a variância é dada por:

A geração de números aleatórios pela função Aleatório() da Planilha Excel foi

procedida para um total de 300.000 números. Este total foi obtido em 10

amostras de 30.000 números cada. A delimitação de amostras de 30.000 números

se deveu ao propósito de utilizar o aplicativo BestFit, como ferramenta para

processar os números e identificar a distribuição mais aderente à amostra gerada.

Das 10 amostras geradas obteve-se a caracterização da distribuição como

distribuição uniforme, conforme mostrado na tabela 2.2, a seguir:

figura 2.7: fdp para números aleatórios

fonte: Banks, Carson e Nelson, 1999

1

0

1

0

2

2

1

2)(

xxdxRE

083333,012

1

4

1

3

1

2

1

3)()(

21

0

321

0

2 xREdxxRV

tabela 2.2: funções de distribuição uniforme das amostras

amostra Expressões BestFit

1 UNIF(0,00000158; 1,00)

2 UNIF(0,00000222; 1,00)

3 UNIF(0,00000589; 1,00)

4 UNIF(0,0000192; 1,00)

5 UNIF(0,00000307; 1,00)

6 UNIF(0,00000252; 1,00)

7 UNIF(0,00000247; 1,00)

8 UNIF(0,000000799; 1,00)

9 UNIF(0,00000257; 1,00)

10 UNIF(0,00000185; 1,00)

10

1

f(x)

x

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20

O teste básico recomendado por Banks, Carson e Nelson (1999), para validar um

novo gerador de números aleatórios é o teste da uniformidade, que pode ser

conduzida pelo teste de Kolmogorov-Smirnov ou pelo teste do Chi-Quadrado.

A opção feita, neste trabalho, foi pelos critérios de Kolmogorov-Smirnov, onde se

mede o grau de concordância da amostra de números aleatórios gerados e a

distribuição uniforme teórica, com base na hipótese nula de não se ter diferença

significativa entre a distribuição da amostra e a distribuição teórica.

O teste de Kolmogorov-Smirnov baseia-se no maior desvio absoluto entre a

distribuição uniforme UNIF[0;1] e a distribuição dos números aleatórios da

amostra. Este desvio D foi calculado pelo aplicativo BestFit para as dez amostras

geradas, de 30.000 números cada, e seu resultado foi então comparado ao valor

crítico de Kolmogorov-Smirnov , conforme apresentado por F.J.Massey (1951), e

publicado por Banks, Carson e Nelson (1999). Na tabela 2.3, apresentam-se os

resultados obtidos.

Observa-se na tabela 2.3 que os valores computados de D (desvio máximo

absoluto), no nível de significância de 5%, são menores que o valor crítico do

1;0:

]1;0[:

1

0

URH

URH

i

i

a b c d e

amostra Expressões BestFit D

Kolmogorov-Smirnov

valores críticos

α=0,05 N=30.000

d-c

1 UNIF(0,00000158; 1,00) 0,006722437 0,007851964 0,0011 >0

2 UNIF(0,00000222; 1,00) 0,004774568 0,007851964 0,0031 >0

3 UNIF(0,00000589; 1,00) 0,006360989 0,007851964 0,0015 >0

4 UNIF(0,0000192; 1,00) 0,00429223 0,007851964 0,0036 >0

5 UNIF(0,00000307; 1,00) 0,005036626 0,007851964 0,0028 >0

6 UNIF(0,00000252; 1,00) 0,005995659 0,007851964 0,0019 >0

7 UNIF(0,00000247; 1,00) 0,003523625 0,007851964 0,0043 >0

8 UNIF(0,000000799; 1,00) 0,004060695 0,007851964 0,0038 >0

9 UNIF(0,00000257; 1,00) 0,003160933 0,007851964 0,0047 >0

10 UNIF(0,00000185; 1,00) 0,007482783 0,007851964 0,0004 >0

tabela 2.3: resultados de uniformidade

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21

desvio, em cada amostra de 30.000 números. Assim, a hipótese nula, de não

haver diferença entre a distribuição dos números gerados e a distribuição

uniforme, não é rejeitada.

Na figura 2.8, apresenta-se o gráfico dos 30.000 números aleatórios gerados pela

Planilha Excel.

Na figura 2.9, apresenta-se a comparação entre a amostra e a distribuição

uniforme UNIF(0,0000158; 1,00), conforme processada no BestFit.

figura 2. 8 números aleatórios gerados pela função Aleatório() da Excel

geração de números aleatórios

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

Comparação da Distribuição e UNIF(1,58e-5;1,00)

Values in 10^-1

0.0

0.7

1.5

0 2 4 6 8 10

Input

Uniform

figura 2.9: comparação da amostra com a distribuição uniforme

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22

Em vista dos resultados obtidos com a função Aleatório() da Planilha Excel

apresentarem indicadores de aceitabilidade como gerador de números aleatórios,

conforme concluído pelos resultados mostrados na tabela 2.3, e também,

observando que o erro estatístico não compromete as análises desenvolvidas, no

alcance deste trabalho, esta função será utilizada nos mecanismos que demandam

utilização de números aleatórios, para consolidar os princípios de Monte Carlo.

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23

3. TRANSPORTE POR COMBOIOS OCEÂNICOS

3.1. Breve histórico dos comboios oceânicos

Desde a construção dos primeiros comboios oceânicos, registra-se a evolução

conceitual e tecnológica do conjunto empurrador e barcaça. T.Yamaguchi (1984)

comenta que a evolução conceitual passou por duas etapas, relacionadas com a

concepção do acoplamento entre o empurrador e a barcaça: a primeira utilizando

cabos de amarração e a segunda, sistemas mecânicos.

3.1.1. Acoplamento por cabos de amarração

Os comboios de empurrador e barcaça iniciaram suas operações no Japão em

1964, com o transporte de areia para a construção de uma ilha artificial no Porto

de Kobe. Cada comboio consistiu de um empurrador e duas barcaças de fundo

móvel, de 1.000m³ cada. Esta frota de barcaças de fundo móvel alcançou grande

sucesso e promoveu a construção de outros comboios de empurrador e barcaça

para transporte de areia, em construção portuária e aterros hidráulicos.

Os comboios de empurrador e barcaça, nessa fase inicial, eram acoplados por

cabos, semelhantes aos comboios fluviais que operam na Europa, América do

Norte e Hidrovia do Tietê, com restrições para operar em condições de mar que

apresentassem a ocorrência de ondas com altura superior a 1m de altura. Os

cabos de amarração que iam da proa do empurrador à barcaça eram muito curtos

para permitir movimentos verticais da proa do empurrador relativamente à

barcaça e muito freqüentemente arrebentavam quando submetidos à influência

dessas ondas.

Mesmo com essas restrições para a navegação, a eficiência econômica dos

comboios de empurrador e barcaça ficou demonstrada, o que motivou a

construção de muitos empurradores e barcaças do tipo graneleira. Esse tipo de

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barcaças constituiu a principal frota de barcaças japonesas dessa época. Não

demorou muito até que as empresas de navegação passassem a transportar

calcáreo, brita, carvão, cimento, etc por comboios de empurrador e barcaça. Esta

nova tendência pressionou projetistas e construtores navais a buscar uma solução

para as restrições de navegação, e uma nova arquitetura foi desenvolvida, com a

barcaça tendo um encaixe em sua popa para receber a proa vertical em forma de

navio do empurrador.

Esse encaixe podia ser de 3m a 4m, ou mesmo corresponder à metade do

comprimento do empurrador. Os cabos de amarração eram levados da popa do

empurrador até a barcaça para permitir movimentos verticais da proa do

empurrador relativamente à barcaça. Este tipo de arranjo foi introduzido a partir

de exemplos construídos no Canadá onde já era praticado com sucesso.

No estágio inicial das construções com este tipo de encaixe, ocorreram

numerosos problemas e prejuízos com cascos, defensas, cabos, guinchos, etc.

Estes problemas foram solucionados empiricamente um após o outro,

gradualmente por meio das técnicas disponíveis, reunindo as demandas dos

usuários dentro de certos limites. Como resultado, a tecnologia japonesa, em

empurradores e barcaças, progrediu num caminho diferente da que foi alcançada

na Europa e América do Norte. A busca de soluções para as restrições de

navegação existentes consumiu alguns anos, até que a tecnologia de acoplamento

com cabos de amarração nos comboios de empurrador e barcaça alcançasse

resultados, com um novo patamar de qualidade para a embarcação.

3.1.2. Acoplamento por sistemas mecânicos

Com a expansão da utilização de comboios de empurrador e barcaça,

caracterizou-se sua ineficiência na navegabilidade em mar agitado. T.Yamaguchi

(1984) comenta que, mesmo com a introdução do encaixe, um serviço contínuo

durante todo o ano estava restrito a não sair da Baía de Tóquio ou de outras

águas abrigadas.

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O grande crescimento da economia japonesa na última metade dos anos 60

promoveu o crescimento do tamanho das barcaças e, como conseqüência, o

acoplamento ou desacoplamento tornou-se um perigoso trabalho de esforço

humano, demandando, além do risco, um longo tempo de operação. Por causa

deste esforço braçal a bordo, era impossível reduzir o número de tripulantes a

bordo, mesmo com a maior parte deles não tendo nada o que fazer durante as

viagens.

Nesse período, os interesses dos engenheiros engajados na pesquisa e

desenvolvimento tecnológico foram divididos. Alguns engenheiros,

particularmente aqueles de grandes estaleiros, tinham convicção de que a solução

seria encontrada pela ampliação dos métodos de acoplamento por cabos de

amarração e que sua melhoria alcançaria um nível admissível para os serviços

oceânicos. Outros eram de opinião que a conexão por cabos de amarração já

tinha chegado ao seu limite, que não havia mais espaço para melhorias, e

apontavam para o desenvolvimento de mecanismos de acoplamento inteiramente

novos sem a utilização de cabos de amarração. Esta última corrente de opinião se

dividiu em duas: uma desenvolvendo o acoplamento rígido e outra o

acoplamento articulado.

Com essa visão da evolução dos acoplamentos, apresentada por T.Yamaguchi

(1984), os atributos deste vínculo entre empurrador e barcaça passaram a

requerer garantias de estabilidade, manobrabilidade e velocidade, compatíveis

com as condições operacionais a que os comboios poderia ser submetidos.

3.1.3. Visão crítica atual

A Fairplay Solutions nº55 (2001) faz uma observação que os comboios

articulados de empurrador e barcaça oceânica são bem conhecidos nos Estados

Unidos, onde são usados para transportar uma variedade de cargas incluindo óleo

e granel. Na Europa, são bem menos conhecidos, e suas características de

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manobrabilidade no mar não são ainda bem exploradas pelos operadores

marítimos europeus, embora barcaças empurradas sejam utilizadas

extensivamente nos rios europeus.

Os comboios de empurrador e barcaça oceânica foram identificados pela Marine

Heavy Lift Partners, MHLP (2001), armador holandês, como uma concepção

segura, econômica e, acima de tudo, com uma elevada capacidade de manobra,

para uso na navegação entre o Continente Europeu e o Reino Unido. A MHLP

investigava um meio de transporte roll on roll off para cargas sobre carretas e

para containeres, em suas rotas ligando a Holanda, a Alemanha e a costa leste do

Reino Unido. Com o compromisso de operar em portos de pequenas bacias

portuárias, e transportar cargas de forma economicamente viável em rotas

aquaviárias restritas, a conclusão que os comboios de empurrador e barcaça

possuem alto grau de manobrabilidade foi essencial ao sucesso do projeto.

Nos teste realizado em modelo reduzido, o MARIN (2001), Holanda, concluiu

que os comboios de empurrador e barcaça são um modal seguro e eficiente para

transportar cargas entre o Continente e o Reino Unido. Na figura 3.1, detalhe do

tanque de testes em modelo reduzido com o projeto de comboio oceânico da

MHLP.

figura 3.1: testes em modelo reduzido da MHLP

fonte: Fairplay Solutions , 2001

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3.2. Arranjo básico dos comboios oceânicos

Na figura 3.2 e 3.3, esquematizam-se os movimentos executados pelo

empurrador nas operações de manobra para acoplamento e desacoplamento.

A eficiência do acoplamento, um dos principais responsáveis pelo desempenho

operacional do comboio de empurrador e barcaça oceânica, é resultado de

investimento em tecnologia. A engenharia deste produto, desenvolvida

principalmente em mercados provedores de embarcações de alta tecnologia,

como Japão, Finlândia e Estados Unidos, atende às solicitações dos diversos

esforços que atuam nas embarcações durante a navegação (ondas, ventos,

correntes, carga, movimentos estruturais, etc). Acoplamentos mais utilizados:

Na figura 3.4, apresenta-se o acoplamento suportado por 2 pinos, articulado.

Na figura 3.5, apresenta-se o acoplamento suportado por 3 pinos, rígido.

figura 3.5: empurrador e barcaça com acoplamento rígido, de três pontos

figura 3.2: movimentos no acoplamento e desacoplamento

figura 3.3: empurrador e barcaça acoplada

figura 3.4: empurrador e barcaça com acoplamento articulado

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A possibilidade de pequeno grau de liberdade de rotação no acoplamento

articulado diferencia seu comportamento estrutural em relação ao acoplamento

rígido. A escolha passa pelo estudo das condições operacionais do comboio de

empurrador e barcaça, a partir das quais deverão ser construídos os cenários de

vantagens e desvantagens de um ou outro tipo de acoplamento. Por exemplo, em

rotas longas o acoplamento rígido possibilita um desempenho melhor da

propulsão permitindo maiores velocidades que o articulado.

Na figura 3.6, apresenta-se um comboio de empurrador e barcaça com

acoplamento articulado com características de graneleiro. Nas figuras 3.7 e 3.8,

apresentam-se detalhes dos acoplamentos. Na figura 3.9 observa-se o encaixe da

proa do empurrador com a popa da barcaça. Nas figuras 3.10 e 3.11, apresentam-

se detalhes de acoplamento, e na figura 3.12, comboio oceânico da NORSUL

(2004) em manobra portuária no Porto de Barra do Riacho, ES.

figura 3.6: empurrador e barcaça com acoplamento articulado

fonte: Taisei Engineering Consultants, 1991

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figura 3.7: cilindro hidráulico do acoplamento articulado

fonte: Taisei Engineeing Consultants, 1991

figura 3.8: detalhe da engenharia do cilindro hidráulico

fonte: Taisei Engineering Consultants, 1991

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figura 3.9: encaixe empurrador e barcaça

fonte: NORSUL, 2005

figura 3.10: acoplamento articulado, em cremalheira

fonte: NORSUL, 2005

convés barcaça

proa empurrador

cremalheira barcaça cilindro empurrador

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figura 3.11: detalhe da engenharia do cilindro, contato em cremalheira

fonte: Taisei Engineering Consultants, 1995

figura 3.12: comboio oceânico em manobra portuária

fonte: NORSUL, 2005 empurrador

barcaça

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3.3. Tipos básicos de barcaças

A barcaça pode ser desenhada para atender determinado processo onde as

características da carga deverão ser sempre as mesmas, como por exemplo, no

transporte de cimento a granel. Esta condição de projeto irá atender o fluxo de

transporte de cimento a granel ou outra carga com características semelhantes. O

desenho de projeto específico adere melhor aos requerimentos operacionais, com

foco na obtenção de níveis elevados de produtividade. Na solução genérica a

eficiência é menor, mas permite à embarcação participar de mercado maior de

cargas, tal como se procede no projeto de um navio graneleiro, por exemplo.

O espaço de armazenagem das cargas depende dos mercados que a barcaça

poderá atender em suas operações, existindo a possibilidade de desenvolver uma

arquitetura em estreito ajuste com a carga que vai ser atendida. Nas figuras 22 a

25, apresentam-se alguns exemplos de seção transversal a meia nau.

figura 3.13: barcaça tipo flat deck ( containeres, roro,etc)

fonte: McKeil Marine Limited, 1998

figura 3.14: barcaça tipo drop deck ( containeres, areia, granéis sólidos, carga geral)

fonte: McKeil Marine Limited, 1998

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3.4. Conceitos de solução por comboios oceânicos

3.4.1 Princípios

T.Yamaguchi (1997) conceitua que a utilização de comboios de empurrador e

barcaça como alternativa de transporte entre duas instalações portuárias deve

corresponder ao seguinte:

- Os méritos econômicos de utilização de comboios oceânicos, constituídos

de empurrador e barcaça oceânica, dependem do princípio de que cada

comboio é uma combinação temporária de navios independentes e não

somente um simples navio;

- Um comboio oceânico é definido como uma combinação de uma barcaça

e um empurrador oceânico temporariamente acoplados para conveniência

figura 3.15: barcaça tipo deck house ( óleo, granel líquido, granel pó, etc)

fonte: McKeil Marine Limited, 1998

figura 3.16: barcaça tipo hopper (granéis, carga geral,etc)

fonte: McKeil Marine Limited, 1998

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da navegação e que podem ser desacoplados, caso necessário, em

qualquer momento da viagem;

- O mérito do empurrador é conseqüência de sua manobrabilidade,

capacidade de frenagem e do desempenho de sua propulsão, capaz de

desenvolver velocidades eficazes nos comboios de empurrador e barcaça.

3.4.2 Concepção operacional

Como o acoplamento e desacoplamento podem ser realizados em operações

simples e de curto espaço de tempo, um projeto de sistema de comboios

oceânicos entre duas instalações portuárias deve considerar que, enquanto uma

barcaça é carregada em uma instalação, o empurrador traz uma barcaça vazia

para ser carregada nesta instalação. Quando chega, desacopla da vazia, acopla na

carregada, e continua sua viagem: o empurrador, a propulsão do comboio, não

precisa parar no porto, a não ser para suprir combustíveis, água e alimentos.

Esta movimentação requer controle e comunicação, de tal forma que se enxergue

o sequenciamento do carregamento, do descarregamento e do tempo de viagem,

de forma integrada.

3.5. Exemplos de rotas de comboios oceânicos

3.5.1 Rotas da Gulfcoast Transit, USA

A Gulfcoast Transit, armador nos Estados Unidos, oferece serviços no transporte

de granéis como: carvão, sucata metálica, minérios, fosfato, açúcar, grãos,

cavacos de madeira e fertilizantes. Suas rotas atendem o Golfo do México,

Costa Leste dos Estados Unidos, Caribe, Europa, África e Ásia. Nas figuras 3.17

e 3.18, apresentam-se comboios da GulfCoast e exemplos de suas rotas.

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.

Na figura 3.19, apresenta-se as características da frota da frota de barcaças da

Gulfcoast.

figura 3.17: empurrador e barcaça da Gulfcoast

fonte: Gulcoast Transit, 1998

figura 3.18: rotas da Gulfcoast

fonte: Gulcoast Transit, 1998

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figura 3.19: frota de barcaças da Gulfcoast

fonte: Gulfcoast Transit, 1998

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3.5.2 Rotas da Rautaruukki Oy and Oy Finnlines Ltd, Finlandia

A frota desta empresa é constituída de dois empurradores e cinco barcaças de

14.000tpb. Na figura 3.20, apresenta-se o comboio.

Na figura 3.21, exemplo de rotas no Báltico

figura 3.20: empurrador e barcaça da Rautaruukki

fonte: Hollming Ltd. Shipyard, 1999

figura 3.21: exemplo de rotas da Rautaruukki

fonte: Hollming Ltd Shipyard, 1999

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3.5.3 Rotas do Hachiko-Maru, do armador Yawata Kogyo

Em 1975, o empurrador Hachiko-Maru , acoplado a uma barcaça de 8.950tpb,

mais o seu irmão o Hachiko-Maru 2, acoplado a uma barcaça de 6.500tpb,

iniciaram suas operações de transporte de granéis, carvão e madeira.

As operações destes comboios de empurrador e barcaça se estenderam pelo

Oriente, interligando Japão, Filipinas, Coréia, Singapura e China.

Na figura 3.22, o Hachiko-Maru .

Na figura 3.23, exemplo de rotas percorridas pelo Hachiko-Maru.

figura 3.22: Hachiko-Maru, Porto de Tóquio, madeira da Indonésia (distância: 3.200milhas)

fonte: T.Yamaguchi, 1975

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figura 3.23: as rotas percorridas pelo Hachiko-Maru

fonte: T.Yamaguchi, 1984

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3.5.4. Rota Caravelas/BA-Barra do Riacho/ES, NORSUL, Brasil

3.5.4.1. Visão do atendimento

Desde 2003 a Companhia de Navegação NORSUL transporta madeira em toras

soltas de reservas do sul da Bahia, para a Aracruz Celulose S/A, em Aracruz/ES,

com embarque no Terminal Portuário construído na foz do Rio Caravelas, em

Caravelas (BA), e desembarque no Terminal Portuário Portocel, no Porto de

Barra do Riacho (ES). Este transporte é performado por uma frota de quatro

barcaças oceânicas de convés aberto, com capacidade de carga de 5.000tpb cada

e dois empurradores oceânicos, com potência cada um de 4.800kw.

O conceito do projeto das barcaças, roll on roll off, especificou o carregamento e

descarregamento por empilhadeiras de grande porte com garras especiais para

toras, bem como o eventual acesso de carretas rodoviárias ao seu interior, para

operações mais eficientes pela redução da distância percorrida pelas

empilhadeiras. Esta operação ficou suportada pela arquitetura da barcaça, de

armazenagem flutuante, em que o acesso de terra para a barcaça se faz por meio

da rampa da barcaça e flutuante, para compensar a movimentação de marés.

O volume de projeto é da ordem de 3.400.000m³ sólidos de madeira, que

apresenta peso específico médio de 900kg/m³, e totaliza cerca de 3.060.000

toneladas por ano de transporte. Tal volume é comparável a 63 mil viagens/ano

dos caminhões super pesados de 54m³, ou seja, um caminhão a cada nove

minutos, 24 horas por dia, 365 dias por ano.

A eficiência energética do modo de transporte aquaviário, traduzida pelo menor

consumo de combustível por tonelada transportada, faz com que a quantidade de

emissões atmosféricas seja substancialmente reduzida em relação à opção do

transporte rodoviário.

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3.5.4.2. A rota de navegação

Na figura 3.24, apresenta-se a rota a ser empreendida, que objetiva evitar o

trânsito dos comboios oceânicos, pelas regiões que são locais de passagem e de

acasalamento de baleias.

3.6. Comentários

Este resumo de características, operadores e operações de comboios oceânicos de

empurrador e barcaça oceânica, apresentou o quanto esse modal marítimo tem-se

desenvolvido nestes últimos vinte anos, representando uma opção de navegação

com méritos operacionais e econômicos, que tem expandido sua participação no

transporte marítimo, graças fundamentalmente à tecnologia alcançada nos

equipamentos.

O desempenho dessas embarcações em operações de transporte de cabotagem

aponta para novas oportunidades, onde devem se desenvolver novas soluções,

por exibir uma relação próxima de tempo de viagem e de tempo de atendimento

portuário.

figura 3.24: rota da madeira do sul da Bahia para Aracruz

fonte: NORSUL, 2003

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4. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA LOGÍSTICO

4.1 Introdução e objetivos

A implantação de uma Laminadora de Tiras de Aço a Frio em São Francisco do

Sul, no Estado de Santa Catarina, foi viabilizada por um Projeto Logístico de

abastecimento de sua matéria prima principal, bobinas de aço laminadas a

quente, fornecida por uma Usina Siderúrgica, localizada em Vitória, no Estado

do Espírito Santo. Com foco no processo produtivo e na sua cadeia de

suprimentos, foi acordado entre a Laminadora e a Usina Siderúrgica, o

fornecimento pela Usina, por longo prazo, de 1.100.000 toneladas por ano de

bobinas de aço laminadas a quente, necessárias ao atendimento dos

compromissos da Laminadora.

O acordo de fornecimento que foi celebrado estabelece a garantia de

abastecimento, a partir de novembro de 2002, com especial atenção aos estoques

da laminadora e à regularidade das entregas. Essa consideração relevante no

escopo de fornecimento se deve à distância geográfica das duas Plantas,

separadas por mais de 1.200km, que representa um tempo de trânsito

significativo nessa pernada da cadeia produtiva. Com o compromisso da

movimentação anual de 1.100.000 toneladas por ano configurou-se um problema

logístico, sujeito às condições de operação de cargas siderúrgicas.

O presente trabalho apresenta um estudo logístico da solução em

desenvolvimento para esse novo processo logístico, que irá se realizar em

operações cíclicas e regulares de navegação de cabotagem. E tem por objetivo

avaliar a eficiência do processo de viagens cíclicas, mensurada através dos

embarques das bobinas e do uso da capacidade de carga da embarcação. Para a

representação dos cenários que servirão de dados de avaliação será usada

simulação em modelo que reúne o processo de disponibilidade de bobinas para

embarcar, a freqüência de chegada das embarcações, e sua lotação.

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O projeto logístico está em fase de implantação, com a construção das

embarcações em estaleiros nacionais, no Rio e em Niterói, e previsão de início

de operações no 1º semestre de 2006, mas o processo de abastecimento por

cabotagem já se encontra em operação com o uso de navios afretados, com

capacidade de 10.000 tpb.

Com a produção realizada em 2004 para atendimento à Laminadora, e que foi

entregue por navios, desenvolveu-se uma metodologia de simulação para avaliar

se a distribuição que atende aos navios, com chegadas discretas, também é

atendida pelo processo contínuo de viagens cíclicas. Desta avaliação, chegou-se

às conclusões que objetivam mostrar quais adequações irão permitir o

balanceamento eficiente do sistema de produção e embarques. A associação da

geração de estoques, do uso da lotação da barcaça, e da necessidade de

instalações de armazenagem, como reguladora de fluxo, permitirão observar a

eficiência do sistema de transporte por comboios oceânicos.

4.2. Histórico

4.2.1 Solução logística baseada nas opções modais de transporte

O rendimento dos processos de produção na Laminadora apresenta seus

melhores índices quando se laminam bobinas pesadas, por implicar em períodos

menores de paralisação para inserção de uma nova bobina. Para atender a essa

meta, a Laminadora especificou usar bobinas com peso unitário próximo a 40

toneladas.

As opções modais convencionais de transporte por rodovia, ferrovia ou

cabotagem são alternativas capacitadas a participar dessa cadeia de suprimentos,

com a consideração de que cada uma dispõe de regulamentação para sua

operação, implicando em restrições que afetam a viabilização de uso em

condições regulares.

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4.2.1.1. Opção ferroviária

O uso da ferrovia para o transporte de produtos siderúrgicos é uma opção de

transporte com excelentes referências em praticamente todos os locais onde é

usado. As Usinas em sua quase totalidade, em todo o mundo, recebem insumos

por ferrovia, e a distribuição de sua produção é também orientada para esse

modal. Muitos dos clientes das Usinas dispõem de desvios ferroviários em suas

plantas, promovendo a entrega ferroviária no modelo porta a porta com grandes

vantagens operacionais e econômicas, num processo que envolve manuseios,

qualidade a assegurar, e armazenagem.

Numa primeira observação da situação da Usina, em Vitória/ES, e da

Laminadora, em São Francisco do Sul/SC, confirma-se que as duas plantas

dispõem de facilidades ferroviárias. A possibilidade de estabelecer uma operação

ferroviária ligando-as passa pelo entendimento da rede ferroviária brasileira e das

condições de operação em prática, ou a serem desenvolvidas dentro das

possibilidades que ficaram configuradas após a desestatização da Rede

Ferroviária Federal S.A.

Com a divisão da RFFSA em malhas, que foram adquiridas por grupos

empresariais, atendendo aos objetivos planejados pelo Governo Federal, ficaram

definidas diversas concessões ferroviárias, com características e objetivos

empresariais próprios. O uso da via permanente foi regulamentado com o direito

de passagem de uma concessionária a outra, com as responsabilidades

operacionais aos cuidados de cada uma das concessões.

Em vista desse novo quadro ferroviário, a operação entre locais atendidos por

duas ou mais concessões deve ser avaliada no nível estratégico, para que o

processo de transporte concebido não venha a sofrer solução de continuidade por

decisões unilaterais de uma determinada concessão. No presente caso, a Planta

Industrial situada em Vitória, ES, tem atendimento pela Companhia Vale do Rio

Doce, e a Planta Industrial em São Francisco do Sul, SC, tem atendimento pela

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45

ALL - América Latina Logística. Essa situação mostra-se complexa pela não

vizinhança entre essas concessões. Uma rota ferroviária da CVRD para a ALL,

tem que trafegar pela FCA e Ferroban ou pela MRS e Ferroban.

Na figura 4.1, pode-se visualizar a rota ferroviária de Vitória/ES à São Francisco

do Sul/SC, passando por quatro concessões ferroviárias, num percurso que

aproxima-se de 3.000km.

A bitola larga (1,60m) da MRS que atende fortemente à Região Sudeste é

diferente da bitola métrica da CVRD e FCA, e da FERROBAN, onde se dispõe

de trechos de linhas com bitola mista, que eliminam esta distorção operacional.

Esta condição de bitolas diferentes impõe o transbordo de uma via para outra,

com riscos à qualidade das bobinas nos manuseios dos terminais de transbordo,

por favorecer a ocorrência de avarias, e prejudicar a rastreabilidade e controle. O

transbordo nem sempre é operação sincronizada, com os trens das duas empresas

posicionados lado a lado, o que obriga a descarga do trem carregado e

posteriormente o carregamento do trem vazio.

figura 4.1: rotas ferroviárias de Vitória/ES a São Francisco do Sul/SC

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46

Quanto a capacidade de transporte cabe destacar que dificilmente seria possível o

transporte de bobinas de 40 toneladas de peso próprio, devido à capacidade

estrutural de via permanente, obras de arte e vagões. Na CVRD os vagões

plataforma poderiam transportar até duas bobinas de 35 toneladas, mas na FCA

só poderiam transportar duas de 32 toneladas cada.

Na figura 4.2, estão apresentadas as características do vagão plataforma

atualmente disponibilizado pela CVRD (www.cvrd.com.br) para o transporte de

bobinas de aço, no qual a capacidade de carga é de 64 toneladas, distribuídas na

superfície da plataforma. No caso presente o máximo peso unitário permitido é

de bobinas de 32 toneladas , que permite o transporte de duas bobinas por vagão,

cada uma sobre cada um dos truques.

Com o cenário descrito, não foi possível considerar essa opção logística como

solução estável para um processo regular de fornecimento. O risco de não

regularidade mostra-se alto, pela observação do processo de transporte abrir

diversas frentes de soluções: administração dos contratos com as concessões,

tempo de trânsito esperado de mais de 20 dias, e concorrência com fluxos de

outras cargas, de tratamento prioritário, como minério de ferro e grãos, que usam

Tara média = 16.000 kg

Lotação = 64.000 kg

Comprimento útil = 13.850 mm

Largura útil = 2.497 mm

Superfície = 34,68 m²

Vagão para bitola métrica, tipo Plataforma para transporte de produtos siderúrgicos,

grandes volumes, madeira, etc., com carga e descarga superior pelas laterais, fabricado em

aço de baixa liga e alta resistência mecânica e à corrosão atmosférica, com piso metálico,

com capacidade para um peso bruto máximo de 80.000 kg.

figura 4.2: vagão plataforma, tipo PED, para transporte de produtos siderúrgicos

fonte: www.cvrd.com.br , 2005

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47

os corredores ferroviários como via para exportação pelos Portos de Tubarão,

Santos e Paranaguá.

Com essa análise técnica, ficou possível excluir a opção ferroviária do quadro de

alternativa vantajosa de transporte. Toda a avaliação dessa rede ferroviária

apontou que na situação de infra-estrutura de transporte brasileira: a ferrovia,

como um todo, desenvolve-se paralelamente ao litoral, como um potencial

concorrente da navegação de cabotagem, mas com uma vocação de tráfego

voltada para exportação pelos corredores já estabelecidos, e em operação, para

acessar os Portos de Tubarão, Santos ou Paranaguá. Esse modelo enfraquece a

ferrovia nesse papel de concorrente da navegação de cabotagem, e fortalece o

transporte rodoviário nesse papel. A forte participação do modal rodoviário na

produção de transporte brasileira, especificamente aquela voltada para a

distribuição interna, torna-se uma conclusão do atendimento ineficiente que a

ferrovia e a cabotagem ofereceram, e ainda oferecem aos clientes internos.

4.2.1.2 Opção rodoviária.

A opção rodoviária sempre pode ser contemplada como uma solução para

transporte, pela sua flexibilidade de atendimento porta a porta, e muito

especialmente para situações de contingências quando a opção regular estiver

com problemas de operação. Como solução dedicada no presente caso,

observaram-se várias restrições ao seu emprego.

Como a capacidade básica de uma carreta rodoviária é de 25 toneladas de carga

útil, para atender-se ao programa de transporte de 1.100.000 toneladas por ano

seria necessário realizar 44.000 viagens por ano, ou 120 viagens por dia. Esse

volume tem impactos no processo de despacho interno da Usina, no tráfego das

rodovias entre Vitória e São Francisco do Sul, não somente pelo volume anual,

mas pelo risco maior de acidentes, e também no processo de recebimento por

parte da Laminadora. Os acidentes mostram dois aspectos: o acidente que avaria

a bobina, resultando em prejuízos a todo o processo de produção e econômico, e

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outro que repercute nos usuários de automóveis, ônibus e outras carretas que

trafegam nas mesmas rodovias. Em conseqüência de acidente, de qualquer

natureza, tem-se o impacto ambiental que pode promover restrições sérias ao

processo do transporte.

Na figura 4.3, apresentam-se os limites permitidos para cargas em veículos

rodoviários de carga conforme a Resolução nº.12 do CONTRAN [1985].

Eixo isolado,

2

pneumáticos

Eixo isolado, 4

pneumáticos

Grupo 2 eixos,

suspensão

especial

Grupo 2 eixos Grupo 3 eixos

6.000 10.000 13.500 17.000 25.000

6.450 10.750 14.520 18.280 27.420

Limite Legal 6.000 10.000 Kg

Transbordo 6.450 10.750 Kg

Limite Legal 6.000 17.000 Kg

Transbordo 6.450 18.280 Kg

Limite Legal 6.000 10.000 Kg 17.000 Kg

Transbordo 6.450 10.750 Kg 18.280 Kg

Limite Legal 6.000 17.000 Kg 25.500 Kg

Transbordo 6.450 18.280 Kg 27.420 Kg

O percentual de 7,5% no peso por eixo, somente será adotado para efeito de transbordo e/ou remanejamento da carga, e não para

aplicação do auto de infração (Resolução 102/99 e 104/99);

Obs.: Nunca somar o limite por eixo para estabelecer o limite para Peso Bruto Total;

A utilização de PBTC/CMT maior que 45.000 Kg (Quarenta e cinco mil quilogramas) fica condicionado a obtenção de AET (Autorização

Especial de Trânsito);

Será tolerado um percentual de 5% de acordo com a lei 7.408 de 25 de Dezembro de 1985, já inserido no software do sistema de

pesagem, sobre s limites de Peso Bruto Total e/ou Peso Bruto Total Combinado.

Obs.: O percentual de 5% (tolerância) não se trata de aumento de carga, e sim para evitar problemas com excesso de peso que possam

gerar multas;

Limites de Peso dos eixos e/ou grupos de eixos.

Descrição

Limite legal

Limite para transbordo e/ou remanejamento

figura 4.3: limites de peso dos eixos e/ou grupo de eixos de carretas rodoviárias

fonte: www.cowboysdoasfalto.com.br , 2005

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A capacidade de carregamento básica da carreta rodoviária de 25 toneladas, de

lotação, associada á distribuição de carga pela extensão da carreta, conduz a um

peso máximo de bobina da ordem de 16 toneladas posicionada próxima ao

tandem traseiro, que somando o peso próprio da carreta chega ao limite técnico

do eixo traseiro, previsto de 25,5 toneladas. Com uma bobina de 16 toneladas

para um total de 25 toneladas sobram 9 toneladas para o peso da outra bobina.

Essa distribuição de pesos não valoriza o processo de laminação para o qual

estão destinadas as bobinas. O que poderia então ser previsto, para um transporte

rodoviário, seria o carregamento de duas bobinas com peso próprio de 12,5

toneladas. Para o processo de produção, tanto da Usina como da Laminadora,

essa condição de se transportar bobinas nessa ordem de grandeza de 12 a 13

toneladas tem influência direta no aumento do custo de produção, e não é uma

solução com méritos para um abastecimento regular nos volumes de

atendimento.

4.2.1.3. Opção aquaviária

No cenário das opções logísticas para o atendimento à demanda contratada,

restou um aprofundamento na opção da navegação de cabotagem para a

realização do transporte das bobinas. Esta opção logística não está disponível na

costa brasileira como num mercado onde se convidem armadores para uma

cotação de fretes, ou com base num Contrato de Afretamento por viagem, ou

com base num Contrato de Afretamento por tempo, numa operação dedicada,

condição em que se teriam períodos de renovação ou nova ida ao mercado em

prazos anuais, por exemplo.

Esta realidade da navegação de cabotagem brasileira, considerando-se o aspecto

de mercado de concorrência, tal como acontece com o transporte rodoviário, faz

com que os usuários que disponham de cargas estratégicas para suas instalações

tenham que contratar serviços dedicados por prazos longos, que reduzam o risco

dos armadores. Considerando-se o uso das linhas regulares atualmente em

operação, constata-se que não oferecem capacidade para o volume previsto no

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caso presente, e que suportam com eficiência volumes menores, para cargas que

sejam conteinerizadas, onde cabe avaliar se o valor agregado pela logística irá ter

participação influente no preço final ao cliente.

Com o cenário atual, tornou-se determinante projetar um modelo de negócio que

mostrasse como fazer esse transporte por navegação de cabotagem,

reconhecendo que o recurso fundamental, a embarcação, não existiria no

mercado nacional de cabotagem, e que a decisão de uso desta modalidade

passaria por um período de transição durante o qual seriam construídas as

embarcações.

A primeira fonte de reconhecimento do tratamento dispensado à navegação de

cabotagem brasileira encontra-se na Constituição Federal promulgada em 1988

que estabelece em seu Título VII, da Ordem Financeira e Econômica, Capítulo I,

dos Princípios Gerais da Atividade Econômica, artigo 178, parágrafo 3º, “a

navegação de cabotagem e a interior são privativas de embarcações nacionais,

salvo caso de necessidade pública, segundo dispuser a lei”.

Com esse imperativo legal, a contratação de empresa de navegação para os

serviços de navegação de cabotagem tem que ser uma empresa brasileira. Essa

conceituação não é exclusividade brasileira, a grande maioria dos países que têm

seu litoral servido por navegação de cabotagem adota uma postura idêntica, de

não permitir estrangeiros nesse serviço que sob determinadas condições é

estratégico no interesse nacional. O reflexo dessa conceituação legal é que

somente empresas brasileiras podem participar da fase de avaliação de propostas

técnicas e comerciais.

As condições constantes da Resolução nº.52 da ANTAq (2002), cuja redação

encontra-se no Anexo 1, definem para o transporte em estudo, que a navegação

de cabotagem deverá reunir as decisões de um processo de contratação de

serviços de transporte e também de construção das embarcações, contemplando-

se o período de construção com o atendimento por embarcações estrangeiras

afretadas pelo período contratado de construção. Essas condições legais para a

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solução por navegação de cabotagem conceituam como desenvolver uma

alternativa de transporte regular e de longo prazo.

Observadas as condições peculiares da navegação de cabotagem, com respeito à

legislação, fez-se a escolha de um armador nacional para esse serviço, abrindo-

se a solução em duas opções de embarcação: navio convencional ou comboio

oceânico. O navio convencional sempre poderá realizar essa operação de

transporte, mas a característica logística da cabotagem que assemelha o tempo

de viagem com o tempo de operação portuária, na rota em estudo no presente

trabalho, permitiu que se avaliasse o uso de comboios oceânicos, constituídos

de barcaça e empurrador oceânico. Esta possibilidade de opção pelo comboio

oceânico se dá pela comparação entre o tempo de viagem e o tempo de serviços

portuários, que se mostram próximos.

O Comboio Oceânico constituído de Barcaça Oceânica e Empurrador Oceânico

é uma embarcação, com a capacidade de poder separar sua unidade de

armazenagem, a barcaça, da unidade de propulsão, o empurrador, o que lhe

confere uma condição operacional inteligente, ao permitir se ter a unidade de

propulsão permanentemente em operação, enquanto a barcaça é uma unidade de

armazém flutuante. Este modelo tem méritos e sua viabilização reverte em

benefícios para o embarcador, no caso o dono da carga, e para o armador.

No Brasil e em outros locais, como Ásia, Europa, e América do Norte estas

embarcações operam em suas diversas situações: em frotas balanceadas para

realização de viagens cíclicas ou mesmo em conjuntos, com similaridade a

navios, quando o empurrador e a barcaça estão acoplados em todas as viagens.

No que diz respeito à capacidade da embarcação transportar bobinas de 40

toneladas de peso próprio, não se tem restrições de engenharia devido à

estruturação da barcaça poder ser desenhada e calculada para operar esse porte

de carga. Para o dimensionamento da barcaça foram desenvolvidos planos de

arquitetura que comportassem a quantidade de bobinas a transportar, e também

considerasse critérios de economia de combustível, medida pela velocidade

média a ser desenvolvida, e pelas reservas que possibilitassem à embarcação

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52

desenvolver velocidades maiores que a média referencial, para compensar

desvios em tempos de operações.

4.3. Implementação do sistema logístico

O acordo celebrado entre a Usina e a Laminadora, para fornecimento de longo

prazo de bobinas laminadas a quente por parte da Usina, conduziu, pelas análises

e avaliações desenvolvidas, ao processo de transporte de cabotagem. O início do

processo de implementação do sistema foi pela contratação dos Comboios

Oceânicos, o ativo estratégico e de maior complexidade, especialmente nos

aspectos de engenharia, construção, recursos financeiros e prazo para início das

operações.

A escolha de uma empresa brasileira de navegação de cabotagem reduziu o

número de empresas que poderiam ter participação num processo de seleção por

qualificação técnica, experiência na operação de embarcações similares, e nas

garantias para obtenção de financiamentos, por suas boas referências e estrutura

empresarial. Apesar do perfil das empresas brasileiras que têm aderência a esse

perfil ser reduzido, foi possível a decisão por uma das que participaram do

processo de seleção. Com os requerimentos atendidos, para essa etapa de

contratação do armador, foi iniciada a modelagem das operações.

O instrumento contratual celebrado entre a Usina, a Laminadora e o Armador

Brasileiro compreendeu no escopo de serviços de navegação, os investimentos a

serem realizados em embarcações desenhadas especificamente para o transporte

de bobinas de aço. Em vista dos riscos de um longo prazo contratual foram

também acordadas cláusulas que protegessem ambas as partes de situações que

tivessem impacto no equilíbrio econômico e operacional do contrato. Os

mecanismos de remuneração dos serviços contemplaram a participação dos

investimentos de capital e de serviços, e também dos insumos que têm cotações

em moeda nacional e moedas estrangeiras.

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53

Com o instrumento contratual firmado, o armador selecionou um estaleiro para a

construção das barcaças oceânicas e outro estaleiro para construção dos

empurradores oceânicos. A partir desses compromissos, o financiamento das

embarcações enquadrou-se para uso dos recursos do FMM (Fundo de Marinha

Mercante), cujo gestor é o BNDES. A construção está em andamento, e os

prazos contratados projetam o início das operações da frota de barcaças e

empurradores para o 1º semestre de 2006.

A colocação de encomendas em estaleiros nacionais deu permissão ao armador

brasileiro de afretar navios no mercado internacional, conforme preceitua a

resolução ANTAq nº 52, art 5º, e com esses navios operar no abastecimento à

Laminadora durante o período de construção das barcaças e empurradores.

4.4. Modelagem logística

4.4.1. Modelagem básica do sistema logístico

O conceito básico do modelo logístico escolhido, na pernada da navegação de

cabotagem, é que sempre se tem uma barcaça em cada Terminal Portuário, e o

empurrador ou empurradores estão em permanente viagem, indo ou vindo de um

Terminal para outro.

Na tabela 4.1, estão apresentadas três opções para constituir uma frota de

barcaças e empurradores, onde duas barcaças estarão sempre atracadas nos dois

Terminais e a outra, ou outras, em navegação.

empurrador barcaça

1 + 3

2 + 4

3 + 5

Frotas de Comboios Oceânicos

tabela 3: opções de frotas de Comboios Oceânicos

fonte: Amorim; Cruz, (UFES/2000, ANPET/2001)

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Cada uma dessas frotas permite um nível de aderência ao volume a ser

transportado, e que implica diretamente nos investimentos em embarcações e

facilidades portuárias. Para a escolha da opção que melhor pode atender ao fluxo

de transporte foi feita uma avaliação baseada em: distância entre Terminais

Portuários, quantidades a ser transportada, taxa de carregamento e taxa de

descarregamento. Com esse balanceamento operacional ajustado, chegou-se à

capacidade das barcaças, pelo seu porte bruto, levando em consideração a

restrição de compatibilidade com a infra-estrutura portuária disponível. Nas

tabelas 4.2 e 4.3, apresentam-se dados operacionais referentes à viagem do

Comboio Oceânico, que é comandada pelo empurrador, e aos serviços portuários

de carregamento e descarregamento das barcaças nos Terminais Portuários.

taxa de carregamento 250 ton/h

taxa de descarga 250 ton/h

tempo útil para operações 20 h/dia

dados operacionais barcaças

distância entre Terminais 667 nm

tempo útil em Terminal 3 h

disponibilidade 350 dias/ano

dados operacionais empurradores

Foram desenvolvidas alternativas técnicas para capacidade das barcaças

oceânicas, e para o prazo da viagem redonda, que compreende o tempo

necessário para o empurrador sair, navegar ao destino, chegar ao destino, trocar

de barcaça, navegar de volta e retornar ao Terminal de origem.

4.4.2. Elenco de soluções

A combinação dos fatores que participam do processo operacional de viagens

cíclicas, conforme os elementos apresentados nas tabelas 4.1 a 4.3 e expectativas

de capacidade da barcaça, permite se construir a planilha, mostrada na tabela 4.4,

a seguir. Nestes cálculos da planilha chega-se a uma série de soluções que

atendem aos objetivos, dentre as quais se fez a escolha da melhor alternativa.

tabela 4.2: dados operacionais das barcaças

tabela 4.3: dados operacionais das barcaças

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55

Capacidade 8.000 tons

Frota

ciclo de viagem redonda do empurrador 4 dias 5 dias 6 dias 4 dias 5 dias 6 dias 4 dias 5 dias 6 dias

número de viagens redondas do empurrador por ano 88 70 58 175 140 117 263 210 175

intervalo de partidas dias 4 5 6 2 3 3 1 2 2

capacidade de transporte anual tons 700.000 560.000 466.667 1.400.000 1.120.000 933.333 2.100.000 1.680.000 1.400.000

velocidade média nós 14,8 11,7 9,7 14,8 11,7 9,7 14,8 11,7 9,7

tempo de serviços portuários horas 3 3 3 3 3 3 3 3 3

tempo de navegação de uma pernada horas 45 57 69 45 57 69 45 57 69

duração da barcaça atracada horas 93 117 141 45 57 69 29 37 45

duração do carregamento ou descarga horas 32 32 32 32 32 32 32 32 32

duração da espera nos terminais horas 61 85 109 13 25 37 -3 5 13

Capacidade 9.000 tons

Frota

ciclo de viagem redonda do empurrador 4 dias 5 dias 6 dias 4 dias 5 dias 6 dias 4 dias 5 dias 6 dias

número de viagens redondas do empurrador por ano 88 70 58 175 140 117 263 210 175

intervalo de partidas dias 4 5 6 2 3 3 1 2 2

capacidade de transporte anual tons 787.500 630.000 525.000 1.575.000 1.260.000 1.050.000 2.362.500 1.890.000 1.575.000

velocidade média nós 14,8 11,7 9,7 14,8 11,7 9,7 14,8 11,7 9,7

tempo de serviços portuários horas 3 3 3 3 3 3 3 3 3

tempo de navegação de uma pernada horas 45 57 69 45 57 69 45 57 69

duração da barcaça atracada horas 93 117 141 45 57 69 29 37 45

duração do carregamento ou descarga horas 36 36 36 36 36 36 36 36 36

duração da espera nos terminais horas 57 81 105 9 21 33 -7 1 9

Capacidade 10.000 tons

Frota 3 empurradores e 5 barcaças

ciclo de viagem redonda do empurrador 4 dias 5 dias 6 dias 4 dias 5 dias 6 dias 4 dias 5 dias 6 dias

número de viagens redondas do empurrador por ano 88 70 58 175 140 117 263 210 175

intervalo de partidas dias 4 5 6 2 3 3 1 2 2

capacidade de transporte anual tons 875.000 700.000 583.333 1.750.000 1.400.000 1.166.667 2.625.000 2.100.000 1.750.000

velocidade média nós 14,8 11,7 9,7 14,8 11,7 9,7 14,8 11,7 9,7

tempo de serviços portuários horas 3 3 3 3 3 3 3 3 3

tempo de navegação de uma pernada horas 45 57 69 45 57 69 45 57 69

duração da barcaça atracada horas 93 117 141 45 57 69 29 37 45

duração do carregamento ou descarga horas 40 40 40 40 40 40 40 40 40

duração da espera nos terminais horas 53 77 101 5 17 29 -11 -3 5

3 empurradores e 5 barcaças

3 empurradores e 5 barcaças

1 empurrador e 3 barcaças

1 empurrador e 3 barcaças

1 empurrador e 3 barcaças 2 empurradores e 4 barcaças

2 empurradores e 4 barcaças

2 empurradores e 4 barcaças

tabela 4.4: planilha de recursos para solução da frota de empurradores e barcaças

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4.4.3.a. Comentários sobre o elenco de soluções

Cabe fazer-se comentários sobre estas opções, que apresentam dezesseis

alternativas técnica e operacionalmente capazes de atender à demanda de

1.100.000ton/ano:

Com o requerimento da capacidade da barcaça ser estabelecida em 8.000, 9.000

ou 10.000 tpb, para que o calado de projeto possa atender restrições portuárias,

observa-se na tabela 4.4 que frotas de três barcaças e um empurrador não

atendem à demanda planejada.

A frota de 2 empurradores e 4 barcaças é adequada quando o tempo de

carregamento ou descarregamento é semelhante ao tempo de trânsito entre os

dois terminais. Se um empurrador ficar fora de operação o sistema deve ser

reduzido para 1 empurrador e 3 barcaças (retira-se também uma barcaça da

operação), e neste caso a eficiência cai pela metade em relação à frota original.

Nesta opção somente a capacidade de 10.000 tpb atende a todas as opções de

ciclo de viagem redonda.

A frota de 3 empurradores e 5 barcaças torna-se adequada quando as distancias

são grandes e o balanço dos tempos de viagem com os de carregamento ou

descarregamento não são quantidades semelhantes. É a frota de maior custo, e

pela disponibilidade maior de que tem mais flexibilidade nos eventos de redução

de recursos. Nesta frota, qualquer capacidade definida basicamente atende.

A escolha da frota e capacidade da barcaça objetivou tanto indicadores

econômicos atrativos, como a apreciação dos méritos operacionais do transporte,

por apresentar solução entre a demanda gerada, o tempo de viagem e o prazo de

operações portuárias. A conclusão a que se chegou foi: frota de 2 empurradores e

4 barcaças oceânicas de 10.000 tpb, num ciclo de 6 dias, de viagem redonda, e

capacidade nominal de transporte de 1.166.667 toneladas por ano.

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57

4.4.4. Caracterização do modelo logístico de cabotagem.

A opção pela frota de quatro barcaças oceânicas de 10.000 tpb e dois

empurradores com capacidade nominal de transporte de 1.166.667 toneladas por

ano, está associada com o ciclo de 6 dias da viagem redonda do empurrador.

Na figura 4.4, apresenta-se o mecanismo operacional da frota de 2 empurradores

e 4 barcaças, no sistema dedicado de viagens cíclicas por Comboios Oceânicos.

4.4.5. Modelagem da carga

O sistema dedicado, de transporte por viagens cíclicas adotado, tem sua base

operacional na realização de 117 viagens por ano, numa velocidade média de 9,7

nós, com capacidade de transportar 1.166.667 toneladas por ano. Alguns

implementos adicionados à barcaça passaram a consumir uma parte dessa

capacidade, em torno de 500 toneladas. Com esses equipamentos a capacidade

útil de carga das barcaças passou de 10.000 toneladas para 9.500 toneladas. A

capacidade anual foi reduzida de 1.166.667 para 1.108.167, referente a 117

viagens transportando 500 toneladas de equipamentos por ano.

Com essa situação de capacidade e de demanda praticamente equalizadas,

observa-se a importância de se cumprir a lotação das barcaças, em cada viagem,

Terminal

embarque

Terminal descarga

Viagem: 3 dias

Viagem: 3 dias

Tempo disponível para descarga: 3 dias

Tempo disponível para

carregamento : 3 dias

empurrador desacopla da barcaça carregada e acopla

barcaça vazia: 3h

empurrador desacopla da barcaça vazia e acopla barcaça

carregada: 3h

Embarque Descarga

figura 4.4: mecanismo operacional de 2 empurradores e 4 barcaças

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58

para que a demanda anual seja atendida. E considerando que a operação do

sistema deverá ter a regularidade projetada, em vista das operações semelhantes

que se desenvolvem, inclusive pelo mesmo armador, a disponibilidade de carga

suficiente para cumprir a lotação das barcaças deverá apresentar-se em cadência

que corresponda a essa circunstância.

Para o conhecimento do processo de disponibilização da carga, foi feito um

levantamento de toda a produção destinada ao transporte de cabotagem da Usina

para a Laminadora, no ano de 2004.

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59

5. MODELO DE SIMULAÇÃO

A sucessão de procedimentos de operação para transportar as bobinas de aço

desde a saída da Usina até a entrada na Laminadora envolve: processo de

produção, meios de transporte, armazenagem e informação. A visualização

destes processos mostra que é possível, sem gerar nenhum prejuízo ao

entendimento procurado, dividir o sistema em alguns subprocessos, preservando

características específicas.

Na figura 5.1, apresenta-se o macro fluxo da Logística do abastecimento à

Laminadora.

Dos subprocessos deste processo logístico têm-se as considerações seguintes:

a) Produção:

i. Fornecedora das bobinas

b) Disponibilização para a Logística:

i. Etapa em que são concluídos os requerimentos especificados nos

pedidos, e direcionados para armazenagem ou para o transporte.

ii. Na modelagem do presente caso interessa o direcionamento das

bobinas para embarque nas barcaças.

iii. O volume diário disponibilizado é realizado sempre no início do

dia.

c) Embarque:

i. Nesta etapa as bobinas chegam até o interior da barcaça, por

transporte rodoviário, onde são manuseadas e estivadas pela ponte

rolante da barcaça.

produção disponibilização

para Logística

embarque na

barcaça

transporte de

cabotagemdescarga da

barcaça

armazenagem

na laminadora

figura 5.1 : macro fluxo

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60

ii. O manuseio compreende o içamento, movimentação ao longo da

barcaça, posicionamento no endereço de estivagem, retorno da

ponte para outro manuseio.

iii. As características de operação da ponte rolante na barcaça

definem a taxa de embarque de 250 ton/hora.

iv. A estadia da barcaça é de 72 horas, ou 3 dias, com a contagem

desse período iniciando juntamente com disponibilização de

bobinas para embarque.

v. A freqüência de chegada das barcaças é considerada neste modelo

como não apresentando variabilidade, ou que as barcaças sempre

chegam a cada três dias, contabilizadas três horas para a operação

do empurrador de desacoplar da barcaça vazia e acoplar na

barcaça carregada, para continuidade das viagens cíclicas.

d) Transporte de cabotagem:

i. Viagem do Comboio Oceânico do Terminal Portuário de

Embarque para o Terminal Portuário de Descarga.

ii. O tempo de trânsito do Comboio é de três dias, e as variabilidades

da viagem devidas a condições de mar ou de clima são

recuperadas pelas velocidades variadas durante a rota. Estas

velocidades menores em situações desfavoráveis: ventos contra,

ondas de grande altura, e a combinação dessas condições, deverão

ser compensadas com velocidades maiores em situações

favoráveis de vento a favor, e baixas ondulações do mar.

e) Descarga da barcaça:

i. Processo inverso ao do embarque, com a ponte rolante içando a

bobina estivada e manuseando-a até a carreta rodoviária, que irá

transportar a bobina para a laminadora.

ii. As condições operacionais do desembarque são consideradas

serem as mesmas do embarque.

f) Armazenagem na laminadora:

i. Conclusão do processo de abastecimento.

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61

Os subprocessos que irão fornecer elementos para construção do modelo de

simulação são os que cobrem as bobinas disponibilizadas e seu embarque na

barcaça. A viagem e o desembarque são subprocessos internos e podem ser

controlados.

As bobinas são disponibilizadas diariamente, e ose volumes diários podem ser

representados por uma função temporal q(x), onde x é a variável do dia, e q(x) a

tonelagem disponibilizada no dia x.

O embarque na barcaça, por sua vez, é o destino das bobinas disponibilizadas.

Como a barcaça é um armazém flutuante, as bobinas embarcadas são, então,

armazenadas continuamente, no dia a dia, até que a capacidade da barcaça seja

atingida, ou até que se cumpra o período de estadia, de três dias, da barcaça,

quando ocorrerá a substituição desta barcaça por uma outra que chega,

cumprindo a execução das viagens cíclicas dos comboios.

Cumpre também observar que o embarque das bobinas disponibilizadas pode

esgotar a produção do período de três dias, ou resultar na formação de um

estoque, devido à barcaça ter atingido sua lotação. Quando a quantidade

produzida for totalmente embarcada e corresponder à lotação da barcaça,

registram-se os maiores benefícios para a cadeia logística. Com as variabilidades

da produção tem-se a expectativa de em alguns casos não se atingir a lotação das

barcaças e em outros de excedê-la.

O Modelo de Simulação compreende então um mecanismo de geração de

bobinas disponibilizadas e sua retirada pelas barcaças substituídas a cada três

dias. A geração de bobinas disponibilizadas vem da aplicação do método de

Monte Carlo, e a retirada como um consumo do que foi gerado, nas condições

pertinentes às barcaças.

A concepção do Modelo de Simulação constitui assim um sistema de geração de

bobinas pelo Método de Monte Carlo e um mecanismo lógico de controle das

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62

quantidades produzidas e embarcadas no ciclo de três dias. A produção que

excede a lotação da barcaça, é destinada a um estoque dinâmico (pulmão), o qual

será embarcado na próxima barcaça, juntamente com a produção diária gerada.

i) Geração de bobinas por Monte Carlo

Este modelo de simulação da produção correlaciona as fdc do peso

médio e do número de bobinas com o número aleatório( ), uniforme

no intervalo [0;1], gerado pela função da Planilha Excel. A equação

que representa este modelo de simulação, conforme em 2.2.4.e, é:

)()()( 1

º

1

bobinasnpesomedio fdcfdcxq , onde q(x) é a quantidade,

em toneladas, bobinas produzidas diariamente..

ii) Mecanismo de embarque

quantidade de bobinas

disponibilizada diariamente:

q(x) em ton/dia

número de bobinas produzidas

por dia (x ):

fdp(x, número de bobinas)

peso médio das bobinas

produzidas por dia (x ):

fdp(x, peso médio das bobinas)

relação diária da produção de

bobinas, ano 2004:

- peso médio

- número de bobinas

relação de cada

bobina produzida

representação do peso de cada

bobina pelo peso médio das

bobinas produzidas no diafigura 5.2: estrutura de formação do algoritmo

figura 5.3: mecanismo de embarque das barcaças

embarcou

dia 1 < 9.500tonembarcou dia 1+

dia 2 < 9.500ton

embarcou dia 1+dia 2+

dia 3 < 9.500ton

barcaça zarpa

com 9.500tonbarcaça zarpa

com 9.500ton

barcaça zarpa

com 9.500ton

barcaça zarpa

com <9.500ton

estoque

embarca na

próxima barcaça

v

f f f

v v

dia 1 dia 2 dia 3

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63

iii) Fluxograma de embarque

O Modelo de Simulação apresenta-se estruturado em duas etapas seqüenciadas:

A primeira, quando se geram quantidades através do método de Monte

Carlo, disponibilizando bobinas para embarcar

A segunda, quando as quantidades são consumidas através do embarques

nas barcaças. Quando seu volume excede à lotação da barcaça, o saldo se

destina à armazenagem, até o início da operação da próxima barcaça.

Na figura 5.4, apresenta-se o fluxograma que reúne o processo de

disponibilização de bobinas e o processo de embarque. O processamento

contínuo do mecanismo irá implicar, ou não, na formação de estoques dinâmicos,

que configuram um pulmão.

O mecanismo de processamento foi implementado em Planilha Excel de modo a

se realizar uma sucessão de cálculos de interesses à simulação. Este

processamento produz a quantidade diária de bobinas disponibilizada para o

embarque, e a tonelagem gerada é embarcada até a lotação da barcaça, dia após

dia. A cada três dias a barcaça que estava em carregamento é retirada e chega

uma barcaça vazia para percorrer o mesmo processo de embarque até sua

capacidade de lotação. Este processo é contínuo e cíclico, mantendo o

abastecimento regular da Laminadora.

Quando o prazo de três dias se cumpre, a barcaça é retirada mesmo se sua

lotação não for atingida, que configura uma perda no volume anual a ser

realizado. Ao longo do período anual, esta situação poderá se repetir várias

vezes, e esta deficiência de transporte de carga pode comprometer o volume

anual contratado, com prejuízos a todos os integrantes do processo: fornecedor,

transportador e consumidor.

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64

figura 5.4: fluxograma de embarques, parte 1 de 2

T(n)>9.500

T(n)>5.760

tonelagem

disponibilizada:T(n)

embarca R(N)=5.760ton

estoque: E(n)=T(n) -5.760

embarca R(N)= 5.760ton

embarca R(N)= T(n)

tonelagem

disponibilizada:T(n+1)estoque: E(n)+T(n+1)

E(n)+T(n+1)>9.500

E(n)+T(n+1)>5.760

estoque: E(n+1)=E(n)+T(n+1)+R(N) - 9.500

dia N dia N+1

A

5.760+R(n)>9.500 embarcou R(N+1)=9.500ton

5.760+R(n)>9.500

Barcaça embarcou R(N)embarcou R(N+1)=9.500ton

E(N)+T(N+1)+R(n)>9.500 embarcou R(N+1)=9.500ton

Barcaça embarcou

R(N+1)embarcou R(N+1)=E(N)+T(N+1)+R(N)

capacidade de movimentação

da ponte rolante: 5.760 ton/dia

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65

figura 5.4: fluxograma de embarques, parte 2 de 2

tonelagem

disponibilizada:T(n+2)estoque: E(n+1)+T(n+2)

E(n+1)+T(n+2)>9.500

E(n+1)+T(n+2)>5.760

estoque: E(n+2)=E(n+1)+T(n+2)+R(N+1) - 9.500

dia N+2

A

5.760+R(n+1)>9.500 embarcou R(N+2)=9.500ton

5.760+R(n+1)>9.500 embarcou R(N+2)=9.500ton

E(N)+T(N+1)+R(n+1)>9.500 embarcou R(N+2)=9.500ton

Barcaça embarcou R(N+1), e

zarpaembarcou R(N+2)=E(N)+T(N+1)+R(N)

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66

5.1. Entrada de dados

A obtenção de dados de produção compreendeu uma sucessão de levantamentos

de informações diárias da produção realizada de bobinas, em atendimento aos

pedidos colocados pela Laminadora durante o ano de 2004. A série histórica

desses dados encontra-se no Anexo II.

As bobinas produzidas apresentam características próprias para o transporte por

navios, tanto pelas suas dimensões, como pelo seu peso unitário alcançado no

processo de fabricação.

Na figura 5.5, apresenta-se a distribuição da produção diária realizada, em

toneladas, onde se observa a variabilidade do processo de produção.

2004: tonelagem produzida por dia

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

10.000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

ton

/dia

Como interesse ao modelo de simulação, pode-se redefinir o resultado da

produção diária de bobinas, em toneladas, pela associação do número de bobinas

produzidas por dia com o seu peso médio diário. A distribuição da produção, em

unidades de bobinas produzidas por dia, pode ser observada na figura 5.6, e a

distribuição do peso médio diário, de bobinas produzidas por dia, na figura 5.7.

figura 5.5: produção de bobinas, em toneladas por dia

fonte: CST

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67

2004: quantidade de bobinas produzidas por dia

0

100

200

300

400

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

qu

an

tid

ad

e

Com essa distribuição do número de bobinas produzidas por dia se fez a opção

de desenvolver o modelo com o emprego do peso médio diário, como mostra a

figura 5.7. Este parâmetro inferido dos levantamentos realizados traduz,

matematicamente, uma variável importante do modelo de simulação, que

corresponde, com propriedade, ao resultado real de pesos unitários. O peso

médio é uma medida representativa deste processo de produção, por pedido ou

itens de pedido, por identificar, no sequenciamento de produção, corridas de

produção para um pedido ou item de pedido, onde dimensões e pesos são as

mesmas para toda a quantidade do pedido ou item de pedido.

2004: peso médio de bobinas produzidas por dia

0

10

20

30

40

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

ton

ela

das

figura 5.6: unidades de bobinas produzidas por dia

figura 5.7: peso médio das bobinas produzidas por dia

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68

Com a representação da tonelagem diária produzida feita pela relação entre as

unidades de bobinas produzidas e o peso médio dessas bobinas, concluiu-se na

equação para o Modelo de Simulação:

)()()( 1

º

1

bobinasnpesomedio fdcfdcxq ,

onde:

é o número aleatório, distribuição uniforme [0;1];

fdc-1

peso médio é a inversa da função de distribuição cumulativa do

peso médio;

fdc-1

nº de bobinas é a inversa da função de distribuição cumulativa do

número de bobinas

q(x) tonelagem produzida, por dia

Para a implementação do processamento em Planilha Excel tornou-se necessário

identificar quais são as funções de distribuição cumulativas representativas do

peso médio e da quantidade, em número, de bobinas produzidas diariamente.

Utilizou-se para essa prospecção de aderência o aplicativo “BestFit” sobre a série

histórica apurada em 2004, e que resultou nas fdc’s que se apresenta a seguir.

5.1.1. fdp (quantidade de bobinas produzidas por dia)

figura 5.8: fdp número de bobinas produzidas por dia

fonte: autor, 2005

Distribuição do nº de bobinas e Normal(120,54;56,85)

0.000

0.005

0.010

1.0 74.8 148.6 222.4 296.2 370.0

Input

Normal

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69

Com base nestas características da função de densidade de probabilidade se

obteve a função de distribuição cumulativa, a seguir:

5.1.2. fdp (peso médio diário)

Com base nestas características da função de densidade de probabilidade se

obteve a função de distribuição cumulativa, a seguir:

figura 5.11: fdc peso médio das bobinas produzidas por dia

fonte: autor, 2005

Figura 5.10: fdp peso médio das bobinas produzidas por dia

fonte: autor, 2005

figura 5.9: fdc número de bobinas produzidas por dia

fonte: autor, 2005

Distribuição do peso médio e Normal(24,06;1,17)

0.0

0.3

0.5

20.4 21.8 23.2 24.7 26.1 27.5

Input

Normal

fdc peso médio e fdc Normal(24,06;1,17)

0.0

0.5

1.0

20.4 21.8 23.2 24.7 26.1 27.5

Input

Normal

fdc nº de bobinas e fdc Normal(120,54;56,85)

0.0

0.5

1.0

1.0 74.8 148.6 222.4 296.2 370.0

Input

Normal

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70

5.2. Entidades e atributos do modelo

O modelo de simulação desenvolvido para representar o processo de

disponibilização de bobinas produzidas por dia, foi desenhado em Planilha

Excel. O seu uso como ferramenta de trabalho facilita a produção dos cenários de

simulação. Na tabela 5.1, apresenta-se o mecanismo de cálculos correspondente

ao fluxograma detalhado na figura 5.4:

dias nº aleatorio nº bobinaspeso

médio

tonelagem

do dia

embarca

ponte

rolante

embarca

barcaça estoque

1 0,780103075 164 25,00 4.100,00 4.100,00 4.100,00 -

2 0,488679853 119 24,00 2.856,00 2.856,00 6.956,00 -

3 0,536163186 126 24,00 3.024,00 3.024,00 9.500,00 480,00

A construção em Planilha Excel feita para o processamento da simulação,

conforme mostrado na tabela 5.1, compreende a geração de um número aleatório

por dia, utilizado como argumento das inversas das fdc’s de número de bobinas e

de peso médio. Na tabela 5.2, apresenta-se a descrição dos elementos do

mecanismo, em operações da Planilha Excel:

Com o produto do número de bobinas pelo peso médio gera-se sucessivamente a

produção, em toneladas, diária. A produção então é avaliada pelo mecanismo

lógico, com atributo de restringir o máximo a embarcar por dia (restrição de

capacidade da ponte rolante, considerada como 5.760 ton/dia), e no fim dos três

dias de estadia da barcaça, restringir sua lotação a 9.500 toneladas. Caso se

registre um saldo, entre o que foi produzido e o que pode ser embarcado, este é

desviado para o estoque. Como as barcaças são seqüenciadas, pelo modelo de

tabela 5.2 entidades e atributos do modelo

tabela 5.1: estrutura Excel de simulação

campo célula regra

dias B60 dia do ano

nº aleatorio C60 função Excel Aleatorio()

nº bobinas D60 função Excel ARREDONDAR.PARA.BAIXO(INV.NORM(C60;121;56,8);0)

peso médio E60 função Excel ARREDONDAR.PARA.BAIXO(INV.NORM(C60;24,1;1,17);0)

tonelagem do dia F60 SE(D60*E60>=0;D60*E60;0)

embarca ponte rolante G60 SE(I59+F60<=5760;I59+F60;5760)

embarca barcaça H60 SE(H59+G60>=9500;9500;H59+G60)

estoque I60 H59+I59+F60-H60

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71

viagens cíclicas de navegação, assim que a próxima barcaça está disponível ela

embarca este estoque, prioritariamente ao que está sendo disponibilizado pela

produção.

Com a regra básica de ciclos de três dias, repetiu-se sucessivamente a geração de

bobinas e seu embarque durante 351 dias consecutivos. O saldo de 14 ou 15 dias

para o ano convencional ficou reservado para paralisações do sistema, seja por

força de manutenções programadas das embarcações ou, seja por solicitação da

produção. Com esse programa operacional serão geradas 117 viagens por ano,

com 9.500 ton/viagem, que capacitam o sistema para o transporte anual máximo

de 1.111.500 toneladas.

5.3. Saídas de dados

Os resultados fornecidos pelas rodadas do modelo de simulação foram divididos

em três itens principais:

Quantidade, em toneladas, produzida e transportada pelos comboios,

Taxa de ocupação das barcaças,

Geração de estoque dinâmico.

A relação entre a tonelagem produzida e a transportada, em base anual, revela as

possibilidades de solicitação ao transporte, com maior ou menor pressão,

mostrando na simulação as diversas situações de atendimento. A taxa de

ocupação das barcaças mostra a possibilidade de ocorrência do frete morto, e a

geração de estoque dinâmico, na forma prática de pulmão, revela que uma área

de armazenagem irá compensar o ritmo de produção de grandes quantidades

diárias.

Na tabela 5.3, apresenta-se um extrato da simulação em que se destacam as

quantidades, em toneladas, produzidas e transportadas, a taxa de ocupação das

barcaças,e a geração de estoque dinâmico. Simulou-se um período de doze anos

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72

de operação, e com base nos resultados desse período chegou-se às conclusões

mostradas nas tabelas 5.4, 5.5 e 5.6.

ponte rolante: 5.760,00 ton/dia maximo

diasnº

aleatorio

bobinas

peso

médio

tonelagem

do dia

embarca

ponte rolante

embarca

barcaça estoque

taxa de

ocupação

transportado

pelas barcaças

1 0,642197 141 24,00 3.384,00 3.384,00 3.384,00 -

2 0,227188 78 23,00 1.794,00 1.794,00 5.178,00 -

3 0,428807 110 23,00 2.530,00 2.530,00 7.708,00 - 81%

4 0,521912 124 24,00 2.976,00 2.976,00 2.976,00 -

5 0,911431 197 25,00 4.925,00 4.925,00 7.901,00 -

6 0,374912 102 23,00 2.346,00 2.346,00 9.500,00 747,00 100% 17.208,00

7 0,226239 78 23,00 1.794,00 2.541,00 2.541,00 -

8 0,099808 48 22,00 1.056,00 1.056,00 3.597,00 -

9 0,428374 110 23,00 2.530,00 2.530,00 6.127,00 - 64% 23.335,00

10 0,275227 87 23,00 2.001,00 2.001,00 2.001,00 -

340 0,301421 91 23,00 2.093,00 2.093,00 2.093,00 -

341 0,465435 116 23,00 2.668,00 2.668,00 4.761,00 -

342 0,251007 82 23,00 1.886,00 1.886,00 6.647,00 - 70% 996.345,00

343 0,352965 99 23,00 2.277,00 2.277,00 2.277,00 -

344 0,679 147 24,00 3.528,00 3.528,00 5.805,00 -

345 0,675227 146 24,00 3.504,00 3.504,00 9.309,00 - 98% 1.005.654,00

346 0,61839 138 24,00 3.312,00 3.312,00 3.312,00 -

347 0,418617 109 23,00 2.507,00 2.507,00 5.819,00 -

348 0,453037 114 23,00 2.622,00 2.622,00 8.441,00 - 89% 1.014.095,00

349 0,484094 118 24,00 2.832,00 2.832,00 2.832,00 -

350 0,493931 120 24,00 2.880,00 2.880,00 5.712,00 -

351 0,109931 51 22,00 1.122,00 1.122,00 6.834,00 - 72% 1.020.929,00

1.020.929,00 1.020.929,00 total produzido: total transportado:

Os resultados obtidos pelo modelo de simulação são apresentados a seguir.

5.3.1. Volumes

Saídas do processamento

da simulação

tabela 5.3: saídas de dados

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73

ano volumes produzidos volumes transportados atendimento

1 1.015.447,00 1.005.022,00 99%

2 1.033.300,00 1.030.895,00 100%

3 1.023.226,00 1.023.226,00 100%

4 987.192,00 987.192,00 100%

5 1.007.274,00 1.004.817,00 100%

6 947.645,00 947.645,00 100%

7 1.006.344,00 1.003.771,00 100%

8 1.000.473,00 993.026,00 99%

9 1.011.420,00 1.011.420,00 100%

10 1.026.536,00 1.026.536,00 100%

11 995.218,00 995.218,00 100%

12 1.064.766,00 1.060.858,00 100%

5.3.2. Taxas de ocupação das barcaças

ano mínima média máxima

1 34,65% 90,42% 100,00%

2 47,31% 92,75% 100,00%

3 35,71% 92,06% 100,00%

4 36,56% 88,82% 100,00%

5 40,25% 90,40% 100,00%

6 33,41% 85,26% 100,00%

7 26,17% 90,31% 100,00%

8 36,82% 89,34% 100,00%

9 32,25% 91,00% 100,00%

10 25,71% 92,36% 100,00%

11 16,16% 89,54% 100,00%

12 56,72% 95,44% 100,00%

ocupação barcaça

5.3.3. Geração de estoques dinâmicos

tabela 5.4: volumes produzidos e transportados, saídas de dados

tabela 5.5: taxa de ocupação das barcaças

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74

ano mínima média máxima

1 - 2.393,79 11.833,00

2 - 1.758,81 7.361,00

3 - 2.142,90 10.903,00

4 - 1.363,74 7.060,00

5 - 3.868,11 18.257,00

6 - 956,32 8.270,00

7 - 2.531,45 13.789,00

8 - 1.324,37 9.629,00

9 - 2.098,34 10.238,00

10 - 2.411,46 10.780,00

11 - 3.069,02 13.427,00

12 - 3.989,33 16.704,00

geração estoque dinâmico

5.4.Verificação e validação

Uma das tarefas mais importantes e difíceis que enfrenta o desenvolvimento de

um modelo de simulação, segundo Banks, Carson e Nelson (1999), é a

verificação e validação deste modelo. E também apontam que o objetivo do

processo de validação tem duas partes: (1) produzir um modelo que represente

um comportamento verdadeiro do processo, próximo bastante para ser usado

como substituto do real, para seus propósitos de experimentos; e (2) aumentar o

nível de credibilidade do modelo, a fim de que o modelo seja usado em decisões.

Para a validação das entradas e saídas do modelo, estes autores especificam que

o teste estatístico apropriado é o de t-Student , da hipótese nula de que não há

diferença na média, versus a alternativa de diferença significante.

O teste é de natureza bivariada, e compara a produção real com a produção

simulada, com um nível de significância, , de 5%. Na tabela 5.7, mostra-se a

tabela 5.6: geração de estoques dinâmicos

0:

0:

1

0

d

d

H

H

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75

produção real, a produção simulada, sua diferença e desvio quadrático da

média,durante o período de 12 anos.

Com base nos resultados apresentados na figura 55, calculou-se a média das

diferenças e a variância, para K=12, ou 11 graus de liberdade.

Com a utilização da tabela de porcentagem dos pontos da distribuição t-Student

com graus de liberdade, por Shannon (1975), publicada por Banks, Carson e

Nelson (1999), encontrou-se o valor crítico de t /2,K-1 = t0.025,11 = 2,20.

O cálculo do t estatístico resultou em:

anosprodução

realizada

produção

simuladadiferença

desvio quadrático

da média

1 1.012.747,17 1.015.447,00 -2.699,83 30.731.316,17

2 1.012.747,17 1.033.300,00 -20.552,83 547.400.111,67

3 1.012.747,17 1.023.226,00 -10.478,83 177.491.226,67

4 1.012.747,17 987.192,00 25.555,17 515.808.447,01

5 1.012.747,17 1.007.274,00 5.473,17 6.913.832,01

6 1.012.747,17 947.645,00 65.102,17 3.876.110.445,84

7 1.012.747,17 1.006.344,00 6.403,17 12.669.447,01

8 1.012.747,17 1.000.473,00 12.274,17 88.932.758,51

9 1.012.747,17 1.011.420,00 1.327,17 2.300.025,01

10 1.012.747,17 1.026.536,00 -13.788,83 276.642.828,34

11 1.012.747,17 995.218,00 17.529,17 215.661.462,67

12 1.012.747,17 1.064.766,00 -52.018,83 3.009.903.050,01

tabela 5.7: validação do modelo

54,995.414.796)(1

1

75,843.21

2_

1

2

1

_

ddk

S

dk

d

k

j

jd

k

j

35,0/

_

0KS

dt

d

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76

Como | t0 |=0,35 < t0.025,11 = 2,20, a hipótese nula não pode ser rejeitada na base

deste teste, o que significa não ser detectada inconsistência entre a produção

realizada e as predições, em termos do nível da média de produção. Com estes

indicadores o modelo encontra-se validado, nas condições de sua proposição.

5.5. Cenários avaliados

Os cenários avaliados para a solução logística reportam-se a dois indicadores

fundamentais para as transações que o negócio demanda: o atendimento ao plano

anual e a necessidades adicionais de área de armazenagem do estoque dinâmico,

pulmão, que suporte as variações diárias de produção, com relação à capacidade

de escoamento do sistema de barcaças e empurradores.

O modelo foi processado num período de doze anos, com a produção realizada

durante 351 dias por ano. Neste período de 351 dias consolidou-se o volume

anual. As funções de densidade de probabilidade características do processo

histórico apurado em 2004 consideraram essa condição.

5.5.1. Atendimento ao Plano Anual

Na tabela 5.4, apresentou-se o resultado da simulação, que observado o Plano

Anual histórico ficou perfeitamente aceitável sob o foco do negócio, já que não

se registrou perdas substanciais no atendimento á demanda contratada. Esta

constatação mostra que o sistema de viagens cíclicas dispõe de recursos para

cumprir sua parte na cadeia logística de abastecimento à Laminadora, sem

requerer o aporte de recursos extras para seu sucesso. A validação dos resultados

pelos critérios estatísticos trouxe uma luz para que estas avaliações sejam

continuadas, e com a aquisição de maturidade no transporte no atendimento à

produção, promover ajustes para reduzir as perdas que venham a onerar o

processo.

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77

Não é descartada a hipótese de uma situação de contingência, particularmente

porque temos uma continuidade de produção e recursos logísticos que está

sujeita a eventos desfavoráveis de paralisações imprevistas. Nestas condições o

emprego de outros modais torna-se imperioso para a sustentação da cadeia

produtiva.

5.5.2. Área suplementar de armazenagem

Os resultados do processamento do modelo de simulação mostraram que existe

em determinados períodos no processo de atendimento à demanda, pelos

comboios oceânicos em viagens cíclicas, a formação de um estoque dinâmico,

pulmão, a ser embarcado tão logo a nova barcaça esteja disponível. Este estoque

é adicionado à produção do dia e em muitos dias o volume disponível é superior

ao que a ponte rolante da barcaça é capaz de manusear, no período do dia.

A situação implica em conflitos, na relação da produção com o processo de

transporte, por se formar estoque. O que pelo lado da produção traduz

otimização da produção e, que, pelo lado do processo de transporte representa

esforço adicional nas atividades de rotina. A gestão do estoque preconiza a

disponibilidade de área de armazenagem, seja uma área nova ou uma área já

existente e que passaria a servir para esse pulmão eventual.

Para observar o processo do estoque dinâmico, pulmão, gerado encaminhou-se,

no modelo de simulação, uma saída que permitisse conhecer seu tamanho e sua

freqüência de ocorrência. Na figura 5.12, apresenta-se a distribuição do estoque,

projetado para um inventário que computou, para cada dia dos 12 anos de

simulação realizados, o maior resultado entre a saída de uma barcaça e o início

de outra.

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78

GERACAO DE ESTOQUE

-

2.000,00

4.000,00

6.000,00

8.000,00

10.000,00

12.000,00

14.000,00

16.000,00

18.000,00

20.000,00

1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56 61 66 71 76 81 86 91 96 101 106 111 116

dias

ton

A partir dessa distribuição, obtida da observação de 12 anos, construiu-se o

histograma do estoque dinâmico. Este histograma mostra que se deve esperar

maior freqüência para estoques entre 8.300ton/dia a 11.620ton/dia. O estoque

máximo observado foi de 18.260ton/dia, como mostra a figura 5.13.

figura 5.12: geração de estoque dinâmico

histograma do estoque dinâmico

0

5

10

15

20

25

066.1 023.3 089.4 046.6 003.8 069.9 026.11 082.31 049.41 006.61 062.81

estoques (tons/dia)

fre

qu

en

cia

figura 5.13: histograma geração de estoque dinâmico

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79

Com as informações disponíveis para a construção do histograma se fez também

a função de distribuição cumulativa, para observação do risco do porte da área de

armazenagem. Na figura 5.14, apresenta-se a função cumulativa, onde se observa

que 70% das ocorrências de estoque demandam área de armazenagem para

10.000ton/dia.

Uma relação básica entre a quantidade a armazenar e a área de armazenagem

para bobinas de aço, laminadas a quente, em armazém tipo galpão com pontes

rolantes, é da ordem de 5,0 ton/m². A partir desse primeiro indicador, que poderá

apoiar a arquitetura desse novo armazém, pode-se estimar que para atender ao

estoque dinâmico deverá ser provida uma área entre 2.000m² e 4.000m².

A conclusão sobre a área do armazém ficará consolidada com a avaliação das

áreas disponíveis, e seu uso atual e previsto, e da relação custo-benefício que

será obtida com os levantamentos a serem realizados.

fdc estoque

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

066.1 023.3 089.4 046.6 003.8 069.9 026.11 082.31 049.41 006.61 062.81

estoques (tons/dia)

frequ

enci

a

figura 5.14: fdc geração de estoque dinâmico

fonte: autor, 2005

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80

6. CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS FINAIS

O cenário brasileiro de transporte marítimo de cabotagem desgarrou-se das

opções terrestres, e perdeu participação no mercado durante muitos anos, e que

correspondem ao período que sucede à implantação e consolidação da indústria

automobilística.

No momento atual com o aumento dos fluxos de tráfego, e com a infra-estrutura

de rodovias e ferrovias não tendo acompanhado esse crescimento da frota e dos

negócios, percebe-se a oportunidade do emprego de rotas de cabotagem para o

atendimento á demanda de transporte nos eixos sul ao norte, e norte ao sul como

alternativa, que tem méritos para oferecer um custo logístico competitivo com a

terrestre.

A localização geográfica da Usina e da Laminadora, conforme se estudou nesse

trabalho, inclina o projeto para o uso regular e ostensivo da cabotagem, em vista

das facilidades portuárias que permitem se construir uma rota multimodal com

expectativas de elevados índices de eficiência.

As condições estabelecidas para a decisão sobre o procedimento de transporte,

capaz de estabelecer uma linha regular e dedicada entre duas unidades

industriais, mostrou que a navegação de cabotagem reúne atributos que lhe

conferem méritos em se tratando de movimentações de grandes massas.

A restrita oferta de fretes na cabotagem brasileira, associada ao seu

comprometimento com o mercado externo de fretes marítimos, é um motivo para

a busca de uma equação operacional e econômica que atenda os requerimentos

de retorno de investimentos e de atendimento com qualidade à integridade da

carga. A oferta restrita de frete de cabotagem levantou a possibilidade de uma

solução dedicada que foi desenvolvida, para que a carga seja transportada, com

méritos operacionais e econômicos. A conclusão de se constituir uma frota de

quatro barcaças oceânicas e dois empurradores oceânicos, capacitados a formar

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81

comboios oceânicos por acoplamento, em processo de viagens cíclicas, foi um

resultado que atendeu a todos os participantes do processo.

O modelo logístico prevê que a distribuição da frota se fará com uma barcaça

operando em cada Terminal, carregando ou descarregando, e que os outros dois

empurradores estarão acoplados às duas outras barcaças para realizar as viagens

entre dois Terminais Portuários. Modelos semelhantes foram desenvolvidos em

outros países, inclusive no Brasil, e mostram que se tem condição de exceder os

volumes básicos de transporte, avaliados na fase de viabilidade pelos resultados

de melhorias implementadas na solução.

Para aqueles que se dedicam aos estudos e soluções em transporte com a

colocação desse modelo em operação, espera-se que seja possível o

desenvolvimento de outras soluções para outros negócios, por cabotagem.

Especialmente quando se observa que a arquitetura das embarcações solicita

calados de pequeno porte, implicando diretamente na redução nos investimentos

e manutenções portuárias, o que se torna muito atrativo para um país como o

Brasil, com infra-estrutura portuária restrita e antiga.

6.1. Comentários sobre o modelo de simulação

O desenvolvimento do modelo de simulação iniciou com a visão, ainda não

amadurecida, sobre o que poderiam apresentar e/ou representar os resultados,

com respeito a avaliarem-se os efeitos da variabilidade da produção com o

projeto de viagens cíclicas regulares.

Na estruturação do modelo, dedicado a observar o nível tático do processo,

encontrou-se uma solução clássica em simulação, que se mostrou aderente ao

que se faz na prática, quando se buscam respostas para o futuro nesse tipo de

operação.

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82

Na rotina da produção enxerga-se o que deve acontecer em um ou dois dias na

frente, pela programação de produção em execução, e por outro lado na

navegação monitora-se, em tempo real, o desenvolvimento da viagem e o

balanço do tempo de trânsito: a reunião dessas duas fontes permite ao gestor,

produzir um cenário de boa precisão para entender o que deverá acontecer nesse

futuro imediato.

Nos resultados do modelo foi possível visualizar um ciclo longo de operações, e

que se mostraram validados pelos indicadores dos testes recomendados. Esses

resultados do modelo permitiram visibilidade do papel de importância de uma

área de armazenagem, que deverá desempenhar uma função reguladora entre os

fluxos de produção e embarque. E, com a visão quantitativa desses resultados

fez-se previsão da dimensão básica para essa área de armazenagem.

A construção dessa ferramenta de simulação tática, em Planilha Excel mostra-se

de uso prático no cotidiano das operações, e que a geração de cenários possíveis,

conjuntamente com a avaliação dos seus resultados, facilita o reconhecimento de

gargalos e de falta de capacidade. Esse reconhecimento motiva a realização de

análises que apresentem sugestões para a correção de rumos, ou para um melhor

uso dos recursos. Em certas situações, os resultados apurados deverão sustentar

que algumas decisões, em curso, não deverão produzir resultados satisfatórios.

6.2. Proposições sobre trabalhos futuros

Os processos logísticos têm mostrado que seus componentes não dispõem de

estabilidade no tempo, em face das variabilidades observadas no desempenho de

atendimento à demanda, de tempo de trânsito, de satisfação dos usuários, de

retorno aos investimentos, de compatibilidade com as mudanças na legislação, e

que situam o processo logístico numa atividade que precisa ser conhecida e

acompanhada por seus indicadores.

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83

As ferramentas de simulação são recursos valiosos para esse exercício de ter

visibilidade dos possíveis resultados, e para que possam ser desenvolvidas

precisa-se estudar a realidade brasileira, de modo que a deficiência na infra-

estrutura do mundo real participe da construção matemática.

A navegação de cabotagem é um processo de transporte que tem méritos no

atendimento às movimentações de média e longa distância, e com a extensa costa

do território brasileiro, observa-se que existe uma imensa via de transporte, que

requer para sua operação embarcações e terminais portuários. Embarcações que

deveriam ter mais soluções que a típica encontrada no mercado de fretes, e

terminais portuários que deveriam ser mais simplificados nos requerimentos

institucionais.

O uso de comboios oceânicos, seja num processo cíclico como o que foi

apresentado neste trabalho, ou num processo descontínuo, em que cada viagem é

um negócio, mostra uma solução de méritos econômicos, pelos investimentos e

custos de operação inferiores aos dos navios, e também de méritos operacionais

pela arquitetura da solução e pela manobrabilidade, que lhe possibilita atracar e

desatracar sem a necessidade de rebocadores portuários.

Um trabalho futuro poderia contemplar uma solução para uma carga com

freqüência em todas as cidades brasileiras servidas por instalação portuária,

como, por exemplo, a gasolina. Com a elaboração de um modelo operacional de

atendimento, entre refinarias e distribuidoras, poderia ser avaliado se a solução

de comboios oceânicos é capaz de promover uma economia no custo logístico,

na regularidade do atendimento, e em menores investimentos e custos

operacionais dessa logística.

Pode-se também incluir nessa rede de atendimento a integração da navegação

fluvial com a marítima, e outros tantos pontos de interesse a um planejamento

estratégico que venha a representar benefícios para nós, cidadãos brasileiros.

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84

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Riacho/ES.

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Cabotagem por Comboios Oceânicos, ANPET, Estudo de Caso.

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Comboios Oceânicos, UFES, monografia pós-graduação em Logística de

Transporte.

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ANEXO I: resolução ANTAq (2002)

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87

ANEXO DA RESOLUÇÃO Nº 052/ANTAQ, DE 19 DE NOVEMBRO DE

2002.

NORMA PARA OUTORGA DE AUTORIZAÇÃO A PESSOA

JURÍDICA BRASILEIRA PARA OPERAR COMO EMPRESA

BRASILEIRA DE NAVEGAÇÃO NAS NAVEGAÇÕES DE LONGO

CURSO, DE CABOTAGEM, DE APOIO PORTUÁRIO E DE APOIO

MARÍTIMO.

CAPÍTULO I

DO OBJETO

Art. 1º A presente Norma tem por objeto estabelecer critérios e procedimentos

para a outorga de Autorização para a pessoa jurídica brasileira operar como

empresa brasileira de navegação nas navegações de longo curso, de cabotagem,

de apoio portuário e de apoio marítimo

CAPÍTULO II

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 2º Para os efeitos desta Norma, consideram-se:

I - outorga de autorização: ato administrativo unilateral, editado pela Agência

Nacional de Transportes Aquaviários-ANTAQ, de caráter precário e

discricionário, que autoriza a pessoa jurídica brasileira a operar por prazo

indeterminado como empresa brasileira de navegação;

II - empresa brasileira de navegação: pessoa jurídica constituída segundo as leis

brasileiras, com sede no País, que tenha por objeto o transporte aquaviário,

autorizada a operar pela ANTAQ;

III - navegação de longo curso: a realizada entre portos brasileiros e estrangeiros;

IV - navegação de cabotagem: a realizada entre portos ou pontos do território

brasileiro, utilizando a via marítima ou esta e as vias navegáveis interiores;

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88

V - navegação de apoio portuário: a realizada exclusivamente nos portos e

terminais aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias.

VI - navegação de apoio marítimo: a realizada em águas territoriais nacionais e

na Zona Econômica para o apoio logístico a embarcações e instalações que

atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos:

VII - proprietário: a pessoa física ou jurídica em cujo nome estiver inscrita ou

registrada a embarcação.

CAPÍTULO III

DA AUTORIZAÇÃO PARA OPERAR

Art. 3º A Autorização para operar como empresa brasileira de navegação

somente poderá ser outorgada a pessoa jurídica constituída sob as leis brasileiras,

com sede e administração no País, que atenda aos requisitos técnicos,

econômicos e jurídicos estabelecidos nesta Norma, na legislação complementar e

normas regulamentares pertinentes e, quando for o caso, nos Tratados,

Convenções e Acordos Internacionais, enquanto vincularem a República

Federativa do Brasil.

Art. 4º Para o fim de instruir o pedido de outorga de autorização, a pessoa

jurídica deverá comprovar o atendimento dos seguintes requisitos:

I - ser proprietária de pelo menos uma embarcação de bandeira brasileira, com

inscrição em órgão do Sistema de Segurança do Tráfego Aquaviário (STAA) da

Marinha do Brasil e, no caso previsto no art. 3º da Lei nº 7.652, de 3 de fevereiro

de 1988, na redação dada pela Lei nº 9.774, de 21 de dezembro de 1998,

registrada em seu nome no Registro de Propriedade Marítima do Tribunal

Marítimo, adequada à navegação pretendida, conforme definido nos incisos III,

IV, V e VI, do art. 2º, e em condições de operação, atestada por sociedade

classificadora reconhecida pela Autoridade Marítima Brasileira, com seguros de

casco e máquinas, e de responsabilidade civil em vigor;

II - apresentar boa situação econômico-financeira, caracterizada por:

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89

a) ter patrimônio líquido mínimo de R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais),

para a navegação de longo curso;

b) ter patrimônio líquido mínimo de R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais),

para a navegação de cabotagem;

c) ter patrimônio líquido mínimo de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos

mil reais), para as navegações de apoio portuário e de apoio marítimo;

III - ter índice de liquidez corrente igual ou superior a 1 (um).

§ 1º. Fica dispensada do requisito de patrimônio líquido de que trata a alínea "b",

do item II, a pessoa jurídica cujo pleito tenha por objeto operar na navegação de

cabotagem, exclusivamente embarcações de porte bruto inferior a 1.000 TPB.

§ 2º. Fica dispensada do requisito de patrimônio líquido mínimo de que trata a

alínea "c", do item II a pessoa jurídica cujo pleito tenha por objeto operar nas

navegações de apoio portuário e de apoio marítimo, exclusivamente embarcações

sem propulsão ou com propulsão com potência de até 800 HP.

§ 3º Nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º, a outorga da autorização fica

condicionada à aferição, pela ANTAQ, mediante laudo técnico fundamentado,

das condições econômicas e financeiras da requerente para o pleno

desenvolvimento dos serviços da navegação pretendida, na forma do disposto no

art. 9º desta Norma.

§ 4º Constatada que a situação patrimonial da requerente não constitui garantia

adequada para fazer face ao pleno desenvolvimento dos serviços da navegação

pretendida, conforme estabelecido no § 3º, a ANTAQ condicionará a outorga da

autorização à firmatura de termo de responsabilidade pelos sócios ou acionistas

por meio do qual se comprometam entre si, e de forma solidária, perante a

Administração Pública, em especial a ANTAQ, e perante terceiros, a responder

por todos os fatos e atos praticados pela pessoa jurídica em decorrência da

atividade de navegação pretendida, independentemente do capital social desta, e

a não reivindicar qualquer exceção fundada em seus estatutos ou atos

constitutivos, cujas disposições possam servir de base a qualquer reclamação

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90

concernente à atividade desenvolvida ou obrigação eventual a ser assumida pela

pessoa jurídica pessoa autorizada.

Art. 5º Alternativamente à exigência de que trata o inciso I, do art. 4º, respeitado

o disposto nos incisos II e III do mesmo artigo, a pessoa jurídica poderá obter

autorização:

I - mediante a apresentação de contrato de afretamento a casco nu, por prazo

superior a um ano, de embarcação registrada no Registro de Propriedade

Marítima do Tribunal Marítimo, celebrado com o proprietário da embarcação,

que deverá ser adequada à navegação pretendida, conforme definido nos incisos

III, IV, V e VI do Art. 2º, e em condições de operação atestada por sociedade

classificadora reconhecida pela Autoridade Marítima Brasileira;

II - mediante a apresentação de contrato e cronograma físico e financeiro da

construção de embarcação adequada à navegação pretendida e comprovação de

que 10% (dez por cento) do peso leve da embarcação estejam edificados em

estaleiro brasileiro, em sua área de lançamento, e bem assim compromisso de

encaminhar à ANTAQ, trimestralmente, relatório firmado pelo representante

legal da requerente, informando a evolução do estágio da construção e o

andamento da execução financeira, ficando estabelecido que o atraso superior a

25% (vinte e cinco por cento) do prazo de construção previsto no cronograma,

limitado este prazo a trinta e seis meses, determinará o cancelamento da

autorização e a conseqüente interrupção da operação das embarcações afretadas,

salvo motivo de força maior, devidamente comprovado.

III - com a finalidade específica de obter financiamento junto ao Fundo da

Marinha Mercante para fins de construção de embarcação em estaleiro brasileiro,

neste caso sem direito de afretamento de embarcação, enquanto não forem

atendidas as condições do inciso II deste artigo.

Parágrafo único. É vedado, em qualquer hipótese, o uso de uma mesma

embarcação para cumprimento, por pessoas jurídicas diferentes, dos requisitos

estabelecidos no inciso I do art. 4º e no inciso I deste artigo.

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91

Art. 6º O pedido de Autorização para operar deverá ser formalizado em

requerimento dirigido ao Diretor-Geral da ANTAQ, instruído com a seguinte

documentação:

I - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado,

em que conste como objeto social da pessoa jurídica a atividade pretendida de

serviços de transporte e de apoios aquaviários, e, no caso de sociedade por ações,

acompanhado dos documentos de eleição de seus administradores com mandato

em vigor;

II - balanço patrimonial auditado e demonstrações contábeis do último exercício

social, já exigíveis e apresentados na forma da lei, vedada a sua substituição por

balancetes ou balanços provisórios. No caso de pessoa jurídica recém criada,

deverá ser apresentado Balanço de Abertura, relativo à sua constituição.

III - Título de Inscrição em órgão do Sistema de Segurança do Tráfego

Aquaviário (SSTA) da Marinha do Brasil ou, no caso previsto no art. 3º da Lei nº

7.652, de 3 de fevereiro de 1988, na redação dada pela Lei nº 9.774, 21 de

dezembro de 1998, Provisão de Registro de Propriedade Marítima expedido pelo

Tribunal Marítimo, acompanhado, no caso de afretamento a casco nu, do

contrato de afretamento, conforme estabelecido no inciso I do art. 5º, ou, no caso

de embarcação em construção, conforme estabelecido no inciso II do art. 5º, da

licença de construção emitida pela Autoridade Marítima Brasileira, arranjo geral

da embarcação e plano de capacidade, quando for o caso, quadro de usos e fontes

e contrato de construção devidamente assinado entre as partes;

IV - certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da

sede da pessoa jurídica;

V - prova de regularidade para com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal

da sede da pessoa jurídica, quando couber;

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VI - prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de Garantia

do Tempo de Serviço-FGTS, demonstrando situação regular no cumprimento dos

encargos sociais previstos em lei.

§ 1º. Os documentos exigidos neste artigo poderão ser apresentados em original,

por qualquer processo de cópia autenticada em cartório, mediante autenticação

pela ANTAQ ou publicação em órgão da imprensa oficial.

§ 2º. A ANTAQ poderá solicitar a apresentação de documentação complementar

necessária à análise do requerimento.

Art. 7º A autorização para operar como empresa brasileira de navegação terá

vigência a partir da data de publicação do correspondente Termo de Autorização

no Diário Oficial da União, importando o exercício das operações pela

autorizada em plena aceitação das condições estabelecidas na legislação de

regência, nesta Norma e no referido Termo de Autorização.

CAPÍTULO IV

DA OPERAÇÃO

Art. 8º A autorização para operar como empresa brasileira de navegação obriga a

pessoa jurídica autorizada a submeter-se aos princípios da livre concorrência,

cumprindo à ANTAQ reprimir toda prática prejudicial à competição, bem como

o abuso do poder econômico, adotando-se, quando for o caso, as providências

previstas no artigo 31 da Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001.

Art. 9º A empresa brasileira de navegação se obriga a executar os serviços

autorizados de transporte ou apoios aquaviários, com observância das

características próprias da operação, das normas e regulamentos pertinentes e

sempre de forma a satisfazer os requisitos de regularidade, continuidade,

eficiência, segurança, atendimento ao interesse público e a preservação do meio

ambiente.

Parágrafo único: Para o transporte a granel de petróleo, seus derivados e gás

natural nas navegações de longo curso, de cabotagem, de apoio marítimo e de

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apoio portuário, a empresa brasileira de navegação deverá atender as normas

estabelecidas pela Agência Nacional de Petróleo - ANP.

Art. 10 A empresa brasileira de navegação somente poderá operar embarcação

que esteja com apólices em vigor de seguros de casco e de máquinas, e bem

assim de responsabilidade civil.

Art. 11 A empresa brasileira de navegação deverá manter aprestada e em

condição de operação comercial, no mínimo, uma embarcação e, no caso de uma

paralisação eventual superior a 90 (noventa) dias contínuos, apresentar

justificativa devidamente comprovada para apreciação e decisão pela ANTAQ.

§ 1º. A embarcação de que trata este artigo deverá ser de propriedade da empresa

brasileira de navegação ou, no caso de autorização outorgada com base no inciso

I do art. 5º, afretada a casco nu, por prazo superior a um ano.

§ 2º. No caso de autorização outorgada com base no inciso II do art. 5º, a

embarcação poderá ser afretada até que a empresa brasileira de navegação receba

a embarcação em construção e passe a operá-la.

§ 3º. No caso de autorização com base no inciso III do art. 5º, a partir do

momento em que forem atendidas as condições estabelecidas no inciso II do

mesmo art. 5º, a embarcação poderá ser afretada, até o momento em que a

empresa brasileira de navegação receba a embarcação em construção e passe a

operá-la.

Art. 12 A empresa brasileira de navegação deverá iniciar a operação pretendida

em até doze meses da data de publicação do Termo de Autorização no Diário

Oficial da União, sob pena de cassação sumária da referida autorização.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à empresa brasileira de

navegação optante por qualquer das alternativas previstas nos incisos II e III do

art. 5º.

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94

Art. 13 Para fins de registro e atualização de informações, a empresa brasileira

de navegação fica obrigada a enviar à ANTAQ, anualmente, conforme os prazos

a seguir estabelecidos, os documentos relacionados no art. 6º, desta Norma,

devendo ainda informar a existência de fatos supervenientes que alterem

substancialmente as condições refletidas pela documentação apresentada:

I - para as navegações de longo curso e de cabotagem, até 30 de junho;

II - para a navegação de apoio marítimo, até 30 de julho;

III - para a navegação de apoio portuário, até 30 de setembro.

§ 1º. Para a empresa brasileira de navegação que operar em mais de um tipo de

navegação, considerar-se-á a data limite que ocorrer mais cedo.

§ 2º. A empresa brasileira de navegação que for autorizada após as datas fixadas

nos incisos deste artigo, somente apresentará os documentos no ano subseqüente.

Art. 14 O exercício da fiscalização pela ANTAQ não atenua, não limita e nem

exclui a responsabilidade da empresa brasileira de navegação de arcar com todos

os prejuízos que vier a causar ao poder público, aos usuários e a terceiros.

Art. 15 A empresa brasileira de navegação deverá permitir e facilitar o exercício

de fiscalização, em qualquer época, pelos técnicos da ANTAQ ou por ela

designados, bem assim prestar informações de natureza técnica, operacional,

econômica e financeira vinculadas à autorização, nos prazos que lhes forem

assinalados.

Art. 16 A empresa brasileira de navegação deverá informar, em até quinze dias

úteis após a ocorrência do fato, mudança de endereços, substituição de

administradores, alterações de controle societário, alterações patrimoniais

relevantes e alterações de qualquer tipo na frota em operação, inclusive perda de

classe de qualquer de suas embarcações.

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95

CAPÍTULO V

DAS PENALIDADES

Art. 17 O descumprimento de qualquer disposição legal, regulamentar ou dos

termos ou condições expressas ou decorrentes no Termo de Autorização

implicará a aplicação das seguintes penalidades, conforme estabelecido em

norma própria baixada pela ANTAQ:

I - advertência; II - multa; III - suspensão; IV - cassação; V - declaração de

inidoneidade.

CAPÍTULO VI

DA EXTINÇÃO

Art. 18 A autorização poderá ser extinta por sua plena eficácia, por renúncia, por

falência ou extinção da pessoa jurídica autorizada, ou, ainda, pela ANTAQ, por

anulação ou cassação, mediante processo regular, nas seguintes hipóteses:

I - anulação, quando eivada de vícios que a tornem ilegal, ou quando constatado

que a pessoa jurídica autorizada apresentou documentação irregular ou usou de

má fé nas informações prestadas, independentemente de outras penalidades

cabíveis;

II - cassação, por interesse público devidamente justificado ou, a critério da

ANTAQ, considerada a gravidade da infração, quando:

a) os serviços objeto da autorização não forem executados ou o forem em

desacordo com as normas aprovadas pela ANTAQ e pelos demais órgãos

competentes; b) não forem cumpridas, nos prazos assinalados, as penalidades

aplicadas; c) não for atendida intimação para regularizar a execução dos serviços

autorizados; d) for impedido ou dificultado o exercício da fiscalização pela

ANTAQ; e) não forem prestadas as informações solicitadas pela ANTAQ, para o

exercício de suas atribuições; f) for cometida infração contra norma instituída

pela ANTAQ, para a qual seja cominada a pena de cassação; g) houver perda das

condições indispensáveis ao cumprimento do objeto da autorização.

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CAPÍTULO VII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 19 É facultado à ANTAQ autorizar a prestação de serviços de transporte e

de apoio aquaviário no caso de interesse público e de emergência devidamente

caracterizado.

§ 1º. A autorização em caráter de emergência vigorará por prazo máximo e

improrrogável de cento e oitenta dias, não gerando direitos para continuidade da

prestação dos serviços.

§ 2º. O princípio da livre concorrência de que trata o art. 8º não se aplica à

Autorização em caráter de emergência, sujeitando-se a empresa brasileira de

navegação, nesse caso, ao regime de preços estabelecido pela ANTAQ.

Art. 20 A pessoa jurídica que na data de instalação da ANTAQ já era detentora

de Autorização para operar como empresa brasileira de navegação, regularmente

emitida em conformidade com as normas até então vigentes, e bem assim a

pessoa jurídica que obteve a referida Autorização a partir da data de instalação

da ANTAQ e até a data de entrada em vigor desta Norma, deverão se adaptar às

disposições do Capítulo IV desta Norma no prazo de noventa dias.

Parágrafo único. A ANTAQ fiscalizará o cumprimento do disposto neste artigo e

aplicará as penalidades cabíveis no caso de inobservância das disposições do

referido Capítulo IV.

Art. 21 Na forma do disposto no art. 50 da Lei nº 10.233, de 2001, na redação

dada pela Medida Provisória nº 2.217-3, de 2001, a ANTAQ, no período de

cento e oitenta dias, convocará as empresas brasileiras de navegação que na data

de instalação da Autarquia já eram detentoras de Autorização, para efeito de

expedição de novos instrumentos de outorga, os quais serão regidos, no que

couber, pelas normas gerais estabelecidas nas Subseções I e IV da Seção IV do

Capitulo VI da referida Lei nº 10.233, de 2001.

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§ 1º. Aplica-se às empresas de navegação que obtiveram autorização após a data

da instalação da ANTAQ e até a entrada em vigor desta Norma, no que couber, o

disposto neste artigo.

§ 2º. Para os fins do disposto no caput, ANTAQ instaurará os respectivos

processos administrativos e adotará as providências necessárias com vistas a

obter toda a documentação e informações necessárias à expedição de novo

instrumento de outorga, se for o caso.

§ 3º. A empresa brasileira de navegação que não encaminhar a documentação e

as informações solicitadas ou de qualquer modo dificultar ou criar obstáculos à

ação da ANTAQ com vistas ao disposto no caput, sujeitar-se-á às sanções

cabíveis, inclusive a cassação da autorização.

Art. 22 A ANTAQ elaborará e editará norma específica disciplinando a outorga

de autorização para pessoa jurídica operar como empresa brasileira de navegação

destinada à execução dos serviços de dragagem.

Parágrafo único. Enquanto não editada a norma específica de que trata o caput,

aplicam-se à operação de empresas destinadas à execução dos serviços de

dragagem as disposições legais que regem a navegação de apoio portuário.

Art. 23 As disposições desta Norma são aplicáveis aos processos em tramitação

na ANTAQ na data de publicação no Diário Oficial da União da referida Norma.

Art. 24 As situações não previstas na presente Norma serão resolvidas pela

Diretoria da ANTAQ.

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ANEXO II: lista de produção, CST (2004)

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data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/1/2004 874,26 36 24,3

2/1/2004 1.045,83 43 24,3

3/1/2004 2.148,88 89 24,1

4/1/2004 1.947,37 77 25,3

5/1/2004 3.201,90 130 24,6

6/1/2004 3.629,63 148 24,5

7/1/2004 4.151,48 177 23,5

8/1/2004 4.800,93 214 22,4

9/1/2004 2.964,24 126 23,5

10/1/2004 2.814,76 120 23,5

11/1/2004 3.655,80 158 23,1

12/1/2004 4.896,36 221 22,2

13/1/2004 2.794,75 118 23,7

14/1/2004 2.090,93 89 23,5

15/1/2004 3.800,20 165 23,0

16/1/2004 3.645,04 164 22,2

17/1/2004 2.881,12 128 22,5

18/1/2004 2.503,34 110 22,8

19/1/2004 1.831,68 79 23,2

20/1/2004 2.100,75 91 23,1

21/1/2004 1.783,75 78 22,9

22/1/2004 3.369,90 144 23,4

23/1/2004 3.207,36 133 24,1

24/1/2004 2.923,20 123 23,8

25/1/2004 1.569,52 68 23,1

26/1/2004 3.736,49 156 24,0

27/1/2004 3.624,06 153 23,7

28/1/2004 1.882,43 79 23,8

29/1/2004 2.433,66 107 22,7

30/1/2004 2.908,95 126 23,1

31/1/2004 1.964,76 84 23,4

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100

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/2/2004 1219,44 52 23,5

2/2/2004 2176,83 95 22,9

3/2/2004 1186,86 51 23,3

4/2/2004 2633,56 106 24,8

5/2/2004 4838,55 186 26,0

6/2/2004 3805,61 156 24,4

7/2/2004 4715,44 197 23,9

8/2/2004 6437,55 260 24,8

9/2/2004 2217,54 90 24,6

10/2/2004 4712,68 186 25,3

11/2/2004 5776,12 222 26,0

12/2/2004 5473,48 220 24,9

13/2/2004 5205,4 205 25,4

14/2/2004 5814,51 231 25,2

15/2/2004 3205,42 133 24,1

16/2/2004 3335,4 141 23,7

17/2/2004 2677,22 117 22,9

18/2/2004 2468,45 102 24,2

19/2/2004 2912,66 129 22,6

20/2/2004 2806,15 129 21,8

21/2/2004 4080,21 175 23,3

22/2/2004 5600,27 250 22,4

23/2/2004 5865,96 251 23,4

24/2/2004 3029,18 131 23,1

25/2/2004 2990,77 126 23,7

26/2/2004 2408,47 100 24,1

27/2/2004 4766,68 201 23,7

28/2/2004 3136,93 131 23,9

29/2/2004 2646,34 98 27,0

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101

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/3/2004 6.503,20 244 26,7

2/3/2004 3.257,00 128 25,4

3/3/2004 2.306,39 90 25,6

4/3/2004 3.048,83 122 25,0

5/3/2004 3.294,62 134 24,6

6/3/2004 2.814,60 109 25,8

7/3/2004 2.575,15 99 26,0

8/3/2004 3.986,41 170 23,4

9/3/2004 1.559,59 64 24,4

10/3/2004 2.730,20 112 24,4

11/3/2004 2.115,42 87 24,3

12/3/2004 3.571,57 152 23,5

13/3/2004 4.008,01 171 23,4

14/3/2004 3.591,77 149 24,1

15/3/2004 3.087,22 128 24,1

16/3/2004 2.709,05 113 24,0

17/3/2004 2.148,94 89 24,1

18/3/2004 3.315,32 139 23,9

19/3/2004 3.264,43 136 24,0

20/3/2004 3.041,79 127 24,0

21/3/2004 3.390,68 147 23,1

22/3/2004 2.301,61 101 22,8

23/3/2004 2.762,35 119 23,2

24/3/2004 2.624,98 110 23,9

25/3/2004 2.327,95 99 23,5

26/3/2004 1.408,83 60 23,5

27/3/2004 1.653,26 68 24,3

28/3/2004 2.379,10 101 23,6

29/3/2004 1.573,73 73 21,6

30/3/2004 1.816,91 81 22,4

31/3/2004 2.120,62 94,00 22,6

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102

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/4/2004 1.415,36 63 22,5

2/4/2004 2.031,26 92 22,1

3/4/2004 2.366,89 108 21,9

4/4/2004 2.010,43 87 23,1

5/4/2004 2.992,61 129 23,2

6/4/2004 2.421,15 99 24,5

7/4/2004 2.287,80 94 24,3

8/4/2004 1.720,10 76 22,6

9/4/2004 1.305,04 56 23,3

10/4/2004 3.072,66 136 22,6

11/4/2004 2.557,99 114 22,4

12/4/2004 1.758,29 76 23,1

13/4/2004 2.112,23 91 23,2

14/4/2004 2.251,16 96 23,4

15/4/2004 2.803,24 123 22,8

16/4/2004 2.503,56 103 24,3

17/4/2004 3.857,51 167 23,1

18/4/2004 2.204,08 90 24,5

19/4/2004 1.618,66 68 23,8

20/4/2004 1.796,08 73 24,6

21/4/2004 2.237,69 88 25,4

22/4/2004 2.333,58 99 23,6

23/4/2004 5.508,65 228 24,2

24/4/2004 8.759,33 370 23,7

25/4/2004 2.271,00 95 23,9

26/4/2004 3.036,08 125 24,3

27/4/2004 3.660,05 157 23,3

28/4/2004 2.564,10 109 23,5

29/4/2004 1.571,25 68 23,1

30/4/2004 1.342,50 58 23,1

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103

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/5/2004 2714,82 110 24,7

2/5/2004 1916,48 73 26,3

3/5/2004 2599,08 107 24,3

4/5/2004 3046,91 119 25,6

5/5/2004 1129,66 46 24,6

6/5/2004 2413,5 92 26,2

7/5/2004 3502,71 148 23,7

8/5/2004 2768,18 112 24,7

9/5/2004 2852,26 122 23,4

10/5/2004 2784,23 113 24,6

11/5/2004 5189,5 215 24,1

12/5/2004 5450,65 244,00 22,3

13/5/2004 4136,74 183 22,6

14/5/2004 3175,67 137 23,2

15/5/2004 1146,99 49 23,4

16/5/2004 3184,7 138 23,1

17/5/2004 4589,51 190 24,2

18/5/2004 3499,15 150 23,3

19/5/2004 1951,76 86 22,7

20/5/2004 4462,81 189 23,6

21/5/2004 2559,19 109 23,5

22/5/2004 2097,83 91 23,1

23/5/2004 3815,15 164 23,3

24/5/2004 3647,84 147 24,8

25/5/2004 1967,24 79 24,9

26/5/2004 2183,96 92 23,7

27/5/2004 2410,64 100 24,1

28/5/2004 3306,17 137 24,1

29/5/2004 2851,64 121 23,6

30/5/2004 2406,55 99 24,3

31/5/2004 2609,87 109 23,9

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104

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/6/2004 2.316,04 95 24,4

2/6/2004 2.536,93 99 25,6

3/6/2004 3.068,20 131 23,4

4/6/2004 5.521,04 228 24,2

5/6/2004 2.631,11 116 22,7

6/6/2004 3.648,58 153 23,8

7/6/2004 2.254,51 91 24,8

8/6/2004 3.086,31 127 24,3

9/6/2004 2.713,00 111 24,4

10/6/2004 2.483,30 99 25,1

11/6/2004 2.987,65 126 23,7

12/6/2004 1.382,04 59 23,4

13/6/2004 3.095,57 139 22,3

14/6/2004 2.451,18 107 22,9

15/6/2004 1.289,13 56 23,0

16/6/2004 2.563,85 115 22,3

17/6/2004 2.755,76 113 24,4

18/6/2004 1.766,75 79 22,4

19/6/2004 1.485,66 66 22,5

20/6/2004 2.085,54 95 22,0

21/6/2004 3.379,54 141 24,0

22/6/2004 725,41 33 22,0

23/6/2004 1.871,93 78 24,0

24/6/2004 2.322,39 95 24,4

25/6/2004 2.353,19 95 24,8

26/6/2004 2.180,82 83 26,3

27/6/2004 1.691,51 62 27,3

28/6/2004 2.168,76 89 24,4

29/6/2004 884,55 39 22,7

30/6/2004 86,83 4 21,7

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105

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/7/2004 187,27 8 23,4

2/7/2004 198,59 9 22,1

3/7/2004 49,16 2 24,6

4/7/2004 102,00 5 20,4

5/7/2004 973,63 47 20,7

6/7/2004 1.442,50 64 22,5

7/7/2004 1.437,76 64 22,5

8/7/2004 1.742,48 82 21,2

9/7/2004 1.166,41 47 24,8

10/7/2004 3.866,81 176 22,0

11/7/2004 3.975,14 174 22,8

12/7/2004 2.251,89 97 23,2

13/7/2004 2.942,78 126 23,4

14/7/2004 4.122,96 179 23,0

15/7/2004 5.075,45 204 24,9

16/7/2004 4.163,06 156 26,7

17/7/2004 943,63 39 24,2

18/7/2004 2.343,37 98 23,9

19/7/2004 3.603,37 144 25,0

20/7/2004 1.477,79 58 25,5

21/7/2004 2.852,54 116 24,6

22/7/2004 4.024,67 167 24,1

23/7/2004 3.514,76 150 23,4

24/7/2004 4.157,32 172 24,2

25/7/2004 2.477,14 107 23,2

26/7/2004 3.569,05 151 23,6

27/7/2004 2.745,83 118 23,3

28/7/2004 2.649,33 104 25,5

29/7/2004 1.120,67 48 23,3

30/7/2004 3.443,17 146 23,6

31/7/2004 3.584,76 149 24,1

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106

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/8/2004 2.286,34 92 24,9

2/8/2004 2.415,51 92 26,3

3/8/2004 4.106,48 167 24,6

4/8/2004 2.752,80 110 25,0

5/8/2004 1.701,04 68 25,0

6/8/2004 1.230,91 52 23,7

7/8/2004 1.855,42 75 24,7

8/8/2004 1.737,82 71 24,5

9/8/2004 1.702,56 66 25,8

10/8/2004 1.181,19 47 25,1

11/8/2004 820,33 33 24,9

12/8/2004 2.648,88 114 23,2

13/8/2004 6.651,24 265 25,1

14/8/2004 1.509,27 62 24,3

15/8/2004 3.768,60 156 24,2

16/8/2004 5.018,33 202 24,8

17/8/2004 1.540,58 63 24,5

18/8/2004 1.223,39 48 25,5

19/8/2004 1.476,80 57 25,9

20/8/2004 4.587,35 186 24,7

21/8/2004 1.702,70 73 23,3

22/8/2004 2.668,87 108 24,7

23/8/2004 3.820,94 162 23,6

24/8/2004 3.577,00 164 21,8

25/8/2004 3.105,21 135,00 23,0

26/8/2004 2.695,91 113 23,9

27/8/2004 5.297,82 229 23,1

28/8/2004 4.130,55 185 22,3

29/8/2004 1.724,42 75 23,0

30/8/2004 3.067,21 130 23,6

31/8/2004 5.757,95 238 24,2

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107

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/9/2004 3051,20 127 24,0

2/9/2004 4057,35 180 22,5

3/9/2004 2265,14 95 23,8

4/9/2004 2320,13 89 26,1

5/9/2004 4557,51 178 25,6

6/9/2004 3285,66 135 24,3

7/9/2004 6933,07 288 24,1

8/9/2004 3802,68 155 24,5

9/9/2004 3248,69 129 25,2

10/9/2004 3221,48 124 26,0

11/9/2004 2655,58 104 25,5

12/9/2004 3606,09 138 26,1

13/9/2004 4011,61 163 24,6

14/9/2004 3067,14 120 25,6

15/9/2004 2737,81 107 25,6

16/9/2004 5623,68 226 24,9

17/9/2004 3137,12 124 25,3

18/9/2004 1510,79 60 25,2

19/9/2004 1241,69 48 25,9

20/9/2004 2188,26 84 26,1

21/9/2004 5571,24 235 23,7

22/9/2004 1658,68 69 24,0

23/9/2004 3536,73 150 23,6

24/9/2004 4344,01 176 24,7

25/9/2004 2648,24 109 24,3

26/9/2004 1847,11 78 23,7

27/9/2004 2165,97 90 24,1

28/9/2004 2068,36 84 24,6

29/9/2004 1696,16 66 25,7

30/9/2004 695,36 29 24,0

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108

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/10/2004 1250,92 54 23,2

2/10/2004 2986,66 116,00 25,7

3/10/2004 1693,40 62,00 27,3

4/10/2004 3021,94 118,00 25,6

5/10/2004 3040,99 125,00 24,3

6/10/2004 5605,89 235,00 23,9

7/10/2004 5447,71 226,00 24,1

8/10/2004 2748,68 114,00 24,1

9/10/2004 2540,78 101,00 25,2

10/10/2004 4547,67 188,00 24,2

11/10/2004 3475,82 153,00 22,7

12/10/2004 4613,10 194,00 23,8

13/10/2004 6267,75 247,00 25,4

14/10/2004 3109,14 129,00 24,1

15/10/2004 3146,35 129,00 24,4

16/10/2004 2705,69 107 25,3

17/10/2004 3982,32 165,00 24,1

18/10/2004 4658,65 184,00 25,3

19/10/2004 3365,29 140,00 24,0

20/10/2004 4355,45 173,00 25,2

21/10/2004 4365,79 171,00 25,5

22/10/2004 7946,57 306,00 26,0

23/10/2004 4814,32 191,00 25,2

24/10/2004 3895,13 153,00 25,5

25/10/2004 3496,74 137 25,5

26/10/2004 1772,84 66,00 26,9

27/10/2004 2240,82 84 26,7

28/10/2004 718,75 30,00 24,0

29/10/2004 378,89 17 22,3

30/10/2004 46,65 2,00 23,3

31/10/2004 24,10 1,00 24,1

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109

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/11/2004 117,56 5 23,5

2/11/2004 48,81 2,00 24,4

3/11/2004 393,25 15 26,2

4/11/2004 287,59 12 24,0

5/11/2004 407,26 16 25,5

6/11/2004 2200,37 95 23,2

7/11/2004 1964,02 81 24,2

8/11/2004 2198,97 82,00 26,8

9/11/2004 2879,36 121 23,8

10/11/2004 3885,69 156 24,9

11/11/2004 4011,55 169 23,7

12/11/2004 4566,65 185 24,7

13/11/2004 3659,86 152 24,1

14/11/2004 2894,89 117 24,7

15/11/2004 1917,25 78,00 24,6

16/11/2004 3015,08 117,00 25,8

17/11/2004 1781,93 78,00 22,8

18/11/2004 3108,86 130,00 23,9

19/11/2004 2212,55 87,00 25,4

20/11/2004 1665,52 64,00 26,0

21/11/2004 3104,80 122,00 25,4

22/11/2004 1635,28 66,00 24,8

23/11/2004 2420,52 97,00 25,0

24/11/2004 1968,76 79,00 24,9

25/11/2004 4183,61 184,00 22,7

26/11/2004 3017,13 134,00 22,5

27/11/2004 3832,52 168,00 22,8

28/11/2004 3619,64 154,00 23,5

29/11/2004 2539,32 112 22,7

30/11/2004 1872,37 80 23,4

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110

data tonelagem dia nºbobinas peso médio

1/12/2004 2630,41 108,00 24,4

2/12/2004 3449,23 140,00 24,6

3/12/2004 1789,67 77,00 23,2

4/12/2004 4588,11 199,00 23,1

5/12/2004 3987,96 164,00 24,3

6/12/2004 1539,00 64,00 24,0

7/12/2004 3924,42 166,00 23,6

8/12/2004 3594,69 157,00 22,9

9/12/2004 3479,02 142,00 24,5

10/12/2004 4460,88 186,00 24,0

11/12/2004 4406,64 173,00 25,5

12/12/2004 4698,87 188,00 25,0

13/12/2004 3068,93 126,00 24,4

14/12/2004 3985,93 162,00 24,6

15/12/2004 3395,17 138,00 24,6

16/12/2004 6203,88 245,00 25,3

17/12/2004 2774,41 108,00 25,7

18/12/2004 5127,38 228,00 22,5

19/12/2004 3228,25 130,00 24,8

20/12/2004 3315,30 135,00 24,6

21/12/2004 3017,68 136,00 22,2

22/12/2004 6887,33 303,00 22,7

23/12/2004 3159,90 141,00 22,4

24/12/2004 1473,64 65,00 22,7

25/12/2004 342,25 15,00 22,8

26/12/2004 1840,87 78,00 23,6

27/12/2004 3123,34 119,00 26,2

28/12/2004 4665,59 181,00 25,8

29/12/2004 4339,00 158,00 27,5

30/12/2004 3193,64 130,00 24,6

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