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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA – CT
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA - CCET
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA
DE PETRÓLEO - PPGCEP
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ESTUDO DO EFEITO DE UM MODELO APERFEIÇOADO DE
UMA BOMBA DE FUNDO SOBRE A SIMULAÇÃO GLOBAL DO
MÉTODO DE ELEVAÇÃO POR BOMBEIO MECÂNICO
Raphael Eliedson da Silva
ORIENTADOR:
Prof. Dr. André Laurindo Maitelli
Natal/RN
Novembro / 2017
ii
ESTUDO DO EFEITO DE UM MODELO APERFEIÇOADO DE
UMA BOMBA DE FUNDO SOBRE A SIMULAÇÃO GLOBAL DO
MÉTODO DE ELEVAÇÃO POR BOMBEIO MECÂNICO
Raphael Eliedson da Silva
Natal/RN
Novembro / 2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Silva, Raphael Eliedson da.
Estudo do efeito de um modelo aperfeiçoado de uma bomba de fundo
sobre a simulação global do método de elevação por bombeio mecânico /
Raphael Eliedson da Silva. - 2018.
72 f. : il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Ciência e
Engenharia de Petróleo. Natal, RN, 2018.
Orientador: Prof. Dr. André Laurindo Maitelli.
1. Bombeio mecânico - Dissertação. 2. Cartas dinamométricas -
Dissertação. 3. Modelagem - Dissertação. 4. Simulação – Dissertação. I.
Maitelli, André Laurindo. II. Título.
RN/UF/BCZM CDU 621.68
Ana Cristina Cavalcanti Tinôco
CRB 15/262,
iv
SILVA, Raphael Eliedson. Estudo do efeito de um modelo aperfeiçoado de uma bomba
de fundo sobre a simulação global do método de elevação por Bombeio Mecânico.
Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia
de Petróleo. Área de Concentração: Automação na Indústria de Petróleo e Gás Natural,
Natal-RN, Brasil.
Orientador: Prof. Dr. André Laurindo Maitelli.
RESUMO
Este trabalho apresenta um modelo aperfeiçoado de funcionamento bomba de fundo
usado como condição de contorno da Equação de Onda Amortecida proposta por Gibbs
(1963). O modelo descrito prevê as principais condições operacionais de uma bomba,
por exemplo, bomba completa ou parcialmente preenchida por líquido, bomba sujeita a
interferência de gás e tubing não ancorado. A validação do novo modelo, como
condição de contorno, foi feita pela comparação entre as cartas dinamométricas
previstas e as cartas dinamométricas medidas (obtidas no Sistema Supervisório para
Elevação Artificial - SISAL). Os dados de entrada para obtenção das cartas previstas
foram coletados também no SISAL. Dados de um total de 14 poços verticais da Bacia
Potiguar foram coletados. Os resultados do novo modelo, como condição de contorno,
foram coerentes com as cartas medidas. As cartas de fundo previstas foram capazes de
representar as principais condições operacionais de uma bomba. Já as cartas de
superfície previstas tiveram boa aproximação em relação as medidas, mas carecem de
inclusão de alguns outros fenômenos físicos para proporcionar a atenuação das
vibrações de cargas.
Palavras-chaves: Bombeio Mecânico, Cartas Dinamométricas, Modelagem,
Simulação.
v
ABSTRACT
This work presents an improved model of operation of downhole pump used as a
boundary condition of the Damped Wave Equation proposed by Gibbs (1963). The
described model predicts the main operating conditions of a pump, for example,
complete or partial pump fillage, gas interference and unanchored tubing. The
validation of the new model, as a boundary condition, was made by the comparison
between predicted dynamometer cards and measured dynamometer cards (obtained in
the Supervisory System for Oil Wells – SISAL). The input data for obtaining the
predicted cards were also collected in SISAL. A total of 14 vertical wells from the
Potiguar Basin was collected. The results of the new model, as a boundary condition,
were coherent with the measured cards. The predicted downhole cards were able to
represent the main operating conditions of a pump. The predicted surface cards had a
good approximation in relation to the measured cards, but the model needs some other
physical phenomena to provide the attenuation of the vibrations of loads.
Keywords: Sucker-Rod Pumping, Dynamometer Cards, Modelling, Simulation.
vi
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos aqueles que de
alguma forma estiveram е estão próximos de mim, fazendo
esta vida valer cada vez mais а pena.
vii
AGRADECIMENTOS
À minha mãe e à minha vó, Marileide e Odete, pela formação que me
propiciaram e pelo exemplo de dedicação.
Ao meu orientador Prof. Dr. André Laurindo Maitelli e à minha coorientadora
Prof. Dra. Carla Wilza Souza de Paula Maitelli pelo incentivo e orientação neste
trabalho.
Aos colegas do Laboratório de Automação em Petróleo (LAUT/UFRN), pelo
companheirismo e incentivo dados.
À Petrobras, em especial ao Prof. Dr. Rutácio de Oliveira Costa, pela
colaboração no desenvolvimento do programa computacional e simulações.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
pelo apoio financeiro, sem os quais não seria possível a realização deste trabalho.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu
muito obrigado.
viii
SUMÁRIO
1. Introdução.................................................................................................................. 2
1.1. Objetivos Gerais................................................................................................. 3
1.2. Objetivos Específicos......................................................................................... 3
1.3. Justificativa ........................................................................................................ 4
1.4. Estrutura do trabalho .......................................................................................... 4
2. Aspectos Teóricos ..................................................................................................... 6
2.1. Introdução à elevação artificial .......................................................................... 6
2.2. Método de elevação artificial por bombeio mecânico ....................................... 7
2.3. Simulação do comportamento da coluna de hastes .......................................... 10
2.3.1. Modelo de Gibbs ...................................................................................... 11
2.3.2. Modelo de Lea .......................................................................................... 12
2.3.3. Condições de Contorno e Condição Inicial .............................................. 13
2.3.4. Solução Numérica..................................................................................... 15
2.4. Cartas Dinamométricas .................................................................................... 15
2.4.1. Cartas Dinamométricas de Superfície ...................................................... 16
2.4.2. Cartas Dinamométricas de Fundo............................................................. 17
3. Modelagem do comportamento de uma bomba de fundo ....................................... 21
3.1. Curso Ascendente ............................................................................................ 21
3.2. Curso Descendente........................................................................................... 25
3.3. Interferência de gás .......................................................................................... 26
3.4. Pancada de Fluido ............................................................................................ 26
4. Simulador de Bombeio Mecânico ........................................................................... 29
4.1. Interface gráfica e funcionalidades .................................................................. 29
4.2. Discretização da condição de contorno de fundo ............................................ 34
5. Resultados e discussões ........................................................................................... 38
ix
5.1. Validação do modelo para simulação do funcionamento de um poço equipado
com BM ...................................................................................................................... 38
5.2. Crítica aos dados de campos ............................................................................ 38
5.3. Dados dos poços .............................................................................................. 39
5.4. Validação e análise .......................................................................................... 39
6. Conclusões e Recomendações ................................................................................. 47
7. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 49
ANEXO A ......................................................................................................................53
ANEXO B ......................................................................................................................54
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Vazão possível por elevação natural ............................................................. 6
Figura 2.2 - Distribuição de poços e produção brasileira por método de elevação
artificial ............................................................................................................................. 7
Figura 2.3 - Diagrama esquemático de um sistema de bombeio mecânico ...................... 8
Figura 2.4 - Diagrama esquemático de uma bomba de fundo .......................................... 9
Figura 2.5 - Pressão no interior da bomba e deslocamento do pistão em um ciclo de
bombeio .......................................................................................................................... 10
Figura 2.6 - Cartas dinamométricas de superfície e fundo ............................................. 15
Figura 2.7 - Instrumentação para registro dinamomêtrico ............................................. 16
Figura 2.8 - Bomba de fundo com enchimento completo por fluido ............................. 17
Figura 2.9 - Nível dinâmico atinge a sucção da bomba.................................................. 18
Figura 2.10 - Presença de gás livre no interior da bomba de fundo ............................... 19
Figura 3.1 - Deslocamentos na Bomba de Fundo (curso ascendente) ............................ 22
Figura 4.1 - Interface Gráfica do Simulador de BM....................................................... 29
Figura 4.2 - Categoria de informações de entrada .......................................................... 30
Figura 4.3 - Dados de entrada: propriedades dos fluidos e condições operacionais ...... 30
Figura 4.4 - Entrada de dados: produtividade do reservatório ....................................... 31
Figura 4.5 - Entrada de dados: equipamento instalado ................................................... 31
Figura 4.6 - Funcionamento do simulador em relação a dados informados coerentes ... 32
Figura 4.7 - Funcionamento do simulador em relação a dados informados incoerentes 32
Figura 4.8 - Play, pause, reset e config .......................................................................... 33
Figura 4.9 - Exibição de variáveis dinâmicas de processo ............................................. 33
Figura 5.1 - Poço 1 ......................................................................................................... 40
Figura 5.2 - Poço 2 ......................................................................................................... 40
Figura 5.3 - Poço 3 ......................................................................................................... 41
Figura 5.4 - Poço 4 ......................................................................................................... 41
Figura 5.5 - Poço 5 ......................................................................................................... 42
Figura 5.6 - Poço 6 ......................................................................................................... 42
Figura 5.7 – Poço simulado com v = 0.05 ...................................................................... 44
Figura 5.8 - Poço simulado com v = 0.1 ......................................................................... 45
Figura 5.9 - Poço simulado com v = 0.15 ....................................................................... 45
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Coeficientes de Fourier .............................................................................. 14
Tabela 4.1 - Grandezas e limites .................................................................................... 32
Tabela 5.1 - Dados coletados dos poços ......................................................................... 39
Tabela 5.2 – Resumo dos dados extraídos das cartas dinamométricas .......................... 43
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
Símbolo Descrição
a - Velocidade do som nas hastes (m/s)
Ai - Coeficientes da Série de Fourier (Tabela 2.1)
°API - Grau API do óleo (adimensional)
AUTOPOC - Projeto de Automação de Poços
At - Área da seção transversal do tubo (pol²)
Ap - Área da seção transversal da do pistão (pol²)
Ar1 - Área da seção transversal da haste acima da bomba (pol²)
Ark - Área da seção transversal da haste k (pol²)
B - Fator volume de formação (scf/STB)
Bi - Coeficientes da Série de Fourier (Tabela 2.1)
BSW - Percentual de água e sedimentos do fluido produzido (%)
Bo - Fator volume de formação do óleo (bbl/STB)
Bg - Fator volume de formação do gás (pé³/scf)
Bw - Fator volume de formação da água (bbl/STB)
c - Coeficiente de amortecimento
Co - Coeficientes da geometria da UB
CPM - Ciclos por minuto
D - Diâmetro do pistão (pol)
E - Módulo de elasticidade do material (psi)
Et - Módulo de elasticidade do material do tubo (psi)
et - Elongação da coluna de produção (pol)
em - Espaço morto (pol)
F - Força no pistão (lbf)
fw - Fração de água (%)
g - Aceleração da gravidade (m/s²)
H - Nível dinâmico (m ou pé)
IPR - Inflow Performance Relationship
K1 - Fator geométrico (Modelo de Lea)
K2 - Fator geométrico (Modelo de Lea)
LAUT - Laboratório de Automação em Petróleo
L - Profundidade da bomba (m ou pé)
xiii
Lv - Distância entre válvulas (pol)
(Lv)max - Distância máxima entre as válvulas (pol)
Loisc - Comprimento correspondente ao volume morto ocupado por
óleo Voisc (pol)
Lofsc - Comprimento equivalente de óleo ao final do curso
ascendente (pol)
Lopsc - Comprimento equivalente de óleo produzido durante um ciclo
de bombeio (pol)
N - Velocidade de bombeio (CPM)
NPC - Número de pontos da carta
pwf - Pressão de fluxo no fundo do poço (psi)
pb - Pressão no interior da bomba (psi)
ps - Pressão de sucção (psi)
pd - Pressão de descarga (psi)
pwh - Pressão na cabeça do poço (psi)
pcsg - Pressão no revestimento (psi)
qlsc - Vazão de fase líquida na bomba (STB/d)
Qosc - Vazão de óleo do reservatório em condições padrão (STB/d)
RAO - Razão água-óleo de produção
Rs - Razão de solubilidade (scf/STB)
RGO - Razão gás-óleo de produção (scf/STB)
RGO’ - Razão gás-óleo do fluido que circula pela bomba (scf/STB)
RGO’’ - Razão gás-óleo em caso de pancada de fluido (scf/STB)
S - Curso da haste polida (pol)
Sp - Curso do pistão (pol)
SISAL - Sistema supervisório para automação da elevação
t - Instante de tempo (s)
tc - Tempo de ciclo (s)
t1 - Instante da abertura da válvula de pé (s)
t2 - Instante da abertura da válvula de passeio (s)
T - Temperatura na bomba (°F)
tol - Tolerância
up - Deslocamento do pistão
xiv
u(x,t) - Deslocamento de um ponto x da coluna de hastes num
instante t (pol)
UB - Unidade de bombeio
Urk - Perímetro da seção circular das hastes
UTR - Unidade de Transmissão Remota
v - Coeficiente de amortecimento adimensional
Vai - Volume morto preenchido por água (bbl)
VBA - Visual Basic for Applications
v fk - Velocidade média dos fluidos nas hastes (pé/s)
Vgi - Volume morto preenchido por gás (bbl)
Vmax,haste_polida - Velocidade máxima da haste polida (m/s)
Voi - Volume morto preenchido por óleo (bbl)
Voisc - Volume de óleo inicial nas condições padrão (STBO).
vp - Velocidade do pistão (m/s)
vr - Velocidade das hastes (pé/s)
x - Ponto da coluna de hastes
Símbolo Grego Descrição
Δt - Incremento de tempo (s)
Δx - Segmento de comprimento da coluna de hastes (m ou pé)
η - Viscosidade dinâmica do fluido (cP)
ν - Fator de amortecimento adimensional
ρ - Massa específica do material (lbm/pé³)
ρf - Massa específica do fluido (lbm/pé³)
ω - Velocidade angular média (rad/s)
Subscrito Descrição
r - Coluna de hastes (rod)
Sobrescrito Descrição
j - Instante anterior
j + 1 - Instante atual
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 2
1. Introdução
A análise do desempenho operacional dos poços equipados com BM
compreende a avaliação da produtividade do poço e a interpretação de cartas
dinamométricas de superfície. Contudo, a interpretação das cartas medidas na superfície
pode ser muito complexa. Takács (2003) afirma que a análise das cartas de superfície se
torna “mais uma arte do que uma ciência exata”.
Uma alternativa a essa dificuldade de análise das cartas de superfície é a aferição
e interpretação de cartas de fundo, uma vez que as cartas de fundo refletem diretamente
as condições operacionais da bomba e permitem uma rápida identificação do
funcionamento do sistema de bombeio. Contudo, as medições realizadas diretamente na
bomba de fundo são dispendiosas e intrusivas, e, em virtude disso, as medições são
realizadas comumente na superfície.
Devido a essa dificuldade de aquisição dos dados das cartas de fundo, existem
algoritmos e modelos matemáticos que estimam as cartas dinamométricas de fundo a
partir das cartas dinamométricas de superfície, como é o caso dos algoritmos descritos
por Gibbs (1966), Everitt & Jennings (1992) e Barreto Filho (1993).
Modelos preditivos de cartas dinamométricas de superfície e fundo, assim como
problemas de diagnósticos de funcionamento de uma bomba de fundo, requerem um
modelo preciso de previsão da carta de fundo.
Este trabalho, portanto, apresenta um modelo que realiza a previsão do
funcionamento da bomba de fundo operando em condições como presença de gás livre
na bomba, coluna de produção não ancorada e enchimento parcial da bomba por
líquido. O modelo exige um pequeno conjunto de informações dos poços (normalmente
conhecidos), e, inclusive, não demanda o conhecimento dos dados da carta
dinamométrica de superfície. Este novo modelo de previsão do comportamento da
bomba de fundo foi ainda incorporado à Equação de Onda Amortecida proposta por
Gibbs (1963) como condição de contorno.
O diferencial do modelo apresentado neste trabalho em relação ao modelo de
Costa (1995) é a inclusão dos efeitos de prisão da bomba por gás (gas-locked) e de
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 3
enchimento parcial da bomba (pump-off). No momento, o modelo aperfeiçoado prevê
tantas condições operacionais para a bomba de fundo quanto o modelo de
comportamento da bomba proposto por Gibbs (1963).
O estudo e a validação deste modelo aperfeiçoado de bomba incorporado à
Equação da Onda Amortecida foram feitos através da comparação do formato de dois
grupos de cartas dinamométricas: medidas e previstas. Os dados dos poços e os pontos
das cartas medidas foram coletados no Sistema Supervisório para Automação da
Elevação (SISAL).
1.1. Objetivos Gerais
Este trabalho apresenta um aperfeiçoamento do modelo para simulação do
funcionamento da bomba de fundo e a inclusão deste modelo de bomba como condição
de contorno de fundo da Equação de Onda Amortecida (GIBBS, 1963). Gerando, por
fim, um Simulador de Bombeio Mecânico capaz de reproduzir aproximadamente a
dinâmica deste método de elevação artificial de petróleo.
1.2. Objetivos Específicos
a) Desenvolver uma ferramenta computacional de previsão de comportamento
dinâmico de poços equipados com BM, que simultaneamente seja robusta na
previsão e rápida no processamento;
b) Apresentar um modelo para funcionamento da bomba de fundo com a
possibilidade de presença de gás, tubing ancorado ou não, e enchimento parcial
ou completo da bomba;
c) Incorporar o modelo de previsão do funcionamento da bomba à Equação da
Onda Amortecida.
d) Discretizar matematicamente o modelo aperfeiçoado de funcionamento da
bomba usado como condição de contorno de fundo.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 4
1.3. Justificativa
Com o desenvolvimento de uma ferramenta computacional de simulação, torna-
se possível a realização de testes sem interferência direta no processo real, com
realização de experiências em um tempo mais curto do que o evento real e que auxilia
ao projetista na tomada de decisões.
1.4. Estrutura do trabalho
No capítulo 2, serão abordados os aspectos teóricos referentes à elevação
artificial destacando o método de elevação por bombeio mecânico. Também será
apresentado o modelo tradicional de simulação do comportamento da coluna de hastes.
Ainda abordar-se-á o registro dinamométrico e sua utilização no diagnóstico e
acompanhamento operacional dos poços.
No capítulo 3, será apresentado o modelo de funcionamento de uma bomba de
fundo.
No capítulo 4, será exibido o simulador de bombeio mecânico desenvolvido,
exibindo a interface gráfica e as suas principais funcionalidades e será apresentada
também a discretização da condição de contorno de fundo da Equação da Onda
Amortecida (modelo aperfeiçoado da bomba de fundo).
No capítulo 5, a validação do modelo de funcionamento da bomba e de sua
incorporação à Equação de Onda Amortecida será realizada através da comparação das
cartas previstas pelo modelo e das cartas coletadas no SISAL.
Por fim, no capítulo 6, as conclusões do trabalho e as recomendações para
trabalhos futuros serão apresentadas.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 6
2. Aspectos Teóricos
2.1. Introdução à elevação artificial
O fluxo de fluidos espontâneo do reservatório à superfície é conhecido como
elevação natural ou surgência. Tecnicamente, ocorre quando a pressão no fundo do poço
é suficiente para superar a soma de perdas de carga ao longo do poço. Takács (2003)
afirma que a elevação natural é comum em estágios iniciais da vida produtiva dos
poços.
A elevação natural não é duradoura, como também, pode nunca ocorrer em
alguns poços. Diante disso, a perda da capacidade de elevação natural ocorrerá
involuntariamente em algum estágio da vida produtiva dos poços. As duas principais
causas, apontadas por Takács (2003), para interrupção da elevação natural de um poço
produtor são: remoção de fluidos do reservatório, promovida durante a própria produção
da jazida, que causa uma gradativa redução da pressão de reservatório; e, problemas
mecânicos do poço ou mudança na composição do fluido de produção, que aumentam a
resistência ao fluxo no poço.
Teoricamente, a surgência de um poço pode ser observada ao traçar as curvas de
pressão disponível e pressão requerida no fundo do poço. Desprezando-se a perda de
carga no choke, o ponto de intersecção entre essas curvas determina a vazão possível
por surgência com choke completamente aberto, conforme ilustrado na Figura 2.1
(COSTA, 2012).
Figura 2.1 - Vazão possível por elevação natural
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
0 50 100 150 200 250
Pressão
Vazão Vazão possível por surgência
Pressão Requerida
Pressão Disponível
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 7
Na ausência de ponto de intersecção entre as curvas ou ainda que haja em vazões
muito baixas, abaixo de uma vazão economicamente viável, é necessária a instalação de
equipamentos de elevação artificial, visando complementar a pressão de reservatório e
superar as perdas de cargas ao longo do poço.
Os principais métodos de elevação artificial empregados na indústria de petróleo
são: Bombeio Mecânico (BM), Bombeio Centrífugo Submerso (BCS), Bombeio por
Cavidades Progressivas (BCP) e Gas Lift.
2.2. Método de elevação artificial por bombeio mecânico
O bombeio mecânico é o método de elevação artificial mais utilizado no Brasil e
no mundo. Apesar de sua aplicação limitada a campos terrestres, responde por cerca de
5% da produção de petróleo nacional (LIMA, 2014), utilizando em torno de 70% dos
poços produtores equipados com método de elevação artificial (COSTA, 2008),
conforme Figura 2.2 (a) e (b).
Figura 2.2 - Distribuição de poços e produção brasileira por método de elevação artificial
(a) (b)
Fonte: COSTA, 2008 Fonte: LIMA, 2014
Em um sistema de Bombeio Mecânico, a energia adicional para elevação do
fluido produzido vem do movimento promovido na superfície pela unidade de bombeio
(UB) e é transmitido à bomba de fundo através de uma coluna de hastes em movimento
alternativo. A Figura 2.3 ilustra os principais equipamentos constituintes do BM.
71%
10%
6%
10%
3%
BM BCS BCP GAS LIFT OUTROS
26,1%
59,8%
0,6%
4,9%
7,8%
0,6% 0,2%
SURGENTE GLC GLI BM BCS BCP OUTROS
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 8
Figura 2.3 - Diagrama esquemático de um sistema de bombeio mecânico
Na superfície, os principais equipamentos incluem: motor, geralmente elétrico,
sendo a fonte externa de potência do sistema e acionadora do movimento da UB;
unidade de bombeio, que é responsável por converter movimento rotativo do motor em
movimento alternativo da coluna de hastes. Seu principal elemento é a viga ou
travessão, que opera segundo o princípio de alavanca mecânica; contrapesos, que são
responsáveis pelo balanceamento de torques da UB; e, por fim, haste polida que conecta
a viga principal à coluna de hastes, além de garantir a vedação na cabeça de produção
minimizando o vazamento de fluido.
Na subsuperfície, os principais equipamentos incluem: coluna de hastes, que é
composta de hastes de bombeio conectadas entre si, ligando a unidade de bombeio à
bomba de fundo; bomba de fundo, que é composta de uma parte móvel – pistão – onde
é alojada a válvula de passeio e uma parte fixa – camisa – onde fica alojada a válvula de
pé. A Figura 2.4 ilustra esquematicamente uma bomba de fundo e seus principais
componentes.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 9
Figura 2.4 - Diagrama esquemático de uma bomba de fundo
As válvulas de passeio e pé são constituídas de sede e esfera e funcionam por
pressão. Dessa forma, quando a pressão abaixo da esfera for maior que a pressão acima
desta, a válvula abrirá. E quando a pressão abaixo da esfera for inferior à pressão acima
dela, a válvula fechará (COSTA, 2008).
Durante o deslocamento do pistão, as pressões no interior da bomba de fundo
variam (PODIO, 2003). A pressão no interior da bomba e o deslocamento do pistão
durante um ciclo de bombeio podem ser observados na Figura 2.5.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 10
Figura 2.5 - Pressão no interior da bomba e deslocamento do pistão em um ciclo de bombeio
Durante o curso ascendente, o pistão é deslocado para cima, os fluidos acima da
válvula de passeio são comprimidos e a região entre as válvulas é expandida. A pressão
acima da válvula de passeio é maior que a pressão abaixo e, portanto, a válvula de
passeio ficará fechada. A pressão na câmara entre as válvulas cai, até o instante em que
fica menor que a pressão de sucção. Neste momento, a válvula de pé abre e permanece
aberta durante o curso ascendente permitindo admissão dos fluidos. Durante o curso
descendente, o pistão desloca-se para baixo, comprimindo os fluidos na região entre as
válvulas. A pressão na câmara entre as válvulas cresce e resulta no fechamento da
válvula de pé e abertura da válvula de passeio.
2.3. Simulação do comportamento da coluna de hastes
Desde o princípio das pesquisas envolvendo simulação do comportamento
dinâmico de um sistema de BM, os estudiosos reconheciam que um modelo dinâmico
preciso adviria da simulação do comportamento da coluna de hastes (TAKACS, 2003).
Neste sentido, duas contribuições científicas foram muito relevantes. A primeira delas
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 11
foi dada por Gibbs (1963) que simulou o comportamento dinâmico da coluna de hastes
através da resolução de uma equação de onda amortecida. Mais tarde, Lea (1990)
introduziu o modelo de escoamento de fluido no anular, deduzindo uma expressão para
o coeficiente de amortecimento em função dos diâmetros do pistão, tubo e hastes e da
viscosidade do fluido produzido.
2.3.1. Modelo de Gibbs
O modelo proposto por Gibbs (1963) é baseado na equação de onda
unidimensional com amortecimento viscoso, apresentada na forma de equação
diferencial parcial (EDP):
t
txu
L
av
x
txua
t
txu
),(
2²
),(²²
²
),(² (2.1)
Por conveniência matemática, o termo da gravidade foi omitido na Equação 2.1.
Em que u(x,t) é o deslocamento de um ponto x da coluna de hastes num instante
t, e a é a velocidade do som nas hastes. O termo L
av
2
é o coeficiente de amortecimento,
doravante c, em que v é o fator de amortecimento adimensional. Segundo o autor, a
escolha de um valor adequado para v poderia simular o atrito viscoso e o atrito de
Coulomb.
A solução do modelo proposto por Gibbs (1963), Equação 2.1, requer condições
de contorno e condição inicial. Gibbs (1963), Doty & Schmidt (1983) e Alhanati (1988)
sugerem as seguintes condições de contorno do problema: movimentação da haste
polida (superfície) e operação da bomba (fundo); e a condição inicial é: sistema em
repouso.
Uma vez calculados os deslocamentos das hastes u(x,t) e conhecendo o
comportamento elástico das hastes, as forças de tração nas hastes podem ser
determinadas segundo a Lei de Hooke, conforme a Equação 2.2:
x
txuEAtxF
),(),(
(2.2)
Em que E é o modulo de elasticidade do material das hastes e A é a área da seção
transversal das hastes.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 12
Assim, a solução das Equações 2.1 e 2.2 geram valores de deslocamento e força
de tração respectivamente. Durante um ciclo de bombeio, os pares de deslocamento e
força na haste polida constituem a carta dinamométrica de superfície, enquanto os pares
de deslocamento e força no pistão representam a carta dinamométrica de fundo. Tanto
as cartas dinamométricas de superfície quanto as cartas dinamométricas de fundo serão
abordadas com maior profundidade na seção 2.4.
2.3.2. Modelo de Lea
O termo do coeficiente de amortecimento presente no Modelo de Gibbs (1963) é
determinado empiricamente, podendo simular o atrito viscoso e o atrito de Coulomb.
No entanto, alguns autores discutiram o uso de coeficientes de amortecimento
determinados experimentalmente e possíveis problemas com extrapolação (BASTIAN,
1990 e DOTY & SCHMIDT, 1983). Lea (1990) concluiu que apesar dos vários
coeficientes de amortecimentos usados terem sido obtidos da comparação com dados de
campo, tais coeficientes não poderiam ser extrapolados para outras condições sem dados
adicionais. Para tanto, Lea introduziu um modelo simplificado de fluxo de fluidos no
anular, deduzindo uma expressão para o coeficiente de amortecimento em função dos
diâmetros do pistão, tubo e hastes e da viscosidade do fluido produzido.
A dedução completa do coeficiente de amortecimento c pode ser encontrada nos
textos de Pavlick (1981). Ao fim das deduções, encontram-se as Equações 2.3 e 2.4:
rkt
rkp
rkr
rk
AA
AAKK
A
Uc 21
, se vr > 0
(2.3)
rkt
rk
rkr
rk
AA
AKK
A
Uc 21
, se vr < 0
(2.4)
Em que é a viscosidade dinâmica do fluido; Urk é o perímetro da seção
circular das hastes; ⍴r é a massa específica do material das hastes; e Ark, Ap e At são
respectivamente áreas da seção transversal das hastes, pistão e coluna de produção. K1 e
K2 são fatores geométricos, funções dos diâmetros do tubo e das hastes e vr é a
velocidade das hastes.
A EDP pode ser modificada, passando a considerar coluna de hastes
combinadas, negligenciando o atrito haste-tubo e admitindo atrito viscoso haste-fluido,
assim a equação do movimento torna-se:
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 13
fkrrkr
rk vKvKA
Ug
x
txua
t
txu21
²
),(²²
²
),(²
(2.5)
Para evitar instabilidades na solução numérica da Equação 2.5, devido
principalmente à possibilidade de surgimento de coeficientes de amortecimento
negativos (LEA, 1990) seguiu-se a sugestão de Costa (1995), em que se opta por
adaptar o modelo de Lea incluindo o fator de amortecimento c, deixando a equação do
movimento da seguinte forma, Equação 2.6:
rfkrrkr
rk cvvKvKA
Ug
x
txua
t
txu
21
²
),(²²
²
),(²
(2.6)
2.3.3. Condições de Contorno e Condição Inicial
Como visto anteriormente, o comportamento da coluna de hastes pode ser
simulado por uma equação diferencial parcial, sendo que sua solução é obtida mediante
especificação de condições de contorno e de condição inicial. As condições de contorno
do problema são a movimentação da haste polida na superfície e a operação da bomba
no fundo, e a condição inicial é o sistema em repouso.
Condição de contorno na superfície: movimentação da haste polida.
A movimentação da haste polida é uma função da cinemática da unidade de
bombeio (UB). Na literatura encontram-se duas abordagens que visam descrever a
movimentação da UB, são elas: aproximação por série de Fourier e modelo
trigonométrico.
Dentre as três abordagens apresentadas, a abordagem escolhida neste trabalho
para simular a movimentação da haste polida foi a aproximação por Série de Fourier
truncada no sexto termo (LAINE, 1989). A escolha da série de Fourier com 6 termos
melhora a representatividade da cinemática da UB. Outros autores como Barreto Filho
(1993) e Gibbs (1994) empregaram também aproximações similares. Assim, o
movimento da haste polida pode ser escrito como:
tsen
Atsen
At
Bt
BJCCStS
6...
1cos
6...cos
1)( 6161
0 (2.7)
Em que S é o comprimento do curso da haste polida. ωt é o ângulo da manivela
(referência: em ωt = 0, a haste polida encontra-se na posição mais baixa). O valor de JC
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 14
é 1 para UB convencional e -1 para UB Mark II. Os coeficientes Ai, Bi e C0 dependem
da geometria da UB, conforme Tabela 2.1.
Tabela 2.1 - Coeficientes de Fourier
i
Convencional Mark II
Ai Bi Ai Bi
1 0,4973054 0,0078489 -0,495488 0,0532208
2 0,0630766 0,012368 0,0528955 -0,066165
3 0,0071585 -0,017086 0,0090159 0,0127199
4 0,0014288 -0,002505 -0,002989 0,0007834
5 -0,000832 -0,000555 0,0000267 -0,000621
6 -0,00007 -0,000123 0,0001207 0,0000452
C0 0,5314016 0,4667592
Fonte: Adaptado de Laine (1989)
Condição de contorno no fundo: operação da bomba de fundo.
A condição de contorno de fundo apresentada por Costa (1995) baseava-se no
funcionamento da bomba de fundo com possibilidade de presença de gás e tubing não
ancorado. Porém, um importante e corriqueiro fenômeno foi negligenciado naquele
modelo: o enchimento parcial da bomba de fundo. Assim, no Capítulo 3, será
desenvolvido um modelo aperfeiçoado do comportamento da bomba de fundo em um
sistema de elevação por BM.
Condição Inicial: sistema em repouso
A condição inicial do problema é o sistema em repouso. Assim, no instante
inicial para qualquer ponto da coluna de hastes, o deslocamento e a velocidade das
hastes são nulas, conforme mostra a Equação 2.8.
xxv
xxu
r ,0)0,(
,0)0,(
(2.8)
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 15
2.3.4. Solução Numérica
A Equação 2.6 é uma EDP de segunda ordem não linear. Apresenta semelhanças
com a equação de onda amortecida, Equação 2.1, sendo a principal diferença o termo
não linear de amortecimento.
Dentre as opções disponíveis para a solução numérica do problema de contorno,
adotou-se o método das diferenças finitas, de forma análoga à apresentada por Laine
(1990) e por Costa (1995). A diferença na solução numérica deste trabalho em relação
aos trabalhos mencionados reside na discretização da condição de contorno de fundo. O
modelo aperfeiçoado do funcionamento da bomba, a ser apresentado no Capítulo 3,
exigiu um novo tratamento matemático em sua discretização, que será apresentada no
capítulo 4 deste trabalho.
2.4. Cartas Dinamométricas
A análise das condições operacionais de poços equipados com bombeio
mecânico pode ser feita através de registro Sonolog, checagem e pressurização, testes de
produção e por interpretação dos registros dinamométricos (COSTA, 2008). Sendo esta
última a técnica de análise mais usual, baseada na avaliação das cartas dinamométricas.
As cartas dinamométricas são gráficos de carga versus posição.
Tradicionalmente, as cartas dinamométricas são classificadas quanto ao local de
medição: superfície (quando medida na haste polida) e fundo (quando medida
imediatamente acima da bomba de fundo). A Figura 2.6 ilustra tanto uma carta
dinamométrica de superfície como uma carta dinamométrica de fundo.
Figura 2.6 - Cartas dinamométricas de superfície e fundo
-2000 0
2000 4000 6000 8000
10000 12000 14000 16000
-20 0 20 40 60 80 100 120
CA
RGA
(lb
f)
CURSO (pol)
SUPERFÍCIE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 16
2.4.1. Cartas Dinamométricas de Superfície
Na superfície, os valores de carga são medidos por sensores de carga instalados
na haste polida (strain gauges) e as informações de posição podem ser medidas por
sensores de posição instalados na viga principal (inclinômetros) ou nos contrapesos
(chaves magnéticas), conforme ilustra a Figura 2.7. Esses pares de valores medidos,
carga e posição, constituem a carta dinamométrica de superfície. Uma vez realizado a
leitura dessas variáveis pelos sensores, esses dados são transmitidos a uma Unidade de
Transmissão Remota (UTR), que por sua vez, transmite através de rádios os dados para
um sistema supervisório, onde as cartas dinamométricas são exibidas e registradas
(CAMPOS, 2006).
Figura 2.7 - Instrumentação para registro dinamomêtrico
Algumas das informações que podem ser extraídas da carta de superfície são:
Cargas atuantes na haste polida e potência requerida por ela;
Torques atuantes no eixo do redutor durante um ciclo de bombeio;
Ajuste do contrabalanceio da UB com o mínimo peak torque.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 17
2.4.2. Cartas Dinamométricas de Fundo
No fundo do poço, os pares de valores de carga e posição podem ser obtidos
através de dispositivos de medição direta no fundo (embora dispendiosa e intrusiva) ou
deduzidos por meio de modelos matemáticos como os apresentados por Everitt &
Jennings (1992) e Barreto Filho (1993).
As cartas dinamométricas de fundo são particularmente desejáveis, porque delas
podem ser extraídas informações quantitativas e qualitativas sobre o funcionamento da
bomba de fundo. A seguir serão descritas as principais condições operacionais de uma
bomba de um sistema de BM e exibidos os correspondentes formatos das cartas
dinamométricas de fundo. Esses formatos característicos possibilitam o diagnóstico do
funcionamento da bomba de fundo e detecção de possíveis falhas de funcionamento dos
equipamentos.
Enchimento completo da bomba
O enchimento completo da bomba ocorre quando o poço está operando dentro
das condições como boa eficiência volumétrica, baixa ou nenhuma interferência de gás
e pressão de sucção baixa ou média. Essas condições são alcançadas quando: ou o
reservatório tem produtividade suficiente ou há uma coluna de líquido no espaço anular
para alimentar a bomba, como pode ser visto na Figura 2.8.
Figura 2.8 - Bomba de fundo com enchimento completo por fluido
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 18
Enchimento parcial da bomba
O enchimento parcial da bomba ocorre quando a capacidade de produção do
reservatório é inferior à capacidade de vazão da bomba. Nessas condições, o sistema
tende a uma condição de regime “permanente” onde o nível dinâmico se aproxima da
sucção da bomba de fundo. A bomba succiona a fase líquida presente no espaço anular e
o gás ali existente para complementar o volume deslocado por ciclo. Isso causa um
aumento da razão gás-óleo admitida pela bomba de fundo. A pressão de sucção é
mínima, aproximadamente igual à pressão no revestimento, porque a coluna de líquido
no anular é praticamente nula.
Durante o curso ascendente, a camisa da bomba é preenchida com líquido e gás
livre, sendo parte do gás oriunda do anular. A pequena massa de gás a baixa pressão
ocupa um volume considerável. Durante o curso descendente, o pistão desce
praticamente sem resistência até se aproximar do nível do líquido. O volume ocupado
pelo gás diminui rapidamente causando um incremento repentino de pressão sob a
válvula de passeio, de forma similar ao que ocorreria se o pistão se chocasse com um
volume de fluido incompressível. Esse fenômeno pode ser visualizado na Figura 2.9 e é
também conhecido como “pancada de fluido”.
Figura 2.9 - Nível dinâmico atinge a sucção da bomba
Interferência de gás
A interferência de gás ocorre mesmo quando o reservatório tem condições de
alimentar a bomba com uma vazão igual ou superior a sua capacidade, porém apresenta
gás livre no interior da bomba de fundo ao final do curso ascendente, como mostra a
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 19
Figura 2.10. A presença de gás livre afeta a eficiência volumétrica da bomba porque o
gás ocupa espaço que seria destinado ao líquido.
Figura 2.10 - Presença de gás livre no interior da bomba de fundo
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 21
3. Modelagem do comportamento de uma bomba de fundo
O modelo apresentado nesta seção é de autoria do Prof. Dr. Rutácio de Oliveira
Costa, as equações são originárias de suas notas de aula e será pela primeira vez
publicada em meio acadêmico através deste trabalho.
O modelo em proposição para o funcionamento da bomba de fundo prevê a
possibilidade de presença de gás, enchimento parcial da bomba e coluna não ancorado.
Para tanto, considera-se uma bomba de fundo cuja sucção está instalada numa
profundidade L de um poço, com nível dinâmico H. No instante inicial t = 0, o pistão
está no ponto morto inferior. Para t > 0 (Figura 3.1), a posição do pistão é dada pelo
deslocamento u(t) em relação à sua posição inicial.
Neste modelo, admite-se ainda que na condição inicial toda a carga de fluido
está aplicada à válvula de pé, suportada pela coluna de produção. A pressão no interior
da bomba é aproximadamente a pressão hidrostática e a temperatura da bomba
permanece constante e igual a T durante o bombeio (processo isotérmico).
Define-se o espaço morto (em) como o espaço entre a válvula de passeio e a
válvula de pé na situação de repouso, com a haste polida na posição mais inferior. Este
espaço morto é deixado para evitar que, com o movimento das hastes, o pistão venha a
se chocar com a válvula de pé.
Caso a coluna de produção seja ancorada, a elongação estática do tubo é nula
(et = 0). Não estando o tubo ancorado, a posição de sua extremidade também se desloca
devido à variação da carga na válvula de pé. Inicialmente a distância entre a válvula de
pé e a superfície é L. O deslocamento da extremidade da coluna et(t) será medido a
partir da posição inicial da válvula de pé (t = 0). Portanto, um valor positivo do
deslocamento indica que houve uma redução no comprimento da coluna de produção.
3.1. Curso Ascendente
Conforme o pistão se movimenta para cima, a distância entre as válvulas (Lv)
aumenta. A pressão no interior da bomba (pb) cai até atingir uma pressão ligeiramente
inferior à pressão de sucção. Neste momento, a válvula de pé abre deixando entrar
fluido no interior da bomba, o que recupera parcialmente a pressão e faz com que a
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 22
válvula volte a fechar. Esse fenômeno é observado por Podio (2003). Sendo t = t1, o
instante em que a pressão no interior da bomba atinge a pressão de sucção pela primeira
vez, conclui-se que a válvula de pé está na iminência de abrir em t = t1.
Figura 3.1 - Deslocamentos na Bomba de Fundo (curso ascendente)
Segundo a Lei de Hooke, a variação no comprimento do tubo é proporcional à
variação da força axial que atua em sua extremidade. A variação no comprimento da
coluna de produção depende da variação dessa força em relação à força que atuava em
t = 0. Estando a válvula de pé fechada, a Equação (3.1) será válida:
tt
sdsb
p
t
AE
ppptp
LA
te
12 (3.1)
Em que et(t) é medido em polegadas, pb é a pressão que atua sobre a válvula de
pé, psi; L é o comprimento da coluna de produção desde a superfície até a válvula de pé,
em pé; Ap é a área da seção transversal do pistão, pol2; Et é o módulo de elasticidade do
material, psi; At é a área metálica da seção transversal da tubulação de produção, pol2; ps
é a pressão de sucção e pd é a pressão de descarga da bomba de fundo, psi.
Portanto, o deslocamento da extremidade do tubo et é dado por:
tt
pbd
tAE
LAtppte
12 (3.2)
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 23
Em t = t1, a pressão no interior da bomba atinge a pressão de sucção, o que
corresponde ao deslocamento máximo da extremidade da coluna de produção:
tt
psdt
AE
LAppte
121 (3.3)
No instante t = 0, a pressão no interior da bomba pode ser aproximada por:
144
Lpp
fwhd
(3.4)
Onde pwh é a pressão na cabeça do poço, psi; e ρf é a massa específica média do
fluido produzido no interior da coluna de produção. Admitindo-se que o fluido
produzido tenha a mesma composição do fluido no anular, sobre a bomba, vem:
144
HLpp
fcsgs
(3.5)
Em que pcsg é a pressão no revestimento, psi. Substituindo-se as Equações 3.4 e
3.5 na Equação 3.3 vem:
tt
pf
csgwh
tAE
LAH
pp
te
144
12
1
(3.6)
A qualquer instante, a distância entre as válvulas da bomba de fundo Lv(t) é:
teetutL tmv )()( (3.7)
Entre t = 0 e t = t1, as válvulas permanecem fechadas, portanto não entra ou sai
massa durante esse deslocamento. Conforme o pistão se desloca, há uma tendência de
aumento do volume da câmara entre as válvulas, e consequentemente, uma redução na
pressão no interior da bomba, o que implica em deslocamento da extremidade do tubo.
Na condição inicial, o volume morto fica preenchido por óleo (Voi), gás (Vgi) e
água (Vai), nas condições de pressão de descarga e temperatura igual à da formação. Ou
seja:
pmaigioi AeVVV (3.8)
Em que
TpBVV dooiscoi , (3.9)
TpBTpRRGOVV dgdsoiscgi ,,'1781,0 (3.10)
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 24
),( TpBRAOVV dwoiscai (3.11)
Onde RGO’ é a razão gás-óleo de produção do fluido que circula através da
bomba de fundo, em scf/stb; Rs é a razão de solubilidade, em scf/stb; RAO é a razão
água-óleo de produção, adimensional; Bo, Bg e Bw são os fatores volume de formação
para o óleo, o gás e a água, respectivamente, sendo todas estas variáveis adimensionais.
A constante 0,1781 é utilizada para converter ft³ em bbl.
Assim, conhecendo-se a pressão de descarga, é possível determinar o volume de
óleo, medido em condições padrão, contido no espaço morto, dado por:
),(.),(),('1781,0),( TpBRAOTpBTpRRGOTpB
AeV
dwdgdsdo
pmoisc
(3.12)
O comprimento correspondente a esse volume, no interior da bomba de fundo é:
),(.),(),('1781,0),( TpBRAOTpBTpRRGOTpB
eL
dwdgdsdo
moisc
(3.13)
Entre t e t1, as válvulas permanecem fechadas, portanto o volume correspondente
à distância Lv(t) é preenchido pelos mesmos fluidos presentes na condição inicial. Em t1,
a pressão no interior da bomba atinge a pressão de sucção com a válvula de pé a
iminência de abrir. Podemos escrever:
),(.),(),('1781,0),()( 1 TpBRAOTpBTpRRGOTpBLtL swsgsssooiscv (3.14)
O valor do deslocamento do pistão para t = t1 é obtido por:
111 )()( teetLtu tmv (3.15)
Assim, dado t < t1 e u(t) < u(t1), a distância entre as válvulas será função da
pressão no interior da bomba:
),(.),(),('1781,0),()( TpBRAOTpBTpRRGOTpBLtL bwbgbsbooiscv (3.16)
Substituindo Lv(t) da Equação 3.7 na Equação 3.16, vem:
teetuTpBRAOTpBTpRRGOTpBL tmbwbgbsbooisc )(),(.),(),('1781,0),( (3.17)
A pressão no interior da bomba correspondente a um deslocamento u(t) pode ser
calculada resolvendo numericamente a Equação 3.17.
Para t1 < t < tc/2, a pressão no interior da bomba atinge valores ligeiramente
menores que a pressão de sucção e a válvula de pé abre. À medida que o pistão sobe, o
fluido do anular entra na bomba e ocupa o espaço entre a válvula de passeio e a válvula
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 25
de pé. Desprezando-se a perda de carga na válvula de pé, a pressão no interior da bomba
pode ser aproximada por:
sb pp (3.18)
Como a pressão no interior da bomba de fundo permanece constante e
aproximadamente igual à pressão de sucção, a elongação da coluna de produção será
constante e dada pela Equação 3.3. A distância entre as válvulas da bomba de fundo é
dada pela Equação 3.7. A distância máxima entre as válvulas ocorrerá quando u(t) = Sp:
1maxteeSL tmpv (3.1
9)
Se o nível dinâmico H é menor que a profundidade da bomba L, considera-se
que o fluido que entra na bomba tem uma dada razão gás-óleo RGO’, função da RGO de
produção e da eventual separação de gás no fundo do poço. Porém quando o nível
dinâmico atinge a profundidade da bomba, pode ocorrer a entrada de gás extra
proveniente do espaço anular.
3.2. Curso Descendente
As válvulas de passeio e de pé permanecerão fechadas até que a pressão no
interior da bomba supere ligeiramente a pressão de descarga. Na iminência de abrir, a
pressão no interior da bomba é igual à pressão de descarga. A elongação na coluna de
produção será nula, pela Equação 3.2 e, portanto, a distância entre as válvulas será:
),(.),(),('1781,0),()( 2 TpBRAOTpBTpRRGOTpBLtL dwdgdsdoofscv (3.20)
Onde t2 é o tempo requerido para a válvula de pé estar na iminência de abrir. O
deslocamento correspondente do pistão requerido para a abertura da válvula de passeio
será:
mv etLtu )()( 22 (3.21)
Se u(t2) < 0, o que equivale a Lv(t2) < em, haverá bloqueio de gás porque o
espaço morto foi definido como a distância mínima entre as válvulas. O deslocamento
u(t) deve ficar restrito ao intervalo 0 ≤ u(t) ≤ Sp.
Para tc/2 < t < t2, a pressão no interior da bomba é obtida resolvendo-se
numericamente a equação:
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 26
teetuTpBRAOTpBTpRRGOTpBL tmbwbgbsboofsc )(),(.),(),('1781,0),( (3.22)
Para t ≥ t2, a pressão no interior da bomba de fundo é aproximadamente igual à
pressão de descarga.
Em qualquer instante, a força que atua no pistão é dada por:
1rdpbd ApAppF (3.23)
3.3. Interferência de gás
Quando o reservatório tem condições de alimentar a bomba com uma vazão
igual ou superior a sua capacidade e com presença de gás livre na bomba, ao final do
curso ascendente, a bomba contém um comprimento equivalente de óleo Lofsc dado por:
),(.),(),('1781,0),(
max
TpBRAOTpBTpRRGOTpB
LL
swsgssso
vofsc
(3.24)
Este valor não pode ser menor que o Loisc, visto que eventuais vazamentos são
desprezados nesse modelo.
A vazão da fase líquida através da bomba de fundo qlsc será:
2)1)((1166,0 DRAOLLNq oiscofsclsc (3.25)
Em que D é o diâmetro do pistão da bomba de fundo.
Esta vazão deve ser coerente com a vazão prevista para o reservatório pela curva
de IPR. Se o reservatório não alimenta adequadamente a bomba, esta tende a esvaziar o
anular e começar a succionar o gás ali presente, podendo ocasionar a falha comumente
denominada por “pancada de fluido”.
3.4. Pancada de Fluido
Quando o nível dinâmico atinge a sucção da bomba, o volume de óleo que passa
a penetrar na bomba, a cada ciclo, limita-se ao volume de óleo produzido pela formação
durante um ciclo de bombeio. O comprimento equivalente de óleo final no interior da
bomba será:
opscoiscofsc LLL (3.26)
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 27
Em que Lopsc é o comprimento equivalente, em polegadas, de óleo produzido
durante um ciclo de bombeio, dado por:
)1(08422,0 wcoscopsc ftQL (3.27)
Sendo Qosc, a vazão de óleo do reservatório em condições padrão em STB/d, e
fw, o corte de água (BSW).
Ao final do curso ascendente, a distância entre as válvulas é preenchida com
líquido e gás numa pressão média aproximadamente igual à pressão de gás no
revestimento (supondo anular fechado, ou seja, não há admissão na bomba de ar
atmosférico). A nova razão gás-óleo RGO’’ (maior que RGO’) no interior da bomba
pode ser calculada a partir da Equação 3.28:
),(),(1781,0
),(.),(
''
max
TpRTpB
TpBRAOTpBL
L
RGO sssg
swsoofsc
v
(3.28)
Com Lofsc dado pela Equação 3.24. A RGO” deve ser usada para a previsão do
comportamento da bomba nos cursos ascendente e descendente.
O volume do espaço anular é muito maior que o volume deslocado pelo pistão a
cada ciclo. O volume succionado do anular é apenas uma fração do volume deslocado.
Portanto, o volume succionado, por ciclo, é praticamente desprezível em relação ao
volume do espaço anular. Assim, com o passar do tempo, há uma leve tendência de
redução na pressão do anular, mas esta deve ocorrer de forma cada vez mais lenta,
porque, conforme diminui a pressão, menor massa de gás é requerida para o
preenchimento de um mesmo volume na bomba.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 29
4. Simulador de Bombeio Mecânico
O simulador computacional foi desenvolvido sobre a plataforma Microsoft Office
Excel usando a linguagem de programação Visual Basic for Applications (VBA). O
software reproduz o comportamento de um poço equipado com Bombeio Mecânico pela
integração dos modelos de movimento da haste polida, do comportamento da bomba de
fundo, do comportamento elástico das hastes de bombeio e da interação do poço com o
reservatório.
4.1. Interface gráfica e funcionalidades
A interface gráfica do simulador computacional foi desenvolvida com foco no
agrupamento das informações de entrada. Assim, a interface gráfica apresenta
categorias que agrupam informações com características em comum. A Figura 4.1
ilustra a interface gráfica do Simulador de Bombeio Mecânico desenvolvido.
Figura 4.1 - Interface Gráfica do Simulador de BM
A inserção de informações para simulação é realizada por meio de 4 botões,
ilustrados na Figura 4.2. Sendo no primeiro botão informados os dados referentes às
propriedades dos fluidos; no segundo botão são informadas as condições operacionais
do sistema de bombeio mecânico; no terceiro botão, permite-se informar os dados
relativos à produtividade do reservatório e no quarto botão são informados os dados dos
equipamentos instalados.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 30
Figura 4.2 - Categoria de informações de entrada
Cada um destes botões possui um formulário de entrada de dados
correspondente. Os formulários de entrada de dados devem ser preenchidos com as
informações pertinentes e imprescindíveis de cada categoria para realização da
simulação. Conforme ilustra as Figura 4.3 a 4.5.
Figura 4.3 - Dados de entrada: propriedades dos fluidos e condições operacionais
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 31
Figura 4.4 - Entrada de dados: produtividade do reservatório
Figura 4.5 - Entrada de dados: equipamento instalado
Os dados informados pelo usuário são inspecionados para verificação da
existência e consistência. Em caso de informações coerentes, os formulários de entrada
de dados são programados a permitir o prosseguimento da utilização da ferramenta,
enquanto que, no caso de informações incoerentes, os formulários estão programados a
impedir o prosseguimento da utilização da ferramenta. A seguir é ilustrado como
procede à programação para ambos os casos: Figura 4.6, para dados informados
coerentes e, Figura 4.7, para dados informados incoerentes.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 32
Figura 4.6 - Funcionamento do simulador em relação a dados informados coerentes
Figura 4.7 - Funcionamento do simulador em relação a dados informados incoerentes
Outras grandezas de entrada também possuem limitações físicas e, para tanto, a
ferramenta atuará de maneira similar ao ilustrado nas Figuras 4.6 e 4.7. A Tabela 4.1
apresenta algumas das grandezas de entrada e suas respectivas limitações incorporadas à
ferramenta de simulação.
Tabela 4.1 - Grandezas e limites
GRANDEZAS LIMITES USADOS
Grau API 0 - 90
BSW e Eficiência de Separação 0 - 100
RGO, viscosidade, pressões e outros. > 0
Densidade da Água 0,9 – 1,1
Densidade do gás ≥ 0,56
Velocidade de Bombeio (CPM) 6 - 20
Nível Dinâmico Inicial (m) 0 – Profundidade da bomba
Coeficiente de amortecimento
adimensional (GIBBS) ≥ 0
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 33
A execução e a pausa do algoritmo de simulação são feitas por um único botão
com duas faces (play e pause). A opção de pausar integra tanto a parada da simulação
como também mantém o histórico de simulação registrado, permitindo a retomada desta
mesma simulação posteriormente. Há ainda a opção de limpar o histórico de dados de
simulação no botão reset. E no botão config pode-se configurar a simulação,
contemplando desde fator de aceleração no tempo da simulação a ajuste de coeficiente
de amortecimento adimensional.
Figura 4.8 - Play, pause, reset e config
A interface gráfica do simulador computacional agrega ainda uma imagem
ilustrativa de um poço equipado com sistema de bombeio mecânico, sendo apresentados
alguns dados de entrada (valores estáticos) e outros dados de saída provenientes das
saídas do algoritmo de simulação (valores dinâmicos), conforme Figura 4.1. E, com o
objetivo de acompanhar o desempenho operacional do sistema de elevação, há uma
tabela com variáveis dinâmicas do processo, conforme apresenta a Figura 4.9.
Figura 4.9 - Exibição de variáveis dinâmicas de processo
VARIÁVEIS DINÂMICAS
Número de Ciclos [Nc] 3
Tempo de Ciclo [Tc] 5,45 s
Nível Dinâmico [ND] 829,89 m
Carga Máxima [PPRL] 8032,04 lbf
Carga Mínima [MPRL] 1203,06 lbf
Tensão Máxima [Smax] 18180,86 lbf/in²
Tensão Mínima [Smin] 2723,17 lbf/in²
Tensão Máxima Admissível [Sadm] 24014,76 lbf/in²
Torque Máximo [PT] 146823,19 lbf.in
Potência na haste polida [PRHP] 6,73 hp
Curso Efetivo da Haste Polida [S] 85,96 in
Curso Efetivo do Pistão [Sp] 82,39 in
Pressão de Fluxo no Fundo [Pwf] 0,00 kgf/cm²
Vazão de Reservatório [Qres] 21,67 m³/d
Espaço morto dinâmico [Em] 0,30 m
Deslocamento Volumétrico [PD] 37,79 m³/d
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 34
4.2. Discretização da condição de contorno de fundo
A condição de contorno de fundo, conforme já mencionado, é um modelo para
funcionamento da bomba de fundo, com possibilidade de presença de gás, tubing não
ancorado e enchimento parcial. Ela exigiu uma nova abordagem matemática para
discretização e será descrita neste capítulo.
As Equações 4.1 até 4.9 são utilizadas no processo iterativo para calcular a
velocidade do pistão e a força na extremidade inferior da coluna de hastes. Isto é
necessário porque, no caso da bomba de fundo, a carga e a velocidade do pistão são
variáveis reciprocamente dependentes.
O deslocamento do pistão pode ser calculado por:
pjp
jp uuu 1
(4.1)
Sendo 1j
pu a posição atual do pistão, jpu
a posição anterior do pistão e pu o
deslocamento do pistão no instante de tempo considerado (Δt).
com
tvv
u
jp
jp
p
2
1
(4.2)
e
NPC
N
NPC
tt c /60
(4.3)
Lembrando que N é a velocidade de bombeio, NPC é o número desejado de
pontos da carta dinamométrica, jpv é a velocidade anterior do pistão e
1jpv é a
velocidade atual do pistão.
A velocidade atual do pistão 1j
pv é desconhecida, contudo sabemos que a
velocidade do pistão é limitada pela velocidade da haste polida (supondo movimento do
pistão undertravel), tanto em sentido ascendente quanto em sentido descendente. Sendo
assim, o valor de 1j
pv deve ser investigado no intervalo:
polidahaste
jchutep vv
_max,1
,
(4.4)
logo,
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 35
02
,
20,
1,
1,
jchutep
jchutep
vS
edescendentSe
SvascendenteSe
(4.5)
Em que ω é a velocidade angular dada pela Equação 4.6 e S é o curso da haste
polida.
602
N (4.6)
Inicia-se com 01
, jchutepv e calcula-se a posição atual do pistão 1j
pu .
Já a pressão no interior da bomba de fundo pb é calculada numericamente em
função do sentido:
)(),(.),(),('178,0),(,
),(.),(),('178,0),(,
1
1
teeuTpBRAOTpBTpRRGOTpBLedescendentSe
teeuTpBRAOTpBTpRRGOTpBLascendenteSe
tmjpbwbgbsboofsc
tmjpbwbgbsbooisc
As equações acima para cálculo da pressão no interior da bomba em curso
ascendente e descendente já foram abordadas no capítulo 3 e lá receberam as
numerações 3.17 e 3.22.
A força no ponto de enroscamento do pistão na coluna de hastes é dada por:
1rdpbd ApAppF (4.7)
Em que pd é a pressão de descarga da bomba, Ap é a área da seção transversal do
pistão e Ar1 é a área da seção transversal da haste de bombeio imediatamente acima da
bomba.
Já a velocidade do pistão pode ser calculada por:
tAE
xFFvv
rr
jjjr
jp
)( 11
11
(4.7)
Em que 1
1j
rv é a velocidade atual da haste imediatamente acima da bomba,
1jF
é a força atual sobre o pistão, jF é a força anterior sobre o pistão, Er é o modulo de
elasticidade das hastes de bombeio e Ar é a área da seção transversal da hastes de
bombeio.
Utilizando o mesmo critério de estabilidade definido por Laine (1990) para o
modelo numérico, podemos determinar Δx:
at
x
(4.8)
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 36
Em que a é a velocidade do som nas hastes de bombeio.
Por fim, o valor da velocidade atual do pistão 1jpv é encontrado quando
satisfeita a condição:
tolvvj
chutepjp
1,
1 (4.9)
Sendo tol = 0.000001.
Caso contrário, um novo valor de 1jpv é escolhido dentro do intervalo
apresentado na Equação 4.5 e repetido o procedimento de cálculo até que a condição
proposta na Equação 4.9 seja atendida.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 38
5. Resultados e discussões
5.1. Validação do modelo para simulação do funcionamento de um poço
equipado com BM
A validação do modelo de funcionamento da bomba de fundo e da sua
incorporação a Equação de Onda Amortecida foi realizada pela comparação entre as
cartas dinamométricas previstas pelo modelo e as cartas dinamométricas coletadas do
Sistema Supervisório para Automação da Elevação (SISAL).
O SISAL foi concebido para supervisionar poços com diferentes métodos de
elevação e diferentes equipamentos de automação (MEDEIROS, 2011). O SISAL
supervisiona atualmente mais de 7000 poços pelo Brasil e é fruto de uma parceria da
PETROBRAS e UFRN através do Projeto AUTOPOC (Automação de poços).
No SISAL, os dados das cartas de superfície são provenientes de medições por
células de carga e as cartas dinamométricas de fundo são calculadas pelo modelo
matemático de Barreto Filho (1993) para poços verticais e Araujo Junior (2014) para
poços direcionais. Já que, conforme mencionado anteriormente, medições realizadas
diretamente no fundo do poço apresentam dificuldades técnicas e custos elevados.
Embora as medições não sejam realizadas diretamente por sensores na bomba de
fundo, as cartas dinamométricas coletadas no SISAL podem ser consideradas, sem
prejuízo, uma referência razoável para avaliar a qualidade do modelo em reproduzir a
operação de um poço equipado com sistema de Bombeio Mecânico.
5.2. Crítica aos dados de campos
A Razão Gás-Óleo (RGO) não é medida, mas estimada para o campo. Assim, foi
necessário ajustar o valor da RGO para obter melhor representação dos poços que
indicavam claramente ocorrência de interferência de gás.
Alguns valores foram assumidos, na falta de dados medidos diretamente por
instrumentos, como é o caso do espaço morto, da viscosidade e da densidade do gás.
Espaço morto = 12 in;
Viscosidade do fluido = 1 cp;
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 39
Densidade do gás = 0,7;
Coeficiente de amortecimento adimensional = 0,1.
Há incertezas quanto à calibração das células de carga e parametrização (spam,
ganho, topo de curso etc). E devido ao caráter esporádico, as medições de nível
dinâmico não constam entre os dados coletados. Assim, os valores de nível dinâmico
serão ajustados de modo a compatibilizar a carta calculada com a carta coletada.
5.3. Dados dos poços
Dados amostrais de 6 poços verticais equipados com sistema de Bombeio
Mecânico da Bacia Potiguar:
Tabela 5.1 - Dados coletados dos poços
POÇOS
DADOS COLETADOS 1 2 3 4 5 6
Ancoragem do tubing Sim Não Sim Não Sim Não
Velocidade de bombeio (CPM) 7,1 9,7 8,3 7,9 8,5 10,7
Curso da haste polida (pol) 39,8 23,1 54 63,1 75,4 74
Profundidade da bomba (m) 714 657 1168 777,5 751 725
Nível Dinâmico (m) * 620 626 980 778 751 725
Pressão no revestimento (kgf/cm²) 0 1 2,2 3,5 0 0
Pressão na cabeça (kgf/cm²) 6 1 2,2 3,5 1,5 6
Diâmetro do pistão (pol) 1,75 1,9 2,25 1,75 2,25 2,25
Diâmetro externo do tubing (pol) 2,875 2,375 2,875 2,375 2,875 2,875
Diâmetro interno do tubing (pol) 2,441 1,995 2,441 1,995 2,441 2,441
Grau API 29,9 34,95 25,56 40 31,69 28,38
RGO (m³/m³) 1 1 31 32,4 1 1
BSW (%) 73,9 74,9 71,6 84 90,1 94,7
Densidade da água 1,05 1 1,05 1,05 1,07 1,02
Vazão do reservatório (m³/d) * 10,3 26 39,4 37,2 15 15
*Ajustado por falta de dados;
5.4. Validação e análise
A validação do modelo e de sua incorporação a equação de onda amortecida foi
realizada comparando o formato das cartas dinamométricas coletadas no SISAL e suas
correspondentes previstas por meio da simulação dos poços usando o modelo proposto.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 40
a) Poço com enchimento completo da bomba e tubing ancorado.
Figura 5.1 - Poço 1
b) Poço com enchimento completo da bomba e tubing não ancorado.
Figura 5.2 - Poço 2
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
-10 0 10 20 30 40 50
CA
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AST
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OLI
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(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
-10 0 10 20 30 40
CA
RG
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IST
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f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
-5 0 5 10 15 20 25
CA
RG
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f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
-5 0 5 10 15 20
CA
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IST
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(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 41
c) Poço com interferência de gás e tubing ancorado.
Figura 5.3 - Poço 3
d) Poço com interferência de gás e tubing não ancorado.
Figura 5.4 - Poço 4
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
-10 0 10 20 30 40 50 60
CA
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f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
-10 0 10 20 30 40
CA
RG
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f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-10 10 30 50 70
CA
RG
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f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
-10 10 30 50 70
CA
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f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 42
e) Poço com enchimento parcial da bomba e tubing ancorado.
Figura 5.5 - Poço 5
f) Poço com enchimento parcial da bomba e tubing não ancorado.
Figura 5.6 - Poço 6
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
-20 0 20 40 60 80
CA
RG
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f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
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-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
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-20 0 20 40 60 80
CA
RG
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f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
-20 0 20 40 60 80
CA
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f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
-20 0 20 40 60 80
CA
RG
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IST
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(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 43
Tabela 5.2 – Resumo dos dados extraídos das cartas dinamométricas
VARIÁVEL*
Poços
1 2 3
Modelo SISAL Erro**
(%) Modelo SISAL
Erro** (%)
Modelo SISAL Erro**
(%)
PPRL (lbf) 5862,3 5659 3,6 5883,3 5408 8,8 10982,4 11520 4,7
MPRL (lbf) 2524,1 2532 0,3 2123,1 2432 12,7 3609,8 3696 2,3
PRHP (hp) 1,58 1,419 11,3 1,217 1,099 10,7 2,701 2,939 8,1
Fo (lbf) 2342,9 2385,15 1,8 2436 2558,9 4,8 5513,9 6767,1 18,5
St (in) 34,99 36 2,8 18,58 19,35 3,9 30,58 31,81 3,9
Su (in) 34,99 34,58 1,2 17,37 17,95 3,2 15,44 15,32 0,8
et (in) 0 0 - 1,21 1,46 17,1 0 0 -
4 5 6
Modelo SISAL
Erro**
(%) Modelo SISAL
Erro**
(%) Modelo SISAL
Erro**
(%)
PPRL (lbf) 6368,4 6704 5,0 9749,8 9616 1,4 9633 9408 2,4
MPRL (lbf) 1862,5 2080 10,4 1542,7 2896 46,7 514 1872 72,5
PRHP (hp) 1,232 1,564 21,2 6,835 5,9 15,8 8,027 6,504 23,4
Fo (lbf) 2617,1 3271,1 20,0 4546,9 5113,6 11,1 4492,9 5051 11
St (in) 58,58 57,15 2,5 65,96 68,12 3,2 65,86 67,48 2,4
Su (in) 12,99 12,22 6,3 53,37 49,23 8,4 44,8 43,34 3,4
et (in) 1,73 1,86 7,0 0 0 - 3,398 3,03 12,1
* A obtenção de parâmetros operacionais a partir de cartas dinamométricas será apresentada no Anexo A.
** Erro relativo percentual: ε = 100.|valor_calculado – valor_medido|/valor_medido.
Os casos estudados mostram que há pouca divergência tanto no formato das
cartas quanto na magnitude dos valores de deslocamento e carga entre as cartas
dinamométricas previstas e medidas, conforme observado na Tabela 5.2. Mais casos
estudados estão devidamente documentados no Anexo B deste documento.
Diante dos poços estudados, a nova modelagem da bomba representa
adequadamente as principais condições operacionais da bomba de fundo. Vale destacar
ainda que a representatividade do modelo não foi tão prejudicada apesar de importantes
efeitos negligenciados, tais como presença de parafina, vazamento nas válvulas da
bomba, atrito na bomba, atrito da haste polida no stuffing box, entre outros.
A comparação visual permite ainda observar a presença de uma divergência
sistemática entre os dois grupos de cartas de superfície relacionada a oscilações nas
cargas, as quais são visivelmente atenuadas nas cartas medidas.
Costa (1995) explica que o próprio fenômeno físico e as equações diferenciais
que o descreve indicam que as oscilações, de fato, existem. Quanto à atenuação visível
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 44
das cargas nas cartas dinamométricas de superfície medidas podem estar relacionadas à
inércia dos instrumentos de medição, a falta calibração das células de carga ou até
mesmo devido ao aperto da borracha de vedação.
Ainda na tentativa de atenuar as vibrações da carta de superfície, foram
realizados testes com o poço para diferentes valores de coeficiente de amortecimento
adimensional (v), usando a faixa entre 0,05 e 0,15 conforme recomenda Costa (1995).
Os resultados podem ser visualizados nas Figuras 5.7, 5.8 e 5.9, onde se observa que
para valor de v alto ocorre maior atenuação das vibrações na carga, no entanto introduz
erros no cálculo dos parâmetros operacionais de projeto. Por exemplo, a potência na
haste polida, que pode ser calculado em função da área interna da carta de superfície, é
um parâmetro operacional consideravelmente afetado.
Figura 5.7 – Poço simulado com v = 0.05
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80
CA
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CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL) CARTA DE SUPERFÍCIE
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 45
Figura 5.8 - Poço simulado com v = 0.1
Figura 5.9 - Poço simulado com v = 0.15
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
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10000
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80
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DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL) CARTA DE SUPERFÍCIE
0
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DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL) CARTA DE SUPERFÍCIE
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 47
6. Conclusões e Recomendações
Conclusões
Através da comparação com uma amostra de 14 poços verticais da bacia
potiguar, o modelo para previsão do funcionamento da bomba e sua incorporação como
condição de contorno da Equação de Onda Amortecida proposta por Gibbs garantiram
uma significativa representatividade dos fenômenos que ocorrem no sistema de
bombeio mecânico e particularmente na bomba de fundo.
As cartas de fundo previstas revelaram uma adequada representação qualitativa e
quantitativa dos fenômenos, embora haja outros efeitos que podem ser incluídos no
modelo que o tornem ainda mais preciso. As cartas de superfície previstas apresentaram
formato semelhante quando comparadas as cartas de superfície medidas, perturbada
somente pelas vibrações de carga.
Por fim, a ferramenta de simulação construída agregou inúmeras
funcionalidades, tais como: simulação da movimentação da unidade de bombeio,
simulação do comportamento da bomba de fundo e simulação do comportamento das
hastes de bombeio. Gerando um registro de programa de computador com n° BR 51
2017 000530-3.
Recomendações
O modelo de bomba de fundo representou as condições operacionais mais
rotineiras deste equipamento. Apesar disso, recomendo que em trabalhos futuros, outros
fenômenos sejam incluídos ao modelo para aprimorar a representação dos fenômenos
físicos.
O coeficiente de amortecimento tem papel crucial na previsão das cartas de
superfície, tornando imprescindível um cálculo preciso para esta variável, que neste
trabalho foi calculado por meio da soma das equações propostas por Gibbs (1963) e Lea
(1990). Sugiro que trabalhos porvir façam uma estimação mais precisa deste coeficiente
e aproximem ainda mais a previsão ao fenômeno físico.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 49
7. Referências Bibliográficas
ALHANATI, F.J.S. Modelo de previsão de comportamento de bombeio mecânico. Rio
de Janeiro: Petrobrás, 1988.
ARAUJO JUNIOR, A. P. Cálculo da carta dinamométrica de fundo para poços
direcionais, 2014. 45 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Engenharia de Petróleo),
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Departamento de
Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.
BARRETO FILHO, M. A. Geração de carta dinamométrica de fundo para diagnóstico
de bombeio mecânico em poços de petróleo, 1993. 191 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia de Petróleo), Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Petróleo,
Departamento de Engenharia de Petróleo, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, São Paulo, 1993.
BASTIAN, M., KEATING, J. & JENNINGS, J.W. A Method to find the viscous
damping coefficient and a faster diagnostic model, 1990. 37th Annual Southwestern
Petroleum Short Course, Lubbock (April 18-19, 1990) 255-271.
CAMPOS, F. P. S. C. Estudo e especificação de um sistema de instrumentação para
unidades de elevação de petróleo utilizando tecnologia sem fio, 2006. 77 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Elétrica) Programa de Pós-Graduação Engenharia Elétrica,
Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2006.
COSTA, R. O. Bombeamento mecânico alternativo em poços direcionais, 1995. 171 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Petróleo), Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Petróleo, Departamento de Engenharia de Petróleo, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, 1995.
COSTA, R. O. Curso de Bombeio Mecânico. Petrobras, 2008.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 50
COSTA, R. O. Controle aplicado a poços com método de elevação bombeio centrífugo
submerso, 2012. 128 f. Tese (Doutorado em Ciência e Engenharia de Petróleo),
Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Departamento de
Engenharia de Petróleo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012.
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Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 51
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Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 53
ANEXO A
Obtenção de parâmetros operacionais a partir de cartas dinamométricas.
CARTA DE SUPERFÍCIE
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 54
ANEXO B
Outros poços verticais estudados e utilizados na validação do modelo.
Tabela A.1 - Dados coletados dos poços
POÇOS
DADOS COLETADOS 7 8 9 10 11 12 13 14
Ancoragem do tubing Sim Não Não Sim Sim Sim Não Não
Velocidade de bombeio (CPM) 9,3 8,33 10,8 9,4 11,5 10,7 8,5 10,1
Curso da haste polida (pol) 38,8 47,3 78,1 44,5 52,4 65,1 103 100
Profundidade da bomba (m) 709 710 736 721 694 715 645 724
Nível Dinâmico (m) * 570 660 600 721 694 700 645 715
Pressão no revestimento (kgf/cm²) 0 0 2 0 0 0 0 0
Pressão na cabeça (kgf/cm²) 1,5 1,5 11 0 2 0 0 1,5
Diâmetro do pistão (pol) 2,25 1,75 2,25 1,75 1,75 2,25 2,75 2,75
Diâmetro externo do tubing (pol) 2,875 2,375 3,5 2,875 2,875 2,875 3,5 3,5
Diâmetro interno do tubing (pol) 2,441 1,995 2,992 2,441 2,441 2,441 2,992 2,992
Grau API 29,26 32 31,8 36,02 30,58 31,96 31,22 34,59
RGO (m³/m³) 1 1 1 1 0 1 1 1
BSW (%) 89,7 93,3 96,4 73,5 96,6 93 98,1 96,4
Densidade da água* 1,07 1,02 1,07 1,07 1,07 1 1,07 1,07
Coeficiente de Amortecimento adimensional
0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Vazão do reservatório (m³/d) * 7,7 12,5 6,8 10,9 12 14,3 15 29
*Ajustado por falta de dados;
** Modificado para compatibilizar.
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 55
Enchimento Completo da Bomba
Figura A.1 - Poço 7
Figura A.2 - Poço 8
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
-10 0 10 20 30 40 50
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
-10 0 10 20 30 40
CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
-10 0 10 20 30 40 50
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1000
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
-5 5 15 25 35 45 CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 56
Figura A.3 - Poço 9
Enchimento Parcial da Bomba
Figura A.4 - Poço 10
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
-20 0 20 40 60 80 100
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
-20 0 20 40 60 80 CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-10 0 10 20 30 40 50
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
-10 0 10 20 30 40 50
CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 57
Figura A.5 - Poço 11
Figura A.6 - Poço 12
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-10 0 10 20 30 40 50 60
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-500
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
-10 0 10 20 30 40 50 60
CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
-10 0 10 20 30 40 50 60 70
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
Raphael Eliedson da Silva, novembro de 2017 58
Figura A.7 - Poço 13
Figura A.8 - Poço 14
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
-10 40 90
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-20 0 20 40 60 80 100
CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
-10 10 30 50 70 90 110
CA
RG
A N
A H
AST
E P
OLI
DA
(lb
f)
DESLOCAMENTO DA HASTE POLIDA (in)
CARTA DE SUPERFÍCIE (SISAL)
CARTA DE SUPERFÍCIE
-2000
-1000
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-20 0 20 40 60 80 100
CA
RG
A N
O P
IST
ÃO
(lb
f)
DESLOCAMENTO DO PISTÃO (in)
CARTA DE FUNDO (SISAL)
CARTA DE FUNDO