estudo de medidas não estruturais para controle de inundações urbanas

Upload: paula-oliveira

Post on 01-Mar-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    1/22

    69

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    CDD: 627

    ESTUDO DE MEDIDAS NO-ESTRUTURAIS PARACONTROLE DE INUNDAES URBANAS

    A STUDY OF NON-STRUCTURAL MEASURESOF FLOODCONTROL IN URBAN AREAS

    ALCEU GOMES DE ANDRADE FILHO1

    MARCOS ROGRIO SZLIGA1

    CAROLINA FERREIRA ENOMOTO2

    1 Professor do Departamento de Engenha-ria Civil da UEPG2 Acadmica do Curso de Engenharia Ci-vil, voluntria do Programa de Iniciao Ci-entfica do CNPq

    RESUMO

    O Brasil est vivenciando um processo de urbanizao dos mais intensivosj observados. O aumento populacional impulsionou uma srie de elementos, comoo aumento das reas impermeabilizadas. Isto traz como conseqncias o aumentodas reas impermeveis, modificaes no sistema de drenagem anteriormenteexistente, incremento das velocidades de escoamento superficial reduzindo os temposde pico de enchentes, amplificando-os, e, reduzindo a recarga do lenol fretico.

    Os sistemas de drenagem urbana so sistemas preventivos de inundaes,principalmente nas reas mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos oumarginais de cursos naturais de gua. evidente que no campo da drenagem, os

    problemas agravam-se em funo da urbanizao desordenada.O controle de enchente significa o gerenciamento do excesso de gua. Ele

    dividido em dois conceitos: Gerenciamento das reas de enchente e Gerenciamentoda gua pluvial urbana.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    2/22

    70

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    As medidas no-estruturais visam a melhor convivncia da populao comas enchentes e so de carter preventivo. Podem ser agrupadas em:

    Regulamento do uso da terra;Construes prova de enchentes;Seguro de enchente;Previso;Alerta de inundao.A primeira fase do estudo se constituiu numa reviso da literatura na qual

    buscou-se elencar e caracterizar diversos tipos de solues no-estruturais.Na segunda fase as solues foram classificadas de acordo com o cenrio de

    ocupao da bacia hidrogrfica (bacias no-urbanizadas, parcialmente urbanizadae urbanizadas).

    Na terceira fase escolheu-se a Bacia do Arroio de Olarias em Ponta Grossa,Paran para simulao de alguns solues no estruturais.

    Palavras-chave: inundao, medidas no-estruturais, enchentes, drenagem

    1. Introduo

    Enchente no , necessariamente, sinnimo de catstrofe. apenas

    um fenmeno natural dos regimes dos rios. No existe rio sem enchente.Por outro lado, todo e qualquer rio tem sua rea natural de inundao. Asinundaes passam a ser um problema para o homem quando ele deixa derespeitar os limites naturais dos rios.

    A urbanizao agrava os efeitos da chuva e traz consigo o conceitode canalizar e tornar subterrneo tudo o que se quer esconder. No sculo 19o conceito de canalizar foi adotado; isto foi caracterizado pela construode vastas redes subterrneas, nas quais a drenagem da gua foi equacionadausando a fora da gravidade, resultando numa rpida descarga nas reasurbanas.

    J no comeo do sculo 20, o conceito de canalizar foi melhorado

    pelo desenvolvimento dos modelos matemticos, hidrolgicos e hidruli-cos, e, numa anlise estatstica de eventos extremos. Ento, a partir deste, oconceito de separar o esgoto das guas da chuva foi amplamente implanta-do.

    Aps os anos 50 e como resultado da intensa urbanizao, uma crisenestes sistemas foi observada, e as conseqncias ainda esto acontecendo.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    3/22

    71

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    Nos anos 70, o conceito de solues alternativas e compensatrias para adrenagem urbana foi adotado, principalmente na Europa e na Amrica doNorte. Estas solues ajudam na compensao dos efeitos da urbanizaoprogressiva sobre os processos hidrolgicos. Atualmente conceitos de pre-servao do meio ambiente e da qualidade de vida tambm tm sido leva-dos em considerao.

    Com esse histrico pode-se perceber como o aumento da densidadepopulacional de uma comunidade traz como conseqncias problemas deordem quantitativa na demanda de gua para abastecimento pblico, au-

    mento na gerao de resduos slidos, poluio do lenol fretico, deterio-rao da qualidade dos corpos dgua, deteriorao da qualidade do ar, oque gera problemas de poluio ambiental. J o aumento da densidade deocupao por edificaes e obras de infra-estrutura viria, por sua vez, trazcomo conseqncias diretas o aumento das reas impermeveis, modifica-es no sistema de drenagem anteriormente existente, incremento das velo-cidades de escoamento superficial reduzindo os tempos de pico de enchen-tes, amplificando esses picos, e, reduzindo as vazes de recarga do lenolfretico.

    A urbanizao pode causar diversos impactos sobre o local na qual aplicada. Os impactos ambientais ocorrem devido ao aumento da produo

    de sedimentos, degradao da qualidade da gua e contaminao dosaqferos e sua conseqncia compreende o assoreamento da drenagem e otransporte de substncia poluente agregada ao sedimento. Tambm ocorreo impacto no balano hdrico, pois o balano hdrico altera-se com o au-mento do volume de escoamento superficial e a reduo da recarga naturaldos aqferos e da evapotranspirao. E por fim o impacto no hidrogramade enchente pois a urbanizao diminui a infiltrao e aumenta o volumeque escoa pela superfcie.

    Um dos efeitos causados pelo impacto ambiental da urbanizao soas enchentes urbanas. Estas enchentes podem ser lentas ou rpidas, masgeralmente vo se avolumando no decorrer dos dias. Sobretudo quandorepentinas, geram elevados prejuzos materiais e podem provocar mortes.So causadas por tromba dgua, maremoto, chuva torrencial ou rompi-mento de barragens.

    Existem ainda outras causas de enchentes que so as enxurradas emdecorrncia de chuvas nas cabeceiras de rios de grande declividade. Essasenxurradas caracterizam-se pela alta velocidade das guas e pelo significa-

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    4/22

    72

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    tivo poder de destruio.Uma enchente produz situaes emergenciais e altera completamen-

    te a estrutura urbana: falta energia eltrica e gua, o abastecimento de ali-mento e de combustvel pode ser cortado, os acessos e tambm os sistemasde comunicao e transporte podem ser interrompidos. No entanto, se acomunidade estiver preparada para se comportar antes e depois das en-chentes, ela pode ajudar a aprimorar a qualidade da assistncia externa nes-ses casos e a reduzir falhas que acontecem freqentemente, como a falta deinformaes, a m avaliao das necessidades e as formas inadequadas de

    ajuda.

    1.1. Drenagem urbana

    Os sistemas de drenagem urbana so sistemas essencialmente pre-ventivos de inundaes, principalmente nas reas mais baixas das comuni-dades sujeitas a alagamentos ou marginais de cursos naturais de gua. evidente que no campo da drenagem, os problemas agravam-se em funoda urbanizao desordenada.

    Deve-se ter em mente que a melhor drenagem aquela que drena o

    escoamento sem produzir impactos nem no local nem a jusante.Para mitigar ou acabar com os problemas causados pelas inundaesutiliza-se o controle de inundaes que um conjunto de medidas que te-nham por objetivo minimizar os riscos a que as populaes esto sujeitas,diminuindo os prejuzos causados por inundaes e possibilitando o desen-volvimento urbano de forma harmnica, articulada e sustentvel. A decisoideal definida em funo da caracterstica do rio, do beneficio da reduodas enchentes e dos aspectos sociais do seu impacto. Este controle conside-ra tanto as meios estruturais quanto os no estruturais como alternativapara o fornecimento de proteo contra enchente e para a reduo dos ris-cos e importncia dos danos causados por enchentes.

    As medidas estruturais so medidas essencialmente construtivas queso projetadas para o controle de enchente e incluem a construo de repre-sas ou adufas, reservatrio de reteno, diques, barragens, melhoramentode canal de rio e canais de desvio. J as medidas no-estruturais so aquelasque defendem a melhor convivncia da populao com as enchentes e in-cluem preveno e previso de enchente, reassentamento ou relocao, alerta

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    5/22

    73

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    de enchente e evacuao, e controle do uso do solo.O gerenciamento do controle de enchente trata do excesso de gua

    que ameaa as vidas humanas, causa danos econmicos e interrompe asatividades humanas socioeconmicas normais. O conceito de controle deenchente amplamente dividido em gerenciamento das reas de enchente egerenciamento da gua pluvial urbana. O gerenciamento das reas de en-chente considera a viso integrada das medidas estruturais e no estruturaispara a diminuio dos danos causados por enchentes em uma escalaabrangente. O gerenciamento da gua pluvial urbana, alm da estrutura do

    gerenciamento das reas de enchente supracitada, tambm considera a vi-so integrada do gerenciamento do esgoto urbano e da drenagem de guapluvial.

    O controle da inundao, obtido por um conjunto de medidas estru-turais e no-estruturais, permite populao ribeirinha minimizar suas per-das e manter uma convivncia harmnica com o rio. As aes incluemmedidas de engenharia e de cunho social, econmico e administrativo.

    Os princpios para controle de inundaes urbanas so: a bacia como sistema (as medidas no podem reduzir o impacto de

    uma rea em detrimento a outra); as medidas de controle no conjunto da bacia (estruturais e no-

    estruturais); os meios de implantao do controle e enchentes so o Plano Dire-tor Urbano, as Legislaes Municipal, Estadual e Federal, e o Manual deDrenagem.

    horizonte de expanso; critrio fundamental de no ampliar a cheia natural; controle permanente (violao legislao); a educao (conscientizao e modificao); a administrao da manuteno e controle; as normas.Chow, Maidment e Mays (1988) resumiram os efeitos bem conheci-

    dos da urbanizao nos processos hidrolgicos de duas maneiras:1. A quantidade de gua aumenta na mesma proporo em que au-

    mentam as reas impermeabilizadas e como conseqncia h a reduo novolume de gua infiltrada;

    2. A velocidade da drenagem superficial e o pico de enchente au-mentam devido ao aumento da eficincia do sistema de drenagem.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    6/22

    74

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    Pode-se concluir portanto que na sistematizao hidrolgica de umarroio na rea urbana, deve-se buscar um princpio compensatrio tendocomo base as condies do sistema natural preexistente urbanizao.

    O objetivo geral deste trabalho foi estudar medidas no-estruturaisutilizadas para controle de inundaes em bacias urbanas

    2. Materiais e mtodos

    Para atingir o objetivo deste trabalho foram utilizadas seguintes li-nhas de ao: Investigou-se sobre medidas aplicveis ao controle de inun-daes em bacias urbanas, em seguida selecionou-se os tipos de solues einformaes sobre a sua eficincia, atravs da pesquisa bibliogrfica quefoi efetuada com o acervo da UEPG, Internet, trabalhos efetuados pelaNUCLEAM, etc. Estudou-se as caractersticas da bacia com dados de ca-racterizao da Bacia do Arroio de Olarias feitos pela NUCLEAM e tam-bm com consultas a trabalhos de Pesquisa e Iniciao Cientfica. Final-mente estudou-se a adequao destas medidas s bacias urbanas de PontaGrossa, utilizando-se a Bacia do Arroio de Olarias, propondo-se a seguir

    vrias medidas que lhe podero ser implantadas.

    2. 1. Bacia do Arroio de Olarias

    A Bacia do Arroio de Olarias a bacia de estudo do presente traba-lho. O Arroio Olarias o curso dgua principal da bacia, com cerca de9,60 m de comprimento e declividade total de 1,578% (cotas 935 m e 783,5m), ou seja, 15,78m/Km, possui um perfil longitudinal caracterizado pordois segmentos nitidamente distintos. O trecho inicial (cabeceiras de dre-nagens) desenvolve-se em encostas de alta declividade, ou seja, 6,625%(66,25 m/Km), com desnvel de cerca de 106 metros (cotas 935 m e 829 m)

    num trecho de aproximadamente 1.600 m (1/6 do curso total). O trechofinal desenvolve-se em baixadas sub-horizontalizadas, com declividade de0,569% (5,69 m/Km) e desnvel de 45,5 m (cotas 829 m e 783,5 m) numtrecho de 8.000 m (5/6 do curso total). A passagem de um segmento para ooutro relativamente abrupta, o que favorece o seu assoreamento por mate-riais particulados e lixo de toda natureza.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    7/22

    75

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    A Bacia do Arroio de Olarias drena uma rea total de 2.631,22 hec-tares, tendo se identificado quinze sub-bacias de importncia a serem ca-racterizadas, e, seis subdivises da bacia principal, totalizando vinte e umasubdivises estudadas.

    2. 2. Caractersticas sociais

    . As residncias do local so na maioria de padro rstico.

    . Srios transtornos de ordem sanitria o que leva a um grande ndicede mortalidade infantil.

    . Apresenta-se risco de vida pelo rpido avano do processo erosivo.

    . No h locais para o lazer.

    2. 3. Sub-bacias de estudos (Sub-bacias 1., 2, 3, 4 e 5)

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    8/22

    76

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    Caractersticas:Esto localizadas na parte alta da bacia, onde est situada a maior

    parte das nascentes da mesma.Nestas sub-bacias o processo de ocupao do solo j est bastante

    desenvolvido, tendo ocorrido sem um rigor maior com relao s condi-es de declividade acentuada em muitos trechos.

    Houve a remoo da mata ciliar em muitos locais o que provoca oaumento da poluio do leito do arroio, uma vez que no existe mais osistema de filtro natural

    O escoamento pluvial ao longo das ruas no-pavimentadas produzvaletas bastante profundas, transportando sedimentos em grandes quanti-dades.

    A impermeabilizao da bacia, gerada pelo processo de ocupao dosolo, produz dois efeitos simultneos, aumento do volume de escoamentosuperficial e reduo no tempo de retardamento da bacia, potencializandoos efeitos de enchentes a jusante.

    Com a impermeabilizao h a reduo da recarga do lenol fretico.H o lanamento de resduos slidos urbanos diretamente no arroio,

    inclusive lixo domiciliar, contribuindo muitas vezes para obstruo das tu-bulaes e do canal de escoamento.

    As guas pluviais so lanadas em muitos pontos diretamente noleito do arroio, sem utilizao de solues de dissipao de energia, desen-cadeando processos erosivos localizados.

    Devido s limitaes topogrficas e o aumento da ocupao das reasde enchente pela populao de baixa renda, o sistema de drenagem urbanaexistente que j era pouco tornou-se insuficiente para o manejo da vazo deenchente urbana de grande importncia. Alm disso, estas reas de cresci-mento rpido nas periferias de Ponta Grossa no esto equipadas com asestruturas bsicas necessrias para o gerenciamento da gua pluvial urbana.

    3. Resultados e discusso

    Medidas no-estruturais para controle de enchentes: As medidas no-estruturais defendem a melhor convivncia da populao com enchentes.No so projetadas para dar uma proteo completa, pois isso exigiria umaproteo contra a maior enchente possvel.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    9/22

    77

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    Podem ser agrupadas em: regulamento do uso da terra, construes prova de enchentes, seguro de enchente, previso e alerta de inundao.

    As medidas no-estruturais podem ser classificadas de acordo com abacia hidrogrfica na qual elas podero ser aplicadas. Constam aqui algu-mas medidas e sua descrio.

    3. 1. Bacias hidrogrficas no-urbanizadas

    3. 1. 1. Plano diretorExistem diversas questes a serem consideradas quando da confec-

    o do Plano Diretor: Os impactos de quaisquer medidas no devem ser transferidos; No se deve ampliar a cheia natural; Deve-se evitar o desmatamento das regies ribeirinhas.O Plano Diretor deve contemplar o planejamento das reas a serem

    desenvolvidas e a densificao das rea atualmente loteadas, a fim de evitarocupao sem preveno e previso, posto que dificilmente o poder pbli-co responsabilizar aqueles que estiverem ampliando a cheia.

    3. 1. 2. Zoneamento a definio de um conjunto de regras para a ocupao das reas demaior risco de inundao, visando minimizao futura de perdas materi-ais e humanas em face das grandes cheias. Apoia-se no mapeamento dasreas de inundao dentro da delimitao da cheia de 100 anos ou a maiorregistrada. Define-se a rea de acordo com o risco. A regulamentao de-pende do escoamento, topografia e do tipo de ocupao. incorporado aoPlano Diretor Urbano. Para reas j ocupadas so recomendadas transfe-rncias e/ou convivncia com os eventos mais freqentes.

    3. 2. Bacias parcialmente urbanizadas

    Durante o perodo de urbanizao, algumas medidas podem ser to-madas pela prpria administrao local, durante a implantao de certasinstalaes para a populao.

    3. 2. 1. Valos de infiltrao ( paralelos a ruas, conjuntos habitacionais,

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    10/22

    78

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    estradas)Consiste em drenar lateralmente. Concentram o fluxo das reas adja-

    centes e criam condies para a sua infiltrao ao longo do seu comprimen-to. Funciona como um reservatrio de deteno (escoamento maior que ainfiltrao). Diminui a poluio transportada para jusante.

    3. 2. 2. Bacias de percolaoProvoca o aumento da recarga e a diminuio das reas de ocupao

    com lenol fretico baixo. O armazenamento feito na camada superior do

    solo e depende da porosidade e da percolao. Podem ser utilizadas pararecolher gua do telhado e criar condies de escoamento no solo.

    A construo feita da seguinte forma: remove-se o solo do localdestinado bacia e preenche-o com cascalho. Tambm recomendado ouso de filtro geotxtil para evitar o entupimento por materiais finos.

    3. 2. 3. Pavimentos permeveisOs melhores locais so passeios, estacionamentos, quadras e ruas

    menos movimentadas. As vantagens deste dispositivo so: a diminuio doescoamento superficial, dos condutos da drenagem pluvial, dos custos dadrenagem pluvial e da lmina dgua em estacionamentos e passeios. J as

    desvantagens so: tem que haver manuteno constante, aumento do custodireto, h a contaminao dos aqferos. Estes fatores devem ser considera-dos no Plano diretor a ser realizado para a rea.

    3. 2. 4. ZoneamentoDeve ser efetuado nas reas ainda no ocupadas da bacia.

    3. 2. 5. Desmatamento um fator chave para a enchente: pois ele expe o solo eroso. O

    reflorestamento deve ser feito em todos locais em que for possvel pois eleir prevenir a eroso e o assoreamento.

    3. 2. 6. Intensificao do gerenciamento do uso da terraDeve haver a intensificao do gerenciamento do uso da terra para

    que as reas de risco ainda no ocupadas no sejam invadidas. Pode-seocupar estes locais com parques.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    11/22

    79

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    3. 2. 7. Atividades de proteo contra a enchenteSo essenciais para imprimir na populao um senso de segurana.3. 2. 8. Rigoroso regulamento e suas implicaesEm reas urbanas o regulamento deve ser usado para evitar a ocupa-

    o de reas propensas a inundao. Deve haver um rigoroso controle con-tra o lanamento de lixo nos drenos e nos arroios.

    3. 2. 9. Estabelecimento de sistemas hidrolgicosSo importantes para que haja uma histrico hidrolgico da bacia,

    com informaes seguras.

    3. 2.10. MapeamentoO processo de mapeamento para uma base cartogrfica confivel e

    adequada, a localizao precisa dos elementos do sistema e das caracters-ticas hidrulicas da superfcie da bacia constituem em material indispens-vel para o setor tcnico em relao populao, por isso a utilizao demapas pode representar um grande avano nas aes no-estruturais emdrenagem urbana.

    Existem alguns itens que um mapa atualizado para medidas no-es-truturais deve ter:

    Cobertura vegetal; Solo de acordo com seu nvel de permeabilidade e com avulnerabilidade eroso;

    Declividade; Informaes topogrficas com linhas mais densas contornando as

    reas crticas; Redes de drenagem natural e artificial.

    3. 2. 11. Educao ambientalJunto populao deve ser realizado um programa de educao

    ambiental. Aconservaodas margens dos arroios, sua vegetao tpica etaludes so essenciais. Deve ser criado um plano para conscientizar a popu-lao que reside ao longo dos cursos dgua. Deve interagir entre o homeme seu habitat, mostrando para a populao a responsabilidade com o ambi-ente em que vive. A comunidade parte importante do trabalho pois a par-ceria indispensvel para a realizao do programa, que deve reunir ativi-

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    12/22

    80

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    dades de limpeza e conscientizao ambiental.

    3. 3. Bacias urbanizadas

    3. 3. 1. Solues de mitigaoDevem promover o aumento das reas de infiltrao e percolao e

    armazenamento temporrio em reservatrios. Segundo Ichikawa, essas me-didas podem ser classificadas em algumas classes principais compreenden-do aquelas que visam armazenamento e aquelas que propiciam o incremen-

    to de processos de infiltrao e percolao.O armazenamento traz muitos benefcios, como a diminuio dos

    problemas de inundaes localizadas, diminuio dos custos de um sistemade galerias de drenagem, melhoria na qualidade da gua escoada e diminui-o das vazes mximas de inundao a jusante. Porm, existem algumasdificuldades a serem superadas, destacando-se: a escolha de locais adequa-dos, seu custo de aquisio para desapropriao, devendo-se superar a opo-sio por parte da populao no caso de reservatrios maiores.

    O conceito que vem sendo utilizado quando existem restries porparte da administrao municipal ao aumento da vazo mxima devido aodesenvolvimento urbano de que a vazo mxima da rea, com desenvol-

    vimento urbano, deve ser menor ou igual vazo mxima das condiespreexistentes para um TR escolhido.Unidades de armazenamento: Estocagem em canos de drenagem: a instalao de reservatrios

    nos poos de inspeo. Toda seo transversal da tubulao utilizada paraa estocagem durante a precipitao.

    Reservatrios multi-uso na superfcie: garagens, parques para cri-anas, playgrounds, ptios de escolas so utilizados na tentativa de reserva-trios.

    Estocagem subterrnea: Sob ruas, parque e reas desocupadas. NoJapo, de acordo com relatos de Ichikawa, os pores de um edifcio deapartamentos e um hospital tambm foram utilizados e, em alguns casos, agua foi utilizada para a descarga de banheiros. A utilizao da gua paracasa menos econmica pois a variao sazonal de chuvas muito grande.

    Canais subterrneos. Reservatrio de deteno: uma rea deliberadamente inundada

    para proteger outra rea. Durante a poca de enchentes eles devem ser man-

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    13/22

    81

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    tidos vazios. Podem ser usados para a vida aqutica at que a gua sejapercolada e infiltre e/ou evapore. O solo escavado poder ser usado para aconstruo de estradas a prova de chuvas. A gua estocada nessas de-presses ajuda a reabastecer o lenol fretico. Os reservatrios de detenoso totalmente drenados, em geral, em menos de um dia. A sua rea deocupao pode ser utilizada para fins recreacionais quando seca.

    Telhado: pequenos reservatrios residenciais. Lotes urbanos: pode ser utilizado para amortecer o escoamento,

    conjunto com outros usos.

    Superfcies pavimentadas: estacionamento, reas de pouco trnsitoe quadras esportivas.

    A infiltrao a transferncia do fluxo da superfcie para o interiordo solo. Depende do tipo do solo e da umidade na camada superior do solo.J a percolao: o fluxo da zona no saturada at o lenol fretico.

    As vantagens e desvantagens dos sistemas que permitem uma maiorinfiltrao e percolao so, segundo Tucci:

    aumento da recarga e diminuio das reas de ocupao com lenolfretico baixo, preservao da vegetao, diminuio da poluio levadapara jusante e do tamanho dos condutos;

    os solos de algumas reas podem ficar impermeveis com o tempo,

    falta de manuteno, aumento do nvel do lenol fretico atingindo cons-trues em subsolo.Solues para criar maior infiltrao Pavimento permevel, bastante restrito: caladas, para ruas secun-

    drias, ruas estreitas com pouco trfego. Planos de infiltrao: reas de gramados laterais (em geral). Se a

    drenagem transportar grande quantidade de material fino, a capacidade deinfiltrao pode ser reduzida, para que isto no acontea necessrio quese faam limpezas peridicas do plano.

    Valas de infiltrao: Canos porosos rodeados por pedregulhos. Agua que no infiltra na abertura de infiltrao, escoa por estas valas einfiltrar pelos espaos vazios dos pedregulhos.

    Poo de infiltrao: instalado na coneco entre o dreno privado ea canalizao principal. As guas introduzidas nesta abertura iro escoarat o fundo onde para evitar o entupimento, haver dois compartimentos,um de infiltrao e outro de assentamento.

    Valos de infiltrao: (paralelos a ruas, conjuntos habitacionais, es-

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    14/22

    82

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    tradas)3. 3. 2. Medidas de apoio populaoEssas medidas devem ter a participao e conscientizao da popula-

    o e de ONGs. As medidas devem ser basicamente as seguintes: Lugares seguros para preservar a pessoa, a famlia e trabalhos; Empregos para pessoas que os perderam com a enchente; Os servios como gua, gs, correios, sade, educao, policiamento,

    luz, estradas, etc. no devem ser interrompidos durante as inundaes; Abrigos temporrios, meios de evacuao, patrulhas de segurana.

    3. 3. 3. Distribuio de informaes sobre as enchentesDeve ser feito um programa de orientao da populao sobre as pre-

    vises de enchentes para que ela aprenda a se prevenir contra as cheias.

    3. 3. 4. MapasA populao tem dificuldade em perceber o espao urbano e sistema

    de drenagem como um todo.Utilizar mapas que orientem a populao em vrios aspectos em espe-

    cial como agir durante uma cheia:Shidawara apresentou as seguinte sugestes para itens que um mapa

    deve conter: Contornos de possveis profundidades de gua de enchente; Abrigos e seus telefones; Abrigos para idosos, deficientes e crianas; Abrigos temporrios de emergncia ou lugares para aglomerao; Capacidade de abrigar e nmero de residentes em cada rea; Telefone de escritrios relacionados; Modelos de sons de alarme de sirenes e sinos e seus significados; Rota de transmisso de informaes oficiais e avisos; Sugestes de refgios; Checklist do que levar quando tiver que fugir; Cuidados com deslizes de terra; Histrico das principais enchentes da cidade; Fotografias de outras enchentes; Caractersticas do clima em outras enchentes; Histria e natureza do rio.

    3. 3. 5. Sistema de alerta

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    15/22

    83

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    utilizado para prevenir com antecedncia de curto prazo, em eventosmais raros. Estes sistemas ajudam no controle das estruturas hidrulicas nosistema do rio. Tambm importante para populao evitar o pnico. Siste-mas de telgrafo devem ser implantados para o caso dos sistemas telefnicosfalharem.

    3. 3. 6. EvacuaoCom um bom sistema de alerta de enchente, a evacuao e as ativida-

    des de resgate, se tornaro mais rpidas e eficientes.

    3. 3. 7. PrevenoA preveno de enchente modifica o potencial de dano de estruturas

    individuais suscetveis a danos de enchente, como estruturas elevadas, pare-des externas prova dgua e reorganizao dos espaos estruturais de traba-lho.

    3. 3. 8. Centro comunitrio temporrioCentros para a poca de enchentes com comida, gua potvel, sanitri-

    os, remdios, abrigos, mdicos , e etc. Durante as outras pocas seria utiliza-do para servios de utilidade pblica, etc.

    3. 3. 9. Intensificao do gerenciamento do uso da terraAtravs de acompanhamento rigoroso dos processos de ocupao e

    observncia do Plano Diretor e diretrizes de parcelamento do solo.

    3. 3. 10. Atividades de proteo contra a enchenteAs estratgias no-estruturais devem inspirar confiana e imprimir senso

    de segurana.

    3. 3. 11. Preparao da comunidadeToda comunidade dinmica e organizada, alm de desempenhar im-

    portante papel antes e depois das enchentes, ajuda a aprimorar a qualidade daassistncia externa nesses casos e a reduzir falhas que acontecemfreqentemente, como a falta de informaes, a m avaliao das necessida-des e as formas inadequadas de ajuda.

    Uma boa preparao da comunidade antes de uma enchente podeajudar a reduzir o impacto do acidente, a salvar maior nmero de vidasantes de chegar auxlio de outro lugar e a reduzir os inmeros problemas de

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    16/22

    84

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    sobrevivncia e sade.

    3. 3. 12. ReassentamentoReassentamento ou relocao de residentes ilegais ocupantes das mar-

    gens do rio, e de residentes legais nas reas de enchente.

    3. 3. 13. Sistema administrativo confivelO governo e a populao devem ganhar confiana um no outro, o que

    significa que a equipe deve dar apoio durante as enchentes.

    3. 4. Recomendaes

    A Bacia do Arroio de Olarias merece ateno especial por parte dasautoridades por se tratar de um local com muitas dificuldades e ocupadoprincipalmente por populao de baixa renda. Prope-se abaixo algumasmedidas no-estruturais a serem tomadas na parte alta da bacia (sub bacias 1,2, 3, 4 e 5).

    Nas sub-bacias 1, 2, 3 e 4, o principal problema so as altas velocida-des que as guas das chuvas assumem. Estas guas provocam eroso e podem

    provocar escorregamentos causando com isso o assoreamento do canal doarroio. Tambm deve-se dar ateno especial aos mecanismos de retarda-mento de guas pluviais nesta rea pois devido s grandes declividades nes-tas sub-bacias as guas que caem nas cabeceiras chegam muito rapidamentes bacias que se encontram a jusante.

    J na sub-bacia 5 e em parte da sub-bacia 2 (reas incrementais) aprobabilidade de ocorrncia de inundaes bem maior. Nestas reas devemser aplicadas medidas de controle de inundaes .

    3. 4. 1. Bacias 1, 2, 3 e 4Fazer um trabalho de conscientizao da comunidade para no jogar

    lixo nos cursos de gua evitando assim o assoreamento e a poluio ( efetuarcampanhas nas escolas e igrejas)

    Nos locais onde h valetas (sulcos de eroso), que ocorrem em ruasno pavimentadas, fazer estudo de implantao dos valos de infiltrao, queevitaro que estes sulcos forneam material de assoreamento. Tambm deve-se corrigir prticas inadequadas de conservao de ruas, como preenchimen-to dos sulcos de eroso, que aumentam o material incoeso para assoreamento

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    17/22

    85

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    dos canais; Verificar o custo e a possibilidade de implantao de pavimentos

    permeveis nas ruas ainda no pavimentadas e de pouco movimento, paraaumentar as reas de infiltrao, o que levar a diminuio do volume escoa-do que causar problemas de inundao a jusante.

    Incentivar medidas de compensao dos volumes nos lotes medianteo uso de mecanismos fiscais para criar reas de retardamento.

    Fazer um trabalho de conscientizao da comunidade para no jogarlixo nos cursos de gua evitando assim o assoreamento e a poluio (efetuar

    campanhas nas escolas e igrejas e associaes de moradores) Conter desmatamentos, recuperar e reflorestar as encostas uma vez

    que a mata ciliar de grande importncia para conter escorregamentos poisela funciona como um sistema de conteno natural.

    Recuperar as reas de conservao e ocup-las com parques. (para asub-bacia 2 - reas 1, 2, 3 e 1, para a sub-bacia 3 - reas 18, 19, 20 e 21 e paraa sub-bacia 4 - reas 23 e 27). Estes parques seriam as reas de lazer que estaregio necessita.

    Adicionar legislao taxas mximas para ndices deimpermeabilizao, evitando assim impermeabilizao excessiva e tentandomanter o mximo da condio pr-existente ocupao.

    Verificar os locais de grande declividade e retirar toda a ocupao dolocal, em especial das reas sujeitas a escorregamentos que ocorrem nas subbacias 2, 3 e 4.

    Fiscalizar novos loteamentos que possam surgir (com relao taxade impermeabilizao, ocupao de reas de risco, etc.)

    Fiscalizar as reas de preservao permanente para que no sejamtomadas por habitaes irregulares. (para a sub-bacia 1 - reas 4, 5, e 6, paraa sub-bacia 4 - reas 22).

    Criar uma legislao rigorosa para proteger as reas de preservaopermanente e de conservao.

    Criao de reservatrios de amortecimento nas sub-bacias 3 e 4 nos

    locais que esto definidos nas figuras 5.8 e 5.9. Podem ser utilizadas as cavas das antigas olarias como reservatriosde retardamento, uma vez que, devido alta impermeabilidade por se tratarde locais de emprstimo de argila, estes locais no se prestam infiltraomas sero de grande valia para o retardamento das guas pluviais provindasdos locais mais altos.

    Verificar as habitaes nas reas de escorregamentos e fazer o

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    18/22

    86

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    reassentamento caso exista a necessidade (para tanto devem ser definidasas reas de risco).

    Verificar os locais de grande declividade e retirar toda a ocupaodo local.

    A rede de drenagem que ainda ser instalada dever ter solues dedissipao de energia para evitar eroso nos locais de lanamento no ar-roio.

    Nos locais onde j h rede de drenagem, como o caso da sub-bacia2 que inteiramente dotada de galerias, a rede dever ser adaptada para

    reduzir e evitar focos erosivos Deve-se haver conteno das encostas que esto desabando. Esta

    conteno poder ser feita com gabies que podem depois serem incorpo-rados paisagem natural permitindo a recuperao da mata que se encon-trava nas encostas.

    Implantar rede de esgotos e tratamento em toda cabeceira de dre-nagem da bacia; pois a ausncia de tratamento e coleta muito localizada,dever propiciar a proliferao de vetores de doenas como bactrias infec-ciosas, vermes, ratos, baratas, moscas, mosquitos, caramujos, etc.

    Construir um mapa que mostre de forma clara as declividades ereas de escorregamentos (reas de risco) para que a populao tenha a

    idia real da situao das sub bacias.

    3. 4. 2. Parte da sub-bacia 2 e para a sub-bacia 5 (reas incrementais): Fiscalizao para evitar a ocupao das reas ribeirinhas ainda no

    ocupadas (definir reas de maior risco). Fazer um trabalho de conscientizao da comunidade para no jo-

    gar lixo nos cursos de gua evitando assim o assoreamento e a poluiodeixando claro o risco das doenas que o lanamento de esgoto e lixo noarroio poder acarretar (efetuar campanhas nas escolas, igrejas e associa-es de moradores).

    Conter desmatamentos, recuperar e reflorestar a mata ciliar que fun-ciona como filtro natural.

    Verificar o custo e a possibilidade de implantao de pavimentospermeveis nas ruas ainda no pavimentadas e de pouco movimento. Paraajudar recarga do lenol fretico e diminuir o volume escoado superficial-mente que a maior causa das inundaes.

    Incentivar medidas de compensao dos volumes nos lotes median-te o uso de mecanismos fiscais para criar reas de retardamento.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    19/22

    87

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    Recuperar as reas de conservao e ocup-las com parques. Fazer trabalhos de conscientizao com a introduo de uma pro-

    grama de orientao de como agir em caso de enchente e como evitar queos danos sejam maiores.

    Adicionar legislao taxas mximas para ndices deimpermeabilizao.

    Localizar os locais mais assoreados e fazer a limpeza do arroionestes locais

    Fiscalizar novos loteamentos que possam surgir (com relao taxa

    de impermeabilizao, ocupao de reas de risco, etc.) Fiscalizao quanto ao lixo que jogado no arroios e tambm nos

    terrenos baldios Criao de um centro comunitrio que poder ser utilizado como

    abrigo na poca de enchente. Este centro poder ser uma escola que estejalocalizada em local alto e de fcil acesso.

    Verificar as habitaes nas plancies aluviais e fazer o reassentamentocaso exista a necessidade (reas de risco)

    Dar informao ao pblico sobre as enchentes e sobre os locaisonde h a provvel ocorrncia delas.

    Retirar e reassentar as famlias que esto ocupando irregularmente

    as reas de inundao. Eliminar o lanamento de esgotos domsticos, industriais e comer-ciais no arroio.

    Construir mapas com identificao de infra-estrutura e demais da-dos citados no presente estudo, para servir de instrumento de comunicaovisual com a comunidade e as equipes atuantes no plano.

    4. Concluses

    A bacia hidrogrfica do Arroio Olarias apresenta relevo relativamenteacidentado nas cabeceiras, com encostas ngremes e drenagem entalhada.Justamente nessa rea, mais prxima da regio central de Ponta Grossa, maior a densidade de ocupao.

    No restante da rea, o relevo mais suave, com colinas amplas depequena amplitude e topos convexos a planos, com raras vertentes mais

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    20/22

    88

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    ngremes, junto margem esquerda do Arroio Olarias. A assimetria da ba-cia hidrogrfica significativa, com relevo mais suave na margem direita erelevo mais ngreme e acidentado na margem esquerda.

    Os principais fatores de risco dizem respeito ocupao desordenadade encostas ngremes (escorregamentos), de margens de drenagens enta-lhadas (escorregamentos, solapamentos seguidos de escorregamentos e sul-cos de eroso) e de terrenos sobre as plancies aluviais (inundaes,adensamento de solos moles, incndio de camadas de turfa). A mitigaodestes riscos dever dar-se principalmente pelo disciplinamento da ocupa-o da bacia.

    As medidas no-estruturais simuladas para esta bacia visam princi-palmente conter a eroso nas sub-bacias 1, 2, 3 e 4 e conter a inundao nasreas incrementais que so parte da sub-bacia 2 e a sub-bacia 5. Para queestas medidas tenham efeito positivo e se comportem como o simulado muito importante uma participao ativa por parte da comunidade que deveestar bem integrada com o ambiente em que vive e que deve estar preparadapara as situaes de risco que possam ocorrer. Tambm essencial a parti-cipao do poder pblico que poder fornecer verbas e pessoal para fazeruma campanha de conscientizao da comunidade alm de poder atuar ati-vamente fazendo uma legislao rigorosa e fiscalizando o cumprimento da

    mesma.

    Recebido para publicao em 09/00.Aceito para publicao em 12/00.

    ABSTRACT

    Brazil is undergoing a process of urbanization that is one of the most intensiveyet observed. The population growth impelled a series of consequences, such as the

    increase of waterproof areas. This brings as consequences, the need for modificationsin the previously existent drainage system and an increase in the speeds of surfacerunoff, reducing the time of flood peaks, amplifying them and reducing the renewalof ground water.

    The urban drainage systems are flood preventive, mainly in lower areas thatare subject to inundations, or in riverside areas. It is evident that urban drainage

    problems become worse areas of disordered urbanization.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    21/22

    89

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1):69-90, 2000.

    Flood control is the management of the excess of water. It is divided intotwo concepts: the management of flood areas and the management of urban pluvialwater.

    The non-structural measures seek the best coexistence of the population withthe floods, and they have a preventive character. They are:

    A regulated use of the land; Buildings that can bear the problems that floods cause; Flood insurance; Forecastings; Inundation alerts.

    The first phase of the study consisted of a revision of the literature concerningflood prevention, in which we tried to characterize several types of non-structuralmeasures.

    In the second phase the solutions were classified in accordance with thescenery of occupation of the basins (non-urbanized, partially urbanized and urbanized

    basins).In the third phase the basin of the brook of Olarias, in Ponta Grossa, Paran,

    was chosen for a simulation of some non-structural solutions.

    Key words: flood, non-structural measures, drainage

    Endereo para contato: [email protected] [email protected]

    REFERNCIAS

    ANDRADE FILHO, Alceu G. de; SZLIGA, Marcos Rogrio. Investigao deviabilidade de implantao de rede telemtrica de observao em baciasurbanas de Ponta Grossa. Ponta Grossa: PROPESP/UEPG, 1997.

    CHOW, V.T.D.R.; MAYS, L.W. Applied hydrology. New York: McGraw-Hill,1988. 52p.

    ICHIKAWA, Arata. A new strategy for the reduction of peak runoff, by installingof infiltration and storage facilities. In: INTERNATIONAL WORSHOP ON NONSTRUCTURAL FLOOD CONTROL IN URBAN AREAS, 22 a 24 de Abril, 1998,So Paulo.

  • 7/25/2019 Estudo de Medidas No Estruturais Para Controle de Inundaes Urbanas

    22/22

    90

    PUBLICATIO UEPG Cincias Exatas e da Terra, Cincias Agrrias e Engenharias, 6 (1): 69-90, 2000.

    NUCLEAM - Ncleo de Estudos em Meio Ambiente - Diretrizes de PlanejamentoUrbano: Aspectos Hidrolgicos e Drenagem Urbana, NUCLEAM/UEPG,Ponta Grossa, 1997.

    TUCCI, Carlos E.M.; PORTO, Rubem La Laina; BARROS, Mrio T. de. Drenagemurbana. Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS-ABRH, 1995, 428p.