estudo de caso em uma empresa de transporte de carga em ponta

44
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO ANDRÉ LUIZ ZARPELLON ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM PONTA GROSSA - PR PONTA GROSSA 2012

Upload: vudat

Post on 07-Jan-2017

220 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ANDRÉ LUIZ ZARPELLON

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO

EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE DE CARGAS

EM PONTA GROSSA - PR

PONTA GROSSA

2012

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ANDRÉ LUIZ ZARPELLON

ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO

EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE DE CARGAS

EM PONTA GROSSA - PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como parte dos requisitos para obtenção do grau de Engenheiro de Segurança do Trabalho na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientador: Prof. Dr. José Adelino Krüger

PONTA GROSSA

2012

Dedico este trabalho aos meus pais, Luiz

Carlos Zarpellon e Lidia Dalgallo

Zarpellon e ao meu irmão Vinícius

Henrique Zarpellon.

“Se não puder se destacar pelo talento

vença pelo esforço.”

(Dave Weinbaum)

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu pai Luiz Carlos Zarpellon e à minha mãe Lidia Dalgallo

Zarpellon, pela educação, pelo apoio moral e financeiro, e principalmente pelo amor

recebido deles, me dando forças para que eu conseguisse superar as barreiras

encontradas ao longo da minha vida, como no curso.

Agradeço também ao meu irmão Vinícius Henrique Zarpellon pela força que

me foi dada, apoiando-me sempre.

Agradeço a minha namorada, Lorena Eichelbaum, pelo companheirismo e

incentivo, principalmente no período em que mais precisei de apoio moral.

Ao professor José Adelino Krüger, o qual me orientou e incentivou a realizar o

trabalho, sendo que a sua ajuda foi fundamental para o andamento da conclusão do

trabalho.

Aos professores que me passaram o conhecimento que adquiri, sanando

dúvidas e se mostrando sempre dispostos a ajudar.

Também agradeço a alguns amigos que fiz ao longo do curso: Armando

Madalosso Vieira Filho, Guilherme Bogatelli Bozz, Diego Leonardo Holk, Diogo

Mikiewski, os quais me deram força, ajuda e incentivo. Estes também me mantinham

animado e nunca deixavam que os meus problemas afetassem meu desempenho.

Agradeço também a todos os outros não citados que se dispuseram e

ajudaram de alguma forma.

RESUMO

ZARPELLON, ANDRÉ LUIZ. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM PONTA GROSSA – PR. 2012. 44 p. Monografia (Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho). Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa. Os acidentes de trabalho podem ocasionar danos aos trabalhadores, de forma que estes podem ficar afastados permanentemente ou por um período de tempo indeterminado, dependendo da forma como ocorreu o acidente e a sua gravidade. Estes danos também podem afetar os bens financeiros e materiais das empresas. Em contrapartida, a Ergonomia tem como um dos seus objetivos estudar formas para evitar que estes acidentes, gerados por fatores adversos, ocorram dentro da jornada de trabalho, propiciando ao mesmo tempo o bem estar do trabalhador. Com base nos problemas acarretados devido aos acidentes ocorridos dentro das empresas, o presente trabalho teve como objetivo avaliar ergonomicamente uma empresa de transporte de cargas situada no município de Ponta Grossa, Paraná, e com base no estudo, identificar os riscos à saúde do trabalhador, bem como recomendar providências no sentido de adequação às Normas Regulamentadoras, para que os trabalhadores não fiquem com a saúde em risco. Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem de estudo de caso. Durante a coleta de dados procurou-se analisar o processo de trabalho e registrar por meio de fotografias as ações que continham comportamentos de risco assumidos pelos trabalhadores. Após o registro fotográfico iniciou-se o processo de análise dos dados obtidos. Com base na análise, ficou evidenciado que a situação de trabalho apresenta vários problemas e riscos de acidentes para os trabalhadores que atuam no setor de transporte e manuseio de cargas, para os quais foram apresentadas alternativas para eliminar ou minimizar os problemas. Palavras-chave: Segurança do trabalho, ergonomia, transporte de cargas.

ABSTRACT

ZARPELLON, ANDRÉ LUIZ. ERGONOMIC ANALYSIS OF WORK: CASE STUDY IN A CARGO TRANSPORTATION COMPANY IN PONTA GROSSA – PR. 2012. 44 p. Monograph (Post Graduation in Work Safety Engineering. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa. Labor accidents may cause injuries to workers, so they may be kept off from work permanently or for an indefinite period of time, depending on how they happened and the severity thereof. This damage may also affect the financial and material assets of the companies. In contrast, Ergonomics aims to study ways to prevent these accident, generated by adverse factor, from occurring within working hours, providing the welfare of the workers as well. Based on the problems caused by the accidents within firms this study aimed to evaluate a trucking company located in Ponta Grossa, Paraná, in relation to Ergonomics and, based on the study, to identify risks to occupational health, and to recommend steps to meet the Regulatory Standards (NRs), so that workers do not incur in health risk. This is a field research, with a case study approach. The data collection sought to analyze the work process and to photograph the scenes that contained risky behavior by the workers who worked on the site. After collecting the photos, the process of data analysis was started. Based on the analysis, it was evident that the company has several problems and accident risks for workers who work in the transportation sector, as well for the carried cargo, and alternatives were presented to solve or to minimize problems. Keywords: Work safety, ergonomics, cargo transportation.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 11

2.1. OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 11

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 11

3. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................. 12

3.1. ACIDENTE DE TRABALHO ......................................................................... 12

3.2. ERGONOMIA ............................................................................................... 14

3.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) ............................... 16

3.4. MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS .................................................. 17

3.5. MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS POR PALETEIRAS .................................. 19

3.6. ERGONOMIA APLICADA À MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS .................... 20

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 22

5. ANÁLISE E RESULTADOS ............................................................................... 24

6. CONCLUSÕES .................................................................................................. 29

7. REFERÊNCIAS .................................................................................................. 30

ANEXOS ................................................................................................................ 41

9

1. INTRODUÇÃO

O acidente de trabalho é definido quando ocorre redução ou perda da

capacidade de trabalho ou morte do trabalhador, devido a algum acidente sofrido

pelo mesmo, caso esteja em seu local de trabalho, ou ainda, deslocando-se para

sua casa ou para o posto de trabalho.

Segundo Vianna (2012), o acidente de trabalho ocorre pelo exercício do

trabalho a serviço da empresa, o qual acarreta em perturbação funcional ou lesão

corporal que possa levar à morte, à perda ou à redução da capacidade laborativa,

sendo esta perda temporária ou permanente.

Caso ocorra um acidente de trabalho, e o trabalhador precise ser afastado do

emprego, ou substituído, a empresa necessita de outro trabalhador para ocupar a

sua função, o qual deverá ser treinado, acarretando em perdas de recursos e tempo

de produção (ROSSO, OKUMURA, 2007).

Certas tarefas, como a movimentação manual de cargas, utilizam o corpo do

trabalhador como o seu próprio instrumento de trabalho (MAZETTO, 2011). Por

causa disto, dependendo da postura adotada pelo trabalhador, esta forma de tarefa

pode resultar em danos severos ao corpo.

Mazetto (2011) também afirma que cerca de 25% de todas as lesões que

ocorrem estão diretamente relacionadas ao levantamento, ao transporte e ao

deslocamento de materiais.

Portanto, fica claro que se faz necessária a utilização de técnicas para

amenizar os riscos do trabalho e aumentar o conforto dos trabalhadores.

Com base neste problema, os estudos sobre a Ergonomia visam realizar

mudanças nas condições e no ambiente de trabalho, aperfeiçoando e adaptando

máquinas e equipamentos utilizados na execução das tarefas, de acordo com as

características físicas e condições psicológicas do trabalhador, com o objetivo de

propiciar-lhe segurança, saúde e conforto e, consequentemente, obter maior

eficiência no trabalho executado (BATISTOTE, 2011).

Seguindo estes parâmetros, é interessante que o contratante tenha

consciência dos riscos a que expõe ao seu trabalhador, bem como os possíveis

10

prejuízos acarretados para ambos os lados caso o acidente de trabalho venha a

acontecer.

Diante deste contexto, apresenta-se a problemática: Como os trabalhadores

de uma empresa de transporte de cargas realizam as suas atividades laborais

amenizando os fatores de risco de acidentes de trabalho?

O tema é justificado pela sua relevância no que diz respeito à segurança e à

saúde ocupacional do trabalhador.

Devido a estes fatos, o estudo em questão tem como finalidade avaliar a

forma como os trabalhadores de uma empresa de transportes de carga, localizada

no município de Ponta Grossa, Paraná, estão trabalhando, identificando possíveis

falhas para então dar ênfase na melhoria e na maximização das condições e dos

procedimentos de trabalho, diminuindo, assim, os acidentes de trabalho.

11

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar ergonomicamente uma empresa de transporte de cargas, em relação

aos postos de trabalho dos trabalhadores que as manuseiam, para carga e descarga

dos veículos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Avaliar as posturas dos trabalhadores.

- Apontar problemas ergonômicos.

- Identificar os riscos a saúde do trabalhador.

- Recomendar providências para adequação às Normas Regulamentadoras.

12

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. ACIDENTE DE TRABALHO

“O trabalho exerce papel fundamental nas condições de vida e saúde dos

indivíduos (...), no entanto, pode provocar desgastes, doenças e acidentes do

trabalho” (MONTEIRO et al., 2009).

O conceito do acidente de trabalho, segundo o artigo 19 da Lei n.º 8.213, de

24 de julho de 1991 inclui todos e quaisquer acontecimentos dentro da empresa, ou

pelo exercício do trabalho, que acarretem danos diretos ou indiretos, lesões

corporais, doenças, perturbação funcional que cause a morte ou perda ou redução,

sendo esta permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (MONTEIRO

et al., 2009).

Este conceito é ainda caracterizado e dividido em tipos distintos. O primeiro,

chamado de acidente típico, é decorrente da atividade profissional que é exercida

pelo indivíduo (BIBLIOMED, 2011).

Já o outro tipo é denominado de doença profissional do trabalho, que é

desencadeada pelo exercício de determinadas funções, geralmente caracterizadas

por empregos específicos (BIBLIOMED, 2011).

Porém partindo de um pensamento prevencionista, o conceito deveria ser

definido como "qualquer ocorrência que interfere no andamento normal do trabalho”

porque existem outros fatores envolvidos no acidente de trabalho, tais como as

máquinas, o fator produção, ferramentas, equipamentos e o tempo que foi perdido

por causa do acidente (SILVA, 2011).

Outra forma de acidente de trabalho ocorre no percurso de casa para o

trabalho, ou vice-versa. Neste caso, o acidente é considerado como acidente de

trajeto, ou de percurso (MONTEIRO et al., 2009).

Os acidentes de trabalho raramente são ocasionados por apenas um fato,

mas sim por diversos fatores que, juntos, acabam ocasionando alguma forma de

erro. Este erro acaba saindo do previsto, e assim gerando um acidente no local de

trabalho (FIALHO; SANTOS, 1997).

13

Assim sendo, para que se saiba a causa dos acidentes, a fim de que estes

sejam prevenidos, faz-se necessário um estudo de todas as causas que possam

gerar acidentes, mesmo que estes sejam pouco graves.

A sofisticação das máquinas, objetivando um produto final mais perfeito e em

maior quantidade, ocasionou o crescimento das taxas de acidentes, e também da

gravidade desses acidentes (PIZA, 1997).

Manter padrões, como por exemplo o planejamento, a organização, a direção

e o controle sobre os processos envolvidos no trabalho, é fundamental para que não

ocorram imprevistos no local, maximizando assim as chances de acerto (ROCHA,

2012).

Fatores mecânicos, como a manutenção inadequada de maquinários, a

utilização de ferramentas e equipamentos errados, podem gerar várias

consequências desastrosas. Estas devem ser observadas pelos trabalhadores e

administradores do local, os quais devem ter uma visão prevencionista, não só para

que o acidente seja evitado, mas também para que o processo de produção não

seja afetado pela quebra de uma máquina ou aparelho de transporte manual, por

exemplo.

O acidente também pode surgir de falha humana, sendo esta vinda por meio

de incapacidade física, psicológica ou mental, falta de conhecimento e/ou habilidade,

tensão e falta de motivação, a qual acarreta falta de atenção. Portanto, é importante

selecionar pessoas capacitadas e que estão em condições de exercer perfeitamente

o trabalho em questão (FUNDACENTRO, 2012).

Atos e práticas inseguros também podem causar acidentes. Estão entre eles

operar equipamentos sem autorização e/ou sem treinamento, não sinalizar ou

advertir, operar em velocidade incompatível com a situação, deixar de acionar ou

ignorar dispositivos de segurança, usar equipamentos defeituosos ou de maneira

incorreta, não usar ou usar erroneamente o equipamento de proteção individual

(EPI), carregar, armazenar e levantar cargas de maneira incorreta, adotar posição

inadequada ao trabalho, trabalhar sob a influência de álcool, drogas ou

medicamentos pesados, realizar manutenções em aparelhos que estejam em

funcionamento e fazer brincadeiras dentro do local de trabalho (FUNDACENTRO,

2012).

Além dos danos à saúde dos trabalhadores que estão em risco de acidentes,

a redução da produção de uma empresa, causada por acidentes do trabalho, é

14

bastante significativa, pois para a empresa acaba sendo uma fonte de gastos, como

por exemplo em atendimentos médicos, transportes dos pacientes, danos materiais

etc., e por outro lado, acarreta o aumento do custo final dos produtos, tornando o

produto mais difícil de ser adquirido pelo consumidor, sem um retorno financeiro

para o fabricante (MENEZES, 2010).

3.2. ERGONOMIA

A palavra Ergonomia vem das palavras gregas ergos que significa “trabalho” e

nomos, “estudo ” ou “leis naturais” (BRITO, 2002).

A autora complementa que a Ergonomia é uma ciência que estuda a

adaptação das tarefas e do ambiente de trabalho às características físicas,

sensoriais, perceptivas mentais e físicas do ser humano.

Segundo Fialho e Santos (1997), o principal objetivo da Ergonomia é adaptar

o trabalho ao homem.

A Ergonomia é propriamente o estudo das leis do trabalho, como ele deve ser

realizado e de quais formas, a fim de promover o bem estar do trabalhador, para que

o mesmo consiga desempenhar o seu papel de forma saudável e dinâmica.

A Ergonomia seria como uma tecnologia, tendo como objetivo o arranjo, a

ordenação dos sistemas homem-máquina (LEPLAT apud FIALHO e SANTOS,

1997).

Ergonomia é “o conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e

necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam

ser utilizados com o máximo de conforto, de segurança e eficácia” (WISNER apud

FIALHO e SANTOS; 1997).

No Brasil, o dispositivo que rege essa matéria é a Norma Regulamentadora n°

17 (NR-17) do Ministério do Trabalho (Portaria n° 3.751, de 23/11/91), que trata da

Ergonomia (ALEXANDRE, 1998).

Em alguns locais de trabalho, o que se observa é que o homem tem que se

adaptar a processos inadequados a ele. A Ergonomia desponta com uma proposta

15

inversa a esta, ou seja, adequar os processos ao homem (ROSSO, OKUMURA,

2007).

Segundo sugerem Rosso e Okumura (2007), a Ergonomia baseia-se no uso

de conhecimentos para facilitar o trabalho humano, sendo este por meio de

tecnologias que facilitem o uso e que proporcionem conforto e segurança, sem que

haja perda de produtividade do trabalho, colocando o processo de forma sistemática

e eficiente, tanto para o homem quanto para as tecnologias utilizadas.

Para que seja feita uma análise ergonômica, devem ser seguidas três fases,

que são: a análise da demanda, a qual é a definição do problema a ser analisado; a

análise da tarefa, que estuda o trabalho realizado pelo trabalhador, as condições

ambientais e as técnicas utilizadas para a função; e a análise das atividades, que é o

próprio trabalhador realizando a tarefa. Esta última analisa o comportamento do

homem no trabalho (FIALHO; SANTOS, 1997).

Depois de levantadas as análises, estas devem ser confrontadas, e após a

obtenção de possíveis soluções, estas precisam passar por precauções

preliminares, tais como: discutir os objetivos do estudo com as pessoas envolvidas

(diretores, organizadores, gerentes, supervisores e trabalhadores); obter a aceitação

dos trabalhadores, a qual é indispensável e fundamental no processo; e por fim

esclarecer as respectivas responsabilidades para todos os envolvidos, em relação

ao desenvolvimento do estudo e da utilização dos resultados (FIALHO; SANTOS,

1997).

De acordo com Faverge apud Fialho e Santos (1997), o trabalho humano

pode ser dividido em quatro componentes fundamentais: motora (ou muscular),

informacional, regulatória e intelectual. Entretanto, os comportamentos do homem

podem ser abordados como sistema e transmissão de energia ou sistema de

recepção e tratamento de informações.

Sobre as divisões citadas anteriormente, a de transmissão de energia,

principalmente com relação à motora, caracteriza-se pelo esforço muscular

propriamente dito, na qual o trabalhador deve fazer esforço físico para fins de

levantamento, transporte e armazenamento de cargas, o qual é o tema do presente

estudo de caso, e entre outras formas de esforço físico necessário.

Já a recepção e o tratamento de informações sugerem que o trabalhador

utilize mais a parte intelectual, utilizando assim pensamentos lógicos e complexos

para realizar determinadas tarefas.

16

Estas divisões geralmente não são aparentes, ficando assim difíceis de serem

identificadas, pois dependendo do trabalho em questão, o uso de uma pode

certamente se sobressair em relação à outra, utilizando assim maior esforço físico

do que mental, ou vice-versa (FIALHO; SANTOS, 1997).

A Ergonomia, portanto, deve ser implantada tendo como base o ser humano,

com respeito ao homem no trabalho, visando alcançar não apenas a melhora de

produção, e sim uma melhor qualidade de vida para o trabalhador (MONTEIRO et

al., 2009).

Para eliminar as causas dos atos inseguros, a Ergonomia deve atuar na

adaptação do trabalho do homem, diminuindo assim as ocorrências de acidentes. A

produção é a principal finalidade do trabalho; já o objetivo da Ergonomia é produzir

com segurança. A produtividade dos empregados deve ser estimulada em conjunto

com os princípios de saúde e segurança, eliminando-se os fatores de risco

relacionados aos acidentes de trabalho e prevenindo a ocorrência destes incidentes

(BATISTOTE, 2011).

3.3. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)

“Equipamento de proteção individual (EPI) é todo dispositivo de uso individual

destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador” (TOSTES, 2003).

Ao se adquirir o EPI, o contratante deve utilizar várias formas para selecionar

o melhor material, como a adequação ao risco exposto, se este EPI está em

conformidade com a NR-6 (Norma Regulamentadora N°6), se possui o CA

(Certificado de Aprovação), o qual é fornecido pelo Ministério do Trabalho, e o custo

do item, sendo que este último acaba sendo o fator determinante em situações na

quais a escolha não é feita por algum profissional da área (SAVI, 2012).

Savi (2012) complementa dizendo que um fator que acaba passando

despercebido é o conforto proporcionado pelo equipamento de proteção individual, o

qual será utilizado durante toda a jornada de trabalho ou em boa parte dela.

17

Não menos importante do que os outros fatores citados, o fator conforto deve

ser preponderante na escolha de compra dos equipamentos de proteção individual,

pois a sua utilização só se dará caso os trabalhadores consigam permanecer

utilizando-os pelo período necessário. Caso o desconforto exista, não é impossível

pensar que o trabalhador fará mau uso do EPI, ou até mesmo irá deixá-lo de lado

devido à falta de conforto ocasionada pelo equipamento.

Em se tratando de transporte de cargas, é interessante a utilização de luvas

de raspa ou vaqueta e aventais (BORDIN, 2004).

Com relação aos pés, é importante que os trabalhadores utilizem botinas de

segurança e perneiras, a fim de proporcionar firmeza ao pisar e proteger o pé contra

impactos e esmagamentos, enfatizando no caso, a queda de objetos (SINTRICOM,

2009).

3.4. MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS

“Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da

carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o

levantamento e a deposição da carga” (BRASIL, 2011).

A movimentação manual de cargas é definida como qualquer sustentação ou

transporte de peso, incluindo levantar, baixar, puxar ou empurrar, executado

diretamente pela força humana (CÂMARA MUNICIPAL DE SINTRA, 2012).

Segundo Petersen (2012), o transporte manual de cargas é uma das formas

de trabalho mais antigas e comuns, sendo esta forma de esforço a responsável por

um grande número de lesões e acidentes do trabalho.

Estas lesões, em sua grande maioria, afetam a coluna vertebral, mas também

podem causar outros males, como por exemplo a hérnia escrotal (PETERSEN,

2012).

A movimentação manual de cargas pode causar danos cumulativos e

deteriorar gradativamente o sistema esquelético e muscular, devido a atividades

contínuas de movimentação e elevação de objetos (OSHA, 2007).

18

Alexandre (1998) cita que determinadas posturas e movimentações, se forem

repetitivas e de forma errônea, podem afetar a musculatura e a constituição ósseo-

articular, gerando dores prolongadas, ocasionando lesões permanentes e causando

deformidades no indivíduo.

“Outro fator que auxilia no desenvolvimento de lesões é o levantamento na

posição incorreta. Isto ocorre quando uma pessoa levanta uma carga com os

membros inferiores estendidos e o dorso encurvado” (ALEXANDRE, 1998).

Isto significa que a posição adotada pelo trabalhador define o grau de conforto

da tarefa (NETO, 2012).

Examinar os principais aspectos que são envolvidos no manuseio de cargas,

como o processo produtivo, a organização do trabalho, o posto de trabalho, o tipo de

carga, os acessórios de levantamento e o método de trabalho, são necessários para

que se possam evitar ou resolver os problemas gerados pelo manuseio (SILVEIRA

et al., 2010).

A utilização das medidas ergonômicas, quando corretas, pode resultar em

melhorias nas condições do trabalho, além de diminuir riscos de acidentes, diminuir

custos humanos, aumentar a produtividade, formar profissionais que sejam capazes

de prevenir intercorrências e aperfeiçoar o sistema homem-máquina (SANTOS apud

SILVEIRA et al., 2010).

Na constituição brasileira, o Artigo 198 da CLT diz: “É de 60 kg (sessenta

quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente,

ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher”

(GEISEL; PRIETO, 1977).

A mesma lei ainda cita: “Parágrafo único - Não está compreendida na

proibição deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de

vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos,

podendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem

sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças” (BRASIL, 1977).

De acordo com a Norma Regulamentadora n°17 (NR-17), no que se refere ao

levantamento, transporte e descarga individual de materiais, sendo esta manual ou

por meio de vagonetes, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico, não

deverá ser exigido do trabalhador que o mesmo transporte pesos que comprometam

a sua saúde ou segurança, sendo este esforço compatível com a sua força

(BRASIL, 2011).

19

Ainda no contexto da NR-17, para as cargas não leves, os funcionários

devem receber treinamento ou instruções satisfatórias de métodos de trabalho, com

o objetivo de salvaguardar a saúde e prevenir acidentes (BRASIL, 2011).

3.5. MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS POR PALETEIRAS

As paleteiras são um meio de transporte de cargas, que podem ser utilizadas

amplamente, pois podem ser utilizadas para o transporte de várias cargas ao

mesmo tempo por apenas um trabalhador, propiciando um tempo gasto muito menor

e o esforço feito pelo funcionário será reduzido, por este não precisar fazer várias

vezes o mesmo percurso transportando uma única carga por vez.

O seu funcionamento é simples: a carga, que é posta em cima de paletes, é

alavancada para cima pela paleteira, ficando em suspensão e equilíbrio. Assim feito,

o trabalhador empurra a alavanca de controle, fazendo com que a paleteira

movimente-se sobre as suas rodas. Chegado ao destino, o trabalhador abaixa o

elevador, descendo o palete ao solo.

Porém, este facilitador pode gerar acidentes de trabalho, portanto, é

imprescindível que os trabalhadores tomem certas precauções e cuidados na hora

do uso das paleteiras.

“Uma paleteira quando mal utilizada pode ser sinônimo de lesões aos

empregados, de prejuízos aos produtos movimentados, ou a outros equipamentos

ou instalações” (MELLO, 2011).

A Norma Regulamentadora N°11 (NR-11) cita que os equipamentos de

transporte manuais devem possuir protetores nas mãos, e devem ser inspecionados

permanentemente, sendo que peças defeituosas ou que apresentem deficiências

devem ser imediatamente substituídas. (BRASIL, 2011).

Segundo a Norma Regulamentadora Nº12 (NR-12), “cabe ao empregador:

elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos

empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos”.

20

Devido a estes riscos, é importante que a empresa dê treinamento de

paleteiras aos empregados.

3.6. ERGONOMIA APLICADA À MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS

A postura laboral de certo um grupo de trabalhadores é condicionada por uma

série de fatores, tais como: conteúdo da tarefa, estado físico, estatura, disposição,

exigência de tempo, frequência e duração das pausas (TOSTES, 2003). Outro fator

que possui relação com a postura laboral é a idade do trabalhador.

Para que a carga seja levantada de forma a não gerar nenhuma forma de

problema ao trabalhador, é necessário que o mesmo faça uma breve análise da

carga, observando o peso desta, seu volume e dimensões, notar se a carga possui

pegadores e se tem rebarbas, as quais podem arranhar e cortar o trabalhador.

A postura é fundamental no transporte e manuseio de cargas. Caso o

trabalhador adote a postura correta, este não apresentará dores na hora do

transporte e nem depois do serviço, quando o mesmo estiver em suas horas de

lazer.

Com relação às posturas incorretas, Bordin (2004) cita ações que não se

devem adotar: dobrar a coluna, manter o objeto abaixo da linha da cintura, utilizar

apenas uma das mãos, manter o tronco longe da carga, girar bruscamente e escorar

a carga em pernas ou joelhos.

Estas posturas adotadas são errôneas, sendo assim necessário que a

empresa utilize treinamentos como forma de ensinar o trabalhador a conduzir o seu

trabalho de forma eficiente e que o mesmo evite dores e sofrimentos causados pela

tarefa.

No levantamento de cargas, o trabalhador deve ficar próximo à carga e

abaixar-se de forma que os pés fiquem afastados e os joelhos flexionados para dar

equilíbrio, mantendo sempre a cabeça e as costas alinhadas. Após este movimento,

a carga deve ser segurada com as plantas das mãos e todos os dedos, mantendo os

braços estendidos (BORDIN, 2004).

21

Após o procedimento anterior, a carga já pode ser levantada, utilizando

somente a força das pernas. Com a carga já levantada, deve-se mantê-la próxima

ao corpo e ao movimentar-se, evitar girar o tronco bruscamente e andar evitando

descompassos. Em casos de escada no trajeto do transporte, deve-se escalar

degrau por degrau. Outra dica é evitar locais bloqueados, escorregadios ou com

desníveis (BORDIN, 2004).

Bordin (2004) também explana que caso a carga seja de grande porte, o

material deverá ser transportado por duas ou mais pessoas, ou utilizar

equipamentos como guindaste, pontes, talhas ou empilhadeiras, pois além do peso,

esta pode também interferir na visão do carregador, podendo certamente gerar

riscos, pois o mesmo não conseguirá desviar-se de obstáculos que possam existir

no caminho.

Portanto, o trabalhador não deve ter atitudes de risco, como tentar levantar

cargas difíceis (pesadas e/ou grandes, sem apoiadores ou pegadores) sem ajuda de

outro trabalhador ou equipamento de transporte. Nestes casos, recomenda-se a

ajuda de outros trabalhadores ou do uso de paleteiras.

O uso da paleteira pode facilitar o transporte de cargas difíceis de serem

transportadas manualmente. Porém esta também apresenta riscos.

De acordo com Mello (2011), existem vários procedimentos que podem

manter o trabalho com a paleteira mais seguro, como o uso correto de acordo com o

peso máximo suportado pela paleteira, sempre olhar na direção do deslocamento,

não permitir que a carga obstrua a visão do transportador, e após o uso sempre

abaixar totalmente o mecanismo de elevação.

Sobre a paleteira, em casos de obstáculos como rampas, deve-se ter o

cuidado redobrado com a fixação da carga no palete, e atentar com o sentido, de

forma que a alavanca de comando sempre fique do lado alto da rampa (MELLO,

2011).

22

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória, do tipo estudo de caso,

com abordagem qualitativa observacional em uma empresa de transportes de

cargas.

O estudo de caso é um delineamento de pesquisa que vem sendo

frequentemente utilizado no campo das ciências sociais por permitir a descrição e o

aprofundamento sobre uma dada realidade social. Gil (2004) o define como "estudo

profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo seu amplo e detalhado

conhecimento”.

Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo estudo verticalizado de um ou

poucos casos, sendo que o caso consiste no objeto de observação, podendo ser

uma empresa, uma instituição ou outro fenômeno delimitado no tempo (Quando

ocorre?) e no espaço (Onde acontece?).

Para Yin (2001), o estudo de caso é descrito como uma investigação empírica

com a finalidade de investigar “um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto

da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não

estão claramente definidos”.

A preferência pelo uso do estudo de caso deve ser enfatizada quando do

estudo de eventos contemporâneos, em situações nas quais os comportamentos

relevantes não podem ser manipulados, mas sendo possível fazer observações

diretas.

O critério de escolha da empresa se deu pela facilidade de acesso, e pela

autorização da mesma para a coleta de dados.

A empresa escolhida está localizada na cidade de Ponta Grossa, Paraná, a

qual faz os transportes para todo o estado do Paraná e uma pequena parcela do

estado de São Paulo. Em Ponta Grossa a empresa possui vinte (20) empregados

ligados ao transporte de cargas, além de outras unidades de transporte espalhadas

em várias cidades, assim como as unidades administrativas que atuam em parceria

nos mesmos locais, mas que não são o foco do trabalho em questão.

A visita para a coleta de dados foi realizada em maio de 2012. Na visita foram

utilizados um bloco de anotações, caneta esferográfica de cor azul e uma câmera

23

fotográfica digital Fujifilm Finepix S4000 14 megapixels, para coleta de informações

e fotos.

Os objetos foram utilizados com a finalidade de serem feitas anotações e

registrar imagens do local de trabalho pela câmera.

24

5. ANÁLISE E RESULTADOS

O local é constituído de uma recepção, onde se podem obter informações

sobre o processo de transporte; um galpão principal onde se armazenam as cargas,

separadas por seus diferentes destinos; um depósito no qual são armazenadas as

cargas avariadas; e o pátio de caminhões, por onde os mesmos entram para serem

carregados e descarregados, através da plataforma que é conectada ao galpão.

A carga, que é entregue no local da encomenda, é pesada, identificada e

armazenada no galpão, de acordo com o seu destino. Na armazenagem, a

separação é feita com placas de aviso, fixadas nas paredes ou penduradas no teto,

as quais contêm o nome da cidade em que a carga deverá ser entregue. Então, a

carga é deixada próxima a esta placa, junto com outras que têm o mesmo destino.

Esta pesagem é feita de duas formas distintas, dependendo do tamanho e do

peso da carga. Se o objeto for pequeno, ele pode ser deixado na recepção, onde se

encontra uma balança comum, na qual a carga será pesada e passada para o

galpão. Já se a carga possuir maior porte e peso, a mesma precisa entrar pela área

da plataforma dos caminhões, para que seja pesada em uma balança do tipo

plataforma. Logo após a pesagem, a carga irá ser destinada para o local onde

aguardará para ser transportada, como ocorre com as cargas pequenas.

Nestes espaços reservados para a espera do embarque das cargas, existem

paletes (de madeira ou de plástico), os quais ficam sustentando as cargas.

Basicamente, os paletes possuem duas funções: não deixar a carga em contato

direto com o piso, pois isso poderia danificar o produto, além de dificultar o

levantamento e transporte da mesma, e para que se possam transportar várias

cargas de uma só vez, com a utilização das paleteiras.

O transporte das cargas é feito de duas formas diferentes, dependendo de

seu peso e volume. A primeira, mais simples, é o transporte manual, no qual o

trabalhador utiliza suas mãos para segurar a carga e levantá-la, para assim

transportá-la ao caminhão.

Embora o treinamento do transporte de cargas seja efetuado, a avaliação da

forma de trabalho feito no local verificou erros nas posturas adotadas pelos

trabalhadores, pois os mesmos, quando fazem o movimento de agachamento,

25

suspensão e transporte das cargas acabam não utilizando uma postura ereta. Os

principais problemas observados foram: agachamento errôneo com as pernas

estendidas, fazendo com que a coluna vertebral tenha que fazer todo o esforço (Foto

– 1); transporte de cargas apenas com os dedos, ou ainda somente com a ponta

deles, quando o certo seria utilizar toda a palma da mão (Foto - 2); e o transporte

com apenas uma mão, sendo esta carga apoiada entre a mão e a linha da cintura

(Foto – 3), quando o certo seria utilizar as duas mãos, favorecendo o equilíbrio e

deslocando igual carga para os membros.

Já a segunda forma de transporte é feita através de paleteiras manuais. Estas

permitem que o trabalhador leve pesos consideráveis de forma mais adequada,

além de proporcionar agilidade no processo, devido ao fato de que ele poderá estar

levando várias cargas de uma só vez.

Nesta forma de transporte também foram encontradas falhas, como por

exemplo: o ajuste de altura (regulagem de altura) da paleteira enquanto esta está

em movimento, sendo que o trabalhador deveria parar a paleteira, certificar-se que

ela não irá se mover, somente após isso ajustar a altura (Foto – 4); puxar a paleteira

com apenas uma das mãos, sendo que o correto seria utilizar as duas mãos, para

dividir a força entre os membros e não haver sobrepeso em um único membro (Foto

– 5); excesso de carga nas paleteiras; e cargas mal encaixadas sobre os paletes,

correndo o risco de queda e quebra de mercadoria, sendo que um trabalhador pode

tropeçar sobre a carga (Foto – 6).

Com relação aos tipos de cargas com os quais a empresa trabalha, é

perceptível que não existe uma carga padrão, ou seja, são cargas das formas e

tamanhos mais variados, como por exemplo, caixas de madeira, metal, isopor ou

papelão, pneus de vários tamanhos, produtos eletrônicos, vidros, lâmpadas

fluorescentes e para-brisas automotivos, tecidos, cobertores, peças mecânicas,

baterias, produtos químicos, alimentos, vacinas, sacos de ração, e outros tipos de

sacos, tambores contendo variadas coisas, vassouras, entre outros (Foto – 7).

A respeito das cargas avariadas, a gama de formas e pesos das cargas a

serem transportadas é um agravante, pois a forma como o trabalhador vai segurar e

transportar a carga e/ou apoiá-la no palete, ou até mesmo como ela vai ficar

guardada no estoque ou dentro do caminhão para ser transportada, pode gerar

acidentes como, por exemplo, a queda.

26

O galpão em questão possuía organização, porém em certos pontos ela era

falha. Embora houvesse espaços livres para o trânsito dos paletes, as cargas, em

certas pilhas, pareciam visivelmente estar sem o equilíbrio necessário (Foto – 8), de

forma que se algo encostasse na pilha, sendo outras cargas depositadas em cima

da pilha ou até mesmo o esbarrão de um braço ou palete, colocaria em risco a carga

e trabalhadores próximos.

Os corredores, cuja função é de servir para que os trabalhadores transitem

livremente no galpão, possuíam cargas pelo chão, as quais provavelmente caíram

de alguma pilha próxima ou até mesmo de um transporte (Foto – 8). Além disso,

enfatizando o problema, esta carga poderia ter sido retirada do piso por qualquer

outro trabalhador que ali passasse e percebesse o perigo, porém isso não ocorreu.

Como já comentado, o risco de uma pessoa tropeçar enquanto caminha

livremente, ou pior, transportando uma ou mais cargas, é alto, pois a princípio a

carga não deveria estar nos corredores. O risco de que o trabalhador sofra um

acidente e saia lesionado e/ou danifique a carga é existente e deve ser considerado.

A Norma Regulamentadora Nº12 (NR-12) cita que as vias principais de

circulação devem ter, no mínimo, 1,20 m (um metro e vinte centímetros) de largura;

as áreas de circulação devem ser mantidas permanentemente desobstruídas; assim

como as áreas de circulação e armazenamento de materiais e os espaços em torno

de máquinas devem ser projetados dimensionados e mantidos de forma que os

trabalhadores e os transportadores de materiais, mecanizados e manuais,

movimentem-se com segurança; e os pisos devem ser limpos e livres de objetos,

ferramentas e quaisquer materiais que ofereçam riscos de acidentes.

No processo de embarque da carga para o caminhão algumas medidas

preventivas foram tomadas, pois alguns caminhões não possuem a mesma altura da

plataforma de carregamento, resultando em uma diferença de altura significativa.

Ocorre também que o caminhão não fica exatamente junto à plataforma,

ocasionando um espaço vazio entre ambos, podendo ocorrer quedas de cargas e/ou

de trabalhadores.

Para solucionar o problema acima citado, os trabalhadores colocam pranchas

(chapas de aço) para fazer a ligação entre a plataforma e o interior do caminhão, de

modo a evitar acidentes (Foto – 9). Entretanto, em alguns casos a prancha não foi

utilizada, gerando assim um meio de ocorrer acidentes de tropeços e/ou quedas

(Foto – 10).

27

No momento em que os trabalhadores carregam o caminhão, estes tiram a

carga que está acima do palete e a acomodam no caminhão. Porém, com relação à

postura do transporte, os trabalhadores não utilizaram a técnica recomendada,

abaixando-se de maneira incorreta. (Foto – 1).

Quanto à acomodação das cargas no caminhão, pelo fato de as cargas não

serem uniformes, estas ficaram mal posicionadas no interior do caminhão

transportador, possibilitando que ao longo da viagem caiam e sejam danificadas,

correndo o risco de serem avariadas (Foto – 11). O risco também deve ser

considerado quando o caminhão chega ao destino e é aberto, pois se as cargas

estiverem mal posicionadas, estas podem vir a cair do caminhão, ferindo

trabalhadores e danificando cargas próximas.

O piso, de cimento desempenado, apresentou dois defeitos. O primeiro era

uma saliência em uma rampa, na qual transitam pessoas e paleteiras, podendo

gerar solavancos e tropeços. (Foto – 12).

O segundo problema fica localizado fora do galpão, onde se percebe um

declive acentuado (Foto – 13). Esse declive pode ocasionar o rolamento de alguma

carga ali estocada, para fora da plataforma, ou em direção ao corredor, causando

transtornos. O ideal seria que o piso, em toda a sua extensão, fosse totalmente

plano.

De acordo com a Norma Regulamentadora Nº12 (NR-12), os pisos devem ser

nivelados e resistentes às cargas a que estão sujeitos.

Certas cargas exigem uma forma de transporte mais cautelosa, como por

exemplo, vidros e produtos químicos. No primeiro caso, os trabalhadores são

obrigados a utilizar luvas de proteção. Quanto ao manuseio de cargas de produtos

químicos, os trabalhadores são obrigados a utilizar óculos de segurança. Entretanto,

nenhum transporte de vidros e materiais químicos foi observado no estudo de caso.

Com relação ao calçado, não há exigência, por parte da empresa, do uso de

sapato de segurança, sendo que o mesmo era muito pouco utilizado pela maioria.

Dentre os calçados que estavam em uso no momento do trabalho, destacavam-se

(não em ordem de quantidades) a botina de segurança, o sapato social e o tênis

(Foto – 14), sendo que os dois últimos não poderiam estar sendo utilizados devido à

ausência de proteção que ambos proporcionam.

Segundo a Norma Regulamentadora Nº6 (NR-6), a empresa é obrigada a

fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, como por

28

exemplo, o calçado de segurança para proteção contra impactos de quedas de

objetos sobre os artelhos.

A botina de segurança serve para que danos aos pés, como cortes, fraturas e

esmagamentos sejam evitados ou pelo menos amenizados. Se o trabalhador não

estiver fazendo o uso deles pode ocorrer um descuido ou erro que possa levar a um

acidente, como uma carga pesada caindo em cima dos pés ou o palete passando

por cima dos dedos, o impacto e dano serão muito maiores do que a um pé que

esteja devidamente protegido. Se a botina de segurança apresentar bico de ferro, a

eficiência da proteção será maior ainda.

Também foi relatado que existe conversa dos trabalhadores durante os

carregamentos e transportes. Esta atitude pode gerar pequenas distrações,

acarretando em falta de concentração nos empregados, gerando assim a

possibilidade do surgimento de acidentes de trabalho.

Quanto as questões sobre iluminação, ruídos e temperatura, estas não foram

averiguadas, pois os fatores citados não eram o foco do trabalho.

29

6. CONCLUSÕES

Através da pesquisa, visita ao local de trabalho e da análise de fotos feita na

empresa de transporte de cargas, concluiu-se que a empresa apresenta problemas

e riscos de acidentes para os trabalhadores que atuam no setor de transportes, bem

como para as cargas transportadas.

Os problemas existentes encontrados foram: falta do uso obrigatório de EPI

(botina de segurança) assim como uma cobrança de postura pelo empregador para

garantir o seu devido uso, desorganização no galpão com cargas espalhadas pelos

corredores, não utilização de pranchas ligando a plataforma ao caminhão, piso

desnivelado e com saliência, descuido referente ao armazenamento de cargas sobre

os paletes para que fiquem estáveis, problemas de posturas inadequadas com

relação ao levantamento e transporte de cargas, tanto manual como por meio de

paleteiras, acomodação de cargas no caminhão de forma que estas possam vir a

cair, distrações, falta de concentração devido à conversa entre os trabalhadores,

falta de treinamentos mais rigorosos e falta da demarcação de áreas de circulação.

Como sugestão, poderia ser feito o acompanhamento da atitude dos

trabalhadores após um treinamento específico sobre os aspectos citados como

atitudes de risco, e também o trabalho poderia ser complementado com ênfase na

análise ergonômica dos trabalhadores que trabalham na parte administrativa do

local, englobando, assim, todos os empregados.

30

7. REFERÊNCIAS

ALEXANDRE, Neusa Maria Costa. ERGONOMIA E AS ATIVIDADES OCUPACIONAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM. 1998. Disponível em: <http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/407.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

BATISTOTE, Thyago. ERGONOMIA COMO MINIMIZADORA ESTE PROBLEMA DENTRO DAS EMPRESAS. 2011. Disponível em: <http://www.artigonal.com/ medicina-alternativa-artigos/ ergonomia-como-minimizadora-este-problema-dentro-das-empresas-4063007.html>. Acesso em: 10 maio 2012.

BIBLIOMED. ACIDENTES DE TRABALHO. 2011. Disponível em: <http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=4991&ReturnCatID=1818>. Acesso em: 10 maio 2012.

BORDIN, Edson. DIÁLOGO DE SEGURANÇA: LEVANTAMENTO DE PESOS. 2004. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/52515882/30/LEVANTAMENTO-E-TRANSPORTE-MANUAL-DE-CARGAS>. Acesso em: 10 maio 2012.

BRASIL. LEI Nº 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977. Brasil. 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6514.htm>. Acesso em: 10 maio 2012.

BRASIL. SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. 67. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 867 p.

BRITO, Thatiana Prado. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO EM UMA EMPRESA BENEFICIADORA DE ACRÍLICOS NA REGIÃO DE JOINVILLE-SC. 2002. Disponível em: <http://www.ergonomianotrabalho.com.br/analise-ergonomica-empresa-beneficiadora-de-acrilicos.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

CÂMARA MUNICIPAL DE SINTRA. MOVIMENTAÇÃO MANUAL DE CARGAS: REGRAS DE SEGURANÇA. Portugal, Sintra. 2012. Disponível em: <http://www.cm-sintra.pt/%5CAnexo%5C633277222805468750Movimenta%C3%A7%C3%A3o%20Manual%20de%20Cargas.pdf>. Acesso em: 13 maio 2012.

ETERSEN, Denise. Transporte Manual de Cargas. 2012. Disponível em: <http://www.siticomsbs.org.br/Transporte_Manual_de_Cargas.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

FIALHO, Francisco; SANTOS, Neri Dos. MANUAL DE ANÁLISE ERGONÔMICA NO TRABALHO. 2. ed. Curitiba: Genesis, 1997. 316 p.

FUNDACENTRO. ACIDENTE DO TRABALHO. São Paulo. 2012. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/dominios/ctn/anexos/cdNr10/Manuais/M%C3%B3dulo02/6_13%20-%20ACIDENTES%20DE%20ORIGEM%20ELETRICA.pdf>. Acesso em: 12 maio 2012.

31

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

MAZETTO, Maria Otilia do Amaral. Ergonomia – Transporte Manual de cargas. 2011. Disponível em: < http://www.slideshare.net/brunogodoi1/ergonomia-transporte-manual-de-cargas>. Acesso em: 16 maio 2012.

MELLO, Valter. 20 dicas para operar uma paleteira com segurança. 2011. Disponível em: <http://clinica-blog.blogspot.com.br/2011/07/uma-transpaleteira-manual-parece-um.html>. Acesso em: 16 maio 2012.

MENEZES, Milton Serpa. SEGURANÇA DO TRABALHO. 2010. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/40113105/Apostila-de-Seguranca-do-Trabalho>. Acesso em: 15 maio 2012.

MONTEIRO, Cláudia Maria; BENATTI, Maria Cecília Cardoso; RODRIGUES, Roberta Cunha Matheus. ACIDENTE DO TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SÁUDE: UM ESTUDO EM TRÊS HOSPITAIS. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v17n1/pt_16.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

NETO, Edgar Martins. APOSTILA DE ERGONOMIA. 2012. Disponível em: < http://www.ergonomianotrabalho.com.br/artigos/Apostila_de_Ergonomia_2.pdf>. Acesso em: 11 maio 2012.

OSHA. Perigos e ricos associados à movimentação manual de cargas no local do trabalho. Portugal. 2007. Disponível em: <http://osha.europa.eu/pt/publications/factsheets/73>. Acesso em: 10 maio 2012.

PIZA, Fábio de Toledo. Conceitos Gerais Sobre Segurança No Trabalho: Histórico da Saúde e Segurança no Trabalho, no Brasil e no Mundo. 1997. Disponível em: <http://portal.abs.org.br/estudos/conceitos-gerais-sobre-seguranca-no-trabalho.htm>. Acesso em: 10 maio 2012.

ROCHA, Adilson. ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAMENTO,ORGANIZAÇÃ O, DIREÇÃO E CONTROLE. 2012. Disponível em: <pt.scribd.com/doc/34609787/Administracao-planejamento-organizacao-direcao-e-controle>. Acesso em: 10 maio 2012.

ROSSO, André Luiz Barb; OKUMURA, Sérgio. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE O PESO SUPORTADO PELOS TRABALHADORES NO TRANSPORTE MANUAL DE SACAS DE CIMENTO E O LIMITE RECOMENDADO PELO MÉTODO NIOSH. 2007. Disponível em: <http://www.bib.unesc.net/ biblioteca/sumario/ 000032/ 00003253.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

SAVI, Giovani. EPI bom também é EPI confortável. 2012. Disponível em: <http://blog.mte.gov.br/?p=7960>. Acesso em: 14 maio 2012.

SILVA, Filipe Augusto Carvalho. Segurança no trabalho. 2011. Disponível em: <http://www.slideshare.net/filipe_silva1/segurana-no-trabalho>. Acesso em: 10 maio 2012.

32

SILVEIRA, Odair Lopes da; YUKI, Wagner Shigueo; CATAI, Rodrigo Eduardo, MATOSKI, Adalberto; CORDEIRO, Arildo Dirceu; ROMANO, Cezar Augusto. GESTÃO DA ERGONOMIA NO POSTO DE TRABALHO DO OPERADOR LOGÍSTICO DE UMA EMPRESA DE ABRASIVOS. 2010. Disponível em: <http://www.excelenciaemgestao.org/Portals/2/documents/cneg6/anais/T10_0252_1133.pdf >. Acesso em: 10 maio 2012.

SINTRICOM. SEGURANÇA NO TRABALHO. 2009. Disponível em: <http://www.sintricom.com.br/cartilhasegurasintricom.pdf>. Acesso em: 15 maio 2012.

TOSTES, Maria Goreti Vaz. SEGURANÇA NO TRABALHO EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO - TREINAMENTOS E DINÂMICAS. 2003. Disponível em: <http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/249/1/2003_MariaGoretiVazTostes.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

VIANNA, Cláudia Salles Vilela. ACIDENTES DO TRABALHO: Caracterização administrativa e repercussões previdenciárias e trabalhistas. 2012. Disponível em: <http://www.sintesc.com/bib/acidente_trabalho_juridico.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e método. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

33

ANEXOS

Foto 1 – Levantamento de carga

34

Foto 2 – Transporte manual de carga

Foto 3 – Transporte de manual de carga 2

35

Foto 4 – Regulagem de altura da paleteira em movimento

Foto 5 – Transporte por paleteira com apenas uma mão

36

Foto 6 – Transporte de cargas sem equilíbrio na paleteira

Foto 7 – Variedades de cargas que são transportadas

37

Foto 8 – Cargas ao chão

Foto 9 – Prancha de ligação entre o caminhão e a plataforma

38

Foto 10 – Ausência da prancha entre o caminhão e a plataforma

Foto 11 – Cargas mal colocadas no caminhão

39

Foto 12 – Rampa desnivelada

Foto 13 – Piso desnivelado

40

Foto 14 – Calçados inadequados

41

ANEXO: NORMA REGULAMENTADORA N°11 (NR-11) - TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS.

Publicação D.O.U.

Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978 06/07/78.

Alterações/Atualizações D.O.U.

Portaria SIT n.º 56, de 17 de julho de 2003 06/07/03.

Portaria SIT n.º 82, de 01 de junho de 2004 02/06/04.

11.1 Normas de segurança para operação de elevadores, guindastes,

transportadores industriais e máquinas transportadoras.

11.1.1 Os poços de elevadores e monta-cargas deverão ser cercados,

solidamente, em toda sua altura, exceto as portas ou cancelas necessárias nos

pavimentos.

11.1.2 Quando a cabina do elevador não estiver ao nível do pavimento, a

abertura deverá estar protegida por corrimão ou outros dispositivos convenientes.

11.1.3 Os equipamentos utilizados na movimentação de materiais, tais como

ascensores, elevadores de carga, guindastes, monta-carga, pontes-rolantes, talhas,

empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes, transportadores de diferentes tipos,

serão calculados e construídos demaneira que ofereçam as necessárias garantias

de resistência e segurança e conservados em perfeitas condições de trabalho.

11.1.3.1 Especial atenção será dada aos cabos de aço, cordas, correntes,

roldanas e ganchos que deverão ser inspecionados, permanentemente,

substituindo-se as suas partes defeituosas.

11.1.3.2 Em todo o equipamento será indicado, em lugar visível, a carga

máxima de trabalho permitida.

11.1.3.3 Para os equipamentos destinados à movimentação do pessoal serão

exigidas condições especiais de segurança.

11.1.4 Os carros manuais para transporte devem possuir protetores das

mãos.

11.1.5 Nos equipamentos de transporte, com força motriz própria, o operador

deverá receber treinamento específico, dado pela empresa, que o habilitará nessa

função.

11.1.6 Os operadores de equipamentos de transporte motorizado deverão ser

habilitados e só poderão dirigir se durante o horário de trabalho portarem um cartão

de identificação, com o nome e fotografia, em lugar visível.

42

11.1.6.1 O cartão terá a validade de 1 (um) ano, salvo imprevisto, e, para a

revalidação, o empregado deverá passar por exame de saúde completo, por conta

do empregador.

11.1.7 Os equipamentos de transporte motorizados deverão possuir sinal de

advertência sonora (buzina).

11.1.8 Todos os transportadores industriais serão permanentemente

inspecionados e as peças defeituosas, ou que apresentem deficiências, deverão ser

imediatamente substituídas.

11.1.9 Nos locais fechados ou pouco ventilados, a emissão de gases tóxicos,

por máquinas transportadoras, deverá ser controlada para evitar concentrações, no

ambiente de trabalho, acima dos limites permissíveis.

11.1.10 Em locais fechados e sem ventilação, é proibida a utilização de

máquinas transportadoras, movidas a motores de combustão interna, salvo se

providas de dispositivos neutralizadores adequados.

11.2 Normas de segurança do trabalho em atividades de transporte de sacas.

11.2.1 Denomina-se, para fins de aplicação da presente regulamentação a

expressão "Transporte manual de sacos" toda atividade realizada de maneira

contínua ou descontínua, essencial ao transporte manual de sacos, na qual o peso

da carga é suportado, integralmente, por um só trabalhador, compreendendo

também o levantamento e sua deposição.

11.2.2 Fica estabelecida a distância máxima de 60,00m (sessenta metros)

para o transporte manual de um saco.

11.2.2.1 Além do limite previsto nesta norma, o transporte descarga deverá

ser realizado mediante impulsão de vagonetes, carros, carretas, carros de mão

apropriados, ou qualquer tipo de tração mecanizada.

11.2.3 É vedado o transporte manual de sacos, através de pranchas, sobre

vãos superiores a 1,00m (um metro) ou mais de extensão.

11.2.3.1 As pranchas de que trata o item 11.2.3 deverão ter a largura mínima

de 0,50m (cinquenta centímetros).

11.2.4 Na operação manual de carga e descarga de sacos, em caminhão ou

vagão, o trabalhador terá o auxílio de ajudante.

11.2.5 As pilhas de sacos, nos armazéns, devem ter altura máxima limitada

ao nível de resistência do piso, à forma e resistência dos materiais de embalagem e

43

à estabilidade, baseada na geometria, tipo de amarração e inclinação das pilhas.

(Alterado pela Portaria SIT n.º 82, de 01 de junho de 2004).

11.2.6 (Revogado pela Portaria SIT n.º 82, de 01 de junho de 2004).

11.2.7 No processo mecanizado de empilhamento, aconselha-se o uso de

esteiras-rolantes, dadas ou empilhadeiras.

11.2.8 Quando não for possível o emprego de processo mecanizado, admite-

se o processo manual, mediante a utilização de escada removível de madeira, com

as seguintes características:

a) lance único de degraus com acesso a um patamar final;

b) a largura mínima de 1,00m (um metro), apresentando o patamar as

dimensões mínimas de 1,00m x 1,00m (um metro x um metro) e a altura máxima, em

relação ao solo, de 2,25m (dois metros e vinte e cinco centímetros);

c) deverá ser guardada proporção conveniente entre o piso e o espelho dos

degraus, não podendo o espelho ter altura superior a 0,15m (quinze centímetros),

nem o piso largura inferior a 0,25m (vinte e cinco centímetros);

d) deverá ser reforçada, lateral e verticalmente, por meio de estrutura metálica

ou de madeira que assegure sua estabilidade;

e) deverá possuir, lateralmente, um corrimão ou guarda-corpo na altura de

1,00m (um metro) em toda a extensão;

f) perfeitas condições de estabilidade e segurança, sendo substituída

imediatamente a que apresente qualquer defeito.

11.2.9 O piso do armazém deverá ser constituído de material não

escorregadio, sem aspereza, utilizando-se, de preferência, o mastique asfáltico, e

mantido em perfeito estado de conservação.

11.2.10 Deve ser evitado o transporte manual de sacos em pisos

escorregadios ou molhados.

11.2.11 A empresa deverá providenciar cobertura apropriada dos locais de

carga e descarga da sacaria.

11.3 Armazenamento de materiais.

11.3.1 O peso do material armazenado não poderá exceder a capacidade de

carga calculada para o piso.

11.3.2 O material armazenado deverá ser disposto de forma a evitar a

obstrução de portas, equipamentos contra incêndio, saídas de emergências, etc.

44

11.3.3 Material empilhado deverá ficar afastado das estruturas laterais do

prédio a uma distância de pelo menos 0,50m (cinquenta centímetros).

11.3.4 A disposição da carga não deverá dificultar o trânsito, a iluminação, e o

acesso às saídas de emergência.

11.3.5 O armazenamento deverá obedecer aos requisitos de segurança

especiais a cada tipo de material.

11.4 Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Chapas de Mármore,

Granito e outras rochas. (Acrescentado pela Portaria SIT n.º 56, de 17 de setembro

de 2003).

11.4.1 A movimentação, armazenagem e manuseio de chapas de mármore,

granito e outras rochas deve obedecer ao disposto no Regulamento Técnico de

Procedimentos constante no Anexo I desta NR. (Acrescentado pela Portaria SIT n.º

56, de 17 de setembro de 2003).