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ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

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ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL

DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

3ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

FICHA TÉCNICA

Título

Estudo de Benchmark Internacional da Propriedade Industrial

Coordenação e Edição

AIMinho – Associação Empresarial

Av. Dr. Francisco Pires Gonçalves, 45 – Ap. 99 4711-954 Braga

Tel.: +351 253 202 500 Fax.: +351 253 276 601

www.aiminho.pt

Elaboração e Execução de Conteúdos

Soluciona – Sistemas Integrados de Gestão, Lda.

Local de Edição

Braga

Data de Edição

Março de 2013

ISBN

978-989-97129-7-3

5ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

4 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

4.1.2.2. Exemplo de Gestão da Propriedade Industrial - Marca Carlsberg 50

4.1.2.3. Interação com o Setor Académico e de Investigação 59

4.2. O Caso Holandês 60

4.2.1. Posicionamento dos Agentes Institucionais da Propriedade Industrial na Holanda 62

4.2.2. A Propriedade Industrial no Contexto Empresarial 65

4.2.2.1. Gestão da Propriedade Industrial - Grandes Empresas e PME’s 65

4.2.2.2. Exemplo de Gestão da Propriedade Industrial - Marca Heineken 70

4.2.2.3. Interação com o Setor Académico e de Investigação 83

5. Análise Comparativa entre Portugal e os Países Estudados 87

5.1. Contexto Português 87

5.2. Dados Gerais 92

5.3. Modalidades de Propriedade Industrial 95

5.4. Custos 100

5.5. Ciclos de Aprovação 104

6. Tendências de Evolução e Conclusões 105

7. Referências 110

ÍNDICE GERAL

1. Apresentação do Projeto 8

2. Introdução à Propriedade Industrial 10

2.1. Invenções 11

2.1.1. Patentes 11

2.1.2. Modelos de Utilidade 12

2.1.3. Topografias de Produtos Semicondutores 12

2.1.4. Certificados Complementares de Proteção (CCP) 13

2.2. Sinais 14

2.2.1. Marcas 14

2.2.2. Logótipos 15

2.2.3. Denominações de Origem e Indicações Geográficas 16

2.3. Design 17

3. Metodologia 18

3.1. Identificação e Seleção de Países Líderes em Matéria de Propriedade Industrial 19

3.2. Preparação das Visitas de Benchmark aos Países Selecionados 24

3.3. Programa e Execução das Visitas aos Países Selecionados 25

3.3.1. Programa Dinamarca 25

3.3.2. Programa Holanda 26

3.3.3. Visitas/Reuniões Dinamarca 27

3.3.4. Visitas/Reuniões Holanda 27

4. Caracterização da Propriedade Industrial nos Países Selecionados 40

4.1. O Caso Dinamarquês 40

4.1.1. Posicionamento dos Agentes Institucionais da Propriedade Industrial na Dinamarca 42

4.1.2. A Propriedade Industrial no Contexto Empresarial 48

4.1.2.1. Gestão da Propriedade Industrial - Grandes Empresas e PME’s 48

7ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

6 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Figura 26 – Barco da Heineken

Figura 27 – Evolução do rótulo da Heineken

Figura 28 – Evolução da garrafa da Heineken

Figura 29 – Slogan da Heineken

Figura 30 – Marcas geridas pela da Heineken

Figura 31 – Fotobioreatores tubulares horizontais

Figura 32 – Panorâmica do AlgaePARC.

Figura 33 – Painéis Planos

Figura 34 – Logótipo do Portugal Sou Eu

ÍNDICE FIGURAS

Figura 1 – Visita ao Danish Patent and Trademark Office

Figura 2 – Reunião no Danish Patent and Trademark Office

Figura 3 – Visita à Confederation of Danish Industry

Figura 4 – Reunião na Confederation of Danish Industry

Figura 5 – Visita à Copenhagen Capacity

Figura 6 – Reunião na Copenhagen Capacity

Figura 7 – Museu e instalações da antiga fábrica da Carlsberg

Figura 8 – Visita à Carlsberg

Figura 9 – Reunião na NIABA

Figura 10 – Edifício da VNO-NCW

Figura 11 – Reunião na VNO-NCW

Figura 12 – Visita à Heineken

Figura 13 – Visita ao Centro de Investigação AlgaePARC

Figura 14 – Edifício Sede da Carlsberg em Copenhaga

Figura 15 – Fundador da Carlsberg, JC Jacobsen

Figura 16 – Museu da Carlsberg em Copenhaga

Figura 17 – Loja de Merchandising no Museu da Carlsberg em Copenhaga

Figura 18 – Evolução do rótulo da Carlsberg

Figura 19 – Evolução da garrafa da Carlsberg

Figura 20 – Slogan da Carlsberg

Figura 21 – Valores Históricos da Heineken

Figura 22 – História da Heineken

Figura 23 – Museu da Heineken em Amsterdão

Figura 24 – Interatividade no Museu da Heineken em Amsterdão

Figura 25 – Loja de Merchandising no Museu da Heineken em Amsterdão

9ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

8 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Neste sentido, a adequada utilização dos mecanismos de proteção da Propriedade Industrial é essencial

para impulsionar os interesses das empresas, instituições e indivíduos, na medida em que permite

transformar ideias e invenções em valor e riqueza, atraindo investimentos, desenvolvimento e novas

oportunidades de negócio.

A missão do projeto é aumentar o conhecimento e a utilização da Propriedade Industrial, em particular

pelas PME´s portuguesas, visando promover a inovação e a competitividade, de acordo com os objetivos

delineados na Agenda de Lisboa.

Face ao exposto, o projeto aposta de forma decisiva, na convicção de que, cada vez mais, a capacidade

das empresas e das economias alcançarem o topo das cadeias de valor, dependerá do seu relacionamento

com as modalidades de Propriedade Industrial.

No âmbito da Atividade 4 deste projeto pretendeu-se identificar, no mercado internacional, dois países

líderes no desenvolvimento de diferentes metodologias de apoio à Propriedade Industrial, bem como

possíveis exemplos positivos de práticas que devam guiar o planeamento estratégico de toda a “cadeia

global” da PI em Portugal.

1. Apresentação do Projeto

O presente Estudo de Benchmark Internacional em Matéria de Propriedade Industrial enquadra-

se nas Fases 1 e 2 da Atividade 4 (Estudo de Benchmark Internacional), do projeto + Valor PME – Apoiar,

Difundir e Organizar a Propriedade Industrial.

O Programa de Apoio é o POFC/SIAC (Programa Operacional Fatores de Competitividade/Sistema de

Apoio a Ações Coletivas).

Trata-se de um projeto realizado em copromoção entre a AIMinho – Associação Empresarial, sediada

em Braga, e o CEC/CCIC (Conselho Empresarial do Centro/Câmara de Comércio e Indústria do Centro),

sediado em Coimbra, tornando o projeto mais abrangente em termos territoriais.

O projeto + Valor PME - Apoiar, Difundir e Organizar a Propriedade Industrial, desenvolvido no domínio

da “Inovação e Empreendedorismo”, na área de intervenção “Propriedade Industrial” e nas temáticas de

projeto de “promoção e difusão da propriedade industrial junto das empresas” e “dinamização de redes de

apoio à Propriedade Industrial” propõe-se promover uma maior aproximação e sensibilização das PME´s

para a área da Propriedade Industrial (PI). A aposta centra-se em novas metodologias que privilegiem os

contactos de proximidade, enquanto são implementadas atividades de suporte à difusão e partilha de

informação sobre a PI, contribuindo para o reforço do Sistema da Propriedade Industrial.

O projeto focaliza-se no desígnio Agenda para a Competitividade – A Inovação, compreendendo que

inovação e propriedade industrial são dimensões de uma mesma realidade. De facto, inovar e proteger o

capital intelectual significa transformar uma ideia em valor, criando com isso riqueza e oportunidades de

negócio que resultarão em desenvolvimento económico e social.

11ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

10 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

entre Estados. Os pedidos de patente internacional são feitos no âmbito dos países contratantes do

Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT).

O registo/proteção implica a presunção de que não existem marcas, patentes, desenhos ou modelos

(ou outras modalidades) anteriores que o inviabilizem. Minimiza, por essa via, o risco de conflito com

detentores de direitos anteriores, que possa conduzir a uma eventual obrigação de retirada de todo o

investimento realizado, no desenvolvimento e na implementação de um determinado sinal ou invenção.

2.1. Invenções

Os resultados da atividade inventiva em todos os domínios tecnológicos podem ser protegidos, a título

temporário, através das modalidades que a seguir se apresentam.

2.1.1. Patentes

As patentes de invenção são títulos que conferem o direito exclusivo de produzir e comercializar uma

invenção, impedindo que terceiros fabriquem, importem ou vendam o produto patenteado. As patentes

permitem valorizar produtos, processos ou ambos, de uma forma que possibilita a promoção da criatividade

e a investigação, pondo os seus resultados ao serviço da indústria, entre outros. Assim, uma patente, na

sua formulação clássica, é uma concessão pública, conferida pelo Estado, que garante ao seu titular a

exclusividade de explorar comercialmente a sua criação. Em contrapartida, é disponibilizado acesso ao

público sobre o conhecimento dos pontos essenciais e as reivindicações que caracterizam a novidade

do invento.

2. Introdução à Propriedade Industrial

A Propriedade Industrial, de acordo com a definição da Convenção de Paris de 1883, é o conjunto de

direitos que compreende as patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos

industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas de serviço, o nome comercial e as indicações

de proveniência ou denominações de origem, bem como a repressão da concorrência desleal.

A PI permite assegurar o direito a um monopólio ou uso exclusivo sobre uma determinada invenção, uma

criação estética (design) ou um sinal usado para distinguir produtos e empresas no mercado.

A Propriedade Industrial, em conjunto com os Direitos de Autor e os Direitos Conexos, constitui a

Propriedade Intelectual.

Este direito permite impedir que alguém utilize, sem consentimento, uma marca, uma patente ou um

desenho ou modelo (ou outras modalidades), habilitando o titular a acionar todos os mecanismos legais

para fazer cessar ou punir qualquer conduta usurpadora.

Em Portugal, a propriedade e o uso exclusivo apenas se adquirem por via da proteção ou do registo junto

do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Ao nível da União Europeia, existem duas entidades com funções distintas em matéria de PI, a saber: o

Instituto de Harmonização no Mercado Interno (IHMI), sediado em Alicante, relativamente às marcas e ao

design, e o Instituto Europeu de Patentes (IEP), sediado em Munique, no que concerne às patentes.

A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) é uma entidade internacional de Direito

Internacional Público com sede em Genebra, integrante do Sistema das Nações Unidas, que tem por

propósito a promoção da proteção da propriedade intelectual ao nível mundial através da cooperação

13ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

12 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

c) Seja destinado a desempenhar uma função eletrónica, quer exclusivamente, quer em conjunto com

outras funções.

Apenas as topografias de produtos semicondutores que resultem do esforço intelectual do seu próprio

criador e que não sejam conhecidas na indústria dos semicondutores, ou que sejam combinações novas

de elementos conhecidos, beneficiam de proteção legal.

Exclui-se da proteção qualquer conceito, processo, sistema, técnica ou informação codificada nas

topografias.

2.1.4. Certificados Complementares de Proteção (CCP)

O Certificado Complementar de Proteção (CCP) é um direito de Propriedade Industrial que prolonga, até

um período máximo de 5 anos, a proteção conferida por uma patente-base, para um determinado produto,

medicamento ou fitofarmacêutico, desde que esse produto esteja protegido pela referida patente-base e

confira a mesma proteção que a patente, embora apenas para o produto identificado na Autorização para

Introdução no Mercado (AIM).

Este direito de Propriedade Industrial foi criado tendo em atenção as necessidades das indústrias de

medicamentos e produtos fitofarmacêuticos.

De facto, o período que decorre entre a apresentação de um pedido de patente para um novo produto,

medicamento ou fitofarmacêutico e a emissão da autorização de introdução no mercado (AIM) do referido

produto, pode reduzir a proteção efetiva conferida pela patente a um período insuficiente para amortizar

os investimentos efetuados na investigação.

2.1.2. Modelos de Utilidade

Os modelos de utilidade são, igualmente, uma forma de proteção de uma invenção. Diferem da patente

por exigirem um procedimento administrativo simplificado e mais rápido. Invenções associadas a

matéria biológica ou sobre substâncias ou processos químicos ou farmacêuticos estão excluídas desta

modalidade de proteção. A grande vantagem para o requerente do modelo de utilidade consiste em

poder pagar unicamente a taxa de pedido para requerer o modelo e adiar o pagamento da taxa de

exame, que é normalmente mais dispendiosa, para quando este for necessário, o que torna esta proteção

mais acessível a qualquer interessado. Consiste, contudo, num direito mais fraco, podendo o exame

ser requerido a qualquer momento já que se torna obrigatório quando o titular pretender interpor ações

judiciais para defesa dos direitos que o mesmo confere.

2.1.3. Topografias de Produtos Semicondutores

Englobada no grupo dos modelos de utilidade, está também a proteção conhecida como topografia de

um produto semicondutor, traduzida no conjunto de imagens relacionadas, quer fixas, quer codificadas,

que representam a disposição tridimensional das camadas de que um produto se compõe e em que cada

imagem possui a disposição, ou parte da disposição, de uma superfície do mesmo produto, em qualquer

fase do seu fabrico. Por outro lado, considera-se produto semicondutor a forma final, ou intermédia, de

um produto que, cumulativamente:

a) Consista num corpo material que inclua uma camada de material semicondutor;

b) Possua uma ou mais camadas compostas de material condutor, isolante ou semicondutor, estando as

mesmas dispostas de acordo com um modelo tridimensional pré-determinado;

15ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

14 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

integra-se no conceito mais lato de sinais distintivos, embora seja justamente qualificada como a figura

simbólica face aos demais sinais previstos na Lei, como sejam o Logótipo, a Denominação de Origem

e as Indicações Geográficas. conceptualmente, o que os distingue tem a ver com o objeto sobre o qual

cada um deles recai.

Assim:

• A Marca destina-se a distinguir um determinado produto ou serviço;

• O Logótipo destina-se a referenciar uma entidade que preste serviços ou comercialize produtos;

• A Denominação de Origem e a Indicação Geográfica servem para distinguir a origem geográfica de

um produto.

2.2.2. Logótipos

Um Logótipo pode ser constituído por um sinal ou conjunto de sinais passíveis de se representarem

graficamente, designadamente por elementos nominativos, figurativos ou por uma combinação destes e

deve ser adequado para diferenciar uma entidade que preste serviços ou comercialize produtos. Pode

ser utilizado, entre outros, em estabelecimentos, anúncios, impressos ou correspondência. Qualquer

entidade, de caráter público ou privado, poderá requerer o registo de um logótipo, desde que tenha

interesse legítimo nele.

Convém saber que o mesmo sinal, quando se destina a individualizar uma mesma entidade, não pode ser

objeto de mais do que um registo de logótipo, mas a mesma entidade pode ser individualizada através de

diferentes registos de logótipo.

2.2. Sinais

Um elemento gráfico, como uma figura ou uma palavra, que sirva para identificar no mercado produtos

ou serviços ou entidades pode ser protegido através de marcas, logótipos, denominações de origem e

indicações geográficas, conforme os pontos a seguir apresentados.

2.2.1. Marcas

A marca é a representação simbólica de uma entidade, ou seja, algo que permite identificá-la de um modo

imediato. Uma simples palavra pode identificar uma marca.

As marcas são sinais visualmente percetíveis e servem para identificar produtos e serviços de uma dada

empresa. Uma empresa, por outro lado, é identificada pelo seu nome empresarial, que pode diferir do

nome da marca.

O conceito de marca é bem mais abrangente do que a sua representação gráfica. Uma empresa através

do seu nome comercial e da sua representação gráfica comunica a “promessa” de um produto seu,

diferente do dos concorrentes, o que o torna especial e único. Procura-se associar às marcas uma

personalidade ou uma imagem mental relativa à empresa e seus produtos ou serviços. Em função disto,

uma marca pode formar um importante elemento temático para a publicidade. Possui vários níveis de

significado, entre eles: cultura, atributos ou benefícios.

A marca é associada a um conjunto de supostos benefícios conferidos aos serviços e/ou bens adquiridos,

na medida em que dá garantias aos consumidores sobre a sua qualidade. Constituindo a marca um sinal

ou um conjunto de sinais suscetíveis de representação gráfica, nomeadamente por palavras, desde que

sejam adequados para distinguir os produtos ou serviços de uma empresa dos de outras empresas,

17ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

16 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

2.3. Design

Se houver desenvolvimento de um design inovador para um “produto” e se pretender a sua proteção, a

modalidade de Propriedade Industrial adequada é o Desenho ou Modelo.

Trata-se, pois, da representação da totalidade ou parte de um produto, resultante das suas características,

tais como linhas, contornos, cores, forma, textura, material do produto e/ou da sua ornamentação. Desta

forma, é possível proteger um produto bidimensional (desenho) ou tridimensional (modelo). Estes produtos

podem ser reproduzidos por via industrial ou artesanal.

2.2.3. Denominações de Origem e Indicações Geográficas

Considera-se denominação de origem o nome de uma dada região, de um local determinado ou, até, de

um país, que sirva para designar ou identificar um produto:

a) Que seja oriundo dessa região, desse local determinado ou desse país;

b) Que tenha qualidades ou características que advenham, de modo essencial ou exclusivo, do meio

geográfico, em que se incluem fatores naturais e humanos, e que seja produzido, transformado e elaborado

na área geográfica delimitada. Estas características também são necessárias para se considerarem certas

denominações tradicionais, sejam geográficas ou não, que denominam um produto originário de uma

região como denominações de origem.

Por outro lado, considera-se indicação geográfica o nome de uma região, de um local determinado ou,

até, de um país que sirva para designar ou identificar um produto:

a) Que seja oriundo dessa região, desse local determinado ou desse país;

b) Com uma reputação, uma determinada qualidade ou outra característica que possam ser atribuídas a

essa origem geográfica e que seja produzido, transformado e elaborado na área geográfica delimitada.

A maior diferença entre uma denominação de origem e uma indicação geográfica consiste na ligação

que existe entre as qualidades ou as características do produto e a área de que é originário. Esta relação

é mais apertada nas denominações de origem do que nas indicações geográficas, pois, no caso da

denominação de origem, as características distintivas do produto são uma consequência do seu local de

origem e tudo o que lhe está associado. No caso da indicação geográfica, não se exige uma ligação tão

estreita entre as qualidades do produto e o seu local de origem.

19ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

18 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

3.1. Identificação e Seleção de Países Líderes em Matéria de Propriedade Industrial

A metodologia seguida para a identificação e seleção dos países líderes em matéria de PI levou a que

primeiro fossem analisados os países a um nível global, com base nos dados do relatório estatístico

do OMPI de 2011, tendo em conta as diferentes formas de PI, considerando-se aqueles que mais se

destacam nesta área em matéria de registos de patentes, modelos de utilidade, marcas e design.

Desta primeira análise, foi possível verificar um exponencial aumento do interesse em pedidos de patentes,

essencialmente dos países asiáticos, nomeadamente da China (34,6%) e da região administrativa especial

de Hong Kong (15,3%), o que reflete uma grande vitalidade no setor industrial, nomeadamente tecnológico,

e potencia o crescimento económico.

Os países/regiões mais importantes pela atividade das suas respetivas entidades oficiais em matéria de

patentes são, para além da China, os Estados Unidos da América, o Japão, a República da Coreia e a

União Europeia (através do Instituto Europeu de Patentes).

Relativamente aos modelos de utilidade, tal como no caso das patentes, a China destaca-se com um

crescimento de 42,9%, a Federação Russa de 8% e a Turquia de 8,1%, do número de pedidos mundiais.

Os países da União Europeia com maior representatividade têm sofrido um decréscimo ou estagnação

em termos de crescimento. De salientar a Alemanha, em 2.º lugar no que se refere ao número de pedidos,

que sofreu um decréscimo de 5,8% e a Espanha, em 8.º lugar, que sofreu um decréscimo de 1,6%.

Quanto às marcas, o crescimento de pedidos é uma vez mais liderado pela China (31,2%), seguida pelo

Brasil (21,6%) e pelo Reino Unido (16,4%).

No que se refere aos pedidos de registo de design, a China invariavelmente lidera em número de pedidos.

3. Metodologia

Com o presente estudo pretendeu-se verificar quais as melhores práticas institucionais implementadas

noutros países, a forma como estes se organizam, como funcionam e como auxiliam os particulares,

as empresas e todos os interessados na Propriedade Industrial. Assim, para o seu desenvolvimento, foi

preparada uma metodologia estruturada nas seguintes fases de trabalho:

FASE 1 - Levantamento inicial dos aspetos gerais das metodologias de apoio à Propriedade Industrial em

uso em vários países estratégicos, por serem considerados os países que, à partida, detêm melhores

práticas no âmbito da Propriedade Industrial. Definição de parâmetros de comparação das diferentes

metodologias, de modo a poderem-se identificar aquelas que permitem assegurar e sustentar vantagens

competitivas.

FASE 2 - Compilação e síntese de toda a informação recolhida bem como identificação de dois países

líderes com os melhores métodos de promoção, divulgação e apoio à Propriedade Industrial.

FASE 3 – Realização de visitas, pela equipa de projeto, aos dois países identificados como líderes no

âmbito da Propriedade Industrial para um melhor levantamento de informação.

FASE 4 - Elaboração do Estudo de Benchmark Internacional da Propriedade Industrial, a que

corresponde o presente documento.

FASE 5 - Edição do Estudo de Benchmark Internacional da Propriedade Industrial para publicação

em plataforma colaborativa.

FASE 6 - Apresentação do trabalho em seminários de divulgação.

21ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

20 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Produto Interno Bruto Per Capita em comparação com a média europeia.

• Ranking de Inovação

Classificação em matéria de inovação relativamente aos restantes países do mundo, com base em dados

do Innovation Digest 2011 da COTEC Portugal - Associação Empresarial para a Inovação.

Os países que apresentam um ranking de inovação elevado partilham em comum sistemas nacionais de

investigação e inovação, em que a atividade empresarial constitui um fator chave de desenvolvimento,

existindo uma sólida colaboração entre o setor público e privado.

• Pedidos de Patente Europeia (por milhão de habitantes)

Número de patentes europeias por milhão de habitantes de cada país.

A capacidade das empresas para o desenvolvimento de novos produtos determina a sua vantagem

competitiva ao nível europeu. Um indicador da taxa de inovação de novos produtos é o número de

pedidos de patentes.

• N.º de Pedidos de Patente de Origem Europeia

Número total de pedidos de patente de origem europeia em cada país. Indica o valor absoluto de pedidos,

complementando a análise do indicador anterior.

• N.º de Pedidos de Patente Internacional (PCT)

Número total de pedidos de patentes internacionais em cada país.

No entanto, regista um aumento de apenas 2,7%. Nesta forma de PI, é de destacar o aumento de

pedidos dos EUA (42,7%) e da União Europeia (26,2%), através do Instituto de Harmonização no Mercado

Interno (IHMI).

Com base nos dados acima apresentados, poder-se-ia considerar interessante estudar os países com

maior crescimento em matéria de PI. No entanto, tratando-se de países de grande dimensão, apenas

comparáveis ao espaço europeu, e não a Portugal, não foram considerados adequados ao objetivo do

presente estudo.

Desta forma, a seleção recaiu sobre o conjunto de países europeus, tendo em conta que se trata de

uma realidade mais próxima e comparável a Portugal, constituindo também o seu principal mercado de

exportações. Para além disso, o espaço europeu contém no seu seio países que apresentam um elevado

nível de inovação e de PIB per capita.

Neste sentido, considerou-se que, para analisar aprofundadamente as diferentes metodologias de

tramitação processual, deveriam ser selecionados países com base no que efetivamente os distingue como

líderes, ou seja, nos resultados da sua política industrial e económica. Tendo em conta esta situação, de

forma a efetuar um benchmark internacional com parâmetros passíveis de comparação, foram esolhidos

para base de análise países com dimensões semelhantes a Portugal, enquadrados no mesmo espaço

económico, político e geográfico (UE). Por esse motivo, estabeleceu-se um comparativo com base em

indicadores macroeconómicos, de inovação e de resultados da Propriedade Industrial.

De seguida, apresenta-se o conjunto de indicadores que sustentaram a análise e a seleção dos países

líderes em matéria de PI, com base na metodologia aqui apresentada:

• PIB Per Capita Relativo à Média Europeia

23ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

22 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

estudo comparativo seriam, em primeiro lugar, o ranking de inovação de cada país, complementado pelos

pedidos de patente por milhão de habitantes. Com base nestes dois indicadores, foram identificados

países líderes no espaço europeu.

De seguida, foram hierarquizados e agrupados os países líderes em 2 conjuntos: países escandinavos

(Suécia, Finlândia e Dinamarca) e países do centro da Europa (Holanda, Áustria e Bélgica). Deste modo,

entendeu-se que seria mais enriquecedor analisar realidades distintas no contexto europeu, pelo que a

seleção deveria recair sobre um país de cada um destes conjuntos.

No caso do conjunto escandinavo, a escolha recaiu sobre a Dinamarca, dada a sua posição de destaque

no ranking de inovação (2.º lugar ao nível mundial segundo dados de 2011 da COTEC). Ainda com

base no mesmo critério, a Holanda destacou-se no grupo selecionado do centro da Europa (9.º lugar no

mesmo ranking).

O fator inovação está diretamente relacionado com um melhor desempenho em termos de PI, uma vez que

este é o seu mais relevante eixo de desenvolvimento. Ambos os países apresentam também excelentes

desempenhos ao nível do n.º de pedidos de patente por milhão de habitantes. De salientar ainda que

estes dois países apresentam dos mais elevados PIB per capita face à média europeia.

Assim, a metodologia seguida conduziu a que fossem identificados e selecionados países considerados

exemplos de desenvolvimento sustentável e que constituem referências a nível mundial em diversas

áreas, nomeadamente no desenvolvimento e no respeito pelos valores fundamentais, pelos quais se

devem reger as sociedades.

Os países identificados e posteriormente selecionados têm, de uma forma transversal, sistemas jurídicos

e de educação que funcionam para a sociedade como alavancas de desenvolvimento.

A capacidade das empresas para o desenvolvimento de novos produtos determina a sua vantagem

competitiva a nível internacional. Um indicador da taxa de inovação de novos produtos é o número de

pedidos de patentes internacionais.

• N.º de Pedidos de Modelos de Utilidade (PCT)

Número total de pedidos de modelos de utilidade em cada país.

Este indicador complementa os indicadores anteriores, uma vez que os modelos de utilidade constituem

eles próprios formas de proteção de invenção, diferindo das patentes apenas por exigirem um procedimento

administrativo simplificado e mais célere do que estas.

• Nº de Pedidos de Desenho Industrial

Número total de pedidos de desenho industrial em cada país.

Este indicador revela o nível de desenvolvimento das empresas em diversas áreas, nomeadamente

engenharia de produto, marketing e inovação.

• N.º de Pedidos de Marcas Internacional

Número total de pedidos de marcas internacionais em cada país.

As marcas são um importante indicador de inovação, especialmente no setor dos serviços, podendo, no

entanto, revelar níveis limitados de recurso às restantes modalidades de proteção da PI.

Com base na informação acima apresentada, considerou-se que os indicadores mais relevantes para o

25ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

24 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

• Carlsberg.

Holanda:

• Nederlandse Biotechnologie Associatie;

• Confederation of Netherlands Industry and Employers;

• Heineken;

• Universidade Wageningen UR.

• Estruturação das visitas tendo em conta a relevância dos contactos efetuados e a disponibilidade de

agenda de todas as entidades envolvidas;

• Preparação de toda a logística de viagem;

• Preparação de documentação para a realização de entrevistas (ver check-lists de verificação em

anexo) e apresentação da AIMinho e do CEC/CCIC, no âmbito da sua representação.

3.3. Programa e Execução das Visitas aos Países Selecionados3.3.1. Programa Dinamarca

Dia 3 de fevereiro de 2013

• Viagem Porto – Lisboa - Copenhaga.

Dia 4 de fevereiro de 2013

• 14:00 horas – reunião de trabalho em Copenhaga, no Danish Patent and Trademark Office com Keld

Nymann Jensen, Deputy Diretor General, Kim Buchardt Christiansen, Head of Sales & Customservices

e Camilla Hjermind, Head of Department, Policy and Legal Affairs.

Considerando que o sucesso da gestão e da proteção da Propriedade Industrial depende fortemente

destes fatores, aliado aos resultados dos indicadores analisados, a metodologia seguida e respetiva

escolha efetuada foram validadas.

Posteriormente, foram selecionadas nesses países entidades públicas gestoras dos sistemas de

propriedade industrial, instituições académicas, associações empresariais e empresas líderes para o

desenvolvimento do estudo.

3.2. Preparação das Visitas de Benchmark aos Países Selecionados

A preparação das visitas aos dois países selecionados passou pelas seguintes atividades:

• Verificação das entidades mais relevantes no âmbito da PI na Dinamarca e na Holanda, no contexto

científico e empresarial, através de uma análise detalhada da forma de organização destes países

nestas matérias;

• Estabelecimento de contactos com as diversas entidades selecionadas via telefone e correio eletrónico;

• Dos contactos estabelecidos foram agendadas visitas às seguintes entidades:

Dinamarca:

• Danish Patent and Trademark Office;

• Confederation of Danish Industry;

• Copenhagen Capacity;

27ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

26 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Dia 8 de fevereiro de 2013

• 15:00 horas – Visita à Heineken.

Dia 9 de fevereiro de 2013

• Viagem Amsterdão – Wageningen;

• 11:00 horas - reunião de trabalho em Wageningen, na Universidade Wageningen UR com Maria

Barbosa;

• Viagem Wageningen – Amsterdão;

• Viagem Amsterdão – Porto.

As reuniões decorreram conforme planeado, tendo-se atingido os objetivos propostos e superado as

expectativas relativamente à sua mais-valia para o trabalho.

3.3.3. Visitas/Reuniões Dinamarca

Danish Patent and Trademark Office

O Danish Patent and Trademark Office (DKPTO) é a entidade institucional que gere a PI na Dinamarca,

sendo uma entidade dinâmica, moderna e orientada para o mercado, sob a tutela do Danish Ministry of

Business and Growth. Encontra-se certificada na área da Qualidade de acordo com o referencial ISO

9001.

O objetivo do DKPTO é ser o centro de informação estratégica na Dinamarca em matéria de PI e um

Dia 5 de fevereiro de 2013

• 09:30 horas - reunião de trabalho em Copenhaga, no Confederation of Danish Industry com Alexander

Ulrich, Political Adviser SME department;

• 14:00 horas - reunião de trabalho em Copenhaga, no Copenhagen Capacity com Jørgen Jessen,

Business Development Manager.

Dia 6 de fevereiro de 2013

• 10:30 horas – visita às instalações da Carlsberg em Copenhaga.

3.3.2. Programa Holanda

Dia 6 de fevereiro de 2013

• Viagem Copenhaga – Amsterdão;

Dia 7 de fevereiro de 2013

• Viagem Amsterdão – Haia;

• 10:00 horas - reunião de trabalho em Haia, no Nederlandse Biotechnologie Associatie com Irma Vijn,

Senior Policy Advisor;

• 15:00 horas - reunião de trabalho em Haia, na Confederation of Netherlands Industry and Employers

com Thomas Grosfeld, Senior Advisor Innovation Policy;

• Viagem Haia – Amsterdão.

29ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

28 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Confederation of Danish Industry

A Confederation of Danish Industry (DI) é uma organização empresarial que representa 10 mil empresas

na Dinamarca, as quais empregam cerca de 1 milhão de colaboradores em todo o tipo de atividades

setoriais, sendo uma entidade privada.

A DI participa ativamente na concertação social e ajuda a definir e influenciar a agenda política. A sua

missão passa por criar as melhores condições para a indústria dinamarquesa, dando especial relevância

à inovação e à PI.

Esse apoio passa por criar as condições necessárias para que as empresas sejam competitivas, através

do desenvolvimento de produtos e serviços de valor acrescentado, o que constitui uma alavanca para o

seu crescimento e internacionalização.

A reunião decorreu conforme planeado, tendo sido a equipa de projeto recebida com muita cordialidade

e obtido informação relevante por parte do contacto estabelecido.

Foi interessante avaliar a abordagem da associação perante a PI, através do envolvimento de um dos

seus responsáveis no nosso projeto, o que demonstra a importância que é dada a esta temática no seio

empresarial, nomeadamente nas PME´s.

garante da proteção dos direitos relacionados com a PI. Deste modo, o instituto é responsável neste país

pelos registos de Patentes, Design e Marcas.

A reunião decorreu conforme previsto, tendo sido a equipa de projeto muito bem recebida pelos

responsáveis da instituição, que se prestaram a responder a todas as questões colocadas e realizaram

uma apresentação do DKPTO.

É de salientar a vontade e disponibilidade do DKPTO em participar no projeto, demonstrando interesse na

análise do presente estudo e no potencial estabelecimento de futuras parcerias.

Esta entidade encontra-se a estabelecer uma rede colaborativa entre empresas dinamarquesas e empresas

de outros países, podendo ser interessante estudar a sua aplicabilidade para as empresas portuguesas.

Figura 1 – Visita ao Danish Patent and Trademark Office. Figura 2 – Reunião no Danish Patent and Trademark Office.

31ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

30 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A reunião foi altamente produtiva, através do contacto com uma visão política que evidenciou uma

estratégia de captação de investimento estrangeiro pela imagem conceituada que a Dinamarca tem nas

áreas da inovação e da PI.

Como conclusão principal, retira-se que a aposta em clusters associados à inovação é um fator crítico

de sucesso para a atração de investimento de todo o mundo, proporcionando à Dinamarca dos mais

elevados índices de bem-estar e de riqueza ao nível global.

Copenhagen Capacity

A Copenhagen Capacity é uma agência estatal para a atração de investimento na Dinamarca, com

especial focalização em Copenhaga, que possui uma forte ligação aos restantes países escandinavos.

A missão desta entidade é apoiar os empreendedores no lançamento de um negócio, considerando

essencial a criação de postos de trabalho, quer seja para dinamarqueses, quer seja para estrangeiros.

A sua grande focalização é dirigida aos clusters de cleantech e life science, nomeadamente nas vertentes

farmacêutica e da biotecnologia, estando a cidade de Copenhaga capacitada para acolher investimentos

nos mesmos, devido às valências disponíveis ao nível de centros de investigação, recursos humanos

altamente qualificados e redes de cooperação nos clusters, o que permite um elevado desenvolvimento

da PI.

Figura 3 – Visita à Confederation of Danish Industry. Figura 4 – Reunião na Confederation of Danish Industry.

Figura 5 – Visita à Copenhagen Capacity. Figura 6 – Reunião na Copenhagen Capacity.

33ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

32 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

3.3.4. Visitas/Reuniões Holanda

Nederlandse Biotechnologie Associatie - NIABA

A NIABA reúne mais de 70 empresas e organizações holandesas que trabalham no campo da biotecnologia,

representando os interesses de um setor inovador e em grande desenvolvimento e que é já um dos

principais alicerces da economia holandesa.

Criada há mais de 20 anos, a NIABA congrega uma grande variedade de empresas e organizações com

um grande potencial na área da biotecnologia, para as quais a associação tem um papel ativo na criação

de redes e sinergias que as capacitam para serem competitivas a nível global.

A NIABA tem também como um dos seus principais eixos de desenvolvimento a sensibilização do meio

político e da sociedade em geral para o grande potencial da biotecnologia, procurando promover uma

regulamentação mais simples e contribuir efetivamente para o debate público sobre a inovação e a PI.

Carlsberg

A visita à Carlsberg deveu-se à importância que a empresa tem ao nível global e à história de sucesso

da marca Carlsberg, representando esta empresa muito do que é o espírito dinamarquês, de pessoas

perseverantes em busca da excelência e de uma defesa do interesse comum e em prol dos colaboradores.

A visita vincou claramente estes valores, através da monumentalidade da instituição, que evidencia a

importância que a mesma representa na comunidade dinamarquesa, com a defesa acérrima de uma

história rica, que se confunde com a própria história do país, desde a sua fundação em 1847, até aos

dias de hoje.

Em toda a visita foi clara a enorme virtude da Carlsberg na procura da melhoria contínua através de uma

forte aposta na inovação e na divulgação dos seus produtos, sendo uma referência de qualidade e

excelência para o seu setor e para todo o mundo empresarial.

Figura 7 – Museu e instalações da antiga fábrica da Carlsberg. Figura 8 – Visita à Carlsberg.Figura 9 – Reunião na NIABA.

35ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

34 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A organização conta com 115 mil associados, o que representa cerca de 90% da população ativa

holandesa.

A VNO-NCW está sediada na Torre do Mali, em Haia, tendo também um escritório em Bruxelas, como eixo

importante no apoio à economia holandesa junto dos órgãos da União Europeia.

Os principais objetivos do escritório de Bruxelas são:

• Acompanhar e analisar a evolução das políticas europeias;

• Constituir uma rede colaborativa para os seus associados;

De salientar ainda que a NIABA desempenha um papel ativo na União Europeia, nomeadamente por meio

da participação na EuropaBio - European Association for Bio-Industries através da representação

no seu Conselho de Administração e Comissão Executiva, sendo ainda presidente do Conselho Nacional

de Associações, onde a colaboração da indústria nacional holandesa é muito relevante.

A reunião na NIABA permitiu, para além do contacto com a realidade de uma associação setorial num

dos clusters mais importantes ao nível de inovação e PI, uma análise elucidativa da importância atribuída a

este setor pelo estado holandês, levando à compreensão do sucesso das empresas deste país no setor

da biotecnologia.

Confederation of Netherlans Industry – VNO-NCW

A VNO-NCW foi fundada em 1996 através da fusão da Nederlands Christelijk Werkgeversverbond

(NCW) com a Verbond van Nederlandse Ondernemingen (VNO).

A VNO-NCW é a maior organização empresarial da Holanda, atuando no âmbito do desenvolvimento

económico e social e apoiando as empresas, tanto a nível nacional como internacional.

Figura 10 – Edifício da VNO-NCW.

37ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

36 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Heineken

A visita à Heineken deve-se à projeção mundial desta empresa e à história de sucesso da marca Heineken,

representando a forma de viver intensamente na Holanda, nomeadamente em Amsterdão.

A visita permitiu comprovar claramente esta filosofia de vida, através da interatividade, cor e alegria da

empresa, do recurso a meios audiovisuais de alta tecnologia e diversos jogos para melhor conhecimento

da marca.

• Realizar atividades de influência, sobre temas de interesse específico para as empresas holandesas;

• Participar na rede Businesseurope sobre temas de interesse para toda a indústria europeia.

Além disso, a VNO-NCW encontra-se representada no Comité Económico e Social Europeu.

A reunião foi muito esclarecedora da visão empresarial focalizada do meio empresarial holandês, com

aposta na criação de massa crítica e de riqueza para o país e para as suas empresas.

Como conclusão principal, retira-se que a aposta em clusters associados à inovação e à PI, constitui um

fator crítico de sucesso para a atração de investimento de todo o mundo. Adicionalmente, foi possível

analisar com a mais relevante confederação empresarial holandesa, os excelentes indicadores deste país

em matéria de inovação e produtividade, o que valida a sua escolha para o presente estudo.

Figura 11 – Reunião na VNO-NCW.

Figura 12 – Visita à Heineken.

39ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

38 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Neste caso em concreto, o projeto encontra-se orçamentado em 8 Milhões de euros, tendo como

principais investidores grandes multinacionais (Unilever, Exxon Mobil, Total, entre outras) e o Estado

Holandês, formando uma parceria público privada.

Este projeto começou pela elaboração de um Plano de Negócios e posterior angariação de investidores,

através de contactos realizados em todo o mundo, levados a cabo pela própria equipa de investigação.

Após garantidas as fases anteriores é então conseguido o apoio financeiro do Estado, que se concretiza

mediante a perspetiva de um retorno futuro desse mesmo investimento.

A reunião e a visita ao Centro de Investigação AlgaePARC permitiu conhecer um projeto de enorme

potencial, envolvendo o mundo académico, o mundo empresarial e o Estado, que revela uma forte aposta

num dos setores chave para a Holanda e potencia o desenvolvimento da PI, inovação e atração de

investimento para o país, validando uma vez mais a sua estratégia e posicionamento global.

Universidade Wageningen UR – Centro de Investigação AlgaePARC

O AlgaePARC (centro de investigação e produção de algas), inserido na Universidade Wageningen UR,

visa desenvolver estratégias de conhecimento, tecnologia e processo para a produção sustentável de

microalgas como matéria-prima para combustível, produtos químicos, alimentos e alimentação em escala

industrial.

Foi possível constatar que as universidades e as empresas andam muito ligadas principalmente em

alguns setores chave, nomeadamente na área da “life science”. Existe uma forte conexão entre ambas as

realidades, que é estimulada pelo governo que intervém bastante na promoção da comunicação entre o

meio académico e empresarial.

Figura 13 – Visita ao Centro de Investigação AlgaePARC.

41ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

40 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A Dinamarca é uma monarquia constitucional com um sistema parlamentar de governo. O país é membro

da União Europeia desde 1973, embora não tenha aderido ao euro, e um dos membros fundadores da

NATO e da OCDE.

É um país com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas considerado como

muito elevado, em 15.º lugar no ranking (indicador medido a partir de dados de esperança média de

vida, escolaridade e PIB per capita).

A Dinamarca, com uma economia mista capitalista e um estado de bem-estar social, possui o mais alto

nível de igualdade de riqueza do mundo, tendo sido considerado, em 2011, o país com menor índice

de desigualdade social. Possui o melhor clima de negócios a nível global, segundo a revista Forbes. De

2006 a 2008, estatísticas classificaram a Dinamarca como “o lugar mais feliz do mundo”, com base

nos seus princípios relacionados com a saúde, bem-estar, assistência social e educação. O Índice Global

da Paz de 2009 classificou a Dinamarca como o segundo país mais pacífico do mundo, depois da Nova

Zelândia. A Dinamarca também foi classificada como o país menos corrupto do mundo em 2008, pelo

Índice de Perceção de Corrupção, compartilhando o primeiro lugar com a Suécia e a Nova Zelândia.

A língua nacional, o dinamarquês, é próxima do sueco e do norueguês, com os quais compartilha

fortes laços históricos e culturais, sendo que 82,0% dos habitantes da Dinamarca e 90,3% da etnia

dinamarquesa são membros da Igreja Estatal Luterana. Cerca de 9% da população tem nacionalidade

estrangeira, grande parte proveniente de outros países escandinavos.

No caso dinamarquês, a gestão nacional da PI ao nível institucional é da tutela do Ministério Dinamarquês

dos Negócios e Crescimento, através do instituto Danish Patent and Trademark Office, existindo

um conjunto alargado de associações, empresas e entidades académicas muito envolvidas no sistema,

conforme desenvolvido abaixo.

4. Caracterização da Propriedade Industrial nos Países Selecionados

4.1. O Caso Dinamarquês

A Dinamarca, oficialmente Reino da Dinamarca, é um país escandinavo da Europa setentrional. É o

mais meridional dos países nórdicos, a sudoeste da Suécia e a sul da Noruega, delimitado no sul pela

Alemanha. As fronteiras da Dinamarca estão no Mar Báltico e no Mar do Norte. O país é composto por

uma grande península, a Jutlândia, e muitas ilhas. A Dinamarca há muito tempo controla a entrada e a

saída do mar Báltico, já que isso só pode acontecer através de três canais, que também são conhecidos

como os “Estreitos Dinamarqueses”.

Bandeira Brasão de Armas LocalizaçãoGeográfica

Lema

Kongeriget Danmark - Reino da Dinamarca

43ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

42 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

e dispondo de um sistema de gestão da qualidade certificado desde 2005, em conformidade com o

referencial ISO 9001.

O DKPTO apresenta uma forte interação com o governo no desenvolvimento de legislação em matéria

de PI.

Na perspetiva de atração de investimento para a Dinamarca, nomeadamente para Copenhaga, o DKPTO

apresenta o país de uma forma integrada, como um local apelativo, onde é fácil conseguir autorizações

de construção, registos de propriedade, acesso a linhas de crédito, proteção dos investidores, facilidade

de comércio através das fronteiras e política fiscal estável, resultando num clima de negócios favorável ao

investimento.

De uma forma geral, não existem apoios fiscais para investimento em PI. Na Dinamarca há um sistema

fiscal apoiado pelas entidades e cidadãos, tido como justo, apesar de ser dos mais elevados da Europa. É

potenciador da estabilidade social que permite a garantia de quem investe no país, nomeadamente na PI.

De salientar que a criação de um novo negócio leva menos de 48 horas e inclui cinco passos simples:

registo de residência, registo de empresa, registo fiscal, criação de uma conta bancária e organização de

contabilidade organizada.

Ainda como mais valia está o facto de a Dinamarca ter uma população altamente educada, com excelente

proficiência linguística, sendo que 86% dos dinamarqueses falam inglês e 58% alemão.

Foi possível verificar que existe uma fácil interação com as entidades públicas, sendo o setor público

dinamarquês conhecido pelo seu baixo nível de burocracia e disponibilidade permanente para limitar os

encargos administrativos. É importante salientar que o DKPTO é 100% financiado pelos resultados do

trabalho desenvolvido pela agência. No entanto, apesar disso e de ter vindo a aumentar a sua rentabilidade,

4.1.1. Posicionamento dos Agentes Institucionais da Propriedade Industrial na Dinamarca

Conforme já referido, no caso dinamarquês, a gestão nacional da PI ao nível institucional é da tutela do

Ministério Dinamarquês dos Negócios e Crescimento, através do instituto Danish Patent and Trademark

Office (DKPTO).

No que se refere à captação de investimento, utilizando a PI e a inovação como fatores diferenciadores,

foi criada pelo Estado dinamarquês a agência Copenhagen Capacity para atração de investimento para

a Dinamarca, com especial focalização para Copenhaga.

Com base nas reuniões de trabalho mantidas com ambas as entidades e na recolha de informação

sobre a gestão da PI na Dinamarca, foi possível construir um retrato do sistema dinamarquês, relativo a

um conjunto de temáticas, que serão de utilidade no quadro comparativo com o contexto português, do

presente estudo de benchmark.

No caso do DKPTO, mediante a análise das temáticas de base preparadas pela equipa de projeto, foi

possível retirar um conjunto de conclusões e elementos considerados relevantes para o presente estudo,

os quais são apresentados de seguida.

O DKPTO é uma instituição dinâmica, moderna e orientada para o mercado, com o objetivo de ser o

centro de informação estratégica para a proteção dos direitos da PI. Dispõe de um serviço de apoio ao

cliente, com resposta no máximo de 24 horas no âmbito de uma aposta numa política de eficiência, que

permite uma relação de proximidade por via do diálogo com qualquer membro da instituição.

Esta organização tem cerca de 200 colaboradores altamente qualificados, com mais de 100 engenheiros

e 50 juristas, tendo em comum a forte determinação de facultar às organizações um serviço de excelência

45ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

44 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Em matéria de comunicação, está a ser desenvolvida pelo DKPTO, uma plataforma colaborativa através

do “linkedin”, na qual são partilhadas experiências profissionais em torno de oportunidades de negócio e

PI.

Os principais setores envolvidos são:

• Cleantech;

• Lifescience;

• Tecnologias de Informação e Comunicação;

• Transportes/Logística;

• Indústrias Criativas;

• Alimentar.

No que se refere ao apoio jurídico em matéria de contencioso de PI, a agência não presta serviços

diretamente às organizações, o que está em conformidade com a necessidade de isenção nestas

matérias. No entanto, tem ligações a associações diversas para as quais encaminha as empresas.

Ao nível da prestação de serviços, foi salientado:

• A elevada qualidade na pesquisa, com segurança na obtenção de patentes internacionais;

• A realização de pareceres em inglês e dinamarquês;

• As ferramentas de busca atualizadas de acordo com as normas do Instituto Europeu de Patentes;

• O acesso a todas as bases de dados relevantes;

• A comunicação por via eletrónica;

• A existência de colaboradores altamente qualificados, com formação contínua, com conhecimentos

para processamento de pedidos em todas as áreas científicas.

foi imposto pelo governo dinamarquês a redução anual de custos em 2%, o que é conseguido pela

otimização dos seus processos e consequente aumento de eficiência. A título de exemplo, o DKPTO

eliminou a elaboração de relatórios anuais altamente complexos, cujos resultados não se traduziam em

mais valor.

Foi também possível verificar uma atitude comercial proativa, cujo foco principal são as grandes empresas,

que correspondem a 5% do tecido empresarial dinamarquês. Esta focalização deve-se ao facto de as

mesmas constituírem os grandes investidores em matéria de PI.

As grandes empresas são as mais globalizadas e, portanto, com maior necessidade de apoio em PI a

nível internacional, sendo que o DKPTO presta um serviço de acompanhamento na entrada em novos

mercados, fazendo a ponte entre as empresas dinamarquesas e o destino, por recurso a agentes locais.

Ao nível da cooperação internacional, foi constituído o Nordic Patent Institute (NPI), que resulta na

cooperação entre o DKPTO e os seus congéneres norueguês e islandês.

O instituto tem uma componente de atividade internacional, atuando por vezes como entidade subcontratada

por países como Singapura e por países com forte necessidade de fortalecer o seu controlo em matéria

de PI, como por exemplo os designados “border countries” da União Europeia. Trabalha ainda em parceria

de grande proximidade com outros países, nomeadamente o Reino Unido, a Alemanha, a Holanda e a

China.

Assim sendo, apesar de não existir um mecanismo formal de divulgação das empresas, o DKPTO acaba

por fazê-lo de uma forma indireta, não promovendo as organizações individualmente, mas a marca

Dinamarca enquanto país.

Uma das grandes focalizações é dar conhecimento e encorajamento na utilização da PI, fazendo-o junto

das empresas e das próprias embaixadas. Deste modo, potencia a comunicação entre as organizações.

47ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

46 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

empresas invistam no país e que o crescimento do número de empregos contribua para o aumento de

valor criado. Internamente, a estratégia da agência passa por promover os melhores estudantes nacionais,

de modo a integrá-los no mundo empresarial de Copenhaga.

No que se refere ao Copenhagen Cleantech Cluster (CCC), este é um dos mais fortes do mundo,

incluindo instituições de investigação líderes na Dinamarca, instituições governamentais e empresas.

As áreas de intervenção mais relevantes neste cluster são:

• Cidades inteligentes;

• Energia solar e eólica;

• Água;

• Gestão de resíduos;

• Biomassa e biocombustíveis;

• Fuel cells.

O processo de apoio às empresas por parte da Copenhagen Capacity passa fundamentalmente por 3

fases distintas:

1. Antes do investimento, através da divulgação das oportunidades de negócio, acompanhamento de

missões empresariais e recomendações estratégicas do plano de negócios a seguir;

2. Durante a fase de investimento e instalação, através do apoio à criação da empresa, apoio na gestão

das necessidades iniciais, como sejam relações/contratos com bancos, apoio jurídico, instalações,

entre outros, assim como apoio na entrada em redes de negócio e recrutamento;

No que se refere à agência para a atração de investimento, a Copenhagen Capacity, trata-se de

uma entidade com financiamento 100% estatal, que tem como principal objetivo promover e articular

as condições necessárias para atrair e desenvolver negócios na Dinamarca, com especial focalização

em Copenhaga. Possui uma forte ligação aos restantes países escandinavos, no âmbito do apoio aos

empreendedores no lançamento e acompanhamento do negócio.

Esta entidade tem cerca de 50 colaboradores empenhados nas atividades de captação de investimento.

Em conformidade com a estratégia do estado dinamarquês, a agência aposta essencialmente em dois

dos grandes clusters do país, o Lifescience e o Cleantech.

No âmbito do Lifescience, é de salientar a criação do Medicon Valley, estabelecido entre Copenhaga

e a cidade sueca contígua de Malmö, que apresenta mais de uma centena de empresas na área da

biotecnologia, diversas indústrias farmacêuticas de grande dimensão e mais de 200 outras empresas na

área da tecnologia médica (Medtech).

Deste modo, foi possível concentrar neste espaço empresas state of the art nestas matérias, com uma

vasta equipa de investigadores de elevada competência e reconhecimento, proporcionando um ambiente

de negócios de grande potencial nestes clusters. Neste contexto, a agência potencia as networks,

ajudando as empresas a encontrar os parceiros certos e descobrir as melhores oportunidades de

investimento.

A PI é de extrema importância para estes clusters estratégicos, tendo em conta o enorme investimento

em investigação e o valor resultante, traduzido fundamentalmente em patentes que vão proteger esse

conhecimento de forma a que os investidores e empresas tenham o devido retorno nos mercados.

Um dos eixos pelo qual a Copenhagen Capacity é avaliada passa pela sua capacidade de criação

de emprego, via atração de investimento que concretiza com a sua atividade. O importante é que as

49ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

48 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Trabalha ativamente em conjunto com o governo na criação de fundos para o financiamento às empresas

e universidades.

A DI representa cerca de 10.000 empresas na Dinamarca, correspondendo a 1 milhão de colaboradores,

encontrando-se aproximadamente metade no exterior do país em multinacionais dinamarquesas. As

áreas de atividade dos seus associados abrangem transversalmente todos os setores, tendo uma forte

presença ao nível global.

Foi salientada a forte aposta das empresas na otimização de recursos, aumento da produtividade e

exploração de oportunidades da globalização.

A organização trabalha para o fortalecimento de uma sociedade aberta e próspera. Nesta base, colabora

para que a Dinamarca seja um dos países mais atraentes do mundo para empresas e para quem nelas

trabalha.

É de salientar a forte influência que a DI procura exercer junto dos decisores políticos, ao nível nacional e

europeu, de modo a que contribuam para o aumento da competitividade das empresas dinamarquesas.

No âmbito da internacionalização, a DI apoia as empresas no exterior, nomeadamente em mercados

emergentes em todo o mundo. Esse apoio é efetuado através de aconselhamento orientado para todo o

processo de internacionalização, desde a estratégia, enquadramento jurídico, investimento e instalação.

Dada a relevância da China no contexto mundial atual, a DI tem uma delegação em Pequim para apoiar

as empresas no que se refere à internacionalização para este país.

Como ferramenta de cooperação interempresarial, a DI criou a Internacional Business Network, que

constitui uma rede de empresas associadas que participam ativamente em conferências, seminários e

3. Após instalação e envolvimento no mercado, a Copenhagen Capacity fornece ainda apoio na procura

de oportunidades de expansão do negócio, acompanhamento do desenvolvimento e apoio à

consolidação do negócio.

Deste modo, a agência promove o fortalecimento do ambiente de negócios em Copenhaga, atraindo

investimento e inovação, facilitando a coparceria entre os mundos académico, institucional e empresarial,

criando valor nos seus serviços e produtos, capacitando pessoas e empresas ao mais alto nível e

aportando equidade social e crescimento económico para a Dinamarca.

Relativamente ao posicionamento dos agentes institucionais dinamarqueses, ficou vincada a grande

aposta na inovação e na PI, como fatores decisivos para a competitividade das empresas e para o

desenvolvimento económico e social do país. Este desenvolvimento é conseguido através de uma estreita

articulação entre os vários agentes institucionais, o mundo empresarial e respetivos investidores, como

também de uma forte aposta em clusters de enorme desenvolvimento tecnológico, suportados por uma

network de universidades e centros de investigação estatais e privados.

4.1.2. A Propriedade Industrial no Contexto Empresarial

4.1.2.1. Gestão da Propriedade Industrial - Grandes Empresas e PME’s

No que se refere ao universo empresarial, foi realizada uma reunião com a pessoa responsável pela área

das PME´s na Confederation of Danish Industry.

A Confederation of Danish Industry (DI) é uma confederação das principais empresas dinamarquesas que

participa ativamente na negociação coletiva, ajudando a definir e influenciar a agenda política, tendo como

principal missão a melhoria das condições de competitividade da indústria dinamarquesa.

51ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

50 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A cerveja Carlsberg é uma verdadeira instituição na Dinamarca, existindo uma lenda segundo a qual o

povo nórdico odeia que ela seja exportada. Ainda bem para o mundo que tal não passa de uma lenda. O

slogan “Provavelmente a melhor cerveja do mundo” reflete fielmente o orgulho que o povo dinamarquês

tem de umas das suas marcas mais valiosas.

eventos internacionais.

Relativamente aos agentes do mundo empresarial, ficou evidente o apoio das instituições, nomeadamente

governamentais, a um clima económico favorável ao desenvolvimento das empresas. Esse apoio resulta

de uma concertação de políticas económicas e sociais, que leva a que os investidores e empresários

acreditem poder desenvolver os seus empreendimentos devido à segurança de que os seus negócios

terão todas as condições para o sucesso. Este contexto é da maior relevância tendo em conta os clusters

em que a Dinamarca aposta, pois estes são setores económicos em que é necessário um grande

investimento inicial, sendo fundamental para quem investe ter total confiança na estabilidade do sistema

político, fiscal e jurídico, não pondo em causa a viabilidade do negócio.

Esta situação leva a que a Dinamarca tenha as condições necessárias para que as empresas e instituições

académicas invistam na inovação e na PI.

4.1.2.2. Exemplo de Gestão da Propriedade Industrial - Marca Carlsberg

A Carlsberg representa o enorme sucesso de um pequeno país, sem grandes recursos naturais, mas que

consegue vencer a nível global. Trata-se do quarto maior grupo mundial no seu setor, empregando cerca

de 42.700 pessoas e caracterizando-se pela excelência do seu produto e por um alto grau de diversidade

de marcas, mercados e culturas, o que representa a sua capacidade inventiva e de adaptação.

Figura 14 – Edifício Sede da Carlsbergem Copenhaga.

Figura 15 – Fundador da Carlsberg, JC Jacobsen

53ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

52 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

1950

• A cervejaria cria uma cerveja especial, chamada Carlsberg Special Brew, para comemorar a visita do

primeiro-ministro britânico ao país. A cerveja, uma Pilsner extremamente forte com graduação alcoólica

de 9,0%, tornou-se extremamente popular nos países nórdicos. A cerveja foi lançada nacionalmente

em 1952 e na década de 70 já estava disponível no mercado britânico.

1959

• Lançamento da Carlsberg Elephant, uma cerveja Pilsner extremamente forte (graduação alcoólica de

7,2%). Os elefantes do rótulo foram inspirados no par de estátuas que se encontram na entrada da

cervejaria. Atualmente é vendida na Dinamarca, Suécia, França, Bélgica, Estados Unidos, Alemanha,

entre outros países.

1972

• Lançamento da Carlsberg 47, uma cerveja tipo Bock (escura) com graduação alcoólica de 7,0%.

A cerveja foi desenvolvida para comemorar os 125 anos da fundação da cervejaria. Inicialmente a

cerveja seria vendida por apenas um ano, como uma edição especial, mas a enorme popularidade do

seu sabor junto dos consumidores acabou por fazer com que ela se tornasse parte permanente do

portfólio da cervejaria.

2004

• Lançamento da Carlsberg Chill, uma cerveja Pilsner forte (graduação alcoólica de 5,0%) e extremamente

saborosa, desenvolvida especificamente para o mercado asiático, principalmente a China.

2005

• Lançamento da Carlsberg Export Extra Cold, uma cerveja lager, muito popular na Europa, que passa

por um processo de envelhecimento de até seis meses antes de ser vendida.

A cervejaria Carlsberg foi fundada em 1847 pelo jovem mestre cervejeiro J.C. Jacobsen, então com apenas

24 anos, na pequena cidade de Valby, localizada nos arredores de Copenhaga. O nome da cerveja deriva

da junção do nome de um dos, filhos do fundador “Carl” com a palavra “Berg” que significa “na colina”.

Em 1875 a cervejaria inaugurou, de forma pioneira, um laboratório para estudar e desenvolver formas de

melhor utilizar a levedura no processo de fabricação das suas cervejas. Hoje em dia, aproximadamente

100 cientistas continuam a trabalhar na melhoria contínua do sabor e da qualidade da tradicional cerveja.

Nas décadas de 40 e 50, a cerveja conquistou enorme popularidade na Inglaterra, fixando-se de vez no

continente europeu.

Uma das apostas mais importantes do marketing da marca é o patrocínio desportivo, especialmente no

futebol. A Carlsberg é patrocinadora oficial do Liverpool, desde 1992, e do Campeonato Europeu de Futebol

há mais de 20 anos. Além disso, recentemente, o ex-guarda-redes dinamarquês Peter Schmeichel, um

dos melhores da história do futebol, foi escolhido como embaixador global da marca.

Como principais fases no desenvolvimento da empresa e das suas marcas, encontram-se as seguintes:

1902

• Lançamento da Carlsberg 2.7, uma cerveja Pilsner leve e de baixa graduação alcoólica. Desde o

seu lançamento, a cerveja já adotou vários nomes como Lys Skattefri (Light Tax-free), Carlsberg Let e

Carlsberg Light, antes de adotar o atual nome em 2009.

1904

• Lançamento da Carlsberg, uma cerveja Pilsner com graduação alcoólica de 4,6%, que se tornaria a

principal marca da empresa, sendo vendida atualmente em 140 países.

55ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

54 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Além de uma exposição permanente de máquinas, garrafas e outros objetos relacionados com a marca,

uma visita guiada conduz o visitante a conhecer um pouco mais da história da mítica cerveja e do seu

processo de elaboração. Na exposição encontra-se a maior coleção de garrafas de cerveja do mundo,

que incluem as da Carlsberg e outras de diferentes marcas. Junto à coleção, a fábrica conta com um

jardim de esculturas, incluindo uma versão menor da famosa estátua da “Pequena Sereia de Copenhaga”,

desenhada por Carl Jacobsen, depois de uma paixão que teve por uma bailarina que passou por

Copenhaga protagonizando o Balé da Pequena Sereia. Existem ainda outros atrativos na fábrica, como

os estábulos, onde é possível apreciar cavalos da raça Jutland que, em sua origem, eram utilizados para

transportar e vender os seus produtos. A visita termina no Bar Jacobsen Brewhouse, onde é possível

provar uma deliciosa cerveja Carlsberg, seguindo-se a passagem pela loja de merchandising, na qual se

encontram os mais diversos produtos que promovem a marca.

2006

• Lançamento da Carlsberg Edge, uma cerveja pilsner com sabor cítrico. Desenvolvida pela subsidiária

da Inglaterra, a cerveja consumiu mais de três anos de pesquisas. O resultado foi uma cerveja clara,

leve, refrescante, com leve sabor cítrico e ideal para ser consumida nos meses mais quentes do ano.

2008

• Lançamento da Carlsberg Lite, uma cerveja com baixos índices de hidratos de carbono e 30% menos

de calorias do que a versão original.

Para além das marcas, tendo em conta a importância da Carlsberg como instituição, esta mantém um

museu nas antigas instalações da cervejaria no centro de Copenhaga. A edificação da antiga fábrica é

majestosa, com dois enormes elefantes brancos na entrada que constituem apenas o começo de um

passeio fantástico.

Figura 16 – Museu da Carlsberg em Copenhaga.

Figura 17 – Loja de Merchandising no Museu da Carlsberg em Copenhaga.

57ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

56 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

No que se refere aos slogans, de seguida apresentam-se dois dos mais marcantes:

That calls for a Carlsberg. (2011)

Probably the best beer in the world. (1973)

A estratégia de internacionalização do Grupo Carlsberg focaliza-se essencialmente em três regiões, sendo

estas a Europa Ocidental, a Europa Oriental e a Ásia.

O sucesso da internacionalização está relacionado com a capacidade que a empresa tem de gerir o seu

portfólio de marcas a um nível global, em que a valorização das mesmas e a forma como são promovidas

são a chave para a penetração e salvaguarda em todos os mercados, o que revela a enorme importância

de ter uma estratégia global para a PI.

No que se refere à evolução visual, o rótulo da cerveja dinamarquesa sofreu varias alterações ao longo

dos anos. O tradicional rótulo verde surgiu apenas em 1904 e tornou a cerveja conhecida no mundo

inteiro. De lá para cá, o rótulo tem vindo a modernizar-se.

Há alguns anos atrás, o tradicional rótulo da marca passou a ser impresso diretamente no vidro da garrafa,

que ganhou um formato muito mais moderno. A nova garrafa da Carlsberg foi apresentada em 2011.

Figura 18 – Evolução do rótulo da Carlsberg. Figura 19 – Evolução da garrafa da Carlsberg.

Figura 20 – Slogan da Carlsberg.

59ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

58 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A análise que se pode fazer a esta organização é que a mesma consegue interagir com a cidade de

Copenhaga, sendo um dos seus principais “ex-libris”. Tal demonstra a importância que a comunidade

e o estado atribuem ao sucesso da Carlsberg como organização centenária, reconhecendo o valor e

o prestígio da marca enquanto exemplo que percorre a sociedade dinamarquesa, unindo-a no mesmo

sentido. Estas são as bases para que todo o sistema de um país funcione. As mensagens, os slogans,

as marcas refletem estes elementos.

4.1.2.3. Interação com o Setor Académico e de Investigação

No caso dinamarquês, existe uma forte ligação entre o meio académico e as empresas, principalmente em

alguns setores chave, nomeadamente no cluster da biotecnologia, mais concretamente no lifescience,

destacando-se o Medicon Valley, estabelecido entre Copenhaga e a cidade sueca contígua de Malmö que

apresenta mais de uma centena de empresas na área da biotecnologia, diversas indústrias farmacêuticas

de grande dimensão e mais de 200 outras empresas na área da tecnologia médica (Medtech).

A Investigação & Desenvolvimento (I&D) é um dos pilares para o sucesso deste cluster. No Medicon

Valley, tanto o setor privado, como o setor público, investem fortemente em I&D, apoiados pelos governos

sueco e dinamarquês, conseguindo desta forma torná-lo no melhor da sua área ao nível europeu.

O meio académico dá suporte à investigação, com base nos mais elevados padrões internacionais,

criando diversos centros de investigação, como por exemplo o Bio Medical Center.

O Medicon Valley proporciona um ambiente de negócios favorável à atração de investimento e ao

estabelecimento de parcerias entre empresas e centros de investigação.

O portfólio de cerveja Carlsberg inclui mais de 500 marcas, que variam significativamente ao nível de

volume de vendas, preço e mercado geográfico. O portfólio inclui as conhecidas marcas Carlsberg,

Tuborg, Baltika e Kronenbourg 1664, assim como fortes marcas locais, como Ringnes (Noruega),

Feldschlösschen (Suíça), Lav (Sérvia) e Wusu (oeste da China).

Dados corporativos:

• Origem: Dinamarca

• Fundação: 1847

• Fundador: J.C. Jacobsen

• Sede mundial: Copenhagen, Dinamarca

• Proprietário da marca: Carlsberg A/S

• Chairman: Povl Krogsgaard-Larsen

• CEO & Presidente: Jørgen Buhl Rasmussen

• Faturação: US$ 11.2 bilhões (2011)

• Lucro: US$ 906.5 milhões (2011)

• Valor de mercado: US$ 12.5 bilhões (abril/2012)

• Produção anual: 8 bilhões de litros

• Presença global: 140 países

• Colaboradores: 42.700

• Segmento: Cervejaria

• Principais produtos: Cervejas

• Concorrentes diretos: Heineken, Stella Artois e Grolsch

• Slogan: That calls for a Carlsberg.

• Website: www.carlsberg.com

61ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

60 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Geograficamente, os Países Baixos são um país de baixa altitude, com cerca de 27% da sua área e

60% da sua população situada abaixo do nível do mar. Áreas significativas foram obtidas através da

recuperação de terras e preservadas através de um elaborado sistema de pólderes e diques. Grande

parte dos Países Baixos é formada por um grande delta, o delta do Reno e Mosa.

Os Países Baixos são um país densamente povoado. São conhecidos pelos seus moinhos de vento,

tulipas, tamancos, cerâmica de Delft, queijo gouda, arte, bicicletas e, além disso, pelos valores tradicionais

e virtudes civis, tais como a sua tolerância social, tendo-se tornado conhecido pela sua política liberal em

relação à homossexualidade, drogas, prostituição, eutanásia e aborto. É um dos países com melhor

qualidade de vida do mundo, fator pelo qual possui um dos melhores Índices de Desenvolvimento Humano

da Europa e do mundo, sustentado pela sua forte política de assistência social e direitos considerados

essenciais, como educação, saúde e segurança. O país possui uma das economias capitalistas mais

abertas do mundo, encontrando-se na 12ª posição entre 157 países de acordo com o Index of Economic

Freedom da Heritage Foundation.

É um país com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas considerado como

muito elevado, em 4.º lugar no ranking (indicador medido a partir de dados de esperança média de vida,

escolaridade e PIB per capita).

Entre outras afiliações, o país é membro fundador da União Europeia (UE), da NATO, da OCDE, da

Organização Mundial do Comércio, tendo também assinado o Protocolo de Quioto. Junto com a Bélgica

e com o Luxemburgo, o país constitui a União Económica do Benelux. É palco de cinco tribunais

internacionais: o Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), o Tribunal Internacional de Justiça, o Tribunal

Penal Internacional para a ex-Jugoslávia, o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Especial para o Líbano.

Os quatro primeiros estão situados em Haia, assim como a sede da agência da UE de informação

criminal, a Europol. Isto levou a cidade a ser apelidada de “capital judiciária do mundo”.

Deste modo, a Dinamarca potencia o desenvolvimento da PI e da inovação e o crescimento económico

do país, validando uma vez mais a sua estratégia e posicionamento internacional.

4.2. O Caso Holandês

A Holanda (ou Países Baixos) é uma nação constituinte do Reino dos Países Baixos. O Reino dos Países

Baixos é composto, desde 2010, por quatro países constituintes: Países Baixos na Europa, Aruba, Curaçao

e São Martinho nas Caraíbas. Localizado na Europa Ocidental, o país é uma monarquia constitucional

democrática parlamentar, banhada pelo Mar do Norte a norte e a oeste, além de fazer fronteira com a

Bélgica a sul e com a Alemanha a leste. A capital é Amsterdão e a sede do governo é Haia. Os Países

Baixos são frequentemente chamados de Holanda, o que é tecnicamente impreciso, já que as Holandas

do Norte e do Sul são duas das suas doze províncias.

Bandeira Brasão de Armas LocalizaçãoGeográfica

Lema

Nederland - Países Baixos

63ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

62 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

O Gabinete de Informação Pública visa responder a todas as consultas no prazo de dois dias úteis. No

caso de atraso na resposta, o remetente é contactado.

No âmbito dos serviços de fornecimento de documentos, o NL Patent Office fornece, a pedido dos

interessados, publicações e bases de dados para fazer face às necessidades das entidades que o

solicitam, que incluem dados nacionais e internacionais. Caso a publicação esteja disponível na base

de dados da agência, a documentação pode ser entregue no prazo de três dias úteis. No caso de o

documento ter que ser pesquisado no arquivo, este pode ser entregue dentro de quatro dias úteis. Há

uma taxa para o serviço de fornecimento de documentos de 5 euros por documento, caso a entidade se

enquadre num dos grupos-alvo da agência, sendo estes: PME´s, instituições académicas, investigadores

particulares e entidades governamentais. No caso de não se enquadrar em nenhum destes grupos, a taxa

é de 18 euros por documento.

Adicionalmente, a agência dispõe de técnicos especializados para o aconselhamento das empresas,

investigadores ou qualquer outro interessado, disponíveis para o esclarecimento e apoio individual nestas

matérias, numa fase inicial, nomeadamente pesquisa de bases de dados. Estes técnicos podem dedicar

cerca de uma hora para responder às questões gratuitamente e explicar todo o processo subsequente a

ser gerido pelo NL Patent Office.

Existe ainda aconselhamento local disponível para as PME’s, com possíveis visitas às empresas, através

de colaborações que a agência estabelece com a Syntens Foundation, que constitui uma rede de

centros de inovação sem fins lucrativos, de apoio às empresas.

De referir ainda uma estreita colaboração entre o NL Patent Office, a TechnoPartner (uma organização

que promove a inovação) e a Associação Holandesa de Inventores para o apoio e proteção em matéria

de PI das technostarters (novas empresas de base tecnológica). No âmbito deste apoio, são fornecidas

informações relativas à proteção do conhecimento, financiamento, tecnologia, marketing e criação de

4.2.1. Posicionamento dos Agentes Institucionais da Propriedade Industrial na Holanda

No caso holandês, a gestão nacional da PI ao nível institucional é da tutela do Ministério da Economia,

Agricultura e Inovação, através do instituto NL Patent Office.

O NL Patent Office é uma agência de serviços que está intimamente associada com muitas organizações

nacionais em matéria de direitos de propriedade intelectual. Neste sentido, além de fornecer apoio e

supervisão aos empresários, organizações de serviços, investigadores, estudantes e outros interessados

na PI, a agência disponibiliza programas de formação e aconselhamento e publica diversas brochuras e

publicações técnicas.

Numa economia global competitiva, na qual a Holanda se posiciona como uma economia aberta, o NL

Patent Office, enquanto agência do Ministério da Economia, Agricultura e Inovação, trabalha para que a

economia holandesa seja empreendedora e inovadora. Deste modo, a agência desenvolve ações, que

garantem que as empresas, instituições, autoridades e investigadores sejam capazes de gerir eficazmente

a PI. A agência foi fundada em 1912, sendo uma organização governamental que tem como principal

atividade a gestão da PI na Holanda.

A agência tem uma postura de grande interação e abertura a todo o tipo de entidades que constituem

partes interessadas na PI, tendo sido criado para este efeito o Gabinete de Informação Pública, no

qual o NL Patent Office pode ser consultado gratuitamente sobre quaisquer questões sobre patentes e

outras formas de proteção da propriedade industrial.

Neste âmbito, podem então ser efetuadas diversas consultas, tais como o que fazer para uma candidatura

à proteção de uma patente ou design, saber se uma patente está em vigor na Holanda, entre outras

questões.

65ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

64 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Relativamente ao posicionamento dos agentes institucionais holandeses, assim como os dinamarqueses,

é evidente a forte aposta na inovação e na PI, como fatores decisivos para a competitividade das empresas

e para o desenvolvimento económico e social do país. Este desenvolvimento é conseguido através de uma

estreita articulação entre os vários agentes institucionais, o mundo empresarial e respetivos investidores,

como também de uma forte aposta em clusters de enorme desenvolvimento tecnológico, suportados por

uma network de universidades e centros de investigação estatais e privados. No caso holandês, é de

salientar uma rede forte de inovação descentralizada e em perfeita articulação em todo o país.

4.2.2. A Propriedade Industrial no Contexto Empresarial4.2.2.1. Gestão da Propriedade Industrial - Grandes Empresas e PME’s

No que se refere ao universo empresarial, foi realizada uma reunião na Nederlandse Biotechnologie

Associatie (NIABA) por Irma Vijn, Senior Policy Advisor e na Confederation of Netherlands Industry

and Employers VNO-NCW por Thomas Grosfeld, Senior Advisor Innovation Policy.

Como maior organização empresarial na Holanda, a VNO-NCW atua no âmbito do desenvolvimento

económico e social, apoiando as empresas, tanto a nível nacional como internacional. É um dos principais

atores na promoção e desenvolvimento da inovação e na gestão da PI.

A VNO-NCW aposta nos seguintes setores chave (9 + 1):

• Empresas tecnológicas;

• Gestão da Água (tratamento, construção e manutenção de diques);

• Indústrias criativas (jogos, entretenimento);

• Energia;

• Logística;

planos de negócio, permitindo que a technostarter evite as armadilhas comuns envolvidas no complexo

processo de desenvolvimento de uma ideia, desde a sua génese até à entrada no mercado.

Deste modo, é possível verificar a forma de trabalhar da agência, que reflete a forma de estar holandesa,

que busca a eficácia e a produtividade nas suas organizações, o que foi possível sentir no âmbito do

presente estudo, nomeadamente nos contactos com o meio empresarial e associativo. Esta forma de

estar é validada pelos excelentes indicadores que o país apresenta nestas matérias.

A título de exemplo, tal como aconteceu no caso dinamarquês, o NL Patent Office deixou de fazer em

2009 relatórios anuais públicos altamente complexos, cujos resultados não se traduziam em mais valor.

Ao nível de ações de formação e workshops, o NL Patent Office tem uma posição muito ativa,

desenvolvendo diversos eventos para os empresários, investigadores, estudantes e outros interessados.

Estas ações são dispersas por todo o país, para as quais a agência promove parcerias, nomeadamente

com a rede Syntens.

No que concerne à gestão de contencioso, todos os procedimentos legais em matéria de PI na Holanda

são tratados no tribunal de Haia. A agência pode fornecer aconselhamento a este respeito.

Para obter aconselhamento e apoio nos registos e execução de todos os procedimentos de PI, existem

juristas especializados do Dutch Institute of Patent Attorneys, no qual os advogados deverão estar

registados (Register of Patent Attorneys).

Uma das tarefas fundamentais do NL Patent Office é representar a Holanda, em organizações

internacionais em matéria de PI. A Holanda faz parte do conselho de administração de diversas organizações

internacionais, tais como o OMPI, IEP, IHMI e BOIP (Benelux Office for Intellectual Property).

67ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

66 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A VNO-NCW apoia esta iniciativa, cujas multinacionais holandesas são a Akzo Nobel, a DSM, a

FrieslandCampina, a Heineken, a KLM, a Philips, a Shell e a Unilever. A Ernst & Young atua como entidade

consultora desta plataforma colaborativa.

A VNO-NCW considera que este exemplo merece destaque e constitui a imagem ideal do que é a

indústria holandesa, enquanto grande plataforma de desenvolvimento sustentável.

Na visão desta plataforma, procura-se desenvolver mecanismos de crescimento financeiro e económico,

juntamente com a criação de benefícios para as pessoas, o meio ambiente e a sociedade, na perspetiva

de que o modelo de crescimento sustentável é o modelo de negócio para o futuro.

A Holanda não tem um problema económico, como Portugal, mas foi fortemente afetada pela crise

financeira, o que levou a que alguns dos principais bancos fossem nacionalizados. Por este motivo,

o consumo está a diminuir e o país começa a ter problemas no setor do retalho. No entanto, devido

a políticas de concertação económica e social, aliadas a uma forte aposta em setores estratégicos, à

credibilidade das instituições e ao contínuo ajustamento às novas exigências da sociedade, a Holanda

continua a ser um país atrativo para o investimento, nomeadamente em inovação e PI.

Alguns exemplos desta forma de estar são evidenciados pela aposta na educação e na flexibilidade no

trabalho, que se têm revelado como importantes fatores para atingir bons resultados. Não é por acaso

que, na Holanda, o horário de trabalho é menor do que na maioria dos países europeus e os indicadores

de produtividade são dos mais elevados.

Como forma de conseguir os financiamentos necessários, as empresas têm grande recetividade por parte

da banca, em projetos bem consolidados, nomeadamente no âmbito da criação de parcerias público

privadas (PPP).

• Ciências da Vida e Saúde;

• ndústria Química;

• Agricultura e Alimentação (3.º exportador deste setor ao nível mundial);

• Horticultura;

• +

• Gestão de Sedes Internacionais (devido a uma política fiscal inteligente).

No caso da NIABA, a organização está orientada apenas para os clusters mais ligados à biotecnologia,

nomeadamente ciências da vida, saúde e agricultura., tendo um papel relevante na informação às

empresas suas associadas, exercendo influência junto dos governos e meios de comunicação públicos

sobre uma série de questões relacionadas com o setor, ajudando a construir e manter um clima de

negócios que acolhe a biotecnologia como uma forma de tornar a vida das pessoas melhor e a economia

mais sustentável.

A Holanda, com forte desenvolvimento em matéria de lifescience e com um clima de negócios aberto e

altamente produtivo, contribui para que esta entidade consiga ter sucesso nas suas áreas de intervenção,

nomeadamente junto das grandes empresas do setor suas associadas, como são a Unilever, a DSM

e a Schering-Plough, como também em empresas de menor dimensão. O governo holandês tem sido

fundamental na concertação de esforços públicos e privados em matéria de investigação e desenvolvimento,

com o qual a NIABA trabalha no sentido de melhorar este ambiente de negócios altamente valorizado para

as ciências da vida.

Empresas e empresários desempenham um papel-chave no crescimento económico sustentável da

Holanda, considerando que as questões sociais são um pilar fundamental para que o mesmo ocorra.

As oito maiores multinacionais holandesas estão unidas numa plataforma para o crescimento sustentável

do país, fundada no início de 2012, que é um bom exemplo na partilha de muitas experiências e que

podem ser traduzidas em opções políticas do governo.

69ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

68 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

É ainda uma premissa de base da organização que o crescimento através do empreendedorismo deverá

ser principalmente implementado por via da inovação. Neste aspeto, o estado holandês está empenhado

no seu desenvolvimento.

A Biotecnologia é considerada por ambas as entidades como fundamental para o desenvolvimento

sustentável da Holanda, percorrendo vários dos setores estratégicos acima apontados e sendo um dos

clusters mais relevantes de aposta na inovação e que tem permitido criar novos desenvolvimentos no

campo da saúde, ambiente, sustentabilidade e indústria agroalimentar, contribuindo para resolver uma

série de problemas da sociedade atual.

Deste modo, a Holanda está focalizada em trabalhar na direção de uma economia de base biológica

(BBE), em 2050. Trata-se de uma necessidade, dado o crescimento do mundo (para 9.000 milhões em

2050) e a duplicação prevista do consumo de energia e de materiais, em comparação com a atualidade.

Uma economia de base biológica é uma economia em que as matérias-primas são, em grande parte,

recursos de natureza viva (como é o exemplo da biomassa), como parte de uma economia verde e

sustentável. Isto significa uma transição parcial da utilização de combustíveis fósseis para recursos

renováveis, tendo a biomassa como base.

Uma das principais vantagens da utilização da biomassa é a sua capacidade de renovação, se produzida

e utilizada de forma sustentável. Tem também a propriedade única de poder ser usada para aplicações

em que o carbono é indispensável, tais como combustíveis líquidos, produtos químicos e materiais, como

o plástico.

Deste modo, há um grande percurso para o setor da investigação e desenvolvimento que vai permitir que

a inovação tecnológica torne possível este objetivo.

De uma forma geral, existe a perceção de que as PPP funcionam muito bem, com claros benefícios para

o desenvolvimento sustentável das empresas, assim como no respetivo retorno por parte do estado,

relativamente ao investimento efetuado.

Relativamente ao sistema fiscal, existem políticas de incentivos para investimentos em I&D, sendo que os

resultados decorrentes da inovação também têm dedução fiscal.

A inovação está fortemente associada a novos produtos, serviços ou processos de elevado valor

acrescentado, que têm contribuído para o crescimento de muitas empresas na Holanda. Este facto está

intimamente associado ao investimento e elevado nível da investigação praticada e à sua forte relação

com as empresas.

De salientar que o mercado holandês é liderado por 3 grandes empresas que apostam fortemente na

inovação: Philips, ASML e NSP, apoiando o bom posicionamento da Holanda em matéria de PI, uma vez

que estas empresas contribuem fortemente para os indicadores holandeses. A liderança destas empresas

reflete o espírito da Holanda na flexibilidade perante a mudança, transformando-se e adaptando-se às

necessidades do mercado. Estas e outras grandes empresas holandesas e multinacionais funcionam

como empresas “âncora”, potenciando o desenvolvimento de clusters. Além disso, a importância dada à

aplicação prática da investigação, contribui para que o sistema subsequente funcione em toda a cadeia

de conhecimentos para a sua aplicação e comercialização.

Tanto a VNO-NCW como a NIABA promovem junto das empresas o conhecimento da regulamentação

relativa à PI, tendo em conta a aposta forte das empresas em inovação.

A VNO-NCW entende como sendo da maior relevância a proteção da propriedade industrial para a

evolução de uma economia baseada no conhecimento e na inovação, considerando que a Holanda

tem um sistema de patentes transparente, fiável, rápido, de baixo custo e de alta qualidade, que conta

também com um sistema de arbitragem de conflitos eficaz.

71ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

70 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Trata-se de uma marca totalmente cosmopolita, associada à juventude moderna e irreverente, aliada à

inconfundível garrafa verde. A cerveja Heineken, uma das mais consumidas do mundo, consolidou-se

como uma marca global para aqueles que buscam qualidade, sabor, inovação e, principalmente, estilo.

A Heineken é um orgulho para os holandeses, sendo a mais global das cervejeiras, apreciada em 178

países e com fábricas em 71. Garante um maior alcance para as suas marcas do que qualquer outro

fabricante de cerveja do mundo. Atualmente, apesar de se manter uma empresa de base familiar, a

Heineken conta com cerca de 70.000 colaboradores e a paixão da família Heineken continua tão forte

hoje como era em 1864, quando começou a produção de cerveja.

A história da família Heineken, da sua marca e da sua empresa não é vulgar. De um pequeno fabricante

de cerveja de Amesterdão do século XIX, tornou-se um negócio mundial com a marca de cerveja mais

valiosa internacionalmente.

Para tal, a Holanda assume uma posição de liderança no BBE, através de institutos de investigação de

ponta, boas universidades e institutos afiliados e uma indústria agroalimentar muito evoluída, que, em

conjunto, são os ingredientes de um desenvolvimento contínuo da economia de base biológica.

O projeto AlgaePARC da Universidade de Wageningen, apresentado no presente Estudo de Benchmark,

é um claro exemplo da aplicação desta estratégia.

4.2.2.2. Exemplo de Gestão da Propriedade Industrial - Marca Heineken

A Heineken é uma empresa que representa a tenacidade e a vontade de uma nação, empreendedora,

arrojada e inovadora, sendo uma empresa de excelência, com uma forte aposta no desenvolvimento

sustentável e que consubstancia um símbolo da Holanda.

Figura 21 – Valores Históricos da Heineken.

73ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

72 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

novas receitas.

Em 1873, a cerveja Heineken foi oficialmente lançada no mercado. No ano seguinte, foi inaugurada uma

segunda cervejaria na cidade de Roterdão.

Mas a grande mudança na cervejaria aconteceria em 1886, quando o Dr. Elion, ex-estudante da escola de

Louis Pasteur, desenvolveu a famosa “Heineken levedura A” que ainda hoje confere à cerveja Heineken o

seu sabor praticamente inigualável. As vendas na Europa aumentaram continuamente nas duas décadas

seguintes. Em 1912, a empresa cresceu e acirrou a competitividade com outras cervejarias.

Em 1914, Henry Pierre Heineken, filho do fundador da cervejaria, assumiu o controlo da empresa,

ficando no cargo até 1940. Expandiu os negócios por toda a Europa, Estados Unidos e Ásia. Uma de

suas primeiras e mais conhecidas ações de marketing aconteceu durante as Olimpíadas de 1928, em

Amsterdão, quando um avião escreveu no céu com fumo o nome da marca.

Em 1929, a cervejaria começou a vender a Heineken em garrafas. No início da década de 30, a Heineken

fez a sua primeira tentativa de entrar no mercado asiático, inaugurando a primeira cervejeira estrangeira

do grupo na Indonésia.

No mercado norte-americano, a Heineken teve impacto quase instantâneo. Foi a primeira cervejeira

estrangeira a exportar o seu produto para os Estados Unidos, depois da suspensão da Lei Seca em

1933. O seu preço mais elevado e a qualidade superior funcionaram como um atrativo e rapidamente

fizeram dela a cerveja importada favorita dos americanos. Por outro lado, a marca lutou para entrar no

mercado britânico, onde as tradicionais cervejas e bitters ainda eram mais populares do que as leves e

claras continentais.

Na década de 60, a empresa iniciou a era dos investimentos e aquisições de pequenas cervejeiras

Quatro gerações da família Heineken têm-se envolvido ativamente na expansão da marca Heineken e da

empresa em todo o mundo.

Tudo começou em 1864, quando Gerard Adriaan Heineken, um jovem de 22 anos, comprou com a ajuda

de sua mãe a cervejaria De Hoolberg, a maior da cidade de Amsterdão, fundada no século XVI e que

produzia uma cerveja vulgarmente conhecida como “cerveja do trabalhador”. Não era uma marca, mas

um conceito, uma bebida concebida para as massas.

Contudo, o jovem empresário não queria vender cerveja para as massas, mas sim para os cavalheiros

holandeses, que tinham um poder aquisitivo maior. Depois de uma enorme reforma, a cervejaria entrou

em produção em 1868. Em busca de ingredientes de qualidade e das tecnologias mais recentes para

a preparação da cerveja, percorreu a Europa, contratou especialistas e inovou no desenvolvimento de

Figura 22 – História da Heineken.

75ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

74 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

1994

• Introdução da tradicional tampa verde nas garrafas, conhecida como “Green Crown”, substituindo as

anteriores, que eram vermelhas.

1996

• Introdução no mercado das garrafas Long-neck e Cooltap.

2001

• Introdução da Heineken Magnum, uma garrafa de 3 litros com design especialmente criado para

se assemelhar às tradicionais garrafas de champanhe. Com edição limitada, é comercializada

especialmente na época do final de ano.

2005

• Lançamento no mercado americano da Heineken Premium Light Lager, uma cerveja produzida com a

mesma tradição do que a original, porém com sabor mais suave, com menos álcool (3,3%), calorias e

hidratos de carbono. Inicialmente foi introduzida nas cidades de Phoenix, Dallas, Providence e Tampa.

Somente no ano seguinte, foi introduzida em todos os estados americanos. A empresa investiu mais

de US$ 70 milhões no seu lançamento.

• Introdução na França e nos Estados Unidos de um novo sistema de barril portátil, chamado Heineken

Draughtkeg. O pequeno barril, de 5 litros, utiliza um sistema com CO2, no qual a cerveja permanece

fresca até 21 dias após a primeira extração.

2008

• Lançamento da Heineken Beertender, um moderno e arrojado barril elétrico para uso doméstico, com

temperatura regulável de 6º, 4º e 2° C.

e marcas. Além disso, em 1963, as primeiras 50 mil garrafas verdes reutilizáveis foram colocadas no

mercado e transformaram-se num verdadeiro ícone da marca holandesa. No final desta década, em

1968, a marca lançou o seu primeiro anúncio de televisão, tornando a Heineken extremamente popular e

conhecida em importantes mercados mundiais.

Nas décadas seguintes, o grupo registou um grande crescimento, expandindo-se pelo mundo inteiro,

construindo inúmeras fábricas, fixando-se em novos mercados e transformando-se numa das maiores

cervejeiras do mundo. O resultado desta agressiva expansão pode ser constatado na década de 80,

quando a marca Heineken estava disponível em 145 países em todo do mundo.

Em 2010, a Heineken adquiriu as mais importantes operações de cerveja no México e no Brasil, uma

aquisição que fortaleceu o portfólio líder internacional da empresa. Em 2011, a Heineken continuou a criar

novas plataformas de crescimento através da aquisição de cinco novas cervejarias na Nigéria e duas na

Etiópia. Iniciou também o fabrico da sua cerveja no México e na Índia.

As principais fases no desenvolvimento da empresa e das suas marcas, são:

1951

• Introdução dos famosos barris de aço em substituição dos tradicionais, feitos em madeira.

1964

• Introdução de um novo sistema de servir cerveja, através um barril com uma torneira acoplada.

1985

• Apresentação da Heineken Special Export que, de acordo com o posicionamento da cervejeira noutros

mercados internacionais, era promovida como uma cerveja premium, vendida a um preço acima da

média.

77ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

76 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

O museu Heineken Experience, no centro de Amsterdão, oferece uma visita guiada, exibições,

exposições interativas e dois modernos bares onde é possível degustar a famosa cerveja holandesa. Ao

percorrer o museu, o visitante tem acesso à história da empresa e do processo de fermentação da cerveja

durante os anos. Ao longo de 90 minutos de passeio, é possível literalmente “mergulhar” no universo da

cerveja holandesa, até porque, num determinado momento, o visitante é “engarrafado” por meio de um

vídeo, onde gotículas reais de cerveja e o balanço de garrafas explicam todas as etapas de produção

dessa tradicional marca. O museu é de uma extraordinária interatividade, onde o visitante pode também

tirar fotografias com diferentes imagens da marca, sentir os primeiros ingredientes da cerveja ou cheirar

dois dos três tipos de grãos que estão nessa mistura.

Em 2007, foi criada a ideia inovadora do Heineken Bar com base em pesquisas americanas, que

apontavam a cerveja, depois do café, como o produto mais consumido em aeroportos. Com este novo

conceito, a marca Heineken deu um enorme passo para se tornar uma espécie de Starbucks do segmento

de cervejas, ao inaugurar a primeira unidade de uma rede de bares sob a marca Heineken Bar no

moderno e sumptuoso aeroporto de Hong Kong. No espaço, o consumidor é exposto a várias formas de

propaganda da cerveja Heineken, criando uma experiência única.

Figura 23 – Museu da Heineken em Amsterdão.

Figura 24 – Interatividade no Museu da Heineken em Amsterdão. Figura 25 – Loja de Merchandising no Museu da Heineken emAmsterdão.

79ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

78 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Ao longo dos tempos, também as garrafas da Heineken sofreram alterações. A mais radical delas

aconteceu na década de 60 quando a tradicional garrafa verde foi colocada em uso pela primeira vez.

A estrela vermelha nas garrafas e no logótipo da Heineken é um dos mais antigos e misteriosos símbolos

no fabrico de cerveja. Cervejeiros medievais penduravam esse símbolo nos barris para proteger a bebida

em preparação e garantir a sua qualidade com o poder das cinco pontas que simbolizam: terra, fogo,

vento, água e um quinto elemento desconhecido, que acreditavam ser mágico.

O final da visita ao museu termina com uma degustação da cerveja que acabou de ser engarrafada,

seguindo-se a passagem pela loja de merchandising, na qual se encontram os mais diversos produtos

que promovem a marca. O museu recebe anualmente mais de 500 mil visitantes.

Incluída na visita ao Museu da Heineken, está uma viagem de barco pelos canais de Amsterdão,

proporcionando aos visitantes uma última Heineken Experience.

A identidade visual da marca passou por algumas modificações ao longo dos anos. O ano de 1964

foi marcado pelo lançamento de um novo logótipo global, conhecido como “The Heineken Lips” e que

possuía dois semicírculos vermelhos. Em 1992, o famoso logo oval verde foi introduzido em substituição

do antigo. O atual logótipo da marca possui uma estrela vermelha e a palavra Heineken escrita a verde,

com uma coloração mais clara que o utilizado anteriormente.

Figura 26 – Barco da Heineken.

Figura 27 – Evolução do rótulo da Heineken. Figura 28 – Evolução da garrafa da Heineken.

81ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

80 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Segundo a consultora britânica Interbrand, somente a marca Heineken está avaliada em US$ 3.516

bilhões, ocupando a posição de número 93 no ranking das marcas mais valiosas do mundo.

Atualmente, a cerveja com a marca Heineken ocupa a posição da 7ª mais consumida do mundo (25,1

milhões de hectolitros/ano). O portfólio da Heineken inclui mais de 200 marcas em mercados de todo o

mundo.

A marca mais relevante e global para a empresa é naturalmente a própria Heineken, que constitui a mais

valiosa marca de cerveja do mundo. No entanto, o porfólio da empresa inclui diversas cervejas regionais,

locais e de especialidade, tais como a Amstel, Birra Moretti, Cruzcampo, Desperados, Dos Equis, Foster,

Newcastle Brown Ale, Ochota, Primus, Sagres, Sol, Star, Tecate, Zlaty Bazant e Zywiec.

No que se refere aos slogans, de seguida apresentam-se alguns dos mais marcantes:

Good people good home Heineken. (1962)

Refreshes the parts other beers cannot reach. (1974)

Beer as it’s was meant to be. (1991)

How refreshing! How Heineken! (1998)

It’s all about the beer. (2000)

The world’s favorite beer. (2003)

Meet you there. (2004)

Serving the planet. (2008)

Open Your World. (2011)

Figura 29 – Slogan da Heineken.

Figura 30 – Marcas geridas pela da Heineken.

83ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

82 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Tal como o exemplo da Carlsberg, o museu demonstra a importância que a comunidade e o estado

atribuem ao sucesso da Heineken como organização centenária, reconhecendo o valor e o prestígio da

marca, sendo um exemplo que percorre a sociedade holandesa e a une no mesmo sentido.

4.2.2.3. Interação com o Setor Académico e de Investigação

Tal como já referido no presente documento, na Holanda, existe uma forte proximidade entre as

universidades e as empresas, principalmente em alguns setores chave, como o cluster da biotecnologia.

Esta conexão é estimulada pelo governo, que intervém ativamente na promoção da comunicação entre o

meio académico e o meio empresarial.

Um dos bons exemplos que se pode encontrar na Holanda é precisamente o projeto de investigação

e produção de algas, o AlgaePARC, que visa desenvolver conhecimentos, tecnologias e estratégias de

processo para a produção sustentável de microalgas como matéria-prima para o combustível, produtos

químicos, alimentos e alimentação em escala industrial. O valor global do projeto é de 8 Milhões de euros.

Os sistemas criados no âmbito deste projeto, baseados em critérios de sustentabilidade técnica, económica

e ambiental, servirão como base para construir o conhecimento necessário para o desenvolvimento de

sistemas em grande escala.

Os fotobiorreatores construídos no âmbito do AlgaePARC foram escolhidos com base em tecnologia de

ponta e permitem o estudo dos mais importantes aspetos para a operação bem sucedida e scale-up

de fotobiorreatores. Trata-se do primeiro centro de pesquisa no mundo que permite a comparação de

diferentes designs de fotobiorreatores ao ar livre.

Dados corporativos:

• Origem: Holanda

• Fundação: 15 de fevereiro de 1864

• Fundador: Gerard Adriaan Heineken

• Sede mundial: Amsterdão, Holanda

• Proprietário da marca: Heineken N.V.

• Chairman & CEO: Jean-François van Boxmeer

• Faturação: €14.7 bilhões (2009)

• Lucro: €1.01 bilhões (2009)

• Valor de mercado: €21.5 bilhões (fevereiro/2011)

• Valor da marca: US$ 3.516 (2010)

• Fábricas: 125

• Presença global: 178 países

• Colaboradores: 70.000

• Segmento: Cervejaria

• Principais produtos: Cervejas

• Principais marcas: Heineken, Amstel, Tecate, Sol, Bavaria e Kaiser

• Ícones: A garrafa verde

• Slogan: Open Your World.

• Website: www.heineken.com

A análise que se pode fazer desta organização é que a mesma consegue interagir com a vivência e

irreverência associadas à cidade de Amsterdão, através do seu museu, que constitui uma das suas

principais atrações turísticas e funciona como um excelente meio de promoção da marca.

85ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

84 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Para que seja economicamente viável a produção em grande escala, a equipa de investigação trabalha

na procura da redução de custos de produção de microalgas através do desenvolvimento tecnológico.

Atualmente, há uma falta de conhecimento sobre a produção em grande escala de microalgas e uma

consequente necessidade de realizar pesquisa aplicada a um ritmo mais rápido, paralelamente à

investigação convencional.

Figura 31 – Fotobioreatores tubulares horizontais.

Figura 32 – Panorâmica do AlgaePARC. Figura 33 – Painéis Planos.

87ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

86 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

5. Análise Comparativa entre Portugal e os Países Estudados

5.1. Contexto Português

Portugal, oficialmente República Portuguesa, é um país soberano localizado no Sudoeste da Europa,

cujo território se situa na zona ocidental da Península Ibérica e em arquipélagos no Atlântico Norte. O

território português tem uma área total de 92 072 km², sendo delimitado a norte e leste por Espanha e a

sul e oeste pelo oceano Atlântico e compreendendo uma parte continental e duas regiões autónomas, os

arquipélagos dos Açores e da Madeira. Portugal é a nação mais a ocidente do continente europeu.

É um país com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas considerado como muito

O projeto foi financiado pelas seguintes entidades:

Conforme se pode ver pela dimensão e especialização das entidades financiadoras, este é um projeto

de grande valor acrescentado, pois tem como objetivo a aplicação de uma tecnologia revolucionária,

com forte impacto ao nível da economia global e que revela uma aposta num dos setores chave para a

Holanda. Para além disso, potencia o desenvolvimento da PI, inovação e a atração de investimento para

o país, validando uma vez mais a sua estratégia e posicionamento internacional.

Bandeira Brasão de Armas LocalizaçãoGeográfica

Lema

Portugal - República Portuguesa

89ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

88 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

pedidos de patente europeia com origem em Portugal. Na fase nacional do PCT, entraram 17 pedidos,

correspondendo a um decréscimo de 5,6%;

Quanto às validações de patentes europeias em Portugal, verificou-se um aumento de 9,6% face a 2010;

A proteção do design em Portugal registou um ligeiro crescimento de 1%, quando comparado com o ano

anterior, em termos de objetos e 1,5% em número de pedidos;

Em relação à via comunitária, verificou-se um decréscimo de 18,1% no número de pedidos de design

comunitário com origem em Portugal, comparativamente ao ano 2010;

Relativamente às marcas e outros sinais distintivos do comércio (OSDC) da via nacional entraram no INPI

19.151 pedidos. Comparativamente ao ano anterior (20.641), o valor diminuiu 7,2%;

A via exterior de registo de OSDC, nomeadamente a Via Comunitária, registou um aumento de 12% em

relação ao ano anterior. A Via Internacional registou um crescimento de 17,2% no número de pedidos com

origem em Portugal.

Os indicadores acima apresentados mostram, de uma forma geral, o interesse cada vez maior na PI,

apesar de o país se encontrar numa crise económica, que torna mais difícil o investimento por parte das

empresas em áreas como a inovação. No entanto, a necessidade de procurar novos mercados e produtos

com maior valor acrescentado, leva à necessidade de uma maior aposta nestas áreas, nomeadamente

ao nível internacional.

Os indicadores revelam também a importância cada vez maior da modalidade de patentes e design,

sendo muito importante fazer a comparação nestas temáticas com os países mais desenvolvidos na área

da gestão da PI, entre os quais os que foram alvo do presente estudo de benchmark.

elevado, embora na cauda do ranking, em 43.º lugar (indicador medido a partir de dados de esperança

média de vida, escolaridade e PIB per capita). É membro-fundador da Organização das Nações Unidas

(ONU), da União Europeia (incluindo a Zona Euro e o Espaço Schengen), da (NATO), da (OCDE) e da

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Portugal também participa em diversas missões

de manutenção de paz das Nações Unidas.

Em Portugal, o INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial é o instituto público dotado de personalidade

jurídica e com autonomia administrativa, financeira e património próprio, que tem por objeto a proteção

e a promoção da propriedade industrial, quer a nível nacional, quer internacional, nomeadamente em

colaboração com as organizações internacionais de que Portugal é membro.

Os indicadores mais relevantes na área da propriedade industrial são monitorizados e analisados anualmente

pelo INPI, consubstanciados no seu relatório anual Dados Estatísticos sobre Invenções, Design, Marcas e

OSDC. O último relatório disponível refere-se ao ano de 2011, cujas principais conclusões, por indicador,

são:

Foram apresentados 772 pedidos de invenção, o que corresponde a um aumento de 18% face ao ano

anterior. Destes, 395 são pedidos provisórios de patente, representando 51,2% do total de pedidos de

invenção;

Entre os anos 2006 e 2011, registou-se um significativo aumento do número de pedidos de invenção

(142%);

Foram apresentados 35 certificados complementares de proteção, tendo-se registado um decréscimo de

14,6% em relação ao ano anterior;

Em relação às vias externas, verificou-se um decréscimo de 7,2% (128 em 2011 face a 138 em 2010) dos

91ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

90 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

práticas, replicado a nível internacional, apesar de necessitar atualmente de um reforço da sua dinâmica.

Existem ainda, no contexto da PI em Portugal, os AOPI - Agentes Oficiais da Propriedade Industrial, que

são técnicos especializados em propriedade industrial, aos quais as empresas e pessoas singulares

podem recorrer para uma melhor defesa dos seus interesses e direitos.

São Agentes Oficiais da Propriedade Industrial aqueles que forem reconhecidos pelo INPI para junto deste

exercerem atos de propriedade industrial em nome e no interesse das partes que forem seus clientes e

constituintes, com dispensa da exibição de procuração.

A profissão de Agente Oficial da Propriedade Industrial encontra-se organizada e conta com a existência de

uma Associação Profissional, a ACPI – Associação Portuguesa dos Consultores em Propriedade Industrial

– que tem como objetivos a contribuição para o estudo e aperfeiçoamento dos assuntos e das leis sobre

a propriedade industrial e o fomento da disciplina profissional dos seus membros.

O exercício da Profissão de Agente Oficial da Propriedade Industrial junto do INPI está regulado legalmente

pelo Decreto-Lei nº 15/95, de 24 de janeiro.

Em matéria jurídica, é de salientar a criação do ARBITRARE – Centro de Arbitragem para a Propriedade

Industrial, Nomes de Domínio, Firmas e Denominações, que é um centro de arbitragem institucionalizada,

com competência para resolver litígios respeitantes a interesses de natureza patrimonial sobre matéria de

PI, nomes de domínio pt, firmas e denominações, desde que, por lei especial, não estejam submetidos

exclusivamente a tribunal judicial ou a arbitragem necessária.

O ARBITRARE é ainda competente para a composição de litígios emergentes de direitos de propriedade

industrial quando estejam em causa medicamentos de referência e medicamentos genéricos, submetidos

à arbitragem necessária nos termos da lei.

Há que notar ainda o crescimento da modalidade de Marcas e Outros Sinais Distintivos do Comércio, que

mostra o interesse nesta área.

De salientar que, em Portugal, foram criados os GAPI - Gabinetes de Apoio à Promoção da Propriedade

Industrial que são unidades operacionais autónomas do INPI, sediadas em Universidades e Interfaces

Universidade - Empresa | Centros Tecnológicos, que promovem e disseminam a Propriedade Industrial,

através da organização de um conjunto de iniciativas direcionadas para a sensibilização e para a aquisição

de conhecimentos e competências em matéria de direitos de propriedade industrial.

Os GAPI evoluíram e, para além das atividades de cariz marcadamente informativo, passaram a desenvolver

atividades mais próximas das necessidades dos respetivos públicos-alvo, organizando-se do seguinte

modo:

• GAPIConhecimento(UniversidadeseInterfacesUniversidade-Empresa);

• GAPITecnologia(CentrosTecnológicos);

• GAPIInovação(COTEC).

Todos os GAPI têm a função genérica de informar, promover e disseminar a Propriedade Industrial. Para

além desta atividade transversal, os GAPI desempenham também as seguintes atividades:

• Disseminação de informação sobre mecanismos de transferência de conhecimento;

• Aquisição de competências em avaliação de tecnologias e ativos intangíveis;

• Dinamização de atividades de suporte ao enforcement e de sensibilização das PME e das grandes

empresas para a PI, através de instrumentos especialmente concebidos para o efeito.

Os resultados obtidos com a criação desta rede foram objeto de reconhecimento, quer a nível nacional,

quer internacional, tendo, inclusivamente, a Rede GAPI sido considerada como um modelo de boas

93ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

92 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

nomeadamente Amsterdão, Haia e Roterdão.

A Dinamarca funciona a partir de Copenhaga, enquanto cidade do conhecimento, que, juntamente com

Malmö (2.ª cidade Sueca), forma uma área metropolitana que alavanca o desenvolvimento de todo o país.

Por sua vez, a Holanda, como pequeno país (41.526 Km2) densamente povoado e com excelentes

infraestruturas ao nível de transportes, consegue descentralizar de forma articulada as atividades

económicas necessárias ao seu desenvolvimento.

Portugal tem cerca do dobro da dimensão territorial destes dois países (92.072 Km2) e uma população

duas vezes maior do que a da Dinamarca e cerca de dois terços da holandesa. A distribuição da

população em Portugal assenta em duas grandes zonas metropolitanas, Porto e Lisboa, e em algumas

zonas industrializadas próximas do litoral, tais como Braga, Leiria, Setúbal, Marinha Grande, Coimbra,

Figueira da Foz e Aveiro, tendo o resto do país uma densidade populacional muito baixa.

É de referir que as duas zonas metropolitanas e as regiões de média dimensão industrializadas encontram-

se bem infraestruturadas ao nível académico, de parques empresariais, vias rodoviárias, ferroviárias e

portuárias.

A população portuguesa vive numa linha de cerca de 300 Km, trabalhando de uma forma articulada,

sendo o eixo principal do desenvolvimento do país, embora se possa considerar, devido às diferenças

de riqueza existentes, que existe um subaproveitamento das áreas fora da Grande Lisboa. Esta situação

reflete-se de forma objetiva nos dados do PIB per capita de Lisboa (113% relativamente à média da

Europa 27), enquanto que o PIB per capita de Portugal é consideravelmente inferior (77% relativamente

à média da Europa 27).

De referir que, tal como em Portugal, os países estudados não têm riquezas naturais significativas.

O ARBITRARE resolve conflitos entre particulares ou entre particulares e os organismos competentes para

conceder e anular registos.

O ARBITRARE tem ao seu dispor uma lista de árbitros de mérito reconhecido, todos eles com conhecimentos

técnicos e/ou jurídicos especializados. As suas decisões têm exatamente a mesma força executiva que

uma sentença proferida por um Tribunal Judicial de primeira instância.

Esta entidade é da maior relevância, tendo em conta que cria condições de celeridade nos processos de

contencioso da PI, sendo os litígios resolvidos no prazo máximo de 6 meses, o que não aconteceria se

tais processos decorressem nos tribunais judiciais.

5.2. Dados Gerais

A metodologia de seleção dos países líderes em matéria de PI, para o presente Estudo de Benchmark,

conduziu a que fossem identificados e selecionados dois países, a Holanda e a Dinamarca, considerados

exemplos de desenvolvimento sustentável, que constituem referências a nível mundial em diversas áreas

e possuem sistemas jurídicos e de educação que funcionam para a sociedade como alavancas de

desenvolvimento.

Comparando os dados geográficos e sociais destes países, verifica-se que a Dinamarca tem cerca de

metade da população portuguesa, enquanto que a Holanda tem aproximadamente mais dois terços,

como é possível verificar na tabela 1 abaixo.

No caso dinamarquês, existe uma elevada concentração de quase metade da população na área

metropolitana de Copenhaga. A área total do país é de 43.094 Km2. Contrariamente, a Holanda tem

uma distribuição muito mais equitativa por todo o país e possui várias cidades de elevada dimensão,

95ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

94 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

5.3. Modalidades de Propriedade Industrial

As modalidades apresentadas pelas agências nacionais de cada um dos países estudados, Dinamarca,

Holanda e Portugal, são, de uma forma geral idênticas, sendo as principais (marcas, patentes e design)

geridas de forma similar e regidas por legislação equivalente, o que resulta da transposição de legislação

europeia.

As agências dos três países têm ligações com as principais organizações internacionais, para o registo

das respetivas modalidades, a saber: IEP para as patentes e design ao nível europeu, OMPI também para

as patentes e design e IHMI para as marcas.

Existem algumas particularidades nos casos da Dinamarca e Holanda, nas relações com os países vizinhos.

No caso dinamarquês, ao nível da cooperação internacional, foi constituído o Nordic Patent Institute

(NPI), que resulta da cooperação entre o DKPTO e os seus congéneres norueguês e islandês. No caso

holandês, foi criado o BOIP (Benelux Office for Intellectual Property) para os países constituintes do

Benelux (Holanda, Bélgica e Luxemburgo).

Relativamente à importância atribuída às diferentes modalidades da PI nos países estudados,

comparativamente a Portugal, é de salientar a relevância que têm no nosso país os outros sinais distintivos

de comércio, como sejam a Denominação de Origem e a Indicação Geográfica. Esta situação deve-

se ao facto de existirem particularidades relativas a certo tipo de produto de caráter único, tendo em

conta a forma e as regiões onde são produzidos, nomeadamente vinhos, queijos, azeite, cortiça, entre

outros, que são cada vez mais de grande importância para a economia nacional. Pelas mesmas razões,

estas modalidades encontram-se também em grande desenvolvimento nos países do sul da Europa,

nomeadamente Espanha, França e Itália, constituindo uma realidade própria.

Tendo em conta os equipamentos, infraestruturas e concentração da população, existem condições para

que Portugal tenha um desempenho equivalente aos casos estudados, uma vez que se encontram no

mesmo espaço económico e social.

Tabela 1 – Dados Populacionais, Económicos e de Inovação

Fontes: (1) OMPI - (2) Eurostat - (3) COTEC

97ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

96 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A nova patente europeia, designada por patente europeia com efeito unitário, é uma patente que

beneficia de efeito unitário nos Estados-Membros participantes nos termos do Regulamento (UE) n.º

1257/2012, de 17 de dezembro.

Os projetos de regulamento foram aceites no âmbito do processo legislativo da EU e, com exceção de

Itália e Espanha, os restantes Estados-Membros iniciaram uma cooperação reforçada com vista à criação

de uma proteção de patente unitária para os seus territórios, que terá aplicação a partir de 2014.

A patente unitária vai ser uma alternativa, para além das patentes nacionais já existentes e das patentes

europeias clássicas. Uma patente unitária será uma patente concedida pelo IEP ao abrigo das disposições

da Convenção Europeia de Patentes com efeito unitário nos 25 Estados participantes.

No que diz respeito ao regime de tradução para a patente unitária, foi decidida a utilização de três línguas

oficiais: o inglês, o alemão ou o francês.

Para além da criação da patente unitária e tendo em conta a importância atribuída pela União Europeia a

esta matéria, foi ainda constituído o Unified Patent Court, com competência exclusiva para os litígios

relativos a patentes europeias, sendo composto por uma divisão central, com sede em Paris, e mais

duas divisões, uma em Londres e outra em Munique. Existem ainda várias divisões locais e regionais nos

Estados contratantes do acordo. Por sua vez, o tribunal de recurso estará localizado no Luxemburgo. O

acordo foi assinado por 24 Estados-Membros em 19 de fevereiro de 2013.

No que se refere aos registos de patente europeia dos países estudados, relativamente ao ano de 2012,

de acordo com o IEP, a Dinamarca apresentou um total de 2.179 pedidos, a Holanda 6.441 e Portugal

apenas 139.

O que está a montante das patentes é a inovação, ou seja, os países onde esta vertente está mais

Nestes casos, existem organismos estatais e associações ligadas à Agricultura, que gerem estas

modalidades, em articulação com o INPI.

No caso da Holanda, tendo em conta a importância dos setores da Agricultura e Alimentação e da

Horticultura, foi criada uma modalidade específica para as flores e todo o tipo de espécies vegetais

desenvolvidas, denominada de plant breerders’ rights, com proteção ao nível da Holanda e da União

Europeia. Na Holanda, a proteção desta modalidade específica, foi legislada em 2005. Ao nível europeu,

existe uma entidade para a defesa destes direitos, o Instituto Comunitário das Variedades Vegetais (ICVV),

localizado em Angers, França. Esta agência implementa as normas europeias relativas aos direitos dos

criadores de plantas da União Europeia.

No caso dinamarquês, o DKPTO está essencialmente focalizado na área das patentes, tendo em conta

os setores chave da Dinamarca, ligados essencialmente aos clusters de cleantech e life science,

nomeadamente nas vertentes farmacêutica e biotecnologia.

De uma forma quantitativa, olhando para os grandes grupos de modalidades de PI, a Holanda aparece

com 45 067 patentes, a Dinamarca com 16 810 patentes e Portugal com 3 908 patentes, relativamente

ao ano 2011, de acordo com o OMPI. Para que exista uma aposta forte em matéria de patentes e design,

é fundamental um grande investimento, tanto inicial, como no desenvolvimento dos respetivos produtos,

processos ou serviços, o que carece de condições de base para a criação de confiança aos investidores.

Quanto aos registos de design, com base em dados do OMPI de 2012, Portugal assinalou 5.759, a

Dinamarca 12.550 e a Holanda 26.656.

Tedo em conta o espaço económico e social onde Portugal se insere, é de grande importância analisar

o contexto da patente europeia, a qual foi recentemente melhorada e simplificada, esperando-se uma

grande evolução na sua utilização.

99ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

98 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

relativamente aos números apresentados, que Portugal apresenta valores mais aproximados dos

apresentados pela Dinamarca e pela Holanda, comparativamente às restantes modalidades. No entanto,

continuam a ser inferiores, tendo em conta a dimensão dos países.

É de salientar que nesta modalidade é mais difícil estabelecer uma relação com o desenvolvimento dos

países em termos de inovação e riqueza produzida, pois, para tal, teria que ser efetuada uma avaliação do

valor das marcas. No entanto, pode-se considerar que um país mais desenvolvido e com uma economia

mais aberta, será um país em que as suas marcas apresentam maior reconhecimento internacional,

existindo grandes empresas de âmbito global, tal como evidenciado nos casos de sucesso da Carlsberg

e da Heineken, apresentados no presente estudo.

É importante salientar neste ponto, o esforço que Portugal tem feito ao nível das marcas coletivas, tal

como o Compro o que é nosso, atualmente alterado para Portugal sou eu.

desenvolvida, têm uma correlação com melhores resultados ao nível desta modalidade. É, portanto,

possível estabelecer uma relação entre o nível de riqueza e desenvolvimento de um país, com os seus

resultados em termos de inovação e patentes.

No que se refere ao ranking de inovação, a Holanda ocupa o 9.º lugar a nível mundial, a Dinamarca o 2.º

e Portugal o 30.º, relativamente ao ano de 2011, de acordo com a COTEC.

Esta diferença entre Portugal e os dois países estudados, é explicada essencialmente pelo seguinte:

• Aposta estratégica e planeada na Holanda e na Dinamarca que está a dar bons resultados ao nível de

setores que criam grande valor acrescentado e que têm como base a inovação e o conhecimento;

• Estabilidade fiscal, financeira e das políticas económicas destes países;

• Capacidade jurídica para a resolução rápida e eficaz de conflitos;

• Marketing dos países ao nível global;

• Inter-relação entre o mundo empresarial, académico e institucional, que permite o desenvolvimento de

trabalhos em parceria, com financiamentos conjuntos e que potenciam o crescimento das empresas;

• Proatividade das instituições académicas na procura de investidores para os seus projetos;

• Esforço para a atração dos melhores técnicos e investigadores internacionais;

• Focalização nos resultados, não só das empresas, mas também do meio universitário e do Estado.

Em Portugal, apesar do investimento realizado nos últimos anos, os pontos acima evidenciados carecem

de melhoria, a partir de uma estratégia concertada e da definição de objetivos claros ao nível da inovação.

No que se refere à modalidade de marcas, de acordo com dados de 2011 do OMPI, a Dinamarca teve

um total de 43 421 registos, a Holanda 141 247e Portugal 45 067.

As marcas continuam a ser uma modalidade de grande importância tendo em conta a cada vez maior

competitividade e a multiplicidade de produtos e serviços que necessitam de visibilidade. É de destacar,

Figura 34 – Logótipo do Portugal Sou Eu.

101ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

100 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

sem realizar uma análise à riqueza produzida pelos países e ao risco de investimento, pode-se considerar

Portugal competitivo, essencialmente devido à utilização das plataformas online.

No entanto, tendo em conta que os valores das taxas nacionais de registos de PI são, de uma forma

geral, bastante acessíveis, estes não têm sido determinantes para o investimento nesta área. De notar

que grande parte dos produtos e serviços necessitam também de salvaguarda no mercado internacional,

onde os valores são muito mais elevados e iguais para todos.

Deste modo, é possível considerar que o valor das taxas nacionais pode ser considerado um incentivo à

utilização da PI, mas não é determinante para o seu sucesso num determinado país.

Tendo em conta a necessidade de salvaguarda, no espaço europeu, os países poderão solicitar a nova

patente unitária europeia a ser concedida pelo IEP ao abrigo das disposições da Convenção Europeia de

Patentes com efeito unitário nos 25 Estados participantes, tornando mais barata e eficaz a proteção no

quadro europeu.

5.4. Custos

De forma a estruturar a comparação das principais taxas nacionais de registos de PI nas várias modalidades,

com as dos países estudados, foi organizada a tabela 2 abaixo, cuja análise se apresenta.

Relativamente às taxas nacionais das modalidades de propriedade industrial, pode-se considerar que

Portugal tem como fator diferenciador a forma de instrução dos pedidos, consoante estes sejam efetuados

online ou em papel, o que potencia a maior utilização das plataformas disponíveis nestas matérias. Este

facto reflete o “salto” tecnológico que Portugal deu nos últimos anos, assim como a importância que lhe é

atribuída, aportando maior eficácia aos processos.

Em matéria de Marcas e OSDC, analisando os valores online, verifica-se que Portugal tem valores inferiores,

relativamente à Holanda e à Dinamarca, sendo este último o que apresenta a taxa mais elevada.

No que se refere a patentes, Portugal e a Holanda têm valores equivalentes em termos de taxas, sendo

que, na Dinamarca, são cobradas taxas substancialmente mais elevadas.

No âmbito dos Certificados Complementares de Proteção, Portugal apresenta taxas inferiores, enquanto

que a Dinamarca e a Holanda se equiparam em valores.

Relativamente aos Modelos de Utilidade, as taxas mais baixas são as da Holanda, sendo estas praticamente

o dobro em Portugal e o triplo na Dinamarca.

Quanto à modalidade de Desenho ou Modelo, é de salientar que Portugal e Holanda têm valores similares,

enquanto que a Dinamarca apresenta valores consideravelmente superiores.

Da análise comparativa com os países estudados, tendo em consideração apenas os valores das taxas e

103ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

102 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Tabela 2 – Taxas Nacionais de Propriedade Industrial Portugal, Holanda, Dinamarca

* Câmbio de Coroas Dinamarquesas para Euros de 14/04/2013 Fontes: Portaria n.º 176/2012, de 31 de maio - www.dkpto.org/ - http://www.agentschapnl.nl/en/

105ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

104 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

6. Tendências de Evolução e Conclusões

A evolução na utilização da PI tem sido positiva nos três países estudados, embora Portugal não esteja

a caminhar para uma convergência ao nível da riqueza produzida e do desenvolvimento das várias

modalidades da PI. Conforme se verifica na tabela infra, de 1997 até 2011, Portugal apresenta, no que

respeita ao número de pedidos de registo de patentes, um resultado cerca de 10 vezes inferior à Dinamarca

e 17 vezes inferior à Holanda, apesar de se ter verificado uma evolução global positiva.

No caso dos registos de design, a posição de Portugal é também inferior, correspondendo a cerca de

metade da Dinamarca e um quinto da Holanda.

De ressalvar que a população da Dinamarca é, aproximadamente, metade da portuguesa e a holandesa

é apenas mais um terço do que a portuguesa, pelo que, proporcionalmente, o desfasamento é muito

acentuado.

Salienta-se ainda que estas são as modalidades que melhor refletem um efetivo investimento quantificável

para efeitos do presente estudo e consequente valorização da PI.

No caso das marcas, Portugal está proporcionalmente melhor posicionado. No entanto, esta modalidade

não reflete um investimento real em inovação e investigação, mas sim uma forte aposta em marketing.

Esta situação reflete-se nos indicadores de cada um dos países, que serviram de base à sua seleção para

o presente estudo.

5.5. Ciclos de Aprovação

Foi possível verificar que os procedimentos administrativos e ciclos de aprovação são semelhantes em

Portugal e nos países estudados, não sendo fatores diferenciadores significativos entre as três agências.

É de salientar que as agências portuguesa e dinamarquesa se encontram certificadas pela norma NP EN

ISO 9001:2008, Sistemas de Gestão da Qualidade, o que lhes confere uma garantia da qualidade do

serviço e de melhoria contínua, com vista à satisfação do cliente.

Um fator distintivo de Portugal, relativamente aos países estudados, está na maior agilização de processos

através da modernização administrativa, que levou à possibilidade de constituição imediata de empresas,

refletindo-se também na atribuição simultânea de registos de marcas.

Com vista à concretização deste objetivo, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial e o Instituto dos

Registos e do Notariado envidaram esforços no sentido de disponibilizar uma bolsa conjunta de firmas

e marcas previamente aprovadas, atualmente disponíveis no site da Empresa na Hora. No âmbito deste

sistema, podem ser adotadas marca e firma correspondente, ou apenas marca, de uma forma imediata,

online ou num único balcão e com toda a segurança jurídica.

No entanto, noutras áreas com bastante relevância económica para Portugal, como são as Denominações

de Origem e as Indicações Geográficas, esta celeridade não se verifica. Estas modalidades, relativas a

certo tipo de produtos de caráter único, tendo em conta a forma e as regiões onde é produzido, têm

procedimentos próprios, não dependendo apenas do INPI para a sua concretização, mas carecendo

também de aprovações de diversas entidades sob a tutela do Ministério da Agricultura, entre outras, e da

Comissão Europeia, podendo, em alguns casos, ter um ciclo de aprovação de vários anos.

107ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

106 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

Tabela 3 – Registos de Propriedade Industrial nos Países Estudados e Dados Económicos

Tendo em conta a importância da patente europeia, é importante perceber a sua utilização ou aplicação

nos países estudados, sendo que Portugal foi o que, a este respeito, apresentou uma evolução mais

favorável entre 2011 e 2012. No entanto, uma vez mais, é possível verificar que a ordem de grandeza, em

termos absolutos, não é equiparável, relativamente à Dinamarca e Holanda.

Tabela 4 – Pedidos de Patente Europeia por País Estudado

Com base no estudo comparativo efetuado, é possível concluir que, apesar de os procedimentos

administrativos serem genericamente equivalentes nos três países analisados, de Portugal estar bastante

evoluído em termos tecnológicos, de os países estudados se regerem por legislação europeia e das taxas

nacionais serem da mesma ordem de grandeza, tal não se traduz em sistemas igualmente eficientes e

eficazes em termos de PI.

O desenvolvimento da PI depende, acima de tudo, das políticas de inovação e apoio ao desenvolvimento

empresarial e do seu enquadramento nos sistemas internos de cada país, tendo em conta as suas

especificidades. Na Holanda e na Dinamarca, as políticas de inovação são mais do que políticas

tecnológicas. Constituem alavancas às competências coletivas em todas as áreas da sociedade,

nomeadamente na empresarial, social e económica. Estas competências, devidamente articuladas ao

nível institucional e privado, produzem uma melhoria de eficiência dos processos relacionados com a PI.

Nos países estudados, existe uma cultura e uma experiência acumulada ao nível da PI, da responsabilidade

Fonte: World Intellectual Property Organization (WIPO)

Fonte: Foi publicado no passado dia 6 de março o Relatório Anual de 2012 do Instituto Europeu de Patentes (IEP).

109ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

108 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

da PI e das instituições públicas de investigação. A existência de uma visão comum facilitará a definição

descentralizada de estratégias por parte dos vários atores envolvidos, para a promoção de projetos

institucionais neste campo, com vista a parcerias eficazes e em tempo útil, tal como o exemplo do

AlgaePARC estudado na Holanda.

Na Holanda e na Dinamarca, o encontro entre a oferta de ideias e a procura de soluções é mais adequado,

garantindo a ligação entre a invenção e a exploração, assim como entre a investigação e a indústria.

Como facilitadores deste processo, existem mecanismos estabelecidos que fazem a ponte entre estes

dois mundos. O desenvolvimento de intermediários (technology brokers ou similares), de cariz público

ou privado, com capacidades para identificar o potencial comercial e tecnológico das invenções, poderão

ser decisivos para potenciar a sua exploração, constituindo uma peça importante da integração nesses

mercados.

Ao nível do financiamento, a Holanda e a Dinamarca têm um sistema financeiro (bancos e seguradoras,

sociedades de capital de risco, etc.) com grande especialização em nichos relacionados com a PI (por

ex.: na avaliação de riscos de investimentos em PI, na planificação do investimento, na criação de uma

capacidade real de avaliação de ativos intangíveis, na capacidade de avaliação de prejuízos em casos de

abuso e no que concerne à atribuição de indemnizações). Isso potencia a possibilidade de investimento

em grandes projetos que envolva inovação e aposta na PI.

Contrariamente aos países estudados, acresce ainda uma fraca cultura da PI em Portugal, sustentada não

só pela escassez de recursos humanos qualificados nesta área, ao nível do tecido empresarial nacional,

como também por uma perceção generalizada de que o sistema da PI é de difícil acesso, de custos elevados

e com uma excessiva complexidade processual. Adicionalmente, existe uma falta de reconhecimento na

mais-valia da proteção da PI e ainda algum receio na proteção efetiva por via das modalidades de PI,

devido à desconfiança das empresas, aquando da divulgação da informação necessária para efeitos

de registo, que se estende a um sistema jurídico reconhecidamente com necessidades prementes de

essencialmente das grandes empresas, que constituem âncoras nos seus respetivos clusters, levando

a que, empresas de menor dimensão e entidades de investigação, se desenvolvam por via do contexto

criado, e que o investimento em inovação seja um fator diferenciador para quem pretenda ter sucesso

nos mercados destes países. Observa-se, nestes casos, que as empresas e o mundo académico,

utilizadores da PI, lhe atribuem uma importância crescente, uma vez que constatam que a sua evolução

lhes traz reconhecimento e valor económico.

Em Portugal, tem existido um grande investimento estatal ao nível das infraestruturas e equipamentos no

ensino superior, na investigação, nos centros de transferência de tecnologia e na formação e sensibilização

de docentes e estudantes relativamente à importância da inovação, como também na aproximação do

mundo académico ao mundo empresarial e o seu enquadramento na PI. Desta forma, tem-se procurado

encontrar uma resposta cabal às necessidades cada vez mais prementes de racionalização de recursos e

de criação de mais valias económicas por parte das instituições académicas. Em grande parte devido às

enormes dificuldades económicas que Portugal atravessa e que se refletem no financiamento do mundo

académico, está na ordem do dia a análise dos potenciais benefícios do patenteamento e a problemática

da tensão existente entre os valores de publicação e os desejos de apropriação privada dos agentes

económicos, face aos investigadores.

Enquanto que a titularidade dos direitos unicamente pela instituição académica é a modalidade mais

simples, vários mecanismos de incentivos poderão ser previstos na distribuição de rendimentos (venda/

licenciamento), em diferentes percentagens, por instituições e inventores, e, eventualmente, também por

unidades de investigação.

No entanto, estas ações, embora positivas, conforme verificado acima, não se têm revelado suficientes no

sentido da convergência com os países estudados, acima de tudo pela grande diferença de abordagem

e de objetivos em Portugal, na relação entre o mundo académico e o mundo empresarial, verificando-se

a ausência de uma posição mais clara por parte dos poderes públicos portugueses quanto à matéria

111ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

110 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

• OMPI - http://www.wipo.int/portal/index.html.en• EP - http://www.epo.org/• IHMI - http://oami.europa.eu/ows/rw/pages/index.en.do• INPI - http://www.marcasepatentes.pt/index.php?section=1• COTEC - http://www.cotecportugal.pt/index.php?lang=pt• Brandchannel - http://www.brandchannel.com/home/• Interbrand - http://www.interbrand.com/en/Default.aspx• Wikipedia - https://pt.wikipedia.org• Google Finance - http://www.google.com/finance• Yahoo Finance - http://finance.yahoo.com/• Hoovers - http://www.hoovers.com/• Revista Fortune - http://money.cnn.com/magazines/fortune/• Revista Forbes - http://www.forbes.com/fdc/welcome_mjx.shtml• Revista Newsweek - http://www.thedailybeast.com/newsweek.html• Revista BusinessWeek - http://www.businessweek.com/• Revista Time - http://www.time.com/time/• AIMinho (2010), “Guia de Orientação Empresarial para a Propriedade Industrial”• INPI (2011), “Estudo sobre o contributo das marcas para o crescimento económico e para a

competitividade internacional”• INPI, “Estudo sobre procura de patentes com origem em Portugal”• INPI (2003), Estudo sobre a Utilização da Propriedade Industrial em Portugal”• Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (2011), “Inquérito ao

Potencial Científico e Tecnológico Nacional 2010 (IPCTN10) – Setor Institucional “• COTEC (2007), “Manual de Apoio ao Preenchimento do Sistema de Innovation Scoring da COTEC”• INPI (2011), “Dados Estatísticos sobre Invenções, Design, Marcas e OSDC”• WIPO (2012), “World Intellectual Property Indicators 2012”• Regulamento UE n.º 1257/2012, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro

• Regulamento UE n.º 1260/2012, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de dezembro

melhoria.

Por sua vez, a inovação e a competitividade das economias dos países estudados, no quadro da nova

era marcada pela globalização e orientada para o conhecimento, estão, inexoravelmente, associadas

ao investimento em Direitos de Propriedade Industrial, o que se traduz de uma forma direta no seu

desempenho.

De modo a que as boas práticas da Dinamarca e Holanda se estendam a Portugal, no sentido de uma

convergência económica, baseada num desenvolvimento sustentável e sustentado, tendo como pilares a

inovação e a PI, será necessário alcançar a eficácia coletiva de todo o sistema deste direito, incorporando

todas as componentes jurídicas, institucionais e empresariais com um crescente investimento em I&D.

7. Referências

• Carlsberg - http://carlsberg.com

• Danish Patent and Trademark Office - http://www.dkpto.org/

• Confederation of Danish Industry - http://di.dk/english/Pages/English.aspx

• Copenhagen Capacity - http://www.copcap.com/

• Heineken - http://www.heineken.com

• NL Patent Office - http://www.agentschapnl.nl/en/onderwerp/nl-patent-office

• Nederlandse Biotechnologie Associatie - http://www.niaba.nl/website/?page_id=106

• Confederation of Netherlands Industry and Employers VNO-NCW - http://www.vno-ncw.nl/english/

Pages/default.aspx

• Universidade Wageningen UR - http://www.wageningenur.nl/en/wageningen-university.htm

• AlgaePARK - http://www.wageningenur.nl/en/Expertise-Services/Facilities/AlgaePARC.htm

113ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

112 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

MEETING GUIDEINTITUTIONS MODEL+ VALUE SME – SUPPORT, DIVULGE AND ORGANIZE

INDUSTRIAL PROPERTY

DATE

Identification of the respondents

1. Name of the participants on the meeting:

_______________________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

______________________________________________

2. Email address:

_______________________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

_______________________________________________

Relevant Issues/Questions

• Which are the aspects of IP and the most relevant?

• What is the evolution, in statistical terms, of each of the aspects for IP (studies)?

Anexos

Anexo I

115ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

114 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

• What are the main sources of the applications in the different aspects of IP (large companies, SME ‘s,

´ inventors, universities, ...)? Studies?

• Which are the most successful aspects and why?

• Your Institution has any involvement in the disclosure of trademarks, patents, .... belonging to companies

and registered at the Institution?

• Does the Institution advises organizations to draw attention to best ways to protect the invention and its

evolution in the marketplace (technical and legal issues)?

• How does the Institution disclose the IP to the members, encouraging them to follow different aspects

of IP?

• What sort of complaints, namely about the official procedures in the aspects of IP, do you have from the

intern and foreign organizations?

• What kind of support or state budget has the Institution?

• What improvements have been made in the recent years at the level of the official procedures in IP?

• Do you think that the time/price meets the needs of SMEs ́s? Have you developed studies with specific

data proceedings and rates?

• What is the Institution’s position in the European context (size, recognition, participation in international

projects)?

• In your opinion which countries have the best practices in terms of IP?

• What is the support that the Institution gives to the organizations in the guidance for the internationalization

of the aspects of IP?

• What is the relationship of the Institution with the counterparts of other countries and with the WIPO

- World Intellectual Property Organization, the European Patent Office (EPO) and other international

agencies?

• How does the tax system works in terms of IP? This system is organized in such a way as to benefit

organizations in terms of investment in IP?

• Are there any financial incentives for investment in IP?

• Do you have legal support to organizations within the scope of protection and conflict resolution in the

area of IP? Does it include legal support in conflict situations outside of the country?

• The legal system works well on these issues (speed, effectiveness)?

117ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

116 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

MEETING GUIDE ASSOCIATION MODEL+ VALUE SME – SUPPORT, DIVULGE AND ORGANIZE INDUSTRIAL PROPERTY

DATA

Identification of the respondents

3. Name of the participants on the meeting:

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

4. Email address:

__________________________________________________________________________________

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Relevant Issues/Questions

• Learn more about the Association.

• What is the associated distribution by dimension and sectors?

• What type of intervention at the level of innovation that the association has among members? What are

Anexos

Anexo II

119ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

118 ESTUDO DE BENCHMARK INTERNACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

the projects undertaken in this area? Do you have close links with universities and research centers?

• How do you see the relationship between the wealth of a country and innovation?

• What type of intervention at the level of IP that the Association has among members? What are the

projects undertaken in this area? Are you involved in international projects?

• Do you provide legal support to organizations within the scope of protection and conflict resolution in

the area of IP?

• The legal system works well on these issues (speed, effectiveness)?

• Do you provide legal support in conflict situations outside the country?

• The Association advises organizations to protect the invention in its evolution in the market (technical

and legal issues)?

• What is the evolution of the aspects of IP related industries (studies)?

• What are the main sources of the applications in the different aspects of IP (large companies, including

multinationals, SME ´ s, ...). Have you developed studies in this area?

• What are the most successful aspects of IP and why?

• The entity has any involvement on the disclosure of trademarks, patents, ... of its associates?

• What kind of complaints/problems have the organizations within the IP (interns and international)?

• What improvements have been made in the recent years at the level of the official procedures in IP?

• Do you think that the time/price meets the needs of SMEs ́s? Have you developed studies with specific

data proceedings and rates?

• In your opinion which countries have the best practices in terms of IP?

• What is the support that the DI gives to their members in the guidance for the internationalization of the

aspects of IP?

• How does the tax system works for the development of IP? This system is organized in such a way as

to benefit organizations in terms of investment in IP?

• Are there any financial incentives for investment in IP?

• How easy is the access to credit for SMEs ´s for investment in innovation and IP?