estudo de avaliaÇÃo dos impactos socio- econÓmicos … · no dia 16 de março, a suspensão dos...

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BOIO, D., PACATOLO, C., MBANGULA, K, ESTUDO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIO-ECONÓMICOS DAS MEDIDAS DO EXECUTIVO ANGOLANO PARA O COMBATE À COVID19: Relatório Final, (Luanda: 2020), Página 1 de 19 CONSÓRCIO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA ESTUDO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIO- ECONÓMICOS DAS MEDIDAS DO EXECUTIVO ANGOLANO PARA O COMBATE À COVID19 (RELATÓRIO FINAL) COORDENADORES DO ESTUDO: David Boio - CISN – Centro de Investigação Sol Nascente do Huambo ([email protected]) Carlos Pacatolo – OVILONGWA CONSULTING – Sondagens e Estudos de Opinião Pública ([email protected]) Martinho MBangula – OVILONGWA CONSULTING – Sondagens e Estudos de Opinião Pública ([email protected]) Contactos: +244 939 733 227; +244 924 942 499 LUANDA, 12 de Abril de 2020

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CONSÓRCIO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA

ESTUDO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIO-

ECONÓMICOS DAS MEDIDAS DO EXECUTIVO

ANGOLANO PARA O COMBATE À COVID19

(RELATÓRIO FINAL)

COORDENADORES DO ESTUDO:

• David Boio - CISN – Centro de Investigação Sol Nascente do Huambo ([email protected])

• Carlos Pacatolo – OVILONGWA CONSULTING – Sondagens e Estudos de

Opinião Pública ([email protected])

• Martinho MBangula – OVILONGWA CONSULTING – Sondagens e Estudos de Opinião Pública ([email protected])

Contactos: +244 939 733 227; +244 924 942 499

LUANDA, 12 de Abril de 2020

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I.Enquadramento Os primeiros casos de infecção por Covid19 foram notificados pelas autoridades Chinesas, em Dezembro

de 2019. Hoje, passados cerca de quatro meses a doença espalhou-se por todo mundo e foi classificada,

a 11 de Março, como uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os primeiros dois casos positivos em território angolano foram anunciados pelo ministério da saúde no

dia 21 de Março e, no dia 25 de Março o Presidente da República, João Lourenço, decretou o Estado de

Emergência Nacional, por um período de quinze dias, com efeitos a partir de 27 de Março de 2020.

Antes mesmos de ser decretado o Estado de Emergência Nacional, João Lourenço já havia criado uma

Comissão Interministerial para a Resposta à Pandemia, encarregue de executar o Plano Nacional de

Contingência para o controlo da Covid-19.

Na sequência, a Ministra da Saúde decretou no dia 28 de Fevereiro a proibição, a partir de 03 de Março,

de entrada de cidadãos estrangeiros vindos da China, Coreia do Sul, irão, Itália, Nigéria, Egipto e Argélia,

países com circulação comunitária da Covid19. No dia 13 de Março, a Comissão Interministerial de

Prevenção e Combate a Covid19 declarou a proibição de entrada de navios cruzeiros pela costa

angolana. No dia 16 de Março, a suspensão dos voos da TAAG de e para a cidade do Porto (Portugal).

Estas medidas foram agravadas a partir do dia 18 de Março com o Decreto Legislativo Presidencial

Provisório nº 1/20, destacando-se as restrições de viagens para alguns países mais afectados até a data,

bem como a quarentena obrigatória a todos os cidadãos que em qualquer momento, no decurso desta

pandemia, tenham estado em países com transmissão comunitária do novo coronavírus ou em contacto

com doentes afectados pela Covid-19.

Com o agravamento da propagação da Covid19 em vários países do mundo e, sobretudo aqueles com

os quais Angola mantém um grande fluxo de passageiros, os incidentes dos voos provenientes de

Portugal, nos dias 17 e 18 de Março de 2020, relativamente ao incumprimento da quarentena domiciliar,

a declaração do Estado de Emergência surgiu como uma medida necessária.

Tendo em conta que o Estado de Emergência afecta, sobretudo, a mobilidade das pessoas, o que se

reflecte directamente na disponibilidade e no acesso aos bens e serviços essenciais à subsistência;

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Considerando que o país está a atravessar, há já 5 anos consecutivos, uma crise económica e financeira,

que se agudizou nos últimos três meses em virtude da baixa do preço do barril de petróleo – principal

produto de exportação;

Torna-se necessário avaliar o impacto das medidas do Executivo angolano para a prevenção e combate

a Covid19, na condição social e económica das empresas e das famílias angolanas.

Assim, surgiu a necessidade de se realizar um estudo de opinião pública exploratório com o objectivo

de dar “voz e vez aos angolanos”, isto é, ouvir as suas opiniões sobre questões relevantes (a Pandemia

da COVID19, o Estado de Emergência, a actuação dos governantes e as suas condições socio-

económicas) e partilhá-las com os decisores públicos (para que se possam tomar decisões informadas),

fazedores de opinião e académicos, antes da prorrogação do Estado de Emergência.

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II. Metodologia e caracterização da amostra

Este estudo foi realizado pelo Instituto Superior Politécnico Sol Nascente do Huambo (www.ispsn.org) e

pela OVILONGWA CONSULTING-Sondagens e Estudo de Opinião em parceria com a TV ZIMBO, entre os

dias 07, 08 e 09 de Abril de 2020. Foram inquiridos 2291 indivíduos com 18 ou mais anos de idade e

residentes em Angola e validados 2271 inquéritos. Para selecção dos inquiridos usou-se a “amostra por

conveniência” ou “bola de neve”. Por isso, a amostra não é representativa do conjunto da sociedade

angolana.

O inquérito foi aplicado através das redes sociais (755) e de telefonemas (1536) conduzidos por 15

inquiridores (residentes em Benguela, Cabinda, Cunene, Huíla, Huambo, Lunda Sul e Luanda). Estes

instrumentos de recolha de dados excluíram da amostra parte considerável da população, sem chance

de serem igualmente inquiridos. Por esta razão, os resultados obtidos não permitem fazer inferências

sobre a totalidade da população angolana.

Tabela 1 – Inquiridos por Província de Residência

INQUIRIDOS POR PROVÍNCIA DE RESIDÊNCIA

NOME CASOS %

BENGO 3 0,1

BENGUELA 52723,2

BIÉ 381,7

CABINDA 94 4,1

CUANDO CUBANGO 4 0,2

CUANZA NORTE 10,0

CUANZA SUL 22 1,0

CUNENE 46 2,0

HUAMBO 44819,7

HUÍLA 53 2,3

LUANDA 846 37,3

LUNDA NORTE 20 0,9

LUNDA SUL 944,1

MALANGE 8 0,4

MOXICO 45 2

NAMIBE 100,4

UÍGE 7 0,3

ZAIRE 5 0,2

BOIO, D. & PACATOLO, C.2020, "COVID19 E ESTADO DE EMERGÊNCIA EM ANGOLA" 4

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Ilustração n.º 2.1.– Composição da amostra por sexo

Como resultado da técnica de amostragem escolhida verificou-se uma taxa expressiva de respostas dos

residentes das províncias de Benguela (23,2%), Huambo (19,7%) e Luanda (37,3%), permitindo uma

leitura isolada e comparativa dos dados dos respondentes destas províncias.

Ilustração nº 2.2 – Inquiridos Residentes em Benguela, Huambo e Luanda

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De um modo geral, a amostra é constituída por indivíduos escolarizados, sendo que os inquiridos com o

ensino médio incompleto representam 11,9%, ensino médio completo 24,6%, ensino superior

incompleto 41% e ensino superior completo 22,5% da amostra.

Ilustração n.º 2.3 – Nível de escolaridade dos Inquiridos

Uma das particularidades que salta à vista, nas características desta amostra, prende-se com o facto de a parcentagem de indivíduos que declarou estar desempregado ser bastante significativa. Cerca de 40,1% dos respondentes ao inquérito declararam-se desempregados, 50% encontravam-se empegados por conta própria ou de outrem e os restantes 10,1% dedicavam-se a actividades remuneradas no mercado informal. O número dos inquiridos que se declarou desempregado poderá estar associado ao peso dos estudantes do ensino superior na amostra (40,8%).

Ilustração n.º 2.4 – Situação dos Inquiridos em relação ao trabalho

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Quanto às idades dos inquiridos, a amostra assemelha-se a distribuição etária do país. Cerca de 60% dos inquiridos possuem entre 18 e 35 anos de idade, enquanto os respondentes com 56 anos de idade ou mais representam 2,5% da amostra.

Ilustração nº 2.5- Inquiridos por idade

No tocante aos rendimentos dos inquiridos regista-se uma dispersão considerável, sendo difícil destacar um grupo concreto, tal como se pode observar.

Ilustração 2.6. Rendimentos dos Inquiridos

47,3

32,7

10,9

6,6

1,9

0,6

18-25

26-35

36-45

46-55

56-65

Mais de 65

11,7

15,8

14,6

16,8

10,7

9,0

11,4

10,0

até 30 mil kwanzas

De 30 a 50 mil kwanzas

De 50 a 70 mil kwanzas

De 70 a 100 mil kwanzas

De 100 a 150 mil kwanzas

De 150 a 200 mil kwanzas

Mais de 200 mil kwanzas

Sem rendimentos (eu e as pessoas que vivem comigo não temosrendimentos )

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III. ANÁLISE DOS RESULTAODS 3.1 Fontes e nível de informação dos cidadãos Uma das principais directrizes da OMS para o combate a covid19 é a divulgação de maior número de informações sobre as formas de transmissão e de prevenção do contágio da doença. A estratégia nacional traçada pelo Executivo, no âmbito do plano de contenção da doença, engloba uma campanha massiva e sistemática de informação envolvendo todos os meios de comunicação social do país. Esta estratégia assenta no pressuposto de que, quanto mais informada estiver a população maiores são as probabilidades de se evitar o aumento de contágio pela covid19. Dos inquiridos, 61,3% declararam que acompanham com muita atenção as informações sobre a doença e apenas cerca 10% declarou acompanhar as informações sobre a doença com pouca atenção.

Ilustração n.º 3.1.1 - Interesse pelas notícias

Não se verificaram variações significativas no interesse pelas notícias sobre a covid19 entre os cidadãos das três províncias. Este elevado interesse por informações sobre as formas de contágio e de prevenção da doença é, nesta fase em que só existem casos importados, um grande aliado das autoridades para se evitar que o país chegue a fase de circulação comunitária do coronavírus. Contudo, verificou-se ao nível das três províncias uma elevada percepção dos inquiridos (31%) de que os cidadãos do país não encaram os riscos da doença com a seriedade devida.

64,3%

64,3%

58,5%

61,3%

28,1%

22,5%

27,9%

27,3%

6,1%

10,3%

12,3%

9,6%

1,5%

2,9%

1,3%

1,8%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Nenhuma atenção Pouca atenção Alguma atenção Com muita atenção

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Ilustração nº. 3.1.2 – Modo como os cidadãos encaram a doença

A percentagem de inquiridos que considera que os cidadãos encaram com muita seriedade os riscos da doença é bastante residual, 7,9% em Luanda, 5,7% em Benguela e 4% no Huambo. Tratando-se de uma população com muito interesse nas informações sobre a doença, considerando a gravidade da mesma, a campanha que as autoridades sanitárias têm promovido e os casos positivos importados, o facto de 34% dos inquiridos ter a percepação de que os seus concidadãos estão a encarar os riscos da doença de forma pouco séria sugere a existência de um sentimento de alheamento, isto é, a covid19 é um problema dos outros (aquelas que viajam para o estrangeiro). Por outro lado, o estudo mostra que a televisão é o meio de comunicação preferido pelos respondentes, pois, cerca 70% confiam mais nas notícias veiculadas pela televisão sobre a covid19, seguindo-se a rádio e os familiares ambos com 55%. Surpreendentemente, as redes sociais constituem a fonte de informação sobre a covid19 que os inquiridos menos confiam. 34,6% dos inquiridos afirmaram não ter nenhuma confiança nas informações que obtêm através das redes sociais. Ilustração n.º 3.1.3 - Confiança nas fontes de informação

36,8%

38,7%

9,3%

9,5%

5,7%

37,1%

33,3%

13,2%

12,5%

4,0%

23,5%

28,8%

21,5%

18,2%

7,9%

31,0%

34,2%

15,1%

13,7%

6,1%

Não estão a levar os riscos de forma séria

Estão a levar os riscos de forma pouco séria

Estão a reagir de forma apropriada

Estão a levar os riscos de alguma forma séria

Estão a levar os riscos de forma muito séria

País Luanda Huambo Benguela

70,90%

55,50%

43,60%

22,90%

28,80%

26,40%

26,10%

39,60%

47,40%

42,50%

48,10%

55,60%

2,90%

4,90%

9%

34,60%

23,10%

18%

Televisão

Rádio

Jornais e Revistas

Redes Sociais

Portais de Noticias/Net

Familiares e Amigos

Nenhuma Confiança Alguma Confiança Muita Confiança

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3.2 Avaliação do desempenho das Instituições do Estado. De modo geral, os inquiridos fizeram uma avaliação positiva do desempenho do Executivo na resposta a Covdi19, destacando-se a performance da Ministra da Saúde. O estudo mediu o nível de confiança dos cidadãos no desempenho do Presidente da República, da Assembleia Nacional, da Ministra da Saúde, Ministro do Interior, dos Governadores Provinciais e dos Administradores Municipais.

Ilustração n.º - 3.2.1 – Nível de confiança no desempenho do Presidente da República

É na província de Luanda onde reside o maior número (30,3%) de inquiridos que confiam muito no desempenho do Presidente da República. Contudo, este número apenas está 1 e 2 pontos percentuais acima das províncias de Benguela e Huambo respectivamente. O número de inquiridos que afirmou não confiar na actuação do Presidente da República é residual, não atingindo os 6,8% no cômputo das três províncias.

Ilustração n.º 3.2.2 - Confiança na Assembleia Nacional

29,0%

23,9%

30,3%

28,0%

41,0%

46,7%

41,6%

43,5%

24,5%

23,4%

20,0%

21,7%

5,5%

6,0%

8,2%

6,8%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Confia Confia Pouco Confia Confia Muito

14,8%

13,8%

11,9%

12,4%

35,3%

38,2%

38,9%

38,0%

36,4%

35,5%

34,2%

34,5%

13,5%

12,5%

15,0%

15,0%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Confia Confia Pouco Confia Confia Muito

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Um total de 34,5% dos inquiridos disse que confia pouco e 38% que confia muito na Assembleia Nacional. O nível de confiança na Assembleia Nacional é maior na província do Huambo, com acumulado (confia e confia muito) de 51%.

Ilustração n.º 3.2.3 – Confiança na Ministra da Saúde

A Ministra da Saúde apresenta o maior nível de confiança dos inquiridos 74,8% (30,5% confia muito e 44,3% confia), em comparação com o Presidente da República, a Assembleia Nacional, o Ministro do Interior, os Governadores provinciais e os Administradores municipais.

Ilustração n.º 3.2.4 – Confiança no Ministro do Interior

Os níveis de confiança no Ministro do Interior estão próximos aos níveis da Assembleia Nacional. Tendo em conta as denúncias nas redes sociais de casos em que agentes da polícia nacional teriam usado força excessiva para fazer cumprir a lei do Estado de Emergência, esta avaliação é bastante conservadora.

32,3%

36,6%

27,1%

30,5%

42,5%

38,8%

47,3%

44,3%

19,4%

18,8%

20,0%

19,4%

5,9%

5,8%

5,7%

5,8%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Confia Confia Pouco Confia Confia Muito

17,1%

18,8%

9,5%

13,3%

37,6%

36,6%

41,0%

39,1%

31,3%

35,9%

32,3%

33,1%

14,0%

8,7%

17,3%

14,5%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Confia Confia Pouco Confia Confia Muito

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Ilustração n.º3.2.5 - Confiança nos Governadores Provinciais.

Os Governadores Provinciais, representantes do poder local da administração do Estado, têm sido o

rosto e a voz principal das campanhas provinciais de mobilização da população na prevenção e combate

a covid19. Um eventual baixo nível de confiança nestas lideranças parece constituir um factor crítico de

sucesso. O governador de Luanda é o que apresenta o maior nível de falta de confiança dos inquiridos

com 18,3%, seguido do governador de Benguela com 13,3% e da governadora do Huambo com 8,5%.

Porém, é o governador de Benguela quem tem um maior número de inquiridos que lhe confiam muito

com 16,3%, seguido da governadora do Huambo com 15,6% e do governador de Luanda com 7,7%.

Ilustração n.º 3.2.6- Confiança nos Administradores Municipais

Assim como os Governadores Provinciais, os Administradores Municipais são uma pedra basilar de toda

a estratégia de combate a covid19 ao nível das suas comunidades. Os níveis de confiança nos

Administradores Municipais são semelhantes aos Governadores Provinciais, com um acumulado (confia

e confia muito) de 46,2% dos inquiridos.

16,3%

15,6%

7,7%

11,4%

35,5%

40,4%

40,1%

39,0%

34,9%

35,5%

33,9%

35,7%

13,3%

8,5%

18,3%

13,9%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Confia Confia Pouco Confia Confia Muito

15,6%

13,5%

5,2%

9,6%

31,3%

39,1%

36,8%

36,6%

36,2%

36,1%

35,9%

36,5%

16,9%

11,3%

22,1%

17,3%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Confia Confia Pouco Confia Confia Muito

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3.3 Impacto do Estado de Emergência na situação financeira das famílias Com a suspensão da livre circulação de pessoas e bens em todo o território nacional é expectável que a

condição financeira das famílias seja alterada, sobretudo daquelas famílias cujos rendimentos são

provenientes de actividades por conta própria no sector formal ou informal. O estudo aplicou um

conjunto de questões que permitiram medir o impacto daquela medida na capacidade de subsistência

alimentar das famílias.

Ilustração n.º 3.3.1 – Disponibilidade de meios de subsistência

Os resultados revelam que 53% dos inquiridos não possuem condições de subsistência para continuar

em isolamento social, contra os 47% que afirmaram possuir. A diferença é mais expressiva quando

comparado entre as províncias. Luanda, por exemplo é província onde mais inquiridos (59,3%)

declararam não possuir condições de continuar a observar o Estado de Emergência e a província do

Huambo é a que apresenta um cenário mais optimista, pois 66,7% dos inquiridos declarou que possui

condições de subsistência para continuar a observar o Estado de Emergência.

Ilustração n.º 3.3.1 – Impacto das medidas nas finanças dos agregados familiares

32,8%

48,9%

42,6%

38,7%

60,2%

41,7%

54,0%

55,4%

7,0%

9,4%

3,4%

5,9%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Responde Já foi afetada Ainda não foi afetada

45,5%

66,7%

40,7%

47,0%

54,5%

33,3%

59,3%

53,0%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não Sim

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A ilustração acima demostra a consistência da condição de recursos dos respondentes residentes na

província do Huambo. Não obstante, 55,4% dos inquiridos ter afirmado que a situação financeira do seu

agregado já foi afectada pelas medidas restritivas impostas pelo Executivo, esta percentagem na

província do Huambo apresenta valores um pouco abaixo, 41,7%, enquanto no outro extremo 60,2%

dos respondentes de Benguela já sente o efeito sobre os rendimentos das suas famílias.

Ilustração n.º 3.3.2 – Dificuldades em viver com o nível de rendimentos actuais

Dos inquiridos apenas 10,5% afirmou estar a ser muito difícil viver com os actuais rendimentos, 49,8%

disse ser possível viver razoavelmente e 10,9% referiu estar a ser possível viver confortavelmente com

os actuais rendimentos no contexto das limitações impostas pelo Estado de Emergência nos seus

rendimentos. Na comparação entre as três províncias, uma vez mais, o melhor cenário é registado na

província do Huambo, onde 23,9% dos inquiridos afirmou estar a ser possível viver confortavelmente

com os actuais rendimentos, demarcando-se em cerca de 10 pontos percentuais dos respondentes das

províncias de Benguela com 11,2% e Luanda 6%, respectivamente.

Ilustração n.º 3.3.4 – Possibilidade de viver por mais 1 mês em Estado de Emergência

11,2%

23,9%

6,0%

10,9%

52,6%

51,6%

46,9%

49,8%

25,8%

17,6%

36,8%

28,7%

10,4%

6,9%

10,3%

10,5%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Tem sido muito difícil viver com esse rendimento Tem sido algo difícil viver com esse rendimento

Tem dado para viver razoavelmente Tem dado para viver confortavelmente

12,9%

55,8%

20,5%

10,8%

19,2%

52,0%

16,7%

12,1%

8,5%

63,1%

21,6%

6,7%

Vão continuar a conseguir pagar as vossas despesas normais

Vão ter de reduzir as vossas despesas para conseguir pagá-las

Vão deixar de conseguir pagar as vossas despesas básicas

Não sabe/Não responde

Luanda Huambo Benguela

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BOIO, D., PACATOLO, C., MBANGULA, K, ESTUDO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIO-ECONÓMICOS DAS MEDIDAS DO EXECUTIVO ANGOLANO PARA O COMBATE À COVID19: Relatório Final, (Luanda: 2020), Página 15 de 19

Na eventualidade de se prolongar o Estado de Emergência por mais um mês, mais de 63,1% dos

inquiridos de Luanda afirmou que terá de reduzir o nível de consumo para poder continuar a subsistir,

caindo para 55,8% em Benguela e 52% no Huambo. Por outro lado, apenas 8,5% dos respondentes de

Luanda acha que continuará a pagar as despesas, 12,9% de Benguela e 19,2% dos respondentes do

Huambo continuam optimistas.

Ilustração n.º 3.3.5 Expectativa para o fim da crise

Cerca de 35,9% dos inquiridos espera que a crise da covid19 termine em finais de Abril e 23,7% espera

que este período venha a terminar apenas depois de Maio. Os inquiridos da província de Luanda são os

que mais (53%) vaticinam o fim da crise da covid19 em finais de Abril.

19,4%

28,6%

53,0%

35,9%

26,0%

29,5%

18,0%

23,7%

26,9%

23,4%

19,5%

22,5%

27,7%

18,5%

9,6%

17,9%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não sabe/não responde Muito depois de Junho Só depois de Maio Até finais de Abril

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3.4 Atitudes e comportamentos face a Covid19 As campanhas promovidas pelas autoridades sanitárias nacionais, e não só, visam a conscientização dos

cidadãos e provocar mudanças atitudinais e comportamentais em relação aos cuidados de higienização

e isolamento social face à ameaça da Covdi19. Entre estas atitudes estão os hábitos de higienização,

como a lavagem frequente das mãos, o uso de máscaras e evitar lugares com grande concentração

populacional.

Ilustração n.º 3.4.1- Medidas de prevenção adoptadas

As recomendações para evitar lugares de grandes aglomerações parecem ter sido acatadas pela maioria

dos inquiridos. Cerca de 30% dos inquiridos nas províncias de Benguela e Huambo afirmaram que têm

evitado lugares de grandes aglomerações como medida para prevenirem a covid19. Verificou-se que,

entre os 25% dos inquiridos da província de Luanda a medida de prevenção mais adoptada foi o aumento

dos cuidados de higiene e apenas 22% afirmou evitar lugares de grandes aglomerações, ficando assim

a 13 pontos percentuais abaixo das províncias de Benguela e Huambo.

Ilustração n.º 3.4.2- Lugar de realização de compras de bens alimentares

34%

24%

15%

12%

15%

31%

25%

15%

13%

16%

22%

25%

23%

14%

16%

Evitar locais com muita gente

Aumentar os seus cuidados de higiene pessoal

Manter a distância social de 2 mestros

Deixar de ir ao local de trabalho

Usar uma máscara em locais públicos

Luanda Huambo Benguela

21,6%

30,1%

23,0%

21,6%

22,4%

27,7%

20,3%

22,5%

8,2%

9,6%

23,3%

15,1%

47,8%

32,6%

33,3%

40,8%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Mercado informal (praças, zunga) Cantinas Mini-mercados Supermercados

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40,8% dos respondentes ao inquérito afirmaram que, habitualmente, realizam as suas compras no

mercado informal, passando para 47,8% dos respondentes da Província de Benguela. Este facto constitui

uma dupla ameaça: por um lado, a sobrevivência das famílias que têm no mercado informal a principal

fonte de rendimentos, e por outro lado, a sobrevivência das famílias que têm no mercado informal a sua

principal fonte de abastecimento alimentar. Por isso, a eficácia das medidas de isolamento social nos

mercados informais deve obrigar a mais reflexão e cautela dos decisores públicos.

Ao nível das três províncias, maior parte dos inquiridos afirmou que tem utilizado o seu tempo para ver notícias na televisão (cerca de 18%) outros (cerca 15%) usa para ler e pesquisar informações e só uma pequena percentagem (cerca de 4%) se dedica ao teletrabalho.

Ilustração n.º 3.4.3-Ocupação do tempo em casa

4%

12%

6%

10%

15%

19%

18%

15%

5%

13%

5%

12%

15%

17%

19%

14%

3%

10%

13%

9%

13%

17%

19%

16%

Teletrabalho

Estudo

Orientação dos estudos dos filhos

Exercícios físicos

Ler e pesquisar informação

Ver filmes e séries

Ver notícias na televisão

Trabalho doméstico

Luanda Huambo Benguela

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3.5 Sobre a declaração do Estado de Emergência As respostas dos inquiridos sugerem que o Estado de Emergência foi declarado no momento certo.

Ilustração n.º 3.5.1- Concordância com a necessidade do Estado de Emergência

Os dados do gráfico acima indicam que apenas 8,2% dos inquiridos afirmou não ser necessário a

declaração do Estado de Emergência e 44,8% consideraram necessário, mas com medidas restritivas

adicionais.

Ilustração n.º 3.5.2- Concordância com a necessidade da prorrogação do Estado de Emergência

Do total de inquiridos, apenas 13,9% afirmou discordar com a prorrogação do Estado de Emergência,

26,9% concorda e 55,1% concorda com a prorrogação, caso seja necessário, desde que as autoridades

criem condições para aliviar as dificuldades das empresas e a subsistência das famílias.

6,5%

8,9%

9,2%

8,2%

50,5%

36,8%

48,2%

45,3%

41,7%

52,2%

41,0%

44,8%

1,3%

2,0%

1,5%

1,7%

Benguela

Huambo

Luanda

País

Não sabe/Recusa

Era necessário a declaração do estado de emergência, mas são necessárias ainda mais medidas restritivas

Era necessário a declaração do estado de emergência

Não era necessário a declaração do estado de emergência

25,0%

25,9%

34,2%

26,9%

12,0%

10,3%

18,4%

13,9%

55,6%

59,6%

45,4%

55,1%

7,4%

4,2%

2,0%

4,1%

Benguela

Huambo

Luanda

País

não sabe/não responde

concordo, desde que o governo crie condições para apoiar as empresas e famílias

Discordo

Concordo

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BOIO, D., PACATOLO, C., MBANGULA, K, ESTUDO DE AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS SOCIO-ECONÓMICOS DAS MEDIDAS DO EXECUTIVO ANGOLANO PARA O COMBATE À COVID19: Relatório Final, (Luanda: 2020), Página 19 de 19

IV. PRINCIPAIS CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Globalmente os inquiridos fazem uma avaliação positiva das medidas do Executivo para a prevenção

contra a Covid19. Mais de 50% dos inquiridos apoiam a declaração do Estado de Emergência e são

favoráveis a uma eventual prorrogação do mesmo, em caso de necessidade, desde que o Estado crie

condições para as empresas e as famílias desfavorecidas.

Este apoio dos inquiridos às medidas do Executivo, pode estar associado, em parte, e de acordo com os

dados, a percepção favorável da estratégia de comunicação seguida pela Comissão Interministerial para

a prevenção e combate a Covid19.

Não sendo possível fazerem-se inferências, a partir das conclusões deste estudo, para o universo da

população angolana, entendemos que seus resultados constituem já indicadores importantes para o

alinhamento das políticas públicas e actuação dos departamentos ministeriais que integram a Comissão

Interministerial.

A conclusões apontam, essencialmente para:

✓ Necessidade da diferenciação das medidas do Estado de Emergência. Ficou claro que os

desempregados, trabalhadores do sector informal e famílias de poucos rendimentos têm

maiores dificuldades de subsistir durante o estado de emergência, havendo necessidade de

adopção de medidas supletivas de subsistência;

✓ O alheamento manifestado em relação aos riscos da covid19 sugere que a comunicação dos

casos positivos importados precisa ser melhorada para diluir a percepção dos inquiridos que o

“mal” atinge apenas quem viaja ou quem dele se aproxima;

✓ A decisão de reduzir o tempo de funcionamento dos mercados informais e do comércio

ambulante, que passam agora a ser feitos apenas terça-feira, quinta-feira e sábado poderá

constituir um fardo pesado para as famílias que sobrevivem da venda nos mercados informais e

para aquelas famílias que não possuem condições de conservação de produtos ou capacidade

financeira para fazer reservas;

✓ Necessidade de se alargar este estudo exploratório para uma amostra aleatória e mais

representativa dos angolanos, com possibilidades de se fazer inferência dos resultados para a

população angolana.