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ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Mariana de Castro Vitali Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Luiz Antonio Meirelles Rio de Janeiro Agosto 2014

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ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Mariana de Castro Vitali

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia de Produção da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro como parte dos

requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Luiz Antonio Meirelles

Rio de Janeiro

Agosto 2014

 

   

i  

ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Mariana de Castro Vitali

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Luiz Antonio Meirelles, D.Sc, UFRJ

________________________________________________

Engenheiro Leonardo Luiz Lima Navarro. M.Sc, UFRJ

________________________________________________

Prof. Marcelo Motta Veiga, PhD, FIOCRUZ

RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL

AGOSTO de 2014

  ii  

Vitali, Mariana de Castro

ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE

PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O

MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO / Mariana de

Castro Vitali.- Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola

Politécnica, 2014.

XII,81p.:il.: 29,7 cm

Orientador: Luiz Antonio Meirelles

Projeto de Graduação- UFRJ/ Escola

Politécnica/ Curso de Engenharia de Produção,

2014.

Referencias Bibliográficas: p. 76,80

1. Tecnologias de Coleta 2. Resíduos

Sólidos Domiciliares 3. Separação de Recicláveis

I. Meirelles, Luiz Antonio. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de

Engenharia de Produção. III. Seleção de

Tecnologias de Coleta de Resíduos Sólidos

Domiciliares para o Município do Rio de Janeiro.

 

 

   

iii  

Eu, Mariana, dedico este trabalho especialmente aos meus pais, Cláudia e Tamoyo,

que sempre me apoiaram em todos os momentos e lutaram ao meu lado pelo

meu sucesso profissional e pessoal.

  iv  

Agradecimentos

Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus por tornar possível o meu sonho

de me formar na melhor escola de Engenharia do Rio de Janeiro e me confortar em

todos os momentos difíceis que o curso me proporcionou.

À minha família por entender que em alguns momentos foi preciso abrir mão do

convívio social para que eu pudesse alcançar meus objetivos.

Aos meus pais por todo o amor e carinho que sempre me deram e a segurança

e confiança que me transmitiram em toda a minha vida.

Aos meus irmãos, Giovana e Arthur, e minha avó, Elza, por, mesmo sem

entenderem as dificuldades, sempre me apoiarem.

Aos meus amigos por passarem junto comigo os melhores e piores dias

desses cinco anos, comemorando as conquistas e ajudando nos momentos mais

difíceis.

Agradeço a todos os professores, especialmente aos professores do

Departamento de Engenharia Industrial, que procuraram sempre transmitir seus

conhecimentos da melhor forma possível, com dedicação e paciência.

Ao professor Luiz Antonio Meirelles, por estar sempre disponível,

comprometendo-se com este projeto e me ajudando sempre que preciso.

À Coordenadora do Curso de Engenharia de Produção Maria Alice Ferruccio

por toda a dedicação e orientação em todos esses anos, que foram fundamentais à

minha formação.

 

   

v  

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.

ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Mariana de Castro Vitali

Agosto/2014

Orientador: Luiz Antonio Meirelles

Curso: Engenharia de Produção

Este trabalho tem como objetivo avaliar as boas práticas e tecnologias de coleta e

separação dos resíduos sólidos urbanos provenientes dos domicílios. São

apresentados dados sobre a geração e tratamento de tais resíduos Brasil e no Rio de

Janeiro. Após uma comparação de cidades modelo nestes quesitos são indicadas

melhorias para o município do Rio de Janeiro. O trabalho visa indicar soluções do

estado da técnica compostas com as soluções adotadas atualmente pela prefeitura

para a triagem de 100% dos resíduos sólidos recicláveis gerados pelos domicílios da

cidade.

Palavras- chave: Tecnologias de coleta, resíduos sólidos domiciliares, separação de

recicláveis

  vi  

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Industrial Engineer.

STUDY OF ALTERNATIVES OF PROCESSES FOR COLLECTION AND SORTING

OF HOUSEHOLD SOLID WASTE FOR THE CITY OF RIO DE JANEIRO

Mariana de Castro Vitali

August/2014

Advisor: Luiz Antonio Meirelles

Course: Production Engineering

This study aims to evaluate the best practices and technologies of collection and

sorting of municipal solid waste from households. Data on the generation and

treatment of waste in Brazil and Rio de Janeiro are presented. After a comparison of

model cities in these aspects, improvements are indicated for the city of Rio de

Janeiro. The state of the art solutions is composed with solutions currently adopted by

the city council to process 100% of recyclable solid waste generated by households in

the city.

Keywords: Collection technologies, household solid waste, sorting of recyclables.

 

   

vii  

SUMÁRIO 1.   INTRODUÇÃO  .........................................................................................................................  1  1.1.   Contextualização do Problema  ........................................................................................  1  

1.2.   Motivação  ....................................................................................................................................  2  1.3.   Objetivo do Trabalho  .............................................................................................................  2  

1.4.   Estrutura do Trabalho  ...........................................................................................................  3  

1.5.   Metodologia da Pesquisa  ...................................................................................................  4  1.6.   Limitações do Estudo  ...........................................................................................................  4  

2.   GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS  ............................................................................  5  

2.1.   Conceituação  ............................................................................................................................  5  2.2.   Hierarquia do Lixo  ..................................................................................................................  7  

2.2.1.   Prevenir  ....................................................................................................................................  7  2.2.2.   Reduzir  ......................................................................................................................................  8  

2.2.3.   Reutilizar  ..................................................................................................................................  8  

2.2.4.   Reaproveitar  ..........................................................................................................................  8  2.2.4.1.  Reciclagem  .............................................................................................................................  8  

2.2.4.2.  Biogasesificação  ...............................................................................................................  13  2.2.4.3.  Digestão aeróbia  ..............................................................................................................  13  

2.2.5.   Recuperar Energia  .........................................................................................................  13  

2.2.6.   Destinar  .................................................................................................................................  14  2.2.6.1.   Lixões  .....................................................................................................................................  14  

2.2.6.2.  Aterros sanitários  .............................................................................................................  15  

3.   BRASIL  ......................................................................................................................................  16  3.1.   Política Nacional de Resíduos Sólidos  .....................................................................  16  

3.1.1.   Logística Reversa  ............................................................................................................  17  3.2.   Plano Nacional de Resíduos Sólidos  ........................................................................  18  

3.3.   Alguns dados sobre o Brasil  ..........................................................................................  19  

3.3.1.   Catadores  .............................................................................................................................  22  3.3.2.   Tratamentos  ........................................................................................................................  23  

3.3.2.1.  Compostagem  ....................................................................................................................  23  3.3.2.2.   Incineração e Geração de Energia  .........................................................................  24  

3.3.3.   Disposição Final  ................................................................................................................  25  

3.3.4.   Iniciativa privada  ...............................................................................................................  26  4.   MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO  ............................................................................  28  

  viii  

4.1.   Coleta Seletiva  ......................................................................................................................  32  

4.2.   Centrais de Triagem  ...........................................................................................................  33  

4.3.   Compostagem  .......................................................................................................................  34  4.4.   Incineradoras  .........................................................................................................................  34  

4.5.   Aterros e lixões  .....................................................................................................................  35  

4.5.1.   Biogás e Tratamento de Chorume  ..........................................................................  36  5.   BOAS PRÁTICAS NO MUNDO  ...................................................................................  37  

5.1.   Boras, Suécia  .........................................................................................................................  37  5.1.1.   O Sistema Ótico  ................................................................................................................  42  

5.1.2.   Comentários sobre o Caso Boras  ...........................................................................  42  

5.2.   Barcelona, Espanha  ...........................................................................................................  43  5.2.1.   Comentários sobre o Caso Barcelona  ..................................................................  46  

5.3.   São Francisco, Estados Unidos  ...................................................................................  47  5.3.1.   Prevenir a geração de lixo  ...........................................................................................  49  

5.3.2.   Programa “Fantastic Three  .........................................................................................  49  

5.3.3.   Outras Iniciativas  ..............................................................................................................  50  5.3.4.   Avaliação do Caso São Francisco  ..........................................................................  51  

6.   INDICAÇÕES PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO  ................................  52  

6.1.   Sugestões para a Coleta de Resíduos Orgânicos e Rejeitos  ......................  53  6.2.   Sugestões Para a Coleta Seletiva  ..............................................................................  54  

6.2.1.   Áreas de Planejamento  .................................................................................................  54  6.2.2.   Indicações  ............................................................................................................................  58  

6.2.2.1.  Pontos de Triagem  ..........................................................................................................  59  

6.2.2.2.  Caminhões  ...........................................................................................................................  61  6.2.2.3.  Contêineres  .........................................................................................................................  63  

6.3.   Estado da Técnica  ...............................................................................................................  64  6.4.   Alternativas  .............................................................................................................................  65  

6.4.1.   Composição do Estado da Técnica com as soluções atuais  ....................  65  

6.4.2.   Composições de Centrais por Áreas de Planejamento  ...............................  69  6.4.3.   Composição de Centrais de Pequenos Tamanhos  .......................................  72  

6.5.   Compostagem Urbana  ......................................................................................................  73  

7.   CONCLUSÃO  ........................................................................................................................  74  BIBLIOGRAFIA  ....................................................................................................................................  76  

ANEXO I- BAIRROS COM COLETA SELETIVA PARCIAL NO RIO DE JANEIRO  ................................................................................................................................................  81  

 

   

ix  

 

ÍNDICE  DE  FIGURAS  

Figura 1: Hierarquia do Lixo ................................................................................ 7 Figura 2: Áreas de Planejamento da Cidade do Rio de Janeiro ........................ 29 Figura 3: Estações de Transferência do Lixo Domiciliar ................................... 32 Figura 4: Centrais de Triagem do Lixo Domiciliar .............................................. 33 Figura 5: Tratamento do Lixo em Boras ............................................................ 39 Figura 6: Pontos de Entrega Voluntária de materiais recicláveis em Boras; ..... 40 Figura 7: Coleta Pneumática Barcelona ............................................................ 44 Figura 8: Coleta por Contêineres Barcelona ..................................................... 45 Figura 9: Pontos de Entrega Voluntária de Têxtil em São Francisco ................ 51 Figura 10: Eixo de Localização da Usina de Triagem da AP 3 ......................... 66 Figura 11: Mapa de Cobertura da Usina de Triagem da AP 5 .......................... 67 Figura 12: Indicação da localização das centrais e usinas de triagem da alternativa 1 ....................................................................................................... 69 Figura 13: Indicação da localização das centrais de triagem da alternativa 2 .. 72

  x  

ÍNDICE  DE  TABELAS    Tabela 1: Economia de energia, matéria prima e água ....................................... 9 Tabela 2: Composição gravimétrica dos RSU Brasil 2008 ................................ 20 Tabela 3: Resíduos sólidos coletados no Brasil ................................................ 21 Tabela 4: Coleta Seletiva por Região do Brasil ................................................. 21 Tabela 5: Estimativa da participação dos programas de Coleta Seletiva Formal 2008 ............................................................................................................ 22 Tabela 6: Matriz Energética do Brasil ................................................................ 24 Tabela 7: Quantidade de RS domiciliares e/ou públicos encaminhados para a destinação final .................................................................................................. 26 Tabela 8: Geração por Área de Planejamento .................................................. 30 Tabela 9: Toneladas de Lixo Domiciliar em 2012 AP3 ...................................... 57 Tabela 10: Quantidade de Mesas de Triagem Necessárias .............................. 60 Tabela 11: Quantidade de Centrais Necessárias .............................................. 61 Tabela 12: Quantidade de Viagens Necessárias por tipo de Caminhão ........... 63 Tabela 13: Quantidade de PEV e CR usando o parâmetro Boras .................... 63 Tabela 14: Centrais Planejadas Pela a Prefeitura e Estimativa das Áreas de Cobertura ........................................................................................................... 68 Tabela 15: Centrais Propostas e Estimativa de Áreas de Cobertura ................ 68 Tabela 16: Usinas Propostas e Estimativa de Áreas de Cobertura ................... 68 Tabela 17: Centrais na AP 1, alternativa 2 ........................................................ 70 Tabela 18: Centrais na AP 2, alternativa 2 ........................................................ 70 Tabela 19: Centrais na AP 3, alternativa 2 ........................................................ 71 Tabela 20: Centrais na AP 4, alternativa 2 ........................................................ 71 Tabela 21: Centrais na AP 5, alternativa 2 ........................................................ 71

   

 

   

xi  

ÍNDICE  DE  GRÁFICOS    Gráfico 1: Composição dos RSU na cidade do Rio de Janeiro ......................... 29 Gráfico 2: Composição do lixo domiciliar e dos recicláveis no Rio de Janeiro .. 31 Gráfico 3: Envio de RSU para Aterros Sanitários em Boras ............................. 38 Gráfico 4: Tratamentos do Lixo em Boras ......................................................... 41 Gráfico 5: Tratamento do Lixo em Boras ao longo dos anos ............................ 41 Gráfico 6: Tratamento de Resíduos em Barcelona ........................................... 44 Gráfico 7: Consumo de Single Families ............................................................ 48 Gráfico 8: Consumo de Multi Families ............................................................... 48

     

  xii  

LISTA DE SIGLAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas

AP- Área de Planejamento

CMN- Confederação Nacional de Municípios

COMLURB- Companhia Municipal de Limpeza Urbana

GAIA- Global Alliance for Incinerator Alternatives

GRS- Gestão de Resíduos Sólidos

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

ONG- Organização não Governamental

OPNRS- Observatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos

RSU- Resíduos Sólidos Urbanos

PEAD- Polietileno de Alta Densidade

PEBD- Polietileno de Baixa Densidade

PET- Politereftalato de Etileno

PEV- Pontos de Entrega Voluntária

PNRS- Política Nacional de Resíduos Sólidos

PP- Polipropileno

PS- Poliestireno

PVC- Policloreto de Polivinila

RA- Região Administrativa

RCC- Resíduos de Construção Civil

RSS- Resíduos de Serviços de Saúde.

 

   

1  

1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização do Problema

Atualmente a gestão de resíduos sólidos é um dos grandes desafios dos

governos, pois a cada ano geramos no mundo cerca de 1,3 bilhões de toneladas de

lixo urbano. São em torno de 3 bilhões de habitantes, equivalendo, portanto, a 1,2kg

por dia para cada habitante das cidades, enquanto que há dez anos atrás a geração

era de 0,68kg por dia por habitante urbano. Em 2025 a previsão é que este número

aumente para 2,2 bilhões de toneladas/ ano, sendo cerca de 1,42 kg per capita por dia

nas cidades (Hoornweg & Bhada-Tata, What a Waste: A global Review of Solid Waste

Management, 2012).

Os Estados Unidos estão no topo dessa lista de geração urbana total,

chegando a de 2,58 kg por pessoa por dia, enquanto a Ásia vem crescendo

rapidamente a sua geração total de lixo. Em 2025, estima-se que a China produzirá

quase o dobro da geração total dos Estados Unidos. Sendo assim, para sustentar os

altos padrões de consumo atuais precisamos de, segundo a Organização Não

Governamental Footprint Network que mede a pegada ecológica do ser humano,

cerca de 1,5 planetas para promover os recursos necessários e absorver nossos

resíduos (Global Footprint Network).

Tendo em vista dados tão alarmantes, temos na gestão do tratamento de todo

este lixo grande quantidade de produtos que podem ser reaproveitados, virando

matéria prima para outros produtos ou gerando energia.

Na Europa, continente que obtém atualmente altos índices de

reaproveitamento de tais resíduos e uma política rigorosa de gestão dos mesmos, o

setor já movimenta em cerca de 1% do PIB da União Europeia(UE), em torno de 145

bilhões de euros por ano, empregando dois milhões de pessoas. Estes dados

divulgados pelo Relatório da European Environment Agency (European Environment

Agency, 2013), destacam que cinco países já atingiram a meta de 50% de

reaproveitamento até 2020 sendo eles: Áustria (63%), Alemanha (62%), Bélgica

(58%), Holanda (51%) e Suíça (51%).

No Brasil as políticas de incentivo aos tratamentos adequados aos Resíduos

Sólidos e a implementação da responsabilidade do produtor ainda estão começando.

  2  

1.2. Motivação  

A minha motivação pessoal para a realização deste trabalho foi o meu grande

interesse por como o mundo tem tradado uma questão tão problemática como a

geração de lixo. Existem países altamente evoluídos nos processos e leis de

tratamento dos resíduos sólidos, enquanto outros caminham lentamente em direção a

esses tratamentos.

Por ter tido a oportunidade de fazer intercâmbio em um dos países europeus

com os melhores índices de reaproveitamento dos resíduos sólidos domiciliares, a

Bélgica, vivenciei uma rotina diferente da brasileira. Na Bélgica, todos os cidadãos são

envolvidos na separação do lixo e todo ano são pagas taxas por habitante

proporcional ao lixo gerado que não pode ser reciclado. Sendo assim, todas as casas,

mesmo as estudantis separam o seu lixo reciclável e os destinam a lixeiras e

contêineres apropriados.

Outro fator importante na escolha do tema, foi o fato de possuir um parente

que trabalha no setor da reciclagem de PET. Conhecer os problemas da indústria, da

qualidade e pureza dos materiais me motivou a procurar mais sobre como todo esse

tema tem sido tratado no Brasil e em especial na cidade do Rio de Janeiro.

Para a Engenharia de Produção o tema se torna relevante, pois a mesma

ainda se manifesta pouco em situações críticas do setor público. Muitas das decisões

tomadas pelos governos têm bases políticas e com isso muitos projetos são mal

planejados ou subdimensionados. Sendo assim, acredito que a gestão do setor

público com bases na Engenharia de Produção representaria um grande ganho para a

sociedade como representou para o setor privado.

1.3. Objetivo do Trabalho

O principal objetivo deste estudo é analisar e sugerir alternativas para a coleta

e separação do lixo domiciliar na cidade do Rio de Janeiro. Este trabalho contém as

boas práticas das indústrias, tecnologias e processos de trabalho, em cidades modelo

encontradas. Para atingir os objetivos foram realizados:

• Conceituação da Gestão de Resíduos Sólidos;

• Revisão das Leis de Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil;

• Estudo do sobre o Brasil no que tange à produção e à GRS;

 

   

3  

• Estudo da Cidade do Rio de Janeiro no que tange à produção e à

Gestão de Resíduos Sólidos;

• Levantamento de cidades modelo em processos e tecnologias ;

• Escolha de processos e tecnologias para a cidade do Rio de Janeiro

• Planejamento e estudo de Localização das principais soluções

propostas para a Gestão de Resíduos Sólidos na cidade do Rio de

Janeiro.

1.4. Estrutura do Trabalho

A introdução do trabalho cumpriu o objetivo de apresentar o tema e

contextualizar, apresentando as atuais preocupações quanto à Gestão de Resíduos

Sólidos.

No segundo capítulo é feita a conceituação do GRS e a apresentação das

políticas de tratamento dos mesmos. Apresenta a Hierarquia do Lixo e como os

Governos e a sociedade devem se posicionar para evitar o descarte inadequado. São

apresentados os principais pontos da reciclagem dos materiais mais comuns no lixo

urbano e o quanto a indústria mundial atualmente depende da reciclagem.

No terceiro capítulo é apresentada a Política Nacional dos Resíduos Sólidos,

que promete mudar os rumos do país em relação ao GRS. Ele também contém o uma

apresentação da situação no país, sua produção, os tratamentos que estão sendo

aplicados e como o Governo tem proposto melhorias.

O quarto capítulo fala sobre a cidade do Rio de Janeiro e como a mesma vem

se preocupando em como atender às exigências da PNRS. O Plano Municipal de GRS

é apresentado bem como as estratégias e investimentos da Prefeitura para melhorar a

infraestrutura do serviço de coleta e tratamento de lixo na cidade.

O quinto capítulo trata da apresentação de três estudos de caso de cidades

referencia em GRS no mundo, sendo elas: Boras, na Suécia; Barcelona, na Espanha;

e São Francisco, nos Estados Unidos. Cada uma dessas cidades com a sua

particularidade está inspirando políticas em todo mundo a repensar o seu GRS e

aplicar as soluções desenvolvidas.

O sexto capítulo promove um estudo do que pode ser implementado no

município do Rio de Janeiro a partir do que já está sendo implementado pela prefeitura

  4  

e o que poderia complementar este serviço a partir das boas práticas. São analisadas

as cinco Áreas de Planejamento da cidade, bem como a capacidade de

processamento necessária para suprir a produção.

O sétimo e último capítulo trata da conclusão do trabalho e discussões futuras

que podem guiar novos estudos.

1.5. Metodologia da Pesquisa

A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica sobre os temas: Gestão de

Resíduos Sólidos; Sistemas de Coleta; e Separação do Lixo Domiciliar Urbano e sobre

as melhores práticas sobre estes assuntos no mundo.

Em seguida foi realizado um levantamento sobre o Brasil e o município do Rio

de Janeiro no que diz respeito à Gestão de Resíduos Sólidos. A partir dos dados e

metas da prefeitura e do Governo Federal, as boas práticas no mundo foram

estudadas de forma a compor as alternativas a serem indicadas para o município do

Rio de Janeiro.

A partir disso, foram elaboradas alternativas para a cidade do Rio de Janeiro,

indicando de que forma a prefeitura poderia aproveitar o que vem sendo feito em

outras cidades juntamente com o que é proposto por ela para os próximos anos.

Entretanto, o presente trabalho visou a elaboração de alternativas para 100% de

triagem dos resíduos recicláveis domiciliares.

1.6. Limitações do Estudo

Como este trabalho foi elaborado a partir de fontes secundárias de informação,

ele apresenta as mesmas limitações de tais fontes. Não são objetivos do estudo a

proposição de formas de conscientização populacional ou educação ambiental.

O estudo também se limita aos Resíduos Sólidos Domiciliares Urbanos,

estando fora do escopo o chamado Lixo Público, que são os Resíduos Sólidos

recolhidos nas ruas e o Esgoto Sanitário. O Lixo Público deve ser estudado

separadamente, devido ao sistema de coleta ser mais complexo do que o do Lixo

Domiciliar, apesar de os tratamentos e a composição serem semelhantes.

 

   

5  

2. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1. Conceituação

Para fins de entendimento do trabalho como um todo, é preciso esclarecer

conceitualmente a diferença entre resíduos sólidos, algumas vezes referenciado

apenas como resíduos, e rejeitos.

O nome popularmente usado para resíduos sólidos é lixo. Resíduos Sólidos é

tudo aquilo que é descartado resultante das atividades humanas em sociedade, que

estão no estado sólido ou semissólido. Os resíduos sólidos ainda podem passar por

algum tipo de tratamento para ser reaproveitado antes de ser levado a destinação

final. Já os rejeitos, são os resíduos sólidos que não possuem nenhuma possibilidade

de tratamento a não ser a disposição final adequada. Os tratamentos técnica e

economicamente viáveis não são mais pertinentes a esse tipo de resíduos sólido

(Brasil, 2010).

A gestão dos resíduos sólidos engloba desde o momento em que o produto

passa a ser lixo, descartado pelo seu gerador, até o seu destino final, passando pela

coleta seletiva, separação, tratamento e descarte. O papel do governo é garantir que

tais rejeitos sejam coletados e tenham o tratamento adequado, respeitando as leis e

normas ambientais. A forma a qual essa gestão ocorre varia muito de país para país,

cidade para cidade, mas nos últimos anos uma atenção especial tem sido dada ao

tratamento e descarte do lixo, sobretudo em países desenvolvidos.

Para que a política de tratamento de todos esses resíduos sólidos seja

eficiente, é de suma importância a participação da população. Isso porque a não

separação ou a separação incorreta do lixo pode transformar um resíduo em rejeito,

ou seja, material inaproveitável. A separação mais importante consiste entre o lixo

seco (materiais possíveis de serem reciclados) e o lixo molhado (orgânico em sua

maioria) (Portal Brasil, 2012).

O lixo pode ser classificado quanto a sua origem em seis categorias, sendo

elas: lixo doméstico, lixo comercial, lixo industrial, lixo das áreas de saúde, limpeza

pública e lixo nuclear (IB-USP). Este trabalho tem como o foco o lixo domiciliar urbano,

ou seja, o lixo produzido pelas residências das cidades.

  6  

Os materiais orgânicos possuem tipos de tratamento específicos, diferentes

daqueles atribuídos aos materiais recicláveis. Quando esses materiais se misturam a

probabilidade de qualquer um dos tratamentos ser eficiente é muito pequena. Além

disso, o valor de mercado de um produto reciclável limpo, ou seja, sem presença de

material orgânico é muito maior, pois maior será a qualidade da matéria prima.

Além destes dois tipos de lixo domiciliar, o reciclável e o orgânico, temos um

terceiro, chamado de rejeitos. Os rejeitos são o que, na verdade, devem ser chamados

de lixo, pois são irrecuperáveis e não possuem qualquer outro tipo de utilização pós-

consumo. É o caso dos guardanapos, faldas descartáveis, alguns tipos de plásticos,

entre outros, e são eles, unicamente que devem parar nos aterros sanitários.

No Brasil, os catadores de lixo não se interessam pelo descarte de materiais

orgânicos por terem baixo valor comercial. Eles procuram os matérias recicláveis por

serem mais fáceis de transportar e de reinserir na cadeia produtiva. O objetivo dos

catadores não é tratar os resíduos coletados, mas vendê-los a sucateiros ou

indústrias. Por isso, procuram materiais com maior valor de mercado.

Além da baixa atratividade para fins econômicos, o lixo orgânico também

consiste em danos ao meio ambiente, quando depositados em aterros sanitários,

principalmente com a produção do gás metano. Por outro lado, podem ser

aproveitados para a compostagem e geração de biogás. Portanto, quando falamos em

uma política sólida e eficiente de gestão de resíduos sólidos os dois tratamentos

devem ser priorizados, tanto do lixo seco, quanto do lixo molhado.

Os resíduos sólidos devem passar pela chamada Hierarquia do Lixo, que

prevê seis etapas a serem seguidas para uma melhor gestão de tais resíduos, sendo

eles: prevenir, reduzir, reutilizar, reciclar, gerar energia e destinar, em ordem de menor

impacto ambiental ao maior, conforme mostra a figura:

 

   

7  

Figura 1: Hierarquia do Lixo

Fonte: Elaboração Própria

 

2.2. Hierarquia do Lixo

2.2.1. Prevenir

No que tange a primeira etapa, de prevenção, são apontados dois fatores de

extrema importância: a eliminação de embalagens desnecessárias nos produtos e o

aumento da vida útil das embalagens, fazendo com que sirvam para outros fins além

de embalar o produto. Portanto, prevenir que materiais desnecessários façam parte da

venda do produto ou planejá-los de forma que possam ser reaproveitados cumprindo

outra função que não a originalmente designada a eles.

Outra forma de prevenção são os eco-produtos, ou seja, os produtos que

levam em conta aspectos ambientais em sua produção e que evitam materiais tóxicos.

Existem organizações que acreditam que se um produto não pode ser reutilizado,

reciclado ou sofrer compostagem, ele não deveria ser produzido (Global Alliance for

Incinerator Alternatives (GAIA)). Além disso, os eco-produtos também devem ter em

seu projeto o menor consumo de energia para a sua confecção, visando sempre a

sustentabilidade.

Prevenir    

Reduzir  

Reutilizar  

Reaproveitar  

Recuperar  Energia    

Destinar  

  8  

2.2.2. Reduzir

A redução da geração de resíduos sólidos passa pela conscientização da

população em consumir apenas o necessário e evitar excessos. Trocas constantes de

aparelhos eletrônicos antes do fim de sua vida útil e desperdícios de comida são bons

exemplos a serem evitados. A redução difere da prevenção, pois na prevenção a

responsabilidade da não geração de resíduos é dos produtores, produzindo e

planejando apenas o que é necessário, enquanto na redução a responsabilidade é do

consumidor.

2.2.3. Reutilizar

Consiste na reutilização do produto para o mesmo fim o qual foi destinado. Por

exemplo ao invés de comprar um novo cartucho para impressora ele pode ser

recarregado e reutilizado pelo consumidor, o que provavelmente será mais barato do

que a aquisição de um novo. Uma outra forma de reutilização é a venda de objetos em

bazares ou feiras de segunda mão, para que outras pessoas possam reutilizar aquilo

que alguém considera descarte.

2.2.4. Reaproveitar

Grande parte dos resíduos sólidos urbanos podem ser reaproveitados se

separados corretamente. Sendo assim, os habitantes têm um importante papel na

seleção e separação do material como veremos mais adiante. As duas formas de

reaproveitamento dos resíduos sólidos são a reciclagem e a compostagem.

2.2.4.1. Reciclagem

A reciclagem é a reutilização de determinado material para fins que podem não

ser a sua finalidade original. O processo proporciona matéria prima para novos

produtos, o que evita a extração direta do meio ambiente. Essa indústria envolve mais

de dois milhões de catadores informais em todo o mundo e virou um negócio global,

envolvendo extensas redes de abastecimento e transporte (Hoornweg & Bhada-Tata,

What a Waste: A global Review of Solid Waste Management, 2012).

 

   

9  

Com toda essa representatividade, e todo o impacto ambiental que é reduzido

a partir da prática, essa indústria tem se tornado vital para as atividades econômicas e

industriais do planeta. Em muitos casos produzir a partir do material reciclado é

possível poupar muita energia e consumo de água na cadeia de produção, quando

comparado ao uso de matéria prima virgem. A tabela abaixo representa a economia

realizada quando utilizado material reciclado em termos de energia, água, material cru

em dólares.

Material Reciclável

Economia de Energia por tonelada (US$/t)

Economia de Matéria Prima Virgem (US$/t)

Economia de Água (US$/m3)

Economia total por tipo de Material (US$/t)

Alumínio 600 12 - 612

Vidro 23 95 - 118

Papel 125 181 117 423

Plástico 188 1285 16 1489

Aço 180 120 - 300 Tabela  1:  Economia  de  energia,  matéria  prima  e  água  

Fonte: Adaptado de Calderoni (2003)

Por outro lado, o grande inimigo da reciclagem são os designs dos produtos,

que vêm se tornando mais complexos e variado em termo de materiais. Isso pode

inviabilizar o processo de reciclagem, pois os matérias devem ser separados e

encaminhados ao seu próprio tipo de tratamento. Portanto, um dos maiores desafios

da indústria da reciclagem nos próximos anos será a separação do material em

produtos complexos. Os materiais mais reciclados em todo o mundo têm algumas

características e dados importantes que serão apresentados a seguir.

Vidro

As embalagens de vidro são volumosas e pesadas e, além disso, é um

material que pode ser 100% reciclado o que torna o descarte em aterros um grande

desperdício. O vidro é um material que não possui perdas no processo de reciclagem,

por isso pode passar por ele diversas vezes. É composto por areia, barrilha, calcário e

cacos, os quais são levados ao forno. Quando reciclado economiza energia no

processo, o que também aumenta a vida útil dos equipamentos.

No processo de separação do vidro é fundamental separar os vidros pela cor,

pois assim no final do processo o produto gerado será igual ao original. Outro ponto

importante é que o processo de fabricação do vidro de embalagens é diferente de

outros vidros, como por exemplo de janelas. Para garantir a qualidade dos produtos

finais deve-se utilizar apenas o mesmo tipo.

  10  

Os vidros que são rejeitados por algum motivo para a fabricação de novas

embalagens de alimentos podem ser reciclados para fins secundários. Tendo como

exemplos de produtos secundários: telhas, pavimentos de concreto e filtração.

No âmbito ambiental para cada seis toneladas de embalagens de vidro

recicladas, há a redução de uma tonelada de dióxido de carbono e uma tonelada de

recursos naturais são poupados. Nos EUA em 2012 foram reciclados 34,1% das

embalagens de vidro, sendo 41% das garrafas de cervejas e refrigerantes (Glass

Packing Institute).

Plástico

Os plásticos tem como matéria prima em sua maior parte o petróleo, recurso

que tem se tornado, nos últimos anos, cada vez mais caro e escasso. Por isso, o

interesse pela reciclagem do plástico vem aumentando, porém a grande quantidade

de tipos diferentes de plásticos dificulta a reciclagem. Existem mais de 20 tipos

(Bureau of International Recycling), sendo que muitos deles não podem ser reciclados.

Os que podem são divididos em 7 tipos: PET, PEAD, PVC, PEBD, PP, PS e outros.

Sendo assim, a etapa mais desafiadora de todo o processo é a separação entre eles,

o que pode não ser 100% eficiente, pois nem todos os produtos estão devidamente

identificados com os números do grupo ao qual fazem parte.

No mundo, o plástico reciclado movimenta cerca de $5 bilhões por ano e 12

milhões de toneladas (Bureau of International Recycling). No Brasil apenas cerca de

15% dos plásticos são reaproveitados, e o total descartado corresponde a cerca de 5

a 10% dos RSU gerados (Ambiente Brasil). Quando reaproveitados, fornecem

inúmeras vantagens, como a redução do volume de lixo enviado a aterros, redução da

energia utilizada no processo e geração de energia por meio de tratamento térmico.

Esta última tem sido bastante discutida em países que investem neste tipo tecnologia,

pois o intuito de gerar energia acaba deixando a reciclagem, mesmo quando possível,

em segundo plano.

Metal

A reciclagem dos metais pode começar com a separação em dois grupos:

metais ferrosos e não ferrosos. Por serem recursos naturais não renováveis os metais

vêm tendo grandes taxas de reciclagem.

Os materiais ferrosos têm propriedades magnéticas e são compostos de ferros

em maior proporção. O aço, por exemplo, é o material mais reciclado no mundo, onde

 

   

11  

a produção de 500 milhões de toneladas de novos produtos foram advindas de

sucatas. A sua separação do resto dos materiais recicláveis é simples, pois como são

atraídos magneticamente, podendo contar esse recurso. Além disso, os diferentes

tipos de aço podem ser reciclados conjuntamente e não perdem as suas

características físicas ao longo do processo de reciclagem, o que o permite de ser

reciclado inúmeras vezes. Uma tonelada do material pode economizar 1.100 kg de

minério de ferro, 630 kg de carvão e 55 quilos de calcário, além de reduzir em 58% as

emissões de CO2 (Bureau of International Recycling).

Os materiais não ferrosos, são em sua maioria alumínio, cobre, chumbo,

zinco, níquel, titânio, cobalto, crômio e os metais preciosos. Estes também possuem

grande valor econômico quando se transformam em sucata, principalmente o

alumínio. Sendo o segundo metal mais reciclado, após o aço, o alumínio tem a grande

vantagem de ter a sua reciclagem economicamente viável, e não é a toa que quase

muitas das latinhas de alumínio fabricadas no Brasil são destinadas à reciclagem. A

economia proporcionada por uma tonelada de alumínio reciclado pode chegar a

14.000kWh de energia e reduzir 7,6 metros cúbicos em aterros sanitários (Bureau of

International Recycling).

Os metais não ferrosos devem ser separados entre si, mesmo não possuindo

processos de reciclagem diferentes. Isso porque os produtos vão depender do tipo de

matéria prima. Como por exemplo o alumínio é ideal para a construção civil, aviação,

embalagens em geral, enquanto o cobre é ideal para aplicações elétricas, tubulações

e isolamentos. Já o chumbo pode ser usado em baterias e proteção contra radiações

e o zinco como metal de sacrifício e para a produção do latão. O estanho é o metal

não precioso mais caro do mercado e por isso é largamente usado para funções mais

nobres como para a proteção de motores e pistões na indústria automobilística.

Sendo assim, podemos concluir que a utilização de metais reciclados é vital

para a indústria siderúrgica. De uma forma geral essa reciclagem economiza minérios,

energia e água, aumentando a vida útil dos aterros sanitários e das jazidas e

diminuindo a poluição.

Papel

O papel, que tem como matéria prima a celulose, proveniente das árvores,

também é um dos grandes vilões dos aterros sanitários. Presente diariamente em

nosso cotidiano, as vezes não prestamos atenção na quantidade deles que passam

pelas nossas mãos. Papéis para a impressão, embalagens de papelão, livros,

  12  

documentos, enfim chegam a ser produzidas mais de 400 milhões de toneladas de

papel e papelão por ano (Bureau of International Recycling).

Quando vão parar nos aterros diminuem o seu potencial de reciclagem e

contribuem para as grandes montanhas de lixo. Uma tonelada de papel reciclado pode

economizar 26 mil litros de água e 4 mil kw/h de energia, eliminando cerca de 3.5

metros cúbicos de aterro. De todo papel produzido, cerca de 20% correspondem aos

tipos que não podem ser reciclados, sendo exemplos papeis de parede e papéis de

cigarro (Bureau of International Recycling).

Uma das vantagens do papel é que quase todo tipo pode ser reciclado, e mais

de uma vez, chegando de 4 a 6 ciclos de reciclagem. Existem papéis reciclados

composto apenas por matéria prima reciclada, entretanto, o uso da matéria prima

virgem após essa grande quantidade de ciclos ainda é fundamental, pois com a

reciclagem as fibras do material vão ficando fracas e escassas. Felizmente, grande

parte da matéria prima virgem vem de madeira de reflorestamento, que é renovável,

diferentemente do petróleo.

Como os plásticos, alguns tipos de papel devem ser reciclados

separadamente. Porém grande parte deles podem passar pelo processo junto com

outros tipos, dependendo do novo material a ser produzido.

Têxtil

O que antigamente era apenas uma necessidade de se vestir, com boa

qualidade e produtos duráveis, hoje se transformou em uma das maiores industrias do

mundo, avaliada em torno de um trilhão de dólares. A moda que mudava a cada seis

meses, hoje é preparada em muitos países conforme as quatro estações do ano.

As lojas tradicionais e caras, vem perdendo espaço para as chamadas fast-

fashion, que como os fast-food de comida têm o objetivo de produzir em larga escala a

preços baixos e qualidade mediana. Com isso o volume aumentou, a durabilidade

diminuiu e a quantidade de têxtil descartada passou a ser considerada uma

preocupação. Isso porque os produtos formados por fibra sintética, que passou a ser

mais utilizada, não se decompõem enquanto os de fibra natural liberam o gás metano.

Além das roupas, o têxtil está presente em sapatos, estofados de carros, de

sofás, cortinas entre outros objetos. No processo de recuperação dos têxtis

descartados, 50% é reciclado e a outra metade é reutilizada, pois estão ainda em boas

 

   

13  

condições para serem utilizados por outras pessoas. A reciclagem gera novos fios

para forros, flanelas de limpeza e estofados.

2.2.4.2. Biogasesificação

Também conhecida como Digestão Anaeróbia ou Biometanização, esse

processo tem como objetivo a degradação da matéria orgânica, por microrganismos

que sobrevivem em ambiente sem oxigênio. O tratamento de resíduos sólidos por

meio desse processo tem como objetivo a geração do biogás para utilizá-lo como

fonte energética.

Esse processo é comum na natureza em pântanos, fundos de lago e outros

locais onde não há a presença de oxigênio. A mistura originada é composta por

metano e dióxido de carbono. Além do biogás, o processo também gera resíduos

sólidos e líquidos ricos em nutrientes, que podem servir de adubo para a agricultura.

A biogasecificação tem sido uma alternativa consolidada nas novas políticas de

resíduos sólidos a nível mundial, principalmente por promover energia renovável.

2.2.4.3. Digestão aeróbia

A digestão aeróbia ou compostagem também consiste na reutilização de

material orgânico para a fabricação de compostos orgânicos, que podem ser usados

como adubo. Porém, diferentemente da biogasecificação, isso acontece por meio de

processos biológicos com microrganismos aeróbios, que só vivem na presença de

oxigênio. Uma outra vantagem deste composto gerado é a redução do uso de

herbicidas e pesticidas, pois nele existem fungicidas e microrganismos naturais (IB-

USP).

Enquanto a biogasecificação é um processo industrial, a compostagem pode

ser praticada em casa com processos simples. Com a decomposição aeróbia haverá a

liberação apenas do gás carbônico.

2.2.5. Recuperar Energia

Atualmente é possível a geração de energia a partir da queima resíduos

  14  

sólidos a altas temperaturas, a incineração, para a produção de eletricidade e

combustível e também da biogasecificação, conforme apresentado anteriormente.

Alguns países investem atualmente na incineração, pois também tem o

benefício de reduzir o volume do lixo em até 90%. Uma usina de incineração em

perfeito funcionamento gera rejeitos sólidos e gases estéreis, e não gera a poluição do

ar ou do solo (IB-USP).

Os custos de implementação são caros e por isso muitos países optam por

utilizar este método exaustivamente, uma vez que as usinas já estejam instaladas,

mesmo havendo a possibilidade realizar a compostagem ou a reciclagem. Por isso a

técnica é polêmica e alguns ambientalistas e ONGs , como por exemplo a GAIA

(Global Alliance for Incenerator Alternatives), afirmam que alguns governos têm dado

prioridade a esta técnica ao invés das outras. O risco ambiental inerente também é

criticado por este grupo.

2.2.6. Destinar

Se os resíduos não puderem passar por nenhuma das etapas anteriores eles

deixam de ser resíduos e passam a ser rejeito, devendo ser encaminhados à

destinação final em terra. Este é o mais antigo processo de tratamento de lixo e o

menos desejável, pois gera inúmeros impactos ao meio ambiente. A disposição

incorreta destes rejeitos pode acarretar a contaminação do solo, dos lençóis freáticos

e do ar com a liberação de gases, como por exemplo o metano. Portanto, os governos

têm se esforçado para extinguir a existência dos lixões e utilizar aterros sanitários.

2.2.6.1. Lixões

A mais antiga forma de descarte de rejeitos, o lixão é um local à céu aberto,

sem nenhum tratamento, técnica ou medida de controle onde o lixo é depositado.

Como não são impermeabilizados há alto risco de contaminação do solo e dos

possíveis lençóis freáticos da região. Neles muitas vezes trabalham famílias de baixa

renda, em busca de materiais para revenda e reciclagem, se expondo a doenças e

entre outros riscos. (IB-USP)

 

   

15  

2.2.6.2. Aterros sanitários

O Aterro Sanitário é um local que atende as técnicas de engenharia e normas

específicas. Este tipo de técnica tem como objetivo minimizar os impactos ambiental e

não causa danos a saúde publica e a segurança da população. Tem o objetivo de

reduzir o volume dos descartes, cobrindo-os com terra ou material inerte, sempre que

necessário. Neste tipo de local é feita a impermeabilização do solo e sistemas de

drenagem de chorume e gases são projetados. O Aterro Sanitário possui vida útil, que

depende da quantidade de lixo nele depositada, e quando este limite for atingido ele

deve ser fechado, atendendo as normas técnicas e ambientais, para prevenir a erosão

do terreno (IB-USP). Os aterros sanitários devem, sempre que possível, ser a última

opção para os resíduos sólidos urbanos.

  16  

3. BRASIL

O Brasil tem tentado criar nos últimos anos formas de incentivo à reciclagem e

a destinação final adequada aos resíduos sólidos. Entretanto, a Lei que desenvolve

uma Politica Nacional de Resíduos Sólidos demorou mais de 20 anos para ser

aprovada. Nesta seção serão apresentados dados sobre a GRS no país, bem como a

Política e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.

3.1. Política Nacional de Resíduos Sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), foi estabelecida pela lei de

número 12.305/2010, sancionada em agosto de 2010 e regulamentada em dezembro

do mesmo ano (Brasil, 2010). Nela estão apresentadas todas as diretrizes e objetivos

para uma política efetiva neste setor, definindo o papel de todos os envolvidos:

governo, sociedade e setor privado, geradores ou responsáveis pela gestão dos

resíduos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos envolve diversas esferas do

governo e itera a Política Nacional do Meio Ambiente, apoiando as políticas de

Saneamento Básico e Educação Ambiental.

A lei determina a responsabilidade compartilhada, pelos resíduos gerados,

onde a responsabilidade da sociedade é colaborar com os serviços de coleta

disponíveis no Município, mas também reduzir o consumo desnecessário. A lei

esclarece ainda, que os Municípios são os responsáveis pela coleta e destinação final

dos resíduos gerados no mesmo e eles que decidem como será efetuada a coleta,

com empresas públicas, mistas ou privadas e os tratamentos adequados. Já os

Estados são responsáveis pela integração do planejamento e execução quando as

iniciativas forem compartilhadas por dois ou mais municípios, sobretudo em áreas

metropolitanas. A União tem o dever de fiscalizar a lei e renovar o Plano e as metas,

enquanto o setor privado deve se esforçar para reinserir os resíduos que possam ser

reaproveitados na cadeia produtiva e desenvolver produtos que visem uma maior

sustentabilidade.

Além disso, a PNRS também determina o fechamento de todos os lixões do

país em um prazo de quatro anos após a publicação da lei, ou seja, até agosto de

2014, passando o descarte a ser feito em aterros sanitários. Contudo, o número de

lixões ainda permanecia em torno de dois mil, e segundo a Confederação Nacional

 

   

17  

dos Municípios, em março de 2014. Ou seja, menos de 50% dos municípios

conseguiriam atingir a meta de erradicação dos lixões imposta pelo governo. Sendo

assim, a CNM pediu o adiamanto do prazo, pois o cumprimento do plano é obrigatório

para o recebimento de verbas para o setor e tais municípios ficarão sem os recursos.

Os gestores de tais prefeituras também podem ser incriminadas por crime ambiental

conforme determina a lei (Confederação Nacional de Municípios, 2014).

Com a lei fica proibida a prática de catação de materiais nas destinações finais,

ou seja, os catadores estão proibidos de revirar os aterros sanitários em busca de

materiais para a reciclagem. Fica proibida também a procura por alimento nestes

locais e a implementação de casas, provisórias ou permanentes, conforme ocorria nos

lixões em todo o país. No entanto, está dispensada de licitação a contratação de

cooperativas e associações de catadores.

A PNRS também visa a redução dos resíduos gerados, e a implementação de

outras práticas sustentáveis, como a elaboração de produtos com consciência

ecológica e incentivo a programas de reciclagem.

3.1.1. Logística Reversa

A logística reversa é um "instrumento de desenvolvimento econômico e social

caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a

viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para

reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação

final ambientalmente adequada". (Ministério do Meio Ambiente)

A PNRS definiu cinco grupos prioritários na adoção dessa prática, os quais

devem recolher os seus produtos após o consumo por conta própria, sem a utilização

dos sistemas públicos. Tais grupos são classificados em:

• agrotóxicos, seus resíduos e embalagens

• pilhas e baterias

• pneus

• óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

• lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;

• produtos eletroeletrônicos e seus componentes;

  18  

A implementação da Logística Reversa tem se dado, lentamente, em todos

estes grupos por meio de acordo setorial. Neste tipo de acordo, o Governo e os

responsáveis pelos produtos, como fabricantes, distribuidores, comerciantes e

importadores, estabelecem juntos o sistema de coleta dos descartes, tendo todos,

portanto, responsabilidade pela destinação final ou reaproveitamento do resíduo.

Os consumidores devem retornar os produtos aos comerciantes e

distribuidores que são responsáveis pelo recebimento dos produtos pós-uso e

encaminhamento aos fabricantes e importadores. Estes por sua vez são responsáveis

pela destinação final adequada.

Os grupos podem ser expandidos a outros produtos de embalagens de

plástico, vidro e metal, também através de acordos setoriais, após estudos de

viabilidades técnica e econômica.

3.2. Plano Nacional de Resíduos Sólidos

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem como objetivo identificar a situação

atual do Brasil no que tange ao GRS, propor alternativas aos Estados e Municípios e

elaborar metas a serem atendidas. As metas devem atender aos critérios impostos

pela Lei, como redução da geração de resíduos, aumento da reciclagem e destinação

final adequada.

O Plano tem “vigência por prazo indeterminado e horizonte de vinte anos, a ser

atualizado a cada quatro anos” (Brasil, 2010), e deve conter um panorama da situação

atual, os senários futuros, bem como metas e normas técnicas.

Algumas metas merecem ser destacadas, além da erradicação dos lixões

neste ano. Outra meta que deveria ser cumprida neste ano é a elaboração de Planos

Municipais e Intermunicipais de GRS em todos os municípios, a partir dos Planos

Estaduais, que deveriam ter ficado prontos em 2013.

Outro ponto importante é a reabilitação das áreas de lixões com a queima do

metano, o tratamento do chorume, a geração de energia entre outros pontos. As

regiões Sul e Sudeste, devem atingir 50% das unidades até 2023 e 100% até 2031,

enquanto as outras devem atingir 45% e 90% respectivamente (Governo Federal-

Ministério do Meio Ambiente, 2012).

 

   

19  

Em relação aos resíduos passíveis de serem reciclados e os resíduos

orgânicos os municípios devem reduzir também a disposição dos mesmos em pelo

menos 20% e 50%, respectivamente, até 2031. A região Sul, deve atingir a redução de

60% em ambos os critérios.

Conforme pode-se observar, o plano procurar criar uma direção a qual os

Estados e Municípios devem concentrar seus esforços.

3.3. Alguns dados sobre o Brasil

Um dos grandes problemas brasileiro em direção a uma politica efetiva de

Gestão de Resíduos Sólidos é a insuficiência de dados disponíveis, bem como a

homogeneidade desses dados em todo o país. Outro problema diz respeito a

fiscalização da PNRS, que sozinha não pode garantir que os municípios estão

empenhados em oferecer tratamento adequado aos resíduos. Por isso, no último dia

31 de julho, foi estabelecida a criação do Observatório da Política Nacional de

Resíduos Sólidos (OPNRS). O Observatório tem o objetivo de coletar e consolidar as

informações, monitorar acordos setoriais de logística reversa, monitorar a desativação

de lixões e o desempenho da coleta seletiva. Resumindo, o OPNRS foi criado para dar

mais transparência e informações sobre o cumprimento da lei (OPNRS, 2014).

No país nem todo resíduo sólido produzido pela população é coletado. Muitos

são descartados de forma ilegal, em ambientes inadequados, como por exemplo nos

rios. A coleta regular atingia em 2009 quase 90% dos domicílios brasileiros, entretanto

havia, ainda, muita discrepância entre a área urbana com 98% de cobertura e a área

rural com apenas 33% de cobertura (Governo Federal- Ministério do Meio Ambiente,

2012).

Estima-se que em 2025 o país gerará o dobro do que foi gerado em 2012,

chegando a mais de 300 toneladas de resíduos sólidos por dia (Hoornweg & Bhada-

Tata, What a Waste: A global Review of Solid Waste Management, 2012). Esse lixo

formado, em sua maioria, por compostos orgânicos, seguido por papel e plástico,

precisa urgentemente de uma destinação final apropriada. Estima-se a composição

gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil em 2008 conforme o

quadro abaixo apresentado no Plano Nacional de Resíduos Sólidos:

  20  

Tabela 2: Composição gravimétrica dos RSU Brasil 2008

Fonte: In: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos- IPEA

Podemos perceber que o país conta com mais da metade de matéria orgânica

e 31,9% de matérias recicláveis. Se tratados corretamente com todos os recursos

tecnológicos disponíveis, de todo o lixo produzido no Brasil, apenas 16,5% iria parar

diretamente nos aterros sanitários. Esse fato prolongaria a vida dos aterros, geraria

matéria prima para as industrias e agricultura e diminuiria a emissão de Gases Efeito

Estufa.

Ter todo esse desperdício de matéria prima é preocupante, pois mesmo tendo

uma movimentação de 12 bilhões de reais por ano (Portal Brasil, 2012), a indústria da

reciclagem ainda estima que o país perdeu em 2010 cerca de oito bilhões de reais no

setor. Algumas das indústrias de reciclagem operam ainda com ociosidade média de

20 a 30% (IPEA, 2013). Mesmo com o setor privado investindo em tecnologia para

reciclar, o Governo ainda faz muito pouco, não cobra a responsabilidade do produtor e

causa bitributação de impostos, dando poucas condições de progresso às industrias.

Pelo relatório apresentado pelo IPEA (IPEA, 2012), no sudeste temos a

geração de 0,9 kg de RS por habitante por dia, enquanto nos municípios brasileiros

considerados grandes ( com mais de um milhão de habitantes) a geração foi de 1,1 kg

por habitante por dia em 2008. É interessante ressaltar que o Sudeste ficou abaixo da

média nacional, sendo a região com a menor quantidade de RSU gerada, conforme a

tabela a seguir.

 

   

21  

Tabela 3: Resíduos sólidos coletados no Brasil

Fonte: In: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos- IPEA

Pela falta de confiabilidade dos dados, pode-se concluir que houve um

aumento da coleta seletiva informal e da catação nas vias publicas de materiais

recicláveis. Isso é um fato comum em grandes centros urbanos, onde os catadores

recolhem diretamente das lixeiras latas de refrigerante, garrafas PET, papéis, entre

outros materiais de valor comercial atraente. Essa coleta realizada pelos catadores

informais não está contabilizada na análise precedente.

A abrangência da coleta seletiva formal no país ainda é muito limitada e

concentrada principalmente nas Regiões Sul e Sudeste. Em 2008, a coleta seletiva

formal atingia apenas 18% dos municípios do país.

Tabela 4: Coleta Seletiva por Região do Brasil

Fonte: In: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos- IPEA

A inconsistência dos resíduos gerados pelas regiões do país e a pequena

abrangência da coleta seletiva em todo o território nacional pode confirmar a

importância dos catadores informais. Isso pode ser comprovado também quando

analisamos que a coleta seletiva formal recolhe muito menos material do que o que é

efetivamente reciclado.

  22  

Tabela 5: Estimativa da participação dos programas de Coleta Seletiva Formal 2008

Fonte: In: Plano Nacional de Resíduos Sólidos, 2012

Quando avaliamos o percentual de material recuperado pelos programas

oficiais percebemos que o material com maior recolhimento pela coleta formal é o

plástico e não chega a atingir 20%. Já o alumínio, tradicionalmente recolhido pelos

catadores em grandes quantidades, em lixeiras de ruas, calcadas, praias e grandes

eventos, chega a um percentual de menos de 1% na coleta formal.

3.3.1. Catadores

Conforme podemos perceber os catadores ainda representam a maior força da

reciclagem no país e, por isso, as políticas de gestão de resíduos sólidos têm grande

foco social na inclusão destas pessoas no processo de reciclagem. Parte do Plano

Nacional de Resíduos Sólidos se dedica a enumerar ações de inserção formal deles

na cadeia produtiva. Questões como eficiência e fortalecimento das cooperativas, bem

como criação de novas fazem parte de tais medidas.

Estima-se que existam em todo o país entre 400 e 600 mil catadores de lixo,

sendo que destes, apenas 10% fazem parte de algum tipo de organização coletiva

(Governo Federal- Ministério do Meio Ambiente, 2012). São cerca de 1.100

cooperativas distribuídas por todo o território nacional, entretanto tais cooperativas

ainda atuam muito abaixo de sua capacidade produtiva.

De todos municípios do país metade diz que há atuação de catadores nas

áreas urbanas (Ministério do Meio Ambiente, 2012). Por isso, algumas prefeituras e

empresas responsáveis pela coleta e disposição final dos resíduos sólidos já têm

parcerias estabelecidas com cooperativas. As formas de parcerias são diversas e

atendem desde a coleta porta a porta, até parte de triagem e separação do material.

 

   

23  

Todavia, esse número ainda é muito pequeno e mais esforços devem ser feitos nesse

sentido.

Como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos aponta, a inserção dos catadores

pode se dar por meio de fortalecimento e criação de cooperativas, fortalecimento e

inclusão das mesmas na cadeia, criação de formas de regularização, identificação e

reconhecimento das mesmas. Um foco especial deve ser dado aos que trabalhavam

em lixões que serão desativados e por isso perderão o local de trabalho.

Em Natal, os catadores são responsáveis pela coleta seletiva porta a porta em

60% da cidade (Folha de São Paulo, 2014). Eles recolhem o lixo previamente

separado pelos moradores e depois fazem a triagem. Em São Paulo a prefeitura

emprega mais de 1.200 catadores, onde os mesmos são responsáveis por quase 50%

da coleta seletiva (Folha de São Paulo, 2014). A prefeitura incentiva com espaço para

triagem e caminhões utilizados na coleta. Entretanto, tais iniciativas ainda são

pequenas se comparadas a população total de catadores no país. Por isso, uma das

metas do Plano é a inclusão de 600 mil deles até 2031, estimando metas particulares

e progressivas em cada região do país.

3.3.2. Tratamentos

3.3.2.1. Compostagem

No país, apenas 1,6% dos resíduos orgânicos, que representam mais da

metade dos resíduos coletados, passou pelo tratamento de compostagem (Ministério

do Meio Ambiente, 2012). Isso aconteceu em apenas 211 municípios, sendo a sua

maioria em Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Por isso, o Plano Nacional de

Resíduos Sólidos propõe algumas medidas na implementação da compostagem.

Após a criação dos centros de compostagem ambientalmente aprovados, a

população precisa ser conscientizada sobre a importância da prática e colaborar com

a separação do lixo. Isso porque, como já explicado, a efetividade do tratamento é

maior quando é separado na fonte. Além disso, é preciso que haja algum tipo de

coleta seletiva do composto orgânico, por parte dos municípios e empresas coletoras.

  24  

3.3.2.2. Incineração e Geração de Energia

É sabido que o Brasil é amplamente dependente da energia hidroelétrica e

este ano estamos passando por uma das maiores crises de seca da história. Tendo

mais da metade da energia fornecida proveniente dessas hidroelétricas sem a

diversificação o fornecimento de energia será sempre um risco.

Tabela 6: Matriz Energética do Brasil

Fonte: ANAEEL, 2014

Entretanto, o consumo e a produção de resíduos não param nunca, sendo

assim muitos países, com menores capacidades energéticas naturais, vêm investindo

em energias alternativas, como por exemplo o biogás e a energia proveniente da

incineração do lixo.

Segundo um estudo da ONG contra a incineração GAIA, alguns países da

União Europeia como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Holanda e Reino Unido já

possuem uma capacidade de incineração maior do que os resíduos não recicláveis

gerados por seus habitantes (Zero Waste Europe, 2013).

No Brasil a primeira usina de incineração de lixo urbano em larga escala, que

será construída em São Bernardo, estava prometida para ter o início de suas obras

ainda em 2014. A usina que terá os custos de construção em torno de 400 milhões de

reais será capaz de queimar 720 toneladas de lixo por dia, o equivalente a toda

produção da cidade (Diário do Grande ABC, 2014). Entretanto, devido a mudança do

local a ser construída, que passou do antigo lixão do Alvarenga, para um terreno ao

 

   

25  

lado, enfrenta ainda o processo de emissão de licenças ambientais.

Além das críticas ambientais à incineração por falta de confiabilidade no

processos, a incineração de produtos que não sejam rejeitos acaba com possibilidade

de empregos à muitas pessoas. Quando se envia para a incineração produtos

passíveis de reciclagem ou compostagem, deixa-se os catadores, que deveriam ser

incluídos socialmente na cadeia segundo a PNRS, sem empregos. Por isso muitas

cooperativas e associações de catadores tentam junto com ambientalistas derrubar

qualquer iniciativa de instalação de tais usinas em todo o país.

Entretanto, no caso de São Bernardo, os catadores e as organizações não

governamentais que são contra as políticas de incineração não obtiveram muito

sucesso. A empresa que administrará a usina também ficará responsável por todo o

sistema de varrição e coleta seletiva da cidade, o que a principio exclui os catadores

do projeto. Em questões energéticas, a usina deverá ser capaz de gerar cerca de 17

megawatt/hora, o que é suficiente para alimentar, por exemplo, toda a iluminação

pública da cidade (Diário do Grande ABC, 2014).

Em relação a geração de energia vinda do gás metano de aterros e lixões, o

país ainda não possui uma estrutura efetiva para esse tratamento. Estima-se que o

potencial energético da década de 2010/2020 de apenas 56 municípios poderia

abastecer quase toda a população da cidade do Rio de Janeiro (Ministério do Meio

Ambiente, 2012). Entretanto, para ser econômica e tecnicamente viável os aterros

precisariam ser de grande porte, o que fortalece a escolha de soluções compartilhadas

entre dois ou mais municípios de pequeno e médio porte.

3.3.3. Disposição Final

Por anos os Lixões foram a forma de descarte dos resíduos sólidos mais

utilizada pelo país. Entretanto, conforme determina a Lei da PNRS, os lixões deveriam

ter sido fechados até 2 de agosto de 2014. Apesar dos Governos Estaduais e

Municipais terem se esforçado para o cumprimento dela, o único estado a cumprir a lei

foi o de Santa Catarina (G1, 2014).

Mesmo se em 2008 58,3% dos resíduos já terem sido dispostos em aterros, os

números da compostagem e reciclagem são preocupantes. Apenas 1,4% de todo o

lixo do Brasil era reciclado e menos de 1% compostado. Ao procurar formas para

  26  

cumprir a lei, os Estados e Municípios continuaram seguindo o caminho de investir em

aterros sanitários e pouco ou quase nada nos outros tratamentos.

Tabela 7: Quantidade de RS domiciliares e/ou públicos encaminhados para a destinação final

Fonte: In: Plano Nacional de Resíduos Sólidos, 2012

3.3.4. Iniciativa privada

Algumas iniciativas isoladas estão sendo identificadas no que tange a um

consumo mais consciente e um descarte mais responsável aos nossos rejeitos. Porém

a maior parte destas vêm da iniciativa privada e muitas vezes sem qualquer apoio do

governo.

É o caso da rede de supermercados Zona Sul, que está aplicando a

compostagem nos resíduos orgânicos gerados por todas as suas lojas. Depois de

compostados, tais resíduos viram adubos que são vendidos nas lojas da rede e

também usados no plantio de novos produtos, como por exemplo da pimenta que

também esta sendo vendida.

Com a iniciativa a empresa enviou em 2013 cerca de 2.996,36 toneladas de

rejeitos orgânicos que seriam enviados a aterros sanitários (Zona Sul). Entretanto,

ainda é uma iniciativa que trás prejuízo a rede, o que pode ser abandonada por falta

de incentivo.

Além da rede Zona Sul, outras empresas fora do setor também estão

 

   

27  

apostando na compostagem dos alimentos consumidos por seus funcionários. É o

caso da L’Oréal Brasil que chegou a ganhar um premio internacional em 2012 o qual

concorria com iniciativas em fábricas da empresa em todo o mundo. Além da

compostagem, o projeto envolvia o reaproveitamento da água tratada e da água da

chuva (L'ORÉAL, 2012).

Outra iniciativa importante, foi o programa Papa Pilhas, do Banco Santander

(antigo banco Real), iniciado em 2006 e com o objetivo de recolher pilhas, baterias e

outros aparelhos eletrônicos, como celulares e câmeras. Os pontos de entrega

voluntária gratuitos se localizam nas agencias bancárias de todo o país. O material é

enviado para a triagem em São José dos Campos, São Paulo, e encaminhados para a

reciclagem. A de pilhas é realizada em Suzano, também em São Paulo, enquanto os

celulares e outros aparelhos são triturados e enviados para a reciclagem na Bélgica.

Segundo a empresa, menos de 1% das pilhas e 2% dos celulares vendidos

são reciclados, indo o restante para a disposição final inadequada. Por conter metais

pesados altamente contaminantes, isso representa um risco ambiental e à população

gravíssimo. O programa já conseguiu recuperar mais de 800 toneladas desses

produtos desde a sua criação e possui 2.800 postos de coleta em todo o país

(Santander, 2014).

  28  

4. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Apesar da a PNRS ter sido desenvolvida com base em uma visão sistêmica de

todo o sistema brasileiro, devemos ter em mente que o Brasil é um país cheio de

peculiaridades regionais. Tais diferenças fazem com que uma solução ótima para

determinado município não seja tão adequada para outro. Podemos citar diversos

critérios como por exemplo, renda da população local, densidade demográfica,

dificuldade de locomoção das equipes de limpeza urbana, cultura, etc. Sendo assim, o

município do Rio de Janeiro foi escolhido como objeto de estudo e comparação com

tecnologias e metodologias aplicadas em outras cidades do mundo.

A coleta domiciliar no município do Rio de Janeiro é realizada pela COMLURB

(Companhia Municipal de Limpeza Urbana), uma empresa mista a qual a Prefeitura do

Rio de Janeiro é acionista majoritária (Comlurb, 2009). Além da coleta regular, a

companhia também é responsável pela coleta seletiva, varrição de ruas, praias e

praças. A cidade do Rio de Janeiro possui 7 subprefeituras, 33 áreas administrativas e

160 bairros sendo 68 deles parcialmente cobertos pela coleta seletiva (Prefeitura do

Rio de Janeiro, 2013). A área total do município é de 1.200,278 km² e a população

estimada em 2013 era de 6.429.923, gerando uma densidade demográfica de

5.265,82 habitantes por km² (IBGE). No ano de 2012 foram coletadas 1.825.992,80

toneladas de lixo domiciliar na cidade (Prefeitura do Rio de Janeiro).

O lixo domiciliar representa quase 50% do lixo gerado na cidade. A outra

metade é composta por Lixo Público; Emergência, Resíduos de Serviços de Saúde

(RSS), Remoção Gratuita; e Grandes Geradores, incluindo Resíduos de Construção

Civil. O Lixo Público consiste do lixo coletado em repartições publicas, limpezas de

ruas, áreas de feiras, praias e córregos.

 

   

29  

Gráfico 1: Composição dos RSU na cidade do Rio de Janeiro

Fonte: In: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS

da Cidade do Rio de Janeiro

Para fins de gestão do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos

Sólidos a Prefeitura divide a cidade em cinco áreas de planejamento (Prefeitura da

Cidade do Rio de Janeiro, 2012).

Figura 2: Áreas de Planejamento da Cidade do Rio de Janeiro

Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS

da Cidade do Rio de Janeiro

A área de maior população é a Zona Norte, que também é a maior geradora de

resíduos sólidos no município. A Zona Oeste, em segundo lugar em ambos os

quesitos, vem apresentando um crescimento populacional significativo. Entre 2000 e

2010 a região teve um aumento de 150% da sua população (G1, 2011) e devido a

  30  

sua extensão e oferta de espaços livres esse crescimento deve continuar. A

desordenação com a qual esse fenômeno vem acontecendo merece atenção especial

e planejamento.

O centro, por ser majoritariamente uma área comercial e pouco residencial, é

responsável por apenas 3% dos resíduos gerados na cidade. Entretanto, com os

planos de revitalização também tem demonstrado um crescimento da população

residencial, em torno de 5% na mesma época (G1, 2011).

A geração de lixo per capita na cidade é de 1,62 kg/dia, sendo destes 0,79

kg/dia de lixo domiciliar e 0,52 kg/dia de lixo público. Mais dados sobre a geração do

lixo por área de planejamento em 2011 podem ser analisados na tabela a seguir,

elaborada pela prefeitura.

Tabela 8: Geração por Área de Planejamento

Fonte: In: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS

da Cidade do Rio de Janeiro

Assim como no Brasil, a maior parte dos RSU do município do Rio de Janeiro é

composta por materiais orgânicos, seguido por materiais passíveis de serem

reciclados e apenas uma pequena parte de rejeitos. Entretanto, cerca de apenas 3,7%

 

   

31  

do total de lixo reciclável gerado na cidade é recolhido pela coleta seletiva e destes

70% efetivamente reciclados (G1, 2013). Esses materiais recicláveis são compostos

em sua maioria por plásticos e papel e papelão.

Gráfico 2: Composição do lixo domiciliar e dos recicláveis no Rio de Janeiro

Fonte: In: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS

da Cidade do Rio de Janeiro

Atualmente, a GRS no Rio de Janeiro tem os seus maiores esforços

concentrados no sistema de transporte. Como evidencia o relatório do The World Bank

(Hoornweg & Bhada-Tata, What a Waste: A global Review of Solid Waste

Management, 2012), países em desenvolvimento tendem a ter grande percentual do

que é investido em GRS direcionado para o sistema de coleta, consequentemente o

transporte. Entretanto, o cenário do município vem mudando com a implementação de

centrais de triagem e centrais de transferência. Nas centrais de transferência, os

caminhões fazem o pequeno percurso das residências até lá e depois os rejeitos são

enviados até o aterro de Seropédica em carretas (Rio Cidade Olimpica, 2012). Essas

carretas têm a capacidade equivalente de dois ou três caminhões, o que economiza

em combustível, funcionários e proporciona menor poluição do ar.

Tais estações de transferência estão localizadas perto das fontes geradoras:

Santa Cruz, Bangu, Jacarepaguá, Taquara, Caju, Penha e Marechal Hermes.

  32  

Figura 3: Estações de Transferência do Lixo Domiciliar

Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS

da Cidade do Rio de Janeiro

4.1. Coleta Seletiva

A coleta seletiva possui basicamente duas formas de execução, a porta-a-

porta, onde a empresa responsável coleta o material nas fontes geradoras e os Pontos

de Entrega Voluntária (PEV), onde os habitantes levam os matérias para estes pontos.

Não há registro de PVEs associados a COMLURB ou ao Governo na cidade do Rio de

Janeiro, sendo portanto tais pontos iniciativas de cooperativas.

A coleta seletiva porta-a-porta acontece em dias e horários programados e em

caminhões diferentes dos convencionais. Os materiais devem ser colocados em sacos

transparentes, respeitando as normas da ABNT, para que os garis possam avaliar a

presença ou não de material orgânico, cortante e contundente. A lista dos bairros

cobertos, parcialmente, pela coleta seletiva no município estão no ANEXO I.

Segundo o Governo Municipal, são coletados por mês 1.023,59 toneladas de

materiais potencialmente recicláveis pelo programa nos 68 bairros com cobertura da

coleta seletiva. A taxa de recuperação desses materiais chegou a 3,7% de um total

estimado em 1,991 t/dia (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2014). Com as novas centrais

de triagem, o governo planeja expandir a cobertura da coleta seletiva a outros bairros.

 

   

33  

4.2. Centrais de Triagem

Como parte do novo plano de tratamento de materiais reciclados a prefeitura

planeja a construção de seis centrais de triagens na cidade. A primeira delas,

localizada em Irajá, entrou em funcionamento no começo de 2014, com capacidade

para a separação de 20 toneladas por dia e 200 postos de trabalho (Prefeitura do Rio

de Janeiro, 2014). A central conta com esteiras mecânicas para agilizar o processo de

identificação de materiais, além de balanças, prensas industriais e empilhadeiras.

Entretanto, a separação dos materiais é feita manualmente pelos catadores, o que

torna o processo lento e arcaico.

A construção dessa Central se deu com o patrocínio do BNDES e apoio da

Coca-Cola Brasil, a qual receberá o PET para a produção de novas garrafas de

refrigerante a partir da reciclagem deste material. A prefeitura cedeu o terreno por 10

anos, podendo ser renovado por período igual.

A expectativa do Governo Municipal era a inauguração, ainda no primeiro

semestre de 2014, dos Centros de Triagem de Bangu e do Centro, entretanto essas

inaugurações não foram realizadas até o presente momento. A meta é chegar aos

25% de reciclagem em 2016, com o funcionamento das seis centrais (Prefeitura da

Cidade do Rio de Janeiro, 2012). Os empregos gerados serão destinados aos antigos

catadores de lixões, proporcionando a inclusão social dos mesmos, conforme prevê a

PNRS.

Figura 4: Centrais de Triagem do Lixo Domiciliar

Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro

  34  

4.3. Compostagem

Atualmente na cidade existe apenas um ponto de compostagem ligado a

COMLURB, localizado na usina de triagem do Caju. Tal usina opera tanto com a

separação do lixo orgânico quanto de material reciclado em uma mesma esteira,

comprometendo a eficiência dos dois processos. Isso acontece pela falta de

manutenção na usina desde que foi inaugurada em 1993, o que levou interdição de

uma das esteiras. Com capacidade de 1000 toneladas/dia, a usina deveria operar com

metade dessa capacidade para orgânicos e a outra metade para reciclados, porém

em 2012 processava apenas 300 t/dia, sendo destes só 10% de recicláveis (O Globo,

2012).

4.4. Incineradoras

Em 2002 foi feito um estudo para auxiliar o então prefeito da cidade do Rio de

Janeiro, Cesar Maia, na decisão de implantação de uma usina de incineração do lixo

domiciliar no município. O estudo foi composto de uma análise técnica, sobre o lixo do

município, analise econômica, sobre a viabilidade da implementação e analise

ambiental, para garantir a qualidade de vida e levantar os riscos.

A usina teria capacidade para a incineração de todo o lixo domiciliar gerado

pelo município, cerca de 150.000 t/mês e reduziria os rejeitos para pouco menos de

23.000 t/mês (Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2002). Esses rejeitos poderiam

ser encaminhados a aterros sanitários comuns, tendo em vista o fato de que não

representariam resíduos perigosos. Entretanto, outras quase 4.000 toneladas que

seriam provenientes do controle de poluição do ar seriam enquadradas na Classe 1 da

NBR 10004, ou seja, considerados perigosos. Estas deveriam ser encaminhados a

aterros industriais com tratamento apropriado.

Pela avaliação, o lixo domiciliar do município foi considerado pouco atraente ao

tratamento de incineração, visto que a grande quantidade de matéria orgânica úmida

prejudica o poder calorifico do lixo. O relatório também considerou a coleta seletiva

como uma ameaça a qualidade do lixo a ser queimado, pois com ela são retirados

materiais com alto poder calorifico como papel e plástico.

 

   

35  

A ideia era que a implementação da usina se desse na área portuária do Rio

de Janeiro, no bairro do Caju. O local foi escolhido por estar perto das fontes

geradoras, entretanto, pela conclusão do relatório, a área escolhida não é

ambientalmente adequada. Além disso, demonstrou-se uma grande preocupação com

os possíveis gases gerados mais pelo custo de tratamento e reação da sociedade do

que pela parte ambiental em si.

Finalmente, o relatório conclui que economicamente o projeto não é viável por

representar um grande impacto no orçamento do município, se comparado com as

opções de aterro disponíveis. Enfatiza ainda que a cidade contará com essa forma de

tratamento por ainda muitos anos, visto que existe muita área disponível tanto no

município quanto nos arredores.

Atualmente, o município conta com uma usina de incineração experimental, na

Ilha do Fundão, com o intuito de auxiliar as pesquisas da Coppe. A usina, chamada de

Usina Verde, que está em funcionamento desde 2004 garante que apenas vapor de

água e CO2 são liberados na atmosfera (Universidade Federal do Rio de Janeiro,

2006). Os resíduos sólidos que a abastecem já vêm pré tratados pela COMLURB, ou

seja, são retirados os materiais possíveis de serem reciclados ou reutilizados.

Na usina são queimadas por dia 30 toneladas de lixo por dia que produzem

700 kW (Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006). Segundo a Coppe, 90% em

peso desse lixo é transformado em energia, e estudos estão sendo feitos para triplicar

a quantidade de energia gerada a partir da mesma quantidade de lixo.

4.5. Aterros e lixões

Assim como em todo o Brasil a principal forma de tratamento no município do

Rio de Janeiro tem sido por meio de disposição dos resíduos sólidos em aterros

sanitários ou lixões. Entretanto, com a implementação da PNRS que exige a

erradicação dos lixões até 02 agosto de 2014, o estado muito tem investido para o

cumprimento desta determinação.

O Estado do Rio de Janeiro, está próximo de cumprir a meta nacional de

erradicações dos lixões, entretanto na data estipulada ainda restavam cerca de 20

deles (G1, 2014). Na cidade do Rio de Janeiro o último lixão, o Lixão de Gericinó, foi

fechado em abril deste ano, para resíduos domiciliares, e cada um de seus catadores

  36  

recebeu uma indenização no valor de quase R$14 mil reais (Alencar, 2014).

4.5.1. Biogás e Tratamento de Chorume

Com o fechamento do Aterro de Gramacho em 03 de junho de 2012, a

prefeitura realizou um plano de recuperação da área e do entorno. Em maio de 2010

foi inaugurada a Usina de Biogás com o intuito de tratar o gás metano que é liberado

pela matéria orgânica em decomposição (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2013).

Altamente tóxico, o metano é coletado de 301 poços espalhados por todo o aterro e

depois queimado em altas temperaturas e transformado em CO2 e vapor d’agua. Essa

transformação evita que cerca de 75 milhões de m3 de metano sejam liberados por

ano, reduzindo portanto a emissão de Gases de Efeito Estufa.

No mesmo local, também foi construída uma estação de tratamento de

chorume, líquido liberado na decomposição da matéria orgânica. A estação com

capacidade de tratamento de 1920m3 por dia é uma das maiores do mundo.

 

   

37  

5. BOAS PRÁTICAS NO MUNDO

Em muitos países os resíduos sólidos criam tanto desconforto que leis severas

controlam os cidadãos. A União Europeia por exemplo estabeleceu que os países

membros atinjam até 2020 pelo menos 50% de reaproveitamento dos resíduos sólidos

gerados. Pelos relatórios divulgados em 2013, apenas 5 países já atingiram a meta,

sendo eles: Áustria, Bélgica, Alemanha, Holanda e Suíça (European Environment

Agency, 2013).

Entretanto, tais países ainda possuem grandes divergências regionais no

tratamento e nos números de reaproveitamentos. Por isso, foram escolhidas algumas

cidades no mundo reconhecidas pela sua política eficiente e/ou inovadora no

tratamento destes recursos.

5.1. Boras, Suécia

Enquanto os governos municipais do Brasil estão focados na criação de

aterros sanitários para a erradicação dos lixões, cidades como Boras, na Suécia,

apostam em outras alternativas para reciclar ao máximo e reaproveitar tudo o que for

possível do lixo domiciliar. Usinas de biogás, centros de reciclagem, incineração e a

participação da população fazem parte de toda a política de lixo zero nos aterros

sanitários.

Esta cidade é um exemplo de caso de sucesso mundial, pois atualmente 99%

do lixo domiciliar recebe algum tipo de tratamento e apenas 1% é despejado nos

aterros sanitários. Apesar de ser uma cidade pequena, com um total de 106.000

habitantes em 2013, (Borås Stad, 2014), mostra que com um bom planejamento e

uma boa gestão os objetivos são alcançáveis, tanto que chega a importar lixo da

Noruega para a geração de energia, um dos objetivos principais do programa. São

geradas em torno de 44 mil toneladas de resíduos sólidos por ano, o equivalente 1,6

kg/dia para cada habitante .

São mais de 30 anos de planejamento da GRS que começou em 1986 com um

projeto piloto em 3.000 casas da cidade. Dez anos depois toda a cidade já estava

envolvida nessa transformação social. Com um plano de gestão que integra os setores

publico e privado, alinhando esforços de industrias, universidades e pesquisadores

  38  

chegou-se a tecnologias para o tratamento térmico e geração de biogás para

eletricidade e aquecimento.

A politica de gestão de resíduos sólidos é amparada por leis e taxas para o

deposito de lixo em aterros que aumentam proporcionalmente ao descarte nos

mesmos. O fácil acesso aos pontos de entrega voluntária e centros de reciclagem,

juntamente com as campanhas e ações de conscientização da população, vem

fazendo com que as quantidades enviadas aos aterros caia a cada ano.

Gráfico 3: Envio de RSU para Aterros Sanitários em Boras

Fonte: Zero waste solution of Borås (Sweden) -International cooperation for ECO-innovations

Por isso, os cidadãos são um fator critico de sucesso do projeto, onde as

crianças são ensinadas nas escolas sobre a importância e o funcionamento da gestão

dos resíduos. A cidade conta com 48.500 domicílios atendidos pelo sistema de coleta

porta-a-porta, 80 pontos de entrega voluntárias, com separação em 7 tipos (vidro,

metal, embalagens de plástico, jornal, embalagens de papel, lâmpadas e baterias e

lixo perigoso ou contaminante), 5 centros de reciclagem e 800 contêineres delivery.

A figura a seguir resume perfeitamente como o lixo é tratado pelos cidadãos e

encaminhados aos tratamentos adequados.

 

   

39  

Figura 5: Tratamento do Lixo em Boras

Fonte: Adaptado de Zero Waste Management in Borås

O lixo orgânico, composto apenas por restos de comida, é armazenado em

sacos pretos, fornecidos pela empresa responsável pela coleta, enquanto os rejeitos

que não são nem possíveis de serem reciclados, nem puramente orgânicos são

colocados em sacos brancos. A coleta de ambos é feita conjuntamente, e quando

chegam nas estações de tratamento, são separadas pela cor dos sacos por uma

máquina com tecnologia ótica.

Por outro lado os materiais recicláveis são levados aos pontos de entrega

voluntária e lá depositados em diferentes contêineres pelo próprio morador. Esses

pontos de entrega voluntária são escolhidos estrategicamente para facilitar o retorno

do material, como por exemplo em praças, perto de centros comerciais e

supermercados.

  40  

Figura 6: Pontos de Entrega Voluntária de materiais recicláveis em Boras;

Fonte: Boras Energi Miljo

Nos cinco centros de reciclagem, que funcionam alternadamente de acordo

com os horários disponíveis na internet, existem funcionários responsáveis por

oferecer suporte aos cidadãos, dando conselhos sobre como tratar o lixo e depositá-

los nos pontos de entrega voluntária. Podemos perceber que ,neste tipo de sistema, a

população participa ativamente, desde a separação até a disposição dos recicláveis

nos pontos de reciclagem.

Outra alternativa ao cidadão, criada pelo governo para incentivar a reciclagem

é o que eles chamam de sistema PANT. Nesse sistema os materiais de PET e as

garrafas de alumínio podem ser retornadas nos supermercados. Quando um destes

produtos é comprado, uma taxa extra pela embalagem é acrescentada no seu valor

final, que depende do peso do material. Quando as embalagens são trocadas nas

máquinas desses supermercados o consumidor recebe o valor correspondente a taxa

paga como crédito para compras no local. Com esse sistema tais materiais possuem

uma taxa de 90% de reciclagem em toda a Suécia.

Entretanto a fração de materiais reciclados não é das maiores do continente,

representando menos de 30% do total. O tratamento de incineração, ou seja,

 

   

41  

tratamento térmico, ainda é o mais utilizado.

Gráfico 4: Tratamentos do Lixo em Boras

Fonte: Adaptado de Zero Waste Management in Borås

 Porém, a taxa de resíduos enviados para tal tratamento vem se mantendo

constante ao longo dos anos.

Gráfico 5: Tratamento do Lixo em Boras ao longo dos anos

Fonte: Zero Waste Management in Borås

   

Biológico  30%  

Térmico  43%  

Reciglagem  27%  

Tratamentos  do  Lixo  em  Boras  

  42  

5.1.1. O Sistema Ótico

Conforme foi brevemente explicado, o sistema ótico cuida da fração não

reciclável do lixo domiciliar. Com a implementação do sistema, a coleta pode se dar de

forma conjunta dos matérias orgânicos e rejeitos, sem haver a mistura dos mesmos.

Isso facilitou a logística de coleta, de forma a precisar de menos caminhões e

funcionários para fazer a coleta, agilizando o processo e diminuindo dos custos de

operação.

Para avaliarmos os custos, tem-se que o custo de coleta pelo sistema ótico é

menor, pois o mesmo caminhão pode fazer o serviço para ambos os lixos. Por isso o

custo com uma coleta não seletiva é o primeiro custo a ser considerado. Como a

companhia de limpeza distribui as sacolas pretas e brancas este custo deve ser

incluído na contagem da operação do sistema, sendo o custo de sacolas orgânicas de

R$ 14,64 por família por ano e não orgânicas de R$21,14 por família por ano, num

total de R$ 35,78 por família anualmente. Além do custo das sacolas, o custo

operacional da planta se dá pelo gasto de pessoal, manutenção e peças, além de

água e energia.

O investimento inicial de uma planta que separa o lixo orgânico dos rejeitos, ou

seja, dois tipos de lixo, com capacidade anual de 30.000 toneladas custa cerca de R$

9.758.143,91, segundo a empresa responsável pela tecnologia (Optibag).

Para a solução completa do tratamento de Boras, deveriam também ser

levantados os custos das plantas de incineração de rejeitos e de geração de biogás.

Entretanto, o que interessa no estudo de caso apresentado é a tecnologia ainda pouco

difundida da seleção ótica.

5.1.2. Comentários sobre o Caso Boras

A instalação da seleção ótica possui um custo de implementação alto,

entretanto este é compensado pelos custos de diminuição da coleta e sua frequência.

A coleta conjunta permite mais rapidez ao processo e menos viagens até a fonte

geradora para recolhimento do lixo.

O alto envolvimento da população é destaque para que o sistema funcione

perfeitamente. Os contêineres de recicláveis, conforme mostrados no mapa nem

 

   

43  

sempre estão próximos das residências, o que mostra o comprometimento dos

habitantes da cidade.

Entretanto, um dos pontos fracos do sistema geral de GRS de Boras é a alta

quantidade de lixo enviada à incineração. Prática comum nos países com muitas

usinas já instalados, pois o custo de manter a usina parada é muito alto. Mesmo que

a incineração seja vista por alguns ambientalistas como uma metodologia não segura,

ela está presente nos tratamentos que devem ser dados ao lixo antes de ser disposto

em aterros. Por isso, Boras possui uma solução do ponto de vista de GRS eficiente,

fazendo com que pouco lixo seja enviado aos aterros.

A integração com as universidades faz com que novas tecnologias surjam e

que seja possível expandir à outras cidades do mundo. Boras têm exportado por meio

de parcerias com várias o seu modelo e suas práticas de GRS.

5.2. Barcelona, Espanha

A cidade de Barcelona é a capital da Catalunha e segunda maior cidade da

Espanha, com cerca de 1.611.822 em 2013 (Departament d'Estadística) habitantes e

101,4 km2. A geração de resíduos sólidos na cidade chega a 1,64 kg por habitante por

dia (Ajutament de Barcelona). Com os Jogos Olímpicos de 1992, a cidade passou por

grandes mudanças e uma das mais importantes foi a implementação, em parte da

cidade, de um novo sistema de coleta de lixo. Esse sistema de coleta de Barcelona

consiste na coleta pneumática subterrânea. Nessa época o sistema começou a ser

instalado nos novos prédios da vila Olímpicas, deixando uma grande obra de infra

estrutura para a cidade, que depois se expandiu a mais sete novas linhas

subterrâneas.

Em 2012, 39% do lixo gerado era encaminhado para a reciclagem e destes,

39% eram de compostos orgânicos. Os 61% restantes estão distribuídos em três tipos

de tratamento: Incineração, Digestão Anaeróbia e descarte em Aterro Sanitário (Itoiz,

Greenhouse Gases (GHG) emissions from Municipal Solid Waste of BARCELONA ,

2013).

  44  

 

Gráfico  6:  Tratamento  de  Resíduos  em  Barcelona    

Fonte:   Adaptado  de  Greenhouse  Gases   (GHG)   emissions   from  Municipal   Solid  Waste   of   BARCELONA,  Report  

O sistema de coleta pneumática consiste em comportas de deposito do lixo,

onde os mesmos caem até os contêineres, chamados estáticos, subterrâneos fixos

que são conectados por tubos com centrais de tratamento. Após depositados os sacos

de lixos ficam esperando a abertura do canal subterrâneos que acontece em horas

programadas, ou quando o contêiner está cheio, reconhecido pelo seu peso.

 

Figura  7:  Coleta  Pneumática  Barcelona    

Não há mistura entre o lixo orgânico e os rejeitos, pois eles entram por

comportas diferentes, ficam em contêineres diferentes e são transportados pelos tubos

separadamente. Através dos tubos os sacos são enviados a cerca de 80km por hora

às centrais de processamento que ficam nos arredores da cidade. Os materiais

24%  

24%  52%  

Tratamento  de  Resíduos  em  Barcelona  

Incineração  

Aterro  Sanitário  

Digestão  Anaeróbia  

 

   

45  

orgânicos seguem para a compostagem enquanto os rejeitos não recicláveis seguem

para a metanização (ou biogasificação) para a geração de biogás (Ajutament de

Barcelona).

Em locais onde esse sistema não pode ser implementado, como por exemplo

em regiões de alto relevo e para os matérias recicláveis existem os contêineres

específicos para vidros, plásticos e papeis. Esses contêineres, que são chamados de

sistema móvel, são esvaziados por caminhões que auxiliam o sistema de coleta. Os

contêineres só podem ser abertos por esses caminhões o que evita que pessoas

tentem retirar o lixo de dentro deles para a comercialização de recicláveis. Para

materiais de grande volume o cidadão podem contatar o serviço de coleta que é

gratuito.

 

Figura  8:  Coleta  por  Contêineres  Barcelona    

Fonte:  Barcelona  pel  Medi  Ambient

Os contêineres estão dispostos em no máximo 100m de distancia das

residências, em três tamanhos de acordo com a disponibilidade de espaço e a

quantidade de lixo a ser recebida no local. Os maiores, chamados de “Modelo

Barcelona” têm a capacidade de 3.200 litros, os médios para 1.700 e os pequenos

para 1.100, indicados para ladeiras e ruas estreitas (Ajutament de Barcelona).

Uma das maiores vantagens dos dois sistema de coleta, é que os moradores

podem depositar os seus lixos a qualquer hora do dia, o que não gera mal cheiro e

melhora o ambiente das ruas, sem as sacolas nas calcadas. Outro ponto importante

da coleta subterrânea é que com ela não é preciso o uso de caminhões circulando

pela cidade o que melhora o trânsito, gera menos emissão de gazes poluentes e

economiza em combustíveis e trabalhadores. Entretanto, em alguns pontos da cidade

o sistema de canais subterrâneos não estão disponíveis o que faz com que os

  46  

caminhões passem e recolham diretamente dos contêineres, como acontece com os

materiais reciclados.

Segundo o responsável pela administração do sistema na cidade, Albert

Mateu, vice presidente da Envac Iberia, empresa responsável pela instalação e

administração do sistema, não será possível atingir 100% da população da cidade

(Estadão, 2010). Isso porque os terrenos irregulares e morros inviabilizam a instalação

dos dutos. Entretanto a meta é chegar a uma cobertura de 70% até 2018. Em 2010

cerca de 30% do lixo gerado era coletado por esse sistema, distribuídos em uma rede

de cerca de 30km e mais de 1.500 comportas.

Os custos de implementação são bastante elevados, tendo a cidade já

investido mais de 150 milhões de euros no sistema, financiado pelo governo e pela

iniciativa privada, esta última principalmente em áreas de urbanização recente . Para

uma rede de coleta que atende cerca de 18 mil famílias, o valor estimado para a

implementação é de 50 milhões (Estadão, 2010). Entretanto, estima-se que a longo

prazo haja uma redução de 30 a 40% no custo da coleta.

Por outro lado há os que critiquem o sistema, como a ONG Recicloteca a qual

afirma que quando você deposita o lixo e não tem mais nenhum incômodo devido a

presença do mesmo você não será estimulado a reduzir o consumo (Recicloteca).

5.2.1. Comentários sobre o Caso Barcelona  

O modelo de coleta seletiva possui pontos fortes e fracos. Se avaliarmos os

pontos fortes, temos que com a coleta subterrânea haverá um menor número de

caminhões em circulação na cidade e com isso menor será a geração de GEE e o

trafego na cidade será melhor. Também serão necessários menos funcionários no

processo de coleta, visto que os próprios cidadãos são responsáveis por depositar o

lixo diretamente nas comportas.

O custo de manutenção é baixo, pois na maioria dos casos é possível

desobstruir a tubulação sem precisar perfurar o solo, entretanto, caso sejam

necessários reparos os mesmos podem possuir um custo bastante elevado. O sistema

ainda preocupa, pois é necessário um sistema de coleta de emergência no caso de

entupimento, o que pode vir a ser um custo a mais para a empresa gerenciadora

Como complicação para a implementação do sistema tem-se a necessidade de

grandes obras, com a abertura subterrânea de vias publicas, o que pode ser

 

   

47  

complicado em áreas altamente povoadas, ou de tráfego intenso. Tem-se ainda que

os custos de implementação são altos, e existe dificuldade de identificação das

pessoas que utilizam o sistema de forma incorreta, como por exemplo o despejo de

vidros.

O consumo de energia durante o funcionamento do processo é alto, devido a

sucção necessária para a movimentação das sacolas. Outro ponto a ser criticado é

que o desperdício de lixo por parte da população pode aumentar, visto que não se têm

a real noção de quanto lixo está sendo gerado.

5.3. São Francisco, Estados Unidos

A cidade de São Francisco, com população de aproximadamente 805.235

habitantes em 2012 e área de 121 km2, tem como objetivo a meta de “lixo zero” o que

para eles significa não enviar nenhum resíduo aos aterros sanitários e à incineração

até 2020. Para isso os produtos devem ser produzidos de forma a maximizar e

melhorar o uso, e, quando descartados, respeitar a hierarquia do lixo, já apresentada

anteriormente. Cada pessoa na cidade gera aproximadamente 1,7 kg de lixo por dia

(Gokaldas, 2012) e ainda mais da metade do que vai para os aterros poderia ser

enviados para a reciclagem ou compostagem.

Um incentivo para atingir a meta de zero resíduos dispostos em aterros é que a

cidade não possui um aterro, usando o Aterro de Altamont localizado a 72KM em

Livermore. O contrato estabelece 65 anos de utilização ou 15 milhões de toneladas, o

que deve ser atingido em 2015 ou 2016 (Gokaldas, 2012).

Portanto, para chegar ao objetivo foram elaboradas inúmeras formas de

envolver os cidadãos e empresas nesse novo estilo de vida. No site do departamento

de meio ambiente da cidade e região inúmeras são as informações disponíveis aos

moradores com o objetivo de orientá-los sobre como funcionam as leis, locais de

doações, formas de diminuição do consumo e tratamentos adequados aos diversos

tipos de lixo.

Com um conjunto de ações no âmbito legal, administrativo e mudanças sociais

eles estão conseguindo mudanças significativas nos padrões de consumo e

comportamento da sociedade. Essas mudanças podem ser observadas através dos

números, pois de 1990 a 2010 o aproveitamento de lixo saiu de 35% para 80%, tendo

  48  

recuperado em 2012 cerca de 428.048 toneladas de material (City Climate Leadership

Awards). Segundo os levantamentos feitos, os lixos domiciliares são compostos entre

40 e 50% por material orgânico e entre 12 e 15% por papeis possíveis de serem

reciclados (ESA, 2006). O primeiro gráfico apresenta o consumo de famílias únicas e o

segundo de famílias consideradas múltiplas, onde mais de uma família divide o

mesmo espaço e que representa quase metade da população.

Gráfico 7: Consumo de Single Families

Fonte: Waste characterization study San Francisco

Gráfico 8: Consumo de Multi Families

Fonte: Waste characterization study San Francisco

Outros  31%  

Papel  Reciclável  12%  

Outros  Recicláveis  

5%  

Comida  42%  

Outros  Compostáveis  

10%  Consumo  Single  Families  

Outros  37%  

Papel  Reciclável  17%  

Outros  Recicláveis  

8%  

Comida  30%  

Outros  Compostáveis  

9%  

Consumo  Multi  Families  

 

   

49  

5.3.1. Prevenir a geração de lixo

Para prevenir a geração do lixo que não pode nem ser compostado nem

reciclado, uma série de leis foram estabelecidas nos últimos anos. Desde de janeiro

de 2012 todas as lojas de varejo estão proibidas de fornecer sacolas plásticas

descartáveis e as lojas de alimento desde janeiro de 2013 (Department of City and

County of San Francisco). É possível obter sacolas comportáveis certificadas, de

papel com 40% de conteúdo reciclado pós consumo ou reutilizáveis que possam ser

lavadas e usadas por pelo menos 125 vezes. O consumidor deve pagar por, no

mínimo, 10 centavos de dólar por cada uma delas com o intuito de cobrir os custos

que os estabelecimentos têm com as sacolas. As multas para o não cumprimento da

lei, pelos estabelecimentos variam de 100 a 500 dólares.

Outra medida tomada foi a proibição de espuma de poliestireno nos recipientes

de embalagens de comida para entrega ou para levar. A exigência é que estes

recipientes sejam feitos de material compostável, ou seja, de papel ou fibra vegetal.

Também são aceitos embalagens de bio-plásticos à base de milho, soja, batata, ou

outra planta de amido ou reciclável: embalagens de alumínio e recipientes plásticos.

5.3.2. Programa “Fantastic Three

O Programa “Fantastic Three” (California Government, 2002) surgiu com um

projeto piloto, depois que um estudo em 1996 revelou que a cidade enviava 200 mil

toneladas de resíduos sólidos aos aterros por ano. Este estudo apresentou que 30%

do lixo era composto por restos de comida e junto com os restos orgânicos dos

jardins, poderiam chegar a 50% de redução de lixo nos aterros sanitários. Hoje, este

se tornou o maior programa de compostagem para o tratamento de alimentos nos

Estados Unidos com o processamento de 600 toneladas por dia.

A empresa Sunset Scavenger Company é responsável pela coleta dos

resíduos sólidos que hoje são separados entre orgânicos, recicláveis e rejeitos. Para

complementar o serviço a pessoas com dificuldades, como idosos ou deficientes,

estão disponíveis serviços de auxílio a separação, mediante o pagamento de taxas.

A reciclagem e compostagem se tornaram obrigatórias por parte dos cidadãos

da cidade, sendo de responsabilidade deles a separação entre o lixo para a

reciclagem, para a compostagem e rejeitos. São usadas lixeiras em três cores; azul

  50  

para a reciclagem, verde para a compostagem e preto para os rejeitos e o não

cumprimento da lei pode resultar em ônus, multas e outras taxas. Essas três lixeiras

são chamadas de “Sistema Três Fantásticos” e foi escolhido pela alta aceitação da

população, onde diversos bairros passaram por projetos pilotos diferentes. Tudo foi

finalmente decidido a partir do feedback dos moradores envolvidos, como o programa

de maior aceitação e o tamanho mais adequado das lixeiras externas, nas quais são

depositados os lixos a serem recolhidos. Essas lixeiras determinam o quanto aquela

residência pode produzir de lixo, então quanto maior a lixeira, maior a taxa a ser paga.

Os caminhões de recolhimento são divididos em dois compartimentos, um para

reciclados e outro para rejeitos, enquanto há um caminhão especifico para os

compostos orgânicos. Os resíduos orgânicos, somavam 14% do total coletado e os

recicláveis 32%, nos primeiros anos de expansão. No bairro piloto o reaproveitamento

chegou a taxa de 90%. Os orgânicos eram enviados diretamente a fábrica de

compostagem, e depois de tratados revendido como adubo para paisagismo em

mercados.

O programa se mostrou financeiramente viável, pois os custos a longo prazo

são equivalentes ao da coleta original. O investimento inicial se deu com a compra de

veículos com dupla compactação e de milhares de contêineres aos moradores.

Entretanto, devido a vida útil dos equipamentos, os antigos veículos já seriam trocados

em breve de qualquer forma, o que não prejudicou muito o equilíbrio financeiro da

empresa. Nenhuma taxa extra foi incluída aos moradores, pela compostagem ou

reciclagem, que continuaram a pagar a taxa normal de lixo. Caso ainda queiram

diminuir essa taxa, podem trocar o tamanho das lixeiras por lixeiras menores, que

possuem uma taxa menor.

O “Fantastic Three” se tornou o grande marco de São Francisco em busca da

política do Lixo Zero e tem mostrado uma grande aceitação por parte dos cidadãos.

Quanto ao governo e o setor privado, continuam a elaborar estratégias conjuntas no

desenvolvimento e comercialização dos produtos para evitar que os mesmos não

possam ser reciclados ou compostados.

5.3.3. Outras Iniciativas

Preocupados com a quantidade de têxtil enviada aos aterros, o governo e as

ONGs de São Francisco decidiram mapear pontos de reciclagem de sapatos e roupas.

 

   

51  

São mais de 100 pontos de entrega. A preocupação se dá pois a São Francisco ainda

despeja mais de 2000 kg de têxtil por hora em aterros sanitários. São roupas, sapatos,

roupa de cama, e banho que poderiam ganhar vida nova sendo doados ou reciclados

em forma de material de isolamento, novos fios, bichos de pelúcias, entre outras

utilidades. No site do Governo, basta procurar os pontos de doação colocando o

endereço ou visualizando todas as opções, que aparecem na figura abaixo.

Figura 9: Pontos de Entrega Voluntária de Têxtil em São Francisco

Fonte: SF Environment

Com todas essas práticas o governo acredita que incentivando a reciclagem e

compostagem e banindo a venda de produtos não recicláveis por meio de acordo com

os produtores e elaboração de novas leis será possível chegar ao desperdício zero.

5.3.4. Avaliação do Caso São Francisco

O sistema de São Francisco se destaca pelos altos índices de compostagem e

nenhuma incineração. O investimento feito para compensar a queima do lixo passa

pelo alto grau de envolvimento e participação da população, não apenas separando o

lixo, mas gerando o mínimo possível. Se levarmos em conta a média dos Estados

Unidos de 2,58 kg por habitante por dia, São Francisco com 1,7 kg por habitante por

dia parece estar conseguindo atingir o seu objetivo.

A compostagem adotada na cidade pode ser facilmente replicada, não

necessariamente utilizando o sistema de caminhões compartilhados.

  52  

6. INDICAÇÕES PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Nem todos os países, cidades ou regiões são iguais, existem aspectos sociais,

econômicos, culturais entre outros que proporcionarão projetos completamente

diferentes. Sendo assim, após a análise das boas práticas apresentadas um

compilado de possíveis estruturas a serem implementadas no Rio de Janeiro será

indicado. Vale lembrar que as soluções propostas nesta seção já estão em

funcionamento em outros lugares, o que demonstra a viabilidade técnica.

Mesmo se a maior parte das referências em GRS levaram cerca de duas

décadas para chegar aos níveis atuais, o Rio de Janeiro tem um grande potencial de

implementar a politica de Resíduo Zero em bem menos tempo. As tecnologias e

metodologias já estão disponíveis, faltando apenas a dedicação e iniciativa dos

Governos para escolher e implementar as mais adequadas para a cidade. Sendo

assim, será analisada a proposta de 25% da prefeitura e serão indicadas sugestões

para que o município possa atingir 100% de reciclagem dos resíduos sólidos gerados

pelos domicílios, com dimensionamento e estudo de macro localização do modelo

indicado.

A principal conclusão que se pode chegar dos casos estudados é que para

uma política eficiente de GRS é preciso haver a separação do lixo em três: orgânicos,

recicláveis e rejeitos. Essa separação valoriza o material reciclado, diminui a emissão

de GEE com o tratamento de orgânicos e amplia a vida útil dos aterros sanitários.

Para a cidade do Rio de Janeiro, será adotada uma política contra a

incineração do lixo, como a da cidade de São Francisco, tentando fazer a melhor

separação e tratamento para esses materiais descartados. Isso porque a incineração

e o tratamento térmico ainda geram muitas polêmicas no mundo e seus riscos e alto

custo de implementação não compensam a sua adoção imediata pela cidade. Além

disso, em se tratando dos Governos Brasileiros, com o foco na incineração a

tendência é a combustão completa do lixo, sem nenhum tipo de seleção, como por

exemplo está planejado para o caso da usina de São Bernardo.

Uma cidade com mais de seis milhões de habitantes e com a extensão do Rio

de Janeiro pode ser difícil de administrar se o dimensionamento e a localização das

alternativas não forem bem propostas. Por isso, apesar do Governo Municipal propor a

 

   

53  

meta de 25% de reciclagem até final de 2016 o trabalho visa propor o que é

efetivamente necessário para atingirmos os 100% dos resíduos sólidos domiciliares .

Isso porque, mesmo a meta sendo para os resíduos sólidos urbanos, conforme já

mencionado a metodologia de coleta para uma eficiência da separação de materiais

do lixo público merece um estudo a parte.

As próximas seções tratarão de sugestões para a coleta de resíduos orgânicos

e rejeitos e sugestões para a coleta seletiva no município. Para a coleta seletiva três

alternativas serão apresentadas a partir do que é feito atualmente pela prefeitura e do

estado da técnica.

6.1. Sugestões para a Coleta de Resíduos Orgânicos e Rejeitos

Após estudo das alternativas e análise dos pontos fortes e fracos de cada uma

delas, a proposição apresentada a seguir é uma mistura dos casos apresentados.

A indicação é de que a coleta porta a porta do material orgânico e dos rejeitos

deva ser realizada em caminhões únicos com sacos em cores diferentes para

resíduos orgânicos e rejeitos, seguindo o mesmo modelo aplicado em Boras. Essa

solução permite que os tipos de rejeitos possam ser transportados juntos e separados

no destino, simplificando as rotas de transporte e economizando com a coleta.

Estações de compostagem podem ser criadas próximas aos aterros sanitários, visto

que atualmente eles se localizam em áreas fora do município, dentro da Região

Metropolitana do Estado e com espaço disponível.

Pela cidade do Rio de Janeiro possuir uma densidade demográfica elevada e

terrenos muito irregulares, o sistema de coleta pneumática subterrânea se tornaria

parcialmente eficiente e muito caro para a implementação. Poderia até ser testado

este sistema em áreas como a Zona Oeste onde há grande potencial de crescimento

da população e expansão de prédios e condomínios, mas para as outras áreas

urbanas o sistema poderia gerar muitos transtornos, principalmente para o trânsito.

O sistema de contêineres para o lixo orgânico se torna muito preocupante na

cidade, visto que na maior parte do ano as temperaturas são elevadas o que acelera a

decomposição do material. Por isso, os contêineres teriam que ser higienizados e

esvaziados com uma frequência muito maior do que em Barcelona, causando muitos

  54  

transtornos às equipes de limpeza e coleta.

6.2. Sugestões Para a Coleta Seletiva

Quanto a coleta seletiva, é preciso avaliar se a melhor solução é continuar com

o serviço de coleta porta a porta ou por meio de contêineres. Isso porque, devido a

densidade demográfica da cidade, seriam necessários muitos contêineres ou uma

coleta mais frequente, podendo chegar a coleta diária. Sendo assim, é preciso calcular

o número de contêineres e de centrais de triagem necessários para os RS domiciliares

gerados.

A seguir serão apresentadas as quatro áreas de planejamento seguindo a

meta da prefeitura para atingir 25% dos resíduos sólidos domiciliares. É possível

perceber que as seis centrais de triagem propostas não serão suficientes para atender

a necessidade da cidade, mesmo considerando esta meta. Também será feito um

cálculo de usinas de triagem para os 100% de triagem, objetivo do trabalho, bem

como o dimensionamento de viagens de caminhões necessárias. Por fim, serão

apresentadas três indicações de alternativas para o município.

6.2.1. Áreas de Planejamento

As Áreas de Planejamento possuem seis centrais de triagem previstas pela a

Prefeitura do Rio de Janeiro, e estas serão consideradas nas soluções propostas. As

Áreas de Planejamento servem para auxiliar a Prefeitura em sua distribuição de

pontos de triagem, estações de transferências e definição de rotas. Cada uma delas

possui suas peculiaridades que serão apresentadas.

A Prefeitura traçou metas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

para os anos de 2013, 2016 e 2020. Entre as metas estipuladas, tem-se a coleta dos

materiais recicláveis da cidade, com uma alternativa técnica, econômica e

ambientalmente viável. A meta de 5% dos resíduos domiciliares proposta para 2013

não foi cumprida, e a estipulada para 2016 foi de 25% de toda a cidade. Nenhuma

meta foi traçada para 2020 (Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2012) e não há

previsão para o tratamento de 100% destes resíduos recicláveis.

 

   

55  

Sendo assim, uma análise desse dimensionamento de centrais de triagem será

feita para as cinco áreas administrativas. Foi usado como parâmetro 40%, média dos

recicláveis no município do Rio de Janeiro, para o cálculo de recicláveis do total

gerado de RS domiciliares.

As análises das APs que serão apresentadas a seguir se propõem a cumprir a

meta da prefeitura de 25% de reciclagem, com o foco no lixo domiciliar. Após esta

apresentação de dimensionamento para 25%, serão apresentadas as alternativas para

a triagem de 100% dos resíduos sólidos domiciliares do município.

Área de Planejamento 1

Mesmo composta por seis regiões Administrativas e 15 bairros essa é a menor

área de planejamento da cidade, que ocupa cerca de 2,8% do território municipal.

Também é a mais atípica porque a conta com poucos domicílios e muitos escritórios,

são apenas 297.976 pessoas que moram em 117.481 domicílios . Por isso, a geração

de lixo domiciliar urbano foi de 115.237 toneladas em 2012, representando pouco

menos de 6% do total gerado no município.

Entretanto, por estar localizada perto da AP 2 e possuir terrenos mais baratos é

fácil a instalação de centrais de triagem e transferência do lixo, a Prefeitura considera

a área estratégica. Mesmo assim apenas a instalação de uma central de triagem na

região está prevista, porém esta tem capacidade de 30 t/dia.

Para satisfazer as metas da prefeitura, a central terá capacidade para atender

apenas a zona central. Para atender principalmente a AP 2, seriam necessárias pelo

menos três centrais com capacidade de 30t/dia. Qualquer área localizada na região

central seria estratégica, não tendo uma importância fundamental o bairro exato.

Área de Planejamento 2

A Área de Planejamento 2, formada majoritariamente por bairros da Zona Sul,

é composta por seis Regiões Administrativas e 25 bairros, e ocupa apenas 8,2% da

área total do município. As regiões administrativas da Tijuca e de Vila Isabel também

fazem parte da AP 2. A população total em 2010 era de 909.368 habitantes,

correspondendo a 16% da população da cidade e 18,9% dos domicílios.

Essa parte da cidade é a mais turística e conta com bairros tradicionais da

cidade como Copacabana. O contraste entre a população classe A do Rio de Janeiro

e a das favelas está presente por todos os lados.

  56  

A região da Zona Sul gera pouco mais de dois terços dos resíduos sólidos, que

no total dessa área de planejamento chega a 300 mil toneladas por ano ou 15% do

produzido na cidade. Entretanto, a região não conta com nenhuma central de triagem

do lixo planejada pela prefeitura e dificilmente contará. Por ser uma região turística, de

alto poder aquisitivo, alta densidade demográfica e pouco espaço disponível, o

Governo Municipal, sempre que puder, optará por outra área para tratar esses

resíduos. A alternativa tem sido a AP 1, que deverá suprir as 82 t/dia a serem triados

para ajudar a prefeitura alcançar a sua meta.

Devido a todos esses pontos envolvendo a disponibilidade de locais e o alto

custo, a solução mais adequada continua sendo a região central.

Área de Planejamento 3

A Área de Planejamento 3, conhecida como Zona Norte, é a região com maior

número de bairros, sendo 80 no total, distribuídos em 13 Regiões Administrativas.

Com 16,6% do território, é a área de maior população da cidade, cerca de 2.198.528

habitantes em 2010, correspondendo a 37% da população total.

Com a maior população do Rio de Janeiro essa área de planejamento também

é a que mais gera lixo por ano, quase 35% dele. As duas centrais previstas nessa

área possuem a capacidade de processamento de 20 t/dia cada uma delas, sendo

10% do necessário. O governo cometeu um grande erro em construir centrais com

capacidades menores nessa AP, e por isso serão necessárias mais centrais para

atender a geração.

Seguindo a mesma lógica da meta da prefeitura para 2016, seria necessário o

processamento de 187,6 t/dia. Se retirarmos as 40 já planejadas, ainda seriam

necessárias pelo menos outras 7 unidades com a mesma capacidade, menos

unidades com capacidades maiores ou expandir as já existentes.

A região possui sete sub-regiões de planejamento, conforme a tabela abaixo

podemos analisar a geração de lixo em cada uma delas no ano de 2012.

Sub Área de Planejamento

Áreas Administrativas

Toneladas de Lixo Domiciliar em 2012

Região de Planejamento 3.1 - Ramos 76 798

X Ramos 51 199

XXX Maré 25 600

 

   

57  

Região de Planejamento 3.2 - Méier 100 936

XIII Méier 100 936

XXVIII Jacarezinho ...

Região de Planejamento 3.3 - Madureira 174 052

XIV Irajá 59 740

XV Madureira 114 312

Região de Planejamento 3.4 - Inhaúma 63 088

XII Inhaúma 54 555

XXIX Complexo do Alemão 8 533

Região de Planejamento 3.5 - Penha 101 401

XI Penha 62 533

XXXI Vigário Geral 38 869

Região de Planejamento 3.6 - Pavuna 96 768

XXII Anchieta 51 949

XXV Pavuna 44 818

Região de Planejamento 3.7 - Ilha do Governador 71 804

XX Ilha do Governador 71 804

Tabela  9:  Toneladas  de  Lixo  Domiciliar  em  2012  AP3    

Fonte:  Elaboração  Própria

As regiões 3.3 e 3.5 já possuem as centrais planejadas pelo governo. Portanto,

em busca de localizar as centrais mais próximas possíveis das fontes geradoras serão

priorizadas as com maior geração após as já estabelecidas pelo governo. Portanto, as

centrais de maior capacidade devem ser instaladas em ordem de preferencia no

Meier, Anchieta, Ramos, Ilha do Governador e Inhaúma.

Área de Planejamento 4

A Área de Planejamento 4, nomeada de Baixada de Jacarepaguá, é composta

por 3 Regiões Administrativas e 19 bairros, e ocupa 24% da área total do município. A

sua população em 2010 era de 909.368 habitantes, correspondendo a 14,4% da

população da cidade. É uma área que vem apresentando grande crescimento do

mercado imobiliário e a qual, em 2004, correspondeu a 69,3% dos lançamentos do Rio

de Janeiro.

Em 2012 foram geradas 313.648 toneladas de resíduos domiciliares, quase

860 toneladas por dia. Mesmo com tantos resíduos sólidos sendo produzidos, o

Governo Municipal planejou a instalação de somente uma unidade de triagem de

matérias recicláveis. Essa unidade, que será localizada em Vargem Grande, será

capaz de processar 20 toneladas por dia. Levando em consideração os 40% de

  58  

materiais possíveis de serem reciclados na cidade, teríamos 343 toneladas por dia.

Com apenas essa central na região a seleção de recicláveis não chegaria a 6%,

estando muito longe dos 25% almejados pela Prefeitura.

Para alcançar a meta, e atender às 85 toneladas correspondentes, seriam

necessárias duas usinas de 30t/dia ou três de 20t/dia, estando ainda abaixo do

necessário. Tais usinas deveriam estar localizadas na Região Administrativa de

Jacarepaguá, que é a parte mais populosa e que sozinha produz quase 200 mil

toneladas por ano de resíduos sólidos.

Área de Planejamento 5

A Área de Planejamento 5, ou Zona Oeste, é composta por 5 Regiões

Administrativas e 20 bairros, e corresponde a maior área de planejamento da cidade,

ocupando quase a metade da mesma com 48,4% do território. A sua população em

2010 era de 909.368 habitantes, correspondendo a 26,8% da população da cidade e

cerca de 25% dos municípios.

A segunda área mais populosa, também é a segunda em geração de lixo, com

464.016 toneladas por ano de resíduos sólidos domiciliares gerados em 2012. Para a

triagem de 25% desses resíduos é necessário o processamento de 127 t/dia. Apesar

de ter o planejamento de 60 t/dia em duas usinas com capacidade de 30t/dia cada

uma delas, ainda falta mais da metade. Como a região tem uma baixa densidade

demográfica, com grandes terrenos e um crescimento populacional previsto

considerável, aqui proponho uma usina com uma capacidade maior. Uma central de

triagem com o dobro da capacidade-padrão que está sendo usada pela prefeitura.

Em 200 a renda per capita da região era pouco menos de dois salários

mínimos da época e correspondia a R$282,10, inferior a da cidade, a qual era em

torno de R$ 600,00. Esse fator pode se mostrar um aliado à instalação da usina no

local, gerando emprego e renda à população, além de estar localizada perto da

estrada que liga Rio de Janeiro à São Paulo, podendo escoar as matérias primas para

industrias da região.

6.2.2. Indicações

A medida proposta pela prefeitura é paliativa para o real problema que a

cidade enfrenta todos os dias enviando mais de duas mil toneladas de materiais

 

   

59  

recicláveis aos aterros. Sendo assim, serão apresentados os cálculos feitos para a

indicação de pontos de triagem, contêineres e caminhões necessários para uma

melhor eficiência do sistema de coleta seletiva sugerido para a cidade do Rio de

Janeiro visando os 100%.

6.2.2.1. Pontos de Triagem

Dos seis pontos de triagem, três deles com capacidade de 30 t/dia e os outros

com capacidade de 20 t/dia. Isso corresponde a separação de 150 t/dia de material

reciclável, tendo que em 2012 foram geradas 1.825.992,8 de toneladas de resíduos

sólidos domiciliares o que corresponde a 5002,72 t/dia. Usando a média de 40% de

recicláveis, temos pouco mais de 2000 t/dia. Sendo assim a capacidade destas seis

usinas fica em torno de 7,5% de processamento.

Tendo em vista que a população do município terá um baixo crescimento

populacional nos próximos anos, o planejamento será feito para a população atual da

cidade.

A usina de Irajá, recém inaugurada conta com 12 mesas de separação e 48

catadores por turno, portanto quatro deles por mesa. Os funcionários, que somam 200

no total, trabalham em dois turnos. Tendo em vista que a capacidade da usina é de 20

t/dia, teremos uma média de processamento de 1,67 t em cada mesa por dia. Essa

será a medida padrão utilizada para fins de cálculo de capacidade.

Para o processamento de 100% dos resíduos recicláveis de cada Área de

Planejamento, podemos fazer o cálculo de quantas mesas são necessárias para o

processamento dos mesmos. Saber a quantidade de mesas necessárias ajuda na

elaboração de possíveis centrais de tamanhos diferentes, caso seja necessário.

Região Administrativa

Toneladas de Resíduos Sólidos Domiciliares/Ano

Toneladas de Resíduos Sólidos Domiciliares/Dia

Tonelada de Resíduos Sólidos Domiciliares Recicláveis/Dia

Quantidade de Mesas Necessárias (número de mesas)

AP1 126.3 75.78

I Portuária 15088.2 41.3 16.5 9.9

II Centro 41613.6 114.0 45.6 27.4

III Rio Comprido 18731.1 51.3 20.5 12.3

VII São Cristóvão 19467.6 53.3 21.3 12.8

XXI Paquetá 1364.1 3.7 1.5 0.9

XXIII Santa Teresa 18972.3 52.0 20.8 12.5

  60  

AP2 330.7 198.4

IV Botafogo 70616.0 193.5 77.4 46.4

V Copacabana 48724.6 133.5 53.4 32.0

VI Lagoa 59116.7 162.0 64.8 38.9

XXVII Rocinha 25335.7 69.4 27.8 16.7

VIII Tijuca 49816.9 136.5 54.6 32.8

IX Vila Isabel 48191.3 132.0 52.8 31.7

AP3 750.5 450.3

X Ramos 51199.0 140.3 56.1 33.7

XXX Maré 25599.5 70.1 28.1 16.8

XIII Méier 100936.4 276.5 110.6 66.4

XXVIII Jacarezinho - -

-

XIV Irajá 59739.8 163.7 65.5 39.3

XV Madureira 114312.1 313.2 125.3 75.2

XII Inhaúma 54555.1 149.5 59.8 35.9

XXIX Complexo do Alemão 8533.2 23.4 9.4 5.6

XI Penha 62532.5 171.3 68.5 41.1

XXXI Vigário Geral 38868.9 106.5 42.6 25.6

XXII Anchieta 51949.2 142.3 56.9 34.2

XXV Pavuna 44818.5 122.8 49.1 29.5

XX Ilha do Governador 71803.7 196.7 78.7 47.2

AP4 343.7 206.2

XVI Jacarepaguá 191345.8 524.2 209.7 125.8

XXXIV Cidade de Deus 12213.6 33.5 13.4 8.0

XXIV Barra da Tijuca 110088.2 301.6 120.6 72.4

AP5 508.5 305.1

XVII Bangu 100572.4 275.5 110.2 66.1

XXXIII Realengo 58948.2 161.5 64.6 38.8

XVIII Campo Grande 168252.3 461.0 184.4 110.6

XIX Santa Cruz 95807.0 262.5 105.0 63.0

XXVI Guaratiba 40436.3 110.8 44.3 26.6

Tabela  10:  Quantidade  de  Mesas  de  Triagem  Necessárias    

Fonte:  Elaboração  Própria

Após o número de mesas necessárias ser definido, pode-se estimar a

quantidade de centrais pela capacidade a qual ela processará diariamente. Sendo

assim, uma central com capacidade de 20t/dia terá 12 mesas, uma com 30 t/dia terá

18 mesas e uma com 50 t/dia terá 30 mesas. A central com capacidade de 50t/dia foi

proposta pois existem áreas com grande geração, o que pode ser mais fácil encontrar

locais para a instalação de uma central maior do que de pequenas centrais.

Região Administrativa

Quantidade de Mesas Necessárias (número de mesas)

Centrais com Capacidade de 20 Toneladas/dia (número de centrais)

Centrais com Capacidade de 30 Toneladas/dia (número de centrais)

Centrais com Capacidade de 50 Toneladas/dia (número de centrais)

AP1 75.78 6.3 5.1 2.5

 

   

61  

I Portuária 9.9 0.8 0.7 0.3

II Centro 27.4 2.3 1.8 0.9

III Rio Comprido 12.3 1.0 0.8 0.4

VII São Cristóvão 12.8 1.1 0.9 0.4

XXI Paquetá 0.9 0.1 0.1 0.0

XXIII Santa Teresa 12.5 1.0 0.8 0.4

AP2 198.4 16.5 13.2 6.6

IV Botafogo 46.4 3.9 3.1 1.5

V Copacabana 32.0 2.7 2.1 1.1

VI Lagoa 38.9 3.2 2.6 1.3

XXVII Rocinha 16.7 1.4 1.1 0.6

VIII Tijuca 32.8 2.7 2.2 1.1

IX Vila Isabel 31.7 2.6 2.1 1.1

AP3 450.3 37.5 30.0 15.0

X Ramos 33.7 2.8 2.2 1.1

XXX Maré 16.8 1.4 1.1 0.6

XIII Méier 66.4 5.5 4.4 2.2

XXVIII Jacarezinho - - - -

XIV Irajá 39.3 3.3 2.6 1.3

XV Madureira 75.2 6.3 5.0 2.5

XII Inhaúma 35.9 3.0 2.4 1.2

XXIX Complexo do Alemão 5.6 0.5 0.4 0.2

XI Penha 41.1 3.4 2.7 1.4

XXXI Vigário Geral 25.6 2.1 1.7 0.9

XXII Anchieta 34.2 2.8 2.3 1.1

XXV Pavuna 29.5 2.5 2.0 1.0

XX Ilha do Governador 47.2 3.9 3.1 1.6

AP4 206.2 17.2 13.7 6.9

XVI Jacarepaguá 125.8 10.5 8.4 4.2

XXXIV Cidade de Deus 8.0 0.7 0.5 0.3

XXIV Barra da Tijuca 72.4 6.0 4.8 2.4

AP5 305.1 25.4 20.3 10.2

XVII Bangu 66.1 5.5 4.4 2.2

XXXIII Realengo 38.8 3.2 2.6 1.3

XVIII Campo Grande 110.6 9.2 7.4 3.7

XIX Santa Cruz 63.0 5.2 4.2 2.1

XXVI Guaratiba 26.6 2.2 1.8 0.9

Tabela  11:  Quantidade  de  Centrais  Necessárias  

Fonte:  Elaboração  Própria

6.2.2.2. Caminhões

Os caminhões adotados pela COMLURB para coleta de resíduos sólidos são

do tipo caminhão caçamba compactadora e possuem quatro tipos, sendo 6 m3, de 15

  62  

m3 e de 19 m3. Os caminhões podem comportar, respectivamente, entre 3 e 5

toneladas, entre 8 e 10 toneladas e entre 12 e 15 toneladas. O tempo de enchimento

também é de, respectivamente, 2 horas, 3 horas e dez minutos e 3 horas e 30 minutos

(Turiano).

Como a coleta seletiva na cidade é realizada duas vezes por semana, o cálculo

das viagens se deu multiplicando a necessidade de mesas por dia vezes 3.5 dias.

Sendo assim, temos uma estimativa de quantas viagens precisam ser realizadas com

a coleta duas vezes por semana.

          Coleta Seletiva 2 vezes por semana

Região Administrativa

Quantidade de Mesas Necessárias (número de mesas)

Viagens em Caminhão

Pequeno até 6 m3 (número de

viagens)

Viagens em Caminhão Médio

até 15 m3 (número de

viagens)

Viagens em Caminhão Grande

até 19 m3 (número de

viagens)

3 t 5 t 8 t 10 t 12 t 15 t

AP1 75.78 88.4 53.0 33.2 26.5 22.1 17.7

I Portuária 9.9 11.6 6.9 4.3 3.5 2.9 2.3

II Centro 27.4 31.9 19.2 12.0 9.6 8.0 6.4

III Rio Comprido 12.3 14.4 8.6 5.4 4.3 3.6 2.9

VII São Cristóvão 12.8 14.9 9.0 5.6 4.5 3.7 3.0

XXI Paquetá 0.9 1.0 0.6 0.4 0.3 0.3 0.2

XXIII Santa Teresa 12.5 14.6 8.7 5.5 4.4 3.6 2.9

AP2 198.4 231.5 138.9 86.8 69.4 57.9 46.3

IV Botafogo 46.4 54.2 32.5 20.3 16.3 13.5 10.8

V Copacabana 32.0 37.4 22.4 14.0 11.2 9.3 7.5

VI Lagoa 38.9 45.3 27.2 17.0 13.6 11.3 9.1

XXVII Rocinha 16.7 19.4 11.7 7.3 5.8 4.9 3.9

VIII Tijuca 32.8 38.2 22.9 14.3 11.5 9.6 7.6

IX Vila Isabel 31.7 37.0 22.2 13.9 11.1 9.2 7.4

AP3 450.3 525.4 315.2 197.0 157.6 131.3 105.1

X Ramos 33.7 39.3 23.6 14.7 11.8 9.8 7.9

XXX Maré 16.8 19.6 11.8 7.4 5.9 4.9 3.9

XIII Méier 66.4 77.4 46.5 29.0 23.2 19.4 15.5

XXVIII Jacarezinho - - - - - - -

XIV Irajá 39.3 45.8 27.5 17.2 13.7 11.5 9.2

XV Madureira 75.2 87.7 52.6 32.9 26.3 21.9 17.5

XII Inhaúma 35.9 41.9 25.1 15.7 12.6 10.5 8.4

XXIX Complexo do Alemão 5.6 6.5 3.9 2.5 2.0 1.6 1.3

XI Penha 41.1 48.0 28.8 18.0 14.4 12.0 9.6

XXXI Vigário Geral 25.6 29.8 17.9 11.2 8.9 7.5 6.0

XXII Anchieta 34.2 39.9 23.9 14.9 12.0 10.0 8.0

XXV Pavuna 29.5 34.4 20.6 12.9 10.3 8.6 6.9

XX Ilha do Governador 47.2 55.1 33.0 20.7 16.5 13.8 11.0

 

   

63  

AP4 206.2 240.6 144.4 90.2 72.2 60.1 48.1

XVI Jacarepaguá 125.8 146.8 88.1 55.0 44.0 36.7 29.4

XXXIV Cidade de Deus 8.0 9.4 5.6 3.5 2.8 2.3 1.9

XXIV Barra da Tijuca 72.4 84.5 50.7 31.7 25.3 21.1 16.9

AP5 305.1 356.0 213.6 133.5 106.8 89.0 71.2

XVII Bangu 66.1 77.2 46.3 28.9 23.1 19.3 15.4

XXXIII Realengo 38.8 45.2 27.1 17.0 13.6 11.3 9.0

XVIII Campo Grande 110.6 129.1 77.4 48.4 38.7 32.3 25.8

XIX Santa Cruz 63.0 73.5 44.1 27.6 22.0 18.4 14.7

XXVI Guaratiba 26.6 31.0 18.6 11.6 9.3 7.8 6.2 Tabela  12:  Quantidade  de  Viagens  Necessárias  por  tipo  de  Caminhão    

Fonte:  Elaboração  Própria  

6.2.2.3. Contêineres

Caso seja adotado o modelo com contêineres dispostos nas ruas, devemos

avaliar quantos seriam necessários para suprir a geração da cidade.

Usando Boras como parâmetro, podemos avaliar a quantidade máximo de

pontos de entrega voluntária, com as mesmas separações de contêineres e centros de

reciclagem que seriam necessários no Rio de Janeiro.

Boras Rio de Janeiro

Domicílios (em número de domicílios) 50000

Domicílios (em número de domicílios) 2408019 População Urbana ( em número de habitantes) 66273

População ( em número de habitantes) 6305279

Território Urbano ( km2) 30

Território (km2) 1225

Pontos de Entreva Voluntária (PEV) ( em número de PEV) 80

Pontos de Entrega Voluntária ( em número de PEV)- Parâmetro Habitantes 7611

Centros de Reciclagem (CR) (em número de CR) 7

Pontos de Entrega Voluntária (em número de PEV)- Parâmento Domicílios 3853

Habitantes/PEV 828

Pontos de Entrega Voluntária (em número de PEV)- Parâmento Território 3309

Domicílios/PEV 625

Centros de Reciclagem (em número de CR)- Parâmetro Habitantes 666

Território/PEV 0

Centros de Reciclagem (em número de CR)- Parâmetro Domicílios 254

Habitantes/CR 9468

Centros de Reciclagem (em número de CR)- Parâmetro Território 289

Domicílios/CR 7143

Território/CR 4

Tabela  13:  Quantidade  de  PEV  e  CR  usando  o  parâmetro  Boras  

Fonte:  Elaboração  Própria

  64  

O pior dos casos seria a quantidade máxima de contêineres dispostos na

cidade, pois a coleta precisaria se ocupar de todos eles. Sendo assim, a referência de

PEV por habitante ou Centros de reciclagem por habitante são os mais adequados a

serem adotados. Seriam mais de 7.600 contêineres dispostos por toda a cidade e

mais de 660 centros de reciclagem.

Aqui a questão da viabilidade merece um estudo de microlocalização,

principalmente para ruas com altíssima densidade demográfica. Isso porque poderia

ser ineficiente um contêiner a cada esquina, ou com coleta mais frequente.

Para usar o caso de Barcelona como parâmetro, poderíamos avaliar a

quantidade contêineres que seriam necessários no Rio de Janeiro usando a

metodologia de geração per capta. Isso porque parte da cidade está coberta pela

coleta pneumática e não há a divulgação do número de contêineres e quantos

habitantes eles atendem. A única indicação existente é que existem contêineres a, no

máximo, 100 m de cada residência. Entretanto, surgiriam problemas novamente com

ruas e regiões densamente povoadas.

Não tendo sido possível encontrar os valores exatos de equivalência entre o

peso e o volume do lixo gerado no Rio de Janeiro, a análise ficou comprometida. Por

isso, um estudo de densidade do lixo da cidade deveria ser feito antes do

dimensionamento dos contêineres no modelo Barcelona.

6.3. Estado da Técnica

Após a pesquisa sobre máquinas capazes de processar mais rapidamente a

triagem dos materiais, foi encontrada uma empresa que muito tem investido nas

patentes da tecnologia de separação do papel. A primeira empresa do CP Group (CP

Manufactoring), IMS Recycling Systems surgiu em 1954, com seu fundador

comprando e vendendo sucata metálica. Depois de um programa de recuperação de

latas de alumínio na década de 1970 o grupo começou a expandir.

Na década de 80 a empresa começou a reconhecer a tendência do mercado

de separação do lixo municipal reciclável e em 1990 foi instalado o primeiro sistema

de separação do lixo. Em 2005 começou a sua expansão internacional após a

aquisição de diversas empresas nos EUA. Hoje o Grupo fornece equipamento para

seis continentes e possui mais de 400 plantas de recuperação de recicláveis.

 

   

65  

Com patentes sobre separação de papéis para a reciclagem, eles possuem

plantas para a separação de diversos tipos de materiais provenientes dos resíduos

sólidos urbanos. O Grupo, que se considera é líder mundial da indústria de Resíduos

Sólidos, possui uma instalação no Texas com capacidade de processamento de 35

t/h.

Se considerarmos o funcionamento da planta 24 horas por dia, ela seria capaz

de processar 840 toneladas de resíduos sólidos recicláveis por dia. É importante

lembrar que para o processamento desta máquina, apenas resíduos sólidos

recicláveis com separação prévia na fonte são aceitos.

6.4. Alternativas

Serão indicadas três alternativas para a triagem dos materiais recicláveis na

cidade do Rio de Janeiro. A primeira é uma composição do estado da técnica com o

aproveitamento da máquina supra citada. A segunda corresponde a solução atual

adotada pela prefeitura do Rio de Janeiro, de forma a cobrir 100% da geração dos

resíduos sólidos gerados, com centrais de triagem padrões. A ultima alternativa visa

centrais com a menor capacidade possível para que o deslocamento entre as fontes

geradoras e as centrais sejam pequenas.

6.4.1. Composição do Estado da Técnica com as soluções atuais

 O estado da técnica no Rio de Janeiro pode vir a ser uma solução para

desafogar a grande produção de resíduos sólidos na cidade. Por outro lado, se

tratando de uma solução parcialmente mecanizada, são necessários menos

empregados no processo de triagem o que diminui o espaço para a participação de

catadores no processo.

Com o desenvolvimento de alternativas para a coleta e separação do lixo

público e o desenvolvimento da população urbana do Rio de Janeiro, consumindo

mais e produzindo mais rejeitos, a tendência é aumentar a quantidade de lixo a ser

gerado e, consequentemente, triado. Portanto, a alternativa combinada entre o estado

da técnica e a solução paliativa adotada pela a Prefeitura pode vir a ser uma boa

solução. Isso porque as plantas mecanizadas serão responsáveis pela separação da

maior parte dos resíduos recicláveis, absorvendo a produção, enquanto as centrais

  66  

serão responsáveis pela produção local remanescente e a geração de empregos aos

catadores.

Com apenas uma planta funcionando 24 horas por dia, a capacidade seria de

840t/dia, o que não representa nem 50% do que é gerado no município. Sendo assim,

a indicação é que pelo menos duas usinas com capacidade de 35 t/h sejam

implementadas na cidade. Com isso, seria necessário ainda o processamento de

outras 380 toneladas por dia. Destas, 150 já estão planejadas pela Prefeitura, o que

restaria a distribuição das outras 230 restantes.

Para a localização das duas plantas do estado da técnica, a proposição é que

estejam localizadas nas duas regiões com maior geração de resíduos da cidade,

sendo elas AP 3 e AP 5. Dentro destas regiões a indicação é que as plantas sejam

montadas nas Regiões Administrativas também de maior geração.

Na AP 3 temos duas regiões densamente povoadas que geram mais de 100

toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo elas Madureira e Meier. Com isso, a

localização ideal para esta usina de triagem, seria em algum lugar entre este eixo de

cerca de 11km.

 

Figura  10:  Eixo  de  Localização  da  Usina  de  Triagem  da  AP  3

A usina seria capaz de triar toda a produção da AP 3, além de parte da Tijuca,

Vila Isabel e Copacabana, que fazem parte da AP2, São Cristóvão que faz parte da

AP1. O restante seria triado pelas já planejadas centrais em Irajá (20 t/dia) e Penha

 

   

67  

(20t/).

Na AP 5 a Região Administrativa que merece maior atenção no tratamento de

resíduos sólidos é Campo Grande. Entretanto, Bangu e Santa Cruz também são

grandes fontes geradoras. Porém a capacidade da usina seria maior que a geração da

AP 5 e por isso poderia também ser responsável pela AP4 e Anchieta. Isso porque

está prevista a instalação de três centrais de triagem somando uma capacidade de

80t/dia nessas áreas. A usina trabalharia com uma folga de 10t/dia, o que é

interessante para a região devido ao possível crescimento populacional.

Por isso, com a localização da segunda usina em Bangu, seria o mais

interessante. Isso porque se a usina se localizasse em Campo Grande haveria uma

grande distancia a ser percorrida da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, que somam

mais de 300 t/dia, chegando a mais de 40km. Estando localizada em Bangu a usina

está mais acessível a AP 4 e a Anchieta, assim como a AP5.

 

Figura  11:  Mapa  de  Cobertura  da  Usina  de  Triagem  da  AP  5

Para a localização das outras 230 toneladas, pode-se pensar em 4 centrais de

20 t/dia e 5 centrais de 30 t/dia.

Considerando portanto as usinas do estado da técnica e as centrais já

planejadas pela prefeitura ainda restam as outras áreas administrativas a serem

  68  

cobertas. As centrais de triagem planejadas, as novas centrais e as usinas propostas

podem ser observadas nos quadros abaixo, junto com as áreas de cobertura.

Centrais Planejadas

Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Portuária

30 toneladas Portuária Paquetá Centro

17 toneladas 1 tonelada 12 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 34 toneladas

Irajá 20 toneladas Irajá 20 toneladas 45 toneladas Penha 20 toneladas Penha 20 toneladas 49 toneladas Jacarepaguá 20 toneladas Jacarepaguá 20 toneladas 180 toneladas Campo Grande 30 toneladas Campo Grande 30 toneladas 154 toneladas Bangu 30 toneladas Bangu 30 toneladas 80 toneladas Tabela  14:  Centrais  Planejadas  Pela  a  Prefeitura  e  Estimativa  das  Áreas  de  Cobertura

Novas Centrais Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Portuária

30 toneladas Centro 30 toneladas 4 toneladas

Rio Comprido 30 toneladas Rio Comprido Centro Botafogo

21 toneladas 4 toneladas 5 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 72 toneladas

Santa Tereza 30 toneladas Santa Tereza Botafogo

21 toneladas 9 toneladas

0 toneladas 63 toneladas

Botafogo 1 30 toneladas Botafogo 30 toneladas 33 toneladas Botafogo 2 30 toneladas Botafogo 30 toneladas 3 toneladas Lagoa 1 20 toneladas Lagoa

Botafogo 17 toneladas 3 toneladas

48 toneladas 0 toneladas

Lagoa 2 20 toneladas Lagoa 20 toneladas 20 toneladas Rocinha 1 30 toneladas Rocinha

Lagoa 10 toneladas 20 toneladas

18 toneladas 0 toneladas

Rocinha 2 20 toneladas Rocinha 18 toneladas 0 toneladas Tabela  15:  Centrais  Propostas  e  Estimativa  de  Áreas  de  Cobertura

Usinas Planejadas

Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Usina 1- Localizada na Área de Planejamento 3

840 toneladas São Cristóvão Copacabana Tijuca Vila Isabel Ramos Maré Méier Irajá Madureira Inhaúma Complexo do Alemão Penha Vigário Geral Pavuna Ilha do Governador

21 toneladas 53 toneladas 55 toneladas 53 toneladas 56 toneladas 28 toneladas 111 toneladas 45 toneladas 125 toneladas 60 toneladas 9 toneladas 49 toneladas 43 toneladas 49 toneladas 79 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas

Usina 2- Localizada na Área de Planejamento 5

840 toneladas Anchieta Jacarepaguá Cidade de Deus Barra da Tijuca Bangu Realengo Campo Grande Santa Cruz Guaratiba

57 toneladas 190 toneladas 13 toneladas 121 toneladas 80 toneladas 65 toneladas 154 toneladas 105 toneladas 44 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas

Tabela  16:  Usinas  Propostas  e  Estimativa  de  Áreas  de  Cobertura  

A partir das tabelas anteriores, podemos representar no mapa da cidade as

localizações das centrais e usinas por área administrativa para uma melhor

 

   

69  

visualização. Os pontos em amarelo representam as centrais de triagem propostas

pela prefeitura, enquanto as vermelhas seriam as centrais complementares e as azuis

as grandes usinas de triagem.

 Figura  12:  Indicação  da  localização  das  centrais  e  usinas  de  triagem  da  alternativa  1  

Fonte:  Elaboração  Própria  

6.4.2. Composições de Centrais por Áreas de Planejamento

Esta alternativa tem como objetivo manter as proposições de apenas centrais

de triagem conforme vem sendo feito pela Prefeitura da cidade, com unidades de 20 e

30 toneladas por dia. Ainda seria uma alternativa outra opção com uma capacidade de

50 toneladas por dia para aéreas com maior densidade demográfica e alta geração de

RS.

A partir da Tabela 10, pode-se propor a melhor combinação de centrais para

cada área de planejamento, novamente baseando-se nas toneladas geradas por cada

Região Administrativa. Seriam gerados no total quase 20 mil empregos, levando as

estimativas de que cada usina de 20t/dia gera 200 empregos, de 30t/dia gera 300

empregos e 50t/dia gera 500 empregos.

  70  

Indicações de Centrais na AP 1 segundo a Alternativa 2

Novas Centrais Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Portuária 1* 30 toneladas Portuária Paquetá Centro

17 toneladas 1 tonelada 12 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 34 toneladas

Portuária 2

30 toneladas Centro 30 toneladas 4 toneladas

Rio Comprido 50 toneladas Rio Comprido Botafogo

21 toneladas 19 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 58 toneladas

Santa Tereza 30 toneladas Santa Tereza Botafogo

21 toneladas 9 toneladas

0 toneladas 49 toneladas

São Cristóvão 50 toneladas São Cristóvão Centro Botafogo

21 toneladas 4 toneladas 25 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 24 toneladas

Tabela  17:  Centrais  na  AP  1,  alternativa  2

Indicações de Centrais na AP 2 segundo a Alternativa 2

Novas Centrais Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Botafogo

30 toneladas Botafogo Copacabana Lagoa

24 toneladas 3 toneladas 3 toneladas

0 toneladas 50 toneladas 62 toneladas

Copacabana 50 toneladas Copacabana 50 toneladas 0 toneladas

Lagoa 1 30 toneladas Lagoa 30 toneladas 32 toneladas Lagoa 2 30 toneladas Lagoa 30 toneladas 2 toneladas Rocinha 30 toneladas Lagoa

Rocinha 2 toneladas 28 toneladas

0 toneladas 0 toneladas

Tijuca 50 toneladas Tijuca 50 toneladas 5 toneladas Vila Isabel 30 toneladas Tijuca

Vila Isabel 5 toneladas 25 toneladas

0 toneladas 28 toneladas

Vila Isabel 2 30 toneladas Vila Isabel 28 toneladas 0 toneladas Tabela  18:  Centrais  na  AP  2,  alternativa  2

Indicações de Centrais na AP 3 segundo a Alternativa 2

Novas Centrais Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Ramos

50 toneladas Ramos 50 toneladas 6 toneladas

Maré 50 toneladas Ramos Maré Meier

6 toneladas 28 toneladas 16 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 95 toneladas

Meier 1 50 toneladas Meier 50 toneladas 45 toneladas Méier 2 50 toneladas Méier

Irajá 45 toneladas 5 toneladas

0 toneladas 60 toneladas

Irajá * 20 toneladas Irajá 20 toneladas 40 toneladas Irajá 2 50 toneladas Irajá

Madureira 40 toneladas 10 toneladas

0 toneladas 115 toneladas

Madureira 1 50 toneladas Madureira 50 toneladas 65 toneladas Madureira 2 50 toneladas Madureira 50 toneladas 15 toneladas Inhaúma 1 50 toneladas Madureira

Inhaúma Complexo do Alemão Penha

15 toneladas 10 toneladas 9 toneladas 16 toneladas

0 toneladas 50 toneladas 0 toneladas 53 toneladas

Inhaúma 2 50 toneladas Inhaúma 50 toneladas 0 toneladas Penha* 20 toneladas Penha 20 toneladas 33 toneladas Penha 2 30 toneladas Penha 30 toneladas 3 toneladas Vigário Geral 50 toneladas Vigário Geral

Penha 44 toneladas 3 toneladas

0 toneladas 3 toneladas

Anchieta 1 30 toneladas Anchieta 30 toneladas 27 toneladas Anchieta 2 30 toneladas Anchieta 27 toneladas 0 toneladas Pavuna 50 toneladas Pavuna 49 toneladas 0 toneladas Ilha do Governador 1 50 toneladas Ilha do Governador 50 toneladas 29 toneladas

 

   

71  

Ilha do Governacor 2 30 toneladas Ilha do Governador 29 toneladas 0 toneladas Tabela  19:  Centrais  na  AP  3,  alternativa  2

Indicações de Centrais na AP 4 segundo a Alternativa 2

Novas Centrais Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Jacarepaguá 1*

20 toneladas Jacarepaguá 20 toneladas 190 toneladas

Jacarepaguá 2 30 toneladas Jacarapaguá 30 toneladas 160 toneladas Jacarapaguá 3 50 toneladas Jacarapaguá 50 toneladas 110 toneladas Jacarapaguá 4 50 toneladas Jacarapaguá 50 toneladas 60 toneladas Jacarapaguá 5 50 toneladas Jacarapaguá 50 toneladas 10 toneladas Cidade de Deus 50 toneladas Jacarapagua

Cidade de Deus Barra

10 toneladas 13 toneladas 21 toneladas

0 toneladas 0 toneladas 100 toneladas

Barra 1 50 toneladas Barra 50 toneladas 50 toneladas Barra 2 50 toneladas Barra 50 toneladas 0 toneladas Tabela  20:  Centrais  na  AP  4,  alternativa  2

Indicações de Centrais na AP 5 segundo a Alternativa 2

Novas Centrais Capacidade Total

RA Atendidas Toneladas triadas por RA

Toneladas restantes por RA

Realengo 50 toneladas Realengo 50 toneladas 15 toneladas

Bangu 1

50 toneladas Bangu Realengo

35 toneladas 15 toneladas

75 toneladas 0 toneladas

Bangu 2* 30 toneladas Bangu 30 toneladas 45 toneladas Bangu 3 30 toneladas Bangu 30 toneladas 15 toneladas Campo Grande * 30 toneladas Bangu

Campo Grande 15 toneladas 15 toneladas

0 toneladas 169 toneladas

Campo Grande 1 20 toneladas Campo Grande 20 toneladas 149 toneladas Campo Grande 2 50 toneladas Campo Grande 50 toneladas 99 toneladas Campo Grande 3 50 toneladas Campo Grande 50 toneladas 49 toneladas Campo Grande 4 50 toneladas Campo Grande 49 toneladas 0 toneladas Santa Cruz 1 50 toneladas Santa Cruz 50 toneladas 55 toneladas Santa Cruz 2 50 toneladas Santa Cruz 50 toneladas 5 toneladas Guaratiba 50 toneladas Santa Cruz

Guaratiba 5 toneladas 44 toneladas

0 toneladas 0 toneladas

Tabela  21:  Centrais  na  AP  5,  alternativa  2  

Novamente podemos representar no mapa as centrais por regiões

administrativas. Os pontos em amarelo, novamente, representam as centrais

planejadas pela prefeitura, enquanto os rosas representam as centrais

complementares propostas. Podemos observar que sem as grandes usinas de triagem

são necessárias muito mais centrais para triagem a produção total de lixo domiciliar

reciclável da cidade.

  72  

 Figura  13:  Indicação  da  localização  das  centrais  de  triagem  da  alternativa  2  

Fonte:  Elaboração  Própria  

6.4.3. Composição de Centrais de Pequenos Tamanhos

Essa alternativa é focada em uma proposição minimalista, onde haverão

diversas centrais de triagem com a menor capacidade possível espalhadas por toda a

cidade. Nesta alternativa o deslocamento é minimizado e a quantidade de centrais

aumenta.

As centrais devem possuir o tamanho mínimo para ter a capacidade de

processar o conteúdo transportado por um caminhão pequeno, trabalhando em dois

turnos de trabalho. Sendo cada turno de trabalho de 8 horas, retirando os tempos de

deslocamento, sendo calculados por 3 horas em cada turno, devido aos horários de

pico do transito na cidade, temos 10 horas disponíveis.

Segundo estudos, um caminhão pequeno demora duas horas para ter a sua

capacidade preenchida, levando a um número médio de 5 viagens por dia. Se cada

caminhão pequeno é capaz de carregar no mínimo 3 toneladas, a usina minimalista

deve ser capaz de processar 15 toneladas de resíduos sólidos recicláveis por dia.

Sendo assim, podemos chegar ao número de usinas de 15 toneladas

necessárias por região administrativa, cada uma com nove mesas de triagem.

 

   

73  

Entretanto, a área necessária para a instalação das centrais não seria muito menor do

que os 1.800 m2 das centrais de 20 toneladas. Isso porque as áreas de manobra e

estoque dos materiais seriam pouco influenciadas. Mais usinas de 15 toneladas

demandariam mais terrenos disponíveis, o que em algumas áreas da cidade pode vir a

ser uma dificuldade crucial para a implementação desta alternativa.

Para complementar a solução seria necessário um estudo de microlocalização

de tais usinas, com a análise de terrenos disponíveis em cada uma das 33 Regiões

Administrativas, ou até mesmo em cada um dos bairros do município.

6.5. Compostagem Urbana

Conforme o estudo de Caso de São Francisco apresentou, a compostagem em

larga escala reduz a quantidade de lixo enviado aos aterros e ainda, em forma de

adubo, pode ser revendido ou ser utilizado em projetos de paisagismo da cidade. Em

São Francisco são compostadas todos os dias 600 toneladas de resíduos orgânicos.

Caso a compostagem de todos os resíduos orgânicos na cidade do Rio de Janeiro,

cerca de 50% do total do lixo domiciliar, fosse realizada, seria necessário o

processamento de 2.678 toneladas por dia. Isso equivale a 4,5 usinas de

compostagem iguais a de São Francisco.

Apesar de não divulgados os custos de implementação e operação da usina de

compostagem de São Francisco, pelo material orgânico representar mais de 50% do

lixo da cidade, a prefeitura deveria investir neste tratamento. Isso porque quando

analisados os custos de recuperação de um lixão percebe-se que todo tipo de

tratamento é caro. O Lixão da Estrutural em Brasília, por exemplo, que ocupa cerca de

170 campos de futebol, tem a sua recuperação estimada em 30 anos, custando aos

cofres públicos entre R$ 300 milhões e R$ 420 milhões (Exame, 2014). Além do custo

de recuperação essas áreas ficam improprias para qualquer tipo de construção por

muitos anos e representam riscos a população local, desvalorizando o entorno.

O conceito de compostagem deveriam ser ampliados às escolas, assim como

em Boras, onde desde pequeno se aprende sobre a Gestão dos Resíduos. Além

disso, quando possível as escolas deveriam ter um espaço para a prática da

compostagem, pois além de recuperar o material orgânico gerado nestes espaços

educam as crianças para a prática da compostagem em casa.

  74  

7. CONCLUSÃO

É perceptível que, embora existam países como Áustria, Alemanha e Bélgica

com altíssimos índices de reaproveitamento dos RS, os casos mais bem sucedidos

são de cidades isoladas, como os casos apresentados de Boras, Barcelona e São

Francisco. Sendo assim, é possível afirmar que mesmo o Brasil não tendo metas

muito ambiciosas, a cidade do Rio de Janeiro pode virar um exemplo para o país.

A partir das tecnologias e modelos de sucesso apresentados, podemos

concluir que não chegaremos aos padrões aceitáveis sem a participação da

população. É preciso que haja uma separação eficiente na fonte geradora para que os

tratamentos sejam os melhores possíveis. A separação doméstica em três lixos: o

reciclável, o orgânico e o geral é a ideal a ser adotada.

A falta de uma política efetiva, com fiscalização e ensinamento da população

não transmite o senso de responsabilidade pela quantidade de resíduos gerados.

Ainda temos o fato de que muitos dos aterros sanitários estão localizados em áreas

afastadas dos centros urbanos, o que aumenta a falta de contato da população com a

dimensão do problema.

Dentre as indicações de alternativas para a cidade do Rio de Janeiro, a

alternativa que combina o estado da técnica com as centrais de triagens desafoga a

separação dos recicláveis e gera emprego a muitos catadores.

A Gestão de Resíduos Sólidos tem vários outros pontos importantes e

discutíveis. Este trabalho se propôs a desenvolver como a cidade do Rio de Janeiro

pode se modernizar neste aspecto e acompanhar o desenvolvimento sustentável que

vem sendo proposto por diversas cidades no mundo inteiro.

Todavia, ainda existem questões que podem ser debatidas futuramente. Uma

delas é relativa a compostagem e o adubo gerado por essa prática. Atualmente o

adubo orgânico é pouco difundido no Brasil e visto como produto de pequena escala,

onde de forma industrial vale mais apena produzir a partir de matérias virgens,

oriundos de jazidas. Entretanto, essas jazidas de nitrogênio, fósforo e potássio têm

vida útil determinada e são recursos não renováveis, enquanto o material orgânico é

produzido constantemente pelo homem, pelos animais e pela natureza. Eles são uma

importante fonte de nutrientes e quando não são tratados adequadamente podem ser

considerados um problema para os aterros e demais áreas de despejo final, com

 

   

75  

emissão de Gases Efeito Estufa e a produção de chorume.

Com relação às usinas de compostagem, vale um estudo mais aprofundado

sobre o assunto e a sua possível localização e tecnologias para a aplicação em larga

escala. Entretanto, a sua aplicação pode ser efetuada na cidade sem maiores

complicações.

Uma outra discussão consiste em quais leis podem ser aplicadas no país para

reforçar a PNRS e garantir que as empresas privadas e sociedade vão colaborar com

as práticas sugeridas. Pelos casos estudados de São Francisco e Boras podemos

perceber que uma mudança consistente no âmbito legal e educacional leva a

sociedade como um todo a mudar hábitos e desenvolver uma consciência ambiental

mais favorável às políticas de GRS e de reaproveitamento dos mesmos.

Caso as sugestões indicadas neste trabalho sejam implementadas, o efeito

esperado para a cidade do Rio de Janeiro é que os aterros sanitários recebem uma

quantidade muito menor de resíduos sólidos, aumentando a vida útil dos mesmos.

Além disso, matérias primas provenientes da reciclagem poderão ser reinseridas nas

cadeias produtivas.

  76  

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ANEXO I- BAIRROS COM COLETA SELETIVA PARCIAL NO RIO DE JANEIRO