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ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Mariana de Castro Vitali
Projeto de Graduação apresentado ao
Curso de Engenharia de Produção da
Escola Politécnica, Universidade Federal
do Rio de Janeiro como parte dos
requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientador: Luiz Antonio Meirelles
Rio de Janeiro
Agosto 2014
i
ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Mariana de Castro Vitali
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Luiz Antonio Meirelles, D.Sc, UFRJ
________________________________________________
Engenheiro Leonardo Luiz Lima Navarro. M.Sc, UFRJ
________________________________________________
Prof. Marcelo Motta Veiga, PhD, FIOCRUZ
RIO DE JANEIRO, RJ- BRASIL
AGOSTO de 2014
ii
Vitali, Mariana de Castro
ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE
PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O
MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO / Mariana de
Castro Vitali.- Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola
Politécnica, 2014.
XII,81p.:il.: 29,7 cm
Orientador: Luiz Antonio Meirelles
Projeto de Graduação- UFRJ/ Escola
Politécnica/ Curso de Engenharia de Produção,
2014.
Referencias Bibliográficas: p. 76,80
1. Tecnologias de Coleta 2. Resíduos
Sólidos Domiciliares 3. Separação de Recicláveis
I. Meirelles, Luiz Antonio. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia de Produção. III. Seleção de
Tecnologias de Coleta de Resíduos Sólidos
Domiciliares para o Município do Rio de Janeiro.
iii
Eu, Mariana, dedico este trabalho especialmente aos meus pais, Cláudia e Tamoyo,
que sempre me apoiaram em todos os momentos e lutaram ao meu lado pelo
meu sucesso profissional e pessoal.
iv
Agradecimentos
Gostaria de agradecer, primeiramente, a Deus por tornar possível o meu sonho
de me formar na melhor escola de Engenharia do Rio de Janeiro e me confortar em
todos os momentos difíceis que o curso me proporcionou.
À minha família por entender que em alguns momentos foi preciso abrir mão do
convívio social para que eu pudesse alcançar meus objetivos.
Aos meus pais por todo o amor e carinho que sempre me deram e a segurança
e confiança que me transmitiram em toda a minha vida.
Aos meus irmãos, Giovana e Arthur, e minha avó, Elza, por, mesmo sem
entenderem as dificuldades, sempre me apoiarem.
Aos meus amigos por passarem junto comigo os melhores e piores dias
desses cinco anos, comemorando as conquistas e ajudando nos momentos mais
difíceis.
Agradeço a todos os professores, especialmente aos professores do
Departamento de Engenharia Industrial, que procuraram sempre transmitir seus
conhecimentos da melhor forma possível, com dedicação e paciência.
Ao professor Luiz Antonio Meirelles, por estar sempre disponível,
comprometendo-se com este projeto e me ajudando sempre que preciso.
À Coordenadora do Curso de Engenharia de Produção Maria Alice Ferruccio
por toda a dedicação e orientação em todos esses anos, que foram fundamentais à
minha formação.
v
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
ESTUDO DE ALTERNATIVAS DE PROCESSOS DE COLETA E SEPARAÇÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA O MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Mariana de Castro Vitali
Agosto/2014
Orientador: Luiz Antonio Meirelles
Curso: Engenharia de Produção
Este trabalho tem como objetivo avaliar as boas práticas e tecnologias de coleta e
separação dos resíduos sólidos urbanos provenientes dos domicílios. São
apresentados dados sobre a geração e tratamento de tais resíduos Brasil e no Rio de
Janeiro. Após uma comparação de cidades modelo nestes quesitos são indicadas
melhorias para o município do Rio de Janeiro. O trabalho visa indicar soluções do
estado da técnica compostas com as soluções adotadas atualmente pela prefeitura
para a triagem de 100% dos resíduos sólidos recicláveis gerados pelos domicílios da
cidade.
Palavras- chave: Tecnologias de coleta, resíduos sólidos domiciliares, separação de
recicláveis
vi
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Industrial Engineer.
STUDY OF ALTERNATIVES OF PROCESSES FOR COLLECTION AND SORTING
OF HOUSEHOLD SOLID WASTE FOR THE CITY OF RIO DE JANEIRO
Mariana de Castro Vitali
August/2014
Advisor: Luiz Antonio Meirelles
Course: Production Engineering
This study aims to evaluate the best practices and technologies of collection and
sorting of municipal solid waste from households. Data on the generation and
treatment of waste in Brazil and Rio de Janeiro are presented. After a comparison of
model cities in these aspects, improvements are indicated for the city of Rio de
Janeiro. The state of the art solutions is composed with solutions currently adopted by
the city council to process 100% of recyclable solid waste generated by households in
the city.
Keywords: Collection technologies, household solid waste, sorting of recyclables.
vii
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1 1.1. Contextualização do Problema ........................................................................................ 1
1.2. Motivação .................................................................................................................................... 2 1.3. Objetivo do Trabalho ............................................................................................................. 2
1.4. Estrutura do Trabalho ........................................................................................................... 3
1.5. Metodologia da Pesquisa ................................................................................................... 4 1.6. Limitações do Estudo ........................................................................................................... 4
2. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................ 5
2.1. Conceituação ............................................................................................................................ 5 2.2. Hierarquia do Lixo .................................................................................................................. 7
2.2.1. Prevenir .................................................................................................................................... 7 2.2.2. Reduzir ...................................................................................................................................... 8
2.2.3. Reutilizar .................................................................................................................................. 8
2.2.4. Reaproveitar .......................................................................................................................... 8 2.2.4.1. Reciclagem ............................................................................................................................. 8
2.2.4.2. Biogasesificação ............................................................................................................... 13 2.2.4.3. Digestão aeróbia .............................................................................................................. 13
2.2.5. Recuperar Energia ......................................................................................................... 13
2.2.6. Destinar ................................................................................................................................. 14 2.2.6.1. Lixões ..................................................................................................................................... 14
2.2.6.2. Aterros sanitários ............................................................................................................. 15
3. BRASIL ...................................................................................................................................... 16 3.1. Política Nacional de Resíduos Sólidos ..................................................................... 16
3.1.1. Logística Reversa ............................................................................................................ 17 3.2. Plano Nacional de Resíduos Sólidos ........................................................................ 18
3.3. Alguns dados sobre o Brasil .......................................................................................... 19
3.3.1. Catadores ............................................................................................................................. 22 3.3.2. Tratamentos ........................................................................................................................ 23
3.3.2.1. Compostagem .................................................................................................................... 23 3.3.2.2. Incineração e Geração de Energia ......................................................................... 24
3.3.3. Disposição Final ................................................................................................................ 25
3.3.4. Iniciativa privada ............................................................................................................... 26 4. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO ............................................................................ 28
viii
4.1. Coleta Seletiva ...................................................................................................................... 32
4.2. Centrais de Triagem ........................................................................................................... 33
4.3. Compostagem ....................................................................................................................... 34 4.4. Incineradoras ......................................................................................................................... 34
4.5. Aterros e lixões ..................................................................................................................... 35
4.5.1. Biogás e Tratamento de Chorume .......................................................................... 36 5. BOAS PRÁTICAS NO MUNDO ................................................................................... 37
5.1. Boras, Suécia ......................................................................................................................... 37 5.1.1. O Sistema Ótico ................................................................................................................ 42
5.1.2. Comentários sobre o Caso Boras ........................................................................... 42
5.2. Barcelona, Espanha ........................................................................................................... 43 5.2.1. Comentários sobre o Caso Barcelona .................................................................. 46
5.3. São Francisco, Estados Unidos ................................................................................... 47 5.3.1. Prevenir a geração de lixo ........................................................................................... 49
5.3.2. Programa “Fantastic Three ......................................................................................... 49
5.3.3. Outras Iniciativas .............................................................................................................. 50 5.3.4. Avaliação do Caso São Francisco .......................................................................... 51
6. INDICAÇÕES PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO ................................ 52
6.1. Sugestões para a Coleta de Resíduos Orgânicos e Rejeitos ...................... 53 6.2. Sugestões Para a Coleta Seletiva .............................................................................. 54
6.2.1. Áreas de Planejamento ................................................................................................. 54 6.2.2. Indicações ............................................................................................................................ 58
6.2.2.1. Pontos de Triagem .......................................................................................................... 59
6.2.2.2. Caminhões ........................................................................................................................... 61 6.2.2.3. Contêineres ......................................................................................................................... 63
6.3. Estado da Técnica ............................................................................................................... 64 6.4. Alternativas ............................................................................................................................. 65
6.4.1. Composição do Estado da Técnica com as soluções atuais .................... 65
6.4.2. Composições de Centrais por Áreas de Planejamento ............................... 69 6.4.3. Composição de Centrais de Pequenos Tamanhos ....................................... 72
6.5. Compostagem Urbana ...................................................................................................... 73
7. CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 74 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 76
ANEXO I- BAIRROS COM COLETA SELETIVA PARCIAL NO RIO DE JANEIRO ................................................................................................................................................ 81
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Hierarquia do Lixo ................................................................................ 7 Figura 2: Áreas de Planejamento da Cidade do Rio de Janeiro ........................ 29 Figura 3: Estações de Transferência do Lixo Domiciliar ................................... 32 Figura 4: Centrais de Triagem do Lixo Domiciliar .............................................. 33 Figura 5: Tratamento do Lixo em Boras ............................................................ 39 Figura 6: Pontos de Entrega Voluntária de materiais recicláveis em Boras; ..... 40 Figura 7: Coleta Pneumática Barcelona ............................................................ 44 Figura 8: Coleta por Contêineres Barcelona ..................................................... 45 Figura 9: Pontos de Entrega Voluntária de Têxtil em São Francisco ................ 51 Figura 10: Eixo de Localização da Usina de Triagem da AP 3 ......................... 66 Figura 11: Mapa de Cobertura da Usina de Triagem da AP 5 .......................... 67 Figura 12: Indicação da localização das centrais e usinas de triagem da alternativa 1 ....................................................................................................... 69 Figura 13: Indicação da localização das centrais de triagem da alternativa 2 .. 72
x
ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Economia de energia, matéria prima e água ....................................... 9 Tabela 2: Composição gravimétrica dos RSU Brasil 2008 ................................ 20 Tabela 3: Resíduos sólidos coletados no Brasil ................................................ 21 Tabela 4: Coleta Seletiva por Região do Brasil ................................................. 21 Tabela 5: Estimativa da participação dos programas de Coleta Seletiva Formal 2008 ............................................................................................................ 22 Tabela 6: Matriz Energética do Brasil ................................................................ 24 Tabela 7: Quantidade de RS domiciliares e/ou públicos encaminhados para a destinação final .................................................................................................. 26 Tabela 8: Geração por Área de Planejamento .................................................. 30 Tabela 9: Toneladas de Lixo Domiciliar em 2012 AP3 ...................................... 57 Tabela 10: Quantidade de Mesas de Triagem Necessárias .............................. 60 Tabela 11: Quantidade de Centrais Necessárias .............................................. 61 Tabela 12: Quantidade de Viagens Necessárias por tipo de Caminhão ........... 63 Tabela 13: Quantidade de PEV e CR usando o parâmetro Boras .................... 63 Tabela 14: Centrais Planejadas Pela a Prefeitura e Estimativa das Áreas de Cobertura ........................................................................................................... 68 Tabela 15: Centrais Propostas e Estimativa de Áreas de Cobertura ................ 68 Tabela 16: Usinas Propostas e Estimativa de Áreas de Cobertura ................... 68 Tabela 17: Centrais na AP 1, alternativa 2 ........................................................ 70 Tabela 18: Centrais na AP 2, alternativa 2 ........................................................ 70 Tabela 19: Centrais na AP 3, alternativa 2 ........................................................ 71 Tabela 20: Centrais na AP 4, alternativa 2 ........................................................ 71 Tabela 21: Centrais na AP 5, alternativa 2 ........................................................ 71
xi
ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Composição dos RSU na cidade do Rio de Janeiro ......................... 29 Gráfico 2: Composição do lixo domiciliar e dos recicláveis no Rio de Janeiro .. 31 Gráfico 3: Envio de RSU para Aterros Sanitários em Boras ............................. 38 Gráfico 4: Tratamentos do Lixo em Boras ......................................................... 41 Gráfico 5: Tratamento do Lixo em Boras ao longo dos anos ............................ 41 Gráfico 6: Tratamento de Resíduos em Barcelona ........................................... 44 Gráfico 7: Consumo de Single Families ............................................................ 48 Gráfico 8: Consumo de Multi Families ............................................................... 48
xii
LISTA DE SIGLAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
AP- Área de Planejamento
CMN- Confederação Nacional de Municípios
COMLURB- Companhia Municipal de Limpeza Urbana
GAIA- Global Alliance for Incinerator Alternatives
GRS- Gestão de Resíduos Sólidos
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ONG- Organização não Governamental
OPNRS- Observatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos
RSU- Resíduos Sólidos Urbanos
PEAD- Polietileno de Alta Densidade
PEBD- Polietileno de Baixa Densidade
PET- Politereftalato de Etileno
PEV- Pontos de Entrega Voluntária
PNRS- Política Nacional de Resíduos Sólidos
PP- Polipropileno
PS- Poliestireno
PVC- Policloreto de Polivinila
RA- Região Administrativa
RCC- Resíduos de Construção Civil
RSS- Resíduos de Serviços de Saúde.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização do Problema
Atualmente a gestão de resíduos sólidos é um dos grandes desafios dos
governos, pois a cada ano geramos no mundo cerca de 1,3 bilhões de toneladas de
lixo urbano. São em torno de 3 bilhões de habitantes, equivalendo, portanto, a 1,2kg
por dia para cada habitante das cidades, enquanto que há dez anos atrás a geração
era de 0,68kg por dia por habitante urbano. Em 2025 a previsão é que este número
aumente para 2,2 bilhões de toneladas/ ano, sendo cerca de 1,42 kg per capita por dia
nas cidades (Hoornweg & Bhada-Tata, What a Waste: A global Review of Solid Waste
Management, 2012).
Os Estados Unidos estão no topo dessa lista de geração urbana total,
chegando a de 2,58 kg por pessoa por dia, enquanto a Ásia vem crescendo
rapidamente a sua geração total de lixo. Em 2025, estima-se que a China produzirá
quase o dobro da geração total dos Estados Unidos. Sendo assim, para sustentar os
altos padrões de consumo atuais precisamos de, segundo a Organização Não
Governamental Footprint Network que mede a pegada ecológica do ser humano,
cerca de 1,5 planetas para promover os recursos necessários e absorver nossos
resíduos (Global Footprint Network).
Tendo em vista dados tão alarmantes, temos na gestão do tratamento de todo
este lixo grande quantidade de produtos que podem ser reaproveitados, virando
matéria prima para outros produtos ou gerando energia.
Na Europa, continente que obtém atualmente altos índices de
reaproveitamento de tais resíduos e uma política rigorosa de gestão dos mesmos, o
setor já movimenta em cerca de 1% do PIB da União Europeia(UE), em torno de 145
bilhões de euros por ano, empregando dois milhões de pessoas. Estes dados
divulgados pelo Relatório da European Environment Agency (European Environment
Agency, 2013), destacam que cinco países já atingiram a meta de 50% de
reaproveitamento até 2020 sendo eles: Áustria (63%), Alemanha (62%), Bélgica
(58%), Holanda (51%) e Suíça (51%).
No Brasil as políticas de incentivo aos tratamentos adequados aos Resíduos
Sólidos e a implementação da responsabilidade do produtor ainda estão começando.
2
1.2. Motivação
A minha motivação pessoal para a realização deste trabalho foi o meu grande
interesse por como o mundo tem tradado uma questão tão problemática como a
geração de lixo. Existem países altamente evoluídos nos processos e leis de
tratamento dos resíduos sólidos, enquanto outros caminham lentamente em direção a
esses tratamentos.
Por ter tido a oportunidade de fazer intercâmbio em um dos países europeus
com os melhores índices de reaproveitamento dos resíduos sólidos domiciliares, a
Bélgica, vivenciei uma rotina diferente da brasileira. Na Bélgica, todos os cidadãos são
envolvidos na separação do lixo e todo ano são pagas taxas por habitante
proporcional ao lixo gerado que não pode ser reciclado. Sendo assim, todas as casas,
mesmo as estudantis separam o seu lixo reciclável e os destinam a lixeiras e
contêineres apropriados.
Outro fator importante na escolha do tema, foi o fato de possuir um parente
que trabalha no setor da reciclagem de PET. Conhecer os problemas da indústria, da
qualidade e pureza dos materiais me motivou a procurar mais sobre como todo esse
tema tem sido tratado no Brasil e em especial na cidade do Rio de Janeiro.
Para a Engenharia de Produção o tema se torna relevante, pois a mesma
ainda se manifesta pouco em situações críticas do setor público. Muitas das decisões
tomadas pelos governos têm bases políticas e com isso muitos projetos são mal
planejados ou subdimensionados. Sendo assim, acredito que a gestão do setor
público com bases na Engenharia de Produção representaria um grande ganho para a
sociedade como representou para o setor privado.
1.3. Objetivo do Trabalho
O principal objetivo deste estudo é analisar e sugerir alternativas para a coleta
e separação do lixo domiciliar na cidade do Rio de Janeiro. Este trabalho contém as
boas práticas das indústrias, tecnologias e processos de trabalho, em cidades modelo
encontradas. Para atingir os objetivos foram realizados:
• Conceituação da Gestão de Resíduos Sólidos;
• Revisão das Leis de Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil;
• Estudo do sobre o Brasil no que tange à produção e à GRS;
3
• Estudo da Cidade do Rio de Janeiro no que tange à produção e à
Gestão de Resíduos Sólidos;
• Levantamento de cidades modelo em processos e tecnologias ;
• Escolha de processos e tecnologias para a cidade do Rio de Janeiro
• Planejamento e estudo de Localização das principais soluções
propostas para a Gestão de Resíduos Sólidos na cidade do Rio de
Janeiro.
1.4. Estrutura do Trabalho
A introdução do trabalho cumpriu o objetivo de apresentar o tema e
contextualizar, apresentando as atuais preocupações quanto à Gestão de Resíduos
Sólidos.
No segundo capítulo é feita a conceituação do GRS e a apresentação das
políticas de tratamento dos mesmos. Apresenta a Hierarquia do Lixo e como os
Governos e a sociedade devem se posicionar para evitar o descarte inadequado. São
apresentados os principais pontos da reciclagem dos materiais mais comuns no lixo
urbano e o quanto a indústria mundial atualmente depende da reciclagem.
No terceiro capítulo é apresentada a Política Nacional dos Resíduos Sólidos,
que promete mudar os rumos do país em relação ao GRS. Ele também contém o uma
apresentação da situação no país, sua produção, os tratamentos que estão sendo
aplicados e como o Governo tem proposto melhorias.
O quarto capítulo fala sobre a cidade do Rio de Janeiro e como a mesma vem
se preocupando em como atender às exigências da PNRS. O Plano Municipal de GRS
é apresentado bem como as estratégias e investimentos da Prefeitura para melhorar a
infraestrutura do serviço de coleta e tratamento de lixo na cidade.
O quinto capítulo trata da apresentação de três estudos de caso de cidades
referencia em GRS no mundo, sendo elas: Boras, na Suécia; Barcelona, na Espanha;
e São Francisco, nos Estados Unidos. Cada uma dessas cidades com a sua
particularidade está inspirando políticas em todo mundo a repensar o seu GRS e
aplicar as soluções desenvolvidas.
O sexto capítulo promove um estudo do que pode ser implementado no
município do Rio de Janeiro a partir do que já está sendo implementado pela prefeitura
4
e o que poderia complementar este serviço a partir das boas práticas. São analisadas
as cinco Áreas de Planejamento da cidade, bem como a capacidade de
processamento necessária para suprir a produção.
O sétimo e último capítulo trata da conclusão do trabalho e discussões futuras
que podem guiar novos estudos.
1.5. Metodologia da Pesquisa
A metodologia utilizada foi revisão bibliográfica sobre os temas: Gestão de
Resíduos Sólidos; Sistemas de Coleta; e Separação do Lixo Domiciliar Urbano e sobre
as melhores práticas sobre estes assuntos no mundo.
Em seguida foi realizado um levantamento sobre o Brasil e o município do Rio
de Janeiro no que diz respeito à Gestão de Resíduos Sólidos. A partir dos dados e
metas da prefeitura e do Governo Federal, as boas práticas no mundo foram
estudadas de forma a compor as alternativas a serem indicadas para o município do
Rio de Janeiro.
A partir disso, foram elaboradas alternativas para a cidade do Rio de Janeiro,
indicando de que forma a prefeitura poderia aproveitar o que vem sendo feito em
outras cidades juntamente com o que é proposto por ela para os próximos anos.
Entretanto, o presente trabalho visou a elaboração de alternativas para 100% de
triagem dos resíduos recicláveis domiciliares.
1.6. Limitações do Estudo
Como este trabalho foi elaborado a partir de fontes secundárias de informação,
ele apresenta as mesmas limitações de tais fontes. Não são objetivos do estudo a
proposição de formas de conscientização populacional ou educação ambiental.
O estudo também se limita aos Resíduos Sólidos Domiciliares Urbanos,
estando fora do escopo o chamado Lixo Público, que são os Resíduos Sólidos
recolhidos nas ruas e o Esgoto Sanitário. O Lixo Público deve ser estudado
separadamente, devido ao sistema de coleta ser mais complexo do que o do Lixo
Domiciliar, apesar de os tratamentos e a composição serem semelhantes.
5
2. GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
2.1. Conceituação
Para fins de entendimento do trabalho como um todo, é preciso esclarecer
conceitualmente a diferença entre resíduos sólidos, algumas vezes referenciado
apenas como resíduos, e rejeitos.
O nome popularmente usado para resíduos sólidos é lixo. Resíduos Sólidos é
tudo aquilo que é descartado resultante das atividades humanas em sociedade, que
estão no estado sólido ou semissólido. Os resíduos sólidos ainda podem passar por
algum tipo de tratamento para ser reaproveitado antes de ser levado a destinação
final. Já os rejeitos, são os resíduos sólidos que não possuem nenhuma possibilidade
de tratamento a não ser a disposição final adequada. Os tratamentos técnica e
economicamente viáveis não são mais pertinentes a esse tipo de resíduos sólido
(Brasil, 2010).
A gestão dos resíduos sólidos engloba desde o momento em que o produto
passa a ser lixo, descartado pelo seu gerador, até o seu destino final, passando pela
coleta seletiva, separação, tratamento e descarte. O papel do governo é garantir que
tais rejeitos sejam coletados e tenham o tratamento adequado, respeitando as leis e
normas ambientais. A forma a qual essa gestão ocorre varia muito de país para país,
cidade para cidade, mas nos últimos anos uma atenção especial tem sido dada ao
tratamento e descarte do lixo, sobretudo em países desenvolvidos.
Para que a política de tratamento de todos esses resíduos sólidos seja
eficiente, é de suma importância a participação da população. Isso porque a não
separação ou a separação incorreta do lixo pode transformar um resíduo em rejeito,
ou seja, material inaproveitável. A separação mais importante consiste entre o lixo
seco (materiais possíveis de serem reciclados) e o lixo molhado (orgânico em sua
maioria) (Portal Brasil, 2012).
O lixo pode ser classificado quanto a sua origem em seis categorias, sendo
elas: lixo doméstico, lixo comercial, lixo industrial, lixo das áreas de saúde, limpeza
pública e lixo nuclear (IB-USP). Este trabalho tem como o foco o lixo domiciliar urbano,
ou seja, o lixo produzido pelas residências das cidades.
6
Os materiais orgânicos possuem tipos de tratamento específicos, diferentes
daqueles atribuídos aos materiais recicláveis. Quando esses materiais se misturam a
probabilidade de qualquer um dos tratamentos ser eficiente é muito pequena. Além
disso, o valor de mercado de um produto reciclável limpo, ou seja, sem presença de
material orgânico é muito maior, pois maior será a qualidade da matéria prima.
Além destes dois tipos de lixo domiciliar, o reciclável e o orgânico, temos um
terceiro, chamado de rejeitos. Os rejeitos são o que, na verdade, devem ser chamados
de lixo, pois são irrecuperáveis e não possuem qualquer outro tipo de utilização pós-
consumo. É o caso dos guardanapos, faldas descartáveis, alguns tipos de plásticos,
entre outros, e são eles, unicamente que devem parar nos aterros sanitários.
No Brasil, os catadores de lixo não se interessam pelo descarte de materiais
orgânicos por terem baixo valor comercial. Eles procuram os matérias recicláveis por
serem mais fáceis de transportar e de reinserir na cadeia produtiva. O objetivo dos
catadores não é tratar os resíduos coletados, mas vendê-los a sucateiros ou
indústrias. Por isso, procuram materiais com maior valor de mercado.
Além da baixa atratividade para fins econômicos, o lixo orgânico também
consiste em danos ao meio ambiente, quando depositados em aterros sanitários,
principalmente com a produção do gás metano. Por outro lado, podem ser
aproveitados para a compostagem e geração de biogás. Portanto, quando falamos em
uma política sólida e eficiente de gestão de resíduos sólidos os dois tratamentos
devem ser priorizados, tanto do lixo seco, quanto do lixo molhado.
Os resíduos sólidos devem passar pela chamada Hierarquia do Lixo, que
prevê seis etapas a serem seguidas para uma melhor gestão de tais resíduos, sendo
eles: prevenir, reduzir, reutilizar, reciclar, gerar energia e destinar, em ordem de menor
impacto ambiental ao maior, conforme mostra a figura:
7
Figura 1: Hierarquia do Lixo
Fonte: Elaboração Própria
2.2. Hierarquia do Lixo
2.2.1. Prevenir
No que tange a primeira etapa, de prevenção, são apontados dois fatores de
extrema importância: a eliminação de embalagens desnecessárias nos produtos e o
aumento da vida útil das embalagens, fazendo com que sirvam para outros fins além
de embalar o produto. Portanto, prevenir que materiais desnecessários façam parte da
venda do produto ou planejá-los de forma que possam ser reaproveitados cumprindo
outra função que não a originalmente designada a eles.
Outra forma de prevenção são os eco-produtos, ou seja, os produtos que
levam em conta aspectos ambientais em sua produção e que evitam materiais tóxicos.
Existem organizações que acreditam que se um produto não pode ser reutilizado,
reciclado ou sofrer compostagem, ele não deveria ser produzido (Global Alliance for
Incinerator Alternatives (GAIA)). Além disso, os eco-produtos também devem ter em
seu projeto o menor consumo de energia para a sua confecção, visando sempre a
sustentabilidade.
Prevenir
Reduzir
Reutilizar
Reaproveitar
Recuperar Energia
Destinar
8
2.2.2. Reduzir
A redução da geração de resíduos sólidos passa pela conscientização da
população em consumir apenas o necessário e evitar excessos. Trocas constantes de
aparelhos eletrônicos antes do fim de sua vida útil e desperdícios de comida são bons
exemplos a serem evitados. A redução difere da prevenção, pois na prevenção a
responsabilidade da não geração de resíduos é dos produtores, produzindo e
planejando apenas o que é necessário, enquanto na redução a responsabilidade é do
consumidor.
2.2.3. Reutilizar
Consiste na reutilização do produto para o mesmo fim o qual foi destinado. Por
exemplo ao invés de comprar um novo cartucho para impressora ele pode ser
recarregado e reutilizado pelo consumidor, o que provavelmente será mais barato do
que a aquisição de um novo. Uma outra forma de reutilização é a venda de objetos em
bazares ou feiras de segunda mão, para que outras pessoas possam reutilizar aquilo
que alguém considera descarte.
2.2.4. Reaproveitar
Grande parte dos resíduos sólidos urbanos podem ser reaproveitados se
separados corretamente. Sendo assim, os habitantes têm um importante papel na
seleção e separação do material como veremos mais adiante. As duas formas de
reaproveitamento dos resíduos sólidos são a reciclagem e a compostagem.
2.2.4.1. Reciclagem
A reciclagem é a reutilização de determinado material para fins que podem não
ser a sua finalidade original. O processo proporciona matéria prima para novos
produtos, o que evita a extração direta do meio ambiente. Essa indústria envolve mais
de dois milhões de catadores informais em todo o mundo e virou um negócio global,
envolvendo extensas redes de abastecimento e transporte (Hoornweg & Bhada-Tata,
What a Waste: A global Review of Solid Waste Management, 2012).
9
Com toda essa representatividade, e todo o impacto ambiental que é reduzido
a partir da prática, essa indústria tem se tornado vital para as atividades econômicas e
industriais do planeta. Em muitos casos produzir a partir do material reciclado é
possível poupar muita energia e consumo de água na cadeia de produção, quando
comparado ao uso de matéria prima virgem. A tabela abaixo representa a economia
realizada quando utilizado material reciclado em termos de energia, água, material cru
em dólares.
Material Reciclável
Economia de Energia por tonelada (US$/t)
Economia de Matéria Prima Virgem (US$/t)
Economia de Água (US$/m3)
Economia total por tipo de Material (US$/t)
Alumínio 600 12 - 612
Vidro 23 95 - 118
Papel 125 181 117 423
Plástico 188 1285 16 1489
Aço 180 120 - 300 Tabela 1: Economia de energia, matéria prima e água
Fonte: Adaptado de Calderoni (2003)
Por outro lado, o grande inimigo da reciclagem são os designs dos produtos,
que vêm se tornando mais complexos e variado em termo de materiais. Isso pode
inviabilizar o processo de reciclagem, pois os matérias devem ser separados e
encaminhados ao seu próprio tipo de tratamento. Portanto, um dos maiores desafios
da indústria da reciclagem nos próximos anos será a separação do material em
produtos complexos. Os materiais mais reciclados em todo o mundo têm algumas
características e dados importantes que serão apresentados a seguir.
Vidro
As embalagens de vidro são volumosas e pesadas e, além disso, é um
material que pode ser 100% reciclado o que torna o descarte em aterros um grande
desperdício. O vidro é um material que não possui perdas no processo de reciclagem,
por isso pode passar por ele diversas vezes. É composto por areia, barrilha, calcário e
cacos, os quais são levados ao forno. Quando reciclado economiza energia no
processo, o que também aumenta a vida útil dos equipamentos.
No processo de separação do vidro é fundamental separar os vidros pela cor,
pois assim no final do processo o produto gerado será igual ao original. Outro ponto
importante é que o processo de fabricação do vidro de embalagens é diferente de
outros vidros, como por exemplo de janelas. Para garantir a qualidade dos produtos
finais deve-se utilizar apenas o mesmo tipo.
10
Os vidros que são rejeitados por algum motivo para a fabricação de novas
embalagens de alimentos podem ser reciclados para fins secundários. Tendo como
exemplos de produtos secundários: telhas, pavimentos de concreto e filtração.
No âmbito ambiental para cada seis toneladas de embalagens de vidro
recicladas, há a redução de uma tonelada de dióxido de carbono e uma tonelada de
recursos naturais são poupados. Nos EUA em 2012 foram reciclados 34,1% das
embalagens de vidro, sendo 41% das garrafas de cervejas e refrigerantes (Glass
Packing Institute).
Plástico
Os plásticos tem como matéria prima em sua maior parte o petróleo, recurso
que tem se tornado, nos últimos anos, cada vez mais caro e escasso. Por isso, o
interesse pela reciclagem do plástico vem aumentando, porém a grande quantidade
de tipos diferentes de plásticos dificulta a reciclagem. Existem mais de 20 tipos
(Bureau of International Recycling), sendo que muitos deles não podem ser reciclados.
Os que podem são divididos em 7 tipos: PET, PEAD, PVC, PEBD, PP, PS e outros.
Sendo assim, a etapa mais desafiadora de todo o processo é a separação entre eles,
o que pode não ser 100% eficiente, pois nem todos os produtos estão devidamente
identificados com os números do grupo ao qual fazem parte.
No mundo, o plástico reciclado movimenta cerca de $5 bilhões por ano e 12
milhões de toneladas (Bureau of International Recycling). No Brasil apenas cerca de
15% dos plásticos são reaproveitados, e o total descartado corresponde a cerca de 5
a 10% dos RSU gerados (Ambiente Brasil). Quando reaproveitados, fornecem
inúmeras vantagens, como a redução do volume de lixo enviado a aterros, redução da
energia utilizada no processo e geração de energia por meio de tratamento térmico.
Esta última tem sido bastante discutida em países que investem neste tipo tecnologia,
pois o intuito de gerar energia acaba deixando a reciclagem, mesmo quando possível,
em segundo plano.
Metal
A reciclagem dos metais pode começar com a separação em dois grupos:
metais ferrosos e não ferrosos. Por serem recursos naturais não renováveis os metais
vêm tendo grandes taxas de reciclagem.
Os materiais ferrosos têm propriedades magnéticas e são compostos de ferros
em maior proporção. O aço, por exemplo, é o material mais reciclado no mundo, onde
11
a produção de 500 milhões de toneladas de novos produtos foram advindas de
sucatas. A sua separação do resto dos materiais recicláveis é simples, pois como são
atraídos magneticamente, podendo contar esse recurso. Além disso, os diferentes
tipos de aço podem ser reciclados conjuntamente e não perdem as suas
características físicas ao longo do processo de reciclagem, o que o permite de ser
reciclado inúmeras vezes. Uma tonelada do material pode economizar 1.100 kg de
minério de ferro, 630 kg de carvão e 55 quilos de calcário, além de reduzir em 58% as
emissões de CO2 (Bureau of International Recycling).
Os materiais não ferrosos, são em sua maioria alumínio, cobre, chumbo,
zinco, níquel, titânio, cobalto, crômio e os metais preciosos. Estes também possuem
grande valor econômico quando se transformam em sucata, principalmente o
alumínio. Sendo o segundo metal mais reciclado, após o aço, o alumínio tem a grande
vantagem de ter a sua reciclagem economicamente viável, e não é a toa que quase
muitas das latinhas de alumínio fabricadas no Brasil são destinadas à reciclagem. A
economia proporcionada por uma tonelada de alumínio reciclado pode chegar a
14.000kWh de energia e reduzir 7,6 metros cúbicos em aterros sanitários (Bureau of
International Recycling).
Os metais não ferrosos devem ser separados entre si, mesmo não possuindo
processos de reciclagem diferentes. Isso porque os produtos vão depender do tipo de
matéria prima. Como por exemplo o alumínio é ideal para a construção civil, aviação,
embalagens em geral, enquanto o cobre é ideal para aplicações elétricas, tubulações
e isolamentos. Já o chumbo pode ser usado em baterias e proteção contra radiações
e o zinco como metal de sacrifício e para a produção do latão. O estanho é o metal
não precioso mais caro do mercado e por isso é largamente usado para funções mais
nobres como para a proteção de motores e pistões na indústria automobilística.
Sendo assim, podemos concluir que a utilização de metais reciclados é vital
para a indústria siderúrgica. De uma forma geral essa reciclagem economiza minérios,
energia e água, aumentando a vida útil dos aterros sanitários e das jazidas e
diminuindo a poluição.
Papel
O papel, que tem como matéria prima a celulose, proveniente das árvores,
também é um dos grandes vilões dos aterros sanitários. Presente diariamente em
nosso cotidiano, as vezes não prestamos atenção na quantidade deles que passam
pelas nossas mãos. Papéis para a impressão, embalagens de papelão, livros,
12
documentos, enfim chegam a ser produzidas mais de 400 milhões de toneladas de
papel e papelão por ano (Bureau of International Recycling).
Quando vão parar nos aterros diminuem o seu potencial de reciclagem e
contribuem para as grandes montanhas de lixo. Uma tonelada de papel reciclado pode
economizar 26 mil litros de água e 4 mil kw/h de energia, eliminando cerca de 3.5
metros cúbicos de aterro. De todo papel produzido, cerca de 20% correspondem aos
tipos que não podem ser reciclados, sendo exemplos papeis de parede e papéis de
cigarro (Bureau of International Recycling).
Uma das vantagens do papel é que quase todo tipo pode ser reciclado, e mais
de uma vez, chegando de 4 a 6 ciclos de reciclagem. Existem papéis reciclados
composto apenas por matéria prima reciclada, entretanto, o uso da matéria prima
virgem após essa grande quantidade de ciclos ainda é fundamental, pois com a
reciclagem as fibras do material vão ficando fracas e escassas. Felizmente, grande
parte da matéria prima virgem vem de madeira de reflorestamento, que é renovável,
diferentemente do petróleo.
Como os plásticos, alguns tipos de papel devem ser reciclados
separadamente. Porém grande parte deles podem passar pelo processo junto com
outros tipos, dependendo do novo material a ser produzido.
Têxtil
O que antigamente era apenas uma necessidade de se vestir, com boa
qualidade e produtos duráveis, hoje se transformou em uma das maiores industrias do
mundo, avaliada em torno de um trilhão de dólares. A moda que mudava a cada seis
meses, hoje é preparada em muitos países conforme as quatro estações do ano.
As lojas tradicionais e caras, vem perdendo espaço para as chamadas fast-
fashion, que como os fast-food de comida têm o objetivo de produzir em larga escala a
preços baixos e qualidade mediana. Com isso o volume aumentou, a durabilidade
diminuiu e a quantidade de têxtil descartada passou a ser considerada uma
preocupação. Isso porque os produtos formados por fibra sintética, que passou a ser
mais utilizada, não se decompõem enquanto os de fibra natural liberam o gás metano.
Além das roupas, o têxtil está presente em sapatos, estofados de carros, de
sofás, cortinas entre outros objetos. No processo de recuperação dos têxtis
descartados, 50% é reciclado e a outra metade é reutilizada, pois estão ainda em boas
13
condições para serem utilizados por outras pessoas. A reciclagem gera novos fios
para forros, flanelas de limpeza e estofados.
2.2.4.2. Biogasesificação
Também conhecida como Digestão Anaeróbia ou Biometanização, esse
processo tem como objetivo a degradação da matéria orgânica, por microrganismos
que sobrevivem em ambiente sem oxigênio. O tratamento de resíduos sólidos por
meio desse processo tem como objetivo a geração do biogás para utilizá-lo como
fonte energética.
Esse processo é comum na natureza em pântanos, fundos de lago e outros
locais onde não há a presença de oxigênio. A mistura originada é composta por
metano e dióxido de carbono. Além do biogás, o processo também gera resíduos
sólidos e líquidos ricos em nutrientes, que podem servir de adubo para a agricultura.
A biogasecificação tem sido uma alternativa consolidada nas novas políticas de
resíduos sólidos a nível mundial, principalmente por promover energia renovável.
2.2.4.3. Digestão aeróbia
A digestão aeróbia ou compostagem também consiste na reutilização de
material orgânico para a fabricação de compostos orgânicos, que podem ser usados
como adubo. Porém, diferentemente da biogasecificação, isso acontece por meio de
processos biológicos com microrganismos aeróbios, que só vivem na presença de
oxigênio. Uma outra vantagem deste composto gerado é a redução do uso de
herbicidas e pesticidas, pois nele existem fungicidas e microrganismos naturais (IB-
USP).
Enquanto a biogasecificação é um processo industrial, a compostagem pode
ser praticada em casa com processos simples. Com a decomposição aeróbia haverá a
liberação apenas do gás carbônico.
2.2.5. Recuperar Energia
Atualmente é possível a geração de energia a partir da queima resíduos
14
sólidos a altas temperaturas, a incineração, para a produção de eletricidade e
combustível e também da biogasecificação, conforme apresentado anteriormente.
Alguns países investem atualmente na incineração, pois também tem o
benefício de reduzir o volume do lixo em até 90%. Uma usina de incineração em
perfeito funcionamento gera rejeitos sólidos e gases estéreis, e não gera a poluição do
ar ou do solo (IB-USP).
Os custos de implementação são caros e por isso muitos países optam por
utilizar este método exaustivamente, uma vez que as usinas já estejam instaladas,
mesmo havendo a possibilidade realizar a compostagem ou a reciclagem. Por isso a
técnica é polêmica e alguns ambientalistas e ONGs , como por exemplo a GAIA
(Global Alliance for Incenerator Alternatives), afirmam que alguns governos têm dado
prioridade a esta técnica ao invés das outras. O risco ambiental inerente também é
criticado por este grupo.
2.2.6. Destinar
Se os resíduos não puderem passar por nenhuma das etapas anteriores eles
deixam de ser resíduos e passam a ser rejeito, devendo ser encaminhados à
destinação final em terra. Este é o mais antigo processo de tratamento de lixo e o
menos desejável, pois gera inúmeros impactos ao meio ambiente. A disposição
incorreta destes rejeitos pode acarretar a contaminação do solo, dos lençóis freáticos
e do ar com a liberação de gases, como por exemplo o metano. Portanto, os governos
têm se esforçado para extinguir a existência dos lixões e utilizar aterros sanitários.
2.2.6.1. Lixões
A mais antiga forma de descarte de rejeitos, o lixão é um local à céu aberto,
sem nenhum tratamento, técnica ou medida de controle onde o lixo é depositado.
Como não são impermeabilizados há alto risco de contaminação do solo e dos
possíveis lençóis freáticos da região. Neles muitas vezes trabalham famílias de baixa
renda, em busca de materiais para revenda e reciclagem, se expondo a doenças e
entre outros riscos. (IB-USP)
15
2.2.6.2. Aterros sanitários
O Aterro Sanitário é um local que atende as técnicas de engenharia e normas
específicas. Este tipo de técnica tem como objetivo minimizar os impactos ambiental e
não causa danos a saúde publica e a segurança da população. Tem o objetivo de
reduzir o volume dos descartes, cobrindo-os com terra ou material inerte, sempre que
necessário. Neste tipo de local é feita a impermeabilização do solo e sistemas de
drenagem de chorume e gases são projetados. O Aterro Sanitário possui vida útil, que
depende da quantidade de lixo nele depositada, e quando este limite for atingido ele
deve ser fechado, atendendo as normas técnicas e ambientais, para prevenir a erosão
do terreno (IB-USP). Os aterros sanitários devem, sempre que possível, ser a última
opção para os resíduos sólidos urbanos.
16
3. BRASIL
O Brasil tem tentado criar nos últimos anos formas de incentivo à reciclagem e
a destinação final adequada aos resíduos sólidos. Entretanto, a Lei que desenvolve
uma Politica Nacional de Resíduos Sólidos demorou mais de 20 anos para ser
aprovada. Nesta seção serão apresentados dados sobre a GRS no país, bem como a
Política e o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
3.1. Política Nacional de Resíduos Sólidos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), foi estabelecida pela lei de
número 12.305/2010, sancionada em agosto de 2010 e regulamentada em dezembro
do mesmo ano (Brasil, 2010). Nela estão apresentadas todas as diretrizes e objetivos
para uma política efetiva neste setor, definindo o papel de todos os envolvidos:
governo, sociedade e setor privado, geradores ou responsáveis pela gestão dos
resíduos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos envolve diversas esferas do
governo e itera a Política Nacional do Meio Ambiente, apoiando as políticas de
Saneamento Básico e Educação Ambiental.
A lei determina a responsabilidade compartilhada, pelos resíduos gerados,
onde a responsabilidade da sociedade é colaborar com os serviços de coleta
disponíveis no Município, mas também reduzir o consumo desnecessário. A lei
esclarece ainda, que os Municípios são os responsáveis pela coleta e destinação final
dos resíduos gerados no mesmo e eles que decidem como será efetuada a coleta,
com empresas públicas, mistas ou privadas e os tratamentos adequados. Já os
Estados são responsáveis pela integração do planejamento e execução quando as
iniciativas forem compartilhadas por dois ou mais municípios, sobretudo em áreas
metropolitanas. A União tem o dever de fiscalizar a lei e renovar o Plano e as metas,
enquanto o setor privado deve se esforçar para reinserir os resíduos que possam ser
reaproveitados na cadeia produtiva e desenvolver produtos que visem uma maior
sustentabilidade.
Além disso, a PNRS também determina o fechamento de todos os lixões do
país em um prazo de quatro anos após a publicação da lei, ou seja, até agosto de
2014, passando o descarte a ser feito em aterros sanitários. Contudo, o número de
lixões ainda permanecia em torno de dois mil, e segundo a Confederação Nacional
17
dos Municípios, em março de 2014. Ou seja, menos de 50% dos municípios
conseguiriam atingir a meta de erradicação dos lixões imposta pelo governo. Sendo
assim, a CNM pediu o adiamanto do prazo, pois o cumprimento do plano é obrigatório
para o recebimento de verbas para o setor e tais municípios ficarão sem os recursos.
Os gestores de tais prefeituras também podem ser incriminadas por crime ambiental
conforme determina a lei (Confederação Nacional de Municípios, 2014).
Com a lei fica proibida a prática de catação de materiais nas destinações finais,
ou seja, os catadores estão proibidos de revirar os aterros sanitários em busca de
materiais para a reciclagem. Fica proibida também a procura por alimento nestes
locais e a implementação de casas, provisórias ou permanentes, conforme ocorria nos
lixões em todo o país. No entanto, está dispensada de licitação a contratação de
cooperativas e associações de catadores.
A PNRS também visa a redução dos resíduos gerados, e a implementação de
outras práticas sustentáveis, como a elaboração de produtos com consciência
ecológica e incentivo a programas de reciclagem.
3.1.1. Logística Reversa
A logística reversa é um "instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação
final ambientalmente adequada". (Ministério do Meio Ambiente)
A PNRS definiu cinco grupos prioritários na adoção dessa prática, os quais
devem recolher os seus produtos após o consumo por conta própria, sem a utilização
dos sistemas públicos. Tais grupos são classificados em:
• agrotóxicos, seus resíduos e embalagens
• pilhas e baterias
• pneus
• óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
• lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista;
• produtos eletroeletrônicos e seus componentes;
18
A implementação da Logística Reversa tem se dado, lentamente, em todos
estes grupos por meio de acordo setorial. Neste tipo de acordo, o Governo e os
responsáveis pelos produtos, como fabricantes, distribuidores, comerciantes e
importadores, estabelecem juntos o sistema de coleta dos descartes, tendo todos,
portanto, responsabilidade pela destinação final ou reaproveitamento do resíduo.
Os consumidores devem retornar os produtos aos comerciantes e
distribuidores que são responsáveis pelo recebimento dos produtos pós-uso e
encaminhamento aos fabricantes e importadores. Estes por sua vez são responsáveis
pela destinação final adequada.
Os grupos podem ser expandidos a outros produtos de embalagens de
plástico, vidro e metal, também através de acordos setoriais, após estudos de
viabilidades técnica e econômica.
3.2. Plano Nacional de Resíduos Sólidos
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem como objetivo identificar a situação
atual do Brasil no que tange ao GRS, propor alternativas aos Estados e Municípios e
elaborar metas a serem atendidas. As metas devem atender aos critérios impostos
pela Lei, como redução da geração de resíduos, aumento da reciclagem e destinação
final adequada.
O Plano tem “vigência por prazo indeterminado e horizonte de vinte anos, a ser
atualizado a cada quatro anos” (Brasil, 2010), e deve conter um panorama da situação
atual, os senários futuros, bem como metas e normas técnicas.
Algumas metas merecem ser destacadas, além da erradicação dos lixões
neste ano. Outra meta que deveria ser cumprida neste ano é a elaboração de Planos
Municipais e Intermunicipais de GRS em todos os municípios, a partir dos Planos
Estaduais, que deveriam ter ficado prontos em 2013.
Outro ponto importante é a reabilitação das áreas de lixões com a queima do
metano, o tratamento do chorume, a geração de energia entre outros pontos. As
regiões Sul e Sudeste, devem atingir 50% das unidades até 2023 e 100% até 2031,
enquanto as outras devem atingir 45% e 90% respectivamente (Governo Federal-
Ministério do Meio Ambiente, 2012).
19
Em relação aos resíduos passíveis de serem reciclados e os resíduos
orgânicos os municípios devem reduzir também a disposição dos mesmos em pelo
menos 20% e 50%, respectivamente, até 2031. A região Sul, deve atingir a redução de
60% em ambos os critérios.
Conforme pode-se observar, o plano procurar criar uma direção a qual os
Estados e Municípios devem concentrar seus esforços.
3.3. Alguns dados sobre o Brasil
Um dos grandes problemas brasileiro em direção a uma politica efetiva de
Gestão de Resíduos Sólidos é a insuficiência de dados disponíveis, bem como a
homogeneidade desses dados em todo o país. Outro problema diz respeito a
fiscalização da PNRS, que sozinha não pode garantir que os municípios estão
empenhados em oferecer tratamento adequado aos resíduos. Por isso, no último dia
31 de julho, foi estabelecida a criação do Observatório da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (OPNRS). O Observatório tem o objetivo de coletar e consolidar as
informações, monitorar acordos setoriais de logística reversa, monitorar a desativação
de lixões e o desempenho da coleta seletiva. Resumindo, o OPNRS foi criado para dar
mais transparência e informações sobre o cumprimento da lei (OPNRS, 2014).
No país nem todo resíduo sólido produzido pela população é coletado. Muitos
são descartados de forma ilegal, em ambientes inadequados, como por exemplo nos
rios. A coleta regular atingia em 2009 quase 90% dos domicílios brasileiros, entretanto
havia, ainda, muita discrepância entre a área urbana com 98% de cobertura e a área
rural com apenas 33% de cobertura (Governo Federal- Ministério do Meio Ambiente,
2012).
Estima-se que em 2025 o país gerará o dobro do que foi gerado em 2012,
chegando a mais de 300 toneladas de resíduos sólidos por dia (Hoornweg & Bhada-
Tata, What a Waste: A global Review of Solid Waste Management, 2012). Esse lixo
formado, em sua maioria, por compostos orgânicos, seguido por papel e plástico,
precisa urgentemente de uma destinação final apropriada. Estima-se a composição
gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos coletados no Brasil em 2008 conforme o
quadro abaixo apresentado no Plano Nacional de Resíduos Sólidos:
20
Tabela 2: Composição gravimétrica dos RSU Brasil 2008
Fonte: In: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos- IPEA
Podemos perceber que o país conta com mais da metade de matéria orgânica
e 31,9% de matérias recicláveis. Se tratados corretamente com todos os recursos
tecnológicos disponíveis, de todo o lixo produzido no Brasil, apenas 16,5% iria parar
diretamente nos aterros sanitários. Esse fato prolongaria a vida dos aterros, geraria
matéria prima para as industrias e agricultura e diminuiria a emissão de Gases Efeito
Estufa.
Ter todo esse desperdício de matéria prima é preocupante, pois mesmo tendo
uma movimentação de 12 bilhões de reais por ano (Portal Brasil, 2012), a indústria da
reciclagem ainda estima que o país perdeu em 2010 cerca de oito bilhões de reais no
setor. Algumas das indústrias de reciclagem operam ainda com ociosidade média de
20 a 30% (IPEA, 2013). Mesmo com o setor privado investindo em tecnologia para
reciclar, o Governo ainda faz muito pouco, não cobra a responsabilidade do produtor e
causa bitributação de impostos, dando poucas condições de progresso às industrias.
Pelo relatório apresentado pelo IPEA (IPEA, 2012), no sudeste temos a
geração de 0,9 kg de RS por habitante por dia, enquanto nos municípios brasileiros
considerados grandes ( com mais de um milhão de habitantes) a geração foi de 1,1 kg
por habitante por dia em 2008. É interessante ressaltar que o Sudeste ficou abaixo da
média nacional, sendo a região com a menor quantidade de RSU gerada, conforme a
tabela a seguir.
21
Tabela 3: Resíduos sólidos coletados no Brasil
Fonte: In: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos- IPEA
Pela falta de confiabilidade dos dados, pode-se concluir que houve um
aumento da coleta seletiva informal e da catação nas vias publicas de materiais
recicláveis. Isso é um fato comum em grandes centros urbanos, onde os catadores
recolhem diretamente das lixeiras latas de refrigerante, garrafas PET, papéis, entre
outros materiais de valor comercial atraente. Essa coleta realizada pelos catadores
informais não está contabilizada na análise precedente.
A abrangência da coleta seletiva formal no país ainda é muito limitada e
concentrada principalmente nas Regiões Sul e Sudeste. Em 2008, a coleta seletiva
formal atingia apenas 18% dos municípios do país.
Tabela 4: Coleta Seletiva por Região do Brasil
Fonte: In: Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Urbanos- IPEA
A inconsistência dos resíduos gerados pelas regiões do país e a pequena
abrangência da coleta seletiva em todo o território nacional pode confirmar a
importância dos catadores informais. Isso pode ser comprovado também quando
analisamos que a coleta seletiva formal recolhe muito menos material do que o que é
efetivamente reciclado.
22
Tabela 5: Estimativa da participação dos programas de Coleta Seletiva Formal 2008
Fonte: In: Plano Nacional de Resíduos Sólidos, 2012
Quando avaliamos o percentual de material recuperado pelos programas
oficiais percebemos que o material com maior recolhimento pela coleta formal é o
plástico e não chega a atingir 20%. Já o alumínio, tradicionalmente recolhido pelos
catadores em grandes quantidades, em lixeiras de ruas, calcadas, praias e grandes
eventos, chega a um percentual de menos de 1% na coleta formal.
3.3.1. Catadores
Conforme podemos perceber os catadores ainda representam a maior força da
reciclagem no país e, por isso, as políticas de gestão de resíduos sólidos têm grande
foco social na inclusão destas pessoas no processo de reciclagem. Parte do Plano
Nacional de Resíduos Sólidos se dedica a enumerar ações de inserção formal deles
na cadeia produtiva. Questões como eficiência e fortalecimento das cooperativas, bem
como criação de novas fazem parte de tais medidas.
Estima-se que existam em todo o país entre 400 e 600 mil catadores de lixo,
sendo que destes, apenas 10% fazem parte de algum tipo de organização coletiva
(Governo Federal- Ministério do Meio Ambiente, 2012). São cerca de 1.100
cooperativas distribuídas por todo o território nacional, entretanto tais cooperativas
ainda atuam muito abaixo de sua capacidade produtiva.
De todos municípios do país metade diz que há atuação de catadores nas
áreas urbanas (Ministério do Meio Ambiente, 2012). Por isso, algumas prefeituras e
empresas responsáveis pela coleta e disposição final dos resíduos sólidos já têm
parcerias estabelecidas com cooperativas. As formas de parcerias são diversas e
atendem desde a coleta porta a porta, até parte de triagem e separação do material.
23
Todavia, esse número ainda é muito pequeno e mais esforços devem ser feitos nesse
sentido.
Como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos aponta, a inserção dos catadores
pode se dar por meio de fortalecimento e criação de cooperativas, fortalecimento e
inclusão das mesmas na cadeia, criação de formas de regularização, identificação e
reconhecimento das mesmas. Um foco especial deve ser dado aos que trabalhavam
em lixões que serão desativados e por isso perderão o local de trabalho.
Em Natal, os catadores são responsáveis pela coleta seletiva porta a porta em
60% da cidade (Folha de São Paulo, 2014). Eles recolhem o lixo previamente
separado pelos moradores e depois fazem a triagem. Em São Paulo a prefeitura
emprega mais de 1.200 catadores, onde os mesmos são responsáveis por quase 50%
da coleta seletiva (Folha de São Paulo, 2014). A prefeitura incentiva com espaço para
triagem e caminhões utilizados na coleta. Entretanto, tais iniciativas ainda são
pequenas se comparadas a população total de catadores no país. Por isso, uma das
metas do Plano é a inclusão de 600 mil deles até 2031, estimando metas particulares
e progressivas em cada região do país.
3.3.2. Tratamentos
3.3.2.1. Compostagem
No país, apenas 1,6% dos resíduos orgânicos, que representam mais da
metade dos resíduos coletados, passou pelo tratamento de compostagem (Ministério
do Meio Ambiente, 2012). Isso aconteceu em apenas 211 municípios, sendo a sua
maioria em Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Por isso, o Plano Nacional de
Resíduos Sólidos propõe algumas medidas na implementação da compostagem.
Após a criação dos centros de compostagem ambientalmente aprovados, a
população precisa ser conscientizada sobre a importância da prática e colaborar com
a separação do lixo. Isso porque, como já explicado, a efetividade do tratamento é
maior quando é separado na fonte. Além disso, é preciso que haja algum tipo de
coleta seletiva do composto orgânico, por parte dos municípios e empresas coletoras.
24
3.3.2.2. Incineração e Geração de Energia
É sabido que o Brasil é amplamente dependente da energia hidroelétrica e
este ano estamos passando por uma das maiores crises de seca da história. Tendo
mais da metade da energia fornecida proveniente dessas hidroelétricas sem a
diversificação o fornecimento de energia será sempre um risco.
Tabela 6: Matriz Energética do Brasil
Fonte: ANAEEL, 2014
Entretanto, o consumo e a produção de resíduos não param nunca, sendo
assim muitos países, com menores capacidades energéticas naturais, vêm investindo
em energias alternativas, como por exemplo o biogás e a energia proveniente da
incineração do lixo.
Segundo um estudo da ONG contra a incineração GAIA, alguns países da
União Europeia como Alemanha, Dinamarca, Suécia, Holanda e Reino Unido já
possuem uma capacidade de incineração maior do que os resíduos não recicláveis
gerados por seus habitantes (Zero Waste Europe, 2013).
No Brasil a primeira usina de incineração de lixo urbano em larga escala, que
será construída em São Bernardo, estava prometida para ter o início de suas obras
ainda em 2014. A usina que terá os custos de construção em torno de 400 milhões de
reais será capaz de queimar 720 toneladas de lixo por dia, o equivalente a toda
produção da cidade (Diário do Grande ABC, 2014). Entretanto, devido a mudança do
local a ser construída, que passou do antigo lixão do Alvarenga, para um terreno ao
25
lado, enfrenta ainda o processo de emissão de licenças ambientais.
Além das críticas ambientais à incineração por falta de confiabilidade no
processos, a incineração de produtos que não sejam rejeitos acaba com possibilidade
de empregos à muitas pessoas. Quando se envia para a incineração produtos
passíveis de reciclagem ou compostagem, deixa-se os catadores, que deveriam ser
incluídos socialmente na cadeia segundo a PNRS, sem empregos. Por isso muitas
cooperativas e associações de catadores tentam junto com ambientalistas derrubar
qualquer iniciativa de instalação de tais usinas em todo o país.
Entretanto, no caso de São Bernardo, os catadores e as organizações não
governamentais que são contra as políticas de incineração não obtiveram muito
sucesso. A empresa que administrará a usina também ficará responsável por todo o
sistema de varrição e coleta seletiva da cidade, o que a principio exclui os catadores
do projeto. Em questões energéticas, a usina deverá ser capaz de gerar cerca de 17
megawatt/hora, o que é suficiente para alimentar, por exemplo, toda a iluminação
pública da cidade (Diário do Grande ABC, 2014).
Em relação a geração de energia vinda do gás metano de aterros e lixões, o
país ainda não possui uma estrutura efetiva para esse tratamento. Estima-se que o
potencial energético da década de 2010/2020 de apenas 56 municípios poderia
abastecer quase toda a população da cidade do Rio de Janeiro (Ministério do Meio
Ambiente, 2012). Entretanto, para ser econômica e tecnicamente viável os aterros
precisariam ser de grande porte, o que fortalece a escolha de soluções compartilhadas
entre dois ou mais municípios de pequeno e médio porte.
3.3.3. Disposição Final
Por anos os Lixões foram a forma de descarte dos resíduos sólidos mais
utilizada pelo país. Entretanto, conforme determina a Lei da PNRS, os lixões deveriam
ter sido fechados até 2 de agosto de 2014. Apesar dos Governos Estaduais e
Municipais terem se esforçado para o cumprimento dela, o único estado a cumprir a lei
foi o de Santa Catarina (G1, 2014).
Mesmo se em 2008 58,3% dos resíduos já terem sido dispostos em aterros, os
números da compostagem e reciclagem são preocupantes. Apenas 1,4% de todo o
lixo do Brasil era reciclado e menos de 1% compostado. Ao procurar formas para
26
cumprir a lei, os Estados e Municípios continuaram seguindo o caminho de investir em
aterros sanitários e pouco ou quase nada nos outros tratamentos.
Tabela 7: Quantidade de RS domiciliares e/ou públicos encaminhados para a destinação final
Fonte: In: Plano Nacional de Resíduos Sólidos, 2012
3.3.4. Iniciativa privada
Algumas iniciativas isoladas estão sendo identificadas no que tange a um
consumo mais consciente e um descarte mais responsável aos nossos rejeitos. Porém
a maior parte destas vêm da iniciativa privada e muitas vezes sem qualquer apoio do
governo.
É o caso da rede de supermercados Zona Sul, que está aplicando a
compostagem nos resíduos orgânicos gerados por todas as suas lojas. Depois de
compostados, tais resíduos viram adubos que são vendidos nas lojas da rede e
também usados no plantio de novos produtos, como por exemplo da pimenta que
também esta sendo vendida.
Com a iniciativa a empresa enviou em 2013 cerca de 2.996,36 toneladas de
rejeitos orgânicos que seriam enviados a aterros sanitários (Zona Sul). Entretanto,
ainda é uma iniciativa que trás prejuízo a rede, o que pode ser abandonada por falta
de incentivo.
Além da rede Zona Sul, outras empresas fora do setor também estão
27
apostando na compostagem dos alimentos consumidos por seus funcionários. É o
caso da L’Oréal Brasil que chegou a ganhar um premio internacional em 2012 o qual
concorria com iniciativas em fábricas da empresa em todo o mundo. Além da
compostagem, o projeto envolvia o reaproveitamento da água tratada e da água da
chuva (L'ORÉAL, 2012).
Outra iniciativa importante, foi o programa Papa Pilhas, do Banco Santander
(antigo banco Real), iniciado em 2006 e com o objetivo de recolher pilhas, baterias e
outros aparelhos eletrônicos, como celulares e câmeras. Os pontos de entrega
voluntária gratuitos se localizam nas agencias bancárias de todo o país. O material é
enviado para a triagem em São José dos Campos, São Paulo, e encaminhados para a
reciclagem. A de pilhas é realizada em Suzano, também em São Paulo, enquanto os
celulares e outros aparelhos são triturados e enviados para a reciclagem na Bélgica.
Segundo a empresa, menos de 1% das pilhas e 2% dos celulares vendidos
são reciclados, indo o restante para a disposição final inadequada. Por conter metais
pesados altamente contaminantes, isso representa um risco ambiental e à população
gravíssimo. O programa já conseguiu recuperar mais de 800 toneladas desses
produtos desde a sua criação e possui 2.800 postos de coleta em todo o país
(Santander, 2014).
28
4. MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Apesar da a PNRS ter sido desenvolvida com base em uma visão sistêmica de
todo o sistema brasileiro, devemos ter em mente que o Brasil é um país cheio de
peculiaridades regionais. Tais diferenças fazem com que uma solução ótima para
determinado município não seja tão adequada para outro. Podemos citar diversos
critérios como por exemplo, renda da população local, densidade demográfica,
dificuldade de locomoção das equipes de limpeza urbana, cultura, etc. Sendo assim, o
município do Rio de Janeiro foi escolhido como objeto de estudo e comparação com
tecnologias e metodologias aplicadas em outras cidades do mundo.
A coleta domiciliar no município do Rio de Janeiro é realizada pela COMLURB
(Companhia Municipal de Limpeza Urbana), uma empresa mista a qual a Prefeitura do
Rio de Janeiro é acionista majoritária (Comlurb, 2009). Além da coleta regular, a
companhia também é responsável pela coleta seletiva, varrição de ruas, praias e
praças. A cidade do Rio de Janeiro possui 7 subprefeituras, 33 áreas administrativas e
160 bairros sendo 68 deles parcialmente cobertos pela coleta seletiva (Prefeitura do
Rio de Janeiro, 2013). A área total do município é de 1.200,278 km² e a população
estimada em 2013 era de 6.429.923, gerando uma densidade demográfica de
5.265,82 habitantes por km² (IBGE). No ano de 2012 foram coletadas 1.825.992,80
toneladas de lixo domiciliar na cidade (Prefeitura do Rio de Janeiro).
O lixo domiciliar representa quase 50% do lixo gerado na cidade. A outra
metade é composta por Lixo Público; Emergência, Resíduos de Serviços de Saúde
(RSS), Remoção Gratuita; e Grandes Geradores, incluindo Resíduos de Construção
Civil. O Lixo Público consiste do lixo coletado em repartições publicas, limpezas de
ruas, áreas de feiras, praias e córregos.
29
Gráfico 1: Composição dos RSU na cidade do Rio de Janeiro
Fonte: In: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS
da Cidade do Rio de Janeiro
Para fins de gestão do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos a Prefeitura divide a cidade em cinco áreas de planejamento (Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, 2012).
Figura 2: Áreas de Planejamento da Cidade do Rio de Janeiro
Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS
da Cidade do Rio de Janeiro
A área de maior população é a Zona Norte, que também é a maior geradora de
resíduos sólidos no município. A Zona Oeste, em segundo lugar em ambos os
quesitos, vem apresentando um crescimento populacional significativo. Entre 2000 e
2010 a região teve um aumento de 150% da sua população (G1, 2011) e devido a
30
sua extensão e oferta de espaços livres esse crescimento deve continuar. A
desordenação com a qual esse fenômeno vem acontecendo merece atenção especial
e planejamento.
O centro, por ser majoritariamente uma área comercial e pouco residencial, é
responsável por apenas 3% dos resíduos gerados na cidade. Entretanto, com os
planos de revitalização também tem demonstrado um crescimento da população
residencial, em torno de 5% na mesma época (G1, 2011).
A geração de lixo per capita na cidade é de 1,62 kg/dia, sendo destes 0,79
kg/dia de lixo domiciliar e 0,52 kg/dia de lixo público. Mais dados sobre a geração do
lixo por área de planejamento em 2011 podem ser analisados na tabela a seguir,
elaborada pela prefeitura.
Tabela 8: Geração por Área de Planejamento
Fonte: In: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS
da Cidade do Rio de Janeiro
Assim como no Brasil, a maior parte dos RSU do município do Rio de Janeiro é
composta por materiais orgânicos, seguido por materiais passíveis de serem
reciclados e apenas uma pequena parte de rejeitos. Entretanto, cerca de apenas 3,7%
31
do total de lixo reciclável gerado na cidade é recolhido pela coleta seletiva e destes
70% efetivamente reciclados (G1, 2013). Esses materiais recicláveis são compostos
em sua maioria por plásticos e papel e papelão.
Gráfico 2: Composição do lixo domiciliar e dos recicláveis no Rio de Janeiro
Fonte: In: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS
da Cidade do Rio de Janeiro
Atualmente, a GRS no Rio de Janeiro tem os seus maiores esforços
concentrados no sistema de transporte. Como evidencia o relatório do The World Bank
(Hoornweg & Bhada-Tata, What a Waste: A global Review of Solid Waste
Management, 2012), países em desenvolvimento tendem a ter grande percentual do
que é investido em GRS direcionado para o sistema de coleta, consequentemente o
transporte. Entretanto, o cenário do município vem mudando com a implementação de
centrais de triagem e centrais de transferência. Nas centrais de transferência, os
caminhões fazem o pequeno percurso das residências até lá e depois os rejeitos são
enviados até o aterro de Seropédica em carretas (Rio Cidade Olimpica, 2012). Essas
carretas têm a capacidade equivalente de dois ou três caminhões, o que economiza
em combustível, funcionários e proporciona menor poluição do ar.
Tais estações de transferência estão localizadas perto das fontes geradoras:
Santa Cruz, Bangu, Jacarepaguá, Taquara, Caju, Penha e Marechal Hermes.
32
Figura 3: Estações de Transferência do Lixo Domiciliar
Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos - PMGIRS
da Cidade do Rio de Janeiro
4.1. Coleta Seletiva
A coleta seletiva possui basicamente duas formas de execução, a porta-a-
porta, onde a empresa responsável coleta o material nas fontes geradoras e os Pontos
de Entrega Voluntária (PEV), onde os habitantes levam os matérias para estes pontos.
Não há registro de PVEs associados a COMLURB ou ao Governo na cidade do Rio de
Janeiro, sendo portanto tais pontos iniciativas de cooperativas.
A coleta seletiva porta-a-porta acontece em dias e horários programados e em
caminhões diferentes dos convencionais. Os materiais devem ser colocados em sacos
transparentes, respeitando as normas da ABNT, para que os garis possam avaliar a
presença ou não de material orgânico, cortante e contundente. A lista dos bairros
cobertos, parcialmente, pela coleta seletiva no município estão no ANEXO I.
Segundo o Governo Municipal, são coletados por mês 1.023,59 toneladas de
materiais potencialmente recicláveis pelo programa nos 68 bairros com cobertura da
coleta seletiva. A taxa de recuperação desses materiais chegou a 3,7% de um total
estimado em 1,991 t/dia (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2014). Com as novas centrais
de triagem, o governo planeja expandir a cobertura da coleta seletiva a outros bairros.
33
4.2. Centrais de Triagem
Como parte do novo plano de tratamento de materiais reciclados a prefeitura
planeja a construção de seis centrais de triagens na cidade. A primeira delas,
localizada em Irajá, entrou em funcionamento no começo de 2014, com capacidade
para a separação de 20 toneladas por dia e 200 postos de trabalho (Prefeitura do Rio
de Janeiro, 2014). A central conta com esteiras mecânicas para agilizar o processo de
identificação de materiais, além de balanças, prensas industriais e empilhadeiras.
Entretanto, a separação dos materiais é feita manualmente pelos catadores, o que
torna o processo lento e arcaico.
A construção dessa Central se deu com o patrocínio do BNDES e apoio da
Coca-Cola Brasil, a qual receberá o PET para a produção de novas garrafas de
refrigerante a partir da reciclagem deste material. A prefeitura cedeu o terreno por 10
anos, podendo ser renovado por período igual.
A expectativa do Governo Municipal era a inauguração, ainda no primeiro
semestre de 2014, dos Centros de Triagem de Bangu e do Centro, entretanto essas
inaugurações não foram realizadas até o presente momento. A meta é chegar aos
25% de reciclagem em 2016, com o funcionamento das seis centrais (Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro, 2012). Os empregos gerados serão destinados aos antigos
catadores de lixões, proporcionando a inclusão social dos mesmos, conforme prevê a
PNRS.
Figura 4: Centrais de Triagem do Lixo Domiciliar
Fonte: Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro
34
4.3. Compostagem
Atualmente na cidade existe apenas um ponto de compostagem ligado a
COMLURB, localizado na usina de triagem do Caju. Tal usina opera tanto com a
separação do lixo orgânico quanto de material reciclado em uma mesma esteira,
comprometendo a eficiência dos dois processos. Isso acontece pela falta de
manutenção na usina desde que foi inaugurada em 1993, o que levou interdição de
uma das esteiras. Com capacidade de 1000 toneladas/dia, a usina deveria operar com
metade dessa capacidade para orgânicos e a outra metade para reciclados, porém
em 2012 processava apenas 300 t/dia, sendo destes só 10% de recicláveis (O Globo,
2012).
4.4. Incineradoras
Em 2002 foi feito um estudo para auxiliar o então prefeito da cidade do Rio de
Janeiro, Cesar Maia, na decisão de implantação de uma usina de incineração do lixo
domiciliar no município. O estudo foi composto de uma análise técnica, sobre o lixo do
município, analise econômica, sobre a viabilidade da implementação e analise
ambiental, para garantir a qualidade de vida e levantar os riscos.
A usina teria capacidade para a incineração de todo o lixo domiciliar gerado
pelo município, cerca de 150.000 t/mês e reduziria os rejeitos para pouco menos de
23.000 t/mês (Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2002). Esses rejeitos poderiam
ser encaminhados a aterros sanitários comuns, tendo em vista o fato de que não
representariam resíduos perigosos. Entretanto, outras quase 4.000 toneladas que
seriam provenientes do controle de poluição do ar seriam enquadradas na Classe 1 da
NBR 10004, ou seja, considerados perigosos. Estas deveriam ser encaminhados a
aterros industriais com tratamento apropriado.
Pela avaliação, o lixo domiciliar do município foi considerado pouco atraente ao
tratamento de incineração, visto que a grande quantidade de matéria orgânica úmida
prejudica o poder calorifico do lixo. O relatório também considerou a coleta seletiva
como uma ameaça a qualidade do lixo a ser queimado, pois com ela são retirados
materiais com alto poder calorifico como papel e plástico.
35
A ideia era que a implementação da usina se desse na área portuária do Rio
de Janeiro, no bairro do Caju. O local foi escolhido por estar perto das fontes
geradoras, entretanto, pela conclusão do relatório, a área escolhida não é
ambientalmente adequada. Além disso, demonstrou-se uma grande preocupação com
os possíveis gases gerados mais pelo custo de tratamento e reação da sociedade do
que pela parte ambiental em si.
Finalmente, o relatório conclui que economicamente o projeto não é viável por
representar um grande impacto no orçamento do município, se comparado com as
opções de aterro disponíveis. Enfatiza ainda que a cidade contará com essa forma de
tratamento por ainda muitos anos, visto que existe muita área disponível tanto no
município quanto nos arredores.
Atualmente, o município conta com uma usina de incineração experimental, na
Ilha do Fundão, com o intuito de auxiliar as pesquisas da Coppe. A usina, chamada de
Usina Verde, que está em funcionamento desde 2004 garante que apenas vapor de
água e CO2 são liberados na atmosfera (Universidade Federal do Rio de Janeiro,
2006). Os resíduos sólidos que a abastecem já vêm pré tratados pela COMLURB, ou
seja, são retirados os materiais possíveis de serem reciclados ou reutilizados.
Na usina são queimadas por dia 30 toneladas de lixo por dia que produzem
700 kW (Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2006). Segundo a Coppe, 90% em
peso desse lixo é transformado em energia, e estudos estão sendo feitos para triplicar
a quantidade de energia gerada a partir da mesma quantidade de lixo.
4.5. Aterros e lixões
Assim como em todo o Brasil a principal forma de tratamento no município do
Rio de Janeiro tem sido por meio de disposição dos resíduos sólidos em aterros
sanitários ou lixões. Entretanto, com a implementação da PNRS que exige a
erradicação dos lixões até 02 agosto de 2014, o estado muito tem investido para o
cumprimento desta determinação.
O Estado do Rio de Janeiro, está próximo de cumprir a meta nacional de
erradicações dos lixões, entretanto na data estipulada ainda restavam cerca de 20
deles (G1, 2014). Na cidade do Rio de Janeiro o último lixão, o Lixão de Gericinó, foi
fechado em abril deste ano, para resíduos domiciliares, e cada um de seus catadores
36
recebeu uma indenização no valor de quase R$14 mil reais (Alencar, 2014).
4.5.1. Biogás e Tratamento de Chorume
Com o fechamento do Aterro de Gramacho em 03 de junho de 2012, a
prefeitura realizou um plano de recuperação da área e do entorno. Em maio de 2010
foi inaugurada a Usina de Biogás com o intuito de tratar o gás metano que é liberado
pela matéria orgânica em decomposição (Prefeitura do Rio de Janeiro, 2013).
Altamente tóxico, o metano é coletado de 301 poços espalhados por todo o aterro e
depois queimado em altas temperaturas e transformado em CO2 e vapor d’agua. Essa
transformação evita que cerca de 75 milhões de m3 de metano sejam liberados por
ano, reduzindo portanto a emissão de Gases de Efeito Estufa.
No mesmo local, também foi construída uma estação de tratamento de
chorume, líquido liberado na decomposição da matéria orgânica. A estação com
capacidade de tratamento de 1920m3 por dia é uma das maiores do mundo.
37
5. BOAS PRÁTICAS NO MUNDO
Em muitos países os resíduos sólidos criam tanto desconforto que leis severas
controlam os cidadãos. A União Europeia por exemplo estabeleceu que os países
membros atinjam até 2020 pelo menos 50% de reaproveitamento dos resíduos sólidos
gerados. Pelos relatórios divulgados em 2013, apenas 5 países já atingiram a meta,
sendo eles: Áustria, Bélgica, Alemanha, Holanda e Suíça (European Environment
Agency, 2013).
Entretanto, tais países ainda possuem grandes divergências regionais no
tratamento e nos números de reaproveitamentos. Por isso, foram escolhidas algumas
cidades no mundo reconhecidas pela sua política eficiente e/ou inovadora no
tratamento destes recursos.
5.1. Boras, Suécia
Enquanto os governos municipais do Brasil estão focados na criação de
aterros sanitários para a erradicação dos lixões, cidades como Boras, na Suécia,
apostam em outras alternativas para reciclar ao máximo e reaproveitar tudo o que for
possível do lixo domiciliar. Usinas de biogás, centros de reciclagem, incineração e a
participação da população fazem parte de toda a política de lixo zero nos aterros
sanitários.
Esta cidade é um exemplo de caso de sucesso mundial, pois atualmente 99%
do lixo domiciliar recebe algum tipo de tratamento e apenas 1% é despejado nos
aterros sanitários. Apesar de ser uma cidade pequena, com um total de 106.000
habitantes em 2013, (Borås Stad, 2014), mostra que com um bom planejamento e
uma boa gestão os objetivos são alcançáveis, tanto que chega a importar lixo da
Noruega para a geração de energia, um dos objetivos principais do programa. São
geradas em torno de 44 mil toneladas de resíduos sólidos por ano, o equivalente 1,6
kg/dia para cada habitante .
São mais de 30 anos de planejamento da GRS que começou em 1986 com um
projeto piloto em 3.000 casas da cidade. Dez anos depois toda a cidade já estava
envolvida nessa transformação social. Com um plano de gestão que integra os setores
publico e privado, alinhando esforços de industrias, universidades e pesquisadores
38
chegou-se a tecnologias para o tratamento térmico e geração de biogás para
eletricidade e aquecimento.
A politica de gestão de resíduos sólidos é amparada por leis e taxas para o
deposito de lixo em aterros que aumentam proporcionalmente ao descarte nos
mesmos. O fácil acesso aos pontos de entrega voluntária e centros de reciclagem,
juntamente com as campanhas e ações de conscientização da população, vem
fazendo com que as quantidades enviadas aos aterros caia a cada ano.
Gráfico 3: Envio de RSU para Aterros Sanitários em Boras
Fonte: Zero waste solution of Borås (Sweden) -International cooperation for ECO-innovations
Por isso, os cidadãos são um fator critico de sucesso do projeto, onde as
crianças são ensinadas nas escolas sobre a importância e o funcionamento da gestão
dos resíduos. A cidade conta com 48.500 domicílios atendidos pelo sistema de coleta
porta-a-porta, 80 pontos de entrega voluntárias, com separação em 7 tipos (vidro,
metal, embalagens de plástico, jornal, embalagens de papel, lâmpadas e baterias e
lixo perigoso ou contaminante), 5 centros de reciclagem e 800 contêineres delivery.
A figura a seguir resume perfeitamente como o lixo é tratado pelos cidadãos e
encaminhados aos tratamentos adequados.
39
Figura 5: Tratamento do Lixo em Boras
Fonte: Adaptado de Zero Waste Management in Borås
O lixo orgânico, composto apenas por restos de comida, é armazenado em
sacos pretos, fornecidos pela empresa responsável pela coleta, enquanto os rejeitos
que não são nem possíveis de serem reciclados, nem puramente orgânicos são
colocados em sacos brancos. A coleta de ambos é feita conjuntamente, e quando
chegam nas estações de tratamento, são separadas pela cor dos sacos por uma
máquina com tecnologia ótica.
Por outro lado os materiais recicláveis são levados aos pontos de entrega
voluntária e lá depositados em diferentes contêineres pelo próprio morador. Esses
pontos de entrega voluntária são escolhidos estrategicamente para facilitar o retorno
do material, como por exemplo em praças, perto de centros comerciais e
supermercados.
40
Figura 6: Pontos de Entrega Voluntária de materiais recicláveis em Boras;
Fonte: Boras Energi Miljo
Nos cinco centros de reciclagem, que funcionam alternadamente de acordo
com os horários disponíveis na internet, existem funcionários responsáveis por
oferecer suporte aos cidadãos, dando conselhos sobre como tratar o lixo e depositá-
los nos pontos de entrega voluntária. Podemos perceber que ,neste tipo de sistema, a
população participa ativamente, desde a separação até a disposição dos recicláveis
nos pontos de reciclagem.
Outra alternativa ao cidadão, criada pelo governo para incentivar a reciclagem
é o que eles chamam de sistema PANT. Nesse sistema os materiais de PET e as
garrafas de alumínio podem ser retornadas nos supermercados. Quando um destes
produtos é comprado, uma taxa extra pela embalagem é acrescentada no seu valor
final, que depende do peso do material. Quando as embalagens são trocadas nas
máquinas desses supermercados o consumidor recebe o valor correspondente a taxa
paga como crédito para compras no local. Com esse sistema tais materiais possuem
uma taxa de 90% de reciclagem em toda a Suécia.
Entretanto a fração de materiais reciclados não é das maiores do continente,
representando menos de 30% do total. O tratamento de incineração, ou seja,
41
tratamento térmico, ainda é o mais utilizado.
Gráfico 4: Tratamentos do Lixo em Boras
Fonte: Adaptado de Zero Waste Management in Borås
Porém, a taxa de resíduos enviados para tal tratamento vem se mantendo
constante ao longo dos anos.
Gráfico 5: Tratamento do Lixo em Boras ao longo dos anos
Fonte: Zero Waste Management in Borås
Biológico 30%
Térmico 43%
Reciglagem 27%
Tratamentos do Lixo em Boras
42
5.1.1. O Sistema Ótico
Conforme foi brevemente explicado, o sistema ótico cuida da fração não
reciclável do lixo domiciliar. Com a implementação do sistema, a coleta pode se dar de
forma conjunta dos matérias orgânicos e rejeitos, sem haver a mistura dos mesmos.
Isso facilitou a logística de coleta, de forma a precisar de menos caminhões e
funcionários para fazer a coleta, agilizando o processo e diminuindo dos custos de
operação.
Para avaliarmos os custos, tem-se que o custo de coleta pelo sistema ótico é
menor, pois o mesmo caminhão pode fazer o serviço para ambos os lixos. Por isso o
custo com uma coleta não seletiva é o primeiro custo a ser considerado. Como a
companhia de limpeza distribui as sacolas pretas e brancas este custo deve ser
incluído na contagem da operação do sistema, sendo o custo de sacolas orgânicas de
R$ 14,64 por família por ano e não orgânicas de R$21,14 por família por ano, num
total de R$ 35,78 por família anualmente. Além do custo das sacolas, o custo
operacional da planta se dá pelo gasto de pessoal, manutenção e peças, além de
água e energia.
O investimento inicial de uma planta que separa o lixo orgânico dos rejeitos, ou
seja, dois tipos de lixo, com capacidade anual de 30.000 toneladas custa cerca de R$
9.758.143,91, segundo a empresa responsável pela tecnologia (Optibag).
Para a solução completa do tratamento de Boras, deveriam também ser
levantados os custos das plantas de incineração de rejeitos e de geração de biogás.
Entretanto, o que interessa no estudo de caso apresentado é a tecnologia ainda pouco
difundida da seleção ótica.
5.1.2. Comentários sobre o Caso Boras
A instalação da seleção ótica possui um custo de implementação alto,
entretanto este é compensado pelos custos de diminuição da coleta e sua frequência.
A coleta conjunta permite mais rapidez ao processo e menos viagens até a fonte
geradora para recolhimento do lixo.
O alto envolvimento da população é destaque para que o sistema funcione
perfeitamente. Os contêineres de recicláveis, conforme mostrados no mapa nem
43
sempre estão próximos das residências, o que mostra o comprometimento dos
habitantes da cidade.
Entretanto, um dos pontos fracos do sistema geral de GRS de Boras é a alta
quantidade de lixo enviada à incineração. Prática comum nos países com muitas
usinas já instalados, pois o custo de manter a usina parada é muito alto. Mesmo que
a incineração seja vista por alguns ambientalistas como uma metodologia não segura,
ela está presente nos tratamentos que devem ser dados ao lixo antes de ser disposto
em aterros. Por isso, Boras possui uma solução do ponto de vista de GRS eficiente,
fazendo com que pouco lixo seja enviado aos aterros.
A integração com as universidades faz com que novas tecnologias surjam e
que seja possível expandir à outras cidades do mundo. Boras têm exportado por meio
de parcerias com várias o seu modelo e suas práticas de GRS.
5.2. Barcelona, Espanha
A cidade de Barcelona é a capital da Catalunha e segunda maior cidade da
Espanha, com cerca de 1.611.822 em 2013 (Departament d'Estadística) habitantes e
101,4 km2. A geração de resíduos sólidos na cidade chega a 1,64 kg por habitante por
dia (Ajutament de Barcelona). Com os Jogos Olímpicos de 1992, a cidade passou por
grandes mudanças e uma das mais importantes foi a implementação, em parte da
cidade, de um novo sistema de coleta de lixo. Esse sistema de coleta de Barcelona
consiste na coleta pneumática subterrânea. Nessa época o sistema começou a ser
instalado nos novos prédios da vila Olímpicas, deixando uma grande obra de infra
estrutura para a cidade, que depois se expandiu a mais sete novas linhas
subterrâneas.
Em 2012, 39% do lixo gerado era encaminhado para a reciclagem e destes,
39% eram de compostos orgânicos. Os 61% restantes estão distribuídos em três tipos
de tratamento: Incineração, Digestão Anaeróbia e descarte em Aterro Sanitário (Itoiz,
Greenhouse Gases (GHG) emissions from Municipal Solid Waste of BARCELONA ,
2013).
44
Gráfico 6: Tratamento de Resíduos em Barcelona
Fonte: Adaptado de Greenhouse Gases (GHG) emissions from Municipal Solid Waste of BARCELONA, Report
O sistema de coleta pneumática consiste em comportas de deposito do lixo,
onde os mesmos caem até os contêineres, chamados estáticos, subterrâneos fixos
que são conectados por tubos com centrais de tratamento. Após depositados os sacos
de lixos ficam esperando a abertura do canal subterrâneos que acontece em horas
programadas, ou quando o contêiner está cheio, reconhecido pelo seu peso.
Figura 7: Coleta Pneumática Barcelona
Não há mistura entre o lixo orgânico e os rejeitos, pois eles entram por
comportas diferentes, ficam em contêineres diferentes e são transportados pelos tubos
separadamente. Através dos tubos os sacos são enviados a cerca de 80km por hora
às centrais de processamento que ficam nos arredores da cidade. Os materiais
24%
24% 52%
Tratamento de Resíduos em Barcelona
Incineração
Aterro Sanitário
Digestão Anaeróbia
45
orgânicos seguem para a compostagem enquanto os rejeitos não recicláveis seguem
para a metanização (ou biogasificação) para a geração de biogás (Ajutament de
Barcelona).
Em locais onde esse sistema não pode ser implementado, como por exemplo
em regiões de alto relevo e para os matérias recicláveis existem os contêineres
específicos para vidros, plásticos e papeis. Esses contêineres, que são chamados de
sistema móvel, são esvaziados por caminhões que auxiliam o sistema de coleta. Os
contêineres só podem ser abertos por esses caminhões o que evita que pessoas
tentem retirar o lixo de dentro deles para a comercialização de recicláveis. Para
materiais de grande volume o cidadão podem contatar o serviço de coleta que é
gratuito.
Figura 8: Coleta por Contêineres Barcelona
Fonte: Barcelona pel Medi Ambient
Os contêineres estão dispostos em no máximo 100m de distancia das
residências, em três tamanhos de acordo com a disponibilidade de espaço e a
quantidade de lixo a ser recebida no local. Os maiores, chamados de “Modelo
Barcelona” têm a capacidade de 3.200 litros, os médios para 1.700 e os pequenos
para 1.100, indicados para ladeiras e ruas estreitas (Ajutament de Barcelona).
Uma das maiores vantagens dos dois sistema de coleta, é que os moradores
podem depositar os seus lixos a qualquer hora do dia, o que não gera mal cheiro e
melhora o ambiente das ruas, sem as sacolas nas calcadas. Outro ponto importante
da coleta subterrânea é que com ela não é preciso o uso de caminhões circulando
pela cidade o que melhora o trânsito, gera menos emissão de gazes poluentes e
economiza em combustíveis e trabalhadores. Entretanto, em alguns pontos da cidade
o sistema de canais subterrâneos não estão disponíveis o que faz com que os
46
caminhões passem e recolham diretamente dos contêineres, como acontece com os
materiais reciclados.
Segundo o responsável pela administração do sistema na cidade, Albert
Mateu, vice presidente da Envac Iberia, empresa responsável pela instalação e
administração do sistema, não será possível atingir 100% da população da cidade
(Estadão, 2010). Isso porque os terrenos irregulares e morros inviabilizam a instalação
dos dutos. Entretanto a meta é chegar a uma cobertura de 70% até 2018. Em 2010
cerca de 30% do lixo gerado era coletado por esse sistema, distribuídos em uma rede
de cerca de 30km e mais de 1.500 comportas.
Os custos de implementação são bastante elevados, tendo a cidade já
investido mais de 150 milhões de euros no sistema, financiado pelo governo e pela
iniciativa privada, esta última principalmente em áreas de urbanização recente . Para
uma rede de coleta que atende cerca de 18 mil famílias, o valor estimado para a
implementação é de 50 milhões (Estadão, 2010). Entretanto, estima-se que a longo
prazo haja uma redução de 30 a 40% no custo da coleta.
Por outro lado há os que critiquem o sistema, como a ONG Recicloteca a qual
afirma que quando você deposita o lixo e não tem mais nenhum incômodo devido a
presença do mesmo você não será estimulado a reduzir o consumo (Recicloteca).
5.2.1. Comentários sobre o Caso Barcelona
O modelo de coleta seletiva possui pontos fortes e fracos. Se avaliarmos os
pontos fortes, temos que com a coleta subterrânea haverá um menor número de
caminhões em circulação na cidade e com isso menor será a geração de GEE e o
trafego na cidade será melhor. Também serão necessários menos funcionários no
processo de coleta, visto que os próprios cidadãos são responsáveis por depositar o
lixo diretamente nas comportas.
O custo de manutenção é baixo, pois na maioria dos casos é possível
desobstruir a tubulação sem precisar perfurar o solo, entretanto, caso sejam
necessários reparos os mesmos podem possuir um custo bastante elevado. O sistema
ainda preocupa, pois é necessário um sistema de coleta de emergência no caso de
entupimento, o que pode vir a ser um custo a mais para a empresa gerenciadora
Como complicação para a implementação do sistema tem-se a necessidade de
grandes obras, com a abertura subterrânea de vias publicas, o que pode ser
47
complicado em áreas altamente povoadas, ou de tráfego intenso. Tem-se ainda que
os custos de implementação são altos, e existe dificuldade de identificação das
pessoas que utilizam o sistema de forma incorreta, como por exemplo o despejo de
vidros.
O consumo de energia durante o funcionamento do processo é alto, devido a
sucção necessária para a movimentação das sacolas. Outro ponto a ser criticado é
que o desperdício de lixo por parte da população pode aumentar, visto que não se têm
a real noção de quanto lixo está sendo gerado.
5.3. São Francisco, Estados Unidos
A cidade de São Francisco, com população de aproximadamente 805.235
habitantes em 2012 e área de 121 km2, tem como objetivo a meta de “lixo zero” o que
para eles significa não enviar nenhum resíduo aos aterros sanitários e à incineração
até 2020. Para isso os produtos devem ser produzidos de forma a maximizar e
melhorar o uso, e, quando descartados, respeitar a hierarquia do lixo, já apresentada
anteriormente. Cada pessoa na cidade gera aproximadamente 1,7 kg de lixo por dia
(Gokaldas, 2012) e ainda mais da metade do que vai para os aterros poderia ser
enviados para a reciclagem ou compostagem.
Um incentivo para atingir a meta de zero resíduos dispostos em aterros é que a
cidade não possui um aterro, usando o Aterro de Altamont localizado a 72KM em
Livermore. O contrato estabelece 65 anos de utilização ou 15 milhões de toneladas, o
que deve ser atingido em 2015 ou 2016 (Gokaldas, 2012).
Portanto, para chegar ao objetivo foram elaboradas inúmeras formas de
envolver os cidadãos e empresas nesse novo estilo de vida. No site do departamento
de meio ambiente da cidade e região inúmeras são as informações disponíveis aos
moradores com o objetivo de orientá-los sobre como funcionam as leis, locais de
doações, formas de diminuição do consumo e tratamentos adequados aos diversos
tipos de lixo.
Com um conjunto de ações no âmbito legal, administrativo e mudanças sociais
eles estão conseguindo mudanças significativas nos padrões de consumo e
comportamento da sociedade. Essas mudanças podem ser observadas através dos
números, pois de 1990 a 2010 o aproveitamento de lixo saiu de 35% para 80%, tendo
48
recuperado em 2012 cerca de 428.048 toneladas de material (City Climate Leadership
Awards). Segundo os levantamentos feitos, os lixos domiciliares são compostos entre
40 e 50% por material orgânico e entre 12 e 15% por papeis possíveis de serem
reciclados (ESA, 2006). O primeiro gráfico apresenta o consumo de famílias únicas e o
segundo de famílias consideradas múltiplas, onde mais de uma família divide o
mesmo espaço e que representa quase metade da população.
Gráfico 7: Consumo de Single Families
Fonte: Waste characterization study San Francisco
Gráfico 8: Consumo de Multi Families
Fonte: Waste characterization study San Francisco
Outros 31%
Papel Reciclável 12%
Outros Recicláveis
5%
Comida 42%
Outros Compostáveis
10% Consumo Single Families
Outros 37%
Papel Reciclável 17%
Outros Recicláveis
8%
Comida 30%
Outros Compostáveis
9%
Consumo Multi Families
49
5.3.1. Prevenir a geração de lixo
Para prevenir a geração do lixo que não pode nem ser compostado nem
reciclado, uma série de leis foram estabelecidas nos últimos anos. Desde de janeiro
de 2012 todas as lojas de varejo estão proibidas de fornecer sacolas plásticas
descartáveis e as lojas de alimento desde janeiro de 2013 (Department of City and
County of San Francisco). É possível obter sacolas comportáveis certificadas, de
papel com 40% de conteúdo reciclado pós consumo ou reutilizáveis que possam ser
lavadas e usadas por pelo menos 125 vezes. O consumidor deve pagar por, no
mínimo, 10 centavos de dólar por cada uma delas com o intuito de cobrir os custos
que os estabelecimentos têm com as sacolas. As multas para o não cumprimento da
lei, pelos estabelecimentos variam de 100 a 500 dólares.
Outra medida tomada foi a proibição de espuma de poliestireno nos recipientes
de embalagens de comida para entrega ou para levar. A exigência é que estes
recipientes sejam feitos de material compostável, ou seja, de papel ou fibra vegetal.
Também são aceitos embalagens de bio-plásticos à base de milho, soja, batata, ou
outra planta de amido ou reciclável: embalagens de alumínio e recipientes plásticos.
5.3.2. Programa “Fantastic Three
O Programa “Fantastic Three” (California Government, 2002) surgiu com um
projeto piloto, depois que um estudo em 1996 revelou que a cidade enviava 200 mil
toneladas de resíduos sólidos aos aterros por ano. Este estudo apresentou que 30%
do lixo era composto por restos de comida e junto com os restos orgânicos dos
jardins, poderiam chegar a 50% de redução de lixo nos aterros sanitários. Hoje, este
se tornou o maior programa de compostagem para o tratamento de alimentos nos
Estados Unidos com o processamento de 600 toneladas por dia.
A empresa Sunset Scavenger Company é responsável pela coleta dos
resíduos sólidos que hoje são separados entre orgânicos, recicláveis e rejeitos. Para
complementar o serviço a pessoas com dificuldades, como idosos ou deficientes,
estão disponíveis serviços de auxílio a separação, mediante o pagamento de taxas.
A reciclagem e compostagem se tornaram obrigatórias por parte dos cidadãos
da cidade, sendo de responsabilidade deles a separação entre o lixo para a
reciclagem, para a compostagem e rejeitos. São usadas lixeiras em três cores; azul
50
para a reciclagem, verde para a compostagem e preto para os rejeitos e o não
cumprimento da lei pode resultar em ônus, multas e outras taxas. Essas três lixeiras
são chamadas de “Sistema Três Fantásticos” e foi escolhido pela alta aceitação da
população, onde diversos bairros passaram por projetos pilotos diferentes. Tudo foi
finalmente decidido a partir do feedback dos moradores envolvidos, como o programa
de maior aceitação e o tamanho mais adequado das lixeiras externas, nas quais são
depositados os lixos a serem recolhidos. Essas lixeiras determinam o quanto aquela
residência pode produzir de lixo, então quanto maior a lixeira, maior a taxa a ser paga.
Os caminhões de recolhimento são divididos em dois compartimentos, um para
reciclados e outro para rejeitos, enquanto há um caminhão especifico para os
compostos orgânicos. Os resíduos orgânicos, somavam 14% do total coletado e os
recicláveis 32%, nos primeiros anos de expansão. No bairro piloto o reaproveitamento
chegou a taxa de 90%. Os orgânicos eram enviados diretamente a fábrica de
compostagem, e depois de tratados revendido como adubo para paisagismo em
mercados.
O programa se mostrou financeiramente viável, pois os custos a longo prazo
são equivalentes ao da coleta original. O investimento inicial se deu com a compra de
veículos com dupla compactação e de milhares de contêineres aos moradores.
Entretanto, devido a vida útil dos equipamentos, os antigos veículos já seriam trocados
em breve de qualquer forma, o que não prejudicou muito o equilíbrio financeiro da
empresa. Nenhuma taxa extra foi incluída aos moradores, pela compostagem ou
reciclagem, que continuaram a pagar a taxa normal de lixo. Caso ainda queiram
diminuir essa taxa, podem trocar o tamanho das lixeiras por lixeiras menores, que
possuem uma taxa menor.
O “Fantastic Three” se tornou o grande marco de São Francisco em busca da
política do Lixo Zero e tem mostrado uma grande aceitação por parte dos cidadãos.
Quanto ao governo e o setor privado, continuam a elaborar estratégias conjuntas no
desenvolvimento e comercialização dos produtos para evitar que os mesmos não
possam ser reciclados ou compostados.
5.3.3. Outras Iniciativas
Preocupados com a quantidade de têxtil enviada aos aterros, o governo e as
ONGs de São Francisco decidiram mapear pontos de reciclagem de sapatos e roupas.
51
São mais de 100 pontos de entrega. A preocupação se dá pois a São Francisco ainda
despeja mais de 2000 kg de têxtil por hora em aterros sanitários. São roupas, sapatos,
roupa de cama, e banho que poderiam ganhar vida nova sendo doados ou reciclados
em forma de material de isolamento, novos fios, bichos de pelúcias, entre outras
utilidades. No site do Governo, basta procurar os pontos de doação colocando o
endereço ou visualizando todas as opções, que aparecem na figura abaixo.
Figura 9: Pontos de Entrega Voluntária de Têxtil em São Francisco
Fonte: SF Environment
Com todas essas práticas o governo acredita que incentivando a reciclagem e
compostagem e banindo a venda de produtos não recicláveis por meio de acordo com
os produtores e elaboração de novas leis será possível chegar ao desperdício zero.
5.3.4. Avaliação do Caso São Francisco
O sistema de São Francisco se destaca pelos altos índices de compostagem e
nenhuma incineração. O investimento feito para compensar a queima do lixo passa
pelo alto grau de envolvimento e participação da população, não apenas separando o
lixo, mas gerando o mínimo possível. Se levarmos em conta a média dos Estados
Unidos de 2,58 kg por habitante por dia, São Francisco com 1,7 kg por habitante por
dia parece estar conseguindo atingir o seu objetivo.
A compostagem adotada na cidade pode ser facilmente replicada, não
necessariamente utilizando o sistema de caminhões compartilhados.
52
6. INDICAÇÕES PARA A CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Nem todos os países, cidades ou regiões são iguais, existem aspectos sociais,
econômicos, culturais entre outros que proporcionarão projetos completamente
diferentes. Sendo assim, após a análise das boas práticas apresentadas um
compilado de possíveis estruturas a serem implementadas no Rio de Janeiro será
indicado. Vale lembrar que as soluções propostas nesta seção já estão em
funcionamento em outros lugares, o que demonstra a viabilidade técnica.
Mesmo se a maior parte das referências em GRS levaram cerca de duas
décadas para chegar aos níveis atuais, o Rio de Janeiro tem um grande potencial de
implementar a politica de Resíduo Zero em bem menos tempo. As tecnologias e
metodologias já estão disponíveis, faltando apenas a dedicação e iniciativa dos
Governos para escolher e implementar as mais adequadas para a cidade. Sendo
assim, será analisada a proposta de 25% da prefeitura e serão indicadas sugestões
para que o município possa atingir 100% de reciclagem dos resíduos sólidos gerados
pelos domicílios, com dimensionamento e estudo de macro localização do modelo
indicado.
A principal conclusão que se pode chegar dos casos estudados é que para
uma política eficiente de GRS é preciso haver a separação do lixo em três: orgânicos,
recicláveis e rejeitos. Essa separação valoriza o material reciclado, diminui a emissão
de GEE com o tratamento de orgânicos e amplia a vida útil dos aterros sanitários.
Para a cidade do Rio de Janeiro, será adotada uma política contra a
incineração do lixo, como a da cidade de São Francisco, tentando fazer a melhor
separação e tratamento para esses materiais descartados. Isso porque a incineração
e o tratamento térmico ainda geram muitas polêmicas no mundo e seus riscos e alto
custo de implementação não compensam a sua adoção imediata pela cidade. Além
disso, em se tratando dos Governos Brasileiros, com o foco na incineração a
tendência é a combustão completa do lixo, sem nenhum tipo de seleção, como por
exemplo está planejado para o caso da usina de São Bernardo.
Uma cidade com mais de seis milhões de habitantes e com a extensão do Rio
de Janeiro pode ser difícil de administrar se o dimensionamento e a localização das
alternativas não forem bem propostas. Por isso, apesar do Governo Municipal propor a
53
meta de 25% de reciclagem até final de 2016 o trabalho visa propor o que é
efetivamente necessário para atingirmos os 100% dos resíduos sólidos domiciliares .
Isso porque, mesmo a meta sendo para os resíduos sólidos urbanos, conforme já
mencionado a metodologia de coleta para uma eficiência da separação de materiais
do lixo público merece um estudo a parte.
As próximas seções tratarão de sugestões para a coleta de resíduos orgânicos
e rejeitos e sugestões para a coleta seletiva no município. Para a coleta seletiva três
alternativas serão apresentadas a partir do que é feito atualmente pela prefeitura e do
estado da técnica.
6.1. Sugestões para a Coleta de Resíduos Orgânicos e Rejeitos
Após estudo das alternativas e análise dos pontos fortes e fracos de cada uma
delas, a proposição apresentada a seguir é uma mistura dos casos apresentados.
A indicação é de que a coleta porta a porta do material orgânico e dos rejeitos
deva ser realizada em caminhões únicos com sacos em cores diferentes para
resíduos orgânicos e rejeitos, seguindo o mesmo modelo aplicado em Boras. Essa
solução permite que os tipos de rejeitos possam ser transportados juntos e separados
no destino, simplificando as rotas de transporte e economizando com a coleta.
Estações de compostagem podem ser criadas próximas aos aterros sanitários, visto
que atualmente eles se localizam em áreas fora do município, dentro da Região
Metropolitana do Estado e com espaço disponível.
Pela cidade do Rio de Janeiro possuir uma densidade demográfica elevada e
terrenos muito irregulares, o sistema de coleta pneumática subterrânea se tornaria
parcialmente eficiente e muito caro para a implementação. Poderia até ser testado
este sistema em áreas como a Zona Oeste onde há grande potencial de crescimento
da população e expansão de prédios e condomínios, mas para as outras áreas
urbanas o sistema poderia gerar muitos transtornos, principalmente para o trânsito.
O sistema de contêineres para o lixo orgânico se torna muito preocupante na
cidade, visto que na maior parte do ano as temperaturas são elevadas o que acelera a
decomposição do material. Por isso, os contêineres teriam que ser higienizados e
esvaziados com uma frequência muito maior do que em Barcelona, causando muitos
54
transtornos às equipes de limpeza e coleta.
6.2. Sugestões Para a Coleta Seletiva
Quanto a coleta seletiva, é preciso avaliar se a melhor solução é continuar com
o serviço de coleta porta a porta ou por meio de contêineres. Isso porque, devido a
densidade demográfica da cidade, seriam necessários muitos contêineres ou uma
coleta mais frequente, podendo chegar a coleta diária. Sendo assim, é preciso calcular
o número de contêineres e de centrais de triagem necessários para os RS domiciliares
gerados.
A seguir serão apresentadas as quatro áreas de planejamento seguindo a
meta da prefeitura para atingir 25% dos resíduos sólidos domiciliares. É possível
perceber que as seis centrais de triagem propostas não serão suficientes para atender
a necessidade da cidade, mesmo considerando esta meta. Também será feito um
cálculo de usinas de triagem para os 100% de triagem, objetivo do trabalho, bem
como o dimensionamento de viagens de caminhões necessárias. Por fim, serão
apresentadas três indicações de alternativas para o município.
6.2.1. Áreas de Planejamento
As Áreas de Planejamento possuem seis centrais de triagem previstas pela a
Prefeitura do Rio de Janeiro, e estas serão consideradas nas soluções propostas. As
Áreas de Planejamento servem para auxiliar a Prefeitura em sua distribuição de
pontos de triagem, estações de transferências e definição de rotas. Cada uma delas
possui suas peculiaridades que serão apresentadas.
A Prefeitura traçou metas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
para os anos de 2013, 2016 e 2020. Entre as metas estipuladas, tem-se a coleta dos
materiais recicláveis da cidade, com uma alternativa técnica, econômica e
ambientalmente viável. A meta de 5% dos resíduos domiciliares proposta para 2013
não foi cumprida, e a estipulada para 2016 foi de 25% de toda a cidade. Nenhuma
meta foi traçada para 2020 (Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 2012) e não há
previsão para o tratamento de 100% destes resíduos recicláveis.
55
Sendo assim, uma análise desse dimensionamento de centrais de triagem será
feita para as cinco áreas administrativas. Foi usado como parâmetro 40%, média dos
recicláveis no município do Rio de Janeiro, para o cálculo de recicláveis do total
gerado de RS domiciliares.
As análises das APs que serão apresentadas a seguir se propõem a cumprir a
meta da prefeitura de 25% de reciclagem, com o foco no lixo domiciliar. Após esta
apresentação de dimensionamento para 25%, serão apresentadas as alternativas para
a triagem de 100% dos resíduos sólidos domiciliares do município.
Área de Planejamento 1
Mesmo composta por seis regiões Administrativas e 15 bairros essa é a menor
área de planejamento da cidade, que ocupa cerca de 2,8% do território municipal.
Também é a mais atípica porque a conta com poucos domicílios e muitos escritórios,
são apenas 297.976 pessoas que moram em 117.481 domicílios . Por isso, a geração
de lixo domiciliar urbano foi de 115.237 toneladas em 2012, representando pouco
menos de 6% do total gerado no município.
Entretanto, por estar localizada perto da AP 2 e possuir terrenos mais baratos é
fácil a instalação de centrais de triagem e transferência do lixo, a Prefeitura considera
a área estratégica. Mesmo assim apenas a instalação de uma central de triagem na
região está prevista, porém esta tem capacidade de 30 t/dia.
Para satisfazer as metas da prefeitura, a central terá capacidade para atender
apenas a zona central. Para atender principalmente a AP 2, seriam necessárias pelo
menos três centrais com capacidade de 30t/dia. Qualquer área localizada na região
central seria estratégica, não tendo uma importância fundamental o bairro exato.
Área de Planejamento 2
A Área de Planejamento 2, formada majoritariamente por bairros da Zona Sul,
é composta por seis Regiões Administrativas e 25 bairros, e ocupa apenas 8,2% da
área total do município. As regiões administrativas da Tijuca e de Vila Isabel também
fazem parte da AP 2. A população total em 2010 era de 909.368 habitantes,
correspondendo a 16% da população da cidade e 18,9% dos domicílios.
Essa parte da cidade é a mais turística e conta com bairros tradicionais da
cidade como Copacabana. O contraste entre a população classe A do Rio de Janeiro
e a das favelas está presente por todos os lados.
56
A região da Zona Sul gera pouco mais de dois terços dos resíduos sólidos, que
no total dessa área de planejamento chega a 300 mil toneladas por ano ou 15% do
produzido na cidade. Entretanto, a região não conta com nenhuma central de triagem
do lixo planejada pela prefeitura e dificilmente contará. Por ser uma região turística, de
alto poder aquisitivo, alta densidade demográfica e pouco espaço disponível, o
Governo Municipal, sempre que puder, optará por outra área para tratar esses
resíduos. A alternativa tem sido a AP 1, que deverá suprir as 82 t/dia a serem triados
para ajudar a prefeitura alcançar a sua meta.
Devido a todos esses pontos envolvendo a disponibilidade de locais e o alto
custo, a solução mais adequada continua sendo a região central.
Área de Planejamento 3
A Área de Planejamento 3, conhecida como Zona Norte, é a região com maior
número de bairros, sendo 80 no total, distribuídos em 13 Regiões Administrativas.
Com 16,6% do território, é a área de maior população da cidade, cerca de 2.198.528
habitantes em 2010, correspondendo a 37% da população total.
Com a maior população do Rio de Janeiro essa área de planejamento também
é a que mais gera lixo por ano, quase 35% dele. As duas centrais previstas nessa
área possuem a capacidade de processamento de 20 t/dia cada uma delas, sendo
10% do necessário. O governo cometeu um grande erro em construir centrais com
capacidades menores nessa AP, e por isso serão necessárias mais centrais para
atender a geração.
Seguindo a mesma lógica da meta da prefeitura para 2016, seria necessário o
processamento de 187,6 t/dia. Se retirarmos as 40 já planejadas, ainda seriam
necessárias pelo menos outras 7 unidades com a mesma capacidade, menos
unidades com capacidades maiores ou expandir as já existentes.
A região possui sete sub-regiões de planejamento, conforme a tabela abaixo
podemos analisar a geração de lixo em cada uma delas no ano de 2012.
Sub Área de Planejamento
Áreas Administrativas
Toneladas de Lixo Domiciliar em 2012
Região de Planejamento 3.1 - Ramos 76 798
X Ramos 51 199
XXX Maré 25 600
57
Região de Planejamento 3.2 - Méier 100 936
XIII Méier 100 936
XXVIII Jacarezinho ...
Região de Planejamento 3.3 - Madureira 174 052
XIV Irajá 59 740
XV Madureira 114 312
Região de Planejamento 3.4 - Inhaúma 63 088
XII Inhaúma 54 555
XXIX Complexo do Alemão 8 533
Região de Planejamento 3.5 - Penha 101 401
XI Penha 62 533
XXXI Vigário Geral 38 869
Região de Planejamento 3.6 - Pavuna 96 768
XXII Anchieta 51 949
XXV Pavuna 44 818
Região de Planejamento 3.7 - Ilha do Governador 71 804
XX Ilha do Governador 71 804
Tabela 9: Toneladas de Lixo Domiciliar em 2012 AP3
Fonte: Elaboração Própria
As regiões 3.3 e 3.5 já possuem as centrais planejadas pelo governo. Portanto,
em busca de localizar as centrais mais próximas possíveis das fontes geradoras serão
priorizadas as com maior geração após as já estabelecidas pelo governo. Portanto, as
centrais de maior capacidade devem ser instaladas em ordem de preferencia no
Meier, Anchieta, Ramos, Ilha do Governador e Inhaúma.
Área de Planejamento 4
A Área de Planejamento 4, nomeada de Baixada de Jacarepaguá, é composta
por 3 Regiões Administrativas e 19 bairros, e ocupa 24% da área total do município. A
sua população em 2010 era de 909.368 habitantes, correspondendo a 14,4% da
população da cidade. É uma área que vem apresentando grande crescimento do
mercado imobiliário e a qual, em 2004, correspondeu a 69,3% dos lançamentos do Rio
de Janeiro.
Em 2012 foram geradas 313.648 toneladas de resíduos domiciliares, quase
860 toneladas por dia. Mesmo com tantos resíduos sólidos sendo produzidos, o
Governo Municipal planejou a instalação de somente uma unidade de triagem de
matérias recicláveis. Essa unidade, que será localizada em Vargem Grande, será
capaz de processar 20 toneladas por dia. Levando em consideração os 40% de
58
materiais possíveis de serem reciclados na cidade, teríamos 343 toneladas por dia.
Com apenas essa central na região a seleção de recicláveis não chegaria a 6%,
estando muito longe dos 25% almejados pela Prefeitura.
Para alcançar a meta, e atender às 85 toneladas correspondentes, seriam
necessárias duas usinas de 30t/dia ou três de 20t/dia, estando ainda abaixo do
necessário. Tais usinas deveriam estar localizadas na Região Administrativa de
Jacarepaguá, que é a parte mais populosa e que sozinha produz quase 200 mil
toneladas por ano de resíduos sólidos.
Área de Planejamento 5
A Área de Planejamento 5, ou Zona Oeste, é composta por 5 Regiões
Administrativas e 20 bairros, e corresponde a maior área de planejamento da cidade,
ocupando quase a metade da mesma com 48,4% do território. A sua população em
2010 era de 909.368 habitantes, correspondendo a 26,8% da população da cidade e
cerca de 25% dos municípios.
A segunda área mais populosa, também é a segunda em geração de lixo, com
464.016 toneladas por ano de resíduos sólidos domiciliares gerados em 2012. Para a
triagem de 25% desses resíduos é necessário o processamento de 127 t/dia. Apesar
de ter o planejamento de 60 t/dia em duas usinas com capacidade de 30t/dia cada
uma delas, ainda falta mais da metade. Como a região tem uma baixa densidade
demográfica, com grandes terrenos e um crescimento populacional previsto
considerável, aqui proponho uma usina com uma capacidade maior. Uma central de
triagem com o dobro da capacidade-padrão que está sendo usada pela prefeitura.
Em 200 a renda per capita da região era pouco menos de dois salários
mínimos da época e correspondia a R$282,10, inferior a da cidade, a qual era em
torno de R$ 600,00. Esse fator pode se mostrar um aliado à instalação da usina no
local, gerando emprego e renda à população, além de estar localizada perto da
estrada que liga Rio de Janeiro à São Paulo, podendo escoar as matérias primas para
industrias da região.
6.2.2. Indicações
A medida proposta pela prefeitura é paliativa para o real problema que a
cidade enfrenta todos os dias enviando mais de duas mil toneladas de materiais
59
recicláveis aos aterros. Sendo assim, serão apresentados os cálculos feitos para a
indicação de pontos de triagem, contêineres e caminhões necessários para uma
melhor eficiência do sistema de coleta seletiva sugerido para a cidade do Rio de
Janeiro visando os 100%.
6.2.2.1. Pontos de Triagem
Dos seis pontos de triagem, três deles com capacidade de 30 t/dia e os outros
com capacidade de 20 t/dia. Isso corresponde a separação de 150 t/dia de material
reciclável, tendo que em 2012 foram geradas 1.825.992,8 de toneladas de resíduos
sólidos domiciliares o que corresponde a 5002,72 t/dia. Usando a média de 40% de
recicláveis, temos pouco mais de 2000 t/dia. Sendo assim a capacidade destas seis
usinas fica em torno de 7,5% de processamento.
Tendo em vista que a população do município terá um baixo crescimento
populacional nos próximos anos, o planejamento será feito para a população atual da
cidade.
A usina de Irajá, recém inaugurada conta com 12 mesas de separação e 48
catadores por turno, portanto quatro deles por mesa. Os funcionários, que somam 200
no total, trabalham em dois turnos. Tendo em vista que a capacidade da usina é de 20
t/dia, teremos uma média de processamento de 1,67 t em cada mesa por dia. Essa
será a medida padrão utilizada para fins de cálculo de capacidade.
Para o processamento de 100% dos resíduos recicláveis de cada Área de
Planejamento, podemos fazer o cálculo de quantas mesas são necessárias para o
processamento dos mesmos. Saber a quantidade de mesas necessárias ajuda na
elaboração de possíveis centrais de tamanhos diferentes, caso seja necessário.
Região Administrativa
Toneladas de Resíduos Sólidos Domiciliares/Ano
Toneladas de Resíduos Sólidos Domiciliares/Dia
Tonelada de Resíduos Sólidos Domiciliares Recicláveis/Dia
Quantidade de Mesas Necessárias (número de mesas)
AP1 126.3 75.78
I Portuária 15088.2 41.3 16.5 9.9
II Centro 41613.6 114.0 45.6 27.4
III Rio Comprido 18731.1 51.3 20.5 12.3
VII São Cristóvão 19467.6 53.3 21.3 12.8
XXI Paquetá 1364.1 3.7 1.5 0.9
XXIII Santa Teresa 18972.3 52.0 20.8 12.5
60
AP2 330.7 198.4
IV Botafogo 70616.0 193.5 77.4 46.4
V Copacabana 48724.6 133.5 53.4 32.0
VI Lagoa 59116.7 162.0 64.8 38.9
XXVII Rocinha 25335.7 69.4 27.8 16.7
VIII Tijuca 49816.9 136.5 54.6 32.8
IX Vila Isabel 48191.3 132.0 52.8 31.7
AP3 750.5 450.3
X Ramos 51199.0 140.3 56.1 33.7
XXX Maré 25599.5 70.1 28.1 16.8
XIII Méier 100936.4 276.5 110.6 66.4
XXVIII Jacarezinho - -
-
XIV Irajá 59739.8 163.7 65.5 39.3
XV Madureira 114312.1 313.2 125.3 75.2
XII Inhaúma 54555.1 149.5 59.8 35.9
XXIX Complexo do Alemão 8533.2 23.4 9.4 5.6
XI Penha 62532.5 171.3 68.5 41.1
XXXI Vigário Geral 38868.9 106.5 42.6 25.6
XXII Anchieta 51949.2 142.3 56.9 34.2
XXV Pavuna 44818.5 122.8 49.1 29.5
XX Ilha do Governador 71803.7 196.7 78.7 47.2
AP4 343.7 206.2
XVI Jacarepaguá 191345.8 524.2 209.7 125.8
XXXIV Cidade de Deus 12213.6 33.5 13.4 8.0
XXIV Barra da Tijuca 110088.2 301.6 120.6 72.4
AP5 508.5 305.1
XVII Bangu 100572.4 275.5 110.2 66.1
XXXIII Realengo 58948.2 161.5 64.6 38.8
XVIII Campo Grande 168252.3 461.0 184.4 110.6
XIX Santa Cruz 95807.0 262.5 105.0 63.0
XXVI Guaratiba 40436.3 110.8 44.3 26.6
Tabela 10: Quantidade de Mesas de Triagem Necessárias
Fonte: Elaboração Própria
Após o número de mesas necessárias ser definido, pode-se estimar a
quantidade de centrais pela capacidade a qual ela processará diariamente. Sendo
assim, uma central com capacidade de 20t/dia terá 12 mesas, uma com 30 t/dia terá
18 mesas e uma com 50 t/dia terá 30 mesas. A central com capacidade de 50t/dia foi
proposta pois existem áreas com grande geração, o que pode ser mais fácil encontrar
locais para a instalação de uma central maior do que de pequenas centrais.
Região Administrativa
Quantidade de Mesas Necessárias (número de mesas)
Centrais com Capacidade de 20 Toneladas/dia (número de centrais)
Centrais com Capacidade de 30 Toneladas/dia (número de centrais)
Centrais com Capacidade de 50 Toneladas/dia (número de centrais)
AP1 75.78 6.3 5.1 2.5
61
I Portuária 9.9 0.8 0.7 0.3
II Centro 27.4 2.3 1.8 0.9
III Rio Comprido 12.3 1.0 0.8 0.4
VII São Cristóvão 12.8 1.1 0.9 0.4
XXI Paquetá 0.9 0.1 0.1 0.0
XXIII Santa Teresa 12.5 1.0 0.8 0.4
AP2 198.4 16.5 13.2 6.6
IV Botafogo 46.4 3.9 3.1 1.5
V Copacabana 32.0 2.7 2.1 1.1
VI Lagoa 38.9 3.2 2.6 1.3
XXVII Rocinha 16.7 1.4 1.1 0.6
VIII Tijuca 32.8 2.7 2.2 1.1
IX Vila Isabel 31.7 2.6 2.1 1.1
AP3 450.3 37.5 30.0 15.0
X Ramos 33.7 2.8 2.2 1.1
XXX Maré 16.8 1.4 1.1 0.6
XIII Méier 66.4 5.5 4.4 2.2
XXVIII Jacarezinho - - - -
XIV Irajá 39.3 3.3 2.6 1.3
XV Madureira 75.2 6.3 5.0 2.5
XII Inhaúma 35.9 3.0 2.4 1.2
XXIX Complexo do Alemão 5.6 0.5 0.4 0.2
XI Penha 41.1 3.4 2.7 1.4
XXXI Vigário Geral 25.6 2.1 1.7 0.9
XXII Anchieta 34.2 2.8 2.3 1.1
XXV Pavuna 29.5 2.5 2.0 1.0
XX Ilha do Governador 47.2 3.9 3.1 1.6
AP4 206.2 17.2 13.7 6.9
XVI Jacarepaguá 125.8 10.5 8.4 4.2
XXXIV Cidade de Deus 8.0 0.7 0.5 0.3
XXIV Barra da Tijuca 72.4 6.0 4.8 2.4
AP5 305.1 25.4 20.3 10.2
XVII Bangu 66.1 5.5 4.4 2.2
XXXIII Realengo 38.8 3.2 2.6 1.3
XVIII Campo Grande 110.6 9.2 7.4 3.7
XIX Santa Cruz 63.0 5.2 4.2 2.1
XXVI Guaratiba 26.6 2.2 1.8 0.9
Tabela 11: Quantidade de Centrais Necessárias
Fonte: Elaboração Própria
6.2.2.2. Caminhões
Os caminhões adotados pela COMLURB para coleta de resíduos sólidos são
do tipo caminhão caçamba compactadora e possuem quatro tipos, sendo 6 m3, de 15
62
m3 e de 19 m3. Os caminhões podem comportar, respectivamente, entre 3 e 5
toneladas, entre 8 e 10 toneladas e entre 12 e 15 toneladas. O tempo de enchimento
também é de, respectivamente, 2 horas, 3 horas e dez minutos e 3 horas e 30 minutos
(Turiano).
Como a coleta seletiva na cidade é realizada duas vezes por semana, o cálculo
das viagens se deu multiplicando a necessidade de mesas por dia vezes 3.5 dias.
Sendo assim, temos uma estimativa de quantas viagens precisam ser realizadas com
a coleta duas vezes por semana.
Coleta Seletiva 2 vezes por semana
Região Administrativa
Quantidade de Mesas Necessárias (número de mesas)
Viagens em Caminhão
Pequeno até 6 m3 (número de
viagens)
Viagens em Caminhão Médio
até 15 m3 (número de
viagens)
Viagens em Caminhão Grande
até 19 m3 (número de
viagens)
3 t 5 t 8 t 10 t 12 t 15 t
AP1 75.78 88.4 53.0 33.2 26.5 22.1 17.7
I Portuária 9.9 11.6 6.9 4.3 3.5 2.9 2.3
II Centro 27.4 31.9 19.2 12.0 9.6 8.0 6.4
III Rio Comprido 12.3 14.4 8.6 5.4 4.3 3.6 2.9
VII São Cristóvão 12.8 14.9 9.0 5.6 4.5 3.7 3.0
XXI Paquetá 0.9 1.0 0.6 0.4 0.3 0.3 0.2
XXIII Santa Teresa 12.5 14.6 8.7 5.5 4.4 3.6 2.9
AP2 198.4 231.5 138.9 86.8 69.4 57.9 46.3
IV Botafogo 46.4 54.2 32.5 20.3 16.3 13.5 10.8
V Copacabana 32.0 37.4 22.4 14.0 11.2 9.3 7.5
VI Lagoa 38.9 45.3 27.2 17.0 13.6 11.3 9.1
XXVII Rocinha 16.7 19.4 11.7 7.3 5.8 4.9 3.9
VIII Tijuca 32.8 38.2 22.9 14.3 11.5 9.6 7.6
IX Vila Isabel 31.7 37.0 22.2 13.9 11.1 9.2 7.4
AP3 450.3 525.4 315.2 197.0 157.6 131.3 105.1
X Ramos 33.7 39.3 23.6 14.7 11.8 9.8 7.9
XXX Maré 16.8 19.6 11.8 7.4 5.9 4.9 3.9
XIII Méier 66.4 77.4 46.5 29.0 23.2 19.4 15.5
XXVIII Jacarezinho - - - - - - -
XIV Irajá 39.3 45.8 27.5 17.2 13.7 11.5 9.2
XV Madureira 75.2 87.7 52.6 32.9 26.3 21.9 17.5
XII Inhaúma 35.9 41.9 25.1 15.7 12.6 10.5 8.4
XXIX Complexo do Alemão 5.6 6.5 3.9 2.5 2.0 1.6 1.3
XI Penha 41.1 48.0 28.8 18.0 14.4 12.0 9.6
XXXI Vigário Geral 25.6 29.8 17.9 11.2 8.9 7.5 6.0
XXII Anchieta 34.2 39.9 23.9 14.9 12.0 10.0 8.0
XXV Pavuna 29.5 34.4 20.6 12.9 10.3 8.6 6.9
XX Ilha do Governador 47.2 55.1 33.0 20.7 16.5 13.8 11.0
63
AP4 206.2 240.6 144.4 90.2 72.2 60.1 48.1
XVI Jacarepaguá 125.8 146.8 88.1 55.0 44.0 36.7 29.4
XXXIV Cidade de Deus 8.0 9.4 5.6 3.5 2.8 2.3 1.9
XXIV Barra da Tijuca 72.4 84.5 50.7 31.7 25.3 21.1 16.9
AP5 305.1 356.0 213.6 133.5 106.8 89.0 71.2
XVII Bangu 66.1 77.2 46.3 28.9 23.1 19.3 15.4
XXXIII Realengo 38.8 45.2 27.1 17.0 13.6 11.3 9.0
XVIII Campo Grande 110.6 129.1 77.4 48.4 38.7 32.3 25.8
XIX Santa Cruz 63.0 73.5 44.1 27.6 22.0 18.4 14.7
XXVI Guaratiba 26.6 31.0 18.6 11.6 9.3 7.8 6.2 Tabela 12: Quantidade de Viagens Necessárias por tipo de Caminhão
Fonte: Elaboração Própria
6.2.2.3. Contêineres
Caso seja adotado o modelo com contêineres dispostos nas ruas, devemos
avaliar quantos seriam necessários para suprir a geração da cidade.
Usando Boras como parâmetro, podemos avaliar a quantidade máximo de
pontos de entrega voluntária, com as mesmas separações de contêineres e centros de
reciclagem que seriam necessários no Rio de Janeiro.
Boras Rio de Janeiro
Domicílios (em número de domicílios) 50000
Domicílios (em número de domicílios) 2408019 População Urbana ( em número de habitantes) 66273
População ( em número de habitantes) 6305279
Território Urbano ( km2) 30
Território (km2) 1225
Pontos de Entreva Voluntária (PEV) ( em número de PEV) 80
Pontos de Entrega Voluntária ( em número de PEV)- Parâmetro Habitantes 7611
Centros de Reciclagem (CR) (em número de CR) 7
Pontos de Entrega Voluntária (em número de PEV)- Parâmento Domicílios 3853
Habitantes/PEV 828
Pontos de Entrega Voluntária (em número de PEV)- Parâmento Território 3309
Domicílios/PEV 625
Centros de Reciclagem (em número de CR)- Parâmetro Habitantes 666
Território/PEV 0
Centros de Reciclagem (em número de CR)- Parâmetro Domicílios 254
Habitantes/CR 9468
Centros de Reciclagem (em número de CR)- Parâmetro Território 289
Domicílios/CR 7143
Território/CR 4
Tabela 13: Quantidade de PEV e CR usando o parâmetro Boras
Fonte: Elaboração Própria
64
O pior dos casos seria a quantidade máxima de contêineres dispostos na
cidade, pois a coleta precisaria se ocupar de todos eles. Sendo assim, a referência de
PEV por habitante ou Centros de reciclagem por habitante são os mais adequados a
serem adotados. Seriam mais de 7.600 contêineres dispostos por toda a cidade e
mais de 660 centros de reciclagem.
Aqui a questão da viabilidade merece um estudo de microlocalização,
principalmente para ruas com altíssima densidade demográfica. Isso porque poderia
ser ineficiente um contêiner a cada esquina, ou com coleta mais frequente.
Para usar o caso de Barcelona como parâmetro, poderíamos avaliar a
quantidade contêineres que seriam necessários no Rio de Janeiro usando a
metodologia de geração per capta. Isso porque parte da cidade está coberta pela
coleta pneumática e não há a divulgação do número de contêineres e quantos
habitantes eles atendem. A única indicação existente é que existem contêineres a, no
máximo, 100 m de cada residência. Entretanto, surgiriam problemas novamente com
ruas e regiões densamente povoadas.
Não tendo sido possível encontrar os valores exatos de equivalência entre o
peso e o volume do lixo gerado no Rio de Janeiro, a análise ficou comprometida. Por
isso, um estudo de densidade do lixo da cidade deveria ser feito antes do
dimensionamento dos contêineres no modelo Barcelona.
6.3. Estado da Técnica
Após a pesquisa sobre máquinas capazes de processar mais rapidamente a
triagem dos materiais, foi encontrada uma empresa que muito tem investido nas
patentes da tecnologia de separação do papel. A primeira empresa do CP Group (CP
Manufactoring), IMS Recycling Systems surgiu em 1954, com seu fundador
comprando e vendendo sucata metálica. Depois de um programa de recuperação de
latas de alumínio na década de 1970 o grupo começou a expandir.
Na década de 80 a empresa começou a reconhecer a tendência do mercado
de separação do lixo municipal reciclável e em 1990 foi instalado o primeiro sistema
de separação do lixo. Em 2005 começou a sua expansão internacional após a
aquisição de diversas empresas nos EUA. Hoje o Grupo fornece equipamento para
seis continentes e possui mais de 400 plantas de recuperação de recicláveis.
65
Com patentes sobre separação de papéis para a reciclagem, eles possuem
plantas para a separação de diversos tipos de materiais provenientes dos resíduos
sólidos urbanos. O Grupo, que se considera é líder mundial da indústria de Resíduos
Sólidos, possui uma instalação no Texas com capacidade de processamento de 35
t/h.
Se considerarmos o funcionamento da planta 24 horas por dia, ela seria capaz
de processar 840 toneladas de resíduos sólidos recicláveis por dia. É importante
lembrar que para o processamento desta máquina, apenas resíduos sólidos
recicláveis com separação prévia na fonte são aceitos.
6.4. Alternativas
Serão indicadas três alternativas para a triagem dos materiais recicláveis na
cidade do Rio de Janeiro. A primeira é uma composição do estado da técnica com o
aproveitamento da máquina supra citada. A segunda corresponde a solução atual
adotada pela prefeitura do Rio de Janeiro, de forma a cobrir 100% da geração dos
resíduos sólidos gerados, com centrais de triagem padrões. A ultima alternativa visa
centrais com a menor capacidade possível para que o deslocamento entre as fontes
geradoras e as centrais sejam pequenas.
6.4.1. Composição do Estado da Técnica com as soluções atuais
O estado da técnica no Rio de Janeiro pode vir a ser uma solução para
desafogar a grande produção de resíduos sólidos na cidade. Por outro lado, se
tratando de uma solução parcialmente mecanizada, são necessários menos
empregados no processo de triagem o que diminui o espaço para a participação de
catadores no processo.
Com o desenvolvimento de alternativas para a coleta e separação do lixo
público e o desenvolvimento da população urbana do Rio de Janeiro, consumindo
mais e produzindo mais rejeitos, a tendência é aumentar a quantidade de lixo a ser
gerado e, consequentemente, triado. Portanto, a alternativa combinada entre o estado
da técnica e a solução paliativa adotada pela a Prefeitura pode vir a ser uma boa
solução. Isso porque as plantas mecanizadas serão responsáveis pela separação da
maior parte dos resíduos recicláveis, absorvendo a produção, enquanto as centrais
66
serão responsáveis pela produção local remanescente e a geração de empregos aos
catadores.
Com apenas uma planta funcionando 24 horas por dia, a capacidade seria de
840t/dia, o que não representa nem 50% do que é gerado no município. Sendo assim,
a indicação é que pelo menos duas usinas com capacidade de 35 t/h sejam
implementadas na cidade. Com isso, seria necessário ainda o processamento de
outras 380 toneladas por dia. Destas, 150 já estão planejadas pela Prefeitura, o que
restaria a distribuição das outras 230 restantes.
Para a localização das duas plantas do estado da técnica, a proposição é que
estejam localizadas nas duas regiões com maior geração de resíduos da cidade,
sendo elas AP 3 e AP 5. Dentro destas regiões a indicação é que as plantas sejam
montadas nas Regiões Administrativas também de maior geração.
Na AP 3 temos duas regiões densamente povoadas que geram mais de 100
toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo elas Madureira e Meier. Com isso, a
localização ideal para esta usina de triagem, seria em algum lugar entre este eixo de
cerca de 11km.
Figura 10: Eixo de Localização da Usina de Triagem da AP 3
A usina seria capaz de triar toda a produção da AP 3, além de parte da Tijuca,
Vila Isabel e Copacabana, que fazem parte da AP2, São Cristóvão que faz parte da
AP1. O restante seria triado pelas já planejadas centrais em Irajá (20 t/dia) e Penha
67
(20t/).
Na AP 5 a Região Administrativa que merece maior atenção no tratamento de
resíduos sólidos é Campo Grande. Entretanto, Bangu e Santa Cruz também são
grandes fontes geradoras. Porém a capacidade da usina seria maior que a geração da
AP 5 e por isso poderia também ser responsável pela AP4 e Anchieta. Isso porque
está prevista a instalação de três centrais de triagem somando uma capacidade de
80t/dia nessas áreas. A usina trabalharia com uma folga de 10t/dia, o que é
interessante para a região devido ao possível crescimento populacional.
Por isso, com a localização da segunda usina em Bangu, seria o mais
interessante. Isso porque se a usina se localizasse em Campo Grande haveria uma
grande distancia a ser percorrida da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, que somam
mais de 300 t/dia, chegando a mais de 40km. Estando localizada em Bangu a usina
está mais acessível a AP 4 e a Anchieta, assim como a AP5.
Figura 11: Mapa de Cobertura da Usina de Triagem da AP 5
Para a localização das outras 230 toneladas, pode-se pensar em 4 centrais de
20 t/dia e 5 centrais de 30 t/dia.
Considerando portanto as usinas do estado da técnica e as centrais já
planejadas pela prefeitura ainda restam as outras áreas administrativas a serem
68
cobertas. As centrais de triagem planejadas, as novas centrais e as usinas propostas
podem ser observadas nos quadros abaixo, junto com as áreas de cobertura.
Centrais Planejadas
Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Portuária
30 toneladas Portuária Paquetá Centro
17 toneladas 1 tonelada 12 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 34 toneladas
Irajá 20 toneladas Irajá 20 toneladas 45 toneladas Penha 20 toneladas Penha 20 toneladas 49 toneladas Jacarepaguá 20 toneladas Jacarepaguá 20 toneladas 180 toneladas Campo Grande 30 toneladas Campo Grande 30 toneladas 154 toneladas Bangu 30 toneladas Bangu 30 toneladas 80 toneladas Tabela 14: Centrais Planejadas Pela a Prefeitura e Estimativa das Áreas de Cobertura
Novas Centrais Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Portuária
30 toneladas Centro 30 toneladas 4 toneladas
Rio Comprido 30 toneladas Rio Comprido Centro Botafogo
21 toneladas 4 toneladas 5 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 72 toneladas
Santa Tereza 30 toneladas Santa Tereza Botafogo
21 toneladas 9 toneladas
0 toneladas 63 toneladas
Botafogo 1 30 toneladas Botafogo 30 toneladas 33 toneladas Botafogo 2 30 toneladas Botafogo 30 toneladas 3 toneladas Lagoa 1 20 toneladas Lagoa
Botafogo 17 toneladas 3 toneladas
48 toneladas 0 toneladas
Lagoa 2 20 toneladas Lagoa 20 toneladas 20 toneladas Rocinha 1 30 toneladas Rocinha
Lagoa 10 toneladas 20 toneladas
18 toneladas 0 toneladas
Rocinha 2 20 toneladas Rocinha 18 toneladas 0 toneladas Tabela 15: Centrais Propostas e Estimativa de Áreas de Cobertura
Usinas Planejadas
Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Usina 1- Localizada na Área de Planejamento 3
840 toneladas São Cristóvão Copacabana Tijuca Vila Isabel Ramos Maré Méier Irajá Madureira Inhaúma Complexo do Alemão Penha Vigário Geral Pavuna Ilha do Governador
21 toneladas 53 toneladas 55 toneladas 53 toneladas 56 toneladas 28 toneladas 111 toneladas 45 toneladas 125 toneladas 60 toneladas 9 toneladas 49 toneladas 43 toneladas 49 toneladas 79 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas
Usina 2- Localizada na Área de Planejamento 5
840 toneladas Anchieta Jacarepaguá Cidade de Deus Barra da Tijuca Bangu Realengo Campo Grande Santa Cruz Guaratiba
57 toneladas 190 toneladas 13 toneladas 121 toneladas 80 toneladas 65 toneladas 154 toneladas 105 toneladas 44 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas 0 toneladas
Tabela 16: Usinas Propostas e Estimativa de Áreas de Cobertura
A partir das tabelas anteriores, podemos representar no mapa da cidade as
localizações das centrais e usinas por área administrativa para uma melhor
69
visualização. Os pontos em amarelo representam as centrais de triagem propostas
pela prefeitura, enquanto as vermelhas seriam as centrais complementares e as azuis
as grandes usinas de triagem.
Figura 12: Indicação da localização das centrais e usinas de triagem da alternativa 1
Fonte: Elaboração Própria
6.4.2. Composições de Centrais por Áreas de Planejamento
Esta alternativa tem como objetivo manter as proposições de apenas centrais
de triagem conforme vem sendo feito pela Prefeitura da cidade, com unidades de 20 e
30 toneladas por dia. Ainda seria uma alternativa outra opção com uma capacidade de
50 toneladas por dia para aéreas com maior densidade demográfica e alta geração de
RS.
A partir da Tabela 10, pode-se propor a melhor combinação de centrais para
cada área de planejamento, novamente baseando-se nas toneladas geradas por cada
Região Administrativa. Seriam gerados no total quase 20 mil empregos, levando as
estimativas de que cada usina de 20t/dia gera 200 empregos, de 30t/dia gera 300
empregos e 50t/dia gera 500 empregos.
70
Indicações de Centrais na AP 1 segundo a Alternativa 2
Novas Centrais Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Portuária 1* 30 toneladas Portuária Paquetá Centro
17 toneladas 1 tonelada 12 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 34 toneladas
Portuária 2
30 toneladas Centro 30 toneladas 4 toneladas
Rio Comprido 50 toneladas Rio Comprido Botafogo
21 toneladas 19 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 58 toneladas
Santa Tereza 30 toneladas Santa Tereza Botafogo
21 toneladas 9 toneladas
0 toneladas 49 toneladas
São Cristóvão 50 toneladas São Cristóvão Centro Botafogo
21 toneladas 4 toneladas 25 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 24 toneladas
Tabela 17: Centrais na AP 1, alternativa 2
Indicações de Centrais na AP 2 segundo a Alternativa 2
Novas Centrais Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Botafogo
30 toneladas Botafogo Copacabana Lagoa
24 toneladas 3 toneladas 3 toneladas
0 toneladas 50 toneladas 62 toneladas
Copacabana 50 toneladas Copacabana 50 toneladas 0 toneladas
Lagoa 1 30 toneladas Lagoa 30 toneladas 32 toneladas Lagoa 2 30 toneladas Lagoa 30 toneladas 2 toneladas Rocinha 30 toneladas Lagoa
Rocinha 2 toneladas 28 toneladas
0 toneladas 0 toneladas
Tijuca 50 toneladas Tijuca 50 toneladas 5 toneladas Vila Isabel 30 toneladas Tijuca
Vila Isabel 5 toneladas 25 toneladas
0 toneladas 28 toneladas
Vila Isabel 2 30 toneladas Vila Isabel 28 toneladas 0 toneladas Tabela 18: Centrais na AP 2, alternativa 2
Indicações de Centrais na AP 3 segundo a Alternativa 2
Novas Centrais Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Ramos
50 toneladas Ramos 50 toneladas 6 toneladas
Maré 50 toneladas Ramos Maré Meier
6 toneladas 28 toneladas 16 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 95 toneladas
Meier 1 50 toneladas Meier 50 toneladas 45 toneladas Méier 2 50 toneladas Méier
Irajá 45 toneladas 5 toneladas
0 toneladas 60 toneladas
Irajá * 20 toneladas Irajá 20 toneladas 40 toneladas Irajá 2 50 toneladas Irajá
Madureira 40 toneladas 10 toneladas
0 toneladas 115 toneladas
Madureira 1 50 toneladas Madureira 50 toneladas 65 toneladas Madureira 2 50 toneladas Madureira 50 toneladas 15 toneladas Inhaúma 1 50 toneladas Madureira
Inhaúma Complexo do Alemão Penha
15 toneladas 10 toneladas 9 toneladas 16 toneladas
0 toneladas 50 toneladas 0 toneladas 53 toneladas
Inhaúma 2 50 toneladas Inhaúma 50 toneladas 0 toneladas Penha* 20 toneladas Penha 20 toneladas 33 toneladas Penha 2 30 toneladas Penha 30 toneladas 3 toneladas Vigário Geral 50 toneladas Vigário Geral
Penha 44 toneladas 3 toneladas
0 toneladas 3 toneladas
Anchieta 1 30 toneladas Anchieta 30 toneladas 27 toneladas Anchieta 2 30 toneladas Anchieta 27 toneladas 0 toneladas Pavuna 50 toneladas Pavuna 49 toneladas 0 toneladas Ilha do Governador 1 50 toneladas Ilha do Governador 50 toneladas 29 toneladas
71
Ilha do Governacor 2 30 toneladas Ilha do Governador 29 toneladas 0 toneladas Tabela 19: Centrais na AP 3, alternativa 2
Indicações de Centrais na AP 4 segundo a Alternativa 2
Novas Centrais Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Jacarepaguá 1*
20 toneladas Jacarepaguá 20 toneladas 190 toneladas
Jacarepaguá 2 30 toneladas Jacarapaguá 30 toneladas 160 toneladas Jacarapaguá 3 50 toneladas Jacarapaguá 50 toneladas 110 toneladas Jacarapaguá 4 50 toneladas Jacarapaguá 50 toneladas 60 toneladas Jacarapaguá 5 50 toneladas Jacarapaguá 50 toneladas 10 toneladas Cidade de Deus 50 toneladas Jacarapagua
Cidade de Deus Barra
10 toneladas 13 toneladas 21 toneladas
0 toneladas 0 toneladas 100 toneladas
Barra 1 50 toneladas Barra 50 toneladas 50 toneladas Barra 2 50 toneladas Barra 50 toneladas 0 toneladas Tabela 20: Centrais na AP 4, alternativa 2
Indicações de Centrais na AP 5 segundo a Alternativa 2
Novas Centrais Capacidade Total
RA Atendidas Toneladas triadas por RA
Toneladas restantes por RA
Realengo 50 toneladas Realengo 50 toneladas 15 toneladas
Bangu 1
50 toneladas Bangu Realengo
35 toneladas 15 toneladas
75 toneladas 0 toneladas
Bangu 2* 30 toneladas Bangu 30 toneladas 45 toneladas Bangu 3 30 toneladas Bangu 30 toneladas 15 toneladas Campo Grande * 30 toneladas Bangu
Campo Grande 15 toneladas 15 toneladas
0 toneladas 169 toneladas
Campo Grande 1 20 toneladas Campo Grande 20 toneladas 149 toneladas Campo Grande 2 50 toneladas Campo Grande 50 toneladas 99 toneladas Campo Grande 3 50 toneladas Campo Grande 50 toneladas 49 toneladas Campo Grande 4 50 toneladas Campo Grande 49 toneladas 0 toneladas Santa Cruz 1 50 toneladas Santa Cruz 50 toneladas 55 toneladas Santa Cruz 2 50 toneladas Santa Cruz 50 toneladas 5 toneladas Guaratiba 50 toneladas Santa Cruz
Guaratiba 5 toneladas 44 toneladas
0 toneladas 0 toneladas
Tabela 21: Centrais na AP 5, alternativa 2
Novamente podemos representar no mapa as centrais por regiões
administrativas. Os pontos em amarelo, novamente, representam as centrais
planejadas pela prefeitura, enquanto os rosas representam as centrais
complementares propostas. Podemos observar que sem as grandes usinas de triagem
são necessárias muito mais centrais para triagem a produção total de lixo domiciliar
reciclável da cidade.
72
Figura 13: Indicação da localização das centrais de triagem da alternativa 2
Fonte: Elaboração Própria
6.4.3. Composição de Centrais de Pequenos Tamanhos
Essa alternativa é focada em uma proposição minimalista, onde haverão
diversas centrais de triagem com a menor capacidade possível espalhadas por toda a
cidade. Nesta alternativa o deslocamento é minimizado e a quantidade de centrais
aumenta.
As centrais devem possuir o tamanho mínimo para ter a capacidade de
processar o conteúdo transportado por um caminhão pequeno, trabalhando em dois
turnos de trabalho. Sendo cada turno de trabalho de 8 horas, retirando os tempos de
deslocamento, sendo calculados por 3 horas em cada turno, devido aos horários de
pico do transito na cidade, temos 10 horas disponíveis.
Segundo estudos, um caminhão pequeno demora duas horas para ter a sua
capacidade preenchida, levando a um número médio de 5 viagens por dia. Se cada
caminhão pequeno é capaz de carregar no mínimo 3 toneladas, a usina minimalista
deve ser capaz de processar 15 toneladas de resíduos sólidos recicláveis por dia.
Sendo assim, podemos chegar ao número de usinas de 15 toneladas
necessárias por região administrativa, cada uma com nove mesas de triagem.
73
Entretanto, a área necessária para a instalação das centrais não seria muito menor do
que os 1.800 m2 das centrais de 20 toneladas. Isso porque as áreas de manobra e
estoque dos materiais seriam pouco influenciadas. Mais usinas de 15 toneladas
demandariam mais terrenos disponíveis, o que em algumas áreas da cidade pode vir a
ser uma dificuldade crucial para a implementação desta alternativa.
Para complementar a solução seria necessário um estudo de microlocalização
de tais usinas, com a análise de terrenos disponíveis em cada uma das 33 Regiões
Administrativas, ou até mesmo em cada um dos bairros do município.
6.5. Compostagem Urbana
Conforme o estudo de Caso de São Francisco apresentou, a compostagem em
larga escala reduz a quantidade de lixo enviado aos aterros e ainda, em forma de
adubo, pode ser revendido ou ser utilizado em projetos de paisagismo da cidade. Em
São Francisco são compostadas todos os dias 600 toneladas de resíduos orgânicos.
Caso a compostagem de todos os resíduos orgânicos na cidade do Rio de Janeiro,
cerca de 50% do total do lixo domiciliar, fosse realizada, seria necessário o
processamento de 2.678 toneladas por dia. Isso equivale a 4,5 usinas de
compostagem iguais a de São Francisco.
Apesar de não divulgados os custos de implementação e operação da usina de
compostagem de São Francisco, pelo material orgânico representar mais de 50% do
lixo da cidade, a prefeitura deveria investir neste tratamento. Isso porque quando
analisados os custos de recuperação de um lixão percebe-se que todo tipo de
tratamento é caro. O Lixão da Estrutural em Brasília, por exemplo, que ocupa cerca de
170 campos de futebol, tem a sua recuperação estimada em 30 anos, custando aos
cofres públicos entre R$ 300 milhões e R$ 420 milhões (Exame, 2014). Além do custo
de recuperação essas áreas ficam improprias para qualquer tipo de construção por
muitos anos e representam riscos a população local, desvalorizando o entorno.
O conceito de compostagem deveriam ser ampliados às escolas, assim como
em Boras, onde desde pequeno se aprende sobre a Gestão dos Resíduos. Além
disso, quando possível as escolas deveriam ter um espaço para a prática da
compostagem, pois além de recuperar o material orgânico gerado nestes espaços
educam as crianças para a prática da compostagem em casa.
74
7. CONCLUSÃO
É perceptível que, embora existam países como Áustria, Alemanha e Bélgica
com altíssimos índices de reaproveitamento dos RS, os casos mais bem sucedidos
são de cidades isoladas, como os casos apresentados de Boras, Barcelona e São
Francisco. Sendo assim, é possível afirmar que mesmo o Brasil não tendo metas
muito ambiciosas, a cidade do Rio de Janeiro pode virar um exemplo para o país.
A partir das tecnologias e modelos de sucesso apresentados, podemos
concluir que não chegaremos aos padrões aceitáveis sem a participação da
população. É preciso que haja uma separação eficiente na fonte geradora para que os
tratamentos sejam os melhores possíveis. A separação doméstica em três lixos: o
reciclável, o orgânico e o geral é a ideal a ser adotada.
A falta de uma política efetiva, com fiscalização e ensinamento da população
não transmite o senso de responsabilidade pela quantidade de resíduos gerados.
Ainda temos o fato de que muitos dos aterros sanitários estão localizados em áreas
afastadas dos centros urbanos, o que aumenta a falta de contato da população com a
dimensão do problema.
Dentre as indicações de alternativas para a cidade do Rio de Janeiro, a
alternativa que combina o estado da técnica com as centrais de triagens desafoga a
separação dos recicláveis e gera emprego a muitos catadores.
A Gestão de Resíduos Sólidos tem vários outros pontos importantes e
discutíveis. Este trabalho se propôs a desenvolver como a cidade do Rio de Janeiro
pode se modernizar neste aspecto e acompanhar o desenvolvimento sustentável que
vem sendo proposto por diversas cidades no mundo inteiro.
Todavia, ainda existem questões que podem ser debatidas futuramente. Uma
delas é relativa a compostagem e o adubo gerado por essa prática. Atualmente o
adubo orgânico é pouco difundido no Brasil e visto como produto de pequena escala,
onde de forma industrial vale mais apena produzir a partir de matérias virgens,
oriundos de jazidas. Entretanto, essas jazidas de nitrogênio, fósforo e potássio têm
vida útil determinada e são recursos não renováveis, enquanto o material orgânico é
produzido constantemente pelo homem, pelos animais e pela natureza. Eles são uma
importante fonte de nutrientes e quando não são tratados adequadamente podem ser
considerados um problema para os aterros e demais áreas de despejo final, com
75
emissão de Gases Efeito Estufa e a produção de chorume.
Com relação às usinas de compostagem, vale um estudo mais aprofundado
sobre o assunto e a sua possível localização e tecnologias para a aplicação em larga
escala. Entretanto, a sua aplicação pode ser efetuada na cidade sem maiores
complicações.
Uma outra discussão consiste em quais leis podem ser aplicadas no país para
reforçar a PNRS e garantir que as empresas privadas e sociedade vão colaborar com
as práticas sugeridas. Pelos casos estudados de São Francisco e Boras podemos
perceber que uma mudança consistente no âmbito legal e educacional leva a
sociedade como um todo a mudar hábitos e desenvolver uma consciência ambiental
mais favorável às políticas de GRS e de reaproveitamento dos mesmos.
Caso as sugestões indicadas neste trabalho sejam implementadas, o efeito
esperado para a cidade do Rio de Janeiro é que os aterros sanitários recebem uma
quantidade muito menor de resíduos sólidos, aumentando a vida útil dos mesmos.
Além disso, matérias primas provenientes da reciclagem poderão ser reinseridas nas
cadeias produtivas.
76
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