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Estudo das Necessidades Ergonômicas Após Cirurgia de Substituição da Articulação do Quadril por Prótese janeiro/2013 1 Estudo das Necessidades Ergonômicas Após Cirurgia de Substituição da Articulação do Quadril por Prótese Rosiana Moreira Nunes Miranda - [email protected] Master em Arquitetura IPOG - Instituto de Pós Graduação Resumo A fratura do quadril é um dos problemas ortopédicos mais comuns no idoso. Indivíduos submetidos à artroplastia do quadril, cirurgia de substituição do quadril por uma prótese, precisam de condições especiais de locomoção e acomodação para evitar complicações. A questão levantada é se o desenho universal para a concepção de espaços é adequado, também para estas pessoas. Objetivando um maior entendimento sobre as necessidades deste indivíduo, foi realizada uma revisão da literatura, comparando as orientações médicas sobre os cuidados pós operatórios do quadril e a norma da ABNT NBR9050 que trata de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e análise de outras fontes literárias. Também foram levantadas as condições adequada para a residência desses pacientes no pós operatório. Faz-se necessário compatibilizar as características dos espaços que estejam inadequados às necessidades dos usuários, de forma a facilitar a realização de suas atividades ou construí-los já atendendo a essas necessidades. A adaptação do ambiente construído ás necessidades do indivíduo submetido à cirurgia do quadril, ou a construção deste ambiente foi estudada através da ergonomia e da antopometria, chegando-se coclusão de quais as principais providências a serem tomadas. Palavras-chave: Ergonomia. Cirurgia do Quadril. Antopometria. 1. Introdução O objetivo deste estudo é analisar as necessidades ergonômicas dos indivíduos submetidos à cirurgia de substituição da articulação do quadril por prótese. O Dr. Luíz Sérgio Marcelino Gomes e colaboradores entendem que a artroplastia total do quadril (ATQ) representa para os pacientes o resgate da independência e, consequentemente da autoestima através do alívio da dor e significativa melhora da função articular, na grande maioria dos casos. É permitido a esses pacientes andarem imediatamente, com auxílio de andador, passando para apoios mais simples e, por volta de 60 e 90 dias, sem suporte. Após 6 meses de pós- operatório são permitidos esportes de impacto. Os cuidados pós-operatórios que devem ser seguidos em casa são fundamentais para evitar risco de luxação (deslocamento). Movimentos de flexão do quadril devem ser feitos até 90º e deve-se evitar adução do mesmo, ou seja, evitar movimentar o membro em direção à parte interna das coxas. Muitos pacientes apresentam força muscular e mobilidade articular diminuída a médio e longo prazo, aumentando o risco de lesão e prejudicando a independência funcional apesar do objetivo principal na reabilitação ser a deambulação com ou sem dispositivo de auxílio. (GOMES, 2010, pp 469, 577, 647) A maioria dos pacientes que se submetem à ATQ tem de 60 a 80 anos. Segundo Pavarini (2005) preservar a autonomia e manter a independência no maior grau possível, é um do objetivos do cuidado ao idoso. O paciente idoso e submetido à cirurgia requer cuidados

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Estudo das Necessidades Ergonômicas Após Cirurgia de Substituição da Articulação do Quadril por Prótese

janeiro/2013

1

Estudo das Necessidades Ergonômicas Após Cirurgia de Substituição

da Articulação do Quadril por Prótese

Rosiana Moreira Nunes Miranda - [email protected] Master em Arquitetura

IPOG - Instituto de Pós Graduação

Resumo

A fratura do quadril é um dos problemas ortopédicos mais comuns no idoso. Indivíduos

submetidos à artroplastia do quadril, cirurgia de substituição do quadril por uma prótese,

precisam de condições especiais de locomoção e acomodação para evitar complicações. A

questão levantada é se o desenho universal para a concepção de espaços é adequado,

também para estas pessoas. Objetivando um maior entendimento sobre as necessidades deste

indivíduo, foi realizada uma revisão da literatura, comparando as orientações médicas sobre

os cuidados pós operatórios do quadril e a norma da ABNT NBR9050 que trata de

acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e análise de outras

fontes literárias. Também foram levantadas as condições adequada para a residência desses

pacientes no pós operatório. Faz-se necessário compatibilizar as características dos espaços

que estejam inadequados às necessidades dos usuários, de forma a facilitar a realização de

suas atividades ou construí-los já atendendo a essas necessidades. A adaptação do ambiente

construído ás necessidades do indivíduo submetido à cirurgia do quadril, ou a construção

deste ambiente foi estudada através da ergonomia e da antopometria, chegando-se coclusão

de quais as principais providências a serem tomadas.

Palavras-chave: Ergonomia. Cirurgia do Quadril. Antopometria.

1. Introdução

O objetivo deste estudo é analisar as necessidades ergonômicas dos indivíduos submetidos à

cirurgia de substituição da articulação do quadril por prótese. O Dr. Luíz Sérgio Marcelino

Gomes e colaboradores entendem que a artroplastia total do quadril (ATQ) representa para os pacientes o resgate da

independência e, consequentemente da autoestima através do alívio da dor e

significativa melhora da função articular, na grande maioria dos casos. É permitido a

esses pacientes andarem imediatamente, com auxílio de andador, passando para

apoios mais simples e, por volta de 60 e 90 dias, sem suporte. Após 6 meses de pós-

operatório são permitidos esportes de impacto. Os cuidados pós-operatórios que

devem ser seguidos em casa são fundamentais para evitar risco de luxação

(deslocamento). Movimentos de flexão do quadril devem ser feitos até 90º e deve-se

evitar adução do mesmo, ou seja, evitar movimentar o membro em direção à parte

interna das coxas. Muitos pacientes apresentam força muscular e mobilidade articular

diminuída a médio e longo prazo, aumentando o risco de lesão e prejudicando a

independência funcional apesar do objetivo principal na reabilitação ser a

deambulação com ou sem dispositivo de auxílio. (GOMES, 2010, pp 469, 577, 647)

A maioria dos pacientes que se submetem à ATQ tem de 60 a 80 anos. Segundo Pavarini

(2005) preservar a autonomia e manter a independência no maior grau possível, é um do

objetivos do cuidado ao idoso. O paciente idoso e submetido à cirurgia requer cuidados

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redobrados. Tashiro & Murayama (2001) destacam alguns cuidados que devem ser tomados

durante o período pós-operatório: o uso de bengalas, evitar camas e cadeiras muito baixas, uso

de colchões firmes, posicionamento correto do membro operado.

O grande desafio do arquiteto, engenheiro ou design de ambientes é adaptar o espaço

construído às necessidades deste indivíduo, muitas vezes idoso e submetido à cirurgia. O local

deve permitir a deambulação, inicialmente com andador, o que requer um espaço maior, e o

mobiliário e as instalações sanitárias precisam ser adequados. Através da ergonomia, pode-se

tentar entender os efeitos das novas limitações e restrições deste grupo e estabelecer as

dimensões e forma do espaço, dos equipamentos e mobiliários, fluxos de circulação, conforto

ambiental que proporcionem maior segurança, conforto e mobilidade.

"Nos idosos os acidentes domésticos seguidos de queda são as principais causas de lesões,

incapacidade e internação em lares e outros centros de idosos, constituindo a quinta causa de

mortalidade entre indivíduos de mais de 75 anos" (RUIPÉREZ & LIORENT, 2002).

"Ergonomia (...) é a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar a

fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema." (WIKIPEDIA,

2012)

2. O que é Artroplastia do Quadril

Artroplastia é a cirurgia de reconstrução de uma articulação devido à sua degeneração. A

artroplastia do quadril é a cirurgia de substituição da articulação do quadril por uma prótese.

O objetivo dessa cirurgia é reduzir a dor e possibilitar que o paciente execute as atividades

diárias, de lazer ou esportivas que já não executava ou executava com limitações, melhorando

sua qualidade de vida.

"É a cirurgia de substituição da articulação do quadril (prótese do quadril).

‐ Substituem o quadril danificado por um sistema de materiais artificiais, as próteses.

‐ As próteses podem ser feitas de diferentes materiais: como metal, cerâmica, titânio,

polietileno.

‐ A Artroplastia de quadril pode ser total ou parcial.

Artroplastia parcial constitui a substituição apenas do componente femoral (parte

femoral proximal), e ocorre a preservação do acetábulo normal.

A Artroplastia total constitui a substituição do componente femoral e componente

acetabular (encaixe da cabeça do fêmur com a bacia). As trocas são indicadas nas

situações onde há a necessidade da substituição dos dois componentes." (SILVA, s.d.)

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Figura 1 - Quadril

Fonte: SILVA (s.d.)

"A artroplastia do quadril e geralmente indicada para os casos de degeneração da

articulação ocasionada por doenças como a artrite reumatóide, necrose avascular da

cabeça femoral, artrose, fraturas de quadril, tumores ósseos benignos e malignos.

Outras patologias como a espondilite anquilosante, luxação congênita de quadril e

doença de Legg-Perthes também podem ocasionar a necessidade de substituição

parcial ou total da articulação do quadril." MELO (2009)

Figura 2 - Próteses do Quadril

Fonte: SILVA (s.d.)

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Figura 3 - Quadril substituído por prótese

Fonte: SILVA (s.d.)

3. Necessidades da pessoa submetida a Artroplastia

De acordo com o Dr. Thiago Sampaio Busato (2011), são necessários cuidados, não só para

evitar que a prótese se desencaixe (luxação), mas evitar também, um desgaste mecânico

precoce e outras complicações. A base mais estável para iniciar a reabilitação da marcha e

mais usada nos primeiros dias é o andador. Em alguns casos, os pacientes mais jovens já

iniciam a deambulação com muletas. Mais tarde usa-se bengala. O IAF recomenda abster-se

do trabalho nas primeiras semanas.

Busato (2011) recomenda que se use cadeiras firmes e altas de preferência com encosto reto e

braços para serem usados como auxílio pra se levantar, como mostra a figura 4.

Figura 4 - assento adequado para pós-operados do quadril

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Fonte: http://www.iafortopedia.com.br/orientacoes-para-pacientes/quadril/artroplastia-total-do-

quadril/orientacoes-pos-operatorias/

O quadril não deve dobrar mais que 70º e os braços devem ser apoiados na cadeira, como

afirma SILVA (s.d.).

Figura 5 - Posição para se assentar

Fonte: SILVA (s.d.)

Figura 6 - Posição para se assentar

Fonte: http://www.ortopediafmabc.com.br/quadril/index.php?option=com_content&view=article&id=

172&catid=88&Itemid=266

Nunca devem usar assentos baixos que provoquem grande flexão do quadril, afirma Busato

(2011).

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Figura 7 - Não utilizar assentos baixos.

Fonte: http://www.ortopediafmabc.com.br/quadril/index.php?option=com_content&view=article&id=

172&catid=88&Itemid=266

A cama e o vaso sanitário também devem ser mais altos.

Figura 8 - Altura do vaso sanitário.

Fonte: http://www.ortopediafmabc.com.br/quadril/index.php?option=com_content&view=article&id=

172&catid=88&Itemid=266

Não é aconselhável levantar peso.

Busato (2011) orienta que se faça exercícios de movimentação das pernas três vezes ao dia. É

preciso haver espaço para que os mesmo sejam executados, embora não necessite que seja

muito grande, apenas o necessário para movimentar as pernas para frente e para trás.

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Os exercícios podem ser feitos com a pessoa sentada, como indica SILVA (s.d.).

Figura 9 - Exercícios para serem feitos assentado

Fonte: SILVA (s.d.)

Deve-se caminhar pequenas distâncias cinco vezes ao dia, orienta Busato (2011).

"O ato de subir escadas é um dos movimentos que exerce maior carga mecânica em sua

prótese. Tenha cuidado principalmente nos primeiros meses. Use sempre o corrimão e

movimente-se com cuidado, peça ajuda se necessário." (BUSATO, 2011)

4. Antropometria

"Antropometria (do grego άνθρωπος, transl. anthropos, "homem", e μέτρον, transl. metron,

"medida") é o conjunto de técnicas utilizadas para medir o corpo humano ou suas partes."

(WIKIPEDIA, 2012)

A seguir, na figura 10, as medidas antopométricas que consistem em estimativas de

comprimento de partes do corpo em pé em função da estatura.

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Filgura 10 - Medidas Antopométricas

Fonte: BIOMECANICA ONLINE (2004)

Essas medidas serão utilizadas como padrão para a análise das medidas de mobiliário e

instalações. O ideal é construir o projeto para o índivíduo, levando em consideração as

necessidades específicas do mesmo. Porém o custo pode ser muito elevado, tornando o

projeto pouco aplicável. O projeto com dimensões reguláveis atenderia a um número maior de

indivíduos, mas ainda é orenoso. Para ser mais adequado à realidade brasileira, atendendo a

um número maior de pessoas, seram utilizados os princípios de projeto para a população

mediana para a aplicação dos dados antopométricos..

5. Normas ABNT que se aplicam ás necessidades da pessoa submetida à artroplastia do

quadril

Analisou-se a norma ABNT NBR 9050, que se refere à acessibilidade a edificações,

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos no intuito de comparar seus critérios com as

orientações dos especialistas em Cirurgia do Quadril quanto aos cuidados que estes pacientes

devem tomar após serem submetidos á artroplastia do Quadril.

No estabelecimento dos critérios para projeto, construção, instalação e adaptação de

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade, a

norma considera diversas condições de mobilidade, inclusive com uso de aparelhos de apoio..

A seguir análise das dimensões referenciais da NBR 9050:2004, pertinentes ao objeto deste

estudo. Essas dimensões foram comparadas com as informações dos cirurgiões de quadril

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relativas aos cuidados que os pacientes devem ter após a cirurgia.

As dimensões das imagens são expressas em metros.

No pós-operatório imediato, em geral, os pacientes submetidos à artroplastia se locomovem

com ajuda de andadores, passando para muletas, bengalas e só depois conseguem deambular

sem auxílio.

A norma da ABNT prevê o espaço para deslocamento com apoio, como mostra a figura 11.

Filgura 11 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé

Fonte: Adaptado de ABNT NBR 9050:2004

Os pós-operados também precisam fazer exercícios em pé ou assentados, movimentado as

pernas para frente e para trás. Para indivíduos que ainda trabalham, o espaço de alcance

definido pela norma parece ser suficiente, para o ambiente de trabalho, como mostram as

figuras 12 e 13.

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Filgura 12 - Alcance manual frontal - pessoa em pé

Fonte: ABNT NBR 9050:2004

Filgura 13 - Alcance manual frontal – Pessoa sentada Fonte: ABNT NBR 9050:2004

Há indicação de uso de apoio em corrimão ao subir escadas. A norma prevê várias formas de

fixação das barras de apoio, adequadas a diversas condições de mobilidade. Exemplo a seguir,

na figura 14.

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Filgura 14 - Escada com corrimão intermediário- Fonte: ABNT NBR 9050:2004

Em escadas fixas devem ser instalados corrimãos em ambos os lados dos degraus isolados. Se

a largura for superior a 2,40 m, deve-se instalar corrimão intermediário.

Aconselha-se o uso de apoio para se assentar. A norma prevê a instalação de barras de apoio

para a utilização de bacias sanitárias.

Filgura 15 - Bacia sanitária - barras de apoio Fonte: ABNT NBR 9050:2004

A NBR 9050 não contempla apoios em cadeiras e bancos. Os especialistas aconselham aos

pacientes utilizarem apoio ao se assentar para não forçar o lado do quadril submetido ao

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procedimento cirúrgico.

A altura de cadeira, bancos, assentos em geral, não dever forçar o quadril a um ângulo

superior a 70º. As medidas estipuladas na NBR 9050 são suficientes para atender a neste

aspecto, porém é a medida máxima, alturas muito baixas não são indicadas.

Filgura 16 - Altura da bacia sanitária suspensa Fonte: ABNT NBR 9050:2004

Filgura 17 - Altura da bacia sanitária alongada.

Fonte: ABNT NBR 9050:2004

As medidas da cadeira estão indicadas na figura 10, que mostra o alcance manual frontal de

uma pessoa sentada.

Também está prevista a medida da altura dos bancos de vestiário, adequados à média da

população.

Filgura 18 - Dimensões de bancos de vestiários Fonte: ABNT NBR 9050:2004

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A norma estabelece ainda, que a bacia deve ser ajustada, caso a altura seja inferior à

estipulada. O ajuste pode ser feito através de sóculo na base da bacia ou através da utilização

de assento de ajuste, como mostra a figura 15.

Figura 19 - Adaptadores para elevar o assento do vaso sanitário

Fonte: Busato (2011)

Barras de apoio no boxe para chuveiro. Existe grande chance de acidentes durante o banho,

uma queda poderia comprometer a cirurgia, o estado do paciente e as condições da prótese.

Também está previsto na NBR 9050. Exemplo a seguir na figura 16.

Filgura 20 - Altura da bacia sanitária alongada. Fonte: ABNT NBR 9050:2004

6. A casa do indivíduo submetido à artroplastia do quadril

Em sua residência, principalmente, a pessoa submetida à cirurgia de prótese do quadril, deve

ter as mesmas condições descritas anteriormente e mais algumas. As condições previstas na

NBR 9050 visa o ambiente de trabalho e locais de acesso ao público. Em casa os cuidados

continuam e cabe ao paciente, com apoio dos familiares adequar seu ambiente de descanso e/

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ou trabalho, caso também trabalhe em casa. Nesse caso o projeto pode ser individual.

As condições de trabalho já descritas devem ser seguidas em casa, se houver um espaço para

isso, assim como as instalações sanitárias, cadeiras, bancos, escadas, espaço para locomoção e

exercícios. Além disso também deve ser verificados outros aspectos.

Sempre que possível, a moradia deve estar em andar térreo ou com acesso por elevadores para

se evitar o uso de escadas com frequência.

Para evitar peso, as portas devem ser leves. Devem ter vãos de pelo menos 80 cm para

permitir a passagem de andadores e devem estar sempre livres para facilitar a circulação.

Não é aconselhável manter em casa tapetes escorregadios e objetos baixos onde se possa

tropeçar. Deve haver boa iluminação e acesso facilitado. Evitar uso de escadas e facilitar o

acesso ao telefone.

No quarto, a cama deve ter altura mínima para que não aja flexão demasiada do quadril ao se

deitar e levantar. BARROS (2012) recomenda que seja entre 45 e 50 cm com o colchão. Os

cirurgiões aconselham que o colchão seja firme. Uma poltrona ou cadeira no quarto pode ser

útil para calçar sapatos e meias.

No banheiro, piso antiderrapante e corrimãos dentro boxe e próximo ao vaso sanitário, que

deve ter a altura suficiente para que não haja flexão do quadril maior que 70º. Os banheiros

são os locais onde mais ocorrem quedas e fraturas.

Na cozinha, um carrinho com rodas para levar e tirar utensílhos da mesa pode ser útil para

evitar carregar peso

Na sala, os sofás e poltronas devem ter entre 55 e 65 cm de altura, assim como as cadeiras.

Os corredores devem ser largos para permitir a deambulação com auxílio de equipamentos

como andadores, muletas, bengalas.

Todos os cômodos da casa devem ter espaço para que o usuário possa andar com

tranquilidade e segurança. Deve-se evitar o excesso de móveis e objetos para que não se

tornem obtáculos.

7. Conclusão

A maioria dos pacientes submetidos à artroplastia do quadril tem acima de 65 anos. As

condições de mobilidade e acomodação para essas pessoas deve levar em consideração a

idade e as limitações impostas pela cirurgia. A maioria das recomendações feitas pelos

cirurgiões especialistas em quadril são atendidas pela NBR 9050. Para bacias sanitárias a

norma especifica altura mínima, se a altura for muito abaixo do mínimo será inadequado ao

paciente operado. Apoio em cadeiras e bancos que auxiliem esses indivíduos ao se assentarem

não estão previstos.

Em áreas públicas e ambientes de trabalho, caso o indivíduo ainda seja produtivo, ainda são

necessários avanços. Muitas das recomendações são atendidas pelas normas para a população

mediana, mas não todas. As regras de acessibilidade facilitam a locomoção de cadeirantes e

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pessoas que utilizam algum dispositivo de auxilio à deambulação, mas não prevêm os

cuidados que o paciente operado do quadril deve ter ao se assentar e movimentar.

Cuidados simples podem ser previstos no projeto de construção ou adaptação da residência do

indivíduo submetido ao procedimento cirúrgico de substituição do quadril para proporcionar

conforto, evitar acidentes e aumentar a vida útil da prótese. Deve-se analisar as necessidades

do indivíduo e suas medidas antopométricas.

8. Referências

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050 - Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

ANTROPOMETRIA. Wikipédia, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2012.

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Antropometria&oldid=30435401

>. Acesso em: 15 jun. 2012.

ANTOPOMETRIA. Biomecânica Oline. São Paulo: Laboratório de Biomecânica do

Movimento e Postura Humana - Fisioterapia - FUSP, 2004. Disponível em:

<http://www.fm.usp.br/fofito/fisio/pessoal/isabel/biomecanicaonline/medicao/antropometria.p

hp>. Acesso em 15 Jun. 2012

BARROS, Cibele. In: Casa Seguram Uma Arquitetura para a Maturidade. s.l.: 2011.

Disponível em: <http://www.casasegura.arq.br/casa_segura.html>. Acesso em 13 jun., 2012.

BUSATO, Thiago Sampaio. Prótese de Quadril, Cuidados Após Sua Cirurgia. Medicina do

Quadril. Curitiba: Dr. Thiago Sampaio Busato, Ortopedia e Traumatologia, Cirurgia do

Quadril. Disponível em:

<http://www.medicinadoquadril.com.br/destino_arquivos/protese_de_quadril_cuidados_aps_s

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ERGONOMIA. Wikipédia, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2012.

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Ergonomia&oldid=30500597>.

Acesso em: 13 Jun 2012.

GOMES, Luiz Sérgio Marcelino et al. O Quadril. São Paulo: Atheneu, 2010.

MELO, Ana Cláudia Raposo. Atividade Física e Esportiva Após Artroplastia do Quadril.

DF: Scielo, 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbme/v15n5/14.pdf>. Acesso

em 15 Jun 2012.

ORIENTAÇÕES e Cuidados para Pacientes Operados de Prótese Total de Quadril. Faculdade

de Medicina do ABC - Quadril. São Paulo: s.d. Disponível em:

<http://www.ortopediafmabc.com.br/quadril/index.php?option=com_content&view=article&i

d=172&catid=88&Itemid=266>. Acesso em 15 jun. 2012.

ORIENTAÇÕES Pós Operatórias. IAF, Instituto Afonso Ferreira. São Paulo: Centro Médico

Campinas. Disponível em: <http://www.iafortopedia.com.br/orientacoes-para-

pacientes/quadril/artroplastia-total-do-quadril/orientacoes-pos-operatorias/>. Acesso em 12

Jun 2012.

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PAVARINI, Sofia Cristina Iost et al. A arte de cuidar do idoso:gerontologia como

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<http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072005000300011>. Acesso em: 05 Abr 2012.

RUIPÉREZ, I. & LIORENT, P. Guias práticos de enfermagem: Geriatria. Rio de Janeiro:

McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2001.

SILVA, Paulo. Artroplastia Total de Quadril. In: COT, Clínica de Ortopedia e

Traumatologia. Goiânia: 2007. Disponível em:

<http://www.cotgoiania.com.br/cotgoiania/pdf/artroplastia-total-quadril-orientacoes.pdf>.

Acesso em 13 Jun 2012.

TASHIRO, M.T.O., Murayama, S.P.G. Assistência de Enfermagem em Ortopedia e

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