os desafios da escola pÚblica paranaense na … · aparelhos eletrônicos, diante disto os seres...
TRANSCRIPT
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
POLUIÇÃO SONORA: o uso de fone de ouvido
Autor: Denilson Alves de Oliveira1 Orientadora: Akemi Teramoto de Camargo2
Resumo
A preocupação com problemas ambientais vem crescendo nos últimos anos, bem como o avanço das tecnologias. Diante deste contexto vivemos em uma sociedade que passa por constantes modificações, e com isso é comum se deparar com o uso frequente de aparelhos sonoros com fones de ouvido dentro do ambiente escolar. Por este motivo existe uma preocupação com a utilização de tais instrumentos por parte dos alunos, que não apresentam conhecimento sobre a nocividade que pode acarretar para a audição humana. Este trabalho desenvolveu-se junto ao Colégio Estadual Dr. Luiz Vieira, do município de Telêmaco Borba, tendo como público-alvo alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. O referido trabalho propôs-se a desenvolver nos alunos um novo olhar na maneira de se utilizar fones de ouvido, realizando uma conscientização dos mesmos, pois os danos para a audição humana podem ser irreversíveis. Com a aplicação de um questionário aos alunos e seus familiares se pretendia levantar dados sobre o uso de tais instrumentos no cotidiano dos mesmos. Também se fez necessário a realização de experimentos no laboratório de ciências para provar que a exposição ao ruído sonoro está diretamente relacionada com seu aspecto de frequência, intensidade e exposição diária. Constatou-se que os alunos além de utilizarem aparelhos com fone de ouvido, acima da intensidade considerada saudável pela Organização Mundial da Saúde, se expõem a um número excessivo de tempo de uso dos mesmos.
Palavras-chave: Poluição Sonora. Audição. Ambiente Escolar.
1 Introdução
As mudanças socioculturais da sociedade e o avanço das tecnologias da
informação e comunicação têm levado os seres humanos à busca por novos
aparelhos eletrônicos, diante disto os seres humanos começaram a adquirir
aparelhos eletrônicos, e constante aparelhos que utilizam fone de ouvido. Por
este motivo entendemos como sendo uma dificuldade o uso pelos alunos de
aparelhos com fones ouvidos de maneira imprópria.
Sendo assim, para um trabalho pedagógico relevante busca levar
alternativas para os alunos visando mudar os seus hábitos, focando neste estudo
a utilização do fone de ouvido de maneira adequada, sem que este prejudique o
sistema de audição humana.
1 Pós-graduação em Supervisão Escolar, Pós-graduação em Informática Educativa, Licenciatura em Ciências Biológicas, Secretaria de Estado da Educação, Telêmaco Borba, PR,[email protected] 2 Doutora, Mestre e Graduada em Ciências Biológicas (UNESP). Profa. Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Departamento de Biologia Geral, Ponta Grossa, PR. [email protected]
2. Fundamentação Teórica
2.1 Consequências da utilização do fone de ouvido em aparelhos portáteis para os
alunos
O desenvolvimento da tecnologia no mundo atual tem contribuído para o
progresso no planeta como um todo, mas é necessário ponderar que, muitas vezes
tal processo pode influenciar na qualidade de vida dos seres humanos. Dentro deste
aspecto destacam-se os índices de poluição, principalmente em grandes centros,
que pode comprometer a vida da população.
Na Conferência da Terra (Eco 92), realizada no Rio de Janeiro em 1992,
considerou o ruído, como a terceira causa de poluição do planeta Terra, estando
apenas atrás da poluição do ar e da água.
Para Silva (1981) “a poluição sonora consiste na emissão de barulhos, ruídos
e sons em limites perturbadores da comodidade auditiva”.
A poluição sonora vem crescendo ultimamente no estilo de vida
contemporâneo, pois a cultura imposta pela sociedade traz modismos com relação
aos usos de instrumentos, que emitem sons capazes de prejudicar a saúde.
O uso de aparelhos eletrônicos ligados ao fone de ouvido faz parte de nossa
cultura, e é comum observar no cotidiano, pessoas utilizando tais instrumentos,
como se fosse parte dos acessórios. Não é diferente dentro do contexto escolar,
onde se observa diversos alunos fazendo uso de tais tecnologias. A escola torna-se
um local propício para a exibição de tais aparatos, já que, é neste ambiente que
muitos alunos vão se relacionar com outros jovens de gostos semelhantes, e com o
mesmo tipo de comportamento.
Com isso, cada grupo de colegas exerce uma função extremamente
importante, pois é por meio deste, que o adolescente vai construindo seus valores e
princípios. Em seu artigo sobre as relações afetivas na adolescência, Grinspun
(2007) cita a importância que amizade pode ter para os adolescentes:
A noção de pertencimento é fundamental na maturação do jovem. As amizades são relações mais igualitárias que as estabelecidas com os pais e envolvem escolhas e comprometimento. O sentimento de confiança voltado para um amigo ajuda o adolescente a conhecer a si mesmo, explorar e reconhecer os próprios valores. (GRINSPUN, 2007, p. 36)
Devido às influências causadas pelas amizades no ambiente escolar, que a
utilização de aparelhos eletrônicos com fone de ouvido vem crescendo ultimamente,
a tal ponto que, os alunos ficam conectados quase que em todos os ambientes com
tais aparelhos portáteis. Esta utilização pode ser devido à falta de orientação ou pela
falta de informações sobre o assunto.
Existe uma preocupação crescente com a utilização de tais recursos
tecnológicos, pois, se estes aparelhos forem utilizados de forma errada (volume
sonoro inadequado), já representa um tipo de poluição sonora, afetando o sistema
auditivo, podendo levar aos usuários a uma perda auditiva precocemente, além de
distraírem os alunos durante as aulas e prejudicando o aprendizado.
Alguns dos sintomas de que o sistema auditivo já não está funcionando de
maneira adequada, são os zumbidos e a perda de sensibilidade para sons agudos,
que pode afetar diretamente a audição. Caso tais sintomas possam ser percebidos,
devem-se encaminhar estes alunos para um profissional especialista para realização
de exame de audiometria, que tem a finalidade de medir o nível de audição, visto
que, quanto antes for identificado os possíveis problemas, previne-se à possibilidade
de ocorrência de maiores danos. Tais agressões que estes aparelhos eletrônicos
podem causar são muitas vezes impercebíveis aos usuários, pois, a perda auditiva
acontece de forma gradativa e lenta.
Uma matéria publicada no jornal Folha de Londrina onde o médico
otorrinolaringologista Dr. Ricardo Borges afirma:
O Zumbido fantasma, sensação de ouvir ruídos, sem que haja uma fonte geradora real no ambiente, é um mal que afeta 17% das pessoas no mundo. Conforme a Public Health Agency of America (Agência de Saúde Pública da América) nos EUA, o zumbido é o terceiro pior problema de saúde no mundo, ficando atrás da “dor” e da “tontura”. (PEREIRA FILHO, 2008)
A utilização de instrumentos ligados ao fone de ouvido é uma característica
marcante da geração atual de jovens, visto que, os mesmos estão conectados com
as tecnologias, sendo isto um hábito que vem crescendo mundialmente nos últimos
anos e tem sido o maior responsável pela perda auditiva precoce.
2.2 A influência da música no cotidiano do aluno
A música pode modificar o comportamento da humanidade, traz sentimentos
aos jovens e adolescentes, independente da camada social. O modo de ouvir a
música pelos jovens, adolescentes e até mesmos os adultos, pode extrapolar um
limite considerado aceitável, pois sons excessivamente altos podem lesionar a
cóclea. Essa lesão atualmente é irreversível e pode gerar zumbido no sistema
auditivo. (PEREIRA FILHO, 2008).
Sendo assim, ao ouvir música sozinho, pode-se afirmar que os jovens e
adolescentes se identificam com outras pessoas que gostam do mesmo estilo
musical ou tem admiração por um cantor ou cantora famosa (astro). Segundo Eco
(1993) o “astro” é fundamental na música massiva. Desta forma os ídolos podem ser
vistos como objetos de desejos dos adolescentes. Para Gewher (2010, p.31), “os
ídolos estão em uma posição desejada, mas inatingível na fase em que é construída
a identidade do adolescente”.
Havendo essa possibilidade, mesmo que a criança ou o adolescente esteja sozinho, ele está, em um mesmo momento, identificado com milhões de outros adolescentes que ouvem a mesma música, que tem o mesmo ídolo e gostam do mesmo cantor (PALHEIROS, 2006).
O que importa para jovens e adolescentes é sua imagem pública de
identificação com ídolos musicais e com outros adolescentes.
A matéria exibida no Jornal Nacional de Rede Globo, em 08 de abril 2013,
afirma como os jovens vêm utilizando os aparelhos com fones de ouvido para
escutar música:
Um hábito que cresceu muito no mundo todo nos últimos dez anos tem sido o maior responsável pela perda auditiva precoce. No Brasil, 30 milhões de pessoas apresentam um sintoma típico: o zumbido. E o volume exagerado nos fones de ouvido tem a ver com isso.
A Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15), da Portaria MTB nº 3.214/1978
(BRASIL, 2006), estabelece os limites de exposição a ruído contínuo conforme a
Tabela, a seguir.
Tabela 1 – Limite de Tolerância para Ruído contínuo ou intermitente
NÍVEL DE RUÍDO
DB (A)
MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA
PERMISSÍVEL
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: Anexo nº 1 da NR 15, (Portaria 3.214, de 08/07/78)
Segundo a tabela apresentada, a intensidade recomendada é de 85 decibéis,
durante um período máximo de oito horas por dia. Um aparelho de MP3 pode chegar
a 110 decibéis e nesse caso, o tempo tolerado cai para 15 minutos.
Mesmo sabendo da experiência musical com instrumentos sonoros que
utilizam fones de ouvido tem ocupado um lugar de grande importância no ambiente
escolar, deve-se tomar uma mudança de postura para orientar os alunos, tentando
mudar seus hábitos, com relação à maneira de utilização de tais aparelhos.
2.3 O uso do fone de ouvido e as implicações no processo de ensino-aprendizagem
No mundo globalizado o avanço das tecnologias acontece constantemente e
o uso de aparelhos eletrônicos, como recursos tecnológicos tomaram conta da vida
do ser humano, mudando completamente a forma de ser e agir, tornando-o
extremamente dependente desses aparelhos.
Não sendo diferente com jovens e adolescentes dentro do ambiente escolar
público, onde nos deparamos frequentemente com alunos utilizando aparelhos
portáteis com fones de ouvido, mesmo sabendo que tais instrumentos não são
permitidos segundo o Regimento Escolar.
Diante deste contexto o educador desenvolve um papel importante, onde o
mesmo deve ajudar os alunos a desenvolver melhores hábitos de vida, melhorando
suas atitudes e seus valores, para que possam desenvolver um melhor aprendizado.
A escola tem a função de preparar os alunos para participar da vida social,
econômica e política do País.
Conforme ressalta Magalhães (2004, p.71):
As instituições educativas têm uma estrutura física, uma estrutura administrativa, mas também uma estrutura social, ou melhor, sociocultural. Se as funções básicas de uma instituição educativa se objetivam na produção na transmissão de cultura, seja pela matriz cientifica e tecnológica, seja pela matriz de comportamentos, atitudes e valores, bem se compreende a importância da dimensão sociocultural”.
Esta preparação da escola desenvolve um importante papel na formação de
hábitos dos alunos, cabendo à mesma orientar sobre o uso correto de aparelhos
eletrônicos com fones de ouvido.
Diante desta afirmação pode-se dizer que, para preparar alunos tanto no
sentido intelectual quando a sua formação do caráter, deve-se levá-los a uma
reflexão sobre sua conduta e seu comportamento.
3. Metodologia
3.1 Implementação pedagógica
Antes mesmo de se aplicar o projeto, houve uma interação entre professores
de Ciências Biológicas e Biologia através do GTR - Grupo de Trabalho em Rede
participaram desta interação 17 (dezessete) professores como concluintes deste
curso, sendo que estes eram de diversas regiões do Estado do Paraná. Nestas
interações houve troca de experiências sobre o uso do fone de ouvido dentro do
ambiente escolar, onde cada professor pode participar com sua experiência dentro
da realidade de diversas escolas públicas do Paraná. Houve também o contato dos
professores com o projeto e uma versão preliminar da unidade didática, onde os
mesmos tiveram a oportunidade de dar sugestões sobre os mesmos, a fim de ser
um trabalho construído por várias mãos, porém, tendo como objetivo principal o de
proporcionar ao aluno uma concepção sobre o uso do fone de ouvido dentro do
ambiente escolar.
O trabalho foi com um grupo de 15 alunos das turmas de 9º ano do Ensino
Fundamental, que utilizam aparelhos eletrônicos com fones de ouvido, do Colégio
Estadual Dr. Luiz Vieira, do Município de Telêmaco Borba, Estado do Paraná, sendo
escolhidos pela direção da instituição de ensino que participaram no contra turno de
aulas teóricas e práticas, com a finalidade de esclarecer e motivar os alunos para
uma nova percepção sobre o uso do fone de ouvido com aparelhos eletrônicos de
uma forma correta para que assim, se possa mudar o hábito em relação ao uso de
tais instrumentos.
Dentro desta proposta o material didático foi trabalhado com o embasamento
do conteúdo primeiramente de forma teórica e posterirormente com aulas práticas,
seguido das atividades listadas abaixo, onde foram realizados oito encontros de
quatro horas:
Aplicação de um questionário para se levantar informações necessárias sobre
o hábito de aparelhos sonoros com fone de ouvido;
Fundamentação teórica e prática relacionada a ondas sonoras;
Diferença da intensidade sonora de altura do som;
Utilização de software simulador de ondas sonoras;
Utilização de vídeos do Youtube sobre poluição sonora;
Utilização do decibelímetro no ambiente escolar, para coleta de dados por
amostragem;
Ações Educativas desenvolvidas na escola através de palestras sobre o efeito
do ruído na saúde humana com profissionais da área médica;
Avaliação com os alunos que participaram do projeto.
3.2 Dados levantados com alunos
3.2.1 Questionário Inicial
Houve aplicação de um questionário inicial para se levantar informações
necessárias sobre o hábito de se utilizar aparelhos sonoros com fone de ouvido,
sendo que a análise dos dados ficou da seguinte forma:
Gráfico 1 - Uso de aparelho eletrônico com fone de ouvido
Gráfico 2 - Tipo de aparelho utilizado
Gráfico 3 - Tempo de exposição diária com aparelho com fone de ouvido
Gráfico 4 - Uso de aparelho eletrônico com fone de ouvido no ambiente escolar
Gráfico 5 - Uso de aparelho eletrônico com fone de ouvido no ambiente escolar
Gráfico 6 - Faixa de volume habitual do aparelho com fone de ouvido
Gráfico 7 - Gênero musical que escuta no aparelho com fone de ouvido
Gráfico 8 - Sensação de desconforto após uso do aparelho com fone de ouvido
Gráfico 9 - Acha que ouve bem
Gráfico 10 - Zumbido no ouvido após a utilização do aparelho com fone de ouvido
3.2.2 Medindo a intensidade sonora em alguns ambientes da escola
Os alunos tiveram a oportunidade de utilizar o decibelímetro para medir a
intensidade sonora em alguns ambientes da escola para fazer comparações, sendo
que ficou registrado da seguinte forma:
Gráfico 11 - Intensidade sonora em decibéis no ambiente escolar
3.2.3 Medindo a intensidade sonora de alguns aparelhos celulares com fone de
ouvido:
Após realizar a medição da intensidade sonora de alguns ambientes na
escola, foram também medidos os aparelhos com fone de ouvido dos alunos, sendo
o que foi constatado:
Tabela 2 – Intensidade sonora nos aparelhos dos alunos
INICIAIS DOS
ALUNOS
PARTICIPANTES
DO PROJETO
IDADE (ANOS)
INTENSIDADE
SONORA EM
DECIBÉIS
(nível de pressão
sonora)
BP 13 85
MT 13 85
AL 13 86
ALP 13 86
KYOS 13 89
VJB 14 90
TRC 13 94
AGBSP 13 95
BTM 13 95
CRA 13 97
AABS 14 102
JFS 14 102
KBF 13 103
DBG 14 105
GSB 13 110
Fonte: Dados coletados pelos alunos
3.2.4 Questionário avaliativo
Para finalizar a implementação do projeto de intervenção pedagógica, foi
aplicado um questionário aos alunos do 9º ano, através do termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE). Esse teve como objetivo avaliar o projeto aplicado, bem
como as mudanças de hábitos dos mesmos.
1. Após a aplicação do Projeto você mudou o tempo de exposição em que você
utiliza durante o dia seu aparelho com fone de ouvido?
Gráfico 12 - Mudança de hábito
2. Caso você tenha respondido sim na questão anterior, você diminuiu seu
tempo de exposição do aparelho com fone de ouvido?
Gráfico 13 - Tempo de exposição
3. Caso você tenha respondido sim na questão nº 01, você diminuiu o volume de
seu do aparelho com fone de ouvido, após receber as orientações deste
projeto?
Gráfico 14 - Diminuiu o volume
4. Você acha que a aplicação deste Projeto foi importante para o seu
conhecimento a respeito do uso de aparelhos com fone de ouvido?
Gráfico 15 - O projeto foi importante sobre o uso de aparelhos com fone de ouvido
5. Se você tiver a oportunidade de orientar outros alunos que não participaram
deste projeto a respeito do cuidado com o uso do fone de ouvido você faria?
Gráfico 16 - Repasse dos conhecimentos
Portanto, o perfil dos alunos, em termos gerais, mostrou-se da seguinte
forma: dos 15 alunos que se utilizam de aparelhos eletrônicos, estão expostos de 1
a 2 horas de músicas na faixa de volume alto (12) no ambiente escolar, sendo que
esta exposição é em média de 87 decibéis no pátio na hora do intervalo e até 95
decibéis no refeitório.
Mas, medindo-se os aparelhos com fone de ouvido dos alunos, constatou-se
que: nos aparelhos de 10 alunos a exposição era na faixa de 85 a 97 decibéis e o
restante dos 5 alunos, de 102 a 110 decibéis, valores extremamente preocupantes.
Após aplicação do projeto, 12 alunos mudaram seu tempo de exposição ao
fone de ouvido, sendo que, 8 diminuíram o volume e a maioria afirmou que
foi importante a aplicação do mesmo (14 alunos), o que mostra uma repercussão
positiva da intervenção pedagógica deste projeto.
4 Considerações Finais
Após a implementação deste projeto que verificou a vivência de adolescentes
com o uso dos aparelhos sonoros com fone de ouvido que é uma realidade em
nossa sociedade moderna, percebeu-se que os mesmos utilizam seus aparelhos
sonoros, mas não tem a noção de que podem ser prejudicados por estes.
Através dos encontros com os alunos, que ocorreu no contra turno, onde foi
desenvolvido o trabalho de forma gradativa, permitiu levá-los a uma reflexão sobre o
modo que vem sendo utilizado o fone de ouvido, mesmo percebendo que durante as
aulas teóricas o nível de interesse diminuía e nas aulas práticas a adesão era de
todos; especialmente ao utilizarem o decibelímetro para medir a intensidade sonora
de seus aparelhos, muitos não tinham a noção do perigo da utilização de fones com
intensidade exagerada.
Para fechar o encontro com os participantes do projeto, houve uma
participação especial de uma profissional da Saúde, uma fonoaudióloga da
Prefeitura Municipal de Telêmaco Borba, onde a mesma teve a oportunidade de
esclarecer muitas dúvidas sobre a saúde auditiva.
Por meio deste trabalho, pode-se perceber que os adolescentes ao escutarem
músicas em seus aparelhos sonoros com fone de ouvido, podem realizar diversas
tarefas ao mesmo tempo, não focando muitas vezes a sua atenção em uma
atividade específica, porém o utilizam de maneira errônea prejudicando sua saúde
auditiva. No entanto, para chegarmos a uma conclusão mais contundente seria
necessário se estender este trabalho com um número maior de participantes com
maior período de observação, para obtenção de dados e observação dos resultados
obtidos.
Pode-se considerar que, para futuros trabalhos de pesquisa nesta área, seria
muito significativo realizar um levantamento mais amplo dos participantes,
levantando um perfil mais detalhado, onde isto possibilitaria verificar mais
informações precisas sobre o trabalho realizado.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, C. de M. Sobre a Poluição Sonora. Monografia de Especialização. Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica. Rio de Janeiro, 1999.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de ações programáticas estratégicas. Perda auditiva induzida por ruído. (PAIR). Brasília, 2006. Saúdo do trabalhador. Protocolo de complexidade diferenciada. Série A: Normas e manuais técnicos. ECO, U. Apocalípticos e integrados. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1993.
_____. Lei de Diretrizes e Base de Educação Nacional N° 9394, de 20 de dezembro de 1996.
_____. Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Ministério da Educação, Brasília, 1999.
GEWHER, R. B. Do grupo ao indivíduo: A tirania da mídia televisiva no mundo adolescente. Disponível em: <http://www.unoesc.edu.br/>. Acesso em: 12 jun. 2013.
GRINSPUN, M.P.S.Z. A razão dos afetos. Mente e Cérebro: O olhar adolescente. São Paulo, Duetto.v.4, p.30-37, nov. 2007.
JORNAL NACIONAL. Uso ruim de fone de ouvido colabora para perda auditiva precoce no Brasil. 08 de abr. de 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2013/04/uso-ruim-de-fone-de-ouvido-colabora-para-perda-auditiva-precoce-no-brasil.html> acesso em 12 jun. 2013.
JUNIOR, J. S. P. Legislação Federal Sobre Poluição Sonora Urbana Consultor Legislativo da Área XI Meio Ambiente e Direito Ambiental, Organização Territorial, Desenvolvimento Urbano e Regional. Brasília. 2002.
MAGALHÃES, J. P. de. Tecendo Nexos: História das Instituições Educativas. Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2004.
PALHEIROS, G. B. Funções e modos de ouvir música de crianças e adolescentes, em diferentes contextos. In: ILARI, B. (Org.). Em busca da mente musical: Ensaios sobre os processos cognitivos em música – da percepção à produção. Curitiba: UFPR, 2006.
PARANÁ, Secretaria do Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná: Ciências. Curitiba: Seed /DEB-PR, 2008.
_____. Subsídios para elaboração do regimento escolar / Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação de Gestão Escolar. 3. ed. Curitiba: SEED Pr., 2010. - 102 p. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/regimento_escolar.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2013.
PEREIRA FILHO, E. Um tormento chamado zumbido. Folha de Londrina, Londrina, 28 de abr. 2008.
SILVA, J. A. da. Direito Urbanístico Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1981.