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ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE HOSPITALAR COMO CONTRIBUIÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES Tereza Cristina Marques Dalla Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil Mestrado em Engenharia Civil Universidade Federal do Espírito Santo Vitória, Julho de 2003

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ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE HOSPITALAR

COMO CONTRIBUIÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE

PACIENTES

Tereza Cristina Marques Dalla

Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil

Mestrado em Engenharia Civil

Universidade Federal do Espírito Santo

Vitória, Julho de 2003

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ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE

HOSPITALAR COMO CONTRIBUIÇÃO NA

RECUPERAÇÃO DE PACIENTES

Tereza Cristina Marques Dalla

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil.

Aprovada em 11/07/2003 por:

------------------------------------------------------------------------

Prof. Dr. Ing. Marcel Olivier Ferreira de Oliveira, UFES

orientador

------------------------------------------------------------------------

Prof. Dr. Ing. João Luiz Calmon Nogueira da Gama, UFES

examinador interno

------------------------------------------------------------------------

Prof. Médico Dr. Renato Camargos Couto, UFMG

examinador externo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Vitória, Julho de 2003

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Dalla, Tereza Cristina Marques, 1958-

D144

e

Estudo da qualidade do ambiente hospitalar, como

contribuição na recuperação de pacientes / Tereza Cristina

Marques Dalla. – 2003

163 f. : il.

Orientador: Marcel Olivier Ferreira de Oliveira.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito

Santo, Centro Tecnológico.

1. Hospitais – Projetos e construção. 2. Saúde – Planejamento.

3. Garantia de qualidade. 4. Hospitais – Aspectos sociais. I.

Oliveira, Marcel Olivier Ferreira de. II. Universidade Federal do

Espírito Santo. Centro Tecnológico. III. Título.

CDU: 624

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“Projetar significa harmonizar local e programa em um todo coeso, integrado e expressivo” Flávio de Lemos Carsalade

In Arquitetura: Interfaces (2001)

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Dedico ao meu grande amor e companheiro de todas as horas, pelo incentivo às minhas ações profissionais e por ser a inspiração das minhas realizações. Estendo aos nossos filhos Bernardo e Ramon, a quem tanto amamos e aos quais gostaria de deixar o presente exemplo e incentivo à pesquisa científica.

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Agradecimentos

A Deus, por me permitir visualizar a possibilidade do mestrado em engenharia civil. Ao corpo docente (do mestrado de engenharia civil) por abrir este caminho, e em especial, ao meu orientador, professor Dr. Marcel Olivier Ferreira de Oliveira. Aos colegas do mestrado, por compartilharem os novos conhecimentos e pela amizade tão necessários para um bom desempenho no curso e na vida profissional. Às bibliotecárias do COMUT (UFES), Isabel E. Nascimento, Sônia Regina da Costa e Maria das Graças Loyola que me auxiliaram na pesquisa bibliográfica. Como também à Maria Marta Dalla Huarcaya pela revisão final do texto. Às equipes técnicas dos hospitais: Vila da Serra, Mater Dei e Vera Cruz Lifecenter em Belo Horizonte, M.G. e o Vila Velha Hospital, E.S. que me proporcionaram visitas técnicas guiadas para estudo do tema proposto. E principalmente ao escritor, médico e professor da UFMG Dr. Renato Camargos Couto, colega de meu pai, que me concedeu entrevista em Belo Horizonte, MG., para falar sobre o controle de infecção hospitalar. Ao meu pai Dr. Pedro Paulo Marques, brilhante profissional da Medicina, que me recomendou a livraria da Associação Médica em Belo Horizonte e me acompanhou nas visitas técnicas aos hospitais aquela cidade. Finalmente a minha mãe Maria Luiza Moreira Marques, aos Srs. Ruth G. Corrêa Dalla, e Arysio Monteiro Dalla (em memória), por acreditarem nesta pesquisa. E a todos que positivamente contribuíram para a realização desta pesquisa.

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO 15

2 CONTEXTUALIZAÇÃO 18

2.1 INTROCUÇÃO 19

2.2 ARQUITETURA PARA A CURA 22

2.3 FENOMENOLOGIA 31

2.4 PERCEPÇÃO DO ESPAÇO 34

3 FATORES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS 37

3.1 INTRODUÇÃO 38

3.2 O USO DA COR E LUZ PARA A CURA 38

3.3 A COR E A SAÚDE 49

3.4 A LUZ E A SAÚDE 56

3.5 COR E LUZ NO AMBIENTE HOSPITALAR 59

a- Hall e Recepção 60

b- Sala de Espera 62

c- Administração 63

d- Circulações 64

e- Posto de Enfermagem 65

f- Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 66

g- Sala de Cirurgia 66

h- Sala de Esterilização 67

i- Sala de Recuperação 68

j- Laboratório 68

k- Unidade Pediátrica 68

l- Unidade de Maternidade 69

m- Berçário e UTI Neonatal 70

n- Sala de Eletrocardiograma e Encefalograma 71

o- Consultório Dentário 71

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p- Ambulatório, Consultório Médico e Sala de Exame 71

q- Sala de Tratamento e Terapia 72

r- Sala de Conforto dos Médicos 73

s- Cafeteria e Refeitório 73

t- Quarto e Enfermaria 74

3.6 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO 75

3.7 NORMATIZAÇÃO 78

3.8 MATERIAIS 80

3.9 CIRCULAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS 81

4 FATORES ADMINISTRATIVOS, OPERACIONAIS

E ORGANIZACIONAIS 88

4.1 INTRODUÇÃO 89

4.2 A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA CURA 89

4.3 EQUIPE MULTIPROFISSIONAL 99

5 FATORES DE CONTROLE: MANUTENÇÃO, INFECÇÃO

E CONFORTO 100

5.1 INTRODUÇÃO 101

5.2 MANUTENÇÃO PREDIAL (preditiva, preventiva e corretiva) 101

5.3 PREVENÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR 102

5.4 CONFORTO AMBIENTAL 108

6 FATORES FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS 112

6.1 INTRODUÇÃO 113

6.2 ABORDAGEM FISIOLÓGICA – ÓRGÃOS SENSORIAIS 113

6.2.1 Visão 115

6.2.2 Audição 122

6.2.3 Olfato e Paladar 124

6.2.4 Tato 126

6.3 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL 126

a- Sensação e percepção 128

b- A constância perceptiva 130

c- A constância de tamanho 130

d- A constância da forma 130

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e- A constância da cor e brilho 130

f- A constância de localização 130

g- Organização perceptiva 131

h- Percepção do movimento 131

i- Percepção de profundidade 132

j- Ilusões perceptuais 132

k- Percepção extra-sensorial 133

7 DIRETRIZES PROJETUAIS: CONJUNTO ANALÍTICO

HOSPITALAR PARA A CURA 134

7.1 CONSIDERAÇÕES PREAMBULARES 135

7.2 TIPOLOGIAS: PROJETOS HOSPITALARES HORIZONTAIS E

VERTICAIS 137

7.3 DIAGRAMAS DE ZONEAMENTO, FLUXO E SETORIZAÇÃO 141

8 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 146

8.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RAZOABILIDADE PARA O ÓTIMO 147

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 150

10 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 160

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LISTA DE DIAGRAMAS

Diagrama 4.1 Estrutura Organizacional – ORGANOGRAMA 94

Diagrama 7.1 Diagrama de Zoneamento 142

Diagrama 7.2 Diagrama de Programa de Necessidades para

Projetos Hospitalares 143

Diagrama 7.3 Diagrama de Barreiras Físicas 144

Diagrama 7.4 Depósitos e Salas de utilidades 144

Diagrama 7.5 Bloco Cirúrgico 145

Diagrama 4.6 Unidade de Diálise 145

LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 Condições mínimas para rampas 85

Quadro 6.1 Principais modalidades sensoriais 114

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Rosemary Bakker com a paciente que utiliza Barra

de Segurança, para levantar com autonomia 22

Figura 2.2 Croqui do arquiteto João Filgueiras Lima para a Rede

Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor 23

Figura 2.3 Clarian Health Partner´s Methodist Hospital em

Indianápolis 25

Figura 2.4 Clarian Health Partner´s Methodist Hospital em

Indianápolis 25

Figura 2.5 Circulação, Bárbara Ann Karmanos Câncer Institute

em Detroit 26

Figura 2.6 Sala de Fisioterapia do Hospital do Aparelho

Locomotor – Fortaleza, CE 33

Figura 3.1 Tipologia Pavilhonar, Cidade Jardim – Hospital da

Granja Branca, 1911, Lyon, França 41

Figura 3.2 Children´s Hospital & Health Center, 2002, San

Diego, CA 42

Figura 3.3 Hospital da AACD, São Paulo, setor ortopédico,

divisórias removíveis 43

Figura 3.4 Cortinas divisórias para privacidade do paciente

Com pintura, tema natureza 43

Figura 3.5 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE. 44

Figura 3.6 Hospitais da Rede Sarah 46

Figura 3.7 Centro de Reabilitação Infantil, rede Sarah, RJ. 46

Figura 3.8 Centro de Reabilitação Infantil, Rede Sarah, RJ. 47

Figura 3.9 Centro de Reabilitação Infantil, Rede Sarah, RJ. 47

Figura 3.10 Centro de Reabilitação Infantil, Rede Sarah, RJ. 48

Figura 3.11 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE. 49

Figura 3.12 Refeitório – Hospital Albert Einstein, SP 58

Figura 3.13 Iluminação não uniforme – Clarian Health Partners,

Indianápolis, IN. 58

Figura 3.14 Círculo cromático 60

Figura 3.15 Recepção – Emergência Coronariana, Casa de Saúde

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São José, Rio de Janeiro, RJ. 61

Figura 3.16 Sala de Espera – Bronson Methodist Hospital 63

Figura 3.17 Circulação Maternidade – Hospital Santa Catarina, SP 64

Figura 3.18 Posto de Enfermagem, Methodist Hospital, IN. 65

Figura 3.19 Centro Cirúrgico, Hospital Santa Cruz 67

Figura 3.20 Centro de Reabilitação Infantil Sarah – RJ 69

Figura 3.21 Internação – Maternidade Hospital Santa Catarina, SP. 70

Figura 3.22 Berçário – Maternidade Hospital Santa Catarina, SP 71

Figura 3.23 Pronto Atendimento Ortopédico – Hospital Casa de

Saúde São José, RJ 72

Figura 3.24 Refeitório – Hospital do Aparelho Locomotor,

Fortaleza, CE 74

Figura 3.25 Quarto – Maternidade Hospital Santa Catarina, SP 75

Figura 3.26 Piso, forro, bate macas. Instituto da Criança, SP 81

Figura 4.1 Diagrama de Bolhas 96

Figura 4.2 Projeto conceitual, Hospital Unimed Araras-térreo 97

Figura 4.3 Projeto conceitual, Hospital Unimed Araras-1ºpiso 98

Fatores fisiológicos - órgãos sensoriais

Figura 6.1 Secção horizontal do olho direito 117

Figura 6.2 Músculos da órbita direita 118

Figura 6.3 Ouvido 123

Figura 6.4 Nariz 125

Figura 6.5 Língua 126

Figura 7.1 Piso técnico – Vila Velha Hospital 137

Figura 7.2 Área de recuperação – Centro Cirúrgico – Hospital

Henrieta Goodall 139

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APO Avaliação Pós-Ocupação

APP Avaliação Pré-Projeto

CC Centro Cirúrgico

CCIH Comissões de Controle de Infecção Hospitalar

CME Central de Material Esterilizado

CO Centro Obstétrico

CSV Clínica São Vicente

CQH Controle de Qualidade Hospitalar

CQI Continuous Quality Improvement

CTI Centro de Terapia Intensiva

DHSS “ Departament of Health & Social Security”

DML Depósito de Material de Limpeza

DPI Diálise Peritonial Intermitente

EAS Estabelecimento Assistencial de Saúde

FCF Freqüência Crítica de Fusão

GEM “ Gerontologic Environment Modification”

JCAHO Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organization

NB Norma Brasileira

SCDT Serviço Complementar de Diagnóstico e Terapêutica

SNC Sistema Nervoso Central

SND Serviço de Nutrição e Dietética

SUS Sistema Único de Saúde

TQM Total Quality Management

UTI Unidade de Terapia Intensiva

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ESTUDO DA QUALIDADE DO AMBIENTE HOSPITALAR COMO

CONTRIBUIÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE PACIENTES.

Tereza Cristina Marques Dalla1

RESUMO

No presente estudo aborda-se uma nova concepção dos espaços hospitalares, tratando a qualidade do ambiente para que o mesmo possa também fazer parte da terapêutica. Tudo através da percepção do paciente, do uso das cores, da incidência de luz natural, dos grandes átrios e com o aproveitamento do atual enfoque sobre os ambientes hospitalares, que enfatizam, como este trabalho, mais a saúde do que a doença. Ainda assim tem-se a análise da normatização vigente e a prevenção e controle da infecção hospitalar. Todos os fatores analisados servem para dar embasamento às diretrizes projetuais propostas no trabalho. O objetivo final do trabalho é contribuir para a desejada recuperação do paciente, com o menor sofrimento possível, reduzindo o tempo de internação e possibilitando um ambiente agradável tanto para o paciente e acompanhantes como para a equipe multiprofissional.

1 Arquiteta, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade

Federal do Espírito Santo. Endereço: Rua Renato Nascimento Daher Carneiro, 981 - Ilha do Boi - Vitória - ES. cep 29052730

e-mail: [email protected]

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STUDY OF QUALITY OF HOSPITAL ENVIRONMENT AS AN

IMPORTANT CONTRIBUTION FOR THE PATIENT´S RECOVERY

Tereza Cristina Marques Dalla1

ABSTRACT

In the present study the objective is to present a new approach to hospital space, in which the quality of created environment is considered an important part of the therapeutic treatment. The patient’s perspective of elements such as, the use of colors, the incidence of natural light and the use of big forecourts, is of great relevance for the creation of the spaces. The final result reflects directly in the quality of such spaces, for which it is also taking into consideration the patient’s healthy condition and not the illness; the present norms for architectural planning and finally the regulations for prevention and control of hospital infection. All the analyse facts support the guidelines to the planes proposed in this study. A final objective is to contribute to the patient´s recovery with the least suffering possible, reducing his stay, and creating a warm, comfortable and pleasant environment him, companions and visitors, as well as for the staff.

1 Architect, M. Sc. candidate in Civil Engineering at Federal University of Espirito Santo, Brazil. Address: Renato Nascimento Daher Carneiro, 981 - Ilha do Boi - Vitória - ES. 29052730 e-mail: [email protected]

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CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO A humanização hospitalar é uma realidade na qual seus projetos integrados, onde arquitetura, engenharia, tecnologia, gestão, logística e assistência médica compartilham os mesmos objetivos, como necessidade básica. Observa-se que já no século XIX na Inglaterra foi construído um asilo para doenças mentais baseado em princípios onde a arquitetura deveria envolver emocionalmente o paciente para facilitar o seu tratamento, participando do processo de restabelecimento do mesmo. A fim de proporcionar a possibilidade de uma gestão responsável e eficiente, tem-se esta meta contínua com o propósito de incrementar a assistência em que atenção ao paciente é o norte deste trabalho. A pesquisa propõe de maneira sistemática a otimização dos critérios de projeto para melhoria da qualidade do ambiente hospitalar. Obter e avaliar informações, opiniões e possibilidades da qualidade no ambiente arquitetônico hospitalar, com base em fatores que podem influenciar positivamente a auto estima do paciente, buscando contribuir para a melhoria de sua saúde física e mental. Realizar uma avaliação bibliográfica e a análise crítica referentes às questões de projetos hospitalares no Brasil e no exterior. Propor diretrizes para projetos hospitalares levando em conta também a terapêutica. E finalmente propor uma linha de pesquisa no mestrado na área de engenharia e arquitetura hospitalar (construções especiais). Assim sendo, visando à recuperação do paciente no ambiente hospitalar, e com o objetivo de que o espaço bem projetado e humanizado faça também parte da terapêutica, apresenta-se a proposição de um modelo conceitual teórico em que se aborda a organização técnica dos espaços, para a criação de ambientes que favoreçam sempre a melhoria do paciente, a eficácia da equipe multiprofissional, além do conforto e da confiança dos acompanhantes no processo de tratamento. Para tanto adotou-se a seguinte estrutura: no capítulo 2, contextualização, analisa-se a busca pela qualidade no ambiente hospitalar, perpassando pela percepção do ser humano sobre o ambiente onde o design é desenvolvido para a melhoria da saúde, que utiliza princípios onde a busca da qualidade é um avanço social (Meseguer, 1991), são abordados assuntos como: fenomenologia do espaço arquitetônico, análise histórica do desenvolvimento da arquitetura hospitalar desde a antigüidade, observando os usos da luz e cor para a

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cura até os dias atuais e a percepção do espaço. No capítulo 3 analisam-se fatores científicos e tecnológicos, o estudo da percepção das cores ao longo da civilização humana, além de conceitos sobre a cromoterapia. Os efeitos da luz sobre a saúde, inclusive luz e cor nos ambientes hospitalares, bem como a avaliação da edificação hospitalar utilizando a metodologia APO (avaliação pós ocupação), a normatização vigente, os materiais e circulações, são os enfoques principais. O capítulo 4 trata dos fatores administrativos, operacionais e organizacionais, analisa a influência do ambiente na cura, os indicadores de qualidade, a administração e gestão hospitalar. Já no capítulo 5 a manutenção preditiva, preventiva e corretiva, infecção hospitalar e conforto ambiental. No capítulo 6 são analisados os fatores fisiológicos e psicológicos, uma incursão sobre os cinco sentidos sensoriais e por fim, a abordagem comportamental. No capítulo 7 encontram-se diretrizes projetuais onde o enfoque é o ambiente projetado com o objetivo de o paciente se curar, ou seja, o espaço habitado no complexo hospitalar participando também como agente terapêutico, contribuindo para o mais rápido restabelecimento do paciente, e bem-estar dos usuários, o que proporciona melhor trabalho por parte da equipe multiprofissional, e maior confiabilidade por parte dos acompanhantes. Utilizam-se, para este objetivo, todos os critérios razoáveis de projetos analisados nos capítulos anteriores. Observa-se que a sociedade está voltada para os prazeres da vida, entre eles a saúde, e não mais para a tristeza da doença. O espaço hospitalar inserido neste contexto deve também estar voltado para a saúde, vida saudável, e a auto- estima elevada. Estes dados vêm de encontro à humanização dos hospitais em prol de menos sofrimento social. E percebe-se que é possível o próprio ambiente, e o espaço criado serem concebidos para favorecer, além do suporte técnico e terapêutico, a cura tão almejada dentro de um complexo assistencial de saúde. Finalmente no capítulo 8, conclusões e perspectivas futuras.

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CAPÍTULO 2 CONTEXTUALIZAÇÃO

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 Introdução Segundo o poeta português Fernando Pessoa “O universo não é uma idéia minha. A minha idéia do universo é que é idéia minha.” (Pessoa, 2001, p. 129).

Neste diapasão o ser humano necessita melhorar a qualidade do universo, tornar a sociedade mais receptiva, criando espaços inteligentes, auto - sustentáveis, bem implantados, arejados, iluminados, enfim bem projetados, propiciando aos usuários (pacientes, médicos, enfermeiros e acompanhantes), uma percepção positiva do mesmo, tirando partido da arquitetura, para chegar a um ambiente saudável, higiênico, que favoreça a auto-estima, o “self”, a melhoria da saúde mental e física do indivíduo. Neste contexto, cabe interpretar Meseguer (1991), que diria: a busca da qualidade é um avanço social. E este princípio norteia os projetos que devem beneficiar os usuários, segundo os padrões de qualidade. A qualidade na construção civil deve ser entendida como uma filosofia que se ajusta a casos particulares, observando os seguintes requisitos: segurança, habitabilidade, durabilidade, estética e adequação ambiental. Os parâmetros de qualidade são documentados para que se demonstrem os controles de qualidade e os resultados alcançados. Esta filosofia da qualidade é fundamental para a interface do projeto com a utilização do espaço habitado. É o primeiro passo para se fundamentar pesquisas sobre a estrutura do espaço, e as influências deste sobre o ser que o habita e no caso específico desta pesquisa, a busca da melhoria do espaço hospitalar construído, possibilitando uma melhoria efetiva do paciente, através da sua percepção. Observa-se que a maior parte da existência humana ocorre em ambientes construídos, devido ao aumento dos índices de urbanização. Neste sentido os profissionais responsáveis pela produção dos espaços construídos, devem aproximar os estudos e a inter-relação pessoa-ambiente, aos estudos da percepção do ambiente construído, visando uma melhoria deste, e um maior bem-estar social (Elali, 2000).

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Enfatizando esta relação entre o homem e o ambiente, Gabriel Marcel apud Duarte (2000, p. 22), diz que: “um indivíduo não é distinto do lugar: ele é o lugar.”

Para que o ser humano tenha uma compreensão plena da realidade, deve-se perceber os jogos de valores que se dão na interdependência entre o homem e seu meio. Assim o ambiente participa do processo da elaboração da consciência que ele tem de si mesmo; interage com ele, alterando a realidade, influindo decisivamente na construção de sua visão de mundo. O homem usa o espaço como forma de linguagem e o manipula num constante processo de construção de sua identidade. Construindo-o, constrói também um sistema de significados e valores dele. Além disto, o espaço construído será reinventado constantemente por seus usuários, os seus valores e significados serão alterados de acordo com inúmeros fatores de ordem psico-cultural (Duarte, 2000).

Segundo Hall1 apud Duarte (2000) o espaço age como uma “linguagem silenciosa” no inconsciente do ser humano. E esta interação espaço-comportamento-percepção, traz maiores subsídios para a boa execução de um projeto de arquitetura, além das preocupações com o desempenho físico-espacial do edifício, cujas preocupações englobam também o respeito às especificidades sócio-psico-culturais dos usuários (Duarte, 2000).

A percepção do ambiente traz para o projeto, o olhar do usuário lado a lado com à visão do arquiteto; um que o percebe, a partir de sua decodificação através da captação pelo sistema sensorial humano; outro que traça um espaço abstrato, quantitativamente normativo e controlador de transformações no contexto do edifício e do seu entorno. A interação entre estes dois enfoques solicita “links” entre ambos, beneficiando a atividade projetual pela possibilidade de avaliar o desempenho do espaço proposto, em função da percepção dos futuros usuários. Os critérios de desempenho do espaço virtual correspondem às expectativas sociais que são tanto historicamente definidas quanto permanentes e atemporais, assim como a percepção dos futuros usuários possui não apenas predicados particulares, mas também universais (Kohlsdorf, 2000).

1- HALL, E. Le Langage Silencieux. Paris:Mame, 1973

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Tais palavras significam a importância de se trabalhar com a percepção e sentidos dos usuários, para projetar um espaço arquitetônico que beneficiará o usuário, e dentro de uma perspectiva de melhora de sua saúde. Quanto à habitabilidade, suas características fazem com que os ambientes devam atender às necessidades existenciais, abrangendo diversos níveis, como o fisiológico e o simbólico, visando projetar e construir ambientes que permitam ao homem melhor qualidade de vida, com a pretensão de compreender suas interações com o ambiente edificado (Almeida, 2000). Para aprofundar mais o tema cabe interpretar alguns estudiosos: Segundo Serra (1999), uma metodologia de qualidade na elaboração de um projeto para a área hospitalar, é um eficaz instrumento que pode levar à concepção de um edifício adequado ao uso previsto. Segundo Silva (2000), todos os aspectos relacionados à produção do espaço, têm relação entre os códigos necessários à sua execução e às expectativas atribuídas a ele. Hoje em dia a qualidade dos serviços prestados, está diretamente ligada à funcionalidade da estrutura arquitetônica e organizacional de um hospital. Serviços de alta tecnologia, corpo clínico e gerencial, ficam prejudicados quando o espaço arquitetônico não está em harmonia com os usuários. Segundo Svensson (2001, p. XII), a globalização econômica mimetiza o “modus vivendi”, a informatização e a tecnologia apagam traços regionais e nacionais, e a arquitetura aproxima-se da síntese entre “[...]a vida humana e seu cenário”. Através das atividades humanas, o homem se exprime espacial e temporalmente, onde a vida se desenvolve. A tendência da arquitetura é aproximar a arte da realidade. E segundo Kant Schiller apud Svensson (2001), arquitetura é a arte do espaço subjetivamente percebido. O desenho espacial afeta os níveis de comunicação dos ambientes (Kumar, 1996). Observam-se na concepção de um bom projeto estas questões espaciais, que aproximam-se de objetivos definidos como melhoria na comunicação com seus usuários, melhoria de fluxos,

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ambientes interativos, familiares e flexíveis, e assim tornam-se boa ferramenta para melhorar a qualidade dos ambientes. Segundo Mc Cabe apud Leibowitz (2001), a integração entre corpo clínico, administrativo e equipe de projetos, é o que gera o melhor resultado para a construção de um hospital, com foco nas necessidades dos pacientes. Segundo Mitka (2001), Rosemary Bakker, arquiteta de interiores, através do projeto GEM (Gerontologic Environmental Modification), criado no “Weill Cornell Medical College in New York city”, executa seus projetos de interiores, na área da saúde, para que os espaços, mesmo com pequenas modificações possibilitem aos idosos, a permanecerem em seus domínios (suas residências, seus apartamentos, etc.), cercados por seus vizinhos, muito mais tempo (figura 2.1); sem necessidade de irem para um asilo/hospital. E conseguem isto pelo bom desempenho do projeto, que tem o seu maior foco na melhoria da qualidade de vida do ser humano.

Figura 2.1 Rosemary Bakker (a esquerda) com a paciente que utiliza barra de segurança, para levantar com autonomia.

Fonte: MITKA (2001).

Além disto o Cornell Medical College, iniciou um treinamento de estudantes, residentes, e médicos, focando a arquitetura do espaço hospitalar e residencial apropriado para os pacientes, objetivando prevenção e melhora da saúde. Mesmo pequenas modificações dão início a grandes mudanças e independência aos idosos, tais como barras de segurança nos banheiros (bem instaladas), pisos alinhados, boa iluminação e ventilação. Assim como a observação do médico, é essencial

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a ênfase em uma arquitetura de qualidade para a saúde, pois os médicos são muito respeitados pelos pacientes. Segundo Carvalho (1998), a reabilitação é considerada, antes de tudo e neste momento, historicamente, em todo o mundo, uma necessidade e uma exigência ética. E, portanto, a saúde deve ser abordada eticamente, por todos os profissionais. Sendo assim é importante a atuação de profissionais de várias áreas, para concepção de ambientes hospitalares, e esta pesquisa pretende abordar a melhoria da qualidade do ambiente hospitalar, através da percepção do paciente, tirando partido da espacialidade poética arquitetônica (figura 2.2).

Figura 2.2 Croqui do arquiteto João Filgueiras Lima para a Rede

Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor. Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html

A organização Norte Americana “The Center for Health Design”, criada em 1988, tem como foco de suas pesquisas o “design” para a saúde, onde vários aspectos da arquitetura e desenho de interiores são abordados por especialistas, e estão disponíveis em rede de alcance mundial. Como exemplo: � Parker (1991), o escritório de arquitetura Anshen & Allen, através de um trabalho para o Northern California Hospital, determinaram que um bom e eficiente projeto de “Design” para a saúde, pode eliminar um enfermeiro .

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� Kantrowitz (1993), a promoção da saúde caminha em paralelo com a melhoria do ambiente hospitalar, rejeitando os modelos antigos, e enfatizando o conforto da luz, a abundância da luz natural, o conforto do espaço interior para o paciente, o corpo clínico e os visitantes, a privacidade necessária para um bom desempenho do hospital, a integração entre o corpo clínico, e a flexibilidade dos espaços devido às rápidas mudanças dos ambientes para a saúde. � Segundo Marcus et al. (1995), o paisagismo deve ser considerado como um elemento importante dos centros médicos contemporâneos, beneficiando a melhoria do humor, a redução do stress e a cura. � Conforme Rubin et al. (1996), estudos científicos sobre “Design” para o ambiente hospitalar, investigam em que condições a melhoria da saúde e recuperação do paciente acontece. � No The Picker Institute (1998), as atividades humanas recebem impacto do ambiente externo, assim como mudanças de humor, criação ou desbloqueio de barreiras psicológicas, distração, prazer, ou medo. Portanto, as qualidades subjetivas dos ambientes interferem na qualidade da saúde. Também como iniciativa do “The Center for Health Design”, The Pebble Project propõe modificações no design de clínicas e hospitais, e tem como objetivo a arquitetura para a saúde. Esta iniciativa foi implantada em vários hospitais dos Estados Unidos, tais como: Clarian Health Partners’ Methodist Hospital em Indianápolis (figuras 2.3, 2.4), San Diego Children’s Hospital, Barbara Ann Karmanos Cancer Institute em Detroit (figura 2.5) , e Bronson Methodist Hospital em Kalamazoo.

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Figura 2.3 Clarian Health Partner´s Methodist Hospital em Indianápolis, Inovação no design da estação de enfermagem (iluminação, cores e texturas).

Fonte: http://jama.ama-assn.org/issues/v286n14

Figura 2.4 Clarian Health Partners´Methodist Hospital em Indianápolis, apartamento de internação, cabeceira com painel para equipamentos

de segurança escamoteável, ao fundo local para leitura. Fonte: http://jama.ama-assn.org/issues/v286n14

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Figura 2.5 Circulação, Bárbara Ann Karmanos Cancer Institute em Detroit, design e tecnologia renovam o ambiente hospitalar em busca

da melhoria do paciente. Fonte: http://jama.ama-assn.org/issues/v286n14

Outros objetivos deste projeto, além da melhoria dos pacientes, são a satisfação dos pacientes, dos acompanhantes e da equipe multiprofissional, bem como a educação e pesquisa, como fonte de cultura e a relação custo-benefício. Para Sr. Blair Sadler, Presidente do San Diego Children’s Hospital, uma das pesquisas deste projeto será avaliar crianças expostas a várias sensações e aos níveis de cor, luz, música e aromas, para observar suas preferências sobre as várias combinações, com o objetivo de entende-las melhor através da cor, sons, luz e aromas, enriquecendo os ambientes de acordo com suas decisões. Com isto, a permanência dos pacientes, nos estabelecimentos assistenciais de saúde, torna-se menos estressante deixando-os mais vulneráveis a uma melhoria da auto-estima e conseqüentemente, uma menor permanência do paciente dentro do ambiente hospitalar. 2.2 Arquitetura para a cura

Conforme Edginton (1995), no século XIX, na cidade de York Shire, Inglaterra, o Sr. Willian Tuke, construiu um asilo para doenças mentais, o

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“York Retreat”, baseado nos princípios de uma arquitetura envolvendo os pacientes em um ambiente que proporcionasse saúde, serenidade, calma, racionalidade, conforto, familiaridade e sociabilidade. Com isto fez um espaço para um tratamento moral, através de uma arquitetura moral, resultando na melhoria da qualidade de vida do paciente. O espaço foi reconhecido como forma de expressão e o tratamento passou a ser avaliado tanto pela equipe médica quanto pelas formas arquitetônicas. O projeto do “York Retreat” serviu de estudos das equipes de medicina e de arquitetura, que pretendiam uma especialização em asilos para insanidade, além de promover uma ponte entre a instituição e um ambiente salubre, entre um refúgio e um lugar seguro no mundo, para os pacientes. Arquiteto e autor do projeto, John Bevans, desenvolveu vários outros projetos de asilos para insanidade, com total aval das equipes médicas, que consideraram seu trabalho também como forma de tratamento. Este fato, convém notar, ocorreu em uma época em que havia uma similaridade entre o hospício e a prisão. A terapêutica era baseada em um tratamento moral, que nos séculos XVIII e XIX, significava tratamento humanista, sem utilização da força, do choque elétrico e concentrava-se no emocional e racional analisando a mente do indivíduo. Além disto, incorporava organização social, rotina e o projeto, num contexto que beneficiava o tratamento da insanidade. Conseqüentemente um gerenciamento moral necessitava de um planejamento arquitetônico que não evocasse somente o material, mas sim novas relações sociais com uma atmosfera própria. No entanto, a arquitetura somente não chega à cura, é necessária a incorporação de um cenário social que favoreça a integração dos vários fatores favoráveis ao objetivo. Neste projeto do “York Retreat”, a revitalização do ambiente não foi esquecida, com constantes incrementos de acessórios para proporcionar um ambiente humanizado e agradável. Tanto é que em visitas datadas de 17 de Janeiro de 1884, houve anotações no livro de visitas, sobre a agradabilidade do “York Retreat”, e como esta agradabilidade proporcionava uma atmosfera saudável para os pacientes. Observações feitas também pelo Comitê de Doenças Mentais, em 8 de março de 1873,

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destacam a atenção dada ao interior do hospital, e aos benefícios para a recuperação dos pacientes. Alguns dos benefícios foram adotar emprego de “skylights” ou iluminação zenital, permitindo a entrada da luz do sol no interior, janelas envidraçadas, ornamentação com plantas, pinturas com tintas mais brilhantes que produziam efeito benéfico nas ondas cerebrais dos pacientes, e assim o ambiente familiar do “York Retreat” proporcionava aos pacientes um maior conforto (CIL Visitor’s Book)2. A importância do projeto para o tratamento no “York Retreat”, foi fundamental, já que o paciente era levado a se envolver com o ambiente, tanto interno quanto externo, desde os afazeres cotidianos, às atividades externas tais como jogos, jardinagem, passeios, etc. Willian Tuke, construtor do asilo York Retreat, iniciou um novo método de tratamento, utilizando a integração com o espaço como um método ou componente para a cura. E a melhoria dos resultados despontava diariamente. Por sua vez Piumpongsuk (1998), em sua dissertação sobre a configuração espacial para a demência, acrescenta que a configuração espacial dos espaços, ressona a filosofia do tratamento para a saúde. E a importância do assunto vem à tona devido à maior expectativa de vida das populações. Tal abordagem sustenta que o bem-estar faz parte do tratamento, enfatizando ambientes seguros para os pacientes que são potencialmente vulneráveis aos mesmos. Sendo que a equipe de apoio ao paciente deve dotá-lo de condições de autonomia.

Os espaços devem ser projetados sem obstáculos de passagens, e os materiais além do bom desempenho, devem ser especificados preferencialmente pela tradição, como a madeira e tijolo, pois além de remeterem o paciente a ambientes familiares (Piumpongsuk,1998; Serra,1999), favorecem um tratamento térmico e acústico aos ambientes. A madeira não reverbera, evitando ruídos desagradáveis aos pacientes muito sensíveis, e o tijolo protege os ambientes de alterações de temperatura.

2 CIL Visitor´s Book: livro de visitas

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Códigos como saída de incêndio por exemplo, devem estar em local de fácil visibilidade. Também o ambiente deve favorecer a localização do paciente, facilitando os acessos. A iluminação natural permite a identificação do tempo (Piumpongsuk, 1998; Gomes, 1999; Flemming, 2000; Fonseca, 2000). E o ambiente tanto interno como externo deve ser práticos, familiares, legíveis para os olhos do paciente, facilitando sua identificação.

É importante o equilíbrio entre ambientes privados e sociais, preservando tanto os momentos pessoais, quanto os momentos de socialização, tão importantes neste estágio, pois a demência (esclerose) deixa o paciente com tendência ao isolamento, assim o ambiente deve facilitar a integração social, muito importante para a sua identidade pessoal. Como exemplo pode-se citar o layout das salas sociais, onde as poltronas ou cadeiras devem ser arranjadas em círculos, facilitando o contato frente a frente entre os pacientes, proporcionando maior comunicação entre eles.

Os projetos para a área de saúde devem ter uma política de humanização dos ambientes, que também incluam programas de visitas familiares, contando com lugares específicos para este fim, como salas de visitas e jogos, proporcionando maior integração entre o paciente e os visitantes, para que todos usufruam de um ambiente agradável.

O corpo clínico tem papel importante no tratamento, mas o paciente com demência (esclerose), tende a piorar ao final da vida, o que causa grande stress à equipe médica, sendo assim é necessário que os ambientes privados reservados ao corpo clínico sejam ambientes que proporcionem agradabilidade, relaxamento e auto-estima.

Para se obter uma boa qualidade em um projeto hospitalar, deve-se considerar a “flexibilidade” dos ambientes, proporcionando facilidades à mudanças e incorporações de novos usos. Segundo Miquelin (1992), a flexibilidade do projeto hospitalar contrapõe-se à obsolescência da construção, à incapacidade do edifício em adaptar-se às transformações tecnológicas, médicas, gerenciais, dos usuários, que levam à uma baixa qualidade de atendimento. Karman (1994), diria: o bom planejamento da arquitetura hospitalar, leva em conta a observação e incorporação de fatores determinantes, tais como: plano diretor, previsão de expansão, percursos, fluxos segregados, flexibilidade e outros.

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No ano de 1955 na Inglaterra, uma equipe de profissionais da saúde, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de logística e gerenciamento, arquitetos e engenheiros, elaboraram pesquisa sobre processos e condições de trabalho nos hospitais, somada aos aspectos do “Design”. Tendo como resultado o Relatório “Nuffield Provincial Hospitals Trust”, que exercem grande influência sobre o planejamento de edifícios para a saúde. Surgiram ramificações como “Building Notes” criado pelo ministério da Saúde da Grã-Bretanha no ano de 1961, mais tarde transformado no Departament of Health & Social Security (DHSS). Mas o programa brasileiro de reconstrução de sua rede de saúde, foi influenciado pelo programa inglês “Nucleus de Estandardização” (Miquelin,1992).

Carvalho (1998, p.178), informa que a arquitetura enfocando a reabilitação psico-social, traz à tona uma reflexão sobre os espaços coercivos, que são aqueles que oprimem, e propõe projetos de humanização ambiental, através de uma teoria e prática que dimensionem a espacialidade da arquitetura num plano poético, ontológico, valorizando-a esteticamente, juntamente com suas articulações com o entorno urbano e o hábitat do ser humano, em que “Habitar pressupõe criar sentidos, criar relações, desdobramentos e aprofundamentos na espacialidade onde se inscreve o homem.”

Convém notar que para Serra (1999), o hospital psiquiátrico contemporâneo no Brasil não se assemelha a um hospital, e sim a uma residência, um hotel, um “spa”, de ambiente tranqüilo, aconchegante e convidativo. A vigilância deve ser discreta, tecnologicamente bem equipada. As condições de conforto térmico, acústico, luminoso e ergonômico devem ser ótimas, uma vez que são coadjuvantes no tratamento, pode-se contar também com o bom desempenho das cores para este fim. Jardins e quadras de esportes devem estar presentes, enfatizando um ambiente externo ameno para o paciente e pessoas que estão chegando.

A flexibilidade das soluções arquitetônicas e das instalações eletro-mecânicas são fundamentais para a adequação às inovações. Aberturas, acessos, equipamentos, saliências, instalações eletro-mecânicas e hidráulico-sanitárias, devem ser dotadas de atenção no sentido de inibir riscos para os pacientes, para que os ambientes realmente possam contribuir para a melhoria da saúde do paciente.

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2.3 Fenomenologia

De acordo com Svensson (2001, p.164), Norberg-Schultz, professor emérito de Teoria e História da Arquitetura na Universidade de Oslo é um dos primeiros pesquisadores da arquitetura, a enfocar a fenomenologia. É autor de vários livros, entre eles: Existence Space and Architecture (1971), Meaning in Western Architecture (1975), Mellon Jord og Himmel – Entre o Céu e a Terra (1978), Gennus Loci – Towards a Phenomenology of Architecture (1980), The Concept of Dwellin (1982), On The Way of Figurative Architecture (1985), Stedsk Unst – Arte Urbana (1994). Em suas teorias descreve sobre o lugar:

“[...]não é algo desligado de quem o usa e conhece, detém significado para as pessoas com ele relacionadas e faz com que o homem seja o que é; sua identidade e a perda de identidade derivam do lugar.”

“[...]modernamente, com a industrialização e a urbanização se impondo, um processo de demolição e decadência sobressai sob forma de falta de referências locacionais.”

É idéia de Schultz preservar, resgatar e criar lugares para o ser humano (existencialismo), onde ele não se sinta perdido ou alienado, acrescentando ainda que: “Entende arquitetura como concretização de um mundo que permite as atividades humanas.” (p.166).

A linguagem da arquitetura é poética, pois a compreensão fenomenológica contém uma multiplicidade de espaço, forma e figura (entorno dos lugares).

O estar arquitetônico congrega organização espacial, conseqüentemente propicia figuras humanas motivadas (Schultz apud Svensson, 2001).

O “caráter do ambiente” se faz pela organização espacial, e a arquitetura cria a “[...]arte dos lugares” (Svensson, 2001, p. 168).

Segundo Heo (1998), através da percepção o ser humano cria seu próprio ambiente psicológico, que está relacionado ao envolvimento do ser com o seu próprio meio ambiente. Dependendo de sua posição no espaço, no tempo, e de sua combinação de experiências, necessidades, interação e comportamento social.

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As questões relativas à percepção na arquitetura se intensificaram com a arquitetura moderna. Deve-se lembrar ainda que os planos de aulas do professor Hannes Meyer3, relativos à psicologia, foram tratados na escola de arquitetura Bauhaus, na Alemanha.

No ano de 1961 em Utah, Estados Unidos, houve uma filiação entre arquitetura e psicologia, promovido pela conferência “Architectural Psychology”(Lang 1997 apud Heo 1998).

Segundo Heo (1998), a psicologia da percepção faz interface com a teoria e prática da arquitetura.

Para Van de Ven4 apud Heo (1998), o espaço interpretado por Newton, não pode ser percebido pelos cinco sentidos, mas pode ser medido pelo espaço relativo. Enquanto para o arquiteto Louis Kahn o espaço imensurável, torna-se mensurável através da arquitetura. E a partir de fins do século XIX, o espaço através da arquitetura é mensurável e imensurável.

A experiência humana embora dinâmica, é raramente medida, e como o mundo também não é estático, assim sendo a fenomenologia arquitetônica leva a explorar o espaço imensurável, que está em constante mudança e evolução, através das interpretações individuais. O conhecimento sensorial governa nossos impulsos, ações, respostas e decisões, sendo a matriz de sensações e sensibilidades. Desta forma os estudos da fenomenologia são uma importante base para pesquisas do comportamento humano.

Steve Holl5 apud Heo (1998), estudando a fenomenologia através da percepção, permite a abordagem da arquitetura entre seus espaços concebidos pelos sentidos, tocando, escutando, andando por estes espaços.

Com o passar do tempo novos conhecimentos desenvolveram-se com a interface das novas ciências: psicologia e filosofia. A intuição entra em

3 HANNES MEYER: arquiteto, diretor e professor da escola de arquitetura Bauhaus, Alemanha, no ano de 1927 4 VAN DE VEM. Space in Architecture. Amsterdam, Holland:Van Gorcum Assen, 1978. p.30-34 5 HOLL, Steve. On the Occasion of the Steven, Holl Exhibition, Basel. Swiss: Birkhauser, 1993. p.21

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pauta, juntamente com o imensurável. Novos conhecimentos despontam na interação de pensamentos, valores, sensações e intuições. Enfatizando a fenomenologia e sua importância no desenvolvimento das disciplinas, incluindo a arquitetura.

O fenômeno envolve o processo, as pessoas, as sensações, as observações, os sentimentos, além dos eventos e as pesquisas focais trazem à tona estruturas subjetivas da realidade. E a fenomenologia é o estudo do espaço através da percepção dos indivíduos, onde a compreensão da realidade é pessoal, e pode ser comparada com a compreensão da realidade de outros indivíduos.

A fenomenologia na arquitetura foca a qualidade do espaço, sobre o bem- estar do indivíduo e a relação do indivíduo com a arquitetura.

Os espaços estão cheios de fenômenos, que consistem em pessoas, luzes, sombras, insolação, ventilação, umidade, sons, e tudo que faz parte da existência humana. Portanto, estes fenômenos afetam os espaços, a arquitetura e conseqüentemente as pessoas; possibilitando ao sujeito perceber o espaço da arquitetura. Como exemplo, a luz do sol penetra num prédio e permite a medição do tempo, com o seu percurso. E várias outras sensações são percebidas através da arquitetura, tais como espaços internos e externos, balanços, rebaixos, fendas, além de inúmeras situações arquitetônicas que colaboram para a boa qualidade dos espaços (figura 2.6).

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FIGURA 2.6 Sala de Fisioterapia do Hospital do Aparelho Locomotor Fortaleza, CE – arquiteto João Filgueiras Lima

Fonte: http: abav.free.fr/ponto/5/Sarah.html

A Sala de Fisioterapia do Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, projeto do arquiteto João Filgueiras Lima, possibilita a penetração de raios de luz, ventilação no sentido vertical, através da cobertura tipo shed, e a comunicação com o espaço exterior através dos panos de vidro, o que proporciona um ambiente aprazível para a prática de fisioterapia, além de propiciar sensações agradáveis de diálogo entre os usuários e o espaço habitado. São alguns dos fenômenos existentes na arquitetura.

A propósito, a arquitetura não é mais somente um abrigo. Ela representa nossos desejos, paixões, e identidade; e através dos fenômenos visíveis e invisíveis podemos perceber o espaço produzido pelo homem, além de ter maior consciência do nosso mundo, e das relações homem-natureza e espaço-tempo.

2.4 Percepção do espaço

Na busca por ambientes satisfatórios para os pacientes e usuários, o estudo da percepção do ambiente construído é vital para que diversos aspectos da inter-relação dele com o ambiente, a conduta e o julgamento sobre ele, sejam bem compreendidos. Quantas vezes a nossa atuação sobre o mesmo, seja ele natural ou construído, causam conseqüências que

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ignorávamos por completo e que terão impacto direto sobre a qualidade de vida de gerações? Quantas vezes projetos e planos geraram ambientes que afetaram de maneira imprevisível as respostas sensoriais dos moradores? Não se trata apenas de respostas emocionais, puramente psicológicas no sentido mais popular da expressão, pois já está comprovado que estímulos ambientais têm conseqüências neuropsicológicas e neuro-endocrinológicas (Parsons6 apud Del Rio, 2000), já que eles causam respostas neuro-hormonais e imunológicas com potencial de inter-relacionar respostas afetivas a estes ambientes (Del Rio, 2000). Admitindo esta inter-relação percebe-se a necessidade de um acréscimo ao estudo do ambiente hospitalar, para o melhor conforto, saúde mental e auto-estima do usuário. Segundo Gomes (1999), a percepção é o primeiro momento psicológico do ser humano, e também sua relação com o ambiente através de padrões de estimulação de energia. Da integração do homem com o meio que o circunda, ocorrendo através de mecanismos perceptivos e cognitivos. Segundo Flemming (2000), estímulos externos alimentam mecanismos perceptivos, que são captados através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. A percepção através da cognição utiliza a mente para captar o ambiente e neste momento entram em cena fatores tais como: necessidades, humores, conhecimentos prévios, valores, julgamentos, e expectativas. Deste modo a realidade é percebida através de filtros até chegar ao homem. Desta forma, a percepção é individualizada, dependente da personalidade e do organismo humano, uma vez que dois seres distintos não vêem as mesmas coisas, porque a realidade não é percebida verdadeiramente, e sim como é sentida e valorizada por cada um. Sendo assim, a percepção está vinculada aos estímulos, aos aspectos fisiológicos, e as condições psicológicas. Para Merleau-Ponty7 apud Rheingantz (1995), o ser humano constrói a percepção com o percebido. 6 PARSONS, Ruth. The Potential Influences of Perception on Human Health. In Journal of Environmental Psychology n���� 11, pp. 1-23, 1991.

7 MERLEAU-PONTY, M. . Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

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Já para Kohlsdorf (1996) e Gomes (1999), é necessário que os lugares ofereçam condições que provoquem estímulos sensoriais suficientes para que os órgãos dos sentidos funcionem. Portanto, a qualidade do espaço é tema importante. Por outro lado, segundo Silva (1999), o resultado plástico visual, comparece como produto da articulação de variáveis objetivas (os usos) e subjetivas (desejos), para favorecer a finalidade do espaço como abrigo projetado pelo homem e para o homem. A cor em um ambiente também é capaz de alterar o estado de ânimo daqueles que por ali transitam, e por sua vez pode vir a influenciar a cognição e o comportamento destes. O arquiteto em sua prática projetual deve levar em consideração os efeitos da percepção cromática sobre o comportamento do ser humano, em busca do bom desempenho do ambiente e a satisfação, por exemplo, do paciente. Segundo Cesar (2000), alguns ambientes cujo uso é previamente conhecido, condicionam o usuário a determinados estados emotivos. Nessa situação, havendo por parte do usuário uma pré-disposição a determinadas composições cromáticas, podem, associadas aos demais aspectos ligados à percepção, como as reações fisiológicas, aspectos culturais, etc., facilitar a captação de arquétipos (imagens psíquicas do inconsciente coletivo, e que são patrimônio comum a toda a humanidade), relacionados à atividade ali exercida. Como exemplo pode-se citar o uso de composições cromáticas com predominância de tons verdes, em áreas relacionadas ao tratamento da saúde. O verde através dos tempos, sempre esteve associado à esperança, à fertilidade, ao nascimento e ao renascimento. Na Índia é considerada uma cor sagrada. O seu uso, nas situações que envolvem tratamento de saúde, é bastante comum, sendo bem aceito. Pode-se fazer então uma relação entre uma situação em que se deseja o sentimento de esperança e dos arquétipos a ela relacionados, como no caso de hospitais, e a utilização de matizes verdes nos ambientes como apoio às atividades ali exercidas.

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CAPÍTULO 3 FATORES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS

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3. FATORES CIENTÍFICOS E TECNOLÓGICOS 3.1 Introdução Com o objetivo de se chegar a critérios razoáveis para as diretrizes projetuais, aborda-se neste capítulo o desenvolvimento da arquitetura hospitalar desde a antigüidade até os dias atuais, observando o uso da luz e cor para a cura. O estudo da percepção das cores ao longo da civilização humana, conceitos da cromoterapia, luz e cor nos ambientes hospitalares, avaliação da edificação hospitalar com utilização da metodologia APO (Avaliação Pós-Ocupação), normatização, materiais de acabamento e circulações externa e interna.

3.2 O uso da cor e luz para a cura Gomes (1999), com seu rigor científico, acrescenta que o uso da cor com objetivos de melhoria para a saúde, vem da antigüidade acompanhando a evolução da medicina em várias culturas. Nos primórdios a terapêutica tinha por base observações empíricas e eficientes, mas com a evolução tecnológica, cientistas e pesquisadores investigam a ação de determinada cor e as reações fisiológicas e psicológicas no ser humano. Para os experimentos foram utilizados luzes e cartões coloridos. Entretanto, poucas pesquisas focaram efeitos tendo como base “ambientes coloridos”. No antigo Egito, as construções dos templos para a saúde, evidenciaram aberturas onde raios de sol penetravam no recinto, se repartindo nas sete cores de espectro, para ajudar na cura e culto ali realizados. Na antiga civilização Grega, estabeleceram-se três categorias de estabelecimentos para a saúde: público, privado, e religioso. As cores, formas, esculturas e simbolismos, faziam parte integral das terapias, com o objetivo de harmonizar o interior do ser humano (paciente). O templo de “Asclépio”, na antiga Grécia, recebeu inscrições em suas colunas, que podem ser considerados como as primeiras manifestações de registros clínicos de pacientes. Era hábito o uso de roupas brancas, para que não houvesse distinção entre equipe médica e pacientes, além disto a vestimenta branca adaptava-se ao clima quente da região, o que também servia de terapia.

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No Império Romano os templos dos deuses abrigaram os hospitais. Seguiu-se à tradição grega, os romanos cultuarem “Esculápios”, mas com o início da era cristã, e também o fortalecimento do poder da igreja, no ano de 335, Constantino ordenou o fechamento das instituições médicas pagãs de origem grega, e estimulou a criação de hospitais cristãos, muitos deles construídos por imperadores cristãos. Assim, a terapêutica passou a ser inspirada pela religião, mística e teúrgica (milagres), deixando de lado os conceitos médicos de “Asclépio” e “Hipócrates”, devido às suas ligações pagãs, fazendo com que a cor nos hospitais romanos perdesse o seu devido valor. No Império Bizantino, os hospitais apresentaram uma arquitetura de forma quadrangular, com ambientes higienizados. As enfermarias recebiam pintura em tons suaves, fontes ornamentais que proporcionavam sussurros calmantes, apaziguando o interior dos pacientes. Na Idade Média, os hospitais eram instituições eclesiásticas e não médicas. No século IX, foi implantado junto às catedrais um hospital, “Domus Dei” (casa de Deus), obedecendo o concílio de Aix-La Chapele. Com as cruzadas os hospitais tiveram um impulso e surgiram os Hospitais Militares. A lepra que se alastrava, provocou o aparecimento das “Casas de Lázaro”, nas periferias das cidades, ainda com o objetivo de segregação dos pacientes. Eram instalações dispendiosas, apesar de mal arejadas, escuras e de pouca higiene. Faziam parte da decoração de interiores, vitrais coloridos e tapeçarias, onde os tons neutros predominavam, provenientes das pedras naturais. No Renascimento as escolas de medicina deram um impulso à evolução dos hospitais. No século XVIII, vários hospitais foram erguidos com recursos das paróquias, e nos fins do século XVIII, hospitais e asilos urbanos eram enormes, recebendo cerca de cinco mil pacientes. Nas enfermarias predominava o tom da cal, que quando usada, também apresentava grande desconforto, insalubridade e promiscuidade. Durante a Reforma os hospitais foram pintados em tons neutros, já que a cor foi discriminada e considerada sensual. Para as instituições mais abastadas, foi utilizada a cor somente nas entradas principais. No princípio do século XIX as condições de assepsia regrediam, os tons tanto das roupas usadas quanto da decoração eram neutros e escuros,

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para encobrir manchas de sangue e diminuir a manutenção. Esse ambiente precário, elevou o índice de mortalidade pós-operatório acima de 90%. Mas em 1859 a enfermeira inglesa Florence Nightingale, estabeleceu parâmetros a serem seguidos para as enfermarias, que passaram a ser conhecidas como “Enfermarias Nightingale”. Era um longo salão estreito, com leitos dispostos perpendicularmente às paredes, com pé direito elevado, propiciando amplitude ao ambiente, as janelas altas em ambos os lados, proporcionavam bom fluxo de ventilação. Este modelo de enfermaria perdurou por volta de 50 anos, sendo que em alguns hospitais ainda são preservadas em perfeito funcionamento (Miquelin, 1992; Gomes, 1999). E no final do século XIX, a higienização passou a ser valorizada, iniciando a tradição da cor branca para ambientes hospitalares. Este tom sinalizava qualquer sujeira. Esta assepsia teve seu começo com o Dr. Semmelweis , atingindo seu apogeu com Pasteur (Miquelin, 1992; Gomes, 1999; Mota, 2000). Para Mota (2000), esta higienização dos ambientes influenciou os arquitetos do movimento moderno, que optaram por ambientes de boa aeração e insolação, por materiais impermeáveis, laváveis, ausência de ornamentação, extinção dos cantos vivos, entre outros. Já para Gomes (1999), o século XX inicia com a preocupação sobre a salubridade dos ambientes, assim surgiu a tipologia pavilhonar dos hospitais (figura 3.1), que proporcionavam vãos adequados, ventilação cruzada e iluminação natural.

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FIGURA 3.1 Tipologia Pavilhonar, Cidade-Jardim Hospital da Granja Branca, 1911, Lyon, França. Fonte: www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/bases/texto085.asp

Disse ainda Gomes (1999), que entre os anos de 1902 a 1926, foi erguido em Barcelona, Espanha e projetado pelo arquiteto Domènech I Montaner, o Hospital “De La Santa Creu I Sant Pau”, com 26 pavilhões. Montaner se preocupou com a humanização dos ambientes, a cor tinha função terapêutica, assim ele utilizou mosaicos coloridos, esculturas e jardins. Hoje em dia este hospital é declarado patrimônio cultural da humanidade. A cor branca permaneceu por longo tempo como símbolo de higienização. Depois o tom verde foi introduzido pela tradição de ser o tom da esperança, devido ao verde da natureza e das terapias de cura pelas ervas. Entre as duas Grandes Guerras surge o hospital monobloco vertical. O hospital passa a ser um complexo, agrupando atividades e funções afins. As ciências médicas têm se desenvolvido muito, com grandes avanços. As médias de permanência do paciente internado têm caído em várias especialidades e o hospital contemporâneo é uma instituição dinâmica necessitando de boa flexibilidade devido ao avanço tecnológico (figura 3.2).

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FIGURA 3.2 Children´s Hospital & Health Center, 2002, San Diego, CA

Fonte:www.healthdesign.org/pebblepartners.html

O Children´s Hospital & Health Center em San Diego, Califórnia, tem analisado o impacto da arquitetura e design, entre outros fatores, sobre o processo de recuperação dos pacientes; observando se mudanças no comportamento organizacional são um resultado de processos de planejamento e design, além do desenvolvimento de metodologias de avaliação, que direcionam e identificam os resultados de recuperação de pacientes, identificando práticas corretas e melhoria na qualidade do ambientes hospitalar. Segundo Miquelin (1992), atualmente o uso de divisórias removíveis é fundamental para a flexibilidade do edifício hospitalar (figura 3.3). Pode-se ressaltar também os espaços intersticiais para a distribuição dos sistemas de instalações (uma zona de suporte e técnicas industriais). Esses espaços, se ampliados, podem chegar a acomodar quaisquer serviços administrativos e logísticos.

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FIGURA 3.3 Hospital da AACD, São Paulo,

setor ortopédico, divisórias removíveis. Fonte: www.piniweb.com/revistas/au

O hospital contemporâneo necessita de se humanizar, e segundo Miquelin (1992), pesquisadores concluíram que a aparência agradável de um ambiente de longa permanência, diminui a rejeição a este espaço (figura 3.4).

FIGURA 3.4 Cortinas divisórias para privacidade do paciente, com pintura, tema natureza, promovendo um ambiente calmante.

Fonte: www.catalinacurtaincompany.com

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Ainda Gomes (1999), assevera que a busca através da psicologia das cores, permitiu criar ambientes de maior conforto e bem-estar para os pacientes e equipe multiprofissional. Outro recurso altamente positivo é a utilização de pinturas artísticas temáticas (figura 2.9), que proporcionam estímulos variados, combatendo a monotonia ,e propiciando a melhoria da qualidade de vida. Os projetos hospitalares ganham leveza, cores, ritmo, transparências, que propiciam efeitos de luz natural, a apreciação da vegetação exterior, aeração (apesar do grande uso, e necessidade nas áreas críticas de ventilação artificial). Tudo isto motivando uma imagem mental positiva, favorecendo o “self”, a auto-estima do paciente e equipe multiprofissional (figura 3.5).

FIGURA 3.5 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE, 1999, arquiteto João Filgueiras Lima - vista dos solários circulares externos,

no nível de acesso das enfermarias, e detalhe do sistema de aeração do hospital. Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html

Para Gomes (1999), no Brasil o Hospital municipal “Lourenço Jorge”, situado na cidade do Rio de Janeiro, R.J., foi concebido com novos

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conceitos terapêuticos e de humanização hospitalar, incluindo os princípios da cromoterapia em seus ambientes, elaborado pela arquiteta Maria Amélia Fontes Trega. Logo depois, este esquema de cores de base terapêutica foi estendido para outras unidades, através da Secretaria municipal de saúde. Mais tarde este tema foi utilizado pela Secretaria Estadual de Saúde, e aplicado no “Hospital Estadual Rocha Faria”, em Campo Grande, Rio de Janeiro. Passando assim a predominar os tons pastéis, pinturas em florais e cenas urbanas, entre outros. Esta ambientação já foi utilizada também nos hospitais “Miguel Couto” e “Souza Aguiar” na cidade do Rio de Janeiro, e no “Hospital da Posse” em Nova Iguaçu. Outro exemplo de boa arquitetura hospitalar contemporânea são os hospitais da “Rede Sarah” (figura 3.6). No Brasil na década de 70 foi construído em Brasília, depois foram construídos os de Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, São Luiz, Lago Norte - Brasília, e recentemente inaugurado o da lagoa de Jacarepaguá, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Todos os projetos, reformas e ampliações estão a cargo do arquiteto carioca João Filgueiras Lima. A unidade do Rio de Janeiro (figura 3.7), especializada em reabilitação infantil, é um projeto alegre, colorido (figura 3.8), integrado à natureza, onde inclui a recuperação da vegetação de mangue da ilha de Pombeba, para onde as portas ficam abertas (figura 3.9); o telhado em ondas viabiliza o sistema que permite captação de luz e ventilação natural, através da cobertura em shed (figura 3.10). As imagens a seguir evidenciam as propostas do presente trabalho:

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FIGURA 3.6 Hospitais da rede Sarah

Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html

FIGURA 3.7 Centro de Reabilitação Infantil, rede Sarah, localizado às margens da lagoa de Jacarepaguá RJ, favorecendo a prática de esportes náuticos utilizados

nas terapias de reabilitação. Fonte: www.finestrabrasil.com.br/arquitecnologia30_a.htm

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FIGURA 3.8 Centro de Reabilitação Sarah - Rio de Janeiro, RJ Espera, com divisória de painel colorido- criação: Athos Bulcão.

Fonte: Revista Projeto Design, abril 2002.

FIGURA 3.9 Centro de Reabilitação Sarah- Rio de Janeiro, RJ Parque junto à área de fisioterapia infantil, ao fundo o hospital

com suas portas para o exterior. Fonte: Revista Projeto Design, abril 2002.

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FIGURA 3.10 Centro de Reabilitação Sarah – Rio de Janeiro, RJ Cobertura em Shed, sala de reabilitação infantil, iluminação e ventilação natural.

Fonte: Revista Projeto Design, abril 2002.

Nos hospitais de Salvador e Fortaleza, a ventilação é natural, exceto para área críticas (UTI, Centro Cirúrgico, etc.) do hospital. Foi utilizado um sistema de purificação e resfriamento de ar, por espelhos d`água e jatos de água pulverizada antes do ar ser colhido pelas galerias visitáveis para limpeza, que ficam em sentido oposto ao dos ventos dominantes, e guiam o ar até aberturas existentes no piso do hospital, próximo aos pilares; os sheds da cobertura posicionados a favor do vento extraem por sucção o ar, fazendo com que o ar circule pelo ambiente, contribuindo também para o combate às infecções hospitalares, substituindo os fluxos de ar horizontais por fluxos verticais, além disto os sheds permitem a correta insolação dos ambientes. A ventilação cruzada por ambiente é feita também através das aberturas dos mesmos voltados para direções opostas. No hospital de Fortaleza (figura 3.11), observam-se os sheds da cobertura onde a circulação de ar e a iluminação natural acontecem (Alves, 2002).

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FIGURA 3.11 Hospital do Aparelho Locomotor de Fortaleza, CE – vistas externas. Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html

As soluções do presente projeto são econômicas, barateando a manutenção. A construção é pré-fabricada e executada no centro tecnológico da “Rede Sarah”, em Salvador. Para João Filgueiras Lima, também conhecido por Lelé, o importante é a humanização dos hospitais, pois são hospitais que não parecem hospitais, é “[...]a poesia das ondas e da cor” (Rogar, 2002, p. 50). 3.3 A Cor e a Saúde Segundo Silva (1995), a luz refletida das cores, ao penetrar no olho humano, pode afetar indiretamente o centro das emoções no hipotálamo, que por sua vez, afeta uma glândula “mestra” controladora do sistema endócrino, incluindo a tiróide e as glândulas sexuais, atingindo os hormônios e conseqüentemente o humor do ser humano. Os efeitos psicológicos podem ser diretos, os quais fazem um ambiente parecer triste ou alegre, quente ou frio, leve ou pesado etc.; podem também ser classificados como indiretos ou secundários, compostos de associações subjetivas ou objetivas.

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A cor exerce um tríplice poder sob a pessoa que a observa: � Poder de impressão: o pigmento impressiona e chama a atenção do observador; � Poder de expressão: o pigmento expressa um significado e provoca uma emoção; � Poder de construção: a cor adquire valor simbólico, podendo construir uma linguagem de comunicação (S. Fabris & R. GermanI apud Silva, 1995). Para Gomes (1999), a cor de um corpo é branca quando difunde igualmente e sem absorção, todas as radiações luminosas visíveis que recebe; é negra quando a energia luminosa é absorvida integralmente, ocorrendo uma ausência de reflexão; é cinza ou neutra quando difunde igualmente a energia incidente. E todo corpo que não é branco, negro ou cinza, é colorido, isto é sob a luz branca os corpos mostram diferentes cores que lhes são próprias, porque refletem algumas de suas faixas coloridas mais fortemente do que as outras. A cor luz ou cor pigmento são caracterizadas por três atributos: � Matiz ou tonalidade: é a qualidade da cor, o comprimento de onda dominante da cor especificada; � Saturação ou pureza: a cor especificada se aproxima mais ou menos da cor pura correspondente. As cores puras ou saturadas se apresentam como as cores do espectro solar, quer dizer 100% de saturação. As cores que contenham algum teor de branco, preto ou cinza, são cores não saturadas. Juntos, matiz e saturação formam o cromatismo; � Claridade e luminosidade: é a capacidade da cor, de refletir a luz branca

que existe nela, e quando diminui a luminância, o branco passa a cinzento.

É de fundamental importância mencionar a cromoterapia, uma ciência que estuda a cura através da luz e cor, utilizando a relação energética entre a matéria e o espírito.

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Segundo Nunes (1995), a energia vital é a que dá origem ao ser humano, e o mantém em contato com a vida e sua natureza. O equilíbrio desta energia é muito sensível e suscetível à influência do seu meio ambiente. É também um conjunto de energias associadas (magnética, solar, telúrica e espiritual). Assim o ser humano é formado pela energia magnética consolidado pela solar, alimentado pela telúrica e animado pela espiritual. Dotado de inteligência, vai determinando suas necessidades físico-orgânicas, de acordo com a interação mental-social e cultural de cada um. Importante citar ainda Gomes (1999), a cromoterapia pode ser aplicada através de diferentes técnicas, especificadas pelo terapeuta, após a análise do diagnóstico do paciente, tais como: � Ingestão de água solarizada acondicionada em recipientes de vidro colorido; � Ingestão de comidas irradiadas com uma determinada cor; � Ingestão de alimentos coloridos; � Banhos com água de cores variadas ou sob filtros coloridos; � Visualização mental de cores, pela respiração onde se mentaliza o ar colorido; � Meditação com cor; � Através da irradiação de uma seqüência de cores sobre o corpo, por meio de lâmpadas coloridas. A luz colorida afeta as células vivas, que são sensíveis no ser humano individualmente. Quando os raios luminosos aplicados sobre a pele, atingem a camada hipodérmica, a administração é tópica; quando a luz é aplicada a 30cm da pele, atinge a derme, a administração é de modo direto; e de modo indireto quando a luz incide nas superfícies coloridas das paredes, piso, e teto, e é refletida sobre a camada superficial da pele, que absorve esta energia ao longo do tempo de exposição. Para Nunes (1995), a energia ambiente também é um fator energético, podendo ser positiva ou não, de acordo com os condicionantes geradores. Desta forma o ambiente hospitalar necessita de ter um desempenho, que

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proporcione uma melhoria da qualidade de vida do paciente e equipe multiprofissional, pode-se mencionar as cores como um dos fatores de desempenho, que bem especificadas nos pisos, paredes, tetos, fachadas e detalhes, favoreçam o bom desempenho do ambiente hospitalar. Através da cromosofia (estética e psicologia da cor), cromoterapia e feng shui (ciência chinesa praticada há 4000 anos, que estuda a relação do ser humano com o meio ambiente, para harmonizá-lo, feng: vento – shui: água), serão analisados alguns efeitos e simbolismos das cores: � Vermelho Cor da alegria e do ego, está relacionada com o desejo, paixão, excitação, dinamismo, conquista e domínio. Fortalece a determinação, a autoconfiança, a virilidade, o entusiasmo, e o otimismo. Se usado em demasia pode provocar irritabilidade e agressividade (Gomes, 1999). Para a civilização oriental, o vermelho evoca o calor, a intensidade, a ação, a paixão, a expansividade; no Japão simboliza a sinceridade, a felicidade, e no Brasil é a fusão do gosto de várias etnias (Silva, 1995). Segundo Pedrosa (1977) o teto das residências deve ser pintado de vermelho para proteger seus habitantes. Segundo os ensinamentos do Feng Shui, o vermelho é cor especial de boa sorte, e está relacionada à fama e ao sucesso (Spalter & Streicher, 1998). � Laranja Em relação à saúde desperta o pensamento positivo, favorece a memória, a concentração, e o aprendizado, sendo esta a cor da sabedoria. Se aplicada em excesso desperta o orgulho, a ambição, o zelo. Compondo com o azul, promove sensação de tranqüilidade (Gomes, 1999). As áreas coloridas com o laranja parecem maiores do que realmente são, que devido à sua característica luminosa, funciona também como luz (Silva, 1995).

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Segundo os conceitos da cromoterapia o laranja é uma cor restauradora e revitalizadora, muito utilizada para a recuperação de traumas (Nunes, 1995). � Amarelo É uma cor estimulante, que abre perspectivas e propicia a lucidez mental, o raciocínio lógico, a reflexão e a intuição. Se usada em excesso aflora o rancor, a inveja, o ressentimento; em quartos de bebês pode provocar o choro com mais freqüência, mas sua escassez desperta a preguiça (Gomes, 1999). É a cor mais luminosa de todas e a mais alegre também. Simboliza o sol, elemento que favorece a vida, e o ouro como um padrão de riqueza na sociedade (Silva, 1995). Segundo os ensinamentos do Feng Shui, o amarelo tem relação com o sol, e desperta a tolerância e a paciência (Spalter & Streicher, 1998). Segundo os conceitos da cromoterapia, o amarelo é fortalecedor, energético, e anti-stress (Nunes, 1995). � Azul É uma cor fria, tranqüila, profunda, infinita, Goethe a chamava de “encantamento do nada”. Seu simbolismo é o universo celeste, cuja imensidão convida à paciência (Silva, 1995). É uma cor benéfica para ambientes de meditação, desperta a sabedoria, a pureza, o amor, o bem. Se usado em excesso provoca início de depressão e cansaço, mas usada com equilíbrio é calmante e relaxante (Gomes, 1999). Segundo os ensinamentos do Feng Shui, simboliza o crescimento e esperança; favorece as áreas da saúde e da família (Spalter & Streicher, 1998).

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Segundo os conceitos da cromoterapia, o azul é equilibrador, regenerador, calmante e anestésico; fortalecedor do equilíbrio físico e espiritual (NUNES, 1995). � Índigo Estimula o intelecto, inspira simplicidade, respeito e dignidade. Atua na moderação dos impulsos e ações concentradas. Se aplicado em excesso pode causar tristeza, mas sua carência propicia a ambição (Gomes, 1999). Segundo os conceitos da cromoterapia o índigo tem ação coagulante (Nunes, 1995). � Verde É a cor da natureza, fresca e úmida. Seu tom parece oferecer repouso ao espírito, e a sensação de que o tempo passa depressa (Silva, 1995). A cor verde desperta estado de otimismo, confiança, serenidade; e idéia de progresso, esperança, prosperidade e ânimo. Em excesso pode inspirar a caridade, e sua ausência dá origem à inveja (Gomes, 1999). Segundo os ensinamentos do Feng Shui, a cor verde inspira tranqüilidade, esperança e frescor (Spalter & Streicher, 1998). Segundo os conceitos da cromoterapia, a cor verde tem ação anti-inflamatória e higienizante, combate a tensão e angústia (Nunes, 1995). � Violeta Esta cor desperta inspiração de êxito, misticismo, liberdade, amabilidade e tolerância. É a cor da criatividade, da sensibilidade para as artes, pois desperta a expressão da vida interior. Seu excesso gera generosidade, e sua carência, a avareza (Gomes, 1999). Segundo os ensinamentos do Feng Shui, a cor púrpura é auspiciosa e inspira respeito (Spalter & Streichr, 1998).

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Segundo os conceitos da cromoterapia, o violeta e ultravioleta são o cauterizador solar, através dos banhos de sol entre os horários de 15 às 18 horas (NUNES, 1995). � Lilás A cor lilás tem um efeito anti-séptico e sedativo contra a dor, além de purificar o sangue, também purifica e equilibra os níveis físicos e espirituais, trazendo tranqüilidade e comunhão com o transcendente (Gomes, 1999). � Rosa As vibrações luminosas do rosa, liberam as emoções reprimidas do indivíduo, são positivas para as energias emocionais do ser humano, principalmente a auto-aceitação (Gomes, 1999). Segundo os conceitos da cromoterapia, as vibrações do rosa forte são ativadores, aceleradores e cauterizadores das funções do organismo humano, principalmente na corrente sangüínea, além de ser eliminador de gordura (Nunes, 1995). � Preto Segundo os ensinamentos do Feng Shui, o preto para os chineses tanto simboliza sucesso, quanto leva a sentimentos profundos, e a maiores perspectivas de vida (Spalter & streicher, 1998). É uma cor que protege contra energias negativas, mas se usada em excesso pode reduzir a vitalidade do ser humano. Por isto deve ser usado com equilíbrio, nunca sozinho, sempre em combinação com outras cores. Especialmente se usado com o branco, equilibra as polaridades do indivíduo, mantendo o ser humano em harmonia (Gomes, 1999). � Branco A cor branca simboliza a paz, a tranqüilidade, a pureza e a segurança. É a cor da claridade e da alegria, mas se usada em excesso torna-se fria, causando sensação de vazio. Combinado com o azul claro, é celestial, e

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com as outras cores sua influência é sempre positiva (Gomes, 1999; Silva,1995). � Cinza É uma cor neutra, sóbria, de valor intermediário, e de contraste com cores intensas. O uso em excesso sombreia o ambiente, mas usado com modéstia, tem bons resultados. Participa dos caracteres do branco e do preto, as cores que lhe dão origem (Silva, 1995). � Marron É a cor da terra, transmite uma sensação de segurança, favorecendo a concentração, despertando o senso comum e o discernimento no indivíduo ( Gomes, 1999). 3.4 A luz e a saúde

A iluminação com fins terapêuticos é uma realidade na humanização dos hospitais. O emprego hábil da iluminação natural e artificial, e sua contribuição para a recuperação do paciente tem sido reconhecido (Gomes, 1999). Os banhos de sol são aconselháveis há mais de 2000 anos para pessoas que sofrem de depressão. É também recomendado para pessoas que apresentam anergia crônica (falta de resposta do sistema imunológico do organismo), para crianças no tratamento de hiperbilirubinemia, para pessoas sensíveis a ambientes com deficiência de luz, e para pessoas que abusam do álcool ou bulimia (compulsão para comer). Porém a exposição excessiva à luz solar direta, pode causar a diminuição da imunidade do organismo humano, além de danificar o sistema visual, e, portanto, a exposição à luz do sol deve ser feita com cautela e em hora apropriada. A luz natural também contribui para a eliminação de bactérias no interior do ambiente (Fonseca, 2000). Segundo Mota (2000, p.89), a arquitetura moderna e sanatorial do princípio do século 20 utilizou o seguinte slogan “luz, ar e sol”.

O Dr. O. Bernhard no ano de 1917 em St. Moritz, fundador da helioterapia, publicou normas para tratamento da cura ao sol, dentre estas, uma clínica

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de ensolaramento deve ser construída ao abrigo do vento, em lugar calmo e isento de poeira, implantada sob uma encosta, em uma disposição de degraus, captando o máximo de luz solar. O arquiteto Richard D’ócker no ano de 1926 publicou “Terrassentyp”, onde recomenda soluções em terraços, proposta pelo Dr. O. Bernhard, como modelo do hospital sanatorial da época. Neste contexto a natureza é valorizada, e penetra através das fachadas desmaterializadas, envidraçadas, dos edifícios participando do processo de cura do paciente. A iluminação natural sempre que possível, deve predominar no ambiente. O ser humano precisa da luz para se manter saudável (Flemming, 2000), e sente necessidade de ter contato visual com a luz do sol e condições climáticas, para perceber o tempo (Gomes, 1999). Atualmente existe a preocupação de que todos os ambientes hospitalares recebam luz natural, e tenham ligação com o exterior, inclusive na UTI (Gomes, 1995; Flemming, 2000; Fonseca, 2000). Casos de tratamento pós-operatório em UTI’s, foram observados, e constatou-se que nas UTI’s sem janelas, obteve-se o dobro de ocorrências de delírio psíquico, comparando com UTI’s com janelas, concluindo que a existência de janelas é recomendada para a prevenção da privação sensorial (Flemming, 2000; Fonseca, 2000). A iluminação artificial dos ambientes hospitalares deve ter projetos luminotécnicos extremamente flexíveis, proporcionando adequação da iluminação às funções exercidas em cada ambiente, com uma correta distribuição e modelagem da luz, assim como a prevenção de ofuscamento (Gomes, 1999). Para Fonseca (2000), a iluminação além de fornecer níveis satisfatórios para realização de tarefas e visualização do ambiente, desempenha papel importante para a percepção espacial, estimulando o estado de ânimo do usuário. Isto é, a iluminação uniforme pode fazer um espaço parecer maior, ou fazê-lo parecer monótono, devido à ausência de sombras (figura 3.12). Já a iluminação não uniforme é mais expressiva, podendo fazer um espaço parecer menor, principalmente se paredes e cantos forem escuros, criando uma sensação de intimidade (figura 3.13).

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FIGURA 3.12 Refeitório – iluminação uniforme Hospital Albert Einstein, São Paulo

Fonte: www.piniweb.com/revista/au/index.asp?MATE6_COD=14445

FIGURA 3.13 Iluminação não uniforme Clarian Health Partners, Indianápolis, IN

Fonte: www.healthdesign.org/pebblepartners.html

A iluminação pode ser descrita como difusa ou direta; a luz difusa minimiza as sombras, fornecendo uma atmosfera relaxante e menos estimulante; a luz direta pode dar destaque e sombras, enfatizando texturas e formas. O contraste entre um ambiente com muito brilho, ao lado de um na penumbra, cria um efeito dramático, o que pode alterar a percepção do usuário. O brilho atrai a atenção, mas se a pessoa necessitar de atravessar um espaço escuro, para chegar a um foco de luz, pode gerar insegurança.

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O olho humano procura por objetos brilhantes, ou por áreas de contraste no campo visual. Quando se deseja direcionar a atenção e o interesse do observador para detalhes específicos, deve-se utilizar o contraste de brilho na iluminação. Um sistema de iluminação pode ser projetado, com o intuito de envolver e agregar os usuários de um determinado ambiente, produzindo iluminação num plano horizontal de realização de uma atividade, e subordinando os elementos verticais, e os que estejam acima do plano de atividade, valorizam-se as atividades e pessoas situadas nesse plano iluminado; de outro modo, reduzindo-se a iluminação nas áreas horizontais, iluminando mais as áreas verticais, e acima do nível da cabeça, a percepção de detalhes nas áreas mais próximas é menor, assim as pessoas situadas na área central da atividade aparecem mais como uma silhueta, então são gerados espaços impessoais, induzindo a uma atitude introspectiva na pessoa, com atmosfera intimista, dando uma sensação de privacidade e autonomia. Observa-se que a alta intensidade da iluminação geral, contribui para aumento da atividade e eficiência, como também acelera o stress daquele que estiver predisposto; enquanto a baixa intensidade da iluminação geral, gera atitudes mais calmas. Vale dizer que considerando fatores humanos, a luz deve, além de iluminar, contribuir com a arquitetura e decoração, para maior conforto nos ambientes. 3.5 Cor e luz no ambiente hospitalar Gomes (1999), lembra ainda que o ser humano sofre a dor de sua doença, que pode ser amenizada, e os males aliviados, se o ambiente colaborar de forma aconchegante e confiável, gerando uma sensação espacial agradável. O estudo da sinestesia é muito importante no ambiente hospitalar, onde o paciente é mais sensível aos estímulos, devido à fragilidade provocada pela doença. Deve-se observar as percepções cromáticas, de tamanho, de peso, de movimento e latência, de temperatura, temporal, tátil, auditiva e gustativa. A harmonia no ambiente é imprescindível, ou melhor, a composição cromática deve ser bem planejada, levando em conta o equilíbrio, a

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proporção, o ritmo e a combinação entre as cores. Aliás o teto e as partes altas das paredes são foco de quem está acamado, então deve-se dar tratamento visual satisfatório para o paciente, sem afetar as condições de iluminação necessárias às atividades da equipe multiprofissional. As alas e pavimentos devem ter uma aparência atrativa, e de atmosfera calma; com esquemas cromáticos distintos, facilitando a identificação e orientação do transeunte, e específico para cada especialidade. A especificação de três cores para cada ala ou pavimento é suficiente, sendo que uma das cores, até mesmo em tons diferentes, deve continuar para a ala ou pavimento seguinte, proporcionando harmonia ao conjunto. As três cores devem ser: uma dominante e menos saturada, outra saturada e complementar (figura 3.14) para detalhes decorativos, e a terceira mediadora, fazendo uma transição entre as outras duas.

FIGURA 3.14 Circulo cromático - a cor diametralmente oposta é

a cor complementar. Fonte: www.artescores.hpg.ig.com.br

Gomes (1999), posiciona-se no sentido de que é necessária uma variação de estímulos cromáticos na área hospitalar, ou seja, para não gerar monotonia e tornar a atmosfera do ambiente mais atrativa. Especialmente como sugestão, detalhes em cores mais intensas nos mobiliários, acessórios, portas, janelas, e caixilhos, criando contrastes. a- Hall e Recepção São responsáveis pela primeira impressão do indivíduo ao ingressar no edifício. Então devem passar uma reação psicológica favorável à

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instalação hospitalar. Quer dizer, familiaridade, segurança, confiança, cordialidade, sinceridade quanto ao aspecto estético geral (figura 3.15). Ou seja, o hall não deve ser extremamente luxuoso, em um complexo mais simples, porque passa a impressão de falta de seriedade, como também poderá assustar os familiares do paciente, que podem imaginar que desembolsarão grandes quantias financeiras para o tratamento.

FIGURA 3.15 Recepção – emergência coronariana,

Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro, RJ. Fonte: www.cssj.com.br

As cores naturais de madeira, granito, mármore, e pigmentos com baixa saturação, são recomendáveis; deixando para os detalhes contrastes em cores saturadas, enriquecendo o visual. É interessante usar cores vivas para o hall dos elevadores, facilitando a comunicação visual dos pavimentos. A recepção não deve ser utilizada como sala de espera, mas se isto não for possível, deve-se utilizar recursos como rebaixo de teto, cores diferenciadas e detalhes na iluminação para acomodar a necessidade. É fundamental que os ambientes sejam amplos, possibilitando futuras expansões do mesmo, bem como que o terreno onde se insere o hospital, seja no mesmo sentido amplo.

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Deve-se tomar partido da iluminação natural, sem deixar que raios de sol incomodem os usuários; a iluminação artificial deve ser suficiente para proporcionar boa visibilidade, conforto e valorizar detalhes decorativos. Pode-se optar pela iluminação semi-direta e difusa, com a qualidade de luz quente e não muito intensa. Somente no balcão de atendimento e áreas de trabalho, deve-se usar iluminação mais intensa, direta e uniforme, para evitar ofuscamento e reflexos nas telas dos monitores de computadores. A NBR 5413/1992 recomenda os níveis de iluminância de 150 – 200 – 300 lux para portaria de hotéis, podendo ser aplicados nos espaços hospitalares. b- Salas de espera É importante a existência de atrativos e detalhes para distrair a espera, diminuindo o tédio e a sensação de demora. Todas as cores são válidas, mas deve-se moderar o azul, que aumenta a percepção do tempo, e utilizar o vermelho de modo comedido, pois desperta a paciência. A visão para o exterior deve ser valorizada, principalmente para jardins, mesmo que artificiais. O teto deve ter tom claro, para não causar sensação de opressão, com detalhe em tom mais saturado, dando dinamismo ao ambiente. A iluminação deve criar jogos de luz e sombra, aguçando a curiosidade do usuário. Os níveis de iluminância podem ser os mesmos do hall e recepção (figura 3.16).

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FIGURA 3.16 Sala de Espera - Bronson Methodist Hospital

Kalamazoo,MI Fonte: www.healthdesign.org/pebblepartners.html

c- Administração A administração deve estar localizada próximo ao hall de acesso, pois é uma área de convergência dos interesses, facilitando a circulação. A atmosfera geral deve facilitar a concentração, com utilização de cores não saturadas. O amarelo em tom pastel proporciona lucidez mental, raciocínio lógico, criatividade e perspicácia; o laranja pode ser usado por estimular a memória, concentração e aprendizado; o verde também pode ser usado por equilibrar os ânimos e estimular o espírito de equipe. Para maior conforto visual, deve-se usar detalhes em cor complementar à cor dominante no ambiente, favorecendo a concentração e a permanência no local de trabalho. Do contrário as pessoas buscam encontrar a cor complementar em outros ambientes, inconscientemente. O teto deve ter cor branca, o que melhora a reflexão da luz. A iluminação deve ser direta, mas não deve estar situada dentro do campo visual do profissional para não ofuscá-lo, nem refletir as luminárias na tela do monitor. A NBR 5413/1992, estabelece níveis de iluminância entre 300 – 500 – 750 lux para escritórios.

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d- Circulações As circulações, além de proporcionarem o fluxo de um local até outro, setorizam, e podem contribuir para uma atmosfera agradável e atrativa, em direção às alas e pavimentos da instituição (figura 3.17).

FIGURA 3.17 Circulação Maternidade – Hospital Santa Catarina, São Paulo, SP.

Fonte: www.hsc.org.br

O clima deve ser de calma, utilizando cores quentes ou frias, o nível de saturação e luminosidade deve ser baixo, chegando a tons pastéis, os quais propiciam ambientes relaxantes, enquanto cores saturadas e brilhantes aparentam excitação. O esquema de cor pode variar segundo a função da ala onde a circulação se encontra. Como exemplo, para a ala cirúrgica pode ser utilizado um azul-esverdeado ou verde médio, sugerindo uma atmosfera funcional e séria. Já em uma unidade pediátrica, as circulações devem expressar divertimento, alegria e descontração. Podem ser usado algumas técnicas para tornar as circulações mais agradáveis, tais como: para se ter a sensação de aumento da circulação, as paredes extremas e o teto devem ser mais escuros, para se ter a sensação de encurtamento pode-se aplicar nas paredes menores uma cor mais escura, já para alongar a cor mais escura deve estar nas duas paredes maiores; as cores distintas devem ter a mesma gama de brilho, para manter uma unidade. Pisos e portas devem ter cores relacionadas com o matiz dominante ou complementar, e não devem ser utilizada cores radicalmente diferentes nestas áreas.

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Quando a iluminação natural diurna em circulações não for suficiente, a iluminação artificial deverá contribuir para a adaptação visual, utilizando uma luminância mais elevada na parede em frente à porta do quarto iluminado pela luz do dia. A iluminação deve ser indireta, onde o paciente perceba a luminosidade, e não veja a fonte de luz. À noite a iluminação deve ter de 3 a 5 lux, para a circulação dos quartos e enfermarias; de 5 a 10 lux para outras circulações. É interessante usar sistema de sensores de ocupação que permitem baixa iluminação à noite, aumentando somente quando detectam presença de pessoas na circulação, favorecendo a economia e segurança pelo controle de fluxo de pessoas à noite. e- Postos de enfermagem Devem servir como ponto de referência, assim as paredes de fundo e o piso devem ter cor contrastante com a cor das paredes adjacentes. O teto deve ser de tom claro, para não causar reflexões desfavoráveis nas áreas de trabalho (figura 3.18).

FIGURA 3.18 Posto de enfermagem,

Methodist Hospital, Indianápolis Fonte: http://jama.ama.org/issues/v286n14/ffull/jmn1010-2html

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A iluminação direta é a mais favorável, afinal garante boa visibilidade para área de trabalho. f- Unidade de terapia intensiva A cor branca deve ser evitada, por ser inerte e aperiente. As cores verde água e lilás com baixa saturação são apropriadas, e segundo os conceitos da cromoterapia, são cores que higienizam o ambiente. Este ambiente não deve ser monótono, apesar da gravidade dos pacientes, muitos se mantêm conscientes. Para quebrar a monotonia pode-se introduzir detalhes em cores quentes, quadros e painéis com imagens positivas, poltronas para acompanhantes e mobiliário de cores diferenciadas, e para o teto, cores em tons pastéis, combinando com a cor especificada para as paredes. Atualmente sofisticados painéis fabricados em diversas cores, são localizados na cabeceira dos leitos, embutindo pontos de luz, tomadas, vácuo, oxigênio, etc., organizando melhor o espaço e contribuindo para um ambiente mais humanizado nas UTIs. A iluminação é fundamental para o conforto nas UTIs, janelas propiciam aos pacientes e equipe multiprofissional a noção do ciclo dia e noite, além do contato com o ambiente externo. A iluminação varia entre 100 e 200 lux, inclusive é necessário um controle por dimmer, para dar flexibilidade ao ambiente, podendo ser usada uma iluminação menos intensa, e aumentá-la para execução de tarefas. Deve-se adicionar às cabeceiras dos leitos uma fonte de luz direcionável, com iluminância de 300 lux, para atender as atividades da equipe multiprofissional; inclusive deve ser prevista uma divisória entre os leitos, protegendo os pacientes dos leitos adjacentes de iluminação indesejada. g- Sala de Cirurgia É fundamental um trabalho de otimização visual, para especificar cor e iluminação nas salas de cirurgia, a atmosfera deve ser de um ambiente calmo, possibilitando boa concentração e visibilidade. A cor verde-acinzentado é boa, por ser neutra e reduzir o ofuscamento sob uma iluminação intensa. Podem ser adicionados detalhes em amarelo ou

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laranja, para quebrar a monotonia e favorecer a equipe multiprofissional. Para o teto pode-se aplicar a mesma cor das paredes com menor saturação. A iluminação deve ser acompanhada de um foco cirúrgico, luminária com um sistema óptico, que varia a intensidade de iluminamento sincronizada com a iluminação geral. Os níveis de iluminamento sobre a mesa cirúrgica alcançam 20.000 a 30.000 lux, a luz deve alcançar a mesa em grande ângulo, evitando sombras ocasionadas pelas mãos e instrumentos do cirurgião. A iluminação deve também reproduzir as cores com fidelidade, para facilitar o trabalho do cirurgião em visualizar e identificar os tecidos do corpo humano (figura 3.19).

FIGURA 3.19 Centro Cirúrgico,

Hospital Santa Cruz. Fonte: www.hospitalsantacruz.com.br

As lâmpadas do foco cirúrgico, produzem uma elevação da temperatura, que deve ser reduzida com a utilização de filtros de luz. h- Sala de Esterilização Pode ser especificado para a pintura, o verde acinzentado, o azul esverdeado ou lilás, devido às suas propriedades bactericidas.

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A iluminação deve ser direta, com baixo grau de ofuscamento, e suficiente para atender os requisitos visuais do trabalho ali exercido. i- Sala de Recuperação Pós-Anestésica As cores devem ser repousantes como o verde-água, ou azul esverdeado; mas são indispensáveis detalhes numa cor um pouco mais quente, para deixar o ambiente aconchegante, proporcionando o restabelecimento, assim pode-se usar a cor pêssego com baixa saturação. O teto deve ser diferenciado pelo grau de saturação, para dar mais dinâmica ao ambiente, já que a percepção do paciente volta lentamente. A iluminação deve ser indireta, suave, sem contrastes de luminosidade e ofuscamento, permitindo boa adaptação visual e recuperação dos sentidos. j- Laboratório Os tons de cor podem ser neutros como o branco e o cinza, ou pastéis como o bege, amarelo claro, laranja claro ou verde água. Para quebrar a monotonia, pode-se usar cores diferenciadas nas portas e mobiliário, com exceção das bancadas de trabalho. As bancadas de trabalho devem ser bem iluminadas, mas com fontes de iluminação fora do ângulo de visão do pesquisador, evitando ofuscamento. As luminárias devem ser equipadas com louvres, difusores translúcidos, difusores prismáticos ou sistema óticos, para evitar ofuscamento k- Unidade Pediátrica As cores e decoração das unidades pediátricas, devem ser especificadas com o intuito de agradar e proporcionar um ambiente que inspire segurança, atenção, e que diminua o nível de ansiedade das diferentes faixas etárias (figura 3.20).

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FIGURA 3.20 Centro de reabilitação infantil Sarah Rio de Janeiro, RJ.

Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html

A passagem da criança pela unidade pediátrica deve ser sem traumas, por isto é importante que a decoração seja criativa, leve e não traga emoções negativas, como a de palhaços chorando, ou amedrontá-las com imagens de dinossauros e anti-heróis. As cores das paredes devem ser claras, alegres, quentes e variadas. Nos tetos podem ser aplicadas cores claras com baixa saturação, em harmonia com o conjunto. Os balcões podem ter design específico e divertido em cores vivas. É importante destinar uma área para brincadeiras, com utilização de aquário, para maior descontração nas salas de espera infantil. É importante que as luminárias de cabeceira sejam removíveis, e acopladas ao leito somente no momento de sua utilização, evitando que a criança mexa nelas. O nível de iluminância dos quartos e enfermarias infantis é o mesmo utilizado para os adultos, em seus respectivos quartos e enfermarias. l- Unidade de Maternidade A maternidade deve estar em ala separada do hospital, pois gravidez não é doença e culmina com o nascimento de um bebê.

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As salas de pré-parto e parto devem ser relaxantes e tranqüilas, propiciando uma atmosfera de alívio e confiança, para favorecer o trabalho de parto. Para as paredes pode ser usado o azul esverdeado claro, com detalhes na cor vermelho alaranjado, de frente para a parturiente. Este esquema de cor alivia as tensões e favorece a dilatação da musculatura do colo do útero, facilitando o trabalho de parto. No teto pode ser aplicado o tom da parede menos saturado. Os quartos e enfermarias podem aproveitar as mesmas cores, mas com detalhes na cor laranja que estimula a produção de prolactina, favorecendo a amamentação (figura 3.21).

FIGURA 3.21 Internação

Maternidade Hospital Santa Catarina, São Paulo, SP. Fonte: www.hsc.org.br

A iluminação deve ser composta por luz direta e indireta, proporcionando conforto visual, com ausência de contrastes no teto, para não causar ofuscamento. Mas as salas de parto devem ter iluminação similar às salas de cirurgias. m- Berçário e UTI Neonatal Cores neutras e claras, que não interfiram na cor da pele do bebê, com baixo índice de reflexão de luz e saturação, assim como o bege ou areia, são indicadas para as paredes e o teto (figura 3.22).

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FIGURA 3.22 Berçário – Maternidade Hospital Santa Catarina,São Paulo, SP.

Fonte: www.hsc.org.Br

Também pode-se usar detalhes e motivos infantis, coloridos com maior grau de saturação, proporcionando uma atmosfera de leveza e alegria. A iluminação deve ser amena com iluminância de 270 lux. n- Sala de eletrocardiograma e encefalograma Cores neutras com detalhes abstratos, em tons mais saturados são ideais, por dotar o ambiente de uma atmosfera tranqüila e não alterar o estado emocional do paciente. o- Consultório dentário A parede atrás do profissional deve ter cor quente, para atrair a atenção do paciente e dispersar sua concentração sobre o tratamento, amenizando a ansiedade. Detalhes e acessórios podem ter cores saturadas. Enquanto o teto deve ser pintado com uma cor da parede com menor grau de saturação. É importante amenizar os contrastes entre a iluminância da sala e o foco direcionado do equipamento. p- Ambulatório, Consultório Médico, e Sala de Exame O ideal é produzir um ambiente acolhedor e amistoso, beneficiando a relação médico-paciente. As cores quentes e pouco saturadas, como o pêssego, o amarelo suave, o rosa claro, são as mais indicadas, até

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mesmo o verde claro pode também ser usado. Para o teto a cor branca, ou o mesmo tom das parede, mas com menos saturação são indicadas (figura 3.23).

FIGURA 3.23 Pronto Atendimento Ortopédico –

Hospital Casa de Saúde São José, Rio de Janeiro, RJ. Fonte: www.cssj.com.br

A iluminação deve ser mista, geral e local, com a mesma temperatura de cor. q- Salas de Tratamento e Terapia Cores como azul esverdeado ou verde claro com baixa saturação, podem ser usadas em salas de terapias cardiológicas, ortopédicas e urológicas. Para terapias dermatológicas, obstétricas e ginecológicas, podem ser usadas as cores coral ou pêssego pouco saturadas. Para as salas de hemodiálise é aconselhável uma cor mais aquecida. Para as salas de fisioterapia, além do verde-água, painéis sugerindo movimentos suaves e delicados com cores laranja e amarelo, cores revitalizadoras são aconselháveis, já para os pisos, as cores podem sugerir movimento como a seqüência de cores em faixas sucessivas: vermelho, laranja, amarelo, verde ou azul, ou seja, o vermelho estimula o iniciar dos movimentos, enquanto o azul ou verde representam o alívio da tensão inicial, e a vitória sobre a deficiência anterior.

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A iluminação deve ter características decorativas, podem ser utilizados arandelas proporcionando uma iluminação indireta. r- Sala de Conforto dos Médicos É importante propiciar à equipe médica um alívio das tensões no trabalho, assim o visual da sala dos médicos deve ser distinto do hospital. Os materiais naturais como a madeira, as pedras naturais como granito e mármore, são adequados. Também pode ser usada uma textura para as paredes. Cores quentes e atrativas compõem um ambiente estimulante. Para o teto, cores menos saturadas em tons claros, para não causar opressão. A iluminação pode ser semi-direta, mas somente com lâmpadas incandescentes. s- Cafeteria e refeitório A especificação de cores e materiais de acabamento, também deve ser distinta do hospital, permitindo descanso físico e mental dos funcionários e acompanhantes. É importante que o esquema de cores seja aperiente, onde se pode usar tons de vermelho, laranja, amarelo, e verde claro. Cores como o púrpura, amarelo esverdeado, mostarda, e cinzentos, não devem ser utilizados, porque não influenciam positivamente a comida. Os materiais naturais, tais como a madeira, e as pedras de granito e mármore podem ser usados em variadas combinações, desde que não sejam extravagantes. Para os refeitórios, onde é necessária maior rotatividade na ocupação, a cor do teto tem função importante, e deve ser pintado de cor amarela, já que esta cor causa uma certa inquietação, ou seja, o indivíduo não se detém em um momento de relaxamento, quando ao término das refeições tende a deslizar levemente na cadeira, e tendo como um novo ponto de referência visual o teto, levanta-se e cede lugar para o outro. Na cafeteria, para as áreas dos usuários, a iluminação deve ser quente e suave, com luminárias localizadas sobre as mesas, e alguns pontos

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suplementares. Já para as áreas de preparo dos alimentos, a iluminação deve ser fluorescente. Nos refeitórios a iluminação deve ser mais intensa, para não causar sonolência após as refeições (figura 3.24). Pode ser indireta, fluorescente, de média intensidade, e como complemento, arandelas com luz incandescente.

FIGURA 3.24 Refeitório Hospital do Aparelho Locomotor, fortaleza, CE.

Fonte: http://abav.free.fr/ponto/5/sarah.html

t- Quarto e Enfermaria Deve-se considerar o conforto visual e psicológico dos pacientes. A aparência otimista é importante, além de aconchegante. Cores pouco saturadas e suaves são aconselháveis, tais como o pêssego, laranja pálido, amarelo suave, verde claro, e areia; com detalhes em cores fortes e brilhantes (figura 3.25).

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FIGURA 3.25 Quarto - Maternidade Hospital

Santa Catarina, São Paulo, SP. Fonte: www.hsc.org.br

O teto não deve ser de cor branca e inerte, afinal, o paciente tem boa visão do teto, sendo mais favoráveis as cores claras como o pêssego pouco saturado, que é aperiente. A iluminação geral deve ser indireta e uniforme no teto. Pode-se usar luminárias com baixa iluminância, emitindo luz para o teto, criando uma impressão visual relaxante e tranqüila. As luminárias das cabeceiras das camas, devem ser de lâmpadas fluorescentes, com baixa temperatura de cor, e ter iluminância de 300 lux sobre a largura total da cama, permitindo o desempenho de leitura e tarefas pelo paciente, sem perturbar o vizinho, no caso de enfermaria. Uma iluminação noturna de vigília, deve ser adotada com iluminância de 0,5 lux, a uma altura de 50cm do chão, além de uma iluminação entre 5 a 20 lux na cabeceira da cama, para que o paciente seja examinado à noite. 3.6 Avaliação Pós- Ocupação (APO) Segundo Flemming (2000), a avaliação de programas feita por profissionais especializados, principalmente na área da saúde, teve início no princípio do século XX, com a preocupação devido à mortalidade por doenças infecciosas. Na década de 50, os programas de avaliação já eram comuns na Europa e nos Estados Unidos. A partir daí foram se espalhando por todo o mundo.

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No Brasil têm sido aplicados três tipos de Avaliação Pós – Ocupação: � APO – indicativa ou de curto prazo (walkthrough) – visitas rápidas, entrevistas e indicação dos principais aspectos positivos e negativos; � APO - investigativa ou de médio prazo – igual à anterior com acréscimo de critérios referenciais de desempenho; � APO - diagnóstico ou de longo prazo – define critérios de desempenho, executa medições físicas e sua correlação com as respostas dos usuários. Para Serra (1999), boa parte de problemas nas obras e no uso das edificações, decorrem de insuficiência e deficiência dos projetos. Surge então a Avaliação Pós – Ocupação, um desdobramento da Avaliação de Desempenho, incluindo a percepção do usuário. Produzindo assim uma avaliação globalizante e operacional do edifício, inclusive gerando uma realimentação de projetos, através da redação e atualização de manuais. Segundo Ornstein (1995), projetos para área de saúde, como hospitais e postos de saúde, devem ser feitos com apoio de Avaliação Pré-Projeto (APPs), ou Avaliações Pós-Ocupação (APOs), de projetos anteriores, para tirar partido de antecedentes tais como: análise de materiais, componentes, sistemas, aspectos psicológicos como comportamento, necessidades mínimas e níveis de satisfação dos usuários. Gomes (1999), através do Centre Scientifique et Technique Bâtiment (CSTB), em Paris, França, selecionou quatorze itens que devem ter bom desempenho no edifício para a boa satisfação do usuário. São eles: segurança estrutural, segurança contra incêndio, segurança de uso, estanqueidade, conforto higrotérmico, conforto acústico, conforto visual, conforto tátil, antropodinâmico, pureza do ar, higiene, adaptação ao uso, durabilidade, economia. Segundo Del Rio et al. (2000), a Clínica São Vicente (CSV), situada na Gávea, zona sul da cidade do Rio de Janeiro, passou por uma avaliação pós-ocupação (APO), tipo walkthrough, em junho de 1998, abrangendo as

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vertentes técnicas, funcional e comportamental, servindo como base para reformas e memoriais de desempenho na mesma. A clínica São Vicente é considerada hoje em dia um hospital, devido à amplitude dos serviços oferecidos, incluindo ambulatórios, excelente CTI, e serviços de emergência. Ocupa uma área construída de 9.300,00m² em três pavimentos, com equipe multiprofissional de 28 médicos, 291 enfermeiros, e 334 funcionários administrativos. Está situada em um terreno de 32.000,00m², em área de preservação ambiental da Mata Atlântica. A aplicação da APO “walkthrough”, foi muito positiva, já que revelou diversos problemas na CSV, o que gerou uma série de recomendações, por parte da equipe, que também constatou uma grande preocupação da CSV, quanto a mudanças para aperfeiçoamento e atualização dos equipamentos, flexibilidade nos espaços e ambientes, e melhoria na qualidade do atendimento ao paciente. O relatório final incluiu que a CSV, deveria criar um “conselho comunitário”, um plano estratégico de desenvolvimento, e um plano diretor da CSV; e em reunião da equipe com a CSV, foi constatado que a clínica está se voltando para a implementação do relatório final. Serra (1999), considera que os estudos de APO em instituições-modelo, juntamente com uma programação cuidadosa dos edifícios como atividade autônoma, anteriores ao projeto, apresentam inúmeras vantagens, tais como: � Ampliação do campo de trabalho para arquitetos e projetistas; � Fornecimento de mais subsídio, tanto ao cliente quanto ao arquiteto; � Redução de reprojetos;

� Contribuição para elevar a qualidade, tanto da produção quanto do edifício; � A operacionalização e manutenção dos edifícios se tornam mais eficientes e menos custosas.

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Rheingantz (1995), descreve que as APOs favorecem uma arquitetura bioclimática, harmonizando as relações homem-ambiente, que procuram adaptar o ambiente construído a hábitos e costumes sociais, inclusive questões como as paixões, que dão sentido à vida humana, para a recuperação de ambientes, especialmente analisados quanto ao enfoque ético, social e ontológico. 3.7 Normatização No ano de 1998, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Políticas de Saúde, Departamento de Avaliação de Políticas de Saúde, e financiado pelo “Reforsus”, lançou o “Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar”, que propõe a participação voluntária das instituições envolvidas com a saúde, na busca pela melhoria da qualidade, propondo assistência por meios de padrões previamente aceitos, e tratamento confiável nos hospitais acreditados. Constitui um programa de educação continuada e não uma forma de fiscalização. Para a Secretaria de Políticas de Saúde, os programas de garantia da qualidade na área hospitalar, são necessários e obrigatórios do ponto de vista ético e moral, além da promoção da saúde ser uma forma moderna e eficaz, de solucionar os desafios referentes à saúde e qualidade de vida, com total responsabilidade de gestores e sociedade organizada. As ações devem ser integradas e multidiciplinares, incluindo diferentes dimensões da experiência humana, tais como: subjetiva, social, política, econômica e cultural. O “Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar”, descreve os hospitais, como ambientes onde se recuperam e se lidam com os valores humanos. E toda a equipe multiprofissional voltada para a recuperação da saúde, deve estar consciente que tratam de e com seres humanos. As normas para projetos físicos de estabelecimentos assintenciais de saúde, tanto para planejamento, programação, elaboração avaliação de projetos, seguiam a Portaria 1884 de 11/11/1994, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria de Vigilância Sanitária, Departamento Técnico Normativo. Revogada pela GABIN MS n°554, de 19 de março de 2002, foi substituída pela Resolução – RDC n° 50, de 21 de fevereiro de 2002, que:

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“Normaliza a elaboração de projetos físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). Apresenta orientações aos planejadores, projetistas e avaliadores de estabelecimentos de saúde. Cada EAS construído ou reformado deverá estar em consonância com as definições e informações contidas neste documento, independente de ser um estabelecimento público ou privado.”

A iluminação artificial é normatizada através da NBR 5413 (ABNT, 1982), para interiores, estabelecendo níveis de iluminância em serviços, medidas em Lux. A assepsia de pisos, paredes, tetos, pias, bancadas, devem seguir as normas contidas no manual Processamento de Artigo e Superfícies em Estabelecimento de Saúde 2ª edição, Ministério da Saúde / Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar. Brasília – DF, 1994. Eduardo (1998), enfatiza que os estabelecimentos de saúde, necessitam de licença da autoridade sanitária para funcionamento e seguem o Decreto n° 20.931/32, que dispõe sobre o exercício das profissões na área da saúde. A licença de funcionamento somente é expedida, após a aprovação do projeto físico, que deve estar em conformidade com os requisitos exigidos pela legislação, que vai desde emissão do alvará de utilização, e da inspeção sanitária, onde as condições relativas à estrutura e funcionamento devem estar em conformidade com a legislação sanitária vigente, tais como: 1) dimensões das áreas, fluxos, iluminação, ventilação, exaustão, número de leitos planejados, número de leitos operacionais, sistema de abastecimento de água, limpeza dos reservatórios e caixas d’água, destinação dos resíduos sólidos, como abrigo, transporte e destinação final, vetores, condições de higiene e limpeza, etc., condições da área física como pronto socorro, unidade de internação, Centro Cirúrgico (CC) e Centro Obstétrico (CO), Berçário, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro de Esterilização de Material (CEM), Serviços de Nutrição e Dietética (SND), Lavanderia, Almoxarifado, Farmácia/Dispensário de Medicamentos, Laboratório, Banco de Sangue, Serviços de Radiologia, de Medicina Nuclear, Serviços de Diálise e outros.

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O hospital deve possuir registro no Conselho Regional de Medicina (Lei n° 6.839/80). E deve ter também autorização de funcionamento do órgão competente de controle ambiental, e cumprir as exigências técnicas para controle e destino de resíduos. A Vigilância Sanitária também deve vistoriar toda a frota de ambulâncias ou serviços de resgate, expedindo certificado de vistoria para cada veículo, para o adequado transporte dos pacientes. Todo estabelecimento hospitalar deverá possuir um responsável legal e um responsável técnico, inscritos no Conselho Regional (Lei n°20.931/32, Decreto n°77.052/76, Resolução CFM n°1.342/921, e CFM n°1.352/92). Compete também às autoridades sanitárias municipais, estaduais ou federais, a fiscalização dos estabelecimentos de saúde (Decreto n°77.052/76, Lei n°6,229/75, Lei 8.080/90, Portaria GM/MS n° 1.565/94. 3.8 Materiais Para Bross (2002), o elenco de materiais de acabamento, possibilita maior flexibilidade, ótima manutenção de limpeza, e de contenção de infecção. São materiais compatíveis com os disponíveis no resto do mundo, ou seja, a madeira, os vinílicos, os laminados, os vidros, são de utilização muito interessante. Para os pisos, materiais não escorregadios, não condutores de eletricidade, e de fácil higienização (figura 3.3). As esquadrias com tratamento termo-acústico, de vidro duplo e persianas embutidas. O mobiliário deve ser móvel, flexível, os painéis pré-moldados, de fechamento, que utilizam sanduíches para a passagem das canalizações, os forros que possibilitam as mudanças de posição de canalizações, já que num prédio de saúde ocorrem várias modificações (figura 3.26).

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FIGURA 3.26 Piso vinílico permite paginação variada, absorve ruídos e tem fácil manutenção; forro removível; Bate Macas, madeira com

cobertura melamínica, também servem de apoio a pessoas com dificuldade de locomoção. Instituto da Criança, São Paulo, SP.

Fonte: www.piniweb.com/revista/au/index.asp?MATE6_COD=1444

Segundo a revista “Mais Arquitetura” também encontram-se no mercado, para área hospitalar, pisos de borracha, revestimento asséptico auto esterilizante resistente a lavagens (tintas de longa vida, com princípios ativos que impedem o desenvolvimento de bactérias e inibem o desenvolvimento de fungos), embora ainda não exista comprovação destes benefícios; sistemas de proteção a impacto para portas e paredes que podem ser lavados com água e sabão (figura 3.3); painéis de cabeceira de cama de internação que facilitam os trabalhos gerais de instalação e manutenção preventiva e corretiva, são dotados de canais independentes para tubulação de gases, elétrica, sinais de baixa tensão, etc.; cortinas divisórias para áreas de atendimento, recuperação e UTI, fabricadas em polyester, resistentes à ação da luz e raios solares; portas laboratoriais construídas em aço inox polido ou escovado, com visor; venezianas de vigilância para portas, que proporcionam maior privacidade; entre outros. 3.9 Circulações Externas e Internas Segundo a Resolução – RDC n° 50 (2002), as circulações externas e internas dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, seguem a normalização NBR-9050 da ABNT, quanto à acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a edificações, aos espaços, mobiliário e

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equipamentos urbanos. São seus acessos os estacionamentos, circulações horizontais e verticais. Os acessos estão relacionados com a circulação da população usuária, e de materiais; inclusive deve haver uma preocupação de se restringir o número desses acessos, com o intuito de controle da movimentação nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, evitando o tráfego indesejado em áreas restritas, além do cruzamento desnecessário de pessoas e serviços diferenciados. Devem ser previstos estacionamentos para viaturas de serviço e de passageiros, segundo as orientações dos códigos de obras municipais. Se o código de obras da localidade for omisso sobre este assunto, deve-se estabelecer uma vaga (12,00m²) para veículo, a cada quatro leitos. E a cada 100 vagas, devem existir duas reservadas a deficientes ambulatoriais, e acima de 100 vagas 1% destas, com a mesma finalidade. Além disto, os meios–fios devem ser rebaixados, para permitir o tráfego de cadeira de roda ou macas. Havendo necessidade de heliponto, estes devem atender as normas do Ministério da Aeronáutica/Departamento de Aviação Civil – DAC, Instrução de Aviação Civil IAC-3134-135-1096 e Portaria n° 18/GM5 de 14/02/74 publicada do DOU 01/03/74. Para as circulações horizontais os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde seguem as seguintes orientações: � Corredores destinados à circulação de pacientes, devem ter corrimão em pelo menos uma parede, a uma altura de 80cm a 92cm do piso, com finalização curva, podendo o bate-macas ter função também de corrimão; � Corredores de circulação de pacientes ambulantes, como sendo aqueles que transitam em cadeira de rodas, macas ou camas, devem ter largura mínima de 2,00m para os maiores de 11,00m, e 1,20m para os demais; � Corredores de tráfego intenso de material e pessoa devem ter largura mínima de 2,00m; � Circulações das unidades de emergência e urgência, centro cirúrgico e obstétrico, devem ter largura mínima de 2,00m;

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� Só podem ser instalados bebedouros, telefones públicos, extintores de incêndio, carrinhos e lavatórios, nas circulações, se estes não obstruírem o tráfego, ou a largura exceder a 2,00m.

Para as portas os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde seguem as seguintes orientações: � Portas de acesso a pacientes devem ter dimensões mínimas 0,80 x 2,10m, inclusive sanitários; � Portas de ambientes onde forem instalados equipamentos de grande porte têm de possuir folhas removíveis e largura compatível com o tamanho do equipamento para sua remoção; � Portas utilizadas para passagem de macas e dos laboratórios, terão dimensões mínimas de 1,10 x 2,10m. Para salas de exames e terapias as dimensões mínimas são 1,20 x 2,10m; � Portas de banheiros e sanitários de pacientes devem abrir para fora do ambiente, ou permitir a retirada da mesma, as maçanetas devem ser do tipo alavanca, e as fechaduras de fácil abertura, além de barra horizontal a 90cm do piso. As circulações verticais para movimentação de pacientes em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, devem atender as seguintes orientações: � Até dois pavimentos fica dispensado o elevador ou rampa para a movimentação de pacientes, que pode ser feita através de escada, acoplada com equipamentos portáteis, ou plataforma mecânica tipo plano inclinado adaptada à escada para movimentação do paciente transportado; � Até dois pavimentos, com atividades de internação e cirurgia em um diferente daquele de acesso principal. Deve também possuir elevador de transporte de paciente em maca ou rampa; � Acima de dois pavimentos, deve possuir elevador ou rampa;

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� Acima de dois pavimentos, com atividade de internação e cirurgia, em um diferente daquele de acesso principal, deve possuir elevador de transporte de pacientes em macas. As escadas seguem os critérios referentes ao código de obras da localidade, além das seguintes especificações adicionais: � Escadas para uso de pacientes devem ter largura mínima de 1,50m, além de corrimão com altura de 80cm a 92cm do piso, e acabamento curvo; � Escadas para uso de pessoal, devem ter largura mínima de1,20m; � Os pisos dos degraus devem ser revestidos de material antiderrapante e não ter os espelhos vazados; � Os degraus devem possuir altura e largura que satisfaçam a relação

0,63m ≤ 2H+L ≤ 0,64m, sendo que H (altura espelho), e L (largura do piso do degrau); além disto a altura máxima será de 18,5cm, e a profundidade mínima de 26cm; � Não é permitida a disposição dos degraus em leque, pois são incompatíveis com as condições físicas dos pacientes. � O lance de escada a cada 2,00m deve ter patamar intermediário, sendo que o mesmo não deve possuir prolongamento além do espelho (bocel); � O vão de escada não pode ser utilizado para a instalação de elevadores ou monta-carga; � No pavimento em que estiver localizada a saída do prédio deve estar assinalado nitidamente “SAÍDA”; � Escadas de incêndio devem atender a normalização de segurança contra incêndio, e as normas dos corpos de bombeiros locais. As rampas para pacientes devem obedecer alguns critérios, tais como: � Quando forem os únicos meios de circulação vertical, não poderão ultrapassar dois pavimentos, como exemplo pode ser do térreo ao 2º

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pavimento, ou do 10º ao 12º pavimento; quando em conjunto com elevador para pacientes, é livre o número de lances; e quando o uso for para serviço, admite-se o vencimento de mais um pavimento; � A largura mínima será de 1,50m para uso de pacientes, e para uso de funcionários e serviços pode ser 1,20m; � Quando as rampas mudarem de direção, deverá haver patamar intermediário para descanso, com largura mínima de 1,20m; � O piso das rampas não pode ser escorregadio, e devem possuir corrimão e guarda-corpo; � Não é permitido abertura de porta sobre a rampa, quando for necessário deve haver vestíbulo com largura mínima de 1,50m e comprimento de 1,20m, mais a largura da folha da porta; � A rampa não poderá ter pé direito inferior a 2,00m, em nenhum ponto de sua extensão; � Rampas curvas podem ter inclinação máxima de 8,33% e raio mínimo de 3,0m medido no perímetro interno à curva; para as demais rampas segue a tabela abaixo. QUADRO 3.1 Condições mínimas para rampas Inclinação admissível de cada segmento de

rampa

Desnível máx. de cada segmento de

rampa

Nº máximo permitido de Segmento de

rampa

Comprimento máx. de cada segmento de

rampa 1:8 ou 12,5% 0,183m 01 1,46m 1:10 ou 10% 0,274m

0,500m 0,750m

08 06 04

2,74m 5,00m 7,50m

1:12 ou 8,33% 0,900m 10 10,80m 1:16 ou 6,25% 1,000m

1,20m 14 12

16,00m 19,20m

1:20 ou 5,00% 1,500m - 30,00m Fonte: NBR 9050

Os elevadores devem ser instalados de acordo com as normas da ABNT- NBR-7192, bem como aos dispositivos legais do Ministério do Trabalho, além das seguintes especificações adicionais prescritas na Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 do Ministério da Saúde :

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� Capacidade – a instalação completa tem que ter capacidade de realizar os seguintes transportes dos serviços de alimentação e material: a- onde houver monta cargas: 8 % da população em cinco minutos; b- onde não houver monta cargas: 12 % da população, em 5 minutos; � Para transporte de pacientes em maca – um dos elevadores para pacientes em macas deve obedecer o item B.3.2 do capítulo Condições de Segurança contra incêndio, prescritas na Resolução – RDC nº 50/2002. As dimensões internas mínimas da cabine do elevador devem ser de 2,10 m x 1,30m. O movimento das portas do elevador automático tem de ser retardado com interrupção mínima de 18 segundos. Os comandos externos e internos do elevador devem estar localizados a uma altura máxima de 1,30m em relação ao piso. O elevador deve ter portas de correr simultâneas na cabine e no pavimento, com largura mínima de 0,90 m para a menor dimensão da cabine e 1,10 m para sua maior dimensão. As portas devem possuir barreira foteletrônica infravermelho, além de conter aparelho denominado “no break”, com autonomia de uma hora, mantendo a iluminação e o funcionamento, no caso de falta de energia. Devem ser dotados de nivelamento automático e de dispositivo interno que possibilite a interrupção das chamadas dos andares, levando a cabine ao andar desejado. � Para o transporte de pacientes, passageiros e materiais - um dos elevadores deve obedecer a norma da ABNT NBR-13.994. Devem existir elevadores para transporte de pessoas portadoras de deficiência. Se os elevadores para transporte de pacientes não satisfizerem o volume de tráfego total, devem ser instalados elevadores adicionais para o transporte de funcionários, visitantes e de materiais. Elevadores destinados ao transporte de materiais têm de ser dotados de portas de correr simultâneas na cabine e no pavimento. A porta da cabine deve possuir barreira foteletrônica infravermelho, além de dispositivos “no break”, com autonomia de uma hora, para manter a iluminação e a

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campainha de alarme na cabine na falta de energia. Para elevadores destinados a pacientes, o sistema deve manter funcionamento total do elevador; � Comando de elevadores - Comando de elevadores de transporte de pacientes que servem a mais de quatro pavimentos devem ter comando automático, coletivo, com seleção na subida e na descida; Para a instalação de monta-cargas, deve-se seguir a norma da ABNT NBR-7192, além das seguintes especificações: � As portas de monta-cargas devem abrir para recintos fechados, e não para corredores; � Todos os andares devem ser dotados de porta corta-fogo, automática, do tipo leve. Por fim, há de se mencionar a necessidade de mostrar que os tubos de queda só são permitidos para o uso exclusivo de roupa suja, além de serem dotados de dispositivos que permitam sua total desinfecção.

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CAPÍTULO 4 FATORES ADMINISTRATIVOS, OPERACIONAIS E ORGANIZACIONAIS

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4. FATORES ADMINISTRATIVOS, OPERACIONAIS E ORGANIZACIONAIS

4.1 Introdução Os fatores administrativos, operacionais e organizacionais, vêm enfatizar a necessidade da melhoria permanente, tanto para a gestão e assistência hospitalar, quanto para a integração harmônica das áreas médicas, tecnológicas, administrativas, econômicas, assistenciais, psicológicas, de pesquisas e de projetos. De forma que estes incrementos estejam a serviço de uma melhor e mais humanizada atenção ao paciente. 4.2 A Influência do Ambiente na Cura Para Eduardo (1998, p.77),

“ Hospital é todo estabelecimento dedicado a prestar assistência médica a uma determinada clientela, em regime de internação, podendo contar com atendimento ambulatorial e outros serviços. Pode ser privado ou público, de complexidade baixa ou alta, com atendimento a uma comunidade aberta ou restrita a setores, que concentra uma grande quantidade de recursos para diagnósticos e tratamento, com profissionais generalistas e especializados, com o objetivo de reintegrar o paciente em seu meio no menor tempo possível.”

No Brasil a prática médica está organizada em hospitais no Sistema Público de Saúde, eles fazem partes de redes integradas e hierarquizadas, contando com atendimento ambulatorial de menor complexidade; estas unidades ambulatoriais básicas, não dispõem da resolubilidade precisa, e as decisões políticas e de pagamento para a saúde, têm privilegiado o hospital, vale dizer que o modelo assitencial de saúde no Brasil se caracteriza pelo atendimento em hospital, o que deve ser revisto através do Sistema Único de Saúde (SUS). Os procedimentos de diagnósticos e terapêuticos, cada vez mais invasivos, tais como sondagens, cateterismos, medicamentos, tipos de cirurgias e outros, geram riscos inerentes ao procedimento, juntamente com as características da estrutura e organização hospitalar. Inclusive a infecção hospitalar vem aumentando, constituindo um problema de saúde pública, e

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ocorre em grande escala, devido à falta de conhecimento ou negligência, quanto aos procedimentos básicos de higiene, limpeza, esterilização de materiais, áreas de fluxo de contaminação cruzada, entre outros. São efeitos colaterais indesejados do atendimento hospitalar. Para reduzir estes efeitos, é necessária a implantação de mecanismos de controle de qualidade em todos os setores do hospital. Flório apud Bittar (1996), afirmar que a qualidade em cuidados de saúde é um fator composto por sete critérios: peritagem, responsabilidade, sensibilidade, acurácia (exatidão), oportunidade (ocorrer a um tempo apropriado), coordenação e perfeição. Todos estes fatores devem estar trabalhando em conjunto, para chegar à alta qualidade. Karman (1994), por sua vez informa que os indicadores da qualidade e produtividade em serviços de saúde, CQH (Controle de Qualidade Hospitalar), enfoca a avaliação de qualidade e produtividade sob três aspectos, ou seja: � Estrutura – enfoca a área física, funcionalidade, equipamentos, instalações, manutenção, recursos humanos e os aspectos jurídicos, financeiros, políticos e outros;

� Processo – analisam-se os registros, dados, arquivos e prontuários, para avaliar os serviços, tais como, número de consultas por hora, proporção de vacinados em relação à população e outros;

� Resultados – a avaliação de resultados em serviços para a saúde é complexa, afinal implica em relações interpessoais, de difícil registro e quantificação. São exemplos de resultados as taxas de infecção hospitalar, taxas de ocupação, taxa de recidiva, pessoal por leito e outros. Outras filosofias gerenciais tais como, TQM (Total Quality Management), CQI Melhoria contínua da Qualidade (Continuous Quality Improvement), são usados para avaliar a produtividade em serviços de saúde. É também de fundamental importância que os hospitais mantenham em funcionamento as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), para melhoria de seu desempenho técnico e redução das taxas de infecção e mortalidade (Couto et al. 1999; Eduardo, 1998).

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O Ministério da Saúde promove política de incentivo ao incremento da qualidade da gestão e da assistência hospitalar, que se traduz na implementação de programas como: Centros Colaboradores para a Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar, Modernização Gerencial dos Grandes Estabelecimentos, Acreditação Hospitalar, Humanização da Assistência, implantação de Redes Estaduais de Assistência de Urgência/Emergência e Gestão de Alto Risco, e Programa Nacional de Humanização do Pré-naltal e Nascimento. Inclusive, foram realizados investimentos na rede hospitalar para re-equipamento, reformas e qualificação profissional. Especialmente nesta linha e para viabilizar a sobrevivência do sistema hospitalar, a gestão operacional e a garantia da qualidade de assistência são fundamentais para atender as necessidades físicas e emocionais dos usuários que procuram os hospitais (Couto & Pedrosa, 2003). O The Center for Health Design, publicou novas concepções de gerenciamento para a área da saúde, informando que necessitam de maior integração entre as áreas de projetos de arquitetura e interiores com o ambiente, utilizando o projeto como uma ferramenta para transformar os espaços para a saúde em ambientes que integrem o paciente às equipes multiprofissionais e aos visitantes. Tratando o espaço de maneira aconchegante e familiar, remetendo os usuários ao conforto de suas residências. Outra ferramenta importante e inovadora é a utilização da Internet, ao lado de cada leito, para assistir melhor o paciente, além de proporcionar um “[...]estilo de vida web”, que permite aos pacientes descobrirem mais a respeito da própria saúde, e assumir maiores responsabilidades por ela; propiciam também um novo modo de comunicação entre as equipes multiprofissionais. Os sistemas digitais possibilitam ainda o desenvolvimento de uma imagem holística do estado de saúde e das prioridades do paciente, ao longo de todo o ciclo da assistência (Gates, 1999, p.334). Inclusive a grande quantidade de dados que envolve a estrutura e o processo de produção em um hospital, exige o gerenciamento informatizado (Bittar, 1996). Mas pode-se ressaltar também que o envolvimento do paciente com a Internet pode levá-lo a um stress, devido à grande quantidade de informações ali fornecidas, é importante que o paciente seja preparado para estas inovações.

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As novas percepções sobre as práticas em saúde, não mudam do dia para a noite e requerem mudanças entre pacientes e provedores. Vale dizer que o envolvimento das famílias levando apoio aos pacientes é de fundamental importância para as novas concepções de gerenciamento e humanização do ambiente hospitalar. Aliás, o apoio familiar ao paciente no ambiente hospitalar, minimiza o “stress” causado pela situação do próprio tratamento, diminuindo o tempo de internação do paciente. Afinal, alguns hospitais como o “Blank Children’s Hospital” em Des Moines, Iowa, USA, na sua expansão em agosto de 2001, inovam criando Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com quartos individuais, para que os pacientes fiquem acompanhados de seus familiares, embora a equipe de enfermagem deva se reorientar para monitorar cada quarto separadamente. As centrais de enfermagem estão mais integradas, facilitando a interação com os familiares. A iluminação e as cores dão um toque acolhedor ao ambiente. Por sua vez equipamentos que não necessitam de acesso foram protegidos por painéis de madeira, ambientes de espera descortinam-se para o exterior, com muita luz natural e ambientes familiares dão um toque relaxante. O diretor deste hospital Dr. David Alexander, fala que a remodelagem não é somente para projetos brilhantes, mas sim para envolver os pacientes e familiares na busca pela saúde, com benefícios imediatos. Segundo Bross (2002), os edifícios de saúde no Brasil, ganham novo conceito e novo formato, acompanhando as transformações sociais, voltadas para a saúde, e não para a doença. Afinal as pessoas estão buscando cuidados preventivos, incluindo a nutrição, ginástica, plástica, fisioterapia, cosmetologia, inclusive a medicina alternativa, entre outras. A tendência são os edifícios de saúde, e não mais de doenças. Afinal os hospitais estão mudando o gerenciamento da saúde, passando a adotar o que se chama atualmente de redes hierarquizadas, ou seja por níveis de complexidade. Onde as pessoas serão induzidas a procurar, conforme o grau de necessidade, desde os serviços mais simples aos mais complexos, seja uma clínica especializada ou um sistema hospitalar. A vocação é para hospitais especializados, com alta tecnologia e capacidade entre 120 e 180 leitos. Como exemplo, um especializado em obstetrícia e pediatria, outro em traumatologia e neurologia, e assim sucessivamente. O arquiteto passa a ter um papel de consultor, conselheiro e avaliador do desempenho do espaço, com ampla visão das especialidades médicas,

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tecnológicas, espaciais e poder aquisitivo; além de planejar espaços, deve induzir o cliente a novas perspectivas e tendências. Entre estas tendências a flexibilidade do espaço hospitalar é muito importante, já que a medicina evolui muito. Como exemplo o hospital oftalmológico já não é mais necessário, pois todo o tratamento pode ser feito no hospital-dia. Primeiro consolida-se o arcabouço do edifício, dentro de uma realidade econômica e de atendimento ao mercado. Em seguida entra a tecnologia construtiva, com soluções pré-moldadas e pré-fabricadas, por fim trata-se da estética e da ambiência. Assim como os preceitos corbusianos, primeiro a função, depois a estrutura e por fim a forma. Segundo Bittar (1996), são especialmente importantes para um bom planejamento de projeto de um edifício hospitalar, o organograma e o fluxograma. O organograma, estrutura organizacional, demonstra a hierarquia das diversas áreas e subáreas da organização. O diagrama 4.1 apresenta uma estrutura organizacional moderna, com a possibilidade de se trabalhar com autonomia e flexibilidade. As estruturas são compostas de conselho, cargos executivos, assessorias e comissões. Dentro de uma hierarquia que inicia pelo conselho, que é o órgão superior da administração, estabelece política assistencial de ensino e de pesquisa, fixa os objetivos, provê recursos financeiros, humanos e materiais, e administra os fundos de sua manutenção. É seguida pelos cargos executivos. Abaixo as áreas e subáreas variam se o hospital é público ou privado, e podem ser adotadas outras denominações.

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DIAGRAMA 4.1– Estrutura Organizacional – ORGANOGRAMA (BITTAR, 1996) Nota: SAME (registro, internação, estatística, faturamento) Zeladoria (limpeza, telefonia, recepção, portaria, vigilância, protocolo, Estacionamento, elevadores, vestiário, transporte e velório) Reabilitação (psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social, terapia ocupacional) SCDT (serviço complementar de diagnóstico e terapêutica)

As estruturas organizacionais devem ser racionais, flexíveis e horizontalizadas, o que torna os hospitais mais eficazes e eficientes. Para Ryan8 apud Bittar (1996), estas estruturas são econômicas, por agrupar trabalhadores com as mesmas especialidades, em um mesmo departamento; mas quando mudanças são necessárias, este conhecimento

8 RYAN, J.E. Better style for change: matrix management. Hospitals, 105, 105-8,november, 16, 1980.

CONSELHO

SUPERINTENDÊNCIA

Epidemiologia Estatística

JURÍDICO

COMISSÕES: Ética Padronização Infecção Qualidade Prontuário Ensino Pesquisa

ÁREA MÉDICA

ÁREA DE ENFERMAGEM

ÁREA ADMINISTRATIVA

ÁREA DE APOIO TÉCNICO

ÁREA DE MARKETING

SUBÁREA Emergência SCDT Ambulatório Odontologia Reabilitação

SUBÁREA Internação Ambulatório Cirurgia Esterilização Emergência

SUBÁREA Material Finanças Zeladoria Recursos Humanos

SUBÁREA Lavanderia Nutrição Informática Farmácia SAME

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centrado em poucos assuntos, tornam a visão da organização como um todo prejudicada, e o gerenciamento pode declinar devido a conflitos, corporativismo e falta de cooperação. Mas o organograma é suficiente para atender as necessidades de hospitais com alta complexidade; as comissões devem ser utilizadas para assuntos e problemas temporários e de áreas distintas, tais como infecção hospitalar, que depende das subáreas de limpeza, manutenção, enfermagem, médica, farmácia e outras. Inclusive reuniões de membros das subáreas, fazem com que alertas sejam emitidos antes que as taxas sejam alteradas, e afetem os pacientes, aumentando os custos das operações. A organização cuida das atividades, das atribuições, dos fluxos e das relações do ambiente interno (Bittar, 1996). O fluxograma é a representação gráfica da seqüência de uma ou mais atividades, caracterizando as fases, as operações e os agentes executores. Inclusive é um instrumento imprescindível para o estudo dos relacionamentos e do fluxo (trânsito), das pessoas (funcionários, pacientes, visitantes, pessoal terceirizado, vendedores, estudantes, pesquisadores), e dos materiais (permanentes e de consumo); facilitando, agilizando e evitando os cruzamentos indesejados, como exemplo, o lixo hospitalar. Entretanto, o transporte de material contaminado se estiver acondicionado dentro da técnica adequada, pode circular por qualquer parte e cruzar com qualquer material esterilizado, sem risco algum (Fiorentini et al.,1995; Resolução-RDC n°50, 2002). Os efluentes já podem ser captados por sistema a vácuo, e não somente por gravidade, o que também gera maior flexibilidade. Além de redes independentes, redes contaminadas como os resíduos de uma enfermaria de infectologia, vão para um local, as demais águas são recicladas e reutilizadas, com exceção das águas fecais. Observa-se que os resíduos hospitalares não diferem em nada dos resíduos domésticos, já que o período de internação de um paciente é pequeno, a maior parte da vida o paciente passa em sua residência. Incluem-se também os fluxos externos, como os acessos entre o estacionamento e a recepção, a portaria e a recepção, até mesmo outra subárea de atendimento a pacientes externos.

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“O estudo e o desenho dos fluxos internos e externos interferem na qualidade e na produtividade do atendimento prestado. É por meio do seu conhecimento que se torna possível sinalizar todas as áreas e as subáreas, o que vem facilitar a movimentação de todos que procuram o hospital” (Bittar, 1996, p.55).

Bross (1996), afirma que uma boa ferramenta para as primeiras discussões a respeito de um projeto da área hospitalar, com o cliente, são desenhos em formas de bolhas (círculos), localizando apenas os espaços, onde se discutem os conceitos implicados em cada um desses espaços, como apresenta a figura 4.1.

FIGURA 4.1 Diagrama de Bolhas.

Fonte: Bross (2002).

Desta forma os interessados na construção hospitalar vão sendo impregnados pelos conceitos, uma vez que a ferramenta utilizada é conhecida. Conseqüentemente apresenta-se ao cliente, o projeto conceitual, tal como das figuras 4.2 e 4.3, apresentadas para o projeto do Hospital Unimed Araras (Bross, 2002).

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FIGURA 4.2 Projeto Conceitual, Hospital Unimed Araras. Fonte: Bross (2002).

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FIGURA 4.3 Projeto Conceitual, Hospital Unimed Araras. Fonte: Bross (2002).

O projeto deve ser concebido dentro de uma realidade econômica e de atendimento ao mercado. Deve contemplar boa tecnologia construtiva, forma e ambientes agradáveis, utilizando conceitos atuais para a humanização hospitalar.

Os espaços intersticiais podem transformar-se além de local de instalações, numa zona de suporte e técnicas, sejam serviços administrativos ou de apoio logístico (Miquelin, 1992). Com relação aos conceitos de hotelaria para a área da saúde, Bross afirma que hoje em dia não se interna mais, se hospeda. E os conceitos devem ser pensados como parte integrante do projeto.

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4.3 Equipe Multiprofissional Segundo a JCAHO (Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations), citado por Bittar (1996), a equipe multiprofissional é composta por vários profissionais de diversas disciplinas, que interagem, inclusive mantendo respeito pelas habilidades, treino e intervenções de cada um, dando suporte para a avaliação e cuidados aos pacientes e familiares. No Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar (1999), a equipe multiprofissional congrega profissionais de diversas áreas de atendimento hospitalar, e deve ter no mínimo um médico, um enfermeiro e um administrador. Para Bittar (1996), o conceito de cliente em um hospital, passou a ser, além do paciente, todos os membros da equipe que o atende, isto é, os médicos são clientes do laboratório de análises clínicas, da subárea de imagens (raio X, ressonância magnética, etc.), e da enfermagem, assim como esta é cliente da lavanderia, da nutrição, da dietética, do material, e assim sucessivamente. É necessária uma verdadeira equipe que se complemente, com responsabilidade, comprometimento, coordenação, participação, e que o trabalho seja desenvolvido sem interrupção, especialmente com respeito pelo cidadão.

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CAPÍTULO 5 FATORES DE CONTROLE: MANUTENÇÃO, INFECÇÃO E CONFORTO

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5. FATORES DE CONTROLE: MANUTENÇÃO, INFECÇÃO E CONFORTO 5.I Introdução Os fatores de controle de manutenção, infecção e conforto são vitais para a vida do hospital, e principalmente neste estudo, como importantes critérios para diretrizes projetuais. 5.2 Manutenção Predial (preditiva, preventiva e corretiva) A manutenção está diretamente ligada à cultura e ao vínculo direto com o projeto e construção. Ela garante à instituição o contínuo desempenho quanto à segurança, funcionalidade, conforto e outros. A manutenção preditiva é antecipativa, pois precede a manutenção operacional, e predetermina a sua atuação. Trata-se de um exame periódico por meio químico ou físico de substâncias usadas para o funcionamento dos equipamentos, assim como óleos ou graxas. A manutenção preventiva baseia-se na tomada de cuidados ou providências antes do surgimento de problemas, para evitá-los. A manutenção corretiva cuida de reparos, consertos, substituição e danos; trata-se da menos desejável das manutenções, prevalece na deficiência de outras modalidades de manutenção. A manutenção é uma subárea da administração, que trabalha 24 horas por dia, durante toda a semana. Está subdividida em elétrica, mecânica, predial (alvenaria e pintura), marcenaria, carpintaria, hidráulica, telefonia, caldeira, eletrônica e informática. A equipe de apoio varia de acordo com a complexidade do hospital, comportando desde engenheiros, arquitetos, técnicos especializados, a pessoal de nível médio para as suas subdivisões. A manutenção administrativa ou programada, planeja, realiza e implementa controles de funcionalidade , de eficiência e de manutenção; orienta a manutenção preventiva e a corretiva com o objetivo de se obter segurança e continuidade operacional; previne surpresas, acidentes, incidentes, faltas, falhas, interrupções, omissões, descontinuidades e emergências. Prevê

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necessidades presentes e futuras, implanta programas alternativos e projetos corretivos, aloca verbas, providencia recursos humanos, materiais e treinamento, dentro da programação da administração do hospital (Karman, 1994; Bittar, 1996). 5.3 Prevenção de Infecção Hospitalar Conforme a Portaria do Ministério da Saúde GM n°2616 de 12/05/98, publicada no DOU de 13/05/98, Anexo II,

“Infecção Hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifesta durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.” (Resolução- RDC n° 50, 2002, p.85)

Segundo Fiorentini et al. (1995), Couto et al. (1999), Resolução – RDC n°50 (2002), existem características ambientais dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde que ajudam nas estratégias de combate à transmissão de infecções adquiridas nos próprios estabelecimentos. Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde não podem ser localizados em zonas próximas a depósitos de lixo, indústrias ruidosas ou poluentes. A melhor localização de um hospital é a que melhor atende às condições dos pacientes, assim como a zona residencial, região silenciosa, menos movimentada, mais humanizada, menos poluída, saneada e livre de odores (Fiorentini et al., 1995; Figueiredo, 1999). O zoneamento das unidades deve seguir a sensibilidade do projetista quanto ao controle de risco de transmissão de infecção, e especial atenção deverá ser dada à circulação do vento (já que patógenos circulam em correntes de ar, podendo transmitir infecção de uma área para outra). Os ambientes que compõem as unidades podem ser classificados em: � Áreas críticas – são os ambientes onde existe risco aumentado de infecção, onde se realizam procedimentos de risco, ou onde se encontram pacientes imunodeprimidos. (ex.: sala de operação e de parto, unidade de tratamento intensivo, sala de hemodiálise, berçário de alto risco, laboratório de análise clínica, banco de sangue, cozinha, lactário e lavanderia);

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� Áreas semicríticas – são todos os compartimentos ocupados por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas. (ex.: enfermarias e ambulatórios);

� Áreas não-críticas – são todos os demais compartimentos dos EAS não ocupados por pacientes, onde não se realizam procedimentos de risco. (ex.: escritório, depósitos, sanitários). A circulação de materiais críticos (limpos e sujos) não têm as conotações e perigos que normalmente lhes são atribuídos; o melhor é tratar os elementos contaminados na fonte; o transporte de material contaminado, se estiver acondicionado dentro da técnica adequada, isto é, em saco plástico impermeável, resistente, dentro das normas da ABNT, bem vedado, duplo, e não inflado com ar, pode cruzar com material esterilizado ou paciente, sem o menor risco. Inclusive as circulações exclusivas para elementos limpos e sujos, é medida dispensável nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Até mesmo nos centros cirúrgicos as circulações duplas não contribuem para a melhoria da assepsia, podendo prejudicá-la pela introdução de mais um acesso a ser higienizado. Os vestiários dos centros cirúrgicos, centros obstétricos, central de material esterilizado, e hemodinâmica, devem ser quantitativamente suficientes em relação à capacidade de atendimento das unidades, serem exclusivos, dotados de lavatórios e de área de paramentação, além de chuveiro (Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico e CME), vaso sanitário (Centro Cirúgico, Centro Obstétrico, CME e Hemodinâmica), além de servirem de barreira ao acesso destes ambientes. A sala de diluição de quimioterápicos deve possuir também lava-olhos, além do lavatório e da área de paramentação. Inclusive devem sempre ter áreas limpas separadas das áreas sujas, pois abrigam funcionários, equipamentos e roupas em contato ou não com material contaminado, além de possuírem entradas e saídas distintas. Os sanitários nos compartimentos destinados ao preparo e cocção de alimentos são exclusivos para os funcionários desta unidade, sendo proibido o uso por outros tipos de populações dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Devem dispor de bacia sanitária, lavatório, chuveiro, e possuir entrada e saída distintas.

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Todos os banheiros e sanitários de pacientes internados devem ser providos de duchas higiênicas, em substituição aos bidês, cuja instalação é proibida nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. As banheiras “terapêuticas” devem ser construídas de modo que as águas residuais possam ser totalmente esgotadas. A sala de recepção, classificação, pesagem e lavagem de roupa suja, necessita de requisitos arquitetônicos próprios, tais como, banheiro, exaustão mecanizada com pressão negativa, local para recebimento de sacos de roupa por carros, tubulão ou monta carga, espaço para carga de máquina de lavar, ponto de água para lavagem de ambiente, pisos e paredes de material resistente e lavável, ralos, interfone e visores. As máquinas de lavar devem ser dotadas de portas duplas ou barreira, onde a roupa suja é inserida pela porta da máquina localizada do lado da sala de recebimento, pesagem e classificação por um operador e após lavada, retirada do lado limpo através de outra porta. Deve-se usar visores e interfones para a comunicação entre as duas salas. O lado limpo comporta as atividades de centrifugação, seleção (relavagem ou conserto, se for o caso), secagem, calandragem, passagem, prensagem, seleção para costura (conserto e relavagem ou baixa, se for o caso), dobragem, preparo de pacotes, armazenamento e distribuição. O quarto privativo de isolamento nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde deve ter flexibilidade para quando for requerida a proteção coletiva, poder operar como isolamento. Deve possuir banheiro privativo, com lavatório, chuveiro e vaso sanitário, além de ambiente específico com pia e armários estanques para roupa e material limpo e sujo, anterior ao quarto. Ser dotado de sistema de porta por comando de pé, ou outro, evitando tocar na maçaneta, poderá atuar como isolamento de substâncias corporais, e como isolamento de bloqueio. Também deve ser dotado de sistema de ar por pressão negativa, isto para que o ar contaminado não entre em contato com o ar da circulação de acesso ao mesmo. Os quartos e enfermarias de internação devem ter banheiro exclusivo, além de lavatório para uso da equipe de assistência, localizado em uma área anterior à entrada do quarto/enfermaria, e fora do banheiro. Se o lavatório estiver localizado fora do quarto ou enfermaria, poderá servir a no máximo quatro quartos ou duas enfermeiras. Para as UTIs deve existir um

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lavatório a cada cinco leitos de não isolamento, e no berçário um lavatório a cada quatro berços (intensivos ou não). Os Centros Cirúrgicos, Obstétricos e de Hemodinâmica, devem ter local apropriado de transferência dos pacientes dotado de barreira física que impeça a entrada de macas de pacientes e permita a saída dessas. Mas segundo Figueiredo (1999), o paciente pode ser transferido para o bloco cirúrgico na mesma maca, regularmente limpa para não ocorrer contaminação, sendo esta opção a mais simples e eficiente. A lavagem cirúrgica deve ser efetuada em ambiente com lavabos ou cochos, anteriores aos destinados às atividades cirúrgicas. Segundo Figueiredo (1999), os Centros Cirúrgicos devem possuir sistema de renovação de ar com pressão positiva, e filtros de grande eficiência. Portas e janelas devem ser mantidas fechadas para evitar correntes de ar que podem levar infecção. As janelas e iluminação zenital propiciam uma iluminação mais agradável, mas não suficiente para iluminar um Centro Cirúrgico, devem ser hermeticamente fechadas, podendo ser escurecidas e de fácil limpeza. Os compartimentos destinados à realização de procedimento de Reabilitação e Coleta Laboratorial, devem ter um lavatório anexo a cada seis boxes e no mínimo, um lavatório no salão de cinésio e mecanoterapias. As salas de Tratamento Hemodialítico devem ter lavabos exclusivos, para uso de pacientes na limpeza e higienização de fístulas. Todas as salas de exames e de terapia devem ter, em anexo, lavatório exclusivo para uso da equipe de assistência. Os Consultórios, salas de Emergência e Urgência devem ter lavatório exclusivo para uso da equipe de assistência dentro dos próprios ambientes. Se houver banheiro dentro do ambiente, não é necessária a existência do lavatório. As Salas de Utilidades devem receber o material contaminado da unidade onde se encontram, sem afetar ou interferir com o fluxo de circulação de outras áreas. Devem ter, no mínimo, uma pia de despejo e uma pia de lavagem comum.

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As Salas de Nutrição e Dietética devem ter dois ambientes distintos, um de preparo dos alimentos, e outro de limpeza dos utensílios e higienização de insumos; no entanto devem permitir a passagem direta dos recipientes entre os ambientes, através de guichê ou similar. A lavagem de mãos, pela equipe de assistência, através de lavatórios, pias ou lavabos cirúrgicos, é necessária sempre que houver paciente examinado, manipulado, tocado, medicado ou tratado. Nos ambientes de manuseio de insumos, amostras, medicamentos, alimentos, também é necessária a instalação de lavatórios. Estes devem possuir torneiras com comandos do tipo que dispensam o contato das mãos, junto, deve existir provisão de sabão líquido degermante, além de recursos para secagem das mãos. Nos lavabos cirúrgicos a torneira não pode ser do tipo de pressão com temporizados. Para a lavagem de mãos existem três tipos de equipamentos, classificados como: � Lavatório – somente para lavagem de mãos, e possui pouca profundidade; � Pia de lavagem – destinada à lavagem de utensílios, mas pode ser também para lavagem de mãos; possui profundidade variada, e deve estar inserida em bancadas; � Lavabo cirúrgico – exclusivo para o preparo cirúrgico das mãos e antebraço; a profundidade deve ser suficiente para que o antebraço não toque o equipamento na hora da lavagem; para uma torneira devem ter dimensões mínimas de 50cm de largura, 100 cm de comprimento, e 50cm de profundidade; a cada nova torneira inserida deve-se acrescentar 80cm ao comprimento da peça. Estas especificações são válidas para lavagem de fístulas na diálise. A distribuição de água potável deve ser feita através de reservatórios duplos, para permitir o uso de um, enquanto o outro estiver interditado para reparos ou limpeza. Deve-se prover a rede de água de meios de prevenção contra ocorrência de pressão negativa em ramais que abastecem mangueiras, bacias sanitárias e outras fontes de contaminação por água.

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As áreas “molhadas” dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem ter fechos hídricos (sifões) e tampa com fechamento escamoteável. Nos ambientes onde os pacientes são examinados ou tratados, é proibida a instalação de ralos. Os materiais de acabamento adequados para o revestimento de pisos, paredes e tetos, de ambientes de áreas críticas e semicríticas, devem ter bom desempenho, sendo resistentes a lavagem, ao uso de desinfetantes, de superfícies monolíticas, sem ranhuras ou frestas, até após o uso e limpezas freqüentes. Materiais cerâmicos e rejuntes especificados para áreas críticas, não podem possuir índice de absorção de água superior a 4%. E é vedado o uso de cimento sem aditivo antiabsorvente nestas áreas. As tintas a base de epóxi, PVC, poliuretano, destinadas para áreas molhadas, podem ser utilizadas também nas áreas críticas, para paredes, tetos e pisos, se forem resistentes à lavagem, ao uso de desinfetante, e que não sejam aplicadas com pincel. Para serem usadas em pisos, devem também ser resistentes à abrasão e aos impactos. É permitido o uso de divisórias removíveis nas áreas semicríticas, se forem resistentes ao uso de desinfetantes e à lavagem com água e sabão; já nas áreas críticas, somente é permitido o uso de paredes pré-fabricadas de acabamento monolítico. As tubulações nas áreas críticas e semicríticas devem ficar embutidas nas paredes e tetos, exceto se forem protegidas em toda sua extensão por um material resistente a impactos, lavagem e ao uso de desinfetantes. Os cantos curvos na junção de paredes, bem como rodapés em “meia-cana”, não são mais aconselháveis, além de mais caros e de difícil execução, nem sempre o rodo pode inserir-se na curva do rodapé, prejudicando sua limpeza (Fiorentini et al., 1995). Os rodapés devem ser executados de tal forma, que as juntas com o piso permitam total limpeza; e a união com a parede deve ser sem ressalto, eliminando a possibilidade de acúmulo de pó.

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Os tetos dos Centros Cirúrgicos ou similares devem ser contínuos, sendo proibido o uso de forros falsos removíveis, para não interferir na assepsia dos ambientes. Nos demais ambientes pode-se utilizar forro removível, especialmente para facilitar a manutenção, mas nas áreas semicríticas, devem ser resistentes à limpeza, descontaminação e desinfecção (Fiorentini et al., 1995). Outra maneira de eliminar poeira em superfícies salientes consiste em utilizar o sistema de vidro colado ao caixilho, criando uma superfície lisa, de fácil limpeza. Para as portas pode-se prever acabamento liso, resistente, melamínico ou similar, também em seu topo, para facilitar a limpeza e evitar o deslocamento de poeira para dentro de ambientes assépticos (Fiorentini et al.,1995). O dimensionamento dos ambientes e o adequado afastamento do mobiliário, também contribuem para o controle de infecção hospitalar e funcionalidade das atividades. Portanto, o dimensionamento e as instalações prediais dos ambientes encontram-se organizados nas tabelas de ambientes da Resolução - RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. 5.4 Conforto Ambiental Segundo a Resolução – RDC n°50 (2002), os sistemas de controle ambiental nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, abrangem dimensões endógena (criam condições desejáveis de salubridade, através do distanciamento das pessoas das variáveis ambientais externas), e exógenas (observa os impactos causados pelas construções no meio ambiente externo). Os projetos dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem atender suas dimensões endógenas, sem acarretar interferências negativas nas suas dimensões exógenas. A abordagem do controle das condições de conforto ambiental leva em consideração também os aspectos higrotérmico e de qualidade do ar, acústico e luminoso, além do cumprimento de condicionamento ambiental estabelecidos nas normas genéricas de construção, assim como o código de obras local. Deve-se ressaltar que nos ambientes de uso prolongado, o afastamento para aberturas de esquadrias, deverá ser de no mínimo 3,0m, em relação à empena de qualquer edificação. Nos demais ambientes, o afastamento não

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poderá ser menor do que 1,5m, exceto banheiros, sanitários, vestiários e DML, que poderão ter esquadrias para poços de ventilação ou similares. O conforto higrotérmico e da qualidade do ar nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, solicitam controle diferenciado para os ambientes, em função dos grupos populacionais que freqüentam, das atividades que neles se desenvolvem, e das características de seus equipamentos. Para tal, devem ser respeitadas as instalações indicadas na tabela de ambientes, as instalações de climatização, bem como as instalações prediais ordinárias e especiais da Resolução citada, além do código de obras local. No controle do conforto acústico nos ambientes utilizam-se princípios arquitetônicos para isolar as pessoas da fonte de ruídos geradora, a partir de limites de seus níveis estabelecidos por normas brasileiras e internacionais. Para os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem ser seguidas as seguintes normas: � Portaria do Ministério do Trabalho de 08/06/78 define normas regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho (NR 15), anexo n°1 (limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente), anexo n° 2 (limites de tolerância para ruídos de impacto); � Norma Brasileira NB-95 (estabelece os níveis de ruído aceitáveis para diferentes atividades); � NB-101 aprimora a NB-95 (fixa níveis de ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos). � Código de Obras Local. Para o bom desempenho do Conforto Acústico, é necessário observar as demandas específicas dos diferentes ambientes funcionais dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, seja pelas características dos grupos populacionais, pelas atividades ou equipamentos neles localizados. Existem ambientes que não necessitam de condições especiais de níveis de ruído, além de não o produzirem em grau elevado, não sendo importante barreira e isolamento especial.

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Existem ambientes onde as populações que os freqüentam necessitam dos menores níveis de ruído possíveis, sendo imprescindível isolamento sonoro especial. São eles: � Apoio ao diagnóstico e terapia – métodos gráficos: cabine de audiometria. Outros ambientes também demandam sistemas especiais de controle das condições ambientais acústicas, por abrigarem atividades e equipamentos geradores de níveis de ruídos altos, que necessitam ser isolados como fonte, através de barreiras acústicas, em relação aos outros ambientes, são eles: � Atendimento de emergência e urgência; � Apoio técnico – nutrição e dietética: área de produção; � Apoio ao diagnóstico e terapia – imagenologia/ultra-sonografia: litotripsia extracorpórea; � Apoio logístico – processamento de roupas: área de lavagem e centrifugação, manutenção: oficina de manutenção, infra-estrutura predial, sala para grupo gerador, casa de bombas, área para ar comprimido, salas para equipamentos de ar condicionado. Para o conforto luminoso, existem demandas específicas dos diferentes ambientes nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, tanto pelas características dos grupos populacionais que utilizam, quanto pelo tipo de atividade ou ainda pelos equipamentos neles localizados. Seguem-se as normas: � NR-15 – anexo 4, Portaria de 08/06/78 do Ministério do Trabalho/Níveis mínimos de iluminamento em lux por atividade. � Código de obras local. Alguns ambientes demandam sistemas comuns de controle das condições ambientais luminosas, não necessitando de incidência de luz de fonte natural direta nem de iluminação artificial especial.

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Outros ambientes carecem de condições especiais de iluminação, necessitando de luz de fonte natural direta, são eles: � Atendimento imediato – salas de observação; � Internação – internação geral: quartos e enfermarias; internação intensiva e queimados: quartos e áreas coletivas; � Apoio ao diagnóstico e terapia: diálise, salas para tratamento hemodialítico, salas para DPI. Alguns ambientes demandam sistemas de controle artificial das condições ambientais luminosas, especialmente no campo de trabalho, são eles: � Todos os ambientes em que os pacientes são manipulados como: consultórios, salas de exames e terapias, salas de comando dessas, salas de cirurgias e de partos, quartos e enfermarias e salas de observação. Alguns ambientes demandam obscuridade, carecendo de condições especiais de iluminação. São eles: � Ambulatório – consultório de oftalmologia; � Atendimento imediato – salas de exames de oftalmologia; � Apoio ao diagnóstico e terapia: imagenologia: salas de exames, oftalmologia: sala de exame , laboratório de biologia molecular: sala de revelação de géis; � Apoio logístico – laboratório para revelação de filmes e chapa, sala de revelação.

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CAPÍTULO 6 FATORES FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS

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6. FATORES FISIOLÓGICOS E PSICOLÓGICOS 6.1 Introdução A importância destes fatores fisiológicos e psicológicos está no enfoque mais importante deste estudo, que são as diretrizes projetuais observando o ambiente para o ser humano e sua saúde. Para isto foram analisados alguns aspectos sobre a percepção humana. 6.2 Abordagem Fisiológica – orgãos sensoriais Esta abordagem refere-se aos órgãos sensoriais que fazem a transmissão das informações sobre os ambientes internos e externos chegarem ao sistema nervoso central (SNC). São receptores transdutores, que convertem diversas formas de energia, que atuam no ambiente, em potenciais de ação nos neurônios (Ganong, 1999). Receptores sensoriais são dotados de “sensibilidade diferencial”, quer dizer, cada tipo de receptor é sensível a um tipo de estímulo para o qual foi desenvolvido, sendo quase insensível às intensidades normais dos outros tipos de estímulos sensoriais. Como exemplo bastonetes e cones têm grande capacidade de resposta à luz, mas quase não têm capacidade de resposta ao calor, frio, pressão sobre os globos oculares e alterações químicas do sangue (Guyton & Hall, 1997). É importante levar em consideração tais sensores corporais, pois são eles que informam a interação positiva ou negativa do ambiente hospitalar. Existem vários tipos diferentes de receptores, além dos cinco sentidos, o quadro 6.1, apresenta uma lista de modalidades sensoriais, onde pelo menos 11 são sentidos conscientes. Além desses, existem grande número de receptores que transmitem informação que não chegam à consciência, tais como: os fusos musculares fornecem informação sobre variáveis como o comprimento muscular, outros sobre variáveis do tipo da pressão arterial, temperatura do sangue cefálico e o pH do líquido cefalorraquidiano. Presume-se que existem outros receptores do tipo “sentidos inconscientes”, os quais as pesquisas futuras indicarão (Ganong, 1998). O quadro a seguir apresenta as principais modalidades sensoriais.

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QUADRO 6.1 Principais modalidades sensoriais

Modalidade sensorial¹ Receptor Órgão Sensitivo Visão Cones e bastonetes Olho Audição Células ciliares Ouvido (órgão de Corti) Olfação Neurônios olfativos Membrana da mucosa

olfatória Gustação Células receptoras gustativas Botão gustativo Aceleração angular Células ciliares Ouvido (canais semi-

circulares) Aceleração linear Células ciliares Ouvido (utrículo e sáculo) Tato-pressão Terminações nervosas vários Calor Terminações nervosas vários Frio Terminações nervosas vários Dor Terminações nervosas livres Posição e movimento articulares

Terminações nervosas vários

Comprimento muscular Terminações nervosas Fuso muscular Tensão muscular Terminações nervosas Órgão tendinoso de Golgi Pressão sangüinea arterial Terminações nervosas Receptores de estiramento

nos seios carotidianos e no arco aórtico

Pressão venosa central Terminações nervosas Receptores de estiramento nas paredes das grandes veias e nos átrios

Insuflação do pulmão Terminações nervosas Receptores de estiramento no parênquima pulmonar

Temperatura sangüínea na cabeça

Neurônios no hipotálamo

PQ2 arterial Células dos glomos Corpos carotídeos e aórticos PH do líquido cefalorraquidiano

Receptores de superfície ventral do bulbo

Pressão osmótica do plasma Células do órgão vascular da lâmina terminalis e outros órgãos ventriculares no hipotálamo anterior

Diferença arteriovenosa da glicose sangüinea

Células no hipotálamo (glicostáticas)

¹As primeiras 11 são sensações conscientes. Fonte: Ganong (1999).

Cada sensação percebida como a visão, tato, som, dor é chamada de “modalidade de sensação”. Entretanto, as fibras nervosas transmitem apenas impulsos. Mas, cada trato nervoso termina num ponto específico no sistema nervoso central e o tipo de sensação percebida, assim que uma fibra nervosa é estimulada, é determinado pelo ponto do sistema ao qual a fibra conduz o estímulo. Ou seja, quando uma fibra do tato é estimulada por uma excitação elétrica de um receptor do tato ou por outro modo qualquer, a pessoa percebe o tato, porque as fibras do mesmo levam às

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áreas específicas do tato no cérebro. Assim como fibras do ouvido terminam nas áreas auditivas do cérebro, fibras da retina do olho terminam nas áreas da visão do cérebro, as fibras da temperatura terminam nas respectivas áreas da temperatura. Esta exclusividade das fibras nervosas de transmitir somente uma modalidade de sensação é denominada de “princípio da linha rotulada”. Finalmente, esta experiência sensorial tanto pode causar uma reação imediata, quanto pode ser armazenada no cérebro por alguns minutos, semanas ou anos, e determinar reações corporais num tempo futuro (Guyton & Hall, 1997). A recuperação do paciente no ambiente hospitalar vai depender não só do espaço projetado, mas também daquilo que a obra arquitetônica toca especialmente no íntimo do paciente. Os receptores sensoriais têm a característica de se adaptar parcial ou completamente aos seus estímulos após um período de tempo. Quando um estímulo sensorial é aplicado continuamente, a resposta inicial é muito alta, depois vai diminuindo gradativamente, por fim alguns deles praticamente não respondem. Já dissemos que os tradicionais órgãos dos sentidos são o olfato, a visão, a audição, o paladar, os sentidos cutâneos, a aceleração rotacional e linear e os sentidos vicerais (relacionados com a percepção do ambiente interno do corpo humano). Este estudo, a seguir, abordará os cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. 6.2.1 Visão Em Pedrosa (1977), encontramos o conceito de que dentre os órgãos dos sentidos, o olho é o melhor instrumento de defesa dos gêneros animais. Discernir o meio ambiente, já é julgar as possibilidades favoráveis e as adversas, é o início da percepção por exemplo, do amigo ou do inimigo da espécie. É capaz de informar a distância, a direção e a forma dos objetos, vale dizer que todo conhecimento humano relativo às medidas de grandeza, do micro ao macro (volume, comprimento, área, peso, distância, velocidade, intensidade luminosa, cor, etc.), tem origem na percepção visual. A visão humana difere da dos outros animais principalmente por ser auxiliada pelo cérebro humano, que lhe dá a possibilidade de projetar

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nas coisas as dimensões dos sonhos, povoando o universo visível com elementos de beleza e espiritualidade inerentes às aspirações humanas. As imagens visuais recebidas pelo cérebro são avaliadas, analisadas e corrigidas, isto é, a correção é feita em estágio de pré-consciência, influenciada pelo acervo de conhecimentos relativos ao mundo objetivo. Ganong (1998), por sua vez, afirma que os olhos evoluíram a partir de pontos sensíveis à luz na superfície de invertebrados. Cada olho dentro de seu invólucro protetor, tem uma camada de receptores, um sistema de lentes que focaliza a luz neles e um sistema de nervos que conduz impulsos dos receptores para o cérebro. Diria Fernando Pessoa que “o hospital não é idéia minha. A minha idéia do hospital é que é idéia minha” e com isto podemos acrescentar que a visão é, para aquele que a tem, talvez, a principal fonte de percepção hospitalar, e por isto tudo tem que estar dimensionada para que o paciente se encontre com o espaço da melhor forma possível. A figura 6.1 apresenta as principais estruturas do olho humano, a esclera, camada protetora externa do globo ocular, modifica-se anteriormente para formar a córnea transparente, onde os raios de luz penetram no olho; a coróide está situada no interior da esclera e contém muitos vasos sangüíneos que nutrem as estruturas no globo ocular; recobrindo dois terços posteriores da coróide está a retina, tecido nervoso que contém as células receptoras, que são, os cones e os bastonetes, além de quatro tipos de neurônios (células bipolares, células ganglionares, células horizontais e células amácrinas).

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FIGURA 6.1 – secção horizontal do olho direito. PA, pólo anterior; PP, pólo posterior; EV, eixo visual.

Fonte: Ganong (1998).

O cristalino é uma estrutura transparente fixada por um ligamento circular chamado zônula, que está ligada ao corpo ciliar. Na frente do cristalino está a íris, a porção colorida do olho, que contém fibras musculares circulares, que constringem, e radiais, que dilatam a pupila. A variação no diâmetro da pupila pode produzir alterações de até cinco vezes na quantidade de luz que atinge a retina. Entre o cristalino e a retina, o espaço é preenchido por um material gelatinoso claro, chamado vítreo (humor vítreo); a câmara anterior do olho é preenchida pelo humor aquoso, um líquido claro produzido no corpo cíliar, que flui através da pupila. Este líquido é reabsorvido por uma rede de trabéculas para o canal de Schlemm, canal venoso na junção entre a íris e a córnea (ângulo de câmara anterior).

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O movimento do olho dentro da órbita se dá através de seis músculos oculares (figura 6.2), como é mostrado na figura abaixo, são inervados pelos nervos oculomotor, troclear e abducente.

FIGURA 6.2 – Músculos da órbita direita. Os seis músculos que movem o globo ocular e o elevador da pálpebra superior.

Fonte: Ganong (1998).

A proteção do olho, de lesões, se dá pelas paredes ósseas da órbita. As lágrimas que correm da glândula lacrimal umedecem e mantêm a córnea transparente, e através do duto lacrimal esvaziam para dentro do nariz. O piscar também mantém a córnea úmida. É por isso que já dissemos que existe a necessidade de “ links” entre o olhar do usuário lado a lado com a visão do arquiteto; um que o percebe, a partir de sua decodificação através da captação pelo sistema sensorial humano. Outro que traça um espaço abstrato, quantitativamente normativo e controlador de tranformações no contexto do edifício e do seu entorno. Segundo Guyton & Hall (1997), o olho é opticamente equivalente a uma máquina fotográfica comum, com um sistema de lente, e um sistema de abertura variável (pupila), e uma retina que está em correlação com o filme. O sistema de lentes do olho é composto de quatro interfaces refrativas: � interface entre o ar e a superfície anterior da córnea;

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� interface entre a superfície posterior da córnea e o humor aquoso; � interface entre o humor aquoso e a superfície anterior da lente do cristalino do olho; � interface entre a superfície posterior do cristalino e o humor vítreo. A formação de uma imagem sobre a retina acontece da mesma maneira que uma lente de vidro pode focalizar uma imagem sobre uma folha de papel. Em relação ao objeto, a imagem é invertida e revertida, porém a mente percebe os objetos na posição correta, isto é, o cérebro é treinado a considerar a imagem invertida como normal. No entanto, se esta imagem for extravagante a percepção do paciente poderá captar algo que o deixe em um estado irritante, estressante ou até mesmo deixá-lo em estado eufórico. É por isso que insistimos na flexibilidade das soluções arquitetônicas e de suas instalações, para tornar o ambiente o mais razoável possível como condição de soerguer aquele que está enfermo. Na retina se situam os cones, responsáveis pela visão em cores, e os bastonetes, principais responsáveis pela visão no escuro. A retina é uma parte do olho sensível à luz. Assim, quando bastonetes e cones são excitados, sinais são transmitidos através dos neurônios para as fibras nervosas ópticas e do córtex cerebral. Já observamos que as cores em um ambiente hospitalar são capazes de influenciar e alterar o estado de ânimo ou de desânimo daqueles que por ali transitam na condição de paciente, influenciando também a sua cognição e comportamento. O arquiteto em sua prática projetual deve levar em alta consideração os efeitos da percepção cromática sobre o comportamento do ser humano, em busca do bom desempenho do ambiente e a satisfação do paciente. Segundo Ganong (1998), a teoria da visão colorida de Young-Helmholtz argumenta a existência de três tipos de cones, cada um contendo um fotopigmento distinto, com sensibilidade para uma das três cores primárias, quais sejam: azul, verde e vermelho.

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Segundo Guyton & Hall (1997), as luzes monocromáticas apenas das cores azul, verde e vermelho, são misturadas convenientemente em variadas combinações, como exemplo uma luz monocromática laranja, estimula os cones vermelhos a um determinado valor de estímulo. Os cones verdes são estimulados a um outro valor de estímulo. Os cones azuis não são de todo estimulados. Desta forma as relações de estimulação destes três tipos de cones permitem ao sistema nervoso interpretar este conjunto de relações como a sensação da cor laranja. Se a estimulação de todos os cones, azul, verde e vermelho, for mais ou menos igual, dá à pessoa a sensação de ver o branco. E o branco transmite serenidade e tranqüilidade, bem como alegria. Além disto para cada cor há uma cor complementar, que quando misturada a ela, também produz a sensação do branco. A sensação do preto é produzida pela ausência de luz. Também existem os truques ópticos como os que produzem a sensação de cor na ausência de cor, pós-imagens, além de aspectos psicológicos da visão colorida, e fenômenos como os contrastes sucessivos e simultâneos. Outro aspecto importante é que a cor percebida depende em parte da cor dos outros objetos no campo visual (Ganong, 1998). Guyton & Hall (1997), reportando-se aos estudos de Edwin Land ao desenvolver a máquina fotográfica Polaróide em cores, observou que as alterações de uma luz que ilumina uma cena, modificavam o tom de uma fotografia colorida feita por uma Polaróide, mas não alteravam muito as cores da cena percebidas pelo olho humano. Este fenômeno é chamado de “Constância da Cor”, e acontece quando o cérebro absorve a partir de todas as cores da cena, o tom geral da visão inteira, sendo facilitado quando a pessoa percebe certas áreas brancas na encenação. Desta forma o cérebro se ajusta matematicamente para a cor alterada da luz iluminadora. Este fenômeno propicia facilidades para o animal à procura de alimento, no momento de distinguir o alimento nutritivo de plantas venenosas, na luz do dia e na luz rosada da aurora. Por sua vez a percepção de profundidade dá-se pela determinação da distância de um objeto do olho. Os meios pelos quais o aparelho visual percebe esta distância são:

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� O tamanho da imagem de objetos conhecidos sobre a retina. Desta forma se for sabido que o objeto observado tem 1,80m de altura, pode-se determinar a que distância que este objeto está simplesmente pelo tamanho da imagem do objeto sobre a retina. O cérebro aprendeu a calcular automaticamente a distância deste objeto, quando as dimensões dos mesmos são conhecidas.

� Através dos olhos que também determinam a distância do objeto pela

paralaxe do movimento. Quando as pessoas olham à distância com os olhos completamente parados, não a percebem mas, quando as pessoas movem a cabeça de um lado para o outro, as imagens dos objetos próximos se deslocam rapidamente por toda a retina, enquanto as imagens dos objetos distantes permanecem ,como se estivessem estacionárias (Guyton & Hall, 1997). Assim é possível avaliar as distâncias relativas de diferentes objetos.

� Outro método pelo qual se percebe a referida paralaxe é o da visão

binocular ou estereopsia. As imagens sobre as duas retinas são diferentes uma da outra, devido à posição dos olhos lado a lado, e separados por aproximadamente 5cm. Quando um objeto está a 2,5cm em frente da ponta do nariz, a imagem formada na retina do olho esquerdo é mais para esquerda, enquanto a imagem formada na retina do olho direito é mais para direita. Mas para um objeto a 6m na frente do nariz, sua imagem na retina está em pontos correspondentemente próximos ao meio de cada retina. Quando ambos os olhos estão sendo usados, este tipo de paralaxe acontece. Com isto as pessoas que utilizam os dois olhos têm uma capacidade muito maior de julgar distâncias relativas, para objetos localizados até 60m.

Segundo Ganong (1998), outro aspecto da função visual é a adaptação ao escuro. Se uma pessoa permanece num ambiente muito iluminado por muito tempo e depois passa para um ambiente pouco iluminado, a pessoa vai se acostumando ao escuro, as retinas aos poucos ficam mais sensíveis à luz. A adaptação ao escuro atinge o máximo em cerca de 20 minutos. Porém quando a pessoa passa de um ambiente pouco iluminado, para um ambiente muito iluminado repentinamente, a luz parece muito brilhante e desconfortável até haver a adaptação visual ao aumento da iluminação. Esta adaptação é chamada de adaptação à luz, e ocorre em um período de aproximadamente 5 minutos.

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Pessoas que necessitam de sensibilidade visual máxima na penumbra, como radiologistas e pilotos de avião, podem, usando óculos vermelhos, evitar a espera de 20 minutos no escuro para se adaptarem. A acuidade visual é o poder de resolução do sistema óptico da vista humana, é o grau de percepção dos detalhes e contornos de objetos. E é diferente do limiar visual que é a quantidade mínima de iluminação que produz a sensação de luz. Pode ser definida em termos do mínimo separável, a menor distância entre duas linhas, e a percepção de duas linhas. Clinicamente a acuidade visual pode ser determinada pelos mapas de letras de Snellen. A acuidade visual é um fenômeno complexo influenciado por uma variedade de fatores, tais como: � fatores ópticos, como o estado dos mecanismos formadores de imagem do olho; � fatores da retina, como o estado dos cones; � fatores ligados ao estímulo, assim como, iluminação, brilho do estímulo, contraste entre o estímulo e o fundo, e a distância e tempo em que o indivíduo é exposto ao estímulo. O arquiteto projetual deve levar em consideração os efeitos da percepção nos seus mais diversos enfoques dando sempre a idéia de razoabilidade do sistema hospitalar. A freqüência crítica de fusão (FCF) é uma função visual em que estímulos podem ser apresentados e percebidos como separados. Para os estímulos apresentados há uma freqüência maior do que a FCF, são percebidos como estímulos contínuos, assim como filmes de cinema, onde os quadros são apresentados numa freqüência acima da FCF, causando a impressão de movimento. 6.2.2 AUDIÇÃO Já foi abordado que estímulos externos alimentam mecanismos perceptivos que são captados através dos sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar. Desta forma as informações do ambiente hospitalar chegam à mente através dos sentidos e, dependem destes para compreenderem e participarem do ambiente.

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O ser humano constrói a percepção com o percebido. E no ambiente hospitalar o paciente está com os sentidos muito sensíveis aos estímulos externos, portanto, este fato deve ser lembrado junto à equipe de projeto, para tratar o ambiente de maneira a não agravar o estado de saúde do paciente no ambiente hospitalar. Deve-se privá-lo de sons ruidosos e desagradáveis. Em primeiro lugar deve-se trabalhar os acessos aos hospitais de maneira segregada evitando a circulação e fluxos indesejados. Por exemplo o Pronto Socorro deve ter acesso separado da recepção do hospital, evitando assim a aproximação de uma área muito movimentada. Bem como a UTI deve estar próxima do Centro Cirúrgico. Para Ganong (1998), os receptores de modalidade sensorial da audição, estão alojados no ouvido. São eles o ouvido externo, o ouvido médio e a cóclea. Já os canais semicirculares, como o utrículo e o sáculo do ouvido interno estão relacionados com o equilíbrio (figura 6.3).

FIGURA 6.3 Ouvido Fonte: Revista “Saúde e Vida On-Line”

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Ondas de som entram no ouvido externo, passam através do meato auditivo externo, fazem a membrana timpânica (tímpano) vibrar, e essas vibrações são transmitidas à cóclea, que é um tubo espiralado, através de três ossículos auditivos (o martelo, a bigorna e o estribo). Assim os impulsos seguem por diversas vias para o córtex auditivo no encéfalo, que os interpreta como sons. É interessante observar o fenômeno do mascaramento (masking), onde a presença de um som diminui a capacidade de um indivíduo ouvir outros sons. 6.2.3 Olfato e Paladar No ambiente hospitalar tem-se também a percepção sinestésica, que é aquela sensação de por exemplo ouvir uma música e lembrar de um acontecimento. Esta percepção pode ser bem explorada para um bom desempenho do ambiente. Por exemplo um restaurante próximo à recepção do hospital (mezanino) pode através do aroma agradável da comida lembrar um ambiente familiar. Assim como uma linda paisagem aplicada sobre uma parede/divisória, pode ser um excelente relaxante. Ganong (1998), ao descrever o olfato e o paladar classifica-os como sentidos viscerais, devido a sua associação com a função gastrointestinal. Eles estão relacionados entre si, do ponto de vista fisiológico, como exemplo, os sabores dos alimentos são uma combinação de paladar e cheiro. Assim como uma pessoa pode sentir o gosto de um alimento diferente se estiver com um resfriado, que diminui o sentido do olfato. Receptores para o olfato como para o paladar são os quimioceptores estimulados por moléculas em solução no muco nasal ou na saliva da boca (figura 6.4).

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FIGURA 6.4 Nariz - à esquerda a narina, o osso e a cartilagem que sustentam o nariz,

o maxilar superior e o palatino. 1- Bolbo olfativo; 2- conchas

Fonte: Revista “Saúde & Vida On-line”

O sistema olfativo é um dos órgãos dos sentidos. Pode discriminar mais de 2.000 odores diferentes. E quando se é submetido continuamente a um odor, a percepção a esse odor diminui e acaba cessando. Este fenômeno é devido à adaptação rápida que ocorre no sistema olfativo. O Paladar tem quatro modalidades básicas, tais como o doce, o ácido, o amargo e o salgado. Algumas células gustativas respondem melhor aos estímulos amargos, enquanto outras respondem melhor aos estímulos salgados, doces ou ácidos (figura 3.8). Umas respondem a mais de uma modalidade, e outras a todas as quatro. A diferença para a discriminação dos sabores é relativamente pequena. É necessária uma alteração de 30% na concentração da substância gustativa antes que uma diferença na intensidade possa ser detectada. Os diferentes tipos de sabores são sintetizados a partir das quatro modalidades básicas do paladar; em alguns casos o gosto desejável inclui alguns elementos como molhos quentes, textura do alimento, além do olfato desempenhar um papel muito importante para o sabor dos alimentos.

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FIGURA 6.5 Língua sabor amargo na parte posterior, azedo nos lados, salgado no meio e doce na ponta.

1-2-3- Papilas Gustativas Fonte: Revista “Saúde & Vida On-Line”

O olfato e o paladar em um grau menor, têm a capacidade de excitar a memória a longo prazo, fato explorado por escritores e documentado por psicólogos experimentais. 6.2.4 Tato Segundo Ganong (1998), os órgãos sensoriais cutâneos (receptores), são terminações especializadas das fibras nervosas sensoriais. Receptores para o tato estão em maior quantidade na pele dos dedos e dos lábios, e em menor quantidade na pele do tronco. Existem fibras sensoriais como A e β que transmitem impulsos dos receptores do tato para o sistema nervoso central. Outros impulsos táteis são conduzidos por fibras C. Existem também as vias lemniscal e antero-lateral que transmitem as informações táteis, cuja sensação somente é interrompida devido a lesões muito extensas. 6.3 Abordagem Comportamental Demonstradas as ligações dos sentidos físicos com a arquitetura projetual, passaremos agora a percepção psicológica.

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Em Braghirolli et al. (2001), encontramos o que a maioria dos psicólogos concordam em chamar a psicologia de “Ciência do Comportamento”. Tem-se que o comportamento abrange mais do que movimentos flagrantes, como andar de um lado para o outro. Por sua vez, soma atividades sutis como perceber, pensar, conceber e sentir. Além disto a psicologia se ocupa das atividades da pessoa como um todo, uma unidade indivisível. Dorin apud Braghirolli et al. (2001), afirma que a psicologia humana é uma “Ciência do Comportamento e da Experiência”, onde a experiência é o estado consciente, ou fenômeno mental experimentado pela pessoa, como parte de sua vida interior. Nem todas as respostas dos problemas relacionados ao comportamento humano são conhecidas pelos psicólogos. A psicologia é uma ciência jovem, cientistas estão procurando obter a compreensão dos eventos do comportamento, que na prática estão em estudo, mas apesar disto se já estiverem estabelecidas as condições sob as quais um determinado evento ocorre, é possível antecipar que ele ocorrerá se tais condições estiverem presentes. O mais recente movimento em psicologia é o humanismo, o qual enfoca o homem, os indivíduos psicologicamente normais, com suas características próprias, singularidades, complexidades, e processos mentais tipicamente humanos, tais como pensar, sentir etc.. Além do mais, o ser humano não é um ser passivo que reage somente aos estímulos do meio, principalmente avalia, decide e escolhe. Depois distingue-se pelas suas potencialidades, realizações e contínua evolução. O Movimento Humanista tem como representantes Abraham Maslow, Rollo May e Carl Rogers. Segundo Telford & Sawrey apud Braghirolli idem, os campos da psicologia se sobrepõem a outros campos de estudo, e contribuem com eles. Além disto, hoje em dia não há a preocupação de manter as ciências dentro de um âmbito de investigação restrito pela definição de seu objeto de estudo. Portanto, a análise da psicologia comportamental, enaltece os estudos sobre o meio ambiente, especialmente referindo-se aos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, já que a percepção humana é um processo

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complexo que depende tanto do meio ambiente, quanto da pessoa que o percebe e daqueles que o tratam. Davidoff (2001), utilizando a percepção através dos sentidos, viu que o ser humano consegue recuperar as propriedades válidas do mundo que o rodeia. O homem analisa os padrões que vão mudando à medida que se movimenta, observa as formas, texturas, cores, iluminação, etc., e juntamente com as habilidades construtivas, como a fisiologia e as experiências pessoais do sujeito da percepção, constrói o conhecimento das propriedades do mundo. Neste contexto Kohlsdorf (1996), diria que é necessário que os hospitais ofereçam condições que provoquem estímulos sensoriais suficientes para que os órgãos dos sentidos funcionem. O que vem salientar a importância da percepção do paciente no ambiente hospitalar. Desta forma, a qualidade do espaço hospitalar deve englobar os conceitos analisados nesta dissertação. A percepção também foi muito estudada através da psicologia da Gestalt, que surgiu na Alemanha nos fins do século XIX. “Gestalt” quer dizer “padrão ou estrutura”. A visão Gestáltica trabalha a qualidade da forma, que depende das partes relacionadas e organizadas como um todo, e são transferíveis. Tal como a organização “figura e fundo”, que pode ser reversível, e é parte de uma realização de nosso sistema perceptivo (Davidoff, 2001; Atkinson, et al. 1995). Convém notar que é através da percepção que o ser humano cria seu próprio ambiente psicológico, que está relacionado com o envolvimento do ser com o seu próprio meio ambiente. Depende esta, de sua posição no espaço, no tempo, e de sua combinação de experiências, necessidades, interação e comportamento social. Assim alguns aspectos dos processos básicos do comportamento serão abordados, tais como: a- Sensação e Percepção Braghirolli ibidem, definiu que sentir e perceber são processos únicos como a recepção e interpretação de informações, apesar de ser possível diferenciá-los.

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A sensação é compreendida como uma simples consciência dos componentes sensoriais e dimensões da realidade. Já a percepção presume as sensações adicionais dos significados, atribuídos como resultado de experiências anteriores. Portanto, perceber é tomar conhecimento de um objeto. Para tal é necessária a atenção sobre ele. Desta forma a atenção é uma condição para que haja percepção, que é uma seleção de estímulos por meio da atenção. E quem percebe, seleciona algumas características do meio ambiente, pois não são todos os estímulos percebidos simultaneamente pela mesma pessoa. Dentre as características dos estímulos, algumas são mais perceptíveis, tais como intensidade, o clarão e cheiro forte, o som agudo, objetos de tamanhos maiores, formas bem definidas, cores mais saturadas e mobilidade. O ser humano tem a tendência de perceber o mundo como supõe, ou quer que ele seja, mesmo que sobreponha as informações dos estímulos que chegam aos órgãos dos sentidos. Além disto, a percepção é um processo em que a aprendizagem perceptiva desempenha um papel fundamental, desenvolve-se sobre tendências inatas de respostas e da maturação; depende das relações entre os fatores do estímulo apreendidos pelos órgãos dos sentidos, juntamente com as experiências passadas com este estímulo. Observa-se que estudos feitos com indivíduos congenitamente cegos, que após cirurgia conseguiram enxergar pela primeira vez, não puderam reconhecer de imediato, formas, nem pessoas da família com base na aparência visual. Somente após um treinamento os indivíduos compreenderam os significados das suas percepções visuais. Outros estudos apontam que em diferentes sociedades os mesmos estímulos são percebidos diferentemente. Finalizando, percebe-se que crianças esquimós, ou de localidades onde o inverno é muito rigoroso, distinguem os vários tipos de neve, enquanto crianças moradoras de cidades grandes, são capazes de distinguir as numerosas marcas de automóveis, porém o contrário não seria provável.

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b- A constância perceptiva É a percepção de um objeto e suas propriedades, como sendo constantes. Ou seja, os objetos são percebidos pelas pessoas como se tivessem sempre o mesmo tamanho, forma, cor, brilho, localização, etc., mesmo com mudanças dos dados sensoriais. c- A constância de tamanho É a tendência a perceber os objetos como se eles tivessem o tamanho constante, ainda que a imagem retiniana se torne menor, com a distância do objeto. Tal como a imagem de pessoas observadas do outro lado da rua, estas pessoas são vistas do mesmo tamanho que uma pessoa ao lado do observador, sendo que a imagem retiniana, é na realidade bem menor. d- A constância da forma Possibilita a visão da imagem conhecida do objeto, apesar da forma mutável da imagem retiniana. Por exemplo: não importa o ângulo, uma porta é observada sempre com a forma retangular, mesmo que para a imagem retiniana, devido ao ângulo de abertura, a verdadeira imagem seja de um trapézio, ou quando totalmente aberta, de uma barra vertical da espessura da porta. e- A constância de cor e brilho Reforça a cor dos objetos conhecidos, mesmo que a cor não seja perceptível, ou seja, observa-se o telhado vermelho mesmo em noites escuras, quando a cor é indistinguível. f- A constância de localização Permite julgar estáveis os objetos no espaço, mesmo que no campo visual a sua localização seja variável. Isto é: se o observador virar a cabeça não perceberá os objetos rodando. Portanto, a estabilidade dos objetos no espaço depende também da aprendizagem, assim como a percepção depende das relações entre os diversos estímulos captados pelos órgãos dos sentidos, além das experiências passadas sobre este estímulo.

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g- Organização perceptiva É uma tendência inata do ser humano que organiza os estímulos e, percebe-os como objetos. É por isto que uma grande imagem verde é percebida como uma montanha, um som distante é percebido como uma banda que se aproxima, uma pressão no braço pode ser uma mosca que acabou de pousar e assim sucessivamente. A relação entre figura e fundo é uma tendência de organização básica, onde uma porção se destaca mais organizada e definida, e emerge em um dado momento do resto do elenco de percepções. A parte que se destaca chama-se figura, a outra parte menos definida chama-se fundo. Tal como um caderno sobre a mesa, o caderno é a figura e a mesa o fundo. Figuras reversíveis têm sido usadas em psicologia, para trabalhar as disposições mentais do observador na determinação de qual das partes de estímulos semelhantes a experiências passadas, poderá ser tomada primeiramente como figura. O princípio do agrupamento é a tendência de perceber os estímulos agrupados de acordo com critérios pré-estabelecidos. Assim como a ordenação dos objetos, suas semelhanças, a continuidade, e o fechamento ou preenchimento do espaço. h- Percepção do movimento A percepção dos movimentos não reproduz diretamente o movimento físico. Algumas vezes o movimento físico real de um objeto não produz uma percepção de movimento, e algumas vezes é percebido o movimento onde na realidade não ocorre. O movimento estroboscópio por exemplo, reproduz um movimento aparente pela sucessão rápida de imagens como no cinema. Já o fenômeno “PHI” provoca a sensação de movimento pelo acender sucessivo de duas lâmpadas em posições diferentes, num ambiente escuro. O movimento induzido é aquele que “induz” ao julgamento de movimento de outro objeto, como a lua que parece estar em movimento, quando na realidade as nuvens é que passam rapidamente.

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Há também o efeito autocinético que acontece quando um observador fixa um pequeno ponto de luz num ambiente escuro. Após alguns segundos de observação, o ponto parece mover-se sem direção. A percepção de movimento depende de vários fatores, entre eles a aprendizagem e experiência do observador. i- Percepção de profundidade Um desenho de perspectiva linear transmite a idéia de profundidade. Já uma perspectiva aérea refere-se às indicações de distâncias geradas pela atmosfera através da distância dos objetos que ficam menos nítidos e com cor azulada, devido à presença de partículas de ar, e a difração das ondas de luz pela atmosfera. A interposição de objetos também favorece a percepção de profundidade, já que objetos mais próximos aparecem na frente, cobrindo partes dos objetos mais distantes. O movimento relativo também sugere uma indicação de distância, como exemplo objetos vistos por um observador através de um carro em movimento, sugere que estão em maior movimento do que outros objetos mais próximos, enquanto os mais distantes parecem mover-se mais devagar, e até mesmo os ainda mais distantes parecem mover-se na direção do observador. A disparidade retiniana também possibilita a percepção de profundidade, pois refere-se à diferença da imagen recebida pelos dois olhos. Quanto mais próximo estiver um objeto dos olhos do observador, maior será a disparidade retiniana, sendo esta uma informação para julgar a distância do objeto. A percepção auditiva também é uma forma de perceber a profundidade, pois quanto maior a intensidade e pureza do som, mais próximo se está do objeto gerador, muito embora as informações visuais sejam predominantes. j- Ilusões perceptuais São impressões perceptivas falsas ou distorcidas. A ilusão da lua é um bom exemplo quando esta é vista perto da linha do horizonte parecendo muito maior do que quando está no alto do céu. Porém a imagem da lua

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produzida na retina, nos dois casos, têm a mesma dimensão. A explicação para esta ilusão perceptual está na percepção da distância quanto ao horizonte, que julgamos maior do que aquela que está no céu, e sendo assim, a maior distância percebida leva ao maior tamanho percebido. k- Percepção extra-sensorial É a percepção de um objeto sem necessitar da utilização dos sentidos conhecidos. Mas estudos sobre este tema ainda estão em andamento, não havendo conclusões científicas sobre o mesmo. Em resumo, o ser humano processa as informações do meio ambiente através da percepção, ou seja, as sensações acompanhadas dos significados atribuídos tais como emoções, expectativas, motivos, valores e elementos de experiências anteriores. Feitas estas abordagens dos processos básicos do comportamento humano, podemos concluir. A valorização do ambiente externo ou meio ambiente tem papel fundamental no caso dos hospitais, tudo, em prol da promoção da saúde do paciente, em um ambiente saudável. Com contexto razoável e operante em favor do paciente. Possibilitando ao usuário, a elevação da auto estima, acompanhada de positivismo, tornando-os ativos nos processos de restabelecimento.

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CAPÍTULO 7 DIRETRIZES PROJETUAIS

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7. DIRETRIZES PROJETUAIS: conjunto analítico do ambiente hospitalar para a cura

7.1 Considerações preambulares Os ambientes dos Estabelecimentos Assistências de Saúde abrigam o paciente ao mesmo tempo, matéria prima de maior importância, cujas aplicações permitem tratamento diferenciado frente a problemas clínicos semelhantes, resultando em estímulos respondidos diferentemente por cada paciente. Portanto é de fundamental importância que os projetos de arquitetura e engenharia para a área assistencial de saúde, organizem tecnicamente os espaços com o objetivo de criar ambientes que favoreçam sempre a melhoria do paciente, bem como a auto estima da equipe multiprofissional seja valorizada. Para isto é necessário que o projeto esteja centrado nos usuários do processo que são: � O paciente;

� A família; � Os materiais e medicamentos; � A equipe multiprofissional e a gestão hospitalar. Isto tudo é o que chamamos de critérios razoáveis para o ambiente hospitalar, como sendo condição para o ótimo na saúde. As oportunidades terapêuticas devem ser otimizadas com o mínimo desconforto possível. O que leva à uma diminuição do tempo de permanência no estabelecimento. Uma gestão operacional competente é fundamental para o bom desempenho dos hospitais. Tanto pessoas quanto recursos financeiros bem como espaço físico e o sistema de instalações (elétrica, hidráulica, ar condicionado, etc.), e ainda equipamentos e mobiliários fazem parte do complexo a ser gerido, perseguindo um cenário onde a prioridade é a melhoria da qualidade de vida do paciente.

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Este sistema operacional afeta tanto o bem estar e a saúde das pessoas quanto a produtividade, custos operacionais, alem da imagem da organização. Para um bom desempenho do complexo assistencial é necessária a integração de todas as equipes. Especificamente, o cenário físico espacial do sistema estará ao alcance dos profissionais de engenharia e arquitetura, que trabalham a gestão do espaço físico. Para uma boa qualidade dos projetos é importante que seja analisado o estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento, ao passo que é melhor dimensionar um pequeno hospital com as características aqui abordadas do que um grande hospital desconectado de toda a razoabilidade demonstrada. Do ponto de vista da engenharia e dos fornecedores de equipamentos, também é importante que se sintam parceiros do adequado dimensionamento do complexo hospitalar. Estes projetos são complexos. Dentre eles estão os projetos de instalações hidráulicas, fluidos – mecânicos, eletroeletrônicos, e de climatização. Sendo necessária ainda na concepção arquitetônica, prever os pisos técnicos (intersticiais) (figura 7.1), podendo estes estarem sobre as áreas de maior complexidade como: centros cirúrgicos, UTI´s, centro de diagnóstico por imagens (radiologia, etc.). Espaços técnicos para as centrais energéticas, para os reservatórios, e prumadas inspecionáveis também são necessárias. Além da concepção estrutural do edifício, é necessário prever as sobrecargas para os equipamentos, não descartando uma proposta de projeto, onde a flexibilidade e mutabilidade do espaço se faz presente.

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FIGURA 7.1 Piso Técnico (pilotis) sobre o centro cirúrgico, UTIs e diagnóstico – Vila Velha Hospital – arquitetos

Jarbas Karman e Domingos Fiorentine Fonte: Informativo número 10 Vila Velha Hospitalar (2002)

É importante mencionar ainda a necessidade de manutenção, reposição e atualização dos equipamentos sem prejudicar o sistema de operação do estabelecimento, que é de 24 horas por dia. Atualmente várias facilidades previstas colaboram para o bom desempenho do sistema, tal como a coleta de efluentes que pode ser feita pelo sistema a vácuo, diminuindo vários problemas, entre eles entupimentos, riscos de infecções hospitalares, etc.. Além do equipamento poder ser instalado no subsolo. Tais peculiaridades da engenharia hospitalar comprovam a importância da parceria entre os profissionais envolvidos no projeto, assessorando e executando o projeto de arquitetura. 7.2 Tipologias: projetos hospitalares horizontais e verticais No século XIX, o asilo “York Retreat”, na Inglaterra, foi projetado com o objetivo de ajudar nos processos de recuperação dos pacientes. Hoje em dia os projetos dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde devem ser

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concebidos no mesmo sentido através de diretrizes que proporcionem ao paciente, após a ocupação, ambientes que o ajudem na melhoria de sua saúde física e mental. Em primeiro lugar é importante observar a localização dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, que não podem estar próximos a ambientes poluídos, depósitos de lixo, indústrias poluentes, grandes armazéns, e depósitos de materiais inflamáveis, estações de tratamento de esgotos etc. Devem estar localizados em áreas próximas a uso residencial, por prestarem serviço à comunidade. Componentes construtivos como circulações, sistema de transporte de materiais, equipamentos e resíduos sólidos, sistema de renovação e controle do ar, materiais de acabamento de fácil higienização, barreiras físicas, devem ser observados para um bom desenvolvimento, e um correto fluxo nos ambientes dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Atualmente os hospitais, na busca pela melhoria da qualidade de vida e saúde, incluíram no programa, lojas de conveniência, restaurante, centro de convenções, spas, no intuito de promover um ambiente familiar ao paciente, minimizando o stress do tratamento. Buscando um ambiente que deixa para trás a imagem dos processos dolorosos de uma internação, e que resgatam a vida. Juntamente com ambientes onde a cor, luz, conforto, segurança, aroma, aspecto visual, dentre outros favoreçam a percepção do usuário sobre os fenômenos existentes no espaço projetado, e proporcionem momentos de descontração, de relaxamento, e prazeres diversos, que colaborem para a recuperação do paciente e conseqüentemente para a diminuição do tempo de internação. Como exemplo, átrios ou salas de recuperação com pé direito elevado e iluminação natural, onde a luz do sol possa varrer o ambiente, proporcionando uma iluminação diferenciada ao longo do dia, criando assim um espaço dinâmico e uma atmosfera agradável (figura 7.2).

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FIGURA 7.2 1,2 e 3 - Área de recuperação do centro cirúrgico – iluminação zenital

Hospital Henrietta Goodall, arquitetura Payette Associados Fonte: Revista Projeto, número 214, p. 66.

A iluminação natural é importante em todos os ambientes dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, mesmo nas áreas críticas dos centros cirúrgicos e UTIs, que necessitam de sistemas de renovação de ar dotados de filtros muito finos é fundamental que os usuários percebam a passagem do dia e da noite, para o bem-estar do organismo humano. Analisando estes conceitos percebe-se que as tipologias horizontais dos projetos hospitalares, geram maior possibilidade de iluminação e ventilação natural, além de serem mais econômicos, a tipologia horizontal permite boa comunicação, bom fluxo, e facilidade de expansão.

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Devem ser também projetos elegantes quanto ao partido arquitetônico que ganham melhor conceito quanto à exploração de luz e ventilação natural. Deve-se evitar projetos grandes, para não haver longos fluxos de circulação. Ganham também quanto à segregação dos acessos, que possibilitam evitar o cruzamento de fluxos indesejáveis no ambiente. A possibilidade de pátios e jardins, banhos de sol ou de respirar ar puro, também favorecem esta tipologia, com total integração dos ambientes internos e externos, buscando agradabilidade para o usuário. Um bom exemplo de arquitetura hospitalar horizontal são os Hospitais da Rede Sarah projetada pelo arquiteto João Filgueiras Lima. Mas hospitais horizontais necessitam terrenos de grandes áreas, e nos grandes centros urbanos a tendência recai sobre os monoblocos verticais, somando as necessidades de um programa de necessidades extensos e dentro da legislação vigente. Mesmo assim as opções para harmonizar os ambientes e receber bem o cliente são muito necessárias, com projetos que possibilitem um diálogo com a natureza, e sem confinar o paciente dentro de um ambiente muito fechado. Pisos técnicos sobre áreas críticas para possibilitar boa manutenção além de iluminação zenital. Quartos e enfermarias devem ser iluminados e arejados. O último pavimento pode ser dedicado ao estar médico, ensino e pesquisa, auditório, heliponto. No térreo, ampla recepção com boa programação de sinalização dos setores, lojas de conveniências, bancos 24 horas e outros. Para o mezanino um bom restaurante pode proporcionar um clima familiar, tão desejado no complexo hospitalar, além de administração, diretoria etc.. Acessos independentes para pronto- socorro, consultórios, laboratórios, diagnósticos e serviços facilitam o fluxo de circulação do hospital, que deve ser segregado para não haver cruzamento de fluxos indesejados. Pode-se aproveitar o subsolo para estacionamento, serviços, depósitos, almoxarifado, farmácia, lavanderia, cozinha, carga e descarga, velório, etc., tudo isto com acesso independente, inclusive para funcionários. É possível o hospital contratar serviços terceirizados de lavanderia e cozinha hospitalar, ainda que sejam no mesmo edifício, desonerando os administradores destas difíceis tarefas. Um bom estudo de cores em ambas as tipologias pode melhorar o estado emocional do ser humano, proporcionando uma melhor estadia no

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ambiente hospitalar, além de colaborar na recuperação do paciente com a utilização da cromoterapia. A harmonização e equilíbrio do ambiente, favorece também o bem-estar da equipe multiprofissional e acompanhantes. É importante criar um clima aconchegante, onde o stress da doença seja sempre minimizado para que não afete a auto estima de quem cuida do paciente. Uma tendência atual é a des-hospitalização para o paciente que pode ser tratado em casa, mesmo que a equipe médica vá até ele. Além disto, o Hospital-Dia, dentro dos hospitais, é uma realidade, já que diminuindo o tempo de permanência no hospital, diminui-se o stress e o risco de infecção hospitalar, gerando no paciente a alegria de voltar ao seu lar. Para as internações hospitalares ficam os casos mais graves, onde centros de diagnósticos podem ajudar na conduta médica. O cenário atual do sistema hospitalar exige uma gestão positiva para o empreendimento, combinando qualidade de vida, saúde e boa recuperação. Para isto pode-se incluir no programa de necessidades: centros de tratamento e diagnósticos, serviços de enfermagem, lojas de conveniências, SPAs e reabilitação físico/motora, com programas de reeducação física e alimentar, centros de convenções, programas de ensino e pesquisa, etc. tudo isto para a busca não somente do tratamento da doença, mas do restabelecimento holístico do ser humano, que faz parte de um sistema no universo. 7.3 Diagramas de zoneamento, fluxo e setorização Os diagramas facilitam a visão de um programa de necessidades de um complexo hospitalar. São ótimas ferramentas para discutir conceitos de projetos com os clientes (empreendedores, médicos, gestores). A boa funcionalidade do projeto depende dos fluxos de acessos e circulações que se ligam aos setores, e podem ser apresentados graficamente em um diagrama com as respectivas ligações, mantendo as peculiaridades funcionais do programa de arquitetura. Alguns exemplos serão apresentados a seguir:

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DIAGRAMA 7.1 Diagrama de zoneamento Fonte: criação da autora (2003).

ZONEAMENTO

ÁREAS SEMICRÍTICAS

ÁREAS CRÍTICAS ÁREAS NÃO CRÍTICAS

� Internações (quartos e enfermarias)

� Ambulatórios

� Centros cirúrgicos � UTIs � Unidade de diálise � Análises clínicas � Hemoterapias � Preparo de

alimentos � Lavanderia

� Administração � Apoio logístico � Recursos humanos � Ambientes não

ocupados por pacientes

Circulações

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DIAGRAMA 7.2 Diagrama de programa de necessidades para projeto hospitalar Fonte: Criação da autora (2003)

HOSPITAL

Acesso Estacionamento Garagem

Recepção Recepção Recepção

� Pronto Socorro

� Ambulatóri

� Serviço � Lavanderia � Cozinha � Almoxarifado � Depósito � Velório � Carga e

desgarga � Farmácia

Recepção

� Diagnóstico

Piso Técnico

Consultórios Hospital

Centro Cirúrgico Centro Obstétrico

� Conforto Médico

� Ensino/ Pesquisa � Auditório

Heliponto

SPA e fisioterapia

Centro de Convenções

Lojas de Conveniências

Secretaria Tesouraria Administração Recursos Humanos

Internação: quarto enfermaria enfermagem

UTI

Piso técnico

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DIAGRAMA 7.3 Diagrama de Barreiras Físicas Fonte: Criação da autora (2003)

DIAGRAMA 7.4 Depósitos e salas de utilidades Fonte: Criação da autora (2003)

BARREIRAS FÍSICAS

Vestiário de Barreira Banheiros

Centro Cirúrgico Centro obstétrico Lactário Hemodinâmica CME

Nos compartimentos destinados ao

preparo e cocção de alimentos

Nos compartimentos

destinados a processamento

de roupas

Quarto Privativo de Isolamento

PARA AS UNIDADES

DML – Depósito de Material de limpeza Sala de Utilidade

e Sala de Preparo de Equipamentos e Materiais

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DIAGRAMA 7.5 Bloco Cirúrgico Fonte: Criação da autora (2003)

DIAGRAMA 7.6 Unidade de Diálise Fonte: Criação da Autora (2003)

BLOCO CIRÚRGICO

DML

Sala de Utilidades e Sala de Preparo de Equipamento e Material

Zona Asséptica Zona Limpa Zona de Proteção

Sala de Cirurgia Sala de anestesia e área de escovação Área de entrada,

Sala de Recuperação, e demais instalações

UNIDADE DE DIÁLISE

Lavatório para paciente (limpeza e higienização da fístula)

Sala para tratamento e reservatório de água tratada para diálise

Sala para tratamento hemodialítico (pacientes com HBsAg positivo)

Sala para tratamento hemodialítico

3 Salas para reprocessamento de dialisadores

Pacientes HBsAg positivos

Pacientes contaminados por hepatite C

Pacientes não contaminados por hepatite

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CAPÍTULO 8 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

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8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 8.1 Considerações finais e razoabilidade para o ótimo O atual comportamento social enfatiza a saúde em prol da qualidade de vida, e não mais a doença. Vida saudável e auto-estima são valores atuais, que apontam também para a humanização dos ambientes hospitalares. Este estudo pretende descrever a importância do projeto de arquitetura e seus diversos “links” com a engenharia refletindo diretamente no ambiente e no espaço criado para o abrigo do ser humano enfermo que, interagindo através de suas percepções, é capaz de notar os fenômenos que ocorrem no espaço projetado, e usufruir de suas qualidades fenomenológicas, transformando o espaço habitado num aliado para o paciente, podendo este espaço fazer parte também da terapêutica. A fim de contribuir na recuperação do paciente, bem-estar da equipe multiprofissional, bem como dos familiares e acompanhantes. Para se chegar ao objetivo desejado, o pleno exercício das diretrizes projetuais que objetivam um hospital com todas as características estudadas, requer a participação de equipe multidisciplinar: planejamento, projeto, materiais, execução, uso e manutenção. É oportuno destacar a importância de uma equipe de gestores ou empreendedores organizada e integrada, que respeite toda a normatização e legislação vigentes para projetos da área hospitalar. Inclusive, enfocar o ser humano como habitante de um espaço a ser criado para a sua recuperação, é a tônica principal do que chamamos de razoabilidade. Afinal, trata-se de um momento particular da vida de uma pessoa, onde ela tem que unir as mais diversas forças, de forma a participar ativamente de sua recuperação. O momento é de transcendência e o equilíbrio holístico entre corpo, mente, espírito e ambiente, podem colaborar para a desejada recuperação, a mais imediata possível do paciente. Algumas considerações são importantes de se destacar, tais como as ferramentas projetuais, de bases filosóficas, analisando a fenomenologia do espaço arquitetônico, a percepção do ser humano, os ambientes voltados para as necessidades dos procedimentos médicos, o convívio social, entre outros, com o objetivo de criar espaços projetados onde o enfoque seja a terapêutica como critério da razoabilidade e do diferencial

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hodierno. São espaços que colaboram com o comportamento do paciente, na sua busca para a saúde. Sendo assim, podem ser dotados de aberturas de comunicação com o exterior, através de grandes portas ou iluminação zenital, criando diálogo entre espaços internos e externos, permitindo vistas para jardins e paisagens, para relaxar o paciente, tirando-o do stress de uma internação, além de colaborar com o bem-estar da equipe multiprofissional e acompanhantes. Mesmo a luz que penetra nos ambientes e modifica-os ao longo do dia, além de favorecer o mecanismo biológico do organismo pela sensação do dia e da noite, beneficia o ambiente quebrando a monotonia constante e, criando uma heterogeneidade espacial, conseqüentemente, melhora a expectativa dos usuários. As cores que podem trazer sensação de bem-estar além dos benefícios através dos conceitos da cromoterapia, devem ser utilizadas de maneira equilibrada e harmônica, a fim de favorecer o paciente, e não excitá-lo demais com a utilização de tons quentes, nem acalmá-lo demais com a utilização de cores frias. O projeto do sistema de ventilação necessita de cuidados operacionais de manutenção e fácil inspeção, prevenindo riscos de infecção propiciando ambiente confortável em termos de temperatura e umidade, tanto para o paciente, quanto para a equipe multiprofissional e acompanhantes. Almeida & Costa (1999), esclarecem bem o sistema de ar ambiente e infecção hospitalar, principalmente nas áreas que requerem ventilação especial, como centros cirúrgicos, ambientes protegidos por pressão positiva e unidades de isolamento que necessitam de pressão negativa, entre outros. Observa-se que correntes de ar podem levar esporos e transmitir infecção. Mas, sem correntes de ar a contaminação só ocorre no espaço de um metro entre uma pessoa e outro, exceto para tuberculose, varicela e sarampo. Portanto, correntes de ar verticais assim como nos Hospitais da Rede Sarah, concebidos racionalmente, são bons exemplos de soluções para sistemas de ventilação natural, além de serem mais econômicas. Embora, ressalve-se que as áreas críticas como Centro Cirúrgico, UTI, necessitam de sistema de ventilação artificial, de pressão positiva e filtros de grande eficiência.

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Concluindo esta abordagem em busca da agradabilidade para o complexo sistema hospitalar, fala-se do ambiente hospitalar para a recuperação do paciente, considerando o indivíduo de forma holística, realinhando a saúde física, mental e psicológica. Finalmente a meta é um cenário onde o ambiente hospitalar esteja preparado para receber o paciente dentro do espírito humano, com suporte terapêutico adequado, e atenção também para o suporte familiar, muitas vezes o mais importante neste processo de recuperação, minimizando o sofrimento do ser humano. Finalizando, é essencial lembrar também que a humanização do sistema hospitalar não deve ficar a cargo somente de gestores privados. Mas ser efetivamente estendida para o Sistema Único de Saúde – SUS, consabidamente que é, como o grande salvador das classes economicamente menos favorecidas, diminuindo o sofrimento do povo brasileiro. Este trabalho não pretende esgotar o assunto, mas traz um degrau a mais na escala do conhecimento humano, especialmente contribuindo para a excelência da ciência da arquitetura e da complexa engenharia hospitalar. Como perspectivas futuras sugere-se estudar: as variáveis de hierarquização e logística para os hospitais trabalharem em redes, desempenho de novos materiais, realizar estudos de caso onde se tenha informações diretas dos pacientes, com o objetivo de enriquecer os projetos com base nas suas decisões.

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CAPÍTULO 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 10 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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