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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DIEGO SANTOS PEDRAZI APRIMORAMENTO DA PERFORMANCE DE UMA MICROEMPRESA ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO Niterói, RJ 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

DIEGO SANTOS PEDRAZI

APRIMORAMENTO DA PERFORMANCE DE UMA MICROEMPRESA ATRAVÉS

DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO

Niterói, RJ

2017

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DIEGO SANTOS PEDRAZI

APRIMORAMENTO DA PERFORMANCE DE UMA MICROEMPRESA ATRAVÉS

DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO

Projeto final apresentado à Universidade

Federal Fluminense como requisito parcial à

obtenção do título de Engenheiro de

Produção.

Orientador:

Prof. Luiz Carlos Brasil de Brito Mello, D.Sc.

Niterói, RJ

2017

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DIEGO SANTOS PEDRAZI

APRIMORAMENTO DA PERFORMANCE DE UMA MICROEMPRESA ATRAVÉS

DA APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DE QUALIDADE: UM ESTUDO DE CASO

Projeto final apresentado à Universidade

Federal Fluminense como requisito parcial à

obtenção do título de Engenheiro de

Produção.

Aprovado em 12 de Julho de 2017.

Banca Examinadora:

_______________________________________

Prof. Luiz Carlos Brasil de Brito Mello, D.Sc. - UFF

_______________________________________

Prof. Fernando Toledo Ferraz, D.Sc - UFF

_______________________________________

Prof. Maria Helena Campos Soares de Mello, M.Sc. - UFF

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AGRADECIMENTOS

Obrigado Deus por me dar saúde e sabedoria durante toda essa jornada.

Ao meu pai Sergio, por todo zelo e preocupação com meu bem estar. Por não medir

esforços para garantir que nunca me falte nada. Sempre lembrarei por tudo o que fez e por tudo

o que faz por mim.

À minha Joana por sempre me apoiar em todas as minhas decisões e por todo carinho

em toda minha vida.

Aos amigos que fiz durante toda minha jornada acadêmica, principalmente aos amigos

da turma 2010.2 e aos amigos do Mustache, sem vocês tudo teria sido mais difícil e menos

divertido.

Ao professor Luiz Carlos Brasil de Brito Mello, que me ajudou muito durante este

projeto, me dedicando seu tempo e seus ensinamentos.

A todos os professores do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal

Fluminense, que construíram através de seus ensinamentos, o profissional que hoje sou.

À Professora Marilucia Martins, pela sua sensibilidade acadêmica e companheirismo,

ao me nortear e aconselhar, na escolha do curso de engenharia.

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RESUMO

Para pequenas e microempresas, buscar um diferencial é essencial para garantir espaço em um

setor de serviços tão competitivo. Este estudo tem por objetivo, detectar possíveis falhas em

uma microempresa do ramo de vendas de bolos e tortas utilizando ferramentas de qualidade. A

utilização da CURVA ABC e uma adaptação do método SERVQUAL proposto por

Parasuraman, Zeithaml e Berry (1988), permitiram classificar em três níveis as vendas dos

produtos principais da empresa e também, identificar gaps entre o serviço esperado e o prestado

pela empresa, respectivamente. Após a identificação desses gaps, planos de ação foram

propostos, visando eliminá-los.

Palavras-chave: Ferramentas de qualidade, melhoria da qualidade, empreendedorismo,

microempresa.

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ABSTRACT

For small and microenterprises, seeking a differential is essential to ensure space in such a

competitive service sector. The objective of this study is to detect possible failures in a micro-

enterprise in sales of cakes and pies through the use of quality tools. The use of the ABC tool

and an adaptation of the SERVQUAL method proposed by Parasuraman, Zeithaml and Berry

(1988) allowed to classify in three levels the sales of the main products of the company and

also to identify some gaps between the service expected and the one provided by the company,

respectively. And after these two surveys, action plans could be proposed, aiming at

improvements in product sales and in the dimensions of quality which the SERVQUAL model

presented gaps.

Keywords: Quality tools, quality improvement, entrepreneurship, microenterprise.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................10

LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................11

LISTA DE TABELAS..............................................................................................................12

LISTA DE SIGLAS..................................................................................................................13

1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14

1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 14

1.2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ....................................................................................... 15

1.3.OBJETIVOS DO TRABALHO ......................................................................................... 15

1.3.1.Objetivo geral .................................................................................................................. 15

1.3.2.Objetivo específico .......................................................................................................... 15

1.5.DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................................... 16

1.6.RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................................... 16

1.7.ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................. 17

2.REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 18

2.1.EMPREENDEDORISMO .................................................................................................. 18

2.1.1.No Brasil .......................................................................................................................... 19

2.2.QUALIDADE ..................................................................................................................... 21

2.3.GESTÃO DA QUALIDADE ............................................................................................. 21

2.4.MODELO DOS 5 GAPS DA QUALIDADE .................................................................... 22

2.5. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO SERVQUAL ......................................................... 23

2.6.FERRAMENTAS DE QUALIDADE ................................................................................ 24

2.6.1.Folha de verificação......................................................................................................... 25

2.6.2.Estratificação ................................................................................................................... 25

2.6.3.Histograma ...................................................................................................................... 26

2.6.4.Gráfico de Pareto ............................................................................................................. 27

2.6.5.Diagrama de Causa e Efeito ............................................................................................ 28

2.6.6.Gráfico de Controle ......................................................................................................... 29

2.6.7.Diagrama de Dispersão .................................................................................................... 29

2.7.TÉCNICAS DE APOIO À QUALIDADE ......................................................................... 30

2.7.1.Brainstorming .................................................................................................................. 30

2.7.2.Plano de Ação (5w2h) ..................................................................................................... 31

2.7.3.Matriz GUT ..................................................................................................................... 31

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2.7.4.Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) ............................................................................... 32

2.7.5.Project Model Canvas ...................................................................................................... 34

2.7.6.Curva ABC ...................................................................................................................... 35

3.METODOLOGIA APLICADA ............................................................................................ 37

3.1.CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .................................................................................. 37

3.2.MÉTODOS DA PESQUISA .............................................................................................. 38

3.3.ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS ................................................................... 38

3.4.PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 38

3.5.ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 39

4.COLETA DE DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................. 41

4.2.A MICROEMPRESA ......................................................................................................... 41

4.3.O MÉTODO: SERVQUAL ................................................................................................ 42

4.4.APLICAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................................... 43

4.5.RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................ 45

4.6.Curva ABC ......................................................................................................................... 47

4.7.ANÁLISE DA CURVA ABC ............................................................................................ 48

4.8.PROPOSTA DE MELHORIA ........................................................................................... 50

5.CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 52

5.1.CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 52

5.2.DISCUSSÕES SOBRE AS QUESTÕES DA PESQUISA ................................................ 53

5.3.SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .................................................................... 53

BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................54

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - 5 Gaps da qualidade em serviços. .......................................................................... 233

Figura 2 - Dimensões e definições da qualidade em serviços. ............................................... 244

Figura 3 - Exemplo de Folha de Verificação .......................................................................... 255

Figura 4 - Exemplo de Histograma......................................................................................... 267

Figura 5 - Exemplo de Gráfico de Pareto. .............................................................................. 278

Figura 6 - Exemplo de Diagrama de Causa e Efeito. ............................................................. 299

Figura 7 - Exemplo de Gráfico de Controle ........................................................................... 299

Figura 8 - Exemplo de Diagrama de Dispersão. ....................................................................... 30

Figura 9 - Plano de Ação 5w2h. ............................................................................................. 311

Figura 10 - Exemplo de ponderação para Matriz GUT. ......................................................... 322

Figura 11 - Exemplo de Matriz GUT. .................................................................................... 322

Figura 12 - Exemplo de Ciclo PDCA. .................................................................................... 333

Figura 13 - Exemplo de Project Model Canvas. ..................................................................... 344

Figura 14 - Exemplo de Curva ABC. ..................................................................................... 366

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução das taxas de empreendedorismo segundo estágio do empreendimento –

Brasil – 2010:2015 ................................................................................................................... 20

Gráfico 2 - Evolução da proporção do empreendedorismo por necessidade entre os

empreendedores novos e nascentes – Brasil – 2010:2015 ........................................................ 20

Gráfico 3 – Exemplo de Gráfico de Estratificação. ................................................................ 266

Gráfico 4 – Gráfico radar dos gaps entre as dimensões. ........................................................ 477

Gráfico 5 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do faturamento mensal

dos produtos A. ....................................................................................................................... 488

Gráfico 6 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do faturamento mensal

dos produtos B. ....................................................................................................................... 499

Gráfico 7 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do faturamento mensal

dos produtos C. ....................................................................................................................... 499

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Itens da pesquisa com cliente. .............................................................................. 433

Tabela 2 – Respostas das expectativas dos clientes. ................................................................ 44

Tabela 3 – Respostas das percepções dos clientes. ................................................................ 455

Tabela 4 – Gaps entre as respostas. ........................................................................................ 466

Tabela 5 – Gaps entre as dimensões. ...................................................................................... 466

Tabela 6 – Curva ABC. .......................................................................................................... 477

Tabela 7 – Plano de Ação 1. ..................................................................................................... 50

Tabela 8 – Plano de Ação 2. ................................................................................................... 501

Tabela 9 – Plano de Ação 3. ................................................................................................... 501

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LISTAS DE SIGLAS

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PIB – Produto Interno Bruto

IBQP – Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade

GEM – Global Entrepreneurship Monitor

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1.INTRODUÇÃO

1.1.CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não deixam dúvidas

sobre a atual crise que o Brasil está atravessando. O Produto Interno Bruto do Brasil caiu 3,8%

no ano de 2015, o pior resultado em 25 anos. Como consequência dessa forte crise o país

apresenta no primeiro trimestre de 2017 a taxa de 13,2%, conforme IBGE (2017).

No entanto, em períodos de crise podem aparecer oportunidades, e novos

empreendimentos podem surgir. O empreendedorismo pode ser entendido como uma arte de

fazer acontecer a partir da motivação de uma pessoa e a partir de sua criatividade. Consiste

também no prazer de realizar com sinergia e inovação algum projeto pessoal ou organizacional,

desafiando as oportunidades e os riscos, assumindo um comportamento proativo diante de

questões que precisam ser resolvidas (BAGGIO; BAGGIO, 2015)

De fato, o número de novos empreendedores vem crescendo no Brasil. De acordo com

o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) em seu relatório anual (2015), verifica-se

que a taxa total de empreendedorismo para o Brasil foi de 39,3% quando comparado a 2014

que foi de 34,4%. Em vista disso, muitos empreendedores brasileiros estão começando um

negócio pela primeira vez, e a falta de experiência em gestão pode ser um fator decisivo para o

futuro da organização. Aspectos importantes, que podem caracterizar o fracasso e o

comportamento de empreendedores são: a falta de experiência anterior, tanto gerencial como

no ramo de negócios e dedicação parcial do empresário (MACHADO, 2015). Para Lussier e

Pfeifer (2001) a idade pode ser determinante para o fracasso do empreendimento, pois há uma

tendência maior ao insucesso entre jovens, devido a pouca experiência.

Devido a estas dificuldades, muitos gestores buscam maneiras de melhorar seus

negócios. Dentro do leque de possibilidades existem as chamadas ferramentas de qualidade.

Tais ferramentas podem auxiliar os microempresários a entender melhor o seu negócio dando

lhes uma visão mais ampla de como a empresa está em relação ao mercado e aos seus próprios

processos internos. Lins (1993) considera que um dos objetivos básicos da cultura da qualidade

é educar o profissional a confiar menos no feeling e a trabalhar preferencialmente com dados.

Considerando a qualidade como um fator extremamente necessário para a sobrevivência

e evolução de pequenos negócios, este trabalho tem como intuito fazer um diagnóstico

empresarial, e também, salientar a aplicação de ferramentas de qualidade em uma loja de bolos

e tortas situada no Rio de Janeiro.

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1.2. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

A empresa, usada para o estudo de caso, passa por dificuldades em relação à organização

dos produtos que são vendidos. Isso acontece pela falta experiência do gestor, que devido à

falta de conhecimentos técnicos sobre ferramentas de gestão, não consegue introduzir nenhum

modelo sistemático de gestão para auxiliá-lo no planejamento de vendas.

Outro problema enfrentado pela empresa é não saber, sob a ótica de seus clientes, se o

serviço prestado está atendendo às expectativas.

Nesse contexto, o uso de ferramentas de qualidade pode auxiliar neste processo de

avaliação da qualidade em serviços. E também serão aplicadas ferramentas que darão ao gestor

uma visão mais ampla da saída de produtos, dando uma melhor ideia de quais produtos são os

mais importantes, quais produtos dão maior retorno, e quais àqueles que podem ser até mesmo

retirados do portfólio.

1.3.OBJETIVOS DO TRABALHO

1.3.1.Objetivo geral

Este trabalho tem como objetivo geral a realização de um estudo de caso em uma

microempresa, no caso uma empresa de tortas e bolos. Busca aplicar ferramentas de qualidade

que visam melhorar o gerenciamento da empresa, trazendo uma melhoria na base de dados para

o dono do estabelecimento, no que tange a saída de produtos numa escala mensal.

1.3.2.Objetivos específicos

• Analisar se existe e caso exista, quais são os modelos usados para o gerenciamento da

empresa.

• Coletar dados em relação à compra e venda dos produtos.

• Identificar problemas de gerenciamento

• Aplicar ferramentas que visam melhorar os processos de gestão

• Apresentar os resultados obtidos juntamente com uma análise crítica

1.4.QUESTÕES DA PESQUISA

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O presente estudo propõe os seguintes questionamentos:

• Como organizar e analisar o fluxo de vendas da empresa?

• Como mensurar a expectativa e a qualidade realmente percebida pelos clientes?

• Como estruturar propostas de melhoria a partir dos resultados obtidos?

1.5.DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo de caso limita-se apenas a uma pequena empresa localizada na região norte

do Rio de Janeiro. Os dados coletados foram cedidos pelo dono da empresa, podendo não estar

totalmente completos. Todavia, o estudo feito, as informações coletadas, a avaliação técnica

levantada, as ferramentas aplicadas e as análises críticas feitas visam apenas a melhoria da

empresa em questão.

1.6.RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O presente trabalho será de significativa importância para a empresa utilizada no estudo

de caso. A empresa ainda não possui nenhum modelo sistemático de gerenciamento. Isso gera

uma instabilidade muito grande no processo decisório de novas aquisições e produtos. Além

disso, não existe classificação alguma em relação aos produtos vendidos. Uma boa classificação

pode garantir um melhor planejamento de distribuição, garantir uma política de vendas mais

eficaz e até mesmo localizar produtos de baixa rotatividade.

Este trabalho será útil para o dono da empresa, que até o presente momento não

conseguiu introduzir um modelo de gestão mais sistemático e padronizado. A metodologia

aplicada e as análises feitas serão ensinadas ao dono da empresa que após a conclusão do

presente trabalho poderá aplicá-las novamente, garantindo uma melhoria continua no processo

gerencial do estabelecimento.

Outra relevância importante é identificar se o serviço prestado pela empresa está

atendendo as expectativas de seus clientes. Localizando eventuais gaps entre o serviço prestado

e o serviço esperado, melhorias poderão ser propostas, aumentando assim a qualidade total da

empresa.

Por fim, o estudo de caso poderá servir de fonte de consulta para outros estudantes que

buscam informações sobre os temas abordados.

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1.7.ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O capítulo um contempla a introdução do trabalho, onde é feita a contextualização do

problema. São apresentadas as considerações iniciais sobre o tema deste trabalho. No primeiro

capítulo encontra-se a descrição do problema e a definição do objetivo geral e dos objetivos

específicos. Além disso, consta também a delimitação do estudo e sua relevância.

No capítulo dois é desenvolvida a fundamentação teórica, onde é apresentado um

panorama sobre o empreendedorismo no Brasil e no mundo. Esse capítulo também faz uma

abordagem sobre a qualidade e suas definições, além de apresentar as ferramentas da qualidade

e suas finalidades.

O capítulo três faz uma estruturação da metodologia, evidenciando o planejamento

usado para alcançar os objetivos traçados, bem como os procedimentos utilizados para a

obtenção dos dados e as ferramentas utilizadas nas análises feitas.

O capítulo quatro apresenta a coleta de dados, aplicação de ferramentas, análise dos

resultados e propostas de melhoria.

O capítulo cinco apresenta as conclusões do trabalho, as discussões sobre as questões

da pesquisa e sugestões para futuros estudos.

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2.REVISÃO DE LITERATURA

2.1.EMPREENDEDORISMO

O empreendedorismo pode ser definido como qualquer alternativa de criação de um novo

negócio, pode ser uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um

empreendimento que já existe (Global Entrepreneurship Monitor- GEM, 2015). Para Dolabela

(2010) corresponde a um processo de transformar sonhos em realidade e em riqueza.

Outro olhar, agora mais relacionado aos processos, é mencionado por Hernandez (1999)

que relata o processo a partir da identificação da oportunidade de negócio, da venda e compra

de produtos e serviços e na acumulação de recursos. Já Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2006)

consideram que a oportunidade pode ser igualada a qualquer atividade que requeira o

investimento de capital limitado na esperança de um retorno futuro.

Nas últimas décadas ocorreram muitas mudanças no modo de produção capitalista, e

empreender tem sido apontado como uma estratégia para a promoção do crescimento

econômico, alternativa de geração do auto emprego (TOMEI RUSSO; ANTONACCIO, 2008).

Quando o empreendedorismo é relacionado ao crescimento econômico, pode ser

explicado por três razões principais (PORTER, 1990). A primeira é que as organizações

compõem um mecanismo que difunde e espalha conhecimento a todos ao redor quando uma

nova ideia é desenvolvida. A segunda é, quanto maior o número de empresas empreendedoras

maior será a competição interempresarial (PORTER, 1990). E a terceira e última razão é que

organizações que introduzem uma maior variedade no mercado geram um maior

desenvolvimento, uma vez que o mercado possui uma forte predominância de empresas

especialistas em vários nichos de mercado (PALMA, 2008).

Conceitualmente existem duas teorias que abordam o empreendedorismo, a teoria

econômica e a teoria comportamentalista. A teoria econômica diz que a essência do

empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento de novas oportunidades no mundo

dos negócios, a criação de novas utilidades para o uso dos recursos da nação, conseguindo

deslocar recursos de seus antigos empregos e alocar em novas atividades. Já a teoria

comportamentalista, refere-se exatamente ao comportamento humano. Essa teoria busca

explicar os elementos fundamentais para comportamento do empreendedor. A teoria

comportamental não contradiz a econômica, pelo contrário, a complementa. (BAGGIO,

BAGGIO, 2015).

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Dentro do campo comportamental, podem-se observar duas motivações dos

empreendedores: por necessidade e por oportunidade. O empreendedor por necessidade é

aquele que trabalha por conta própria, ou em atividades autônomas. Os empreendedores por

oportunidades são aqueles que buscam criar suas próprias empresas, a partir de uma

oportunidade potencial de mercado (VALE, CORRÊA, Dos REIS, 2014).

O GEM (2015) classifica os empreendedores de duas formas, os iniciais (nascentes ou

novos) e estabelecidos.

• Os empreendedores nascentes estão envolvidos na estruturação de um negócio do qual

são proprietários, mas que ainda não pagou salários, pro-labores ou qualquer outra forma de

remuneração aos proprietários por mais de três meses.

• Já os empreendedores novos administram e são proprietários de um novo negócio que

pagou salários, gerou pro-labores ou qualquer outra forma de remuneração aos proprietários

por mais de três e menos de 42 meses.

• Os empreendedores nascentes e novos são considerados empreendedores iniciais ou

em estágio inicial.

• Os empreendedores estabelecidos administram e são proprietários de um negócio tido

como consolidado, que pagou salários, gerou pro-labores ou qualquer outra forma de

remuneração aos proprietários por mais de 42 meses (3,5 anos).

2.1.1.No Brasil

Mesmo com a crise econômica brasileira, a taxa total de empreendedorismo para o Brasil

foi de 39,3% no ano de 2015, 4,9% maior que a do ano anterior, de acordo com GEM (2015).

O gráfico 1, apresenta a evolução das taxas de empreendedorismo no Brasil.

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De acordo com o GEM (2015), quando as motivações dos empreendedores iniciais são

investigadas separadamente, nota-se o aumento dos empreendedores por necessidade tanto para

os novos quando para os nascentes. Em resumo, o aumento do empreendedorismo no Brasil

entre os anos de 2014 e 2015 foi devido à elevação do número de trabalhadores autônomos.

Estes novos empreendimentos podem ser a única fonte de renda do trabalhador. Ou até mesmo,

uma segunda fonte, visando aumentar a renda familiar. O gráfico 2 apresenta a evolução das

taxas do empreendedorismo por necessidade entre os empreendedores nascentes e novos no

Brasil.

Como visto, o número de novos empreendimentos teve um grande salto nos anos de

2014 para 2015. Porém, iniciar um novo empreendimento exige muito mais do que simples

Gráfico 1 - Evolução das taxas de empreendedorismo segundo estágio do empreendimento –

Brasil – 2010:2015

Gráfico 2 - Evolução da proporção do empreendedorismo por necessidade entre os empreendedores

novos e nascentes – Brasil – 2010:2015

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resolução de um problema em uma posição administrativa. Criar um novo empreendimento

exige muitos esforços por parte do empreendedor. Isto porque um novo negócio só terá

prosperidade, se for bem gerenciado (HISRICH; PETERS, 2004).

2.2.QUALIDADE

A qualidade pode ser compreendida como uma maneira eficaz de produzir com baixos

custos, com um preço justo, atendendo as necessidades dos clientes, fazendo com que a empresa

seja competitiva frente aos seus concorrentes (MEREDITH; SHAFER, 2002).

Segundo Oliveira (2004), a qualidade pode ser intrínseca ou extrínseca. A intrínseca se

separa do conceito subjetivo, à medida que procura comparar qualidade por meio de parâmetros

do próprio produto ou serviço. Dessa maneira, utiliza métricas existentes para comparar a

qualidade de determinado produto ou serviço dentre os demais oferecidos no mercado. Já

qualidade extrínseca, possui maior complexidade na sua definição, pois a qualidade não é

apenas dependente do produto/serviço oferecido, porém sofre interferências do contexto em

que se encontra, do usuário final, de como está a sua interferência com o meio, etc.

Finalmente é importante reforçar que a qualidade é um conceito dinâmico. Ou seja, é

uma concepção que trabalha com elementos que estão sempre mudando no decorrer do tempo

(PALADINI, 2004). O fato é que, de acordo com Gomes (2004) “a qualidade é considerada

universalmente como algo que afeta a vida das organizações e a vida de cada indivíduo de uma

forma positiva”.

2.3.GESTÃO DA QUALIDADE

De acordo com Mears (1993), a Gestão pela Qualidade é um sistema contínuo e que

deve acontecer por toda a vida da organização, voltado para o alcance da satisfação do cliente

através de um processo de melhoria contínua dos produtos e dos serviços. Por via de regra, uma

gestão pela qualidade total, que efetivamente tenha controle pela qualidade, tem como

necessidade a participação de todos os membros da empresa, incluindo gerentes, supervisores,

analistas, executivos e diretores, na busca do objetivo da melhoria continua.

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2.4.MODELO DOS 5 GAPS DA QUALIDADE

Segundo Grönroos (1995), o Modelo de Análise dos Gaps da Qualidade foi elaborado

por Zeithaml, Berry e Parasuraman e sua utilização é atribuída para os estudos das causas dos

problemas da qualidade e para apoiar os gerentes a entender como a qualidade do serviço pode

ser aperfeiçoada.

Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) propuseram que a qualidade percebida pelos

clientes é representada pela diferença entre o serviço que é esperado que a empresa executasse

e aquele que realmente é feito pela empresa. Os autores realizaram diversas entrevistas, com

vários representantes de algumas categorias de diferentes tipos de serviço, com a finalidade de

entender quais eram os fatores principais da qualidade do serviço prestado, entender também

as dificuldades envolvidas na prestação do serviço e compreender as diferenças nas percepções

dos clientes e dos profissionais da empresa. E, também, como essas percepções podem resultar

num modelo único que elucide a qualidade percebida sob a ótica dos consumidores.

Ao analisar as respostas, Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) notaram que muitas se

repetiam, e a partir daí conseguiram criar um modelo que chamaram de modelo dos 5 Gaps de

qualidade.Este sugere um conjunto de lacunas existentes entre as percepções de qualidade dos

executivos e as tarefas de prestação de serviço aos clientes. Os 5 gaps propostos pelo modelo

são:

• gap 1: diferença entre as expectativas do consumidor e a percepção gerencial destas

expectativas.

• gap 2: diferença entre a percepção gerencial das expectativas dos consumidores e a

especificação de qualidade de serviços.

• gap 3: diferença entre as especificações de qualidade dos serviços e os serviços

fornecidos.

• gap 4: diferença entre os serviços fornecidos e o prometido pelas comunicações

externas.

• gap 5: diferença entre o que o consumidor espera do serviço e o que ele percebe sobre

o serviço que realmente obtém.

O modelo é separado em duas partes, a parte superior contém fenômenos relacionados

ao cliente e a parte inferior fenômenos relacionados ao prestador de serviços. O serviço

esperado é em função da experiência passada dos clientes e de suas necessidades. Por outro

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23

lado, o serviço experimentado ou serviço percebido é resultado de uma sucessão de medidas e

práticas internas. O modelo possui cinco desigualdades entre os vários elementos da estrutura,

que são os chamados gaps da qualidade. Esses gaps da qualidade são consequência das

inconsistências no processo da gestão da qualidade. O gap final (gap 5), é obviamente, uma

função de outros gaps que possam ter ocorrido no processo (GRÖNROOS, 1995).

2.5. INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO SERVQUAL

Após o estudo realizado, Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) concluíram que

independentemente do serviço prestado, os critérios de avaliação usados podem ser iguais. Estes

critérios são as dimensões da qualidade e tem influência nas lacunas entre o serviço esperado e

o desempenho do serviço. Tais critérios são: confiabilidade; presteza; competência;

acessibilidade; comunicação; credibilidade; segurança; compreensão e conhecimento do

cliente; tangíveis.

Baseados nas dimensões da qualidade em serviços, estes autores elaboraram um

questionário conhecido como escala SERVQUAL, que ao seu término foi aprimorado e o

questionário final apresenta 22 itens, divididos em 5 dimensões:

Figura 1 - 5 Gaps da qualidade em serviços.

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2.6.FERRAMENTAS DE QUALIDADE

Para a obtenção de um bom controle gerencial e, também, tomar decisões com maior

precisão, é necessário trabalhar com base em fatos e dados. Ou seja, informações geradas no

processo buscando e interpretando corretamente as informações disponíveis como forma de

eliminar o empirismo (MARIANI, 2007). Para tanto, existem técnicas denominadas de

ferramentas da qualidade. Estas têm como finalidade: definir, mensurar, analisar e propor

soluções para os problemas que interferem no bom desempenho dos processos de trabalhos

(CRUZ, 2008). As informações geradas pelas ferramentas de qualidade permitem que os

gestores evitem solucionar problemas por “tentativa e erro”, e consigam analisar as questões de

forma mais sistemática e organizada, podendo assim, projetar soluções mais consistentes

(LINS, 1993).

De acordo com Viera (2012), estas são algumas das ferramentas básicas de qualidade:

• folha de verificação

• estratificação

• histograma

• gráfico de Pareto

• diagrama de causa e efeito

Fonte: Parasuraman, Zeithaml e Berry (1988)

Figura 2 - Dimensões e definições da qualidade em serviços. Figura 2 - Dimensões e definições da qualidade em serviços

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE … Final - Diego... · Figura 1 - 5 Gaps da qualidade em serviços..... 233 Figura 2 - Dimensões e definições da qualidade em serviços

25

• gráfico de Controle

• diagrama de Dispersão

2.6.1.Folha de verificação

As folhas de verificação são tabelas ou “planilhas” que são usadas para facilitar a análise

de dados. Essas tabelas evitam comprometer a análise dos mesmos, permitindo uma imediata

informação da situação (MARQUES, 2012). Elas têm como objetivo padronizar dados,

evitando a duplicidade de informações; facilitar o entendimento de um problema aparente ou

não; organização de dados, deixando-os mais compreensíveis; proporcionar um método eficaz

de abordagem (ANDRADE et al, 2015). A figura 3 apresenta um exemplo de folha de

verificação:

2.6.2.Estratificação

Fonte: Andrade et al. (2015)

Figura 3 - Exemplo de Folha de Verificação

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De acordo com Mariani (2015), a estratificação é uma técnica utilizada para subdividir

ou estratificar o problema ou um conjunto de objetos em partes menores, facilitando sua

investigação e análise para posterior busca de solução, sendo que casos variados possuem

modelos variados. O objetivo é fragmentar ou quebrar em partes o problema segundo suas

origens.

2.6.3.Histograma

O Histograma é um gráfico de colunas utilizado na análise estatística de dados com o

objetivo primário de demonstrar a frequência relativa de uma amostra por intervalo. Na escala

horizontal, são marcados os intervalos de classe, que são a base de cada retângulo ou barra,

enquanto na escala vertical são delimitadas as alturas dos retângulos e barra, representando as

respectivas frequências absolutas das classes (LOPES, 1999).

Gráfico 3 – Exemplo de Gráfico de Estratificação.

Figura 4 - Exemplo de Histograma

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2.6.4.Gráfico de Pareto

O gráfico de Pareto, nada mais é que um histograma feito com dados categorizados em

ordem decrescente, que ajuda a identificação de padrões de ocorrência de um problema, sendo

utilizado para quantificar os fatores mais impactantes e, principalmente, para decidir onde focar

esforços, e também, onde diminuir expectativas (MARQUES, 2012)

Um gráfico de Pareto bem estruturado pode ajudar a dividir um problema em

contribuições relativas de seus componentes. São baseados na descoberta empírica comum de

que uma grande porcentagem dos problemas existe por conta de uma pequena porcentagem de

causas. A finalidade desta ferramenta é identificar as causas mais significativas do problema,

fornecendo dados que auxiliam na realização de ações para eliminar as causas priorizadas

(CHASE; JACOBS; AQUILANO, 2006).

De acordo com Freundt (2010), Pareto afirma que a priorização deve ser feita em cima

das poucas causas que são fundamentais, cerca de 20% correspondente a 80% das

consequências, em detrimento das muitas triviais, cerca de 80% que geram 20% dos problemas.

Fonte: Freundt (2010)

Figura 5 - Exemplo de Gráfico de Pareto.

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28

Na figura 5 nota-se que no eixo horizontal estão representados os objetos, com a

indicação individual e acumulada dos mesmos. Com a linha de tendência da curva nota-se que

os quatro primeiros objetos são responsáveis por quase 80% dos problemas.

2.6.5.Diagrama de Causa e Efeito

O diagrama de causa e efeito também pode ser chamado por diagrama de Ishikawa ou

espinha de peixe, desenvolvido por Kaoru Ishikawa (LINS, 1993).

Esse diagrama mostra relações hipotéticas entre as causas potenciais e o problema sob

estudo. A ideia é levantar as causas potenciais que contribuem para o problema em questão,

facilitando o entendimento sobre a cadeia do problema, contribuindo assim para o

desenvolvimento de medidas corretivas. Trata-se de representação gráfica de relacionamento

entre um efeito (problema ou não conformidade) e sua causa potencial. É bastante utilizado

quando se necessita identificar e explorar as causas possíveis de um problema ou fatores que

afetam um processo; bem como classificá-los por categorias (ARAÚJO, 2006).

No diagrama, o efeito é colocado na posição que analogicamente corresponde à “cabeça

do peixe” e as causas são colocadas nas “espinhas do peixe” principais, secundárias, e assim

por diante. Campos Meira (2003) destaca a tendência da divisão das causas por famílias, mais

conhecidas por 6M`s, devido o fato de que todas as causas são iniciadas pela letra “m”, são elas:

• matérias-primas;

• máquinas;

• medidas;

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• meio ambiente;

• mão-de-obra;

• método.

A figura 6 exemplifica um diagrama de Ishikawa:

2.6.6.Gráfico de Controle

De acordo com Henning et. al. (2014), gráficos de controle são utilizados para

acompanhar o desempenho de um processo a partir da definição de uma faixa de controle

aceitável, sendo muito usado para controles estatísticos. O autor cita que, existem dois tipos de

gráfico de controle: para variáveis e para atributos. Os gráficos de controle para atributos se

referem às características de qualidade que classificam itens em conformes e não conformes,

enquanto que os gráficos de controle para variáveis baseiam-se na medida das características

de qualidade em uma escala contínua.

2.6.7.Diagrama de Dispersão

Figura 6 - - Exemplo de Diagrama de Causa e Efeito.

Figura 7 – Exemplo de Gráfico de Controle

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O Diagrama de Dispersão é um diagrama cartesiano bidimensional em que, observa-se

como duas variáveis quantitativas se correlacionam. Em outras palavras, o gráfico mostra a

tendência de variação conjunta que apresentam (COSTA NETO, 2002).

De acordo com Kume (1993), pode-se construir um gráfico de dispersão com os

seguintes tipos de variáveis:

• uma característica da qualidade e um fator que a afeta;

• duas características da qualidade que se relacionam;

• dois fatores que se relacionam com uma mesma característica da qualidade.

2.7.TÉCNICAS DE APOIO À QUALIDADE

2.7.1.Brainstorming

A tradução direta de Brainstorming seria “tempestade de ideias”. De acordo com Lins

(1993), esta técnica se caracteriza como uma reunião de um ou mais grupos em que se buscam

novas ideias, sobre um determinado assunto ou até mesmo de forma livre, de forma que a livre

expressão dos participantes deve ser assegurada. O Brainstorming tem como objetivo

maximizar o fluxo de ideias, a criatividade e a capacidade analítica do grupo.

Segundo Reyes (2000) a “tempestade de ideias” pode ser feita de duas formas:

• brainstorming estruturado: são feitas rodadas em sequência, onde cada pessoa pode

indicar uma ideia, ou simplesmente pode aguardar para expor sua ideia numa próxima

rodada. Sua vantagem é dar chance de participação para todos;

Figura 8 - Exemplo de Diagrama de Dispersão.

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• brainstorming não estruturado: os membros do grupo podem dar ideias livremente.

Sua vantagem é criar uma atmosfera descontraída e facilitar o desencadeamento de

ideias, mas há o risco de a participação ser monopolizada pelas pessoas mais

desinibidas.

2.7.2.Plano de Ação (5w2h)

O “Plano de Ação” é um método que atua como referência para sustentar as decisões.

Desta forma, permite a realização do acompanhamento, do incremento ou desenvolvimento de

um determinado projeto (OLIVEIRA, 1996).

O método 5w2h representa as iniciais das palavras, em inglês, why (por quê), what (o

que), where (onde), when (quando), who (quem), how (como) e how much (quanto custa). Esta

ferramenta é utilizada para elaborar planos de ação de projetos, padronizar e mapear os

processos, e também, estabelecendo os procedimentos associados a indicadores. (MARSHALL

JUNIOR, 2008)

2.7.3.Matriz GUT

A matriz GUT é derivada das iniciais das palavras Gravidade, Urgência e Tendência.

Segundo Helman (2008) trata-se de uma ferramenta de qualidade originalmente desenvolvida

para se estabelecer a prioridade no tratamento de problemas.

De acordo com Behr, Moro e Estabel (2008) a matriz GUT é uma alternativa para

priorizar uma ação, mas que não depende unicamente de uma só pessoa. Desta maneira, torna-

se ainda mais válida esta abordagem quando realizada em grupo. A matriz consiste em analisar

a gravidade, a urgência e a tendência dos problemas, sendo:

Figura 9 – Plano de Ação 5w2h.

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• Gravidade: o impacto do problema nas operações e pessoas envolvidas no processo;

• Urgência: o impacto do problema nas operações e pessoas envolvidas no processo;

• Tendência: apresentação da melhora ou piora do problema.

O método inicia-se ponderando entre 1 a 5 cada um dos critérios. Os significados das

ponderações podem variar para cada caso. A figura 10 exemplifica um modelo de ponderação.

Após essa ponderação, somam-se na horizontal os valores de cada problema e pelo total

eles se hierarquizam. A figura 11 exemplifica uma matriz GUT.

2.7.4.Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act)

O ciclo PDCA é uma ferramenta para análise e melhoria de processos aplicada em

processos de produção e de serviços. Utiliza-se esta ferramenta para definir, planejar ou

implantar um processo. O ciclo é divido em quatro fases, cada fase é indicada pelas letras no

nome do ciclo que são derivadas dos verbos em inglês Plan (Planejar), Do (Executar), Check

(Verificar) e Act (Agir) (BEHR; MORO; ESTABEL, 2008).

Figura 10 – Exemplo de ponderação para Matriz GUT.

Figura 11 – Exemplo de Matriz GUT.

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33

De acordo com Da Rocha (2007), “o PDCA é um método que visa controlar e conseguir

resultados eficazes nas atividades de uma empresa, podendo ser usado de forma contínua para

o gerenciamento das atividades de uma organização.”

O ciclo PDCA também é um método gerencial usado para tomadas de decisões, que visa

garantir o alcance das metas da organização. O ciclo utilizado apenas para manter as metas já

alcançadas também é chamado de SDCA, sendo o S derivado do verbo em inglês Standard, que

significa padronizar (CAMPOS, 1990).

As quatro etapas do PDCA são:

• Plan (Planejar): a primeira etapa do ciclo, segundo Ahuja, Dozzi e Abourizk (1994),

“é estipular objetivos e, então, determinar programas e procedimentos para o

alcance desses objetivos. ”.

• Do (Executar): a segunda etapa do ciclo consiste em executar o plano de ação

proposto na etapa do planejamento. Uma vez que o plano tenha sido divulgado e todos

os envolvidos estejam cientes de suas tarefas, o plano de ação pode ser colocado em

prática (CAMPOS, 2001).

• Check (Verificar): a terceira etapa do ciclo é definida como a fase de verificação das

ações executadas na segunda fase. Nela é feita uma verificação dos resultados obtidos

na execução do plano de ação, dessa forma, todas as ações tomadas deverão ser

monitoradas e formalizadas adequadamente na segunda fase (ANDRADE, 2003)

• Act (Agir): a quarta etapa caracteriza-se pela padronização das ações executadas,

isso quando as ações executadas anteriormente tiveram sua eficácia verificada

(ANDRADE, 2003).

Figura 12 – Exemplo de Ciclo PDCA.

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34

2.7.5.Project Model Canvas

O Project Model Canvas é uma metodologia de gerenciamento de projetos e gestão de

portfólio que tem o objetivo de fornecer uma ferramenta prática que organize as ideias,

deixando claros os objetivos, fases e torna todos os processos mais compreensíveis mesmo para

aqueles que não são tão familiarizados com o meio estratégico empresarial (MALACHIAS,

2013).

O Project Model Canvas possui uma estruturação simples, onde a ideia central é

minimizar os processos extensos, burocráticos e pouco visuais que normalmente são

empregados, e nem sempre de resultados positivos. A ferramenta utiliza poucos recursos

tecnológicos, somente uma folha de papel grande e bloquinhos de post-it, pelos quais os

stakeholders internos e externos participam presencialmente da construção do fluxo de

concepção dos projetos de forma lúdica, mas baseada nos elementos clássicos de gerenciamento

de projetos (Dos SANTOS; WERNECK, 2008).

A figura 13 exemplifica um modelo de Canvas. O quadro da esquerda é um quadro

estratégico, enquanto o quadro da direta são os questionamentos que devem ser levados em

consideração para elaborar o quadro estratégico.

Figura 13 – Exemplo de Project Model Canvas.

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2.7.6.Curva ABC

O método da curva ABC, idealizado por Pareto, teve origem a partir de estudos

estatísticos sobre a renda de pessoas de diversos países. Pareto observou que uma parte da

população, em torno de 20%, concentrava a maior parte da riqueza, cerca de 80%. Além disso,

foi percebida uma regularidade na distribuição da renda nesses países, a qual não dependia das

características específicas dessas nações. Esse fato propiciou o estabelecimento de um princípio

segundo o qual o maior percentual da renda de um país, em torno de 80%, concentrava-se nas

mãos de uma pequena parte da população, cerca de 20% (VIANA, 2010).

Com uma adaptação baseada na teoria de Pareto, a companhia General Electric utilizou

o método na administração de seus materiais, denominando-o de curva ABC. Esta representa

um instrumento que permite identificar itens que justificam atenção e tratamento adequados em

seu gerenciamento (VAGO et.al, 2013). De acordo com Dias (2010), “a curva ABC tem sido

usada para a administração de estoques, para a definição de políticas, estabelecimento de

prioridades para a programação da produção e uma série de outros problemas usuais na

empresa”.

De acordo com Viana (2010), após identificar-se a importância relativa dos materiais,

as classes da curva ABC podem ser classificadas em: (a) classe A – representa 20% dos itens,

que são os itens de maior relevância, que geram maior faturamento para as empresas; (b) classe

B – compreende 50% dos itens, sendo eles considerados itens intermediários; e (c) classe C –

composta pelos 30% restantes que são itens de menor relevância.

A análise ABC é uma das formas mais usuais de examinar estoques. Essa análise

consiste na verificação, em certo espaço de tempo (normalmente 6 meses ou 1 ano), do

consumo, em valor monetário ou quantidade, dos itens de estoque, para que eles possam ser

classificados em ordem decrescente de importância (MARTINS; CAMPOS, 2009).

Apesar de o método possuir uma configuração clássica, reconheça-se que tais

percentuais de classificação podem variar de empresa para empresa. É importante observar que

o princípio ABC no qual uma pequena percentagem de itens é responsável por uma grande

percentagem do valor de demanda (PEREIRA, 1999). Para Pinheiro (2005), a partir da

utilização da classificação ABC, os gestores podem visualizar itens que requerem tratamento

adequado, tanto em relação a sua quantidade quanto em relação a sua representatividade finan-

ceira, otimizando a classificação dos itens.

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Figura 14 – Exemplo de Curva ABC.

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3.METODOLOGIA APLICADA

3.1.CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

De acordo com Silva e Menezes (2005), existem algumas maneiras de classificar uma

pesquisa, dependendo dos pontos de vista da natureza da pesquisa, da abordagem do problema

a ser estudado, dos objetivos e dos procedimentos técnicos.

Quanto a sua natureza, de acordo com Silveira e Córdova (2009), a pesquisa pode ser

classificada como básica e aplicada. A pesquisa básica possui como propósito gerar um novo

conhecimento para a sociedade. Isto é, proporcionar um avanço para a ciência. Já a pesquisa

aplicada possui a finalidade de resolver problemas específicos aplicando de forma prática

conceitos teóricos. Desta forma, este trabalho pode ser classificado, quanto a sua natureza,

como uma pesquisa aplicada, pois se utilizam conceitos que já existem para solucionar

problemas em uma microempresa.

De acordo com Silva e Menezes (2005), a forma de abordagem do problema pode ser

qualitativa ou quantitativa. A primeira possui a característica de traduzir os conhecimentos em

números para analisá-los de forma estatística. Já a abordagem qualitativa, se caracteriza,

principalmente, pela não utilização de análises estatísticas para interpretação de dados,

utilizando-se, portanto métodos, teórico-empírico. Este trabalho utilizou-se das duas

abordagens apresentadas, uma qualitativa e uma quantitativa, abordando assim, dois diferentes

pontos de vista.

Quanto ao objetivo, este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa exploratória.

Pois, segundo Kauark, Manhães e Medeiros (2010), uma pesquisa exploratória tem como

característica gerar maior familiaridade com o tema, englobando levantamento bibliográfico.

Segundo Silva e Menezes (2005), os procedimentos técnicos se dão através de pesquisas

bibliográficas, documental, experimental, levantamento, estudo de caso, pesquisa pós-facto,

pesquisa-ação, e por fim, a participativa. De acordo com as classificações abordadas por Silva

e Menezes (2005), o presente trabalho pode ser classificado, em relação aos procedimentos

técnicos, como uma pesquisa bibliográfica, pois se utilizaram materiais já publicados, e como

um estudo de caso, pois envolve um estudo amplo de poucos objetos, de maneira que permite

um aprofundamento detalhado do conhecimento.

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3.2.MÉTODOS DA PESQUISA

Como especificado na introdução deste estudo, o objetivo do deste trabalho consiste em

organizar e analisar o fluxo de vendas da empresa, mensurar e analisar a qualidade em serviço

esperada e percebida pelos clientes da empresa e por fim, propor melhorias baseadas nas

análises apresentadas. Dessa forma, três objetivos foram propostos subdivididos três questões

da pesquisa.

Para a primeira questão, que é: como organizar e analisar o fluxo de vendas da empresa?

o método utilizado foi a da curva ABC, sendo que a partir da coleta de dados, foi possível

organizar um consolidado de informações sobre o fluxo de vendas da empresa.

Para a segunda questão, como mensurar a expectativa e a qualidade realmente percebida

pelos clientes? utilizou-se o método SERVQUAL, com a escala proposta por Likert (1992).

Foi elaborado um questionário com vinte questões, adaptado do questionário original de

Parasuraman, Zeithaml e Berry (1988) com vinte e duas questões. A pesquisa foi elaborada

através de uma ferramenta chamada google form e enviada aos clientes via e-mail.

Para a última questão, como estruturar propostas de melhoria a partir dos resultados

obtidos? a ferramenta de qualidade 5w2h foi utilizada.

3.3.ANÁLISE E TRATAMENTO DOS DADOS

Todos os dados coletados foram devidamente analisados para que não ocorressem

inconsistências. Para a realização da curva ABC, dados de seis meses das vendas dos bolos e

tortas foram coletados. Após a coleta dos dados, era analisado se a venda de todos os itens tinha

sido computada e logo depois, verificava-se a existência de erros de digitação por parte dos

donos, o que poderia causar uma discrepância numérica entre um produto e outro.

Para a realização da pesquisa qualitativa, foi utilizado o método SERVQUAL. Como a

pesquisa foi feita via e-mail, apenas as respostas completas eram consideradas. Após o

recebimento das respostas, era analisado se todas as respostas foram devidamente preenchidas

de acordo com a escala pedida. Caso alguma questão não estivesse preenchida ou com a escala

errada, a pesquisa era reenviada ao cliente, com orientações de como responder corretamente.

3.4.PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

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A pesquisa bibliográfica engloba diversos materiais que foram, pesquisados, estudados,

e selecionados para servir de embasamento à fundamentação teórica do estudo. Segundo Gil

(1999), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material que já fora publicado, sendo

principalmente constituído de artigos de periódicos, livros e materiais encontrados na internet.

Com a finalidade de aumentar o conhecimento teórico em relação ao assunto tratado e

adquirir uma compreensão maior do tema do projeto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica

através de consultas em artigos acadêmicos nacionais e internacionais, livros, revistas, teses e

dissertações sobre o tema e sites de internet especializados. Os assuntos explorados foram:

• empreendedorismo

• qualidade

• ferramentas de qualidade

.

3.5.ESTUDO DE CASO

Após a pesquisa bibliográfica, que serviu de embasamento teórico e insumos para a

realização deste projeto, iniciou-se a fase de estudo de caso, isto é, a fase onde as ferramentas

selecionadas iriam ser colocadas em prática em uma situação real, gerando resultados que

posteriormente seriam analisados. De acordo com Voss, Tsikriktsis e Frohlich (2002), o estudo

de caso é considerado um dos métodos de pesquisa mais eficazes a serem utilizados em um

ambiente industrial, superando outros métodos.

Um excelente benefício em utilizar o método de estudo de caso é a possibilidade de

aumentar o entendimento do que acontece em empresas reais. Como cada caso é único, novas

descobertas são estimuladas e com isso, novos conceitos no âmbito da Engenharia de Produção

podem ser desenvolvidos (SOUZA, 2005).

Em contrapartida, não se pode generalizar os resultados obtidos quando realizado um

estudo de caso, isto porque uma grande limitação deste método é o que o caso escolhido para a

análise pode ser muito diferente de outros casos, tornando os resultados alcançados inválidos.

(YIN, 2001).

De acordo com Gil (1995), um estudo de caso pode ser mapeado em 4 (quatro) fases:

• Delimitação da unidade-caso;

• Coleta de dados;

• Seleção, análise e interpretação dos dados;

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• Elaboração do relatório.

No caso da escolha da unidade-caso, trata-se de uma microempresa do ramo alimentício,

onde a especialidade é a produção de bolos e tortas, e também alguns alimentos secundários

podem ser comprados como salgados e bebida não alcoólica.

Para Martins e Lintz (2000), para obter informações mais detalhadas, algumas técnicas

de coletadas de dados podem ser utilizadas, são elas, questionários, entrevistas (estruturadas,

semiestruturadas ou não estruturadas), observação (participante ou direta), análise documental.

Após análise das possibilidades de coletas de dados, escolheu-se a análise documental,

onde todos os documentos foram fornecidos diretamente pelo dono da empresa.

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4.COLETA DE DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo possui como objetivo apresentar a empresa usada para o estudo de caso,

além de descrever a aplicação do instrumento SERVQUAL, assim feito para mensurar os gaps

do serviço esperado e do serviço prestado. E também, uma segunda coleta de dados foi feita,

esta com um teor mais quantitativo, mostrando um consolidado de 6 meses de vendas dos

produtos oferecidos pela empresa. E a partir dos dados obtidos pela pesquisa, as análises

necessárias foram realizadas e com a ajuda das ferramentas de qualidade citadas, melhorias

foram propostas.

4.2.A MICROEMPRESA

O presente trabalho tem como estudo de caso uma empresa familiar e apesar da

proximidade do autor com o dono da empresa, decidiu-se preservar o nome da empresa, assim

como não expor informações sigilosas. Dessa forma, a empresa será chamada de empresa X.

Fundada em 2009, a loja está localizada no bairro de Guadalupe, na cidade do Rio de

Janeiro. A princípio a loja era muito pequena, não possuía cadeiras e contava apenas com um

pequeno expositor com produtos variados.

Após 3 anos, e um reconhecimento já consolidado na praça, os donos mudaram para

uma loja maior, exatamente do outro lado da rua. A nova loja era maior, e mais preparada para

receber o público.

A empresa X tinha como principal característica, vender produtos caseiros, uma vez que

todos os bolos e tortas eram feitos pelos donos da loja, e apenas os salgados eram comprados

de outro fornecedor. A loja possuía 3 funcionários, sendo todos da mesma família, que se

revezavam em 2 turnos. Sua clientela, em grande maioria, é formada por moradores do próprio

bairro e dos bairros próximos.

Os três funcionários nunca tiveram qualquer tipo de treinamento. A proprietária da

empresa não utiliza nenhum tipo de ferramenta de qualidade para coleta de dados, ou histórico

de vendas. O controle é feito de forma simples, e apenas se tem uma noção de quanto a empresa

fatura. Não há uma informação exata de faturamento. As despesas são pagas e os lucros são

contabilizados mês a mês, mas sem nenhum armazenamento de dados.

A loja tem em seu cardápio 13 tipos de tortas e bolos. Nenhuma mudança foi feita no

cardápio ao decorrer dos meses em que a empresa foi estudada. E toda comunicação, seja para

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elogios ou reclamações, pode ser feita de forma direta, pelo seu telefone ou pela sua página no

Facebook.

Seus maiores concorrentes estão localizados em dois shoppings próximos, em

Guadalupe. Um desses concorrentes é uma grande franquia já renomada no mercado, que vende

produtos de forma mais industrial. Porém possui um público alvo diferente do público que

compra bolos e tortas na empresa X. O outro concorrente é de menor porte, e possui uma

proposta de venda semelhante à da empresa X, esse sim disputando os clientes que a empresa

X tenta captar. Percebe-se assim uma necessidade de melhorar seus negócios para obter novos

clientes. Para isso é necessário ouvir a opinião da atual clientela.

É neste sentido que surgiu a oportunidade de realizar este trabalho, que ao mesmo tempo

irá ajudar uma empresa sem qualquer tipo de ferramenta de controle a aumentar a qualidade do

serviço prestado e aumentar também a qualidade interna de seus processos.

4.3.O MÉTODO: SERVQUAL

Para mensurar qualidade em serviços foi utilizado o instrumento SERVQUAL

(PARASURAMAN; ZEITHAML; BERRY, 1985). O questionário tradicional foi adaptado

para o presente estudo, de forma a facilitar as repostas dos entrevistados. A escala Likert

(LIMA, 2000) tradicionalmente de 7 respostas foi reduzida para 5, sendo as respostas possíveis:

(1) Discordo Totalmente, (2) Discordo Parcialmente, (3) Neutro, (4) Concordo Parcialmente e

(5) Concordo Totalmente. O número de questionamentos também foi reduzido, de 22 questões

para 20. A tabela 1 mostra os itens levantados aos entrevistados.

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43

4.4.APLICAÇÃO DA PESQUISA

Para identificar os níveis de qualidade percebida na microempresa em estudo, foi

enviada uma pesquisa para 34 clientes que frequentam ou já frequentaram a loja e já tiveram a

experiência total oferecida pela empresa. Porém, foram obtidas 24 respostas completas, com

uma aderência na pesquisa de 70%. A pesquisa foi enviada diretamente para os e-mails dos

clientes, detalhando exatamente do que se tratava e a importância de as respostas estarem

completas. No corpo do e-mail o cliente era orientado a fazer a pesquisa seguindo as seguintes

instruções: os clientes iriam responder o questionário duas vezes. Primeiramente, os clientes

deveriam responder as perguntas analisando apenas suas preferências em relação a qualquer

loja que disponha do mesmo serviço prestado pela empresa X, isto é, as expectativas dos

clientes em relação ao serviço prestado por uma loja de bolos e tortas. Logo depois, os clientes

deveriam preencher o questionário avaliando diretamente a sua experiência na empresa X.

Tabela 1 – Itens da pesquisa com cliente.

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A tabela 2 apresenta as respostas referentes às expectativas dos clientes e a tabela 3 as

respostas referentes às percepções dos clientes.

Tabela 2 – Respostas das expectativas dos clientes.

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4.5.RESULTADOS OBTIDOS

Após uma consolidação dos dados obtidos, foram calculados os gaps por questão. O cálculo

foi feito fazendo a diferença entre a percepção e a expectativa dos clientes, sendo que os

números negativos indicam que o serviço da empresa X está abaixo do que o cliente considera

ideal. A tabela 4 indica os gaps entre as respostas.

Tabela 3 – Respostas das percepções dos clientes.

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46

.

Em seguida, foi feita também a análise dos gaps por dimensão. Para tal, calculou-se a

moda das respostas de cada dimensão. Sendo os gaps a diferença entre a percepção e a

expectativa dos clientes. A tabela 5 exibe os resultados.

O gráfico 4 ilustra os gaps por dimensão:

Tabela 4 – Gaps entre as respostas.

Tabela 5 – Gaps entre as dimensões.

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47

4.6.Curva ABC

Para mensurar, os principais produtos vendidos pela empresa, isto é, tortas e bolos, foi

realizado um acompanhamento mensal durante 6 meses. A cada mês acompanhou-se o giro dos

produtos vendidos. E ao final do período estudado, um consolidado foi construído, utilizando a

ferramenta da Curva ABC, como pode ser visto na Tabela 6.

Gráfico 4 – Gráfico radar dos gaps entre as dimensões.

Tabela 6 – Curva ABC.

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48

4.7.ANÁLISE DA CURVA ABC

Observando os resultados da Curva ABC foi possível obter os seguintes dados:

➢ 8 produtos representam 80% do faturamento dos bolos e tortas, o que corresponde a R$

28.665,00 do faturamento no semestre. Sendo estes produtos considerados os mais importantes

do portfólio da empresa, classificados como A.

➢ 3 produtos considerados do tipo B representam 15% do faturamento, ou R$ 5.375,00 no

semestre.

➢ 2 produtos ficaram na classificação C, correspondendo a apenas 5% do faturamento

semestral, ou apenas R$ 1.660,00.

Os gráficos seguintes indicam, na perspectiva de cada classificação, uma média mensal,

de quantos produtos foram vendidos e a média mensal de faturamento por produto.

Gráfico 5 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do faturamento mensal dos produtos

A.

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Do gráfico 5, observa-se que o produto mais vendido e com maior ticket médio é o pavê

de chocolate, seguido pelo bolo crocante e pelo pudim. Esses três produtos possuem em média

uma saída de 52 unidades/mês. E correspondem a um faturamento mensal de R$ 2.153,00.

Do gráfico 6, retira-se a informação dos produtos de classificação B, aqueles que

correspondem a 15% do faturamento. Com uma média de 16 produtos vendidos no mês, e

faturamento de R$ 895,83.

Gráfico 6 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do

faturamento mensal dos produtos B.

Gráfico 7 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do faturamento mensal dos

produtos B.

Gráfico 6 – Gráfico da média mensal dos produtos vendidos e média do faturamento mensal dos

produtos C.

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Por fim, o gráfico 7, o gráfico dos produtos C. Esses produtos possuem giro lento, e

saída média de 4 produtos para a Torta Russa e apenas 1 para o bolo Superball. Totalizando um

faturamento de R$ 276,67.

4.7.PROPOSTA DE MELHORIA

Após interpretar as análises anteriores, foram criados três planos de ação. Dois deles

visam melhorar o maior gap apresentado entre a expectativa do cliente e a percepção do cliente,

após a utilização do método SERVQUAL. E o terceiro plano de ação foi feito a partir da análise

quantitativa, onde foi feita uma análise de curva ABC para os principais produtos da empresa.

Os planos de ação 1, 2 e 3, representados nas tabelas 7, 8 e 9 foram elaborados através

da Técnica do 5W2H.

Tabela 7 – Plano de Ação 1.

Tabela 8 – Plano de Ação 2.

Tabela 9 – Plano de Ação 3.

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5.CONCLUSÃO

5.1.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mesmo com o cenário de crise na economia brasileira, muitos indivíduos conseguem

criar novos negócios. Porém, a forte competitividade dos concorrentes somados às necessidades

únicas de cada consumidor faz com que a qualidade dos serviços prestados seja um diferencial

para as pequenas empresas. E quanto mais essas pequenas empresas conseguem melhorar a sua

administração, mais chances de crescer no mercado elas possuem.

Seguindo essa linha, este trabalho é importante, pois busca identificar possíveis falhas

em uma pequena empresa, pois através da utilização de ferramentas de qualidade, levantaram-

se detalhes sobre o faturamento, unidades de produtos vendidos, e também foi revelado, sob

uma ótica dos clientes como estava a percepção dos serviços prestados pela empresa.

O presente estudo de caso foi feito a partir de duas pesquisas principais. Uma delas foi

a adaptação do método SERVQUAL, utilizado para mensurar possíveis gaps de qualidade,

entre o serviço esperado pelos clientes para uma empresa do ramo e a real opinião sobre o

serviço prestado pela empresa estudada.

A segunda pesquisa foi feita com base nas vendas dos produtos principais da empresa,

mostrando um consolidado de um período de seis meses. Uma Curva ABC pode ser construída

de maneira a classificar em ordem decrescente de faturamento os produtos oferecidos pela

empresa, revelando a importância de cada produto no portfólio da empresa.

Após a realização das pesquisas, foram feitas análises mais detalhadas. Da pesquisa

usando o método SERVQUAL, obteve-se que a dimensão dos tangíveis possuía o maior gap

entre a qualidade de serviço esperada pelos clientes e a qualidade do serviço prestado. Já a

segunda pesquisa revelou quais os produtos que traziam mais faturamento para a empresa, num

período de seis meses.

Com as análises feitas, puderam ser elaborados planos de ação em cima dos problemas

apresentados. E poderão ser colocados em prática caso os donos achem necessários. Porém, tão

importante quanto o próprio trabalho, é a proximidade dos donos da empresa com ferramentas

de qualidade, que como mostrado, ajudam a gerenciar, de uma forma mais enxuta, uma

microempresa.

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5.2.DISCUSSÕES SOBRE AS QUESTÕES DA PESQUISA

O presente trabalho tinha como ponto de partida o estudo de uma pequena empresa. E

com a ajuda de ferramentas de qualidade foi possível identificar possíveis pontos de

desenvolvimento para o negocio. Dessa forma pode-se observar que os principais pontos do

estudo foram:

• Estudar de forma detalhada as características de uma microempresa

• Identificar e analisar o nível de percepção de qualidade na visão dos clientes dessa

microempresa

• Analisar o fluxo de vendas semestral da empresa

• Identificar possíveis pontos a serem desenvolvidos ou melhorados

Olhando os objetivos acima citados, algumas questões foram levantadas, tais como:

▪ Como mensurar o nível de qualidade de uma empresa, olhando por uma perspectiva do

cliente?

Para melhor discernimento, foi utilizado o método SERVQUAL. Ele garantiu por meio

de uma pesquisa direta, saber as opiniões reais de como os clientes acham que deve ser o serviço

prestado por uma empresa do ramo de bolos e tortas e a opinião dos clientes sobre o serviço

prestado pela empresa estudada.

▪ Como organizar o fluxo de vendas da empresa de forma analisável ?

Apenas observar o faturamento mensal total da empresa não ajudaria a olhar a situação

de forma crítica. Para isso foi usado a ferramenta da Curva ABC. Com essa ferramenta foi

possível organizar o fluxo de vendas de forma mais clara. Foi possível observar quais os

produtos mais vendidos, o quanto tais produtos trazem de faturamento. Foi possível também

ranquear os produtos a níveis de faturamento, deixando mais claros quais são os produtos mais

importantes para a empresa.

5.3.SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

• Observar cases de sucesso de pequenas empresas do ramo alimentício

• Pesquisar ferramentas de qualidade mais atuais que possam levantar ainda mais

oportunidades de melhoramento

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