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Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012 1 ESTUDO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM RELAÇÃO À FUNÇÃO SOCIAL DA ESCRITA Bianca de Cássia Claudino Rosandra Schlickmann Sachetti Hubbe 1 RESUMO: Escrever é um ato significativo e essencial na sociedade atual. Para que seu aprendizado seja efetivo faz-se necessário o uso da escrita com função social, ou seja, fazer uso no contexto real dos diferentes gêneros textuais presentes na sociedade. O presente artigo vem expor reflexões acerca da Pesquisa do Artigo 170- 2011(UNISUL) e tem como objetivo geral analisar se as atividades de produção textual desenvolvidas com as crianças dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola municipal de Tubarão (SC), proporcionam-lhes fazer uso das práticas sociais de escrita. Além do estudo da Proposta Curricular de Santa Catarina e Parâmetros Curriculares Nacionais, foram utilizados como referenciais teóricos Cagliari, Soares, Sargentim, entre outros. Ao final, podemos concluir que as crianças têm um interesse maior e tornam-se mais participativas quando a atividade de escrita desenvolvida tem uma abrangência além da sala de aula ou do seu caderno, tornando o aprendizado mais significativo, pois quem escreve, escreve para ser lido. PALAVRAS-CHAVE: letramento; produção textual; prática pedagógica. Introdução Uma das manifestações da linguagem é a língua escrita. Ao escrever, o homem imortaliza seu pensar e o seu sentir. Escrever, é, nesse sentido, um ato de imortalidade, dado que o homem é hoje o que foi ontem e será amanhã o que é hoje. Para construir o seu conhecimento da escrita, é necessária a compreensão da sua própria existência, já que a escrita também tem por função registrar fatos criados e vividos por ele. Dessa forma, escrever é um ato significativo. E para realizar tal ato, não basta ser alfabetizado, isto é, codificar em língua escrita (escrever) e decodificar a língua escrita (ler). É necessário ser letrado, ou seja, fazer uso das práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade. No entanto, percebe-se que a produção textual na escola foge ao sentido de uso da língua. A importância científica da pesquisa justifica-se pela necessidade de avaliar o trabalho que vem sendo desenvolvido nas escolas em relação à leitura e à escrita, pois ambas as atividades devem capacitar o indivíduo para interagir mais seguramente com o mundo que o rodeia. Sendo assim, apresenta-se como objetivo geral analisar se as atividades de produção textual desenvolvidas com as crianças dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola municipal de Tubarão (SC) proporcionam-lhes fazer uso das práticas sociais de escrita e como objetivos específicos: observar como são desenvolvidas as propostas de atividade visando a escrita; conhecer os gêneros textuais que são utilizados em sala de aula e propor aos alunos atividades de escrita que favoreçam a função social da língua. A pesquisa pretende contribuir para a formação dos professores fazendo com que os mesmos reflitam sobre sua prática pedagógica. Fundamentação teórica 2.1- O ato da leitura 1 Orientadora da pesquisa.

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Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão

Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012

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ESTUDO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM RELAÇÃO À FUNÇÃO SOCIAL DA ESCRITA

Bianca de Cássia Claudino

Rosandra Schlickmann Sachetti Hubbe1 RESUMO: Escrever é um ato significativo e essencial na sociedade atual. Para que seu aprendizado seja efetivo

faz-se necessário o uso da escrita com função social, ou seja, fazer uso no contexto real dos diferentes gêneros

textuais presentes na sociedade. O presente artigo vem expor reflexões acerca da Pesquisa do Artigo 170-

2011(UNISUL) e tem como objetivo geral analisar se as atividades de produção textual desenvolvidas com as

crianças dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola municipal de Tubarão (SC), proporcionam-lhes

fazer uso das práticas sociais de escrita. Além do estudo da Proposta Curricular de Santa Catarina e

Parâmetros Curriculares Nacionais, foram utilizados como referenciais teóricos Cagliari, Soares, Sargentim,

entre outros. Ao final, podemos concluir que as crianças têm um interesse maior e tornam-se mais participativas

quando a atividade de escrita desenvolvida tem uma abrangência além da sala de aula ou do seu caderno,

tornando o aprendizado mais significativo, pois quem escreve, escreve para ser lido.

PALAVRAS-CHAVE: letramento; produção textual; prática pedagógica.

Introdução

Uma das manifestações da linguagem é a língua escrita. Ao escrever, o homem

imortaliza seu pensar e o seu sentir. Escrever, é, nesse sentido, um ato de imortalidade, dado que o homem é hoje o que foi ontem e será amanhã o que é hoje. Para construir o seu conhecimento da escrita, é necessária a compreensão da sua própria existência, já que a escrita também tem por função registrar fatos criados e vividos por ele. Dessa forma, escrever é um ato significativo. E para realizar tal ato, não basta ser alfabetizado, isto é, codificar em língua escrita (escrever) e decodificar a língua escrita (ler). É necessário ser letrado, ou seja, fazer uso das práticas sociais de leitura e escrita que circulam na sociedade. No entanto, percebe-se que a produção textual na escola foge ao sentido de uso da língua. A importância científica da pesquisa justifica-se pela necessidade de avaliar o trabalho que vem sendo desenvolvido nas escolas em relação à leitura e à escrita, pois ambas as atividades devem capacitar o indivíduo para interagir mais seguramente com o mundo que o rodeia. Sendo assim, apresenta-se como objetivo geral analisar se as atividades de produção textual desenvolvidas com as crianças dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola municipal de Tubarão (SC) proporcionam-lhes fazer uso das práticas sociais de escrita e como objetivos específicos: observar como são desenvolvidas as propostas de atividade visando a escrita; conhecer os gêneros textuais que são utilizados em sala de aula e propor aos alunos atividades de escrita que favoreçam a função social da língua. A pesquisa pretende contribuir para a formação dos professores fazendo com que os mesmos reflitam sobre sua prática pedagógica.

Fundamentação teórica 2.1- O ato da leitura

1 Orientadora da pesquisa.

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A leitura de acordo com Cagliari (1999 p.150) “É uma atividade profundamente individual e duas pessoas dificilmente fazem as mesmas leituras de um texto.” Ao contrário da escrita, que expõe o pensamento, a leitura é uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização e reflexão.

“A leitura é uma atividade social cuja funcionalidade se evidência e se propaga cada vez mais, contraditoriamente uma grande parcela da população não aprende seu funcionamento porque a escola como um lugar de ensino acaba sendo extremamente seletiva.”(SMOLKA,2003,P.15)

Dessa forma, percebemos o papel importante que ocupa a escola nesse processo. E, além de ser seletiva, muitas vezes, a escola propõe práticas que afastam seus alunos. Muitas vezes, por uma postura inadequada do professor, os alunos acabam perdendo o gosto pela leitura, pois, há uma cobrança muito grande para que eles leiam textos e livros fora de suas realidades, tornando assim o processo de leitura em um ato mecânico.

A escola poderia propiciar momentos de leitura pelo simples prazer de ler, algo do interesse dos alunos, sem nada a cobrar, nenhum resumo ou ficha de leitura. O ato de ler remete a aumentar o conhecimento para poder fazer reflexões sobre determinado assunto.

As crianças aprendem facilmente sobre língua falada quando estão envolvidos no seu uso, quando a língua tem possibilidade de fazer sentido a elas. E do mesmo modo as crianças procurarão entender como ler sendo envolvidas no uso da leitura, em situações em que a língua escrita possa fazer sentido a elas. (SMITH,1978, p.180) Na escola, deve prevalecer o diálogo e a interação, sempre tendo como prioridade a função social.

As crianças devem sentir na leitura um desafio a ser superado que lhes dê autonomia e independência perante a sociedade. Dessa forma, a mediação do educador se torna fundamental neste processo.

O texto é a base para uma aprendizagem significativa, mas uma das grandes inquietações dos professores é como selecionar e utilizá-los. Kufmam e Rodrigues (1995) afirmam que na escolha de critérios para a seleção são postos em jogo as concepções que cada professor tem sobre aprendizagem, o processo de leitura e as funções do texto. Sendo assim um dos critérios mais significativos é a característica cultural de sua turma no momento de selecionar textos para trabalhar em sala.

Há dois grupos de textos presentes na sala de aula : os textos extra escolares , que são de circulação social escolhidos pelos professores e adaptados para a prática pedagógica ( receitas, notícias de revistas e jornais...). E os textos escolares presentes em manuais didáticos, cartilhas livros didáticos, que muitas vezes vem a cumprir com programas curriculares e políticas educacionais vigentes. Sendo assim Kaufman afirma que “È preciso estar atento (...) para os conteúdos culturais que os textos escolares incorporam á transferência educativa. Todos os materiais de leitura e linguagem transmitem modelos de vida através dos quais o individuo aprende a desenvolver-se na sociedade e adotar suas crenças e seus valores” (HALIADAY 1982 apud KAUFMAN 1995 p.46).

Dessa forma, o professor, em sala de aula, não ensina somente conteúdos sistemáticos. Ele ensina filosofias de vida, mesmo que de maneira involuntária.

2.2 O ato da escrita

A escrita é algo que nos envolve tanto que não nos damos conta de como a criança e

adultos não inseridos no mundo da escrita encaram essa atividades que, muitas vezes, consideramos tão simples e fácil.

Cagliari (1999, p. 96) afirma que: “O ensino de português tem sido fortemente dirigido para a escrita, chegando mesmo a se preocupar mais com a aparência da escrita do que com

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ela realmente representa.” Ou seja, ensinamos a sua forma e suas regras mas não se ensina o que ela é, ensinamos a criança a escrever, mas não falamos o que é escrever.

É de fundamental importância que nas escolas os professores tenham consciência do que a escrita representa nas várias situações que a encontramos diariamente, dentro e fora da escola.

Para Cagliari (1999) a escrita tem como primeiro objetivo permitir a leitura, sendo que alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão oral e outras com a transmissão de significados específicos. Assim a mesma, em seu uso escolar, deve permitir que o aluno possa se valer dessas atribuições quando fizer uso da escrita.

A escrita surgiu da necessidade do homem de registrar suas idéias e transmiti-las a seus sucessores ou, simplesmente, para deixar informações guardadas. Por isso, ninguém escreve sem um motivo ou sem a motivação adequada. Pois, para muitas culturas em nossa sociedade, o uso da escrita não é tão significativo, enquanto que para outras seu uso é indispensável. Grande parte da população trabalha em serviços em que a escrita não se faz tão necessária. Por esse motivo é de suma importância que no planejamento seja elaborado dentro das reais necessidades de determinadas culturas.

Nossas crianças vivem em contato com os vários tipos de escrita: logotipos, placas de trânsito, rótulos, cartazes, além dos textos jornalísticos e literários que circulam no meio social. Todas essas informações devem ser aproveitadas pelo professor para que, junto com os alunos, possam refletir sobre as possibilidades da escrita.

2.2 Função social da escrita

A língua escrita é uma das manifestações da linguagem e é através da mesma que o

homem interage com o outro e com o mundo. Durante muito tempo em nossas escolas o ensino da escrita esteve relacionado ao ato decodificar e codificar o escrever sem uma reflexão e exercícios de repetição, levando o aluno ao desinteresse. Sendo assim, o ato da escrita está ligado a algo totalmente descontextualizado no cotidiano escolar. Segundo Cagliari (1999), a escola é talvez o único lugar onde se escreva sem motivo. Certas atividades da escola representam um puro exercício de escrever.

Nossa sociedade atual está cada vez mais centrada na escrita e, como mencionado na

Proposta Curricular de Santa Catarina ( 2005), o ato de codificar e decodificar, isto é, ser alfabetizado não dá mais conta das exigências da sociedade contemporânea. Torna-se necessário ir além da apropriação do código. O ensino deve estar relacionado a práticas sociais em várias esferas sociais e, com isso, um novo termo surge: o Letramento, que vem atribuir um sentido mais amplo ao ensino da leitura e escrita nas escolas.

Segundo Magda Soares (1998), letramento é utilizar a escrita para se orientar no mundo, é informar- se através da leitura, enfim é o estado ou condição de quem se envolve em variadas práticas sociais de leitura e escrita, que utiliza dos vários gêneros para conviver em sociedade.

O termo letramento vem para suprir está necessidade de trabalhar a compreensão e a utilização da escrita em seu meio social. Sendo assim, nossas escolas devem contemplar em seu trabalho os mais diversos gêneros textuais, para que nossas crianças sintam a necessidade de aprender a ler escrever e entender o que está sendo exposto para que sintam prazer em fazer o uso da mesma no seu dia a dia. Magda Soares (1998) ressalta que alfabetizar e letrar são duas ações distintas porém inseparáveis, e que o ideal seria que em nossas escolas se alfabetizasse letrando, ensinasse a ler e a escrever no contexto das práticas sociais de leitura e escrita, de modo que o individuo se torne letrado e alfabetizado ao mesmo tempo.

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Esta prática confirma o que menciona a Proposta Curricular de Santa Catarina (2005): o ato de escrever deve estar ligado a algo com sentido para o aluno.

Para ler e escrever é necessário construir significados e produzir sentidos. Uma das possibilidades mais

ricas para o processo da leitura e da escritura, portanto, é o apoio na experiência cultural do educando, entendendo-se cultura, no sentido mais profundo, o conjunto das várias práticas que constituem o dia-a-dia do ser humano, o lazer, o trabalho, os rituais, os gestos, as formas de expressão de emoções e de comunicação entre as pessoas. Inclui, também, os instrumentos culturais, os objetos diversos que constituem o contexto da vida diária em família. (PROPOSTA CURRICULAR DE SANTA CATARINA, 2005,p.20)

Para que o processo de apropriação da escrita se torne significativo faz-se necessário construir conceitos e práticas significativas através de seu cotidiano familiar e social, muito além da cultura escolar. Só assim teremos um aprendizado efetivo.

2.3 A prática docente e a produção textual

Para que o ato da escrita faça sentido um dos pontos relevantes na prática pedagógica

é a produção textual com função social. Segundo Kaufman e Rodrigues (1995, p.03) “Os professores devem proporcionar um encontro adequado entre as crianças e os textos” . Ou seja, o aluno deve se encontrar na leitura e na escrita.

Ainda mencionado a idéia das autoras citadas, caso algum destes alunos chegassem a ser escritores pela intervenção escola, a missão dos professores estaria cumprida, caso isto não venha a acontecer é dever da mesma fazer com que todos que freqüentaram a escola e sejam sujeitos que escrevem, isto é, indivíduos que, quando necessário, possam se valer da escrita com autonomia, não tornado-se analfabetos funcionais, um dos problemas presentes na sociedade atual.

Para que a criança possa usufruir da escrita sem traumas e frustrações, Sargentim (2004) afirma que são necessárias quatro etapas para a organização da mesma:

Preparação- nesta etapa o professor vai criar subsídios para dar inspiração e idéias para a produção. Para isso o educador pode fazer dramatizações, imagens, filmes passeios.

Escrita- depois de propiciar os momentos de inspiração, é necessário escrever. Nesta ocasião, o professor considera o rascunho da obra e o aluno não precisa preocupar-se com regras ortográficas e a formatação do texto. O importante é registrar as idéias.

Revisão- após a escrita, faz-se a organização das idéias. Deve-se revisar a ortografia, concordância e fazer a formatação.

Publicação- este é um dos momentos mais importantes.É nesta etapa que o aluno vai encontrar sentido na sua produção escrita. O professor deve planejar a mesma expondo o trabalho de seus alunos através de murais, construção de livros, manuais.

A criança, ao contemplar estas etapas, será capaz de escrever textos de forma mais prazerosa, dentro de um contexto com uma base para a criação de suas idéias.

Segundo os referenciais propostos pelo Ministério da Educação e a Proposta Curricular de Santa Catarina referentes ao ensino da Língua Portuguesa, podemos perceber que há uma grande preocupação com o ensino da leitura e escrita. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, já nos anos 80, o ensino da Língua Portuguesa na escola tem sido centro dos debates a cerca da necessidade de melhorar a qualidade do ensino no país.

No ensino fundamental o grande problema em questão tem sido a leitura e a escrita. Desta forma faz-se necessário uma reestruturação do ensino da Língua Portuguesa, com uma intenção de encontrar formas de garantir o uso eficaz da linguagem para garantir de fato a aprendizagem da leitura e escrita.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o domínio da língua tem uma estreita relação com a participação social porque, é por meio dela, que o sujeito se comunica,

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tem acesso à informação e constrói o conhecimento. Sendo assim é responsabilidade da escola garantir a todos seus alunos o acesso aos saberes da linguagem necessários para o exercício da cidadania, direito de todos.

3. Metodologia

As práticas relacionadas às atividades de produção textual desenvolvidas com crianças

dos anos iniciais do ensino fundamental foram observadas em uma escola da rede municipal de Tubarão (SC).

Com relação à seleção de professores e de aulas, foram observadas aulas nas turmas do primeiro ao terceiro ano, com as professoras regentes das turmas, resultando em um total de 4 professoras. Após levantamento prévio de seus planos de aula e possíveis ligações com o tema, houve priorização de observação de aulas relacionadas ao tema do presente artigo. Todas as professoras selecionadas foram entrevistadas sobre o tema.

A análise das entrevistas com as professoras (entrevistas realizadas no meio do processo de campo) oportunizaram uma análise comparativa que levou em conta intencionalidade (planos de aula) e realização (observação direta em sala).

Foi realizada uma pesquisa qualitativa sobre os materiais de preparação de aula e materiais utilizados pelas professoras em aula relativos ao tema. Com as professoras o suporte principal para a pesquisa foi a observação de aulas complementadas por entrevistas a partir do método etnográfico, em um processo de ir a campo com questões norteadoras, familiarizar-se com a situação e com os sujeitos a serem pesquisados para, a partir daí, aprofundar-se na problemática.

4-Análise dos dados obtidos 4.1 – Observação em turmas do primeiro ao terceiro ano do fundamental

Em minha primeira visita fui muito bem recebida pela coordenadora pedagógica. Fui

observar a turma do 1° ano 01. Ao chegar à sala, a professora já havia terminado uma atividade com a lista de palavras no quadro .

Após minha apresentação, ela iniciou uma atividade de ditado das palavras que havia trabalhado anteriormente. Ela mencionou às crianças que esta era a hora do segredo, que cada um deveria escrever e deixar bem escondidinho para que o colega não pudesse copiar. Quem não soubesse era para escrever as letras que soubesse ou então desenhar.

Em minhas observações durante a atividade, pude perceber que, em sua maioria, as crianças não tinham muita dificuldade para escrever as palavras. Uma menina escreveu a palavra figo quando a professora solicitou fada. Ela copiou a palavra do quadro que começava com a mesma letra (F). Dois meninos apresentaram muita dificuldade. Um não soube escrever nenhuma palavra e o outro somente algumas.

No dia 15/08/2011, observei a turma do 2º ano. Ao chegar à sala, a professora estava fazendo a correção da tarefa. A atividade era organizada como segue a imagem a seguir:

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(Figura 1- Imagem da atividade solicitada pela professora) Nesta imagem podemos observar que a atividade era composta por uma lista de

palavras. A partir dessas palavras, as crianças deveriam formar frases. Na atividade havia uma minhoca toda dividida em pedacinhos e neles estavam escritas as sílabas correspondentes ao (NH), família silábica estudada neste período pela turma.

A professora passou nas carteiras observando as frases, ela perguntava se as crianças haviam produzido as frases sozinhas ou com a ajuda dos pais. Alguns mencionaram que os pais haviam ajudado.

Em seguida, a professora solicitou que todas as crianças escrevessem as palavras no caderno e circulassem os dígrafos, conteúdo que ela já havia explicado anteriormente. Algumas crianças apresentaram dificuldade na escrita destas palavras.

Elas começaram a perceber que todas as palavras tinham o dígrafo NH que precisavam circular. Após terminarem a atividade, a professora entregou o livro didático e solicitou a leitura em voz alta de um poema.

Em seguida, a professora solicitou que as crianças copiassem um bilhete escrito no livro didático e enviassem para um amigo. Durante a atividade percebi que as crianças tinham muita facilidade para copiar , porém, na hora de escrever o nome do amigo, sentiram bastante dificuldade. Ao final da atividade, a professora percebeu que muitas crianças não haviam recebido nenhum bilhete e, em virtude disto, ela conversou com as crianças.

Devido ao estímulo das crianças com a atividade do bilhete, a professora pediu que as crianças trouxessem seus endereços para que, através de um amigo secreto, fosse sorteado o nome de um amigo da sala para quem cada criança deveria escrever um bilhete.

A professora finalizou a aula com um bingo de palavras. As crianças gostaram muito. No dia 23/08/2011, a turma observada foi a do 3º ano. A professora corrigiu a tarefa

solicitada sobre o folclore, tema que já havia iniciado na aula anterior. Cada criança levou individualmente seu caderno para a professora olhar a história que pesquisara. Ela questionava a escrita das crianças para ver se estava correta. Em seguida, algumas crianças tiveram que ler em voz alta suas histórias. A mesma faz referência aos verbos, aos adjetivos

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encontrados no texto. Também questionava se os nomes próprios começavam com letra maiúscula. Ela orientou na leitura para que as crianças fizessem uma leitura com entonação.

Em seguida, a professora realizou uma atividade explorando as rimas da letra (Ç) contidas em um texto. Posteriormente, passou atividades no quadro de completar as palavras com C ou Ç. Uma criança perguntou o significado da palavra caçarola e a professora pediu para pesquisarem no dicionário o seu significado .

Ao observar a sala, pude perceber que as crianças têm suas produções expostas neste ambiente: cartazes, trabalhos em equipe... No pátio da escola, também observei a produção das crianças.

A professora terminou a aula levando-as à biblioteca para um momento de leitura. No dia 31/08/2011, a turma observada foi a do 1º ano 02. Após a aula de Educação

Física, a professora iniciou a escrita de um texto no quadro enfatizando a letra (Z): “ZAZÁ ZAZÁ É UMA MENINA SAPECA. ELA MORA NO SÍTIO. ZAZÁ TEM UM CÃO CHAMADO ZURETA. O NOME DA MÃE DE ZAZÁ É ZEZA.” Ao conversar com a professora, ela manifestou que expõe cada texto que ela trabalha

com as crianças em cartolinas para que elas possam visualizar a escrita e sua organização de acordo com a separação das palavras. A professora solicitou a leitura coletiva em voz alta do texto. Ela perguntou o significado da palavra sítio para ver se elas sabiam seu significado. Relataram várias conceitos.

Após a leitura a professora solicitou que as crianças ilustrassem o texto. Em uma segunda atividade, a professora pediu que as crianças circulassem todas as palavras que tivessem a letra (Z). A professora movimenta-se bastante na sala, dando uma atenção individual para as crianças.

Em conversa com a professora, ela relatou a continuidade de seu projeto sobre os meios de comunicação, dando ênfase à carta. Neste dia, as crianças foram levar a carta ao correio.

Na primeira aula, a professora solicitou que as crianças trouxessem o endereço de suas casas. Então ela fez um sorteio como se fosse um amigo secreto para que todas as crianças recebessem uma carta. Após a escrita, ela levou as crianças até o correio, onde cada um postou sua carta. Em retorno à sala de aula, ela conversou sobre os meios de comunicação e sua evolução. Manifestou que a carta é o meio de comunicação mais antigo. Na aula seguinte, o projeto sobre os meios de comunicação foi finalizado com a visita de um jornal.

Através das observações realizadas, podemos analisar que as professoras das classes de alfabetização da escola municipal pesquisada, em suas práticas pedagógicas, em alguns momentos de suas aulas englobam todas as etapas da produção textual como afirma Sargentim (2004): preparação, escrita, revisão e publicação. Porém, em outras horas, ainda se faz presentes atividades que visam a memorização e a cópia de palavras ou atividades de completar, distanciando-se da função social da escrita.

Em relação a uma atividade de ditado, em que as crianças deveriam escrever as palavras solicitadas, percebemos que as palavras não partiam de texto algum. As atividades de lista de palavras, quando são significativas, referem-se a um determinado assunto, fazem sentido à criança. Por isso, ao trabalhar listagem de palavras para o ensino da leitura e da escrita faz-se necessário o uso de algum gênero textual, como menciona Os Parâmetros Curriculares Nacionais Língua Portuguesa:

Um texto não se define por sua extensão. O nome que assina um desenho, a lista do que se deve ser comprado, um conto ou um romance, todos são textos. A palavra ‘Pare’, pintada no asfalto em um cruzamento é um texto cuja extensão é a de uma

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palavra. O mesmo‘pare ’numa lista de palavras começadas com ‘p’, proposta pelo professor, não é nem um texto nem parte de um texto, pois não se insere em uma situação comunicativa de fato. (BRASIL,p.36)

Neste sentido é relevante que na prática pedagógica do professor, o uso do texto seja

uma constante. Assim, a partir das palavras que estão presentes neste texto, possa ser conciliado o processo de alfabetização com o letramento.

Vale ressaltar na prática da professora que a mesma utiliza da ludicidade para incorporar esta atividade de ditado que, muitas vezes, causa certo medo nas crianças. Quando ela menciona a hora do segredo, ela acaba por desmistificar e as crianças reagiram bem a atividade, pois elas escreviam e deixavam bem escondidinho.

Esta é uma forma que a professora encontra para avaliar o que as crianças já sabem escrever. Outra prática pedagógica para a alfabetização é a escrita espontânea, que vem como forma de estabelecer o que as crianças já conseguem escrever sozinhas.

Luiz Carlos Cagliari (2005) relata que, na perspectiva de escrita espontânea, as crianças não procuram copiar e sim representar da forma como elas imaginam que a escrita seja organizada. Algumas crianças chegam à primeira série com esta etapa superada, porém muitas só vão vivenciar quando chegarem à escola.

Um dos grandes problemas em questão é que muitas vezes a escola não dá liberdade para que a criança faça o aprendizado da escrita como fez da fala. Ela tem muitas vezes em sua prática pedagógica que o aluno deva escrever tudo da forma correta desde o primeiro dia de aula, sendo que na fala ele formula hipóteses de como se estrutura a palavra.

Também observamos que muitas vezes o texto é um recorte dos textos utilizados em cartilhas, que não enfatizam uma história real, mas um amontoado de frases que podem ser lidas do início ou do final do texto que terão o mesmo sentido, como podemos ver abaixo através do “texto” intitulado “Zazá”.

Este tipo de texto não tem outro meio de circulação se não a escola em si. Sendo assim perde todo o sentido do aprendizado mais amplo tendo relação com o uso real. Este tipo de texto foi muito utilizado em cartilhas. As mesmas priorizavam o uso de uma letra de acordo com a família trabalhada.

Segundo KUFMAN e RODRIGUES (1995), embora este texto esteja escrito em algum livro, não configura um texto adequado para deixar que o ato da leitura possa permitir estratégia inteligente, própria de um bom leitor, pois acabam por desmotivar as crianças.

Nesse sentido, podemos exemplificar a prática da professora do segundo ano que, ao trabalhar o livro didático, teve como prática, em um primeiro momento, a produção da cópia de um bilhete que estava escrito no livro. Em seguida, as crianças entregaram para um colega da sala. Primeiramente, ela mostrou como se organizava um bilhete. Durante a atividade, a professora teve a ideia de ampliá-la para a construção de uma carta na qual eles escreveriam algo de seu interesse para o amigo, pois como afirma Cagliari (2005 p.122) “A professora deve orientar quanto a forma do que se vai escrever, um bilhete, uma história, uma carta. A partir da produção de textos das crianças, pode-se fazer comentários a respeito do que achar relevante. ”

Em relação à primeira atividade, sabemos que foi um ato mecânico de cópia, mas a professora através desta simples prática pode refletir e abranger a prática da escrita com uma função e as crianças gostaram muito da atividade mesmo que em primeira instância não puderam escrever o que gostariam para o colega.

Em continuidade ao projeto, podemos ver tão quanto foi significativa sua prática, pois foi feita uma matéria em que as crianças saíram no jornal. Nesta atividade as crianças tiveram um contato real com a função social da escrita. Esta deveria ser uma prática frequente no cotidiano escolar. Como presenciamos, durante a observação da turma do terceiro ano em que

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a professora solicitou a pesquisa de outras história do folclore. Durante a correção da tarefa a professora analisava e questionava os erros ortográficos perguntando as crianças se elas tinham certeza da organização da escrita de determinadas palavras ou a frases.

A educadora neste sentido faz uma das principais funções da escola, pois seu principal objetivo é ensinar o português padrão pois como afirma Possenti (2005) um dos principais objetivos da escola sem qualquer dúvida é ensinar o português padrão ou criar situações que ele seja aprendido. Porém a forma como este padrão é ensinado aos alunos muitas vezes deve ser revisto, pois simplesmente apontar o erro sem fazer com que o educando possa refletir sobre sua prática, de nada adiantará.

A professora, no término de sua aula, possibilitou às crianças uma ida à biblioteca para que as crianças pudessem ler um livro pelo simples prazer da leitura. Esta é uma das práticas cruciais para a formação de leitores para além dos muros da escola.

Ao analisar o espaço da sala e da escola em geral, percebi que todas possuem produções das crianças. Este é um dos enfoques que Sargentim (2004) destaca. Uma das etapas de escrita que dá sentido ao ato da escrita é a publicação, sendo este um dos procedimentos que mais estimula a produção das crianças, pois elas não escrevem simplesmente para o professor corrigir seus erros.

Em 04/09/2011, a turma observada foi a do 2º ano. No momento em que cheguei à sala, a professora estava fazendo uma atividade em grupo. A atividade era relacionada ao dia da independência. Um cartaz foi montado com a Bandeira do Brasil. Foram utilizados papéis coloridos na confecção. A outra equipe colou figuras do país relacionadas ao esporte, família, natureza... Este trabalho teve um tempo mais longo, porém foi muito produtivo pra as crianças. Após o recreio, o SESC estava com um projeto “A física do Brinquedo mostrando a relação dos brinquedos com a física. As crianças foram levadas para conhecer o projeto.

Ao final da aula a professora fez um bingo de palavras. Esta prática ela faz semanalmente para que as crianças tenham uma distração. Segundo a professora é uma forma de instigar as crianças ao aprendizado. Outro fato relevante foi que a professora pediu que as crianças pesquisassem o significado de uma palavra que gerou curiosidade na turma.

No dia 11/09/2012, a turma visitada foi a do 1º ano. A professora estava trabalhando o tema do trânsito, projeto que estava sendo executado em toda a escola.

A professora expôs um cartaz que mostrava uma família em um carro, enfatizando o uso da cadeirinha e que as crianças deveriam sentar-se no banco de traz do automóvel. O cartaz trazia a seguinte frase “Se essa rua fosse minha, o que eu faria para ajudar meu pai”. A professora fez todo um trabalho de conversação com as crianças sobre este tema e, em seguida, pediu para que as mesmas fizessem um desenho sobre o tema do cartaz. Ela falou sobre a importância de fazer um trabalho muito bonito pois seria exposto no mural da escola.

A professora também realizou uma outra atividade com as crianças- uma palavra cruzada na qual os alunos precisavam encontrar as palavras referentes às cores do semáforo. Na mesma folha estava presente um poema que falava sobre o que cada cor sinalizava o trânsito. As crianças deveriam encontrar no texto as palavras verde, vermelho e amarelo. Elas deveriam pintar com a cor referente entorno da palavra.

Ao final da aula, as crianças foram levadas à sala de informática para que elas pudessem assistir ao vídeo relacionado ao trânsito com a temática do cartaz trabalhado em sala.

No dia 27/09/2011, a turma observada foi o 3º ano. A professora disponibilizou uma atividade avaliativa na qual as crianças deveriam escrever as palavras solicitadas pela professora ( ditado). Esta é uma atividade que a professora utiliza para avaliar o que as crianças já dominam em relação à escrita.

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Pude perceber que no terceiro ano há crianças que não dominam o código da escrita. Conseguem associar somente algumas letras de algumas palavras.

A professora iniciou a aula fazendo a leitura do texto : “ A casa do ratinho Branco”. Após a leitura a professora desenvolveu atividades de compreensão do texto.

Nesta atividade, as crianças tiveram um pouco de dificuldade para responder, pois a resposta não estava escrita no texto e elas precisavam subentender. A correção das atividades sobre o texto trabalhado foi realizada em grupo e oralmente.

Neste dia, ao conversar com a professora da turma, ela disponibilizou as produções textuais de seus alunos sobre o trânsito. Ela comentou que fez toda uma preparação antes, conversando sobre o tema “ Se está rua fosse minha ...” As crianças tiveram que produzir um texto, a professora menciona que fez uma revisão com as crianças e ela notou que muitos alunos tiveram um cuidado muito grande com a organização da escrita, pois as demais turmas da escola iriam ver suas produções. Ela recorda que as crianças capricharam ainda mais na letra, pois sabiam que seu trabalho seria exposto para toda a escola.

A professora também mencionou sobre seu planejamento futuro. Ela pretende trabalhar o tema Paz a partir do livro infantil “Um mundinho de paz” da autora Ingrid Biesmeyer Bellinghausem. E assim, desenvolver um trabalho de escrita com a turma e enviá-lo a um jornal da cidade.

4.2 TABULAÇÃO DOS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS ENTREGUES AOS PROFESSORES REGENTES DAS SÉRIES PESQUISADAS

Total de questionários entregues: 4 Total de questionários devolvidos: 3. 1º ano: 2 2º ano:0 (não retornou o questionário) 3º ano:1 Formação acadêmica

Formação Acadêmica

1º Ano 2º Ano 3º Ano

Graduação em Pedagogia, séries iniciais

1 Não retornou questionário

Pós -graduação 1 1

Atuação no Magistério

Ano Tempo de atuação no magistério 1º Ano A 27 Anos 1º Ano B 15 Anos 2º Ano Não retornou o questionário 3º Ano 10 Anos

Efetivo Admitido em Caráter temporário 1º Ano A 1º Ano B 3º Ano

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Obs. A professora do segundo ano não retornou o questionário. Tempo em que atua na escola

Ano Tempo que atua na escola 1º Ano B 2 meses 1º Ano A 12 anos 2º Ano 3º Ano 8 anos

Tempo que atua na turma:

Ano Tempo que atua na turma 1º Ano B 2 meses 1º Ano A 15 anos 2º Ano 3º Ano 8 meses

De acordo com os dados obtidos, podemos perceber que em sua maioria as professoras

atuam em um período curto na série em que lecionam, apenas uma esta há quinze anos com esta faixa etária. Este fato do pouco tempo de trabalho na turma pode se tornar um entrave no planejamento, principalmente para a professora que está há apenas dois meses com a turma. Outro fator preocupante é que houve uma troca de professores no meio do ano letivo e isto prejudica o desenvolvimento da turma.

Quando perguntado às professoras sobre as dificuldades encontradas, mencionam que as maiores dificuldades encontradas no ensino estão relacionadas à gramática e à ortografia, apenas uma traz a questão sócio cultural que o aluno traz consigo da família e sociedade em que está inserido.

Em relação às prioridades que a professora dá ao ensino da Língua Portuguesa, duas professoras relataram de formas diferenciadas um ensino significativo em que o aluno sinta utilidade, pois se não o mesmo não se motivará para o aprendizado, tendo dificuldades nas demais disciplinas. Uma educadora diz que dá a mesma ênfase aos trabalhos das outras disciplinas.

Sobre a função social da escrita, tivemos como respostas, “ a interação do indivíduo com o mundo e vice versa, trabalhar de forma interdisciplinar a escrita , a socialização tentando fazer com que o indivíduo interaja com o meio e expresse suas idéias.” Outra professora menciona que: “A escrita para o aluno deve ser significativa. O aluno deve participar do conhecimento e utilizar-se da escrita para sua vida cotidiana.” A última professora menciona que a função social da escrita , “ se refere ao objetivo que a escrita apresenta. Por exemplo se os alunos forem escrever uma carta , eles devem saber o motivo pela qual estão escrevendo esta história. Deve haver um sentido para o que estão aprendendo. Diante das respostas e observação da prática cotidiana, outras perguntas inquietaram meu interior. Em suas repostas aparece um entendimento do que seja a função social da escrita. Então, por que isto muitas vezes não acontece de fato dentro da sala de aula? Quais os motivos deste impasse entre teoria e prática?

Quanto à frequência com que se é trabalhada a produção textual, as professoras trabalham uma vez por semana, uma ou duas vezes por mês. Uma professora relata que trabalha diariamente, pois toda expressão de escrita é um texto.

Em relação ao planejamento de suas produções textuais, todas as professoras registraram que planejam e afirmam que toda produção textual deve ser bem planejada.

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Quanto ao objetivo principal em relação à produção textual, as educadoras tiveram as seguintes respostas: “ Formar leitores críticos , criativos, questionadores, a qualquer forma de leitura e textos diversificados. Identificar aspectos importantes em textos oriundos de fontes diversas. Encorajá-los a interagir com o mundo real e social com a certeza de que possui uma base sólida.” Outra professora diz que, seu objetivo maior é “ que consigam passar para o papel o que estejam pensando realmente.Que sejam claros e fieis em suas idéias, bem como consigam também escrever dentro das regras gramaticais.” Por fim uma professora coloca como seu objetivo maior na produção textual é “saber o que seu aluno pensa e como ele expressa suas habilidades intelectuais. Quando isso acontece o aluno produz texto significativo, pois o professor propicia leituras diversas para que ele através de suas produções coloque suas idéias. As idéias não surgem por acaso mas sim através dos conhecimentos lidos e debatidos.”

Em relação ao modo como as educadoras realizam a correção dos textos que seu alunos produzem, as professoras colocam que fazem reescritas de textos para que os alunos percebam se há diferença, o que poderia ser modificado outra professora relata que “ passa um traço embaixo da palavra que foi escrita errada e costumo chamar o aluno para conversar quando o texto está confuso”.

Quando questionadas se fazem reescritas de textos, duas professoras responderam que sim e uma colocou que faz reescrita às vezes.

Em relação à publicação dos textos produzidos pelas crianças, as professoras nos deram como respostas, “Peço para que cada aluno leia sua produção, e colocamos exposto na sala e também no pátio da escola.”

4.3 OFICINAS COM AS CRIANÇAS

As atividades de escrita realizadas com as turmas do 1º e 2º anos tiveram como gênero

textual o bilhete, o relatório e a narração e também proporcionou às crianças muita vontade para desenvolver o texto.

Durante todas as oficinas, as crianças foram orientadas na forma como deveriam organizar sua escrita, o tipo de texto. “A professora deve orientar quanto ao formado que se vai escrever, um bilhete, uma história, uma carta etc. A partir das produções das crianças, podem-se fazer comentários a respeito de tudo que achar relevante, da ortografia à analise discursiva do texto produzido.” (CAGLIARI, 2005p. 123).

Em algumas oficinas, a utilização de livros literários estimulou ainda mais a atividade da escrita. Salawulski (2002) salienta que literatura infantil nas escolas deve despertar o gosto da leitura, pois ela pode proporcionar fruição,alegria e encanto,quando trabalhada de forma significativa pelo aluno. Além disso, ela pode desenvolver a imaginação, os sentimentos, a emoção, a expressão e o movimento através de uma aprendizagem prazerosa. As crianças necessitam de ludicidade e movimento, tornando o momento da aprendizagem muito significativo para elas e a tarefa do educador muito gratificante.

Durante o desenvolvimento das oficinas de escrita, percebeu-se que as crianças sentiram-se valorizadas e orgulhosas do trabalho produzido. Segundo uma das professoras regentes, “Quando a atividade é feita para ganhar nota eles não estão nem aí, mas quando é para expor no mural eles capricham na letra , fazem desenho.” Segundo Kaufman e Rodrigues (1995, p.03) “Os professores devem proporcionar um encontro adequado entre as crianças e os textos” . Ou seja, o aluno deve se encontrar na leitura e na escrita. O mesmo deve fazer parte ou sentir-se parte da atividade e não um mero executor das atividades propostas.

De acordo com uma outra professora regente: “Nem todo dia temos almoço de domingo, feijão com arroz também é importante.” Esta fala é um dos grandes pontos

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nevrálgicos da escrita pautada em um sentido real, pois, a carga diária de trabalho em sala que o professor atualmente tem por vários motivos, desvalorização salarial e outros mais, faz com que o mesmo se sobrecarregue trabalhando em duas ou mais escolas para poder ter condições melhores de vida. Fator este que, acaba influenciando em sua prática cotidiana, pois a fala da professora neste caso referiu-se ao tempo gasto para elaboração destas aulas diferenciadas, propostas de trabalha visando a função social da escrita. Neste caso quem sofre as conseqüências são os alunos que se deparam com um ensino fragmentado e descontextualizado.

Oficina do 1º ano – 01 Para iniciar o trabalho de produção textual com esta turma, em um primeiro momento,

convidei as crianças para sentarem-se ao chão em uma roda para ouvir a história “Pedro e Tina, uma amizade especial”. As crianças ficaram atentas no momento da contação. Posteriormente, segui com uma conversa sobre a temática amizade. Tema solicitado pela professora para trabalhar a boa convivência em sala de aula. Fiz-lhes várias perguntas sobre o que elas haviam entendido sobre a história. O que haviam gostado mais? Se os personagens da história gostavam das mesmas coisas? As crianças se identificaram com os personagens e também manifestaram sobre suas amizades em sala de aula.

Em seguida, conversei com as crianças sobre a atividade que iríamos desenvolver, um cartaz sobre a amizade em sala. Salientei que este cartaz iria ser exposto no corredor da escola, onde todos os seus colegas poderiam ver. O cartaz teve o seguinte tema: “Nossa turma é amiga”

Durante a conversa, foi colocado no quadro o que as crianças foram manifestando em relação à temática.

Elas mencionaram muitas idéias. Então fomos à confecção do cartaz. Em um primeiro momento, as crianças escreveram a lápis e depois passaram canetinha e ilustraram. Ao final da escrita, foi colocado a autoria: “Turma do primeiro ano”

Durante a construção do cartaz foram disponibilizados vários jogos de montar palavras para que as crianças tivessem uma oportunidade de brincadeira e aprendizado. Elas construíram várias hipóteses de escrita e muitas palavras além das que haviam sido construídas previamente. Obs.: o jogo foi confeccionado pela bolsista, não era industrializado.

Todas as crianças foram colocar o cartaz no corredor. Elas estavam muito orgulhosas e se mostraram muito atentas durante a atividade, tanto na construção do cartaz, quanto no jogo de montar palavras.

OFICINA 1º ANO - 02 A atividade planejada iniciou-se com a contação da história Pedro e Tina uma amizade

muito especial, iniciamos a história com as crianças sentadas ao chão em uma roda para tornar o momento mais atrativo. Durante a leitura as crianças ficaram atentas e o livro era passado individualmente para que as crianças pudessem visualizar melhor as imagens.

Depois de uma conversa com as crianças sobre o tema, sugeri a elas a próxima atividade, um caça ao tesouro. A sala foi dividida em dois grupos. Para encontrar o tesouro, a primeira dica foi lida por mim, bolsista. As crianças saíram em busca do tesouro muito animadas. Percebi que elas tinham uma grande vontade de ler a ficha da dica e, com ajuda, elas conseguiam ler. Quando um menino encontrou a caixa, ele ficou muito feliz e sugeri a ele que lesse a mesma e, para minha surpresa, ele conseguiu, pois a professora havia mencionado que ele não lia nada. Podemos perceber que a motivação auxilia muito no processo de aprendizagem.

Após abrir a caixa, o menino foi distribuindo as medalhas de forma aleatória e as crianças procuraram o colega que tinha a outra metade da medalha. Durante esta atividade houve um pouco de resistência, pois as crianças não sentaram com o colega que tinham mais

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afinidade, porém ressaltei que deveríamos ser amigos de todos e logo tudo se resolveu. Todos ficaram sentados em dupla com o seu par da medalha.

A próxima etapa foi escrever em um papel uma qualidade do amigo. Todos foram escrevendo a sua maneira. A professora e eu fomos auxiliando em suas dúvidas. Posteriormente, foi entregue outra folha em que a crianças escreveram um bilhete com a qualidade que haviam escrito para o colega. Elas também ilustraram. Ao final, foram colados todos os bilhetes em um painel intitulado “Recado para o amigo”.O mesmo foi exposto na sala para que todos os colegas pudessem visualizar o bilhete do amigo.

OFICINA 2º ANO Como a turma estava trabalhando sobre o meio ambiente, foi organizadas uma visita

de estudo à horta modelo da Tractebel, que fica localizada no município de Capivari de Baixo. As crianças foram orientadas para que tivessem cuidado, pois estariam fora do ambiente escolar e para prestarem atenção durante o trajeto da escola até local da visita, ressaltando que estavam indo para uma cidade vizinha, aguçando ainda mais a curiosidade delas.

Durante o passeio de ônibus, as crianças olhavam pelas janelas e observavam a paisagem ao longo do percurso, algumas delas perguntavam onde ficava a cidade de Capivari de Baixo e se estávamos próximo do local. Elas estavam ansiosas e com grandes expectativas do que iriam encontrar no local da visita. Neste instante, aproveitando a curiosidade delas, mostrei, no caminho, uma placa que informava o limite entre os dois municípios e a ponte que divide os mesmos, para que elas pudessem se situar.

Quando chegamos ao local, fomos recepcionados por uma bióloga que nos acompanhou durante a visita. No primeiro momento, ela explicou como construir e conservar uma horta, informando sobre o uso de agrotóxicos e enfatizando a alimentação saudável. Logo depois a bióloga começou a mostrar alguns animais que poderiam destruir a horta; deixando que as crianças tocassem nos animais. Neste momento, elas mostravam euforia e encantamento diante de tudo o que viam. Percebendo a reação das crianças, a bióloga mostrou outros animais que habitavam no local.

Em seguida passeamos pelo pátio, vimos os canteiros das plantas medicinais e a caixa de compostagem onde a bióloga reforçou a necessidade de reaproveitar as cascas das frutas, verduras e folhas secas para engordar a terra para o plantio. Ao lado fica a horta modelo, ela foi projetada no formato de uma mandala para facilitar andar entre os canteiros. O centro dela possui um reservatório que foi construído para captar a água da chuva que é usada para regar as plantas, aproveitando os recursos naturais.

Depois de visitarem a horta modelo, a bióloga escolheu seis crianças para plantarem três árvores no local, como forma de deixar registrada a passagem delas por ali. Ao final da visita as crianças receberam um lanche que foi preparado pelas funcionárias do local.

Ao retornarmos à escola, foi construído um texto coletivo com as crianças relatando o que elas viram e aprenderam com a visita. Esta produção textual durou aproximadamente uma hora, pois foi oportunizada a participação de todos.

O texto coletivo foi digitado e exposto no mural da escola para que a turma pudesse compartilhar com os colegas a experiência vivida.

OFICINA 3º ANO A oficina teve inicio com a contação de um livro de histórias “Pedro e Tina uma

amizade especial”. A sala foi deixada na organização de rotina com as carteiras enfileiradas, por este motivo no momento em que contava a história ia passando entre as carteiras para que as crianças pudessem visualizar melhor as imagens da história.

A história serviu de inspiração para a temática trabalhada, a amizade. Após a leitura, foi iniciada uma conversa entre as crianças sobre amizade em sala e o respeito com o colega. Iniciando a atividade que seria feita, perguntei a elas sobre poemas e se eles conheciam um

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poema. As crianças manifestaram seus conceitos, principalmente em relação a sua estrutura, pois a professora já havia trabalhado com este gênero textual. Fiz a leitura de dois poemas a elas: um, de um autor desconhecido e outro, da autora Cecília Meireles. Ambos foram passados no quadro para que as crianças pudessem visualizar a estrutura dele.

Solicitei às crianças que escrevessem um poema sobre amizade, ou amigo. Em um primeiro momento, foi distribuído uma folha para que as crianças escrevessem o rascunho de suas produções. As crianças tiveram um pouco de dificuldade, porém as mesmas conseguiram produzir os poemas e, no momento da revisão, a professora e eu orientamos a possibilidade ou não de haver rimas. Então, elas reescreveram e ilustraram seus poemas. Elas estavam muito animadas, pois, no início da atividade, já havia mencionado que iríamos fazer um livro de todos os poemas da sala.

No decorrer da semana, quando estava na escola, as crianças vinham perguntar sobre o livro. Estavam ansiosas para ver suas produções. Ao visualizarem o livro pronto, as crianças ficaram muito felizes e o livro foi para a casa de cada aluno para que a família pudesse ver a sua produção do seu filho e a de seus colegas.

4.4 SOCIALIZAÇÃO DA OFICINA COM AS PROFESSORAS E EQUIPE DIRETIVA DA ESCOLA

A socialização foi organizada com uma apresentação em powerpoint com algumas

colocações acerca do tema “A função social da escrita” e atividades de escrita desenvolvidas com as crianças.

A apresentação teve início com o tema letramento. Foi apresentado o conceito segundo Magda Soares (1998). Posteriormente, foi realizada uma reflexão sobre a escrita como um ato significativo, e também as etapas para o desenvolvimento da produção textual, segundo Emilio Sargentim (2004). Ao final fez- se uma reflexão sobre a prática do professor com a seguinte questão: O professor é um avaliador ou orientador ao propor uma atividade de produção textual em sala de aula? Esta pergunta fez surgir várias inquietações. As professoras falaram que, quando cobradas, as crianças não produzem como quando sabem que vão expor seus textos. Uma das professoras fez a seguinte fala “E quando as crianças sabem que vão expor seus trabalhos, que não valem nota, elas capricham e, quando é uma redação para dar nota, elas não estão nem ai e não fazem nada direito.”

Logo após foram colocadas as imagens das oficinas que foram divididas de acordo com as etapas da preparação para uma boa escrita, segundo Sargentim ( Preparação, Escrita, Revisão e Publicação) . Outra fala que se fez relevante durante a socialização foi: “É nem todo dia conseguimos fazer coisas diferentes, nem todo dia tem almoço de domingo, o feijão com arroz também é importante e faz bem.” Esta fala foi uma analogia relacionada com o ato de elaborar aulas diferenciadas que chamem a atenção das crianças para o aprendizado.

Durante toda a apresentação do trabalho foi dada muita ênfase ao trabalho com a literatura, pois as crianças, nesta escola, têm um gosto muito grande pela leitura dos livros que pegam na biblioteca e esta pode ser uma ferramenta crucial para a pratica do professor no cotidiano escolar.

3 Considerações Finais

Ao final de nossa pesquisa várias inquietações nos remetem em relação à distância

entre teoria e prática em certos momentos. Por vários motivos a tarefa dos professores torna-se incapaz de ser realizada e há uma grande defasagem na qualidade de ensino.

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Para tanto a tarefa do professor é fazer com que os alunos se apropriem do código da escrita e durante nossa pesquisa podemos concluir que quanto mais sentido a atividade tem, mais estimuladas às crianças ficam para realizá-la. Sendo assim, para um processo de ensino aprendizagem, é muito importante ter uma finalidade para além da avaliação. Durante as oficinas, não estava ali para dar-lhes uma nota ou apontar seus erros, fator que comprova a idéia da produção para além de uma nota. Ela é conseqüência do aprendizado, pois as crianças sabiam que não iria avaliá-las em seus erros ou acertos.

O professor neste momento passa a ter um papel de orientador da criança na produção textual, e não de avaliador. A criança necessita aprender a forma escrita, que tem um padrão com regras porém. A finalidade das aulas de língua portuguesa deve ser mais do que ensinar regras gramaticais isoladas e sem um sentido.

Ao final dos anos iniciais as crianças devem conseguir ler e escrever para que este processo seja algo prazeroso que não deixe marcas e nem traumas, ao propor atividades escrita, uma produção textual, é necessário uma preparação, conhecimento sobre o que se vai escrever, como escrever e acima de tudo a paciência do professor em trabalhar com o erro da criança e saber utilizá-lo como subsidio para seu planejamento .

Durante todo o processo de pesquisa pode-se constatar que as crianças, ao envolverem-se com práticas pedagógicas diferenciadas, tiveram uma maior desenvoltura na escrita e ficaram mais interessadas nas atividades apresentadas.

Durante o desenvolvimento das atividades, o objetivo maior do professor foi a orientação e não a avaliação. O professor neste processo além de avaliar é um orientador, levando o criança a elevar seu domínio linguístico nas mais diversas situações tornando-a uma cidadã participativa em nossa sociedade atual que está cada vez mais centrada na escrita. De acordo com a Proposta Curricular de Santa Catarina ( 2005), o ato de codificar e decodificar, isto é, ser alfabetizado, não dá mais conta das exigências da sociedade contemporânea. Torna-se necessário ir além da apropriação do código. O ensino deve estar relacionado a práticas sociais em várias esferas sociais.

Podemos concluir que as crianças têm um interesse maior, se tornam mais participativas,quando a atividade tem uma abrangência além da sala de aula ou do seu caderno, pois, durante as oficinas, principalmente da turma do terceiro ano, por mais desafiadora que fosse a atividade, nenhuma criança disse que não queria fazer. Todos queriam sua poesia no livro. Realizaram a escrita muito estimuladas, com um capricho muito grande na letra e vinham a todo momento tirar suas dúvidas.

Referências

CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetização e Linguística. 10 ed. São Paulo: Scipione 1999. KAUFMAN. Ana Maria. RODRÍGUES. Maria Helena. Escola, Leitura e Produção De Textos. Porto Alegre: Artimed, 1995. SAWULSKI, V. Fruição e\ou aprendizagem através da Literatura Infantil na escola.1.2002 abril2003. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998. SMITH, F. Undestanding reading. 2ed. New York, Rinehart e Wiston, 1978 SMOLKA, Ana Luiza. A linguagem e o e outro no espaço escolar. São Paulo: Papirus,2003. Proposta Curricular de Santa Catarina disponível em http://www.sed.sc.gov.br/educadores/proposta-curricular acesso: 26 02 11 as 12 29hrs.