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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Faculdade de Engenharia ESTUDO DA APLICABILIDADE DE UM MODELO DE MANUTENÇÃO E UMA INSTALAÇÃO METALOMECÂNICA (ESCOLA PROFISSIONAL DE TRANCOSO) Joaquim Alfredo Saraiva Cabral Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Electromecânica (2º ciclo de estudos) Orientador: Prof. Doutor Carlos Manuel Pereira Cabrita Covilhã, Junho de 2011

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  • UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Faculdade de Engenharia

    ESTUDO DA APLICABILIDADE DE UM MODELO DE MANUTENO E UMA INSTALAO METALOMECNICA

    (ESCOLA PROFISSIONAL DE TRANCOSO)

    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral

    Dissertao para obteno do Grau de Mestre em

    Engenharia Electromecnica (2 ciclo de estudos)

    Orientador: Prof. Doutor Carlos Manuel Pereira Cabrita

    Covilh, Junho de 2011

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    Dedicada minha esposa

    ngela Filipa Vigia Machado Cabral.

    E minha filha

    Ilda Machado Cabral.

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    AGRADECIMENTOS

    Os meus mais sinceros agradecimentos ao Professor Carlos Manuel Pereira Cabrita pelos

    conselhos, apoio e dedicada orientao dada no decorrer de todo este trabalho.

    direco da Escola Profissional de Trancoso, por me terem proporcionado todo o apoio e

    pela flexibilidade horria que me foi facultada, deixo tambm aqui um agradecimento.

    Agradeo a todos os familiares e amigos que directa ou indirectamente me apoiaram e

    ajudaram durante a realizao deste trabalho.

    Expresso tambm aqui um especial agradecimento ao meu Pai, Me, Irmos, Filha e

    especialmente minha esposa ngela Filipa Vigia Machado Cabral pelo suporte indispensvel

    que sustentou todo o esforo para a elaborao deste trabalho, e dedico tambm a uma

    pessoa muito especial por tudo o que fez por mim que a minha tia e madrinha que j no

    esta presente neste mundo.

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    RESUMO

    Este trabalho aborda um estudo para a aplicabilidade de um modelo de manuteno de uma

    instalao metalomecnica, em que a rea de manuteno dos equipamentos de produo

    passar por um processo interno de reestruturao, alterando a forma de actuao actual

    para uma nova metodologia onde o objectivo principal o ensino/ aprendizagem.

    Para este novo cenrio, prope-se uma reavaliao das actividades e responsabilidades dos

    envolvidos com as actividades de manuteno, evidenciando o aspecto da manuteno,

    elaborando e fornecendo propostas para a melhoria da sinergia operacional, valorizando os

    colaboradores (alunos) e o alcance de resultados positivos para as reas envolvidas e para a

    organizao (escola).

    PALAVRAS-CHAVE

    Aprendizagem, Manuteno, Manuteno Autnoma, Preventiva, Valorizao.

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    ABSTRACT

    This paper addresses a study for the applicability of a maintenance model of

    metalomechanical installation, in which the area of production equipment maintenance will

    undergo significant internal restructuring, changing the present actuation form to a new

    methodology where the main objective is teaching / learning.

    For this new scenario, we propose a reassessment of responsibilities and activities involved

    with maintenance activities, emphasizing the aspect of maintenance, developing and

    delivering proposals for the improvement of operational synergy, valuing the employees

    (students) and the achievement of positive results for the areas involved and for the

    organization (school).

    KEYWORDS

    Learning, Maintenance, Autonomous Maintenance, Preventive, Valuation.

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    NDICE

    AGRADECIMENTOS .......................................................................................... v

    RESUMO ..................................................................................................... vii

    PALAVRAS-CHAVE ......................................................................................... vii

    ABSTRACT ................................................................................................... ix

    KEYWORDS .................................................................................................. ix

    PARTE 1 GENERALIDADES E CONCEITOS .................................................................. 1

    1.1. INTRODUO ........................................................................................... 2

    1.2. COMPETNCIAS DOS RESPONSVEIS DA MANUTENO .......................................... 5

    1.2.1. Competncias Gerais ........................................................................... 5

    1.2.2. Competncias Especficas da rea: .......................................................... 6

    1.3. IMPORTNCIA DA MANUTENO .................................................................... 6

    1.3.1. Conceitos em Manuteno ..................................................................... 7

    1.3.2. Recursos Necessrios para a Manuteno ................................................... 9

    1.4. POLTICAS DE MANUTENO ...................................................................... 10

    1.4.1. Manuteno Correctiva ....................................................................... 11

    1.4.1.1. Tipos de Manuteno Correctiva ......................................................... 13

    1.4.1.2. Organizao da Manuteno Correctiva ................................................. 13

    1.4.2. Manuteno Preventiva ....................................................................... 15

    1.4.2.1. Objectivos da Manuteno Preventiva .................................................. 17

    1.4.2.2. Organizao do Plano de Manuteno Preventiva ..................................... 19

    1.4.2.3. Documentao da Manuteno Preventiva ............................................. 20

    1.4.2.4. Formas de Controlo da Manuteno Preventiva ....................................... 21

    1.4.3. Manuteno Preditiva ......................................................................... 23

    1.4.3.1. Objectivos da Manuteno Preditiva .................................................... 24

    1.4.3.2. Metodologia .................................................................................. 25

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    1.4.4. Anlise de Avarias ............................................................................. 26

    1.4.5 Formas de Monitorizao ...................................................................... 28

    1.5. MODELOS DE MANUTENO ....................................................................... 31

    1.5.1. Manuteno Produtiva Total ................................................................. 32

    1.5.2. Manuteno Centrada na Fiabilidade ...................................................... 36

    1.5.3. Novas Prticas e Filosofias ................................................................... 39

    1.5.3.1. Melhoria da Eficincia dos Activos ....................................................... 39

    1.5.3.2. Conceito de Optimizao da Eficincia dos Activos .................................. 40

    1.5.3.3. A Fiabilidade na Manuteno Industrial ................................................. 41

    1.5.3.4. Fiabilidade de Implementao Rpida .................................................. 42

    1.5.3.5. Manuteno Centrada na Fiabilidade Simplificada.................................... 43

    1.5.3.6. Manuteno Baseada no Risco ............................................................ 43

    1.5.3.7. Manuteno de Fiabilidade Pr-activa .................................................. 44

    1.5.3.8. Fiabilidade Centrada no Operador ....................................................... 44

    1.6. CONCEITOS DE FALHA E AVARIA .................................................................. 46

    PARTE 2 CASO PRTICO ................................................................................... 50

    2.1. CARACTERIZAO DA UNIDADE - ESCOLA PROFISSIONAL DE TRANCOSO ................... 51

    2.1.1 Breve Historial ................................................................................ 51

    2.1.2. rea de Influncia ........................................................................... 52

    2.1.3- Recursos Humanos e Materiais .............................................................. 54

    2.1.3.1 Recursos Humanos ......................................................................... 54

    2.1.3.2 Recursos Materiais ......................................................................... 55

    2.2 PLANEAMENTO DA MANUTENO DA OFICINA DE MECNICA ............................... 58

    2.2.1 Descrio Geral da Unidade ................................................................ 58

    2.2.2. Descrio dos equipamentos ................................................................ 58

    2.2.3 - Sistema Actual de Manuteno ............................................................. 73

    2.2.3.1. Objectivos .................................................................................... 74

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    2.3. Propostas de Melhoria Continua .................................................................. 75

    2.3.1. Objectivos ...................................................................................... 77

    PARTE 3 CONSIDERAES FINAIS ........................................................................ 82

    3.1. CONCLUSES ......................................................................................... 83

    3.2. SUGESTES PARA TRABALHO FUTURO ........................................................... 84

    BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 86

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    Lista de Figuras

    Figura 1.1 - Variao do nmero de defeitos acumulados em funo do nmero de horas trabalhadas de um componente ............................................................................. 8

    Figura 1.2 - Curva da banheira relativa ao andamento do custo da manuteno em funo do tempo do funcionamento de um componente ............................................................ 9

    Figura 1.3 - Sistemas de Controlo da manuteno ..................................................... 21

    Figura 1.4- Objectivos da manuteno preditiva ...................................................... 24

    Figura 1.5 - Meta principal da manuteno preditiva ................................................. 25

    Figura 1.6 - Evoluo de um parmetro medido em funo do tempo ............................. 27

    Figura 1.7 - Curva de tendncia da evoluo do ciclo de vida de um equipamento ............. 27

    Figura 1.8 - Esquematizao sequencial das tarefas associadas manuteno preventiva .... 28

    Figura 1.9 -Pilares da estrutura da Manuteno Produtiva Total. .................................. 33

    Figura 1.10 - Iceberg das grandes perdas ................................................................ 36

    Figura 2.1 - Vista Geral da Escola ......................................................................... 51

    Figura2.2 - Provenincia geogrfica dos alunos da EPT ............................................... 52

    Figura 2.3 - Apresentao geral da Oficina de Mecnica ............................................. 58

    Figura 2.4 - Engenho de furar de coluna................................................................. 59

    Figura 2.5 - Esmeriladora ................................................................................... 60

    Figura 2.6 - Mquina de dobrar tubo e mesa de traagem ........................................... 61

    Figura 2.7 - Tornos mecnicos universais ................................................................ 62

    Figura 2.8 - Fresadoras universais ........................................................................ 63

    Figura 2.9 -Quadros elctricos de alimentao do torno e da fresadora .......................... 63

    Figura 2.10 - Mquina de lavagem de peas e macaco vertical ..................................... 64

    Figura 2.11 - Grua mvel e macacos horizontais de elevao ....................................... 65

    Figura 2.12 - Elevador e aspirador de leo de automveis ........................................... 66

    Figura 2.13 - Posto de soldadura e mquinas de soldar (TIG; MIG; elctrodo revestido) ....... 67

    Figura 2.14 - Forno de tratamento trmico e prensa hidrulica .................................... 68

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    Figura 2.15 - Compressores mvel e fixo de ar comprimido ......................................... 68

    Figura 2.16 - Serrotes de corte de fita, de disco e de lmina ....................................... 69

    Figura 2.17 - Guilhotina de corte de chapa. ............................................................ 69

    Figura 2.18 - Fresadora e torno CNC ..................................................................... 70

    Figura 2.19 - Painel de ferramentas e acessrios ...................................................... 73

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    Lista de Quadros

    Quadro 1.1 - Evoluo temporal das diferentes polticas de manuteno ........................ 12

    Quadro 1. 2 - Ficha de manuteno exemplificativa .................................................. 15

    Quadro1 3 - Ficha de servio exemplificativa. ......................................................... 16

    Quadro 1.4 - Sinaltica de segurana exemplificativa ................................................ 16

    Quadro1.5 - Ficha de equipamento exemplificativa ................................................... 20

    Quadro 1.6 - Ficha de manuteno preventiva exemplificativa ..................................... 22

    Quadro1.7 - Ficha de controlo exemplificativa ......................................................... 23

    Quadro 1.8 Esquematizao dos mtodos e processos a adoptar para diferentes tipos de equipamentos. ............................................................................................... 30

    Quadro 2.1 - Situao dos tcnicos do Ciclo de Formao 2009-2010, diplomados pela EPT .. 54

    Quadro 2.2 - Apresentao da Estrutura Orgnica Funcional da EPT ............................... 57

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    PARTE 1 GENERALIDADES E CONCEITOS

    PARTE 1

    GENERALIDADES

    E

    CONCEITOS

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    1.1. INTRODUO

    Desde a existncia das mquinas, muitos empresrios dedicaram-se a estudar e a

    propor formas mais eficientes de organizar o processo fabril. Todas elas visavam atingir o

    grau mximo de produtividade. Os mais importantes sistemas produtivos criados nesta

    filosofia foram o Taylorismo e o Fordismo.

    Para melhor entendimento, saliente-se que o Taylorismo ou Administrao cientfica

    o modelo de administrao desenvolvido pelo engenheiro estadunidense Frederick Taylor

    (1856-1915), que considerado o pai da administrao cientfica. Caracteriza-se pela nfase

    nas tarefas, objectivando o aumento da eficincia ao nvel operacional. considerada um

    subcampo da perspectiva administrativa clssica.

    O fato mais marcante da vida de Taylor foi o livro que publicou em 1911 "Princpios de

    Administrao Cientfica" com esse livro ele tenta convencer aos leitores de que o melhor

    forma de administrar uma empresa atravs de um estudo, de uma cincia. A ideia principal

    do livro a racionalizao do trabalho que nada mais que a diviso de funes dos

    trabalhadores e com isso Taylor critica fortemente a Administrao por incentivo e

    iniciativa, que acontece quando um trabalhador por iniciativa prpria sugere ao patro

    ideias que possam dar lucro a empresa incentivando o seu superior a dar-lhe uma recompensa

    ou uma gratificao pelo esforo demonstrado o que criticado por Taylor pois uma vez que

    se recompensa um subordinado pelas suas ideias ou actos, tornamo-nos dependentes deles.

    Taylor acredita na ideia da eficincia e eficcia que a agilidade e rapidez dos funcionrios a

    gerar lucro e ascenso industrial. Princpios Fundamentais do livro de Taylor "Princpios de

    Administrao Cientfica" [1]-[2]:

    Princpio do Planeamento: Substituir os mtodos empricos por mtodos cientficos e

    testados.

    Princpio da Seleco: Como o prprio nome diz selecciona os trabalhadores para as suas

    melhores aptides e para isso so formados e preparados para cada funo a desempenhar.

    Princpio de Controlo: Superviso feita por um superior para verificar se o trabalho est ser

    executado como foi estabelecido.

    Princpio de Execuo: Para que haja uma organizao no sistema as distribuies de

    responsabilidades devem existir para que o trabalho seja o mais disciplinado possvel.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9ricahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1856http://pt.wikipedia.org/wiki/1915

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    Idealizado pelo empresrio estadunidense Henry Ford (1863-1947), fundador da Ford Motor

    Company, o Fordismo um modelo de produo em massa que revolucionou a indstria

    automobilstica a partir de Janeiro de 1914, quando introduziu a primeira linha de montagem

    automatizada. A Ford utilizou risca os princpios de padronizao e simplificao de

    Frederick Taylor e desenvolveu outras tcnicas avanadas para a poca. As suas fbricas eram

    totalmente verticalizadas. Ele possua desde a fbrica de vidros, a plantao de seringueiras,

    at a siderrgica.

    A Ford criou o mercado de massa para os automveis. A sua inteno era tornar o automvel

    to barato que todos poderiam compr-lo, porm mesmo com o abaixamento dos custos de

    produo, o sonho de Henry Ford permaneceu distante da maioria da populao.

    Uma das principais caractersticas do Fordismo foi o aperfeioamento da linha de montagem.

    Os veculos eram montados em tapetes rolantes que se movimentavam enquanto o operrio

    ficava praticamente parado, a realizar uma pequena etapa da produo. Desta forma no era

    necessria quase nenhuma qualificao dos trabalhadores. Outra caracterstica a de que o

    trabalho entregue ao operrio, em vez desse ir busc-lo, fazendo assim a analogia

    eliminao do movimento intil.

    O mtodo de produo fordista exigia vultosos investimentos e grandes instalaes, mas

    permitiu que a Ford produzisse mais de 2 milhes de carros por ano, durante a dcada de

    1920. O veculo pioneiro da Ford no processo de produo fordista foi o mtico Ford Modelo T.

    Juntamente com o sucesso do Fordismo, com as vendas do lendrio modelo "T", surgiu um

    ciclo o qual mudou a vida de muitos americanos da poca, o chamado ciclo da prosperidade,

    graas ao aumento de vendas do Ford "T" muitos outros sectores tiveram um desenvolvimento

    substancial, sectores como o txtil, siderrgicas, energia (combustvel), entre tantos outros

    que foram afectados directa ou indirectamente com a fabricao desses carros.

    O Fordismo teve seu pice no perodo posterior Segunda Guerra Mundial, nas dcadas de

    1950 e 1960, que ficaram conhecidas na histria do capitalismo como Os Anos Dourados.

    Entretanto, a rigidez deste modelo de gesto industrial foi a causa do seu declnio. Ficou

    famosa a frase de Ford, que dizia que poderiam ser produzidos automveis de qualquer cor,

    desde que fossem pretos. O motivo disto era que a tinta na cor preta secava mais rpido e os

    carros poderiam ser montados mais rapidamente.

    A partir da dcada de 1970, o Fordismo entra em declnio. A General Motors flexibiliza a sua

    produo e o seu modelo de gesto. Lana diversos modelos de veculos, de vrias cores e

    adopta um sistema de gesto profissionalizado. Com isto a GM ultrapassa a Ford, como a

    maior produtora do mundo.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidoshttp://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Fordhttp://pt.wikipedia.org/wiki/1863http://pt.wikipedia.org/wiki/1947http://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Motor_Companyhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Motor_Companyhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_em_massahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Taylorhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Linha_de_montagemhttp://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920http://pt.wikipedia.org/wiki/Ford_Modelo_Thttp://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial

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    Na dcada de 1970, aps os choques do petrleo e a entrada de competidores japoneses no

    mercado automobilstico, o Fordismo e a Produo em massa entram em crise e comeam

    gradativamente a serem substitudos pela Produo enxuta, modelo de produo baseado no

    Sistema Toyota de Produo.

    Em 2007 a Toyota torna-se a maior produtora de veculos do mundo e pe um ponto final no

    Fordismo.

    Resumindo: O Fordismo foi iniciado nos EUA onde o ritmo da produo imposto pelas

    mquinas, o trabalhador faz um consumo de tarefas especializadas e de participar mais do

    consumo.

    Fazendo uma rpida retrospectiva, podemos identificar no Taylorismo uma pretenso em

    submeter o trabalhador ao ritmo da mquina, com o mnimo de interrupes, predominando

    neste sistema de produo a diviso e a subdiviso de tarefas, bem como a valorizao de

    procedimentos mecnicos que dispensavam o raciocnio dos trabalhadores. O Fordismo surgiu

    numa tentativa de aperfeioar este primeiro sistema, havendo em ambos os casos, como

    exigncia, o domnio de habilidades especficas.

    A manuteno, embora despercebida, sempre existiu, mesmo nas pocas mais remotas.

    Comeou a ser conhecida com o nome de manuteno por volta do sculo XVI na Europa

    central, juntamente com o surgimento do relgio mecnico, quando surgiram os primeiros

    tcnicos em montagem e assistncia. Tomou corpo ao longo da Revoluo Industrial e firmou-

    se, como necessidade absoluta, na Segunda Guerra Mundial. No princpio da reconstruo ps-

    guerra, Inglaterra, Alemanha, Itlia e principalmente o Japo delineou-se o desempenho

    industrial nas bases da engenharia de manuteno.

    Nos ltimos anos, com a intensa concorrncia, os prazos de entrega dos produtos passaram a

    ser relevantes para todas as empresas. Com isso, surgiu a motivao para se prevenir contra

    as avarias de mquinas e equipamentos.

    Alm disso, outra motivao para o avano da manuteno foi a maior exigncia por

    qualidade. Essas motivaes deram origem a uma manuteno mais planeada.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_em_massahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o_enxutahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Toyota_de_Produ%C3%A7%C3%A3o

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    1.2. COMPETNCIAS DOS RESPONSVEIS DA MANUTENO

    S que mais avanos e mudanas tecnolgicas continuaram a ocorrer e assim estes modelos

    ficaram ultrapassados, uma vez que no conseguiram suprir as novas exigncias do mercado

    porque no se preocuparam com a qualificao dos trabalhadores. Se antes exigia-se

    especificidade, o mercado actual exige um conjunto de competncias.

    As polticas pblicas no campo educacionais vm exigindo, como patamar mnimo de

    escolaridade para a qualificao profissional, um curso tcnico. Baseando-se em documentos

    que regem a organizao e o planeamento dos cursos de nvel tcnico, como tambm na

    prpria prtica, de notar que o mercado de trabalho na rea de manuteno industrial

    necessita cada vez mais tcnicos com formao multidisciplinar e certificaes que possam

    actuar na rea, desenvolvendo a melhoria contnua dos mtodos e processos em andamento

    dentro das modernas normas das prticas da qualidade, economia, gesto ambiental e

    segurana do trabalho.

    Esta tendncia ocorre devido preocupao das indstrias em garantir a integridade

    operacional das suas mquinas e equipamentos, visando reduzir custos, implementar maior

    qualidade e aumentar a sua produtividade, e, desta forma, tornarem-se mais competitivas

    para afirmar a sua sobrevivncia no mercado globalizado. Por exemplo, certos produtos s

    podem ser exportados para pases pertencentes Unio Europeia quando atendem aos

    requisitos de normas internacionais, como a ISO 9000, a ISSO 14000 e a ISO 18000. Para o

    atendimento a estas normas, a qualificao profissional preponderante, incluindo os

    profissionais de manuteno.

    O objectivo da gesto de Gesto da Manuteno no s a preparao e qualificao dos

    futuros profissionais de manuteno, mas tambm proporcionar dinamismo e criatividade, de

    forma a investigar o constante avano profissional e da indstria no mundo [1]-[2]-[3]-[4]-[5].

    1.2.1. Competncias Gerais

    Neste foco, um profissional em manuteno deve possuir competncias gerais e especficas, a

    saber [3]-[4]-[5]:

    Desenvolver caractersticas preponderantes, senso crtico, autonomia intelectual e

    sociabilidade;

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    Desenvolver esprito empreendedor;

    Contribuir com a iniciativa de gesto do seu prprio percurso no mercado de trabalho

    de modo flexvel, interdisciplinar e contextualizado;

    Ter slidas bases de conhecimentos tecnolgicos e cientficos;

    Ter boa comunicao oral e escrita;

    Desempenhar as actividades com qualidade, controle do custo e segurana;

    Ter postura profissional e tica.

    1.2.2. Competncias Especficas da rea:

    Elaborar planos de manuteno;

    Fazer oramentos de materiais, servios e equipamentos;

    Executar, interpretar e fiscalizar ensaios mecnicos e tecnolgicos;

    Fiscalizar, acompanhar e controlar servios de manuteno industrial;

    Interpretar e executar projectos de instalao de equipamentos e acessrios;

    Conhecer e aplicar adequadamente procedimentos, normas e tcnicas de

    manuteno;

    Planear, programar e executar manuteno industrial rotineira e em paragens;

    Avaliar, qualificar e quantificar equipes para realizao de servios de manuteno

    industrial;

    Especificar e identificar correctamente materiais de construo mecnica.

    1.3. IMPORTNCIA DA MANUTENO

    Com a globalizao da economia, a busca da qualidade total em servios, produtos e gesto

    ambiental passou a ser a meta de todas as empresas. Veja o caso abaixo:

    Imagine um fabricante de rolamentos e que tenha concorrentes no mercado. Para que os

    clientes se mantenham e conquiste outros, ele precisar tirar o mximo rendimento das

    mquinas para oferecer rolamentos com defeito zero e preo competitivo. Dever tambm

    estabelecer um rigoroso cronograma de fabricao e de entrega dos seus rolamentos. Imagine

    agora que no exista um programa de manuteno das mquinas...

    Isto d uma ideia da importncia de se estabelecer um programa de manuteno, uma vez

    que as mquinas e equipamentos com defeitos e/ou paradas, os prejuzos sero inevitveis,

    provocando [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6]:

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    Diminuio ou interrupo da produo;

    Atrasos nas entregas;

    Perdas financeiras;

    Aumento dos custos;

    Produtos com possibilidades de apresentar defeitos de fabricao;

    Insatisfao dos clientes;

    Perda de mercado.

    Todos esses aspectos mostram a importncia que se deve dar manuteno. At

    recentemente, a gerncia de nvel mdio e corporativo tinha ignorado o impacto da operao

    da manuteno sobre a qualidade do produto, custos de produo e, mais importante, no

    lucro bsico. A opinio geral cerca de 20 anos atrs era de que manuteno um mal

    necessrio, ou nada pode ser feito para melhorar os custos de manuteno. Mas as novas

    tcnicas de gesto e os sistemas de manuteno tm mudado isso, reduzindo os custos da

    manuteno em relao a facturao.

    1.3.1. Conceitos em Manuteno

    Dois conceitos de manuteno [3]-[4]-[5]-[6]-[7]:

    Pode ser considerada como a engenharia do componente uma vez que estuda e controla o

    desempenho de cada parte que compe um determinado sistema;

    Pode ser considerada como o conjunto de cuidados tcnicos indispensveis ao funcionamento

    regular e permanente de mquinas, equipamentos, ferramentas e instalaes. Esses cuidados

    envolvem a conservao, a adequao, a restaurao, a substituio e a preveno.

    Por exemplo:

    Lubrificao de engrenagens = conservao

    Rectificao de uma mesa de desempeno = restaurao.

    Troca do terminal de um cabo elctrico = substituio.

    Substituir o leo lubrificante no perodo recomendado pelo fabricante = preveno.

    Em suma, manuteno actuar no sistema (de uma forma geral) com o objectivo de evitar

    quebras e/ou paragens na produo, bem como garantir a qualidade planeada dos produtos.

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    De uma maneira geral, a manuteno numa empresa tem como objectivos:

    1. Manter equipamentos e mquinas em condies de pleno funcionamento para garantir a

    produo normal e a qualidade dos produtos;

    2. Prevenir provveis avarias ou quebras dos elementos das mquinas.

    Outros conceitos:

    a) Manuteno ideal - a que permite alta disponibilidade para a produo durante todo o

    tempo em que ela estiver em servio e a um custo adequado.

    b) Vida til de um componente - o espao de tempo que este componente desempenha as

    suas funes com rendimento e disponibilidade mximas. medida que a vida til se

    desenvolve, desenvolve-se tambm um desgaste natural (crescente), que aps um certo

    tempo inviabilizar o seu desempenho, determinando assim o seu fim.

    c) Ciclo de vida de um componente (Fig. 1.1).

    Figura 1.1 - Variao do nmero de defeitos acumulados em funo do nmero de horas trabalhadas de um componente

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    1) Fases de amaciamento - os defeitos internos do equipamento manifestam-se pelo uso

    normal e pelo auto ajuste do sistema. Normalmente estes defeitos esto cobertos pela

    garantia de fbrica.

    2) Vida til do componente - esta a fase de pouqussimas quebras e/ou paragens e a fase

    de maior rendimento do equipamento;

    3) Envelhecimento - os vrios componentes vo atingindo o fim da vida til e passam a

    apresentar quebras e/ou paragens mais frequentes. a hora de decidir pela reforma total ou

    sucata.

    Na Fig. 1.2 mostra-se a curva da banheira relativa ao custo da manuteno para cada fase.

    Figura 1.2 - Curva da banheira relativa ao andamento do custo da manuteno em funo do tempo do funcionamento de um componente

    1.3.2. Recursos Necessrios para a Manuteno

    Para que possa ocorrer manuteno, h necessidade que exista disposio desta os

    seguintes recursos [3]-[5]:

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    a) Recursos materiais - equipamentos de teste e de medio, ferramentas adequadas, espao

    fsico satisfatrio, entre outros.

    b) Recursos de mo-de-obra - dependendo do tamanho da empresa e da complexidade da

    manuteno aplicada, h a necessidade de uma equipe formada por profissionais qualificados

    em todos os nveis;

    c) Recursos financeiros - necessrios para uma maior autonomia dos trabalhos;

    d) Recursos de informao - responsvel pela capacidade de obter e armazenar dados que

    sero a base dos planos de manuteno.

    1.4. POLTICAS DE MANUTENO

    Existem duas polticas (tambm designadas comummente por tipos) bsicas de manuteno: a

    planeada e a no planeada [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6]-[7].

    Manuteno no planeada: Ocorre quando no h uma programao de data e hora; pode

    ocorrer a qualquer momento. Por isso conhecida como correctiva, j que visa corrigir

    problemas. Divide-se em:

    Inesperada: Tem o objectivo de localizar e reparar defeitos repentinos em equipamentos

    que trabalham em regime de trabalho contnuo.

    Ocasional: Consiste em fazer consertos de avarias que no param a mquina. Ocorrem

    quando h paragem de mquina, por outro motivo que no defeito, como por exemplo,

    no caso de atraso na entrega de matria-prima.

    Manuteno planeada: Ocorre com um planeamento e uma programao prvia. Classifica-se

    em trs categorias:

    Preventiva: Consiste no conjunto de procedimentos e aces antecipadas que visam

    manter a mquina em funcionamento.

    Preditiva: um tipo de aco preventiva baseada no conhecimento das condies de

    cada um dos componentes das mquinas e equipamentos. Esses dados so obtidos por

    meio de um acompanhamento do desgaste de peas vitais de conjuntos de mquinas e de

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    equipamentos. Testes peridicos so efectuados para determinar a poca adequada para

    substituies ou reparao de peas. Exemplos: anlise de vibraes de mancais.

    Detectiva: a manuteno preditiva dos sistemas de proteco dos equipamentos, como

    painis de controlo por exemplo. Busca avarias ocultas destes sistemas, evitando que os

    mesmos no trabalhem quando necessrio, como um sistema de desligamento

    automtico em caso de super-aquecimento.

    Engenharia de Manuteno: o nvel mais elevado de investimento em manuteno.

    Consiste em procurar as causas da manuteno j no projecto do equipamento,

    modificando situaes permanentes de mau desempenho, problemas crnicos, e

    desenvolvendo a manutibilidade.

    importante citar aqui a Manuteno Produtiva Total (TPM), que no um tipo de

    manuteno, mas um sistema de gesto completo, envolvendo todos os tipos de manuteno.

    Foi desenvolvido no Japo e tem uma viso holstica, isto , o operador de uma mquina

    mais responsvel do que por uma simples operao [8]-[9]-[10].

    No Quadro 1.1 descreve-se a evoluo temporal das diferentes polticas (ou tipos) de

    manuteno.

    1.4.1. Manuteno Correctiva

    A manuteno correctiva corresponde ao estgio mais primitivo da manuteno mecnica.

    Entretanto, como praticamente impossvel acabar totalmente com as avarias, a manuteno

    correctiva ainda existe.

    definida como um conjunto de procedimentos que so aplicados a um equipamento fora de

    aco ou parcialmente danificado, com o objectivo de faz-lo voltar ao trabalho, no menor

    espao de tempo e custo possvel. , portanto, uma manuteno no planeada, de reaco,

    no qual a correco de avaria ou de baixo desempenho d-se de maneira aleatria, isto ,

    sem que a ocorrncia fosse esperada. Implica altos custos, porque causa perdas na produo

    e geralmente a extenso dos danos aos equipamentos maior. importante observar que

    pode englobar desde a troca de um simples parafuso de fixao quebrado como substituir

    todo um sistema elctrico em falha [3]-[4]-[5]-[6].

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    Quadro 1.1 - Evoluo temporal das diferentes polticas de manuteno

    Perodos Ate dcada de 1950 Dcada de 1950 Dcada da 1960 Dcada de 1980

    Estagio

    Conceitos

    Manuteno

    correctiva

    Manuteno

    Preventiva

    Manuteno do

    sistema de

    produo

    Manuteno

    produtiva total

    (TPM)

    Reparao

    correctiva x x x x

    Gesto

    mecnica da

    manuteno

    x x x

    Manutenes

    Preventivas x x x

    Viso

    sistemtica x x

    Manuteno

    correctiva com

    incorporao de

    melhorias

    x x

    Preveno de

    manuteno x x

    Manuteno

    preditiva x

    Abordagem

    participativa x

    Manuteno

    autnoma x

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    1.4.1.1. Tipos de Manuteno Correctiva

    Pode-se dividir a manuteno correctiva em reparao e reforma [4]-[5]-[6].

    Reparao: E a correco de uma avaria inesperada, sem qualquer planeamento (ver Fig.

    1.1).

    Na regio 1 (fase de amaciamento) existe um crescimento do nmero de defeitos a partir do

    ponto zero, decorrente da acomodao dos componentes recm instalados, bem como da

    manifestao de possveis avarias internas dos materiais utilizados.

    Na regio 2 (vida til) pode-se notar que o nmero de defeitos permanece sem alterao.

    nesta fase que o equipamento tem seu melhor desempenho pois est sempre no melhor

    rendimento e com ausncia de defeitos (paragens).

    Na regio 3 (envelhecimento) o nmero de defeitos comea a crescer e o custo da

    manuteno torna-se caro.

    A manuteno correctiva de reparao aplica-se exactamente na regio 2 do grfico, quando

    o equipamento est na sua melhor performance, e ocorrem quebras/avarias inesperadas.

    Reforma: quando o equipamento atinge seu rendimento mnimo (nvel mnimo) ou a regio 3,

    ele no est mais apto a desempenhar as suas funes satisfatoriamente, uma vez que produz

    pouco (muitas paragens), sem qualidade e com custo elevado. Deste ponto em diante,

    existem duas opes: substituir (vender ou sucata) o equipamento ou fazer uma manuteno

    correctiva de reforma. Define-se reforma como a completa anlise, desmontagem,

    substituio e ou recuperao dos componentes, limpeza, montagem, testes, pintura, etc.

    Existem vrias classes de reforma, desde a mais simples at as mais complexas, que envolvem

    tambm a modernizao do equipamento. importante tambm lembrar que a reforma deve

    ser precedida por uma profunda anlise tcnica (mecnica e econmica) sobre o

    equipamento, a fim de concluir a melhor opo: substituio ou reforma.

    1.4.1.2. Organizao da Manuteno Correctiva

    Oficina: fundamental que toda empresa possua uma oficina de manuteno suficientemente

    equipada que permita a resoluo dos problemas mais comuns que ocorrem com os

    equipamentos. Deve prever ferramentas, peas de reposio, instrumentos de medio e

    controle, fichas (fichas de solicitao e controle de manuteno), etc. Os trabalhadores

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    devero ser bem formados e como caracterstica bsica devem ser participativos e

    trabalharem em equipa [3]-[5]-[6].

    Controle: O controlo realizado pela ficha de manuteno e a ficha de servio.

    Ficha de manuteno correctiva: Cada operador responsvel pelo seu equipamento,

    portanto, ele quem deve avisar ao sector de manuteno sobre os defeitos ocorridos. A

    comunicao feita atravs da ficha de manuteno (solicitao de manuteno), onde se

    informa sobre os sintomas e possveis causas do problema (Quadro 1.2).

    Ficha de servio: Tem por objectivo documentar os problemas executados no equipamento

    durante o tempo de manuteno, seja na oficina de manuteno ou no seu local. Nesta ficha

    so anotadas as peas substitudas, modificaes feitas, outros problemas encontrados, bem

    como a provvel causa do defeito. Esta ficha de servio dever ser arquivada numa pasta que

    mostre toda a histria de manuteno do referido equipamento. importante destacar o

    nmero total de horas trabalhadas, pois isto servir para o clculo do custo da manuteno

    correctiva realizada (Quadro 1.3).

    Sinalizao: Para efectuar a manuteno correctiva, ou mesmo uma simples inspeco, num

    equipamento ou sistema, no seu prprio local, fundamental tomar diversos cuidados no

    sentido de garantir a segurana das pessoas envolvidas, quer do operador de manuteno,

    quer das pessoas do processo produtivo nas proximidades.

    Esses cuidados so essenciais para a segurana. O isolamento pode ser feito por uma simples

    sinalizao ou at pelo isolamento do equipamento por barreiras. Em ambos os casos, torna-

    se necessrio a colocao de um aviso identificando que a mquina est em manuteno,

    sendo necessrio conter o nome da pessoa responsvel pelo trabalho e prazo estimado para

    trmino dos trabalhos. A partir deste instante o operador de manuteno o nico

    responsvel pela operao do equipamento. Nenhuma outra pessoa dever ligar ou desligar a

    mquina, estar prximo ou interferir no trabalho, a no ser que seja solicitado. Nos casos de

    manuteno elctrica, o cuidado com o isolamento elctrico primordial (Quadro 1.4).

    A proteco dos locais de trabalho e das pessoas que neles trabalham atravs de cores e de

    sinais de preveno constitui uma tcnica especial de segurana que permite a obteno de

    resultados importantes. Em certos momentos, o trabalho deve continuar paralelo a certas

    circunstncias temporais: trabalhos de manuteno, situaes de emergncia, etc. Assim

    torna-se necessrio o uso de cores e sinais uniformes para prevenir certos riscos.

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    Quadro 1. 2 - Ficha de manuteno exemplificativa

    Escola Profissional de Trancoso Ficha de Manuteno Correctiva

    Equipamento: Localizao:

    Defeito Provvel:

    Sintoma Apresentado:

    Causa Provvel:

    Solicitado por: Recebido por:

    Data: / / 2011 Data: / / 2011

    Horrio: Horrio:

    1.4.2. Manuteno Preventiva

    Nas instalaes industriais, as paragens para a manuteno constituem uma preocupao

    constante para a programao da produo. Se as paragens no forem previstas, ocorrem

    vrios problemas, tais como: atrasos no cronograma de fabricao, indisponibilidade da

    mquina, elevao de custos, etc.

    Para evitar esses problemas, as empresas introduziram um planeamento e uma programao

    da manuteno. A manuteno preventiva o estgio inicial da manuteno planeada, e

    obedece a um padro previamente esquematizado. Ela estabelece paragens peridicas com a

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 16

    finalidade de permitir as reparaes programadas, assegurando assim o funcionamento

    perfeito da mquina por um tempo predeterminado [3]-[4]-[5]-[6]-[10].

    Quadro1 3 - Ficha de servio exemplificativa.

    Escola Profissional de Trancoso Ficha de Servio n _____ / 2011

    Equipamento: ________________________________________________________ N ______________

    Executor: ______________________________________________________

    Data: _____ / ______/ 2011

    Hora incio: _____________ Hora final: _____________

    Total de horas trabalhadas: ______________

    Defeito(s) Encontrado(s):

    Causa Provvel:

    Procedimento:

    Peas Substitudas:

    Assinatura Executor: Assinatura Responsvel Sector:

    Quadro 1.4 - Sinaltica de segurana exemplificativa

    Escola Profissional de Trancoso

    EQUIPAMENTO

    EM

    MANUTENO

    Observao: Cor de fundo amarelo; Destaque Preto (Sugesto).

    Operador de Manuteno: Tempo Estimado: ____: _____ h

    Incio: ___: ___ h Trmino: ___: ___ h

    Data: ____ / ____ / 2011

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 17

    Seguidamente explicitam-se os principais conceitos da manuteno preventiva [3]-[4]-[5]-[6]-

    [10]:

    a) Planeamento da manuteno - significa conhecer os trabalhos, os recursos para execut-los

    e tomar decises.

    b) Programao da manuteno - significa determinar pessoal, dia e hora para execuo dos

    trabalhos.

    c) Controle da manuteno - a recolha e tratamento de dados, seguido de interpretao.

    d) Organizao da manuteno - significa a maneira como o servio de manuteno se

    compe, se ordena e se estrutura para alcanar os objectivos visados.

    e) Administrao da manuteno - significa normalizar as actividades, ordenar os factores de

    produo, contribuir para a produo e para a produtividade com eficincia, sem desperdcios

    e retalhos.

    1.4.2.1. Objectivos da Manuteno Preventiva

    Os principais objectivos das empresas so: reduo de custos, qualidade do produto, aumento

    de produo, preservao do meio ambiente, aumento da vida til dos equipamentos e

    reduo de acidentes do trabalho. Como a manuteno preventiva colabora para alcanar

    estes objectivos? [3]-[4]-[5]-[6]-[10].

    a) Reduo de custos - A grande maioria, das empresas procuram reduzir os custos incidentes

    nos produtos que fabricam. A manuteno preventiva pode colaborar actuando na reduo

    das peas sobressalentes, diminuio nas paragens de emergncia, aplicando o mnimo

    necessrio, ou seja, sobressalente X compra directa; horas suprfluas X horas trabalhadas;

    material novo X material recuperado.

    b) Qualidade do produto - A concorrncia no mercado nem sempre ganha com o menor preo.

    Muitas vezes ela ganha com um produto de melhor qualidade. Para atingir essa meta, a

    manuteno preventiva dever ser aplicada com maior rigor, ou seja: mquinas deficientes X

    mquinas eficientes; abastecimento deficiente X abastecimento optimizado.

    c) Aumento de produo - preciso manter a fidelidade dos clientes j cadastrados e

    conquistar outros. A manuteno preventiva colabora para o alcance dessa meta actuando no

    binmio produo atrasada X produo em dia.

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 18

    d) Efeitos no meio ambiente - Em determinadas empresas, o ponto mais crtico a poluio

    causada pelo processo industrial. Se a meta da empresa for a diminuio ou eliminao da

    poluio, a manuteno preventiva, como primeiro passo, dever estar voltada para os

    equipamentos antipoluio, ou seja, equipamentos sem acompanhamento X equipamentos

    revisados; poluio X ambiente normal.

    e) Aumento da vida til dos equipamentos - O aumento da vida til dos equipamentos um

    factor que, na maioria das vezes, no pode ser considerado de forma isolada. Esse factor,

    geralmente, consequncia de:

    Reduo de custos;

    Qualidade do produto;

    Aumento de produo;

    Efeitos do meio ambiente.

    f) Reduo de acidentes do trabalho - No raros os casos de empresas cujo maior problema

    a grande quantidade de acidentes. Os acidentes no trabalho causam:

    Aumento de custos;

    Diminuio do factor qualidade;

    Efeitos prejudiciais ao meio ambiente;

    Diminuio de produo;

    Diminuio da vida til dos equipamentos.

    Como um equipamento sob manuteno preventiva tende a no parar em servio e se

    mantm regulado por longos perodos, pode-se enumerar as seguintes vantagens:

    Paragens programadas ao invs de paragens imprevistas;

    Maior vida til do equipamento;

    Maior preo numa eventual troca do equipamento;

    Maior qualidade do produto final;

    Diminuio de horas extras.

    Por outro lado, existem as provveis desvantagens:

    Maior nmero de pessoas envolvidas na manuteno;

    Folha de pagamento mais elevada;

    Possibilidade de introduo de erros durante as intervenes.

    Entretanto, sabe-se que as vantagens so muito superiores que as desvantagens,

    principalmente no que se refere ao custo anual da manuteno.

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    1.4.2.2. Organizao do Plano de Manuteno Preventiva

    Considere uma indstria que ainda no tenha definida a manuteno preventiva, onde no

    haja controlo de custos e nem registos ou dados histricos dos equipamentos. Se essa

    indstria desejar adoptar a manuteno preventiva, dever percorrer as seguintes fases

    iniciais de desenvolvimento [3]-[4]-[5]-[6]-[10]:

    a) Decidir qual o tipo de equipamento que dever marcar a instalao da manuteno

    preventiva, que deve ser realizado numa cooperao da superviso de manuteno e de

    operao;

    b) Efectuar o levantamento e posterior cadastro de todos os equipamentos que sero

    escolhidos para iniciar a instalao da manuteno preventiva (plano piloto);

    c) Redigir o histrico dos equipamentos, relacionando os custos de manuteno (mo-de-obra,

    materiais e, se possvel, lucro cessante nas emergncias), tempo de paragens para os diversos

    tipos de manuteno, tempo de disponibilidade dos equipamentos para produzirem, causas

    das avarias etc.

    d) Elaborar os manuais de procedimentos para manuteno preventiva, indicando as

    frequncias de inspeco com mquinas a trabalhar, com mquinas paradas e as

    intervenes.

    e) Enumerar os recursos humanos e materiais que sero necessrios implementao da

    manuteno preventiva.

    f) Apresentar o plano para aprovao da gerncia e da directoria.

    g) Formar e preparar a equipe de manuteno.

    Se uma empresa contar com um modelo organizacional ptimo, com material sobressalente

    adequado e racionalizado, com bons recursos humanos, com boa ferramenta e instrumentos e

    no tiver quem saiba trabalhar com eles, essa empresa estar a perder tempo no mercado. A

    escolha da ferramenta e dos instrumentos importante, porm, mais importante a

    formao da equipa que ir utiliz-los.

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 20

    1.4.2.3. Documentao da Manuteno Preventiva

    Um plano de manuteno bem elaborado precisa ser controlado. As informaes geradas

    podem ser processadas de diversas maneiras: manual, semi-automatizado, e totalmente

    informatizado. Porm, qualquer que seja a forma adoptada, a estratgia a ser tomada

    tem como base:

    Codificao do equipamento: cada um dos equipamentos dentro da empresa ser

    identificado e codificado em relao sua posio dentro de determinada seco;

    Arquivo de mquinas: para cada equipamento dever ser aberta uma pasta de

    informaes onde constar quaisquer informaes;

    Codificao das peas: para facilitar a substituio de peas, cada equipamento ser

    dividido em sistemas, conjuntos e peas, sendo que cada um deles receber um cdigo

    de identificao;

    Criao de fichas de informao e controle:

    Ficha do equipamento: tem por objectivo reunir as principais informaes a respeito

    de um tipo de equipamento (Quadro 1.5).

    Quadro1.5- Ficha de equipamento exemplificativa

    Escola Profissional de Trancoso Ficha de Mquina n___/2011

    Equipamento: Cdigo

    Fabricante:

    Funo:

    Localizao:

    Data de compra: Valor:

    Fornecedor: Endereo:

    PRINCIPAIS PEAS DE REPOSIO

    Cdigo Pea Fabricante

    Ficha de manuteno preventiva: o ponto de partida da manuteno preventiva o

    levantamento das partes da mquina mais sujeitas a avarias e dos pontos que exigem

    regulao peridica. Essas informaes so normalmente fornecidas pelo fabricante

    (Quadro 1.6).

    Ficha de controlo: tem por objectivo controlar a vida til de cada um dos

    componentes e peas de um determinado equipamento (Quadro 1.7).

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 21

    1.4.2.4. Formas de Controlo da Manuteno Preventiva

    o sistema no qual as manutenes preventivas so controladas e analisadas por meio de

    formulrios e mapas, preenchidos manualmente e guardados em pastas de arquivo. O controlo

    pode ser automatizado, no qual toda a interveno da manuteno tem os seus dados

    armazenados em computadores, para melhoria da logstica da informao alm da obteno

    facilitada de consultas, listagens, tabelas e grficos, aumentando grandemente a agilidade na

    tomada de decises.

    Figura 1.3 - Sistemas de Controlo da manuteno

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    Quadro 1.6 - Ficha de manuteno preventiva exemplificativa

    Escola Profissional de Trancoso

    Equipamento: Cdigo

    FICHA DE MANUTENO PREVENTIVA - INSPEO PERIDICA

    Tarefa Situao

    1. Limpeza

    Lavar e limpar toda a unidade.

    2. Motor

    Apertar os parafusos de montagem, se necessrio

    Regular o motor

    Verificar o jogo da ponta do virabrequim

    Verificar os drenos da caixa de ar

    Inspeccionar os orifcios de admisso e anis dos pistes

    Medir a compresso e presses no crter, caixa de ar e na exausto

    Verificar a sincronizao dos motores (unidades com dois motores)

    3. Purificador de ar

    Verificar se o sistema de admisso de ar tem trincas ou vazamentos

    4. Correias de accionamento

    Verificar a tenso e o desgaste de todas as correias de accionamento

    17. Acessrios

    Verificar o funcionamento de todos os acessrios

    18. Inspeco Geral

    Inspeccionar toda a unidade, procurar vazamentos, porcas e parafusos soltos, trincas, soldas partidas e peas empenadas

    Operar a unidade e verificar o funcionamento de todos os controles

    19. Lubrificao

    Fazer lubrificao e verificaes recomendadas pela Tabela de Lubrificao para intervalos de 10, 50, 100, 200, 500 e 1000 horas de operao.

    Identificao do Operador de Manuteno

    Data da Inspeco

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    Quadro1.7 - Ficha de controlo exemplificativa

    Escola Profissional de Trancoso Ficha de Controle n _____/2011

    Equipamento:

    Pea/Sistema:

    Cdigo:

    Cdigo:

    Data da Troca

    (dd/mm/aa)

    Horas

    Trabalhadas

    Horas

    Acumuladas

    Responsvel

    (ident.)

    Vida til estimada:

    x horas

    1.4.3. Manuteno Preditiva

    A manuteno preditiva uma fase bem avanada de um plano global de manuteno.

    Refere-se ao processo no qual a interveno sobre um equipamento ou sistema somente

    realizado quando este apresenta uma mudana na sua condio de operao. Significa

    predizer as condies de funcionamento dos equipamentos permitindo sua operao contnua

    pelo maior tempo possvel [4]-[5]-[6]-[10]. Todo o controle d-se pela observao destas

    condies, como por exemplo, pela observao do nvel de rudo de um determinado mancal

    de rolamento.

    aquela que indica as condies reais de funcionamento das mquinas com base em dados

    que informam o seu desgaste ou processo de degradao.

    Trata-se da manuteno que prediz o tempo de vida til dos componentes das mquinas e

    equipamentos e as condies para que esse tempo de vida seja bem aproveitado. Na Europa,

    a manuteno preditiva conhecida pelo nome de manuteno condicional e nos Estados

    Unidos recebe o nome de preditiva ou previsional

    Conceito: o conjunto de actividades de acompanhamento das variveis ou parmetros que

    indicam a performance ou desempenho dos equipamentos, de modo sistemtico, visando

    definir a necessidade ou no de interveno.

    Quando a interveno, fruto do acompanhamento preditivo, realizada, estamos na verdade

    realizar uma manuteno correctiva planeada.

    Na prtica diria da manuteno, torna-se difcil separar onde termina a manuteno

    preventiva e onde se inicia a manuteno preditiva, pois embora muitos operadores de

    manuteno desconheam o mtodo, eles j o utilizam parcialmente na prtica. Por exemplo,

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    quando determinam a paragem de uma mquina fora da programao preventiva pelo facto

    da mesma estar super-aquecida ou com vibrao fora do comum, mesmo que ainda trabalhe.

    Para realizar a manuteno preditiva torna-se necessrio mudar toda a filosofia de actuao

    da equipe de trabalho. preciso, antes de tudo, capacitar uma equipe em manuteno

    preditiva e orientar todo o pessoal por meio de formao especfica.

    1.4.3.1. Objectivos da Manuteno Preditiva

    Os objectivos da manuteno preditiva so inmeros, comparados ao mtodo da manuteno

    meramente correctiva ou da preventiva [4]-[5]-[6]-[10]:

    Determinar, antecipadamente, a necessidade de servios de manuteno numa pea

    especfica de um equipamento;

    Eliminar desmontagens desnecessrias para inspeco;

    Aumentar o tempo de disponibilidade dos equipamentos;

    Reduzir o trabalho de emergncia no planeado;

    Impedir o aumento dos danos;

    Aproveitar a vida til total dos componentes e de um equipamento;

    Aumentar o grau de confiana no desempenho de um equipamento ou linha de

    produo;

    Determinar previamente as interrupes de fabricao para cuidar dos equipamentos

    que precisam de manuteno.

    Por meio desses objectivos, pode-se deduzir que eles esto direccionados a uma

    finalidade maior e importante: reduo de custos de manuteno e aumento da

    produtividade (Fig. 1.4).

    Figura 1.4- Objectivos da manuteno preditiva

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    1.4.3.2. Metodologia

    A manuteno preditiva preocupa-se com as alteraes que ocorrem no comportamento

    normal do equipamento. Para chegar-se s informaes que traduzem a instabilidade de um

    equipamento, h necessidade de se estabelecer um diagnostico sobre o equipamento, que

    consiste na monitorizao de seus componentes.

    Para o desenvolvimento do diagnstico, o profissional de manuteno dever estudar o

    equipamento para compreender a cadeia de funcionamento e ento descobrir a origem das

    avarias, bem como as consequncias destas nos outros componentes. O conhecimento do

    funcionamento permite, com segurana, obter os dados necessrios ao diagnstico dentro de

    uma estreita margem de erros. Descobrir as causas de uma avaria mais importante do que a

    simples troca de um componente danificado [4]-[5]-[6]-[10].

    Para a elaborao de um diagnstico, os envolvidos no problema precisam saber qual o

    mecanismo de deteriorao que leva gerao de avarias e como uma avaria exerce aco

    nos componentes associados. A operao de um equipamento ou mesmo componente, em

    perfeitas condies, fornece alguns dados, que so denominados parmetros (vibraes,

    temperatura, presso, etc.), permitindo executar o diagnstico com boa margem de

    segurana. Na Fig. 1.5 esquematiza-se a meta principal da manuteno preditiva.

    Figura 1.5 - Meta principal da manuteno preditiva

    No caso comum, basta verificar uma alterao nestes parmetros que o problema pode ser

    resolvido, efectuando a manuteno neste componente.

    Entretanto, quando se trata de um processo racional, a substituio no simplesmente

    executada, mas sim so estudados os efeitos da alterao dos componentes associados e,

    principalmente, so investigadas as causas do desgaste visando obter meios de atenuar tais

    causas, quando no so eliminadas.

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    Para a implantao de uma sistemtica de manuteno preditiva num equipamento ou

    sistema, necessrio:

    a) Verificao de quais os componentes e das operao no equipamento isto depende;

    b) Verificar, junto ao fornecedor, quais os valores numricos dos parmetros que interessam

    manuteno (valores padres referentes a equipamentos novos);

    c) Determinao do procedimento de medio destes parmetros que interessam

    manuteno;

    d) Fixao dos limites normal, alerta e perigoso para os valores desses parmetros. Deve-se

    utilizar os valores estabelecidos nas especificaes internacionais, na ausncia de dados

    experimentais;

    e) Elaborao de um procedimento para registar e tabelar todos os valores que forem

    medidos (referentes aos valores padres);

    f) Determinao experimental ou emprica dos intervalos de tempo entre as medies

    sucessivas.

    * Observaes:

    Este item fundamental, uma vez que o responsvel pela manuteno deve assegurar que

    no haja paragens no programadas devido quebra de um componente qualquer durante o

    perodo entre observaes sucessivas.

    Caso contrrio, o programa de manuteno perde o sentido, uma vez que sua finalidade

    principal evitar paragens inesperadas.

    1.4.4. Anlise de Avarias

    A anlise da tendncia de avaria consiste em prever com antecedncia a quebra, por meio de

    instrumentos e aparelhos que exercem vigilncia constante, procedimento a necessidade de

    reparo [3]-[4]-[5]-[6]. Esta tendncia pode ser vista nas Figs. 1.6, 1.7 e 1.8.

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    Figura 1.6 - Evoluo de um parmetro medido em funo do tempo

    1 Zona de medidas peridicas normais: intervalo definido previamente.

    2 Zona de desenvolvimento do defeito: durao entre as medidas diminui (acompanhamento

    da evoluo do defeito);

    3 Zona de diagnstico do defeito: a manuteno prevista;

    4 Zona de realizao da manuteno: antes da ocorrncia da avaria. Aps a interveno, h

    um retorno zona 1.

    Figura 1.7 - Curva de tendncia da evoluo do ciclo de vida de um equipamento

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    Figura 1.8 - Esquematizao sequencial das tarefas associadas manuteno preventiva

    1.4.5 Formas de Monitorizao

    A avaliao do estado do equipamento d-se atravs da medio, acompanhamento ou

    monitorizao de parmetros. Esse acompanhamento pode ser feito de trs formas [5]:

    Acompanhamento ou monitorizao subjectiva: D-se pela percepo de que algum

    parmetro est fora do comum, por exemplo: colocar a mo na caixa de mancal e perceber

    que a temperatura est acima do normal; visualizar o lubrificante da mquina e comparar a

    viscosidade; verificar o rudo acima do comum na caixa de velocidades; etc.

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    Portanto, o acompanhamento que se d atravs dos sentidos viso, audio, tacto e olfacto.

    Pode ser feito por qualquer um, inclusive o prprio operador. E a monitorizao ser to

    confivel quanto a experincia do operador. Este acompanhamento deve sempre ser

    incentivado, e j feito muitas vezes sem mesmo ser percebido. Entretanto, no deve ser

    usado como nico mtodo, porque h risco da percepo no ocorrer ou de ocorrer uma

    percepo errada.

    Acompanhamento ou monitorizao objectiva: feito com base em medies utilizando

    equipamentos ou instrumentos especiais.

    Considera-se objectiva por fornecer um valor de medio do parmetro que est a ser

    acompanhado que no depende dos sentidos do operador do instrumento. importante que

    os monitores sejam treinados e os instrumentos estejam aferidos e calibrados.

    Monitorizao contnua: tambm um acompanhamento objectivo. Foi adoptada inicialmente

    nos equipamentos de alta responsabilidade cujo desenvolvimento do defeito dava-se em

    pouco tempo. Como o seu custo era alto, s assim e que erra justificado nesta situao, mas

    com o desenvolvimento dos sistemas digitais e da informtica, isso tem-se tornado possvel,

    ainda que restrito a equipamentos caros. Um exemplo a monitorizao dos grupos geradores

    nas centrais hidroelctricas da, cuja monitorizao d-se na sede da empresa, ou seja, os

    instrumentos instalados nas centrais monitorizam parmetros (como vibrao, temperatura de

    mancais, etc.) que so transmitidos e monitorizados em tempo real da sede. Isso no significa

    que exista um tcnico 24 horas por dia, pois possvel que existam programas que

    monitorizam e exibem relatrios normais e de alerta de forma automtica.

    O espectro da manuteno preditiva bastante amplo, variando desde um simples exame

    visual a um sistema complexo de monitorizado das condies de operao das mquinas com

    o auxlio de sofisticados aparelhos de medio e anlise.

    invivel estabelecer ou classificar todos os mtodos e processos possveis para obter um

    programa de manuteno preditiva eficiente e econmico. Existe um nmero bem

    determinado de parmetros a monitorizar. O Quadro 1.8 explicita resumidamente as

    principais variveis e as mquinas e equipamentos que as utilizam.

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    Quadro 1.8 Esquematizao dos mtodos e processos a adoptar para diferentes tipos de equipamentos.

    Os principais parmetros a controlar actualmente so os seguintes [5]-[6]:

    a) Vibrao: o acompanhamento e anlise de vibraes so um dos mais importantes mtodos

    de predio em vrios tipos de indstria, sendo a nfase em equipamentos rotativos, mas

    tambm aplicvel a muitos outros (asa de avio, molas de vago de trem, estrutura sujeita

    aco do vento, etc.).

    b) Temperatura: a medio da temperatura um dos parmetros de mais fcil compreenso e

    acompanhamento. Alguns exemplos clssicos so: temperatura em mancais de mquinas

    rotativas (a elevao pode ser resultado de desgaste ou problemas relacionados

    lubrificao); temperatura da superfcie de equipamentos estacionrios (a elevao pode

    indicar danos no isolamento); temperatura em barramentos e equipamentos elctricos (a

    elevao pode indicar maus contactos).

    c) Lubrificao: A anlise de lubrificante no s permite economia, por aumentar o intervalo

    de troca recomendado pelo fabricante, como tambm detecta outros problemas, como

    vedao deficiente entre outros. Existem duas tcnicas: a tradicional consiste em verificao

    das caractersticas do lubrificante para verificar a continuao adequada; j a tcnica

    ferrogrfica permite avaliar as condies de desgaste das mquinas, tomando por base a

    anlise de partculas presentes no leo lubrificante.

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    Da mesma forma que se faz um plano de manuteno preditiva, necessrio planear e

    executar aces que visem a motivao do pessoal de manuteno, j que o homem a pea

    chave para o sucesso de qualquer actividade. Algumas aces que devem ser implementadas

    so:

    Criao de listas de e-mail contendo toda lotao da manuteno, visando divulgar

    elogios, perdas operacionais, acidentes ou incidentes, indicadores e outros pontos

    relevantes;

    Presena do Gerente de Manuteno nas oficinas de manuteno e rea industrial,

    visando troca de informaes com executantes, supervisores, tcnicos, engenheiros,

    etc. ;

    Manter e dar prioridade total realizao de reunies semanais dos gerentes e

    supervisores de manuteno, para troca de informaes e relatrios;

    Dar oportunidade e incentivar o fast feedback para todos os empregados de

    manuteno. Feedback significa retornar as informaes que surgiram com as

    actividades, e fast de forma rpida, exacta e adequada. Visa a melhoria do sistema

    da forma mais rpida possvel;

    Induzir os gerentes e supervisores a comunicar aos subordinados as suas histrias

    profissionais e pessoais, incentivando e desafiando os funcionrios com relao

    carreira e tambm humanizando as relaes;

    Realizar inspeces sistemticas nos sectores para conhecimento das rotinas alm de

    valorizao e integrao dos funcionrios;

    Manter programas de formao, cursos e seminrios, que no s aperfeioam os

    funcionrios como representa incentivos ao crescimento profissional dos mesmos;

    Pontualidade, seriedade e respeito nas relaes interpessoais entre chefia e

    funcionrios, e entre os prprios funcionrios;

    Realizar eventos para celebrar sucessos obtidos.

    1.5. MODELOS DE MANUTENO

    De entre os modelos de manuteno referidos no subcaptulo anterior, sero de seguida

    analisados, com algum detalhe, os modelos TPM-Total Productive Maintenance (Manuteno

    Produtiva Total ou Manuteno de Produtividade Total) e RCM-Reliability Centred

    Maintenance (Manuteno Centrada na Fiabilidade) [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6]-[8]-[9]-[10]. Esta

    escolha justifica-se plenamente, na medida em que ambos os modelos tm sido aplicados com

    xito na indstria, a nvel mundial, no decorrer das ltimas duas dcadas, e por serem

    modelos cuja filosofia se baseia na optimizao da relao custo/eficcia da Funo

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 32

    Manuteno que, por sua vez, conduz a elevados nveis de segurana de pessoas e bens,

    continuidade do processo produtivo e proteco do meio ambiente.

    Sendo a cultura industrial portuguesa tradicionalmente fechada, e marcada por uma forte

    departamentalizao das funes dentro da empresa, a adopo da filosofia TPM significaria

    uma melhoria do seu desempenho, ao nvel da reduo de custos e do aumento da

    produtividade. Por outro lado, a adopo da filosofia RCM permite minimizar as dificuldades

    de manuteno de sistemas, cada vez mais complexos, cuja manuteno preventiva, do ponto

    de vista tradicional, impe custos e nveis de indisponibilidade elevados, devido a paragens

    para aces de manuteno, insustentveis para as empresas que se querem competitivas.

    1.5.1. Manuteno Produtiva Total

    Durante muito tempo as indstrias funcionaram com o sistema de manuteno correctiva.

    Com isso, ocorriam desperdcios, no trabalho, perda de tempo e de esforos humanos, alm

    de prejuzos financeiros. Com o surgimento da manuteno preventiva e preditiva, surgiram

    tambm sistemas de gesto de manuteno que procuram a mxima eficincia.

    Um destes sistemas de gesto, que se tornou conhecida pela sua eficincia a manuteno

    produtiva total, conhecida pela sigla TPM (total productive maintenance), que envolve

    manuteno preventiva e preditiva alm de muitos outros aspectos [3]-[4]-[5]-[8]-[9].

    Na procura de maior eficincia da manuteno, por meio de um sistema compreensivo,

    baseado no respeito individual e na total participao dos empregados, surgiu a TPM, em

    1970, no Japo. Os factores que contriburam foram os seguintes:

    Avano na automao industrial;

    Procura em termos da melhoria da qualidade;

    Aumento da concorrncia empresarial;

    Emprego do sistema just-in-time (sistema que produz a partir das encomendas ao

    invs de produzir e empurrar as vendas);

    Maior conscincia de preservao ambiental e conservao de energia;

    Dificuldades de recrutamento de mo-de-obra para trabalhos considerados sujos,

    pesados ou perigosos;

    Aumento da gesto participativa e surgimento do operrio polivalente.

    Todas essas ocorrncias contriburam para o aparecimento da TPM. A empresa que usava

    mquinas preocupava-se em valorizar e manter o seu patrimnio, pensando em termos de

    custo do ciclo de vida da mquina ou equipamento. No mesmo perodo, surgiram outras

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 33

    teorias com os mesmos objectivos, mas a TPM mostrou ser extremamente eficaz. Comeou a

    ser implantado por empresas Portuguesas a partir da dcada de 1990.

    Os oito pilares da TPM so as bases sobre as quais construmos um programa de TPM,

    envolvendo toda a empresa e habilitando-a para encontrar metas, tais como defeito zero,

    avarias zero, aumento da disponibilidade de equipamento e lucratividade. No s envolvem

    termos materiais, mas humanos tambm.

    Saraiva Cabral [5] descreve que para a implementao do TPM so necessrios os seguintes

    oito pilares bsicos (ver Fig.1.9):

    1. Melhorias individualizadas nas mquinas;

    2. Estruturao da manuteno autnoma;

    3. Estruturao da manuteno planeada;

    4. Formao para incremento das capacidades do operador e do tcnico da manuteno;

    5. Controlo inicial do equipamento e produtos;

    6. Manuteno da qualidade;

    7. TPM nos escritrios;

    8. Higiene, segurana e controlo ambiental.

    Figura 1.9 -Pilares da estrutura da Manuteno Produtiva Total.

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 34

    Saraiva Cabral [5] considera que o pilar da manuteno autnoma o mais importante do

    TPM, por permitir aplicar os cuidados bsicos de manuteno da mquina atravs do

    operador.

    So sete as etapas para a aplicao da manuteno autnoma [3]-[5]-[8]-[9]:

    1. Limpeza inicial: eliminando na totalidade as sujidades que se formam no equipamento,

    bem como a deteco de inconvenincias e sua reparao.

    2. Medidas de combate contra a fonte de sujidade e local de difcil acesso: efectuar

    melhorias quanto fonte de sujidades, preveno contra derrames e locais de difcil

    limpeza e lubrificao, reduzir o tempo gasto nesses procedimentos.

    3. Elaborao de normas de limpeza e lubrificao: efectuar normas de limpeza de forma a

    manter efectivamente o menor tempo para as operaes de limpeza, reaperto (

    necessrio indicar o tempo dirio requerido para tais operaes).

    4. Inspeco geral: deteco e restaurao de falhas do equipamento atravs da aplicao

    de tcnicas de inspeco geral conforme o manual de inspeco.

    5. Inspeco autnoma: elaborao e execuo da folha de inspeco.

    6. Organizao e ordem: padronizar os itens de controlo dos diversos locais de trabalho e a

    sistematizao total da sua manuteno:

    - Normas de inspeco de limpeza e de lubrificao.

    - Normas de fluxo de materiais no local de trabalho.

    - Padronizao do registo de dados.

    - Normas de controlo de ferramentas, moldes e dispositivos.

    7. Consolidao: desenvolver as directrizes e as metas e executar regularmente o registo da

    actividade de melhoria.

    A implementao da TPM segue quatro grandes passos [3]-[5]-[8]-[9]:

    1. Capacitao:

    Operadores: realizar manuteno autnoma, ou seja, ser o tcnico de manuteno do

    equipamento (atravs da monitorizao subjectiva e outras aces);

    Executores: no serem muito especializados, mas polivalentes, ou seja, podem

    resolver mais que um tipo de problema;

    Engenheiros: projectarem equipamentos que exijam o mnimo de manuteno.

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    Joaquim Alfredo Saraiva Cabral 35

    2. Aplicar o programa dos oito S:

    Seiri: organizao, eliminando o suprfluo;

    Seiton: arrumao, identificando e colocando tudo em ordem;

    Seiso: limpeza, implica em limpar sempre e no sujar;

    Seiketsu: padronizao, implica manter a arrumao, limpeza e ordem;

    Shitsuke: disciplina, fazer tudo espontaneamente;

    Shido: formao, constante capacitao pessoal;

    Seison: eliminar as perdas;

    Shikari yaro: realizar com determinao e unio.

    3. Eliminar as seis grandes perdas:

    Perdas por quebra;

    Perdas por demora na troca de ferramentas e regulao;

    Perdas por operao em vazio (espera);

    Perdas por reduo da velocidade em relao ao padro normal;

    Perdas por defeitos de produo;

    Perdas por queda de rendimento.

    4. Aplicar as cinco medidas para obteno da quebra zero:

    Estruturao das condies bsicas;

    Obedincia s condies de uso;

    Regenerao do envelhecimento dos equipamentos;

    Prevenir falhas (erros) de projecto;

    Incrementar a capacitao tcnica do pessoal.

    A ideia de quebra zero baseia-se no conceito de que a quebra a falha invisvel. A falha

    visvel causada por uma srie de avarias invisveis, assim como um iceberg tem apenas a sua

    ponta visvel (Fig. 1.10). Logo, se os operadores estiverem conscientes de que devem evitar

    avarias invisveis, a quebra deixar de ocorrer.

    Efeitos da TPM nos recursos humanos: na forma como proposta, oferece grandes benefcios

    no s empresa, mas tambm aos funcionrios:

    Aumento de autoconfiana;

    Aumento da ateno no trabalho;

    Aumento da satisfao;

    Melhoria do esprito de equipa;

    Desenvolvimento e aquisio de habilidades;

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    Maior senso de responsabilidade pelos equipamentos;

    Maior satisfao pelo reconhecimento.

    A manuteno no deve ser apenas aquela que conserta, mas, sim, aquela que elimina a

    necessidade de consertar (annimo).

    Figura 1.10 - Iceberg das grandes perdas

    1.5.2. Manuteno Centrada na Fiabilidade

    Em funo das grandes mudanas que ocorreram nas ltimas dcadas - aumento do nmero e

    diversidade de equipamentos que necessitam ser mantidos, sistemas cada vez mais

    complexos, novas tcnicas de manuteno, maiores responsabilidades atribudas Funo

    Manuteno, etc - os responsveis por equipas de manuteno sentiram a necessidade de

    adoptar um mtodo de trabalho que sintetizasse os novos avanos num modelo coerente,

    modelo esse que permitisse avaliar os novos desafios e aplicar os novos recursos disponveis,

    de uma forma mais racional. A RCM Reliability Centred Maintenance (Manuteno

    Centrada na Fiabilidade) foi considerada como a metodologia mais adequada, pois baseia-se

    nesta filosofia de trabalho, e j foi amplamente testada durante um longo perodo de tempo,

    e em vrios segmentos da indstria [1]-[2]-[3]-[4]-[5]-[6].

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    A sua metodologia determina uma convergncia de objectivos e de esforos da Funo

    Produo e da Funo Manuteno, nomeadamente atravs do seu envolvimento em trabalho

    de grupo, o que gera uma dinmica e uma motivao dos elementos envolvidos, o que,

    seguramente, contribui para os bons resultados que a sua aplicao tem evidenciado.

    O desenvolvimento da metodologia da RCM - Manuteno Centrada na Fiabilidade, teve a sua

    origem na indstria aeronutica dos Estados Unidos, no incio da dcada de sessenta. Nessa

    altura, todos os avies americanos, por norma, eram sujeitos a uma manuteno preventiva

    completa, incluindo a verificao de todos os sistemas e a substituio de muitos

    componentes. Com o surgimento do Boeing 747, trs vezes maior do que o maior avio de

    passageiros at ento existente, constatou-se que, aplicar o mesmo conceito de manuteno

    preventiva no 747, seria inexequvel, pois o avio ficaria muito mais tempo imobilizado do

    que a voar, e o custo da manuteno seria proibitivo. Saliente-se que esta aeronave possui

    apenas 4,5 milhes de componentes! Idntica situao sucede actualmente com o Airbus

    A380, com uma quantidade significativamente superior de componentes.

    Assim, a evoluo tecnolgica das aeronaves, e tambm a perspectiva do aumento do nmero

    de unidades em operao, exigiram um reexame dos processos de manuteno, visando a

    segurana operativa destes equipamentos e a racionalizao dos custos operacionais das

    empresas.

    Em 1968, representantes das empresas areas, dos fabricantes e do governo americano

    reuniram-se num comit, com a finalidade de desenvolver estudos de anlise das falhas

    ocorridas e do plano de manuteno das aeronaves. O documento foi inicialmente publicado

    como MSG-1 e, em 1970, apresentado em verso revista sob o ttulo de MSG-2.

    Importa destacar que esses estudos conduziram a uma importante alterao, do ponto de

    vista da anlise da manuteno, no sentido de no se analisar apenas cada equipamento, mas

    tambm de se analisar a funo exercida por esse equipamento em relao ao sistema em

    que est inserido.

    No incio da dcada de 70 a US Navy tornou-se a primeira entidade a aplicar a RCM em navios.

    Em 1980, a RCM passou a ser exigida como tcnica de manuteno preventiva em todos os

    navios da marinha americana, seguidos pelo exrcito e pela fora area. A EPRI-Electric

    Power Research (Investigao em Energia Elctrica) realizou os primeiros trabalhos analticos

    para aplicao da RCM em centrais trmicas e nucleares americanas, o que veio a ser

    consolidado em 1983, no Sistema de Arrefecimento de Componentes nas centrais nucleares de

    Turkey Point, aplicao essa seguida com sucesso pela Central Nuclear de McGuire.

    O Departamento de Defesa dos Estados Unidos promoveu um estudo do estado da arte da

    manuteno na rea da aviao comercial. Como resultado, publicaram o relatrio intitulado

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    RCM - Reliability Centred Maintenance (Manuteno Centrada na Fiabilidade), que

    constituiu um marco para o estabelecimento do conceito de Manuteno Centrada na

    Fiabilidade. Mais tarde, no incio dos anos 80, e como referido anteriormente, a RCM passou

    tambm a ser aplicada nos demais segmentos da rea industrial e no somente na da aviao.

    A implantao deste modelo dever ser concretizada atravs da constituio de grupos de

    trabalho multidisciplinares e multifuncionais, constitudos por elementos da Funo Produo

    e da Funo Manuteno, provenientes de diversos nveis hierrquicos, com prvia formao

    geral na metodologia RCM e nas respectivas tcnicas aplicveis, devendo ser apoiados por

    especialistas no modelo.

    Estes grupos de trabalho devero identificar em primeiro lugar as falhas crticas dos

    equipamentos, nomeadamente as designadas por falhas escondidas, que no afec