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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E CLÍNICAS ANA CAROLINA DE OLIVEIRA GONÇALVES ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A LAPAROTOMIA MEDIANA VENTRAL E LATERAL DIREITA PARA A OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA EM CADELAS PRÉ-PÚBERES E ADULTAS Salvador 2007

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Page 1: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA

DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E CLÍNICAS

ANA CAROLINA DE OLIVEIRA GONÇALVES

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A LAPAROTOMIA MEDIANA VENTRAL E LATERAL DIREITA PARA A OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA EM CADELAS

PRÉ-PÚBERES E ADULTAS

Salvador 2007

Page 2: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

ANA CAROLINA DE OLIVEIRA GONÇALVES

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A LAPAROTOMIA MEDIANA VENTRAL E

LATERAL DIREITA PARA A OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA EM CADELAS PRÉ-PÚBERES E ADULTAS

Monograf ia apresentada ao curso de graduação em Medicina Veter inár ia. Escola de Medicina Veter inár ia, Univers idade Federal da Bahia como requis ito parcial para obtenção do grau de médico veterinário. Orientador: Prof°. Dr°. João Moreira da costa Neto

Salvador Semestre 2007.1

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Gonçalves, Ana Carolina de Oliveira Estudo comparativo entre a laparotomia mediana

ventral e lateral direita para ováriosalpingohisterectomia em cadelas jovens e adultas. / Ana Carolina de Oliveira Gonçalves – Salvador: A. C. O. G., 2007.

58f. Orientador: João Moreira da Costa Neto Monografia (Graduação) – Universidade Federal da

Bahia. Escola de Medicina Veterinária. 1. Ovário 2. Útero 3. Cirurgia

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANA CAROLINA DE OLIVEIRA GONÇALVES

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A LAPAROTOMIA MEDIANA VENTRAL E LATERAL DIREITA PARA A OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIA EM CADELAS

JOVENS E ADULTAS

Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário, Universidade Federal da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

Prof° Dr° João Moreira da Costa Neto______________________________ Presidente da Banca

Prof° Deocles Teixeira da Silva ___________________________________ Prof° Marcos Chalhoub Coelho Lima _______________________________ Apresentado em: 05 de julho de 2007

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia, aos meus pais, pois através de todo amor, dedicação e

incentivo, me transformei na pessoa que sou hoje.

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AGRADECIMENTOS Considerando esta monografia como resultado de uma caminhada, agradecer pode não ser tarefa fácil, nem justa. Para não correr o risco da injustiça, agradeço de antemão a todos que de alguma forma passaram pela minha vida e contribuíram para a construção de quem sou hoje. E agradeço, particularmente, a algumas pessoas pela contribuição direta na construção deste trabalho: Primeiramente a Deus por todas as bênçãos que me concedeu todos esses anos, pela força nos momentos mais difíceis e por ter caminhado junto comigo a cada dia. Aos meus pais, Gastão e Bárbara, que sempre me apoiaram em cada etapa da minha vida, me ajudando e incentivando em tudo. A Thiago, pelo amor, companheirismo, paciência e por ter me incentivado em todos os momentos dessa minha caminhada. Ao meu orientador Professor João Moreira pelo incentivo e grande conhecimento que tornou a sua orientação uma valiosa colaboração para a elaboração deste trabalho. A todos os professores da Faculdade de Medicina Veterinária pela contribuição na minha formação das mais diferentes maneiras (aulas, conversas nos corredores, exemplos de vida,...). Aos meus amigos do centro cirúrgico, pelo espírito de equipe, companheirismo e amizade. Em especial ao grande amigo Adriano Gordilho, pelas oportunidades de crescimento profissional que me ofereceu, desde o primeiro dia do meu estágio. Aos colegas da EMEV, agradeço pelos maravilhosos momentos que passamos juntos durante todos esses anos. Em especial a Manu, Virginia, Cris por estarem comigo desde o primeiro dia, e fazerem dos nossos momentos inesquecíveis. Valeu! A Lorena, Mariana e Raquel, pela amizade e pelos grandes momentos de estudo em grupo, que valeram muito para meu crescimento. A Rafael Odilon por ter demonstrado sua amizade nos últimos momentos. Suas palavras de conforto valeram muito e me fizeram ver o verdadeiro sentido de uma amizade. Não esquecendo de Danilo, Guga, Tadeu e Wellington amizades inesquecíveis!

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RESUMO

A ovariosalpingohisterectomia constitui um método eficaz de contracepção para animais de companhia, podendo ser realizada precocemente ou na fase adulta. Quando associada a outros métodos de controle de zoonoses, mostra-se eficaz para controle populacional desses animais, particularmente os semi-domiciliados e errantes. Com esse intuito, diversos estudos vêm sendo desenvolvidos visando minimizar o trauma cirúrgico, otimizar o tempo de cirurgia e principalmente diminuir os custos operacionais. O acesso aos órgãos reprodutivos internos é tradicionalmente obtido através da laparotomia mediana ventral, porém alguns autores têm recomendado o acesso lateral direito, alegando uma identificação mais rápida e uma melhor exposição dos órgãos, conseqüentemente menor tempo operatório e melhor recuperação. Em ambos os casos a cicatrização tecidual é satisfatória, mas há controvérsias quanto ao grau de hemorragia e a intensidade da cicatrização que cada abordagem promove. Objetivou-se avaliar as dificuldades técnicas encontradas para realização da laparotomia pela abordagem mediana ventral e lateral direita para a ovariosalpingohisterectomia em seis cadelas adultas e seis pré-púberes. Através da análise descritiva, foram observados aspectos relacionados à: confecção do acesso; identificação e capacidade de exposição dos órgãos; manobras de exérese, síntese tecidual e pós-operatório. Conclui-se que a laparotomia lateral direita para ovariosalpingohisterectomia mostra-se adequada em cadelas pré-púberes, em virtude da facilidade para confecção do acesso e da rápida e fácil identificação e exposição dos órgãos. Ao passo que, nas cadelas adultas é menos indicada, uma vez que, a confecção e a síntese do acesso são dificultosas e embora a identificação dos órgãos seja rápida, a exposição é prejudicada pelo maior desenvolvimento dos mesmos. A laparotomia mediana ventral para ovariosalpingohisterectomia mostra-se mais adequada em cadelas adultas, em virtude da facilidade para confecção do acesso e da rápida e fácil identificação e exposição dos órgãos. Embora apresente relativa dificuldade de identificação dos órgãos, esta técnica de acesso, também mostra-se adequada para a realização da ovariosalpingohisterectomia em cadelas pré-púberes.

Palavras-chaves: cavidade abdominal, cirurgia, ovário, útero.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Estudo comparativo entre a laparotomia mediana ventral e lateral direita para a ovariosalpingohisterectomia em cadelas jovens e adultas – aspectos relacionados aos grupos experimentais

32

FIGURA 2 – Imagem fotográfica mostrando manobras cirúrgicas para laparotomia executadas durante o procedimento cirúrgico - técnica lateral direita.

33

FIGURA 3 - Imagem fotográfica mostrando manobras cirúrgicas para laparotomia executadas durante o procedimento cirúrgico - técnica mediana ventral.

34

FIGURA 4 – Tempo I (desde a identificação do corno uterino direito até a retirada dos órgãos).

42

FIGURA 5 – Tempo II (desde a abertura da cavidade até sua síntese)

45

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LISTA DE ABREVIATURAS

OSH Ovariosalpingohisterectomia

GnRH Hormônio liberador das gonadotrofinas

FSH Hormônio folículo estimulante

LH Hormônio luteinizante

cm Centímetros

mm Milímetro

CAVO Complexo Arteriovenoso Ovariano

Mg/kg Miligrama por quilo

Mg/ml Miligrama por ml

Mg Miligrama

Fig Figura

IM Intramuscular

SC Subcutâneo

Kg Quilograma

HOSPMEV Hospital de Medicina Veterinária

OMS Organização Mundial de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................09

2. REVISÃO DE LITERATURA .....................................................................................11

2.1. Ovariosalpingohisterectomia.........................................................................11

2.2. Aspectos anatômicos....................................................................................17

2.3. Procedimento cirúrgico - técnica mediana ventral X lateral direita .............18

2.4. Complicações da OSH.................................................................................24

3. MATERIAL E MÉTODOS.........................................................................................27

• Animais e grupos experimentais...................................................................27

• Procedimento cirúrgico.................................................................................28

• Formas de avaliação....................................................................................32

4 - RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................................36

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................46 6 – REFERÊNCIAS......................................................................................................47

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INTRODUÇÃO

O aumento da população animal vem tornando a ovariosalpingohisterectomia

(OSH) o método cirúrgico de esterilização tanto da cadela quanto da gata, considerado

eficaz para o controle populacional desses animais, principalmente quando associado a

princípios de controle de zoonoses. O objetivo é não permitir que uma população sem

controle de animais permaneça soltos pelas ruas, expondo-se ao contágio e

transmissão de uma gama de doenças, vivendo uma situação de maus tratos. Além da

inibição do ciclo estral de animais semi-domiciliados e errantes, muitas vezes a OSH é

uma opção dos proprietários, evitando assim comportamentos e cruzamentos

indesejados.

Além de cirurgias eletivas, indica-se a OSH em casos tratamento de patologias do

ovário e do útero e quando realizada precocemente previne, além dessas patologias,

particularmente o tumor mamário e a piometra. O momento mais indicado para se

realizar a cirurgia, desde que esta aconteça antes do primeiro cio, pode variar de

acordo com o profissional e os procedimentos envolvidos. Porém quando realizada

antes do término da vacinação, os animais ficam expostos ao risco de contrair doenças

infecto-contagiosas, em razão dos baixos níveis de imunidade que poderão portar. Com

o intuito de minimizar os problemas relacionados a desequilíbrios hormonais,

especialistas em reprodução animal concluíram que o procedimento cirúrgico beneficia

cães e gatos na faixa etária entre quatro e oito meses de vida (WALDMAN, 2004).

Instituições de proteção animal vêm indicando a castração de animais destinados

a doação ainda na fase pré-púbere, com a finalidade de facilitar a adoção dos mesmos

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devido a mudanças comportamentais e combater a superpopulação. (HOWE e OLSON,

2002).

A linha mediana ventral é a via de acesso tradicionalmente mais utilizada na

OSH, porém o acesso lateral também está sendo empregado, particularmente em

campanhas de esterilização cirúrgica em massa (DORN, 1975). Segundo Krzaczynski

(1974), a incisão facilita muito a técnica lateral, uma vez que os ovários situam-se logo

abaixo das mesmas, levando conseqüentemente a um menor tempo cirúrgico e menor

gastos com anestésicos, principalmente em cadelas pré-púberes. Já na técnica

mediana ventral, há uma maior dificuldade de identificar e expor os órgão em função do

pouco desenvolvimento dos órgãos.

O presente estudo tem como objetivo observar através de análises descritivas,

as dificuldades técnicas de OSH pelo acesso mediano ventral, através da linha alba e

lateral, através do flanco direito em cadelas pré-púberes e adultas, avaliando aspectos

relacionados à confecção do acesso, identificação e capacidade de exposição dos

órgãos, manobras de exérese, síntese tecidual e pós-operatório.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Ováriosalpingohisterectomia

A OSH é o método cirúrgico de escolha para a esterilização da cadela e da gata.

Quando associada a princípios de controle de zoonoses, como campanhas de posse

responsável; imunizações; captura e eutanásia de animais errantes, é considerada

eficaz para o controle populacional desses animais (HOWE, 1999a; OLIVEIRA,

MARQUES JUNIOR E NEVES, 2003, CANAL, 2004).

Fundamenta-se na inibição do ciclo estral, anulando o poder reprodutivo dos

indivíduos e favorecendo o controle populacional destas espécies, particularmente de

grupos de cães considerados “familiares” e “de bairro ou da comunidade”. Estes dois

grupos da população canina são o objetivo principal do controle populacional e

consequentemente, controle de zoonoses, pois ao passo que possuem contato parcial

com o homem e possuem liberdade de movimento ilimitada, tornam-se hospedeiros ou

reservatórios de muitas doenças infecto-contagiosas e zoonoses. Além disso,

frequentemente ou são vítimas de abandono, ou produzem descendentes indesejáveis,

que por sua vez, aumentam a população de cães errantes (OMS, 1999).

A supressão do estro \das cadelas e gatas é muitas vezes, um desejo do

proprietário, devido ao incômodo que suas manifestações causam, ou simplesmente

porque não há como evitar um cruzamento indesejado e os filhotes dele advindos

(VALLE e MARQUES JR, 1999 apud OLIVEIRA, MARQUES JUNIOR E NEVES, 2003).

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A OSH também é empregada para tratamento de várias patologias dos órgãos

reprodutivos internos e externos, dentre as quais relacionam-se: piometra, anomalias

congênitas, metrites, neoplasias, traumas, torção uterina, prolapso uterino, cistos

ovarianos, prolapso e hiperplasia de vagina (FOSSUM et al, 2001; STONE, 1998).

Quando realizada precocemente, previne muitas dessas afecções,

particularmente, o tumor de mama e a piometra. Segundo Fonseca e Daleck (2000), a

neoplasia mamária em cadelas, é evento já programado nos primeiros anos de vida,

sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se

a OSH for realizada antes do primeiro ciclo ovariano, a incidência de neoplasias de

glândulas mamárias diminui para menos de 0,5%. Já, logo após o primeiro ciclo, o risco

aumenta para 8%, depois de dois ciclos, sobe para 26%, e depois dos dois anos e meio

da idade não tem mais este efeito preventivo.

Além de neoplasia mamária, a castração precoce também previne a piometra

(complexo hiperplasia endometrial), que geralmente acomete cadelas de meia-idade a

idosas, podendo ocorrer precocemente, principalmente com o aumento do uso de

progestágenos e estrógenos. É uma doença de alta morbidade que caso não seja

diagnosticada precocemente, pode levar a morte (England, 2001).

Em virtude da mudança de comportamento positivas dos animais castrados

precocemente, instituições protetoras de animais tem indicado a realização da

gonadectomia de machos e fêmeas, ainda na fase pré-púbere, com o intuito de facilitar

a adoção dos mesmos e combater a superpopulação de animais de companhia (HOWE

& OLSON, 2002).

O período pré-puberal é caracterizado por mudanças hormonais e no

desenvolvimento do animal. Imediatamente após o nascimento a testosterona e os

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estrógenos fazem um “feed back” negativo sobre o hipotálamo, impedindo a liberação

do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH). Este por sua vez estimula a

liberação dos hormônios folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH) que atuam

estimulando o desenvolvimento gonadal, fazendo com que a produção de hormônios

gonadais aumente, levando conseqüentemente ao desenvolvimento das características

sexuais secundárias. Além dessas características, esses hormônios são responsáveis

por funções sistêmicas e agem como promotores de crescimento (SALMIERI, OLSON

E BLOOMBERG 1991).

Miallot et al., (1988), quando estudou as mudanças hormonais que tomam lugar

durante o primeiro ano de vida de 13 cães machos, considerou o período infantil ou

pré-púbere de 0 a 12 semanas, caracterizado por baixas concentrações de LH e

testosterona; o período puberal de 13 a 36 semanas, caracterizado por concentrações

de LH maiores do que no adulto. A fase adulta, a partir de 36 semanas, quando se

detecta presença de espermatozóides no ejaculado.

Embora, não haja consenso quanto à idade para realização da castração

precoce, a maioria dos autores indica a idade de sete semanas. Porém para minimizar

os problemas relacionados a desequilíbrios hormonais, especialistas em reprodução

animal reunido no “North American Veterinary Conference” em janeiro de 1997 em

Orlando nos Estados Unidos concluíram que o procedimento cirúrgico benefícia cães e

gatos na faixa etária entre quatro e oito meses de vida (WALDMAN, 2004). De acordo

com Salmiere et al (1991), as variações esqueléticas, físicas e comportamentais de

filhotes de cães castrados no período de sete semanas e de sete meses não

apresentaram diferenças significativas.

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Economicamente, a castração precoce tem menos custos do que em animais

adultos, pois o consumo de materiais e de anestésicos é pequeno e o tempo cirúrgico é

menor (SOARES e SILVA, 1998).

Qualquer animal pediátrico submetido a procedimento cirúrgico, mesmo que

eletivo deve ser submetido a um exame físico antes da cirurgia. Isso é importante por

que muitos animais pré-púberes que não foram examinados podem ser portadores de

alguma anomalia congênita, doença infecciosa ou outros problemas (HOWE, 1999a).

O momento mais indicado para se realizar a cirurgia, pode variar, desde que esta

aconteça antes do primeiro cio. Segundo Sgarbosa, (2007), a castração deve ser feita

após a última vacinação devido à preocupação quanto à susceptibilidade de doenças

infecciosas. Porém de acordo com Soares e Silva (1998) o estresse da anestesia e

cirurgia pode afetar do mesmo modo a susceptibilidade às doenças infecciosas. A

anestesia e a cirurgia exercem efeito sobre a capacidade do cão em armar uma

resposta humoral frente à vacinação, podendo deprimir temporariamente a resposta

celular.

Poucos são os trabalhos que tenham investigado os efeitos de cirurgias e

anestesias nas taxas de morbidade, frente às doenças infecciosas em animais jovens.

Howe e Olson (2002), em estudo conduzido para castração precoce de 1998 cães e

gatos não imunizados, observaram que animais castrados entre doze e vinte e três

semanas de idade, apresentavam uma taxa de mortalidade maior do que aqueles

castrados depois de vinte e quatro semanas, tal ocorrência deu-se devido ao

desenvolvimento de infecção no trato digestório causada por parvovírus.

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O procedimento cirúrgico usado nestas castrações precoces é similar às

aplicadas em animais adultos, havendo necessidade de alguns cuidados como a

preocupação com as doses dos fármacos usados, pois prolongam as ações dos

mesmos, metabolizando de forma diferente dos animais adultos, devido à imaturidade

nas funções renais e hepáticas. Com reconhecimento destas peculiaridades, e se

usados apropriadamente, os riscos com o uso de pré-anestésicos e anestésicos são

minimizados quando estes são utilizados em pacientes jovens. Outra diferença

importante é a imaturidade de manter a temperatura corpórea, a ampla relação da área

de superfície corporal e menos camada de gordura predispõe para hipotermia mediante

a anestesia, isto pode ser reduzido com o uso de colchão térmico, durante o período da

cirurgia, e da recuperação. Em virtude da maior susceptibilidade a hipoglicemia do que

os animais adultos, aconselha-se no período de jejum, conter a ração por apenas

quatro a seis horas antes da cirurgia. Alguns veterinários defendem a suplementação

com xaropes açucarados no período pré-cirúrgico, ou administração de soro glicosado

durante a cirurgia (COSTA, 2004).

Em virtude da supressão hormonal, alguns aspectos são relacionados quanto à

influência dos hormônios gonádicos no crescimento esquelético, desenvolvimento das

gônadas, na composição corporal e no comportamento.

A gonadectomia prépuberal causa atraso do fechamento de algumas epífises

ósseas, por que essas epífises se fecham exatamente no período da puberdade, tendo

como conseqüência o comprimento maior dos ossos (SALMERI et al., 1991). Segundo

Root et al., (1997), as epífises ósseas distais são dependentes da presença de

esteróides gonádicos. Devido a isso, o atraso no fechamento da epífises em animais

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gonadectomizados é mais provável ocorrer na epífise distal do que na epífise proximal,

tornando-os propensos a desenvolverem fraturas.

Em seu experimento, Salmeri et al., (1991) utilizaram 36 cadelas e dividiu-as em

3 grupos. Grupo I castradas com 7 semanas, grupo II com 7 meses, e o grupo III

cadelas não castradas. O fechamento epifisário foi visualizado através de radiografia, e

foi concluído que em todos os cães castrados comparados com cães sexualmente

intactos, houve atraso no fechamento epifisário. Porém não houve diferenças

significativas ao comparar as cadelas do grupo I e II.

Adicionalmente, pode influenciar no desenvolvimento das gônadas, causando

hipoplasia da vagina e vulva, também chamado de vulva infantil. Após a OSH precoce e

conseqüente desenvolvimento da vulva infantil, é comum ocorrer dermatite perivulvar. O

excessivo tecido perivulvar, principalmente em fêmeas obesas, predispõe a acúmulo de

urina e secreção vaginal levando ao desenvolvimento da dermatite (STONE, 1998).

Um outro fator desfavorável é a obesidade devido ao baixo nível de estrogênio

após a cirurgia, podendo levar a deposição excessiva de gordura. Isso ocorre porque o

estrogênio atua aumentando o consumo energético e sua privação acarretará em um

menor consumo de energia levando a um maior peso (VASCONCELLOS et al., 2004).

De acordo com Howe e Olson (2002) a obesidade pode ser influenciada também pela

dieta, havendo assim necessidade de administrar ração de baixo teor calórico e em

menor quantidade ou pela atividade física desenvolvida pelo animal. Devido a isso,

acredita-se que animais castrados são mais susceptíveis a ganhar peso do que os que

permanecem inteiros, por causa da mudança de comportamento, uma vez que ficam

mais letárgicos após a cirurgia.

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2.2. Aspectos anatômicos

Os ovários, as tubas uterinas e o útero são órgãos que fazem parte do trato

reprodutivo das fêmeas caninas e felinas e são presos às paredes dorso laterais da

cavidade abdominal e a parede lateral da cavidade pélvica. Os ovários se localizam

dentro na bursa ovárica, situados ao pólo caudal de cada rim, sendo o ovário direito

mais cranial que o esquerdo. O ligamento próprio liga o ovário ao útero e o ligamento

suspensor o liga a última costela. O pedículo ovariano é formado pelo ligamento

suspensor, artéria e veia ovariana. O útero é constituído por um corpo pequeno e

cornos estreitos e longos. A cérvix, porção mais espessa, é a parte caudal do útero. O

suprimento sanguíneo para o útero é proveniente das artérias e veias uterinas

(FOSSUM et al., 2001).

O ligamento largo é mais amplo ao nível do ovário se afilando nas suas

extremidades cranial e caudal. Em uma cadela adulta, a distância do ligamento largo

no nível do ovário é de 6 a 9 cm. O tamanho da bursa ovárica varia com o tamanho e a

idade do animal, calculando-se em média, 2 cm de comprimento em cadelas adultas.

Nesse caso, o ovário apresenta 1,5 cm de comprimento, 0,7 cm de largura e 0,5 cm de

espessura. Tem aparência lisa antes do primeiro estro, que ocorre entre 6 e 9 meses.

As cadelas multíparas, apresentam superfície áspera e nodular e às vezes o ovário

esquerdo é maior. A tuba uterina apresenta em média, 4 a 7 cm de comprimento e 1 a 3

mm de diâmetro (EVANS, 1993).

O tamanho do corpo uterino é bem pequeno quando relacionado com os cornos.

Estes últimos ficam localizados dentro do abdômen, geralmente são longos, estreitos e

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quase retos (SISSON e GROSSMAN, 2000). O tamanho uterino pode variar com a

idade, com a quantidade de gestações ou se a fêmea se encontra prenhe, e com o

estágio do ciclo estral. Por exemplo, uma cadela jovem, os cornos uterinos medem em

média, 10 cm de comprimento, comparado com uma cadela adulta, que mede em

média 14 cm de comprimento, e 0,5 a 1 cm de diâmetro (EVANS, 1993).

2.3. Procedimento Cirúrgico - Técnica Mediana Ventral X Lateral

A linha mediana ventral é a via de acesso tradicionalmente mais utilizada na

OSH, porém o acesso lateral também está sendo empregado, particularmente em

campanhas de esterilização cirúrgica em massa (DORN, 1975). Segundo Krzaczynski

(1974), devido ao fato da incisão ser em um local que facilita o acesso aos ovários,

diminui o tempo cirúrgico, levando conseqüentemente a um menor gasto com

anestésicos, principalmente quando se trata de animais pré-púberes. Ao contrário da

técnica mediana ventral, que em função do pouco desenvolvimento uterino, perde-se

muito tempo para localizar e expor os órgãos.

Segundo Minguéz et al., (2005), em animais com idade inferior a 12 semanas, a

dificuldade quanto à realização da OSH aumenta devido à espessura dos órgãos e ao

menor tamanho do corpo do útero. Nesse caso há uma maior dificuldade de exposição

da bifurcação do útero quando é empregada a técnica mediana ventral.

Independente do tipo de acesso, o comprimento da incisão deve ser ideal para

que proporcione a exposição dos ovários e da cérvix para colocação das ligaduras

(HOWE, 2006). Na técnica mediana ventral, após a incisão de pele, deve-se fazer

divulsionamento do tecido celular subcutâneo até a visualização da linha alba, fazendo

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então a abertura da cavidade. Em função da diferença do comprimento dos pedículos

ovarianos comparados com o corpo uterino, recomenda-se a incisão retroumbilical em

cadelas adultas (MIGLIARI e DE VUONO, 2000). Já em cadelas pré-púberes, devem-se

fazer a incisão, 2 a 3 cm caudal à cicatriz umbilical. Isso é importante por causa do

pouco desenvolvimento dos órgãos nesses animais, facilitando sua identificação e

exposição. Em se tratando de gatas pré-púberes a incisão é semelhante a gatas

adultas, ou seja no terço médio entre a cicatriz umbilical e a borda cranial da pelve

(HOWE, 1999b).

Na técnica lateral, conforme preconizado por Minguéz et al., (2005), tanto em

cadelas como em gatas, a incisão deve ser feita ligeiramente oblíqua, no sentido

dorsomediano ventral começando no ponto médio entre a última costela e a crista

ilíaca. O tamanho da incisão deve ser de aproximadamente 3 cm em cadelas e 2 cm em

gatas, variando com o tamanho do animal. De acordo com Dorn (1975), MInguéz et al.,

(2005) e Useche (2006), recomenda-se o acesso pelo flanco direito, por que o ovário

direito localiza-se mais cranialmente. O acesso pelo flanco esquerdo é dificultado pela

localização do baço e pela presença de omento cobrindo as vísceras dessa região.

Além disso, o baço pode estar aumentado quando utilizados barbitúricos como

anestésicos.

Na técnica lateral, ao fazer incisão de pele e tecido subcutâneo, identifica-se à

parede abdominal para fazer a dissecação entre as fibras dos músculos oblíquos

abdominal externo, interno e transverso do abdômen (Dorn, 1975; MInguéz et al., 2005;

Useche, 2006). Segundo Dorn (1975), caso seja feita incisão das camadas musculares,

pode causar hemorragia. Nesse caso os vasos devem ser ligados para evitar que o

animal perca muito sangue. De acordo com Krzaczynsk, (1974), a hemorragia é mínima

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comparando gatas e cadelas. As gatas têm a musculatura mais fina que as cadelas,

facilitando o acesso à cavidade.

A incisão pelo acesso lateral cicatriza rapidamente assim como pelo acesso

mediano ventral (DORN, 1975). Porém, segundo Pagliosa e Alves (2004), a cicatrização

é mais difícil na linha Alba do que no flanco. Isso ocorre por causa da escassez de

vascularização que ocorre na linha Alba, que por sua vez, minimiza ao grau de

hemorragia.

O acesso pelo flanco evita evisceração e o trauma cirúrgico é mínimo

(KRZACZYNSKI, 1974). Segundo Janssens e Janssens (1991), a probabilidade de

ocorrência de evisceração através do acesso mediano ventral é maior do que o acesso

lateral. Isso ocorre por que a força da gravidade é maior na incisão mediana ventral. Em

um experimento realizado por Wilson e Balasubramanian (1967), no Madras Veterinary

College, Índia, de trinta e quatro cães e vinte e dois gatos, feita ovariectomia pelo

acesso mediano ventral, 14,3% tiveram deiscência de sutura.

Apesar de a técnica lateral minimizar no pós-operatório, o risco de deiscência da

sutura e conseqüente eventração ou evisceração, proporciona uma exposição limitada

do ovário contra-lateral, principalmente quando ocorrem complicações como por

exemplo perda do pedículo ovariano. Caso isso ocorra, pode-se ter dificuldade de

recuperá-lo (KRZACZYNSKI, 1974). Nessas circunstâncias, recomenda-se o declive da

mesa cirúrgica mantendo-se o animal com o posterior elevado para que as vísceras se

desloquem cranialmente na cavidade. Depois de recuperado o pedículo, o animal deve

ser colocado imediatamente de volta a sua posição inicial para evitar problemas

respiratórios (DORN, 1975). Outra maneira de recuperar o pedículo ovariano perdido,

além de ampliar a incisão lateral já feita, é fazer uma incisão abdominal mediana

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ventral. A recuperação do pedículo ovariano na técnica mediana ventral é relativamente

mais fácil, porque através da abertura pela linha média, pode-se ter acesso aos dois

pedículos ovarianos (KRZACZYNSKI, 1974).

As cadelas de menor porte apresentam maior facilidade de acesso lateral à

cavidade abdominal, uma vez que as de maior porte tem a conformação larga do corpo

e a musculatura grossa do tronco, dificultando a técnica. Em cadelas de grande porte, a

conformação larga do corpo dificultaria a obliteração do pedículo ovariano contra-

lateral, ou em caso de perda do coto, dificultaria sua recuperação e a musculatura

grossa, causaria um maior trauma (HOWE, 2006).

Dentre as indicações para OSH pela linha mediana ventral, além da esterilização

eletiva, estão a remoção cirúrgica do útero e dos ovários decorrentes de patologias.

Além dessas indicações, o acesso mediano ventral também é indicado em casos de

cesariana, quando há necessidade de remoção do útero (GÓMEZ, 1999).

Além de procedimento eletivo, Minguéz et al., (2005), recomenda o acesso

lateral em casos de desenvolvimento excessivo das glândulas mamárias devido à

lactação ou a hiperplasia das glândulas. No caso de animais em lactação, quando é

utilizada a abordagem mediana ventral, pode-se levar a complicações. Tais

complicações incluem hemorragia no tecido subcutâneo, inflamação ou infecção da

ferida, infiltração de leite na região da incisão. A abordagem lateral quando é feita em

animais em lactação, minimiza lesões nas glândulas mamárias e permitem que os

filhotes mamem depois da cirurgia, sem risco de contaminação. Porém Salmieri, Olson

e Bloomberg, (1991) contra indica a realização de cesariana pelo acesso lateral devido

ao maior trauma nos tecidos ocasionado pela necessidade de uma maior incisão.

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Dorn, (1975), Krzaczynski, (1974), Minguéz et al., (2005) recomendam o acesso

lateral em animais silvestres, pois a técnica possibilita a visualização da ferida cirúrgica

à distância. Não sendo necessário fazer a captura e manejo do animal. Deve-se evitar

em animais de exposição, pois podem ficar cicatrizes visíveis. Em algumas ocasiões, o

pêlo pode crescer em sentido contrário ou com a coloração diferente.

A técnica lateral é contra-indicada em casos de distensão uterina como

gestação, piometra ou neoplasia, por que essas alterações requerem maior exposição

da cavidade. Um aumento da incisão lateral pode levar a um maior trauma nos

músculos da região e, portanto uma hemorragia adicional. Nesses casos o indicado é

ter o acesso pela linha mediana ventral. É também contra-indicada em animais obesos.

Segundo Minguéz et al., (2005), tecido adiposo em excesso no ovário dificulta sua

localização e exposição através de pequenas incisões.

Após a abertura da cavidade abdominal, os procedimentos técnicos para ambos

os acessos são semelhantes em relação às ligaduras tanto dos ovários como do útero.

A remoção do trato reprodutivo da cavidade abdominal, pode ser realizada através da

visualização do corno uterino e seus ligamentos; utilizando o gancho de

ovariohisterectomia, ou utilizando os dedos indicador direito e esquerdo como gancho.

Após a localização e exteriorização do corno uterino direito, o ligamento largo é

esticado e rompido com o dedo indicador para maior exposição do ovário e do

complexo arteriovenoso ovariano (FINGLAND, 1996 e MINGUÉZ et al., 2005). Fingland

(1996), recomenda a técnica com três pinças, fazendo a incisão entre a pinça média e a

mais próxima ao ovário. Deve-se colocar as pinças o mais próximo do ovário para

impedir que inclua o ureter na ligadura. É recomendado fazer a ligadura com fio

absorvível, por exemplo o categute cromado. Depois de feita a ligadura deve-se

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verificar hemostasia e liberar o pedículo na cavidade. O procedimento é repetido no

pedículo ovariano contra-lateral e cranial a cérvix para secção do útero. Nos casos de

úteros gravídicos ou aumentados, realiza-se a ligadura antes de seccioná-los. As

artérias uterinas são individualmente ligadas, com suturas de transfixação em cada lado

do corpo uterino. Cuidadosamente o corpo uterino é reposicionado dentro da cavidade

abdominal e a pinça é removida (FINGLAND, 1996; STONE et. al, 1998; HAYES e

WILSON, 1996).

Oliveira (2006) empregou a abraçadeira de náilon como método alternativo de

hemostasia preventiva em 17 gatas, sem ocorrência de complicações pós-operatórias.

Na realização do procedimento cirúrgico, o corno uterino direito foi identificado com

auxílio do dedo indicador e o exteriorizado mediante tração do órgão. O ligamento

suspensor foi distendido, a bursa ovárica juntamente com o complexo arteriovenoso

ovariano (CAVO) foram identificados e procedeu-se a ruptura do ligamento largo. A

primeira abraçadeira foi colocada em torno do CAVO e do ligamento suspensor e

travada proporcionando uma compressão do CAVO e fixação da mesma cranial a bursa

ovárica. Colocou uma segunda abraçadeira um centímetro mais caudal a primeira e fez

a secção entre as duas abraçadeiras, observando hemostasia. Uma vez constatada

hemostasia, realizou a secção transversal da fita, após o sistema de travagem. Foi feita

retroflexão do corno uterino direito e o ligamento largo foi rompido. A identificação do

corno contra-lateral foi feita através da bifurcação e executada o mesmo procedimento

no pedículo ovariano esquerdo. Após a secção dos dois pedículos ovarianos, o útero foi

exposto e foi colocada a abraçadeira de náilon em torno do mesmo, acionando o

sistema de travagem cranial a cérvix. Colocou-se uma segunda abraçadeira um

centímetro mais cranial a primeira. O útero foi seccionado entre as duas abraçadeiras e

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foi verificada hemostasia. Seccionou a fita longitudinalmente ao eixo de travagem e fez

omentopexia com categute cromado 2-0.

Após exérese dos órgãos, o fechamento da cavidade abdominal difere na

dependência da via de acesso. De acordo com Minguéz et al., (2005) na técnica

lateral, a parede abdominal de gatas pode ser suturada em um plano apenas, com

ponto simples separado ou ponto em “X” incluindo os três músculos. Já em cadelas,

indica-se suturar a parede abdominal em dois planos diferentes. O primeiro plano inclui

o músculo transverso do abdome e o obliquo abdominal interno e o segundo plano

inclui o oblíquo abdominal externo.

Já na técnica mediana ventral, conforme preconiza Fingland (1996), deve-se

fechar a incisão, em um padrão de sutura interrompido com fio absorvível ou um padrão

de sutura continua com fio não absorvível. Depois de fechada a cavidade, sutura-se oo

subcutâneo e a pele.

2.4. Complicações da OSH

As complicações resultantes da OSH tanto pelo acesso mediano ventral como

lateral, geralmente são resultantes de técnicas impróprias executadas no decorrer da

cirurgia. Devido a isso, deve-se atentar a uma boa técnica cirúrgica para não por em

risco a vida do animal.

A hemorragia é uma alteração evitável, podendo ocorrer no pedículo ovariano,

pedículo uterino, ou mesmo no ligamento largo. Deve-se fazer a ligadura dos vasos

cuidadosamente e observar o pedículo antes de liberá-lo na cavidade e antes do

fechamento da mesma, para impedir qualquer tipo de sangramento, tanto no trans

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como no pós-operatório. Caso seja identificada alguma hemorragia, é necessário fazer

a hemostasia dos vasos e ligaduras adicionais (HOWE, 2006). Segundo Malm (2004), a

ocorrência de hemorragia são mais freqüentes em cadelas de grande porte e obesas,

devido a grande quantidade de gordura depositada principalmente nos ovários. Desse

modo, a visualização dos vasos que serão ligados fica difícil. Em estudo experimental

das complicações cirúrgicas na OSH, feita por Dorn e Swist, (1977), dos 23 casos de

complicações, 3 foram decorrentes de hemorragia devido a ruptura do pedículo

ovariano ou do ligamento próprio.

A incisão realizada em local diferente do indicado na técnica lateral, é uma

complicação que pode diminuir a exposição e impedir o acesso ao ovário contra-lateral

e ao corpo do útero (MINGUÉZ et al., 2005).

A síndrome do ovário remanescente geralmente ocorre depois da OSH, quando

os ovários são removidos incompletamente e o restante torna-se funcional. Isso ocorre

porque se forma uma circulação colateral na região, mesmo que o complexo

arteriovenoso seja ligado corretamente (FINGLAND, 1996). O tratamento para a

síndrome do ovário remanescente consiste em fazer uma laparotomia exploratória para

remover o tecido ovariano remanescente. Para que haja maior facilidade na

visualização desse tecido, o indicado é fazer a cirurgia no período de estro (STONE,

1998)

A piometra de coto é um problema que ocorre quando uma porção do corpo

uterino não é removido totalmente da cavidade na OSH. Além da piometra de coto,

pode ocorrer o granuloma de coto. Isso ocorre devido à proliferação bacteriana quando

são utilizados fios não absorvíveis nas ligaduras. Segundo Howe, (2006), O tecido

afetado associado tanto com piometra de coto como com granuloma de coto deve ser

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removido cirurgicamente (tomando cuidado para evitar injuria uretral) para conseguir

resolver o problema.

A ligadura acidental do ureter pode ocorrer ao ligar o corpo uterino ou o

complexo arteriovenoso ovariano, podendo resultar em hidronefrose e uma posterior

pielonefrite (FINGLAND, 1996).

A incontinência urinária é um distúrbio freqüentemente descrito como

complicação a OSH. Sua etiologia está relacionada com a mudança na espessura da

mucosa uretral e no tônus do esfíncter uretral externo em resposta a ausência de

estrógeno (SANTOS, 2004)

Em um experimento realizado por Janssens e Janssens (1991), de 72 animais

ovariectomizados, doze apresentaram incontinência urinária, aproximadamente cinco

anos após a cirurgia. Nove cães apresentavam incontinência apenas quando dormiam,

e os três restantes apresentavam mesmo quando acordados.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

Animais e Grupos experimentais

Foram utilizadas 12 cadelas hígidas, em anestro, de diferentes raças e idades,

sendo seis oriundas do canil do Hospital de Medicina Veterinária da UFBA e seis

oriundas de proprietários.

Constituíram-se 4 grupos experimentais, respectivamente designados por G1,

G2, G3, G4, cada qual composto por 3 animais, divididos de acordo com a faixa etária

e com o tipo de abordagem cirúrgica. Quais sejam:

G1 - Cadelas pré-púberes (< 6 meses de idade) pesando entre 4,0 e 8,0 Kg;

submetidas a laparotomia mediana ventral para realização da OSH.

G2 - Cadelas pré-púberes (< 6 meses de idade) pesando entre 4,0 e 8,0 Kg;

submetidas a laparotomia lateral direita para realização da OSH.

G3 - Cadelas adultas (10 meses a 2 anos de idade), nulíparas, pesando entre 8,0 e 14

kg; submetidas a laparotomia mediana ventral para realização da OSH.

G4 - Cadelas adultas (10 meses a 2 anos de idade), nulíparas, pesando entre 8,0 e 14

kg; submetidas a laparotomia lateral direita para realização da OSH.

Ao tempo da seleção dos animais, além de exames clínicos e laboratoriais

(hemograma) para constatação da higidez dos pacientes, foram observados aspectos

relacionados ao ciclo estral e histórico reprodutivo, que delinearam os animais

pertencentes ao grupo de adultos e aspectos relacionados à arcada dentária, que

delinearam os animais pertencentes ao grupo de fêmeas pré-púberes, sendo

considerados os animais com presença de dentes caninos decíduos (Fig. 1G e 1H). As

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cadelas pré-púberes foram vacinadas no momento da chegada no canil e o

procedimento cirúrgico foi realizado após um período de 15 dias.

Procedimento cirúrgico

Os animais adultos passaram por um período prévio de jejum alimentar de 12

horas e hídrico de 6 horas e os pré-púberes apenas por um período de jejum alimentar

de 4 horas. Trinta minutos antes do procedimento cirúrgico foram pré-medicados com

enrofloxacina1 na dose de 5 mg/kg, por via IM e meloxican2 na dose de 0,1mg/kg, por

via SC. Submetidos a medicação pré-anestésica empregando-se acepromazina3 na

dose de 0,05 mg/Kg associada a meperidina4 na dose de 4 mg/Kg, por via IM.

Na dependência dos grupos de estudo, a região ventral ou lateral direita foi

tricotomizada. A indução anestésica foi feita com proporfol5, na dose de 5 mg/Kg e a

manutenção anestésica com isoflurano6 em circuito semi-fechado. Os animais foram

colocados na mesa cirúrgica em seus respectivos decúbitos com seus membros soltos.

Ato contínuo, realizou-se a anti-sepsia com álcool a 70% e iodopovidona.

A equipe cirúrgica, composta por cirurgião, auxiliar, instrumentador, enfermeiro e

anestesista, permaneceu indissolúvel e invariável durante todos os procedimentos

cirúrgicos.

Para a laparotomia mediana ventral empregou-se o decúbito dorsal e a

preparação da região abdominal ventral para cirurgia asséptica. Nos animais do grupo 1 Flotril injetável 2,5% - Schering-Ploug S.A. 2 Maxican 0,5 mg - Ouro-fino Pet 3 Acepran 1% - UNIVET 4 Dornot 50mg/ml – União Química 5 Propovan 1% - Cristália 6 Forane Fr 100ml – laboratório Abbottt-h

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G3 (cadelas adultas) foi feita a incisão retro-umbilical, conforme preconizado por Migliari

e De Vuono (2000), iniciando-se imediatamente na cicatriz umbilical e terminando 2 a 3

cm caudal a mesma (Fig 1F). Nos animais do grupo G1(pré-púberes) a incisão iniciou-

se 3 cm caudalmente a cicatriz umbilical, conforme preconizado por Howe et al, (1999)

(Fig 1E). Em ambos os casos, após o divulsionamento do tecido celular subcutâneo, a

linha alba foi identificada, elevada com auxílio de uma pinça anatômica com dentes de

rato e seccionada mediante incisão com o bisturi por pressão com lâmina invertida. A

secção foi continuada empregando-se tesoura de Mayo reta, com incisão por

deslizamento (Fig 3A e 3B).

Para a laparotomia lateral direita empregou-se o decúbito lateral esquerdo e a

preparação da região abdominal lateral direita para cirurgia asséptica. A incisão de pele

foi feita ligeiramente oblíqua no sentido dorso-ventral, começando num ponto médio

entre a última costela e a crista ilíaca conforme preconiza Minguéz et al, (2005) (Fig 1A,

1B, 1C e 1D). O tamanho da incisão foi de aproximadamente 2 cm. Após o

Bdivulsionamento do tecido celular subcutâneo, foi realizada a secção longitudinal das

fibras do músculo oblíquo abdominal externo e foi realizada a secção transversal dos

músculos oblíquo abdominal interno e transverso do abdômen (Fig 2A e 2B).

A identificação e exposição dos órgãos em ambos os acessos foi feito mediante

auxílio do dedo indicador, identificando-se inicialmente o pólo caudal do rim direito e por

aproximação a respectiva bursa ovárica (Fig 2C e 3D). O corno uterino direito foi

exteriorizado mediante tração ventral do órgão (Fig 2D e 3D).

Para oclusão da vasculatura e posterior hemostasia preventiva, empregou-se

abraçadeira de náilon conforme preconizou Oliveira (2006). Com o ligamento suspensor

distendido, e a bursa ovárica e o CAVO identificados, procedeu-se a ruptura do

B

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ligamento largo na região do mesovário. Foi colocada abraçadeira em torno do CAVO e

do ligamento suspensor, e o sistema de travagem foi acionado, proporcionando

progressiva compressão circular e fixação da mesma em um ponto cranial da bursa

ovárica. Ato contínuo, foi aplicado uma pinça hemostática, aproximadamente um

centímetro cranial a braçadeira (Fig 2E e 3E). A secção foi realizada próximo a pinça e

a presença ou não de hemorragia foi avaliada por um período de um minuto.

Constatada a hemostasia, realizou-se a secção transversal da fita, imediatamente após

sua saída do sistema de travagem. O corno uterino direito foi retrofletido e o ligamento

largo correspondente rompido. A partir do seu deslocamento, identificou-se o corno co-

lateral e as manobras foram novamente executadas para obliteração do pedículo

ovariano esquerdo (Fig 2F e 3F).

Com o corpo do útero exposto, foi colocada uma abraçadeira em torno do

mesmo, o sistema de travagem foi acionado, proporcionando progressiva compressão

circular e fixação da mesma na região cranial a cérvix. Foi colocada uma pinça

hemostática, aproximadamente um centímetro, cranial a abraçadeira. O corpo do útero

foi seccionado entre as ligaduras e a presença ou não de hemorragia avaliada por um

período de um minuto. Efetuada a hemostasia, realizou-se a secção transversal da fita,

longitudinal ao eixo das hastes imediatamente após sua saída do sistema de travagem.

Adicionalmente, realizou-se a omentopexia sobre o coto uterino empregando-se ponto

de reparo com categute cromado 2-0.

Após exérese dos ovários e útero, a laparorrafia na técnica lateral foi feita em

plano único em todo os animais. Suturaram-se os três músculos com fio de náilon 2-0

com ponto em “X” (Fig 2G). O mesmo fio foi utilizado para redução de espaço morto

com sutura contínua e para a dermorrafia com ponto em Wolff (Fig 2H).

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Procedeu-se a laparorrafia na técnica mediana ventral utilizando fio mononáilon

2-0 com ponto em “X” (Fig 3G). A redução de espaço morto e a dermorrafia foi

semelhante à técnica lateral (Fig 3H).

A proteção da ferida cirúrgica foi feita com gaze estéril, mantida com

esparadrapo. Os animais ficaram em observação até a recuperação total da anestesia.

Foram prescritos antibiótico a base de enrofloxacina7 durante 5 dias e antiinflamatório a

base de meloxicam8 durante 3 dias, além de curativo diário por 10 dias até cicatrização

total da ferida e retorno para retirar os pontos.

7 Flotril 50mg - Schering-Ploug S.A. 8 Maxican 0,5 mg e 2,0 mg– Ouro-fino Pet

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Formas de avaliação

Através da análise descritiva foram avaliadas características como:

• Quantificação do material de consumo necessário e fármacos anestésicos,

• As vias de acesso, variando com a idade e com o grau de hemorragia;

• Identificação dos órgãos tendo como referência o corno uterino direito e a

respectiva bursa ovárica;

• Exposição do corno uterino direito e esquerdo e suas respectivas bursas

ováricas e o corpo do útero;

• Identificação de dificuldades para realização de manobras cirúrgicas;

• Realização de síntese da parede abdominal, respeitando os planos anatômicos;

• Cicatrização da ferida cirúrgica e manifestações pós-operatórias.

Adicionalmente, o tempo cirúrgico foi medido em dois tempos.

• Tempo I, desde a identificação do órgão através do corno uterino direito, até sua

retirada;

• Tempo II, desde a indução anestésica até a síntese de pele.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O controle populacional de cães e gatos tem sido apontado como fundamental

para o controle de zoonoses, sendo o controle reprodutivo uma das principais

estratégias para isso. Dentre os métodos empregados com essa finalidade, à

esterilização cirúrgica é um dos mais eficazes.

A ovariosalpingohisterectomia (OSH) é o método cirúrgico de escolha para a

esterilização da cadela e da gata e a cirurgia de eleição na terapia de doenças do

sistema reprodutor. Comparativamente a orquiectomia, procedimento cirúrgico de

escolha para esterilização cirúrgica de machos da mesma espécie, apresenta um maior

grau de complexidade. A necessidade de acesso à cavidade abdominal ao tempo que

aumenta o risco cirúrgico, prolonga o período operatório e onera o procedimento.

O significativo custo do procedimento, muitas vezes, impossibilita seu emprego

em programas de saúde pública. Desta forma diversos estudos vêm sendo

desenvolvidos objetivando minimizar os traumas cirúrgicos, otimizar o tempo de cirurgia

e principalmente diminuir os custos operacionais, a exemplo da castração precoce e da

laparotomia lateral direita para realização da OSH.

A castração em animais pré-púberes, apesar de incriminada por estar

correlacionada a deficiências no desenvolvimento corpóreo, conforme citam Root,

(1997); Salmieiri et al., (1999), mostra-se uma excelente ferramenta para controle

populacional de cães e gatos. Fundamentados pela literatura, pode-se afirmar que as

alterações de desenvolvimento corpóreo, ocorridas devido à supressão dos hormônios

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gonádicos, não trazem prejuízos para a saúde animal e não depõe contra o método de

esterilização empregado para controle populacional destas espécies.

Apesar de Soares e Silva (1998) afirmarem que este procedimento apresenta

menor custo financeiro, comparativamente ao procedimento executado em adultos, no

estudo, não foi observado diferenças significativas entre grupos à cerca do consumo de

materiais e anestésicos. A minimização da dose dos fármacos empregados no

procedimento anestésico ocorreu devido ao perfil clínico do paciente jovem, conforme

relacionou Costa (2004) e não pela redução do tempo cirúrgico, desta forma, teve

pouca influência na geração dos custos, uma vez que, a quantidade de fármacos seria

a mesma para um animal adulto de igual peso corporal. O consumo de materiais,

relativos a técnica asséptica e ao peri-operatório, mantiveram-se semelhantes em

ambos os grupos.

Considerando o perfil do grupo de animais jovens empregados no estudo,

(animais abandonados no HOSPMEV) observamos o favorecimento das ações

relacionadas à adoção e ao manejo do abrigo, minimizando assim o risco de

cruzamentos e gestações indesejadas.

Embora existam controvérsias sobre qual a idade ideal para realização do

procedimento cirúrgico e quanto ao efeito ou não da imunização prévia, optou-se por

realizar o procedimento entre a sétima semana e cinco meses de vida, uma vez que

estudos conduzidos por Salmiere et al. (1991) não observaram diferenças esqueléticas,

físicas e comportamentais significativas em animais castrados na sétima semanas e

aos sete meses de vida.

Por se tratar de animais abandonados, sem registro de nascimento, estipulamos

a idade mediante inspeção da arcada dentária, caracterizada pela presença do canino

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decíduo conforme citou Ellenpot (1986). Considerando a imunização prévia realizada no

momento da recepção dos animais realizamos o procedimento cirúrgico após um

período mínimo de 15 dias. Tal protocolo foi estipulado na tentativa de minimizar o

estresse que a cirurgia e anestesia exercem sobre a capacidade do cão de armar uma

resposta humoral frente à vacinação, conforme citoaram Soares e Silva, (1998).

Diferentes vias de acesso são utilizadas para realização da OSH, sendo a

técnica ventral a mais empregada, porém alguns autores, além de relacionar o maior

risco de deiscência de sutura, incriminam sua utilização em animais jovens, devido à

dificuldade na identificação dos órgãos e exposição do corpo do útero, que prolonga o

tempo operatório. Em contrapartida, o acesso à cavidade abdominal, feito pelo flanco

direito, contra-indicado por causar um maior trauma tecidual, vem ganhando adeptos,

sendo utilizada principalmente em animais jovens, particularmente em programas de

esterilização cirúrgica. Apresentando como principal vantagem à facilidade de

identificação dos órgãos e minimização do risco de deiscência cirúrgica

(KRZACZYNSKI, 1974; DORN, 1975).

Em virtude das contradições existentes a cerca das técnicas de acesso

anteriormente descritas e da necessidade de padronização de técnica de esterilização

cirúrgica para ser empregada em animais jovens, objetivamos comparar as diferentes

vias de acesso entre cães pré-púberes e adultos. Embora os grupos de trabalho não

tenham sido estatisticamente representativos, a metodologia proposta nos permitiu

analisar descritivamente manobras cirúrgicas especificas para cada técnica.

Com o intuito de minimizar a hipotermia causada pelos anestésicos, foram

utilizados colchões térmicos nos animais pré-púberes, devido a sua imaturidade de

manter a temperatura corpórea. Além disso, o período de jejum das cadelas jovens foi

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reduzido para apenas 6 horas, em virtude de uma maior predisposição a hipoglicemia,

conforme preconizado por Costa (2004). Apesar de Fossum et al (2001) não indicar a

utilização de antibiótico profilático em cirurgia eletiva, este foi empregado devido ao

manejo pós-operatório dos animais jovens em canil e à possibilidade de haver quebra

da técnica asséptica.

Para fazer avaliação das técnicas cirúrgicas empregadas, todos os

procedimentos foram realizados pela mesma equipe, sendo o cirurgião um profissional

gabaritado com prática operatória nas duas técnicas, corroborando com Malm et al.,

(2004), que afirma que uma equipe cirúrgica treinada facilita o ato operatório e minimiza

dificuldades técnicas e complicações.

Apesar da contenção para posicionamento dos animais na mesa cirúrgica ser

prática usual, no estudo, este procedimento não foi adotado, diminuindo a tensão da

musculatura do abdome e reduzindo a tração necessária para expor os órgãos

conforme preconizado por Migliari e De Vuono (2000).

Corroboramos com Dorn (1975), Minguéz et al., (2005) e Useche (2006), quanto

ao acesso da cavidade abdominal pelo flanco lateral direito. Segundo os autores, o

acesso por esse lado facilita a identificação e exposição do corno uterino direito e a

respectiva bursa ovárica e componentes. Como o rim direito é mais cranial, fazendo-se

a incisão pelo flanco lateral direito, evita-se uma maior tração do ovário, ao passo que

não se encontra dificuldade na exposição das estruturas contra-laterais uma vez que, o

ovário esquerdo que tem o ligamento mais frouxo devido sua localização mais caudal.

Contrariando Krzakzyski (1974), Dorn (1975), Minguéz et al. (2005), Useche

(2006), que indicam a divulsão (secção longitudinal) das fibras dos grupos musculares

para obtenção do acesso à cavidade, optamos por essa manobra apenas na secção do

Page 42: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

músculo obliquo abdominal externo. Por esta razão, a incisão de pele foi feita, conforme

recomenda Minguéz et al., (2005), ligeiramente oblíqua, respeitando-se o sentido das

fibras deste músculo. Para diérese dos músculos: oblíquo abdominal interno e

transverso, empregamos a secção transversal ao sentido das fibras, proporcionando

assim um melhor acesso, tendo as incisões musculares e de pele, dimensões iguais, ao

contrário do que acontece quando se respeita o sentido das fibras e se limita o acesso

muscular em virtude da diferença de posicionamento das fibras dos diferentes grupos

musculares.

Esta manobra quando comparada com a indicada pelos autores anteriormente

citados, apresenta a desvantagem de proporcionar uma maior hemorragia, porém

favorece a via de acesso para manipulação das vísceras abdominais e uma síntese

mais adequada, por unir em uma só linha de incisão todos os planos musculares.

Embora Minguéz et al., (2005), indique a realização da síntese da cavidade na

técnica lateral, em dois planos de sutura, no nosso estudo a mesma foi realizada em

plano único, pois a incisão não sendo realizada através de divulsão respeitando o

sentido dos feixes musculares, possibilitou essa manobra.

Na laparotomia mediana ventral a localização da incisão variou de acordo com

os subgrupos trabalhados. Nas cadelas pré-púberes o acesso foi realizado cerca de 2

cm caudal à cicatriz umbilical, conforme recomenda Howe (1999b) e nas cadelas

adultas foi retroumbilical, como indicado por Migliari e De Vuono (2000). Seguindo-se

essas recomendações e tendo-se incisões com dimensões semelhantes entre os

subgrupos, pôde-se constatar a praticidade destas manobras para identificação e

exposição dos órgãos em questão.

Page 43: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

Não foram encontradas dificuldades para confecção do acesso mediano em

ambos os subgrupos de estudo, não se observando, conforme sugerem Pagliosa e

Alves (2004) hemorragias significantes. Nos animais pré-púberes, em virtude da menor

quantidade de tecido adiposo e do menor espessamento da parede abdominal, as

manobras de divulsionamento e secção da linha alba foram executadas com maior

facilidade.

No estudo, ao comparar as duas técnicas verificamos que a identificação do

útero através do corno direito, foi mais rápida na técnica lateral, tanto em cadelas pré-

púberes como em adultas. Esse fato deve-se a localização anatômica do mesmo logo

abaixo da linha de incisão, conforme afirmado por Krzaczynski, (1974). Como a

identificação do útero em cadelas pré-púberes demanda um maior tempo, devido ao

pouco desenvolvimento dos seus órgãos reprodutivos, o acesso lateral facilitou essa

manobra. O mesmo não foi verificado quando utilizado a técnica mediana ventral.

Ao comparar a exposição dos órgãos na técnica lateral direita e mediana ventral,

pôde-se verificar que a técnica lateral tanto em cadelas pré-púberes como adultas,

facilita a exposição do corno uterino direito, em virtude da localização da incisão.

Quanto ao corno contra-lateral, pôde-se verificar que para sua identificação e exposição

deve-se localizar inicialmente a bifurcação uterina, necessitando de uma maior tração

do órgão. A localização da incisão limita a exposição do corpo do útero, sendo

necessário manter uma tração excessiva ao órgão para que seja possível obliterar os

vasos e realizar posterior omentopexia. Nesse caso há uma maior facilidade em

executar essas manobras em animais pré-púberes em virtude do menor

desenvolvimento dos órgãos. Uma exposição adequada dos órgãos facilita a

obliteração dos complexos arteriovenosos e confecção da omentopexia, minimizando o

Page 44: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

risco de complicações pós-cirúrgicas. Na técnica mediana ventral, não houve

dificuldade quanto à exposição dos órgãos, tanto em cadelas pré-púberes como

adultas. Nessa abordagem, para facilitar a exposição dos órgãos, deve-se realizar a

incisão no local correto para cada faixa etária, não sendo necessária tração excessiva.

A minimização do tempo desde a identificação do órgão até sua retirada,

mostrou que a técnica lateral é eficaz em cadelas pré-púberes (Figura 4), em virtude do

menor desenvolvimento dos órgãos, o que facilita sua exposição, ao contrário do que

ocorrem em cadelas adultas, devido ao maior desenvolvimento dos órgãos, tem-se uma

maior dificuldade em expor e obliterar os vasos. Em cadelas adultas, a técnica ventral

leva menor tempo pela maior facilidade de desenvolver as manobras cirúrgicas, quando

comparadas com as cadelas pré-púberes.

Tempo Médio (mim)

4,67

3,54

5,7

0

1

2

3

4

5

6

G1(Ventral-Jovem) G2(Lateral-Jovem) G3(Ventral-Adulto) G4(Lateral-Adulto)

Figura 4. Tempo I (desde a identificação do corno uterino direito até a retirada dos órgãos).

A exposição limitada do ovário esquerdo na laparotomia lateral direita, acarretou

em uma maior dificuldade na recuperação do mesmo quando perdido durante o

Page 45: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

procedimento cirúrgico em uma cadela do grupo G3 (pré-púbere), o que vem de acordo

com a afirmação de Krzaczynski (1974) a respeito da maior dificuldade na recuperação

do pedículo esquerdo. A recuperação do pedículo ovariano perdido foi obtida mediante

exposição das vísceras para identificação do rim esquerdo. Após localizar o pedículo

perdido, foi feita obliteração do mesmo. Outra falha de hemostasia ocorreu em uma

cadela do grupo G4 (adulta), em que houve perda do coto uterino, sendo necessária à

exploração da cavidade abdominal pélvica com retroflexão da bexiga e posterior

recuperação do coto perdido.

Em casos de perda do pedículo ovariano contra-lateral, Dorn (1975) recomenda

o declive da mesa cirúrgica mantendo-se o animal com o posterior elevado para que as

vísceras se desloquem cranialmente na cavidade. Depois de recuperado, o animal deve

ser colocado imediatamente de volta a sua posição inicial para evitar problemas

respiratórios (DORN, 1975). Ao nosso ver essa técnica é contra indicada por alterar a

condução do trans-operatório, além de possibilitar desconforto respiratório podendo

levar a complicações durante a anestesia.

Adicionalmente a abraçadeira de náilon mostrou-se eficaz para ligaduras na

hemostasia preventiva das estruturas vasculares do útero e ovários, mostrando-se um

dispositivo de fácil e rápida aplicação, devido ao sistema auto-travante que favorece o

seu manuseio, conforme preconizado por Oliveira (2006).

Acredita-se que o risco de deiscência de sutura seja menor na técnica lateral,

devido a uma maior força da gravidade exercida nesta última, corroborando com a

afirmativa de Janssens e Janssens (1991). Segundo o autor, a probabilidade da

ocorrência de evisceração através do acesso mediano ventral é maior do que no

Page 46: Estudo comparativoentre laparotomia mediana ventral e ... · sendo que não é influenciado pela supressão do estímulo hormonal na maturidade. Se a OSH for realizada antes do primeiro

acesso lateral. Em no nosso estudo, não foi visualizada deiscência de sutura em

nenhuma das técnicas empregadas.

A técnica lateral direita foi melhor empregada em cadelas de menor porte,

principalmente as do grupo de pré-púberes, devido ao menor desenvolvimento do

tronco e da musculatura, corroborando com as afirmações de Howe (2006). Segundo o

autor, cadelas de menor porte apresentam maior facilidade para acessar a cavidade

pela técnica lateral. Em virtude do estado nutricional considerado normal, não foi

possível observar dificuldades para identificar e expor os órgãos em animais obesos,

conforme relataram Minguéz et al., (2005).

Não houve complicações significativas no pós-operatório, sendo verificado

apenas a formação de seroma em uma cadela do canil, submetida à técnica lateral.

Provavelmente esse fato ocorreu devido a lambeduras, pois o animal foi encontrado

sem o curativo e sem o colar elizabetano, medidas adotadas em todos os animais no

pós-cirúrgico.

A cicatrização da ferida cirúrgica deu-se de maneira satisfatória em ambos os

acessos, contradizendo Dorn (1975) e Pagliosa e Alves (2004). Esses autores afirmam

que a incisão pelo acesso lateral possui cicatrização mais rápida quando comparada ao

acesso mediano ventral, fato esse atribuído a pouca vascularização da linha alba.

Constatamos uma cicatriz mais exuberante nas cadelas submetidas à técnica lateral, no

ato de retirada dos pontos após sete dias.

Embora Dorn (1975) e Minguéz et al., (2005), afirmem que o pêlo dos animais

castrados através do acesso lateral cresçam em sentido contrário ou com coloração

diferente, na avaliação pós-operatória dos animais submetidos à técnica, não foi

visualizada qualquer tipo de alteração quanto a esse aspecto.

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Embora os tempos operatórios não tenham sido estatisticamente

representativos, podemos observar que ao compará-los nas duas técnicas, foi possível

constatar tempos cirúrgicos semelhantes nos referidos grupos, com a técnica lateral

demandando mais tempo devido à diérese e síntese dos músculos (Figura 5). Isso não

ocorre na técnica mediana ventral em que é feita incisão e posterior sutura na linha

alba.

Comparando animais pré-púberes e adultos, esse tempo na técnica mediana

ventral foi maior em cadelas pré-púberes devido à dificuldade na identificação e

exposição do órgão. Há uma maior facilidade para realizar a técnica mediana ventral

em cadelas adultas, levando a diminuição do tempo trans-cirúrgico, uma vez que estas

demonstraram dificuldade de expor o órgão pelo flanco.

Tempo Médio (mim)

9,67 108,67

12,16

0

2

4

6

8

10

12

14

G1(Ventral-Jovem) G2(Lateral-Jovem) G3(Ventral-Adulto) G4(Lateral-Adulto)

Figura 5. Tempo II (desde a abertura da cavidade até sua síntese)

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados obtidos no presente estudo pode-se sugerir que:

- A gonadectomia precoce, particularmente a ovariosalpingohisterectomia, além de

prevenir afecções do sistema reprodutor, mostra-se um excelente método de

esterilização cirúrgica, favorecendo a doação de filhotes e o controle populacional de

cães;

- A laparotomia lateral direita para ovariosalpingohisterectomia é mostra-se

adequada em cadelas pré-púberes, em virtude da facilidade para confecção do acesso

e da rápida e fácil identificação e exposição dos órgãos. Ao passo que, nas cadelas

adultas é menos indicada, uma vez que, a confecção e a síntese do acesso são

dificultosas e embora a identificação dos órgãos seja rápida, a exposição é prejudicada

pelo maior desenvolvimento dos mesmos;

- A laparotomia mediana ventral para ovariosalpingohisterectomia mostra-se mais

adequada em cadelas adultas, em virtude da facilidade para confecção do acesso e da

rápida e fácil identificação e exposição dos órgãos. Embora apresente relativa

dificuldade de identificação dos órgãos, esta técnica de acesso, também mostra-se

adequada para a realização da ovariosalpingohisterectomia em cadelas pré-púberes.

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