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INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA MÉDICA NA ÁREA DE RADIODIAGNÓSTICO CHARLENE OLIVEIRA DOS REIS ESTUDO COMPARATIVO DO DESEMPENHO DOS MONITORES DE 5 MEGAPIXELS COM OS DE 3 E 2 MEGAPIXELS PARA ANÁLISE RADIOGRÁFICA DA MAMA RIO DE JANEIRO – RJ 2014

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INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA MÉDICA NA ÁREA DE RADIODIAGNÓSTICO

CHARLENE OLIVEIRA DOS REIS

ESTUDO COMPARATIVO DO DESEMPENHO DOS MONITORES DE 5MEGAPIXELS COM OS DE 3 E 2 MEGAPIXELS PARA ANÁLISE

RADIOGRÁFICA DA MAMA

RIO DE JANEIRO – RJ 2014

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA MÉDICA NA ÁREA DE RADIODIAGNÓSTICO

CHARLENE OLIVEIRA DOS REIS

ESTUDO COMPARATIVO DO DESEMPENHO DOS MONITORES DE 5MEGAPIXELS COM OS DE 3 E 2 MEGAPIXELS PARA ANÁLISE

RADIOGRÁFICA DA MAMA

Trabalho de conclusão de curso apresentado aocurso de Física Médica da Área deRadiodiagnóstico para a obtenção do Grau dePós- Graduação em Física Médica na Área deRadiodiagnóstico.

Orientado por: Prof. Dr. João Emílio Peixoto

RIO DE JANEIRO

2014

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER - INCA PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA MÉDICA NA ÁREA DE RADIODIAGNÓSTICO

CHARLENE OLIVEIRA DOS REIS

ESTUDO COMPARATIVO DO DESEMPENHO DOS MONITORES DE 5

MEGAPIXELS COM OS DE 3 E 2 MEGAPIXELS PARA ANÁLISE

RADIOGRÁFICA DA MAMA

Este trabalho foi julgado adequado para a obtenção do Grau de Pós- Graduação em FísicaMédica na Área de Radiodiagnóstico e aprovada na sua forma final pelo Instituto Nacional de

Câncer – INCA.

Data: ____/____/____

Nota: _____________

________________________________________________Prof. Dr. João Emílio Peixoto

Orientador

__________________________________________________Fernando Augusto Mecca

Coorientador

RIO DE JANEIRO2014

Dedico este trabalho ao meu noivo, amigo e

companheiro por estar sempre presente, me dando

apoio e me incentivando, seja nos momentos felizes,

difíceis, de desafios ou de realizações.

AGRADECIMENTOS

A Deus pela dádiva da vida.

A toda a minha família, pois mesmo distante, sempre esteve me apoiando.

Ao meu orientador prof. Dr. João Emílio Peixoto por todo o ensinamento, dedicação e

paciência.

A todos os professores, os quais contribuíram para o meu aprendizado.

Aos meus companheiros de estudo, Sônia Sabino e Danillo Menezes, que tanto

contribuíram para a realização desse trabalho.

Aos amigos que fiz ao longo desses dois anos, que deixarão muitas saudades.

A todos aqueles de alguma forma ajudaram a semear, cultivar e colher os frutos desses anos de curso.

"[...] só quando a última árvore for derrubada, o

último peixe for morto e o último rio for poluído

é que o homem perceberá que não pode comer

dinheiro".

Provérbio Indígena

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo comparar o desempenho de monitores de 5 megapixels comos de 3 e 2 megapixels para a análise radiográfica da mama. Foram avaliados 13 conjuntos demonitores de dois hospitais de grande porte na cidade do Rio de Janeiro (RJ0, sendo 7monitores primários dedicados a mamografia de 5 megapixels, 4 conjuntos de monitoresprimários de 3 megapixels, e 2 conjuntos de monitores primários de 2 megapixels. A avaliaçãodos monitores seguiram as recomendações especificadas na publicação da AssociaçãoAmericana de Física Médica (AAPM Report 03). Os parâmetros analisados foram: reflexão,luminância, resolução, reflexão interna, ruído, contraste e nitidez e qualidade da imagemfísica. Nesta avaliação ficou evidente que os monitores de 3 e 2 megapixels possuem algumaslimitações em relação aos parâmetros analisados, principalmente na avaliação da qualidadeda imagem.

Palavras-chave: monitores, controle de qualidade, mamografia.

ABSTRACT

This study aimed to compare the performance of 5 megapixel monitors with 3 and 2

megapixels for radiographic examination of the breast. 13 sets of monitors from two large

hospitals in Rio de Janeiro, with 7 set primary monitors dedicated to mammography of 5

megapixels, 4 set of primary 3 megapixel monitors, and 2 set of primary 2 megapixel

monitors were evaluated. It was followed the recommendations specified in the publication of

the American Association of Physicists in Medicine (AAPM Report 03). The parameters

analyzed were: reflection, luminance, resolution, internal reflection, noise, contrast, sharpness

and quality of the physical image. In this evaluation, it became apparent that monitors of 3

and 2 megapixels have some limitations in regard to the analyzed parameters, particularly in

phantom image quality. It was also observed the need to implement monitor quality control

continuously in the services, to assure the performance of the monitors.

Keywords: monitors, quality control, mammography.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Imagem de teste TG18-QC para análise da avaliação geral da imagem.......;;.......16

Figura 2 - Primeira, das dezoito, imagem do grupo TG18-LN.........................................;;....18

Figura 3 - Imagens dos padrões TG18-UNL10 (esquerda) e TG18-UNL80 (direita).............19

Figura 4 - Imagem do padrão TG18-LPV50 de resolução.......................................................19

Figura 5 - Imagem do padrão TG18-AFC................................................................................20

Figura 6 - Imagem do padrão TG18-MM1 (a) e TG18-MM2 (b)............................................21

Figura 7 - Imagem do teste TG 18-BR com identificação de quadrantes, painéis e enumeração

das figuras de cada painel.........................................................................................................22

Figura 8 - Estruturas do phantom mama para avaliação da qualidade da imagem..................22

Figura 9 - Gráfico dos resultados dos testes de resolução e contraste para monitores de

5 megapixels..............................................................................................................................26

Figura 10 - Gráfico dos resultados dos testes de resolução e contraste para monitores de

3 megapixels..............................................................................................................................26

Figura 11 - Gráfico dos resultados do teste de resolução e contraste para monitores de 2

megapixels..............................................................................................................................27

Figura 12 - Resultado da Escala de Luminância para monitores de 5

megapixels.................................................................................................................................28

Figura 13 - Resultado da Escala de Luminância para monitores de 3

megapixels.................................................................................................................................28

Figura 14 - Resultado da Escala de Luminância para monitores de 2

megapixels.................................................................................................................................29

Figura 15 - Gráfico dos resultados do teste de qualidade da imagem.......................................30

TABELA 1 - Resultados da Resposta de Luminância..............................................................23

TABELA 2 - Resultados da Uniformidade da Luminância......................................................24

TABELA 3 - Resultados do teste de Ruído..............................................................................25

TABELA 4 -Estruturas visualisadas na imagem do phamtom mama.......................................29

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................10

2 ENQUADRAMENTO GERAL..........................................................................................12

2.1 Mamografia Digital...........................................................................................................13

2.2 Os monitores de diagnóstico em mamografia nos protocolos internacionais...................13

2.3 Requisitos para a escolha de um monitor de diagnóstico em mamografia........................14

3 METODOLOGIA.................................................................................................................16

3.1 Avaliação Geral .................................................................................................................16

3.2 Reflexão..............................................................................................................................17

3.3 Resposta de Luminância.....................................................................................................18

3.4 Escala de Luminância.........................................................................................................18

3.5 Uniformidade de Luminância.............................................................................................19

3.6 Resolução............................................................................................................................20

3.7 Ruído..................................................................................................................................20

3.8 Contraste e Nitidez da Imagem..........................................................................................21

3.9 Resolução e Contraste.........................................................................................................22

3.10 Qualidade da Imagem.......................................................................................................22

4 RESULTADOS.....................................................................................................................24

5 CONCLUSÃO.......................................................................................................................33

10

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, no Brasil e no mundo, o câncer de mama é o de maior incidência na

população feminina, correspondendo a 22% dos casos novos a cada ano. No Brasil, ainda é

elevada a taxa de mortalidade por câncer de mama, provavelmente por falta de detecção

precoce. Se diagnosticado e tratado oportunamente o prognóstico é bom. Na população

mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.

Em países desenvolvidos foi observado que apesar da incidência crescente do câncer

de mama, a taxa de mortalidade vem diminuindo, fato este associado à detecção precoce

através da mamografia para rastreamento e a oferta de tratamento adequado. Em países como

o Brasil o aumento da incidência tem sido acompanhado do aumento da mortalidade, o que

pode ser atribuído ao retardo da detecção e tratamento da doença [1].

A mamografia é a radiografia da mama que permite a detecção precoce do câncer, por

ser capaz de mostrar lesões em fase inicial, muito pequenas (de milímetros). Esse método tem

a capacidade de mostrar todas as estruturas relevantes para o diagnóstico, é um exame simples

e de ótima relação custo / benefício.

A mamografia envolve a exposição da mama a um feixe de raios-X que é parte

absorvido, parte transmitida e parte espalhado pelo tecido mamário. Visando um desempenho

ótimo nas práticas radiográficas, onde se busca a melhor imagem diagnóstica possível à custa

da menor dose exequível [2], tornam-se impreteríveis rotinas de controle de qualidade que

envolva instalações adequadas, equipamentos calibrados e profissionais qualificados.

A qualidade da imagem pode ser afetada por diversos fatores tais como os dispositivos

e processos de aquisição, bem como a maneira como as imagens são mostradas. Tal fato pode

ser observado nos monitores utilizados para a elaboração do laudo médico nos quais as suas

qualidades são diretamente dependentes de sua resolução, contraste, ruídos luminância, dentre

outros, que serão detalhados no decorrer deste capítulo.

No caso em que se emprega o uso da radiologia digital, as funções de aquisição e

visualização das imagens são completamente separadas, ou seja, a avaliação e otimização da

qualidade da imagem deve ocorrer nestes dois pontos da cadeia de produção da imagem. A

análise desta qualidade também depende do tipo de imagem que se quer obter e da mo-

dalidade a que se destina, uma vez que a radiografia digital destina-se a diversos tipos de

diagnóstico.

11

Assim, foi observada a necessidade do desenvolvimento de estudos que mostrem a

qualidade dos monitores utilizados na obtenção do diagnóstico. Para cada etapa desta cadeia,

é sugerido executar testes de aceite e de constância dos monitores, com o objetivo de avaliar,

verificar e comprovar seu desempenho, uma vez que, são utilizados para interpretação de

imagens médicas, ou seja, de suma importância no diagnóstico.

Os monitores devem possuir características que atendam às necessidades,

principalmente de resolução e contraste da modalidade diagnóstica à qual serão destinados.

[3].

Além disso, o controle de qualidade através de avaliações periódicas se faz necessário

para evitar que problemas decorrentes do uso não impliquem em perdas de informações

diagnósticas na imagem, que para tanto, deverão ser aplicadas medidas corretivas [3].

Os monitores podem ser classificados em duas classes, primários e secundários. Os

secundários, são monitores utilizados somente para análise visual da imagem sem utilização

para interpretação de laudos médicos. Essa classe de monitores encontra-se localizada na

estação de trabalho onde as imagens são ajustadas antes de serem enviadas para o PACS e

para os monitores de classe primária que receberão o laudo médico.

Os monitores de classe primária são utilizados pelo médico para análise e elaboração

de laudos e devem possuir uma maior resolução. Pode-se encontrar monitores primários de 2

megapixels, 3 megapixels, 5 megapixels ou mais.

Os monitores possuem características de qualidade que dependem da área da

radiologia a qual serão empregados. No entanto, monitores convencionais não específicos

para determinada prática também vem sendo utilizados na rotina clínica, sem que sejam

avaliados os critérios mínimos de qualidade para seu uso.

Tais monitores devem fornecer imagens sem distorções, artefatos, luminância mínima

pré-estabelecida, densidade adequada de pixels para visualização de toda a imagem e

resolução espacial suficiente em uma distância de visualização normal de cerca de 30 a 60

cm. Além disso, é recomendado que os laudos de mamografia sejam realizados em monitores

com a melhor resolução espacial possível.

Com base na necessidade de se avaliar os monitores especificamente para mamografia,

este trabalho implementou os procedimentos do AAPM Report 03 em monitores de 5

megapixels, 3 megapixels e 2 megapixels a fim de definir suas propriedades antes de adotá-las

para a avaliação de imagens clínicas da mama.

Este trabalho tem como objetivo avaliar e comparar a resposta da imagem clínica em

monitores específicos de mamografia com monitores específicos de radiologia geral, para

12

evidenciar a necessidade de monitores dedicados à análise de imagens radiográficas da mama,

bem como a repercussão na confiabilidade dos laudos.

2 ENQUADRAMENTO GERAL

Com o advento da radiologia digital, a análise médica das imagens tende, cada vez

mais, a ser feita em monitores de interpretação. A radiologia digital tem se mostrado um

método cada vez mais utilizado devido à facilidade de manipulação das imagens. Tais

sistemas digitais trabalham em grande parte, com equipamentos que geram imagens médicas

em um padrão conhecido por DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine), o

qual foi criado com a finalidade de se estabelecer um padrão de aquisição e transmissão da

imagem radiológica digital. Desta forma, permitirá a imagem manter as características

originais e escalas de cinza consistentes com imagens médicas, quando visibilizados em

dispositivos de exibição compatíveis e calibrados. [3].

Cada imagem digital é formada por uma matriz de elementos fotográficos chamados

pixels, que representam uma porção extremamente pequena da informação original. Os pixels

são geralmente referidos como os blocos de construção das imagens digitais.

A imagem digital é composta por milhões de pixels, uniformemente quadrados ou

retângulos, organizados num padrão em matriz, podem exibir apenas uma cor de cada vez,

não possuem tamanho fixo, mas são controlados pela resolução da imagem. Por exemplo, se

agruparmos os pixels, a imagem aparecerá melhor e mais nítida; se espalhar os pixels

(ampliando a imagem), a imagem parecerá pior e menos nítida [8].

O número de tonalidades diferentes que cada pixel pode ter numa imagem chama-se

profundidade da cor. Por exemplo, um pixel com 24-bits de profundidade de cor significa que

a cor final pode ser expressa por 24-bits, isto é, cerca de 27,7 milhões de cores. Uma imagem

colorida com 8 bits é composta por até 256 cores diferentes 28 = 256 cores [8].

Depois da aquisição de imagem e das correções automáticas, a imagem é salva como

uma série de valores de pixel (no caso da mamografia são 8 bits por pixel). Estes valores são

modificados por processos adicionais como altura, largura e janela.

As imagens digitais necessitam de computadores e programas aplicativos para o seu

processamento das imagens. O processamento digital envolve a aplicação sistemática de

fórmulas matemáticas de alta complexidade, chamadas de algorítimos para melhorar a

13

aparência e otimizar a sua qualidade. [2]. Desta forma, podemos programar as imagens para

exibirem a forma de como aparecerão nos monitores. Não é adicionada nenhuma informação

à imagem, apenas se pretende que esta se torne mais acessível e com maior interesse para o

diagnóstico [9].

O objetivo principal do processamento de imagem é atuar sobre as informações

digitais, de forma a permitir ao observador uma melhor análise, interpretação do seu

conteúdo, preparação para armazenamento ou transmissão [5].

Assim é de extrema importância adaptar o monitor ao tipo de exame, de maneira que

cada modalidade seja exibida e analisada de acordo com as especificações necessárias, de

maneira que a sua interpretação permita diagnósticos cada vez mais fidedignos [5].

2.1 Mamografia Digital

A mamografia digital possibilitou a eliminação de algumas limitações da mamografia

convencional, tais como:

� Perda de qualidade de imagem - quando armazenada em longo prazo;

� Re-convocação da paciente - quando o exame não apresentava qualidade;

� Contaminação com químicos;

� Limpeza das câmaras escuras.

Logo, com a mamografia digital podemos reduzir consideravelmente o número de

imagens insatisfatórias, ocasionando a redução de superexposição radiológica da população e,

por conseguinte, o tempo e os custos envolvidos na repetição destas imagens tecnicamente

insatisfatórias [7].

Na mamografia digital, as informações da imagem mamária são digitalizadas e

armazenadas em meio digital, podendo ser impressas, analisadas (em monitores específicos),

transmitidas eletronicamente ou arquivadas, sem que haja perda de qualidade, podendo ser

visualizadas a qualquer momento.

Além das vantagens descritas, a mamografia digital melhora a resolução de contraste

(recurso vantajoso na avaliação de mamas densas, das alterações de pele e das mamas com

14

implantes de silicone), reduz a dose de radiação por volta de 25% e o tempo de exposição.

Outra grande vantagem é a aplicação de variados recursos no pós-processamento na estação

de trabalho, evitando por vezes a necessidade de novas exposições, como a ampliação de

imagens, otimizando a análise de microcalcificações, manipulação de brilho e contraste, o que

possibilita a diferenciação das diversas estruturas da mama que possuem densidades muito

próximas e eliminando alguns erros de técnica de exposição [10].

No entanto, para a visualização e interpretação das imagens radiográficas das mamas é

necessária a existência de estações de trabalho dedicadas às imagens de mamografia. Estas

devem ter uma boa resolução em escala de cinza, devem ser rápidas e apresentar uma boa

resolução espacial, além de permitirem pós-processamento da imagem para uma melhor

visualização da patologia, caso esta exista [11].

2.2 Os monitores de diagnóstico em mamografia nos protocolos internacionais

No diagnóstico, o monitor deve permitir a visualização da imagem em resolução e

tamanhos máximos, pois a quantidade de imagens a ler não permite perdas de tempo para

exploração e zoom. Normalmente, duas imagens são exibidas ao mesmo tempo e é

recomendado que as estações de trabalho para diagnóstico tenham dois monitores de 5MP,

largos (45x50cm) e de alta qualidade.

Para conferir a qualidade necessária, algumas instituições como Food and Drug

Administration (FDA), órgão governamental americano, defende que as imagens radiográficas

da mama só podem ser interpretadas utilizando monitores de diagnóstico aprovadas pela

própria entidade que ofereça, no mínimo, uma resolução de 5 megapixels [5].

O National Quality Management Committee (NQMC) of BreastScreen Australia,

criadores do National Accretiation Standarts definiu que as condições para interpretação de

imagens mamográficas devem de ser realizadas num monitor nunca inferior a 5MP [12].

O Americcan College of Radiology (ACR), a principal organização de radiologistas,

oncologistas e físicos dos EUA com mais de 30000 membros, defende que apesar dos

monitores de diagnóstico de 3MP possam ser adequados para um diagnóstico primário,

recomenda os monitores de 5MP para a interpretação da imagem, quando se deseja ver a

imagem na sua máxima resolução [13].

15

2.3 Requisitos para a escolha de um monitor de diagnóstico em Mamografia

A qualidade do monitor de diagnóstico tem um efeito direto na qualidade da

interpretação radiológica. Um monitor de diagnóstico irregular, sem rotinas de calibração ou

um equipamento inadequado para a função, pode comprometer a qualidade geral da

interpretação diagnóstica [13].

A EIZO Nanao Corporation, uma das empresas de desenvolvimento de monitores para

aplicações médicas mais prestigiadas do Japão, determina oito requisitos que devem ser a

levados em consideração quando se escolhe um bom monitor de diagnóstico para

mamografia.

Requisito 1 – Alta resolução: Altas resoluções são exigidas para exibição correta de

informações de uma imagem mamográfica digital.

Definição: Segundo Egídio Pandolfo (2003), “Resolução é a capacidade que um

sistema de captura/reprodução de imagens tem para reproduzir detalhes”. Quanto maior a

resolução, mais pormenores podem ser reproduzidos por um determinado sistema.

Requisito 2 – Alta definição e alta densidade: Para a detecção de irregularidades na

glândula mamária, exibidas como uma “distorção”, o monitor necessita desta característica a

fim de exibir as mais sutis estruturas.

Definição: Imagens de alta definição apresentam maior riqueza de detalhes, facilitando

a identificação de pequenos objetos. A quantidade de linhas horizontais define a qualidade da

imagem: quanto mais linhas, maior será a resolução da imagem. A densidade de uma imagem

é caracterizada por pontos por polegada (ppp) ou doots per inch e expressa o número de

pontos individuais que existem numa polegada na superfície onde a imagem é apresentada.

De maneira geral, quanto maior o número de pontos por polegada, mais detalhada e bem

definida é a imagem.

Requisito 3 – Múltiplos tons de cinza: Para a detecção de pequenos tumores que são

exibidos em delicadas densidades, o monitor necessita da correta exibição de tons de cinza

extremamente sutis, o que permite a diferenciação dos tecidos, geralmente de densidades

muito próximas.

Definição: Segundo Carvalho Neto, contraste significa diferença. Quanto mais

diferente for um ponto da imagem, do meio que o cerca, mais fácil de identificar sua presença.

A imagem com maior contraste é composta somente por preto e branco, mas é de notar que a

falta de tons intermediários entre eles (tons de cinza), resulta numa redução dos detalhes da

16

imagem. Assim, o contraste ótimo depende da distribuição adequada dos tons de cinza na

imagem.

Requisito 4 – Uniformidade de brilho e anti-reflexo: Para uma iluminação

(luminância) correta de diferentes densidades delicadas, o monitor necessita de uma

uniformidade do brilho ao longo de toda a tela.

Requisito 5 – Nitidez de imagem: Para a detecção de massas sutis e calcificações, o

monitor necessita de exibir o delineamento dos achados com alto grau de nitidez.

Requisito 6 – Adaptação – Para se visualizar uma imagem igual entre dois monitores,

é necessário que estes apresentem sempre o mesmo tom idêntico para a escala de cinza.

Requisito 7 – Auto Calibração – Sabendo que as características da qualidade dos

monitores evoluem com o tempo, é necessário que estes estejam preparados para uma

calibração.

Requisito 8 – Procedimentos de controle de qualidade simples – Para a manutenção e

controle de qualidade contínua, é exigido um monitor que permita procedimentos de fácil

realização.

3 METODOLOGIA

Foram avaliados 13 conjuntos de monitores de dois hospitais do Rio de Janeiro, sendo

7 monitores primários dedicados a momografia de 5 megapixels (3 da marca Carestream, 3 da

marca Barco, 1 da DOMI CSI, 1 da marca TOTOKU), 4 conjuntos de monitores primários de

3 megapixels (3 da marca Carestream, 1 da marca DELL) e 2 conjuntos de monitores

primários de 2 megapixels (da marca DELL). Os conjuntos de monitores foram identificados

como conjunto 1 (5MP), conjunto 2 (5MP), conjunto 3 (5MP), conjunto 4 (5MP), conjunto 5

(5MP), conjunto 6 (5MP), conjunto 7 (5MP), conjunto 1 (3MP), conjunto 2 (3MP), conjunto

3 (3MP), conjunto 4 (3MP), conjunto 1 (2MP), conjunto 2 (2MP).

Os hospitais no qual os monitores foram avaliados foram o Instituto Nacional de

Câncer - José Alencar da Silva e o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.

A avaliação dos monitores seguiu as recomendações especificadas na publicação da

AAPM Report 03 [3]. Os parâmetros analisados foram:

� Reflexão;

� Luminância;

17

� Resolução;

� Reflexão interna;

� Ruído;

� Contraste;

� Nitidez;

� Qualidade da imagem física.

Os dados foram obtidos com utilização de um fotômetro da marca PTW e as avaliações

visuais foram feitas utilizando uma lupa. Na sequência, é apresentada uma breve explanação

dos procedimentos utilizados para testar cada parâmetro.

3.1 Avaliação Geral

Este é um teste visual, onde é utilizado o padrão TG18-QC (figura 1), que permite a

avaliação da qualidade geral da imagem quanto à presença de artefatos, distorções

geométricas, resolução espacial, luminância, contraste-detalhe, reflexão e ruído.

Figura 1- Imagem de teste TG18-QC para análise da avaliação geral da imagem.

Fonte: AAPM Task Group 18.

Os parâmetros analisados neste padrão são:

18

• Avaliação de Cross Talk: neste quesito são esperadas que as rampas se

apresentassem contínuas e sem sombras.

• Barras de Transições Pretas e Brancas: As barras devem estar retilíneas,

uniformes, sem sombras e com mesmo tamanho.

• Resolução de Elementos visíveis: Deve haver distinção entre as linhas na

freqüência de Nyquist e na metade da freqüência de Nyquist.

• Resposta de Luminância: Os tons de cinza devem ser lineares, os quadrados de

baixo contraste devem ser visíveis e as inserções com 5% e 95% devem ser

nítidas.

• Padrão CX: Os padrões devem ser visualizados como nas imagens do intervalo

entre 0 e 4.

• Visualização da Inserção “Quality Control”: As letras devem ser visíveis nas

regiões de alto, médio e baixo contraste.

• Profundidade de bit: Deve ser avaliada a linearidade na escala de cinza da

barra vertical esquerda e direita.

3.2 Reflexão

No teste de reflexão é verificado se há interferência de alguma fonte luminosa externa

no monitor desligado (exemplo, negatoscópio ou lâmpada ambiente) em caso positivo, é

verificado se esta interferência afeta o contraste do padrão de teste TG18-AD. Deve ser feita

uma análise visual de aproximadamente 30 cm de distância com variação de ± 15° do

monitor.

3.3 Resposta de Luminância

A luminância consiste na luz produzida pelo monitor, sua resposta pode ser analisada

através de imagens com diferentes padrões de luminância bem como a sua distribuição

uniforme no monitor.

19

Neste teste são avaliadas as luminâncias mínimas e máximas através do padrão TG18-

LN-01 (figura 2) e o TG18-LN-18 respectivamente, com uma contribuição fixa da reflexão

difusa da iluminação ambiente. A resposta da luminância em um dispositivo de exibição se

refere à relação entre a luminância e aos valores de entrada em um sistema de visualização

padronizado. O termo razão de luminância, é utilizado para caracterizar um dispositivo de

exibição e refere-se, especificamente, à razão entre a luminância máxima e mínima na

presença da componente luminância ambiente, Lmax’/ Lmin’. Onde Lmax’= Lmax + Lamb e Lmin’=

Lmin’ + Lamb. Devido ao sistema visual humano se adaptar às configurações de brilho, dois

dispositivos de exibição podem ter aparência similar com diferentes valores de Lmax, enquanto

a razão de luminância (taxa de luminância), Lmax’/ Lmin’ é a mesma. A diferença de luminância

entre os dois monitores do conjunto deve ser avaliada e não exceder a 10%.

A luminância mínima não deve ser maior que 1,0 Cd/m² e a luminância máxima não

deve ser menor que 250 Cd/m² e a razão de luminância deve ser maior que 250 para

monitores primários.

3.4 Escala da Luminância

A escala da luminância é realizada com uso do fotômetro, tomando-se a medida na

região central de cada uma das 18 imagens que fazem parte do grupo TG18-LN (figura 2). Em

seguida, deve ser feita a medida com o monitor desligado. Para a classe de monitores

primários, a resposta de contraste deve estar dentro de mais ou menos 10 %, enquanto que

para a classe de monitores secundários dentro de mais ou menos 20%.

20

Figura 2- Primeira, das dezoito, imagem do grupo TG18-LN.

Fonte: AAPM Task Group 18.

3.5 Uniformidade da Luminância

O teste de uniformidade da luminância verifica se há regiões da tela onde a intensidade

luminosa varia para um mesmo tom de cinza [4].

A uniformidade da luminância é avaliada através da media da luminância dos quatro

cantos e do centro da imagem nos padrões TG18-UNL10 e TG18-UNL80 (figura 3). O desvio

percentual de heterogeneidade para ambas as imagens deve ser menor que 10%.

Figura 3- Imagens dos padrões TG18-UNL10 (esquerda) e TG18-UNL80 (direita).

Fonte: AAPM Task Group 18

21

3.6 Resolução

Para este teste é analisada visualmente as duas séries de imagens de teste de resolução,

a TG18-LPV (figura 4) e a TG18-LPH. Deve ser analisada a resolução do monitor, se há

alguma distorção geométrica e se as linhas se apresentam contínuas e paralelas.

O teste de resolução verifica a capacidade do monitor mostrar a menor estrutura

possível de uma imagem.

Figura 4- Imagem do padrão TG18-LPV50 de resolução.

Fonte: AAPM Task Group 18.

3.7 Ruído

O teste do ruído analisa se existem pixels defeituosos ou artefatos que possam

comprometer a visualização de estruturas pequenas e com baixo nível de contraste na imagem

[4].

O padrão de teste TG18-AFC (figura 5) é analisado visualmente, verificando se as

estruturas em todos os quadrantes são visíveis. A quantidade de alvos visualizados em cada

uma das áreas dos quadrantes deve ser constante para um mesmo quadrante. Para monitores

primários é aceitável que somente os alvos de menor tamanho (alvos do primeiro quadrante)

22

não estejam visíveis. Para monitores secundários, ao menos os alvos do terceiro e quarto

quadrantes devem estar visíveis.

Também deve ser feita a análise das áreas quadradas dos quatro cantos, fazendo a

contagem do quantitativo de inserções no seu interior, a fim de verificar a homogeneidade do

sinal no monitor.

Figura 5- Imagem do padrão TG18-AFC

Fonte: AAPM Task Group 18.

3.8 Contraste e Nitidez da Imagem

Neste teste, duas imagens radiográficas da mama são analisadas visualmente. As

imagens TG18-MM1 (figura 6-a) e TG18-MM2 (figura 6-b) são imagens padrões de

incidências crânio-caudal que apresentam ampla variação de padrão mamário.

1º 2º

3º 4º

23

a- b-

Figura 6- Imagem do padrão TG18-MM1 (a) e TG18-MM2 (b).

Fonte: AAPM Task Group 18.

Deve ser avaliado o contraste e nitidez geral da imagem, além da nitidez com que são

apresentados os ligamentos de Cooper, a aparência e visibilidade de microcalcificações sutis e

a visibilidade de estruturas nas margens da mama. Somente para a imagem TG18-MM1 deve

ser possível visualizar a estrutura do grampo (implante metálico, usado como marcador de

áreas biopsiadas) e a percepção de um espaço em seu ápice.

3.9 Resolução e Contraste

Para este teste é utilizado o padrão de Briggs (figura 7) para avaliar visualmente se a

resolução e o contraste do monitor estão ajustados apropriadamente.

A versão 1K desse padrão é composta de quatro quadrantes, cada qual contendo oito

painéis. Cada painel contém 16 tabuleiros, dispostos a partir de 25 pixels em cada quadrado

(B-10), até o tamanho de 1 pixel por quadrado (B-90). O observador deve discernir, com

auxílio de lupa ou dispositivo de aumento no monitor, o menor tabuleiro que pode ser

distinguido em cada painel de cada quadrante. Os quadrantes devem ser lidos em sentido

horário, da esquerda superior para a esquerda inferior. Dentro de cada quadrante, os painéis

também devem ser lidos em sentido horário. A mesma figura deve ser visualizada em todos os

painéis do mesmo quadrante.

24

Figura 7- Imagem do teste TG 18-BR com identificação de quadrantes, painéis e enumeração das

figuras de cada painel.

Fonte: AAPM Task Group 18.

3.10 Qualidade da imagem

O teste de qualidade da imagem utilizando um simulador não é uma recomendação da

AAPM Task group 18. Mas é uma ótima ferramenta para avaliar o monitor com a imagem do

equipamento de mamografia que é utilizado no serviço, uma vez que ele simula situações

clínicas de uma imagem mamográfica.

A imagem do simulador é feita no mamógrafo instalado no serviço, sendo esta imagem

visualizada em todos os monitores deste (no caso de existir mais de um).

Para este teste deve-se verificar a quantidade de fibras, microcalcificações, massas,

discos e resolução espacial em cada monitor, e os resultados confrontados com os valores de

uma tabela de referência. A figura 8 representa a imagem gerada de um simulador.

O simulador radiográfico de mama utilizado nesta pesquisa foi desenvolvido no Serviço de

Radiologia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e reconhecido pelo Colégio

Brasileiro de Radiologia para a realização dos testes de qualidade da imagem mamográfica no

seu Programa de Qualidade em Mamografia. Ele é composto de um bloco principal de acrílico

e três placas auxiliares, também de acrílico para serem utilizadas nos testes do dispositivo de

controle automático da exposição, existentes nos mamógrafos.

No bloco principal existem seis furos passantes com diversos materiais no seu interior

que atenuam seletivamente o feixe de raios-X e, desta forma, produzem uma escala de tons de

cinza que permite avaliar quantitativamente o contraste da imagem produzida. Existe, ainda,

25

um sétimo furo passante que possui no seu interior um disco de chumbo de 1,0 mm de

espessura cuja função é atenuar completamente o feixe de raios-X, produzindo, assim, na

imagem do simulador uma região não exposta à radiação. Assim, é possível avaliar o tom de

cinza em uma área da imagem não exposta à radiação.

Na região central da placa principal, há um rasgo de formato retangular cuja função é

de acomodar uma camada de cera, a qual possui em seu interior quatro discos de grades

metálicas com malhas de 4, 6, 8 e 12 pares de linhas/mm, respectivamente tendo como

objetivo medir o limite de resolução espacial da imagem.

Na camada de cera, são encontradas também 5 calotas esféricas de nylon de dimensões

Ø 9,5 x 3,4 mm, Ø 7,7 x 2,9 mm, Ø 5,5 x 2,0 mm, Ø 4,0 x 2,0 mm e Ø 2,0 x 0,8 mm, e cuja

função é simular massas tumorais de diversos tamanhos. Existem também 5 grupos com 5

elementos cada, de grãos de óxido de alumínio de Ø 0,45 mm, Ø 0,35 mm, Ø 0,30 mm, Ø

0,25 mm e Ø 0,18 mm cuja função é simular microcalcificações malignas associadas a tecidos

neoplásicos da mama.

Encontram-se ainda no interior da camada de cera 8 discos de poliéster de Ø 6 mm e

alturas fixadas em 0,1 mm, 0,2 mm, 0,3 mm, 0,4 mm, 0,5 mm, 0,6 mm, 0,7 mm e 0,8 mm

cuja função é simular lesões de baixo contraste, semelhantes a nódulos ou densidades de

baixo contraste (medida do limite de visibilização de objetos circulares de baixo contraste).

Finalmente, existem ainda, 6 fios de nylon de 1 cm de comprimento e diâmetros de 0,4 mm,

0,6 mm, 0,7 mm, 0,8 mm, 1,2 mm e 1,4 mm cuja função é simular extensões fibrosas de

tecido que possibilitam a identificação de tecidos neoplásicos da mama (medida do limite de

visibilização de objetos lineares de baixo contraste). [15]

26

Figura 8- Estruturas do phantom mama para avaliação da qualidade da imagem.

4 RESULTADOS

Após a realização das avaliações, os resultados dos testes foram organizados e

analisados e seus parâmetros estratificados para os monitores de 5 megapixels, recomendado

para estudo radiográfico da mama, e 3 megapixels e 2 megapixels, utilizados em radiologia

geral. Assim, foi possível fazer uma comparação entre diferentes fatores que podem interferir

na qualidade da imagem e consequentemente no resultado das conclusões clínicas, em relação

aos laudos de mamografia.

Avaliação Geral

Na avaliação geral, os resultados obtidos para os monitores foram classificados como

bom, regular e ruim. As análises mostraram que em todos os monitores de 5 megapixels, os

vários parâmetros avaliados estavam adequados, sendo assim classificados com o conceito

bom , enquanto que em todos os monitores de 3 megapixels apresentaram alguma não

conformidade nos parâmetros avaliados e, portanto, foram classificados com o conceito

regular. Já os de 2 megapixels apresentaram alguma não conformidade ainda mais relevante

nos parâmetros analisados e foram classificados com o conceito ruim. Em uma análise geral,

foi evidenciado que nos dois últimos, há perda na qualidade da imagem.

Reflexão

Para todos os conjuntos de monitores avaliados, nas condições normais de trabalho,

não foi observada nenhuma reflexão relevante que pudesse influenciar na interpretação das

imagens. Todos os monitores de 5, 3 e 2 megapixels foram aprovados neste teste.

27

Resposta de Luminância

Neste teste foram utilizados os padrões LN-01 e LN-18 para análise da luminância

máxima e mínima, diferença de luminância entre os monitores do conjunto e a taxa de

luminância.

A tabela 1 mostra os resultados médios obtidos para os monitores avaliados no teste da

Resposta de Luminância.

Tabela 1: Resultados da resposta de Luminância.

Tipo de monitor Lmin (Cd/m²) Lmax (Cd/m²) Taxa de

luminância

Diferença de

luminância (%)5 megapixels 0,83 438,40 485,54 5,283 megapixels 0,56 358,77 607,73 7,782 megapixels 0,29 134,36 448,38 5,46

Lmin, luminância mínima; Lmax, luminância máxima.

Os resultados da tabela 1 foram obtidos através da média dos resultados colhidos em

cada tipo de monitor avaliado. Sendo que a taxa de luminância não deve ser menor que 250

para monitores primários e a diferença de luminância entre os monitores do conjunto deve ser

menor que 10%.

Os resultados mostram que para os monitores de 5 megapixels a média da luminância

mínima foi 39% maior em comparação com os monitores de 3 megapixels. A média da

Luminância máxima nos monitores de 5 megapixels foi 20% maior do que nos monitores de 3

megapixels. A média da diferença de luminância no conjunto de monitores foi maior para o

conjunto de monitores de 3 megapixels. Com isso é possível concluir que os monitores de 5

megapixels mostraram uma maior luminância e uma menor diferença na luminância entre os

monitores avaliados.

Entre os conjuntos de monitores de 5 MP, o que apresentou o menor valor para a

luminância mínima foi o de número 1 com o valor de 0,725 Cd/m² e o que apresentou o maior

valor foi de número 4 com o valor de 0,995 Cd/m². Para a luminância máxima o conjunto que

apresentou o menor valor foi o de número 7 com 353,525 Cd/m² e o que apresentou o maior

valor foi o de número 4 com 691,86 Cd/m². Com relação à taxa de luminância, o menor valor

28

foi para o conjunto 7 com 375,31 e o maior valor foi o de número 4 com o 645,06. Enquanto

que o conjunto que apresentou o menor valor para a diferença de luminância foi o de número

1 com 0,32% e o que apresentou o menor valor foi o de número 4 com o valor de 14%.

Com relação aos conjuntos de monitores de 3 MP, o que apresentou o menor valor

para a luminância mínima foi o conjunto 4 com o valor de 0,495 Cd/m² e o maior valor foi o

conjunto 1 com o valor de 0,610 Cd/m². Para a luminância máxima o conjunto que apresentou

o menor valor foi o de número 4 com 342,69 Cd/m² e o de maior valor foi o de número 1 com

378,7 Cd/m². Com relação à taxa de luminância, o menor valor foi para o conjunto 3 com

576,7 e o maior valor foi o de número 4 com o 662,94. Enquanto que o conjunto que

apresentou o menor valor para a diferença de luminância foi o de número 1 com 3,91% e o

que apresentou o menor valor foi o de número 3 com o valor de 10,85%.

Analisando os monitores de 3 e 5 megapixels para a luminância mínima, luminância

máxima e taxa de luminância, todos os resultados se mostraram adequados enquanto que em

relação à diferença de luminância, foram observados dois valores acima do esperado no

conjunto 4 (5MP) com 14% e do conjunto 3 (3MP) com 10,85%.

Uniformidade da Luminância

Este teste é realizado utilizando imagem padrão TG18-UNL10 e TG18-UNL80. O resultado

esperado deverá ser obtido através da equação D =100.( Lmax - Lmin)/Lcentro, no qual o desvio

deverá ser menor que 30%. A tabela 2 mostra a média dos resultados obtidos no teste da

Uniformidade da Luminância para os monitores avaliados.

Tabela 2: Resultados da Uniformidade da Luminância.

Uniformidade (%)Tipo de monitor TG18-UNL10 TG18-UNL80

5 megapixels 10,00 8,243 megapixels 14,41 12,902 megapixels 35,05 10,02

29

Foi evidenciado que nos monitores de 3 megapixels, o desvio da uniformidade da

luminância no padrão TG18-UNL10 foi superior em 36% em relação aos monitores de 5

megapixels e no padrão TG18-UNL80 foi superior em 44%, pode-se observar também que os

monitores de 2 megapixels não alcançaram o resultado esperado no padrão TG18-UNL10,

pois o valor médio para o padrão TG18-UNL10 foi superior a 30%. Neste teste, foi mostrado

que os monitores de 5 megapixels possuem uma maior uniformidade de luminância, por

apresentarem menores valores para a média dos resultados, caracterizando assim uma imagem

mais homogênea.

Entre os conjuntos de monitores de 5MP, a avaliação da uniformidade de luminância

usando o padrão TG18-UNL10, o conjunto 1 (5MP- TOTOKU) teve o menor desvio com

4,33% e o maior desvio foi para o conjunto 4 (5MP- DOMI CSI) com 21,69%. No padrão

TG18-UNL10 o menor desvio se repetiu com o conjunto 1 (5MP TOTOKU) com 3,22% e o

maior valor também foi para o conjunto 4 com 13,8%.

Em relação aos conjuntos de monitores de 3MP, a avaliação da uniformidade de

luminância usando o padrão TG18-UNL10, o conjunto 1 (3MP) apresentou o menor desvio

com 12,83% e o conjunto 4 (3MP) teve o maior desvio com 15,42%. Para o padrão TG18-

UNL10 o conjunto 3 apresentou o menor desvio de 11,55% e o conjunto 2 (3 MP) com

14,31% obteve o maior desvio.

Resolução

Este teste utilizou os padrões TG18-LPV50 e TG18-LPH50. Esses padrões são

utilizados para avaliar a resolução do monitor, é analisado se há distorções geométricas da

imagem exibida e espaçamento entre elas. Esta análise é realizada de maneira visual.

Em todos os monitores utilizados neste estudo, sendo eles de 5, 3 e 2 megapixels, foi

analisado se as linhas se apresentaram retas e paralelas. Nesta modalidade de teste não foram

observadas inconformidades e todos os monitores foram aprovados no teste.

Ruído

30

Neste teste foi utilizada imagem padrão TG18-AFC. Cada quadrante do padrão de

teste contém um grande número de regiões com inserções de tamanho e percentual de

contraste variáveis, os resultados podem ser analisados na tabela 3.

Tabela 3: Resultados do teste de Ruído.

Tipo de monitor Quadrante Número de estruturas5 megapixels Entre o 2º e 1º Entre 15 e 163 megapixels Entre o 3º e 2º Entre 14 e 152 megapixels 3º Entre 8 e 13

A tabela 3 mostra as variações dos resultados para cada tipo de monitor. É esperado

que se visualizasse estruturas até o segundo quadrante e a quantidade de estruturas

visualizadas em cada uma das áreas deve ser constante.

É possível observar que nos monitores de 5 megapixels as estruturas foram

identificadas nos 4 quadrantes e também todas as estruturas nos quadrantes menores (cantos e

centro). Nos monitores de 3 megapixels foi possível visualizar as estruturas a partir do

segundo quadrante e nos quadrantes menores e o número de estruturas visualizadas variou

entre 14 e 15. Os monitores de 2 megapixels não obtiveram resposta satisfatória nesta

avaliação por não possuir um contraste capaz de visualizar estruturas menores. Este teste

evidenciou que os monitores de 5 megapixels possuem um contraste superior aos demais

monitores avaliados. Sabendo que exames de mamografia detectam lesões da ordem de 0,3

mm, é possível concluir a necessidade de utilização preferencial de monitores com o menor

ruído possível.

Contraste e Nitidez da Imagem

Neste teste foram analisadas visualmente as imagens anatômicas do padrão TG18-

MM1 e TG18-MM2 (figura 6). Os monitores de 5 megapixels obtiveram todos os parâmetros

de contraste e nitidez das imagens em condições adequadas para análise radiográfica da

mama, mostrando superioridade na análise de mamografia. Os monitores de 3 e 2 megapixels,

apresentaram alguma não conformidade nos parâmetros analisados, mostrando não ser, em

alguns casos, o ideal para o estudo radiográfico da mama.

31

Resolução e Contraste

Neste teste foi utilizado o padrão TG18-BR, o qual se divide em 16 quadrantes (figura

7), sendo possível analisar visualmente a resolução e contraste do monitor. Os resultados

obtidos para os monitores avaliados são apresentados nos gráficos (figura 9, 10 e 11).

Figura 9. Gráficos dos resultados do teste de resolução e contraste para monitores de 5 megapixels

Figura 10. Gráficos dos resultados do teste de resolução e contraste para monitores de 3 megapixels

32

Figura 11. Gráficos dos resultados do teste de resolução e contraste para monitores de 2 megapixels

A partir dos gráficos, é possível verificar que os monitores de 5 megapixels possuem

uma melhor resolução de contraste em relação aos monitores de 3 megapixels. Em cada

quadrante, na média dos monitores de 5 megapixels, foi possível analisar melhor, estruturas

com diferenças de densidade próximas em relação aos monitores de 3 e 2 megapixels.

Os conjuntos de monitores de 5 MP, que tiveram os melhores resultados nesta avaliação foram

o conjunto 2 (5MP- BARCO) e conjunto 3 (5MP- BARCO), enquanto que o conjunto 1

(5MP- TOTOKU) foi o que apresentou resultados menore.

Com relação aos conjuntos de monitores de 3 MP, o conjunto 4 (3MP) apresentou melhor

resultado enquanto que o conjunto 3 (3MP) ficou com o resultado mais baixo.

Para os conjuntos de 2 MP o resultado do conjunto 2 (2MP) foi melhor que o conjunto 1

(2MP).

Analisando os resultados, verificou-se que os conjuntos dos monitores de 5 MP

tiveram os resultados 2 vezes melhores que os monitores de 3 MP e 5 vezes melhores que os

de 2 MP.

33

Escala de Luminância

No teste da escala de luminância, foram utilizados os padrões TG18-LN12-01 ao

TG18-LN12-18. Sendo possível analisar a linearidade da escala de luminância. As figuras

abaixo mostram os resultados da média da escala de luminância para os monitores de 5

megapixels (figura 12), 3 megapixels (figura 13) e 2 megapixels (figura 14).

Figura 12: Resultado da escala de luminância para monitores de 5 megapixels.

34

Figura 13: Resultado da escala de luminância para monitores de 3 megapixels.

Figura 14: Resultado da escal de luminância para monitores de 2 megapixels.

Através das figuras é possível verificar que os monitores de 5 megapixels apresentam

uma melhor linearidade em relação aos demais monitores e apresentam resultados mais

próximos do padrão DICOM utilizado. Verificou-se também, através da figura 14 que os

monitores de 2 megapixels não possuem uma escala linear de luminância, confirmando assim,

a baixa qualidade com que são apresentadas as imagens por este tipo de monitor.

35

Qualidade da Imagem

Para avaliação da qualidade da imagem no monitor foi analisada a imagem do

simulador de mama, disponível no serviço. A tabela 4, mostra os números de estruturas

médias que são possíveis analisar na imagem para cada tipo de monitor.

Tabela 4 Estruturas visualisadas na imagem do phamtom mama.

Tipo de

monitor

Fibras Microcalcificações Massa Discos Resolução

(Pl/mm)5 megapixels 6 4 5 7 83 megapixels 5 3 4 6 62 megapixels 5 3 3 6 4

Figura 15. Gráficos dos resultados do teste de qualidade da imagem.

Analisando a tabela 4 e o gráfico da figura 15, é possível verificar que a quantidade de

estruturas visualisadas, tais como fibras, microcalcificações, massas, discos e grades, são

melhores visualisadas nos monitores de 5 megapixels em relação aos demais tipos de

monitores avaliados. Nesta avaliação ficou evidenciado que os monitores de 3 e 2 megapixels

possuem algumas limitações em relação a qualidade da imagem, visto que o simulador

reproduz todas as situações esperadas nas imagens radiográficas da mama.

36

5 CONCLUSÃO

A cadeia de produção da imagem radiográfica digital consiste em quatro etapas, sendo:

a exposição, a formação da imagem latente no receptor de imagem, o processamento e a

exibição. Sabendo-se que para obter a excelência na qualidade da imagem é necessário um

rigoroso controle em todas as etapas, que possa garantir perfeito posicionamento, seleção

adequada da técnica radiográfica, receptores de imagens compatíveis com o sistema e em

condições excelentes de conservação, controle dos parâmetros de processamento e exibição

da imagem em monitores que ofereçam o melhor desempenho para análise.

Apesar de não haver restrições para os monitores de 3 megapixels em interpretação da

imagem da mama, este estudo mostrou nos testes realizados, que os monitores de 5

megapixels obtiveram maior desempenho em relação aos monitores de 3 megapixels, e que os

resultados dos monitores de 2 megapixels mostraram ser totalmente inadequados para

interpretação das imagens da mama.

O teste da qualidade da imagem, no qual foi utilizado o simulador, foi o maior

diferencial para esta evidência, pois em todos os parâmetros analisados, houve perda de

informação nos monitores de 3 e 2 megapixels em relação aos de 5 megapixels.

De acordo com a portaria GM/MS no. 2.898, de Novembro de 2013, a leitura dos

exames realizados em equipamentos com tecnologia digital deve ser feita, preferencialmente,

em monitores específicos para interpretação das imagens da mama [14].

O objetivo da mamografia é procurar alterações com detalhes sutis de resolução

espacial e contraste. Para tanto, é recomendado o uso de monitores com a melhor resolução

disponível. Sendo assim, monitores de 5 ou mais megapixels são indicados os mais indicados

para laudo de mamografia.

Além de monitores específicos, é necessário que seja implementado o controle de

qualidade periódico de modo a acompanhar os resultados em um processo contínuo de

avaliação de desempenho, a fim de garantir o adequado funcionamento e confiabilidade na

interpretação das imagens.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

[1] Instituto Nacional de Câncer – INCA / MS

37

[2] K. L. Bontrager 6, Tratado de Posicionamento Radiográfico e Anatomia Associada –

Qualidade da Imagem, Tecnologia Digital e Proteção Contra Radiação(2).

[3] AAPM (American Association of Physicists in Medicine) Task group 18. Assessment of

Display Performance for Medical Imaging Systems. AAPM on line report nº 3. College Park:

2005.

[4] Leandro D. Ribeiro, Tânia A. C. Furquim. Estudo do desempenho de monitores LCD em

radiologia com imagem digital. IEE-USP, São Paulo (SP) Brasil.

[5] Maria Teresa Timóteo. Monitores de diagnóstico em mamografia. Universidade Atlântica,

Barcarena, Portugal. 2012.

[6] Luiz Felipe Nobre, Aldo Von Wangenheim, Paulo Mazzoncini de Azevedo Marques.

Monitores radiológicos: necessidade ou luxo? Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico

por Imagem. 2012.

[7] Freitas, A. (2006). Mamografia digital: Perspectiva actual e aplicações futuras. Obtido

em 31 de 12 de 2011, http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

39842006000400012.

[8] Lima, M. (2009). Processamento de imagens digitais - 1º módulo. Obtido em 16 de 01 de

2012, de http://www.mslima.com.br/pdf/Modulo%201%20-%20Processamento%20de

%20Imagens%20Digitais.pdf

[9] Obenaur, S. (2002). Screen-film vs fullfield digital mammography : image quality

detectability and characterization of lesions. European Radiology.

[10] - Oliveira, S. (2004). Mamografia digital x Mamografia Convencional. Obtido em 16

de01 de 2012, de Veja as possibilidade de cada um das técnicas:

http://www.cda.med.br/jornal_dezembro.pdf

[11] Madeira, P. (2008). Unidade Curricular: Introdução à Radiologia. Módulo de

Mamografia. Barcarena, Universidade Atlântica.

[12] - National Quality Management Commitee of BreastScreen Australia. (2008). National

accreditation standars. Obtido em 16 de 01 de 2012, de http://www.euref.org/index.php?

option=com_content&view=article&id=5&Itemid=25

[13] American College of Radiology. (2007). ACR-AAPM-SIIM Practice guideline fo

determinants of image quality in digital mammography. Obtido em 16 de 01 de 2012, de

http://www.acr.org/SecondaryMainMenuCategories/quality_safety/guidelines/breast/image

quality_digital_mammo.aspx.

[14] Ministério da Saúde. Portaria nº 2.898, de 28 de Novembro de 2013.

38

[15] Corrêa, Rosangela da Silveira. Impacto de um programa de avaliação da qualidade dos

serviços de mamografia do Distrito Federal / Rosangela da Silveira Corrêa. UNB, 2002. Erro:

Origem da referência não encontrada