estruturas de madeira - aulas 4 e 5

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ESTRUTURAS DE MADEIRA PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA AULAS 4 e 5 EDER BRITO

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Page 1: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

ESTRUTURAS DE MADEIRA

PROPRIEDADES MECÂNICAS DA MADEIRA

AULAS 4 e 5

EDER BRITO

Page 2: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

GENERALIDADES

O solo, o clima e as condições locais de onde provem a árvore, a

classificação botânica e a fisiologia da árvore, a anatomia do tecido lenhoso,

a variação da composição química e possíveis outros fatores, têm influência

sobre as características mecânicas da madeira. Assim, os valores que as

indicam oscilam ao redor de médias, próprias de cada espécie.

O conhecimento das características mecânicas da madeira é fundamental

para o cálculo e execução de estruturas de madeira. Neste capítulo serão

apresentados os métodos de ensaio para determinação de propriedades das

madeiras para projeto de estruturas, tendo em vista a caracterização

completa, a caracterização mínima e a caracterização simplificada das

madeiras.

A apresentação segue a mesma sequência e notação utilizada na NBR 7190,

da ABNT (1997), praticamente transcrevendo-a, incluindo, sempre que

necessário, notas esclarecedoras ou complementares.

Page 3: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA

A madeira pode sofrer solicitações de compressão, tração,

cisalhamento e flexão. Ela tem resistências com valores

diferentes conforme variar a direção da solicitação em

relação às fibras e também em função do tipo de

solicitação.

Isso significa que, mesmo mantida uma direção da

solicitação segundo às fibras, a resistência à tração é

diferente da resistência à compressão e também da

resistência ao cisalhamento.

Page 4: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

RESISTÊNCIA

A resistência é a aptidão de a matéria suportar tensões, e

é determinada, convencionalmente, pela máxima tensão

que pode ser aplicada a corpos-de-prova isentos de

defeitos do material considerado, até o aparecimento de

fenômenos particulares de comportamento, além dos

quais há restrição de emprego do material em elementos

estruturais. De modo geral, estes fenômenos são os de

ruptura ou de deformação específica excessiva.

Page 5: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CLASSES DE UMIDADE

O projeto das estruturas de madeira deve ser feito

admitindo-se uma das classes de umidade especificadas

na Tabela 1. As classes de umidade têm por finalidade

ajustar as propriedades de resistência e de rigidez da

madeira em função das condições ambientais onde

permanecerão as estruturas.

Page 6: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5
Page 7: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

RIGIDEZ

A rigidez dos materiais é medida pelo valor médio do

módulo de elasticidade, determinado na fase de

comportamento elástico-linear. O módulo de elasticidade

na direção paralela às fibras (Ew0) é medido no ensaio de

compressão paralela às fibras e o módulo de elasticidade

na direção normal às fibras (Ew90) é medido no ensaio de

compressão normal às fibras.

Na falta de determinação experimental específica,

permite-se adotar:

Page 8: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CARACTERIZAÇÃO QUANTO À

RIGIDEZ DA MADEIRA A caracterização mínima da rigidez das madeiras consiste

em determinar o módulo de elasticidade na compressão

paralela às fibras ( Ec0,m) e na compressão perpendicular

(Ec90,m ) com pelo menos dois ensaios cada.

A caracterização simplificada da rigidez das madeiras

consiste na determinação da determinação da rigidez na

compressão paralelas às fibras (Ec0,m), sendo Ec0,m o valor

médio de pelo menos dois ensaios.

Page 9: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CORREÇÃO DA RIGIDEZ

A correção da rigidez para teor de umidade U% diferente do valor

padrão de 12%, sendo U% menor ou igual a 20% é dada por:

A rigidez na compressão normal às fibras (Ec90,m) é dada por:

sendo Ec0,m da rigidez na compressão paralelas às

fibras.

A rigidez na tração paralela às fibras (Et0,m) é dada por:

sendo Ec0,m da rigidez na compressão paralelas às

fibras.

Page 10: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

EFEITO DE COMPRESSÃO

A compressão na madeira pode ocorrer segundo três orientações:

paralela, normal e inclinada em relação às fibras.

Quando a peça é solicitada por compressão paralela às fibras, as

forças agem paralelamente ao comprimento das células. As células

reagindo em conjunto conferem uma grande resistência da madeira à

compressão.

No caso de solicitação normal ou perpendicular às fibras, a madeira

apresenta resistências menores que na compressão paralela, pois a

força é aplicada na direção normal ao comprimento das células,

direção na qual possuem baixa resistência.

Os valores de resistência à compressão normal às fibras são da

ordem de ¼ dos valores de resistência à compressão paralela.

Page 11: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

COMPRESSÃO INCLINADA

Nas solicitações inclinadas em relação às fibras da madeira, a

NBR7190/97 especifica o modelo de Hankinson para estimativa dos

valores intermediários.

sendo fc0 a resistência à compressão paralela às fibra; fc90 a

resistência à compressão

perpendicular às fibras e θ o ângulo da força em relação às fibras da

madeira.

Page 12: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

EFEITO DE TRAÇÃO

Na madeira, a tração pode ocorrer com orientação paralela ou normal

às fibras. As propriedades referentes às duas solicitações diferem

consideravelmente.

A ruptura por tração paralela pode ocorrer por deslizamento entre as

células ou por ruptura das paredes das células. Em ambos casos, a

ruptura ocorre com baixos valores de deformação, o que caracteriza

como frágil, e com elevados valores de resistência.

A resistência de ruptura por tração normal às fibras apresenta baixos

valores de deformação. A solicitação age na direção normal ao

comprimento das fibras, tendendo a separá-las, afetando a

integridade estrutural e apresentando baixos valores de deformação.

Pela baixa resistência apresentada pela madeira sob este tipo de

solicitação, essa deve ser evitada nas situações de projeto.

Page 13: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

EFEITO DE CISALHAMENTO

O cisalhamento na madeira pode ocorrer sob três formas.

A primeira seria quando a ação é perpendicular às fibras, porém este tipo de solicitação não é crítico, pois, antes de romper por cisalhamento, a peça apresentará problemas de esmagamento por compressão normal.

As outras duas formas de cisalhamento ocorrem com a força aplicada no sentido longitudinal às fibras (cisalhamento horizontal) e à força aplicada perpendicular às linhas dos anéis de crescimento (cisalhamento rolling).

O caso mais crítico é o cisalhamento horizontal que rompe por escorregamento entre as células da madeira.

Page 14: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

EFEITO DE FLEXÃO

Na solicitação à flexão simples, ocorrem quatro tipos de esforços: compressão paralela às fibras, tração paralela às fibras, cisalhamento horizontal e, nas regiões dos apoios, compressão normal às fibras.

A ruptura em peças solicitadas à flexão ocorre com a formação de minúsculas falhas de compressão seguidas pelo esmagamento macroscópico na região comprimida. Este fenômeno gera o aumento da área comprimida na seção e a redução da área tracionada, causando acréscimo de tensões nesta região, podendo romper por tração.

Page 15: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CARACTERIZAÇÃO COMPLETA DA

MADEIRA

A NBR 7190 define como caracterização completa da

resistência da madeira a determinação das resistências à:

a. compressão paralela às fibras (fwc,0 ou fc,0),

b. tração paralela às fibras (fwt,0 ou ft,0),

c. compressão normal às fibras (fwc,90 ou fc,90),

d. tração normal às fibras (fwt,90 ou ft,90),

e. cisalhamento (fwv ou fv),

f. embutimento paralelo às fibras (fwe,0 ou fe,0);

g. embutimento normal às fibras (fwe,90 ou fe,90)

h. densidade básica.

Page 16: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CARACTERIZAÇÃO MÍNIMA DA RESISTÊNCIA

DE ESPÉCIES POUCO CONHECIDAS

A caracterização mínima da resistência de espécies pouco

conhecidas consiste na determinação da:

a. resistência à compressão paralela às fibras (fwc,0 ou fc,0);

b. resistência à tração paralela às fibras (fwt,0 ou ft,0);

c. resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fwv,0 ou fv,0);

d. densidade básica;

e. densidade aparente.

Page 17: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CARACTERIZAÇÃO SIMPLIFICADA DA

RESISTÊNCIA

A caracterização simplificada das resistências da

madeira de espécies usuais se faz a partir dos

ensaios de compressão paralela às fibras.

As demais resistências são determinadas em

função da resistência à compressão paralela

admitindo-se um coeficiente de variação de 18%

para os esforços normais e um coeficiente de

variação de 28% para as resistências a esforços

tangenciais.

Page 18: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CARACTERIZAÇÃO SIMPLIFICADA DA

RESISTÊNCIA

Para as espécies usuais, na falta da determinação

experimental, permite-se adotar as seguintes relações

para os valores característicos das resistências:

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PROCEDIMENTOS PARA

CARACTERIZAÇÃO

A norma NBR 7190 adota como condição padrão de

referência a classe 1 de umidade, ou seja, umidade de

equilíbrio igual a 12%.

Qualquer resistência ou rigidez determinada no intervalo

de 10% a 20% podem ser corrigidas para umidade padrão

através das expressões:

Page 20: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

CLASSES DE RESISTÊNCIA

As classes de resistência das madeiras têm por

objetivo o emprego de madeiras com

propriedades padronizadas, orientando a escolha

do material para elaboração de projetos

estruturais. O enquadramento de peças de

madeira nas classes de resistência especificadas

nas Tabelas 2 e 3 deve ser feito conforme

exigências que serão definidas posteriormente.

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COEFICIENTE DE MODIFICAÇÃO

Os coeficientes de modificação kmod afetam os valores de

cálculo das propriedades da madeira em função da classe

de carregamento da estrutura, da classe de umidade

admitida, e do eventual emprego de madeira de segunda

qualidade. O coeficiente de modificação kmod é formado

pelo produto:

kmod = kmod1

. kmod2 . kmod3

Page 23: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

COEFICIENTE DE MODIFICAÇÃO KMOD1

O coeficiente parcial de modificação kmod1, que leva em conta a classe de carregamento e o tipo de material empregado, é dado pela Tabela 4.

A classe de carregamento de qualquer combinação de ações é definida pela duração acumulada prevista para a ação variável tomada como a ação variável principal na combinação considerada.

No caso de combinações últimas normais nas construções correntes com apenas duas ações variáveis de natureza diferentes, os carregamentos devem ser considerados como de longa duração.

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Page 25: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

Coeficiente de modificação kmod2

O coeficiente de modificação kmod2, que leva em

conta a classe de umidade e o tipo de material

empregado, é dado pela Tabela 5. No caso de

madeira serrada submersa, admite-se o valor

kmod2 = 0,65.

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Page 27: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

COEFICIENTE DE MODIFICAÇÃO KMOD3

O coeficiente de modificação kmod3 leva em consideração a qualidade

da madeira. Para a avaliação da qualidade da madeira é necessária a

classificação de todas as peças estruturais por meio de método visual

normalizado e também submetidas a uma classificação mecânica que

garanta a homogeneidade da rigidez das peças que compõem o lote

de madeira a ser empregado.

Os valores de coeficiente de modificação são inferiores aos valores

para as folhosas, a fim de levar em consideração o risco da presença

de nós de madeira não detectáveis pela inspeção visual. Para as

coníferas são ainda admitidos valores distintos de kmod3 de acordo

com a classe de densidade.

Page 28: Estruturas de Madeira - Aulas 4 e 5

COEFICIENTE DE MODIFICAÇÃO KMOD3

Nas Tabelas 6 e 7 são apresentados os valores de kmod3

em função da classificação visual e de acordo com a classificação mecânica empregada; para as espécies de coníferas classificadas como densas e não-densas, e de folhosas, respectivamente.

Para madeira não classificada, os valores a serem empregados de kmod3

correspondem a:

a. Madeira de folhosa, não-classificada: kmod3 = 0,70;

b. Madeira de conífera, não-classificada: não é permitido seu uso sem classificação.

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COEFICIENTES DE MINORAÇÃO DA RESISTÊNCIA

PARA ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS

O coeficiente de minoração 𝛾w para estados limites últimos

decorrentes de tensões de compressão paralela às fibras

tem o valor básico 𝛾wc= 1,4.

O coeficiente de ponderação para estados limites últimos

decorrentes de tensões de tração paralela às fibras tem o

valor básico 𝛾wt = 1,8.

O coeficiente de ponderação para estados limites últimos

decorrentes de tensões de cisalhamento paralelo às fibras

tem o valor básico 𝛾wv = 1,8.

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ESTIMATIVA DA RIGIDEZ

Nas verificações de segurança que dependem da rigidez

da madeira, o módulo de elasticidade paralelamente às

fibras deve ser tomado com o valor efetivo:

Ec0,ef = kmod1

. kmod2 . kmod3

. Ec0,m

e o módulo de elasticidade transversal com o valor efetivo:

Gef = Ec0,ef

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